agroecologia - boas práticas para o cerrado - caderno ii

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Nº 02 BOAS PRÁTICAS PARA O CERRADO AGROECOLOGIA Cadernos da Agricultura Familiar 2014 Ano Internacional da Agricultura Familiar Camponesa e Indígena

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A Agroecologia, abordagem da agricultura que se baseia nas dinâmicas da natureza, em que se trabalha a fertilidade e o cultivo do solo sem o uso de fertilizantes químicos e de agrotóxicos, é uma alternativa boa para cuidar do Cerrado porque gera renda para as famílias de agricultores e agricultoras familiares e, ao mesmo tempo, contribui para preservar a biodiversidade e proteger o Meio Ambiente.

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Page 1: Agroecologia - Boas Práticas para o Cerrado - Caderno II

AGROECOLOGIACadernos da Agricultura Familiar 1

Nº 02

BOAS PRÁTICAS PARA O CERRADOAGROECOLOGIA

Cadernosda Agricultura Familiar

2014Ano Internacionalda Agricultura FamiliarCamponesa e Indígena

Page 2: Agroecologia - Boas Práticas para o Cerrado - Caderno II

2 AGROECOLOGIABoas Práticas para o Cerrado

Foto: Elma Carneiro

Camponês, plantas o grãono escuro – e nasce um clarão.

Quero chamar-te de irmão.De noite, comendo o pão,sinto o gosto dessa auroraque te desponta da mão.

Fazes de sombras um fachode luz para a multidão.

És um claro companheiro,mas vives na escuridão.

Quero chamar-te de irmão.E enquanto não chega o dia

em que o chão se abra em reinadode trabalho e de alegria,

cantando juntos, ergamosa arma do amor em ação.

A rosa já se fez fl amano gume do coração.

Camponês, plantas o grãono escuro – e nasce um clarão.

Quero chamar-te de irmão.Um dia vais ser o dono

do verde do nosso chão:nunca vi verde tão verdecomo o do teu coração.

Thiago de Mello

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AGROECOLOGIACadernos da Agricultura Familiar 3

O Cerrado brasileiro, a savana mais rica do mundo em biodiversidade, ocupa quase um quarto (mais de 20%) do território nacional. Distribuído por 2.036.448 quilômetros quadrados, o bioma reúne mais de 15 mil espécies de plantas e mais de 1,5 mil espécies de animais.

Os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo, e ainda o Distrito Federal, são áreas de incidência contínua de Cerrado no Brasil. Também existem enclaves de Cerrado no Amapá, em Roraima e no Amazonas.

Do Cerrado surgem abundantes nascentes para as três grandes bacias hidrográficas brasileiras – Amazônica, do São Francisco e do Prata. Essa fartura de águas contribui para que o Cerrado guarde mais de 30% da biodiversidade brasileira. Um patrimônio que, infelizmente, encontra-se ameaçado pela ocupação de uma agricultura devastadora, centrada nas monoculturas e no uso dos agrotóxicos.

A Agroecologia, abordagem da agricultura que se baseia nas dinâmicas da natureza, em que se trabalha a fertilidade e o cultivo do solo sem o uso de fertilizantes químicos e de agrotóxicos, é uma alternativa boa para cuidar do Cerrado, porque gera renda para as famílias de agricultores e agricultoras familiares e, ao mesmo tempo, contribui para preservar a biodiversidade e proteger o Meio Ambiente.

Nesta cartilha, você encontra informações essenciais para fazer da Agroecologia uma prática sustentável em seu pedaço de chão. São ideias simples, práticas, eficientes e criativas para você explorar, aplicar e multiplicar e, assim, contribuir para o manejo agroecológico de nossas riquezas naturais, para uma alimentação mais saudável na mesa brasileira e para uma melhor qualidade de vida no Brasil e no mundo inteiro.

Bom Proveito!

BOAS-VINDAS

Eu quase que nada sei. Mas desconfio de muita coisa.Guimarães Rosa

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4 AGROECOLOGIABoas Práticas para o Cerrado

Capivara (Hydrochoerus hydrochoeris) – A capivara é um animal de grande porte, com pelagem grossa e acastanhada. Alcança até 100 kg, 1,5 m de comprimento e meio metro de altura. A capivara é considerada o maior roedor do mundo.

Fonte: www.brasilescola.com

Estudos demonstram que no Cerrado existem 11 mil espécies de plantas nativas catalogadas, 220 espécies de plantas de uso medicinal comprovado e 400 espécies de plantas utilizadas na recuperação de solos degradados.

No Cerrado encontram-se 200 espécies de mamíferos conhecidas, 800 espécies de aves, 180 espécies de répteis, 150 espécies de anfíbios e 1.200 espécies de peixes. O Cerrado serve de refúgio para 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos.

Cerca de 137 espécies de animais do Cerrado encontram-se ameaçadas de extinção. A anta, a capivara, o cachorro-do-mato-vinagre, o gato-maracajá, a jaguatirica, o lobo-guará, a onça-pintada, a suçuarana e o tamanduá-bandeira são alguns dos animais do Cerrado em risco de extinção.

CERRADOBiodiversidade em Números

Foto: Wikimedia | Autor: Phillip Capper

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AGROECOLOGIACadernos da Agricultura Familiar 5

A Organização das Nações Unidas (ONU) defi ne Desenvolvimento Sustentável como o modelo de desenvolvimento capaz de suprir as necessidades dos seres humanos da atualidade, sem comprometer a capacidade do planeta de atender as gerações futuras.

Segundo a ONU, o Desenvolvimento Sustentável, base e essência da Agroecologia, baseia-se em nove princípios:

1. Respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos.

2. Melhorar a qualidade de vida humana.

3. Conservar a vitalidade e a diversidade do Planeta Terra.

4. Minimizar o esgotamento de recursos não renováveis.

5. Permanecer nos limites de capacidade de suporte do Planeta Terra.

6. Modifi car atitudes e práticas pessoais.

7. Permitir que as comunidades cuidem de seu próprio ambiente.

8. Gerar uma estrutura nacional para a integração de desenvolvimento e conservação.

9. Constituir uma aliança global.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

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6 AGROECOLOGIABoas Práticas para o Cerrado

Foto: Jammaye

SUMÁRIO

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BOAS LIÇÕES DA AGRICULTURA TRA-DICIONAL

DIAGNÓSTICO DA PROPRIEDADE

TRATOS CULTURAIS

PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO DE INSUMOS

PRODUÇÃO DE MUDAS E SEMENTES

BOAS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA

E, POR FIM, A COLHEITA!

CUIDADOS COM A ÁGUA

ENERGIAS RENOVÁVEIS

TÉCNICAS DE PLANTIO

BIBLIOGRAFIA

RECUPERAÇÃO, PROTEÇÃO E PRESERVAÇÃO DAS NASCENTES

MANEJO E RECICLAGEM DO LIXO

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AGROECOLOGIACadernos da Agricultura Familiar 7

EXPEDIENTEAgroecologia – Boas Práticas para o CerradoCadernos da Agricultura Familiar – 02

Pesquisa: Aldimar Nunes Vieira, Amanda Lima, André Luiz Lins, Daniela Guimarães, Janaína Faustino, Larissa Cristina de Oliveira, Socorro AlvesRedação e Beneficiamento de Textos: Joseph Weiss, Priscila Silva, Zezé WeissEdição: Zezé WeissRevisão: Lucia ResendeProjeto Gráfico: Anderson Blaine

Maio/2014Tiragem: 5.000 exemplares

Esta cartilha, chamada Agroecologia – Boas Práticas para o Cerrado –, é inspirada na cartilha Agroecologia – Plante esta Ideia –, coordenada pela Fundação Adenauer para o Projeto de Agricultura Familiar, Agroecologia e Mercado – Desenvolvimento Sustentável da Agricultura Familiar no Nordeste –, produzida sob a coordenação da jornalista Maristela Crispim.

Muitos dos dados daquele texto foram copiados e adaptados às necessidades dos projetos Rede Terra para o Cerrado e Vozes do Campo, do Instituto Itiquira. A Rede Terra e o Instituto Itiquira manifestam seu reconhecimento e agradecem à equipe de produção; à Fundação Adenauer, pela realização; à União Europeia, pelo apoio à cartilha do Nordeste; e à Fundação Banco do Brasil, pelo apoio à realização dos Cadernos da Agricultura Familiar para o Cerrado.

Todos os direitos para a utilização desta Cartilha-Caderno são livres. Qualquer parte poderá ser utilizada ou reproduzida, desde que seu uso seja exclusivamente sem fins lucrativos e que sejam reconhecidos os créditos.

AGRADECIMENTO

www.redeterra.org.br www.xapuri.infowww.institutoitiquira.org.br

Produção:Realização:

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8 AGROECOLOGIABoas Práticas para o Cerrado

A agricultura tradicional, praticada por pequenos produtores e pequenas produtoras rurais, tem muito a contribuir para as boas práticas agroecológicas. É sempre bom aprender de quem, por vezes há várias gerações, tirou muitas lições da lida no campo. Algumas dessas lições:

APTIDÃO DA TERRA E ADAPTAÇÃO DE CULTIVOS

Os agricultores e agricultoras tradicionais conhecem na prática a aptidão da terra onde plantam seus cultivos. As famílias da agricultura familiar estão acostumadas, há séculos, a adaptar suas plantações, dependendo da disponibilidade de água, de insumos e de recursos humanos. Quanto mais se conhece e se respeita a aptidão da terra, menos se necessita de insumos, além dos já previstos para cada tipo de plantio. O conhecimento acumulado da agricultura tradicional oferece várias vantagens para a agroecologia.

CULTIVOS MÚLTIPLOS

Nas pequenas propriedades, a prática tradicional dos plantios já exercita o cultivo de múltiplas espécies em áreas relativamente pequenas. Essa prática sempre resultou em uma dieta variada, mesmo nas regiões mais pobres e isoladas. O plantio consorciado reduz eventuais perdas, porque a baixa produção de uma cultura é compensada pelo aumento da produção de outra. Assim, o consórcio de plantas companheiras gera maior produtividade por hectare do que o monocultivo e, além disso, aumenta a quantidade de produtos disponíveis para a segurança alimentar e para a renda das famílias.

DIVERSIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO

Os agricultores e agricultoras tradicionais mantêm a saudável prática de diversificação da produção, porque sabem que não existe garantia de que uma única cultura vai ser lucrativa para sempre. Para a agricultura familiar, a prioridade deve ser sempre garantir a segurança alimentar da família com o uso de produtos diversificados, produzidos na própria terra. O uso de ervas medicinais pode ajudar a melhorar a saúde da família e a controlar doenças e pragas.

BOAS LIÇÕES DA AGRICULTURA TRADICIONAL

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AGROECOLOGIACadernos da Agricultura Familiar 9

A agroecologia exige um diagnóstico aprofundado da área e das condições exigidas para a implementação das boas práticas agroecológicas na pequena propriedade. Implantar a agroecologia em uma área é como fazer uma longa caminhada em um terreno pouco conhecido: é preciso buscar sempre conhecer bem cada passo da jornada.

PERGUNTAS NECESSÁRIAS

Algumas perguntas precisam ser respondidas:

• Quais são as plantas nativas (ervas, arbustos, árvores) que já existem na área, na propriedade ou na região?

• Quais são as culturas que já existem na propriedade?

• Existe uma avaliação de resultados sobre o que cada cultura rende por ano?

• Quanto foi gasto com insumos no ano passado, e quanto está previsto para ser gasto este ano?

• Quanto tempo é gasto com cada tarefa realizada, do plantio à colheita e à comercialização?

• Como está o solo?

• Existe alguma doença que aparece todo ano?

• Se sim, qual é, ou quais são?

• Como é/são tratadas?

Objetivos da Família

Feito o estudo da realidade da terra e das culturas, é importante considerar os objetivos da família:

• Quanto da propriedade a família quer transformar em atividade agroecológica?

• Quais as preferências da família com relação às plantas a serem consorciadas?

• Por que foram escolhidas essas plantas e não outras?

DIAGNÓSTICO DA PROPRIEDADE

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Informações para facilitar a escolha dos plantios agroecológicos pela família:

MOTIVOS EXPLICAÇÃO

Produtividade sustentável Melhor qualidade do produto ecológico.

Viabilidade econômica Melhor preço dos produtos ecológicos.

Valorização das cadeias produtivas Comercialização direta dos produtos.

Sistemas de produção mista Economia de menor custo com insumos.

Controle biológico Cuidados com a saúde; não uso de venenos; preservação da flora, da fauna e do Meio Ambiente.

Satisfação das necessidades locais Melhoria da autoestima pela valorização do trabalho.

Segurança alimentar Produção de alimentos de melhor qualidade.

Recuperação dos recursos naturais Cuidados com o Meio Ambiente.

Desenvolvimento da pequena propriedade Trabalho em família e em comunidade.

Foto: www.consecti.org.br

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AGROECOLOGIACadernos da Agricultura Familiar 11

Para obter melhores resultados, com mais renda e mais sustentabilidade, a produção e a comercialização de uma pequena propriedade precisam ser bem planejadas, com atenção especial para os seguintes pontos:

ACESSO AOS MERCADOS

Para vender o excedente da produção ou mesmo produzir para os mercados, sejam eles locais, regionais, nacionais ou até internacionais, é preciso conhecer o potencial de cada localidade, analisar as áreas aptas para o plantio, além de pesquisar bem o mercado. O melhor jeito de fazer isso é conversar com pessoas que conheçam do assunto. Outra forma é pesquisar em revistas, livros e, quando for à cidade, nas bibliotecas e na internet (nem todas as comunidades têm acesso à internet). As diferentes oportunidades de acesso aos mercados serão tratadas no Caderno de Comercialização.

AUTOCONSUMO

Antes de pensar nas trocas ou no comércio, toda família precisa garantir a produção dos seus próprios alimentos. Usando suas próprias sementes e mudas, ou as trocadas com seus vizinhos e suas vizinhas, a produção para o autoconsumo pode ser feita com pouca dificuldade.

TROCAS

Compartilhar os conhecimentos; buscar conhecer outras opções e oportunidades; aprender com e ensinar os/as técnicos/as ou outras pessoas; colocar as lições aprendidas; compartilhar o que deu certo, para construir coletivamente os novos caminhos da agroecologia na propriedade e na comunidade. Outra forma de baratear a produção e aumentar a biodiversidade é pensar, junto com os/as vizinhos/as, sobre que sementes, mudas, e mesmo adubo, podem ser trocados, para não ter que comprar insumos fora da propriedade. Também a mão de obra pode ser trocada, para baratear custos.

ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA

Formar associações ou cooperativas; fortalecer as organizações comunitárias; compartilhar infraestrutura, transporte, equipamentos e mão de obra no campo para a comercialização. Quanto mais organizada uma comunidade, mais benefícios e menos custos para cada família.

PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL

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Foto: cultivehortaorganica.blogspot.com.br

A Agroecologia adota muitas das práticas da agricultura familiar. A grande maioria delas são técnicas simples e eficientes, que demandam pouca mão de obra, poucos gastos e fazem uma diferença enorme nos resultados. Algumas delas:

FORMAS DE PLANTIO

Plantio em Nível

O plantio em nível é importante porque preserva a estrutura do solo, especialmente nas áreas de runoff, que são áreas onde o escoamento superficial é produzido devido ao tipo de declive da superfície. O plantio em nível ajuda a prevenir o estrago causado pelas enxurradas, que provocam erosão no solo.

Plantio na Palha

O plantio na palha é usado principalmente com espécies de crescimento rápido e biomassa abundante, como as leguminosas e as gramíneas. O plantio na palha é bom para a agroecologia, especialmente no Cerrado, porque:

• Impede a perda de umidade;

• Conserva a produtividade;

• Protege contra a erosão;

• Reduz o aquecimento;

• Produz boas colheitas.

No Cerrado, as palhadas mais comuns são as de milho e de cereais. Para o plantio, a camada de palha deve apresentar de cinco a sete centímetros de espessura, para evitar o ressecamento do solo.

BOAS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA

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Os plantios no Cerrado devem ser feitos de preferência com sementes e mudas nativas do próprio Cerrado. Essas sementes e plantas, por estarem adaptadas ao tipo de solo e de clima da região, resistem melhor às pragas e aos períodos de seca e de estiagem existentes no bioma. Algumas técnicas de plantio fazem o solo do Cerrado render mais para a agroecologia:

CONSÓRCIO DAS CULTURAS

Os cultivos consorciados, ou múltiplos, ou policultivos, fazem parte da tradição da agricultura familiar no Cerrado brasileiro. O consórcio do milho com o feijão é um dos mais conhecidos na região. São comuns os consórcios de plantas chamadas companheiras porque, mesmo sendo de espécies diferentes, convivem bem e:

• Melhoram a produtividade umas das outras;

• Promovem maior estabilidade da produção;

• Melhoram a utilização da terra;

• Melhoram a exploração de água e nutrientes;

• Melhoram a utilização da força de trabalho;

• Aumentam a eficiência no controle de ervas daninhas;

• Aumentam a proteção do solo contra erosão;

• Disponibilizam mais de uma fonte alimentar e de renda.

ROTAÇÃO DAS CULTURAS

A rotação das culturas evita o desgaste do solo. Ao se alternarem os plantios com plantas de espécies diferentes, de tamanhos e formatos diferentes, de raízes diferentes e de necessidades diferentes, a diversidade de micro-organismos é mantida e os nutrientes são preservados. No Cerrado, onde boa parte das áreas consorciadas são cultivadas por pequenos/as produtores/as em minifúndios e a força de trabalho é basicamente composta pela mão de obra familiar, os consórcios são ainda mais importantes, porque otimizam o uso da mão de obra, da terra e do capital.

TÉCNICAS DE PLANTIO

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COMPANHEIRISMO E ANTAGONISMO – HORTALIÇAS

O plantio de culturas consorciadas em uma mesma área deve ser feito procurando distribuir bem o espaço e o tempo de cada plantio, para que todos tenham a luz, a água e os nutrientes de que precisam. O quadro abaixo indica o companheirismo e o antagonismo de algumas hortaliças.

HORTALIÇA COMPANHEIRAS ANTAGÔNICASAbóboras Acelga, amendoim, chicória, feijão-

vagem, milhoBatatas, legumes tuberosos

Alface Acelga, alho, alho-porró, beterraba, cenoura, feijão, morango, pepino

Alho Alface, beterraba camomila, cenoura, couve, framboesa, roseira, tomate

Tomate, pimentão

Berinjela Feijões em geral

Beterraba Alface, alho, cebola, couve, nabo, vagem

Feijão trepador

Cebolinha Cenoura, couve-flor, espinafre, repolho, roseiras, tomate

Coentro, ervilha, feijões, mostarda

Cenoura Alface, alho-porró, bardana, cebola, cebolinha, couve, ervilha, rabanete, tomate

Aneto (endro)

Chicória Rabanete, rúcula, vagem

Brássicas (brócolis, couve, couve-flor, repolho)

Beterraba, camomila, cebolinha, cenoura, ervilha, feijões, hortelã, salsa, salsão, mastruço

Rúcula

Feijões Acelga, alface, alho-porró, abóboras, batata, berinjela, cenoura, cereais, couve, chicória, ervas aromáticas, gergelim, girassol, milho, pepino, rabanete, repolho, rúcula, nabo

Alho, beterraba, cebola, funcho

Maxixe Milho, quiabo

Pepino Alface, feijões, ervilha, girassol, milho, rabanete

Batata, ervas aromáticas

Rúcula Alface, chicória, milho, rabanete, vagem

Couve

Salsa Aspargo, pimentas, couve, tomate, rabanete, vagem

Tomate Aspargo

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Foto: sustentabilidadenaoepalavraeaccao.blogspot.com.br

CALENDÁRIO DA COLHEITA – HORTALIÇAS

Os consórcios entre plantas companheiras podem ser melhor planejados quando se conhece o tempo de colheita de algumas das plantas consorciadas, com por exemplo o tempo de maturação das hortaliças:

HORTALIÇAS MESES

Coentro, rabanete, rúcula 1 mês

Alface, berinjela, beterraba, cebolinha, espinafre 2 meses

Brócolis, couve, pimenta, pimentão, repolho 3 meses

Abóboras, cenoura, chuchu, quiabo, tomate 4 meses

Alho, cebola, inhame 6 meses

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16 AGROECOLOGIABoas Práticas para o Cerrado

Foto: culturasnocampo.blogspot.com.br

Os custos da produção baixam muito quando as famílias produzem suas próprias mudas. Elas podem ser preparadas com o plantio de sementes coletadas ou com extração de partes de plantas já existentes. A melhor época para fazer mudas é o tempo das chuvas, porque a própria natureza regula o clima e a umidade. Na seca, as mudas devem ser feitas sempre bem cedo ou ao final do dia, quando a temperatura fica mais baixa. Em qualquer situação, não pode faltar água.

ENXERTIA

Enxertia é a técnica de fazer mudas juntando partes de duas ou mais plantas. Na enxertia, uma planta é usada como base, chamada de cavalo, e a ela são enxertados pedaços de outra planta, chamados de gema. O enxerto de uma única gema é chamado de borbulha. As enxertias são feitas de duas formas: por encostia e por enxerto destacado, onde o enxerto e o porta-enxerto são ligados à planta-mãe e onde somente o cavalo fornece as raízes, respectivamente. Quando a enxertia é bem feita, as duas plantas passam a se desenvolver como uma única planta.

PRODUÇÃO DE MUDAS E SEMENTES

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AGROECOLOGIACadernos da Agricultura Familiar 17

SEMENTES

As sementes crioulas, ou sementes nativas, são importantes para garantir a segurança alimentar e a independência das famílias de agricultores e agricultoras. A coleta e a troca de sementes entre vizinhos e vizinhas, e também entre comunidades, contribuem muito para melhorar a qualidade e a resistência das plantas, e ainda para preservar a biodiversidade.

Coleta: As técnicas de coleta e tratamento das sementes são simples: Muitas sementes caem e são coletadas quando caem. O ideal, porém, é recolher as sementes das melhores matrizes, e não todas as sementes. Sempre que possível, recomenda-se escolher uma planta de meia idade, forte, sadia, em plena fase de produção, com frutos de boa qualidade, sem doenças e sem infestação de pragas. A coleta pode ser feita de frutos maduros ainda no pé, ou caídos ao chão, desde que estejam saudáveis e sem danos.

Secagem: Em geral, as sementes podem ser tratadas e estocadas para o plantio em outro período. Antes da estocagem, é importante fazer a secagem das sementes, pois quando estão secas elas são menos atacadas por insetos e fungos.

Estocagem: As sementes devem ser estocadas em vasilhas resistentes e bem vedadas. Cada semente de cada espécie deve ser guardada em um recipiente separado, com o nome da planta, a data e o local da coleta anotados em uma etiqueta, ou escritos com pincel na própria vasilha. As sementes ficam melhor protegidas se forem colocadas em cinza, areia ou terra de formigueiro, e colocadas em um lugar escuro e bem arejado. A melhor vedação para a proteção das sementes é a feita com cera de abelha, ou outra cera. Para vedar, basta aquecer a cera em banho-maria e, depois de derretida, colocar a parte de encontro do recipiente com sua tampa dentro da cera quente e deixar secar.

Banco de Sementes: Em comunidades organizadas, pode ser formado um Banco de Sementes com as contribuições de cada família. Onde não houver Banco de Sementes, cada família deve escolher um local escuro e arejado para proteger suas sementes.

Foto: Acervo Rede Terra

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18 AGROECOLOGIABoas Práticas para o Cerrado

Sem água não há vida, nem no Cerrado, nem em qualquer outro lugar do Planeta. A agroecologia é uma forma boa de proteger as águas, a começar pelas nascentes, que devem ser isoladas em um raio de 50 metros, para que a natureza ao redor dela se mantenha sempre verde. Nos casos em que a natureza foi devastada em torno nas nascentes, é necessário fazer o reflorestamento, preferencialmente com plantas nativas da região.

Qualquer que seja a origem da água em uma propriedade rural, seja de cisterna, de poço artesiano, de lago ou de rios, esse é um recurso natural finito, que precisa ser preservado e manejado com cuidado. Portanto, é fundamental economizar água, cuidar das nascentes, reflorestar as áreas de nascentes e as margens de lagos e rios, e reaproveitar e reutilizar o máximo possível da água usada pela família e pelas plantações.

IRRIGAÇÃO

Conjunto Aspersor de Garrafa PET

Algumas plantações precisam ser irrigadas. Hoje existem técnicas simples e baratas de irrigação que ajudam a melhorar o manejo das águas. Há várias formas alternativas de irrigação adaptadas para o Cerrado. Muitas delas usam materiais recicláveis que de outra forma iriam para o lixo. Os aspersores de garrafas PET são um bom exemplo, porque são de baixo custo e produzem excelentes resultados. Fazer um aspersor de garrafa PET é muito simples:

• Com uma tesoura, fazer um furo na tampa da garrafa para que o bico da torneira seja encaixado.

• Na garrafa, colocar um veda-rosca, para evitar vazamentos.

• Com uma agulha grande ou outro objeto pontiagudo, fazer pequenos furos na garrafa de acordo com que se quer molhar – furos só em uma parte, para molhar só um lado, ou furos na garrafa inteira, para molhar a área toda.

• Depois de encaixado o bico da torneira e de feitos os furos na garrafa, é só ligar o bico da torneira a uma mangueira e ligar a água. O aspersor de garrafa PET atinge um raio de até 3 metros.

• O aspersor pode ser removível ou fixado no chão. Quanto menor o furo, maior a pressão e maior a área irrigada.

CUIDADOS COM A ÁGUA

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AGROECOLOGIACadernos da Agricultura Familiar 19

Foto: Sônia Brandão

Nascentes são afl oramentos do lençol freático que se transformam em uma fonte de água de acúmulo, que chamamos de represa, ou em cursos de água como lagoas, lagos, regatos, ribeirões e rios. As áreas em volta das nascentes são Áreas de Preservação Ambiental (APA) protegidas por Lei. A área em volta do olho d´água da nascente deve ser mantida com a vegetação nativa, se houver, ou refl orestada, preferencialmente com espécies nativas do Cerrado. Depois dos 50 metros, é recomendado plantio de grama e arbustos, seguidos de árvores do Cerrado, frutíferas e cultivos agrícolas diversos.

RECUPERAÇÃO, PROTEÇÃO E PRESERVAÇÃO DAS NASCENTES

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20 AGROECOLOGIABoas Práticas para o Cerrado

O uso de energias renováveis faz parte das práticas sustentáveis para proteger o meio ambiente e melhorar a qualidade de vida das pessoas. O Brasil começa, timidamente, a investir em energias renováveis, que são aquelas obtidas da própria natureza, tais como:

Energia Solar Vinda do sol

Energia Eólica Extraída dos ventos

Energia Hidráulica Produzida pelas águas dos rios e correntes de água doce.

Biomassa Extraída da matéria orgânica, por exemplo, da mamona.

TECNOLOGIAS ENERGÉTICAS DISPONÍVEIS

Algumas das tecnologias disponíveis para o uso das energias renováveis são:

Aquecimento Solar

Capta a energia do sol e a transforma em energia elétrica. Serve para bombear e aquecer a água, para acender lâmpadas e também para eletrificar cercas.

Cata-Ventos

Transforma a energia gerada pelos ventos. Pode ser aproveitado para bombear água ou energia elétrica.

Desidratador Solar

Aproveita o calor do sol para desidratar frutas sem o uso de combustível.

Fogão e Forno Solar

Os fogões e fornos solares são capazes de economizar 55% da madeira utilizada nos fogões tradicionais. Os fogões solares parabólicos alcançam uma temperatura de 350ºC, suficiente para cozinhar qualquer tipo de alimento. O fogão de caixa quente tradicional alcança, no máximo, 150ºC.

Fogão Ecoeficiente

O fogão ecoeficiente reduz o consumo de biomassa e livra as famílias das doenças causadas pela fumaça, a partir da queima eficiente da lenha.

ENERGIAS RENOVÁVEIS

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AGROECOLOGIACadernos da Agricultura Familiar 21

Até muito recentemente, mais da metade do lixo do meio rural era enterrado, queimado ou jogado em qualquer ambiente, trazendo mosquitos e outros animais transmissores de doenças para perto das casas e das famílias.

Essa situação começou a mudar, mas ainda tem um longo caminho a percorrer, porque mais de 80% das famílias que residem nas áreas rurais não contam com nenhum sistema de coleta de lixo.

O lixo rural tem coleta cara e difícil. Por essa razão, em geral as famílias optam por enterrá-lo ou queimá-lo, o que causa grandes danos para a saúde e para o Meio Ambiente.

A alternativa que vem sendo implementada é a organização, pela própria família e/ou comunidade rural, de um sistema simples de coleta seletiva, baseado nos 3 Rs (erres): Reduzir, Reutilizar, Reciclar materiais utilizados na área urbana.

OS 3 Rs

Reduzir

A quantidade de lixo que cada pessoa ou cada família produz.

Reutilizar

Preferir sempre produtos cujas embalagens possam ser reutilizadas.

Reciclar

Tudo o que for possível. Preferir sempre produtos cujas embalagens possam ser reutilizadas, para que sobre o mínimo possível de lixo na área rural.

MANEJO E RECICLAGEM DO LIXO

Foto: CEI “Bem Me Querer”

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22 AGROECOLOGIABoas Práticas para o Cerrado

SEPARAÇÃO DO LIXO

Quem mora em área rural também precisa reduzir, reutilizar ou reciclar o lixo produzido na propriedade. Muitos materiais que vão para o lixo podem e devem ser reduzidos, reciclados ou reutilizados. Assim como na cidade, uma boa reciclagem começa por separar o lixo orgânico do lixo seco:

Lixo Orgânico São os restos de alimentos, as aparas de grama, as folhas, as cascas e os galhos de árvores, o papel higiênico. O lixo orgânico pode ser utilizado na compostagem para a produção de adubos.

Lixo Seco Latas de alumínio, caixas de papelão, garrafas PET e vidros são exemplos de lixo seco. Boa parte desse material pode ser utilizada na propriedade. Garrafas PET podem virar aspersores, caixas de papelão podem servir de abrigo para pequenos animais, garrafas de vidro quando enterradas ao contrário fazem boas divisas para os canteiros. O que sobrar deve ser levado para venda ou descarte na cidade.

Lixo Eletrônico Este é um tipo novo de lixo que começa a aumentar também no campo. Lâmpadas, baterias e peças de computador precisam ser embaladas em separado para entrega nos pontos de reciclagem desse tipo de lixo na cidade.

Óleo de Cozinha O óleo de cozinha não deve ser despejado na pia, porque polui o solo e as águas. O óleo de cozinha pode ser reutilizado na fabricação de sabão.

Rejeitos Rejeito é tudo que não tem como ser reciclado.

Cacos de Vidro e espelhos: cacos de vidro e espelhos devem ser embalados com cuidado e entregues nas vidraçarias da cidade.

Fraldas de bebês e absorventes higiênicos: não se configuram como recicláveis, porque no Brasil ainda não há tecnologia para reciclar esses materiais que, infelizmente, devem ir para a pilha de rejeitos.

Foto: ateliedamartha.wordpress.com

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AGROECOLOGIACadernos da Agricultura Familiar 23

O manejo das agroflorestas consiste em reconhecer as áreas para os plantios, onde será possível:

• Introduzir novas espécies a partir da sucessão natural;

• Remover as plantas doentes;

• Retirar os galhos envelhecidos;

• Podar árvores que estejam fazendo muita sombra (máximo de 30% da copa das árvores que estejam sombreando outras espécies).

Esse é um manejo que já é feito nas propriedades da agricultura familiar, em geral complementado por:

CAPINA SELETIVA

A primeira capina, sempre feita antes do plantio de novas mudas, precisa ser complementada por capinas de manutenção.

PODA DE LIMPEZA

Geralmente feita depois da frutificação, também é feita para aumentar a quantidade de luz nas áreas de plantio.

PODA DRÁSTICA

Deve ser usada apenas em último caso e, mesmo assim, nunca retirar mais do que 1/3 da planta, para que ela tenha condições de se renovar.

SULCOS

São valas abertas no solo para serem preenchidas com palha e folhas secas, que têm como principal função a retenção da água no solo.

PLANTIO E REPLANTIO

Plantar o máximo possível de árvores e outras espécies nativas para promover o equilíbrio ecológico na propriedade. As árvores dão sombra, melhoram o clima, dão frutos, produzem madeira, fertilizam o solo e abrigam a fauna.

CERCAS VIVAS

As cercas vivas também são conhecidas como quebra-ventos e têm várias funções: servem para demarcar terrenos, para evitar o gasto com arame, estacas e mourões, e para proteger as plantações contra os ventos.

TRATOS CULTURAIS

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24 AGROECOLOGIABoas Práticas para o Cerrado

ADUBAÇÃO VERDE

Fazer o correto manejo do solo, que precisa de cobertura para manter a umidade e ser protegido da ação direta do sol, das chuvas e dos ventos. A adubação verde, o consórcio de culturas e a cobertura com palha são práticas que ajudam a proteger o solo. A adubação verde é geralmente feita com o plantio de leguminosas, que aumentam a fertilidade do solo. Uma das plantas mais utilizadas para isso é o feijão guandu, que incorpora muito nitrogênio à terra. As leguminosas contribuem para evitar a compactação e aumentar a estrutura do solo.

BIOFERTILIZANTES

Biofertilizantes são produtos naturais utilizados para fortalecer as plantas e podem ser feitos com baixo custo. Os produtos feitos com a mistura de estercos, cinzas, pó de rocha, urina de vaca, plantas medicinais e micronutrientes diversos deixam as plantas mais saudáveis e resistentes. Os principais biofertilizantes são o agrobio, os efluentes do biodigestor e o supermagro. Parar com o uso de venenos e utilizar o controle biológico com defensivos naturais para evitar a infestação de pragas e doenças é a opção certa para a agroecologia. Os biofertilizantes oferecem à agricultura familiar condições objetivas para a adoção desse caminho.

AGROBIO

Indicado para a nutrição e o fortalecimento das plantas. Ingredientes: Água, esterco bovino fresco, melaço, sais minerais. Preparo e uso: Misturar os ingredientes, deixar curtir em vasilhames de plástico ou barro, coar e aplicar nas folhas, especialmente nas folhas das hortaliças.

SUPERMAGRO

Serve para o fortalecimento das plantas e do solo. Ingredientes: 30 kg de esterco; 2 kg de sulfato de zinco; 2 kg de sulfato de magnésio; 300 gramas de sulfato de manganês, ferro e cobre; 0,05 gramas de sulfato de cobalto; 100 gramas de molibdato de sódio; 1,5 kg de bórax; 2 kg de cloreto de cálcio; 2,6 kg de fosfato natural; 1,3 kg de cinza; 27 litros de leite ou soro de leite; 18 litros de melaço ou 36 litros de caldo de cana. Preparo e Uso: Misturar todos os minerais. No primeiro dia do mês, acrescentar o esterco + 3 litros de leite + 2 litros de melaço + 60 litros de água limpa. Deixar fermentar em local protegido do sol e da chuva. Nos dias 4, 7, 10, 16, 19 e 22, acrescentar 3 litros leite e 2 litros de melaço. Repetir a operação a cada dois dias até o dia 25. No dia 25, colocar todos os demais materiais. Deixar descansar por 15 dias. Depois, peneirar e aplicar nas plantas. No caso do milho, pulverizar as sementes com apenas 10% da solução preparada, deixá-las secar à sombra e, depois de secas, realizar o plantio.

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO DE INSUMOS

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Foto: cursoagriculturaorganica2013.blogspot.com

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BIODIGESTOR

O biodigestor é o equipamento que faz o tratamento dos dejetos para a produção do biogás. O efluente, líquido produzido pelo processo natural de fermentação, é uma solução nutritiva que deve ser aplicada diretamente no solo. O biodigestor pode tornar o/a agricultor/a em produtor/a de energia para a propriedade.

A matéria-prima mais utilizada no biodigestor é o esterco animal, que pode ser reciclado dentro da propriedade, junto com outros tipos de compostos orgânicos como restos de plantações, capins, lixos orgânicos das residências e das agroindústrias. Com o biodigestor, os dejetos de suínos, de aves e de bovinos transformam-se em alternativa energética (gás metano), além de obter um excelente adubo orgânico (biofertilizante).

COMPOSTAGEM

O material orgânico, além de ser utilizado no biodigestor, também pode ser aplicado no processo de compostagem (decomposição da matéria orgânica), ou de vermicompostagem (uso de minhocas na decomposição e produção de húmus), em que o produto final pode ser aproveitado como adubo orgânico.

CONTROLE BIOLÓGICO

Os sistemas agroecológicos exigem uma interação constante entre insetos e plantas, sem que os insetos ataquem as plantas. Quando atacam, passam a ser pragas, que podem ser controladas com o uso de animais, bactérias, vírus, ou fungos naturais. O quadro abaixo mostra alguns dos animais úteis para o controle biológico:

ANIMAL CONTROLE/UTILIDADE

AbelhasPolinizam as plantas e com isso promovem a biodiversidade e o equilíbrio ecológico

Aranhas Insetos diversos

Calangos, sapos e rãs Besouros, mosquitos e larvas

Centopeias Pragas do solo

Joaninhas Cochonilhas e pulgões

Pássaros Lagartas, lesmas, pernilongos e pulgões

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DEFENSIVOS NATURAIS

Plantas saudáveis, nascidas em solo fértil e em ecossistemas equilibrados, normalmente não adoecem nem atraem insetos ou inimigos naturais. Entretanto, em solos fragilizados, a plantação agroecológica encontra desafios que precisam ser enfrentados com as seguintes ações: a) Reestruturar o solo com matéria orgânica; Plantar espécies nativas e/ou adaptadas; c) Utilizar defensivos naturais, em situação de emergência. Existem misturas naturais que eliminam ou espantam as pragas, com cheiros ou sabores que elas não suportam. Esses defensivos não prejudicam a saúde humana e podem ser feitos na propriedade. A seguir, algumas receitas básicas de defensivos naturais:

Agave – Piteira ou Sisal (Agave sisalana Perrine): Combate e controle das formigas cortadeiras (saúvas). Ingredientes: 5 folhas médias de agave, 5 litros de água. Preparo e uso: Deixar de molho, por 2 dias, 5 folhas médias moídas de agave em 5 litros de água. Aplicar 2 litros dessa solução no olheiro principal do formigueiro e tapar os demais para que as formigas não fujam.

Alho (Allium sativum L.): Repele insetos, bactérias, fungos, nematóides e carrapatos. Ingredientes: 1 pedaço de sabão (aprox. 50 g), 4 litros de água quente, 2 cabeças de alho, 4 colheres pequenas de pimenta vermelha. Preparo e Uso: Dissolver um pedaço de sabão do tamanho de um polegar (50 gramas) em 4 litros de água. Juntar 2 cabeças de alho picado e 4 colheres de pimenta vermelha picada. Coar com pano fino e aplicar.

Café: Repele e combate lesmas e caracóis. Ingredientes: Para repelir – 10 gramas de café em pó para um litro de água; Para controlar – 20 gramas de café em pó para um litro de água. Preparo e uso: Mesclar, deixar de molho e aplicar nas plantas.

Cebola ou Cebolinha Verde (Alium cepa L. e Alium fistulosum): Repele pulgões, lagartas e vaquinhas. Ingredientes: 1 kg de cebola ou cebolinha verde, 10 litros de água. Preparo e uso: Cortar a cebola ou a cebolinha verde e misturar em 10 litros de água, deixando o preparado curtir durante 10 dias. No caso da cebolinha verde, deixar curtir por 7 dias. Para pulverizar as plantas, utilizar 1 litro da mistura para 3 litros de água.

Confrei (Symphytum officinalei L.): Adubo foliar, repelente de pulgões em hortaliças e frutíferas. Ingredientes: 1 kg de Confrei, água. Preparo e uso: Deixar em infusão por 10 dias 1 quilo de folhas de confrei com água, por 10 dias. Acrescentar 10 litros de água e pulverizar as plantas uma vez a cada 15 dias, ou quando necessário.

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Cravo de Defunto: Repele insetos. Ingredientes: 200 g de cravo de defunto, 1 litro de álcool, água. Preparo e uso: Macerar a planta e deixar por 12 horas em 1 litro de álcool. Diluir este preparado, completando com 20 litros de água antes de usar.

Erva Cidreira: Controla carrapatos. Ingredientes: Erva cidreira, água. Preparo e uso: Fazer uma infusão da erva cidreira e água (como um chá), colocar na bomba e pulverizar os animais infectados de carrapatos.

Eucalipto (Eucaliptus citriodora): Combate o gorgulho (caruncho) e traças de grãos armazenados de milho, feijão, arroz, trigo, soja, farelos em geral e batata. Ingredientes: Folhas de eucalipto. Preparo e uso: Nos recipientes e locais onde se armazenam grãos (milho, feijão, arroz, trigo, etc.), misturar 10 a 20 folhas de eucalipto para cada quilo de grão. As batatas podem ser conservadas colocando-se sobre uma cama de folhas de eucalipto.

Fumo: Combate pulgões e cochonilhas. Ingredientes: 100 g de fumo, 2 colheres de sopa de sabão de coco em pó, 4 litros de água. Preparo e Uso: Ferver 100 g de fumo em corda picado em 2 litros de água durante 5 minutos e deixar esfriar. Coar o preparado e misturar com o sabão de coco em pó. Acrescentar os outros 2 litros de água para obter o produto, que deverá ser pulverizado sobre as plantas atacadas. Caso seja insuficiente para o controle das pragas, aumente a quantidade de fumo no extrato, mantendo a mesma quantidade de água. Para controlar carrapatos, bernes e outras bicheiras em animais, acrescentar uma colher de cal virgem, engarrafar e manter em lugar escuro.

Neem (Azadirachta indica): Controla as pragas de hortaliças, traças, lagartas, pulgões, gafanhotos. Ingredientes: 25 – 50 g de sementes, 1 litro de água. Preparo e Uso: Moer as sementes e deixar repousar (amarradas em um pano) em 1 litro de água por 1 dia. Coar e pulverizar sobre as plantas atacadas.

Repolho (Brassica oleracea L.): Dessecante de adubação verde.Ingredientes: 3 kg de folhas de repolho, 10 litros de água. Preparo e Uso: Misturar folhas picadas de repolho e água e deixar fermentar por 8 dias. Filtrar e aplicar diretamente sobre as plantas a dessecar.

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CALDAS

Calda Bordaleza: A calda bordalesa é uma mistura de sulfato de cobre, cal virgem e água, em proporções que variam, de acordo com a cultura. No quadro abaixo, você tem indicação, culturas e dosagens, numa base de 100 litros de água. Preparo e Uso: Utilizar vasilhame de plástico, de cimento amianto ou madeira. Colocar o sulfato de cobre enrolado em pano, em forma de saquinho. Na véspera, dissolver em 5 litros de água. Em outro vasilhame, misturar cal virgem em 15 litros de água. Após isso, misturar ambos, mexendo sempre. Tem validade para três dias. Antes de pulverizar, colocar sempre uma colher de açúcar na bomba. Aplicar no início da doença, podendo ser misturada com extrato de fumo ou confrei. No verão, em plantas novas, usar só a metade da quantidade de sulfato de cobre e de cal virgem para o mesmo volume de água. Nunca pulverize a calda com sol quente, nem em temperatura muito baixa, porque ela perde a sua eficácia.

CULTURA DOENÇAS SULFATO DE COBRE (GRAMAS)

CAL VIRGEM (GRAMAS)

Abobrinha Míldio e manchas foliares 500 500

Abacate Antracnose 1.000 1.000

Alface Míldio e podridão de esclerotínia 500 500

Alho Míldio, outras manchas foliares 1.000 1.000

Batata Requeima, pinta preta 1.000 1.000

Beterraba Cercospora 1.000 1.000

Café Ferrugem, manchas foliares 1.500 1.500

Caqui Antracnose, cercosporiose e mycosferela 300 a 500 1500 a 2500

Cebola Míldio, outras manchas foliares 1.000 1.000

Chicória Míldio e esclerotínia 500 500

Citros Verrugose, melanose, rubelose 600 300

Couve, Repolho Míldio e alternária em sementeira 500 500

Cucurbitáceas Míldio, antracnose 300 300

Figo Ferrugem, antracnose, podridões 800 800

Goiaba Verrugose e ferrugem 600 600

Maçã Entomosporiose, sarna, podridões 400 800

Macadâmia Manchas foliares 1.000 1.000

Manga Antracnose 1.000 1.000

Maracujá Bacteriose, verrugose 400 400

Morango Micosferela, antracnose 500 500

Nêspera Entomosporiose, manchas foliares 800 800

Noz pecã Manchas foliares 1.000 1.000

Pepino Míldio e manchas foliares 500 500

Pêra Entomosporiose, sarna, podridões 400 800

Solanáceas Pinta preta, podridões 800 800

Tomate Requeima, pinta preta e septoriose 1.000 1.000

Uva Itália Míldio, podridões 600 300

Uva Niágara Míldio, manchas 500 a 600 800

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Calda “Chocolate”: A calda chocolate é indicada para acelerar curtimento de compostos, diminuir moscas, aumentar proliferação de minhocas e aumentar pH final do húmus. Uma receita básica de calda chocolate é composta por 20 litros de esterco de cavalo, 20 litros de esterco de boi e 200 litros de água. Preparo e Uso: Misturar todos os ingredientes e agitar bem. Regar as pilhas de compostos ou canteiro de criação de minhocas. Cada vez que a pilha de composto orgânico atingir cerca de 1,8 m de altura, regá-la diariamente com esta calda durante 15 dias.

Calda Viçosa: A calda viçosa é usada no combate a várias doenças, como o míldio e as manchas foliares em hortaliças, a antracnose em frutíferas, e a requeima em tomateiros. Em culturas perenes, protege as plantas de doenças causadas por fungos. Ingredientes: 20 litros de água; 40 gramas de ácido bórico; 200 gramas de sulfato de cobre; 40 gramas de sulfato de zinco; 120 gramas de sulfato de magnésio; 100 gramas de cal hidratada e 10 litros de água. Preparo e Uso: Em um balde, colocar 10 litros de água, mais o ácido bórico, os sulfatos de cobre, zinco e magnésio. Em outro balde, colocar 10 litros de água com a cal hidratada. Deixe descansar por um dia e depois junte as duas misturas. Deixar descansar mais um dia, depois coar e aplicar.

FARINHAS

Farinha de Osso: Combate saúvas. Ingredientes: ½ copo de farinha e osso, ½ copo de casca de ovo triturada, ½ copo de carvão molhado. Preparo e uso: Misturar meio copo de farinha de osso, meio copo de casca de ovo triturada e meio copo de carvão molhado. Colocar a mistura em volta dos canteiros para afastar as formigas cortadeiras.

Farinha de Trigo: Impede que os insetos fiquem nas folhas. Ingredientes: 20 gramas de farinha de trigo, 1 litro de água. Preparo e uso: Misturar a farinha de trigo com a água e pulverizar as folhas nos dias quentes e secos.

MINERAIS

Permanganato de Potássio e Cal: Controla o míldio e o oídio. Ingredientes: 125 gramas de permanganato de potássio (KMnO4), 1 kg de cal virgem.

Hidróxido de Cálcio: Tratamento pós-colheita de frutas e desinfecção de verduras, cítricos, mangas, bananas, tomates, morango, maçã e outras. Ingredientes: 5 litros de água, 10 gramas de hidróxido de cálcio, 2,5 gramas de detergente caseiro de baixa espuma. Preparo e Uso: Despejar, aos poucos, 5 litros de água em hidróxido de cálcio e acrescentar o detergente. Banhar as frutas e legumes por 10 minutos nesta solução e drenar o excesso de água.

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Sabão: Combate cochonilhas, lagartas e pulgões. Ingredientes: 1 kg de sabão, 100 litros de água. Preparo e Uso: Dissolver 1 kg de sabão em 5 litros de água quente. Adicionar a solução em 95 litros de água e pulverizar.

ISCAS E ARMADILHAS

As iscas e armadilhas fazem parte do processo de controle natural de pragas na agricultura orgânica:

Garrafas como Armadilhas: Utilizadas para o controle de moscas das frutas. Material: Garrafas PET, mel ou suco de frutas, água. Preparo e Uso: Fazer 3 a 4 furos de 1 cm de cada lado, em uma garrafa PET. Dentro da garrafa, colocar mel ou suco de frutas, diluídos em água. Amarrar a garrafa com um barbante nos galhos de árvores, a cerca de 1, 80 m do solo. As moscas, atraídas pelo açúcar, entram na garrafa pelos furinhos laterais e morrem por afogamento ou asfixia.

Folhas/Flores de Gergelim: Controle dos formigueiros. Material: Folhas/flores de gergelim. Preparo e uso: Plantar sementes de gergelim na propriedade. As folhas e flores da planta, muito apreciadas pelas formigas, são levadas para dentro do formigueiro e liberam substâncias que inibem o crescimento do fungo que alimenta as formigas. Sem alimento, as formigas morrem.

Sementes de Gergelim: Serve para fazer o controle dos formigueiros. Material: Sementes de gergelim. Preparo e uso: Colocar 30 a 50 gramas de sementes de gergelim ao redor do olho do formigueiro. As sementes, levadas pelas formigas para dentro do formigueiro, liberam substâncias que inibem o crescimento do fungo que alimenta as formigas. Sem alimento, as formigas morrem.

Foto: estagiositiodosherdeiros.blogspot.com

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Foto: Emater

Cada produto de uma agrofloresta tem suas características e seu ciclo de nascimento, crescimento e maturação. O planejamento das datas de colheita, do armazenamento, da comercialização dos produtos e da entrega à entidade consumidora geram menos desperdícios e mais renda para as famílias.

E, POR FIM, A COLHEITA!

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Agricultores promovem a sustentabilidade do Cerrado Com modelo agroecológico – Projeto desenvolvido em assentamento de Goiás é modelo de desenvolvimento econômico e preservação ambiental – PNUD – 26 de julho de 2012.

Agroecologia – Plante esta Ideia. Agricultura Familiar – Agroecologia e Mercado. Caderno 01. Fundação Konrad Adenauer, 2008.

Calheiros, R. de Oliveira et al. Preservação e Recuperação das Nascentes. Piracicaba: Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios PCJ – CTRN, 2004.

Melo, Ana Paula; Cangussu, Roberta; Ribeiro, Guilherme; Gomes, Gabriela. Resumos do VIII Congresso Brasileiro de Agroecologia – Porto Alegre/RS – 25 a 28/11/2013. Cadernos de Agroecologia – ISSN 2236-7934 – Vol 8, No. 2, Nov/2013.

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BIBLIOGRAFIA

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Foto: Vale do Urucuia | Autor: Anderson Blaine

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