a bíblia da rebeldia (de h. czar monzon

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1 ---------------------------------------------- A Bíblia da Rebeldia ---------------------------------------------- H. Czar Monzon

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Nestas páginas exponho meus pensamentos, angústias e experiências vividas; repasso-as na devida ordem em que foram escritas durante os meus desventurados dezenove anos, quando comecei á registrar sequelas de minha alma em pedaços de papel. Tais palavras agora estão rabiscadas neste livro, que caso consinta vossa vontade, poderás lê-lo como um álbum de fotografias, escrito em versos de memórias borradas de tinta. Aqui transcrevo a bíblia de minha rebeldia. - H. Czar Monzon

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Page 1: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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A

Bíblia da

Rebeldia ----------------------------------------------

H. Czar Monzon

Page 2: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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Page 3: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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“Nestas páginas exponho meus pensamentos, angústias e experiências vividas; repasso-as na devida ordem em que foram escritas durante os meus desventurados dezenove anos,

quando comecei á registrar sequelas de minha alma em pedaços de papel. Tais palavras agora estão rabiscadas neste livro, que caso consinta vossa vontade, poderás lê-lo como

um álbum de fotografias, escrito em versos de memórias borradas de tinta. Aqui transcrevo a bíblia de minha rebeldia.”

- H. Czar Monzon

Page 4: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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Não consigo escrever Nada consigo escrever quando tenho que entender, Quando tento saber o que meu coração a bater está sentindo ao sofrer. Não conseguindo escrever e não me pondo a ler é como se me estivessem a prender Me limitando o que fazer navegando nas águas das dúvidas e dos porquês. Se não consigo escrever é como se nada pudesse beber e a tudo me negasse comer De tudo passo a me esconder com medo do que posso vir a ser. E passando dias a sofrer, tudo parece nada valer como se ao tempo eu estivesse a perder, E tudo me parece doer nos tristes dias em que não consigo escrever. ***

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Estão olhando o que?

Estão olhando o que? Acham que não consigo ver seus olhares tortos? Acham que só tem olhos para o que nada com vocês tem a ver? Se não querem me entender, então estão olhando o que? Não conseguem esquecer o que o outro pode ser? De que adianta esses olhares vazios se minha alma nunca conseguirão ver? E se isso não conseguem fazer quanto menos irão compreender. Com seus olhos de malícia e de tanta cobiça meus defeitos querem ler Como livro de piadas para poderem se encher Com sorrisos de inveja para de vossa pobre alma esquecer. Mas se nada comigo tem a ver, então estão olhando o que? Me deixem em paz a viver, cuidar de suas vidas não vai doer! Não preciso de gente que nada vê apontando defeitos por não ter o que fazer. E estão aí procurando o que? Cuidar da vida alheia lhe dá algum prazer? Quem sabe suas vidas poderiam até render Se ao menos soubessem o que querem ser. E se nem conseguem se entender vocês nada comigo tem a ver, Então, estão olhando o que? ***

Page 6: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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Meio termo É pedir muito pra ser amado Por um amor sem meio termo? De pedir já estou cansado, Se amor me falta amarei a mim mesmo. Não nasci pra ser a metade, Pois minha alma está por inteiro, O que quero é amor de verdade E não um resto qualquer em meu peito. O talvez pra mim não existe, Pois parcela não é decisão. A incerteza comigo não vive Já que inteiro é o meu coração. Se totalmente não quer me amar Sem amor como o meu vai viver, Pois só vai decidir comigo ficar Quando um dia enfim me perder. E que eu esteja deixando bem claro, É você quem não quer escutar; Se me jogar pra bem longe de seus braços Mais que eu ninguém nunca vai te amar. ***

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Usado Usado... Para proveito de quem for, Todos os dias deixado sou Por aqueles que dizem que me amam. Usado... De idiota me deixo fazer Pra pouca gente que só quer ser E em frente ao espelho ainda se louvam. Usado sarcasticamente, Por toda essa gente oca por nascer. Se sou ridicularizado como que por prazer, O que eu poderia ser se sou apenas usado? Usado... Traído, chutado Cansado de ter lutado Por quem nunca irá merecer. E sendo usado, Ainda me chamam de vítima, O coitadinho da vida Sem nunca minhas lágrimas verem descer. Usado sarcasticamente, Por toda essa gente oca por nascer. E sem nunca ouvirem meus lamentos Sozinho me sento à espera de usado novamente ser. ***

Page 8: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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Masoquista Tenho pena de quem me perdeu Meus pêsames pra quem me deixou, Não encontrarão ninguém melhor que eu Lembrarão do único que os amou. Sou masoquista de tanto amar Amar quem nunca me amou, E amo tanto ao ponto de lutar E deixar de lado até quem sou. O que me falta é saber amar Pelo menos um alguém que me queira. Por esse alguém ainda sonho encontrar Antes que do amor enfim eu me esqueça. Mas apaixonado não deixo de ser Sou masoquista por natureza! Não tenho vergonha de assim viver Até que com um amor enfim eu esteja. ***

Page 9: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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Eu não me importo Você vive falando de amor, Achando que preciso de sua dor; Não me importo se você me amou Se pra mim você não tem mais valor. Você diz que não ficou a esperar Mas seus olhos vivem a lagrimar. Lhe causei uma profunda ferida Me tornei um pesadelo em sua vida. Mas que pena eu não me importar E você jura que vou me desculpar. Sente amor por mim até os ossos Enquanto eu nem sequer me importo. Se eu sinto por ter te magoado? Me orgulho de ter-te deixado. Me fez enjoar do que não vale a pena crer E mais que tudo, principalmente de você. ***

Page 10: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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Deboches Te ouço debochar quando passa Mas isso nada comigo tem a ver, Isso prova que tua vida é sem graça Só demonstra que não sabe sofrer. Tenho pena de quem vive assim Ser ninguém é um sofrimento sem fim, Debochando pra poder ser feliz Me culpando porque não te quis. Todas as noites eu agradeço a Deus, Por Ele ser mais forte que eu, E por não ter nascido como você Que debocha pra menos sofrer. E porque eu deveria me importar? Nem sei como consegue se aguentar. É um gozo poder te desprezar, E você ainda de mim precisar. ***

Page 11: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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Educadamente grosseiro Gente burra me adora E ainda dizem me odiar, Mas isso só ouço pelas costas Pois de frente dizem me amar. Aprendi a ser falso com os amigos Amigos que acreditam me enganar Imitando até meus defeitos Pra depois tentar me derrubar. Tal tristeza só me faz rir, Acho graça de quem duvida Que o meu zombar nada mais é Que sentir pesar por vossas vidas. Os que adoram viver a julgar Minha vida e meus muitos defeitos, Á esses faço questão de aturar Sendo educadamente grosseiro. Que força eu tenho em vos aguentar Homem fraco jamais serei! Então, meus pêsames pra quem vive a invejar Essa maneira da qual sempre viverei. ***

Page 12: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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Cigarro Vivo sempre sozinho a andar pelas ruas escuras, Olhando todos que passam daquela uma forma nua e crua; Seus sorrisos sem vida vão me causando profunda repulsa Do odor das baratas debaixo das máscaras que cada um usa. Vejo essas pobres almas nessa triste e negra tempestade, Sorrindo e vivendo as alegrias de uma falsa verdade; Então que errem e fracassem por própria vontade, Pois só do meu cigarro sinto verdadeira saudade. E porque me jogar pedras de sangue e hipocrisia, Se só com tapas e chutes a vida assim me ensina? Que vos importa se me encho de minha querida nicotina Meu veneno, fantasia, toxina? Se só falam merda, babaquice e muita mixaria, Com conselhos tolos de pura covardia, Porque ao meu querido cigarro eu largaria Se mais mal que vocês ele jamais me faria? E fumando vou me deixando morrer aos poucos, Como um suicida, sem esforço me chamam de louco Mas, queridos fariseus, se eu já vivo em meu pleno sufoco, Como o meu amigo cigarro poderá me deixar morto?

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Page 13: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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Morrendo Jovem Que tristeza te ouvir falar de amor, Se é de amor o que eu mais preciso Tal amor que ainda vivo a procurar Pois você não está aqui comigo. Me arranca o coração ver seu olhar Me desprezando apenas por ser assim. Será que é tão difícil assim me amar? Será que fiz algo assim tão ruim? E assistindo você me observar Agonizar, enlouquecer e chorar, Não te importa a maneira como estou vivendo? Não vê que tão jovem estou morrendo? Pois continue a segurar meu coração Pulsando forte na palma de sua mão Coração que já não aguenta sofrer E sangrando em seu pulso irá parar de bater. Será mesmo que você vai esperar Que eu morra jovem para enfim entender Que a verdadeira forma de amar É não deixar alguém tão jovem morrer? ***

Page 14: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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Querida Morte... Ó, bela e desejada morte, Quando vieres a mim terei tanta sorte, Neste dia sei que não sentirei saudade Deste lugar de tanta mentira e falsidade. Todos as noites me encontro a ela suplicar Que me livre dessa angústia que vive a me sufocar E que me mostre essa estranha alegria de viver, Antes que a morte eu enfim decida ceder. Por que tenho tanto medo de chorar Se minha alma grita e sangra sem parar? Me faz agonizar nesse constante luto Á espera que eu levante e corte meus pulsos. E espero nas noites com tanta esperança, Que a morte venha me buscar como uma criança E me leve dessa farsa chamada viver Cujo único objetivo é nos fazer desejar morrer. ***

Page 15: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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Não consigo chorar Se fosse um pecado sofrer e lamentar Á muito no inferno eu já estaria á habitar O errado consiste em tentar e não conseguir Se não consigo chorar quanto menos irei sorrir. E a cada dia mais sinto minha alma lamentar Mas ainda assim minhas lágrimas não sinto deslizar, Onde estarão essas agora que tanto preciso? Por causa delas chorar não mais consigo. Mas se vissem lágrimas por minha face derramar Porque comigo alguém iria se importar? Deveria eu esperar alguém por mim consentir Se até minhas lágrimas já me estão a trair? Pois agora promessa faço de não mais tentar, Com a traição de minhas lágrimas irei acabar, Pois a elas clamei e não me vieram consolar Então agora apenas por alegria prometo chorar. ***

Page 16: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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Um breve refletir... O que exatamente eu iria perder Ou porque temer o que faço agora, Se o amanhã é consequência do meu fazer E nem a morte me é uma derrota? Perder é coisa pra gente burra, Pois tudo pertence a aquele que persiste; Se não podemos perder coisa alguma Perder é um nada e o nada não existe. ***

Page 17: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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Medo do Diabo Ouvi alguém me dizer Que no inferno eu vou habitar, Só porque não deixei de viver, Minha vida sempre a questionar. Eu não vivo evitando pecados E porque eu deveria evitar? Se é por caminhos que julgam errado A maneira da vida ensinar. Pois a Deus eu quero agradecer Sou feliz da maneira que vejo Pois horrível é você viver Á manter sua fé só por medo. E por que eu deveria temer Se foi Deus que assim me fez ser? Pelo menos eu assumo os meus erros E não culpo o diabo por medo. Á vontade dos outros eu não ligo, Só a minha vontade eu sigo. Pois prefiro viver desse jeito Que só ir pra igreja por medo. ***

Page 18: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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De homem para homem Põe tua barba contra minha barba E põe teu pelo contra meu pelo Pleiteando tua força máscula Á pulso firme em meu cabelo. Disputa direta de dois predadores Á caça de satisfação e de prazer Com um impulso avança e me domina E como tua presa me fazes ceder. Mediando teu quadris em minha cintura Me empurrando em pressão com teu corpo, E com tuas mãos a firmar em meus fios Põe tua saliva com o suor de meu pescoço. Me enroscando adentro em tua perna E com força tua coxa contra a minha Medindo em luta nossas armas Descendo a fio reto por minha linha. E entre as folhas de tua ilha secreta Com teu fruto maduro em minha boca Vem descendo devagar pela garganta Em compasso com o rasgar de minha roupa. Envolvendo com o calor de tua carne Põe teu peso em batalha com meu peito, Com tua pele salgada á corar E tua língua a deslizar por meu meio. Guerreia com tuas mãos por meu gozo Escorrendo em tua boca o salgado de meu mel Por uma luta de homem para homem Medindo o pecado em prazer contra o teu fel. ***

Page 19: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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O pecado de Deus Amo porque vivo E vivo por amar. De arrependimentos não preciso Que amor Deus iria julgar? Se amar for pecado Pecarei até a morte E morrerei realizado Pois amar é mais que sorte. Se amo, porque pecaria? Deus tão injusto não seria Em me fazer pecar Apenas por amar. Pecador é quem viveu Sem amar da forma que devia Pois se amor tivesse sexo Até gay Deus seria. Pois continuarei a amar Da forma que Deus me ensinar, E a viver como Ele me fez ser, Pois o que é amar senão viver? ***

Page 20: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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Louca loucura do amor Só os loucos são sábios! Só os loucos são livres! Os invejo em grande pecado, De inveja vos louvam os tristes. Da loucura foi feita a razão A razão que não consegue entender Que o amor não procede do coração Mas do louco que não se importa em como viver. E na verdadeira louca loucura de amar Não se aceita amar só por prazer, Mas no próprio amor quer amando se tornar, E a razão quer em loucura se converter. Só os loucos á Deus conseguem ver O que o juízo perfeito jamais conseguirá compreender Porque só o Criador da loucura poderia viver A mais louca loucura do próprio amor poder ser. ***

Page 21: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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Ou César, ou nada Às vezes peco em desejar não saber Querer sentir mais e pensar menos Tantas coisas que me foram dadas á entender Deus Criador do vasto império de meus pensamentos. Uma benção cujo efeito converte-se em maldição Transformando-me em um anjo maldito com chifres Envolto de trevas em um paraíso de solidão E de um esplendor divino qual inferno jamais serei livre. Como messias de minha cruz não consigo sair Dentro de meu próprio ventre ainda estou; Do paraíso como um raio não consigo cair Pois serpente maior que o pecado eu sou. Sou maior que tudo que vejo Como rei de uma consciência desejada Me faz ser muito maior que eu mesmo. Porque ou sou César ou mais nada. ***

Page 22: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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ΗΛΙΟΣ ΚΑΙΣΑΡ Meu orgulho é a minha gloria O meu louvor a minha voz Minha mente a minha vitória E meu altar os meus lençóis. O meu mundo é o meu corpo Meu amor o meu reflexo, Meu senhor as minhas palavras E meu trono o meu sexo. O meu rei é a minha ternura Minha rainha a paixão, O universo o meu cérebro E meu futuro as minhas mãos. Minha blasfêmia o meu erro O meu pecado o lamentar, O adultério o meu beijo E meu diabo o esperar. O meu deus é a minha vontade Minha lei o meu desejo, Os meus olhos a verdade E minha bíblia os meus segredos. O meu templo é minha carne O meu reino tudo que vejo Minha doutrina a lealdade, E minha religião eu mesmo.

Page 23: A Bíblia da Rebeldia (De H. Czar Monzon

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