alimentos derivados da mandioca: uma alternativa de produção no semiárido

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O Assentamento Comunitário Coqueiro está situado a 18 quilômetros da sede do município de Coribe – Bahia. Atualmente é composto com 53 famílias, entre essas algumas já foram beneficiadas com a cisterna de consumo de captação de água da chuva desenvolvida pela Articulação no Semi-Árido – ASA, através do Programa 1 Milhão de Cisternas – P1MC. O processo para a legalização do assentamento se deu através de inúmeras reuniões, que em primeiro momento eram feitas no Assentamento Borá e na comunidade de Ranchinho, ambos pertencentes ao município de Coribe. Depois de passar por todos os processos e trâmites legais, o Assentamento Comunitário Coqueiro foi legalizado em 14 de abril de 1998. Após três anos da data de legalização do assentamento, as famílias sentiram a necessidade de uma organização maior entre os moradores para que assim as articulações funcionassem de forma mais coletiva. Dessa forma, é fundada em 21 de dezembro de 2003, a Associação dos Moradores e Produtores de Ranchinho e Água Branca. Após a fundação, várias ações têm funcionado de forma positiva. Atualmente, vale ressaltar uma dessas atividades, que está articulada coletivamente e que ganha destaque, é o trabalho de 6 mulheres, que produzem e comercializam alimentos derivados da mandioca. A iniciativa do trabalho dessas mulheres surgiu a partir de um curso que fizeram pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae: Mandioca na Alimentação Humana – Prática Culinária: Derivados da Goma. A mandioca é um dos alimentos típicos da caatinga e que, em suas diversas formas de utilização na alimentação, tem garantido o sustento das famílias do Semiárido e a valorização da agricultura familiar. Após um ano de conclusão do curso, as mulheres colocaram em prática o que haviam aprendido. O primeiro passo dado foi a construção da cozinha, feita a partir de Bahia Ano 6 | nº 892 | Agosto | 2012 Coribe-Bahia Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Alimentos derivados da mandioca: uma alternativa de produção no Semiárido 1 Mulheres ao lado do Forno Elétrico, doado por um ex morador da comunidade vizinha Neuma com os bolos de mandioca prontos para serem vendidos na feira.

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Page 1: Alimentos derivados da mandioca: uma alternativa de produção no Semiárido

O Assentamento Comunitário Coqueiro está situado a 18 quilômetros da sede do município de Coribe – Bahia. Atualmente é composto com 53 famílias, entre essas algumas já foram beneficiadas com a cisterna de consumo de captação de água da chuva desenvolvida pela Articulação no Semi-Árido – ASA, através do Programa 1 Milhão de Cisternas – P1MC.

O processo para a legalização do assentamento se deu através de inúmeras reuniões, que em primeiro momento eram feitas no Assentamento Borá e na comunidade de Ranchinho, ambos pertencentes ao município de Coribe. Depois de passar por todos os processos e trâmites legais, o Assentamento Comunitário Coqueiro foi legalizado em 14 de abril de 1998.

Após três anos da data de legalização do assentamento, as famílias sentiram a necessidade de uma organização maior entre os moradores para que assim as articulações funcionassem de forma mais coletiva. Dessa forma, é fundada em 21 de dezembro de 2003, a

Associação dos Moradores e Produtores de Ranchinho e Água Branca. Após a fundação, várias ações têm funcionado de forma positiva. Atualmente, vale ressaltar uma dessas atividades, que está articulada coletivamente e que ganha destaque, é o trabalho de 6 mulheres, que produzem e comercializam alimentos derivados da mandioca.

A iniciativa do trabalho dessas mulheres surgiu a partir de um curso que fizeram pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae: Mandioca na Alimentação Humana – Prática Culinária: Derivados da Goma.

A mandioca é um dos alimentos típicos da caatinga e que, em suas diversas formas de utilização na alimentação, tem garantido o sustento das famílias do Semiárido e a valorização da agricultura familiar.

Após um ano de conclusão do curso, as mulheres colocaram em prática o que haviam aprendido. O primeiro passo dado foi a construção da cozinha, feita a partir de

Bahia

Ano 6 | nº 892 | Agosto | 2012Coribe-Bahia

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Alimentos derivados da mandioca: uma alternativa de produção no Semiárido

1

Mulheres ao lado do Forno Elétrico, doado por um ex morador da comunidade vizinha

Neuma com os bolos de mandioca prontos para serem vendidos na feira.

Page 2: Alimentos derivados da mandioca: uma alternativa de produção no Semiárido

doações da prefeitura, comerciantes, associação e torneios de futebol realizados na própria comunidade para a arrecadação de recursos.

Feitas todas essas articulações, a C o z i n h a C o m u n i t á r i a d o A s s e n t a m e n t o C o q u e i r o , f o i inaugurada em 23 de junho de 2012, com a presença de todos os moradores, que consideram essa i m p l e m e n t a ç ã o u m a v a n ç o extremamente posit ivo para o desenvolvimento do assentamento.

A mandioca, é plantada na própria sede do assentamento por algumas famílias, além de servir como alimentação e produção de derivados nas casas de farinha existentes na comunidade, também é vendida para a produção dos vários alimentos, que são comerc ia l izados na fe i ra semanalmente pelas mulheres da Cozinha Comunitária. Recentemente, as mulheres foram beneficiadas com um forno industrial elétrico, mas por ainda não ter sido feita a instalação da energia, continuam usando o forno a lenha, que mesmo com todas as dificuldades, tem garantido o cozimento dos alimentos. A produção dos alimentos é feita uma vez por semana, nas quintas-feiras na parte da manhã, de forma que todas as 6 mulheres se reúnem para fazer a confecção dos seguintes produtos que são vendidos na feira no mesmo dia no período da tarde: bolo de mandioca, rocambole doce e salgado, fofão, avoador (peta), sequilhos, bolachinhas flor do campo, caldos, sucos, canjica, beiju e tantos outros todos produzidos a partir da mandioca.

Além da venda na feira, as mulheres também sempre estão tentando se engajar em outras atividades para vender aquilo que produzem. No início do ano, participaram de uma chamada pública realizada pela Prefeitura Municipal de Coribe, para fornecer os produtos nas escolas municipais, mas por conta de alguns trâmites da própria prefeitura, ainda estão esperando um retorno para começar a produção e distribuição nas escolas.

Anteriormente, haviam produzido temperos de alho e sal, que também foram entregues em algumas escolas. Além disso, já fizerem a entrega de alimentos para a merenda escolar de uma Escola Estadual em Coribe. O trabalho das mulheres do Assentamento Comunitário Coqueiro, atualmente tem gerado uma renda mensal de 400 reais, que é usada para a manutenção da Associação e compra dos materiais utilizados na cozinha coletiva.

A produção tem trazido resultados positivos e as mulheres estão investindo cada vez mais. Recentemente enviaram um projeto para o Serviço Social da Indústria - Sesi com o propósito de adquirirem máquinas e utensílios para melhoria e aumento da produção. Também estão providenciando a documentação necessária para participar do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA.

As mulheres expressam verdadeira satisfação na realização do trabalho coletivo e na produção dos alimentos derivados da mandioca que além de contribuir com uma renda para a estruturação das suas atividades coletivas, se caracteriza como uma forma alternativa de plantar e produzir alimentos saudáveis, que valorizam e garantem a segurança alimentar e nutricional tanto das famílias que produzem, quanto das que consomem.

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Neuma e Maura comercializando os produtos na feira

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Bahia

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