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Variação linguística nas histórias em quadrinhos do Chico Bento
de Maurício de Sousa e o preconceito linguístico
Linguistic variation in the comics of Chico Bento
by Mauricio de Sousa and the linguistic prejudice
Rosembergh da Silva ALVES 1
Maria Lúcia Ribeiro de OLIVEIRA2
Resumo: Este trabalho é o recorte de uma pesquisa do Nupic/FAFIRE e tem por objetivo abordar relações da linguagem escrita e oral nas histórias em quadrinhos, e apontar, através delas, o preconceito linguístico em relação ao dialeto caipira e às variações linguísticas. Para isso, contamos com estudos de Bagno (2004; 2009; 2010), Bortoni-Ricardo (2004; 2005), Mollica e Braga (2007), nos quais encontramos sustentação. Através dos estudos, percebemos o quanto os fenômenos da língua são variados e as possibilidades de pesquisa que poderíamos abordar. Escolhemos, nesse recorte, mostrar o preconceito linguístico e as variações linguísticas expostos em uma mídia de livre acesso e que representa, hoje, um produto de grande circulação, como é o caso específico do gênero textual das histórias em quadrinhos, que contempla manifestações sociolinguísticas ou de preconceito linguístico, passíveis de serem trabalhados em sala de aula. Constituímos como corpus de pesquisa especificamente três histórias em quadrinhos da Turma do Chico Bento, de Maurício de Sousa. Para isso, pesquisamos em versões online aspectos sobre o criador, suas histórias e sobre a Turma do Chico Bento. As HQs analisadas neste trabalho, entre outras disponíveis tanto online quanto materialmente, podem ajudar como instrumento contra o preconceito linguístico e na divulgação e reconhecimento das variações linguísticas, auxiliando em desenvolver competências, valorizar as diferenças na língua e em diminuir as desigualdades sociais.
Palavras-chave: Histórias em quadrinhos. Turma do Chico Bento. Preconceito linguístico. Variações
linguísticas.
Abstract: This work is a part of a research of the Nupic/FAFIRE and aims at addressing the written
language relations and oral in the comics, and pointing through them, the linguistic prejudice against the “caipira” dialect and linguistic variations. In this regard, we count on on studies of Bagno (2004; 2009; 2010), Bortoni-Ricardo (2004; 2005), Mollica and Braga (2007), in which we find support. Through the studies, we realized how much the language phenomena are varied and research possibilities that could address. We chose, for this cropping, to show the linguistic prejudice and linguistic variations exhibited in an open access media and is today a great movement of the product, as it is the specific case of comics genre stories, contemplating sociolinguistic expressions or linguistic prejudice, which can be worked in the classroom. We constitute the corpus of research specifically from three comics in Chico Bento’s Gang, by Mauricio de Sousa. In order to do so, we searched online versions, aspects about the creator, his stories and about the Chico Bento’s Gang. The comics analyzed in this work, among other available both online and physically, can help as a tool against linguistic prejudice and the dissemination and recognition of linguistic variations, helping to develop skills, enhancing the differences in language and in reducing social inequalities.
Introdução
Acreditar que o único português correto é o padrão é sustentar um mito e
desmerecer qualquer tipo de variedade linguística, concretizando e incentivando a
permanência do preconceito linguístico. O preconceito linguístico remete à ideia de
1 Graduando em Letras | FAFIRE | E-mail: [email protected]
2 Mestre em Linguística | UFPE | professora da FAFIRE e orientadora da pesquisa | E-mail: [email protected]
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que existe somente uma língua, conhecida como “certa”, que encontramos nas
gramáticas normativas e dicionários (BAGNO, 2007).
De acordo com Ilari e Basso (2006), a Língua Portuguesa do Brasil não é
uniforme, e nela estão presentes as variações linguísticas: diacrônica, diatópica,
diastrática e diamésica, a saber: variação ao longo do tempo, variação relacionada ao
espaço geográfico, variação em diferentes estratos sociais e a variação associada aos
diferentes meios e veículos entre a língua falada e a escrita. Essas variações só
comprovam que a língua não é compacta, mas sim dinâmica, e em constante
mudança. No entanto, tais variedades são desvalorizadas diante do modelo ideal de
língua, a norma de prestígio, caracterizada por muitos estudiosos como norma-padrão.
Para Bagno (2010), quando se estabelece uma norma padrão, ela ganha tanta
importância e prestígio social que as demais variedades são consideradas
“impróprias”, “inadequadas”, “feias”, “erradas”, “deficientes” e “pobres”. A norma
padrão usada na literatura, nos meios de comunicação, nas leis e decretos do governo,
ensinada na escola e explicada na gramática, caracteriza a língua utilizada por pessoas
de nível socioeconômico mais elevado. Porém, além dessa norma padronizada,
consagrada e tão prestigiada, que para Bagno (2007) é o português padrão, existe uma
outra língua que não é aprendida na escola, mas sim adquirida através da tradição
oral, uma língua espontânea e natural, utilizada pelas classes menos favorecidas da
população, como pobres e analfabetos que compõem o nosso país, o português não-
padrão. O português não-padrão caracteriza as pessoas marginalizadas, de nível
econômico baixo, pessoas que falam “errado”, pois falam uma língua diferente da
norma padrão, criando assim vários mitos que a cada dia se consagram em nossa
cultura, e que constituem o preconceito linguístico.
Erros de português são simplesmente diferenças entre variedades da língua.
Com frequência, essas diferenças se apresentam entre a variedade usada no domínio
do lar, onde predomina uma cultura de oralidade, em relações de afeto e
informalidade e culturas de letramento, como a que é cultivada na escola (BORTONI-
RICARDO, 2004). Para Bortoni-Ricardo (2004), os professores não sabem como agir
diante dos “erros de português” – a expressão está entre aspas porque é considerada
inadequada e preconceituosa – e é nesse momento que o aluno usa uma regra não
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padrão e o professor intervém, fornecendo a variante padrão, que as duas variedades
se justapõem na sala de aula.
A partir daí surge o questionamento: como os professores devem proceder
nesses momentos em sala de aula? Na prática, esse comportamento é ainda
problemático para os professores, que ficam inseguros, sem saber se devem ou não
corrigir os erros e quais erros devem ser corrigidos, ou até mesmo se podem ou não
falar em erros na sala de aula.
Para Marcuschi (2010), a oralidade e a escrita se complementam nos mais
diversos usos da linguagem, cada uma com características próprias, ora mais formal
ora menos formal, dependendo do tom de voz na oralidade ou das pontuações e
tamanhos de letras na escrita, mais especificamente nas histórias em quadrinhos, em
que as emoções são representadas através da escrita, pontuações e marcas de
movimento nos desenhos.
Conforme afirmam Leite e Callou (2002), não existe variante boa ou má, língua
rica ou pobre, dialeto superior ou inferior, mas sim variações dialetais em nosso país,
explicitando por meio da fala as características da faixa etária, grupo sociocultural e a
região à qual o indivíduo pertence. No entanto, de acordo com Bortoni-Ricardo (2005),
a realidade é outra: as diferenças de natureza fonológica e morfossintática que
distinguem a linguagem rural da urbana e os diversos dialetos sociais, chamados
socioletos, são profundas. Alguns falantes usam as variedades sociais e étnicas como
recursos de variação da língua para enfatizar sua identidade, alterando-os com traços
da norma padrão quando as circunstâncias o exigem.
De modo geral, as línguas se apresentam de forma interativa mesclando a
linguagem escrita e a oral. Nesta pesquisa, enfocamos as marcas de oralidade e as
variações linguísticas existentes nas histórias em quadrinhos (HQs) do Chico Bento de
Maurício de Sousa, e também a existência do preconceito linguístico que o dialeto
caipira do homem do campo na turma do Chico Bento tem rotulado em si, não sendo
reconhecido como válido, e que é alvo de preconceito por parte dos falantes urbanos e
que são mais letrados, verificando-se e aplicando-se esse instrumento contra o
preconceito linguístico em salas de aula, através de leituras e análises das falas das
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personagens principais desta “turma da roça”, Chico Bento e seus amigos, o primo Zé
Lelé, a namorada Rosinha, a galinha Giselda, o porco Torresmo, entre outros.
Este trabalho é um recorte de uma pesquisa do Núcleo de Pesquisa e Iniciação
Científica – NUPIC, desenvolvida no curso de graduação em Letras da Faculdade
Frassinetti do Recife – FAFIRE e tem por objetivo abordar relações da linguagem escrita
e oral nas histórias em quadrinhos, e apontar, através delas, o preconceito linguístico
em relação ao dialeto caipira e as variações linguísticas. Para isso, contamos com
estudos de Marcos Bagno, Stella Maris Bortoni-Ricardo, Maria Cecilia Mollica e Maria
Luiza Braga, nos quais encontramos apoio e sustentação para nossa pesquisa. Através
desses estudos, percebemos o quanto os fenômenos da língua são variados e as
muitas possibilidades de pesquisa que poderíamos abordar. Escolhemos, pois, nesse
recorte, mostrar o preconceito linguístico e as variações linguísticas expostos em uma
mídia de livre acesso tanto à criança como aos adolescentes, e que representa, hoje,
um produto de grande circulação, como é o caso específico do gênero textual das
histórias em quadrinhos.
Acreditamos que, através dessa pesquisa, as percepções de preconceito
linguístico e a valorização da língua possam ser identificadas, não somente nas
histórias em quadrinhos, mas também em todos os meios de comunicação,
principalmente na fala cotidiana. Esperamos, no resultado final desta pesquisa, o qual
será apresentado no Congresso de Iniciação Científica do NUPIC em 2017, que os
professores que utilizam esse tipo de texto em sala de aula abordem, além da leitura e
gramática, outros fenômenos da língua, os que estão mais presentes na fala, e com
isso, os alunos possam perceber o quanto a língua portuguesa é variada, e que não
importa a maneira como se fala e, sim, o que se fala.
As histórias em quadrinhos de Maurício de Sousa
As histórias em quadrinhos, atualmente, são usadas nas salas de aula como
textos complementares e também são consideradas como leitura para diversão.
Justamente por esse fato é que as histórias em quadrinhos foram escolhidas para
mostrar os fenômenos que abordamos nesta pesquisa. Elas estão presentes, tanto na
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vivência escolar, como no cotidiano da criança e do adolescente, e também dos
adultos. Para que o grande público goste tanto deste tipo de leitura, acreditamos que
as histórias em quadrinhos continuam sendo um gênero muito apreciado e valorizado
por seus leitores. Acreditamos, também, que seus produtores tentam aproximá-las o
máximo possível do cotidiano, das vivências reais e, portanto, da língua falada, para
atrair cada vez mais leitores.
Para abordar sobre as histórias em quadrinhos e trazer o aporte teórico da
pesquisa sobre variações e preconceito linguístico, pesquisamos em monografias,
dissertações, teses, artigos científicos, resumos e anais de congressos, revistas e
reportagens, tanto impressas como digitais, sites específicos e livros de referência.
Constituímos como corpus de pesquisa especificamente histórias em quadrinhos da
Turma do Chico Bento, de Maurício de Sousa. Para isso, pesquisamos em versões on-
line aspectos sobre o criador e suas histórias e sobre a Turma do Chico Bento, e
colhemos, no site oficial, a maioria das informações.
Para iniciarmos a questão da variação e do preconceito linguístico nas histórias
em quadrinhos da Turma do Chico Bento, objeto de análise desta pesquisa, faremos
inicialmente, uma breve síntese sobre as histórias em quadrinhos do seu criador
Maurício de Sousa e a personagem Chico Bento.
Em 1961, Maurício Araújo de Sousa cria o inocente e carismático caipira Chico
Bento, uma personagem do campo, com hábitos e costumes tipicamente brasileiros e
que remete ao Jeca Tatu, personagem icônica de Monteiro Lobato. No entanto,
segundo Maurício de Sousa, Chico Bento é inspirado em seu tio-avô, um caipira do
interior de São Paulo, mas que poderia ser qualquer homem do campo retratando a
originalidade do caipira e cronologia de uma época. Chico Bento é uma criança que
representa a pureza, a simplicidade e a simpatia que caracterizam as pessoas do
interior paulista. É o típico caipira que anda de pé no chão, usa um chapéu de palha e
toca modas de viola. Mora na Vila Abobrinha, onde adora gastar seu tempo nadando
no rio, pescando, dormindo na rede e brincando com os seus amigos. Não é muito
interessado nos estudos e tem um carinho enorme pelos animais do seu sítio, como a
galinha Giselda, o porquinho Torresmo e a vaca Malhada.
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Quando surgiu, as tirinhas da personagem eram voltadas ao público adulto e
publicadas em jornais. Nessas tirinhas, a personagem aparecia mais alto e magro do
que o atual, mas sempre de pés descalços, calça coronha pula-brejo e com um chapéu
de palha. Essas características permanecem até hoje na personagem, além da camisa
amarela lisa e da calça azul quadriculada. Em 1982 foi lançada a primeira revista em
quadrinhos da “Turma da Roça”, tendo como personagem principal o próprio Chico
Bento e as personagens secundárias, sua namorada Rosinha, os amigos Zé Lelé e Hiro,
seu primo Zé da Roça, a professora Dona Marocas, o Padre Lino e outras personagens,
como seus pais, e os animais de criação e estimação. De coadjuvante em tirinhas a
personagem principal de uma revista em quadrinhos, foi através de histórias repletas
de humor, inocência, lições de respeito e cidadania que a Turma da Roça conquistou
seu espaço, agradando desde crianças a adultos do público brasileiro, e tornou-se a
“Turma do Chico Bento”, uma revista em quadrinhos à parte da Turma da Mônica, e o
dialeto caipira, que antes era motivo de preconceito e tratada como fala errônea,
começou a ser visto como representante real de uma classe menos privilegiada, uma
vez que o dialeto não deve ser compreendido como um erro e sim como uma variante
de uma língua.
Língua, variação e sociedade
Fizemos, ainda, um breve estudo teórico sobre importantes temas que foram
usados em nossas análises ao longo desta pesquisa. Este trabalho compreende alguns
conceitos de Sociolinguística. Para isso, foi necessária também uma breve reflexão
sobre Variação Linguística, temas que estabelecem relações entre a sociedade e a
língua. Em seguida, apresentamos um estudo sobre o Preconceito Linguístico, tema
presente durante toda a análise do corpus desta pesquisa. Para a realização desse
estudo teórico, baseamo-nos em reflexões de alguns estudiosos, tais como: Bagno
(2004; 2009; 2010), Bortoni-Ricardo (2004; 2005), Mollica e Braga (2007), Silva (2003),
Silveira e Barin (2012), e Werneck (2010).
1. Sociolinguística e variação linguística
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A Sociolinguística, subárea da Linguística, estuda a língua em uso nas
comunidades de fala e se propõe a investigar e correlacionar seus aspectos linguísticos
e sociais. E, como ciência, se faz presente em espaços interdisciplinares, na fronteira
entre língua e sociedade, focalizando os empregos linguísticos concretos,
principalmente os de caráter heterogêneo (MOLLICA; BRAGA, 2007). Segundo Mollica
e Braga (2007), todas as línguas têm um dinamismo inerente. Sendo assim, são
heterogêneas. O português falado no Brasil está repleto de exemplos de formas
distintas que se equivalem no nível do vocabulário, da sintaxe e morfossintaxe, do
sistema fonético-fonológico e no domínio pragmático-discursivo. Cabe, ainda, aos
estudos sociolinguísticos, investigar o nível de estabilidade ou mutabilidade das
variações linguísticas; o surgimento ou extinção de línguas, multilinguismos e
mudanças linguísticas.
A variabilidade linguística está presente em todas as línguas naturais humanas e
a Sociolinguística considera especialmente como objeto de estudo a variação, passível
de ser descrita e analisada cientificamente. Sendo assim, a variação linguística parte do
pressuposto de que as alternâncias de uso são influenciadas por fatores estruturais e
sociais, também referidos como variáveis independentes, pois, os usos de estruturas
linguísticas são motivados e essas alternâncias configuram-se como sistemáticas e
previsíveis.
A variação linguística constitui fenômeno universal e pressupõe a existência de
formas linguísticas alternativas, as variantes, as quais configuram um fenômeno
variável, que é chamado de variável dependente (MOLLICA; BRAGA, 2007). Uma
variável é compreendida como dependente, pois o emprego das variantes não é
aleatório, mas influenciado por grupos de fatores ou variáveis independentes, de
natureza social ou estrutural. Essas variáveis independentes podem ser de natureza
interna ou externa à língua e exercem pressão sobre os usos, aumentando ou
diminuindo sua frequência de ocorrência.
Ao estudar a língua em uso numa comunidade, defrontamo-nos com a realidade
da variação. Os membros dessa comunidade são falantes de idades diferentes e
pertencentes a estratos socioeconômicos distintos, desenvolvendo atividades variadas,
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e é natural que essas diferenças sociais ou externas atuem na forma de cada um
expressar-se (SILVA, 2003).
De acordo com Mollica e Braga (2003), a variação linguística é uma das
características universais das línguas naturais que convive com forças de estabilidade,
pois os usos da língua são controlados por variáveis estruturais e sociais que podem
ser agentes internos ou externos ao sistema linguístico. Das variáveis externas ou não-
linguísticas, registram-se os marcadores regionais predominantes em comunidades
identificadas geograficamente, simultaneamente com indicadores de estratificação
estilístico-social, de forma que a variação descreve tendências de uso linguístico de
comunidades de fala caracterizadas diferentemente quanto ao perfil sociolinguístico.
As variáveis linguísticas e não linguísticas não agem isoladamente, operando na
inibição ou no favorecimento do emprego de variantes semanticamente equivalentes,
admitindo-se que existam pelo menos o padrão popular e o culto.
Metodologia
Neste recorte da pesquisa foram selecionadas e analisadas algumas histórias em
quadrinhos, gênero textual que contempla, muitas vezes, manifestações
sociolinguísticas ou de preconceito linguístico, passíveis de serem trabalhados em sala
de aula. Posteriormente, foi selecionado um corpus, de três HQs, que possibilitou a
discussão com o arcabouço teórico pré-selecionado a respeito da sociolinguística nesse
gênero textual, seguida às variedades da língua portuguesa e às manifestações de
preconceito linguístico.
Análise das histórias em quadrinhos da Turma do Chico Bento
Escolheu-se o gênero textual histórias em quadrinhos (HQs) por tratar de duas
grandes modalidades da língua portuguesa: a língua escrita e a oralidade.
Compreendendo-se a dinâmica do gênero, suas características principais e estruturas
ao expor atos de fala de maneira escrita. Ao representar a oralidade por meio de
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balões, as HQs expõem as variedades do Português falado em diferentes ocasiões,
verificando-se as diferenças entre os falares das diferentes personagens.
A seguir, estão apresentados e discutidos três trechos de HQs selecionadas da
turma do Chico Bento (Figuras 1, 2 e 3).
Figura 1 - História em quadrinhos do Chico Bento. Título: Privilégios da cidade, p. 1.
A figura 1 mostra as personagens Chico Bento e seu primo Zeca em um ambiente
da Zona Rural na fictícia Vila Abobrinha. O primo Zeca inicia o diálogo no quadrinho
criticando o ambiente rural onde Chico Bento vive, chamando o lugar de “fim de
mundo”. E o Chico Bento responde ao primo com uma pergunta: “Fim di mundo, pru
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quê?”, percebendo-se o uso da variação linguística diatópica através do dialeto caipira
utilizado pela personagem. Pelos dados da Figura 1, constata-se uma manifestação
muito comum entre brasileiros preconceituosos: o fato de sentir-se envergonhado,
superior e menosprezar as pessoas que utilizam variação linguística na fala. Apesar de
serem primos, a personagem da cidade não tenta compreender a variação linguística
na fala do primo do campo, e esse tipo de manifestação vindo do seu convívio e
aprendizado no espaço urbano acaba sendo refletido em seus diálogos com a
personagem do espaço rural, a qual não tem contato com ambientes sociais de comum
acesso aos dois, utilizando sua linguagem de maneira natural, mas, às vezes não sendo
compreendido e aceito como é ou fala.
Em todas as falas da personagem Chico Bento há a presença desta variante ou
‘socioleto’, variação pertencente ao português não padrão, considerada erroneamente
como “erro” do português, segundo a norma padrão, e que manifesta preconceito
linguístico, tanto no português escrito quanto na oralidade. Conforme Bagno (2010), a
maioria das pessoas chama de “errado” ou acha que “não é português”,
demonstrando-se que o que muita gente pensa que é “fala de gente ignorante” na
verdade não é. Pois, no momento em que se estabelece uma norma-padrão, ela ganha
tanta importância e prestígio social que as demais variedades são consideradas
“impróprias”, “inadequadas”, “feias” e “pobres”. Sabe-se que o português não é um
bloco compacto e sólido, mas sim um conjunto de “coisas aparentadas” entre si com
algumas diferenças, chamadas variedades não padrão (BAGNO, 2010). Para Bortoni-
Ricardo (2004), a sociedade precisa deixar de acreditar no “erro de português”, e
passar a observar os fenômenos de variação e mudança linguística de modo mais
consciente e cientificamente embasado.
Neste caso específico das histórias em quadrinhos (HQs) do Chico Bento, a
variação linguística é verificada através das alternâncias que se expressam
regionalmente, as variedades geográficas, considerando-se os limites físico-
geográficos, verificados também na fala do primo Zeca. Tradicionalmente, concebe-se
uma ecologia linguística horizontal, com a constituição de comunidades geográficas
com base em marcadores regionais (MOLLICA; BRAGA, 2007). Contudo, para Bagno
(2010), as variedades não são restritas às qualidades intrínsecas, internas e linguísticas
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de uma língua. Sendo assim, as variedades de uma língua têm recursos linguísticos
suficientes para desempenhar sua função de veículo de comunicação, de expressão e
de interação entre os indivíduos, características estas expressadas nos quadrinhos da
Figura 1.
Figura 2 - História em quadrinhos do Chico Bento. Título: Os hóspedes, p. 1.
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A figura 2 mostra as personagens Chico Bento e sua mãe, além dos parentes
chegados da Cidade. Assim como na figura 1, percebemos também na figura 2 que,
para os parentes de Chico Bento, o ambiente rural é um lugar somente para descanso,
e não para se viver, como a cidade grande. Percebemos, entre a fala da mãe de Chico
Bento e do seu Tio Tenório, a utilização de duas variantes linguísticas, que ocorrem
tanto nos eixos diatópico e diastrático, manifestando-se tanto regionalmente, quanto
em diferentes estratos sociais, levando-se em consideração as fronteiras geográficas e
sociais. Concebe-se, neste caso, também, além de uma ecologia linguística horizontal,
uma marcação vertical, gerada por meio de indicadores sociais. A tradição
dialetológica discretizou os padrões sociolinguísticos, distinguindo de forma rígida
variedades como padrão culto, popular e o falar regional. Além dos traços
descontínuos, identificados nos polos rural e urbano, devem-se levar em consideração
recursos comunicativos próprios. O grau de isolamento geográfico e social aumenta os
traços que definem essa estratificação descontínua, assim como as relações sociais e o
grau de relação do falante ao meio (MOLLICA; BRAGA, 2007).
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Figura 3 - História em quadrinhos do Chico Bento. Título: Distraído demais, p. 1.
Percebe-se, a partir da HQ em questão, no diálogo entre Chico Bento e seu
amigo Hiro, que estudam na mesma escola e vivem no mesmo ambiente rural, apesar
de suas diferenças pessoais e de comportamento, além da fala, que existe a
possibilidade de os estudantes respeitarem as manifestações na língua desprestigiadas
pela sociedade, compreendendo que cada cidadão exerce sua comunicação de
maneira única e que as variações linguísticas são decorrentes de vários fatores
extralinguísticos elencados por Bagno (2010), dentre eles: origem geográfica, que
avalia a variação da língua conforme a região geográfica do falante; status
socioeconômico, afirma que as pessoas de nível econômico elevado não falam da
mesma maneira que as demais; grau de escolarização, que discute as variedades da
língua em falantes menos escolarizados; idade, que avalia a língua conforme a faixa
etária do falante; sexo, fator que faz variar a língua conforme o gênero sexual do
falante; mercado de trabalho, que discute as mudanças e variações linguísticas
conforme a profissão do falante; e redes sociais, que tratam das variações linguísticas
conforme as redes de pessoas que convivem no mesmo espaço e partilham dos
mesmos interesses. Essas características linguísticas impregnadas em cada falante
podem ser alteradas no decorrer do tempo, se alguns desses fatores forem alterados,
mas nenhum pode mudar a cultura e a vivência desse falante.
No caso dos dados das figuras 1 e 2, as personagens Chico Bento e sua mãe
apresentam em suas falas a variante do dialeto caipira e sofrem preconceito linguístico
através dos fatores sociais, aumentando as barreiras entre o português padrão e suas
variantes.
Os sociolinguistas têm-se voltado para a análise dessas relações entre as
variações linguísticas verificadas no português falado e escrito por indivíduos de
diferentes realidades, como as personagens observadas nas figuras 1 e 2, identificados
como constituintes dos polos rural e urbano. Neste sentido, o preconceito linguístico
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tem sido discutido, pois, ainda predominam as práticas pedagógicas do certo/errado,
tomando-se como referência o padrão culto. Contudo, sabemos que as línguas em
geral apresentam uma grande diversidade, da qual o falante adquire primeiro as
variantes informais e num processo sistemático e contínuo, pode vir a apropriar-se de
estilos e gêneros formais, aproximando-se das variedades cultas e literárias (MOLLICA;
BRAGA, 2007).
Para Bortoni-Ricardo (2005), apesar de existirem, as diferenças linguísticas
diatópicas e diastráticas são de baixa relevância, já que não impedem a inteligibilidade,
as compreensões e interpretações da fala e da escrita. Segundo a autora, as diferenças
de natureza fonológica e morfossintática que distinguem a linguagem rural da urbana
e os diversos dialetos sociais são mais profundas. Essas diferenças tendem a se
conservar devido ao acesso limitado à ampla e efetiva escolarização. Apesar de a
escola ser corretiva e unificadora da língua, as variedades populares e as que
representam a variação diatópica (rural versus urbana) não desaparecem, pois existem
fatores psicossociais referentes à ideologia vigentes e às atitudes dos falantes em
relação à língua que favorecem sua conservação.
O preconceito linguístico
A Língua Portuguesa, enquanto língua materna e disciplina escolar, deveria estar
ancorada na realidade dos estudantes, e próxima e ao alcance de todas as pessoas de
modo geral, referindo-se às práticas sociais escritas e orais e, dessa forma, ancorada
nos objetos de estudo da sociolinguística: variações e preconceito. O Brasil é um país
rico em diversidades sociais e culturais, e consequentemente, caracteriza-se por ser
um país rico em linguagens. As variações geográficas revelam múltiplas facetas, e
representações de um mesmo português, aquela língua abordada pela gramática
normativa, “única”, “imutável”, “concreta” e “correta”, dão lugar às mais diversas
formas de expressão de acordo com cada região (SILVEIRA; BARIN, 2012).
Para Bagno (2009, p. 27), “não existe nenhuma língua no mundo que seja
uniforme e homogênea. O monolinguísmo é uma ficção”. Percebe-se, assim, que a
problemática no ensino de língua portuguesa é gerada quase que unicamente pelos
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equívocos conceituais elencados, que restringem e condenam a língua não padrão do
ensino. Dessa forma, a variação não padrão é, geralmente, tratada como uma
“anomalia”, uma espécie de anormalidade na língua ou como erro. Na Língua
Portuguesa não é diferente, principalmente no Brasil. Fruto de uma educação
tradicional no ensino da Língua Portuguesa, o pensamento da população brasileira que
teve acesso ao ensino básico entende a Língua Portuguesa como sinônimo de
Gramática Normativa. Em seguida ao estudo e reconhecimento de variações
linguísticas, é preciso trabalhar com os estudantes o trato com o preconceito
linguístico, pois “é preciso que a escola atue no sentido de evitar dicotomias
simplificadoras e reducionistas e que permita a exposição dos estudantes à variedade
sem estimular a reprodução de preconceitos” (BRASIL, 2000, p. 134).
Conforme Bagno (2009), o preconceito linguístico é tão poderoso porque, em
grande medida, ele é invisível, no sentido de que quase ninguém se apercebe dele e
quase ninguém fala dele. Poucas pessoas reconhecem a existência do preconceito
linguístico, que dirá a sua gravidade como um sério problema social. E, quando não se
reconhece sequer a existência de um problema, nada se faz para resolvê-lo. É
evidente, a partir da perspectiva de Marcos Bagno, a necessidade de esclarecimento
aos estudantes sobre a diversidade linguística e do preconceito em que circulam as
práticas de interação linguística, tornando-se necessário, segundo o mesmo autor, um
movimento de combate ao preconceito linguístico em prol da educação de língua
materna como mais democrática e coerente com a sociedade e o sujeito que a
articula. A partir disso, seria inviável continuar a ensinar uma língua de maneira
reduzida, como se houvesse uma única e insubstituível norma a ser seguida. O
português brasileiro é dinâmico por estar sujeito a uma gama de variações no espaço
geográfico e social, no tempo e na escolha do canal de articulação. Assim como a
sociedade brasileira passa por processos de mudança muito rapidamente, o mesmo
acontece com a língua, tornando-se claras as variações implicadas. Dessa forma, é
óbvio e lógico que a Língua Portuguesa não se baseia em um único livro denominado
gramática normativa.
Segundo Werneck (2010), deve-se ter cuidado e respeito ao lidar com pessoas
que têm saberes e produzem cultura, embora se expressem de modo pouco
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familiarizado com a gramática de nossa língua. Não há justificativa para transformar a
linguagem popular ou o dialeto caipira, típico de um espaço rural, em piada, chacota e
risos, porque seria um desrespeito às pessoas que não tiveram oportunidades para
aprender bem, e consequentemente, à sua fala e à sua escrita, ou seja, à sua variante
linguística. Independente do espaço onde é falada ou escrita, a língua deve ser
respeitada, pois esta tem um valor comunicativo, além de estabelecer uma relação de
confiança entre as pessoas, apesar de não ser necessário que os indivíduos em
situações de comunicação tenham pleno conhecimento da língua e oportunidade de
escolha do uso de sua língua.
Utilizando-se como base de exemplificação as HQs analisadas, é comum ouvir a
seguinte frase: “As pessoas sem instrução ou as pessoas da Zona Rural falam tudo
errado”. Isso se deve simplesmente a uma questão que não é linguística, mas social e
política. Pelo fato de as personagens caipiras falarem “ocê”, “carece”, “sô”, “fio”, etc.
Esses indivíduos acabam sendo rotulados e pertencem a uma classe social
desprestigiada, marginalizada, que não tem acesso à educação e aos bens culturais da
elite, e por isso a língua que elas falam sofre o mesmo preconceito que pesa sobre elas
mesmas, ou seja, sua língua é considerada “feia” e “pobre”, quando na verdade é
apenas diferente da língua ensinada na escola. Assim, o problema não está naquilo
que se fala, mas em quem fala o quê. Neste caso, o preconceito linguístico é
decorrente de um preconceito social.
A militância contra o preconceito linguístico se faz necessária na medida em que,
segundo Bagno (2009, p. 96), “os preconceitos, como bem sabemos, se impregnam de
tal maneira na mentalidade das pessoas que as atitudes preconceituosas se tornam
parte integrante do nosso próprio modo de ser e de estar no mundo”.
Neste sentido, as HQs da Turma do Chico Bento analisadas neste trabalho, entre
outras disponíveis, tanto online quanto materialmente, podem ajudar como
instrumento contra o preconceito linguístico e na divulgação e reconhecimento das
variações linguísticas, auxiliando no sentido de desenvolver competências, valorizar as
diferenças na língua e, principalmente, de diminuir as desigualdades sociais.
Considerações finais
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Mediante as histórias em quadrinhos da Turma do Chico Bento, nas três figuras
apresentadas, estão presentes variações linguísticas e o preconceito linguístico,
objetos de estudo da Sociolinguística. Nessa perspectiva, tendo em vista um ensino
mais democrático, em que o aluno se veja e se represente enquanto articulador de
uma língua, torna-se relevante capacitar o corpo docente e discente ao
reconhecimento das variedades linguísticas existentes.
Os leitores de HQs devem perceber e compreender as personagens e suas falas,
além da escrita, como agentes do processo de interlocução, independente da
linguagem que utilizam, seja pela utilização de variações linguísticas ou pelos
ensinamentos que as personagens passaram para os outros, gerando resultados
significativos como instrumento eficiente contra o preconceito linguístico.
Com base nos pressupostos teóricos aqui trabalhados, destaca-se a importância
desse gênero textual nas aulas de Língua Portuguesa, pois permite o acesso concreto
dos aprendizes ao maior número possível de modalidades faladas e escritas de sua
língua, modalidades que só se realizam empiricamente.
Com relação ao tratamento das variações linguísticas em sala de aula, bem como
do preconceito linguístico decorrente dos mitos em relação à linguagem, comprovou-
se neste trabalho, as possibilidades de aplicação dos temas com os estudantes. Pois,
além de formar um profissional para o mercado de trabalho, a escola deve formar
cidadãos críticos para exercer cidadania nas relações interpessoais em sociedade. Esta
pesquisa também mostra ser possível se desprender da didática centrada na língua
padrão e ir além dos paradigmas referentes à língua, trabalhando e criticando fatores
sociais que envolvem as mudanças e variações linguísticas, além do preconceito
linguístico. Seria importante também a utilização das HQs da Turma do Chico Bento
para possibilitar a formação de estudantes menos preconceituosos ou, pelo menos,
compreensivos e tolerantes com as diversas manifestações da oralidade, fazendo-se
referência e respeitando-se o contexto geográfico e social de cada um. Nesse sentido,
é necessária uma mudança de atitude, perder essa ideia de “certo” e “errado” e
refletir a respeito de um ensino mais consciente e menos preconceituoso.
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Por fim, ressalta-se a possibilidade do trabalho docente com questões sobre a
sociolinguística nas aulas de língua portuguesa, promovendo-se a democracia dos
conteúdos, de materiais didáticos e atividades para desenvolver e a aproximação deles
com a realidade, tornando o espaço da sala de aula um laboratório de análise da língua
como um todo e proporcionando aos estudantes maior desenvolvimento em relação à
sua língua materna, através da ferramenta do gênero textual das histórias em
quadrinhos, servindo de apoio para docentes interessados na temática sociolinguística
e em desenvolver um trabalho social com a língua.
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WERNECK, Hamilton. O professor, a linguagem e o aluno. Há um limite para o uso da
linguagem coloquial em sala de aula; o exército do lecionar exige ponderação e
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