"variação linguística dentro da sala de aula"

47
1 - O português brasileiro 1.1 - Formação do português brasileiro A língua Portuguesa brasileira possui uma grande diversidade. Cada uma tem sua história, todas merecem respeito e não discriminação. A implantação do português do Brasil, segundo Castilho (2004) não se deu de imediato, resultou em anos de colonização. A ocupação do solo brasileiro deu-se, de fato, em 1532, a partir das capitânias hereditárias, até o século XVII se ocupava apenas da costa. No século, os bandeirantes desbravaram as Minas Gerais, Mato Grosso e o Sul (Houaiss, apud Castilho). Existia mais de um milhão de índios com aproximadamente 300 línguas diferentes. A língua oficial era o Tupinambá, a vasta exterminação dos povos indígenas, fez o português de sobrepor. Entre 1538 e 1855, 18 milhões de africanos chegaram ao Brasil e deixaram sua contribuição linguística. De 1654 a 1808, predominava a língua crioula que originou o “dialeto das senzalas”, que formou o “português rural”. Conforme artigo da revista Superinteressante (abril de 2000), o Brasil possui diversos dialeto por diversas razões: Em l808, a chegada da família real ao Rio de Janeiro com mais de 16 mil portugueses, modificou o jeito de falar dos habitantes da cidade. Este é o motivo do chiado carioca no “s”, em “festa”, fala-se “feishta”. Muitos africanos chegaram ao litoral do nordeste e o interior ficou repleto de índios expulsos da costa pelos

Upload: aline-dos-anjos-silva

Post on 20-Sep-2015

25 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

O papel do professor em sala de aula, lidando com os diversos tipos de variações e preconceitos da Língua Portuguesa dentro da sala de aula em um contexto sócio-linguístico.

TRANSCRIPT

1 - O portugus brasileiro

1 - O portugus brasileiro

1.1 - Formao do portugus brasileiro

A lngua Portuguesa brasileira possui uma grande diversidade. Cada uma tem sua histria, todas merecem respeito e no discriminao. A implantao do portugus do Brasil, segundo Castilho (2004) no se deu de imediato, resultou em anos de colonizao. A ocupao do solo brasileiro deu-se, de fato, em 1532, a partir das capitnias hereditrias, at o sculo XVII se ocupava apenas da costa. No sculo, os bandeirantes desbravaram as Minas Gerais, Mato Grosso e o Sul (Houaiss, apud Castilho).

Existia mais de um milho de ndios com aproximadamente 300 lnguas diferentes. A lngua oficial era o Tupinamb, a vasta exterminao dos povos indgenas, fez o portugus de sobrepor. Entre 1538 e 1855, 18 milhes de africanos chegaram ao Brasil e deixaram sua contribuio lingustica. De 1654 a 1808, predominava a lngua crioula que originou o dialeto das senzalas, que formou o portugus rural.

Conforme artigo da revista Superinteressante (abril de 2000), o Brasil possui diversos dialeto por diversas razes:

Em l808, a chegada da famlia real ao Rio de Janeiro com mais de 16 mil portugueses, modificou o jeito de falar dos habitantes da cidade. Este o motivo do chiado carioca no s, em festa, fala-se feishta.

Muitos africanos chegaram ao litoral do nordeste e o interior ficou repleto de ndios expulsos da costa pelos portugueses. Assim, diferena de dialetos, no Recncavo Baiano se fala tchia e muitcho e no interior comum o uso do t pronunciado com a lngua atrs dos dentes.

No houve escravido africana no Amaznia, predominou a influncia da lngua tupi, que no era falada pelos ndios locais, mas foi levado pelos jesutas no processo de catequizao. Havia um dialeto caipira em So Paulo, proveniente da regio de Piracicaba, sua caracterstica era o r puxado, os imigrantes o diluram, e das combinaes estrangeiras e outras regies brasileiras deram origem a outro sotaque.

Os tropeiros paulistas, no sculo XVII, chegaram ao sul pelo interior com passagem por Curitiba, o litoral foi ocupado por imigrantes aorianos. Formaram-se, assim, dois dialetos; na costa usa-se o tu, e no interior de Santa Catarina fala-se o voc. O artigo mostra que a lngua uma herana adquirida, as mudanas ocorrem em qualquer lngua.

Todas as lnguas do mundo so sempre continuaes histricas. Em outras palavras, as geraes sucessivas de indivduos legam o seu descendente domnio de uma lngua particular. As mudanas temporais so partes da histria das lnguas. (Alkmin, 2001:33)

1.2 - Norma culta do portugus brasileiro

A norma culta do portugus brasileiro, conforme Castilho (2003), advem dos costumes de uma classe de prestgio na sociedade, tomada como padro. O dialeto das classes cultas visto como melhor que as outras por motivos sociais. Subdividem-se em: norma objetiva ou padro, usada pela classe culta; norma subjetiva ou padro ideal, como os falantes devem comportar junto norma objetiva, decorrente de regras sociais; norma prescritiva, resultado do padro e padro ideal, ensinada nas escolas, a fala e a escrita.

A variao segundo Leite &Callou (2002) se faz presente mesmo nas classes cultas, o ensino escolar da gramtica um jeito de tentar erradic-la.

1.3 - Hegemonia dialetal

Do ponto de vista lingustico, no existe uma fala melhor que s demais, conforme atenta Bravin dos Santos (2007), mas h uma idia de que a fala carioca se sobrepem sobre as demais.

Tais fatos ocorrem por motivos histricos, o Rio de Janeiro passou a condio de corte aps a chegada da famlia Real ao Brasil, e falar igual aos portugueses era sinal de prestgio. Alm do mais o Rio considerada a capital da cultura. ( Bravin dos Santos 2007)

Nas favelas cariocas possuem, em sua maioria, pessoas vindas de outras regies do pas. O linguajar dos habitantes o mesmo encontrado no interior brasileiro. Nas favelas ocorre o encontro das classes no cultas e se concentra as contribuies regionalistas que se misturam com o linguajar dos malandros.

Algumas variaes estigmatizadas no portugus brasileiro: mui, fror, pobrema, bruso, cui, a gente vmu, ocis, mais mai, adonde, int, mais mi, mais pi, mais menor, bebeno, bbidu.

1.4 - Variao lingustica oriundas do Nordeste

O nordeste conhecido como a regio do pas, que possui a maior taxa de analfabetismo e a menor renda per capta, o que faz muitos de seus habitantes, principalmente do interior, migrar para as grandes metrpoles em busca de trabalho e educao, quando se deparam com uma estigmatizao ao seu jeito falar. A idia de supremacia da fala carioca de fato se faz presente.

A histria da implantao do portugus no Brasil no levada em considerao no sentido de mostrar que a lngua nacional um patrimnio que merece ser estudada com muito orgulho.

Nota-se que o carioca herdou a idia que possuir uma fala privilegiada por te sido, na poca colonial, influenciada pela corte Portuguesa. Assim, nordeste, uma regio de poucos recursos econmicos, polticos e sociais, por certo, motivo de inferioridade pela sociedade que um dia possui foi elite do pas.

Percebe-se tambm, que o ensino escolar tem contribudo para tal estigmatizao ao ensinar a gramtica com imposio do certo errado e tambm. A mdia possui sua parcela ao divulgar certos programas em que a fala nordestina estereotipada.

A Sociolingustica no estudo das variaes mostra que a no aceitao da diversidade lingustica acarreta num preconceito prejudicial a sociedade, pois ao eleger uma norma como padro, as outras so desprestigiadas e at mesmo marginalizadas. (Bravin dos Santos 2001).

A mentalidade do povo precisa mudar em relao s diferenas. Apesar de no haver uma fala superior outra, nota-se a evidncia de preconceito com a variante regional, no caso nordestino.

lamentvel, mas existe quem deixasse de freqentar a escola por motivos de piadas em sala de aula. Porm, existem aqueles que deram a volta por cima, estudam para se profissionalizarem.

A mdia influencia muito este preconceito. comum assistir a programas humorsticos com personagens caricatos que imitam a fala nordestina de um jeito que no possa compreender, parece outra lngua. O presidente Lula constantemente representado em humorsticos como um nordestino analfabeto com frases do tipo, os pobremas do pas sero arresolvido, eu fiz trs faculdade, a quarta no terminei porque acabou os tijolos, eu paguei trs real. Esses erros atribudos aos nordestinos so constantemente ouvidos na fala dos cariocas, em todas as classes. (Bravin dos Santos 2009)

Concorda-se com Bravin dos Santos de haver uma idia de que a fala carioca se sobrepe as demais. Constatou-se, tambm, que pessoas de das classes no cultas so os que mais descriminam a fala nordestina.

A grande maioria mora em reas carentes por ser mais acessvel a moradia, mesmo assim, em seus lugares de origem as condies de vida so piores.

Os cariocas, mesmos os mais humildes, os tratam como parabas, os tratam como ignorantes e atrasados ou flagelados.

O termo paraba serve, tambm, para designar pessoas que fazem as coisas erradas. Um erro que cometem, paraba um nome de um estado do nordeste, e quem nasce l e paraibano, quem nasce no nordeste nordestino. Alis, o Brasil dividido em norte e sul.

Algumas variantes notadas como estigmatizadas: Trabaio na Grobomermo, o porte de luz, vertidoazucraro, praca de alumini, v num surrarsco, 'Deve de , a gu t frelvendo, v and de bicicreta, se Dusuquizer, stduingrs, Naumtrabaio mais nunca l, beijei a boca dela, amo ela mais mutcho,

Cidado

(Lcio Barbosa)

T vendo aquele edifcio moo

Ajudei a levantar

Foi um tempo de aflio, era quatro conduoDuas pra ir, duas pra voltar

Hoje depois dele pronto

Olho pra cima e fico tonto

Mas me vem um cidado

E me diz desconfiado Tu t a admirado ou t querendo roubar"Meu domingo t perdido, vou pra casa entristecidoD vontade de beber

E pra aumentar meu tdio

Eu nem posso olhar pro prdio que eu ajudei a fazer

T vendo aquele colgio moo

Eu tambm trabalhei l

L eu quase me arrebento

Fiz a massa, pus cimento, ajudei a rebocarMinha filha inocente veio pra mim toda contente"Pai vou me matricular"

Mas me diz um cidado:

"Criana de p no cho aqui no pode estudar"Essa dor doeu mais forte

Porque que qu'eu deixei o norte

Eu me pus a me dizer

L a seca castigava, mas o pouco que eu plantavaTinha direito a colher

T vendo aquela igreja moo, onde o padre diz amm

Pus o sino e o badalo, enchi minha mo de calo

L eu trabalhei tambm

L foi que valeu a pena, tem quermesse, tem novena

E o padre me deixa entrar

Foi l que Cristo me disse:

"Rapaz deixe de tolice, no se deixe amedrontarFui eu quem criou a terra

Enchi o rio, fiz a serra, no deixei nada faltarHoje o homem criou asas e na maioria das casas

Eu tambm no posso entrar"2 - Norma culta

O Ser Humano, para aprender a falar a Lngua humana, basta Ser Humano. algo natural.

Assim acontece com a lingustica, a pessoa aprende naturalmente a lngua materna, que no deve ser um processo de aprendizado formal (LUFT, 2003).

Por exemplo, a criana ao nascer aprende o cdigo que lhe oferece. Nascendo no Brasil o idioma oferecido o portugus. Caso se leve esta criana recm-nascida para a Alemanha, certo que ela vai aprender Alemo, porque a esta a Lngua que estaria sendo oferecida e que estaria tendo contato.

O mesmo acontece com a Lngua padro, quando a criana vai escola, tem que aprender esta norma culta. O que aparentemente algo mais fcil, porque ela est somente adaptando uma Lngua conhecida j ao nascer e aprende a falar uma Lngua natural. Ento a criana teria uma mdia de cinco anos para compreender o bsico dessa norma padro aprendida na escola e, ento, em oito anos deveria ter domnio sobre ela. Porm no isso que acontece. E esse contato da Lngua padro no se d apenas com o ensino do portugus, todavia tambm nas outras disciplinas como histria, cincias, geografia, e etc. (ROCHA, 2002).

Entender a lngua materna no complicado, um processo trabalhoso e complexo e envolve a inteligncia lingustica (LUFT, 2003). Por isso, para que se aprenda a Lngua culta necessrio us-la, porque dessa forma que se ter um aprendizado eficaz.

Define-se como Norma Culta um conjunto de regras aplicadas Lngua, porm h diversas formas de entender a Norma Culta, cada terico apresenta uma definio diferente. Para os tericos tradicionalistas, norma um conjunto de regras que devem ser obedecidas pelas pessoas. J os gramticos tradicionalistas o uso formal, literrio da lngua. Os lingusticos defendem que a Norma Culta aquela que os falantes cultos dizem os que tm escolaridade superior completo e nascida na zona urbana, assim a Lngua falada delas que considerada padro (BAGNO, 2002).

Norma Culta como norma padro, porque se trata de um modelo de Lngua conforme Bagno (2002) define; ou seja, um padro de comportamento lingustico como um molde comum no finalizado, mas que tem uma srie de regras que devem ser seguidas para que possa formar norma padro.

A lngua padro () sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal lingustico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua funo coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma pondervel fora contrria variao. (CUNHA; CINTRA, 2001, p. 4).

Ou seja, a norma culta no varia de acordo com a regio de um pas. Ela deve ser respeitada rigorosamente em qualquer localidade, pois o que fugir disso, considerado erro.

2.1 - Fatores que dificultam o uso da norma culta

Para compreender os motivos que dificultam o uso da norma culta importante destacar a existncia de alguns fatores, tais como: Regional, Scio Econmico e Registro.

Os fatores regionais esto associados s distncias espaciais entre cidades, estados, regies ou pases diferentes; a varivel geogrfica permite opor, por exemplo, Brasil a Portugal (VOTRE; CAZARIOS,apudMARTELOTTA, 2008), por exemplo; os cariocas no falam como os gachos ou como os mineiros (CAMARA JR, 1983, p. 19).

Assim, tem o acrscimo do regionalismo na Lngua, isso significa que a formao da linguagem tpica da regio.

Fator Social Econmico, as diferenas entre grupos socioeconmicos compreendem variveis j citadas como faixa etria, grau de escolaridade, procedncia, etc. Votre e Cazarios (apudMARTELOTTA, 2008) defendem que o contexto social est relacionado s diferentes variaes lingusticas, depende onde o indivduo est e a situao que se encontre, para utilizar ustica. Por exemplo:

Um diretor de faculdade se expressa de diferentes formas, dependendo se est discutindo os novos recursos tecnolgicos da educao com outro profissional da rea, se est dando uma aula () (VOTRE; CAZARIOS,apudMARTELOTTA, 2008, p. 146).

Se comparado homem x mulher no uso das formas lingusticas, a mulher tem mais preocupao e usa mais, at mesmo por causa de presso social, cobrana social que a mulher tem mais do que os homens. Por isso elas usam com mais frequncia as formas padro de uma Lngua (VOTRE; CAZARIOS,apud MARTELOTTA, 2008).

A criana que nasce em um ambiente de situao social desfavorvel tende a falar mais errado, de acordo com a norma culta, por no ter contato direto e sempre com as regras da Lngua verncula. O que a faria ter uma Linguagem Culta ascender scio-cultural-economicamente (LUFT, 2003).

Fator de Registro, aqui o grau de formalidade que o canal de comunicao est inserido como a fala, o jornal, a carta (VOTRE; CAZARIOS,apudMARTELOTTA, 2008), que varia de acordo com a circunstncia que o indivduo est inserido.

Pertence sociedade letrada, da fala e escrita de acordo com o grau de formalismo e varia de sociedade para sociedade e nem sempre h limites ntidos entre os diversos nveis que se pode reconhecer. (BAGNO (Org.), 2004, p. 12).

2.2 - Linguagem culta x coloquial

Segundo o autor, a Lngua o cdigo utilizado para a comunicao entre os homens e dividida em Lngua Culta e Lngua Popular.

Norma culta a base utilizada para o uso da linguagem, o que assegura uma linguagem nacional e, por ter essa importncia do ponto de vista poltico-cultural, ensinada na escola (SACONI, 1990).

Lngua Culta a forma bsica da norma culta, nomenclatura utilizada pelos linguistas, pela parte culta da sociedade, e representada mais pela forma escrita do que oral. Possui um vocabulrio rico e so seguidas risca as normas da gramtica (ANDRADE, 1996), usadas em meios diplomticos e cientficos, na correspondncia e nos documentos oficiais, discursos e sermes. (ANDRADE, 1996, p.38).

Tambm importante para utilizar este padro, levar em conta o contexto e o interlocutor. Tem como caracterstica seguir as combinaes das palavras, adequar o conjunto de normas, empregos corretamente das palavras de acordo com o significado e etc. (TERRA; NICOLA, 2006).

A linguagem popular usada mais na forma oral do que escrita. Utilizada por pessoas de baixa escolaridade ou analfabetos, no tem preocupao com as regras gramaticais e clichs.

O padro coloquial utilizado em contexto informal, familiar, ntimos, permitindo maior liberdade de expresso. E so encontrados em propagandas, programa de TV ou de rdio (TERRA; NICOLA, 2006).

Fazendo parte ainda desta formao de linguagem, encontramos a linguagem familiar que, segundo Andrade (1996), uma mesma pessoa pode utilizar a linguagem popular e a culta, varia do local que ela est. Por exemplo, utiliza a linguagem culta com o chefe em uma reunio e a linguagem popular. E ainda uma terceira linguagem utilizada em casa, denominada linguagem familiar. A essa situao denominam-se nveis de linguagem.

A Linguagem Familiar ocorre quando a mesma pessoa que, conhecendo o uso formal de Lngua, prefere utilizar o nvel menos formal. A construo do vocbulo de acordo com a gramtica relativa, pois algumas das edificaes so tpicas da linguagem oral e ainda faz o uso de gria de forma consciente. Ento se pode compreender que no somente uma forma de Lngua deve ser usada, porque, no acontece o erro em Lngua e sim uma transgresso, por isso vlido relevar os momentos do discurso que podem ser classificados em Momento ntimo, Momento Neutro e Momento Solene (Saconi, 1990).

Momento ntimo aquele que se est conversando entre amigos, familiares, onde se tem liberdade da fala, o que perfeitamente aceitvel as seguintes construes.

O Momento Neutro o que preciso seguir a norma culta. Aqui tem como base as normas estabelecidas na gramtica. Dessa forma as mesmas construes so modificadas.Eu no a vi hoje. Ningum o deixou falar. Esse momento acontece nos veculos de comunicao de massa (rdio, TV, jornais, revistas, etc) onde os jornalistas no podem transgredir a norma padro. (SACONI, 1990, p.11).

J o momento solene restrito. Vale para os poticos e caracteriza-se por momentos de rara beleza.

2.3 - Dialetos

Os dialetos no acompanham o falante diretamente e sim o local que o falante vai freqentar. Podem-se entender dialetos sociais ou socioculturais como os que esto ligados classe social e ao falante que o compe. So vrias definies a que Andrade (1996) se deteve; que construiu o seguinte esquema.

a)Dialeto culto que seguir a norma culta, escrever de acordo com a norma padro e falar seguindo a norma tem uma ligao plena com a gramtica.

b)Comum essa fica apresentada como ponto de equilbrio, pode se interpretar assim, pois fica entre o dialeto culto e o popular, aqui no segue risca o dialeto culto e tambm no segue risca a linguagem popular, e dessa forma usada pelos falantes mediamente escolarizados e pelos modernos meios de comunicao (ANDRADE, 1996. P. 37).

2.4 - viso lingustica x gramticos quanto ao uso da norma culta

A norma culta um conjunto de regras que devem ser seguidas por aqueles que fazem parte de uma sociedade. A viso dos lingusticos quanto aplicabilidade da lngua materna, que o uso da norma padro nas escolas deveria ser informado apenas aos alunos como outra opo da Lngua. A exigncia de o educando ter que seguir uma norma padro considerar o que fora disso seja errado e criticado.

Saber gramtica saber das regras predominantes na construo das frases, emprego das palavras, acordo e outros. Assim, impossvel comunicar se no souber por completo o saber gramatical. Por isso saber a Lngua o mesmo que saber como se comunica, o que ocorre que dois indivduos podem ter o mesmo conhecimento, no entanto, diferentes formas de utiliz-los. O que faz um ter mais conhecimento do que outro por procurar novas informaes para aprender. Falar bem no sinnimo de conhecer bem a gramtica, pois se fosse assim os professores de gramtica saberiam fazer muito bem corretamente o uso da lngua portuguesa e os gramticos tambm tm uma escrita rebuscada (BAGNO, 2002).

J para os gramticos saber a lngua obedecer s normas cultas, segundo Lima (2003), a gramtica pode ser definida como uma regra que em uma determinada poca julga-se correta. E como a vida feita de regras, como no trnsito, no trabalho, no lar, a lngua portuguesa no diferente, preciso que as regras existam para que desta forma possa se ter uma seriedade e disciplina no que padro lingustico, para que mesmo mudando geraes, elas conheam como a lngua materna de seu pas.

3 - Sociolingustica

3.1 - O que Sociolingustica.

A Sociolingustica, uma rea da Lingustica que se ocupa da lngua num contexto social, compreende-a como heterognea, apresenta variaes. uma cincia que possui na variao lingustica, o seu objeto de estudo e leva em considerao que a variao lingustica influenciada por fatores estruturais e sociais.

Mollica explica que, enquanto a Lingustica possui interesse cientfico igual para toda comunidade lingustica, a Sociolingustica considera o fator social da linguagem, investiga e analisa as mudanas lingusticas numa mesma comunidade de fala.

muito difcil dois falantes de uma lngua se expressarem igualmente e raramente um nico falante se expressa de modo igual em duas diferentes situaes de comunicao. A Sociolingustica ento correlaciona s variaes verbais com as diferenas sociais, leva em conta que o domnio lingustico e o social so fenmenos estruturados e regulares. Assim, para a Sociolingustica a diferena na fala dos falantes faz parte de um uso sistemtico e regular presente em todos os sistemas lingusticos: a variao. (Camacho -2001)

Segundo Castilho (2004), a Dialetologia estudada a variao lingustica com nfase na lngua regional, enquanto os sociolingustas analisam a mudana e o grau de formalidade numa comunidade lingustica, levam em considerao o sexo, idade, nvel sociocultural dos falantes e descreve as regras variveis do fenmeno lingustico, com respaldo na Teoria de Variao e Mudana de Labov.

Conforme explica Tarallo (1985), os vrios modos de se proferir a mesma coisa dentro de um mesmo contexto, com a mesma legitimidade, denominam-se variantes lingusticas e os conjuntos de variantes chamam-se variveis; exemplo: as meninas bonitas; as meninas bonita; as menina bonita.

Uma varivel, conforme Mollica (2003), independente, possui o emprego das variveis influenciado por fatores sociais ou estruturais que podem ser de origem interna ou externa lngua. A Sociolingustica se encarrega de investigar a estabilidade ou a mutabilidade da variao e diagnosticar as variveis que possuem efeito positivo sobre os usos lingusticos, faz conjecturas a propsito de seu procedimento regular e sistemtico.

Para ela, as variantes internas compem-se de fatores de natureza fono-morfo-sintticas, semnticas discursivas e lexicais, so os traos prprios dos falantes e variantes externas de fatores inerentes ao indivduo como etnia e sexo, as propriedades sociais que se referem aos traos prprios dos falantes: escolarizao, renda, profisso, classe sociais e contextuais (grau de formalidade e tenso discursiva referente s circunstncias que ora envolve o falante, ora fala).

Variedades lingusticas a partir de dois parmetros: variao geogrfica e variao social. A variao contnua, sua ocorrncia, sua ocorrncia contnua, sem perfeita previso de onde se ocorre, o mais sensato , portanto, usar o termo tendncias s formas. (Mollica 2001)3.2 Preconceito Lingustico

Segundo Alckmin (2001), toda comunidade de fala possui uma diversidade lingustica que so dados inseparveis do fenmeno lingustico e a no aceitao da diferena d origem a um preconceito lingustico, pois existe uma variedade padro que o resultado de uma ao social perante a lngua que elegem um modo de falar entre os diversos de uma mesma comunidade e determinam um conjunto de normas que ditam o modo certo de falar. A sociedade rejeita palavras inadequadas, concordncias verbais e estilo imprprio situao de fala. uma intolerncia lingustica que de imediato se percebe na mdia, relaes sociais cotidianas, instituies etc., que desqualificam algumas realizaes lingusticas como pronncia, construes gramaticais, usa de vocabulrios por pessoas no especializadas em linguagem.

As manifestaes lingusticas, conforme ela explica, apesar de serem legtimas e haver flutuaes estatsticas sem julgamento de valores, esto passveis avaliao social positiva e negativa, que podem especificar a modalidade de fixao do falante na escala social. (Castilho 2004)

Conforme Castilho (2004), ao se escolher determinada localidade como padro de fala na sociedade, d origem a preconceitos por no considerar a diversidade do portugus brasileiro.

... Concebia-se, a norma de maneira unitarista, de que resultaram vrios preconceitos: a norma prescritiva do PB identifica-se com determinada variedade geogrfica (elegendo-se ora a do Rio de Janeiro, ora a de So Paulo), restringe-se lngua escrita e tem suas razes no passado (nos chamados perodos ureos da literatura). Pode ser que esses preconceitos tenham decorrido de uma viso europia do fenmeno. Fatores histricos prprios queles continentes e estranhos ao desenvolvimento de nossa cultura fizeram com que a implantao dos Estados nacionais fosse acompanhada de severas medidas de controle lingustico, dada a enorme diversidade dialetal existente. (Castilho, 2004:265)

Marcos Bagno (1999) afirma que o preconceito lingustico acontece, por ser alimentado nos programas de rdio e televiso, jornais, revistas, livros e manuais que ensinam o certo e o errado, alm de ser alimentado tambm nos livros didticos e no ensino da tradicional gramtica normativa.

Bagno demonstra que o preconceito lingustico fica evidente em algumas afirmativas que demonstram a imagem que o brasileiro tem de si prprio e de sua lngua materna. Algumas afirmativas at possuem boa inteno, mas produzem um preconceito positivo, que est bem longe da realidade declarar ser a Lngua Portuguesa do Brasil uniforme, mas somente em Portugal ela perfeita; o brasileiro a considera muito difcil, quem no possui instruo fala errado; existem alguns lugares no pas onde falam melhor a lngua; o certo ler conforme a ortografia; quem domina a gramtica fala e escreve bem; dominar a norma culta subir socialmente.

Para o autor essas assertivas so mitos, levam ao preconceito lingustico, no consideram a variedade no portugus falado no Brasil e tentam impor uma norma lingustica comum a todos os brasileiros, sem levar em considerao a idade, a origem geogrfica, situao social e econmica, escolaridade etc. O Brasil possui uma vasta extenso territorial, que, segundo ele, gera diferenas regionais e sociais, o pas um dos que possuem a pior distribuio de renda mundial, o que acarreta um enorme abismo lingustico entre os falantes da variedade-padro e da variedade no-padro, a educao brasileira privilgio de poucos e a grande maioria fica estigmatizada pelo no uso da norma culta, utiliza uma variedade no padro, sem prestgio na sociedade.

O autor afirma que brasileiro sabe o portugus do Brasil e o de Portugal dominado por quem nasce e vive l. Na lngua formal escrita que h uma compreenso, a ortografia praticamente a mesma.

Enquanto os brasileiros cometem uma transcrio gramtica normativa por aqui, os portugueses cometem os seus deslizes por l. O brasileiro sabe o portugus do Brasil, sua lngua materna, os portugueses a deles. No existe Lngua Portuguesa feia ou bonita, certa ou errada, so apenas diferentes entre si.

Bagno mostra que o uso da variedade-padro, pela minoria, faz com que se digam que o portugus muito difcil, mas no possui fundamento, o ensino da lngua sempre se baseou na norma gramatical de Portugal e no corresponde ao portugus do Brasil, conceitos e regras tm que ser decorados, mas no significam nada para os brasileiros.

O preconceito lingustico para Bagno de ordem scio-poltica, as pessoas que dizem Crudia, Chicrete, pranta so julgadas de ignorantes ou alienadas e fala errado, no possuem instruo, mas na realidade a troca da pronncia um fenmeno fontico que contribuiu muito para a formao da lngua portuguesa padro, como, por exemplo, palavras que fazem parte da variao-padro, em sua origem usavam L que se transformou em R, como plaga/praga, clavu/cravo, brando/blandu.

Na maior obra literria portuguesa Os Lusadas, Cames escreveu ingrs, pubricar, pranta, frauta, frecha, por este motivo, Bagno afirma ser um preconceito com a fala de certas classes sociais e com a fala de determinadas regies, como a fala nordestina, que vtima de deboches, imitada nos meios de comunicao para servir de piadas, consideram o nordeste subdesenvolvido, conseqentemente a lngua de quem nasceu l tambm atrasada.

As pesquisas sociolingusticas confirmam um domnio melhor da norma culta pelos integrantes das classes cultas em todas as lnguas, mas no significa a ausncia de variantes do tipo os meninos tudo, houveram fatos, em suas falas. preciso respeitar todas as variedades de lngua sem atribuir o melhor ou pior a alguma comunidade de falantes. A variao da lngua um precioso tesouro da cultura brasileira. Deve-se considerar a existncia de regras variveis em todas as variaes, inclusive na culta.

Para Bagno, ocorre um preconceito na tendncia em ensinar a lngua com exigncia da pronncia conforme a escrita, como a forma certa de falar portugus.

O fenmeno da variao est presente em todas as lnguas. preciso ensinar a escrever conforme a ortografia oficial, sem tentar criar uma lngua falada artificial, com rtulos de erradas as pronncias que resultam naturalmente das foras internas que conduzem o idioma. O mais correto ensinar que se pode dizer Bunito ou Bonito e preciso escrever BONITO, uma ortografia nica para a lngua necessria, todos iro ler e compreender, porm nenhuma lngua reproduz fielmente a fala.

A lngua falada aprendida desde a infncia no contato com a famlia e a comunidade. A lngua escrita artificial. A lngua escrita artificial, requer treinamento, memorizao e exerccios, submissa a regras fixas, de propenso conservadora, tambm uma representao no exaurida da lngua falada.

O indivduo primeiro aprende a lngua falada, depois, quando acontece, a lngua escrita. Bilhes de pessoas no sabem ler, e mesmo assim so competentes falantes de suas lnguas maternas. Com a humanidade ocorre o mesmo, o ser humano possui, aproximadamente, um milho de anos, as primeiras manifestaes escritas surgiram apenas nove mil anos. Durante 990.000 anos a humanidade somente usou a fala.

As gramticas, para Bagno, foram escritas para descrever e fixar regras e padres s manifestaes lingusticas dos escritores considerados como modelos. A gramtica normativa , portanto, conseqncia da lngua, subordinada e dependente dela. A inverso dos valores, ou seja, a idia dos falantes e escritores precisarem da gramtica surgiu quando a mesma passou a ser objeto de poder e de controle, como se dela emanasse a lngua bonita, correta e pura. As doutrinas gramaticais passaram a serem os livros sagrados, devem ser seguidos para no risca.

O autor explica que a tarefa da gramtica definir, identificar e detectar os falantes cultos, recolher a lngua utilizada por eles descrev-la de forma clara, objetiva, com metodologia e teoria coerentes.

Se o domnio da norma culta fosse uma maneira de ascenso social, bastava ensinar a norma culta nas comunidades carentes que todos iriam subir na vida, mas na realidade os brasileiros tm que ser reconhecidos pela sua diversidade lingustica, sem julgamentos e garantias no cumprimento da cidadania, o preconceito lingustico caminha junto com a injustia social. (Bagno 2000)

Bagno mostra que o uso da variedade-padro, pela minoria, faz com se digam que o portugus muito difcil, mas no possui fundamento, o ensino da lngua sempre se baseou na norma gramatical de Portugal e no corresponde ao portugus do Brasil, conceitos e regras tm que ser decorados, mas no significam nada para os brasileiros.

Ao afirmar que uma criana entre trs e quatro anos j domina as regras gramaticais de sua lngua, Bagno desmistifica que a Lngua Portuguesa seja difcil, toda lngua fcil para quem nasce e cresce numa comunidade lingustica.

Os mitos mencionados por Bagno so difundidos e propagados na sociedade atravs de um mecanismo formado por trs elementos: a gramtica tradicional, os mtodos tradicionais de ensino e os livros didticos, que o mesmo denomina crculo vicioso do preconceito lingustico.

O ciclo formado quando a gramtica tradicional motiva a prtica de ensino e ocasiona o provimento do livro didtico com autores que lanam mo da gramtica tradicional como fonte de teorias e idias da sobra lngua.

Apesar de existir uma atualmente, uma mudana de postura nos livros didticos e pedagogia educacional, o crculo vicioso continua em atividade atravs de um quarto elemento denominado por Bagno de comandos paragramaticais: livros, manuais de redao, programas de rdio e televiso, colunas e artigos de revistas e jornais, CD-ROM, entre outros. Ao invs de se tornarem teis para elucidar dvidas, geram preconceitos com queixas e lamentos antigos.

Diferente de outras correntes preconceituosas, combatidas com afinco, a estigmatizao lingustica flui livremente, alimenta velhos mitos que destri a autoestima do brasileiro sem divulgar o que existe de mais deslumbrante ao se estudar a lngua.

3.3 Variao Lingustica e PCNS

Os Parmetros Curriculares Nacionais (1998) um documento do Ministrio da Educao que enfatiza a vasta diversidade lingustica presente no portugus falado no Brasil e atenta que numa mesma comunidade social esto presentes diferentes variedades associadas aos valores sociais. uma tentativa oficial do governo para eliminar o preconceito lingustico, quando se valorizam as variedades-padro, as no-padro so desconsideradas e tidas como inferiores e erradas pela gramtica.

A variao constitutiva das lnguas humanas, ocorrendo em todos os nveis. Ela sempre existiu e sempre existir, independentemente de qualquer ao normativa. Assim quando se fala em Lngua Portuguesa est se falando de uma unidade que se constitui de muitas variedades. Embora no Brasil haja relativa unidade lingustica e apenas uma lngua nacional, nota-se diferenas de pronncia, de emprego de palavras, de morfologia e de construes sintticas, as quais no somente identificam os falantes de comunidades lingusticas em diferentes regies, como ainda se multiplicam em de fala. No existem, portanto, variedades fixas: em um mesmo espao social convivem mescladas diferentes variedades lingusticas, geralmente associadas a diferentes valores sociais. Mais ainda, em uma sociedade como a brasileira, marcada por intensa movimentao de pessoas e intercmbio cultural constante, o que se identifica um intenso fenmeno de mescla lingustico, isto em um mesmo espao social convivem mescladas diferentes variedades lingusticas, geralmente associadas a diferentes valores sociais.

O uso de uma ou outra forma de expresso depende, sobretudo, de fatores geogrficos, socioeconmicos, de faixa etria, de gnero (sexo), da relao estabelecida entre os falantes e do contexto de fala. A imagem de uma lngua nica, mais prxima da modalidade escrita da linguagem, subjacente s prescries normativas da gramtica escolar, dos manuais e mesmo dos programas de escrever, no se sustenta na anlise emprica dos usos da lngua. (PCN, 1998:29)

Os PCNs trazem baila que as variedades lingusticas discriminadas demonstram que ocorre conflitos na prpria sociedade e como qualquer preconceito deve ser rigorosamente combatido dos grupos sociais que o impem. Assim, orientam para que o aluno conhea novas formas lingusticas, a escrita e a oralidade formal, bem como da existncia da gramtica tradicional, pois o aluno j conhecedor da variedade que aprendeu na comunidade de falantes na qual inserido, sendo capaz de perceber que as formas da lngua apresentam variaes, existindo formas que no so adequadas para se referir a algum e que certos falares podem ser discriminados.

A Lngua Portuguesa uma unidade composta de muitas variedades. O aluno, ao entrar na escola, j sabe pelo menos uma dessas variedades aquela que aprendeu pelo fato de estar inserido em uma comunidade de falantes. Certamente, ele capaz de perceber que as formas da lngua apresentam variao e que determinadas expresses ou modos de dizer podem ser apropriados para certas circunstncias, mas no para outras. Sabe, por exemplo, que existem formas mais ou menos delicadas de se dirigir a algum, falas mais cuidadas e refletidas, falas cerimoniosas. Pode ser que saiba, inclusive, que certos falares so discriminados e, eventualmente, at ter vivido essa experincia.

Frente aos fenmenos da variao, no basta somente uma mudana de atitudes; a escola precisa cuidar para que no se reproduza em seu espao discriminao lingustica.

Desse modo, no pode tratar as variedades lingusticas que mais se afastam dos padres estabelecidos pela gramtica tradicional e das formas diferentes daquelas que se fixaram na escrita como se fossem desvios ou incorrees. E no apenas por uma questo metodolgica: enorme a gama de variao e, em funo dos usos e das mesclas constantes, no tarefa simples dizer qual a forma padro (efetivamente, os padres tambm so variados e dependem das situaes de uso). Alm disso, os padres prprios da tradio escrita no so os mesmos que os padres de uso oral, ainda que haja situaes de fala orientadas pela escrita. Lingusticas so legtimas e prprias da histria e da cultura humana. Para isso, o estudo da variao cumpre papel fundamental na formao da conscincia lingustica e no desenvolvimento da competncia discursiva do aluno, devendo estar sistematicamente presente nas atividades de Lngua Portuguesa. (PCN, 1998: 81-82)

4 - O ENSINO DE LNGUA PORTUGUESA EM SALA DE AULA

A linguagem um fator importante para o desenvolvimento mental e exerce uma funo organizadora e planejadora do pensamento. Assim sendo, podemos afirmar que a linguagem tem uma funo social e comunicativa, ou seja, atravs dela que o sujeito constri sua prpria identidade. De acordo com

[...] o ser humano s existe dentro do mundo e o mundo s existe dentro da linguagem. Dessa forma, acreditamos que atravs da ao que o ser humano tem acesso ao mundo fsico-social, e na mesma linha sobre essa ao o ser humano exerce sobre o mundo um poder de transformao muito grande, e da atividade social que esse mundo ser transformado em um significado, em conhecimento e isso tudo s ser possvel atravs da linguagem (Orlandi, 2002, p. 15).Ento, um problema fundamental enfrentado pela sala de aula, em particular, e pela escola, em geral a questo da aprendizagem da Lngua Materna por parte dos alunos, pois como se sabe escola o papel de formar cidados aptos para enfrentarem o mundo que os aguardam, cheio de presses e cobranas, porque ou estamos preparados para vencer todos os desafios que surgem diariamente nossa frente, ou somos reduzidos a nada no mundo atual. Para o mundo de hoje e o rumo de como as coisas esto tomando, no tem como fugir da necessidade de um bom preparo intelectual, mas isso, s se consegue com o estudo. E nesse momento a escola e o professor tm o papel fundamental de formadores que oferecem ao aluno no somente um ensino, mais um ensino de qualidade, dado condies para que esse sujeito seja incluso nas oportunidades e participante ativo de uma sociedade to complexa como a nossa que cobra uma aprendizagem autnoma e continua ao longo de toda uma vida. Por isso, que se tem feito vrias reflexes, sobretudo para a prtica do professor em sala de aula e de como esse, tem preparado o seu aluno para o mundo durante a ministrao de suas aulas.

O papel fundamental da educao no desenvolvimento das pessoas e das sociedades amplia-se ainda mais no despertar do novo milnio e aponta para a necessidade de se construir uma escola voltada para a formao de cidados. Vivemos numa era marcada pela competio e pela excelncia, em que progressos cientficos e avanos tecnolgicos definem exigncias novas para os jovens que ingressaro no mundo do trabalho. Tal demanda impe uma reviso dos currculos, que orientam o trabalho cotidianamente realizado pelos professores e especialista em educao dos nossos pais. (PCNS, 1980, p. 12)

A verdade que vivenciamos um perodo de grandes competies e a escola no tem como fugir do seu papel de formadora de cidados preparados para conviver com todas essas tecnologias. E uma das questes mais preocupantes, no que diz respeito ao ensino aprendizagem dentro do espao da sala de aula, so os alarmantes ndices de evaso e repetncia escolar, mesmo nos pases mais pobres, pois isso a prova concreta de como tem fracassado, o ensino pblico. Ento, nesse contexto que a prtica pedaggica do professor tem que ser excelente por excelncia. Ele tem que compreender que o processo educacional, enquanto uma prtica social no se d por si s, mas tem relaes com outras prticas e preciso levar em considerao as grandes diferenas que existem entre indivduos e classe. Temos dentro da sala de aula uma diversidade cultural muito grande, portanto, cabe ao professor buscar essa realidade, traz-la para a sala de aula e trabalh-la em conjunto com a escola. Para isso faz-se necessria uma proposta educacional que tenha em vista a qualidade de formao a ser oferecida a todos os estudantes.

O ensino de qualidade que a sociedade demanda atualmente se expressa aqui como a possibilidade de o sistema educacional vir a propor uma prtica educativa adequada s necessidades sociais, polticas, econmicas e culturais da realidade brasileira, que considere os interesses e as motivaes dos alunos e garanta as aprendizagens essenciais para a formao de cidados autnomos, crticos e participativos, capazes de atuar com competncia, dignidade na sociedade em que vivem. (PCNS, 1997, p.33).

Olhando o ensino de modo geral, o que temos hoje em sala de aula so alunos que esto totalmente desmotivados e que vo escola, muitos vezes por imposio dos pais. Alunos que comparecem para tumultuar, debochar, passear e ver os colegas menos estudar. E nesse contexto que entra a prtica pedaggica do professor tem que ser excelente por excelncia, para quem sabe resgatar esse aluno e chamar a sua ateno para o seu futuro.

Ainda bem que ainda existem professores comprometidos com a educao, que muitas vezes sem uma estrutura adequada conseguem fazer milagres. Est a ento a importncia de que o professor esteja permanentemente preparado para exercer a funo de integrador, usando metodologias diferenciadas e dinmicas para chamar a ateno desse aluno e envolv-lo nas suas aulas. E preciso fugir do tradicional e buscar prticas inovadoras que lhe dem subsdios para sedimentar sua prtica docente. Caso o professor no os tenha, o seu fazer metodolgico torna-se improdutivo, muitas vezes substitudo pelo fazer imposto pelo livro didtico, ou de qualquer outro material que o torna a vez e dita-lhe as regras e as normas a serem seguidas.

[...] o ensino de lngua portuguesa tem sido, desde os anos 70, o centro da discusso acerca da necessidade de melhorar a qualidade de ensino no pas [...] se o aluno consegue dominar a leitura e a escrita, ele conseguir se sobressair com xito em todas as outras disciplinas escolares. a grande propostas a reformulao e as mudanas no modo de ensinar. primordial o aluno dominar a leitura e a escrita, pois pela linguagem que os indivduos se comunicam, tem acesso a informaes e conseguem acompanhar os avanos. O domnio da linguagem, como atividade discursiva e cognitiva, e o domnio lngua, como sistema simblico utilizado por uma comunidade lingustica, so condies de possibilidade de plena participao social [...] (PCN, 1998, p19).

Ento, cabe ao professor usar metodologias que tenham o objetivo chamar a ateno do aluno para a aula. Ele tem que primeiramente ganhar esse aluno com criatividade e dinamismo. O professor tem que fazer com que o seu aluno seja participativo, pois principalmente as aulas de Lngua Portuguesa, que so a base das demais, precisam influenciar o Aluno para a reflexo, fazendo com que este, gere sobre sua prpria linguagem, criando assim ao curso dos anos um modelo particular da fala no meio em que est inserido.

preciso dar espao para que o seu para que o seu aluno se manifeste. Falar o melhor meio pelo quais os aprendizes exploram as relaes entre o que j sabem e as novas observaes ou interpretaes que descobrem [...] (CONDEMARN, 2005, p.40)

Se o aluno tem um espao na sala de aula, ele se sente importante e produz muito mais. O professor de Lngua Portuguesa precisa trazer a poesia, a msica, a crnica, o conto e muitas outras fontes metodolgicas para o cotidiano da sala de aula. O aluno precisa conhecer o mundo mgico que est por trs de uma composio dos versos que compem uma poesia, ou outro gnero textual, pois com toda certeza ele compreender melhor o que est estudando e assim o texto ter um sentido para ele. Outra questo que importante ressaltar, ns s teremos alunos leitores na sala de aula se isso comear de ns mesmos. O professor tem que ser um a referncia para o aluno. No caso da Lngua Portuguesa, alm dos aspectos j apontados, so decisivas para a aprendizagem as imagens que os constituem sobre a relao que o professor estabelece com a prpria linguagem. Por ter experincia mais ampla com a linguagem, principalmente se for, de fato, usurios da escrita, ter boa relao com a leitura, gostando verdadeiramente de escrever, o professor pode se constituir em referncia para o aluno. Alm de ser quem ensina os contedos, quem ensina, pela maneira como se relaciona com o texto e com o outro, o valor que a linguagem e o outro tm para si.

Para os alunos que provm de comunidade com pouco ou nenhum acesso a materiais de leitura, ou que oferecem poucas possibilidades de participao em atos de leitura e escrita junto a adultos experientes, a escola poder se a nica referncia para a construo de um modelo de leitor e escritor. Isso s ser possvel se o professor assumir sua condio de locutor privilegiado, que se coloca em disponibilidade para ensinar fazendo. (PCN, 1998, p 66).

Portanto, o professor alm de mediador do conhecimento tem que primeiramente ser exemplos e o trabalho com a leitura tem que ser constante em sala de aula, pois alunos que lem tm argumentos, vocabulrios, conhecimento, viso crtica. Sabem analisar, aprendem a interpretar, enfim, so em dobro melhores. Por outro lado, alunos que no lem so lentos, bitolados e tem rendimento baixo.

preciso que o professor instigue o seu aluno para a leitura e seja tambm um leitor, pois s lendo muito, que o homem poder ter um domnio total da linguagem. atravs da linguagem que o homem se reconhece como humano, pois pode se comunicar com os outros homens e pode trocar experincias [...] (BORDINI; AGUIAR, 1998 p.9).

a linguagem que interpreta o mundo e s tendo o domnio dela teremos alunos preparados para enfrentarem a demanda do novo milnio. Est na hora de nossas escolas acordarem. O professor precisa sentir a necessidade de instruir os seus alunos a serem leitores assduos. Em suma, os professores tm que deixarem o comodismo de lado, arregaar as mangas e fazer o seu papel com garra, determinao e muita criatividade. A escola no d suporte ao professor? Falta material? timo! Com o material que temos em nossas mos, ns vamos transform-los na melhor aula, ganhar o nosso aluno e mudar o destino do mundo, afinal no espao da sala de aula que acontecem as grandes transformaes.