whaley, d; mallot, r. princípios elementares do comportamento

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  • Donald L. Whaley -Richard W. Malott Princpios elementares do comportamento Ttulo da edio original:

    Elementary Principles of Behavior Original English language edition published by Copyright (c) 1971 by

    Prentice-Hali, mc. Ali rights reserved

    Traduo: Maria Amlia Matos Maria Lcia Dantas Ferrara Cibele Freire Santoro Reviso tcnica: Antnio

    Jayro da Fonseca Motta Fagundes

    6a Reimpresso

    SBN 8 5-12-62420-5

    (c) E.P.U. - Editora Pedaggica e Universitria Ltda., So Paulo, 1980, Todos os direitos reservados. A

    reproduo desta obra, no todo ou em parte, por qualquer meio, sem autorizao expressa da Editora, sujeitar o

    infrator, nos termos da lei n 6.895, de 17-12-1980, penalidade prevista nos artigos 184 e 186 do Cdigo Penal,

    a saber: recluso de um a quatro anos.

    E.P.U. - Rua Joaquim Floriano, 72 - 60 andar - salas 65/68 (Edifcio So Paulo Head Offices) Tel. (011) 829-

    6077 CEP 04534 - So Paulo - SP

    Impresso no Brasil Printed in Brazil

    Sumrio

    Prefcio . IX

    Agradecimentos XII

  • 1. Um tira-gosto

    2. Condicionamento 19

    3. Extino

    4. Diferenciao de respostas e comportamento supersticioso 63

    5. Modelagem, o mtodo das aproximaes sucessivas 83

    6. Esquemas de reforamento 105

    7. Esquemas de reforamento temporais 137

    8. Discriminao de estmulos 159

    9. Generalizao de estmulos e formao de conceito 185

    10. Tcnica de esvanecimento 211

    11. Tcnicas que envolvem mudana gradual (modelagem esvanecimento atenuao das conseqncias

    reforadoras) 225

    VII

    PREFCIO

    AO INSTRUTOR

    Em todas as pocas, a Cincia aguarda a formao daquelas pessoas que se tornaro cientistas. E a Educao,

    por quanto tempo aguardar, ansiosa e pacientemente, pela contribuio da Cincia? A Teoria do Reforo tem

    demonstrado, de maneira inquestionvel, que o processo de aprendizagem no necessita ser doloroso,

    aborrecido ou restrito a um grupo selecionado de pessoas cujas histrias de vida as modelaram para assumir o

    papel de "heris do saber". A aprendizagem pode ser fcil, progredir com fluidez e direo, pode at mesmo ser

    algo divertido. Para aprender, no necessrio ser "antes de tudo um heri".

    Esta obra procura ensinar os princpios da Psicologia a universitrios comuns. Isto , a alunos que no precisam

    ser necessariamente dedicados, iluminacos, inspirados ou hericos. A nossa experincia tem mostrado que

    aquelas pessoas formam um grupo maravilhoso, e temos nos esforado por ensinar-lhes Psicologia. Em assim

  • fazendo, no pretendemos abandonar a exigncia de um completo conhecimento, por parte desses alunos,

    daquilo que consideramos serem os princpios crticos e freqentemente difceis da Cincia, O rigor no pode

    ser sacrificado em prol de uma situao mais divertida.

    Propomos demonstrar que ambos no so mutuamente exclusivos; at mesmo acreditamos que o aluno que se

    dedicar a esse estudo acabar por descobrir que no s est aprendendo mais, como o faz com facilidade e

    interesse maiores.

    Numa tentativa de implementar os objetivos colocados acima, mudamos, de certo modo, o formato desta obra

    em relao ao que considerado um texto tpico de introduo Psicologia. O estilo intencionalmente

    informal e se aproxima mais do que encontrado em revistas de divulgao do que em livros-textos. Nossa

    experincia mostra que o aluno principiante prefere este estilo informal do que a linguagem acadmica.

    Pretendemos evitar a barreira da linguagem, que to freqentemente torna dificil a comunicao entre

    professores e estudantes.

    Talvez mais importante que o estilo popular seja a nfase no cotidiano. A maioria dos estudos relatados se

    refere aplicao da Anlise do Comportamento a assuntos humanos. Estudos com animais so mencionados

    apenas quando tm uma relevncia imediata e bvia para a compreenso do comportamento humano.

    Ix

    Assim como na maioria dos livros que procuram programar o processo de aprendizagem, os assuntos so

    introduzidos de maneira gradual, comeando com conceitos e termos mais simples e crescendo, aos poucos, em

    complexidade, medida que o aluno tambm cresce em sua capacidade de assimilar essa complexidade.

    Fisicamente, o livro est dividido em leituras. Cada leitura consiste num texto, num conjunto de questes

    relativas ao texto e em comentrios. O texto contm essncia do assunto queo aluno deve dominar. Se um

    aluno puder responder s questes sem a necessidade de consultar o texto, do nosso ponto de vista e pelo menos

    momentaneamente, ele domina o assunto. Consideramos os Comentrios um aspecto importante desta obra

    assim, detalhes eliminados do texto so retomados e elaborados nos Comentrios, juntamente com a colocao

    de algumas idias e especulaes pessoais dos autores. Esperamos que sirvam ao propsito de manter o

    interesse daqueles alunos mais inquisitivos, assim como eles tm mantido o comportamento dos autores.

    O livro auto-suficiente e pode ser usado quer como livro-texto bsico, quer como implemento a outro texto.

    Ele foi montada de modo que seja fcil estabelecer uma correspondncia entre suas partes e aquelas de outras

    fontes.

    Na sua presente forma, esta obra representa o resultado final de uma seqncia de testes semelhantes queles

    utilizados na elaborao de textos programados. Os alunos foram examinados repetidamente em termos de seu

    desempenho diante de provas baseadas no texto. Se a sua atuao deixava a desejar, isto foi tomado como

    indicador de que o material no estava claro, estava incorretamente distribudo ou apresentava falhas de

  • seqncia. Conseqentemente, o texto era reescrito at que as questes pudessem ser respondidas de modo

    aceitvel. Dezenas de avaliaes foram solicitadas aos alunos em termos de sua aceitao de vrias partes do

    texto, do interesse produzido ou de mudanas desejveis. O produto dessas avaliaes reflete-se nesta obra.

    AO ALUNO

    Ao ser congratulado, num conto de Hemingway, pela sua facilidade de se expressar em italiano, um americano

    retrucou que, de fato, esta lngua era bastante fcil. "timo", disse o major italiano que o havia elogiado, "ento

    por que que voc no rev a sua gramtica?"

    A maioria de ns falamos, discutimos, observamos e, de modo geral, interagimos com outras pessoas durante

    toda a nossa vida. Muitos, tenho certeza, acham que as pessoas so fceis de ser compreendidas. Talvez, como

    no caso do personagem de Hemingway, esta seja a ocasio para aprender um pouco de gramtica. Em outras

    palavras, existem regras e princpios relativos ao comportamento humano e que facilitam sua compreenso,

    regras e princpios genericamente denominados "Psicologia

    Os princpios de Psicologia, como os de gramtica, no so intrinsecamente simples. Termos novos devem ser

    aprendidos, novos conceitos devem ser dominados e, principalmente, velhas noes devem ser eliminadas.

    Ao ensinar-lhe a gramtica da Psicologia do Comportamento tentaremos, o mais que pudermos, manter

    distncia de assuntos abstratos e sem relao entre si. Pretendemos tornar a Psicologia to prxima e vital

    quanto possvel, tornando-a relevante para voc e para a compreenso dos problemas, aspiraes e ambies da

    vida real.

    Esperamos que, ao final da leitura desta obra, voc seja capaz de fazer mais do que meramente repetir fatos da

    Psicologia, fatos de origem e valor desconhecidos. Pelo contrrio, esperamos e desejamos que voc conhea os

    princpios da cincia que a Psicologia, e que seja capaz de avaliar no s os fatos que lhe so apresentados,

    mas tambm outros e novos que lhe sejam exibidos em jornais e revistas, discursos e at pelo colega do

    diretrio acadmico.

    Donald R. Whalei'

    Richard W. Mallot

    x

    XI

    XII

  • 1. Um tira-gosto

    CAUSAS PSICOLGICAS DA INANIO

    2.

    Maria tinha 37 anos de idade, 1 ,52m de altura e pesava apenas 24 quilos. Foi conduzida ao hospital porque

    estava morrendo devido a enfraquecimento extremo por falta de alimentao, problema denominado "inanio".

    Com a idade de li anos, Maria pesava 60 quilos e era considerada rechonchuda. Seu peso permaneceu por volta

    de 60 quilos at a poca do casamento, aos 18 anos; nessa ocasio, o mdico da famlia preveniu-a de que era

    pouco desenvolvida sexualmente e que o casamento poderia "complicar essa situao, ou melhor-la". O casal

    vivia na Califrnia, onde o marido servia o Exrcito. Uma vez que isto se passava durante a Segunda Guerra

    Mundial, quando as condies de vida no eram muito agradveis, eles viviam num pequeno apartamento sem

    condies para cozinhar e tinham que fazer suas refeies em restaurantes baratos. Maria tambm estava tendo

    dificuldades em se ajustar aos aspectos sexuais da vida conjugal e sentia muita falta de seu antigo lar.

    Conseqentemente, ela fez, vrias vezes, a longa viagem da Califrnia at Virgnia, a fim de visitar sua famlia.

    Depois dos primeiros meses de casada, comeou a comer menos e a perder peso num ritmo alarmante. Um

    mdico sugeriu que se perdesse mais peso deveria voltar para casa e viver com sua famlia, o que de fato

    aconteceu.

    A sociedade normalmente criticaria uma mulher que deixasse o marido e voltasse para seus pais, a menos que

    isso acontecesse por questes de sade. Maria estava tendo dificuldades em se ajustar ao marido e vivia

    praticamente sem conforto. Alm disso, ela sentia saudades da famlia, O mdico havia lhe dado uma razo

    legtima para fazer o que ela realmente queria fazer. Poderia escapar do seu casamento infeliz, e, ao mesmo

    tempo, ser recompensada por voltar ao ambiente confortvel da famlia. Mais ainda, ela poderia agir assim sem

    ser punida pelo desprezo da sociedade.

    1. A descrio deste caso se baseia no trabalho de A. J. Bacharach, W. J. Erwin e J. P.

    Mohr, "The control of eating behavior in an anorexic by operant conditioning techniques"

    Publicado em L. P. UlIman e L. Krasner (Editors). Case Studies in Behavior Modification.

    Editor Holt, Rinehort e Winston, 1965, 153-163, New York.

    Pelo que sabemos at agora, s podemos espeular, mas parece bastante plausvel que a razo pela qual ela

    comia pouco era o fato de estar sendo recompensada pela possibilidade de escapar do casamento e voltar ao

    antigo lar sem sofrer crticas. Voc no deveria pensar que Maria estava conscientemente tentando perder peso.

    Provavelmente, ela ficaria chocada se lhe tivesse sido sugerido que estava perdendo peso a fim de ter uma

  • desculpa para voltar para o lar. Todavia, esses fatores podem ter sido as causas principais para o fato de ela no

    comer.

    Nesse exemplo, vimos que Maria comia pouco em virtude do que lhe acontecia quando no comia. Esta uma

    das noes mais importantes que voc aprender neste livro. Recompensas e punies desempenham um papel

    primordial na nossa vida cotidiana.

    Depois que voltou para a casa dos pais, Maria continuou a perder peso. Provavelmente devido dificuldade de

    comer ela recebia mais ateno agora do que antes do casamento. Seum pessoa se alimenta normalmente,

    ningum lhe d muita ateno. Todavia, se ela se recusa a comer, receber bastante ateno. Amigos e parentes

    conversaro com a pessoa que se alimenta pouco e tentaro convenc-la a comer mais. Ter algum que nos d

    ateno bastante recompensador. razovel supor que o motivo pelo qual Maria continuava a comer pouco

    era porque as pessoas lhe davam mais ateno agora do que quando comia normalmente. Vemos, outra vez, que

    as recompensas podem ter sido o fator primordial que afetou o padro de comportamento de Maria. Nesse caso,

    o no-comer acabou sendo recompensado por ateno por parte da famlia. Conseqentemente, comer pouco era

    um comportamento com boa probabilidade de se repetir no futuro. Entre as idades de 18 e 37 anos, o peso de

    Maria caiu de 60 quilos para 24 quilos, o que uma demonstrao surpreendente da fora que a recompensa

    social, sob forma de ateno, pode ter no controle do comportamento de um ser humano.

    Percebeu-se, ento, que, se no engordasse, Maria morreria devido sua extrema fraqueza. Uma vez que no se

    encontravam razes mdicas para sua perda de peso, um novo tipo de terapia toi tentado, atravs do qual ela

    obteria recompensas sociais quando comesse e no as receberia quando se recusasse a comer.

    Maria foi conduzida a um quarto contendo apenas o que era considerado essencial, e o contato social ficou

    restrito a um nvel mnimo. Maria estava em condies fisicas to precrias que sem ajuda no podia se mover

    na cama. ram-1he servids trs refeies por dia. Durante cada refeio, ela tinha uma acompanhante. Todavia, a

    acompanhante s conversaria com ela depois que Maria tivesse dado uma resposta que pudesse ser

    recompensada. Conversar com a acompanhante durante as refeies serviu como recompensa. Inicialmente,

    sempre que Maria levantasse o garfo, em preparao para apanhar um pouco de comida, a acompanhante

    conversaria rapidamente com ela. Em qualquer outra ocasio, a acompanhante se recusaria a dizer alguma coisa.

    Depois que Maria passou a apanhar bocados de comida com frequncia, exigiu-se que levasse a comida boca,

    antes de ser recompensada com alguns segundos de conversa. Quando esta resposta comeou a ocorrer com

    uma freqncia razovel, a acompanhante conversaria com ela apenas depois que tivesse mastigado por algum

    tempo; finalmente, a acompanhante conversaria com ela somente depois que tivesse apanhado um pouco de

    comida, levado at a boca, mastigado e engolido. Alm da conversa, ela era recompensada com a permisso de

    ouvir rdio, disco ou assistir televiso depois que a refeio tivesse terminado. Em qualquer ocasio que se

    recusasse a comer, no lhe era permitido desfrutar dessas diverses. No incio, exigia-se apenas que comesse

    um ou dois bocados de comida, mas com o tempo exigia-Se que comesse tudo o que estivesse no prato, antes de

    ser recompensada com diverso.

  • Algum tempo depois, se comesse toda a comida colocada no prato, Maria poderia escolher o alimento que

    desejasse para a prxima refeio, convidar um ou mais pacientes para uma refeio conjunta ou comer no

    refeitrio, junto de outros pacientes. Outras recompensas sociais foram, gradualmente, introduzidas: permisso

    para andar em volta dos ptios do hospital com uma acompanhante, receber visitas de sua famlia e outras

    pessoas. Diversas atividades, tais como receber cartas e ir ao cabeleireiro, tambm foram usadas como

    recompensa. Aps trs meses de tratamento, Maria engordou sete quilos.

    Quando voltou para a casa de seus pais, a famlia recebeu instrues no sentido de continuar dando

    recompensas sociais, tais como elogio e ateno, quando ela comesse, e ignor-la quando no comesse durante

    as refeies. Ao fim de um ano de tratamento na casa dos pais, ela estava pesando 44 quilos e era capaz de

    participar de uma vida social e profissional relativamente normal e til.

    CHUPAR O DEDO

    O que podemos fazer para que as crianas deixem de chupar o dedo? Esta uma pergunta corriqueira. Uma

    soluo cobrir as mos da criana com luvas ou coloc-las em tubos de papelo. Todavia, este mtodo como

    cortar os dedos da criana para evitar que ela os chupe.

    O princpio de recompensar um indivduo por no fazer alguma coisa - como Maria foi recompensada

    inicialmente por no comer - foi aplicado no caso de Rogrio, um menino de 5 anos que, persistentemente,

    chupava seu polegar. 2 Durante um perodo de vrios dias, Rogrio foi observado enquanto assistia a desenhos

    animados. Seu polegar permanecia na boca durante

    2. Esta parte baseia-se no trabalho "Laboratory control of thumbsucking by withdrawal and representation of

    reinforcement", de D. M. Baer. Foi publicado no Journal o! lhe Experimental Analysis ofBehavior, 1962,5, 525-

    528.

    2

    3

    todo o tempo. Uma vez que Rogrio parecia gostar de ver desenhos animados, decidiu-se que a exibio de

    desenhos seria usada como uma recompensa para seu comportamento de no chupar o polegar.

    Rogrio sentava-se numa cadeira, em frente televiso, durante 45 minutos. Durante os primeiros minutos, os

    desenhos animados eram mostrados continuamente, quer Rogrio chupasse ou no seu polegar. Na verdade, ele

    chupou o dedo durante o tempo todo. A projeo foi ento interrompida e s se reiniciou quando Rogrio tirou

    o polegar da boca. Depois que este procedimento foi repetido vrias vezes, Rogrio passou a chupar o dedo

    apenas metade do tempo. Este experimento demonstra que, provavelmente, possvel fazer com que uma

    criana reduza a freqncia de chupar o dedo, se for recompensada por no faz lo. Recuperao de uma

    menina de uma instituiio para retardados No passado, muito pouco foi feito para treinar ou educar retardados.

  • Alguns anos atrs, todavia, mostrou-se que estes indivduos poderiam aprender e ser treinados com o uso de

    tcnicas e mtodos especiais.

    Seguindo essa iniciativa, um grupo de psiclogos comeou um programa de treino intensivo com Susana, uma

    menina retardada que no conseguia construir uma sentena ou nomear objetos, mas era capaz de imitar

    palavras ditas por outra pessoa. 3 Tinha uma extrema dificuldade para andar e era incapaz de realizar

    movimentos com as mos, ainda que simples. Tentou-se submet-la a testes de inteligncia, mas ela possua to

    poucas habilidades que seu teste de QI resultou em zero. Era intestvel. Os experimentadores, ento, iniciaram

    um extenso programa, visando aumentar suas habilidades verbais e sua habilidade de discriminar e nomear

    objetos. Ao mesmo tempo, foi treinada para participar de jogos e resolver quebra-cabeas.

    Durante o treinamento de linguagem, recorreu-se ao uso freqente de doces como recompensa. O

    experimentador articulava uma palavra e, se Susana repetisse a mesma palavra, era recompensada com um

    pequeno pedao de doce e, algumas vezes, com um agrado na cabea, seguido da expresso "muito bem".

    Depois de meses deste procedimento, ela era capaz de nomear objetos e, finalmente, expressar-se atravs de

    sentenas curtas.

    O treinamento de habilidades fsicas foi, tambm, extremamente importante. Uma vez que Susana tinha os

    msculos da perna bem pouco desenvolvidos e uma coordenao motora muito pobre, as tentativas de andar de

    bicicleta ou de praticar outras atividades fisicas no apresentavam nenhum prazer para ela; por causa disso, os

    experimentadores

    3. Esta parte baseia-se numa comunicao pessoal de T. Risley.

    decidiram fazer com que sua participao nessas atividades valesse a pena, atravs do uso de doces como

    recompensa. Fixaram uma bicicleta numa base, de forma que as rodas girassem se ela pedalasse. Nas fases

    iniciais, eles recompensavam Susana apenas por sentar-se na bicicleta. Na fase seguinte, foi introduzido um

    dispositivo que liberava doces, automaticamente, cada vez que fizesse as rodas da bicicleta darem cinco voltas

    completas. Depois que isso foi conseguido, o nmero de voltas a ser dado pelas rodas foi aumentando

    gradualmente, at o ponto em que as rodas tinham que girar muitas vezes antes que o doce fosse liberado. Ao

    mesmo tempo, e progressivamente, a quantidade de presso na roda traseira foi ajustada, de modo a aumentar o

    esforo necessrio para se pedalar. Depois de alguns meses com este treinamento, os msculos de Susana

    tinham-se desenvolvido consideravelmente e ela passava horas pedalando a bicicleta e consumindo os doces,

    com grande satisfao. Quando adquiriu coordenao e fora necessrias em suas pernas, a bicicleta foi retirada

    de sua posio fixa e, atravs do uso de recompensas, ela foi ensinada a andar de bicicleta no ptio da

    instituio. Quando Susana aprendeu a andar de bicicleta, as recompensas se tornaram desnecessrias e ela

    passou a brincar horas a fio, como uma criana normal o faria, simplesmente pelo prazer e diverso de andar de

    bicicleta.

  • Ao trmino de centenas de horas de treinamento com recompensas, Susana progrediu at o ponto de poder ser

    testada com um teste padronizado de inteligncia. Seu quociente intelectual tinha subido o suficiente para

    permitir que ela sasse da instituio e fosse colocada numa classe especial de um grupo escolar. H boas razes

    para se acreditar que Susana ainda estaria naquela instituio se este treinamento no tivesse sido realizado.

    Nos casos descritos acima, vimos como as recompensas desempenham um papel importante na produo de

    mudanas desejadas no comportamento das pessoas. Mas nem todas as coisas ou acontecimentos no mundo so

    recompensadores. Na verdade, algumas experincias so to dolorosas que fazemos tudo o que podemos para

    evit-las. Os psiclogos tambm usam essas situaes aversivas a fim de produzir mudanas no

    comportamento; embora desagradveis para a pessoa que a elas se submete, as situaes aversivas podem ser

    usadas, com moderao, para contribuir para sua sade geral, comportamental e fisica. Os casos seguintes

    demonstram o uso de situaes levemente desagradveis, com a finalidade de se obterem modificaes de

    comportamento.

    PUNIO DE COMPORTAMENTO DE AUTOMUTILAO

    dificil entender por que persiste a automutilao, principalmente porque suas conseqncias so, com

    freqncia, extremamente dolorosas e prejudiciais ao indivduo. As observaes referentes a crianas psicticas

    nos do uma razo plausvel para isso: elas se machucam simplesmente para conseguir ateno. A criana

    psictica, em geral, vem de uma famlia que est preocupada com outras coisas e tem pouco tempo a gastar com

    ela. Todavia, se uma criana cair por acidente, os pais provavelmente correro para peg-la nos braos, dando-

    lhe assim mais ateno do que receberia em outras circunstncias. Uma vez que foi recompensada por cair, ela

    pode cair outra vez. Depois que isto acontecer algumas vezes, a famlia pode voltar a ignorar a criana at o dia

    em que ela, ao cair, bata a cabea. Novamente os pais podero correr para cobri- la com amor e ateno e ento,

    gradualmente, ignor-la como antes. Eventualmente, a criana pode bater a cabea com tal fora que se

    machuque e, novamente, receba a ateno dos pais. A criana pode continuar se machucando indefinidamente,

    na medida em que for recompensada por isso com a ateno dos pais.

    Processos semelhantes a este provavelmente ocorrem com a maior parte das crianas, mas tm efeito pouco

    duradouro e no se desenvolvem a ponto de se tornarem, verdadeiramente, um comportamento de mutilao.

    Quando o comportamento autodestrutivo chega a se desenvolver, em geral a criana colocada sob restrio

    fsica num hospital.

    Ricardinho era um bonito menino de 9 anos, cujo aspecto era prejudicado por vrias manchas e arranhes no

    rosto e na cabea. Quando o psiclogo viu Ricardinho pela primeira vez, ele estava num pavilho do hospital de

    uma instituio para retardados mentais, onde tinha sido colocado por causa de uma sria concusso, resultante

    de batidas da cabea contra um cho de concreto. Este comportamento autodestrutivo iniciou-se muito cedo na

    vida de Ricardinho e se transformou em ameaa sua integridade fsica. Ele tinha que ser supervisionado

  • constantemente, e no havia outro recurso seno amarr-lo ou restringir suas atividades a um bero, o que

    impediu o desenvolvimento de muitas habilidades normais.

    Era de se esperar que a dor, sentida cada vez que batesse a cabea, servisse para puni-lo e tornar menos

    provvel que repetisse este comportamento autodestrutivo. Todavia, ele provavelmente desenvolveu esta

    resposta de dar cabeadas de maneira gradual, durante um longo perodo. Assim, Ricardinho possivelmente

    acostumou-se dor resultante das cabeadas: por conseguinte, a dor no era um agente punitivo muito eficiente.

    Uma vez que a punio recebida por Ricardinho era sempre de um certo tipo, o psiclogo imaginou que se um

    novo tipo de punio pudesse ser introduzido quando ele comeasse a bater a cabea, isto poderia servir para

    suprimir ou diminuir a freqncia de suas cabeadas. Ricardinho foi levado a um quarto especial, revestido com

    um acolchoado para evitar que se machucasse severamente, e permitiu-se que desse tantas cabeadas quantas

    quisesse. Durante uma hora, ele deu 1.4.40 cabeadas. Em seguida a este perodo de registro, pequenos fios

    foram ligados sua perna, de forma que recebesse um leve choque, cada vez que desse uma pancada com a

    cabea. Na primeira vez que bateu a cabea e recebeu um choque, Ricardinho parou abruptamente e olhou em

    volta da sala, com ar de espanto. Ficou trs minutos sem dar cabeadas e depois bateu trs vezes com a cabea

    no cho, em sucesso rpida, recebendo um choque suave aps cada uma. Novamente parou com as cabeadas,

    por trs minutos. Ao fim deste tempo, bateu uma Vez mais com a cabea no cho, recebeu um choque e no deu

    cabeada at o fim da sesso de uma hora. Em sesses subseqentes, depois que um choque inicial era dado

    logo na primeira vez que batesse com a cabea, ele abandonava este comportamento. Em pouco tenpo, as

    cabeadas tinham cessado completamente e o acolchoado foi removido da sala. Mais tarde, conseguiu-se evitar

    que desse pancadas com a cabea em outras reas do pavilho.

    Atualmente Ricardinho no precisa mais ser amarrado ou confinado, e no foi visto dando cabeadas desde que

    o tratamento foi encerrado; conseqentemente, neste caso a punio foi uma tcnica muito eficiente na

    eliminao de comportamento indesejvel.

    O psiclogo que estava trabalhando com Ricardinho ressaltou que o choque usado era muito suave e,

    comparado com o dano e possvel perigo envolvido nas cabeadas dadas por ele, certamente justificado.

    Um experimento com animais acerca dos efeitos de recompensas e punies no estudo precedente, vimos como

    os processos de recompensa e punio podem funcionar em direes opostas. Imaginou-se que as cabeadas de

    Ricardinho estavam ocorrendo porque eram seguidas de ateno, ainda que em quantidade relativamente

    pequena. Imaginou-se tambm que a dor forte, que normalmente resulta das cabeadas, no era uma punio

    muito eficiente porque sua intensidade tinha sido aumentada muito gradualmente. Isto pode parecer uma

    adivinhao s cegas e, por causa disto, importante que estas noes sejam testadas com um experimento em

    laboratrio. O problema o seguinte: continuar um indivduo a responder quando sua resposta

    ocasionalmente seguida por uma pequena recompensa e sempre seguida por uma forte punio? Se formos

    capazes de demonstr-lo em laboratrio, ento teremos maior confiana em nossa anlise quanto ao problema

    de Ricardinho.

  • Ns no usaramos seres humanos em tal expeTimento por causa da dor envolvida; conseqentemente, usaram-

    se animais como sujeitos. Pesquisas anteriores tm mostrado que, praticamente, todos os resulta-

    6

    7

    dos da experimentao com animais so to vlidos para os seres humanos quanto para os animais. Neste

    experimento, usaram-se pombos como sujeitos. O experimento foi conduzido pelo Dr. Nathan Azrin no

    Hospital Estadual Anna, de Illinois. 5 Se tivssemos entrado no laboratrio do Dr. Azrin alguns anos atrs,

    poderamos ter visto um pombo, dentro de uma caixa, bicando um pequeno disco. Em algumas das ocasies, ao

    bicar o crculo, o pombo batia as asas, contorcia-se violentamente e quase caa. Observando mais de perto,

    teramos notado um par de fios conectados ao pombo. Atravs destes fios, ele recebia um breve, mas intenso

    choque cada vez que bicava o disco. O choque era to forte que quase derrubava o animal. Apesar disto, o

    pssaro continuava bicando o crculo e recebendo choques. Por que o animal bicava o disco, se estava sendo

    punido por isto e, de qualquer forma, por que o animal bicaria o disco, mesmo se no estivesse sendo punido?

    Eventtialmente notaramos que, algumas vezes, quando o animal bicava o crculo, um alimentador, ativado

    mediante um sistema eltrico, fornecia comida ao pombo. Em outras palavras, ocasionalmente o pssaro recebia

    uma pequena recompensa por bicar o disco e, a despeito de estar recebendo um forte choque, ele continuava

    bicando.

    A resposta ao nosso problema experimental que possvel conseguir que um organismo aceite uma

    quantidade tremenda de punio cada vez que responde, muito embora receba apenas ocasionalmente uma

    pequena recompensa. Isto corresponde nossa suspeita de que Ricardinho estava dando cabeadas em virtude

    da pequena recompensa social que recebia. Alm disso, a nica forma de conseguir que um pombo responda,

    apesar de hoques de intensidade to alta, aumentar sua intensidade gradualmente. Se primeiramente o

    pombo tivesse sido treinado a responder recebendo apenas recompensas e, a seguir, ns quisssemos introduzir

    abruptamente o choque de intensidade alta, o animal teria, imediatamente, parado de responder. Isto corrobora a

    nossa noo de que Ricardinho era capaz de suportar pancadas to violentas porque a fora das cabeadas s

    havia sido aumentada gradualmente.

    TRATAMENTOS PARA UM ATAQUE DE ESPIRROS

    Espirrar uma atividade extremamente violenta, envolvendo todo o corpo de uma pessoa; se prolongada pode

    ser cansativa, penosa e possivelmente de grande perigo para o indivduo.

    Uma jovem de dezessete anos foi internada no hospital para um exame geral. 6 Enquanto permanecia no

    hospital, trabalhadores esta-

    5. Esta parte baseia-se no trabalho de N. H. Azrin, "Punishment and recovery during fixedratio performance",

    publicado no Journal ofthe Experimental A nairsis o! Beha'.'ior, 1959, 2, 301-305.

  • 6. Esta parte baseia-se no artigo de M. Kushner "Faradic aversive controls in clinical practice", publicado no

    livro de C. Neuringer ei. L. Michael (Eds.), Behavior Modification in Clinical Psychology, Appleton-Century-

    Crofts, 1968, New lork.

    vam pintando uma rea adjacente ao su quarto. O cheiro da tinta fez com que ela espirrasse violentamente

    vrias vezes. No dia seguinte, depois de ter completado os exames, ao voltar para casa, ela comeou a espirrar

    com bastante freqncia. A princpio, nem seus pais nem seu mdico se preocuparam com os espirros, porque

    no raro uma pessoa espirrar por vrias horas como resultado de uma irritao secundria Os espirros

    continuaram por vrios dias, sendo que o intervalo entre eles variava de alguns minutos a poucos segundos.

    Seus pais comearam a se alarmar e levaram-na para o hospital a fim de que os espirros pudessem ser

    controlados. Especialistas em alergia e outros foram consultados, mas sem resultado. Os espirros continuavam.

    Ao fim de seis meses, a jovem ainda estava espirrando com uma freqncia muito alta, embora

    aproximadamente uma centena de especialistas tivesse sido consultada. Os recursos tentados envolveram

    hipnose, farmacoterapia, pequenas cirurgias, incluindo enxerto nas narinas e cavidades bucais, psiquiatria e uso

    prolongado de aerossis e preparados contendo anti-histamnicos. Deve-se salientar que um mdico administrou

    uma droga sonfera que a fez dormir por vrios dias e que, durante o sono, ela no espirrou, mas assim que foi

    despertada os espirros recomearam.

    A esta altura, um grupo de psiclogos de um hospital prximo foi chamado para cuidar do caso. Basearam seus

    procedimentos na suposio de que, embora os espirros tivessem causado muitas horas de desconforto jovem,

    algum aspecto destes espirros era recompensador. Alm de fornecer um alivio momentneo para a irritao, os

    espirros garantiam jovem mais ateno do que ela jamais tinha recebido em sua vida. Possivelmente, a

    teno era uma recompensa suficiente para fazer com que os espirros continuassem. Os psiclogos penduraram

    um microfone especial no pescoo da jovem. Embora pudesse falar ou rir normalmente, quando ela espirrava o

    prprio espirro captado pelo microfone ligava um dispositivo, fazendo com que recebesse um leve choque no

    antebrao. O choque comeava assim que ela espirrava, mas durava meio segundo mais do que o espirro. Em

    poucas horas os espirros tornaram-se menos freqentes e, seis horas mais tarde, tinham parado completamente.

    Sem levar em conta a ocasio em que ela estivera dopada, esta foi a primeira vez, em seis meses, que a jovem

    tinha conseguido passar um dia e uma noite inteiros sem dar um nico espirro. Dois dias depois, recebeu alta do

    hospital e, com subseqentes aplicaes de choques ocasionais, os espirros permaneceram sob controle.

    Algum poderia argumentar que a cura talvez no devesse ser atribuida ao procedimento usado, uma vez que os

    espirros, por siss, j eram, com muita probabilidade, suficientemente desagradveis, mesmo antes de se

    acrescentar o choque. Todavia, o incmodo usualmente associado ao espirrar no estava diretamente ligado ao

    espirro como tal, mas ocorria algum tempo depois deste. Conseqentemente, atravs do

    8

    9

  • emparelhamento direto do choque com o espirro, conseguia-se uma punio mais eficaz.

    Os meses de extremo desconforto, o nmero abundante de medicamentos e as horas de tratamento doloroso e

    inconveniente que a jovem havia recebido tinham terminado, atravs da aplicao racional de alguns choques

    eltricos breves e suaves. O tempo total durante o qual a adolescente recebeu o choque na totalidade do

    tratamento no chegou a trs minutos.

    CONTROLE DO CHORO E BIRRA POR REMOO DA ATENO

    Por uma razo ou por outra, todas as crianas choram. Em geral o chorar est associado a uma batida, um corte

    ou certos tipos de contato fsico com o ambiente. Algumas crianas parecem chorar e reclamar horas a fio sem

    uma boa razo para isto, incomodando e angustiando aqueles que a cercam. Tais crianas conseguem receber

    mais ateno de seus professores, pais e outros indivduos.

    O corpo docente de uma escola maternal estava preocupado com o choro e birra constantes de Guilherme, um

    menino de quatro anos de idade, que freqentava as sesses matinais da escola maternal. Guilherme foi

    observado vrias manhs e a quantidade dos episdios de choro foi registrada. Em mdia, oito episdios

    ocorreram em cada manh. Durante o perodo de observao, descobriu-se tambm que o choro e as birras de

    Guilherme, quase que imediatamente, resultavam em ateno por parte dos professores que corriam para

    confort-lo e adullo, at que ele parasse de chorar.

    Os professores da escola consultaram o Dr. Montrose Wolfe e planejaram para Guilherme um programa de

    modificao de comportamento. Sups-se que Guilherme persistia no choro porque, na verdade, as suas cenas

    de birra estavam sendo recompensadas com a ateno imediata por parte do professor da escola, que esbanjava

    gentilezas e carinhos com Guilherme.

    O programa adotado pelo grupo consistia, simplesmente, em ignor-lo sempre que comeasse a chorar sem

    motivo. Ele ainda recebia ateno e afeio por parte do professor, mas nunca quando estava chorando.

    Esse procedimento durou dez dias, e nesse perodo o nmero de episdios de choro caiu quase para zero.

    Durante os ltimos cinco dias do tratamento, ele chorou apenas uma vez. Guilherme deixou de ser considerado

    uma criana-problema, graas eficcia da simples tcnica de remoo da recompensa que se supunha estar

    mantendo a seqncia do seu comportamento.

    RESUMO

    Neste captulo, vimos como vrios problemas de comportamento, aparentemente diferentes - inanio, chupar o

    dedo, retardamento mental, auto mutilao, espirrar e chorar, foram reduzidos, atravs de tcnicas

    comportamentais relativamente simples, mas eficazes. Nos casos relatados, certos elementos estavam sempre

    presentes, e vamos resumi- los:

  • 1. Em todos os exemplos, colocou-se nfase no que o indivduo estava efetivamente fazendo. Os psiclogos que

    tentavam produzir mudanas no comportamento dos indivduos no gastaram horas em discusses, teorizando

    ou especulando sobre o que o paciente deveria estar pensando ou sentindo, mas sim na observao do paciente e

    registrando o que ele fazia e o que ocorria como resultado de suas aes.

    2. As recompensas desempenharam um papel significativo nas iniciativas tomadas para produzir mudanas nos

    indivduos: Maria comeou a comer, quando este seu ato comeou a ser recompensado com conversas e a

    oportunidade de assistir televiso. O choro e a birra de Guilherme pararam quando estes comportamentos

    deixaram de produrir ateno, como at ento ocorria. O comportamento de Rogrio, chupar o dedo, diminuiu

    bastante, quando isso interrompia a projeo de desenhos animados.

    3. Um aconteimento desagradvel, um choque eltrico suave, ps termo ao ataque de espirros e

    autodestruio. Em ambos os casos, o choque era produzido imediata e regularmente por estes comportamentos.

    4. Em todos os casos apresentados, a recompensa, a remoo da recompensa ou a apresentao de um choque

    desagradvel ocorreram imediatamente depois da ao ou comportamento do paciente; em vista. disto, pode-se

    dizer que as prprias aes que produziram a punio ou a recompensa. Uma vez que os psiclogos

    envolvidos foram bem- sucedidos aolidar dessa maneira com tais comportamentos, pode-se tirar uma

    generalizao desses exemplos: as aes das pessoas, em muitos casos, cessam ou se repetem em conseqncia

    dos efeitos que elas produzem sobre o indivduo. Dito de uma forma mais sinttica, o comportamento

    controlado por suas conseqncias.

    Os quatro pontos apresentados acima so de importncia capital no estudo de como e por que os organismos

    agem da forma que agem. Tais noes aparecero muitas outras vezes, em diversos contextos e de formas

    variadas, no decorrer dos demais captulos deste livro.

    A prxima seo contm uma lista de questes planejadas para ajud-lo a rever este captulo. Voc no gastar

    mais do que uns poucos minutos para responder a elas e recomendamos insistentemente que O faa agora.

    10

    11

    Ver que capaz de responder a quase todas as questes. Se houver dificuldade em responder a alguma

    pergunta, ser fcil voltar ao texto e descobrir o que pedido. No precisa se preocupar em responder por

    escrito. possvel, tambm, que isto se torne uma forma til de rever o captulo, antes de um teste ou exame,

    uma vez que provavelmente a maior parte dos pontos contidos em testes ou exames estaro tambm includos

    nesta lista de perguntas.

    Questes de estudo

  • 1. Entre as idades de II e 18 anos, Maria pesava aproximadamente:

    a) 18 quilos

    b) 36 quilos

    e) 60 quilos

    d) 72 quilos

    2. Descreva em poucas palavras as condies nas quais Maria vivia nos seus primeiros meses de casada.

    3. O que o mdico recomendou que Maria fizesse, se ela perdesse mais peso?

    4. Qual era a recompensa que Maria estava obtendo por comer pouco?

    5. Maria estava conscientemente tentando perder peso?

    6. Recompensas e punies so praticamente sem importncia na vida cotidiana de pessoas normais.

    a) Verdadeiro

    b) Falso

    7. Quando Maria voltou para a casa dos pais. ela parou imediatamentede perder peso?

    8. Qual a relao entre comer e receber ateno?

    9. Que explicao foi proposta para o fato de Maria continuar a comer pouco, quando ela voltou para a casa

    dos pais?

    lO. Dos 18 aos 37 anos o peso de Maria caiu de 60 para:

    a) 53 quilos

    b) 24 quilos

    e) 49 quilos

    d) SI quilos

    II. No tratamento realizado com Maria, no hospital, a conversa com a acompanhante no jantar servia como:

    a) Punio

    b) Recompensa

    c) Bate-papo antes que a refeio fosse servida

  • d) Uma influncia perturbadora que interferia com o comer

    12. Descreva os vrios estgios no processo empregado para conseguir que Maria engolisse comida,

    comeando com o simples levantar do seu garfo, em preparao para apanhar um bocado de comida.

    13. Descreva as mudanas que deveriam ocorrer no comportamento de Maria antes que ela pudesse ser

    reompensada com a oportunidade de ouvir rdio, toca-discos ou assistir televiso.

    14. Quando Maria voltou para a casa dos pais, quais foram as instrues dadas sua famlia?

    15. Os autores defendem o uso de tubos de papelo nas mos de uma criana, para evitar que ela chupe os

    dedos.

    a) Verdadeiro

    b) Falso

    16. Antes que o psiclogo comeasse a trabalhar, aproximadamente quanto tempo Rogrio passava chupando o

    dedo, enquanto assistia a desenhos animados?

    17. Qual era a recompensa recebida por Rogrio quando no chupava o polegar?

    18. Inicialmente, o QI de Susana era:

    a) O

    b) lO

    c) 20

    d) 40

    e) 80

    19. Descreva as habilidades verbais iniciais que Susana possua.

    20. Descreva, em poucas palavras, o procedimento para treino de linguagem.

    21. Quais eram as recompensas?

    22. Que habilidades de linguagem ela passou a ter depois do treinamento?

    23. Em geral, o treinamento de Susana era baseado em:

    a) Recompensas

    b) Punies

  • e) Uma combinao de recompensas e punies

    d) Nenhuma das afirmaes acima

    24. Que atividade especfica foi usada para ensinar habilidades fsicas a Susana?

    25. Descreva, resumidamente, a seqncia de estgios usada para ensinar Susana a andar de bicicleta.

    26. Foi possvel eliminar o uso de doce como recompensa para que ela andasse de bicicleta?

    27. Ao fim do tratamento, que aconteceu a Susana?

    28. Qual era o problema comportamental de Ricardinho?

    29. Especificamente, qual era sua resposta automutiladora?

    12

    13

    30. Unia das caractersticas da criana psictica que sua famlia est, em' geral, preocupada com outras

    coisas e tem pouco tempo para despender com ela.

    a) Verdadeiro

    b) Falso

    31. Descreva, sucintamente, como a automutilao pode se desenvolver numa criana.

    32. Indique a provvel recompensa para tal comportamento.

    33. Por que a dor que se seguia s cabeadas no era um agente punitivo muito eficiente?

    34. Especulou-Se, que, se um novo tipo de punio pudesse ser programado para ocorrer quando Ricardinho

    comeasse a dar cabeadas, seria possvel us-lo para suprimir ou diminuir a sua frequncia de dar

    cabeadas.

    a) Verdadeiro

    b) Falso

    35. Antes que o tratamento comeasse, quantas vezes Ricardinho batia a cabea, durante o perodo de uma

    hora?

    a) 14

    b) 144

  • 1440

    d) 14.400

    36. Que punio especfica era usada pelo psiclogo quando ele dava cabeadas?

    37. No primeiro dia em que o choque foi usado como punio, aproximadamente quantas vezes ele bateu com a

    cabea?

    a) 5

    b) 50

    c)500

    d) 5.000

    38. Os psiclogos foram capazes de eliminar as cabeadas de Ricardinho no quarto especial, mas no quando

    ele foi colocado de volta no pavilho.

    a) Verdadeiro

    b) Falso

    39. Que espcie de animal foi usada no experimento relatado.

    40. Que problema o experimento tentava responder?

    41. Como esse problema se relaciona com o de Ricardinho?

    42. Por que foi usado um animal nesta pesquisa ao invs de um ser humano?

    43. Os resultados da maior parte dos experimentos psicolgicos que empregam animais so aplicveis a seres

    humanos?

    44. No experimento com o pombo, que resposta estava sendo recompensada?

    45. Qual era a recompensa?

    46. Qual era a punio?

    47. Como se pode fazer com que um animal suporte uma violenta puniAo. se ele recebe apenas uma

    recompensa pequena e espordica?

    48. O que teria acontecido se o pombo primeiramentetivessesido treinado a dar resposta recebendo apenas

    recompensas e, depois, tivssemos introduzido, abruptamente, um choque de alta intensidade?

  • 49. Aproximadamente, quantos especialistas foram consultados sobre os espirros da jovem?

    50. Quais eram as duas reocmpensas poss(veis para o fato de ela espirrar?

    51. Descreva, em poucas palavras, o procedimento usado para eliminar os espirros.

    52. De maneira aproximada, quantos dias de tratamento foram necessrios para eliminar os espirros?

    53. Aproximadamente, qual foi a durao total dos choques que a paciente recebeu durante o

    condicionamento?

    a) 3 segundos

    b) 3 minutos

    c) 3 horas

    d) 30 horas

    54. Antes de comear o tratamento, qual era a atitude habitual dos professores quando Guilherme tinha uma

    crise de birra?

    55. Voc diria que suas crises de birra estavam sendo recompensadas ou punidas?

    56. Depois que o tratamento foi iniciado, qual er a atitude dos professores quando Guilherme fazia birra?

    57. Quano tempo durou o procedimento?

    a) 1 dia

    b) lO dias

    c) 100 dias

    d) 1 ano

    58. O procedimento para eliminar o comportamento de chorar foi eficaz?

    59. Em todos os estudos relatados, os psiclogos gastaram muitas horas teorizando e especulando sobre o que

    o paciente devia estar pensando ou sentindo, antes de tentar qualquer terapia.

    a) Verdadeiro

    b) Falso

    60. Quais foram os trs procedimentos bsicos usados para modificar o comportamento, nos estudos

    precedentes?

  • 61. Que comportamentos especficos foram modificados pelo uso de recompensas?

    62. Que comportamentos foram modifiados pela remoo de recompensas?

    60. Que comportamentos foram modificados pela apresentao de choque desagradvel?

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    15

    64. Qual a generalizao psicolgica mais importante que pode ser tirada desses estudos?

    65. D um exemplo de sua vida cotidiana no qual o comportamento tenha sido controlado por recompensas.

    66. Exemplifique como o comportamento poderia ser modificado pela remoo de recompensas.

    67. D um exemplo no qual o comportamento possa ser modificado pelo uso de punio.

    Para a maioria das pessoas as Questesde Estudo concluiro a parte formal do capitulo. Todavia, alguns de

    vocs talvez possam considerar til a leitura da prxima seo, intitulada "Comentrios", e que estar presente

    ao final de cada captulo. Detalhes no includos no texto principal sero apresentados nesta seo, bem como,

    algumas vezes, tpicos que so um pouco avanados para serem includos na parte regular do captulo ou at

    mesmo muito especulativos. De qualquer forma, esta seo incluir tens que ns, pessoalmente, consideramos

    interessantes. Muitos podero decidir no leressas pginas extras; todavia, para aqueles que no tm uma

    melhor forma de aproveitar o tempo, ns desejamos um bom proveito.

    COMENTRIOS

    CAUSAS PSICOLGICAS DA INANIO

    At aqui, evitamos o uso de termos tcnicos. Todavia, em geral no h termos cotidianos que correspondem

    exatamente aos termos tcnicos; se eles fossem equivalentes, no haveria necessidade de desenvolver um

    vocabulrio tcnico. A palavra recompensa foi usada em lugar do termo tcnico reforamenlo. Uma recompensa

    alguma coisa que d prazer ou sal isfaio. Infelizmente, os lermos prazer.e sal isfao no podem ser

    claramente definidos. Para descobrir se alguma coisa recompensadora poder-se-ia perguntar pessoa

    envolvida se isso agradvel e satisfatrio. No passado, tentou-se construir uma cincia da Psicologia atravs

    de perguntas desse tipo, feitas aos sujeitos. Infelizmente, os resultados obtidos desta maneira no eram

    fidedignos, alm de serem difceis de interpretar. Por exemplo, se uma pessoa diz que alguma coisa

    "satisfatria" e outra diz que no , ficamos sem saber se os indivduos esto sendo afetados diferentemente; se

    eles querem dizer coisas ligeiramente diferentes com a palavra "satisfatria"; ou, mesmo, se um deles est

    mentindo. Outra dificuldade encontrada, quando se confia no relato verbal do indivduo, que no podemos

    usar esta tcnica no experimento com animais. Esperamos que as leis da Biologia se apliquem aos animais tanto

  • quanto ao homem. Da mesma forma, cientificamente desejvel que as leis do comportamento se apliquem aos

    animais tanto quanto ao homem. Poi estas razes, os psiclogos desenvolveram outras tcnicas para obter

    dados.

    Vimos que as noes de prazer e satisfao, no sentido de significarem recompensa. no so cientificamente

    aceitveis para a Psicologia; todavia, a recompensa pode tambm ser definida como algo que dado por um

    trabalho bem feito. este significado de recompensa que o psiclogo mantm no termo reforamenlo. Um

    reforador dado depois que uma resposta, ou seqncia de respostas, completada. Todavia, a fim de que

    alguma coisa seja qualificada como um reforador, ela precisa ter um efeito de reforo ou fortalecimento. Um

    reforador vem em seguida a uma resposta e torna mais provvel que a resposta ocorra novamente, no futuro.

    Essa definio de reforador nada diz sobre por que um estimulo age como reforador; ela nada diz sobre

    satisfao ou prazer; ela simplesmente diz o que um reforador.

    Tem-se sugerido que a noo de reforamento no til porque a sua aplicao sempre envolve um raciocnio

    circular. Por exemplo, a resposta questo: "Por que a criana est

    sempre chorando" poderia ser "Ela chora porque quando o faz reforada com a ateno de seus pais". Para a

    pergunta: "Como voc sabe que a ateno dos pais est reforando o choro?" uma resposta circular errnea

    sena: "Eu sei que a ateno est agindo como reforador porque a criana est sempre chorando". A

    circularidade deste raciocfnio reside no fato de a noo de reforamento estar sendo empregada para explicar o

    choro da criana, co choro da criana ser usado como prova deque um reforamento t envolvido. Uma

    resposta mais apropriada ltima questo seria: "A ateno age como reforador porque, quando os pais

    prestam ateno aos filhos por chorarem, as crianas gastam mais tempo chorando do que quando os pais no

    do ateno para tal comportamento". A forma de determinar se um estmulo est agindo como um reforador

    simplesmente experimentando e vendo seus efeitos. Se a resposta ocorrer mais freqtlentementequando for

    seguida pelo estimulo do que quando no o for, ento, por definio, o estimulo reforador

    A terapia utilizada com Maria se baseava na noo de que, atravs de reforamentos sucessivos de respostas

    cada vez mais semelhantes resposta desejada, um individuo pode ser dirigido para a resposta pretendida. Este

    mtodo conhecido como de aproximades sucessivas, e ser discutido com detalhes em captulos posteriores.

    COMPORTAMENTO DE CHUPAR O DEDO

    No estudo do comportamento de chupar o polegar, a relao entre o trmino dos desenhos animados e a

    resposta de chupar o dedo tinha que ser estabelecida. Quando a projeo dos desenhos animados era

    interrompidas o menino tirava o polegar da boca. Os experimentadores supuseram que esta resposta fosse

    devida ao efeito punitivo do trmino dos desenhos animados; todavia, a criana poderia sifliplesmente estar

    zangada e aborrecida pelo fato de os desenhos terem cessado e, por causa disto, ter tirado seu polegar da boca.

    A fim de estabelecera relao entre estes dois acontecimentos, a criana foi submetida a perodos com projeo

    de desenhos animados alternados com outros sem projeo. A projeo ou no dos desenhos era independente

  • do fato de a criana estar chupando o dedo. Este procedimento-controle no afetou a freqncia de chupar o

    dedo. Mais tarde, quando o trmino da projeo tornou-se contingente ao comportamento de chupar o dedo,

    observou-se uma reduo, o que ressalta um aspecto importante da aprendizagem. Para que um comportamento,

    de uma pessoa possa ser afetado por recompensa ou punio, a recompensa ou punio deve estar intimamente

    relacionada com a resposta, numa seqncia temporal.

    O estudo sobre o comportamento de chupar o dedo um exemplo da relao entre reforamento positiyo e

    punio. O sujeito foi reforado por no chupar o dedo atravs da apresentao de desenhos animados ou, ao

    contrrio, ele era punido por chupar seu polegar pela remoo dos desenhos animados. Noutros experimentos,

    esta relao recproca pode ser menos clara, mas em quase todos os casos os procedimentos podem ser vistos

    tanto como reforamento positivo quanto como punio. Este estudo difere da maior parte dos experimentos de

    laboratrio com animais. Por exemplo, quando um pombo est bicando uma 'chave para obter comida, cada

    bicada na chave uma resposta de curta durao, discreta e temporalmente circunscrita. Chupar o dedo, por

    Outro lado, uma resposta de maior durao - a cnana pode manter o dedo na boca durante horas. Da mesma

    forma, o reforamento sob forma de comida, para o pombo, est presente apenas por alguns segundos e ento

    removido. O reforamento sob forma de desenhos animados, no experimento sobre chupar o dedo, tinha uma

    longa durao. A natureza discreta da resposta usual e do reforamento pode explicar a dificuldade em ver a

    relao recproca entre punio e reforamento na maior parte dos experimentos com animais.

    Pimiio de um comportameto o de automutilao

    Enfatizou-se que um padro de comportamento, semeinan, em muitos aspectos ao demonstrado por

    Ricardinjio, poderia sei' obtido experimentalmente com um pombo, em laboratrio. Ricajdinho continuava a dar

    cabeadas, embora tivesse dor e dano fsico, por causa do aspecto recompensador do contato e da ateno social

    que recebia. O pombo

    16

    17

    bicava um disco que descarregava um choque imediato nele mesmo, mas que, eventual- mente, fornecia

    recompensa sob forma de comida. Ele continuava bicando e suportava a dor, por uma pequena quantidade de

    reforamento. Se o pombo fosse mantido neste esquema durante vrios anos, um mdico inexperiente, que no

    estivesse a par de sua histria e de como ele se tornou to patolgico, poderia cuidar do pombo da mesma forma

    que Ricardinho foi tratado. Um tipo diferente de punio poderia ser aplicado em cada bicada no disco. A nova

    punio poderia ser um golpe fisico, talvez dado com um pequeno martelo. Sob estas condies, seria provvel

    que a frequncia de bicar o disco decrescesse da mesma forma que as cabeadas de Ricardinho diminuiram.

    TRATAMENTO PARA UM ATAQUE DE ESPIRROS

  • interessante que o espirro, cuja natureza considerada reflexa e escapa ao controle voluntrio do indivduo,

    possa ser modificado ou suprimido atravs de punio contingente. O condicionamento aversivo est sendo

    aplicado em problemas similares, com grande sucesso.

    CONTROLE DO CHORO E BIRRA PELA REMOO DE ATENO

    O choro considerado como operante ou respondente. O choro respondente aquek que surge como

    consequncia direta e bvia do dano fsico, que ocorre imediatamenu depois do dano, e no depende da

    presena de outras pessoas ou circunstncias particulares O choro operante, por outro lado, no est

    primariamente associado ao'dano e s ocorn quando outras pessoas esto presentes. Frequentemente a criana

    olhar em volta para assegurar-se da presena de outros, antes que comece a chorar. A ocorrncia de ambas a

    espcies de choro pode ser modificada atravs de contingncias adequadas; todavia, o tipc operante de choro

    mais imediatamente passvel de controle

    No tratamento de Guilherme, os psiclogos no concluram o experimento no pontc indicado no texto. Embora

    apenas um episdio de choro tivesse ocorrido no ltimo perod de cinco dias, permaneciam ainda algumas

    dviaas em torno da remoo de ateno com sua causa. Era concebvel que os acontecimentos no lar, uma

    mudana nas condies fsica dacriana ou outras variaveis no identificadas coincidissem com a remoo de

    ateno pudessem ser a causa real da diminuio do comportamento de choro. A fim de demonstra que a

    manipulao da ateno era a varivel pertinente, inverteu-se o procedimento, reins talando-se as condies

    originais observadas antes que o experimento fosse iniciado. Isto cada episdio de choro ou birra era

    reforado com ateno imediata. Como consequncia a frequncia de chorar aumentou dramaticatnente e

    aumentou drasticamente at os nvei anteriores, demonstrando que a remoo de ateno era o fator crtico;

    quando a ateni foi mais uma vez removida, o choro diminuiu novamente para uma frequncia prxima de

    zero e permaneceu neste nveL

    :18

    2. CONDICIONAMENTO

    Em uma das histrias de J. D. Salinger, pergunta-se a uma criana- gnio, chamada Teo, se amava seus pais.

    Teo pensou seriamente. - Voc sabe o que a palavra "afinidade" significa? - perguntou, voltando-se para

    Nicolau.

    - Tenho uma vaga idia - disse Nicolau, secamente.

    - Tenho uma grande afinidade com eles. So meus pais, quero dizer.., e todos somos parte da harmonia e tudo o

    mais de cada um - disse o menino

  • Como Teo, a maioria de ns incapaz de dicotomizar, claramente, nossas relaes com o mundo em um

    sistema gosto/ no gosto. O fato de nos mantermos em muitos tipos de atividades , provavelmente, mais

    importante do que como nos sentimos a respeito delas. A questo primordial por que e como nosso

    comportamento se mantm dia aps dia, e sob que condies abandonamos algumas atividades que tnhamos e

    comeamos outras novas.

    No estudo da Psicolgia, anos de observao e experimentao nos tm levado a acreditar que fator

    determinante no comportamento de uma pessoa aquilo que vem aps o comportamento. Se o comportamento

    produz uma recompensa para a pessoa, ser mantido e aumentar em freqncia.

    Ao analisar comportamento, no entanto, o termo recompensa no mais usado, pois um objeto, privilgio ou

    presente oferecido como uma "recompensa" por aquele que d podem no ser vistos da mesma maneira por

    aquele que recebe. Por exemplo, um explorador que estava visitando uma tribo de indgenas tornou-se um heri

    local quando salvou o filho do cacique de morte certa por afogamento. Nem preciso dizer que o cacique estava

    agradecido ao explorador e procurou recompens-lo por seu comportamento, oferecendo-lhe o mais fino

    presente que pde imaginar: uma indgena extremamente gorda e tola, que era a sua esposa favorita. Quando o

    explorador viu a "recompensa", seu corao quase parou; fez, imediatamente, um solene juramento para si

    mesmo: de nunca mais voltar a desempenhar o papel de heri.

    A fim de evitar a diferena de opinio - entre aquele que d e aquele

    que recebe sobre o que constitui uma recompensa, os psiclogos usam

    1 Baseado em Salinger, J. D., Nine Siories. Boston: Little Brown and Company, 1953, p. 285.

    19

    o termo reforo positivo. A coisa que dada chamada reforador e pode ser, por exemplo, um tablete de

    chocolate, uma nota de Cr$ 50,00 ou uma entrada para o teatro. Para uma determinada pessoa, no entanto, pode

    ser que nenhuma destas coisas seja um reforador. Aquilo que dado reforador positivo se, e apenas se,

    aumentar a freqncia de uma resposta ou ato comportamental ao qual se seguiu. No exemplo acima, a

    recompensa do cacique no foi um reforador positivo, pois no tendeu a fortalecer ou aumentar a freqncia do

    comportamento herico do explorador. Na verdade, "as respostas de heri" do explorador tornaram-se menos

    provveis de ocorrer do que antes da "recompensa" ter sido dada.

    O USO DE REFORAMENTO POSITIVO EM RETARDAMENTO MENTAL

    Hoje, reforamento positivo a tcnica mais eficaz no tratamento e treinamento de retardados.2 Um indcio da

    recentidade da Psicologia como cincia o fato de o primeiro estudo importante sobre a eficcia do uso do

    reforo positivo na modificao do comportamento de pessoa com severo retardo mental ter sido feito por volta

    de 1949. Foi realizado pelo Dr. Paul Fuiler com um rapaz de 18 anos de idade, conhecido nos pronturios da

  • instituio como "idiota vegetativo". O rapaz permanecia constantemente deitado de costas e era incapaz de se

    virar na cama. Podia abrir a boca, piscar os olhos, mover os braos e, de uma maneira extremamente limitada,

    mexer a cabea e os ombros. Seu tronco e pernas eram inteiramente imveis. Nunca se tinha ouvido um som

    vocal proferido por ele, e, embora tivesse alguns dentes razoavelmente desenvolvidos, no podia mastigar a

    comida colocada em sua boca, razo pela qual, durante 18 anos, sua dieta foi composta de lquidos e semi-

    slidos. fcil ver por que o termo "vegetativo" era, usualmente, aplicado a ele.

    Quando Fuiler comeou seu experimento, a maior parte do pessoal da instituio e mesmo profissionais no

    campo de retardamento mental achavam que ele estava destinado ao fracasso.

    "Essa espcie de vegetal humano simplesmente no pode aprender", era o comentrio corriqueiro. "Nenhum

    mtodo, velho ou novo, ter sucesso!"

    Fuller afirmava que o sucesso ou fracasso s poderia ser determinado aps a tentativa do uso do reforo

    positivo. Era preciso esperar para ver. Ele e seus assistentes, aps observarem seu sujeito de perto, por algum

    tempo, numa tentativa de descobrir um movimento ou resposta que o rapaz fizesse com consistncia, notaram,

    finalmente, que o retardado levantava seu brao direito da posio horizontal para a vertical, de tempos em

    tempos e com alguma regularidade. A freqncia com que

    2 Baseado em Fuiler, P. R., "Operant conditioning of a vegetative human organism". American Journal of

    Psychology. 1949. 62. 587-90.

    erguia o brao foi observada e registrada durante 20 minutos. Ocorreu uma vez por minuto, em mdia. Nos 10

    minutos seguintes, algo inteiramente novo foi feito com o rapaz. Uma seringa cheia com uma soluo morna de

    leite aucarado foi colocada perto de sua boca. Em ocasies anteriores, uma soluo semelhante lhe tinha sido

    dada como alimento em uma xcara e ele, aparentemente, tinha gostado. Talvez servisse como um reforador

    positivo. Cada vez que erguia o brao, uma pequena quantidade de soluo de leite aucarado era esguichada

    em sua boca. Assim, cada vez que levantava o brao, a soluo se seguia segura e regularmente Se a liberao

    do leite aucarado e aquecido fosse um reforador positivo, a freqncia de levantar o brao deveria aumentar.

    Foi exatamente isso o que Fuller e seus assistentes descobriram. Aps 45 apresenta&s da soluo, a freqncia

    mdia de levantar o brao aumentou de 1,00 para 1,12 vez por minuto. Na manh seguinte, aps completar

    outra sesso, a freqncia mdia aumentou para 3,00 vezes por minuto, exatamente trs vezes mais do que a

    freqncia inicialmente observada. Aparentemente o rapaz era menos um "vegetal" e mais um ser humano, cujo

    comportamento podia ser modificado pela tcnica adequada; neste caso, o reforamento era positivo.

    No experimento descrito acima, a soluo de leite aucarado foi apresentada regularmente, aps cada ocorrncia

    de levantar o brao com grande proximidade temporal. Como a freqncia com que o rapaz levantava o brao

    aumentou, a soluo de leite e acar pode ser chamada de um reforador. Cada apresento da Soluo foi,

    portanto, um reforamento. Para outras pessoas, leite aquecido e adoado pode no ser, de modo algum, um

    reforador; talvez voc preferisse uma Coca-Cola ou mesmo uma cervejinha.

  • A operao de introduzir um reforador positivo, imediatamente aps uma resposta, resultando num aumento na

    freqncia daquela resposta, chamada condicionamento. Dizse de uma resposta, cuja freqncia foi

    aumentada desta maneira, que foi condicionada. No estudo apresentado acima, o levantar o brao foi seguido

    por leite aucarado aquecido e, subseqentemente, a freqncia de levantar o brao aumentou; assim, ocorreu

    condicionamento. O levantar o brao pelo rapaz foi condicionado. Poder-se-ia dizer, portanto, que o rapaz, no

    trabalho do Dr. Fuiler, aprendeu, de fato, a levantar seu brao mais freqentemente. mas os psiclogos preferem

    usar o termo condicionamento para descrever aquilo que acontece sob estas condies e rejeitar o termo mais

    velho e menos explcito: aprendizagem.

    O termo aprendizagem , grosseiramente, definido como "mudana no comportamento produzida pela

    experincia". Como se pode ver, "aprendizagem" um termo muito mais amplo do que "condicionamento",

    cobrindo um conjunto de atividades e habilidades que animais e homens adquirem atravs de contato com seu

    meio. Esto includos nesta

    20

    21

    categoria processos complexos, tais como: habilidades verbal e simblica usadas na lgica e na linguagem

    escrita e falada.

    O significado de "condicionamento" muito mais especfico e exato que o de aprendizagem. Condicionamento

    , tambm, mais fcil de ser entendido; o aumento na freqncia de uma resposta que foi, recentemente,

    associada com um reforador positivo sob condies explcitas. No futuro, quando soubermos tudo o que h

    para saber acerca da experincia e seu efeito sobre o comportamento, possvej que venhamos a descobrir que

    toda aprendizagem consiste em compostos e combinaes de respostas simples que surgiram atravs de

    condicionamento.

    Hoje, os psiclogos ainda usam o termo "aprendizagem" quando ocorrem mudanas comportamentais

    decorrentes de experincias desconhecidas ou indefinidas. As vezes um termo til, mas quando se busca

    clareza e rigor cientfico empregado o termo mais restrito "condicionamento". Nas pginas seguintes deste

    livro, o habitual ser "condicionamento", com uma referncia aqui e ali "aprendizagem".

    O condicionamento com reforo positivo envolve mais do que encontrar um objeto ou mercadoria pelos quais

    uma pessoa trabalhar. Para ocorrer condicionamento, o reforador potencial deve ser apresentado logo aps a

    ocorrncia do comportamento q.1e se espera fortalecer. No apresentar o reforador potencial imediatamente

    aps a resposta resultar em pequeno ou nenhum aumento na freqncia da resposta, isto , em pouco ou

    nenhum condicionamento. A menos que seja aplicado adequadamente, um reforador potencial no ter efeito -

    no ser um reforador positivo, independente de seu potencial, e o condicionamento no ocorrer.

    A importncia da imediaticidade do reforo positivo no condicionamento

  • Todo mundo fica impressionado com a velocidade com que os bebs parecem adquirir novas habilidades. A

    maioria das pessoas, erroneamente, acredita, no entanto, que os bebs no podem ser diretamente ensinados,

    parecendo que se desenvolvem por si prprios. bvio que, se tcnicas apropriadas forem empregadas com

    bebs, podem-se condicionar quaisquer habilidades ou comportamentos.

    Um pesquisador demonstrou que fornecendo, regularmente, a mamadeira para bebs de quatro meses cada vez

    que viravam a cabea, a freqncia do comportamento de virar a cabea aumentava enormemente. 3 Com um

    grupo semelhante de crianas, provou tambm que o mesmo nmero de apresentaes do leite foi

    completamente ineficaz no condicionamento do comportamento de virar a cabea, quando as apresentaes de

    leite no se seguiam, deliberada e regularmente, a cada resposta de virar a cabea.

    3 Baseado em Siqueland, E. R., "Operant conditioning of head turning in four month old infants". Psycho/ogical

    Science, 964, 1. 223-224.

    Trs grupos, cada qual com dez bebs, foram empregados no estudo Para cada beb do primeiro grupo, a

    mamadeira foi apresentada imediatamente aps ele ter virado a cabea para a direita. Ao receber a mamadeira, a

    criana poderia sug-la por trs segundos, O segud grupo foi tratado exatamente da mesma maneira que o

    primeiro, exceto que, para ganhar a mamadeira, o beb deveria girar a cabea para a esquerda. Os bebs do

    terceiro grupo recebiam as garrafas num esquema ao acaso, sem nenhuma relao com o seu comportamento de

    virar a cabea.

    Os resultados foram claros e conclusivos. O leite serviu como um reforador positivo de grande eficcia para os

    dois primeiros grupos, pois neles o girar a cabea para a direita e para a esqurda aumentou em freqncia. No

    terceirb grupo, onde o leite foi dado aleatoriamente, as apresentaes da mamadeira no condicionaram o

    comportamento de virar a cabea, e nele, portanto, o leite no serviu como um reforador positivo.

    Podemos concluir, baseados neste estudo, que aquilo que oferecido ou apresentado s pode ser chamado de

    reforador quando condiciona o comportamento ao qual foi associado, e s se tornar um reforador se for

    adequadamente associado resposta. Como ser demonstrado, a associao ideal de um reforador positivo a

    uma resposta ocorre quando o reforador positivo vem imediatamente aps a resposta.

    "VER TELEVISO" USADO COMO UM REFORADOR POSITIVO

    At agora temos falado apenas de reforadores positivos que podem ser consumidos. Os comestveis

    compreendem pequena parte do nosso meio. Muitas outras coisas, que no podem ser comidas, podem servir

    tambm, e algumas vezes at melhor do que os comestveis, como reforadores positivos.

    Quando estava matriculado como estudante de ps-graduaao na Universidade Estadual da Flrida, pude ver

    como um evento do dia-a-dia a oportunidade de assistir televiso podia ser empregado como um reforador

    positivo muito eficaz. 4 O caso envolveu um menino de nove anos de idade que fora trazido para a Clnica de

    Desenvolvimento Humano, onde eu servia como estagirio. Era costume, na clnica, que cada psiclogo

  • principiante recebesse um caso, juntamente com um super- visor, que serviria com consultor, professor,

    confidente, e que em geral tirava a gente do "enrosco" quando as coisas se complicavam. Eu estava muito feliz

    por ter o Dr. Todd Risley como supervisor, pois naquele tempo tinha ele uma grande reputao no campo da

    modificao do comportamento.

    4 Baseado em Whaley. D. L. e Risley, T., "The use of television viewing opportunity in the control of problem

    behavior". Manuscrito no publicado.

    22

    O menino, cujo nome era Joo, foi trazido para a Clnica pela me, que confessou j estar perdendo a pacincia

    em suas tentativas de controlar o filho. O aspecto do comportamento de Joo que lhe causava mais preocupao

    era o fato de ele no atend-la ao ser chamado, enquanto brincava. Em geral, chamava-o pelo menos meia dzia

    de vezes e, ento, finalmente era forada a sair pela vizinhana sua procura. A esta altura, j estava nervosa e

    acabava sendo mais spera com o garoto do que preLendia. Mais tarde, sentia remorsos e pedia desculpas pela

    sua atitude. Havia, no entanto, o lado prtico do problema. As refeies, usualmente, esfriavam-se antes que

    Joo aparecesse. Telefonemas e encontros importantes eram perdidos por causa do tempo consumido a procurar

    o filho pela vizinhana. A me, da mesma forma que achava suas palavras speras e ofensivas, no desejava

    bater-lhe ou mesmo amea-lo de uma surra, como medida de controle. Ela viera para a Clnica em busca de um

    meio para controlar o filho, que no fosse bater ou usar palavras speras.

    A primeira coisa que fizemos foi pedir me que fizesse registros precisos do comportamento do filho quando

    ela o chamasse. Demos- lhe alguns formulrios, especialmente preparados para este fim, e entramos em contato

    com ela, diariamente, durante a primeira semana, para termos certeza de que o registro estava sendo feito

    correta e fidedignamente. O procedimento consistiu no seguinte: um modo de chamar o menino deveria ser

    padronizado e feito sempre no mesmo lugar, ou seja, rio alpendre do quintal. Alm disso, o nmero de

    chamadas deveria ser imitado nesta etapa do trabalho. Este limite era de 4 chamadas dirias, ou 28 por semana.

    Se Joo aparecesse no alpendre do quintal dentro de 10 minutos aps o chamado, um sinal de mais (+) era feito

    na folha de registro; se no aparecesse, fazia-se um sinal de menos (-). A me registrou esta informao,

    diariamente, por quatro semanas consecutivas e durante este tempo no recebeu nenhuma ajuda especial para o

    seu problema. Se seu filho no aparecesse aps terem decorridos os 10 minutos, estava diante do velho

    problema de encontr-lo e traz-lo para casa.

    A prxima tarefa foi encontrar um objeto ou privilgio que fosse reforador positivo para Joo. Aps vrias

    horas de discusso com os pais, descobrimos que Joo gostava muito de assistir televiso. Os pais tinham

    restringido ao mnimo o tempo que o filho podia ver televiso e controlavam os programas a que podia assistir.

    Concordaram, no entanto, em permitir que o menino visse televiso mais tempo, at um certo ponto, e em dar-

    lhe quase completa liberdade de escolha dos programas a que quisesse assistir, desde que, assim fazendo, seu

    comportamento de no atender aos chamados da me pudesse ser controlado.

  • Durante as quatro semanas seguintes, a oportunidade de assistir televiso foi oferecida a Joo sob as seguintes

    condies: se aparecesse dentro de lO minutos aps ser chamado, receberia um sinal de mais, que significava

    um perodo de 5 minutos para ver televiso; se no chegasse

    dentro dos 10 minutos, no receberia crditos. Como a me achava que chegar para as refeies na hora tinha

    uma importncia especial, foi oferecido um incentivo adicional: poderia ver televiso por 15 minutos se

    atendesse ao chamado para o jantar dentro do limite. O garoto poderia acumular o tempo ganho e us-lo em

    bloco para assistir aos melhores programas da noite ou, se preferisse, distribu-lo durante o dia, desde que isto

    no interferisse como equema de atividades de sua casa. A Figura 2.1 representa as quatro primeiras semanas,

    nas quais apenas se fez observao e as quatro seguintes, nas quais a oportunidade de ver televiso dependia de

    responder ao chamado. A linha vertical, ou ordenada, est dividida em segmentos, que correspondem

    freqncia com que o menino respondeu ao chamado dentro do limite de tempo imposto. A linha horizontal, ou

    abscissa, est dividida em oito segmentos que correspondem s oito semanas do nosso trabalho. A linha vertical

    pontilhada separa as quatro primeiras semanas, durante as quais as observaes iniciais foram feitas, das quatro

    seguintes, quando a televiso foi introdzida com uma conseqncia.

    O rpido aumento do atender ao chamado da me a partir da quinta semana demonstra que a oportunidade de

    ver televiso, empregada nesta fase, foi um reforador positivo poderoso para o comportamento de Joo.

    E o

    Fig. 2.1 Registro nAo-acumulaclo

    Semanas

    24

    25

    Fig 2.2. Registro acumulado.

    Outro mtodo usado para apresentar informao comportamental o grfico acumulado ou registro cumulativo

    (Figura 2.2).

    Como j vimos, nele a linha vertical chamada de ordenada, e a horizontal de abscissa. A ordenada rotulada

    como "freqncia acumulada" e difere da primeira figura, cuja ordenada foi chamada, simplesmente, de

    freqncia. O nome e a segmentao das abscissas para ambas as figuras so idnticos. O grfico cumulativo

    difere da Figura 2.1, pois a freqncia observada para cada semana somada freqncia observada nas

    semanas antecedentes. A soma destas , ento, acrescentada freqncia da prxima semana, etc. As

    freqncias foram muito baixas durante as primeiras quatro semanas, perodo em que o tempo para ver televisp

    no havia ainda sido oferecido como conseqncia por atender, quando chamado. Como resultado, a inclinao

  • da curva leve e no difere muito do plano horizontal ou abscissa. No comeo da quinta semana, quando

    assistir televiso foi instituido, as freqncias se acumularam de maneira rpida e, conseqentemente, a

    inclinao da linha mais diagonal. A mudana na inclinao da curva, quando se comparam as quatro

    primeiras com as quatro ltimas semanas, diz ao pesquisador que ocorreu condidionamento. Os grficos

    acumulados so muito usados para representar comportamentos e mudanas comportamentais.

    O uso da assistir televiso como um reforador positivo teve tanto sucesso que a me o estendeu para vrios

    comportamentos do filho. Talvez to dramtica quanto a mudana no comportamento de Joo tenha sido a

    mudana nas atitudes de sua me. Tendo aprendido como exercer uma influncia gentil, mas firme, sobre o

    filho, descobriu que gostava dele muito mais.

    O reforo positivo um fator extremamente poderoso nas nossas vidas. At agora, vimos como ele eficaz no

    condicionamento, seja do simples levantar de brao e girar a cabea, seja em relao atividade mais complexa

    de atender ao chamado. Nos dois casos seguintes foi usado reforo positivo para condicionar toda uma classe de

    respostas. Veremos que as mudanas resultantes foram to amplas que se pode quase dizer que as

    personalidades bsicas das pessoas envolvidas se alteraram.

    CONDICIONAMENTO DO COMPORTAMENTO DE BRINCAR

    Durante os primeiros seis meses que passou numa escola pr-primria, Marcos raramente participava das

    brincadeiras que envolviam atividade fsica. Era um mnino desajeitado, e suas tentativas ocasionais de brincar

    com outras crianas resultaram em fracassos. Passava a maior parte do tempo vagando inquieto, mudando de

    uma atividade para outra. aparentemente sem se interessar nem se entreter.

    Pode-se imaginar que Marcos ou era muito tmido, solitrio, desajeitado e pouco dado a atividades fsicas, ou

    simplesmente no tivera uma oportunidade adequada para que o comportamento de brincar fosse condicionado.

    Quando tentava brincar com outras crianas, atrapalhava seus jogos devido ao seu comportamento fsico e

    social limitado. Quando isto acontecia, as professoras tentavam persuadi-lo a fazer alguma coisa mais

    construtiva. Dado que a ateno , em geral, um reforador positivo poderoso, as professoras poderiam estar

    inadvertidamente incentivando o comportarnnto indesejvel de Marcos: ficar vagando sem direo e atrapalhar

    o brinquedo de outras crianas. provvel que o comportamento inadequado estivesse persistindo por causa do

    reforo social dado pe -professora.

    A atividade fsica importante em nossa cultura, haja vista a quantidade de interao social que ocorre em torno

    de atividades esportivas e jogos. Uma criana que no pode participar destas recreaes est privada de uma

    oportunidade para o condicionamento de habilidades sociais importantes, habilidades que sero teis para ela

    enquanto criana e mais tarde na vida, quando for adulta.

    5 Baseado em Johnston, Margaret K.. Ketly, C., Harris, Florence, R. e Wolf. M. N., "An appiication of

    reinforcement principles to the development of motor skiiis of a young child". Manuscrito no publicado.

  • e

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    150

    125

    100

    75

    50

    25

    01 2 34 5 6 7 8

    Semanas

    26

    27

    As professoras da escola pr-primria resolveram tentar o reforamento positivo para condicionar o

    comportamento desejvel. Quando possvel, esta soluo muito eficaz. No presente caso, as professoras

    decidiram condicionar primeiramente um tipo especfico de atividade:

    brincar ou subir na gaiola de canos de metal, localizada no ptio de recreio.

    As professoras usaram sua ateno como reforador positivo. Quando estava dando reforo, a professora

    permanecia a cerca de trs metros de Marcos, observava-o, falava-lhe, sorria para ele, tocava-o ou lhe trazia

    brinquedos. Quando no estava dando reforo, voltava-lhe as costas e empreendia outras atividades.

    Antes de reforar o comportamento de subir na gaiola, a professora observou Marcos, cuidadosamente, por

    nove dias, durante os perodos de brinquedo fora da sala de aula. Nesses nove dias, ele no subiu na gaiola e s

  • a tocou uma vez. Gastou menos de 1% do seu tempo em contato com ela, 25% simplesmente permanecendo

    parado ou andando, 75% em atividades sossegadas, como brincar na caixa de areia.

    A fim de levar o garoto at a gaiola na qual deveria subir, a professora decidiu reforar respostas que o

    levassem para mais perto da mesma. Quando o menino se aproximava ou andava perto da gaiola, recebia

    ateno da professora. Gradualmente, ele veio para mais perto e permaneceu mais tempo junto gaiola. A

    medida que isto acontecia, a professora se tornava mais exigente, requerendo que Marcos se aproximasse mais e

    mais das barras e permanecesse l por mais tempo, antes de lhe dar um reforador. Certa vez, ele chegou a tocar

    a gaiola, e ento comeou a subir nela. Da para a frente, os reforadores foram dados apenas para a resposta de

    subir.

    Este procedimento de aproximao gradual da resposta desejada ocorreu no primeiro dia de condicionamento,

    durante o qual Marcos esteve em contato com a gaiola cerca de 2% do tempo. Por volta do 9. dia do

    tratamento, estava subindo nos canos da gaiola 67% do tempo em que permanecia fora da sala de aula. O

    procedimento, portanto, foi muito eficaz para aumentar a freqncia do comportamento de brincar na gaiola.

    Alm disso, a sua habilidade de subir tambm mostrou considervel progresso.

    O tratamento descrito at agora estava incompleto, no entanto, pois no era suficiene que o garoto brincasse

    apenas de subir na gaiola e no participasse das outras formas de atividade fsica. Alm do mais, a professora

    no poderia permanecer sempre por perto, dando reforo toda vez que Marcos emitisse algum comportamento

    adequado. Em vista disto, passou-se fase final do tratamento.

    Na primeira fase, a professora fornecia o reforo dando ateno a Marcos, enquanto ele estava subindo na

    gaiola. Durante a fase final, reforou a resposta de subir apenas vez sim, vez no em que ocorria; e,

    gradualmente, aumentou o nmero de vezes que o menino tinha que

    subir nos canos, antes de lhe dar ateno. Concomitantemente, ela aos poucos reduziu a quantidade de tempo

    que passaria dando-lhe ateno. De incio, a ateno era dada enquanto estivesse brincando na gaiola.

    Eventualmente, passou a lhe dar ateno de maneira mais breve, nas ocasies em que emitia um comportamento

    adequado. No final desta fase do tratamento, Marcos recebia, por brincar, a mesma ateno ue as demais

    crianas da escola. Durante este perodo, a professora tambm deu reforo social toda vez que ele brincou de

    modo ativo, usando outros brinquedos. Foram condicionados comportamentos de subir em escadas,

    escorregadores, rvores, etc. Duranto os 4 dias da fase final, Marcos gastou cerca de 1/3 do tempo em que

    permaneceu fora da sala de aula brincando ativamente. Antes do tratamento, tinha gasto nisto menos de 1/lO do

    tempo.

    Quando o garoto voltou escola no incio do perodo letivo do ano seguinte, continuou a brincar, entusistica e

    ativamente, mais da metade do tempo que passava no recreio, O condicionamento parece ter tido um efeito

    duradouro sobre o seu comportamento de brincar. provvel que, tendo desenvolvido alta freqncia de

    comportamento de subir na gaiola, esta atividade tenha sido mantida pelos reforadores sociais ou fsicos que

  • normalmente esto associados a estas atividades. Na realidade, com sua participao nas brincadeiras, Marcos

    estava numa posio mais favorvel para que os seus comportamentos sociais fossem condicionados.

    CONDICIONAMENTO DO COMPORTAMENTO DE ESTUDAR

    Na seo precedente, vimos que era indesejvel para uma criana ser inativa . A atividade excessiva ou

    "hiperatividade", no entanto, pode ser igualmente indesejvel. H um meio-termo adequado entre muita e pouca

    atividade.

    Hermes era uma criana hiperativa, cujos pais e avs foram extremamente brutais e cruis para com ele.6 Seu

    crnio havia sido fraturado antes que tivesse um ano de idade e, como conseqncia, tinha uma leso cerebral.

    Com trs anos de idade, foi adotado por pais muito mais carinhosos; no entanto, continuou tendo problemas de

    ajustamento. Com nove anos, no tinha ido alm do segundo ano primrio e passava quase todo o tempo

    atrapalhand o seus colegas de classe. Distraa-se facilmente e trabalhava apenas por curtos perodos. A

    hiperatividad de Hermes consistia em falar, empurrar, bater, beliscar, olhar para trs, para os lados, para fora,

    levantar-se da carteira, tamborilar com os dedos e mexer em tudo. Alm disso, era agressivo, machucava outras

    crianas e

    6 Baseado em Patterson, G. R., "An appljcation ofconditioning techniques to the control of a hyperactive child".

    Em P. Uliman e L. Krasner (Eds.) Case Studies in &havior ModWca:ion, Nova lorque: Holt, Rinehart and

    Winston, 1965, p. 370-375.

    28

    29

    se jogava no meio delas, atrapalhando seu trabalho ou brinquedo. Uma forma extrema de comportamento

    inadequado que apresentava, ocasionalmente, era arrastar sua carteira pela sala de aula, empurrando todas as

    crianas e carteiras pelo caminho. Dado que Hermes era uma criana agressiva tinha nove anos de idade, em

    uma classe de crianas de sete, estas .o evitavam abertamente.

    O garoto foi encaminhado ao Dr. Gerard Patterson, da Clnica Psicolgica da Universidade de Oregon. A forma

    tradicional de lidar com os comportamentos-problema de uma criana traz-la para a clnica e trabalhar com

    ela l; no entanto, Patterson foi para a sala de aula e trabalhou com Hermes na situao onde seus

    comportamentos problemticos ocorriam.

    Se quisermos que uma pessoa se comporte normalmente, devei. mos usar reforamento positivo para

    condicionar comportamento normal. Tudo indicava, no entanto, no haver dvida de que Hermes estava

    recebendo ateno reforadora por seus comportamentos inadequados. Por isto mesmo, reforadores positivos

    poderosos deveriam ser usados para condicionar comportamentos mais adequados. Patterson usou doces do tipo

    "confete"* e moedas como reforadores. Voc vai notar que, entre os psiclogos, os "confetes" so reforadores

  • muito populares; segundo certos relatos, eles derretem na boca da criana e no nas mos do psiclogo... O

    comportamento normal a ser condicionado foi prestar ateno, adequadamente, ao trabalho escolar. Uma

    pequena caixa com uma luz e um contador foi colocada na carteira do garoto hiperativo. Foi-lhe dito que no

    final de cada intervalo de 10 segundos, se tivesse prestado ateno ao seu trabalho durante todos os lO

    segundos, a Luz se acenderia e o contador marcaria um ponto. Cada vez que isto acontecesse, ele ganharia um

    "confete" ou uma moeda, que lhe seria dada no final de cada lio. As lies dirias duravam de 5 a 30 minutos.

    Patterson resolveu o problema do que fazer com outras crianas na sala de aula, requisitando a sua ajuda. Foi-

    lhes dito que algumas das moedas e doces, que Hermes ganharia por trabalhar bastante e prestar ateno s suas

    lies, seriamdivididas com elas. Portanto, elas poderiam ajudar Hermes a ganhar a