Águas ultraprofundas tese submetida ao...

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ANÁLISE PARAMÉTRICA DA INFLUÊNCIA DE UM SEPARADOR DE ÁGUA PARA ÁGUAS ULTRAPROFUNDAS Mario Guttemberg Damasceno da Cruz TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA OCEÂNICA Aprovada por: ____________________________________________ Prof. Murilo Augusto Vaz, Ph. D. ____________________________________________ Prof. Paulo de Tarso Themístocles Esperança, D.Sc ____________________________________________ Prof. Alexandre Teixeira Pinho Alho, D. Sc. ____________________________________________ Dr. Jacques Braile Saliés, Ph. D. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL ABRIL DE 2005

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ANÁLISE PARAMÉTRICA DA INFLUÊNCIA DE UM SEPARADOR DE ÁGUA PARA

ÁGUAS ULTRAPROFUNDAS

Mario Guttemberg Damasceno da Cruz

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA

OCEÂNICA

Aprovada por:

____________________________________________

Prof. Murilo Augusto Vaz, Ph. D.

____________________________________________

Prof. Paulo de Tarso Themístocles Esperança, D.Sc

____________________________________________

Prof. Alexandre Teixeira Pinho Alho, D. Sc.

____________________________________________

Dr. Jacques Braile Saliés, Ph. D.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

ABRIL DE 2005

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ii

CRUZ, MARIO GUTTEMBERG DAMASCENO

Análise paramétrica da influência de

um separador de água para águas ultra

profundas [Rio de Janeiro] 2005.

XVI, 112 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc.,

Engenharia Oceânica, 2005).

Tese – Universidade Federal do Rio de

Janeiro, COPPE

1. Separação Submarina

I -COPPE/UFRJ II. Título ( série )

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iii

EPÍGRAFE

“Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível,

e de repente você estará fazendo o impossível ".

(Francisco de Assis )

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iv

DEDICATÓRIA A Deus.

A meus pais, esposa e filhas, por todas as

coisas que por mais que se tente não é possível

descrever...

Aos meus amigos, que nunca deixaram de

me apoiar.

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v

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter-me dado

capacidade e força para levantar

após cada tombo...

A COPPE/UFRJ e ao

professor Murilo Augusto Vaz pela

oportunidade de cursar este

Mestrado em Engenharia Oceânica.

Ao professor Alexandre Alho

do DEN cuja revisão final e

orientação foram fundamentais para

a finalização da tese.

Ao engenheiro da

PETROBRAS Mauricio Werneck

pela orientação e colaboração no

trabalho.

Ao engenheiro da

PETROBRAS José Antonio pela

orientação e colaboração no

trabalho.

Às funcionárias da UFRJ,

Sonia, Gleice e Suely, por me

ajudarem em todos os momentos

ao longo destes anos.

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vi

Resumo da Tese apresentada a COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc).

ANÁLISE PARAMÉTRICA DA INFLUÊNCIA DE UM SEPARADOR DE ÁGUA PARA

ÁGUAS ULTRAPROFUNDAS

Mario Guttemberg Damasceno da Cruz

Abril/2005

Orientador : Murilo Augusto Vaz

Departamento: Engenharia Oceânica

O constante aumento do consumo mundial de Petróleo e Gás Natural tem

forçado a indústria a procurar e explorar reservatórios em ambientes cada vez mais

inóspitos. Viabilizar a produção em condições tão adversas é um desafio que depende

do desenvolvimento de tecnologias alternativas. Este trabalho destina-se ao estudo da

influência da separação submarina na produção em campos situados em águas

ultraprofundas. As análises foram conduzidas tendo por base a comparação do

desempenho de dois arranjos de equipamentos para um mesmo cenário. Os arranjos

adotados são essencialmente similares, sendo que um deles possui instalado um

separador submarino para a retirada da água produzida. Os resultados obtidos

mostram perfis satisfatórios de pressão, vazão e temperatura nas linhas de produção,

sugerindo, portanto, ser viável a instalação de separadores submarinos em campos de

exploração situados em águas ultraprofundas.

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vii

Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

Parametric Analysis of the influence of a water separator in Ultra Deep waters.

Mario Guttemberg Damasceno da Cruz

April/2005

Advisor: Murilo Augusto Vaz

Departament: Ocean Engineering

The constant increase of the world-wide Oil and Natural Gas consumption has forced

the industry to search and explore reservoirs in more inhospitable environments each

time. To make the production possible in such adverse conditions is a challenge that

depends on the development of alternative technologies. This work aims to study the

influence in production of subsea separation in ultra deep water fields. The analyses

were carried out for two equipment arrangements for the same scenario. The adopted

arrangements are essentially similar, but in one of them a subsea separator is installed

for the withdrawal of the produced water. The results show satisfactory profiles of

pressure, outflow and temperature in the production lines, suggesting, therefore, to be

viable the installation of sub sea separators in ultra deep water fields.

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viii

NOMECLATURA

Símbolos Latinos

API Grau API

CV Coeficiente de Vogel

CP Cabeça do Poço

e Rugosidade

IP Índice de Produtividade

IPR Inflow Performance Reservoir

H Profundidade Local

K Condutividade Térmica

L Comprimento

MD Comprimento medido de Tubing

N1 Nó

I Trecho de Catenária entre o TDP e o Topside

P Pressão

Q Vazão

r Raio

R Reservatório

RGO Razão Gás/Óleo

T Temperatura

TDP Touch Down Point

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ix

TVD Comprimento Vertical de Tubing

U Coeficiente de Transferência de Calor

VC Velocidade da Corrente

WC Water Cut

Símbolos Gregos

α Ângulo de Topo

∆E Erro Relativo

∆Q Gradiente de Vazão

∆T Gradiente de Temperatura

µ Vicosidade

ρ Densidade

ψ Ângulo com a Horizontal do trecho de Tubing

∅ Diâmetro

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x

SUMÁRIO

FOLHA DE ROSTO i

FICHA CARTOGRÀFICA ii

EPÍGRAFE iii

DEDICATÓRIA iv

AGRADECIMENTOS v

RESUMO vi

ABSTRACT vii

NOMECLATURA viii

SUMÁRIO x

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 1

1.1 – CENÁRIO MUNDIAL DE ÁGUAS PROFUNDAS 1

1.2 – O PORQUÊ DA SEPARAÇÃO 2

1.3 – A SEPARAÇÃO SUBMARINA 3

1.4 – INTRODUÇÃO AOS SEPARADORES SUBMARINOS 5

1.5 – OBJETIVO DA TESE 6

CAPÍTULO 2 – PROCESSAMENTO DA MISTURA ÁGUA / ÓLEO / GÁS 8

2.1 – SEPARADORES CONVENCIONAIS E COMPACTOS 9

2.2 – PROCESSAMENTO DAS FASES NO “TOPSIDE” 12

2.2.1 – PROCESSAMENTO DA FASE OLEOSA 12

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xi

2.2.2 – PROCESSAMENTO DA FASE GASOSA 16

2.2.3 – PROCESSAMENTO DA FASE AQUOSA 18

2.2.3.1 – HIDROCICLONES 18

2.2.3.2 – FLOTADORES 19

2.3 – IMPACTO DA SEPARAÇÃO SUBMARINA NO TOPSIDE 20

CAPÍTULO 3 – ESTADO DA ARTE E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 21

3.1 – O PROCESSAMENTO SUBMARINO 21

3.2 – COMPONENTES DO SISTEMA DE SEPARAÇÃO SUBMARINO 29

3.3 – ONDE O SISTEMA DE PROCESSAMENTO SUBMARINO

REALMENTE FAZ A DIFERENÇA 31

3.4 – SISTEMAS DE PROCESSAMENTO SUBMARINO EM U SO 32

3.4.1 - SUBSIS 33

3.4.1.1 - SEPARADOR UTILIZADO 35

3.4.1.2 – DEFEITOS 37

3.4.1.3 - RESULTADOS DO SUBSIS 38

3.4.2 – VASPS 38

3.4.2.1 – OPERAÇÃO 40

3.4.2.2 – RESULTADOS DO VASPS 41

CAPÍTULO 4 – ESTUDO DE CASO 42

4.1 – DESCRIÇÃO DO CENÁRIO 43

4.2 – METODOLOGIA DAS ANÁLISES 44

4.3 – O SOFTWARE E O MODELO DESENVOLVIDO 45

4.3.1 – OS MÓDULOS “PIPELINE & FACILITIES”E

“NETWORK ANALYSIS” 47

4.3.2 – CONSTRUÇÃO DO MODELO 47

4.3.2.1 – SELEÇÃO DAS UNIDADES 48

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xii

4.3.2.2 – DEFINIÇÃO DO DADOS E MÉTODO DE

MODELAÇÃO FLUIDA 49

4.3.2.3 – CORRELAÇÃO DE ESCOAMENTO 50

4.3.2.4 – DEFINIÇÃO DOS COMPONENTES DO MODELO

E CRIAÇÃO DA MALHA 52

4.3.2.4.1 – TRECHO POÇO ⇒ ANM 52

4.3.2.4.2 – TRECHO ANM ⇒ FLOW

CONNECTION ⁄ SEPARADOR 56

4.3.2.4.3 – TRECHO FLOW CONNECTION ⁄

SEPARADOR ⇒ TDP 57

4.3.2.4.3.1 – O SEPARADOR 58

4.3.2.4.4 – TRECHO TDP ⇒ TOPSIDE 59

4.3.2.5 – DEFINIÇÃO DOS PADRÕES DE TRANSFERÊNCIA DE

CALOR 62

4.3.2.6 – RODAR O MODELO 63

4.3.2.6.1 – VALIDAÇÃO DO MODELO 64

4.3.2.7 – MODELO COM SEPARADOR 71

4.3.2.8 – COMPARATIVO COM E SEM SEPARADOR

PARA WATERCUT DE 45,4% 73

4.3.2.9 – ANÁLISE DOS RESULTADOS PARA O WATER CUT

DE 45,4% 76

4.3.2.10 – SIMULAÇÕES COM VARIAÇÃO DO WATER CUT 78

4.3.2.11 – ANÁLISE DOS RESULTADOS 85

4.3.2.11.1 – MELHORIA DO PERCENTUAL DE

RECUPERAÇÃO DE HIDROCARBONETOS 85

4.3.2.11.2 – EXPLORAÇÃO DE CAMPOS MARGINAIS 86

4.3.2.11.3 – REDUÇÃO DA PROBABILIDADE DE

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xiii

FORMAÇÃO DE HIDRATOS E DE INJEÇÃO QUÍMICA 87

4.3.2.11.4 – ECONOMIA EM LINHAS DE PRODUÇÃO 89

4.3.2.11.4.1 - USO DO RISER DE PRODUÇÃO DE 4

POLEGADAS 94

4.3.2.11.4.2 - USO DO RISER DE PRODUÇÃO DE 8

POLEGADAS 94

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÃO 96

CAPÍTULO 6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS 99

ANEXO 1 – FUNDAMENTOS TEÓRICOS DAS CORRELAÇÕES 101

A1.1 – GRADIÊNTE DE PRESSÃO 101

A-1.1.1 – HAGEDORN E BROWN 104

A-1.1.2 – DUNS E ROS 106

A-1.1.2.1 – REGIÃO I - ESCOAMENTO DO TIPO

“BUBBLE” 107

A-1.1.2.2 – REGIÃO II - ESCOAMENTO DO TIPO

“SLUG” 109

A-1.1.2.3 – REGIÃO III - ESCOAMENTO DO TIPO

“MIST” 109

A-1.1.2.4 – REGIÃO DE TRANSIÇÃO 110

A-1.1.3 – BEGGS E BRILL 111

ANEXO 02 – PLANILHA CATBAS 112

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Configuração inicial de um Reservatório de Hidrocarbonetos 2

Figura 2.1 – Separador Trifásico Básico 12

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xiv

Figura 2.2 - Esquema simplificado de processamento de óleo na plataforma 16

Figura 2.3 - Esquema simplificado de processamento de gás na plataforma 17

Figura 2.4 – Esquema Simplificado de Processamento da Água na Plataforma 19

Figura 3.1 – Curvas de Dissociação 23

Figura 3.2 – Comportamento da Produção de um Campo de Petróleo 25

Figura 3.3 – Arranjo I - Sistema de separação submarino 30

Figura 3.4 – Arranjo II - Sistema de separação submarino 30

Figura 3.5 – SUBSIS antes da instalação (Cortesia ABB) 34

Figura 3.6 – Medidor Nucleônico 36

Figura 3.7 – Funcionamento do medidor indutivo (Cortesia RASMUSSEN) 37

Figura 3.8 – VASPS 39

Figura 3.9 – Lay Out Esquemático Com o VASPS (Cortesia Petrobrás) 40

Figura 4.1 – Cenário Simulado – Com Separador 42

Figura 4.2 – Malha do Trecho Poço ⇒ ANM 53

Figura 4.3 – IPR do Reservatório 54

Figura 4.4 – Flowline e Riser de Produção 61

Figura 4.5 – Tela de Transf. de Calor na Flowline – Propriedades

(Cortesia PIPESIM) 63

Figura 4.6 – Correlação Multifásica no trecho Reservatório / Cabeça do Poço 65

Figura 4.7 – Correlação Multifásica no trecho Cabeça do Poço / TDP 65

Figura 4.8 – Correlação Multifásica no trecho TDP / Topside 66

Figura 4.9 – Comparativo de Pressões – MARLIM x PIPESIM 68

Figura 4.10 – Comparativo de Temperaturas – MARLIM x PIPESIM 68

Figura 4.11 – Gráfico IPR x Pressão Requerida do Modelo Sem Separador 71

Figura 4.12 – Posição do Separador no Modelo 72

Figura 4.13 – Gráfico IPR x Pressão Requerida do Modelo Com Separador 73

Figura 4.14 – Comparativo do Perfil de Pressão Disponível Com e Sem

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xv

Separador 74

Figura 4.15 – Comparativo do Perfil de Temperatura Com e Sem Separador 74

Figura 4.16 – IPR x Pressão Requerida Com e Sem Separador 75

Figura 4.17 – Comparação de Pressão na Cabeça do Poço 82

Figura 4.18 – Vazão na Cabeça do Poço 82

Figura 4.19 – Vazão de Óleo no Topside 83

Figura 4.20 – Ganho de Óleo com o uso do Separador 83

Figura 4.21 – Temperatura do Óleo na Cabeça do Poço 84

Figura 4.22 – Temperatura de Chegada do Óleo no Topside 84

Figura 4.23 – Envelope de Hidratos 88

Figura 4.24 – Comparativo de Pressão na Cabeça do Poço para ∅ = 4, ∅ =6 e

∅ = 8 Polegadas 93

Figura 4.25 – Comparativo de Vazão na Cabeça do Poço para ∅ = 4, ∅ =6 e

∅ = 8 Polegadas 93

Figura A-1.1 – Ábaco de Moody 102

Figura A-1.2 – Mapa de padrões de escoamento de DUNS e ROS 107

Figura A-1.3 – Gráfico de L1 e L2 108

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 – Dados do Tubing e Geotérmicos 55

Tabela 4.2 – Composição Composição e Características da Flowline e do Riser de

produção 60

Tabela 4.3 – Comparativo de Pressões – MARLIM Petrobrás x PIPESIM 66

Tabela 4.4 – Comparativo de Temperaturas - MARLIM x PIPESIM 67

Tabela 4.5 – Erro Relativo - MARLIM x PIPESIM 69

Tabela 4.6 – Erro Relativo - MARLIM x PIPESIM 69

Tabela 4.7 – Resultados com a inserção do Separador 72

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xvi

Tabela 4.8 – Pressão na Cabeça do Poço por Water Cut 78

Tabela 4.9 – Vazão na Cabeça do Poço `a Montante e Juzante do Separador

por Water Cut 79

Tabela 4.10 – Ganho de Óleo com o Uso do Separador 80

Tabela 4.11 – Temperatura na Cabeça do Poço Sem e Com Separador 81

Tabela 4.12 – Perfil de Pressão ao longo dos Risers de Produção 90

Tabela 4.13 – Ganho em Vazão na Cabeça do Poço por Diâmetro de

Riser de Produção 91

Tabela 4.14 – Vazão de Óleo no Topside e Ganho de Óleo por Diâmetro de

Riser 92

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1

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1 - CENÁRIO MUNDIAL DE ÁGUAS PROFUNDAS

Apesar de ainda existirem campos gigantes terrestres nos países do oriente

médio, em outras partes do mundo as chances de descoberta de novos campos de

com grande volume de reservas são praticamente nulas. Da mesma forma, mesmo já

existindo fontes energéticas alternativas seguras para substituir o petróleo, não existe

ainda uma infra-estrutura disponível capaz de dar suporte ao seu uso em grande

escala (FRANK et al., 1998). O resultado destas incertezas e dificuldades é um setor

extremamente competitivo e que investe pesado na procura de novas reservas.

Neste contexto a exploração submarina surge como uma esperança de

abastecimento para o setor de forma que as empresas de óleo e gás, principalmente

as maiores, vêm se empenhando ao máximo na busca e implementação de

estratégias capazes de prover melhores taxas de produção com menos risco e

redução de custos.

Em face da crescente importância, boa parte dos investimentos em exploração

das maiores companhias de óleo e gás do mundo é dedicada a reservatórios em

águas profundas e ultraprofundas. Muitas vezes, mesmo se a exploração é

tecnicamente bem sucedida os altos custos de produção associados aos métodos de

desenvolvimento convencionais tornam tais campos inviáveis. Como conseqüência,

desde a década de 90, muitas operadoras estão envolvidas no desenvolvimento de

tecnologias submarinas que maximizem a produção e reservas recuperáveis (VALE e

GARCIA, 2002).

Dentre as novas tecnologias disponíveis, a separação submarina da mistura

óleo+gás+água surge como uma grande promessa. Este trabalho tem por objetivo

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2

verificar a viabilidade da utilização da separação submarina no sentido de

proporcionar:

- O aumento da taxa de recuperação de hidrocarbonetos;

- A minimização dos custos e a otimização do uso da infra-estrutura já

existente.

1.2 - O PORQUÊ DA SEPARAÇÃO

ROSA e CARVALHO (2002), no livro Previsão do Comportamento de

Reservatórios, mencionam que reservatórios de óleo inicialmente apresentam uma

configuração composta de três zonas distintas (Figura 1.1). Uma de capa de gás e

água conata, outra de óleo e água conata e por fim a terceira que é um aqüífero

contíguo à zona de óleo. Por esta razão durante a produção o fluido extraído do

reservatório sai do poço em três fases, uma de gás, outra de óleo e a última de água.

Figura 1.1 – Configuração inicial de um Reservatório de Hidrocarbonetos

Capa de Gás

Água Conata

Zona de Óleo

Água Conata

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3

A separação destas fases faz-se necessária devido aos seguintes fatores:

- O gás a cada dia que passa torna-se mais interessante economicamente

para a indústria global de energia e por isso deve ser melhor aproveitado;

- A água, pelo fato de apresentar elevado teor de sal em sua composição e

formar emulsões com viscosidades superiores à do óleo desidratado, se não

for retirada, afeta o dimensionamento do sistema de bombeio e transferência,

compromete o processo de refino, causa problemas de incrustação e corrosão

nos oleodutos de exportação além de representar volume ocioso na

transferência e armazenamento do petróleo (RAMALHO, 2000):

- Possibilitar que o óleo chegue em boas condições para ser refinado em

unidades “onshore”.

1.3 - A SEPARAÇÃO SUBMARINA

Fj∅SNE (2002) comenta que a estrutura requerida para a produção de

hidrocarbonetos “offshore” é tipicamente composta de vários poços, árvore de natal,

“manifolds” em alguns casos, meios de transporte do fluido do fundo até a superfície

(“flowlines” e “risers” de produção) e unidades “topside”. Entretanto, a necessidade de

desenvolver campos em águas cada vez mais profundas com longos “tie backs” tem

mostrado que este modelo apresenta certas limitações. E são estas limitações que

vêm impulsionando o progressivo desenvolvimento da tecnologia submarina, que

caminha em direção a sistemas de processamento parcial do fluido que sai do poço

ainda no fundo do mar.

Conforme será mais bem definido nos capítulos adiante, a separação

submarina torna-se ideal para ser aplicada em campos em águas profundas e

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4

ultraprofundas, com extensos “tie backs” e campos em que a produção de

hidrocarbonetos já está em declínio e a taxa de água na fase líquida, “water cut”, é

consideravelmente alta. Se bem sucedida, APPLEFORD e SMITH (2001) comentam

que a separação submarina oferece varias vantagens para o desenvolvimento do

campo, que são:

- Bombeamento monofásico (quando necessário);

- Redução da probabilidade de formação de hidratos e necessidade de

injeção química devido à separação água-gás;

- Possibilidade de teste do poço ainda no leito marinho, dispensando a

necessidade de uma linha para teste;

- Redução dos gastos com transporte e tratamento de água;

- Redução da perda de carga por conta de uma vazão líquida menor;

- Separação mais simples, uma vez que há a manutenção da alta pressão,

que por sua vez mantém em solução frações leves do petróleo, diminuindo a

viscosidade da fase líquida.

Por ainda ser uma tecnologia pouco experimentada, é mais fácil apontar as

possíveis vantagens, tendo por base os resultados divulgados para os poucos

experimentos já feitos, do que as desvantagens. Contudo, não consiste exagero algum

supor que caso a separação submarina não seja eficiente o bastante, ou apresentar

problemas de mau funcionamento de qualquer um de seus elementos (separador,

linhas de comando, bombas e etc.), estará implicando na perda de milhões em

investimento em pesquisa, construção, instalação, operação e manutenção, sem

contar o risco eminente de redução ou parada da produção até que o sistema “back-

up” esteja operando de forma confiável e satisfatória.

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5

1.4 - INTRODUÇÃO AOS SEPARADORES SUBMARINOS

O processamento submarino é uma tecnologia emergente na área de óleo e

gás que, apesar de relativamente recente, já possui alguns protótipos em atuação ao

redor do mundo, dentre os quais pode-se citar:

- VASPS (Vertical Annular Separation Pumping System) – Instalado pela

Petrobrás no final de 2001 na Bacia de Campos, no Campo de Marimbá. Este

sistema é um separador bifásico (gás / líquido) associado a um sistema de

bombeamento. O projeto, que desde 1998 está na fase de demonstração na

Bacia de Campos, já passou pelas seguintes fases: fase I (1990 a 1991) –

testes de laboratório; fase II (1993 a 1995) – testes em terra na Itália feitos pela

AGIP e fase “pré-subsea” (1995 a 1997) – testes em terra na Itália feitos pela

Petrobras (VALE e GARCIA, 2002);

- SUBSIS (Troll Pilot) – Este é o primeiro projeto de estação de separação

submarina de óleo/água/gás a ser instalado no mundo. Operado pela Norsk

Hydro, atualmente ele encontra-se funcionando com aparente êxito numa

profundidade de 350 metros no campo de Troll, na Noruega. A estação que

tem como dimensões:

- L = 17 metros;

- W = 17 metros;

- H = 6 metros;

O SUBSIS pesa 400 toneladas e consiste de um separador cilíndrico horizontal

gravitacional (9,0 m x 2,8 m x 85 mm), pesando 89 toneladas, uma arvore de injeção,

uma bomba de injeção de água, “manifolds” e coberturas (RASMUSSEN, 2002). A

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capacidade de injeção de água da estação é de 55.000 barris/dia, considerando uma

produção de óleo de 35.000 barris/dia com um percentual de água inferior a 10%.

1.5 - OBJETIVO DA TESE

O trabalho que será apresentado traz como objetivo principal a análise

paramétrica da influência de um separador de fundo num sistema submarino de

produção. Tendo em vista todas as deficiências tecnológicas ainda existentes, não é

de se admirar que o número de separadores submarinos em uso ao redor do mundo

ainda seja pequeno. Mas é importante ressaltar que os investimento na área, como

visto no item 1.4, estão crescendo e que a tendência é que num futuro próximo este

tipo de tecnologia se torne bastante comum e de grande uso em águas profundas e

ultra profundas.

Como o escopo das análises não é o dimensionamento de uma planta de

processo submarino, mas sim, o impacto causado pela separação da água e sua re-

injeção na produtividade do poço, o estudo estará concentrado no escoamento

multifásico desde o reservatório até o “topside”, assim como nas trocas de calor entre

as fases, a linha e o ambiente marítimo externo. O programa PIPESIM (2003) será

adotado como a ferramenta computacional de suporte ao desenvolvimento do

presente trabalho. O PIPESIM é um programa de engenharia de petróleo utilizado nas

áreas de projeto, operação e otimização de campos e instalações de óleo e gás.

As simulações desenvolvidas tiveram por base dois arranjos diferentes para

um mesmo campo. O primeiro arranjo, chamado de tradicional, é dotado de ANM,

“Flowline”, “flow conection” e “riser” de produção. Por sua vez, o segundo arranjo é

formado de ANM, “flowline”, um separador de fundo, alocado a 80 metros do poço e

“riser” de produção. As simulações que serão feitas têm por objetivo avaliar os valores

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7

de pressão, vazão e temperatura do escoamento, para diferentes pontos do trecho

entre o poço e o “topside”. A comparação dos resultados obtidos para cada um dos

casos permitirá avaliar a contribuição da separação submarina em termos do aumento

da produção de hidrocarbonetos, da prevenção de hidratos e da economia de custos.

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8

CAPÍTULO 2 – PROCESSAMENTO DA MISTURA

ÓLEO/ÁGUA/GÁS

A função básica de uma UPF - Unidade de Produção Flutuante de petróleo e

gás (plataforma ou navios FPSO – “Floating, Production, Storage and Offloading”), é

condicionar o óleo produzido de forma a permitir o seu transporte e futuro

processamento. Na exploração de petróleo e gás no mar (“offshore”), o sistema

responsável pela condução da mistura de óleo, água e gás extraída dos poços, até a

unidade de produção flutuante é formado, usualmente, por um “manifold” de produção

conectado a um conjunto de “risers”. Nas plataformas/FPSO, as especificações do

sistema de processamento, como capacidade e quantidade de equipamentos, é

dependente das características do reservatório e da maior taxa de retorno que cada

configuração pode oferecer. Todavia, de um modo geral, o sistema de processamento

da mistura de óleo, água e gás é composto pelos dos seguintes elementos:

- Pré-aquecedores ou “Pre-heaters”;

- Aquecedores ou “Heaters”;

- Separador de Produção;

- “ Knock out drum”;

- Tratador de Óleo;

- Resfriador;

- Separador Atmosférico;

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- “Booster Skid”;

- Estação de medição;

- Unidade de Flotação;

- Unidade de compressão + desidratação do gás.

A seguir, será apresentada uma breve descrição sobre os separadores, em

função de estes consistirem no item mais importante do sistema de processamento

submarino desenvolvido e analisado nesta tese.

2.1 - SEPARADORES CONVENCIONAIS E COMPACTOS

Os separadores são classificados em dois tipos básicos: os convencionais e os

compactos. KENNETH e PATTI (1999) comentam que os separadores convencionais

são basicamente bifásicos ou trifásicos, e podem ser definidos estruturalmente como

vasos de formato cilíndrico com orientação horizontal ou vertical. Os autores ressaltam

também que o tamanho dos separadores convencionais é baseado em três fatores

básicos:

- O tempo de retenção do líquido;

- Velocidade de acomodação das gotículas de água arrastadas pelo gás;

- Tempo de acomodação das gotículas de água na fase oleosa.

Apesar de serem bastante confiáveis, os separadores convencionais

apresentam como principais desvantagens seu tamanho e peso. O aumento da

demanda pela produção de óleo, faz com que os equipamentos nas plantas de

processo tendam a crescer e ocupar cada vez mais espaço. Como os custos de

construção podem aumentar exponencialmente com o tamanho e o peso do

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equipamento, a redução da dimensão dos separadores de fluidos em plantas de

processo vem sendo estudada há muito tempo. Mais recentemente, a redução do

tamanho dos separadores tornou-se ainda mais importante, devido às restrições de peso

e espaço impostas por plataformas “offshore” de produção de petróleo e por sistemas de

produção submarinos.

No entanto, a redução do tamanho do vaso geralmente não é viável, pois é

necessário um tempo de residência ou permanência do produto no vaso para que a

separação das fases ocorra. Isto torna o tamanho do separador proporcional à vazão de

fluidos.

JARLE (2003) descreve a velocidade de separação das fases pela seguinte

expressão:

µρ18

2gdVS∆

= (2.1)

onde:

Vs =Velocidade de Separação das fases;

∆ρ = Diferença entre as densidades;

d = Diâmetro da gota de água;

µ = Viscosidade dinâmica.

O que a expressão acima mostra é que a velocidade de separação só pode ser

melhorada nos separadores convencionais atuais com o aumento do seu diâmetro, o

que não só aumenta os custos para fabricação como também não ajuda em nada a

otimização do espaço nas plataformas e FPSOs, Unidades de Produção “Offshore”

(UPO).

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Na tentativa de reduzir o tamanho e peso dos separadores, foram criados os

modelos compactos, que são projetados para executarem as mesmas funções dos

modelos convencionais, sendo que com o diferencial de apresentarem redução de

custos devido a estruturas menores e mais leves. A explicação para esta alteração

dimensional esta na realização da separação das fases imiscíveis de diferentes

densidades com o uso da força centrífuga e do padrão de escoamento resultante,

diferentemente dos separadores convencionais que usam basicamente a gravidade.

Os processos de separação convencionais entre líquidos (decantação) ou

entre líquidos e gases dependem da força da gravidade. Como as fases possuem

densidades diferentes, a força gravitacional faz com que fluido mais pesado se

desloque para o fundo do vaso, enquanto o fluido mais leve se acomoda na camada

superior. Do entendimento deste simples processo, pode-se concluir que a separação

tende a ocorrer de forma mais rápida com o aumento da força gravitacional ou o uso

de algum mecanismo que contribua no processo de separação. Um dos mecanismos

usados para tal é a atuação da força centrífuga.

Fazendo o uso da força centrifuga, os separadores compactos são capazes de

aumentar significantemente a velocidade de separação, o que elimina a necessidade

de longos períodos de retenção e, consequentemente, reduz a dimensão dos

separadores. Mesmo não proporcionando às fases, em todos os casos, um teor de

qualidade tão bom quanto os separadores convencionais, os separadores compactos

podem ser usados para diversos fins, entre eles a separação gás/líquido e óleo/água.

Para que possam substituir os seus predecessores, os modelos compactos

precisam oferecer confiabilidade tão alta quanto os convencionais, mas até o atual

momento o que pode ser atestado é que eles ainda apresentam problemas que

diminuem a sua confiabilidade. Um destes problemas é a alta sensibilidade a

variações de escoamento, o que não ocorre com os convencionais. Ao ocorrerem

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golfadas (“slugging”), o controle do líquido e dos níveis de interface fica muito difícil, a

conseqüência disto é a facilidade de arraste de líquido ou descargas de gás em

separadores de gás/líquido e baixa qualidade do óleo e/ou água em separadores

água/óleo. Outros problemas associados são a maior sensibilidade à erosão, a

possibilidade de bloqueio com parafinas, produtos corrosivos e areia, assim como, a

suscetibilidade a falhas mecânicas. Sem contar os custos que ainda são altos quando

comparados aos dos separadores convencionais. Os principais exemplos de

separadores compactos são os ciclônicos, centrífugos e helicoidais.

Figura 2.1 – Separador Trifásico Básico

2.2 – PROCESSAMENTO DAS FASES NO TOPSIDE

2.2.1 – PROCESSAMENTO DA FASE OLEOSA

Após deixar o “manifold”, a mistura segue pelos “risers” (rígidos ou flexíveis)

para os pré-aquecedores de água/óleo, que são trocadores de calor, onde conforme o

nome do equipamento já deixa claro, ela será pré-aquecida. Nos pré-aquecedores a

mistura terá a sua temperatura normal de saída da linha aumentada até chegar a pelo

menos 45oC dependendo da vazão de óleo e água que é produzida. As temperaturas

Água Óleo

Gás

Água

Óleo

Weir

Demister

Gás

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de entrada e saída da mistura são sabidas graças a sensores de temperatura que são

instalados na região de entrada e saída do pré-aquecedor.

Para que o processo de separação seja eficiente, a mistura deve entrar no

separador a uma temperatura ótima que em geral é de aproximadamente 80oC. Para

tal, após deixar o pré-aquecedor, ela segue para o aquecedor de produção, outro

trocador de calor, onde, por um processo similar ao anterior terá a sua temperatura

aumentada até a faixa ideal. Também neste caso, a temperatura de entrada e saída é

monitorada por sensores.

É importante deixar claro que no trocador de calor é a água que sai do sistema

de aquecimento que cede calor para a mistura deixando-a em condições de seguir

para o separador de produção.

O próximo passo é seguir para o separador de produção que tem como função

separar as fases de gás, óleo e água produzidas pelos poços. O separador é projetado

de forma que se obtenha um tempo de residência da mistura no vaso suficiente para

promover a separação do gás da fase líquida, bem como a separação do óleo da água

produzida, mas que não seja grande a ponto de limitar a capacidade de produção.

Normalmente, quando não há a adição de produtos químicos à mistura, o tempo de

residência é superior a 10 minutos. Outro fator que influencia o tempo de residência é

a vazão de alimentação do separador que por sua vez é controlada pelo

posicionamento da válvula de choke.

No interior do separador de produção são instalados sensores de temperatura

e de pressão de forma que qualquer alteração danosa nas condições ideais de

operação seja contornada a tempo. A pressão, por exemplo, quando sofre mudanças

significativas, é compensada pelo compressor que varia a aspiração de gás, de modo

a trazer a pressão ás condições normais.

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Normalmente os separadores são equipados com itens internos adequados a

utilização do sistema de desarenação que tem como função a remoção do excesso de

areia presente na fase líquida do separador. Para tal, existem tubulações e conexões

interligando os dois equipamentos.

Por especificação, em condições ideais, na saída do separador as seguintes

condições devem ser respeitadas:

- Teor máximo de água no óleo – 5%, vol/vol;

- Teor máximo de óleo na água – 0,1%, vol/vol;

- Teor de óleo no gás – 0,1 Usgal/MMscf.

O Demister mostrado na figura 2.1 é responsável pela retenção das gotículas

de óleo e água arrastadas pelo gás. Este equipamento influencia significantemente no

desempenho do separador.

Ao sair do separador de produção, a mistura trifásica está decomposta em

misturas ainda trifásicas com predominância de óleo, água ou gás. No caso da fase

oleosa, ela ainda está com alto teor de água, 5% v/v na forma de gotículas dispersas e

por isso ainda sem condições de ser processada nas refinarias além do fato de ainda

ocupar um volume de estocagem muito grande. Por esta razão ela é encaminhada

para o tratador de óleo onde, por um processo de precipitação eletrostática, será feita

a separação água/óleo.

Um fato curioso neste processo é que quando o separador de produção é

muito eficiente e resulta em menos de 5% v/v de água no óleo as moléculas de água

estão tão dispersas na fase oleosa que é necessário acrescentar mais água para que

as moléculas se coalescam (agrupem) e então ocorra a separação água/óleo. No caso

de ocorrer o contrário e o percentual de água no óleo ser superior a 10%, o que ocorre

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é a deformação das gotículas que estão muito próximas umas das outras, o que

impede a coalescência das mesmas e conseqüentemente a separação.

Mesmo variando de acordo com as especificações do equipamento, em geral a

eficiência esperada de um tratador de óleo é a seguinte:

- Percentual máximo de água no óleo – 0,5%, vol/vol;

- Percentual máximo de óleo na água – 300 ppm;

- Teor máximo de sal no óleo – 100 PTB;

- Salinidade da água produzida – 70000 ppm.

Na saída do tratador de óleo a água segue para os hidrociclones enquanto que

o óleo tratado segue para o resfriador de óleo onde terá a sua temperatura reduzida à

temperatura de operação do separador atmosférico, algo entre 53 e 65oC, faixa de

temperatura considerada ideal para estocagem. O separador atmosférico é do tipo

bifásico e é dimensionado para que o tempo de residência do óleo nele seja o

bastante para que seja realizada a separação do gás residual da fase líquida. Este

processo em geral leva mais de 5 minutos. Do separador atmosférico o óleo passa

pela unidade fiscal onde ocorre à medição da vazão do óleo e posteriormente segue

para o tanque de estocagem.

A eficiência esperada de um separador atmosférico é:

- Teor de óleo no gás – 0,1 Usgal/MMscf.

Veja na figura 2.2 o fluxograma do caminho do óleo

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Figura 2.2 - Esquema simplificado de processamento de óleo na plataforma

2.2.2 - PROCESSAMENTO DA FASE GASOSA

O caminho percorrido pelo gás até o separador de produção é o mesmo do óleo,

uma vez que ambos, juntamente com a água, compõem a mesma mistura. Entretanto,

diferentemente do óleo que vai para o tratador de óleo, a fase gasosa segue para o

“Knock out” onde sofre um processo de expansão. Paralelamente, o gás que encontra-

se difundido na fase oleosa e que entra no separador atmosférico, na saída é

encaminhado para o “Booster Skid” porque ao sair do separador atmosférico a

pressão do gás está muito baixa e, por isso, precisa ser comprimido de forma a chegar

ao K.O na mesma faixa de pressão do gás que sai diretamente do separador de

produção.

Flare

Mistura

Tratador de óleo “Oil Dehydrator”

Separator de Produção “Production Separator”

Óleo

Aquecedor “Heater”

Pré-Aquecedor “Pre Heater”

Óleo

Manifold De Produção

Poço

Gás para tratamento

Água para o

Hidrociclone Resfriador “Cooler”

Tq. Slop

Separador Atmosférico “Atmospheric Separator”

Unidade fiscal “Fiscal Metering”

Tanque de Armazenamento

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Do K.O o gás segue para o sistema de compressão onde será acondicionado

para exportação. Cada compressor tem suas características próprias de projeto, mas

geralmente eles trabalham com estágios de compressão seguidos de resfriamento do

gás e coletagem do condensado (gás sob alta pressão e em baixa temperatura) nas

facilidades apropriadas. Sensores de pressão e temperatura são instalados em

diferentes pontos de cada estágio, de forma a ter um controle preciso das operações.

No circuito de compressão existe a facilidade para desidratação do gás que no caso

do Brasil é a unidade de TEG (Tri Etileno Glicol – Produto usado no Brasil por estar de

acordo com as regras ambientais seguidas no país) que ocorre entre os estágios de

compressão. Após estar devidamente desidratado e comprimido o gás pode seguir

para a costa. Veja na figura 2.3 o caminho percorrido pelo gás enquanto é processado.

Figura 2.3 - Esquema simplificado de processamento de gás na plataforma

Tq. Slop

Gas Booster Skid

Gás Separador de Produção “Production Separator”

Aquecedor “Heater”

Pré Aquecedor “Pre Heater”

Poço

Manifold deProdução

TEG

Contactor TEG Regeneration Unit

TEG

Cooler

TEG Tri Etileno

Glicol

P3P2 P1Costa

Óleo

Mistura

K.O Drum

Separador Atmosférico “Atmospheric Separator”

Tanque de

Estocagem

Óleo

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2.2.3 - PROCESSAMENTO DA FASE AQUOSA

O sistema de Tratamento de água produzida tem como objetivo tratar a água

separada nos separadores, reduzindo o teor de óleo contido nesta água, recuperando

o óleo para re-encaminha-lo para a produção. Como pode ser visto na figura 2.4, para

cada um dos trens de Separação, há duas origens de água produzida: a água

separada no Separador de Produção e a separada no Tratador de Óleo. A água

proveniente do separador de produção, assim como a proveniente do tratador de óleo

após a separação, seguem para o seu respectivo hidrociclone onde após a ocorrência

de nova separação água/óleo segue para o pré-aquecedor e depois para a unidade de

flotação ou é “by-passada” diretamente para o flotador para então ser encaminhada

para os tanques de armazenamento para finalmente ser eliminada no mar.

A água produzida efluente do hidrociclone está normalmente a uma

temperatura em torno da condição de separação (~80 o C) e por isso deve ser

encaminhada para os pré-aquecedores para auxiliar no processo de pré-aquecimento

e ser resfriada à temperatura de entrada no flotador onde terá o seu teor de óleo

reduzido a 20 ppm de acordo com as regras ambientais regulamentadas pela

legislação brasileira.

2.2.3.1 - HIDROCICLONES:

O hidrociclone é um equipamento específico para a separação bifásica

água/óleo e que de acordo com informações de fabricante, funciona da seguinte

forma: A água produzida é recebida na região mais próxima do vértice de forma

tangencial no hidrociclone que tem formato cônico, e desta forma, devido à pressão na

sua entrada, o líquido é impelido a um escoamento circular por dentro desse cone

ocasionando uma força centrífuga do líquido muitas vezes superior a aceleração

gravitacional a qual está normalmente submetida. Este processo proporciona uma

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separação água/óleo muito mais eficaz do que a que ocorre em condições de

aceleração gravitacional. A água, portanto, gradativamente com menos óleo vai sendo

conduzida para a base do formato cônico sempre num escoamento espiralado e o óleo

de maneira inversa sendo acumulado na região do vértice do cone.

2.2.3.2 - FLOTADORES:

O Flotador é um vaso cilíndrico vertical cujo diâmetro propicia uma velocidade

reduzida de escoamento vertical direcionado para baixo de tal forma a facilitar a

separação das gotículas de óleo presente emulsionadas no seu seio. Enquanto a

água é conduzida para a saída na parte inferior o óleo separado dirige-se para a parte

superior. Aspersores de gás são instaladas no seu interior na parte inferior do vaso de

tal forma que gás aspergido, mantendo um fluxo ascendente distribuído devidamente

de pequenas bolhas de gás com diâmetro controlado, auxilia a separação do óleo pela

flotação das partículas de óleo pelo fluxo de gás ascendente. Na parte logo abaixo da

entrada de água produzida, o vaso tem instalado uma seção de elemento coalescedor

que, pela aglutinação das partículas de óleo, auxilia também na separação do óleo.

Figura 2.4 – Esquema Simplificado de Processamento da Água na Plataforma

Óleo

Separador de Produção “Production Separator”

Tratador de Óleo “Oil Dehydrator”

Flotador “Flotator”

Gás

Água

Água

Água

Hidrociclone “Hydrociclone”

Hidrociclone “Hydrociclone”

Pré-Aquecedor “Pre-Heater”

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20

2.3 – IMPACTO DA SEPARAÇÃO SUBMARINA NO PROCESSAMENTO TOPSIDE

A execução dos ciclos de processamento acima descritos, em função do

constante aumento da produção, implicam no uso de grandes espaços, que

claramente é sabido ser uma das limitações das UPOs. O uso da separação

submarina, não elimina a necessidade de um “back up” na superfície, mas contribui

para a economia em matéria de quantidade e dimensão de diversos equipamentos,

além de disponibilizar consideráveis espaços nas UPOs. Só o descarte do

processamento da água no “topside”, por exemplo, já representa significativa redução

de custos, uma vez que, um dos maiores “lamentos” das empresas exploradoras é a

necessidade de tratar antes de eliminar a água produzida junto com o óleo e o gás

natural.

A separação e conseqüente re-injeção da água ainda no leito do mar, situação

analisada neste trabalho, é uma solução inteligente que no caso de se mostrar

eficiente, ajudará a resolver o problema de espaço e contribuirá para uma gradativa

substituição das UPOs flutuantes por unidades inteiras de processamento no fundo do

mar.

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CAPÍTULO 3 – ESTADO DA ARTE E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 - O PROCESSAMENTO SUBMARINO

O capítulo anterior foi dedicado a descrever de forma sucinta como ocorre o

processamento da mistura óleo/água/gás ao chegar ao “topside”. Obviamente, ao

menos por enquanto, ainda não é possível processar a mistura de forma igual ainda

no fundo do mar. Contudo, os primeiros passos nesta direção já estão sendo dados

com a instalação dos primeiros separadores submarinos.

Tendo como base a bagagem prática e teórica adquirida, o objetivo seguinte

das operadoras é o processamento da mistura mais próximo ao poço, em ambiente

submarino. JOHANSEN e LEPORCHER (2001) comentam que em função das

fronteiras entre águas rasas, profundas e ultraprofundas ainda não estarem bem

definidas, as operadoras vêm tentando extrapolar a tecnologia existente para

ambientes cada vez mais profundos e que para obter êxito nesta empreitada

parâmetros convencionais de projeto são mais aconselháveis (porém não obrigatórios)

para serem utilizados na concepção dos separadores submarinos; mesmo que

características não convencionais como o peso, devam ser levadas em consideração

para suportar as condições ambientais.

Várias variáveis devem ser observadas de forma que a separação submarina

seja bem sucedida. Estas características podem ser classificadas como naturais e não

naturais. Como naturais pode-se citar:

21

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- Composição da mistura – Por composição da mistura entende-se a

fração de cada uma das fases presentes;

- Separabilidade da água – Um requisito primordial para a avaliação da

separação submarina é adequar as condições do separador à separabilidade

da água do óleo. Caso a separabilidade seja pobre, a hipótese de separação

submarina da água deve ser descartada. Geralmente a separação

água/hidrocarbonetos é mais eficiente em ambientes de alta pressão e

temperatura;

- Pressão externa – O sistema deve ser projetado de forma a trabalhar

eficazmente sob condições de alta pressão externa;

- Taxa de vazão – Por estar mais próximo ao poço, onde a perda de

carga ainda é baixa, a mistura entra no sistema com alta taxa de vazão, por

isso o sistema deve estar projetado para manter nestas condições o mesmo

índice de eficiência que ocorre no “topside”;

- Formação de hidratos e parafinas – ALARY e MARCHAIS (2000)

comentam que sob certas condições de temperatura e pressão (Ver Figura 3.1

abaixo) e presença de moléculas de água em contato com gás (metano, etano,

propano ou butano) pode ocorrer a formação de hidratos que são estruturas

sólidas com aparência de neve compacta que quando se formam podem

causar o bloqueio da linha de produção. Atualmente, o procedimento mais

usado na prevenção de formação de hidratos e parafinas é a manutenção da

temperatura a mais alta possível que passa pelo sistema de isolamento térmico

das linhas e injeção de inibidores;

22

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Curvas de Dissociação

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

0 5 10 15 20 25 30

Temperatura (oC)

Pres

são

(bar

) Curva I

Curva II

Curva III

Curva IV

IIV III

II

Figura 3.1 – Curvas de Dissociação (Cortesia ALARY, V e MARCHAIS, D. (2000))

Metano, (II) Gas natural com 87.5 mol% C1, 7.6 mol%C2, 3.1 mol% C3, 1.2 mol% nC4 e 0.6

mol% nC5, (III) Gas Natural e água salgada (3wt%NaCl), (IV) gas natural e água (3 wt% NaCl),

(IV) gas natural e água + 30 wt% metanol

- Perfil de temperatura – Normalmente nos reservatórios situados em

águas profundas e ultraprofundas a perda de calor da mistura que deixa o poço

é bastante grande e por isso as linhas são termicamente isoladas na tentativa

de minimizar a queda da temperatura e evitar a formação de hidratos e

parafinas. Deve-se atentar para o fato de que a redução drástica do teor de

água na mistura devido a separação não implica em eliminação do risco de

formação de hidratos e que por isso é aconselhável a manutenção do

isolamento mesmo que seja menos espesso;

- Deposição de areia – As novas técnicas de extração têm avançado

muito na área de redução do teor de areia na mistura, mas mesmo assim, o

sistema deve ser projetado de forma a estar preparado para a remoção

periódica da areia.

23

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E como características não naturais podem-se citar:

- Capacidade de construção do separador;

- Capacidade de içamento e transporte;

- Disponibilidade de material e equipamentos de controle;

- Condições de instalação de forma eficaz em águas profundas e ultra-

profundas;

- Complexidade do sistema;

- Confiabilidade do sistema;

- Facilidade de desinstalação para manutenção, em caso de urgência.

Se por um lado, no leito marítimo, ao contrário das plataformas e FPSOs,

existe espaço de sobra para a instalação de equipamentos de grande porte, construir

e lançar os mesmos de forma segura requer operações bastante delicadas em que

qualquer erro pode por em risco o tempo e investimento feito no equipamento. Quão

mais profunda a lâmina d’água maior a pressão externa sobre as paredes do

separador e consequentemente mais resistentes devem ser as suas estruturas.

Mesmo com todos os avanços que vêm ocorrendo, colocar uma estação de

processamento no fundo do mar é complicado, porque a tendência é que as estruturas

sejam muito grandes e pesadas, o que dificulta não só a fabricação como as

operações de manuseio e instalação, já que uma das maiores limitações encontrada

pela indústria de óleo e gás em águas profundas hoje em dia é, sem dúvida, a

capacidade de lançamento das embarcações disponíveis.

Considerando-se isso um fator determinante, MICHAELSEN (2003), destaca

que para o sucesso de um sistema de processamento submarino, estudos de redução

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de diâmetro, espessura e fluxo, de equilíbrio entre pressão interna e pressão externa,

de materiais alternativos e de eficiência devem ser desenvolvidos, não só nos

separadores convencionais compactos acima citados como em todo o resto do

sistema de forma a se alcançar um ponto ótimo para o projeto.

De acordo com Fj∅SNE (2002) ao analisar o ciclo de vida típico das infra-

estruturas de produção “offshore” e ““onshore”” (Figura 3.2) é possível concluir o

porquê das instalações usadas, de uma forma geral, não serem mais bem

aproveitadas e também verificar o potencial do processamento submarino.

I II III

IV

I – Build-Up

II – Platô

III – Declínio

IV - Descomissionamento

Tempo

Capacidade da Infra-estrutura não utilizada

Prod.

Capacidade da Infra-estrutura utilizada

Figura 3.2 – Comportamento da Produção de um Campo de Petróleo

Quando a produção de reservas identificadas é planejada, a capacidade e

então custos da infra-estrutura devem ser balanceados entre o que se espera

recuperar dos poços e a economia geral do campo. Normalmente considerações sobre

NPV (Net Present Value) é que governam estas decisões, resultando em focar em

altas taxas de produção o quanto antes.

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Normalmente, nos primeiros anos da exploração do campo, quando os poços

em atuação são surgentes e o percentual de água na mistura baixo, a utilização total

da infra-estrutura “topside” instalada não é alcançada porque nem todos os poços

estão conectados e funcionando com a sua capacidade total.

Da metade para o fim do ciclo de vida do campo, a capacidade da infra-

estrutura que antes era limitada pelo número de poços, passa então a ser limitada pela

alta produção de fluidos associados (líquidos e gás). Alterações nas características da

mistura vão contra as especificações iniciais dos equipamentos (linhas de produção e

“topside”) e forçam a redução na produção. Em águas profundas, por exemplo, a

produção de água em excesso aumenta em muito a pressão de retorno e resulta na

redução do fluxo do poço.

Já na fase terminal do campo quando o reservatório está depletado, a

produção torna-se pequena e a estrutura “topside” por sua vez super dimensionada.

Nesta fase, a perfuração de novos poços e exploração de campos marginais é uma

alternativa bastante interessante, entretanto, problemas com relação ao escoamento e

formação de hidratos devido a longas distâncias percorridas pela mistura no fundo do

mar, são obstáculos a serem superados. Para a fase inicial da exploração, a

separação submarina não oferece vantagens, entretanto, para as outras fases, ela

pode trazer melhorias importantes.

No artigo de sua autoria, MICHAELSEN (2003) comenta que em campos com

baixo “water cut”, o processamento submarino não apresenta grandes vantagens, mas

para aqueles com alta produção de água os ganhos são realmente significativos.

Quando a razão água/óleo alcança valores percentuais mais altos, a separação e

remoção da água levam a uma redução na queda da pressão nas linhas além do fato

de que um menor volume de fluido na unidade de produção habilita a conexão com

campos marginais e diminui a descarga para o mar de água poluída.

26

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BRINGENDAL et al. (2002) mencionam que até recentemente a água

produzida era tratada e jogada no mar causando diversos problemas ambientais e a

água injetada usada para dar suporte à pressão do reservatório era normalmente a

água do mar. Nos últimos anos isto vem mudando, e ao invés da água do mar, a água

produzida é que tem sido usada para injeção, fato que traz diversos benefícios como:

redução da poluição e menos risco de formação de H2S na formação. Outro fator

importante é que caso a água produzida possa ser retirada da mistura e re-injetada

próximo ao poço não haverá a necessidade de levá-la até a plataforma para

tratamento e retornar para injeção o que é bastante interessante do ponto de vista

econômico.

Reservatórios como os da Bacia de Campos no Brasil, por estarem situados

em águas profundas e ultraprofundas, requerem linhas de transporte (“risers” rígidos e

flexíveis) bastante longas com grandes cotas verticais. Estas cotas geram colunas

hidrostáticas muito pesadas, as quais impõem uma contra pressão tão elevada ao

reservatório que este escoa com vazão reduzida ou até mesmo não têm energia para

fazer a mistura chegar às instalações de pré-processamento (plataformas),

acarretando a necessidade de adaptação de métodos de elevação artificial. É comum

a este tipo de campo a necessidade de altas taxas de injeção para manter a pressão,

tirar o óleo do poço e aumentar as reservas recuperáveis. Em adição, o resfriamento

da mistura multifásica nas linhas de escoamento pode levar a deposição de parafina e

hidratos que obstruem o escoamento e reduzem a eficiência da exploração.

Em casos como este a separação ainda no fundo do mar não só facilita o

escoamento natural como permite a reinjeção conforme ela se faça necessária. Além

do fato de que a prevenção contra a formação de hidratos é muito mais fácil em linhas

com escoamento simples do que naquelas com escoamento multifásico.

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Se no futuro, a performance do separador submarino puder ser melhorada a

ponto de evitar a formação de hidratos, os benefícios são realmente grandes, a

começar pela redução ou eliminação do isolamento térmico, do aquecimento artificial e

da injeção de inibidores assim como a concretização da possibilidade de aumento das

distancias de “tieback”.

Ao contrário do que possa parecer, a separação submarina também tem suas

facilidades. A alta pressão por si só já é impactante na separação. Apesar de não

muito bem explicado, experimentos já realizados provaram que a separação é mais

eficiente e fácil em ambientes de alta pressão, por que a pressão faz com que a fração

líquida de hidrocarbonetos, fase oleosa, torne-se ainda mais leve aumentando a

diferença de densidade em relação a água. O resultado desta variação do peso

específico do óleo é uma melhora significativa na velocidade de separação. A fração

de óleo fica mais leve por que a fração mais leve de hidrocarbonetos (gás) se liquefaz

devido a alta pressão e se junta a fração mais pesada (óleo) reduzindo a densidade

média da fase de hidrocarbonetos.

Alguns parágrafos atrás foram enumerados vários fatores que precisam ser

observados para que a separação seja eficiente, agora faz-se necessário enumerar

aqueles que são determinantes para a viabilidade econômica de um sistema de

separação submarino. Esta não é uma tarefa das mais fáceis porque os exemplos em

uso ao redor do mundo são muito recentes, mas pode-se considerar os itens abaixo

como um bom ponto de partida:

- Relação Pressão do poço x tempo;

- Relação Temperatura na linha x tempo;

- Injetividade do reservatório;

- Razão gás/óleo;

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- “watercut” x tempo;

- Propriedades fluidas;

- Atual e futura infra - estrutura do campo.

3.2 - COMPONENTES DO SISTEMA DE SEPARAÇÃO SUBMARINO

É difícil afirmar com precisão quais seriam todos os componentes de um

sistema de separação submarino uma vez que cada campo tem as suas próprias

características que impactam de forma determinante no projeto, entretanto,

JOHANSEN e LEPORCHER (2001) comentam que não é nenhuma especulação

dizer-se que o sistema deve ser composto pelos seguintes componentes:

- Estrutura de base;

- Separador;

- Manifolds e Válvulas;

- Bomba e Motor elétrico;

- Conector Elétrico e Penetrador;

- Umbilical;

- Sistema de Controle e Instrumentação.

Dentre os arranjos de um sistema de separação submarino, estes dois abaixo,

mostrados na figura (3.3) e (3.4) seriam os mais plausíveis.

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CABEÇA DE POÇO

MANIFOLD

SEPARADOR

BOMBA

MULTIFÁSICA

ÓLEO/GÁS

BOMBA

DE INJEÇÃO DE ÁGUA

RESERV.

PLATAFORMA

Figura 3.3 – Arranjo I - Sistema de separação submarino

POÇOS

MANIFOLD

SEPARADOR

BOMBA

MULTIFÁSICA

ÓLEO/GÁS

BOMBA

DE INJEÇÃO DE ÁGUA

PLATAFORMA

RESERV.

POÇO DE

INJEÇÃO

BOMBA

MULTIFÁSICA

ÓLEO/GÁS/ÁGUA

Figura 3.4 – Arranjo II - Sistema de separação submarino

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3.3 - ONDE O SISTEMA DE PROCESSAMENTO SUBMARINO REALMENTE FAZ A

DIFERENÇA

Uma das conclusões naturais que podem ser feitas após a leitura do conteúdo

exposto neste capítulo é que a separação submarina pode reduzir a quantidade e as

dimensões dos equipamentos no “topside”, contudo KENNETH e PATTI (2001)

alertam para o fato de que isto gera uma ilusão sob o ponto de vista econômico, pois

esta redução em nada implica em significativa queda nos custos finais de produção,

uma vez que a maior parte dos equipamentos tradicionais deverão continuar a existir.

Suponha que haja a separação gás/líquido com re-injeção do gás, ainda assim haverá

resíduos de gás na fase líquida que terá de ser tratado. Mesmo que em menores

dimensões, sistemas como os de compressão, desidratação e exportação do gás

continuarão a existir. No caso de haver separação água/óleo deve-se sempre

considerar o fato de que também haverá água residual na fase oleosa que deverá ser

retirada e tratada antes de ser lançada ao mar ou re-injetada. Por fim deve-se pesar o

argumento mais convincente para o atual momento tecnológico da indústria “offshore”

que é a eventual hipótese de haver alguma pane durante o processamento submarino,

e de haver a necessidade de ter uma forma de desviar toda a produção para

tratamento no “topside” evitando uma catástrofe financeira ainda maior. Se somar a

tudo isto custos maiores para fornecimento de energia, para operação de um sistema

moderno e manutenção, conclui-se que a redução dos equipamentos de superfície

não é definitivamente a maior razão para o uso do processamento submarino. O

impacto econômico real do processamento submarino está na possibilidade de:

- Melhora da produção do reservatório.

- Redução das chances de formação de hidratos e de injeção química;

- Redução da quantidade e diâmetro das linhas de transporte;

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3.4 - SISTEMAS DE PROCESSAMENTO SUBMARINO EM USO

Como resultado de diversas pesquisas implementadas desde o começo da

década de 90, alguns sistemas de processamento submarino já encontram-se em fase

final de concepção enquanto que outros estão sendo testados, aparentemente com

grande sucesso. Para cada campo as especificações são diferentes e cabe as

operadoras decidirem qual o formato do sistema de separação que melhor se aplica

ao seu caso. No geral as aplicações básicas são:

- Separação gás/líquido e posterior recombinação e transporte dos

mesmos numa mesma linha;

- Separação gás/líquido e transporte dos mesmos em linhas diferentes;

- Separação gás/líquido com re-injeção do gás;

- Separação água/óleo com liberação da água no mar ou re-injeção no

reservatório.

O último caso dentre os citados acima é o de maior interesse para este

trabalho, entretanto, a confiabilidade mecânica e a dificuldade em assegurar a

qualidade da água ao final do processo são problemas extras a serem superados.

Serão mostrados abaixo alguns exemplos da tecnologia de separação submarina ao

redor do mundo para que se tenha uma visão mais clara de que se está diante de uma

realidade e não de apenas hipóteses.

FJ∅SNE (2002), menciona que o processamento submarino da mistura

associado a infra-estrutura já existente no local pode trazer melhorias significativas

para a economia do campo em exploração assim como a possibilidade para

exploração de campos marginais. Seguindo este raciocínio, existem atualmente dois

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sistemas de separação submarina em uso no mundo que são o SUBSIS e o VASPS.e

que serão melhor discutidos abaixo.

3.4.1 - SUBSIS

Desde agosto de 2001, conectada a semi-submersível Troll C, está a primeira

estação de separação submarina de óleo/água/gás instalada no mundo. Conforme

ressalta HORN, ERIKSEN e BAKKE (2002) a estação batizada como “Troll Pilot” foi

instalada no mar do norte no campo de Troll na Noruega, numa profundidade de 350

metros para processar a produção de poços horizontais que estão localizados numa

fina camada de óleo.

Alimentado por quatro poços, o SUBSIS como também é chamado, separa e

direciona as fases da mistura. A água que não é interessante economicamente é re-

injetada no reservatório por intermédio de bombas de injeção, enquanto que o óleo e o

gás por sua vez são misturados na saída do separador e enviados para Troll C por

uma flowline. Vale ressaltar que a re-injeção da água não tem por objetivo a

manutenção da pressão estática do reservatório como normalmente acontece. Se

ocorrer qualquer problema com o sistema, a produção pode ser “by-passada” para a

plataforma que esta a 3300 metros de distancia pelo intermédio de flowlines.

No paper de sua autoria, RASMUSSEN (2002), menciona que a estação que

pesa aproximadamente 400 toneladas é composta pelos seguintes módulos:

- Separador gravitacional horizontal;

- Arvore de Injeção de água;

- Bomba de Injeção de água;

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- Manifolds e coberturas.

Ver figura abaixo com foto do SUBSIS antes de sua instalação.

Figura 3.5 – SUBSIS antes da instalação (Cortesia ABB)

Em matéria de funcionalidade o SUBSIS é projetado com as seguintes

capacidades:

- 60000 bbl⁄d de processamento de líquido;

- 55000 bbl⁄d de injeção de água com um máximo de 1000 ppm de óleo

na água;

- 35000 bbl⁄d de óleo, com um máximo de 10% de água no óleo;

- 28 MMscf⁄d de gás.

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RASMUSSEN (2002) destaca que não são poucos os benefícios da separação

submarina dentre os quais os mais importantes são o aumento da recuperação de

hidrocarbonetos e a retirada da água da mistura.

O aumento na recuperação de hidrocarbonetos ocorre por que ao retirar parte

da água, que é mais densa que o óleo e o gás, da mistura que escoa pelo “riser” de

produção, a pressão de retorno contraria a pressão do reservatório se torna menor e

com isso uma maior quantidade de óleo e gás pode escoar para fora do reservatório.

Quanto maior a profundidade, maior este benefício.

O ciclo de vida de um campo de petróleo é dividido em três fases. A primeira

fase é chamada de “build-up” e tem por característica o ritmo crescente da produção.

A segunda é o platô, que tem esse nome por que a produção é constante e por fim a

fase de declínio em que a produção cai gradativamente até o abandono do campo.

Durante o platô, que é a fase mais extensa, o aumento constante da produção de

água limita a produção total de óleo. As conseqüências disto são redução no lucro e

impossibilidade de exploração de novos campos devido a limitação de capacidade das

instalações offshore.

3.4.1.1 - SEPARADOR UTILIZADO

O separador trifásico usado no SUBSIS é do tipo gravitacional horizontal. Ele é

projetado para reter a água por 7,5 minutos e o óleo por 4,5 minutos enquanto realiza

a separação. Suas características dimensionais são:

- L = 9,0 metros;

- ∅ = 2,8 metros;

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- e = 0,0085 metros;

- W = 89 Toneladas.

O separador que têm eficiência acima de 90% é equipado com dois sistemas

de medição de nível que são baseados em princípios físicos diferentes. O primeiro

deles que é conhecido como nucleônico, já vem sendo usado nas unidades “onshore”

há vários anos e trabalha medindo a densidade entre a água e o óleo sem entrar em

contato com o meio fluido. Nele, fontes radioativas localizadas dentro de um tubo de

aço emitem radiação que atravessa a parede do tubo e segue pelo meio fluido dentro

do vaso até se chocarem com detectores instalados no interior de outro tubo de aço

paralelo ao primeiro. Estes detectores então medem a densidade do meio fluido entre

as fontes e os detectores, como mostrado na ilustração da figura 3.5 abaixo.

Figura 3.6 - Medidor Nucleônico

O outro medidor que é do tipo indutivo, fica alojado dentro do separador em

contato com os fluidos e é projetado para medir unicamente a mudança de fase entre

o óleo e a água conforme mostra a figura 3.6. O detector não consegue registrar a

mudança de fase entre o óleo e o gás nem entre o óleo e a emulsão, mas é capaz de

Emulsão

Areia

Gás

Óleo

Água

36

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medir a queda da quantidade de óleo na água. As regiões da figura 3.6 em que a

condutividade é constante representam a água e óleo puros.

Figura 3.7 - Funcionamento do medidor indutivo (Cortesia RASMUSSEN)

3.4.1.2 - DEFEITOS

Por ser uma tecnologia nova e pouco experimentada, o SUBSIS estava sujeito

a ocorrência de falhas e defeitos que somente a fase de operação poderia mostrar.

Desde a sua instalação foram feitas algumas intervenções no sistema que de um

modo geral, como relatado por HORN, T., ERIKSEN, G e BAKKE, W. (2000 ), estavam

ligadas aos cabos de fornecimento de energia de alta e baixa voltagem e aos

conectores dos mesmos cabos. Com relação as partes mecânicas, houve a

necessidade de apenas uma intervenção que teve a inspeção das bombas de

injeção como finalidade e não o conserto de alguma elemento que falhou.

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3.4.1.3 - RESULTADOS DO SUBSIS

Operando com um fluxo médio de 5000 m3/d e um “watercut” de 50%, os

resultados mostrados pelo SUBSIS são bastante satisfatórios. Em se tratando de

pureza da água, o projeto previa um máximo de 1000 ppm de óleo na água enquanto

que os dados de campo apontam para índices entre 500 e 700 ppm. Com relação ao

percentual de água no óleo, o projeto previa um máximo de 10% que foi alcançado

sem maiores problemas uma vez que sem a ajuda de produtos químicos para quebrar

a emulsão o percentual registrado esta entre 1,5 e 3,0%. E por fim, conforme

mencionado por FLATERN, R.V. no site www.oilonline.com, no ano de 2003 após o

SUBSIS completar um ano de operação sem qualquer intervenção, a Norsk Hydro

conseguiu recuperar 2,5 milhões de barris de óleo a mais por não precisar trazer a

água produzida para o “topside”.

3.4.2 – VASPS

Vertical Annular Separation and Pumping System ou simplesmente VASPS é o

nome do sistema bifásico de separação submarina com sistema de bombeio

desenvolvido pela Petrobras em parceria com outras empresas e que encontra-se em

funcionamento num poço falso no Campo de Marimba na Bacia de Campos desde

julho de 2001.

O VASPS (Figura 3.7) foi desenvolvido nas seguintes fases:

- Fase I (1990 a 1991) – Testes de laboratório;

- Fase II (1993 a 1995) – Testes em terra na Itália feitos pela AGIP;

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- Fase “pré-subsea” (1995 a 1997) – Testes em terra na Itália feitos pela

Petrobras;

- Fase atual (início em 1998) - Testes na bacia de campos.

Figura 3.8 – VASPS

VALE e GARCIA. (2002) comentam que o VASPS foi instalado 395 metros de

profundidade, distante 550 metros do poço MA-01 e a 1050 metros da plataforma P-8

para a qual escoa a sua produção. No “paper”, eles informam também que, o VASPS

é basicamente composto pelas seguintes partes (Ver figura 3.8):

- Fundação;

- “Flowbase”;

- Conectores de “Flowlines” “Multibore” e “Singlebore”;

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- Separador;

- “Head assembly” e “Top Plug”;

- ESP e tubo de descarga líquida;

VASPS System

SCM

Bypass

ESP Power Cable

Liquid Out

Gas Out

E-H Umbilical

MultiphaseFlow In

ESP

Separator

Helix

Flowbase

Hea

dAs

sem

bly

Top Plug

Single BoreConnector Multibore

Connector

Choke

Hydraulic Jumper

Electric JumperLevel

Sensor 1Level

Sensor 2

Figura 3.9 – Lay Out Esquemático Com o VASPS (Cortesia Petrobrás)

As fases líquida e gasosa separadas pelo VASPS, são enviadas por linhas de

produção independentes para a plataforma P-8. A linha de óleo é conectada a um

“manifold” de produção e um de teste com o escoamento controlado pela válvula de

“choke” de superfície e a de gás conectada diretamente a plataforma. Na P-8,

medições de fluxo, pressão e temperatura são feitas para ambas as fases de forma a

se ter melhores informações sobre a eficiência do sistema.

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3.4.2.1 – OPERAÇÃO

VALE e GARCIA (2002) mencionam que durante a fase inicial do “start-up”, o

sistema estava operando no modo manual e o poço produzindo com o auxílio do gás

“lift” mas que posteriormente, o sistema passou a funcionar no modo automático que

mostrou-se mais eficiente. Os primeiros testes para avaliar a produção do poço com e

sem gás “lift” mostraram que o auxílio do gás “lift” aumentava a produção numa

quantidade muito pequena para justificar o uso do mesmo e por isso passou-se a usar

unicamente o VASPS.

De acordo com o trabalho, antes do VASPS entrar em operação, o poço MA-01

com gás “lift” de 100000 m3/d produzia 750 m3/d com pressão de fluxo na entrada do

separador de 36 Kgf/cm2 e após o VASPS entrar em funcionamento no modo

operacional automático, a produção média chegou a aproximadamente 1000 m3/d sem

gás “lift” e pressão de fluxo de 11 Kgf/cm2, comprovando a eficiência do separador.

3.4.2.2 – RESULTADOS DO VASPS

Desde que entrou em operação, o VASPS provou ser capaz de separar e

bombear eficientemente a produção do fundo do mar até a plataforma P-8. Em termos

numéricos, o seu sucesso está claramente representado no aumento de 33% na

produção diária. A redução da pressão na entrada do separador permitiu ao poço

produzir mais sem o auxilio do gás “lift” o que resultou em ganhos econômicos com o

aumento da produção e com a redução da injeção de gás “lift”.

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CAPÍTULO 4 – ESTUDO DE CASO

Conforme as reservas de petróleo foram se tornando mais escassas em terra

firme, as companhias exploradoras começaram a traçar novas estratégias para extração

também em ambiente marítimo. No começo, a exploração era feita em baixas

profundidades e próximas à costa, mas a necessidade, somada aos avanços

tecnológicos, fez com que gradativamente a extração avançasse cada vez mais para

longe da costa em direção a maiores profundidades.

Este exemplo é exatamente o que aconteceu com o Brasil que, por não possuir

grandes reservas em terra firme, como países de outros continentes e até mesmo

companheiros da América do sul, caso da Venezuela, por exemplo, se viu forçado a

concentrar esforços na busca de petróleo no mar. No começo, a extração era feita em

profundidades de até 50 metros por pequenas jaquetas, mas décadas de esforço,

investimento e desenvolvimento tecnológico fizeram com que a realidade brasileira se

tornasse exemplo a nível mundial, extraindo petróleo viscoso e de baixo grau API de

profundidades próximas a 2000 metros.

Não há duvida de que a localização das principais reservas brasileiras, longe da

costa e em grandes profundidades, ainda é o maior complicador para a extração em

território nacional, mas existem também outros obstáculos que se superados podem

ajudar em muito o aumento da produção nacional de petróleo.

Exemplos claros desta situação são os campos antigos e os campos marginais

que, apesar de possuírem quantidades consideráveis de petróleo, não são mais

42

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aproveitados, por não serem, com as atuais tecnologias em uso, viáveis

economicamente.

A busca por métodos alternativos que permitam a exploração destes campos é

uma constante, e com isso, umas séries de novas tecnologias vêm sendo desenvolvidas

e testadas ao redor do mundo. Este capítulo é dedicado a simulações e análises de

resultados sobre a eficiência da instalação de um separador submarino, atualmente

considerado uma possível solução tecnológica para este problema.

Os próximos tópicos deste capítulo trazem desde a descrição do cenário

estudado, metodologia das análises e construção dos modelos até os resultados

encontrados nas simulações feitas para diferentes frações de água na fase líquida -

WCs (“Watercuts”) de cada modelo. Da comparação dos resultados obtidos, serão

extraídas as conclusões que encerram a validade ou não do objeto de estudo da tese, a

separação submarina.

4.1 – DESCRIÇÃO DO CENÁRIO

Os resultados que aqui serão apresentados estão fundamentados nas análises

de simulações feitas para duas situações do mesmo cenário natural na Bacia de

Campos. No Poço piloto 001, que atualmente é pouco viável economicamente, tem-se a

intenção de instalar um separador de água submarino e verificar a sua influência na

produção do poço. Este poço encontra-se num reservatório localizado 1897 metros

abaixo do leito marítimo e sob uma lâmina d’água final de 918 metros. Neste caso, a

zona produtora está a 1.388,22 metros distante lateralmente do poço, fazendo com que

o “tubing” tenha de percorrer 2383 metros numa trajetória curva, como mostrado na

Figura 4.1 até chegar ao reservatório.

43

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AÓLEOERO

GÁS

TVD = 1897 metros

1276 metros

ÁGUA CONATA

Separador

Riser de Produção

AQUÍFERO

Figura. 4.1 – Cenário Simulado – Com Separador

O fluido que sai do reservatório passa pela ANM na cabeça de poço, segue pela

“flowline” até a “flow connection” ou separador e daí para um “riser” de produção até

chegar ao ““topside”” com uma pressão de mínima de 23,1 Kgf/cm2 para ser melhor

processada.

4.2 – METODOLOGIA DAS ANÁLISES

A execução correta das simulações e análises depende do conhecimento não só

do cenário como das características dos equipamentos, bem como, do ambiente local,

da geologia do reservatório e das características físico-químicas da mistura. Fazendo

uso do conhecimento de tais características e assumindo a pressão estática do

reservatório constante, e assim mantida graças à injeção de água, inicialmente será

feita a simulação de um único caso, WC (“water cut”) = 45,4%, para um arranjo

44

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tradicional composto de 01 (uma) árvore de natal, 01 (uma) “Flowline”, 01 (uma) “Flow

Connection”, 01 (um) “riser” de Produção e “topside”. A razão para usar o WC de 45,4%

como valor inicial para as simulações é o fato de já se ter conhecimento sobre os

resultados reais de campo para este caso e, portanto, permitir calibrar e validar

adequadamente o modelo.

Após validar o modelo tradicional para a condição inicial de WC = 45,4%, serão

feitas novas simulações com o mesmo modelo, sendo que desta vez variando os

valores de WC. Para obter mais dados para as análises também serão realizadas

simulações com valores de WC entre 10% e 90% e com intervalos variáveis de acordo

com a necessidade de definição dos resultados.

Mantendo as mesmas configurações, o passo seguinte consiste em construir um

modelo para um arranjo similar ao primeiro (tradicional), sendo que desta vez no lugar

da “flow connection” será instalado um separador gravitacional bifásico para separar e

eliminar parte da água. As simulações feitas para o primeiro modelo também o serão

para este, de forma que os resultados extraídos em ambos os casos sejam relativos às

mesmas condições.

Por fim, para cada um dos modelos, os resultados para cada “water cut” serão

comparados de forma que seja fosse possível mensurar a influência do separador de

água no sistema submarino. As conclusões e sugestões acerca dos mesmos estão

apresentadas mais adiante ainda neste capitulo.

4.3 – A FERRAMENTA COMPUTACIONAL E O MODELO DESENVOLVIDO

As simulações necessárias ao estudo foram desenvolvidas com o uso de um

pacote de programas de engenharia de petróleo utilizado nas áreas de projeto,

45

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operação e otimização de campos e instalações de óleo e gás, o PIPESIM. O pacote é

composto pelos seguintes módulos básicos:

− “Pipeline & Facilities”;

− “Well Performance Analysis”;

− “Network Analysis”;

− “Production Optimization”;

− “Field Planning”;

− “Multi-lateral”.

Os módulos usados nas análises deste estudo, são o “Pipeline &

facilities” e o “Network Analysis”, por serem os dois que melhor se adaptam aos

modelos propostos, compostos por malhas que incluem:

− Reservatório;

− Tubing;

− ANM;

− Flowline entre a ANM e a Flow Conection ⁄ Separador;

− Flow Connection;

− Separador;

− “riser” de Produção;

− “topside”.

46

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4.3.1 - OS MÓDULOS “PIPELINE & FACILITIES” E “NETWORK ANALYSIS”

O módulo “Pipeline & Facilities” possui as seguintes aplicações típicas que são

de interesse direto para esta tese:

- Escoamento Multifásico em “pipelines” e “flowlines”;

- Geração dos perfis de pressão e temperatura ponto a ponto;

- Calculo dos coeficientes de transferência de calor;

- Modelação da performance de equipamentos e “flowlines”.

Já o módulo “Network Analysis”, além de processar os mesmos dados do

“Pipeline & Facilities”, ele permite a construção de redes integradas, o que possibilita

que as simulações sejam feitas para vários poços, não importando se os mesmos são

de produção ou de injeção.

4.3.2 – CONSTRUÇÃO DOS MODELOS

O primeiro passo no desenvolvimento das simulações consiste na criação do

modelo. O roteiro usado para a criação da malha passa pelos seguintes passos

básicos.

- Seleção das unidades;

- Definição dos dados do fluido;

- Definição dos componentes do modelo

o Poço – Reservatório e “tubing”,

o Linhas – “flowlines” e “risers”,

47

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o Equipamentos – Separador;

- Definir os padrões de transferência de calor;

- Selecionar a correlação multifásica a ser usada;

- Testar o modelo.

4.3.2.1 – SELEÇÃO DAS UNIDADES

Os sistemas de unidades normalmente usados pela indústria de petróleo e gás

natural mundial e que também estão disponíveis no programa são:

- Engineering (Oil field);

- SI;

- “Canadian S.I”;

- “Customized units” (Sistema criado pelo próprio usuário com as unidades

que lhe são mais interessantes).

- A seleção das unidades tem de ser feita de forma que elas não gerem

confusão com o padrão de unidades local os dados disponíveis. Por isso, dentre

as quatro opções, o SI foi o escolhido, já que é o adotado no território brasileiro.

48

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4.3.2.2 – DEFINIÇÃO DOS DADOS E MÉTODO DE MODELAÇÃO

FLUIDA

Normalmente, os métodos empíricos de modelação fluida usados nas

simulações de escoamentos de óleo e/ou gás são:

- Composicional (chamado de “Fully Compositional” no programa);

- “Black Oil” (chamado de “Black Oil Correlations” no programa);

- “Steam tables”.

A escolha do método de modelação depende de diversos fatores como

propriedades do fluido no sistema, vazão, pressão e temperatura em que o fluido entra

e sai do sistema definido. Para as simulações necessárias a este estudo em específico,

havia a possibilidade de usar somente duas modelações, que eram a composicional e a

“Black Oil”.

A modelação Composicional tem como característica trabalhar com as frações

molares das principais moléculas básicas do fluido sendo muito usada quando há

formação de condensado (gás sob alta pressão e na fase líquida), que não é o caso

deste estudo. A modelação “Black Oil”, em linhas gerais tem a mesma função que a

composicional, mas não trabalha com condensados. Diferentemente da composicional,

ela trata o composto óleo/gás como sendo um sistema único que contém estes dois

elementos.

Para que não haja dúvidas sobre os resultados encontrados, a modelação

escolhida é a “Black Oil”, tendo como razões para tal os seguintes fatos:

49

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- A não disponibilidade de todos os dados necessários para os estudos

com a Composicional;

- Não haver a previsão de formação de condensado, em virtude da faixa

de pressão e temperatura a qual a mistura está sujeita;

Para que os cálculos segundo a modelação “Black Oil” possam ser feitos os

seguintes dados tiveram de ser fornecidos:

- WC = Water Cut;

- RGO = Razão Gás/Óleo;

- ρg = Peso Específico do Gás (água como referência);

- ρA = Peso Específico da Água da Formação (água como referência);

- API = Grau API;

- Pe = Pressão Estática do Reservatório;

- TR = Temperatura do Reservatório;

4.3.2.3 – CORRELAÇÃO DE ESCOAMENTO

Para cada trecho de malha criado para os modelos, é usado um tipo de

correlação de escoamento, com as quais são feitos os cálculos de perda de carga e de

fração do diâmetro ocupada pela fase líquida (“liquid Hold-up”). Estas correlações são

divididas em:

- Simples (chamada de “Single Phase” no programa);

- Multifásica Vertical (chamada de “Multiphase Vertical” no programa);

50

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- Multifásica Horizontal (chamada de “Multiphase Horizontal” no programa).

Em se tratando de escoamentos compostos de óleo⁄água⁄gás, só é

recomendável usar correlações do tipo simples nos trechos em que a pressão do

escoamento está acima da pressão de saturação do óleo, pois a relação pressão de

escoamento (Pwf) x vazão (Q) pode ser considerada linear e regida pela equação 4.1

mostrada mais abaixo. O motivo disto é que até a pressão de saturação (ponto de

bolha) o gás encontra-se completamente emulsionado no óleo caracterizando uma

única fase. Do ponto de bolha para baixo, ocorre a separação das fases gás/óleo, a

relação Pwf x Q torna-se não linear e, portanto, o ideal é usar correlações do tipo

multifásicas.

Com relação ao uso das correlações do tipo Multifásica Vertical e Multifásica

Horizontal, nas últimas quatro décadas foram criadas diversas formulações, dentre as

quais, as escolhidas para as simulações da tese em função de serem as que

apresentaram os melhores resultados quando comparados aos dados reais são:

- Escoamento Vertical

o Brill e Beggs Original

o Duns e Ros

o Hagedorn e Brown

- Escoamento Horizontal

o Brill e Beggs original

o Duns e Ros

51

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4.3.2.4 - DEFINIÇÃO DOS COMPONENTES DO MODELO E CRIAÇÃO DA MALHA

Tanto o modelo que representa o arranjo tradicional quanto o que representa o

arranjo com separador de água, são compostos por quatro trechos como mostrado

abaixo:

- Poço ⇒ ANM;

- ANM ⇒ Flow Connection ⁄ Separador;

- Flow Connection ⁄ Separador ⇒ Touch Down Point (TDP);

- TDP ⇒ “topside”;

4.3.2.4.1 – TRECHO POÇO ⇒ ANM

A primeira parte da malha a ser criada é a composta pelo poço (reservatório e

“tubing”) e que se encontra no subsolo marítimo, como mostra a figura 4.1. Para este

estudo, da mesma forma que a maioria dos poços antigos da Bacia de Campos, o poço

estudado trabalha com métodos de elevação artificial, tentando assim manter a Pressão

Estática do Reservatório constante ao longo do tempo.

Após sair do reservatório, onde se encontra sob a atuação da Pressão Estática,

a mistura percorre um trecho dentro de “tubings” no qual sofre perda de carga por

fricção e elevação até que chegue a cabeça do poço na ANM, já no solo marítimo. Esta

parte da malha é comum a ambos os modelos que serão simulados. Ver figura 4.2.

52

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Figura 4.2 – Malha do Trecho Poço ⇒ ANM

Sem que já tenha sido criado o restante do modelo, com os dados específicos

do reservatório, com este trecho já é possível cria a IPR do reservatório que fornece o

comportamento do escoamento em termos de vazão e pressão.

Os cálculos da IPR (Inflow Performance Reservoir) e da vazão máxima,

dependem de algumas variáveis, que estão relacionadas ao método de cálculo

escolhido. O cálculo da IPR no trecho acima do ponto de bolha é regido pela seguinte

equação:

( )wfe PPQIP−

= (4.1)

Onde:

- IP = Índice de Produtividade;

53

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- Q = Vazão líquida;

- Pe = Pressão Estática do Reservatório;

- Pwf = Pressão do escoamento na entrada do “tubing”.

Para os trechos em que a pressão de escoamento está abaixo da pressão de

saturação, a IPR será calculada através da equação de Vogel mostrada abaixo:

2

max

)())(1(1e

wf

e

wf

PP

CPP

CQ

Q−−−= (4.2)

Onde o único dado extra é:

- CV = Coeficiente de Voegel.

IPR

0

15

30

45

60

75

90

105

120

135

150

165

180

195

210

225

240

255

270

0 1400 2800 4200 5600 7000 8400 9800 11200 12600 14000

Vazão (sm3/d)

Pres

são

(bar

a)

Disponível

Figura 4.3 – IPR do Reservatório

54

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É importante conhecer a IPR por que ela representa fielmente o comportamento

natural do reservatório. A interseção dela com a Curva de Pressão Requerida, que

depende das especificações do projeto, dá origem ao ponto ótimo do sistema, ou seja,

os valores ideais de pressão e vazão que satisfazem as expectativas do projeto.

No percurso do “tubing” até a cabeça do poço, para calcular a perda de carga e

o perfil de temperatura, são necessárias as informações abaixo cujos valores são

mostrados na tabela 4.1.

- Comprimento Medido de “Tubing” (MD);

- Comprimento Vertical de “Tubing” (TVD);

- Gradiente Geotérmico (∆TGEO);

- Diâmetro do “Tubing”(∅TUBING);

- Espessura do “Tubing” (eT)

- Ângulo descrito pelo trecho de “Tubing” (ψ);

- Coeficiente Global de Transferência de Calor do Solo (U);

- Diâmetro do Casing (∅CASING).

Tabela 4.1 – Dados do Tubing e Geotérmicos

MD

(m)

TVD

(m)

Âng.

(grau)

∆TGEO

(ºC)

U

(W/m2/K)

∅TUBING

(mm)

Esp.

(mm)

∅casing

(mm)

0,00 0,00 0 5,00 11,349 100,53 12,7 222,38

12,00 12,00 0,8 16,80 11,349 100,53 12,7 222,38

424,00 423,96 5,7 20,80 11,349 124,26 12,7 222,38

55

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MD

(m)

TVD

(m)

Âng.

(grau)

∆TGEO

(ºC)

U

(W/m2/K)

∅TUBING

(mm)

Esp.

(mm)

∅casing

(mm)

564,00 563,27 14,7 26,00 11,349 124,26 12,7 222,38

699,00 693,85 23,5 30,80 11,349 124,26 12,7 222,38

849,00 831,41 32,6 35,70 11,349 124,26 12,7 222,38

1304,00 1214,70 44,4 48,20 11,349 124,26 12,7 222,38

1594,00 1421,90 46,1 56,00 11,349 124,26 12,7 222,38

1972,00 1684,00 47,2 65,90 11,349 124,26 12,7 222,38

2016,00 1713,90 52,0 66,90 11,349 100,53 12,7 222,38

2149,00 1795,80 59,0 69,60 11,349 124,26 12,7 222,38

2239,00 1842,20 67,5 70,90 11,349 124,26 12,7 222,38

2383,00 1897,30 77,3 72,10 11,349 124,26 12,7 222,38

4.3.2.4.2 – TRECHO ANM ⇒ FLOW CONNECTION ⁄ SEPARADOR.

O próximo trecho a ser modelado é a “flowline” que vai da ANM até a “Flow

Connection” ⁄ Separador. JOHANSEN e LEPORCHER (2001) comentam que devido à

separação água ⁄ hidrocarbonetos ser mais eficiente em ambientes de alta pressão e

temperatura é preferível posicionar o separador o mais próximo possível da cabeça do

poço, então, em função disto a “flowline” foi dimensionada para ficar a 100 metros de

distância da ANM. Os dados adicionais necessários para os cálculos de perda de carga

e perfil de temperatura na “flowline” são:

- Temperatura Ambiente (TA);

56

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- Coeficiente Global de Transferência de Calor (U);

- Velocidade da Corrente no local (VC);

- Distância Horizontal do Trecho (LFH);

- Distância Vertical do Trecho (LFV);

- Diâmetro da Flowline (∅FLOWLINE);

- Espessura da Flowline (eF);

- Rugosidade da parede interna da Flowline (r).

4.3.2.4.3 – TRECHO FLOW CONNECTION ⁄ SEPARADOR ⇒ TDP

No primeiro arranjo, chamado de tradicional, após percorrer o trecho de 100

metros pela “flowline”, a mistura de óleo, água e gás passa por uma “flow connection” e

segue pelo “riser” de produção até chegar ao “topside” onde será devidamente

processada de acordo com os esquemas de processamento anteriormente

apresentados no capítulo 3 desta tese.

Em se tratando do arranjo não tradicional, onde anteriormente estava a “flow

connection”, agora será incluído um separador de água, do qual saem duas linhas:

- 01 “riser” de Produção;

- 01 “Flowline”.

O “riser” de produção é o responsável pelo transporte do restante da mistura

(agora com uma queda considerável no percentual de água) até o “topside”. Os dados

necessários para o cálculo da perda de carga e do perfil de temperatura neste trecho

57

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são os mesmos necessários para a “flowline”, sendo que com os valores específicos do

local e do “riser” de produção que são:

- Distância Horizontal do Trecho (LRH);

- Distância Vertical do Trecho (LRV);

- Diâmetro do “riser” (∅“riser”);

- Espessura do “riser” (eR);

- Rugosidade da parede interna do “riser” (rr).

Sobre a “flowline” que sai do Separador, outros comentários serão feitos mais

adiante no sub item Separador ⇒ TDP.

4.3.2.4.3.1 – O SEPARADOR

O separador usado neste estudo está localizado a 914 metros de profundidade e

é do tipo horizontal gravitacional bifásico com eficiência de 90%. Isto significa que, de

100% da fração de água que entra no mesmo, apenas 10% segue com o óleo e o gás

até a unidade “topside”, o restante desta água tem como destino a re-injeção no

reservatório. A razão de fazer um estudo com este tipo de separador é que apesar de

definitivamente não ser o de maior eficiência, ele é, dentre todos, o mais simples,

confiável e que já tem sido objeto de testes em alguns projetos ao redor do mundo. Não

são poucos os separadores compactos em uso nas unidades “topside”. Entretanto,

quando ocorrem golfadas, a eficiência deles cai muito e por isso não são adequado

para uso nestas análises.

58

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4.3.2.4.4 – TRECHO TDP ⇒ “TOPSIDE”

A curva descrita pelo “riser” de produção desde sua saída da plataforma até

tocar o solo, no ponto conhecido como Touch Down Point (TDP), é denominada

Catenária e já foi exaustivamente estudada para elaboração de modelos que a

descrevessem apropriadamente. Então, com o auxílio de um destes modelos será

calculado o comprimento total do “riser”.

Como a profundidade local, o ângulo de saída do “riser”, a geometria do local e a

distância percorrida pelo “riser” (LRS) de produção no solo já são conhecidos dos dados

reais de campo, basta apenas descobrir a localização do TDP e o comprimento de

“riser” entre a plataforma e o TDP (I) para que as dimensões da linha possam ser

definitivamente determinadas. Especificar da forma mais precisa possível o

comprimento de “riser” é importante por que assim torna-se possível calcular com maior

exatidão os ângulos descritos pela linha e com isso usar as melhores correlações

disponíveis para representar o escoamento.

Na determinação do comprimento de “riser” entre o TDP e o “topside” (I) será

usada a planilha Catbas1 que para tal precisa que seja fornecidos apenas a

profundidade (H)do local em que a linha toca o solo e o ângulo (α) de saída do “riser” na

plataforma. Ver na tabela 4.2 e figura 4.4 abaixo as características da “flowline” e do

“riser”.

1 Planilha de autoria de FERNANDES, A.C E NEVES, C.R.

59

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Tabela 4.2 – Composição e Características da Flowline e do “riser” de produção

FLOWLINE (4”) “RISER” DE PRODUÇÃO (6”)

Camada Material Espessura

(mm)

Camada Material Espessura

(mm)Flexbody Aço Inox 7,00 Flexbody Aço Inox 7,00

Flexbarrier PA11 (Natural) 6,00 Flexbarrier PA11 (Black) 6,00

Flexlock Aço Carbono 2,00 Flexlock Aço Carbono 6,35

Flextape Polipropileno 0,30 Flextape Polipropileno 1,52

Flextensile Aço Carbono 2,00 Flextensile 1 Aço Carbono 3,99

Flextape Polipropileno 0,30 Flextape Polipropileno 1,52

Flextape Filam. Vidro 0,73 Flextensile 2 Aço Carbono 3,99

Flextape Polipropileno 0,30 Flextape Polipropileno 0,30

Flextensile Aço Carbono 2,00 Flextape Filam. Vidro 0,81

Flextape Polipropileno 0,30 Flextape Fabric 041

Flextape Filam. Vidro 0,73 Flexshield PA11 (Black) 7,00

Flextape Polipropileno 0,30

Flexshield HDPE 7,00

60

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(a) (b)

Figura 4.4 – Flowline e “riser” de Produção

Como este trecho também é de “riser”, os dados extras necessários para os

cálculos da perda de carga e do perfil térmico, fora os já mencionados para o trecho

anterior são:

- Profundidade Local (H);

- Ângulo de Topo (α);

É importante ressaltar que neste estudo, pelo fato de o comprimento medido de

“riser” de produção e de “flowline” não ser muito grande e as condições ambientais da

bacia de Campos não serem tão severas, as linhas, tanto a “flowline” quanto o “riser” de

produção foram projetados sem nenhum revestimento especifico para isolamento

térmico. Esta condição foi assumida para ambos os modelos, com e sem separador de

fundo.

61

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4.3.2.5 – DEFINIÇÃO DOS PADRÕES DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Paralelamente aos cálculos de perda de carga serão feitas também as

estimativas de troca de calor ao longo de cada um dos trechos que compõem o sistema.

Basicamente, o que é feito com a ajuda do programa é calcular as seguintes trocas

térmicas:

- Trecho Reservatório ANM – Transferência de Calor entre o escoamento,

o “Tubing” e o Reservatório;

- Trecho ANM Flowline/Separador - Transferência de Calor entre o

escoamento, Flowline e água do mar;

- Trecho Flowline/Separador “topside” - Transferência de Calor entre o

escoamento, o “riser” de produção e a água do mar.

Juntamente com os dados específicos fornecidos entre a 4.3.2.4.2 e 4.3.2.4.4,

para a execução dos cálculos na “flowline” e “riser” de produção, um dentre os

coeficientes abaixo deve ser fornecido:

- Coeficiente Global de transferência de calor (U (W/m2/K)) + Espessura da

“flowline” + Espessura do “riser” de produção;

- Coeficiente de transferência (K (W/m/K)) de cada uma das camadas das

linhas (“flowline” e “riser”) + Espessura da “flowline” + Espessura do “riser” de

produção.

Para este trabalho, a melhor opção é a segunda, pois somente esta permite que

o coeficiente de transferência de calor (k) de cada camada seja fornecido.

62

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Considerando-se o fato de que tanto a “flowline” quanto o “riser” de produção são

flexíveis e que o coeficiente global de transferência é desconhecido, a escolha da

segunda opção parece ser a mais prudente.

Os coeficientes de transferência de calor de cada uma das camadas serão

extraídos do site www.matweb.com pois este tipo de informação não é disponibilizado

pelas empresas especializadas, que o consideram segredo industrial. Ver figuras 4.5

com tela do PIPESIM referente à parte de transferência de calor.

Figura 4.5 –Tela de Transf. de Calor na “Flowline” – Propriedades

4.3.2.6 – TESTE DO MODELO

Uma vez que ambos os modelos estão definidos falta apenas testa-los usando

os dados abaixo, anotar e interpretar os resultados.

- P”topside” = 23,1 Kgf⁄cm2

- RGO = 90 sm3⁄sm3;

63

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- API =18,7;

- µ1 = 179,7 (30ºC);

- µ2 = 55,94 (50ºC);

- WC = 45,4%;

- TR = 72,1 ºC;

- Pe = 268 Kgf⁄cm2;

- PTeste = 236,7 Kgf⁄cm2;

- QTeste = 2695 sm3⁄d;

- CV = 0,8;

- P = 927,46 m;

- LR = 1652 m;

- H = 850 metros;

- α= 5o;

- ρar= 0,654;

- ρA= 1,040;

4.3.2.6.1 – VALIDAÇÃO DO MODELO

O procedimento de validação do modelo usado consiste das seguintes etapas:

- Executar o programa em “Black-Oil” para o WC = 45,4% usando as

mesmas correlações usadas pela Petrobrás no programa MARLIM que são:

64

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o Trecho Reservatório / Cabeça do Poço - HAGEDORN e BROWN para

escoamentos verticais e BRILL e BEGGS e PALMER para

escoamentos horizontais. Ver figura 4.6;

o Trecho Cabeça do Poço / TDP - BEGGS e BRILL Original (BB), para

escoamentos horizontais e Verticais. Ver figura 4.7;

o Trecho TDP / “topside” - DUNS e ROSS (DR), para escoamentos

horizontais e verticais. Ver figura 4.8.

Figura 4.6 – Correlação Multifásica no trecho Reservatório / Cabeça do Poço

Figura 4.7 – Correlação Multifásica no trecho Cabeça do Poço / TDP

65

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Figura 4.8 – Correlação Multifásica no trecho TDP / “topside”

- Comparar os resultados de pressão e temperatura encontrados na

simulação com os achados pela Petrobrás, conforme tabelas 4.3 e 4.4 e figuras

4.9 e 4.10;

- Verificar se o erro relativo é pequeno o bastante para justificar a

validação;

- Traçar a IPR x Pressão Requerida para a pressão na cabeça do poço.

Tabela 4.3 – Comparativo de Pressões – MARLIM x PIPESIM

Comprimento

Medido (m)

Pressão

MARLIM (bara)

Pressão

PIPESIM (bara)

Vazão

PIPESIM (sm3/d)

T = 5061,45 22,65 22,65 3466,26

TDP = 4116,33 62,73 62,62 3466,26

NÓ =3664,97 68,11 68,41 3466,26

FC =2463 81,67 82,34 3466,26

CP = 2383 87,02 87,07 3466,26

R = 0 262,82 262,82 3466,26

66

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Tabela 4.4 – Comparativo de Temperaturas - MARLIM x PIPESIM

Comprimento

Medido (m)

Temp.

MARLIM (ºC)

Temp.

PIPESIM (ºC)

T = 5061,45 49,24 48,28

TDP = 4116,33 55,96 55,14

N1 =3664,97 58,77 58,25

FC =2463 68,62 67,53

CP = 2383 69,06 67,92

R = 0 72,10 72,10

Onde:

- T = “topside”;

- TDP = Touch Down Point;

- N1 = Nó entre o TDP e a Cabeça do Poço;

- CP = Cabeça do Poço;

- R = Reservatório.

67

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Comparativo de Pressões - MARLIM x PIPESIM

0,00

27,50

55,00

82,50

110,00

137,50

165,00

192,50

220,00

247,50

275,00

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500

Distãncia Medida (m)

Pres

são

(bar

a)

MARLIMPIPESIM

Figura 4.9 – Comparativo de Pressões – MARLIM x PIPESIM

Comparação de Temperaturas - MARLIM x PIPESIM

45,00

50,00

55,00

60,00

65,00

70,00

75,00

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500

Distãncia Medida (m)

Tem

pera

tura

(ºC

)

MARLIMPIPESIM

Figura 4.10 – Comparativo de Temperaturas – MARLIM x PIPESIM

68

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Conforme descrito no procedimento de validação mostrado acima, os erros

relativos calculados para os resultados encontrados com o programa usado nesta tese

e do MARLIM (Tabela 4.5 e 4.6), usado pela Petrobrás, servirão como parâmetro de

verificação da validade do modelo desenvolvido nesta tese.

Tabela 4.5 – Erro Relativo - MARLIM x PIPESIM

Comprimento

Medido (m)

Pressão

MARLIM (bara)

Pressão

PIPESIM (bara)

∆EP

T = 5061,45 22,65 22,65 0,000

TDP = 4116,33 62,73 62,62 0,002

NÓ =3664,97 68,11 68,41 -0,004

FC =2463 81,67 82,34 -0,008

CP = 2383 87,02 87,07 -0,001

R = 0 262,82 262,82 0,000

Tabela 4.6 – Erro Relativo - MARLIM x PIPESIM

Comprimento

Medido (m)

Temp.

MARLIM (ºC)

Temp

PIPESIM (ºC)

∆ET

T = 5061,45 49,24 48,28 0,019

TDP = 4116,33 55,96 55,14 0,015

NÓ =3664,97 58,77 58,25 0,009

FC =2463 68,62 67,53 0,016

CP = 2383 69,06 67,92 0,017

R = 0 72,10 72,10 0,000

69

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Onde:

∆EP = PIPESIM

PIPESIMMARLIM

PPP −

(4.3)

∆ET = PIPESIM

PIPESIMMARLIM

TTT −

(4.4)

O que se pode concluir da comparação dos erros relativos é que o modelo

gerado na tese é válido, pois todos os erros relativos de pressão encontrados estão

abaixo de 0,3% e todos erros relativos de temperatura abaixo de 1,9%. A justificativa

encontrada para que os erros de temperatura sejam maiores que os de pressão é o fato

de não se ter certeza sobre as especificações de revestimento e coeficientes de troca

de calor da “flowline” e do “riser” de produção usadas em ambos os modelos.

No gráfico da figura 4.12 mostrado abaixo está apresentada a curva IPR x P

Requerida na cabeça do Poço que fornece o ponto ótimo do sistema, ou seja, a

Pressão e Vazão ideais para que o escoamento chegue no “topside” com a pressão de

22,65 bara (23,1 Kgf/cm2).

70

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IPR x Pressão Requerida

0

50

100

150

200

250

300

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000

Vazão (sm3/d)

Pres

são

(bar

a)

IPRP. Requerida

87,02 bara

Figura 4.11 – Gráfico IPR x Pressão Requerida do Modelo Sem Separador

4.3.2.7 – MODELO COM SEPARADOR

Após a validação do modelo sem separador, o estágio seguinte consiste em

substituir a “flowline” por um separador de água com eficiência de 90% e para o mesmo

WC de 45,4% simular o escoamento multifásico do Reservatório até o “topside”.

É importante ressaltar que as análises feitas com o separador consideram as

mesmas configurações (Pressão Estática, Temperatura, Viscosidade e etc) até agora

usadas e que os resultados achados não se aplicam a casos de “shut in” por exemplo,

pois nesta situação, o regime do escoamento não pode ser considerado permanente.

71

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Figura 4.12 – Posição do Separador no Modelo

Os resultados encontrados para os perfis de Pressão, Temperatura e para a

vazão do escoamento com WC de 45,4% com o novo arranjo que inclui o separador

podem ser vistos na tabela 4.7 a seguir.

Tabela 4.7 – Resultados com a inserção do Separador

Distância

Medida (m)

Pressão

PIPESIM (bara)

Temperatura.

PIPESIM (bara)

Vazão

PIPESIM (sm3/d)

5061,45 22,65 33,96 2350,14

4116,33 51,79 44,45 2350,14

3664,97 56,09 49,96 2350,14

2463 65,71 68,35 3973,86

2383 72,85 68,64 3973,86

0 262,82 72,10 3973,86

72

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A nova configuração do gráfico IPR x Pressão Requerida com o separador fica

da seguinte forma:

IPR x Pressão Requerida

0

50

100

150

200

250

300

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000

Vazão (sm3/d)

Pres

são

(bar

a)

IPRP. Requerida

72,9 bara

Figura 4.13 – Gráfico IPR x Pressão Requerida do Modelo Com Separador

4.3.2.8 – COMPARATIVO COM E SEM SEPARADOR PARA WATERCUT DE 45,4%

As alterações causadas nos perfis de pressão, temperatura e na curva de

pressão requerida pela inclusão do separador no escoamento com WC de 45,4%

podem ser vistas nas figuras 4.14, 4.15 e 4.16 abaixo.

73

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Comparativo de Pressão Disponível

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

0 1000 2000 3000 4000 5000

Distância Medida (m)

Pres

são

(bar

a)

Sem SeparadorCom Separador

Figura 4.14 – Comparativo do Perfil de Pressão Disponível Com e Sem Separador

Comparativo de Temperaturas

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Distância Medida (m)

Tem

pera

tura

(ºC

)

Sem SeparadorCom Separador

Figura 4.15 – Comparativo do Perfil de Temperatura Com e Sem Separador

74

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Comparaçao de Curvas de Pressão requerida na Cabeça do Poço

0

50

100

150

200

250

300

0 1500 3000 4500 6000 7500 9000 10500 12000 13500

Vazão (sm3/d)

Pres

são

(bar

a)

IPRP. Req. Sem SepP. Req. Com Sep

87,02 bara

72,85 bara

∆Q

∆P

Figura 4.16 – IPR x Pressão Requerida Com e Sem Separador

Os gráficos das figuras 4.14 e 4.15 mostram que ocorreu uma queda na pressão

disponível e na temperatura do escoamento nos pontos intermediários entre o

Reservatório e o “topside”. A conseqüência direta da alteração na pressão (∆P = 6,22

bara) é o aumento da vazão de 3466,26 sm3/d para 3973,86 sm3/d (∆Q = 507,6 sm3/d)

como pode ser visto no gráfico IPR x Pressão Requerida da 4.16. Por sua vez, a

retirada da água associada ao aumento da vazão faz com que a troca de calor seja

mais intensa e com isso a temperatura do fluido que escoa por dentro do “riser” de

produção tende a cair conforme mostrado no gráfico acima.

A figura 4.16 mostra que para baixas vazões, até cerca de 500 sm3/d, a curva de

pressão requerida tem um comportamento decrescente, ou seja, a vazão cresce com a

queda da pressão. A partir deste ponto, a curva sofre uma inflexão e assume um

comportamento crescente. A explicação para este fenômeno é que para vazões

75

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pequenas, principalmente em escoamentos verticais, o diâmetro do “tubing” geralmente

está super dimensionado, então o gás dissolvido no óleo, viaja mais rápido que as

outras fases causando o chamado escorregamento entre fases. Conforme a vazão

aumenta, o escorregamento reduz e a curva de pressão requerida assume o seu

comportamento crescente normal.

4.3.2.9 – ANÁLISE DOS RESULTADOS PARA O WATER CUT DE 45,4%

Para o WC de 45,4%, o que os resultados mostram é que com a separação e

eliminação de 90% da água, o sistema que antes tinha um ponto de equilíbrio com

pressão de 87,02 bara e vazão de 3466,26 sm3/d buscou um novo ponto de equilíbrio

em que a pressão na cabeça do poço era menor 72,85 bara e a vazão

consideravelmente maior, 3973,86 sm3/d.

Da simples verificação visual do gráfico “IPR x Pressão Requerida Com e Sem

Separador” Figura 4.16, pode-se constatar o que foi dito no parágrafo anterior. Para

facilitar o entendimento, deve-se analisar o sistema tendo em mente o balanço de

massa. Inicialmente entrava no volume de controle, arranjo com Separador, uma

quantidade determinada de matéria e saia deste volume de controle no “topside” a

mesma quantidade determinada. A separação da água que é o elemento de maior

densidade da mistura significa não só uma perda de massa considerável como também

uma redução na densidade final da mistura restante. Com isso, a pressão de retorno,

exercida pelo fluido que está a jusante do Separador sofre uma queda que, quando

“sentida” pelo trecho a montante, resulta no aumento da vazão e conseqüente queda da

pressão. Daí os resultados com Separador apresentarem valores menores para a

76

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pressão na cabeça do poço do que aqueles sem separador. Isto pode ser verificado

fazendo o seguinte cálculo:

A quantidade de óleo que chega ao “topside” no arranjo que não apresenta

Separador de Água é 1892,58 sm3/d, calculada com o uso da fórmula 4.5 a seguir:

(4.5) )1(* WCQTopQTop LOSS−=

Onde:

Vazão de Óleo no “topside” (arranjo sem separador); =SSOQTop

Vazão Líquida no “topside”; =QTopL

Com a inclusão do Separador de Água no arranjo, a quantidade de óleo que

chega no “topside”, calculada pela fórmula 4.6 abaixo, passa para 2169,72 sm3/d.

)*)1(*( WCEFQCPQTopQTop CSLOCS−−= (4.6)

Onde:

Vazão de Óleo no “topside” (arranjo com separador); =CSOQTop

= Vazão Líquida no “topside” (arranjo com separador); CSLQTop

QCP = Vazão na Cabeça do Poço (arranjo com separador) CS

A subtração da quantidade de óleo que chega ao “topside” em ambos os casos

mostra que o ganho líquido de óleo para o WC = 45,4% é de 277,17 sm3/d, o que

equivale a 14,65% da produção de óleo sem a inclusão do Separador de Água.

77

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4.3.2.10 - SIMULAÇÕES COM VARIAÇÃO DO WATER CUT

Após mostrar que a separação submarina da água para a condição real do

reservatório (WC de 45,4%) é eficiente e que proporciona um ganho de 14,65%, o

passo seguinte e final antes das análises dos resultados consiste da simulação do

escoamento com o WC variando entre 10% e 90% em intervalos de 10%. Os

resultados encontrados nestas simulações estão apresentados nos gráficos e tabelas

abaixo.

Tabela 4.8 – Pressão na Cabeça do Poço por WC

Water Cut

(%)

PCP Sem Separador

(bara)

PCP Com Separador

(bara)

10 90,44 88,74

20 89,57 85,01

30 89,31 80,56

40 88,97 76,38

45,4 87,07 72,85

50 88,23 71,67

60 87,56 67,92

61 83,15 66,83

62 73,53 64,57

63 73,82 63,45

65 74,57 63,34

70 75,31 63,04

80 76,84 64,38

90 79,92 67,16

78

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Tabela 4.9 – Vazão na Cabeça do Poço à Montante e Jusante do Separador por WC

W. Cut (%)

QCP Sem Sep.

(sm3/d)

QMontante Com Sep.

(sm3/d)

QJusante Com Sep.

(sm3/d)

10 3595,52 3667,98 3349,97

20 3591,89 3745,10 3077,10

30 3540,10 3839,36 2802,73

40 3478,77 3911,26 2503,21

45,4 3466,26 3973,86 2350,14

50 3413,04 3992,54 2195,90

60 3325,59 4032,27 1854,84

61 3484.91 4060,32 1831,21

62 3847.81 4161,62 1840,16

63 3856.52 4221,24 1827,79

65 3884.47 4285,65 1778,55

70 3799,35 4241,66 1569,41

80 3587,02 4062,71 1140,83

90 3284,83 3796,72 721,38

79

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Tabela 4.10 – Ganho de Óleo com o Uso do Separador

W. Cut (%)

Q_ÓleoSS (sm3/d)

Q_ÓleoCS (sm3/d)

Ganho (sm3/d)

Ganho (%)

10 3235,97 3313,29 77,32 2,39

20 2873,51 3002,20 128,69 4,48

30 2478,07 2687,55 209,48 8,45

40 2087,26 2346,76 259,50 12,43

45,4 1892,58 2169,73 277,15 14,64

50 1706,52 1996,27 289,75 16,98

60 1330,24 1592,85 282,67 21,25

61 1359,11 1583,53 224,42 16,51

62 1462,17 1582,14 119,97 8,21

63 1426,91 1561,85 134,94 9,46

65 1359,56 1499,98 140,42 10,33

70 1139,81 1272,49 132,69 11,64

80 717,40 815,81 98,41 13,72

90 328,48 379,67 51,19 15,58

80

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Tabela 4.11 – Temperatura na Cabeça do Poço Sem e Com Separador

W Cut (%)

TCP S/Sep.

(ºC)

TTDP S/Sep. (ºC)

TTop S/ Sep. (ºC)

TCP /Sep. (ºC)

TTDP C/Sep. (ºC)

TTop C/ Sep. (ºC)

10 65,75 49,77 41,28 65,90 47,34 37,91

20 66,57 51,78 43,86 66,84 46,91 37,16

30 67,18 53,26 45,80 67,65 46,24 36,18

40 67,68 54,49 47,42 68,32 45,12 34,76

45,4 67,92 55,14 48,28 68,64 44,45 33,96

50 68,12 55,55 48,83 68,92 43,63 33,02

60 68,46 56,31 49,89 69,40 41,40 30,59

61 68,72 57.16 50,84 69,47 41,28 30,47

62 69,23 58.57 52,56 69,62 41,55 30,75

63 69,26 58.68 52,72 69,70 41,58 30,78

65 69,32 58.94 53,08 69,80 41,30 30,50

70 69,41 59,11 53,35 69,93 39,42 28,61

80 69,53 59,23 53,63 70,08 34,40 23,95

90 69,52 58,90 53,36 70,11 27,37 18,38

81

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Pressão na Cabeça do Poço

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90

Water Cut (%)

Pres

são

(bar

a)

Sem SeparadorCom Separador

Figura 4.17 – Comparação de Pressão na Cabeça do Poço

Vazão `a Montante da Flowline/Separador

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Water Cut (%)

Vazã

o (s

m3/

d)

Sem SeparadorCom Separador

Figura 4.18 - Vazão na Cabeça do Poço

82

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Vazão de Óleo no Topside

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Water Cut (%)

Vazã

o (s

m3/

d)

Sem SeparadorCom Separador

Figura 4.19 - Vazão de Óleo no “topside”

Ganho de Óleo

0

50

100

150

200

250

300

350

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Water Cut (%)

Vazã

o (s

m3/

d)

Ganho

Figura 4.20 – Ganho de Óleo com o uso do Separador

83

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Temperatura na Cabeça do Poço

66

66

67

67

68

68

69

69

70

70

71

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

WaterCut (%)

Tem

pera

tura

(ºC

)

Sem SeparadorCom Separador

Figura 4.21 – Temperatura do Óleo na Cabeça do Poço

Comparação das Temperaturas de Chegada no Topside

0

10

20

30

40

50

60

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

WaterCut (%)

Tem

pera

tura

(ºC

)

Sem SeparadorCom Separador

Figura 4.22 – Temperatura de Chegada do Óleo no “topside”

84

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4.3.2.11 - ANÁLISE DOS RESULTADOS

No capítulo 1 foi mencionado que a implantação da separação submarina era

uma hipótese interessante por várias razões, dentre as quais as principais eram:

− Melhoria do percentual de recuperação de hidrocarbonetos de campos com

alto WC;

− Exploração de campos marginais;

− Redução da probabilidade de formação de hidratos e necessidade de

injeção química devido à separação água-gás.

Com base nos resultados das análises feitas ao longo desta tese e resumidas

nas tabelas 4.8 a 4.11 e gráficos (Figura 4.17 a 4.22) mostrados neste capitulo, é

possível responder a cada um dos tópicos acima descritos como vantagens da

separação submarina para que, assim, seja realmente possível concluir que a

separação submarina da água é realmente benéfica ao campo.

4.3.2.11.1 - MELHORIA DO PERCENTUAL DE RECUPERAÇÃO DE

HIDROCARBONETOS

A hipótese de se a separação submarina da água ajuda ou não a melhorar o

percentual de recuperação de hidrocarboneto é verificada, primeiramente, pela análise

da figura 4.17, que é a comparação da pressão na cabeça do poço para ambos os

casos, com e sem separador. Desta comparação, é automática a verificação de que o

separador, para todos os WCs, induz a redução da pressão disponível na cabeça do

poço que, a princípio poderia significar uma menor possibilidade da mistura alcançar o

“topside”; entretanto, conforme explicado no 4.3.2.8, a queda na pressão é o resultado

da busca do sistema por um novo ponto de equilíbrio, já que 90% da fase mais densa

está sendo retirada pelo separador, o que não acontecia anteriormente. O fato de o

85

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escoamento ser permanente e do separador ter aberturas nas extremidades

conectadas a “flowline” a ao “riser” de produção, permite que as alterações sofridas a

montante sejam rapidamente sentidas a jusante e vice versa. Com isso, a vazão

aumenta e a pressão na cabeça do poço para empurrar a mistura para que ela chegue

ao “topside” com 22,65 bara (23,01 kgf/cm2) passa a ser bem menor. O aumento

induzido na vazão por sua vez permite que maiores quantidades de hidrocarbonetos

saiam do reservatório e cheguem a plataforma como mostram as figuras 4.19 e 4.20

acima.

Um fato interessante que ocorre em ambas as curvas, mas que é

significantemente marcante na curva sem separador, é a queda brusca da pressão

mostrada entre os WC de 60% e 62%. Este é um fenômeno comum, esperado e que

varia de acordo com as propriedades de cada óleo. Conforme o WC vai aumentando,

chega um ponto em que se forma emulsão óleo/água e a viscosidade cresce quase

que assintóticamente para depois voltar a cair como o aumento do WC. Quando a

emulsão se forma, a mistura óleo/água/gás torna-se mais pesada e a pressão

disponível sofre esta queda brusca.

4.3.2.11.2 - EXPLORAÇÃO DE CAMPOS MARGINAIS

É comum a descoberta de campos marginais no perímetro entre 10 e 100

quilômetros de distância da região produtora para a qual toda uma infra-estrutura já foi

desenvolvida. O volume de hidrocarbonetos destes campos marginais, não justifica a

criação de uma nova estrutura para eles, assim como, é inviável qualquer tentativa de

uso das plataformas e FPSO já existentes por que isto significaria uma alteração na

capacidade de processamento e no tamanho das suas instalações. Neste caso, um

sistema de separação submarina é perfeitamente aplicável, pois como visto acima no

4.3.2.11.1 a presença do separador ao alterar o ponto de equilíbrio do sistema,

aumenta a vazão e possibilita a produção em maior escala fazendo com que o custo

86

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de sua instalação e manutenção torne-se viável quando comparado ao aumento

significativo nas reservas recuperáveis.

4.3.2.11.3 - REDUÇÃO DA PROBABILIDADE DE FORMAÇÃO DE HIDRATOS E DE

INJEÇÃO QUÍMICA

A garantia de escoamento é um dos principais desafios para a produção de

hidrocarbonetos em águas ultraprofundas por isso a presença de hidratos, sem

qualquer sombra de dúvidas, é um problema que deve ser evitado de todas as formas

possíveis.

É sabido e já foi comentado anteriormente que os hidratos se formam quando

há o contato da água com o gás natural em determinadas condições de pressão e

temperatura (ver figura 4.23). A instalação de um separador de água submarino torna-

se importante no auxílio à prevenção de hidratos por que, caso o separador consiga

eliminar 90% da água da mistura, o que não é nenhum absurdo, a possibilidade de

contato entre a água e o gás torna-se muito menor e com isso as chances de

formação de hidratos reduzem consideravelmente. Se os riscos de bloqueio de linhas

por hidratos diminuem, é bem aceitável a hipótese de que a injeção de agentes

químicos inibidores também deva ser reduzida.

Ao levar-se em consideração o fato de que o metro cúbico de qualquer inibidor

vendido no mercado é bastante caro e de que a quantidade do mesmo a ser injetada

na prevenção de hidratos é bem grande, o uso de um separador submarino realmente

pode ser muito útil.

87

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Envelope de Hidratos

0

50

100

150

200

250

300

350

-100

-75 -50 -25 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 525 550 575 600

Temperatura (ºC)

Pres

são

(bar

a)

HidrocarbonetosHidratos

Figura 4.23 – Envelope de Hidratos

Note-se que a tendência natural da temperatura do escoamento é subir com o

aumento do WC, figura 4.21. Porém, com a inclusão do separador de água no sistema

e a conseqüente eliminação de 90% da água, a temperatura do escoamento tende a

cair com o crescimento da vazão e da turbulência do escoamento. Isto com certeza

facilita a formação de hidratos, entretanto, ao analisar a figura 4.23 é possível verificar

que o ponto mais crítico, aquele em que a temperatura do escoamento é mais baixa e

que acontece no “topside” para WC de 90%, com pressão de chegada 22,65 bara e

temperatura de 18,38ºC está a direita do envelope de hidratos caracterizando a não

formação do mesmo. Isto não significa que nunca ocorrerá a formação de hidratos,

somente que nestas condições específicas, com escoamento permanente não

acontecerá. Contudo, se ocorrer um “shut down” na produção e a mistura ficar parada

88

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na linha por um período relativamente longo, as condições de pressão e temperatura

da mistura mudarão e poderá ocorrer a formação de hidratos.

4.3.2.11.4 – ECONOMIA EM LINHAS DE PRODUÇÃO

Por fim será feita a análise da possibilidade da inclusão do separador de água

no sistema possibilitar também economia nos gastos com linhas de produção. Para

este caso o raciocínio é análogo ao que foi desenvolvido até agora e consiste em:

assumindo as mesmas condições de contorno, fazer para cada um dos diâmetros

analisados simulações variando o diâmetro do “riser” de produção que sai do

Separador e verificar a pressão, a vazão e a temperatura do escoamento que passa

por dentro dele ao longo do sistema.

Para tal, de forma a evitar que uma possível mudança do diâmetro do “riser” de

produção possa ser aplicável apenas a uma faixa de WC, as simulações foram feitas

para todos os WCs assim como foi feito anteriormente. Como o diâmetro original e

usado desde o começo nas análises foi o de 6 polegadas, as simulações agora serão

feitas para os diâmetros de 4 e 8 polegadas.

Nas Tabela 4.12, 4.13 e 4.14 figuras 4.24 e 4.25 mostradas abaixo, estão os

resultados encontrados nas simulações do escoamento para os diâmetros de 4, 6 e 8

polegadas.

89

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Tabela 4.12 – Perfil de Pressão ao longo dos “risers” de Produção

Water Cut (%)

PCP S/ Sep. 6 Pol (bara)

PCP C/ Sep 4 Pol (bara)

PCP C/ Sep 6 Pol (bara)

PCP C/ Sep 8 Pol (bara)

10 90,44 128,24 88,74 68,85

20 89,57 123,00 85,01 66,32

30 89,31 117,32 80,56 65,65

40 88,97 111,54 76,38 64,01

45,4 87,07 105,14 72,85 62,87

50 88,23 103,91 71,669 63,16

60 87,56 96,07 67,92 64,37

61 83,15 95,56 66,83 63,18

62 73,53 94,54 64,57 59,55

63 73,82 93,75 63,45 59,46

65 74,57 92,72 63,34 59,53

70 75,31 88,75 63,04 62,23

80 76,84 81,70 64,38 63,35

90 79,92 76,87 67,156 66,99

90

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Tabela 4.13 – Ganho em Vazão na Cabeça do Poço por Diâmetro de “riser” de

Produção

Water Cut (%)

QCP C/. Sep 4 Pol (sm3/d)

QCP C/. Sep 6 Pol (sm3/d)

∆QCP 4-6”

(sm3/d)

QCP C/ Sep 8 Pol (sm3/d)

∆QCP6-8”

(sm3/d)

10 2090,86 3667,98 1577,12 4278,90 610,92

20 2244,45 3745,1 1500,65 4319,21 574,11

30 2402,89 3839,36 1436,47 4299,67 460,31

40 2551,97 3911,26 1359,29 4299,37 388,11

45,4 2640,45 3973,86 1333,41 4303,09 329,23

50 2771,62 3992,54 1220,92 4266,11 273,57

60 2977,98 4032,27 1054,29 4150,67 118,40

61 2987,07 4060,32 1073,25 4182,41 122,09

62 3020,52 4161,62 1141,10 4325,14 163,52

63 3071,18 4221,24 1150,06 4350,67 129,43

65 3155,79 4285,65 1129,86 4411,14 125,49

70 3250,19 4241,66 991,47 4270,89 29,23

80 3387,22 4062,71 675,49 4100,45 37,74

90 3411,68 3796,72 385,04 3802,90 6,18

91

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Tabela 4.14 – Vazão de Óleo no “topside” e Ganho de Óleo por Diâmetro de “riser”

Water Cut (%)

Q_ÓleoCS 4” (sm3/d)

Q_ÓleoCS 6” (sm3/d)

Ganho 4”-6” (sm3/d)

Q_ÓleoCS 8” (sm3/d)

Ganho 6” - 8” (sm3/d)

10 1881,77 3313,29 1431,52 3851,01 537,72

20 1795,51 3002,20 1206,69 3455,37 453,17

30 1682,02 2687,55 1005,53 3009,77 322,22

40 1545,03 2346,76 801,73 2579,62 232,86

45,4 1441,68 2169,73 728,04 2353,64 183,91

50 1385,81 1996,27 610,46 2133,05 136,78

60 1191,19 1612,90 421,71 1662,79 49,89

61 1164,96 1583,53 418,57 1631,69 48,16

62 1147,80 1582,14 434,34 1643,55 61,41

63 1136,34 1561,85 425,52 1609,75 47,90

65 1105,68 1499,98 394,30 1543,90 43,91

70 975,06 1272,49 297,44 1281,48 8,98

80 677,44 815,81 138,37 820,09 4,28

90 341,17 379,67 38,50 380,29 0,62

92

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Pressão na Cabeça do Poço para 4, 6 e 8 Polegadas de Diâmetro

0

20

40

60

80

100

120

140

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

WaterCut (%)

Pres

são

(bar

a)

Com Separador 6 Pol

Com Separador 4 Pol

Com Separador 8 Pol

4.24 – Comparativo de Pressão na Cabeça do Poço para ∅ = 4, ∅ =6 e ∅ =8

Polegadas

Vazão na Cabeça do Poço para DIâmetros de 4, 6 e 8 Polegadas

0,00

500,00

1000,00

1500,00

2000,00

2500,00

3000,00

3500,00

4000,00

4500,00

5000,00

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Water Cut (%)

Vazã

o (s

m3/

d) Com Separador 4 Pol

Com Separador 6 Pol

Com Separador 8 Pol

4.25 – Comparativo de Vazão na Cabeça do Poço para ∅ = 4, ∅ =6 e ∅ =8 Polegadas

93

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4.3.2.11.4.1 – USO DO “RISER” DE PRODUÇÃO DE 4 POLEGADAS

Embora haja a possibilidade de trocar a linha de 6 polegadas pela de 4 que é

mais barata, o que as simulações mostraram (tabela 4.12) é que ao instalar o “riser” de

produção de 4 polegadas, a pressão na cabeça do poço subiu para os WCs

analisados. Conforme explicado na 4.3.2.8 e 4.3.2.11.1, a queda da pressão na

cabeça do poço causada pelo separador resultou no aumento da vazão do

escoamento. De forma análoga, o aumento da pressão resulta na queda da pressão;

conforme verificado nas tabelas 4.12 e 4.13 e figuras 4.24 e 4.25. Com isso, apesar de

existir a possibilidade de troca do diâmetro do “riser” de produção, um estudo de

custos mais aprimorado deve ser feito de forma a verificar se é viável economicamente

reduzir o diâmetro da linha e em função disto produzir menos ao longo da vida útil do

poço.

4.3.2.11.4.2 – USO DO “RISER” DE PRODUÇÃO DE 8 POLEGADAS

O que a tabela 3.14 e figura 3.19 mostram é que entre 10% e 50% o ganho de

óleo que o “riser” de Produção de 8 polegadas proporciona é consideravelmente maior

do que o de 6 polegadas. De 60% a 65%, o ganho é mediano e vai decrescendo

gradativamente até se tornar bem pequeno a partir de 70%.

Os resultados encontrados sob condições ideais para os WCs entre 10% e

60% para o “riser” de produção de 8 polegadas, à princípio podem indicar que o

sistema estaria mais bem dimensionado com ele ao invés do de 6 polegadas.

Entretanto, ao trabalhar em condições reais, não é fácil mesmo com injeção de água,

controlar a natureza e garantir que a pressão estática do reservatório se manterá

constante. Por isso, a queda de pressão provocada na linha a partir do WC de 60%

pode ser perigosa, pois, quão menor a pressão, maior a quantidade de gás

“dissolvido” no óleo a se “desprender” e viajar separadamente com velocidade

94

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diferente das outras fases no interior da linha (escorregamento), o que significa que as

chances de formação de hidratos aumentam bastante. Fora isto, tem-se ainda dois

cenários que devem ser muito bem estudados antes de tomar qualquer decisão que

são:

- Instalar um “riser” de produção ao longo de toda a vida útil do poço;

- Instalar um “riser” de produção do começo da exploração até o WC

chegar a fase de instalação do separador de água e então trocar a linha para

evitar problemas de bloqueio.

95

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CAPÍTULO 5 – CONCLUSÃO

Como conclusão deste estudo, pode-se verificar que, do ponto de vista

estritamente teórico, o processo de separação da água da mistura óleo/água/gás

ainda no leito marítimo é verdadeiramente viável, o que foi revelado pelas análises e

está documentado nas tabelas e gráficos do capitulo anterior.

Apesar do número de experimentos serem ainda reduzidos, a separação

submarina juntamente com outras novas tecnologias, acena para uma melhoria

realmente significativa na produção dos campos de petróleo. As vantagens por ela

trazidas são diversas dentre as quais vale a pena citar:

- Melhoria do percentual de recuperação de hidrocarbonetos de campos

com alto WC;

- Exploração de campos marginais;

- Prevenção de hidratos e Redução da Injeção química;

- Possibilidade de redução de gastos com linhas de produção.

Fora os benefícios citados acima, a separação de fundo também tem como

vantagem o fato de poder ser inserida no sistema em qualquer fase da exploração do

campo; seja ela comissionamento, platô, declínio ou descomissionamento, sem que

seja necessária uma estrutura muito grande para tal. O diferencial tecnológico é

identificar o momento e a localização exatos que a separação submarina se torna

interessante economicamente quando comparada às outras tecnologias conhecidas.

Esta não é uma decisão fácil, mas ao menos é sabido que campos em que a produção

96

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de água já está alta o bastante para justificar o seu abandono e os campos marginais

são, a princípio, candidatos ideais para a sua instalação.

As simulações realizadas com o PIPESIM mostraram que realmente os ganhos

trazidos pela instalação do separador submarino no cenário estudado foram bastante

significativos, mas isto não garante mesmos benefícios para qualquer situação, e

novas análises devem ser executadas.

Para o caso estudado, viu-se que nas condições simuladas as chances de

formação de hidratos são mais reduzidas e que com isso pode-se até considerar a

possibilidade de diminuir a injeção de inibidores. Fora o fato de que ficou claro que a

redução do diâmetro das linhas de produção é completamente possível e que esta

decisão depende apenas de estudos de viabilidade em relação às necessidades de

cada campo.

Não há duvidas de que numa situação real de instalação diversos outros

fatores devem ser considerados além dos ganhos na produção, mas uma vez que

todas as variáveis desta equação estejam acertadas, não há duvidas de que o

potencial da separação submarina é realmente grande.

As análises feitas, conforme já destacado acima e no capítulo anterior,

mostraram que o separador instalado na saída de um único poço pode trazer grandes

benefícios. Então, seguindo o mesmo raciocínio, é possível imaginar-se um cenário

com dois ou mais poços conectados a um único separador submarino de água. Isto a

princípio dependeria não só das condições naturais e características da mistura, mas

também da distância entre os poços, para que o separador não ficasse muito distante

de nenhum deles e a queda da pressão disponível e da temperatura não fossem muito

grandes. Obviamente, este separador teria de ser maior que o anterior, mas os

princípios de funcionamento continuariam sendo os mesmos. Uma diferença que não

pode deixar de ser observada, é que em se tratando de vários poços, algum

97

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mecanismo de controle de vazão teria de ser usado de forma que todos produzissem e

não somente o de maior vazão.

Apesar deste princípio já estar sendo usado no campo de Troll na Noruega,

isto é apenas uma hipótese que não foi tratada nestas análises; entretanto, em tempos

em que o preço do barril de petróleo está cotado na casa dos cinqüenta dólares e que

nenhuma operadora quer desperdiçar uma gota sequer deste precioso recurso natural,

não custa nada continuar estudando e investindo em novas idéias.

98

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CAPÍTULO 06 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Technology”.Offshore Technology Conference - 13194, 2001.

ALARY, V e MARCHAIS, D., “Subsea Water Separation and Injection: A Solution

for Hydrates”. Offshore Technology Conference - 12017, 2000.

BEGGS, H.D e BRILL, J.P., “A Study of Two Phase Flow in Inclined Pipes”. JPT

(1973).

BRILL, J.P e MUKHERJEE, H., “Multiphase flow in wells”. Monograph Volume 17

Society of Petroleum Engineering, Henry L. Doherty Series, 1999.

BRINGEDAL, B, INGEBRETSEN, T e HAUGEN, T., “Subsea Separation and

Reinjection of Produced Water”. Offshore Technology Conference - 10967,

1999.

DUNS, H. JR e ROS, N.C.J., “Vertical Flow of Gas and Liquid Mixtures in Wells”.

Proc., Sixth World Petroleum Congress., Tokyo (1963) 451.

FRANK, Jahn, COOK, Mark e GRAHAM, Mark., Hidrocarbon Exploration and

Production. United Kingdom, Elsevier, 1998.

FJ∅SNE, E., “Subsea Processing – Maximising Value In Areas With Existing

Infrastructure”. Offshore Technology Conference - 14008, 2002.

GARCIA, J.E, e VALE, O.R., “VASPS Instalation and Operation at Campus Basin”.

Offshore Technology Conference - 14003, 2002.

99

Page 116: ÁGUAS ULTRAPROFUNDAS TESE SUBMETIDA AO …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MarioGuttembergDamascenoDaCruz.pdf · Tabela 4.6 – Erro Relativo - MARLIM x PIPESIM 69 Tabela 4.7 –

HAGEDORN, A.R e BROWN, K.E., “Experimental Study of Pressure Gradients

Ocurring During Continuous Two-Phase flow in Small Diameters Vertical

Conduits”. JPT (April 1965) 475; Trans., AIME, 234.

HORN, T., GUNNAR, E. E BAKKE, W., “Troll Pillot – Definition, Implementation

and Experience”. Offshore Technology Conference - 14004, 2002.

JARLE, M., “Innovative Technology for Ultra deepwater gravity – based

separators”. Offshore Technology Conference - 15175 - 2003.

JOHANSEN, O. e LEPORCHER, E., “Deepwater Separation: What Could be the

Use of it?” Society of Petroleum Engineering - 71549, 2001.

KENNETH, E. A e FERGUSON, P.L.., “Designing Tomorrow’s Compact Separation

Train”. Society of Petroleum Engineering - 56644, 1999.

PIPESIM., “USER MANUAL”, 2003.

RAMALHO, J. B. V. S., Boletim técnico Petrobrás. Rio de Janeiro: Petrobrás, 2000.

RASMUSSEN, A. W., ABB Offshore Systems., “Troll Pilot Technology – The Next

Step”. Houston: Offshore Technology Conference - 14258, 2002.

ROSA, A. J. e CARVALHO, R. S., Previsão de Comportamento de reservatórios de

Petróleo. Rio de Janeiro, Interciência , 2002.

100

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ANEXO 1 – FUNDAMENTOS TEÓRICOS DAS CORRELAÇÕES

A-1.1 - GRADIENTE DE PRESSÃO

O calculo do gradiente de pressão em escoamentos monofásicos é feito

considerando-se as seguintes parcelas:

- Elevação – Conversão da energia potencial do fluido em pressão

hidrostática;

- Fricção – Tensão cisalhante entre a parede do duto e o fluido;

- Aceleração – Alterações na velocidade do fluido.

Que matematicamente, no PIPESIM está representado da seguinte forma:

acfrpotT dLdLdLdL)()()()( ++=

dpdpdpdp (A1.1)

ou

dldgdg

fg

gsendLdp

ccc

T νρνρνθρ

−+−+−=2

)()(2

(A1.2)

Onde:

= Fator de fricção; f

ν = Velocidade do escoamento;

101

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ρ = Densidade do fluido;

θ = Ângulo do escoamento.

Obs: O fator de fricção é calculado com o auxílio do Ábaco de Moody. f

Figura A-1.1 – Ábaco de Moody

Esc. completamente turbulento

Transicao

Esc. laminar

Parede Lisa

De forma análoga ao escoamento simples, o gradiente de pressão em

escoamentos multifásicos é calculado com base nos mesmos princípios de conservação

da massa e momento linear, sendo que a existência de duas ou mais fases com

densidades, viscosidades e velocidades diferentes exige métodos de cálculo mais

complexos para que se possam ser alcançados resultados acurados. Em geral os

102

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métodos de cálculo do gradiente de pressão são divididos em correlações empíricas,

que foram usadas nesta tese e modelos mecanísticos.

A formulação matemática que representa o gradiente de pressão do escoamento

multifásico pode ser descrita de forma genérica pela equação:

dLd

df

gsendLdp s

ssss

sTν

νρνρ

θρ ++=2

)(2

(A1.3)

Onde sρ e sν variam conforme a correlação.

Em escoamentos multifásicos, o cálculo da parcela de elevação depende da

densidade da mistura que normalmente á calculada pela equação:

)1( LgLLs HH −+= ρρρ (A1.4)

Para calcular a parcela de fricção, é necessário que seja feito um estudo para o

fator de fricção que pode ter formulações diferentes da de Moody dependendo de cada

caso. E por fim, a parcela de aceleração, que só é significante quando o escoamento

ocorre em altas velocidades, caso contrário pode ser desprezada.

BRILL e MUKHRJEE (1999) comentam que as correlações empíricas podem ser

divididas em três categorias diferentes, que são:

- Categoria a - Métodos de cálculo que não levam em consideração o

escorregamento entre as fases e nem o padrão de escoamento, ou seja,

assume-se que as fases líquida e gasosa se deslocam com a mesma velocidade

e a densidade da mistura é calculada unicamente com base na Razão Gás/Óleo

(RGO) fornecida. A única correlação requerida é para o cálculo do fator de

fricção bifásico;

103

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- Categoria b - Métodos de cálculo que levam em conta o escorregamento

entre as fases, mas não consideram o padrão de escoamento. Neste caso, como

a velocidade de deslocamento das fases é diferente é necessária uma

correlação para o cálculo do “liquid Hold-Up” e do fator de fricção;

- Categoria c - Métodos de cálculo que levam em conta o escorregamento

entre as fases, e também o padrão de escoamento. Neste caso, há a

necessidade do uso de correlações não só para o cálculo do “liquid Hold-Up” e

do fator de fricção como também para predizer qual o padrão de escoamento

aplicável a cada caso. Uma vez que o padrão é determinado, as correlações

apropriadas de “liquid Hold-Up” e fator de fricção são escolhidas.

A-1.1.1 – HAGEDORN e BROWN

Uma das mais importantes e difundidas correlações usadas no mundo,

HAGEDORN e BROWN (1965), que foi usada no trecho de poço da tese está

enquadrada na categoria b. O método por eles desenvolvido tem como base os dados

obtidos em um poço vertical experimental de 457,2 metros (1500 pés) de profundidade.

Nos experimentos feitos em dutos de 1,0, 1,25 e 1,5 polegadas de diâmetro,

HAGEDORN e BROWN (1965) usaram o ar para representar uma das fases e quatro

outros fluido líquidos (água e óleos com viscosidades de aproximadamente 10, 30 e 110

centipoise (cp) para representar a outra fase.

Com os resultados dos experimentos, HAGEDORN e BROWN (1965)

desenvolveram a seguinte equação para calcular o gradiente de pressão em

escoamentos verticais multifásicos:

104

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dZ

gd

fdZdp ms

ss

mLgLL

2)(

2))1(( 222 νρ

ρρ

νλρλρ ∆++

−+= (A-1.5)

onde:

ƒ = Fator de fricção;

mν = Velocidade da mistura;

sρ = Densidade da mistura;

Lρ = Densidade da fase liquida;

gρ = Densidade da fase gasosa;

Lλ = Fração Volumétrica de líquido no duto;

g = Aceleração da gravidade;

d = Diâmetro do duto;

Z = Elevação do trecho de duto.

Calculados pelas seguintes fórmulas:

Duto

gLm A

qq +=ν (A-1.6)

gL

LL qq +=λ

q (A-1.7)

Nas quais:

Lq = Vazão de líquido;

105

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gq = Vazão de gás;

DutoA = Área da seção do duto;

LH = Liquid Hold-Up.

A-1.1.2 – DUNS e ROS

BRILL e MUKHRJEE (1999) em seu livro comentam que a correlação de DUNS

e ROS (1963) é resultado de um longo estudo de medição do “liquid Hold-up” e

gradiente de pressão em laboratório. Na elaboração das correlações, que foram usadas

na tese no trecho entre o TDP e o Topside, foram feitos cerca de 4000 testes com

escoamentos bifásicos e foram observados nos experimentos três padrões de

escoamento para os quais desenvolveu-se correlações para o fator de fricção, e

velocidade de escorregamento que são usados para calcular o “liquid Hold-Up”.

Para a determinação do padrão de escoamento, DUNS e ROS (1963) criaram o

mapa da figura A-1.2 abaixo, na qual eles identificaram quatro regiões referentes aos

escoamentos Bubble, Slug, Misto e uma zona de Transição. Neste mapa, as fronteiras

entre as regiões é calculada pelos números adimensionais Nlv (número de velocidade

do líquido)e Ngv (número de velocidade do gás) usando as seguintes fórmulas:

Fronteira “Bubble” (Bolha)/“Slug” (Golfada)

(A-1.8) lvgv NLLNsB 21/

+=

Os valores de e são retirados do gráfico da figura A-1.3 em função do

número de diâmetro do duto N

1L 2L

d.

106

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Onde:

gNl

ld σ

ρ= (A-1.9)

Com

=lσ Tensão de superfície.

Fronteira “Slug”/“Transition” (Transição)

(A-1.10) lvgv NNTrs

3650/

+=

Fronteira “Transition” (Transição)/“Mist” (Misto)

(A-1.11) 75,08475/ lvgv NN

MTr+=

Figura A-1.2 – Mapa de Padrões de escoamento de DUNS e ROS

107

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Figura A-1.3 – Gráfico de L1 e L2

O cálculo da componente de elevação da equação (A1.3), depende da

densidade da mistura, da aceleração gravitacional e do ângulo de inclinação com a

horizontal. Como a aceleração gravitacional e o ângulo são dados conhecidos, basta

achar a densidade para concluir o cálculo desta parcela. Como visto na equação (A1.4),

a densidade da mistura depende da densidade de cada fluido e do “liquid Hold-Up”

pode ser achado pela equação (A-1.11) abaixo.

L

sl

L

sglgs HH

ννννν −

−=−=

1 (A-1.12)

Onde:

sν = Velocidade de escorregamento;

gν = Velocidade do gás;

lν = Velocidade do líquido;

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sgν = Velocidade superficial do gás;

slν = Velocidade superficial do líquido;

A1.1.2.1 – REGIÃO I - ESCOAMENTO DO TIPO “BUBBLE”

Para a região I em que predomina o escoamento do tipo “Bubble”, o cálculo da

componente de fricção é feito usando a equação:

d

fdZdp msll

fr 2)(

ννρ= (A-1.13)

DUNS e ROS (1963) não propõem nenhuma fórmula para cálculo da

componente de aceleração por a considerarem desprezível.

A1.1.2.2 – REGIÃO II - ESCOAMENTO DO TIPO “SLUG”

Para este tipo de escoamento, os métodos de cálculo do gradiente de pressão

são os mesmos do escoamento do tipo “Bubble”.

A1.1.2.3 – REGIÃO III - ESCOAMENTO DO TIPO “MIST”

Neste caso, o procedimento para o cálculo da componente de elevação é o

mesmo feito para os escoamentos do tipo Bubble e Slug, sendo que a densidade da

mistura é calculada usando a fórmula abaixo:

)1( LgLLn λρλρρ −+= (A-1.14)

A componente de fricção é calculada com a seguinte fórmula:

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d

f

dZdp sgg

fr 2)(

2νρ= (A-1.15)

Duns e Ros (1963) mencionam que no caso do escoamento misto não se pode

desconsiderar a componente de aceleração e para o seu cálculo sugerem:

)()(dZdp

pdZdp nsgm

ac

ρνν= (A-1.16)

Se for definindo um adimensional de energia cinética como:

p

E nsgmk

ρνν= (A-1.17)

Pode-se calcular o gradiente total de pressão por:

k

frel

T EdZdp

dZdp

dZdp

+=

1

)()()( (A-1.18)

A1.1.2.4 – REGIÃO DE TRANSIÇÃO

Neste caso tem-se:

MistSlugT dLdpA

dLdpA

dLdp ))(1()()( −+= (A-1.19)

Onde:

)(//

/

TrSMTr

MTr

gvgv

gvgv

NNNN

A−

−= (A-1.20)

110

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A1.1.3 – BEGGS e BRILL

A outra correlação usada na tese foi a de BEGGS e BRILL (1973), no trecho

entre a cabeça do poço e o TDP. Esta correlação que também se enquadra na

categoria c, foi a primeira a predizer o comportamento do escoamento em todos os

ângulos de inclinação. Os experimentos foram feitos em dutos de acrílico de 27.43

metros (90 pés) de comprimento e diâmetros de 1,0 e 1,5 polegadas. Devido a pequena

dimensão, os dutos podiam ser facilmente inclinados em relação a horizontal de acordo

com a necessidade do experimento. Usando o ar e a água como fluidos do escoamento,

foram feitos 584 experimentos que resultaram na seguinte formula:

k

smLgLL

E

gsend

f

dZdp

+−+

=1

2))1(( 2

θρνλρλρ

(A-1.21)

onde:

))(1()( θρθρρ LgLLs HH −+= (A-1.22)

111

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ANEXO 2 – PLANILHA CATBAS

CATENÁRIA 6 Dados profundidade (h) e ângulo no TOPO com a vertical (alfa)

h(m)= 850 alfa(graus)= 5 GEOMETRIA l/a= 11,4308985 FORÇAS (em kN e w em kN/m) p/a= 3,13137508 w= 0,444 H= 240,76 V= 1365,5 T= 1386,6h/a= 10,4745563 H= 36,03 w= 2,9669 w= 1,4721 w= 1,4891a(m)= 81,1490223 V= 411,86 V= 2752,1 H= 119,46 H= 120,84p(m)= 254,108026 T= 413,43 T= 2762,6 T= 1370,7 V= 1381,3l(m)= 927,606241 Valores consistentes apenas dentro de cada bloco h/l= 0,91633709

RESUMO FINAL l(m)= 927,606241 p(m)= 254,108026 h(m)= 850 alfa(graus)= 5 a(m)= 81,1490223 Dx= 25,4108026 x(m) y(m)

0 0 850 25,4108026 4,01115382 850 50,8216053 16,4411537 850 76,2324079 38,5188166 850 101,643211 72,4267171 850 127,054013 121,516955 850 152,464816 190,64254 850 177,875618 286,637154 850 203,286421 418,990727 850 228,697224 600,787592 850 254,108026 850 850

112