vantagens e desvantagens do investimento em … · riscos e colhem as recompensas da empresa. eles...
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VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br
VANTAGENS E DESVANTAGENS DO INVESTIMENTO EM FRANQUIAS EM
SANTA MARIA/RS
Tarcizo Augusto Kuhn Minuzzi
Centro Universitário Franciscano
Greice de Bem Noro
Centro Universitário Franciscano
David Lopes Gonçalves Júnior
Centro Universitário Franciscano
Verônica Dalmolin Cattelan
Centro Universitário Franciscano
Resumo:
Este trabalho tem por objetivo entender melhor o sistema de franquias no Brasil e mais
precisamente na cidade de Santa Maria, no setor alimentício, e as vantagens e desvantagens
de se aderir esse sistema que vem crescendo em investimentos no país. Foi feita uma pesquisa
teórica e após a aplicação de um formulário aos franqueados de uma amostra pré estabelecida
e levantado os motivos e identificadas algumas vantagens e desvantagens que tangem esse
sistema. Percebe-se que o sistema de franchising é um negócio como qualquer outro, tem seus
pontos fortes e seus problemas. Na maior parte das vezes o franqueador não proporciona o
suporte necessário ao seu franqueado ou ele não dá a liberdade para o franqueado que atua em
outra cidade com suas características sazonais. Mas o que se torna um problema para alguns é
justamente o que mais atrai a idéia de se ter uma franquia: o investimento previsto, suporte
adminitrativo e retorno a curto prazo.
Palavras-chave: Franquia; Sistema; Empreendedorismo; Know-how.
ADVANTAGES AND DISADVANTAGES OF FRANCHISES INVESTMENT IN
SANTA MARIA/RS
Abstract:
Much is said these days about globalization, investment and unemployment, and the franchise
is tied to these pillars to be the result of globalization and by being a profitable investment for
certain security provided and know-how provided by the franchisor. This work aims to better
understand the franchise system in Brazil and specifically in the city of Santa Maria in the
food sector, and the advantages and disadvantages of joining this system with a growing
investment in the country. Theoretical research has been done and after application of a form
to franchisees of a sample pre-established and raised the motives and identified some
advantages and disadvantages that concern this system. It is noticed that the franchising
system is a business like any other, has its strengths and its problems. In most cases the
franchisor does not provide the necessary support to its franchisee or it does not give freedom
to the franchisee who works in another city with their seasonal characteristics. But what
becomes a problem for some is precisely what attracts the idea of having a franchise, the
planned investment, administrative support and short-term return.
Keywords: Franchise; System; Entrepreneurship; know-how.
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1. INTRODUÇÃO
Na atual situação mercadológica observa-se que os novos empreendedores possuem
uma gama de oportunidades para investir seu dinheiro. O empreendedorismo é um dos temas
que mais chamam a atenção do sistema financeiro brasileiro, por causa da geração de
empregos e giro de capital existente com a criação de novas empresas de diversas atividades.
Pesquisas de marketing e mercado confirmam que os novos empreendedores buscam
investimentos de pequenos riscos e retorno em longo prazo. Com isso é inevitável repensar as
estratégias de investimento e pesquisas antes de investir na criação de um empreendimento.
Nestas pesquisas e estudos sobre novos empreendimentos nos deparamos com o
sistema franchising que é uma forma de distribuição possuidora de Know-how de produção,
sendo também possuidora de uma marca conceituada. Estudiosos como Longo (1996) apud
Zuben (1996) que afirmam que no século XXI, a maior parte dos trabalhadores profissionais
terá trabalho não emprego. Isso nos mostra que as pessoas buscam meios alternativos de
investimentos e conseqüentemente acham isso no sistema de franquias.
Essa expansão do sistema de franquias é explicada pelo baixo risco do negócio que se
deve principalmente ao suporte do franqueador ao franqueado, que já possui métodos e
processos testados e comprovados, aliando tudo isso a força da marca já estabelecida no
mercado.
Tendo em vista o tema relacionado à franquia, a presente pesquisa tem como
problemática responder a seguinte questão: Qual o posicionamento dos franqueados do setor
alimentício da cidade de santa Maria no que tange as vantagens e desvantagens da opção
estratégica pelo sistema de franchising?
O objetivo geral o do presente estudo trata-se de analisar o posicionamento dos
franqueados do setor alimentício da cidade de Santa Maria no que tange as vantagens e
desvantagens da opção estratégica pelo sistema de franchising. Já enquanto objetivos
específicos encontram-se: Realizar um levantamento teórico que dê subsídios a presente
pesquisa, relacionados ao tema franchising; definir as franquias que irão compor a amostra
desse estudo; levantar os motivos que levam a escolha do sistema de franquias e identificar as
vantagens e desvantagens percebidas pelo franqueado.
O presente estudo tem por objetivo aprimorar conhecimentos relacionados ao sistema de
franchising por ser uma estratégia competitiva muito debatida e em crescente expansão nos
últimos anos, além de existir pouca bibliografia acerca do tema, que se deve ao fato do tema
ser relativamente novo e assim a pesquisa contribuirá também à comunidade acadêmica e
principalmente para novos e futuros empreendedores.
Essa expansão do sistema de franquias é explicada pelo baixo risco do negócio que se
deve principalmente ao suporte do franqueador ao franqueado, que já possui métodos e
processos testados e comprovados, aliando tudo isso a força da marca já estabelecida no
mercado.
Em segundo plano contribuindo para a população santa-mariense como estudo de
referência para analises de índices através de pesquisas realizadas junto a algumas franquias
de acordo com a disponibilidade das mesmas existentes na cidade.
2. EMPREENDEDORISMO
De acordo com Dornelas (2003) o conceito de empreendedorismo no Brasil surgiu de
uma necessidade nas grandes cidades devido ao alto índice de desemprego que aflorava os
anos 90 por causa da instabilidade da economia e da imposição da globalização. A
conseqüência disso foi que muitas empresas brasileiras tiveram que buscar alternativas para
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aumentar sua competitividade, reduzir custos e estabilizar-se no mercado, isso fez com o
desemprego nas grandes organizações fosse inevitável. As alternativas buscadas pelos ex-
funcionários dessas empresas era criar novos negócios, estes por sua vez com pouca
experiência e orçamentos apertados, utilizando-se também de economias pessoais.
Tal fato talvez explique o alto índice de mortalidade das pequenas empresas nos
primeiros anos de existência. Os empreendedores baseiam-se de forma empírica e isso pode
elevar demasiadamente os riscos do negócio. Segundo Tachizawa e Faria (2003), o índice de
mortalidade das pequenas empresas chega a até 73% no terceiro ano de existência.
Na visão de Daft (2006) o empreendedorismo é o processo de iniciar um
empreendimento, organizar os recursos necessários e assumir as recompensas e os riscos
associados. Para o mesmo autor, um empreendedor é alguém que se engaja em um
empreendimento, reconhece a viabilidade de uma idéia para um produto ou serviço e leva essa
idéia à frente. Isso significa encontrar e montar os recursos necessários - dinheiro, pessoal,
maquinaria, local - para assumir o empreendimento. Os empreendedores também assumem os
riscos e colhem as recompensas da empresa. Eles assumem os riscos financeiros e legais da
propriedade e recebem os lucros do negócio.
Para Gimenez, Junior e Sunsin (2001, p.22) o empreendedorismo, nas diversas
abordagens, é visto como a busca por “resultado tangível ou intangível de uma pessoa com
habilidades criativas, sendo uma complexa função de experiências de vida, oportunidades,
habilidades e capacidades individuais e que no seu exercício esta, inerente e variável risco,
tanto em sua vida como em sua carreira”.
Na concepção de Churchill e Muzyka (1996), há uma idéia geral de que os
empreendedores desempenham a função social de identificar oportunidades e converte-las em
valores econômicos; o empreendedorismo é concebido como processo presente a diferentes
cenários, causado mudanças nos sistemas econômicos mediante inovações trazidas pelos
indivíduos que geram ou respondem a oportunidades econômicas criadoras de valor.
Estudos sobre empreendedorismo concentram-se nas atividades iniciais e de
crescimento, reconhecendo a importância de recursos básicos como dinheiro, pessoas e
informações, que devem ser conseguidos para começar um empreendimento (SHANE E
VENKATARAMAN, 2000; BRUNO e TYEBJEE, 1982; VESPER, 1990).
Segundo Dornelas (2001, p.320), o empreendedor
[...] não arrisca apenas o seu futuro, mas também o de todos aqueles
que estão à sua volta, que trabalham para o seu sucesso e dependem se
suas atitudes e decisões. Empreendedores são responsáveis pelo
desenvolvimento de uma empresa, de uma cidade, de uma região,
enfim, pela construção de uma nação. O papel social talvez seja o
mais importante papel que o empreendedor assume em toda sua vida.
O que caracteriza o empreendedor e o diferencia dos outros atores organizacionais e
sociais? O empreendedor deve estar apto a definir os parâmetros do que pretende realizar e os
meios utilizados para alcançar o resultado desejado. Uma das grandes diferenças entre o
empreendedor e as outras pessoas que trabalham em organizações é que o empreendedor
define o objeto que vai determinar seu próprio futuro (FILION, 1999).
E é por isso que o estudo do empreendedorismo é tão estudado e abordado, pois não se
restringe apenas a ganhar dinheiro. É uma fonte de geração de empregos, de pesquisa e
desenvolvimento tanto na área econômica quanto na tecnológica, de fatores sociais e
culturais, e também uma fonte tributária importante para o governo.
Entretanto, na concepção de Daft (2006). Para algumas pessoas, a idéia para um novo
negócio é a parte mais fácil. Elas nem sequer consideram o empreendimento até que sejam
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inspiradas por uma idéia estimulante. Outras pessoas decidem que querem administrar seu
próprio negócio e começam a procurar uma idéia ou oportunidade. A figura 01 mostra os
motivos mais importantes de as pessoas começarem um novo empreendimento e a fonte de
novas idéias de negócios. Observe que 37% dos fundadores de empresas pegaram suas idéias
de um entendimento a fundo da indústria, primariamente por causa de uma experiência de
trabalho passada. E é interessante que quase o mesmo número - 36% achou um nicho de
mercado que não estava sendo preenchido.
41%
36%
27%
25%
5%
37%
36%
7%
4%
4%
11%
Motivos para começar um negócio
Fonte de idéias de novos negócios
Entrou para um
Negócio de família
Para controlar meu futuro
Para ser meu próprio chefe
Para realizar um sonho
Downsized/demissão
Entendimento profundo da
Indústria/profissão
Encontrou um nicho
De mercadoBrainstorming
Copiando alguém
Hobby
Outros
Figura 01: Motivação empreendedora e de novas idéias de negócios
Fonte: DAFT (2006, p.133).
Na visão de Daft (2006) a franquia talvez seja o caminho com crescimento mais rápido
para o empreendedor. A Associação Internacional de Franquias relata que aproximadamente
1.500 franquias fazem negócios por meio de 320.000 lojas franqueadas nos Estados Unidos,
país onde as franquias são responsáveis em média por um terço das vendas anuais dos
varejistas. De acordo com algumas estimativas, as franquias respondem por um de cada 12
negócios nos Estados Unidos, e uma franquia é aberta a cada oito minutos de um dia útil
qualquer.
Segundo Martins (2007), o povo brasileiro é muito empreendedor, está entre os países
que mais abrem micro e pequenas empresas por ano. Muitos brasileiros têm espírito
desbravador, vontade de crescer e ter sucesso na vida. Já estão acostumados com as
dificuldades do dia-a-dia, e não se abatem por qualquer coisa.
2.1 Franchising
Segundo Plá (2001, p. 17) “franchising é um sistema de distribuição de produtos,
tecnologia e/ou serviços. Estabelece que o franqueador conceda ao franqueado o direito de
explorar o seu conceito, know-how e marca, mediante uma contraprestação financeira.”
De acordo com Rocha (2003, p.140) para entendermos o conceito de franquia
[...] basta imaginarmos a seguinte situação: de um lado, uma empresa
possuidora do know-how e de uma marca conceituada, querendo se
expandir e conquistar um maior espaço no mercado; de outro, alguém
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(pessoa física ou jurídica) com capital disponível, interessado em
investi-lo estabelecendo um negócio, cujo retorno seja razoavelmente
garantido. Nesse sentido, a franquia pode ser vista como uma
alternativa de crescimento para o primeiro (o franqueador), uma vez
que lhe serve de canal de distribuição de seus produtos, viabilizada
pela iniciativa do segundo (o franqueado) de implantar o seu negócio.
Para Mauro (2007) o sistema de franquias tem sempre duas figuras participantes do
sistema. De um lado, está a empresa que se propõe a implantar uma rede para distribuição de
produtos ou serviços, que é denominada franqueador. De outro, está a pessoa física ou jurídica
que se propõe a implantar a unidade de distribuição, de acordo com os padrões definidos pelo
franqueador, este é o franqueado. A primeira característica do sistema é que ele tem
definições diferentes, do ponto de vista do franqueador ou do fraqueado, como pode ser
observado nas figuras 2 e3.
Figura 2 – Franchising do ponto de vista do Franqueador
Fonte: MAURO (2007, p.17).
Observa-se que, do ponto de vista do franqueador, o sistema define-se com um meio
de distribuição em que existe uma aproximação maior entre os participantes do sistema,
visando aumento de eficiência em relação à concorrência e buscando equilíbrio de resultados
entre os seus membros, numa relação de longo prazo (MAURO, 2007).
Na concepção de Cherto e Hayes (1996, p.32), um bom franqueador
[...] se preocupa com a pesquisa e desenvolvimento de novos serviços,
produtos, métodos e sistemas para sua rede de franquias. Sua equipe
está permanentemente estudando a concorrência, procurando por
novas idéias, fazendo projeções para o futuro, acompanhando as
variações demográficas do mercado e criando novos produtos e
serviços para que os franqueados possam manter suas vendas tão
elevadas quanto for possível.
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Figura 3 – Franchising do ponto de visto do franqueado
Fonte: MAURO (2007, p.19).
Já do ponto de vista do franqueado, o sistema de franquias é uma maneira de
estabelecer um negócio, tendo a análise de risco e o retorno sobre o investimento como algo
extremamente importante, esse risco fica menor sendo um negócio conhecido e de sucesso,
com uma gestão menos complexa (padrões de trabalho pré-estabelecidos) e vantagens de uma
grande empresa já consolidada no mercado (MAURO, 2007).
Cruz (1993) argumenta que franqueador é a pessoa física ou jurídica que concede e
vende a franquia. Neste sentido, é o dono da marca e do Know-how de comercialização de um
bem ou serviço, cedendo através de um contrato os direitos de revenda e uso, e ao mesmo
tempo dando assistência na organização e gerenciamento do negócio para os franqueados. Em
relação ao franqueado, diz que é a pessoa física ou jurídica que adquire a franquia, cuja
finalidade está na distribuição do objeto da franquia.
Barroso (2009) argumenta que, na franquia o negócio já nasce praticamente completo,
a divulgação da marca é feita, pelo franqueador, com recursos próprios. O produto já nasce
conhecido, a aceitação do público quase sempre é imediata, ocorrendo à identificação do
consumidor com a marca, cujo direito ao uso o franqueado adquiriu. Com base nesse
contexto, o sistema de franchising é hoje em dia, um dos caminhos mais seguros para quem
quer abrir seu próprio negócio, devido à estrutura e experiência que se tem, diminuindo seus
riscos. O que não significa que o negocio independente não possa dar certo, mas o trabalho,
preocupação e riscos de não dar certo serão muito maiores.
Já em negócios independentes, o mesmo tende a nascer pequeno e requer tempo para
amadurecer, sem suporte externo, o empreendedor tem que patrocinar toda a divulgação da
marca, integralmente, da criação e produção do material a seleção da mídia para firmar seu
produto e nome. O que não significa que o negocio independente não possa dar certo, mas o
trabalho, preocupação e riscos de não dar certo serão muito maiores (BARROSO, 2009).
2.1.1 Vantagens e Desvantagem do sistema para o Franqueado
Segundo Plá (2001) o sistema de franchising se apresenta como uma grande arma para
lidar com um mercado tão competitivo como este, utilizando uma marca conhecida e
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consolidada, com tecnologia e metodologia já testadas, o empreendedor diminui o seu riscos
na abertura do seu negocio.
De acordo com Tachizawa e Faria (2003) uma franquia consolidada tem cinco vezes
mais chances de sucesso do que um negócio independente. O franqueado não só recebe
orientação e assistência na administração do negocio, como também se beneficia com a
expansão da rede, que valoriza sua loja. Na maioria dos casos, é um empreendimento que não
necessita experiência prévia o ramo.
Para Daft (2006) a principal vantagem de uma franquia é que a ajuda administrativa é
proporcionada pelo proprietário. Por exemplo, o Burger King não quer que um franqueado
fracasse e proporcionará os estudos necessários para encontrar uma boa localização. O
franqueador também proporciona uma marca conhecida e publicidade nacional para estimular
a demanda pelo produto ou serviço. As desvantagens potenciais são a falta de controle que
ocorre quando os franqueadores querem que todo o negócio seja administrado exatamente da
mesma maneira. Em alguns casos, os franqueadores exigem que os donos de franquias usem
certos empreiteiros ou fornecedores, os quais podem custar mais do que outros custariam.
Além disso, as franquias podem ser muito caras, e os altos custos iniciais de uma
empresa nova são adicionados a pagamentos mensais para o franqueador que podem variar de
2% a 15% das vendas (DAFT, 2006).
Segundo Leite (1991), o franqueado tem maior chance de sucesso porque o
franqueador já possui uma rede própria de distribuição, cujo sucesso já está estabelecido no
mercado, diferentemente de um empreendedor começando um negocio do zero. Segundo o
mesmo autor as vantagens competitivas serão muito maiores também, ele terá maior garantia
de mercado, pois o franqueador já conhece o perfil dos clientes de seus produtos, a
lucratividade será maior, uma vez que o franqueado se beneficiara das economias de escala
com maiores créditos, prazos de pagamento mais elásticos.
No que tange as desvantagens de se escolher trabalhar com o sistema de franquias, a
mais forte das desvantagens, refere-se a pouca oportunidade de iniciativas individuais, uma
vez que o franqueado tem de seguir um padrão, o que limita suas iniciativas. Também há a
questão de o franqueado ter de pagar, pela marca e pela metodologia, custo que o
empreendedor não franqueado não tem (PLÁ, 2001).
Para tanto, de acordo com Daft (2006), os empreendedores que estiverem
considerando a compra de uma franquia devem investigar detalhadamente a empresa. O
franqueado prospectivo tem o direito legal de uma cópia das declarações divulgadas pelo
franqueador, que incluem informações sobre 20 tópicos, entre os quais os litígios e o histórico
de falência, identidades dos diretores e diretores executivos, informações financeiras,
identificação sobre quaisquer produtos que o franqueado tenha que comprar, e de quem essas
compras terão que ser feitas.
O empreendedor também deveria conversar com alguns donos de franquias, uma vez
que eles estão entre as melhores fontes de informações sobre como a empresa realmente
opera. (DAFT, 2006).
3. METODOLOGIA
O presente trabalho possui natureza quantitativa, que na concepção de Andrade
(2009), as pesquisas quantitativas são mais adequadas para apurar opiniões e atitudes
explícitas e conscientes dos entrevistados, pois utilizam instrumentos estruturados
(questionários), é apropriada para medir tanto opiniões, atitudes e preferências como
comportamento.
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O estudo teve como objetivo realizar uma pesquisa exploratória e descritiva que são
estudos que descrevem completamente determinado fenômeno, dando-se procedência ao
caráter representativo sistemático e, em conseqüência, os procedimentos de amostragem são
flexíveis (LAKATOS e MARCONI, 2003).
A pesquisa foi baseada sob a perspectiva do franqueado, para identificar, avaliar,
compreender e definir os motivos e as vantagens e desvantagens deste tipo de
empreendimento que tem conquistado espaço santa-mariense. No que tange aos
procedimentos técnicos a pesquisa caracteriza-se como um estudo de campo, que é um estudo
de investigação em uma situação real, em que uma ou mais variáveis independentes são
manipulados pelo pesquisador. Os experimentos de campo têm qualidades diversas, pois se
adaptam bem ao estudo de problemas sociais, organizacionais, psicológicos e educacionais de
grande interesse (MOREIRA, 2004).
Quanto ao plano de coleta dos dados, primeiramente utilizou-se de pesquisa
bibliográfica para ter o embasamento necessário para a execução da pesquisa. Após foi
elaborado um formulário com nove perguntas que foi aplicado junto às empresas que possuem
sistema franchising no setor alimentício na cidade de Santa Maria. Os dados, com base nas
respostas dos franqueados foram processados e tabulados pelo software SPSS 14.0 e
analisados com a ajuda da estatística descritiva.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Partindo do objetivo de analise e posicionamento das franquias no que tange os
motivos e as vantagens e desvantagens sobre o sistema franchising aplicou-se um formulário
estruturado a cinco franquias da cidade de Santa Maria, das quais somente foi realizado em
três, sendo que uma delas não se constitui mais como franquia e outra optou em não responder
o questionário. Das tabelas 01 a 04 apresenta-se o perfil dos pesquisados. Na tabela 01
observar-se o sexo dos respondentes.
Tabela 01: Sexo
Sexo Freqüência Percentual Percentual válido Percentual acumulado
Feminino 1 33,3 33,3 33,3
Masculino 2 66,7 66,7 100,0
Total 3 100,0 100,0 -
Observa-se que 66,7% dos respondentes são do sexo masculino e 33,3% do sexo
feminino.
Na tabela 02 é apresentada a idade dos pesquisados.
Tabela 02: Idade
Faixa etária Freqüência Percentual Percentual Válido Percentual Acumulado
De 26 a 35 2 66,7 66,7 66,7
Maior de 45 1 33,3 33,3 100,0
Total 3 100,0 100,0 -
Observa-se que 66,7% dos respondentes são de 26 a 35 anos de idade e 33,3% tem
idade superior a 45 anos.
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Na tabela 03 é apresentado o cargo dos pesquisados.
Tabela 03: Quanto ao Cargo
Cargo Freqüência Percentual Percentual valido Percentual Acumulado
Gerente 1 33,3 33,3 33,3
Proprietário 2 66,7 66,7 100,0
Total 3 100,0 100,0 -
Observa-se que 66,7% dos respondentes são proprietários das franquias e 33,3 são
gerentes.
Na tabela 04 é apresentado o tempo de serviço.
Tabela 04: Tempo de Serviço
Tempo Freqüência Percentual Percentual Valido Percentual Acumulado
Menos de um ano 1 33,3 33,3 33,3
de 1 a 5 anos 1 33,3 33,3 66,7
acima de 5 anos 1 33,3 33,3 100,0
Total 3 100,0 100,0 -
Observa-se que 33,3% dos respondentes tem menos 1 ano de franquia, 33,3% tem
entre 1 a 5 anos e 33,3% tem mais de 5 anos de franquia instalada.
Partindo do objetivo de analisar o posicionamento dos franqueados do setor
alimentício da cidade de Santa Maria no que tange aos motivos da opção estratégica pelo
sistema de franchising na tabela 05 são apresentados os quesitos avaliados.
Tabela 05: Quanto aos motivos
Motivos da opção
N
Soma
total1
Soma
real2
% Mín Máx Média
Desvio
padrão
O suporte dado pelo franqueador
foi o principal motivo para a
adoção do sistema de franquia? 3 15 10 67 2,00 4,00 3, 33 1,15
O peso da marca foi um motivo
para a escolha da sua franquia? 3 15 15 100 5,00 5,00 5, 00 0, 00
O investimento inicial foi um fator
motivador para a escolha desse
sistema?
3 15 11 73 3,00 5,00 3,67 1,15
O investimento inicial foi relevante
na escolha da marca? 3 15 15 100 5,00 5,00 5,00 0,00
1Soma total de pontos caso os três pesquisados concordassem plenamente com o quesito.
2Soma real de pontos relativa as opiniões dos três entrevistados.
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No que se refere ao suporte dado pelo franqueador ser o principal motivo para a
adoção do sistema de franquia, tem-se um percentual de concordância entre os entrevistados
de 67%. A média de pontos, 3,33 e um desvio padrão de 1,15 permite calcular uma
variabilidade relativa dos dados em torno da média de 29%, pela expressão 100...____
X
SVC
conhecida como Coeficiente de Pearson. Assim, com estes resultados, pode-se dizer que os
entrevistados são um pouco indiferentes ao quesito pesquisado o que deixa muito a desejar em
alguns aspectos, mas que não representam um grave erro no sistema franchising.
Para o motivo, peso da marca ter sido algo motivador, percebe-se claramente uma
concordância de 100%. A média 5,0, e o desvio padrão zero comprovam a afirmação. De
acordo com os pesquisados a marca é algo que realmente os motivou a iniciar o projeto, pois
tem um peso enorme para o público alvo. Nota-se grande impulso por parte dos
empreendedores neste ponto, a hora de decidir, em que investir ou que marca escolher.
Acreditamos realmente que a marca é uma imagem ou um nome que transmite ao cliente
confiança, credibilidade e acima de tudo qualidade.
Quanto ao motivo de se o investimento inicial foi um fator motivador na escolha,
obteve-se um percentual favorável de 73%. Tal quesito apresentou média de 3,67, desvio
padrão de 1,15 e uma variabilidade relativa dos dados em torno da média de 31%, ou seja,
estão concordando em partes ao quesito. Traduzindo o resultado, os pesquisados sabiam que o
investimento era uma estratégia de mercado para a cidade de Santa Maria.
De acordo com os pesquisados o investimento em relação a outras franquias é
relativamente barato. Mas a pesquisa de mercado pelo franqueador deve ser mais ampla e
objetiva na hora de decidir onde implantar e que tamanho deverá ser. Neste ponto notou-se
um problema com a realidade cultural de Santa Maria o qual a franqueador não possui
nenhum planejamento para isto, seguindo normalmente seus planejamentos.
Na tabela 06, indicam-se as vantagens e desvantagens da opção estratégica pelo
sistema de franchising o qual é apresentado os quesitos avaliados. Em relação à desvantagem
do padrão pré-estabelecido pelo franqueador e se este constitui uma desvantagem, tal quesito
apresentou uma concordância de 93% junto aos pesquisados. A média 4,67 e o desvio padrão
permitiram uma variabilidade relativa dos dados em torno da média de 12% ou seja, há quase
uma unanimidade em relação ao quesito. De acordo com os pesquisados o sistema franchising
segue um rigoroso manual, o qual dificulta a iniciativa de melhoras e torna-se muito
burocrático a implementação de novos padrões conforme necessidade do franqueado.
Quanto à vantagem de se ter um negócio já testado em relação à concorrência, tal
quesito obteve uma média 5,0, ou seja, concordam totalmente ao quesito. De acordo com os
pesquisados é como abrir algo com a certeza de estar fazendo a coisa com uma dosagem de
segurança, ou seja, você tem recursos, experiência e conceito da marca.
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Tabela 06: Vantagens e Desvantagens
Vantagens e Desvantagens
N
Soma
total1
Soma
real2
% Mín Máx Média
Desvio
Padrão
Ter que seguir um padrão pré
estabelecido não podendo ter
suas próprias idéias, constitui-se
em uma desvantagem na
franquia?
3 15 14 93 4,00 5,00 4,67 0, 58
Ter um negócio já testado no
inicio do negócio é uma
vantagem sobre os concorrentes?
3 15 15 100 5,00 5,00 5,00 0, 000
O retorno da franquia está de
acordo com a análise de mercado
de Santa Maria?
3 15 11 73 2,00 5,00 3,67 1,53
1Soma total de pontos caso os três pesquisados concordassem plenamente com o quesito.
2Soma real de pontos relativa as opiniões dos três entrevistados.
No que se refere ao retorno da franquia com análise de mercado de Santa Maria, tal
quesito obteve uma média 3,67, um desvio padrão de 1,53 e uma variabilidade relativa dos
dados em torno da média de 42%, ou seja, concordam em parte ao quesito, confirmado pelo
percentual de 73%. De acordo com os pesquisados Santa Maria é uma cidade transitória, o
qual em sua maioria não tem dinheiro para gastar conforme seus desejos. Mas que a iniciativa
de serem os pioneiros no setor alimentício na cidade garanta o retorno esperado e com certeza
superior em longo prazo.
5. CONCLUSÃO
Diante do contexto empresarial brasileiro, em sua instabilidade econômica, pode-se
ver que ainda assim têm-se profissionais que decidem mudar e abrir seu próprio negócio. A
busca de ser um empreendedor, na atual situação mercadológica, reflete que não somente o
conhecimento teórico traz resultado. A análise contínua do mercado é uma ferramenta que
viabiliza resultados e monitora suas tendências, ou seja, o novo empreendedor tem
alternativas de investimento com retorno favorável ao qual procura. Desta forma o sistema
franchising torna-se uma escolha de investimento atrativa, sendo uma estratégia de mercado e
uma nova forma de ser um empreendedor independente.
A partir do objetivo observaram-se os principais motivos no que tange as vantagens e
desvantagens de uma franquia, acreditam os franqueados que realizaram a melhor opção pelo
sistema franchising, que, ainda por possuir desvantagens no sistema, a franquia hoje
representa umas das melhores formas de investimento e conseqüentemente tem uma vantagem
sobre os concorrentes.
Observou que os principais motivos para a adoção da estratégia de franquia foram pela
escolha da marca e o investimento como algo motivador e relevante na opção deste sistema. A
dependência que o sistema oferece entre franqueador e franqueado constitui-se uma
desvantagem neste negócio, pois se observa que na maioria das vezes o franqueador não
presta todo o suporte que deveria realizar. Mas as vantagens superam as dificuldades
encontradas no início do empreendimento, a qual no decorrer do tempo torna-se que nulas.
Nas entrevistas realizadas, conclui-se que as desvantagens oferecidas ao franqueado
são grandes, mas revela que a forma de distribuição Know-how foi a melhor escolha de
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investimento e que o sistema ainda esta em processo de adaptação mercadológica. Notou-se
que a mulher busca também seu espaço no mercado e mostra-se atenta as tendências dos
negócios. A mulher vem ganhando espaço e reconhecimento por também ter criatividade e
visão sistemática de como administrar uma empresa.
A conclusão foi algo muito específico para as empresas do setor alimentação dentro da
realidade de Santa Maria, pois nota-se que o sistema carece de pesquisas mais específicas que
poderão gerar temas para futuros estudos, tais como: localização da empresa, planejamento de
custos, realidade mercadológica e de como o franqueador viabiliza o suporte que promete.
Estes estudos servirão tanto para a academia, como instrumento teórico, e também
fundamentalmente para os futuros profissionais independentes que venham a adotar este tipo
de negócio.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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