addicted to you 04 profundamente destrutivos lucy covington

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Page 1: Addicted to you 04 profundamente destrutivos lucy covington
Page 2: Addicted to you 04 profundamente destrutivos lucy covington

O grupo Friends Addicted to Books (F.A.B.) escolheu esta obra para traduzir, por não haver previsão de lançamento no Brasil.

Somos um grupo de amigas virtuais, unidas pela mesma paixão: Livros. Sendo assim, a disponibilização de nossas traduções é ausente de qualquer obtenção de lucro, direta ou indiretamente. Nossos objetivos são estimular a foram publicados em português.

Após sua leitura, considere a possibilidade de adquirir a versão original, pois assim, você estará incentivando os autores e a publicação de novas obras.

Tradutora: Bonnie

Revisão Inicial: Taci

Revisão Final: Bruh

Formatação: Bonnie

Leitura Final: Su

Deeply Destructive (Addicted To You, #4)

Lucy Covington

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SINOPSESINOPSESINOPSESINOPSE

Lindsay Cramer, como uma boa menina, mantêm sua vida completamente em ordem, e ela têm todos os seus objetivos listados para verificação - obter bolsa de estudos para Ivy League University, acabar a graduação, e passar para a escola de medicina. Ela trabalhou duro para chegar onde está, e ela está determinada a não deixar nada - nem ninguém - entrar em seu caminho.

Até que ela conhece Justin Brown. JB é lindo e do tipo de cara que é completamente errado para Lindsay - o tipo de cara que é completamente errado para qualquer uma. Ele bebe, luta e possui um passado secreto que Lindsay não tem certeza se quer conhecer.

Mas, quando os dois estão juntos, Lindsay não pode deixar de perder-se nele. É a maneira que olhos dele ardem quando olha para ela. A forma como o seu sorriso a deixa tonta. A maneira como suas mãos tocam seu corpo.

Rapidamente, Lindsay e Justin estão completamente viciados um no outro. Mas quando o seu jogo perigoso culmina com Lindsay tendo que fazer uma escolha chocante, ela vai ser capaz de manter JB em sua vida? E, se assim for, ela vai perder tudo que conquistou no processo?

Deeply Destructive é o quarto episódio da série Addicted To You.

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LindsayLindsayLindsayLindsay

Quando

acordei, Justin estava me segurando. Minhas costas estavam contra seu peito e seus braços estavam firmemente a minha volta, me mantendo perto. Tomei uma respiração profunda e tentei acalmar meu coração, que batia tão rápido que parecia que ia saltar do meu peito.

Virei-me lentamente, com cuidado para não acordá-lo.

E então apenas o observei.

Ele era bonito.

Seus olhos estavam fechados, seus longos cílios roçando suas bochechas. Ele parecia calmo enquanto dormia, o cabelo amarrotado, sua respiração constante. Tudo nele era sexy e lindo, me fazendo corar.

Ele rolou e se espreguiçou, depois virou a cabeça e piscou para mim sonolento.

— Bom dia. — ele sorriu.

— Bom dia.

— O que você está fazendo tão longe? — me puxou de volta para perto dele, seu peito empurrando contra meu. — Como você dormiu?

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— Muito bem. — era verdade. Eu deveria ter dormido terrivelmente depois de tudo que havia acontecido na noite passada, mas dormi profundamente, só acordando uma vez.

— Bom. — ele sorriu para mim, queria tanto beijá-lo que quase não aguentava. Meu corpo parecia que estava pegando fogo. Um formigamento quente passou dos meus dedos dos pés à cabeça antes de se estabelecer entre as minhas pernas.

Como algo que me fazia sentir tão incrível poderia ser tão errado para mim? Eu sabia que tudo sobre isso estava errado. Mas era uma força que não podia controlar, como uma onda me varrendo e me puxando para o mar. Na noite passada eu estava lutando contra isso, mas agora estava começando a me perguntar se talvez devesse apenas deixá-la me levar.

Ficamos assim por um momento, apenas olhando nos olhos um do outro. Foi a coisa mais sexy e mais quente que eu já tinha experimentado. A necessidade pulsava entre nós, e parecia que ela estava permeando toda a sala. Meu corpo inteiro estava em alerta, cada sentido aumentado, mesmo que não tivéssemos nos beijado.

Fechei os olhos, com medo de que se não fizesse, iria acabar colocando meus lábios nos dele.

E eu queria mais do que tudo que ele me beijasse.

Senti a ponta do seu polegar acariciando minha bochecha e minha respiração ficou presa no meu peito.

— Deus, Lindsay. — ele respirou. — Você é tão bonita.

Ninguém nunca havia me chamado de bonita antes. A palavra encheu meu corpo com uma emoção estranha, algo que parecia uma mistura de constrangimento, luxúria e descrença.

Abri os olhos e ele estava olhando para mim com um olhar que refletia o que eu estava sentindo. Ele me queria. Eu poderia dizer. E eu o queria.

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Fechei os olhos e esperei que ele me beijasse.

— JB! — a voz ecoou pelo apartamento vindo do outro quarto.

— Merda. — Justin xingou e então suspirou. — É Gilbert.

Certo. Gilbert. Tinha quase me esquecido dele, o que não fazia sentido já que ele era o único que havia causado todo aquele drama na noite passada.

Justin rolou para longe de mim e se sentou.

Levou todo o meu autocontrole para não olhá-lo, e, no final, perdi a batalha. Vi, tentando não babar, quando ele caminhou para sua cômoda e tirou um short. Seu peito era bronzeado e tonificado, com peitorais duros e linhas suaves. Deixei meus olhos se perderem um tempo em seu tanquinho, no V suave de seus quadris, na forma como seus bíceps se flexionavam quando ele se movia.

— Estou indo ver Gil. — disse ele. — Você pode usar o banheiro, ou servir-se de tudo o que quiser na cozinha, ok?

—Ok. — eu queria perguntar-lhe se ele estava pensando em vestir uma camisa, porque não tinha certeza se suportaria estar perto dele com ele andando por aí sem camisa assim.

Mas, aparentemente, ele não planejava ficar completamente vestido, porque ele saiu do quarto do jeito que estava.

Meu corpo estava cheio de saudade e expectativa, não conseguia ficar parada. Sentia-me agitada e nervosa.

Levantei-me e fui para o banheiro, onde alisei meu cabelo, lavei meu rosto, e gargarejei com um antisséptico bucal que encontrei no armário de remédios.

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Então fui para a cozinha.

O apartamento estava silencioso, mas eu podia ouvir vozes baixas em um dos quartos.

O cobertor que Justin tinha colocado sobre Gil ontem à noite estava no sofá, jogado e enrugado.

Fora isso, o apartamento estava limpo e arrumado.

Entrei na cozinha e procurei em volta até que encontrei os copos, então me servi um pouco de água.

Justin ainda estava no outro quarto, e eu não sabia o que fazer. Senti-me um pouco estranha, só estando aqui na sua cozinha. Abri a geladeira. Estava surpreendentemente abastecida para um apartamento onde viviam dois caras. Havia recipientes com legumes cortados e frutas, algumas carnes e queijos, embalagens de suco de laranja, alguns recipientes para viagem, e vários condimentos e molhos.

Procurei ao redor até que encontrei alguns ovos e bacon.

Devo tomar café da manhã?

Eu estava com fome e queria, mas também não queria parecer invasiva. Era fim de semana, então não é como se eu tivesse que ir para a aula, mas talvez Justin tivesse coisas para fazer. Ou talvez ele só quisesse se livrar de mim. Talvez ele...

— Ei. — Justin espiou ao redor do lado da geladeira e quase gritei.

— Você me assustou!

— Sinto muito. — ele apenas ficou lá, com aquele pequeno sorriso travesso dele, como se soubesse um segredo que eu não sabia.

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— Como está Gil?— perguntei, tentando soar como se fosse normal eu dormir no apartamento de um garoto e o assistir andar por aí seminu.

— Ele está bem. Cansado, um pouco enjoado. Mas ele vai ficar bem. Por algum motivo, ele foi para o quarto de hóspedes. Acho que ele gosta de dormir no chão.

— Isso é bom. Que ele vai ficar bem, quero dizer.

— Sim. — ele encostou-se à parede, ainda olhando para mim com aquele olhar um pouco presunçoso.

— Então o que você está fazendo na minha geladeira?

— Eu ia fazer café da manhã.

— Boa ideia. Estou morrendo de fome.

— Ovos e bacon?

— Parece bom. — ele enfiou a mão na embalagem de pão e tirou um pedaço.

— E torradas, é claro.

—É claro.

Levei os ovos e o bacon para o fogão. Justin cruzou os braços sobre o peito, me observando.

— Hum, o que você está fazendo? — perguntei.

— Observando você.

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— Por quê?

— Porque você é fofa.

Havia uma leveza sobre ele esta manhã, tão diferente da forma como ele tinha sido ontem. Na noite passada ele tinha sido perigoso, escuro e taciturno. Esta manhã ele parecia divertido e sedutor.

Senti-me corando. — Onde está a sua frigideira? — perguntei.

— Ali. — ele apontou para um armário inferior, me abaixei e o abri. Puxei a frigideira, e quando me levantei, Justin deixou seus olhos se moverem pelo meu corpo lentamente, nem mesmo tentando esconder o que estava fazendo.

Engoli em seco e mudei-me para o fogão, estabelecendo a panela sobre um das bocas dianteiras. — Você tem um spray de cozinha?

— Spray de cozinha? — ele parecia indignado. — Para quê?

—Você sabe, para pulverizar a panela. — fiz um gesto para ele. — Assim os ovos não grudam.

— Oh, Lindsay. — ele balançou a cabeça para mim. — Nós não usamos isso nesta casa. Spray de cozinha é para as meninas.

— Eu sou uma menina.

— Confie em mim. — ele respirou fundo e sorriu. — Eu sei.

— Então, o que você usa? — perguntei, ignorando o seu comentário.

— Manteiga. — foi até a geladeira e pegou um prato de manteiga florido.

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— Você tem um prato de manteiga florido?

— A mãe de Wyatt deu para ele. — disse ele em tom desafiador. — É conveniente. Além disso, você não deveria estar zombando do meu prato de manteiga quando você está à procura de spray de cozinha. Você obviamente tem muito a aprender sobre cozinhar.

— E você, vai me ensinar? — perguntei com ceticismo.

— Não fique tão surpresa, Pip. — disse. Deu um passo mais perto de mim, seus olhos percorrendo meu corpo novamente, mais devagar dessa vez. — Há um monte de coisas que posso te ensinar.

Tremi quando ele passou por mim indo para o balcão. Ele ainda não estava vestindo uma camisa, queria dizer a ele que, se ele esperava que eu prestasse atenção a tudo o que estava prestes a me dizer, ele devia colocar sua maldita camisa. Seus bíceps estavam me deixando tonta.

Ele ajustou a frigideira em fogo brando e, em seguida, virou-a para o mais quente. Tentei não pensar nisso como uma metáfora.

— Agora, coloque um pouco de manteiga na panela, Pip. — disse ele.

Cortei um pequeno pedaço e o deixei cair dentro.

— Mais.

Fiz como me foi dito.

Ele começou a trabalhar mexendo os ovos e, em seguida, despejou-os na panela.

— Agora mexa. — ele instruiu. — E não pare.

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Ele começou a colocar bacon em outra panela e, depois de um momento, o som chiando encheu o ar, seguido pelo cheiro salgado de carne fritando.

Nós trabalhamos em silêncio por alguns minutos, e tentei não olhar para ele. Era tão surpreendente, o fato de que ele pudesse cozinhar. Justo quando pensei que o tinha entendido, ele fazia algo que me faz perceber que não sei nada sobre ele.

— Você não está mexendo — disse.

— Oh. — olhei para baixo. Ele estava certo. Eu tinha parado de mexer os ovos.

Ele se mudou para trás de mim, com seus braços envolvendo minha cintura. Colocou a mão suavemente sobre a minha e orientou a espátula. — Veja, você tem que manter em movimento, ou eles grudam no fundo.

— Sim. — eu disse, lutando para encontrar as palavras. — Obrigada.

Arrepios haviam irrompido em meus braços. Eu estava tão ciente... Dele.

Tudo sobre ele. A maneira como seu corpo estava contra o meu, a maneira como seu cabelo caia sobre a testa, o pouquinho de barba em seu rosto.

Costumava pensar que as meninas que tinham tido toneladas de sexo na escola não possuíam autocontrole. Todavia estava começando a pensar que, se elas se sentiam do mesmo jeito que eu quando Justin estava perto de mim, então eu não podia culpá-las.

Ele ficou lá por alguns segundos a mais do que o necessário, com a sua mão sobe a minha.

— Entendeu agora? — ele soprou em meu ouvido.

—Sim. — eu disse. — Entendi.

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Virei-me, mas ele não se mexeu. Agora estávamos ali parados, minhas costas contra o fogão, seus braços ao meu redor, efetivamente me prendendo. O ar crepitava com eletricidade, e meu estômago borbulhava com antecipação.

Ele engoliu em seco, e pude ver seu pomo-de-adão em movimento. — Deus, Lindsay. — sussurrou. Estendeu a mão e tirou uma mecha de cabelo do meu rosto.

Era quase insuportável, estar parada tão perto dele, olhando em seus olhos, e não beijá-lo.

Meu telefone tocou na sala, cortando a tensão, o encanto tinha sido quebrado.

Toxic de Britney Spears tocou pelo apartamento, ecoando de onde minha bolsa estava na mesa junto à porta. Devo tê-la deixado cair lá quando ele me levou para o seu quarto na noite passada.

Justin recuou e me deixou passar.

— Vejo que você não mudou seu toque, Pip. — ele sorriu, como se nada tivesse acontecido. Ele puxou um prato do armário e colocou as tiras de bacon torrado nele. — É melhor você atender.

A última coisa que eu queria fazer era atender ao telefone. Na verdade, quem estava me ligando e interrompendo esse momento ia acabar tendo que me recompensar de hoje em diante até o último dia de sua vida.

Enquanto isso, Justin estava do outro lado da cozinha, colocando pão na torradeira e cantarolando alegremente sob sua respiração.

Fui para o corredor e, em seguida, vasculhei minha bolsa e peguei meu telefone. Ele mostrou um número que eu não conhecia, e fiz uma careta. Quase nunca recebo chamadas de números de telefone que não conheço. A tela estava mostrando um código de área 617, então, eu sabia que tinha que ser alguém na área de Boston.

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Dr. Klaxton.

Sabia que era estúpido, mas o nome dele foi o primeiro que me veio à cabeça. E se ele estava ligando para dizer que estava arrependido pela forma como me tratou e queria me dar outra chance? Talvez fosse um daqueles testes esquisitos que os professores dão às pessoas que você sempre ouve falar, como no filme Legalmente Loira.

— Olá? — respondi, tentando não parecer muito ansiosa.

— Lindsay?

— É ela.

— Eu sei que é você, o que aconteceu na noite passada?

— Quem é? — a voz soava familiar, mas não conseguia reconhecer.

— É Adam!

Oh. Certo. Adam. Não me preocupei em programar seu número no meu telefone quando o tinha me dado, por isso que não reconheci o número. Droga.

— Oh, oi, Adam, — eu disse. — O que está acontecendo?

— O que está acontecendo é que fiquei preocupado com você! — disse ele. — Você me deixou sentado na loja de iogurte e saiu sem sequer dizer adeus.

Oh, meu Deus. Eu tinha esquecido completamente de Adam. Como poderia ter feito uma coisa dessas? Falar isso era uma coisa horrível, mas sempre que Justin estava por perto, era como se todo o resto desaparecesse. Mesmo agora, eu estava olhando para ele através da porta da cozinha enquanto ele servia pratos de comida para nós.

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— Sinto muito, Adam, — eu disse. — Realmente sinto. Foi apenas... Algo veio à tona.

Os ombros de Justin ficaram tensos com a menção do nome de Adam, e ele virou e fez uma careta para mim.

— Sim, bem, não foi legal de sua parte me deixar de lado. — disse Adam. — Sem mencionar que eu estava extremamente preocupado. Estava quase chamando a polícia, mas corri para Rachel e ela me dissuadiu.

— A polícia? Por que você ligaria para a polícia?

— Porque você saiu com um bandido, e nunca mais deu notícias.

— Ele não é um bandido.

Justin levantou bruscamente e, em seguida, estendeu a mão. — Me dê o telefone.

Balancei minha cabeça. A última coisa que eu precisava era Justin pegar o telefone e começar a gritar com Adam.

— Adam. — eu disse. — Sinto muito que fiz você se preocupar, realmente. Mas estou bem, eu juro.

— Ela está bem, Adam. — Justin gritou, em tom irritado. — Cuide da sua maldita vida.

— O que ele está dizendo? — Adam exigiu.

— Olha. — disse, ignorando a pergunta: — Me desculpe, desapareci na noite passada. Isso foi errado de minha parte. Deixe-me fazer as pazes com você. Talvez possamos sair mais tarde ou algo assim? — não estava só tentando acalmá-lo. Sentia-me mal. Adam tinha sido legal comigo, e eu só o deixei

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sentado na loja de iogurte. Estava errado, e eu estava envergonhada pelo meu comportamento.

— Ok. — Adam disse, suspirando. Mas não parecia feliz.

— Mando uma mensagem para você mais tarde? — eu perguntei.

— Suponho que sim. — ele ainda parecia irritado. Mas, então, sua voz se suavizou um pouco. — Basta ter cuidado, ok?

— Eu vou.

Desligamos e voltei para a cozinha. Justin estava de costas para mim, colocando torradas em dois pratos. Ele os pegou e caminhou em direção à mesinha no canto.

Sentei-me. — Obrigada. — disse, enquanto ele colocava um prato na minha frente.

— De nada. — pegou o garfo e com raiva esfaqueou seus ovos.

— O que há de errado?

— Deixe-me fazer as pazes com você? — ele estava, surpreendentemente, fazendo uma boa imitação da minha voz. — O que isso significa?

— Significa que me sinto mal por tê-lo deixado sentado sozinho em uma loja de iogurte na noite passada sem nenhuma explicação.

— Eu te disse, não quero que você veja mais esse cara.

— Por que não?

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— Porque ele não presta.

Balancei minha cabeça e tomei um gole de suco de laranja que ele colocou para mim. — Não penso assim, Justin. Ele tem sido legal comigo.

— Exatamente.

— Exatamente o quê?

— Exatamente o meu ponto. Por que você acha que ele tem sido tão bom para você?

— Porque ele é uma boa pessoa?

Ele balançou a cabeça, como se não pudesse acreditar quão ingênua eu era. — Ele quer entrar nas suas calças.

— Não, ele não quer! — disse, chocada. — Ele nunca tentou nada. —mas enquanto dizia essas palavras, me lembrei da outra noite no Frog, quando Adam tinha colocado a mão na minha perna. No momento parecia inocente, mas Justin estava certo? Adam estava apenas tentando entrar nas minhas calças?

— Confie em mim. — disse Justin. — Ele está apenas dando tempo, fazendo com que você ache que ele é um grande cara, e depois, quando ele convencer você, ele vai tentar alguma coisa.

— Isso é ridículo.

— Confie em mim. — disse ele. — Não é.

Ele estava certo? Adam colocou a mão na minha perna. Mas ainda assim. Fora isso, ele não tinha sido nada além de bom para mim. Além do mais, eu não podia começar a ficar paranoica com todas as pessoas só porque Justin se sentia inferiorizado.

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— Bem, que seja. — eu disse, esperando que pudéssemos mudar de assunto.

— Que seja, nada! Se ele te tocar, eu vou matá-lo.

— Justin!

— O quê? — ele deu de ombros. — Estou falando sério, Lindsay. Não quero que ele coloque as mãos em você. E você pode dizer-lhe isso também.

Gostaria de perguntar a Justin por que ele não queria Adam colocando as mãos em mim, quando ele mesmo não tinha sequer tentado me beijar. Isso não fazia qualquer sentido. Se Justin estava com ciúmes de outro cara, então por que ele não tentava algo comigo?

Dei uma mordida em meus ovos. — Eles estão realmente bons. — disse.

— Vê? — ele sorriu, orgulhoso de si mesmo. — Eu te disse.

Poucos minutos depois, estávamos limpando a louça do café, quando meu telefone tocou novamente.

— Se for Adam novamente... — Justin avisou.

— E se for? — eu desafiei.

— Deixe-me ver o telefone. — respondeu ele, tentando agarrá-lo das minhas mãos.

Mais uma vez, senti a familiar faísca eletrizante, quando o corpo de Justin entrou em contato com o meu. Tentei manter a minha compostura, mas não foi fácil.

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— É Rachel. — disse, olhando para o identificador de chamadas e mantendo o celular fora de seu alcance. — Você sabe, minha companheira de quarto? Ela provavelmente está se perguntando por que não voltei para casa ontem à noite. — enviei a chamada para o correio de voz, não querendo entrar em uma grande conversa sobre onde eu estava. Então mandei um texto rápido, deixando-a saber, que eu estava bem e que estaria em casa em breve.

Justin deu um passo para trás e suspirou. — Provavelmente, está na hora de voltar para a vida real, né?

— Sim. — disse. Mas eu não queria dizer isso. Fiquei decepcionada. Eu não queria voltar para os dormitórios. Não queria ficar longe dele. Ainda assim, eu sabia que não poderíamos passar todos os momentos juntos. Isso seria uma loucura.

— Quer dizer, você pode ficar aqui, é claro que pode...

— Não, não. — disse rapidamente, não querendo que ele pensasse que eu era algum tipo de perseguidora louca — Você está certo. Eu deveria voltar para a escola. Tenho um monte de trabalho a fazer, de qualquer maneira.

O que era verdade. Eu tinha trabalho a fazer e uma vida real para voltar, não é? Eu não tinha certeza, de repente, se realmente importava ou não.

Ele balançou a cabeça, em seguida, foi para o seu quarto e voltou com o meu casaco.

— Espero que Gil fique bem. — disse enquanto eu o vestia.

— Gil vai ficar bem. — disse ele. — Confie em mim, ele já passou por coisas piores.

Eu não tinha certeza de como isso era possível, mas assenti. — Ok, bem, hum... — não sabia o que dizer. Me manda um sms mais tarde? Me liga mais tarde?

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— Eu vou mandar uma mensagem para você mais tarde. — disse ele. Estávamos na porta da frente agora, e ele a abriu para mim.

— Ok. — disse. Virei-me e dei-lhe um pequeno aceno. — Adeus, Justin.

— Adeus, Lindsay.

Ele deu aquele sorriso perfeito para mim, e praticamente voei até a estação trem. Sim, eu tinha horas de trabalho esperando por mim no meu dormitório, juntamente com uma colega de quarto, que, provavelmente, iria fazer um interrogatório sobre onde eu estava e o que eu estava fazendo, para não falar de toda a situação com o Adam.

Mas nada disso importava.

Tudo o que importava era Justin, e a sensação vertiginosa que estava hospedada comigo, mesmo depois de eu ter deixado o apartamento dele.

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JustinJustinJustinJustin

Gilbert estava

dormindo novamente quando fui vê-lo depois que Lindsay saiu. Ele parecia velho e pálido, como se tivesse envelhecido dez anos, nos últimos dias. Ele se agitou um pouco quando eu estava perto dele, abriu um olho e olhou para mim. A boca de Gil esticou em um sorriso lento. — Estou no inferno ou apenas encontrei o anjo mais feio para cuidar de mim?

Cruzei os braços. — Não há nada engraçado sobre o que aconteceu ontem à noite. Você se lembra? — eu tinha sido bom quando o tinha verificado esta manhã, mas o tempo de ser compreensivo acabou.

Ele bocejou e fez uma careta. — Na verdade, não me lembro de muita coisa. — ele tentou sentar-se. — Estou tonto. Merda. — deitou-se novamente. —Eu me sinto um lixo.

— Você precisa ficar limpo, Gil. Você vai morrer.

Ele olhou para mim, desta vez com os dois olhos abertos. — Você não acha que eu tentei, JB? Parece que cada dia leva um ano para passar, e nunca fica melhor. É apenas mais um dia em que eu tento sobreviver à doença.

— Vai ficar melhor. Você só tem que confiar...

— Confiar em quê?

— Confie em mim, — disse, olhando para ele. — estou lhe prometendo que vai ficar melhor.

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Ele estremeceu, fechou os olhos. — Eu confio em você, JB. Você é o único que restou. A única pessoa que não desistiu de mim ainda.

— Eu nunca vou desistir de você. — disse a ele.

Senti meu celular vibrar, e a primeira coisa que pensei foi que Lindsay tinha me mandado uma mensagem. Comecei a sorrir enquanto previa o que ela poderia ter escrito.

Espero que seja algo sexy.

Chequei meu telefone e meu sorriso desapareceu. Era uma mensagem do treinador Jansen.

Quero falar com você. Encontre-me em uma hora em Suffolk Downs

Raceway.

Não é exatamente o que eu estava esperando. Não tinha certeza por que ele iria me pedir para encontrá-lo no hipódromo em vez de na academia. Ainda estava expulso do ginásio, apesar de Drew Ellis ter acabado de dizer que ele queria que eu treinasse forte para a minha próxima luta?

— Nada é fácil. — murmurou Gil do chão.

Olhei para ele. — Isso é verdade. Mas você não vai apreciar nada se não trabalhar duro para consegui-lo.

— Fale por você. — ele gemeu e capotou.

— Olha, tenho que sair um pouco. — esperei que Gil me respondesse, mas ele não disse nada. — Se você acordar e ficar com fome, há algumas coisas na geladeira. Basta esperar aqui até que eu chegue em casa, ok?

Gil só gemia e parecia enrolar seu corpo ainda mais, como se estivesse tentando fugir da minha voz.

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Balancei minha cabeça, odiando ver meu melhor amigo agindo como algo saído de um filme de TV ruim da semana. Não conseguia me esquecer de como Gil costumava ser, o garoto que dava discursos antes das grandes lutas, que havia treinado mais do que qualquer outra pessoa, que tinha sido mais inteligente e mais engraçado do que qualquer pessoa que eu conhecia.

Ele deveria estar me inspirando, me ajudando, me mantendo na linha - mas agora eu estava sozinho, tentando olhar por ele e por mim. Consolava-me, o fato de que ele iria ficar bem. Pelo menos neste momento.

Quando fui me vestir para o dia, ocorreu-me que a vida realmente poderia torcer e virar em algumas direções inesperadas. E isso me fez pensar em Lindsay.

Puxei uma camisa sobre a minha cabeça e peguei um jeans do meu armário, lembrando a forma como estávamos na minha cama juntos, não muito tempo atrás. Seu corpo tinha estado a centímetros do meu e eu mal tinha sido capaz de me conter de rasgar as roupas dela.

Ela tinha um corpo que foi construído para sexo - qualquer um podia ver isso. Debaixo dessa aparência de boazinha, sabia que havia uma garota selvagem apenas esperando para sair. Pude ver em seus olhos e senti isso no jeito que ela, às vezes, me tocava, a maneira como sua boca se abria de certa forma, quando eu a segurava e a acariciava.

Ela me deixava tão insano que eu tinha feito um voto de não me envolver romanticamente com ela.

Fiquei me perguntando se estava dando importância demais a isso, por que não poderia transar com ela e acabar logo com isso?

Examinei o meu rosto no espelho, observando que o corte no meu olho já estava substancialmente melhor do que tinha estado um dia atrás. Em quatro ou cinco dias, provavelmente poderia fazer algum treino de contato leve, se tivesse cuidado.

O que eu realmente queria era algum contato intenso com Lindsay. Queria subir em cima dela e estar dentro dela, queria deixa-la saber que eu

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estava me sentindo de maneiras que ela nunca poderia confundir - lhe mostrando o quanto eu a queria.

Mas havia alguma coisa me segurando. Não importava o quanto eu a queria, não importava o quanto eu estava tentado pelos flashes de sua pele, a atração de seus seios perfeitos, sua bunda bem definida, aquelas pernas que nunca acabavam - não podia me obrigar a fazer algo que eu sabia que acabaria por machucá-la.

Lindsay tinha grandes objetivos na vida, é por isso que ela estava indo para a Universidade de Cambridge, e não para a Faculdade Comunitária de Bunker Hill. Não que houvesse algo de errado com a faculdade comunitária, mas garotas como Lindsay não compareciam a esse tipo de lugar. Ela ia fazer coisas incríveis que uma pessoa comum não poderia sequer imaginar. Eu não ia estragar isso para ela.

Eu tinha meus próprios grandes planos, e definitivamente não eram compatíveis com o tipo de vida que Lindsay estava tentando fazer por si mesma.

Falando de grandes planos, precisava sair para o hipódromo antes que o Treinador Jansen tivesse outro motivo para estar chateado comigo.

***

Não tinha estado em Suffolk Downs em anos. Costumava ir o tempo todo com meu pai quando eu era pequeno, e na época eu pensava que era a coisa mais legal do mundo.

Todo mundo no hipódromo o conhecia, e ele os conhecia. Eles ainda o chamavam de — o prefeito — e eu pensava que era tão incrível - quase como se o meu pai fosse realmente o prefeito, e não apenas algum viciado que tinha jogado fora cada centavo que ele já possuiu.

Andar a pé da estação de trem para o hipódromo trouxe de volta muitas memórias daqueles velhos tempos. Praticamente podia sentir o cheiro do casaco cinza esfumaçado que meu pai sempre usava, quase podia sentir sua mão áspera segurando a minha, enquanto fazíamos o nosso caminho para o hipódromo juntos.

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Estava distraído com minhas memórias quando vi o Treinador Jansen parado na entrada do clube, esperando por mim.

Ainda não tinha ideia do por que ele queria que eu fosse encontrá-lo lá. Ele nunca pareceu ser o tipo apostador, mas, novamente, você nunca sabia o que as pessoas faziam em suas vidas privadas.

— Obrigado por ter vindo. — disse ele quando cheguei mais perto.

— Não tem problema. Foi um convite inesperado. — disse, sorrindo, tentando ler suas intenções quando ele olhou para mim.

Seu rosto estava sério, como de costume. — Vamos. Já fiz uma aposta nesta corrida, vamos lá vê-los correr.

— Ok.

Ele me entregou um bilhete e vi que ele apostou quatro dólares no cavalo número oito, Andarilho Feliz, com probabilidades de seis para um.

Fomos para as arquibancadas e ele se sentou ao lado dos outros degenerados, que já estavam batendo palmas e gritando. Engraçado como esses sons familiares trouxeram de volta muitas memórias felizes, mesmo que eu soubesse melhor coisas agora. Todos aqueles momentos em que pensei que o meu pai estava me levando para algum lugar feliz, algum lugar legal, tudo tinha sido uma grande mentira.

Deixei meus olhos passarem pelas pessoas ao meu redor, certificando-me de que ele não estava lá. Era possível que ele tivesse apostado nesta mesma raça, e ele estaria sacudindo o punho e gritando junto com os outros.

—Então, obviamente, te trouxe aqui por uma razão. — disse Jansen, assim que levaram os cavalos para o portão de partida.

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— Obviamente. — disse. — A menos que você só queria a minha ajuda nas fragilidades da corrida. — tomei o formulário da corrida de sua mão e olhei para as estatísticas da corrida.

— Eu não sabia que você apostava em cavalos. — respondeu ele.

— Eu não aposto. — sorri para o que eu estava vendo sobre a corrida. —Você obteve seis para um no Andarilho Feliz, mas pelo que eu estou vendo, ele é dez para um na melhor das hipóteses. Ele não teve uma vitória em seis estádios e esta é uma corrida de sete Furlong. Além disso, ele é clássico na vanguarda, mas está na pista externa, o que torna ainda menos provável que tenha um bom começo.

Entreguei o formulário de volta e ele apenas olhou para mim. — Quem é você, a porra do Rain Man ou algo assim?

— Meu pai costumava me trazer aqui o tempo todo.

— Oh. — Jansen suspirou. — E eu, pensando que ia lhe ensinar alguma coisa.

— É disso que se trata? Você está me ensinando alguma coisa?

Um momento depois, o tiro de partida foi dado e os cavalos explodiram de seus portões, os cascos batendo na pista, levantando pedaços de terra enquanto corriam.

— Porra, Andarilho Feliz saiu lento. — disse Jansen.

O cavalo oito já estava quatro voltas atrás do primeiro turno. — Ele vai ter sorte de ainda se mostrar. — disse ele.

Ele olhou para mim. — Você é um garoto inteligente, JB. Talvez demasiado inteligente para o seu próprio bem.

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— Não sei o que você quer dizer com isso.

Ele olhou para seus pés. — Talvez não possa ensiná-lo alguma coisa sobre corridas de cavalos que você não saiba. Mas o que você sabe sobre galgos?

— Não muito. Meu pai odiava ir para a pista de cães. Ele dizia que não havia nenhuma habilidade em apostar em cães.

— Talvez ele estivesse certo. — disse Jansen. — E talvez isso tenha a ver com a forma como eles tratam os animais.

— Talvez. Eu não sei.

— Galgos são tratados terrivelmente e eles correm no chão. Dentro de alguns anos, ou menos, eles tornar-se financeiramente sem valor e os proprietários os abandonam.

— Isso é terrível.

— Sim, isso é. E você sabe, no MMA, agora, há um grande número de organizações e equipes de treinamento que tratam os seus lutadores como os galgos. Ou pior.

Olhei para ele, ainda não tendo certeza do seu ponto de vista. — E?

— E. — disse ele, finalmente, me olhando nos olhos — Eu não vou fazer isso com você.

— Obrigado. Quer dizer, eu aprecio isso, mas eu não sei por que veio aqui...

— Não vou te dar a luta no próximo mês. — ele disse isso tão rápido que quase não pude processá-lo.

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A multidão irrompeu com os cavalos na reta final, com o Andarilho Feliz chegando em sexto. As pessoas ao nosso redor jogaram os bilhetes no chão, amaldiçoando a sorte e o destino, enquanto eles se dispersaram para apostar na próxima corrida.

Fechei os olhos e tentei acalmar o meu coração que estava batendo rápido, de repente. — Você não está me dando à luta? — Abri os olhos e olhei para ele novamente. — Por causa dessa pequena briga entre mim e Uriah?

— Não. — disse ele. — Pelo menos, esse não é o principal motivo. Só não acho que você está pronto para ir para a UFF. Fisicamente, você é ótimo, mas você precisa de mais tempo para ficar emocionalmente pronto.

—Você está tirando minha chance? — fiz uma careta, como se não acreditasse nas palavras, quando elas saíram da minha boca.

— Não posso fazer algo que acho que prejudicaria a sua carreira a longo prazo. Eu lhe dei muita coisa em que pensar, JB.

— Drew Ellis quer que eu assine o acordo. Ele mesmo me disse isso.

— Mas depois de conhecê-lo, ele estava preocupado. Ele me disse que parecia um canhão solto.

— Como se não existisse canhões à solta na UFF agora? — eu zombei. — Não é um clube de xadrez. Ficamos em uma gaiola e batemos a merda fora uns dos outros.

— Eu sei disso. — o Treinador disse, elevando a voz para igualar com a minha. — Mas você pode ser grande - um campeão - se você se desenvolver e treinar adequadamente. Nem todo lutador tem o seu potencial, JB. Se você fosse apenas um garoto mediano, que teve a sorte de conseguir algumas vitórias como profissional, eu o levaria para o escritório de Drew agora e você assinaria na linha pontilhada. Mas você não é médio. Você tem um talento especial.

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— Tão especial que você está tomando algo que significa tudo para mim. — me levantei. — Você me trouxe aqui para tentar provar um ponto, mas você não tem nenhum ponto.

— Eu sou o seu treinador. — disse ele, com os olhos cada vez mais intensos, quando se levantou para me enfrentar.

— E estou tentando protegê-lo, mas você é muito malditamente teimoso e estúpido para perceber isso.

— Eu sou estúpido? — cuspi as palavras, querendo bater-lhe com força, só para mostrá-lo que eu podia. Em seguida, a sensação passou e relaxei um pouco. — Isso é engraçado. Achei que você tinha dito que eu era inteligente demais para o meu próprio bem. — virei-me e comecei a me afastar.

— Volte aqui, JB. Ainda não acabei de falar com você.

Eu me virei, sorrindo um pouco, mas meu estômago estava queimando com ódio. — Não tenho mais nada a dizer. Oh, sim, exceto isso. Eu desisto.

Não olhei para trás depois disso.

***

Não sei por quanto tempo vaguei pelas ruas perto do hipódromo, minha mente em branco.

Andei sem rumo, chocado e com uma sensação de dormência, em seguida, uma raiva maçante começou a pulsar no meu estômago, como se tivesse engolido uma brasa que estava assentada e queimando dentro de mim.

Eventualmente, me encontrei em frente ao Teatro AMC Filme. Não sabia como acabei lá, mas de repente percebi que queria entrar. Queria me sentar na escuridão com a luz bruxuleante do projetor, a tela grande e nada para fazer.

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Então percebi outra coisa.

Peguei meu celular e mandei uma mensagem.

Quer ver um filme comigo?

Eu só esperava que ela não estivesse ocupada com a universidade ou algo assim.

Finalmente, cerca de um minuto mais tarde, ela respondeu. Amanhã à

noite?

Digitei de volta. Não. Hoje. Venha agora.

Tudo bem. Acho que sou apenas a sua garota sempre obediente. ;)

Sorrindo com a última resposta de Lindsay, mandei uma mensagem com o endereço para ela e disse que estaria esperando do lado de fora.

Comprei dois bilhetes para um filme de Reese Witherspoon e Ryan Gossling que estava começando em cinco minutos. Provavelmente iríamos perder o início, mas todos os ouros iriam começar daqui à uma hora, ou já tinham começado há muito tempo.

Depois de pegar os bilhetes, sentei em um banco observando os pedestres e carros passando por mim, tentando o meu melhor para não insistir no fato de que tudo para o que eu estava trabalhando nos últimos anos da minha vida tinha desmoronado tão rapidamente ao meu redor.

O que eu tinha feito para fazer o Treinador Jansen mudar de ideia sobre me dar uma chance para lutar na UFF? Nada. Ele até admitiu que o pequeno conflito com Urias não tinha sido a causa de sua hesitação. Ele tinha acabado de me puxar o tapete sem uma boa razão.

Não era justo. Era com minha vida que ele estava brincando. Afinal, quem sabia se eu iria ter outra oportunidade de assinar um contrato?

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Um pouco depois, vi Lindsay caminhando em minha direção. No mesmo instante, me senti um milhão de vezes melhor. Ela estava vestindo shorts, que pairavam baixo nos seus quadris e uma dessas camisetas rosa que pareciam empurrar seus peitos para fora, como se estivesse me desafiando a olhar. A olhei um pouco mais, porque eu estava pensando em arrastá-la dentro do primeiro táxi e voltar para o meu apartamento para que eu pudesse fazer as coisas mais sujas imagináveis com ela.

—Ei. — ela disse. — Parece que você acabou de ver um fantasma.

Forcei meus olhos para longe de seu peito. E então eles foram para os quadris novamente... e por que eu estava quase certo que os quadris dela poderiam trabalhar horas extras se chegássemos à situação certa (ou errada) juntos?

Ela está fora dos limites. FORA DOS LIMITES.

— Estou apenas tendo um dia realmente estranho — disse, tentando me trazer de volta à realidade, longe dos meus pensamentos confusos.

— O que há de estranho sobre o seu dia? — ela me perguntou.

— Nós não temos tempo para longas explicações. — disse, pegando a mão dela. — Vamos entrar, o filme já começou.

Demos os nossos bilhetes para o atendente e então eu estava andando rapidamente em direção à sala nove, ainda segurando a mão de Lindsay. Ela estava rindo quando a puxei junto.

— Você está indo rápido demais, Justin!

— Vamos lá, eles vão nos bloquear! — disse, fingindo pânico.

— Não, eles não vão. Além disso, eu quero refrigerante e algo para comer.

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Eu parei. — Você está falando sério? Estamos atrasados.

— Não me importo. Filmes não são divertidos sem lanches. — ela fez uma cara triste.

— Pare de ser tão bonitinha — disse, e, em seguida, caminhei até o stand com ela.

A adolescente no balcão olhou com expectativa para nós. — Posso ajudar?

Olhei para Lindsay. — Você é a conhecedora de lanches. — eu disse. — Diga o que você quer. É por minha conta.

— Você não tem que pagar. — disse Lindsay. — Eu trouxe dinheiro.

— Mas eu quero.

— Você está tentando comprar meus afetos?

— Nem um pouco. Estou tentando acelerar o processo para que possamos entrar, antes de perder a coisa toda. Então diga a jovem simpática o que você quer.

—Hmmmm... — ela estava usando chinelos e deixou cair um de seu pé e, em seguida, colocou um sobre o outro enquanto pensava sobre o que ela queria. — Uma Coca Diet pequena e uma pipoca média.

A garota voltou com o pedido pronto e paguei por ele.

Peguei o saco de pipoca e Lindsay levou refrigerante. Fomos para a nossa sala e a levei para uma agradável e aconchegante fileira de assentos no canto distante de trás. Nos sentamos um ao lado do outro.

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Era difícil me concentrar no filme, porque Lindsay estava bem perto de mim, e nossas pernas estavam se tocando. Nós compartilhamos a pipoca e minha mão continuou tocando a dela quando chegávamos no saco. Nem sempre foi um acidente da minha parte, não mesmo.

Depois de algum tempo, ela começou a sussurrar perguntas para mim. — Por que você disse que você estava tendo um dia estranho? — sua respiração fez cócegas na minha orelha enquanto falava, e fiquei ainda mais ligado do que já estava.

Dei de ombros.

— Vamos, eu quero saber. Por favor. — ela sussurrou novamente, puxando para fora a palavra por favor e agarrando minha mão, enquanto ela dizia.

Finalmente, me inclinei. — Vamos lá, não podemos falar aqui.

— Para onde estamos indo?

— Apenas me siga. — instruí, e então corri para fora da sala escura. Ela me alcançou no corredor.

— Justin, que foi?

— Olha, tenho certeza que uma dessas salas está vazia no momento. Vamos entrar lá e falar onde ninguém pode nos ouvir.

— Isso é ilegal.

Eu ri novamente. — Não acho que eles vão vir e nos prender por nos esconder em uma sala de cinema vazia.

— De jeito nenhum. — ela balançou a cabeça. — Vamos voltar para o filme que pagamos para ver.

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— Não, esse filme é uma merda. — agarrei a mão dela novamente, puxando-a para mim. — Confie em mim, Lindsay.

Ela respirou fundo e mordeu o lábio.

— Vamos. — provoquei. — Você sabe que está curiosa. Você está morrendo de vontade de viver a vida no limite.

Ela revirou os olhos. — Dificilmente.

Ainda assim, ela me deixou arrastá-la para a primeira sala vazia que pude encontrar. Ainda estava escura, na verdade, porque os créditos do último filme estavam rolando, mas todo mundo já tinha ido embora. Fizemos todo o caminho até a parte de trás e sentamos juntos.

Na escuridão, eu podia ver sua camisa e a forma como seus seios estavam quase escondidos sob o tecido apertado. Deixou-me louco o fato que ela tivesse usado tal camisa apertada. Eu já sabia que ela tinha um corpo sexy, mas agora ela o estava ativamente exibindo e eu estava lutando para me lembrar porque decidi ser apenas amigo dessa garota.

— Você ainda está nervosa? — eu perguntei.

Ela assentiu com a cabeça. — Claro! E se aparecer alguém?

— Nós nos abaixamos e esperamos que eles não venham até aqui. Ou liguem para a polícia.

Seus olhos se arregalaram em alarme.

— Estou apenas brincando. — tomei suas mãos nas minhas. — Não se preocupe, vou cuidar de você. De qualquer forma, a pior coisa que poderiam fazer é nos expulsar. E se isso acontecer, vamos sair e conversar.

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Esfreguei suas mãos suavemente enquanto falava e a senti relaxar. Sua pele era macia e suave. Gostei de segurar suas mãos nas minhas, e gostei de fazer ela se sentir bem. — Tive que parar de trabalhar com o meu treinador de MMA hoje. — disse calmamente, enquanto meus dedos continuavam a acariciar suas mãos.

Ela olhou assustada. — Você parou de lutar?

— Não, eu não parei de lutar. Mas meio que sai da minha academia e, basicamente, deixei o meu treinador. Ou talvez ele me deixou, não estou totalmente certo.

— O que aconteceu?

Contei a ela a história, e todo o tempo, continuei massageando suas mãos. Foi interessante, porque em um nível, eu estava completamente ligado. E tenho a sensação de que eu estava definitivamente ligando-a, também.

Mas nenhum de nós disse nada sobre o fato de que eu estava lhe esfregando as mãos de forma sedutora. Apenas nos mantivemos discutindo meus problemas com o treinador.

Mal podia me concentrar na conversa, porque tudo o que eu podia fazer era me imaginar beijando aqueles seus suaves lábios e depois o pescoço, sentindo seus seios quando tirasse o sutiã dela...

—... Fazer o que ele fez. — disse ela. — Você não acha?

—Huh? — perguntei, realmente confuso sobre o que ela estava dizendo.

— Eu disse, ele deve ter tido uma boa razão para fazer o que ele fez. Quer dizer, ele é seu treinador, ele quer que você tenha sucesso. É o trabalho dele.

— Treinador Jansen é estranho. Muitas pessoas dizem que ele se esforça demais para ser mais do que um treinador ou o que um treinador deve ser. Ele está tentando ser o pai de todos, seu psiquiatra, seu padre. Ele nunca é apenas

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um treinador, ele tenta moldá-lo no seu sistema, sua academia, no seu jeito de fazer as coisas.

— Você acha que é verdade? É por isso que ele tentou tirar o seu contrato?

— Não sei. — eu disse. —Só sei que eu já estava recusando ofertas de outras academias e organizações menores no ano passado, porque eu queria continuar a trabalhar com o Treinador Jansen.

— Bem, talvez isso seja uma coisa boa, então. Talvez você precise ir ao mercado e ver o que você vale.

—Ir ao mercado? Como se fosse um encontro casual ou algo assim?

— Mais ou menos. Chegue lá e veja quem quer trabalhar com você. Aposto que qualquer um gostaria de tê-lo em seu ginásio.

Sentei-me, pensando pela primeira vez que talvez o que aconteceu hoje não fosse uma coisa tão ruim, afinal. Era verdade que eu tinha sido fiel ao Treinador Jansen no passado, quando outras academias com grandes equipes haviam se aproximado de mim. Porém, sempre tive essa dúvida incômoda na minha mente, que talvez eu estivesse me segurando quando deveria ter ido. Eu estava com medo de ir a um ginásio competitivo com um grupo de profissionais muito bem sucedidos, porque assim eu não seria mais o grande homem no campus?

— Desculpe. — disse ela. — Acabei de fazer algum sentido?

— Não, você fez muito, muito sentido.

As luzes se acenderam e as cortinas fecharam na tela em frente.

Olhamos um para o outro, ambos parecendo sentir um pouco estranho agora que as luzes estavam tão brilhantes. Ela ainda parecia totalmente quente, no entanto. Seu cabelo estava sobre um ombro e ela estava olhando para mim

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com um pequeno meio sorriso. E aqueles lábios... precisava parar de focar tanto no quão sexy ela estava e pensar em outra coisa.

Peguei a mão dela novamente. — E você? — perguntei.

Ela olhou para mim. — E eu?

— Você sabe tudo sobre o que estou tentando fazer. Você sabe que eu quero lutar para viver. Qual é a sua história? O que você quer fazer com sua vida?

Ela sorriu e seu rosto corou. — É embaraçoso. Sinto-me boba em dizer isso desse jeito.

Puxei a mão dela para perto de mim e comecei a esfregar a palma da mão novamente. — Diga-me. Quero saber.

— Acho que eu quero ser uma médica. Quero praticar a medicina, provavelmente me tornar uma neurocirurgiã.

— Como um cirurgião de cérebro?

— Sim. É super idiota?

— Claro que não. É super impressionante. Quer dizer, isso deve significar que você é uma das pessoas mais inteligentes de toda esta maldita cidade.

— Não, eu não penso assim.

—Aposto que você é. Achei o máximo.

— Não é como se tudo fosse perfeito para mim. — disse ela. —Na verdade, apenas recentemente um dos meus professores me chutou para fora da classe e

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se recusou a me deixar entregar um trabalho que tanto me esforcei para concluir.

— Talvez você só precise chegar lá e encontrar outra maneira, como você me disse para fazer. — levantei uma sobrancelha para ela e ela me deu um empurrãozinho.

— Não use minhas próprias palavras contra mim, Justin.

Agarrei-lhe o pulso. — Cuidado, você sabe que sou um lutador treinado.

— Você não faria mal a uma menina.

— Não disse que iria te fazer mal. — coloquei minha mão em sua perna, acariciando sua pele. Sentamos assim por um tempo, comigo alisando-a, movendo-me mais e mais até sua coxa. Coloquei meu dedo sob o fundo de seus shorts, avançando-os ainda mais. Eu estava tão ligado, que pensei que iria enlouquecer. Lindsay estava me olhando, com a boca ligeiramente aberta, com o rosto corado.

Estava prestes a me inclinar e colocar minha língua direto em sua boca, sentir seus lábios contra os meus, cavar minhas mãos para baixo de seu short curto e sentir a pele macia de seus quadris, seu traseiro, e depois, lentamente, chegar sob sua calcinha...

Jesus. Se não sair daqui, vou fazer algo que me arrependerei seriamente.

— Merda, eu tenho que ir. — disse a ela.

— O quê? — ela sentou-se ereta, olhando confusa e preocupada.

— Eu - eu só percebi que preciso ir ao ginásio antes dele fechar e conversar com o treinador lá. Você estava certa, Lindsay. Você estava tão certa... Eu... Eu tenho que ir! — levantei-me e praticamente corri pela sala. Olhando para ela, gritei. —Te mando uma mensagem mais tarde, ok? Desculpa!

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E então continuei correndo.

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LindsayLindsayLindsayLindsay

Eu estava tão

excitada que literalmente tive que respirar fundo tentando me recuperar.

A mão de Justin tinha estado na minha coxa, na minha pele nua, avançando para o fundo do meu short até um pouquinho para que ele pudesse me tocar – ele me deixou tão quente que eu teria me entregado a ele naquele momento, teria feito tudo o que ele me pedisse.

Se ele quisesse, provavelmente teria tido relações sexuais com ele ali mesmo na sala de cinema vazia. Meu corpo parecia que estava latejando de desejo.

Por que diabos ele não tinha me beijado? Estávamos de mãos dadas, era escuro, estávamos sozinhos... Sabia que ele queria. Pelo menos, acho que ele queria. Caso contrário, por que ele teria me tocado daquele jeito? Fechei os olhos e desejei que ele estivesse comigo novamente.

Toda vez que ele me deixou, senti como se parte de mim estivesse sendo arrancada. Ele estava me consumindo, e não me importava.

O pensamento do que poderia acontecer, se ele tivesse me beijado, era aterrorizante. Se eu estava envolvida com ele agora, o que aconteceria quando os lábios dele tocassem os meus? Ou se fôssemos ainda mais longe?

Tremi.

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Sentei lá por mais alguns minutos, me forçando a respirar fundo até que me acalmei. Eu estava tão carregada que não confiava em mim mesma para levantar.

Finalmente, levantei-me e deixei o cinema. As coisas que falei com Justin ainda estavam em minha mente. Talvez Justin estivesse certo quando disse que eu ainda poderia encontrar uma maneira de convencer Dr. Klaxton a me dar outra chance. Se eu estava dizendo a Justin que ele precisava ir atrás de seus sonhos e não se contentar com nada menos, então eu precisava seguir o meu próprio conselho.

Assim que voltei ao meu quarto, sentei-me no meu computador e abri o trabalho que tinha escrito para o Dr. Klaxton. Eu o li. Estava muito bom. Melhor até do que tinha pensado. Passei a consolidar algumas das minhas ideias, adicionando alguns novos argumentos, movendo as peças do trabalho até que tudo se encaixava mais perfeitamente.

Eu tinha o quarto só para mim - Rachel saiu com uma garota do colégio que estava indo para a Universidade de Boston. Ela teria ficado orgulhosa de mim pelo trabalho. No entanto, antes, quando cheguei da casa do Justin, ela não tinha ficado muito animada em me ver. Ela me instruiu sobre como eu precisava deixá-la saber se eu ia passar a noite com Justin, de modo que ela não se preocupasse.

Concordei, mas percebi que ela queria dizer mais, provavelmente sobre como eu precisava ter cuidado para não ficar tão presa a um cara que eu acabara de conhecer, especialmente quando eu tinha acabado de começar a universidade. Sabia que ela estava pensando em como tinha me atrasado para a aula e como perdi minha chance de conseguir uma dessas vagas de assistente de pesquisa.

Espere até que eu dissesse a ela sobre o que estava prestes a fazer.

Antes que pudesse parar ou repensar meu plano, ou chegar a um milhão de razões de porque não era uma boa ideia, imprimi uma cópia do meu novo trabalho, colocando-o cuidadosamente em uma pasta e, em seguida, parti em direção ao prédio de ciências.

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Sabia que não haveria ninguém lá neste momento num fim de semana. Mas não me importei. Ia deslizar meu trabalho por debaixo da porta do escritório do Dr. Klaxton, assim, seria a primeira coisa que estaria esperando por ele na segunda-feira de manhã. O que de pior poderia acontecer?

Ele iria pensar que eu era psicopata e me odiar? Ele já me odiava. Não poderia ficar pior.

O campus estava deserto, com a maioria das pessoas fora da cidade ou em festas nas casas de fraternidade ou enfurnados na biblioteca estudando. A noite estava fresca, e caminhei a passos largos, em um esforço para me aquecer.

O prédio de ciências não estava trancado, mas não havia ninguém lá dentro. Na verdade, as salas estavam completamente vazias. Era um pouco assustador, decidi deixar meu trabalho e sair de lá o mais rápido possível.

Subi as escadas para o escritório do Dr. Klaxton, subindo dois degraus ao mesmo tempo. No momento em que cheguei ao topo, estava sem fôlego, e fiz uma promessa para começar a malhar no ginásio do campus.

Talvez Justin pudesse me dar algumas dicas.

Justin. Só de pensar nele sentia um enxame de borboletas ao redor do meu estômago, então fiz o meu melhor para empurrá-lo para fora dos meus pensamentos.

Quando cheguei ao escritório, olhei para o meu trabalho, de repente, sem saber o que fazer.

Devo apenas deslizá-lo por debaixo da porta? Eu ia colocar o nome do Dr. Klaxton no título, mas e se ele não entendesse? Deveria colocá-lo em um envelope com o nome dele? Provavelmente, mas isso implicaria voltar para o meu quarto, e agora que estava aqui, queria apenas acabar logo com isso antes que eu amarelasse.

Decidi escrever uma nota.

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Eu tinha um novo pacote de post-its na minha bolsa, e o peguei. Era um daqueles blocos multicoloridos, do tipo com diferentes cores de folhas - amarelo, laranja e verde. Fiquei olhando para ele, querendo saber qual a cor que me daria a melhor chance.

Laranja parecia um pouco chamativo, mas talvez isso era o que ia chamar a atenção do Dr. Klaxton. Por outro lado, não queria parecer que estava desesperada.

Então, talvez o amarelo padrão fosse a melhor opção.

Você está exagerando, Lindsay, disse a mim mesma. Conformei-me com o amarelo, esperando que o conservadorismo da cor me ajudasse a compensar a ação louca que estava tomando, deixando esse trabalho quando Dr. Klaxton praticamente me disse para me ferrar.

Coloquei o bloco de post-its contra a porta e me preparei para escrever. O que deveria dizer, entretanto? Talvez algo conciso como: — Você não acha que pode se livrar de mim tão facilmente, não é?— Não, muito louco. Ou eu poderia ir para o clima sério, dizer algo sobre como eu nunca vou desistir. Oooh, ou eu poderia usar uma citação. Talvez algo filosófico, algo que transmitisse a ideia de que a pessoa que se esforça sempre acaba...

A porta do escritório se abriu do outro lado, e cai para frente, quase perdendo o equilíbrio. — Ahhh! — eu gritei. O post-its saiu voando das minhas mãos para o chão, assim como meu trabalho.

— Ei, ei, ei — disse uma voz. —Você está bem?

Percebi que tinha tropeçado nos braços de alguém.

— Estou bem. — disse, me separando da pessoa e dando um passo para trás. Alisei minhas roupas.

— Desculpe, não queria te assustar. — era um menino. Bem, um homem. Não, um menino. Na verdade, não podia dizer se era um menino ou um homem.

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Ele era definitivamente mais velho do que eu. Mas não muito mais velho. Talvez vinte e três ou vinte e quatro?

— Está tudo bem. — disse. — Eu só, hum... Não estava esperando que alguém estivesse aqui.

— Sim, bem, geralmente não estou. Mas com os laboratórios começando esta semana, eu tinha um monte de trabalho a fazer. — ele sorriu.

— Sou Carter.

— Lindsay.

Ele abaixou-se e pegou o meu trabalho, olhando para ele quando o devolveu.

— Você é uma das alunas do Dr. Klaxton?

—Sim.

— Eu sou seu TA1. Bem, para seus laboratórios de qualquer maneira. Você provavelmente vai estar na minha seção.

Ótimo. Agora, não só o Dr. Klaxon me odiava, mas eu tinha feito papel de boba na frente de seu professor assistente. Assistente esse que ia ensinar minha seção de laboratório.

— Oh, legal. — disse calmamente. — Bem, eu só ia entregar esse trabalho para ele. — olhei para baixo. O documento não parecia tão bom. Estava um pouco amassado, e algumas manchas de sujeira haviam grudado na parte superior, perto do meu título. Tentei tirá-los, mas não funcionou. Estava apenas manchado.

1 Assistente de professor.

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— Oh, eu não sabia que o Dr. Klaxton tinha atribuído um trabalho. — Carter sorriu para mim. Ele tinha um sorriso agradável. Era muito reconfortante. Perguntava-me como ele conseguia ficar em torno de Dr. Klaxton o tempo todo. E então, percebi que eu estava desesperada para me inscrever no mesmo destino - se por algum milagre eu ganhasse um desses postos de assistente de pesquisa, eu ia ter que estar em torno de Dr. Klaxton o tempo todo, também.

— Era para a posição de assistente de pesquisa. — disse.

— Pensei que já tinha passado.

— Sim, bem. — eu suspirei. — Estava atrasada para a aula naquele dia, então não consegui entregá-lo.

Carter sorriu e revirou os olhos. — E deixe-me adivinhar, ele não aceitou? Provavelmente te humilhou na frente de todo mundo?

— Sim!— eu disse. — Como você sabe?

— Porque ele fez a mesma coisa comigo no meu primeiro ano.

— Você estava atrasado demais?

— Não. — ele balançou a cabeça. — Eu não tinha feito à leitura, e quando Dr. Klaxton me chamou, eu não respondi. Eu estava doente, com pneumonia, basicamente minha pieira fez caminho através da classe. Qualquer um poderia dizer que eu estava doente, mas importava para Dr. Klaxton? Não... Ele me disse que se eu não tivesse feito a leitura, então não era bem-vindo em sua classe. E me chutou na frente de todos.

— Uau. Como você voltou para o lado dele?

Ele coçou o queixo e pensou sobre isso. Então encolheu os ombros. — Porque não desisti. Aceitei que precisava jogar com suas regras, mesmo que pensasse que elas eram injustas.

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Olhei para o meu papel, e então disse: — Você acha que Dr. Klaxton pensaria que sou uma psicopata se eu entregasse este trabalho?

Ele hesitou. Poderia dizer que ele achava que eu era meio maluca, mas não queria me decepcionar. Ele estendeu a mão e tirou com cuidado o trabalho de mim. — Vou te dizer uma cosa. — disse ele. — Que tal se eu der isso para Dr. Klaxton? Vou dizer a ele que entrei e o encontrei, que se mostrou promissor e que ele deveria lê-lo.

— Você faria isso por mim? Mas você nem sequer o leu ainda.

Ele deu de ombros novamente. — E daí? Tenho certeza que é bom. Você não estaria aqui se não acreditasse nisso.

— Isso é bom.

Por alguma razão, a voz de Justin ecoou pela minha cabeça naquele momento. Eu podia ouvi-lo dizer que nenhum cara era bom para você apenas por ser agradável, que sempre tinha um motivo oculto. Mas isso era uma loucura. Nem todo cara estava andando por aí como um louco maníaco sexual. E, além disso, algo sobre Carter era reconfortante. Ele esteve na minha posição antes, e sobreviveu. Talvez fosse porque ele tinha saído da faculdade, mas ele fez parecer que as coisas pelas quais eu estava passando não eram grandes coisas, que poderiam ser corrigidas. Foi reconfortante, gostei.

— Você, hum, pode querer imprimir uma nova cópia primeiro. — disse diplomaticamente.

— Oh! Sim, definitivamente. Hum, vou descer para o laboratório de informática. Tenho uma cópia no meu e-mail.

— Você pode fazer isso aqui. — disse ele. — Há um computador pessoal na outra sala.

— Você tem certeza? Não quero colocá-lo em apuros.

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— Você não vai me colocar em apuros. — disse ele. — Estarei no escritório do Dr. K. Basta trazer para mim quando tiver terminado, ok?

— Ok. — Fui pela porta que ele apontou para mim e sentei-me em frente ao computador. Entrei no meu e-mail e imprimi uma cópia do meu trabalho. A impressora no canto zumbia à vida. Peguei os papéis nítidos e me certifiquei que todos estavam lá e na ordem certa. E então passei uns cinco minutos verificando e confirmando que saí da minha conta de e-mail. A última coisa que eu precisava era do Dr. Klaxton ou sua equipe tendo acesso aos meus e-mails pessoais.

Trouxe o trabalho para Carter. — Aqui está. — disse. Ele estava no escritório do Dr. Klaxton, digitando algo no computador.

— Legal. — disse ele, sem olhar para cima. — Eu vou dar ao Dr. K e dizer umas boas palavras para você.

Gostei de como ele continuou chamando-o de Dr. K. Ele fez parecer como se o Dr. Klaxton fosse alguém com quem você podia brincar, com o tipo de pessoa que tinha apelidos engraçados.

— Obrigada. Realmente aprecio isso.

Comecei a caminhar para a porta, sentindo-me melhor. Eu tinha tomado um risco e valeu a pena.

— Lindsay?

Me virei. — Sim?

Agora ele estava olhando para mim. — Vou te ver no laboratório esta semana?

— Sim. Nos vemos no laboratório.

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Ele sorriu para mim novamente e seus olhos brilhavam. — Estou ansioso por isso.

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JustinJustinJustinJustin

Do lado de

fora da porta do — O Slaughterhouse2 — senti a primeira real agitação de ansiedade em meu estômago. Claro, tinha soado bem quando pensei primeiramente sobre isso, mas agora que eu estava realmente aqui, estava começando a me sentir como se fosse uma ideia muito idiota.

O Slaughterhouse era o nome de uma academia que tinha realmente uma forte equipe de caras que treinavam juntos. Era talvez um dos melhores campos de treinamento em todo o Nordeste, e estava localizado a apenas alguns quilômetros do meu apartamento.

Quando o ginásio abriu pela primeira vez, Quarry Davenport tinha conseguido o número do meu celular e tentou me convencer a deixar o Treinador Jansen e vir lutar por eles em seu lugar. Quarry era um grande nome no MMA. Ele esteve nas primeiras lutas sancionadas que tiveram início nos anos oitenta e todo mundo amou seu estilo vale tudo. Desde então, ele começou a treinar outros lutadores e acumulou uma pouco agradável tripulação.

Estive tentado a dar ao Slaughterhouse uma chance em outras ocasiões.

Às vezes, quando o treinador Jansen realmente estava pegando pesado comigo durante o treino ou puxando um de seus jogos mentais, eu tinha pensado em apenas descer e verificar o lugar.

Especialmente porque eles estavam crescendo rapidamente se tornando um nome real entre os especialistas do MMA, e Quarry Davenport era supostamente um dos amigos próximos de Drew Ellis da UFF.

2 O matadouro

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Mas a minha lealdade sempre me segurou.

Agora que tinha passado alguns anos desde que Quarry me pediu para participar de sua equipe, eles estavam muito bem estabelecidos. Um de seus membros atuais era titular na divisão de peso pesado, e eles tinham dois grandes competidores na divisão dos meio-pesados Eu não estava na UFF ainda, então, eu não era nada comparado a esses caras top.

Do lado de fora, tentando planejar meu próximo passo, imaginando como ia me vender para o cara que uma vez me quis no seu time, podia ouvir sons de aplausos de dentro do ginásio.

As janelas estavam bloqueadas para que você não pudesse ver o lugar, e a porta estava trancada. Tinha a sensação de um clube da luta subterrânea, e os rumores diziam que, em muitos aspectos, isso é exatamente o que o Slaughterhouse era.

Tinha ouvido histórias de suas sessões de treinamento lendárias, as pessoas lutando sem capacete ou equipamentos de proteção durante os treinos. Havia outras histórias sobre métodos de treinamento insanos de Quarry, mas o que ele estava fazendo parecia estar funcionando. Sua equipe incluía alguns dos melhores do mundo, e ele estava a poucos minutos de onde eu morava.

Então, o que eu estava esperando?

Bati na porta, mas talvez muito baixinho, porque ninguém respondeu. E então uma voz dentro da minha cabeça me disse para deixar para lá, sair e voltar para o treinador Jansen e dizer-lhe que eu estava errado.

Dizer a ele que eu iria aceitar a sua decisão de esperar mais um ano, se isso era o que ele realmente acreditava que era melhor.

Mas não poderia fazê-lo. Não podia engolir meu orgulho e correr de volta para ele com o rabo entre as pernas.

Em vez disso, bati na porta do ginásio Slaughterhouse ainda mais forte do que antes. Por alguma razão, pouco antes de a porta se abrir, tive uma

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imagem vívida de galgos de corrida em uma pista, perseguindo aquele pequeno coelho branco que nunca poderia ser pego.

A porta se abriu e ali estava um dos maiores seres humanos que eu já vi. Ele tinha mais de dois metros de altura, era negro, com a cabeça raspada e os bíceps maiores que a minha perna. — Quem diabos é você?— disse ele, olhando-me de cima a baixo com desgosto.

— Sou um lutador. Estou aqui para falar com Quarry.

O grandalhão sorriu. — Ah, é?

Atrás dele, eu podia ver uma multidão de homens de calções e camisas assistindo dois homens em uma gaiola. Os dois homens estavam claramente lutando e de vez em quando a multidão ao redor deles entrava em erupção com aplausos ou instruções.

— Posso voltar amanhã.

— Qual é seu nome, filho?

— Justin Brown.

— Ah, é? Ouvi falar de você. — ele sorriu e estendeu a mão. — Venha, Quarry está apenas sendo o árbitro da luta.

Entrei e o cara fechou a porta atrás de nós com uma conversão contínua.

— Qual é o seu nome? — perguntei-lhe.

— Todo mundo só me chama de Z.

— Ei, Z. É bom conhecer você, cara. Você é lutador?

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— Aposentado. Eu costumava lutar no exterior, fiz um monte de coisas. Quebrei o pescoço durante uma luta de kickboxing na Holanda e depois voltei para casa e comecei a ajudar Quarry no ginásio.

— Merda, isso é intenso. — disse, estudando-o enquanto ele se elevava sobre mim.

— Sim, cara. Esta vida não é para os fracos de coração, mas você já sabe disso, não sabe? — assim que ele disse isso, nós dois olhamos para a gaiola a tempo de ver um dos lutadores derrubar o outro com um gancho de esquerda violento.

— Oh, merda. — Z disse, fazendo uma careta.

O público do lado de fora da gaiola aplaudiu e comemorou. Não muito tempo depois, Quarry surgiu e veio em nossa direção, como se soubesse de antemão que eu estaria vindo para vê-lo esta noite.

Quarry era mais alto do que eu, mas magro, com as maçãs do rosto que se projetava de seu rosto como pedras de uma montanha. Ele tinha uma barba rala e olhos penetrantes, que diziam, que iria matá-lo tão logo começasse com qualquer besteira ou fraqueza. — Pensei que reconheci uma cara nova. — disse ele, caminhando. Ele sorriu, mas não tocou seus olhos.

— Justin Brown, certo?

— Sim, senhor.

— Eu não sou senhor, Justin. Isso não é academia do seu pai. Todo mundo aqui me chama de Quarry.

— Entendi. — sorri, sentindo-me tolo.

— A que devo o prazer?

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Ele parecia ser um homem que não apreciava qualquer besteira, então fui direito ao ponto. — Me separei do treinador Jansen e pensei que talvez pudesse vir treinar com sua equipe.

Quarry não mudou sua expressão. — Se separaram? O que significa isso?

— Isso significa que ele me disse que não acha que estou pronto para ir para o profissional. Drew Ellis me disse outro dia que ele ia me contratar se eu ganhasse a minha próxima luta. Mas o meu treinador disse que não achava que eu estava emocionalmente pronto, então decidi seguir em frente.

Quarry sorriu um pouco. — Emocionalmente pronto? — ele olhou para Z. — Você escutou essa merda?

— Eu ouvi isso. — Z riu suavemente.

— Bem, não sei mesmo o que diabos isso significa. Treino lutadores aqui, não terapeutas.

— Isso é o que ouvi, e é por isso que eu vim.

— Então, você pode começar imediatamente? — Quarry exigiu.

Aliviado, assenti. — Absolutamente. Posso começar amanhã. — então me lembrei de meu corte. — Tenho que esperar mais alguns dias para deixar esses pontos curar. — disse, apontando para o meu olho. — Então poderei lutar com contato, não haverá problema.

A expressão de Quarry se transformou em aborrecimento. — Pensei que você tivesse dito que estava pronto para começar. — ele suspirou. — Olha, Justin. Porque você não volta para o seu treinador, ou... Eu não sei. Faça tudo o que você precisa fazer. Não estou interessado em quaisquer casos especiais.

Sua atitude de desprezo me irritou. — Eu disse que estou pronto para começar.

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Ele me olhou novamente, seus olhos focados nos meus. — Você quer ficar com a minha equipe, isso significa que você tem que passar por um desafio de adequação. Hoje à noite.

Dei de ombros. — Vamos fazê-lo. Estou pronto para qualquer coisa.

Quarry tinha um enorme sorriso animado em seu rosto quando ele me deu um tapinha no ombro e apertou. Ele me virou para o salão. Havia cerca de quinze pessoas lá que agora estavam olhando para nós.

— Nós temos um ao vivo, rapazes! — ele gritou.

Todo mundo deve ter sabido o que aquilo significava, porque as pessoas começaram a aplaudir e gritar, ainda mais excitados do que estiveram com a luta na gaiola alguns minutos atrás.

Isso subiu minha adrenalina.

Z se inclinou e sussurrou baixinho para mim em sua voz grave. — Basta ficar composto e manter sua mente firme. — disse ele. — Você tem isso, eu sei.

— Obrigado. — disse a ele.

— Ok, meu garoto. — disse Quarry, me conduzindo para frente. — Nosso amigo Justin Brown, também conhecido como JB.

— Que significa Jail Bait3? — um cara baixinho com um cavanhaque gritou.

— Talvez. — respondeu Quarry. — Talvez. Em qualquer caso, JB, você tem que descer e nos dar o maior número de flexões que você puder em cinco minutos. Quando estiver pronto, faça tantas abdominais que você puder fazer

3 (N. do T.): Foi trocadilho feito com o nome JB. Jail Bait (mais ou menos chave de cadeia em

português). Essa é uma expressão usada para se referir às pessoas abaixo da idade de consentimento,

com quem uma relação sexual pode constituir estupro.

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em cinco minutos. Após isso, você vai para o saco pesado trabalhar chutes e socos para mim por cinco. Entendeu?

— Entendi. — Não parecia tão ruim, mas eu sabia que não podia ser assim tão simples.

— Então vá! — Quarry gritou na minha cara.

Um momento depois, o grupo de pessoas no ginásio tinham se juntado ao meu redor em um círculo áspero, gritando e xingando, conforme desci e comecei a fazer os meus cinco minutos de flexões.

Lembrei-me do que Z tinha me dito e apenas foquei em manter a calma e o ritmo. Eu sabia que podia fazer flexões por um longo tempo. Fazia algumas centenas por dia com facilidade quando lutava na escola e eu só tinha chegado à melhor forma ao longo dos últimos anos.

Ainda assim, cinco minutos de qualquer coisa, sem uma pausa é muito difícil, e em cerca de quatro minutos, meus braços estavam tremendo.

— Temos braços de macarrão, repito, temos braços de macarrão! — alguém riu.

Continuei. Finalmente, Quarry chamou. — Cinco minutos se passaram, JB, agora você tem cinco minutos de abdominais.

Respirei profundamente por alguns segundos, mas a gritaria cresceu ensurdecedora.

— Ele está parando!

— Vamos lá, sua porra de boceta!

— Faça isso! Vá embora!

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Eu estava ficando com raiva. Esses caras eram um bando de idiotas. O que diabos eu estava fazendo aqui, quando poderia estar de volta na minha antiga academia com meus parceiros de treino normais, em vez de me submeter a um trote com a equipe de MMA do inferno?

Mas então pensei no Treinador Jansen me dizendo que eu era estúpido, me dizendo que eu não estava ‘emocionalmente pronto’ para lutar profissionalmente. Levando meu sonho para longe de mim só porque ele podia. Eu o faria se arrepender dessa decisão.

Minha motivação voltou em uma explosão de raiva, e comecei meus abdominais com uma fúria. Os cinco minutos se passaram num piscar de olhos, e a multidão ao meu redor foi se acalmando um pouco. Eu ia calá-los, fazendo o que precisava fazer.

— Tempo. — Quarry disse, quase parecendo desapontado por eu não estar quebrado.

— Ótimo. — eu disse, pulando nos meus pés para mostrar que a minha energia estava elevada. Eu estava cansado, muito cansado, mas não estava disposto a mostrá-lo.

— Agora você faz o saco pesado, e quero que você realmente faça isso. Sem pegar leve.

Alguém me deu um par de luvas e rapidamente os coloquei. A multidão se dirigiu até o saco para me assistir dar socos e pontapés por cinco minutos. Mantive o mesmo ritmo, mas joguei com combinações difíceis, certificando-me que esses idiotas soubessem do que eu era capaz. Se eles quisessem continuar brincando comigo, queria ter certeza que eles entendiam que eu poderia fazê-los pagar por isso.

Finalmente, os cinco minutos acabaram. Eu estava respirando com dificuldade e coberto de suor. — Então, estamos bem? — perguntei a Quarry.

Ele olhou para Z, que apenas fez uma cara como se ele se sentisse mal por mim.

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— Estamos bem? — Quarry repetiu, fingindo surpresa. — JB, isso foi apenas o aquecimento. Agora é hora de ver do que você é feito.

Olhei para ele, com certeza ele estava brincando. — O que diabos isso significa?

Quarry apontou para a gaiola. — Entre lá.

— Entrar na gaiola? Agora?

Quarry acenou com a cabeça. — Este não é o campo de treinamento da sua mãe, filho. Você entrou na minha casa, é melhor fazer da forma correta. Todo mundo que fica no meu time tem que lutar para entrar.

— Eu te disse, não posso lutar em pleno contato com este corte.

— Entre na gaiola, ou dê o fora da minha academia. — Quarry olhou para mim.

Todo mundo estava me olhando. Olhei para os rostos hostis, seus olhos me julgando, suas expressões zombando de mim. A verdade era que eu queria ferir alguém agora.

— Tudo bem. Porque não? — eu disse, encolhendo os ombros, enquanto o grupo de bandidos rugiu sua aprovação.

Encaminhei-me para a gaiola.

— Boa escolha. — disse Quarry, enquanto eu caminhava.

— Então com quem estou lutando?

— Com todo mundo.

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Virei-me e olhei para ele de novo, certo de que ele devia estar brincando neste momento. — O que significa isso?

O sorriso de Quarry parecia um sorriso de um tubarão. — Isso significa que, você vai ter dois minutos com um cara, e então entra o próximo. Não há pausas para você. Você vai continuar até alguém nocauteá-lo, sufocá-lo ou submetê-lo. Ou até você implorar por misericórdia.

Olhei para ele, percebendo que ele estava falando sério. Mas, então, eu sorri de volta. — Espero que você não se importe de colocar toda a sua equipe no hospital.

Seu sorriso desapareceu quando subi na gaiola.

—Isso nós vamos ver, JB. — Quarry disse, me seguindo para dentro — Vou ser o árbitro dessa luta, mas tudo o que isto significa é que vou garantir que o braço de ninguém seja quebrado, vou ficar em cima de você e fazê-lo lutar, se você tentar parar. Entendeu?

— Entendi. — respondi. Eu estava usando as pequenas luvas de MMA que eram habituais nas lutas. Abaixei-me e tirei meus tênis, jogando-os para fora da gaiola. Fora isso, eu estava de calça jeans e uma camisa. Não era exatamente a melhor roupa para lutar, mas não ia reclamar agora.

Quarry chamou a primeira pessoa na gaiola. Era o rapaz com o cavanhaque, aquele que tinha dito que as minhas iniciais significavam — Jail Bait — Estava mais do que feliz em ter uma chance com ele.

— Aqui é assim que funciona. — disse Quarry, quando o carinha entrou no ringue e jogou alguns socos práticos no ar. — Nós vamos por categoria de peso. Jimbo aqui é o nosso menor cara apenas 56 Kg. Cada cara que vem, vai ficar maior e mais forte. Se você de alguma forma conseguir não ser nocauteado ou submetido, eventualmente você trabalha o seu caminho até os nossos pesos pesados. Acho que talvez fosse melhor para você, se isso não acontecesse. — ele riu, satisfeito com a sua própria piada.

— Que seja. — eu disse. — Vamos acabar com isso.

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— À sua maneira. — Quarry me disse. E cortou o ar com o punho. —Luta!

Jimbo veio para mim com uma velocidade surpreendente e me pegou desprevenido. Ele estava dando socos selvagens. Dei um passo para trás, pegando a maioria de seus ataques em meus braços e cotovelos, abaixando a cabeça para evitar alguns socos fortes. Vi uma abertura e dei-lhe um soco forte. Ele sorriu para mim. Bati nele novamente e limpei o sorriso do seu rosto.

Ele ficou louco, começou a tentar o nocaute, tentando me pegar com um golpe de sorte. Apanhei-o em primeiro lugar. Consegui um cruzado de direita perfeito no queixo e ele caiu.

Quarry interveio antes que eu pudesse terminá-lo. — Ok, ok — ele ficou entre nós.

— Próximo!

Fiquei lá e vi quando o próximo cara entrou na gaiola.

Ele era apenas um pouco maior do que o Jimbo, com toneladas de tatuagens e grandes buracos nas orelhas que os caras tinham quando usavam brincos do tamanho de pires. Ele era mais um grappler4, e tentou me levar para o chão. Não deixei. Comecei prendendo-o contra a gaiola e batendo-lhe com golpes em sua caixa torácica. Ele gemeu e, eventualmente, deslizou para o tatame, sobre o qual Quarry mais uma vez ficou entre nós.

Era a minha imaginação ou Quarry parecia um pouco irritado que eu estava fazendo um trabalho tão rápido com sua equipe?

— Próximo! — ele gritou.

Tudo começou a virar um borrão. Eu estava ficando realmente cansado agora. Todos os outros foram relativamente fáceis, visto que eu já tinha feito um treino intenso e já tinha lutado direto, sem interrupção. Mas cada nova pessoa que ele mandou, eu era capaz de acabar em dois minutos.

4 Alguém que é proficiente em qualquer forma de arte marcial que enfatize os braços.

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A multidão estava começando a ficar mais quieta e silenciosa enquanto eu continuava minha corrida através de sua equipe.

Eu tinha ido para uma zona. Isso tinha me acontecido apenas algumas vezes em toda a minha carreira, até agora, geralmente durante uma grande luta. Tudo estaria meio tranquilo e eu não me sentiria mais cansado. Gostaria apenas de estar neste lugar muito calmo, onde o mundo parecia abrandar e tornar-se sereno.

Era como se eu pudesse antecipar os socos e pontapés que estavam vindo e mover-me facilmente para fora do caminho. Meus próprios golpes eram rápidos, fluidos e precisos. Eu dançava ao redor da gaiola, como Muhammad Ali.

Pessoa após pessoa lutou comigo, mas ninguém podia me fazer parar.

Finalmente, comecei a fazer o meu caminho para os caras grandes, os caras que eram muito mais pesados e mais altos do que eu. Estes também passaram a ser aqueles que estavam, realmente, lutando na UFF, e eles não eram pessoas quaisquer. Eles eram competidores.

O primeiro que reconheci foi Virgil Jones, um magro, mas musculoso dos meio-pesados que era conhecido por seus joelhos e cotovelos perigosos. Eu tinha visto vídeos destacando seus nocautes.

A multidão do lado de fora da gaiola começou a cantar: — Virgil Virgil Virgil! — eles estavam cansados de me ver bater em todo mundo.

Pela primeira vez em muito tempo, me senti cansado novamente. Meus braços e pernas estavam pesados. Eu estava sem fôlego.

Virgil pareceu perceber. Sorriu maliciosamente para mim quando atravessou a tela.

Fiquei em uma posição defensiva, de repente tímido. Virgil se aproveitou da minha fraqueza e envolveu suas mãos em volta da minha cabeça, me agarrando no que era conhecido como — Muay Thai Clinch. — Esta era a

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posição em que o adversário iria prendê-lo e manter sua cabeça em suas mãos para que ele pudesse entregar uma série de joelhadas brutais em seu abdome. Eventualmente, se você se inclinasse, os joelhos começariam a bater em seu rosto.

Virgil começou a dar joelhadas no meu estômago. Sentia como se ele estivesse me batendo com uma barra de ferro. Eu sabia que não poderia levar muitos mais desses. De alguma forma, encontrei força para me libertar de seu golpe. Ele me seguiu quando me afastei pela gaiola e jogou alguns socos deslumbrantemente rápidos. Um deles me pegou no nariz e vi estrelas.

Foi o golpe mais forte que eu já tinha recebido na minha vida. Senti meus joelhos se dobrarem.

A multidão irrompeu, mas foi fraco em meus ouvidos.

— Ele está caindo! — alguém gritou.

— Caralho, Bate nele, Virgil!

Uma parte de mim ouviu isso e me trouxe de volta para os meus sentidos. Recusei-me a cair. Literalmente, corri para longe dele quando me perseguia dentro da gaiola. Mas ele ficou um pouco descuidado. Ele pensou que eu estava machucado, bem, eu estava machucado. Mas eu ainda era perigoso. Quando ele se aproximou, joguei um gancho de esquerda sem que ele o visse chegando. O golpe o pegou na têmpora e ele caiu no chão, realmente inconsciente.

O nocauteei com um soco.

A multidão estava verdadeiramente silenciosa enquanto todo mundo ficava olhando.

Até eu fiquei chocado com o que eu tinha feito.

Quarry aproximou-se e se ajoelhou ao lado de Virgil, ajudando-o a ficar de pé. Ele estava vacilante e confuso, e precisou de ajuda para sair da gaiola.

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Quarry olhou para mim, sua expressão escura com fúria. — Ok, vamos trazer o próximo cara. É melhor alguém colocar essa porra de garoto para baixo. Será que ninguém na minha academia tem bolas?

Desta vez, outro profissional entrou na gaiola. Era mais um dos meio-pesados, Malcolm "Pit Bull" Stevens. Ele era um lutador colegiado excelente, construído como um tanque, com cabelo curto loiro cortado à escovinha e de olhos azuis brilhantes. Ele não estava sorrindo. Ele queria me esmagar.

Enquanto isso, eu mal conseguia me levantar e aqui estava um cara que, provavelmente, me compensava por uns vinte a trinta quilos e lutava em um nível de elite.

E ele estava fresco como uma flor.

Malcolm veio até mim e atirou para um takedown duplo de perna. De alguma forma, fui capaz de evitá-lo. Em seguida, correu para frente e me empurrou contra a gaiola. Ele era ainda mais forte do que eu temia fosse.

De repente, eu estava voando para trás pelo ar quando ele me atirou contra o tatame.

Por um segundo, tudo ficou branco. Quando acordei novamente, ele estava começando a ficar em cima de mim e dando socos brutalmente fortes no meu rosto e no peito. Ele bateu o cotovelo na minha testa. Eu estava tão cansado. Sabia que estava quase acabado agora. Minha energia se foi. . . E ele também era muito grande e forte.

Ninguém iria me culpar por perder neste momento.

Mas algo em mim apenas se recusou a parar. De alguma forma eu encontrei outra explosão de energia. Sem saber de onde ela veio. Arqueei minhas costas e o tirei de cima de mim, depois saltei para os meus pés enquanto ele avançava novamente, como um touro. Recuei e disparei três ou quatro uppercuts que o atingiram.

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Malcolm tropeçou para trás, seu rosto em uma máscara de surpresa. Agora eu estava avançando. Bati-lhe com um golpe de corpo e ele cedeu para o tatame. Pulei em cima dele. Bati nele – eu, batendo em um dos melhores lutadores do país.

— Tempo! — gritou Quarry, quando eu estava prestes a acabar com ele.

Malcolm se levantou e caminhou lentamente para fora da gaiola.

A multidão estava murmurando com surpresa e desconforto. Fiquei ali, balançando um pouco nos meus pés. Mal podia levantar meus braços.

Quarry estava me olhando, e ele tinha um brilho estranho nos olhos. — Este é o nosso último homem na equipe. — disse. — Acho que provavelmente você o conhece.

Quando me virei para a entrada da gaiola, já sabia quem seria. Tim Young "Picada". Chamavam-lhe "The Sting" por causa da sua velocidade incrivelmente enganosa e poder. Para um peso-pesado, ele era baixo, mas quando ele os atingia, os machucava. Embora fosse pequeno para um peso-pesado, ele ainda era muito maior do que eu. Ele manteve o cinturão do título da UFF. Isso significava que ele era muito bom e o pior homem do planeta.

Ele olhou para mim com uma expressão séria, vigilante. Agora que tinha visto do que eu era capaz.

— Vamos lá. — Quarry disse e fez sinal para que lutássemos.

Tim lentamente avançou, sem pressa para me encontrar. Fiquei à volta também, esperando apenas evitá-lo por dois minutos. Minhas pernas estavam como geleia e eu não conseguia respirar. Estava encharcado de suor e tremendo de exaustão.

Ninguém na multidão estava proferindo um pio. Estava mais quieto que eu já ouvi numa luta.

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Lentamente, Tim andou em minha direção, jogando uns golpes para medir a distância. Fiquei longe dele, circulando primeiro à sua direita e depois para a esquerda, enquanto ele me perseguia.

Logo, ele foi ficando mais confiante. Seus golpes começaram a me acertar. Mesmo quando os bloqueava, os socos enviavam arrepios de dor em meus braços.

Ele jogou uma combinação de One-Two e a mão direita acertou meu queixo, fazendo minha cabeça girar. Doeu. Foi pura dor. Tentei afastá-lo de mim, mas ele acertou um pontapé na minha barriga que aterrissou com uma força aterrorizante.

Ele jogou outro chute que acertou minha coxa dobrando minha perna. Então, ele acertou socos no meu corpo, que me tiraram o fôlego.

Lentamente percebi que Tim estava me punindo pelo o que eu tinha feito com seus companheiros.

Ele não estava tentando acabar comigo - ele estava tentando me dar o máximo de dor que podia.

Isso me encheu de raiva. Raiva era tudo que eu tinha.

Não queria lutar assim. Só queria me juntar a sua equipe, e eles tinham insistido que eu lutasse. Agora, estavam com raiva porque eu tinha feito o meu melhor e eles não puderam me derrotar.

Bem, que se fodam. E que se foda Tim, também. Decidi deixá-lo me nocautear. Ninguém nunca tinha, e estava disposto a deixá-lo fazer agora, se era isso o que precisava acontecer. Mas eu só não ia ficar lá e ser o saco de pancadas de Tim.

Comecei jogando meus próprios socos de volta nele, e ele não esperava aquilo. Dei com um golpe no seu nariz e suas narinas se dilataram.

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— Não gosta de ser atingido, não é Tim? — gritei, disparando mais alguns golpes. E ele os evitou.

— Seu merdinha. Vou destruir a sua cara. — ele começou a distribuir socos em mim, mas agora estava zangado. E começou a falhar.

Facilmente evitei seus golpes e comecei a me exibir. — O que se passa, Tim? Ser derrotado por um pequeno cara dói, não é? — eu ri.

Joguei um chute que atingiu sua coxa e ele fez uma careta. Joguei outro que o atingiu no estômago. Ele deu um passo para trás. — Ok, filho da puta. Vamos lá.

Então ele veio para cima de mim com tudo.

Não sabia que ele tinha outra velocidade. Na verdade, percebi tarde demais que ele estava pegando leve comigo.

Entretanto, agora ele estava realmente me punindo. Ele pousou uma joelhada voadora em minhas costelas e clamei em agonia.

Em seguida atirou um gancho de esquerda e de direita e caí no chão. Ele recuou.

— Levanta. Levanta, filho da puta.

Lentamente, me levantei.

Tim me acertou com um gancho de direita no queixo e cambaleei para trás. A gaiola me deteve. Ele me bateu de novo, e eu não conseguia me defender. Minha cabeça voou de encontro com a tela da gaiola.

Ele me bateu de novo.

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Ouvi os gritos da multidão. Estavam se perguntando como eu estava segurando esses golpes. Estavam começando a se animar.

Eles estavam torcendo por mim.

Tim me bateu de novo, mas nunca caí.

Finalmente, Quarry chamou. E eu ainda estava de pé.

Tim só me olhava como se eu fosse um alien. À medida que o resto da equipe se afastava da gaiola, ele finalmente veio até mim e me abraçou rapidamente antes de me deixar ir.

As pessoas foram me dando tapas nas costas, me parabenizando.

Não podia responder. Sequer podia pensar.

Eles pegaram um banquinho e me sentei nele, trouxeram-me água para beber.

Depois de algum tempo, Quarry veio e se ajoelhou ao meu lado. Sua expressão era séria, mas claramente impressionado. — Você deixou sua marca aqui hoje. — disse.

— Só fiz o que nasci para fazer. — eu disse.

— Eu sei disso. — ele falou. —Assim como todos os outros deste ginásio.

Tomei um longo gole de água e limpei meu rosto com uma toalha. —Então, estou no time?

— Claro que sim. E acredite, o que você fez hoje vai entrar para a história. Pessoas vão ouvir sobre isso. As pessoas vão saber seu nome, Justin Brown.

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Concordei, grato por isso ter acabado e de ter provado a mim mesmo do que era capaz.

Mas de alguma forma, enquanto me deliciava na glória da minha vitória, não conseguia parar de pensar nos galgos correndo ao redor da pista, nunca sendo capazes de pegar o coelho.

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LindsayLindsayLindsayLindsay

Quando

voltei ao meu quarto, estava tonta.

Tive uma chance, e não podia ter sido melhor.

Rachel ainda não estava em casa, então coloquei uma canção pop boba no autofalante do meu iPod e rodopiei ao redor da sala, comemorando minha pequena vitória.

Decidi que merecia me cuidar um pouco, então arrumei meus livros e decidi sair para jantar. Minha conta bancária era bastante escassa – eu tinha guardado algum dinheiro do meu emprego de verão, mas ele precisava durar todo o semestre. Ou pelo menos até eu encontrar outro emprego. Meus pais me ajudavam tanto quanto eles podiam, mas não tinham tanto de sobra.

Entretanto, não podia ficar aqui a noite toda – precisava sair.

Encontrei um café bonitinho perto do campus que tinha sanduíches baratos. Era um daqueles lugares onde você pedia no balcão e os funcionários não se importavam se você passava a noite toda. Enrolada em uma cabine aconchegante no canto, comi, li e aproveitei a minha noite.

Quando meus olhos ficaram embaçados de tanto estudar, e já tinha consumido mais xícaras de café do que deveria, dirigi-me à biblioteca, onde estudei um pouco mais. Andar a pé pelo campus no ar fresco da noite tinha me despertado, e fui capaz de recuperar meu foco.

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Quando finalmente voltei ao meu quarto, estava completamente escuro, e eu estava exausta. Sentia-me realizada e feliz.

Mas, como parece ser o caso ultimamente, eu tinha um pensamento mesquinho no fundo de minha mente que me impediu de estar completamente relaxada.

Justin.

Ele não me mandou uma mensagem e eu não sabia por quê.

Era coisa normal de garoto, a maneira como os caras sempre diziam que mandariam uma mensagem e então não faziam? Ou era outra coisa? E se houvesse algo que eu tivesse feito no cinema que não o tinha agradado ou o fez querer fugir de mim? E se ele pensou em me beijar e, então, percebeu que não estava atraído por mim, e por isso ele simplesmente decidiu que não queria mais me ver? E se eu nunca mais soubesse dele?

Pare com isso, Lindsay, disse a mim mesma. Você está surtando.

Meu telefone vibrou com uma mensagem, e meu pulso acelerou.

Mas era só Rachel.

Bebi um pouco demais, disse. Vou passar a noite na BU5.

Tudo bem, respondi. Obrigada por me avisar.

Olhei ao redor do meu quarto, me sentindo um pouco perdida.

O que eu ia fazer agora? Estava esgotada de tanto estudar, mas não me sentia cansada. Todo o dia – estar com Justin esta manhã, em seguida,

5 Universidade de Boston

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novamente no cinema, depois, deixar meu trabalho no escritório do Dr. Klaxton e me encontrar com Carter – tinha me deixado ligada.

Meti-me no meu pijama e subi na cama, em seguida, liguei um pouco a TV que Rachel tinha trazido com ela.

Havia um monte de reprises de The Vampire Diaries, e me desliguei por um tempo, assistindo-os. Tinha que admitir que me senti bem por não pensar em nada. Meu cérebro definitivamente precisava de um descanso.

Mesmo assim, o tempo todo, eu ficava verificando meu telefone.

E toda vez que fiz, me odiei por isso.

Só porque ele não me mandou um sms hoje à noite não significava nada. Ele me contou que ia para o ginásio. Talvez ele tivesse ficado preso lá, fazendo algo.

Eu não ia mandá-lo um sms.

Tinha enviando uma mensagem primeiro no outro dia e não ia fazer isso de novo.

Pensei em desligar meu telefone, e então, finalmente, eu fiz.

Mas dez minutos depois, eu o tinha ligado novamente.

Estava começando a odiar o meu telefone. Ele estava realmente começando a controlar a minha vida.

Um pequeno texto, uma voz na minha cabeça sussurrou. Basta fazê-lo.

Não

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Sim.

Não

Sim.

Era como uma cena de um filme, onde alguém tinha um anjo e um diabo no seu ombro, brigando pelo que fazer.

No final, venceu o diabo.

Oi, só queria saber como foi o resto do seu dia? Digitei. Vou para a cama

cedo, só queria que soubesse.

Pensei em fazer parecer que eu só estivesse lhe explicando que ia para a cama e assim ele saberia que não tinha me mandado uma mensagem.

Mas ele não me respondeu, foi quando comecei a pensar que talvez ele tivesse visto através de mim. Ou talvez o meu primeiro pensamento estivesse certo – talvez ele tivesse ficado enojado por algum motivo, e agora ele não queria ter nada a ver comigo.

Era assim que ia ser de agora em diante? Perguntava-me. Eu estava virando uma dessas garotas, do tipo que era obcecada pelo seu celular e largava tudo por um cara? No colegial, tinha me orgulhado de ser completamente superior a todo esse tipo de coisa.

Meu telefone vibrou.

Justin. Não pude deixar de me odiar um pouco pela onda de êxtase que experimentei quando vi que ele tinha respondido.

Seu sms era totalmente bizarro. Ocorreu-me que talvez ele tivesse mandado uma mensagem a mim por acidente.

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Desculpa - estava vomitando.

Franzi a testa. O que ele quis dizer com vomitando?

O que quer dizer com vomitando?

Ele estava doente? Talvez tivesse comido algo estragado no início do dia.

Um minuto passou, depois dois, depois três, depois quatro.

Olá? Você está bem? Tentei de novo.

Novamente, nenhuma resposta.

Sentei na cama. O que eu ia fazer agora?

Resolvi não me importar. Não havia nada que pudesse fazer. Se ele estava doente, era perfeitamente capaz de cuidar de si mesmo. Pelo amor de Deus, ele era um lutador. Eu o tinha visto ser costurado como se não fosse nada.

E o fato de que ele não me mandou uma mensagem de volta não queria dizer que havia algo errado. Ele provavelmente tinha caído no sono.

Apaguei a luz e fechei os olhos.

Mas não conseguia parar de pensar nele.

E se ele estava realmente doente? Ele era louco. Você não podia dizer que tipo de briga ou situação perigosa ele poderia ter se metido.

Mas não era da minha conta. Ele não era meu namorado. Só o conhecia por alguns dias.

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Mesmo assim, dormi na cama com ele ontem à noite, e ele me fez sentir coisas que nunca senti por ninguém. Eu gostava dele, mesmo que não soubesse o que isso significava ou o que era exatamente o nosso relacionamento.

Sai da cama e me vesti rapidamente, grata que Rachel não estava lá para me perguntar onde eu estava indo ou o que eu estava fazendo. Enquanto caminhava para a estação, enviei uma última mensagem.

Se você não me deixar saber que está bem, estou indo até aí.

Até o momento que cheguei à estação, ele não tinha respondido.

Quando cheguei ao seu prédio, passei sem nenhuma dificuldade pela entrada da frente. Grande segurança por aqui, meditei.

Alguns momentos depois, eu estava em frente à porta do apartamento dele. Escutei por um longo instante, tentando decidir se devia virar e sair. Não havia nenhum som, como se não houvesse ninguém em casa.

Talvez seja só isso. Talvez estivesse em algum lugar, talvez em uma festa louca, bêbado ou algo assim e ele não podia ouvir seu telefone, ou ele simplesmente não queria falar.

Bati na porta.

Nada.

Bati novamente.

Nada.

Estava prestes a sair, quando ouvi um barulho diferente vindo do fundo do apartamento.

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— Olá! — gritei. —Justin?

Uma luz se acendeu.

Poucos momentos depois, uma figura escura cambaleou pela porta.

— Graças a Deus. — disse quando ele a abriu. — Sinto muito ter vindo, só queria ter certeza de que você estava bem.

Justin deu um passo em frente, e seu rosto se iluminou pelo brilho da luz difusa da entrada da cozinha.

Engoli em seco. Seu corte foi arrombado quase que completamente, com apenas as bordas que detinham unidos, como um zíper quebrado.

Havia hematomas roxos irritados sob ambos os olhos. O lábio dele estava inchado e havia sangue seco debaixo do seu nariz.

— Justin. — engasguei.

— Estou bem. — ele disse. — Foram apenas alguns solavancos e. . . . — de repente, ele cambaleou e caiu em suas mãos e joelhos. Sangue estava escorrendo de algum lugar do seu rosto e se reunindo no chão sob seus pés.

Corri para ele e tentei ajudá-lo a se levantar. Ele olhou para mim. — Não me deixe. — disse. —Lindsay, não me deixe. Eu preciso de você.

Ajoelhei-me ao lado dele, tentando descobrir o que fazer, meus pensamentos girando na minha cabeça.

Eu preciso de você, ele disse. Mas a coisa que mais me apavorava era que, naquele momento, eu tinha percebido que precisava dele também.

Fim do Livro 4