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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Validação de Sistemas Computadorizados como Metodologia de Garantia da Qualidade: Caso em uma Indústria Farmacêutica PAULO ROBERTO FALCÃO DA SILVA FONTES NATAL 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Validação de Sistemas Computadorizados como

Metodologia de Garantia da Qualidade: Caso em uma Indústria Farmacêutica

PAULO ROBERTO FALCÃO DA SILVA FONTES

NATAL

2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Validação de Sistemas Computadorizados como

Metodologia de Garantia da Qualidade

Caso em uma Indústria Farmacêutica

PAULO ROBERTO FALCÃO DA SILVA FONTES

NATAL

2017

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia de

Produção, como requisito para obtenção do Título de

Engenheiro de Produção da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte.

Orientador (a): Prof.ª Fernanda Cristina Barbosa

Pereira Queiroz, PhD.

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Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Prof.(ª.) Dr.(ª.) Ângela Maria Paiva Cruz

Diretor do Centro de Tecnologia

Prof. Dr. Luiz Alessandro Pinheiro da Câmara de Queiroz

Coordenador do Curso de Engenharia de Produção

Prof. Dr. Werner Kleyson da Silva Soares

Coordenador de Trabalho de Conclusão de Curso

Prof. Dr. Werner Kleyson da Silva Soares

Orientação

Prof.(ª.) Dr.(ª) Fernanda Cristina Barbosa Pereira Queiroz

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Sistema de Bibliotecas – SISBI

Catalogação da Publicação na Fonte - Biblioteca Central Zila Mamede

Fontes, Paulo Roberto Falcão da Silva.

Validação de sistemas computadorizados como metodologia da

garantia da qualidade: caso em uma indústria farmacêutica / Paulo Roberto

Falcão da Silva Fontes. - 2017.

78 f.: il.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia,

Programa de Graduação. Natal, RN, 2017.

Orientador: Fernanda Cristina Barbosa Pereira Queiroz.

1. Garantia da qualidade - Monografia. 2. Indústria farmacêutica - Monografia. 3. Validação - Monografia. 4. Sistema computadorizado -

Monografia. I. Queiroz, Fernanda Cristina Barbosa Pereira. II. Título.

RN/UFRN/BCZM CDU 658. 56

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus avós Edite Helena e Antônio Fontes que

me inspiraram e me amaram tanto. À minha tia Nina por ter me apoiado em todos os

momentos. Ao meu pai, Helânio Fontes, pela educação e valores que me deu. À

minha família que me apoiou em diversas situações com amor e carinho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela força, coragem e tantas oportunidades que me foram

dadas. Pela bênção de ter pessoas maravilhosas em minha vida que me apoiaram

nesta jornada até aqui.

Agradeço imensamente à minha orientadora Prof.ª Drª Fernanda Cristina

Barbosa Pereira Queiroz pela paciência, pelo incentivo e apoio neste trabalho. Aos

meus amigos e colegas do curso de Engenharia de Produção que proporcionaram

momentos prazerosos em toda graduação.

À minha família pelo apoio e confiança nos momentos difíceis,

especialmente a minha tia Nina e ao meu Pai que foram pessoas-chave para que eu

chegasse até aqui.

Aos funcionários do NUPLAM por todo apoio e solicitude durante o

desenvolvimento deste trabalho e a todos que indiretamente contribuíram para a

realização deste sonho.

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“As pessoas costumam dizer que a motivação não dura

sempre. Bem, nem o efeito do banho, por isso recomenda-se

diariamente”. Zig Ziglar.

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RESUMO

Com a promulgação da RDC nº 17, de 16 de abril de 2010, as indústrias farmacêuticas brasileiras precisaram adequar sua estrutura produtiva e suas práticas de gestão com o intuito de se adaptarem às exigências da legislação. Dentre as principais mudanças, a avaliação dos sistemas computadorizados se tornou fator crítico para garantir a qualidade dos procedimentos realizados que impactam diretamente sobre o resultado final dos produtos. Nesse contexto, as indústrias farmacêuticas tiveram por obrigação validar todos os sistemas computadorizados que possuem relevância sobre as Boas Práticas de Fabricação (BPF). O processo de validação de sistemas computadorizados tem sido uma realidade essencial nas indústrias farmacêuticas na busca pala garantia da qualidade de seus processos e produtos. Nessa perspectiva, o trabalho trouxe uma abordagem prática sobre uma indústria farmacêutica, localizada no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, apresentando o processo de validação de um sistema computadorizado muito importante para as operações realizadas no setor de controle de qualidade, visando à estruturação e importância da aplicação desse processo. Para a realização do estudo foram utilizadas ferramentas da qualidade, entrevistas semiestruturadas e informais bem como treinamentos para a compreensão de conceitos específicos da área farmacêutica. Após todo o processo, o sistema analisado foi aprovado e apresentou condições de usabilidade aceitáveis. Portanto, mediante os resultados obtidos, o sistema computadorizado foi considerado apto para as operações realizadas pela organização e foi constatado documentalmente a procedência de sua instalação, operação e desempenho em relação às necessidades dos usuários pela aplicação do processo de validação.

Palavras-Chave: Validação. Sistema Computadorizado. Garantia da Qualidade.

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ABSTRACT

With the promulgation of RDC No. 17, dated April 16, 2010, the Brazilian pharmaceutical industries needed to adjust its production structure and management practices in order to adapt to the requirements of the legislation. Among the main changes, the evaluation of the computerized systems became a critical factor to guarantee the quality of the procedures performed that directly impact the final result of the products. In this context, the pharmaceutical industries have had the obligation to validate all computerized systems that have relevance to Good Manufacturing Practices (GMP). The validation process of computerized systems has been an essential reality in the pharmaceutical industries in search of quality assurance of their processes and products. In this perspective, the work brought a practical approach on a pharmaceutical industry, located on the campus of the Federal University of Rio Grande do Norte, presenting the process of validation of a computer system very important for the operations carried out in the quality control sector aiming at the structuring Importance of applying this process. To carry out the study were used quality tools, semi-structured and informal interviews as well as training for the understanding of specific concepts of the pharmaceutical area. After the entire process, the analyzed system was approved and presented acceptable usability conditions. Therefore, through the results obtained, the computerized system was considered suitable for the operations carried out by the organization and documented the provenance of its installation, operation and performance in relation to the users' needs by applying the validation process.

Keywords: Validation. Computerized system. Quality warranty.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura de apresentação do trabalho ............................................... p.19.

Figura 2 – Processo de aplicação da análise de riscos ........................................ p.38.

Figura 3 – Componentes de um sistema de informação ...................................... p.43.

Figura 4 – Sequenciamento das atividades .......................................................... p.47.

Figura 5 – Classificação dos riscos ...................................................................... p.50.

Figura 6 – Priorização dos riscos ......................................................................... p.51.

Figura 7 – Equipamento CLAE ............................................................................. p.61.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Classificação de sistemas ................................................................ p.31.

Quadro 2 – Inventário de Sistemas Computadorizados ...................................... p.58.

Quadro 3 – Análise de Riscos .............................................................................. p.63. Quadro 4 – Propostas de Controle ...................................................................... p. 65.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANFE – Análise de Modos de Falha e Efeitos

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BPC – Boas Práticas Clínicas

BPF – Boas Práticas de Fabricação

BPL – Boas Práticas de Laboratório

BPx – Termo utilizado genericamente para as Boas Práticas em geral.

CLAE – Cromatógrafo Líquido de Alta Eficiência

CR – Classificação do Risco

DAD – Diode Array Detector

ERU – Especificação de Requisitos do Usuário

FDA – Food and Drug Administration

FMEA – Failure Mode and Effect Analysis

FUNAM – Fundação Universitária do Alimento e do Medicamento

GVSC – Guia de Validação de Sistemas Computadorizados

HPLC – High Performance Liquid Chromatography

LAFAPI – Laboratório Farmacêutico de Produção Industrial

NIQUIFAR – Núcleo Industrial Químico Farmacêutico

NUPLAM – Núcleo de Pesquisa em Alimentos e Medicamentos

PD – Protocolo de Desempenho

PI – Protocolo de Instalação

PO – Protocolo de Operação

PR – Priorização dos Riscos

POP – Procedimento Operacional Padrão

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RDC – Resolução da Diretoria Colegiada

RPP – Revisão Periódica do Produto

SC – Sistema Computadorizado

SGQ – Sistema de Gestão da Qualidade

SI – Sistema de Informação

SUS – Sistema Único de Saúde

TI – Tecnologia da Informação

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

VSC – Validação de Sistemas Computadorizados

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................... 15

1.1 APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 15 1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................ 17

1.2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 17 1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................ 17

1.3 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 17 1.4 ESTRUTURA DE APRESENTAÇÃO DO TRABALHO ........................................................ 18

CAPÍTULO 2 - REVISÃO TEÓRICA ................................................................................. 20

2.1 QUALIDADE ........................................................................................................... 20

2.1.2 CONCEITO DE QUALIDADE ..................................................................................... 20 2.2. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE (SGQ) ........................................................... 23

2.2.1 FMEA ................................................................................................................ 24 2.2.2 BRAINSTORMING .................................................................................................. 25

2.3 GARANTIA DA QUALIDADE ...................................................................................... 26 2.4 VALIDAÇÃO ........................................................................................................... 27

2.4.1 VALIDAÇÃO VERSUS QUALIFICAÇÃO ....................................................................... 28 2.4.2 SISTEMA COMPUTADORIZADO ................................................................................ 29

2.4.3 VALIDAÇÃO DE SISTEMAS COMPUTADORIZADOS ...................................................... 29

2.5 ETAPAS DO PROCESSO DE VALIDAÇÃO ..................................................................... 31 2.5.1 AVALIAÇÃO DE IMPACTO NAS BPX ......................................................................... 31

2.5.2 INVENTÁRIO DE SISTEMAS COMPUTADORIZADOS ...................................................... 33 2.5.3 ESPECIFICAÇÃO DE REQUISITOS DO USUÁRIO (ERU) ................................................. 33

2.5.3 ANÁLISE DE RISCOS .............................................................................................. 35 2.5.4 TESTES DE QUALIFICAÇÃO ..................................................................................... 38 2.5.5 RELATÓRIO FINAL DE VALIDAÇÃO .......................................................................... 40

2.6 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO (TI) ........................................................................ 41 2.6.1 SISTEMA DE INFORMAÇÃO ..................................................................................... 42

CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................ 45

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ................................................................................. 45

3.1.1 QUANTO À NATUREZA ........................................................................................... 45

3.1.2 QUANTO AOS OBJETIVOS ........................................................................................ 45 3.1.3 QUANTO À ABORDAGEM ........................................................................................ 45 3.1.4 QUANTO AO MÉTODO ............................................................................................ 46

3.2 PROCESSOS DE EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES ............................................................. 48

3.3 METODOLOGIA FMEA ........................................................................................... 49

CAPÍTULO 4 - DESCRÇÃO DO CAMPO E APRESENTAÇÃO DOS DADOS ........... 52

4.1 A ORGANIZAÇÃO ................................................................................................... 52 4.1.1 HISTÓRICO ........................................................................................................... 52

4.1.2 COMPETÊNCIAS .................................................................................................... 52 4.1.3 VALORES ............................................................................................................. 53

4.1.4 MISSÃO ............................................................................................................... 53

4.1.5 SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE ...................................................................... 53

CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS ............................................. 57

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5.1 VALIDAÇÃO DO SISTEMA COMPUTADORIZADO EZCHROM ELITE .............................. 57 5.1.1 INVENTÁRIO DOS SISTEMAS COMPUTADORIZADOS ..................................................... 57

5.1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS POR IMPACTO NAS BPX .............................................. 59 5.1.3 ESPECIFICAÇÃO DE REQUISITOS DO USUÁRIO (ERU) ................................................. 59

5.1.4 ANÁLISE DE RISCOS .............................................................................................. 59

5.1.5 PROTOCOLOS DE QUALIFICAÇÃO ............................................................................ 66 5.1.6 RELATÓRIO FINAL DE VALIDAÇÃO .......................................................................... 67

CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 68

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 69

APÊNDICE 1 – FLUXOGRAMA DO HPLC ...................................................................... 72

ANEXOS ................................................................................................................................. 76

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação

A gestão da qualidade é um tema conhecido pelas organizações e seus

líderes que buscam a excelência no mercado. Mais do que nunca, em função das

exigências e escolhas dos clientes, competitividade empresarial e lançamento de

novos produtos, a contribuição que a qualidade traz às organizações vem sendo

evidenciada na rotina das empresas. A falta de planejamento, controle e

gerenciamento dos processos, a replicabilidade de erros no processo produtivo e o

descaso gerencial têm sido fatores relevantes para a “morte” precoce das

organizações. Justamente por falta de uma cultura que busque a otimização e ao

mesmo tempo ousadia para inovar que esse cenário ainda se faz presente nos dias

de hoje.

Entretanto, com o avanço da qualidade e os princípios que a regem, uma

nova metodologia gerencial surgiu e se desenvolveu na mesma proporção de sua

evolução. Nessa apresentação de novos conceitos, novas metodologias, novas

ferramentas e demais contribuições que a qualidade trouxe consigo, as organizações

começaram a acompanhar a tendência desse novo estilo gerencial e por forças

externas tiveram que se adequar a essa nova realidade. Dentre os diversos tipos de

organização, as indústrias são consideradas o berço das principais revoluções

gerenciais e organizacionais devido à presença de processos bem definidos e

operacionalmente bem aplicados. Tudo isso leva a um ambiente propício à aplicação

e percepção de conceitos abordados pela qualidade e outras áreas.

Em particular, a indústria farmacêutica, uma das indústrias mais rentáveis,

sofreu grande influência dessa revolução gerencial, mercadológica e operacional que

a qualidade emergiu. As Boas Práticas de Fabricação (BPF) de medicamentos são

uma das mais importantes formas com que as indústrias farmacêuticas exercem sua

atividade na busca de se adequar aos requisitos estipulados para se obter uma

produção em conformidade e com qualidade.

Dentre as metodologias utilizadas na indústria farmacêutica, o processo de

Validação de Sistemas Computadorizados (VSC) é uma prática essencial para

assegurar o cumprimento e manutenção das BPF além de garantir que seus

processos, os quais apresentam automação como partes integrantes, estejam sob

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controle. Rever os sistemas computadorizados, avaliar seu desempenho e validar a

sua operacionalidade é de extrema importância para as boas práticas de gestão e

fabricação.

No caso específico do NUPLAN, o Núcleo de Pesquisa em Alimentos e

Medicamentos, laboratório oficial (Laboratório público que produz medicamentos para

atender as necessidades do Sistema Único de Saúde), integra a estrutura

organizacional da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) como órgão

suplementar ligado à reitoria. Nessa concepção, como todo laboratório produtor, há

uma preocupação com todos os sistemas que estão envolvidos na produção de

medicamentos. Em decorrência disso, é dever da organização ter o processo de

validação como parte integrante do seu Sistema de Gestão da Qualidade para atender

os requisitos estipulados pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) Nº 17, de 16

de abril de 2010, que dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação para

medicamentos.

A partir do ano de 2013, período pós-adaptação delimitado pela instituição

regulamentadora, o processo de VSC passou a ser critério obrigatório exigido pelo

órgão regulamentador e pela legislação vigente atribuída às indústrias farmacêuticas.

Dessa maneira, para se adequar às normais legislativas e manter as

parcerias produtivas, as organizações precisam implementar e executar o processo

de validação. Esse processo engloba diversos sistemas, dentre eles, os sistemas

computadorizados os quais são responsáveis pelas operações automatizadas na

indústria farmacêutica. Diante do exposto anteriormente, este trabalho busca

responder o seguinte questionamento: qual a importância do processo de VSC? Como

se estrutura e se comporta esse processo visando à garantia da qualidade na

organização?

. Através deste caso prático, será explicito as principais etapas que

compreendem a validação de sistemas computadorizados e, além disso, a

importância e os objetivos pretendidos ao se inserir essa metodologia como auxílio e

suporte na obtenção da garantia da qualidade nas organizações farmacêuticas.

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1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Estruturar o processo de Validação de Sistemas Computadorizados como

ferramenta de apoio à gestão e à garantia da qualidade.

1.2.2 Objetivos Específicos

• Elaborar a análise de riscos do Sistema computadorizado EZChrom Elite para

mitigação das possíveis falhas;

• Elaborar e avaliar o Protocolo de Qualificação de Instalação do sistema

computadorizado EZChrom Elite;

• Elaborar e avaliar o protocolo de Qualificação de Operação do sistema

computadorizado EZChrom Elite;

• Avaliar o protocolo de Qualificação de Desempenho do sistema computadorizado

EZChrom Elite.

1.3 Justificativa

A qualidade, assim como seu conceito, apresenta uma diversidade de itens

e aplicações. Dessa maneira, muitas são as abordagens, ferramentas e metodologias

que compartilham os mesmos objetivos da gestão da qualidade. Saber gerenciar e

compreender as mais diversas ferramentas e práticas provenientes da qualidade se

faz diferencial para entender o quão abrangente é a aplicabilidade do seu conceito. A

mais simplória boa prática de gestão traduz um ganho para o modo de gerenciar e

desenvolver das operações da organização.

O processo de validação permite fornecer a constatação documental de

que o sistema, processo ou equipamento operante está em condições normais de

funcionamento e que ao utilizá-lo, seu manuseio seguirá as atividades que se espera.

Dessa forma, o trabalho se faz pertinente uma vez que aborda os principais conceitos

de um processo de validação de sistemas computadorizados em uma realidade

prática.

Portanto, a aplicação do estudo se torna relevante para as demais

indústrias que ainda não conhecem ou que almejam a implementação dessa

metodologia de boas práticas gerenciais. Para o setor farmacêutico, apresenta a

oportunidade de aprofundamento nos conceitos aplicados à validação bem como a

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18

sua importância para se estabelecer uma cultura organizacional voltada à garantia da

qualidade em seus sistemas computadorizados.

Para a engenharia de produção, o trabalho traz cada vez mais a

importância que a área da qualidade representa e quão significativa é a formação

profissional, que em sua base curricular, a qualidade se faz presente. Além disso, o

processo de VSC implica na utilização de ferramentas as quais são bem conhecidas

e utilizadas no dia-a-dia de um engenheiro de produção, destacando assim, a

abrangência que esse profissional detém e intensificando a indústria como sendo

ambiente cada vez mais ligado à sua essência atuante.

No ponto de vista acadêmico, o trabalho traz mais uma pesquisa-ação

voltada à aplicação de técnicas e metodologias difundidas pela universidade e

promovendo mais um trabalho científico como base para novas propostas de

melhorias e futuro campo de estudo para outros pesquisadores. Além disso, fornece

mais uma referência bibliográfica na área de Validação uma vez que se apresentam

poucos trabalhos voltados na nessa área com o enfoque para sistemas

computadorizados.

1.4 Estrutura de apresentação do trabalho

O capítulo 1 contempla a introdução do contexto referente ao estudo, a

problemática, relevância e justificativa da realização desde trabalho. Além disso,

contém os objetivos esperados pela realização do estudo.

No capítulo 2 é abordado o referencial teórico de autores sobre os

elementos que cercam o estudo. O estudo traz conceitos e teorias da gestão da

qualidade com o enfoque na garantia da qualidade. Além disso, a estruturação e

relevância do processo de VSC e, por fim, uma revisão sobre o conceito de sistema e

tecnologia da informação e seus benefícios.

O capítulo 3 traz a metodologia de desenvolvimento do trabalho. Todas as

etapas que se fizeram necessária para o desenvolvimento da ideia do trabalho, o

aprofundamento dos conceitos, a interação e entendimento com a empresa e sua

política de qualidade e as ferramentas e metodologias para o desenvolvimento do

trabalho.

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19

O capítulo 4 refere-se à exposição da empresa, sua história, valores e

missão. Portanto, trata-se da apresentação da organização a qual o trabalho foi

desenvolvido, sua política de qualidade e principais informações que traduzem a razão

social da organização.

O capítulo 5 demonstra a estruturação e aplicação dos objetivos do estudo.

Desse modo, todo o processo de validação de sistemas computadorizados é exposto

aplicado no sistema computadorizado do campo de estudo. As etapas, documentos e

ferramentas aplicadas no sistema bastante utilizado pela organização.

Por fim, o capitulo 6 traz as considerações finais. A essência do estudo, a

importância que teve e a proposta de novas pesquisas para a área.

Figura 1 – Estrutura de apresentação do trabalho

Fonte: Elaborado pelo Autor (2017)

• IntroduçãoCapítulo 1

• Revisão TeóricaCapítulo 2

• Metodologia da PesquisaCapítulo 3

• Descrição do Campo e Apresentação dos dados

Capítulo 4

• Análise dos Dados e Resultados

Capítulo 5

• Considerações FinaisCapítulo 6

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CAPÍTULO 2 - REVISÃO TEÓRICA

2.1 Qualidade

2.1.2 Conceito de Qualidade

A qualidade tem seu papel cada vez mais presente nas organizações, o

que torna importante que se tenha um conceito que seja adequado às necessidades

reais de cada organização. Para explicar as diferenças de percepção e interpretações

do assunto, serão expostos alguns conceitos de qualidade, provenientes de diversos

autores.

Conceituar qualidade, por muitas vezes, não é uma tarefa fácil. Segundo

Moura (1999, p. 2.), “poucos conceitos ou filosofias gerenciais modernas tiveram a

capacidade de revolucionar a forma de gerir e administrar as empresas como aqueles

ligados à qualidade”. Nesse âmbito conceitual, vários são os autores que tentaram

definir o significado de qualidade durante sua evolução. Muitos desses conceitos

chegam, na maioria das vezes, a um consenso e, também, a contribuições mais

abrangentes, como é observado na definição de qualidade. De acordo com Malik

(1992, p. 33):

Qualidade é palavra de domínio público, trabalhada dentro de amplos limites daquilo que se considera senso comum. Afinal, mesmo sabendo se poucos sabem o que o termo significa, todo mundo sabe reconhecê-la quando se está diante dela ou todo mundo sabe quando ela está ausente de determinado produto ou serviço.

Por sua vez Brandolese (1994, p. 330, Apud SILVA, 2007, p. 22) define da

seguinte maneira:

A palavra qualidade virtualmente inclui: competitividade, tempo de entrega, custos, excelência, política corporativa, produtividade, lucros, qualidade do produto, volumes, resultados, serviços, segurança, conscientização ambiental, focalização nos acionistas.

Pode-se observar a dificuldade de definir qualidade devido a gama de

aspectos e atributos que cabem e resultam no que se deve esperar da qualidade.

Segundo Garvin (2002, p. 47), qualidade é um termo que apresenta diversas

interpretações e por isso, "é essencial um melhor entendimento do termo para que a

qualidade possa assumir um papel estratégico". Em virtude disso, vários autores da

qualidade, conhecidos como gurus da qualidade e outros estudiosos na área

apresentaram seu olhar e sua contribuição para definir qualidade.

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Para Juran (1992), qualidade é a ausência de deficiências, ou seja, um

conceito mais relacionado com a propensão para a ocorrência de defeitos, assim

falando em termos de produto. Dessa maneira, quanto menos defeitos o produto

apresentar, melhor a qualidade que ele oferece.

Crosby (1986) traz uma definição bem similar quando ele afirma que a

qualidade está atrelada às conformidades do produto às suas especificações, ou seja,

uma vez que o produto esteja em conformidade com o que fora projetado e planejado,

ali estará presente a qualidade. Um conceito bem direto no qual associa qualidade à

isenção de falhas, de inconformidades, atendendo assim, as necessidades dos

clientes que outrora foram especificadas.

Na visão de Ishikawa (1993, p. 43) “[...] Qualidade é desenvolver, projetar,

produzir e comercializar um produto de qualidade que é mais econômico, mais útil e

sempre satisfatório para o consumidor”.

Por sua vez Feigenbaum (1994) relaciona qualidade com a correção dos

problemas e as causas apresentadas em toda a cadeia de fatores que fazem

influência sobre a satisfação do cliente. Esses fatores englobam desde o marketing,

projeto, engenharia, produção e manutenção que são os fatores responsáveis pela

percepção final da qualidade para o cliente. Dessa maneira, o autor expressa que a

correção e controle desses aspectos tendem a fornecer uma melhor qualidade para

os produtos e serviços.

De acordo com Lucinda (2010, p.1) “Qualidade significa diferentes coisas

para diferentes pessoas. Há quem diga que existem tantas definições de qualidade

quantas pessoas existem para defini-la”. Mesmo nessa vasta possibilidade de

definições, o autor ainda coloca que existem determinadas opiniões e pensamentos

que são termos aceitos de maneira comum entre a maioria das pessoas. São eles:

• Qualidade é aquilo que me satisfaz;

• Está relacionada a preço justo;

• Está relacionada a um produto que funcione corretamente;

• Está relacionada a um serviço prestado de forma a superar as

expectativas de quem dele faz uso.

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Para Paladini (2010) a qualidade é um termo de contexto popular e, por

essa razão é preciso cautela ao se buscar uma definição correta para a palavra. A

problemática de ter se tornado um termo de uso comum levou a qualidade a uma série

de equívocos ao utilizá-la e procurar interpretar seu sentido em determinadas

situações. Vamos abordar alguns desses equívocos. Segundo Palalini (2010):

• A Qualidade entendida como sinônimo de perfeição.

Neste aspecto, a qualidade não comportaria mais alterações. Tinha se

alcançado um patamar elevado de qualidade onde a partir desse ponto não se poderia

aprimorá-la. Isso implica que qualquer esforço para se obtê-la seria simplesmente em

vão. Nesse caso, não há motivos para se continuar a investir na concepção da

qualidade em termos de desenvolvê-la.

• A Qualidade nunca muda

Nessa concepção, a qualidade sempre será o mesmo padrão mediante

aqueles que a avaliam, ou seja, consumidores não vão alterar suas exigências e

preferências o longo do tempo. Nesse raciocínio, as características referenciais de

qualidade para os clientes se permanecem estáticas e bem conhecidas com o passar

dos anos.

• A Qualidade restrita àqueles que lidam com a questão.

Nesse âmbito, a qualidade simplesmente é responsabilidade daqueles que

atuam diretamente na área e que são designados especificamente para tratar do

assunto. Dessa forma, também são esses os responsáveis pelos defeitos e falhas

decorrentes em toda organização sendo assim um grupo seleto responsável por toda

e qualquer iniciativa e controle de qualidade.

• A Qualidade como requisito mínimo de funcionamento.

Nessa visão, a qualidade seria o mais simplório esforço que o produto ou

serviço tenha para ser entregue aos clientes. Uma perspectiva simplista em que ao

mínimo feito no processo de desenvolvimento do produto, já se imagina estar gerando

qualidade para os que o utilizarão. Dessa maneira, o básico elaborado em um produto

ou serviço sendo realizado de forma correta, já garante a qualidade que deve ter para

alcançar o público.

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Essas e outras circunstâncias são reflexos da má interpretação do contexto

de qualidade. Segundo Paladini (2010) o maior erro está em considerar que alguns

desses itens, exclusivamente, em uma visão tão restrita, possam representar o

conceito de qualidade. Para o autor, a qualidade deriva de uma multiplicidade de itens

e não por interpretações isoladas.

Para muitos a qualidade está associada a atributos intrínsecos ao produto

como seu desempenho e sua durabilidade. Comparando-se produtos equivalentes,

determinado produto com desempenho superior seria dito de melhor qualidade. Em

contrapartida, outras concepções visam a qualidade como sendo a capacidade que o

produto oferece de satisfazer seus clientes mediante as suas necessidades

(CARPINETI, 2010).

A qualidade, portanto, se torna um aglomerado de vários aspectos que são

fundamentais para atingir a essência de seu significado: a busca por excelência, por

resultados, pela melhor forma de se executar determinados procedimentos e,

principalmente, a busca pela satisfação do cliente.

2.2. Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ)

De acordo a NBR ISO 9000:2015 um Sistema de Gestão da Qualidade

“compreende atividades pelas quais a organização identifica seus objetivos e

determina os processos e recursos necessários para alcançar os resultados

desejados”. Faz-se necessário o desenvolvimento e implantação de sistemas de

gestão da qualidade nas organizações visando à garantia do comprometimento de

todos para conquista da excelência nos processos e produtos da corporação,

possibilitando assim, o alcance do aprimoramento contínuo. (OLIVEIRA et al., 2004).

A ISO 9001:2015, principal norma que rege os princípios e requisitos de um

SGQ, trouxe uma abordagem voltada para análise de riscos. Essa abordagem se faz

pertinente para a realidade atual das organizações mediante as incertezas e o alto

rigor de qualidade exigido nos processos. Nesse contexto, algumas ferramentas são

base de apoio para o processo de análise de riscos. Dentre elas, tem-se o FMEA

(Failure Mode and Effect Analysis), traduzido por Análise de Modos de Falha e Efeitos

(AMFE).

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2.2.1 FMEA

De acordo com Carpinetti (2010, p. 127) o FMEA “é um método usado no

desenvolvimento de produto e processo para o desenvolvimento de ações de melhoria

para minimização ou eliminação de falhas consideradas mais críticas segundo alguns

critérios”. Ainda segundo o autor, alguns aspectos são pertinentes para a análise e

desenvolvimento das melhorias. São elas:

• Todos os possíveis modos de falhas;

• Os efeitos gerados a partir dos modos de falha sobre o desempenho

do produto ou processo;

• As causas geradas dos modos de falhas.

Análise de Modos e Falhas e Efeitos consiste em uma técnica que

possibilita analisar como podem falhar os componentes de um sistema ou

equipamento, estimar as falhas, determinar os possíveis defeitos resultantes e,

consequentemente, propor iniciativas de melhoria as quais precisam ser implantadas

visando garantir que o sistema ou equipamento opere de maneira satisfatória

(MATTOS; MÁSCULO, 2011).

Magalhães e Pinheiro (2007, p. 193) definem a ferramenta na seguinte

perspectiva:

A Análise dos Modos e Efeitos das Falhas (Failure Modes anda Effects Analysis – FMEA) é um método de análise de projetos (de produtos ou processos, industriais e/ou administrativos) usado para identificar todos os possíveis modos potenciais de falha e determinar o efeito de cada uma sobre o desempenho do sistema (produto ou processo), mediante um raciocínio basicamente dedutivo. É, portanto, um método analítico padronizado para detectar e eliminar problemas potenciais de forma sistemática e completa, sendo os resultados registrados em um formulário padronizado.

Para Carpinetti (2010) a partir da análise preliminar, a priorização dos riscos

e a tomada de decisões são feitas com base nos seguintes critérios:

• Gravidade (severidade): qual a severidade do efeito da falha no

cliente;

• Ocorrência da falha: qual a frequência da falha;

• Detecção da falha: qual a chance de detectar a falha antes que ela

gere o efeito indesejável no cliente.

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O FMEA é uma das técnicas de baixo risco mais eficientes utilizadas para

prevenção de problemas e identificação de oportunidades de melhorias mais eficazes

em relação a custos, com o intuito de prevenir problemas. O uso da ferramenta se faz

mais eficaz quando utilizada em um esforço conjunto, entretanto, ela pode ser usada

em caráter individual. Quando ela é realizada em equipe, a probabilidade de ocorrer

uma melhor identificação e prevenção dos modos de falhas potenciais é bem maior

do que quando aplicada individualmente (MAGALHÃES; PINHEIRO, 2007).

2.2.2 Brainstorming

De acordo com Da Motta et al. (2016, p. 95) “ o brainstorming também

chamado de “chuva de ideias”, tem o propósito de expandir os caminhos e as soluções

sobre uma determinada situação e explorar novas formas de potencializar os

resultados”. Ainda segundo o autor, a ferramenta é bastante utilizada na comunicação,

para aumentar o processo criativo das campanhas, no desenvolvimento de novos

produtos, resolução de problemas, gestão de projetos e no desenvolvimento de

equipes.

No brainstorming (tempestade de ideias), os membros do grupo são

responsáveis por criar o maior número de ideias e alternativas possíveis, com

determinada agilidade e sem inibições. O processo em si envolve quatro principais

regras: não pode haver críticas; ênfase na criatividade e vontade de participação;

quanto mais ideias melhor, ou seja, deseja-se quantidade e, por fim, sequência de

ideias. Esta última com o objetivo de aproveitar a cadeia de ideias geradas, à medida

que elas são expostas, com o intuito de conectá-las e chegar a resultados pertinentes

(SHERMEHORN; HUNT; OSBORN, 2007).

Para Silva (2014) é preciso que as pessoas envolvidas no processo de

brainstorming sejam de setores e competências distintas, com experiências

peculiares. Dessa maneira, a contribuição de cada membro proporcionará geração de

ideias inovadoras ao longo do processo de sugestões. E, além disso, é recomendável

que os membros sejam de níveis hierárquicos equivalentes para estimular e encorajar

a liberdade de expressão.

A premissa principal do método é a liberdade e agilidade de pensamento e,

para se alcançar tal desempenho, se faz necessária a superação da inibição em se

expressar e pensar com espontaneidade e independência. Para a realização do

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Brainstorming é imprescindível se expressar sem qualquer autocensura nem bloqueio

(SANMARTIN, 2012).

2.3 Garantia da Qualidade

Segundo a NBR ISO 9000:2015 a garantia da qualidade é a “parte da

gestão da qualidade focada em prover confiança de que os requisitos da qualidade

serão atendidos”. Nesse contexto, a garantia exerce diversas atividades que contribui

para o cumprimento da política de qualidade e dos requisitos legais. Se tratando de

departamento, a maioria das vezes se observa uma confusão em relação ao controle

da qualidade com a garantia da qualidade, entretanto a garantia se apresenta com um

sistema maior o qual se utiliza do controle de qualidade como ferramenta para se

colocar em prática as exigências e requisitos referentes à qualidade nos produtos ou

serviços (FREITAS, 2012).

Ainda segundo o autor, são de responsabilidade da garantia da qualidade

as seguintes atividades:

• Definir e publicar procedimentos da qualidade;

• Treinar os colaboradores para a qualidade;

• Homologar os fornecedores;

• Qualificar os fornecedores e produtos;

• Realizar auditorias de processo;

• Realizar auditorias de sistema;

• Realizar auditorias em fornecedores;

• Atender as reclamações de clientes;

• Monitorar o atendimento das assistências técnicas em garantia.

• Promover a melhoria contínua;

Especificamente, para a indústria farmacêutica, a RDC 17/2010 preconiza

alguns aspectos que se tornam responsabilidade da garantia da qualidade como

departamento ou setor organizacional. Segundo a resolução, pelo artigo 11, O sistema

de garantia da qualidade apropriado à fabricação de medicamentos deve assegurar

que:

• Os medicamentos sejam planejados e desenvolvidos de forma que

sejam consideradas as exigências de BPF e outros requisitos, tais

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como os de boas práticas de laboratório (BPL) e boas práticas

clínicas (BPC);

• As operações de produção e controle sejam claramente

especificadas em documento formalmente aprovado e as

exigências de BPF cumpridas;

• As responsabilidades de gestão sejam claramente especificadas

nas descrições dos cargos;

• Sejam tomadas providências para a fabricação, distribuição e uso

correto de matérias-primas e materiais de embalagem;

• Sejam realizados todos os controles necessários nas matérias-

primas, produtos intermediários e produtos a granel, bem como

outros controles em processo, calibrações e validações;

• O produto terminado seja corretamente processado e conferido em

consonância com os procedimentos definidos;

• Os medicamentos não sejam comercializados ou distribuídos antes

que os responsáveis tenham se certificado de que cada lote de

produção tenha sido produzido e controlado de acordo com os

requisitos do registro e quaisquer outras normas relevantes à

produção, ao controle e à liberação de medicamentos;

• Sejam fornecidas instruções e tomadas às providências

necessárias para garantir que os medicamentos sejam

armazenados pelo fabricante, distribuídos e subsequentemente

manuseados, de forma que a qualidade seja mantida por todo o

prazo de validade;

• Haja um procedimento de auto inspeção e/ou auditoria interna de

qualidade que avalie regularmente a efetividade e aplicabilidade do

sistema de garantia da qualidade;

• Os desvios sejam relatados, investigados e registrados;

• Haja um sistema de controle de mudanças; e

• Sejam conduzidas avaliações regulares da qualidade de

medicamentos, com o objetivo de verificar a consistência do

processo e assegurar sua melhoria contínua.

2.4 Validação

Segundo a RDC n° 17, de 16 de abril de 2010, o processo de Validação é

o ato documental que assegura que os equipamentos, materiais, instalações,

utilidades e procedimentos estão em consonância com as Boas Práticas de

Fabricação. Dentre as várias vertentes desse processo, tem-se a Validação de

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Sistemas Computadorizados que visa assegurar que os sistemas computadorizados

utilizados pela organização sejam confiáveis e contribuam de maneira eficaz para o

processo produtivo. “A Validação é parte essencial para as Boas Práticas de

Fabricação (BPF), sendo um elemento da garantia da qualidade associado a um

produto ou processo em particular” (BRASIL, 2010, art. 461).

O processo de validação é parte integrante da garantia da qualidade tendo

como principal objetivo determinar se qualquer procedimento, processo, ferramenta,

material, equipamento, operação ou sistema está operando sua função de forma

adequada e consistente, através de um conjunto de estudos sistemáticos, conforme

especificação (DA SILVA, 2011). Para o autor, o processo de validação requer

colaboração mútua de todos os setores envolvidos como desenvolvimento, produção,

engenharia, garantia da qualidade e controle da qualidade.

Na percepção de Silva (2009) a validação, ou qualificação, de determinado

sistema farmacêutico requer a evidência documentada de que todo o sequenciamento

de processos, equipamentos, componentes e dispositivos de controle que possam

afetar a qualidade, potência, integridade e eficácia de produtos estejam

validados/qualificados a fim de garantir que o produto seja feito mediante

especificações pré-definidas com alto grau de confiança e de maneira reprodutível.

2.4.1 Validação versus Qualificação

A qualificação por si só é parte integrante da validação. Segundo Brasil

(2010, Art. 5, LII) qualificação compreende um:

Conjunto de ações realizadas para atestar e documentar que quaisquer instalações, sistemas e equipamentos estão propriamente instalados e/ou funcionam corretamente e levam aos resultados esperados. A qualificação é frequentemente uma parte da validação, mas as etapas individuais de qualificação não constituem, sozinhas, uma validação de processo

De acordo com Da Silva (2011) qualificar um equipamento é evidenciar que

o mesmo apresenta o desempenho esperado, portanto, a qualificação se configura

como uma necessidade elementar da validação e, neste cenário, os instrumentos e

sistemas de medição precisam estar previamente calibrados.

A validação e a qualificação possuem essencialmente o mesmo conceito.

Enquanto o termo qualificação é frequentemente utilizado para equipamentos,

utilidades e sistemas, o termo validação é aplicado a processos. Portanto, a

qualificação constitui-se como parte do processo de validação (BRASIL, 2010).

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A qualificação é separada em protocolos e relatórios de qualificação. Esses

itens se apresentam como os documentos específicos para cada atividade em

particular que compõe as etapas de qualificação dos equipamentos, sistemas, áreas

ou linha de produção. Neles, estão contidos os procedimentos para a realização dos

testes, os critérios de aceitação estipulados, as instruções relevantes bem como os

resultados e as análises dos resultados. Por fim, devem apresentar uma aprovação

inicial e final (DA SILVA, 2011).

2.4.2 Sistema Computadorizado

Segundo Brasil (2010, Art. 5, LXVI) sistemas computadorizados

compreendem uma:

Ampla escala de sistemas incluindo, mas não limitados a equipamento de fabricação automatizado, equipamento de laboratório automatizado, controle de processo, processo analítico, execução de fabricação, gerenciamento das informações de laboratório, planejamento dos recursos de fabricação e sistemas de gerenciamento de documentos e monitoramento. Um sistema computadorizado é formado por hardware, software e componentes de rede, somado às funções controladas e documentação relacionada.

Um sistema computadorizado é uma combinação entre hardware e

software que se relacionam com o propósito de automatizar tarefas que são

programadas ou configuradas em caráter particular para atender as exigências do

usuário e, em seu conjunto, compreendem documentação (especificações, manuais

e documentos de validação) e treinamento pessoal (SILVA, 2009).

Nesse contexto, os sistemas computadorizados possuem relevante

contribuição na execução de diversas atividades de uma empresa. O auxilio

computacional trouxe uma dinâmica atuação dos profissionais e uma capacidade de

processamento maior de suas atribuições, resultando assim, maior produtividade e

praticidade na realização de determinadas tarefas.

2.4.3 Validação de Sistemas Computadorizados

A exatidão e a integridade dos registros de dados são essenciais para o

ciclo de vida do produto, desde a área de pesquisa, passando por estudos pré-clínicos

e clínicos, produção e controle de qualidade até a área de armazenamento e

distribuição (ANVISA, 2010). Nesse âmbito, a Validação de Sistemas

Computadorizados (VSC) busca manter todos os sistemas sempre atualizados e nas

melhores condições de desempenho, instalação e operação para garantir a qualidade

dos resultados.

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A Validação de Sistemas Computadorizados busca atrelar a eficiência e

eficácia dos sistemas computadorizados alinhados com a estratégia da organização.

Além disso, o bom funcionamento dos SC garante que a sua operacionalidade não

comprometa os processos dependentes de seu funcionamento, se fazendo assim,

mais uma iniciativa para a garantia da qualidade dos processos da instituição.

O processo de VSC visa atestar e comprovar que os sistemas apresentam

desempenho adequado e que sejam canais de apoio para atingirem os objetivos de

produção, controle e garantia de qualidade. Esse processo apresenta diversas etapas

que estão descritas no Guia de Validação de Sistemas Computadorizados (GVSC),

fornecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Os sistemas computadorizados precisam ser avaliados de acordo com a

possibilidade da ocorrência da validação. Nessa combinação entre software e

hardware, ambos, são avaliados para que a unidade opere em sintonia com as boas

práticas de fabricação exigidas. De acordo com a FDA (2002, p.9, tradução nossa) “a

validação de software é uma ferramenta crítica utilizada para garantir a qualidade do

software e as operações automatizadas por ele”.

Ainda segundo o guia, a validação possibilita aumento da usabilidade e

confiabilidade do dispositivo, menos taxas de falhas, menos esforço em ações

corretivas, menos riscos para os pacientes e usuários e uma redução de

responsabilidades para os fabricantes dos dispositivos. E por fim, o estabelecimento

de um processo de validação de software bem definido ajuda na redução dos custos

em longo prazo do software, reduzindo os custos de validação para cada versão

subsequente que o software venha apresentar.

Em relação à necessidade de validação, os sistemas podem se apresentar

em duas categorias básicas: sistemas novos e sistemas legados. De acordo com

Marques (2009), para os sistemas novos, a necessidade de validação se inicia quando

o departamento tem necessidade de um novo sistema de informação e implica na

forma com o que o sistema resolverá a problemática e/ou necessidade existente. Para

os sistemas já implementados (legados) essa necessidade se configura quando o

supervisor do sistema recebe a tarefa de elevar o sistema ao status de validado.

Finalizando o processo, a validação termina quando o sistema se torna alienado e os

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dados, cuja qualidade é de suma importância, são migrados para o sistema substituto

com êxito.

Esses sistemas ainda são classificados de acordo com suas

características e sua capacidade de configuração em relação ao software. O Quadro

1 a seguir representa a classificação feita pelo GVSC:

Quadro 1: Classificação de Sistemas

Classificação Descrição Exemplos

Software de Infraestrutura

Constitui-se por elementos de infraestrutura ligados para

formar um ambiente integrado para executar e suportar aplicações e serviços.

- Sistemas Operacionais; - Gerenciadores de bancos de

dados; - Linguagens de programação;

- Programas estatísticos; - Softwares de monitoramento

de redes; - Softwares de gerenciamento

de segurança; - Antivírus;

- Editores de texto e gerenciadores de planilhas.

Produtos Não-Configurados Softwares padrões que não

podem ser alterados Softwares de Prateleira

Produtos configuráveis ou customizados

Consiste por softwares com funções que são configuráveis,

desenvolvidos e/ou customizados para usos

específicos. Esta classificação geralmente envolve a

abordagem de ciclo de vida e avaliação de fornecedores.

Sistema de Gestão de Estoque com nível de customização

elevado.

Fonte: ANVISA (2010)

A partir dessa classificação dos sistemas, o processo de validação será

distinto abrangendo ou retendo a execução de algumas etapas. Neste trabalho será

focado um sistema de prateleira, ou seja, não configurável.

2.5 Etapas do processo de Validação

2.5.1 Avaliação de Impacto nas BPx

A avaliação de impacto retrata a importância que o sistema apresenta para

a contribuição e manutenção das Boas Práticas em geral. O termo BPx é usado de

forma genérica para demonstrar as boas práticas realizadas não somente em relação

a fabricação (BPF), como também as de laboratório (BPL), entre outras. Sendo assim

a avaliação de impacto é realizada com o objetivo de determinar os impactos que o

sistema oferece e sua relevância para a execução das BPx. De acordo com o GVSC

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(ANVISA, 2010), a empresa deve ter uma lista com todos os sistemas

computadorizados e suas respectivas avaliações de criticidade. Caso algum sistema

não apresente impacto nas BPx, deve ser retirado do inventário.

Segundo o GVSC (ANVISA, 2010), a necessidade de validação deve ser

estabelecida conforme os critérios que se seguem. Caso, qualquer resposta às

questões a seguir seja “SIM”, o sistema deve ser validado por apresentar impactos

nas BPx:

• O sistema armazena dados que impliquem na rastreabilidade de

produtos?

• O sistema gerencia: a operação automatizada de equipamentos

produtivos críticos ou de laboratórios individualmente (ex:

compressoras, secadores de leito fluidizado, HPLC, dissolutores,

etc.)?

• O sistema realiza operação automatizada da geração de utilidades

críticas (ex: água purificada, ar condicionado, ar puro, água para

injetáveis, etc.)?

• O sistema efetua o cadastramento de apresentações, dosagens,

matérias primas, embalagens, potências, tamanho de lotes, etapas

de produção, fórmulas mestras, etc.?

• O sistema realiza planejamento de produção (ex: ordens de

produção, números de lote, matérias primas, embalagens, etc.)?

• O sistema é responsável por processo de compras de materiais

(ex: qualificação de fornecedores, controle de pedidos de

fornecedores previamente qualificados, quantidades, potências,

especificações, etc.)?

• O sistema é responsável por recebimento de materiais (ex. número

de lotes, plano de amostragem, condições físicas, registro de

avarias, etc.)?

• O sistema configura armazenamento de materiais (ex: status,

endereçamento, movimentações e transferências, recolhimentos,

etc.)?

• O sistema é utilizado para central de pesagem (ex. ordens de

pesagem, potências, fracionamento, recipientes, balanças,

etiquetas e lacres, resultados das pesagens, operadores, lotes de

produtos, lotes de materiais, etc.)?

• O sistema realiza controle de produção (ex: ordens de fabricação,

controles em processo, registros, operadores, materiais, números

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de lotes, equipamentos utilizados, sequências de utilização e

operação, alarmes, amostras, etc.)?

• O sistema lida com serviço de atendimento ao cliente (ex:

reclamações, ações, eventos adversos, etc.)?

• O sistema é responsável por documentação (ex: emissão,

distribuição, revisão, controle de versões obsoletas, treinamento,

etc.)?

• O sistema gerencia sistemas de qualidade (ex: resultados fora de

especificação, auto inspeção, desvios, controle de mudanças,

registros de resultados de análise de matéria prima, embalagem ou

produtos, revisão periódica, etc.)?

• O sistema gerencia programa de treinamento (ex: escopo,

instrutores, listas de presença, certificados, etc.)?

• O Sistema é responsável por equipamentos (ex: plano e execução

de manutenção, plano e execução de calibração, plano e execução

de qualificação, etc.)?

2.5.2 Inventário de Sistemas Computadorizados

O Inventário de SC permite que a empresa conheça todos os sistemas que,

anteriormente, foram classificados como impactantes para as BPx bem como a

relação de quais são os sistemas operantes e que precisam ser monitorados pela

organização. Essa etapa se traduz pelo levantamento dos sistemas, onde estão

alocados e algumas características peculiares como a identificação, versão, o status

de validação, dispositivos conectados, a infraestrutura que o sistema apresenta etc.

Só poderão ser validados os sistemas que estiverem contidos no Inventário uma vez

que passaram pela avaliação de impacto.

2.5.3 Especificação de Requisitos do Usuário (ERU)

De acordo com a ANVISA (2010), a especificação de requisitos define de

forma clara e objetiva todos os requisitos necessários que o sistema computadorizado

deve apresentar e pode ser utilizado como um documento contratual.

Portanto, o objetivo principal da especificação é documentar de maneira fiel

e completa todas as necessidades dos clientes e conceber a aprovação sobre o que

está se propondo a entregar em termos de produto. E, além disso, a especificação

tem por objetivo possibilitar a compreensão, por parte da equipe de desenvolvimento,

daquilo que se apresenta como real necessidade dos clientes (VAZQUEZ; SIMÕES,

2016).

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Em virtude disso, normalmente quem elabora este documento são os

usuários, entretanto, pode haver uma colaboração conjunta entre os usuários e

fornecedores. Quando se trata de sistemas computadorizados já implementados

(legados) a ERU poderá ser elaborada no formato de especificação funcional de forma

a integrar os requisitos dos usuários, conforme o histórico de sua operação do sistema

(ANVISA, 2010).

A especificação funcional detalha todas as funcionalidades que se espera

que o sistema proporcione, de forma consistente e completa. Ela traduz, na verdade,

aquilo que o operador/usuário espera que o sistema disponibilize, atendendo os

propósitos para qual o sistema está sendo elaborado (REISSWITZ, 2009).

Considerando que a especificação de requisitos é um contrato entre

clientes e fornecedores, logo ambos serão obrigatoriamente os seus leitores.

Entretanto, o foco maior deve estar direcionado sempre para os clientes. O documento

de requisitos, que é voltado ao cliente, também é útil para a equipe de

desenvolvimento ou fornecedores do sistema. Porém, o inverso não é verdade

(VAZQUEZ; SIMÕES, 2016).

Ainda segundo os autores, se um dos objetivos é obter a aceitação por

parte do cliente, a linguagem expressa no documento deve ser uma linguagem de

negócio do cliente e não uma linguagem voltada para tecnologia na qual apenas os

desenvolvedores e/ou fornecedores irão compreendê-la. Portanto, espaço para

barreiras na comunicação não é desejável à medida que se existir, acarretará na má

qualidade do feedback dado pelo cliente.

Dependendo da classificação do sistema, a complexidade da

documentação será mais abrangente. Sistemas classe 1 e 2, ou seja, softwares de

infraestrutura e de prateleira, respectivamente, necessitam apenas de testes que

comprovem que o ERU foi satisfeito. Esses testes geralmente são interligados nas

etapas de qualificação. Em sistemas de classificação 3 (Customizados e/ou

configurados) para que seja satisfeita as necessidades dos usuários, é preciso a

elaboração de documentos mais específicos: especificação funcional, hardware

design e software design, entre outros (MARTINS; GOMES, 2013).

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2.5.3 Análise de Riscos

Os riscos são componentes indesejáveis a qualquer empreendimento,

projeto ou atividade. Em determinadas situações os riscos são partes inerentes ao

processo e, portanto, necessitam de medidas que minimizem a sua ocorrência e

propagação. Segundo De Cicco e Fantazinni (2003), os riscos podem apresentar

natureza de dois tipos: Riscos especulativos (dinâmicos) ou riscos puros (estáticos).

A diferença entre os dois é que os riscos especulativos apresentam uma probabilidade

de ganho como também uma chance de perda, em contrapartida, os riscos puros

envolvem exclusivamente chances de perdas sem nenhuma expectativa de ganho ou

de lucro.

Para os autores, os riscos especulativos ainda podem ser divididos em

riscos administrativos, políticos, e de inovação. De acordo com De Cicco e Fantazinni

(2003) os riscos administrativos podem ser subdivididos em:

• Riscos de mercado: são os riscos provenientes das incertezas de

venda de determinado produto devido à eficácia do preço

estabelecido em termos de resultados de fins lucrativos.

• Riscos financeiros: representam os riscos referentes às incertezas

do cenário econômico-financeiro da organização;

• Riscos de produção: são os riscos que envolvem todas as decisões

ligadas ao processo, maquinário, equipamentos, instalações e

tecnologia que são utilizados na fabricação de produtos e na

prestação de serviços.

Os riscos políticos derivam das leis e exigências governamentais. Por sua

vez, os de inovação são aqueles riscos inerentes a incertezas do sucesso do produto

ou empreendimento. Os riscos puros, de acordo com os autores, são derivados por

ocorrência de perdas. Essas perdas podem ser relacionadas aos funcionários, aos

bens materiais e pela própria empresa causando insatisfação e perda à terceiros.

Esta, ocasionada por má qualidade dos produtos e serviços, por questões ambientais,

sociais, etc.

O GVSC (ANVISA, 2010) traz uma metodologia de base para as empresas

executarem o gerenciamento dos riscos. O gerenciamento de riscos prevê cinco

principais etapas:

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36

• Etapa 1

Nesta etapa é abordada uma avaliação inicial do SC através de um pré-

diagnóstico efetuado pelo responsável ou equipe para a execução do processo de

análise dos riscos. Nesse âmbito, se faz necessário familiarizar-se com o sistema, sua

interface e os dispositivos a ele conectados através de uma análise preliminar da

estrutura que compõe o SC. Esse contato inicial visa o conhecimento superficial sobre

o SC e contribui para estimular a geração de ideias para possíveis riscos. Apesar

desse levantamento inicial de riscos não ser robusto, traz grande contribuição para o

desenvolvimento e a percepção de riscos mais impactantes que no primeiro momento

não foram identificados.

• Etapa 2

Essa etapa é caracterizada pela identificação dos processos que formam a

atividade que está relacionada ao SC. Um mapeamento de processos se faz

pertinente para avaliar as atividades e funções que geram impactos nas BPx. Nessa

fase de avaliação e reconhecimento dos processos é recomendada a utilização de

ferramentas visuais para facilitar a compreensão e identificar prováveis gargalos e

possíveis riscos. Além disso, busca o entendimento do fluxo de informações e os

subprocessos que integram a atividade que o SC realiza. Outro fator de relevância e

pré-requisito é a busca por conhecer e aprofundar-se cada vez mais na estrutura e

operacionalidade do SC. Saber os pontos críticos e as vantagens do SC é fator chave

na identificação dos riscos.

• Etapa 3

Após o entendimento da funcionalidade, operação e estrutura do SC, é

preciso identificar e elaborar o levantamento dos riscos envolvidos na atividade, no

manuseio e na estrutura do SC. O GVSC (ANVISA, 2010) sugere a metodologia FMEA

para a análise dos riscos e seus impactos.

• Etapa 4

Com a aplicação da metodologia para a identificação dos riscos é possível

determinar quais os riscos apresentam maior incidência prejudicial sobre o sistema e

as boas práticas de fabricação. A partir desse levantamento, é feita a priorização dos

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riscos em virtude daqueles que necessitam medidas de caráter emergencial uma vez

que são responsáveis por maiores danos se vierem a ocorrer.

Com os riscos já classificados, é necessária a avaliação e tomada de

decisões para a mitigação da ocorrência dos riscos. As medidas devem fornecer o

controle sobre o SC para reduzir os riscos a níveis aceitáveis. Os controles podem

estar interligados diretamente ao SC ou simplesmente a introdução de procedimentos

paralelos que vão auxiliar no bom funcionamento e menor incidência de riscos do

sistema em análise.

• Etapa 5

De acordo com GVSC (ANVISA, 2010), a etapa 5 consiste na revisão e

monitoramento das medidas que foram implementadas na etapa anterior. A avaliação

do SC necessita de constante prática para assegurar que as medidas implementadas

continuem a apresentar eficiência no controle dos riscos e, assim, o SC possa operar

com a perspectiva de não comprometer as BPF nem a qualidade dos resultados.

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38

Figura 2 – Processo de aplicação da análise de riscos

Fonte: Guia de Validação de Sistemas Computadorizados da ANVISA.

2.5.4 Testes de Qualificação

Os testes de qualificação são processos integrantes da VSC para fornecer

os resultados que irão comprovar que o sistema se encontra em conformidade em

relação a três dimensões: instalação, operação e desempenho. Esses testes são

aferidos através de protocolos de qualificação que são os documentos produzidos

pela realização dos testes. A qualificação, em sua essência, é aplicada aos

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equipamentos e instalações nas organizações para constatar se a qualidade na

execução e operacionalidade está de acordo com as especificações e com o

desempenho esperado pelos usuários.

O Protocolo de Instalação (PI) prevê a garantia que toda a instalação esteja

qualificada e adequada para proporcionar as condições ideais para o funcionamento

do SC e, que seus dispositivos e acessórios, se apresentem nas conformidades

esperadas, resultando em um ambiente favorável para o manuseio e permanência do

SC. Para Rosenberg (2000, p.52) “a qualificação de instalação do equipamento deve

estudar se este está instalado apropriadamente e seguramente”.

O Protocolo de Operação (PO) por sua vez, é um documento no qual se

busca constar a harmonia entre as funções executadas pelo SC com as

especificações e funções esperadas do sistema. Na visão de Rosenberg (2000, p. 52)

“A qualificação de operação estuda se o equipamento pode operar dentro dos limites

e tolerâncias estabelecidas”. Assim, a principal finalidade é comprovar que as funções

e tarefas que o SC realiza se encontra compatível com as funções que o SC deveria

apresentar e, consequentemente, com as necessidades dos operadores para o

alcance dos resultados.

Segundo o GVSC (ANVISA, 2010, p.60) “a qualificação de operação tem

por objetivo referenciar, verificar e documentar as condições de operação do sistema

e se este cumpre satisfatoriamente os pré-requisitos para sua operação”.

O Protocolo de Desempenho (PD) é realizado após os resultados advindos

do PO serem aprovados satisfatoriamente. Esse documento visa verificar e atestar

que o SC possui consistente capacidade de operação e está devidamente

parametrizado e fornece o desempenho esperado em comparação com as

especificações do usuário.

“A qualificação de desempenho deve fornecer evidências documentadas

de que as utilidades, sistemas ou equipamentos e todos os seus componentes

demostrem desempenho consistente de acordo com especificações de uso em rotina”

Brasil (2010, Art. 507).

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Portanto, os testes de qualificação são testes realizados para promover os

ensaios necessários com o cunho de avaliar todos os dispositivos, funções e

estruturas que cercam ou fazem parte do SC e, por fim, atestar formalmente que o SC

opera e executa as atividades propostas com eficácia através da operação eficiente

dos seus métodos e funções.

2.5.5 Relatório Final de Validação

O relatório final de validação é um documento estruturado trazendo as

principais definições, conceitos e referências sobre o sistema computadorizado

pertinente. Trata-se de um “documento no qual os registros, resultados e avaliação de

um programa de validação são consolidados e sumarizados. Pode também conter

propostas de melhorias” Brasil (2010, Art. 5, LXI).

Segundo o GVSC (ANVISA, 2010, p 68) “a conclusão da validação do

sistema deve ser elaborada levando-se em consideração os resultados obtidos nos

testes aplicados nas qualificações de instalação, operação e desempenho”.

A conclusão sentencia a qualidade que o sistema oferece para os

parâmetros que se almeja. Nela, consta o parecer final da situação que encontra o SC

mediante todos os testes que foram elaborados, visando à liberação consciente de

um sistema que proporcione condições aceitáveis para o exercício das atividades que

se fazem pertinentes ao processo produtivo vinculado ao SC.

Caso ocorram desvios, os tópicos que foram reprovados devem ser

explícitos juntamente com as mudanças que precisam ser realizadas para a

adequação do sistema as exigências de qualificação.

Por se tratar por sistemas computadorizados, ou seja, informatizados, faz-

se necessário explanar a respeito da Tecnologia da Informação e dos Sistemas de

Informação.

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41

2.6 Tecnologia da Informação (TI)

Nesse universo de operação, as tecnologias se tornaram grandes aliadas

para aumentar a eficiência e eficácia do processo produtivo. A sistematização dos

processos foi responsável por aumentar a produtividade e, em determinados setores,

contribuiu para garantir maior conformidade e padronização das atividades. O auxilio

computacional permitiu maior agilidade e confiabilidade no gerenciamento dos dados

e na execução de atividades complexas e com alto grau de detalhamento.

De acordo com Resende (2003, p.76) “pode-se conceituar a tecnologia da

informação como recursos tecnológicos e computacionais para a geração e uso da

informação”. A utilização desses recursos vem cada vez mais transformando e

auxiliando as organizações em cenários onde a informação é traduzida como

alavanque para a melhoria contínua e geração de valor nas operações das empresas.

Para Resende (2003, p.76) a tecnologia da informação é constituída por

alguns componentes básicos. São eles:

• Hardware e seus dispositivos e periféricos;

• Software e seus recursos;

• Sistema de telecomunicações;

• Gestão de dados e informações.

Na percepção das tecnologias, a que mais vem detendo papel de destaque

é a TI. Abordando cenários em crescente e acentuada competição e de exigências de

muita agilidade, flexibilidade e inovação, a informação se apresenta como suporte

essencial nas estratégias organizacionais. Dessa forma, a função da TI tornou-se

indispensável para os objetivos e as aplicações de uma organização. Em decorrência

disso, também na maneira como as organizações buscam a vantagem competitiva

(ALBERTIN, 2009).

Na abordagem estratégica, Pereira (1999) retrata o propósito primordial da

informação como sendo o de capacitar a organização a atingir seus objetivos pelo uso

eficiente dos recursos disponíveis (pessoas, materiais, equipamentos, tecnologia e

outros mais). Ainda segundo a autora, a clareza do valor da informação se sustenta

pela relação de quanto esforço foi necessário para obtê-la em virtude dos benefícios

que foram advindos de sua utilização.

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Para Albertin (2009) uma questão pertinente à discussão é se as empresas

devem se adequar à tecnologia ou a tecnologia deve se adequar à realidade das

empresas. Para o autor, ambas são coerentes e não excludentes. Na verdade, o que

se faz necessário para balancear a questão é um alinhamento de planejamento

estratégico adequado. Essa discussão se torna premissa para a implementação de

qualquer ferramenta/equipamento ou sistema por parte das organizações, partindo da

necessidade e adequabilidade que a nova aquisição vai representar para o contexto

estratégico.

2.6.1 Sistema de Informação

Para Turban (2013, p. 8) “um sistema de informação (SI) coleta, processa,

analisa e dissemina informações para fins e objetivos específicos”. Dessa maneira, os

sistemas de informações são meios nos quais as organizações apoiam suas

operações para alcançarem suas metas e garantir fluidez em um planejamento

estratégico.

Para Laudon & Laudon (1999, p. 4) sistemas de informação são definidos

como:

Um conjunto de componentes inter-relacionados trabalhando juntos para coletar, recuperar, processar, armazenar, e distribuir informação com a finalidade de facilitar o planejamento de controle, a coordenação, a análise, e o processo decisório em empresas e outras organizações.

Pode-se observar que um sistema de informação abre caminhos para

várias vantagens possibilitando que os gerentes tomem as decisões necessárias

mediante o auxílio desses componentes pertences ao SI.

Na concepção de Resende (2003, p. 84):

Os sistemas de informação são um conjunto de partes (quaisquer) que gerem informações, ou, também, o conjunto de software, hardware, recursos humanos, e respectivos procedimentos que antecedem e sucedem o software. Têm como maior objetivo o apoio nos processos de tomada de decisões na empresa, e seu foco está direcionado ao principal negócio empresarial.

Nesse preceito, o sistema de informação transforma a informação em um

recurso que auxilie tanto empregados como gerentes nas melhores alternativas de

decisão fazendo com que a empresa se torne um fluxo contínuo e mediante a correta

utilização dos dados, informações e procedimentos, possa obter vantagem

competitiva.

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O sistema de informação apresenta componentes básicos de sua estrutura.

Turban (2013, p. 9) detalha esses componentes:

• Hardware: é o conjunto de dispositivos como processador, monitor,

teclados, impressora, etc.;

• Software: é o conjunto de aplicativos ou programas que instruem o

hardware a processar os dados ou outros insumos, como comando

de voz;

• Dados: São uma parte essencial processada pelo sistema e, se

necessário, armazenados em um banco de dados;

• Rede: É um sistema de comunicação que conecta o hardware por

fio, sem fio, ou uma combinação dos dois;

• Procedimentos: são uma série de instruções sobre como combinar

os componentes citados de modo a processar a informação e gerar

a saída desejada;

• Pessoas: são os indivíduos que trabalham com o sistema,

interagem com ele ou utilizam sua saída.

Figura 3 – Componentes de um Sistema de Informação

Fonte: Turban (2013)

Ainda segundo o autor, o SI não possui existência de forma isolada. Para

ele, o SI tem um propósito e um contexto social (organizacional). No que se refere ao

propósito, o SI propõe o auxílio na solução de problema de negócios. No contexto

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44

social, o SI é formado por valores e crenças, reflexo da cultura da organização e das

pessoas envolvidas.

A principal característica de um sistema de informação é a integração que

o sistema oferece a todas as bases de dados presentes na organização, não se

limitando a localização, com o objetivo de proporcionar suporte ao processo

administrativo – estratégico existente. Nesse âmbito, a concepção do sistema de

informação é condicionada a partir do sistema administrativo o qual servirá de suporte;

os esforços, na arquitetura e desenvolvimento do sistema, devem se concentrar na

busca por informações pertinentes e relevantes ao processo de administração

estratégica e na criação de subsistemas que devam gerar tais parâmetros (PEREIRA,

1999).

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45

CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 Classificação da pesquisa

3.1.1 Quanto à natureza

Trata-se de uma pesquisa aplicada na qual se propõe a transformação do

local através do conhecimento adquirido pelo estudo. Prodanov e Freitas (2013, p. 51)

relatam que a pesquisa aplicada “busca gerar conhecimentos para aplicação práticos

dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais”.

3.1.2 Quanto aos objetivos

Trata-se de uma pesquisa exploratória na qual visa de aprofundar na

estrutura do tema proposto e investigar os principais conceitos que cercam o tema

central. Para Prodanov e Freitas (2013, p. 51), a pesquisa exploratória “[...] tem por

finalidade proporcionar mais informações sobre o assunto que vamos investigar,

possibilitando sua definição e seu delineamento, isto é, facilitar a delimitação do tema

da pesquisa [..]”

De acordo com Piovesan e Temporini (1995, p. 321) “Define-se pesquisa

exploratória, na qualidade de parte integrante da pesquisa principal, como o estudo

preliminar realizado com a finalidade de melhor adequar o instrumento de medida à

realidade que se pretende conhecer”. Para Gil (2008, p. 27) “pesquisas exploratórias

são desenvolvidas como o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo,

acerca de determinado fato”.

3.1.3 Quanto à abordagem

Quanto a abordagem, o estudo apresenta caráter qualitativo. Segundo

Prodanov e Freitas (2013, p. 70) “na abordagem qualitativa, a pesquisa tem o

ambiente como fonte direta dos dados. O pesquisador mantém o contato direto com

o ambiente e o objeto de estudo em questão, necessitando de um trabalho mais

intensivo de campo”.

Para Assis (2009, p. 20) a pesquisa qualitativa “é uma pesquisa descritiva,

cujas informações não são quantificáveis; os dados obtidos são analisados

indutivamente; a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são

básicas no processo de pesquisa qualitativa”.

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46

3.1.4 Quanto ao método

A pesquisa tem a premissa da ação coletiva dos demais envolvidos na

problemática a ser compreendida e debatida. Trata-se de um estudo investigativo que

perpassa as fronteiras da teoria através da aplicabilidade de um caso prático. Segundo

Engel (2000) a pesquisa-ação iniciou-se devido à necessidade de superar a lacuna

entre a teoria e a prática. Ainda segundo o autor, uma das principais características

desse tipo de pesquisa é que ela própria se torna canal para promover intervenções

durante a execução da pesquisa ao invés de ter essa iniciativa como consequência

final do estudo.

Para Baldissera (2001, pág. 8) “a pesquisa-ação por ser investigativa supõe

um conjunto de procedimentos técnicos e operativos para o conhecimento da

realidade ou um aspecto desta, com o objetivo de transformá-la pela ação coletiva”.

Ainda segundo a autora, a forma de se pesquisar a realidade implica na participação

dos envolvidos como agentes ativos na compreensão da sua própria realidade e,

dessa maneira, possibilita a todos o conhecimento necessário para solucionar os

problemas e suprir as necessidades.

Por sua vez Fonseca (2002, p.34 Apud Gerhardt; SILVEIRA; 2009, p. 40)

diz:

A pesquisa-ação pressupõe uma participação planejada do pesquisador na situação problemática a ser investigada. O processo de pesquisa recorre a uma metodologia sistemática, no sentido de transformar as realidades observadas, a partir da sua compreensão, conhecimento e compromisso para a ação dos elementos envolvidos na pesquisa.

A pesquisa-ação, portanto, é um método em que o pesquisador se propõe

estudar, avaliar e analisar a situação problema e/ou campo de estudo objetivando com

que o estudo possa trazer inovação e que se porte como ferramenta de transformação

da realidade analisada, trazendo assim, impactos efetivos provenientes do estudo

elaborado e dos resultados alcançados.

O pesquisador quando se faz participativo na ação traz consigo uma série

de conhecimentos que serão a essência para a realização da sua análise reflexiva

sobre a realidade e os elementos que a envolvem. A reflexão sobre a prática

proporciona modificações no conhecimento do próprio pesquisador (FONSECA,

2002).

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O trabalho se sucedeu por diversas etapas desde a sua concepção até as

considerações finais. Esta figura faz referência ao caminho percorrido para a

conclusão deste trabalho:

Figura 4 – Sequenciamento das atividades

Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

Entrevistas com os

operadores do HPLC

Levantamento Inicial dos

riscos

Treinamento do

equipamento HPLC

Concepção da ideia do trabalho

Avaliar a política de

qualidade da organização

Estudo do processo de

validação

Mapeamento do processo de validação

Análise do Inventário dos

sistemas existentes

Consulta a legislação

vigente

Pesquisa bibliográfica

do equipamento

HPLC

Estudo e análise dos POP’s de Validação

Consulta à avaliação de impacto das

BPx

Levantamento mais

elaborado dos riscos

Reunião do comitê para análise de

riscos

FMEA para o parecer final dos riscos

Elaboração do Fluxograma para o HPLC

Elaboração da análise de

riscos

Aprovação do Fluxograma e

análise de riscos

Elaboração do Protocolo de

Instalação (PI)

Elaboração do Protocolo de

Operação (PO)

Elaboração do Protocolo de Desempenho

(PD)

Identificação das propostas de melhorias

Execução dos protocolos de qualificação

Aprovação e fechamento

dos protocolos de qualificação

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3.2 Processos de execução das atividades

Para a concepção da ideia foi necessário avaliar a aplicabilidade do

trabalho e a relevância do tema para a Engenharia de Produção e para a organização.

Em primeiro instante foi necessário analisar a política de qualidade da

organização. Para isso foi feito um aprofundamento de verificação e análise através

de consultas ao manual da qualidade vigente da empresa, estudo dos programas de

qualidade e procedimentos operacionais padrões pertinentes ao processo de

validação.

Posteriormente, foi feito um mapeamento do processo de validação. Dessa

maneira foi realizada à análise de todas as etapas e procedimentos que regem o

processo de validação em si. Além disso, houve a consulta da legislação e do guia de

direcionamento elaborado e fornecido pelo órgão regulamentador.

Para compreender melhor o funcionamento dos equipamentos, foi feita

uma pesquisa bibliográfica para entender os princípios de funcionamento e a sua

finalidade. Também foram checados os procedimentos operacionais padrão (POP)

para auxiliar na obtenção do conhecimento empírico sobre o funcionamento e as

características do processo de execução da ferramenta.

Para a elaboração da análise de riscos dos sistemas computadorizados, foi

verificado o inventário dos sistemas e o registro de relevância de cada um deles. Por

seguinte, foi feito um levantamento dos possíveis eventos que poderiam gerar não

conformidades ao processo e trazer futuros riscos à integridade e qualidade do

produto. Para auxiliar esse processo, foram feitas observações do software através

de um treinamento realizado no setor de controle da qualidade além de presenciar a

execução das tarefas juntamente com o operador.

Além disso, foram realizadas algumas entrevistas de caráter informal e

semiestruturada com alguns colaboradores. As entrevistam tinha como o objetivo de

interação e compartilhamento do conhecimento tácito do equipamento por partes dos

operadores.

Após os riscos serem elencados, houve uma reunião com o comitê de

validação o qual é formado pelo responsável pela Garantia da Qualidade, o

farmacêutico que opera o equipamento, o responsável pela parte da tecnologia da

informação e o estagiário da garantia da qualidade. Na reunião foram levantados os

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49

principais pontos para discutir a procedência dos riscos e avaliar o grau de severidade,

probabilidade de ocorrência e o grau de detectabilidade.

Nessa etapa foi aplicada a ferramenta Brainstorming para se conseguir

levantar o máximo de riscos possíveis. A partir disso, foi possível a classificação dos

riscos em função da urgência de medidas mitigadoras para combater o surgimento

e/ou recorrência dos respectivos riscos.

Em outra etapa foi elaborado o fluxograma para o processo do HPLC.

Nesse, consta a sequência lógica de atividades que permitem o entendimento das

operações de rotina que envolve a utilização do aparelho. Além disso, a ferramenta

permite a compreensão básica do fluxo continuo das informações e a visualização dos

principais subprocessos que constituem a atividade realizada pelo operador.

Para a qualificação de instalação foi executado um checklist com os itens

que são requisitos para fornecer suporte ao funcionamento do sistema. Dessa forma,

foi possível verificar a presença ou ausência desses itens.

No que tangente ao protocolo de qualificação, o acompanhamento da

exequibilidade da ferramenta se fez necessário para comprovar e constatar que sua

instalação, operação e desempenho se encontravam em conformidade com as

exigências de funcionamento do setor. Ao final, foi elaborado o documento formal

atestando a funcionalidade do sistema computadorizado em suas condições normais.

As medidas de controle e prevenção foram abordadas entre o comitê de

validação e a gerência da garantia da qualidade em uma reunião realizada para a

caracterização dos riscos prioritários e a identificação das melhores práticas que

venham a proporcionar a mitigação dos riscos e seus efeitos.

3.3 Metodologia FMEA

Para a classificação dos riscos (CR) utilizou-se a relação entre a severidade

(S) versus a probabilidade de ocorrência (O). Mediante a área da figura 5, em que a

análise (S) versus (O) se sobrepor, o risco apresentará determinada classe:

• Classe 1 – Se a combinação (S) x (O) estiver na região vermelha da

tabela;

• Classe 2 – Se a combinação (S) x (O) estiver na região amarela da

tabela;

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50

• Classe 3 – Se a combinação (S) x (O) estiver na região verde da

tabela.

A figura 5 a seguir mostra a relação e a respectiva área em que o risco se

insere:

Figura 5 – Classificação de risco

Fonte: Adaptado Guia de Validação de Sistemas Computadorizados da ANVISA.

Após a classificação dos riscos, é introduzido o fator detectabilidade (D)

para os riscos. A partir desse grau é inferida a sensibilidade dos riscos mediante

algum controle ou item que detenha capacidade de prevenir a ocorrência e geração

dos riscos. Conforme a classificação de riscos, a priorização deles também foi

categorizada em função da área da figura 6 que a análise (CR) versus (D) se sobrepor.

A partir disso, têm-se as seguintes categorias:

• Prioridade 1 – Se a combinação Classe de Risco x (D) estiver na

região vermelha da tabela;

• Prioridade 2 – Se a combinação Classe de Risco x (D) estiver na

região amarela da tabela;

• Prioridade 3 – Se a combinação Classe de Risco x (D) estiver na

região verde da tabela.

A figura 6 a seguir mostra a priorização dos riscos em virtude da

detectabilidade:

Probabilidade

Severi

dad

e

Baixa

Moderada

Alta

Ba

ixa

Mod

era

da

Alta

ClasseClasse 33

ClasseClasse 22

ClasseClasse 11

Probabilidade

Severi

dad

e

Baixa

Moderada

Alta

Ba

ixa

Mod

era

da

Alta

Baixa

Moderada

Alta

Ba

ixa

Mod

era

da

Alta

ClasseClasse 33

ClasseClasse 22

ClasseClasse 11

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51

Figura 6 – Priorização dos riscos

Fonte: Adaptado do Guia de Validação de Sistemas Computadorizados da ANVISA

Para o dimensionamento dos parâmetros de severidade, probabilidade de

ocorrência e detectabilidade, o setor de garantia da qualidade adotou uma definição

para alinhar os níveis referentes às figuras 4 e 5, descritas anteriormente. Essas

definições permitem que tanto a severidade, a probabilidade de ocorrência e a

detectabilidade sejam avaliadas, a partir de predefinições, nos graus de alta (A),

Moderada (M) e Baixa (B). Posteriormente, realizando a correlação dos parâmetros,

o resultado será fornecido pela área das figuras 4 e 5, a qual levantará a classe e a

priorização de cada risco, respectivamente.

Após esse processo de dimensionamento dos riscos, é elaborado o registro

da análise de riscos o qual se trata de uma planilha eletrônica onde efetivamente vai

se avaliar os riscos com o auxílio da metodologia FMEA. Após a classificação e

priorização dos riscos, os resultados foram levados ao setor de garantia da qualidade

para serem discutidos com a alta gerência.

PrioridadePrioridade 11

PrioridadePrioridade 33

PrioridadePrioridade 22

3

2

1

Alta

Modera

da

Ba

ixa

Cla

sse

de

Ris

co

Detectabilidade

PrioridadePrioridade 11

PrioridadePrioridade 33

PrioridadePrioridade 22

3

2

1

Alta

Modera

da

Ba

ixa

Cla

sse

de

Ris

co

Detectabilidade

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52

CAPÍTULO 4 - DESCRÇÃO DO CAMPO E APRESENTAÇÃO DOS DADOS

4.1 A Organização

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) possui, como

órgão suplementar de sua reitoria, o Núcleo de Pesquisa em Alimentos e

Medicamentos (NUPLAM), como sendo laboratório oficial destinado à produção de

medicamentos para suprir as necessidades de demandas advindas do próprio

Ministério da Saúde.

4.1.1 Histórico

Originário do Laboratório Farmacêutico de Produção Industrial (LAFAPI), o

Núcleo Industrial Químico Farmacêutico (NIQUIFAR) foi criado em 1972 como órgão

suplementar da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Vinculado inicialmente

à Faculdade de Farmácia, desde então integrou o sistema de Laboratórios Oficiais do

Brasil, produtores de medicamentos para o Ministério da Saúde. Através da resolução

nº 49/77 CONSUNI, de 1º de novembro de 1977, o NIQUIFAR tornou-se fundação,

passando a se chamar Fundação Universitária do Alimento e do Medicamento

(FUNAM). Com a portaria n°567/91-R. de 30 de abril de 1991, foi extinta a FUNAM e

criado o Núcleo de Pesquisa em Alimentos e Medicamentos (NUPLAM), que passou

a integrar a estrutura organizacional da UFRN como órgão suplementar vinculado à

reitoria.

Localizado no campus universitário da UFRN, o NUPLAM desenvolve

atividades de produção de medicamentos para o apoio ao Sistema Único de Saúde

(SUS) e constitui campo de estágios supervisionados específicos e relativos a

diferentes cursos de graduação. Desde 1999, o NUPLAM disponibiliza área produtiva

para atendimento ao SUS de todos os estados do Brasil (NUPLAM, 2014).

4.1.2 Competências

• Desenvolver tecnologia de produção e adaptar tecnologias

transferidas para a produção de insumos farmacêuticos,

medicamentos;

• Apoiar o ensino em níveis de Graduação e Pós-Graduação

específicos e proporcionar a realização de estágio e treinamentos

especializados;

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• Realizar pesquisa de mérito científico e tecnológico na área de

saúde;

• Oferecer assistência técnica em sua esfera de atuação, a órgãos

ou entidades de direito público ou direito privado;

• Colaborar com órgãos ou entidades federais, estaduais e

municipais nas áreas de saúde pública;

• Prestar serviços na área de controle da qualidade de medicamentos

ou de alimentos a entidades públicas e privadas.

4.1.3 Valores

• Qualidade;

• Segurança e eficácia terapêutica;

• Ética;

• Compromisso com a saúde pública;

• Interação com a UFRN;

• Intercâmbio de conhecimento e tecnologia;

• Respeito ao meio ambiente;

• Comprometimento profissional;

• Compromisso com os clientes;

• Valorização dos colaboradores.

4.1.4 Missão

O NUPLAM tem por missão produzir medicamentos com qualidade,

segurança, eficiência e eficácia terapêutica, desenvolvendo e transferindo

conhecimento na área farmacêutica, visando à promoção da saúde pública e ao

fortalecimento da formação acadêmica através do suporte ao ensino, pesquisa e

extensão. (NUPLAM, 2014)

4.1.5 Sistema de Gestão da Qualidade

O NUPLAM possui um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) baseado

na RDC Nº 17 de 16 de abril de 2010 que estipula as Boas Práticas de Fabricação

para medicamentos e na ISO 9001:2008. Os processos organizacionais são bem

definidos para estabelecer a função e importância de todos para manutenção de uma

boa qualidade na gestão e gerenciamento dos processos. Além disso, todos os

processos são mapeados e cada um, por sua vez, possui um Procedimento

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54

Operacional Padrão (POP) com o objetivo de estruturar e padronizar as atividades da

organização.

Os princípios da gestão da qualidade estão presentes nas operações e na

gestão organizacional. A alta gerência detém papel ativo sobre o controle das

operações, no fornecimento de condições favoráveis para a manutenção do SGQ bem

como na disseminação das informações com a aplicação de treinamentos, pesquisas

entre os colaboradores e outras atividades de conscientização. Além disso, a parte

documental é bem zelada; todas as orientações e recomendações estão registradas

e arquivadas e são de conhecimento de todos os funcionários. A existência e

tangibilidade dos documentos da qualidade são permeáveis a toda organização.

O foco no cliente se concretiza pela busca em um atendimento de qualidade

a seus principais clientes. Em termos de atendimento, o NUPLAM busca a excelência

em toda sua cadeia produtiva, desde a aquisição das matérias-primas até o pós-venda

com seus clientes, visando oferecer de um produto confiável e um relacionamento

satisfatório. Dentre os principais clientes, estão o Sistema Único de Saúde (SUS),

incluindo os hospitais universitários, secretarias estaduais e municipais de saúde.

Em sua política de qualidade, o NUPLAM vislumbra a busca pela

excelência e pelo alcance dos objetivos estratégicos. Para tanto, define alguns

objetivos da qualidade como proposta de alinhamento estratégico e alavancagem

operacional. São eles:

• Buscar o aprimoramento tecnológico contínuo, sempre que possível,

visando o desenvolvimento de novos produtos, processos e métodos

que atendam com qualidade e eficiência às necessidades da Política

de Assistência Farmacêutica dos pais;

• Valorizar o desenvolvimento profissional e humano da equipe de

trabalho, incentivando e proporcionando sua capacitação e

atualização permanente;

• Estimular um clima de colaboração e confiança mútua na empresa,

buscando o reconhecimento e a satisfação das pessoas;

• Atender as necessidades dos clientes com produtos de qualidade,

custo adequado e pontualidade;

• Buscar a parceria com fornecedores, clientes e funcionários,

considerando que a qualidade é responsabilidade de todos.

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No âmbito de melhoria contínua, O NUPLAM busca continuamente o

aprimoramento da eficácia e eficiência do SGQ através das análises de dados, das

auditorias que são realizadas e por parte de análise crítica feita pela direção. A análise

de dados visa avaliar o andamento das operações e os resultados dos esforços feitos

para se garantir desempenho operacional e qualidade dos processos aceitáveis.

As auditorias internas são realizadas em intervalos planejados com o

intuito de verificar se as atividades que foram projetadas para serem regidas pelo SGQ

estão, efetivamente, sendo reproduzidas de acordo com as especificações

elaboradas. Para isso, uma equipe de inspeção é selecionada pela Gerência da

Garantia da Qualidade. Essa equipe é formada por profissionais de diversas áreas

que estão envolvidos no processo produtivo. Ressaltando que os auditores não

auditam seu próprio trabalho.

Ao final do processo de auditoria e após as análises cabíveis, são emitidos

relatórios com os resultados, avaliações e conclusões bem como as ações

mitigadoras para resolução das problemáticas e o prazo para sua implementação.

Todo o processo é acompanhado pela Garantia da Qualidade.

As auditorias externas são realizadas pelo órgão regulamentador e

fiscalizador, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Normalmente, o

órgão a nível federal é o principal responsável pela vistoria e avaliação da

organização.

O monitoramento dos produtos é realizado através do programa da

Qualidade, Revisão Periódica do Produto (RPP). Nesse momento, todos os aspectos

do produto vão ser confrontados com as especificações pré-estabelecidas. Durante o

seu processamento, o produto passa por monitoramento através de parâmetros já

conhecidos advindos de características de produtos de referência.

Toda a metodologia de amostragem é realizada por procedimentos

estabelecidos para evitar a ocorrência de contaminação cruzada e garantir que a

quantidade utilizada seja representativa para a realização das análises e não

comprometa os resultados. Os ensaios são executados de acordo com metodologias

farmacopeias adotadas ou métodos validados pelo próprio setor de controle da

qualidade. Os resultados dos testes são verificados pelo responsável antes de serem

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liberados. Se alguma matéria-prima ou embalagem não apresentar os requisitos

necessários, não serão liberados.

É necessário que todos os ensaios e testes sejam devidamente realizados

para satisfazerem o programa de inspeções. Por fim, todos os registros são

arquivados juntamente com os responsáveis por sua realização.

No controle das não conformidades, o NUPLAM assegura que os produtos

de qualidade comprometida sejam identificados e controlados para evitar seu uso ou

entrega não intencional. Para evitar a recorrência de qualquer falha, é política da

organização abrir um relatório de investigação que permeia a análise criteriosa de

qualquer desvio da qualidade que surgir nos processos.

Além disso, por períodos pré-estabelecidos são retiradas e armazenadas

amostras de matéria-prima, materiais de acondicionamento e produto acabado, sendo

controlados e registrados com a finalidade de ser referência futura caso ocorra alguma

suspeita do comprometimento da qualidade de algum desses itens.

Todo esse material é acondicionado em ambiente fechado e controlado em

termos de temperatura e umidade.

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57

CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS

5.1 Validação do Sistema Computadorizado EZChrom Elite

Como foi mencionado anteriormente, o processo de validação consiste em

atestar e comprovar, documentalmente, que os sistemas, ferramentas e processos da

organização estão de acordo com as exigências mínimas estipuladas pelos critérios

de aceitação. Esses parâmetros são referência para assegurar que todos os

processos estejam sendo desenvolvidos de forma correta e segura para garantir o

controle, a robustez e confiabilidade das operações. Também foi explícito que o

processo de validação apresenta diversas etapas para se alcançar o cenário da

situação dos sistemas utilizados. O processo de validação pode mudar dependendo

da realidade das organizações e do sistema computadorizado em uso.

A organização em estudo zela pelo compromisso de validar todos os

sistemas, limpeza, métodos analíticos físico-químicos e microbiológicos bem como

garantir que todos os equipamentos de produção e instrumentos estejam operando

de acordo com os parâmetros requeridos pela legislação vigente. Além disso, toda e

qualquer alteração na metodologia de desenvolvimento, produção, equipamentos e

materiais, que possa comprometer e afetar a qualidade do produto e/ou sua

reprodutibilidade, passará por processos de qualificação e validação com o intuito de

sustentar a eficácia, eficiência e segurança dos procedimentos aplicados no

desenvolvimento de produtos e no cumprimento das boas práticas de fabricação.

Para garantir que essa política de validação seja efetivamente realizada, o

NUPLAM disponibiliza em seu Plano Mestre de Validação os princípios e o

compromisso de executar em toda a sua estrutura a validação como preceito e base

na busca pela qualidade de suas atividades, equipamentos e métodos. Ainda se faz

claro o incentivo e a capacitação dos envolvidos no processo de validação bem como

a nitidez da importância que se tem esse processo.

5.1.1 Inventário dos sistemas computadorizados

Inicialmente para o processo de validação de sistemas é preciso fazer

inventário de todos os sistemas incorporados pela organização. Para isso, se faz

necessário elencar todos os sistemas presentes no setor e/ou departamento para se

conhecer a real quantidade de sistemas existentes. Só a partir de então, os

responsáveis vão poder avaliar cada sistema criteriosamente em relação a sua

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funcionalidade e relevância para os processos organizacionais de micro e macro

dimensão. Como setor de estudo, o setor de controle da qualidade vai ser o enfoque

da análise desse processo.

O setor de controle da qualidade conta com a existência de dois

laboratórios: o físico-químico e o de controle microbiológico. Devido a isso, a

existência de diversos equipamentos se faz necessária haja vista o setor apresentar

um laboratório com uma estrutura que disponibiliza ótima capacidade de análise e

verificação de substâncias. Atualmente, o setor dispõe de 8 sistemas

computadorizados distintos. São eles:

Quadro 2 – Inventário de Sistemas Computadorizados (controle de qualidade)

Inventário de Sistemas Computadorizados (Controle de Qualidade)

Nome do Sistema Versão Descrição Tipo de Sistema

Áreas atendidas

LC SOLUTION 1.22 Aquisição de dados do HPLC

SHIMADZU Legado

Controle de Qualidade

EZChrom Elite 3.2.2 Aquisição de dados do HPLC

MERCK Legado

Controle de Qualidade

TA – 60ws COLLECTION

MONITOR 2.21

Aquisição de dados do TG e DSC

Legado Controle de Qualidade

TA - 60 2.21 Tratamento de dados do TG e

DSC Legado

Controle de Qualidade

GC SOLUTION 2.41 Aquisição de dados do GC Legado Controle de Qualidade

SCAN 3.10 Aquisição de dados do

espectrofotômetro Legado

Controle de Qualidade

OPUS 7.2 Aquisição de dados do

infravermelho Legado

Controle de Qualidade

Controle de Reagentes

1.0 Controle de estoque de

reagentes Legado

Controle de Qualidade

Fonte: NUPLAM (2017)

Os sistemas são suporte de apoio para a otimização das atividades

realizadas no setor. Com o auxílio deles, as atividades se tornam cada vez mais

dinâmicas e automatizadas para aumentar a eficiência da execução do trabalho dos

colaboradores e promover uma maior eficácia nos resultados.

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59

5.1.2 Classificação dos sistemas por impacto nas BPx

Após a realização do inventário dos sistemas, é preciso avaliar o grau de

relevância que o sistema apresenta para os processos, para a qualidade do produto

e para satisfação do consumidor. Esse critério é avaliado pelo impacto que o sistema

oferece em termos de desempenho e importância para a realização das atividades.

Sistemas que contribuem assiduamente para a realização de atividades críticas e

processos essenciais para o setor devem ter uma atenção especial no processo de

validação.

Para comprovar essa relevância, é feito o registro de análise de relevância

BPx e classificação do sistema computadorizado. Com a realização das perguntas

contidas no registro foi possível chegar à conclusão que todos os sistemas levantados

anteriormente são de impacto significativo para as operações do setor de controle de

qualidade.

Para detalhar o processo de validação foi escolhido o sistema EZChrom

Elite que é o software que atua no equipamento da cromatografia líquida de alta

eficiência (CLAE) ou mais conhecido como HPLC, o qual apresenta extrema

importância para o setor de controle de qualidade.

5.1.3 Especificação de Requisitos do Usuário (ERU)

A especificação do usuário destinada ao sistema computadorizado

EZChrom Elite foi elaborada pelo setor de controle de qualidade, o seu principal

cliente. Nele, foram estipuladas as exigências que o sistema deveria cumprir para

atender a demanda do setor. Como procedimento institucional da UFRN, o documento

foi anexado e dito como papel contratual para a realização da aquisição do

equipamento.

5.1.4 Análise de Riscos

A análise de riscos foi elaborada visando à metodologia proposta pela

ANVISA. Dessa forma, foi utilizada a ferramenta FMEA para a classificação dos riscos

e sua relevância em termos dos possíveis impactos ao sistema e ao processo.

• Etapa 1 – Descrição do Sistema

O cromatógrafo líquido de alta eficiência (CLAE) é um instrumento de análise,

amplamente utilizado em laboratórios de pesquisa, capaz de identificar e quantificar

compostos por comparação de componentes de referência; purificar compostos,

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60

separando-se as substâncias indesejáveis e ainda utilizado para separação de

componentes de uma mistura.

O sistema é basicamente formado por uma fase móvel e uma fase

estacionária. Esta se apresenta com a coluna cromatográfica. A fase móvel ou

solvente, por sua vez, flui continuamente através do sistema eluindo a amostra

injetada pela coluna e pelo detector através de um sistema de bombeamento. Por

características químicas pré-definidas, as substâncias vão interagir de maneira

peculiar com a fase estacionária e móvel e através do processo de eluição essas

substâncias vão apresentar velocidades de interação distintas, possibilitando assim,

a sua separação.

O resultado da análise é dado por um gráfico que é conhecido como

cromatograma o qual fornece informações de área para quantificação das substâncias

em análise. O sistema EZChrom Elite é usado para gerenciar o processo de

separação, análise das substâncias e para geração dos dados provenientes das

análises.

O sistema é formado por uma bomba pneumática de pressão responsável

por levar a fase móvel por toda extensão do aparelho. Possui uma coluna

cromatográfica de aço inoxidável. É composto por um detector DAD e um forno auto-

amostrador. E por fim, possui um sistema computacional formado por um software

que gerencia as ações do equipamento, um computador com um sistema operacional

que permite uma interface na qual o software seja executado bem como responsável

pelo armazenamento de dados; além de impressora para emissão dos relatórios.

O sistema apresenta função essencial no laboratório de análises. Devido a

sua automação e capacidade de análise é um equipamento estrategicamente e

operacionalmente bastante útil. Dentre as principais funções temos:

• Teor, identificação e dissolução de matéria-prima e produtos

acabados;

• Doseamento por HPLC (estudo de estabilidade);

• Validação de métodos analíticos;

• Ensaio de impurezas.

Por ser um sistema computadorizado, apresenta riscos comuns a qualquer

sistema que depende de rede elétrica, da conexão com um computador e softwares

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de apoio. Além disso, a qualidade dos softwares e hardwares também influencia na

interação do sistema como um todo. Qualquer falha em um componente básico pode

comprometer a operação primária e principal do sistema. Isso leva a efeitos de

incapacidade de análise, comprometimento dos prazos de entrega e interferência nas

boas práticas de fabricação e de laboratório.

Figura 7 – Equipamento CLAE

Fonte: Autor (2017)

• Etapa 2 – Macro fluxo do processo

O processo de utilização do equipamento permeia várias atividades e

dentro delas, subprocessos que integram o macro fluxo do processo. De acordo com

o fluxograma (apêndice 1) pode-se listar as principais atividades e entender o

funcionamento de análises pelo equipamento HPLC. Todas as atividades envolvidas

no fluxograma apresentam a forma genérica e as etapas lógicas para a utilização do

equipamento e do software. Em uma concepção mais detalhada, a atividade constitui-

se de várias etapas que, ocasionalmente, se configure incerteza na execução,

precisam ser revistas com a utilização do POP.

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• Etapa 3 – Detalhamento dos Riscos

Após uma análise detalhada das atividades referentes ao sistema

(software-equipamento) foram levantados os principais riscos. Nesse processo de

levantamento dos riscos, a interação com o sistema e com os operadores é primordial

para o entendimento do funcionamento do equipamento, sua formação estrutural e os

pontos positivos e negativos que o software oferece para o bom desempenho do

sistema. No inter-relacionamento com os operadores, através de entrevistas, foi

possível compartilhar do conhecimento tácito presente em cada um deles e a

percepção estratégica do sistema computadorizado para o setor de controle de

qualidade.

No tocante a efetuação das análises de risco, o comitê de validação exerce

função chave incrementando a interdisciplinaridade dos membros juntamente com as

diferentes perspectivas em relação ao sistema. Na formação do comitê de validação

se concentra a gerência da garantia da qualidade, o responsável pela gestão da

tecnologia da informação da empresa, o operador farmacêutico que têm considerável

experiência no manuseio do equipamento e engenheiro de produção. Para a

concepção e entendimento das possíveis falhas do sistema, o treinamento, o estudo

documental dos registros existentes para a operação e manuseio do sistema e reunião

com os analistas foram indispensáveis.

Utilizando a metodologia FMEA, a qual é a mesma recomendada pelo

órgão regulamentador (ANVISA), os riscos foram discriminados mediante sua

severidade, probabilidade de ocorrência e detectabilidade. A partir desses

parâmetros, os riscos foram classificados e, posteriormente, a priorização dos riscos

de caráter emergencial e que representam as maiores ameaças ao funcionamento do

sistema computadorizado e a integridade das Boas Práticas de Fabricação. Para

elencar os riscos foram feitas reuniões de Brainstorming entre os membros do comitê

para facilitar a geração de ideias dos prováveis riscos pertinentes ao sistema em

análise.

Mediante o grau de detectabilidade (D), os riscos são priorizados visando

à necessidade de medidas mitigadoras para geração e ocorrência dos respectivos

riscos. Os principais riscos apresentados serão listados no quadro a seguir.

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Quadro 3 – Análise de Riscos (Contínuo)

NUPLAM

REGISTRO DE ANÁLISE DE RISCOS EM SISTEMAS COMPUTADORIZADOS

Setor Solicitante: Controle de Qualidade Responsável: Marcelo Amorim

Sistema Computadorizado: EZChrom Elite (HPLC CHROMASTER) Versão: 3.3.2 SP2

Nº Risco Evento Pior caso Controles atuais S O CR D PR

1 Queda de Energia Perda dos dados em análise Uso do nobreak A M 1 B 1

2 Voltagem incorreta Queima do Equipamento Equipamento bivolt A B 2 A 3

3 Acesso de pessoal não autorizado ao

sistema Acesso aos dados gerais (copiar

ou apagar dados) Login e senha para

acesso dos usuários M B 3 B 2

4 Travamento do sistema (software) Perda dos dados em análise Não há controle atual M A 1 B 1

5 Não realização de backup Perda dos dados das análises posteriores ao último backup

(histórico) Não há controle atual A A 1 B 1

6 Fonte de energia não conectada Falta de Alimentação para o

equipamento Percepção visual do

operador B B 3 A 3

7 Quebra do computador Incapacidade de análise Não há controle atual A M 1 B 1

8 Acesso a perfis incompatíveis

(Usuários distintos)

Acesso a funções e dados restritos, por usuário não

autorizado Login file M B 3 A 3

Fonte: Preenchido pelo autor (2017)

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Quadro 3 – Análise de riscos (Conclusão)

NUPLAM

REGISTRO DE ANÁLISE DE RISCOS EM SISTEMAS COMPUTADORIZADOS

Setor Solicitante: Controle de Qualidade Responsável: Marcelo Amorim

Sistema Computadorizado: EZChrom Elite (HPLC CHROMASTER) Versão: 3.3.2 SP2

Nº Risco Evento Pior caso Controles atuais S O CR D PR

9 Falha na execução de comandos

essenciais à análise Instabilidade do equipamento

Percepção visual do operador

A B 2 A 3

10 Danos no sensor de umidade Quebra do equipamento Verificação da umidade, pelo software, durante a

análise A B 2 M 2

11 Digitação de parâmetro incorreto Danificar a coluna Treinamento A B 2 A 3

12 Incoerências dos parâmetros de

adequabilidade pelo software Geração de dados questionáveis Treinamento M B 3 M 3

13 Incoerência entre os comandos do

software e a execução do equipamento Não realização da análise Reiniciar o software M B 3 A 3

14 Dificuldade de estabilização da linha de

base Atraso para início da análise Treinamento M B 3 A 3

15 Falha na Válvula que direciona o rejeito Provável danificação na coluna Manutenção Preventiva M B 3 B 2

16 Travamento do hardware Não acessa o sistema Manutenção Preventiva: computador e sistema

operacional M B 3 B 2

Fonte: Preenchido pelo autor (2017)

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Etapa 4 – Melhorias de controle e prevenção

Ao término do processo de levantamento e mensuração dos riscos,

os dados foram levados para Gerência da Garantia da Qualidade, onde foi

realizada reunião com os membros do comitê de validação para a identificação

e implementação das medidas e ações que tragam a minimização da ocorrência

dos riscos elencados. Em respeito aos critérios de seleção para implementação

de iniciativas de âmbito emergencial, os riscos de priorização 1 e 2 foram

definidos como os riscos prioritários na necessidade das propostas de

melhorias.

Dessa maneira, os riscos de caráter emergencial são apresentados a

seguir, no quadro 4:

Quadro 4 – Propostas de controle

Risco Proposta de melhoria

Queda de energia Utilização dos nobreaks

Acesso de pessoal não autorizado ao sistema

Criar um usuário para cada profissional que acessa o sistema. No caso de estagiário, apagar o perfil quando o estágio for

finalizado.

Travamento do sistema (software)

Manter o software atualizado (contrato de manutenção)

Não realização de backup Implementação de backup através de mídia externa (HD

Externo/pen drive) e de um computador servidor (arquivar todos os dados)

Quebra do computador Elaboração de um plano de contingência

Danos no sensor de umidade

Manutenção corretiva (substituição do sensor danificado)

Falha na válvula que direciona o rejeito

Manutenção preventiva (substituição da válvula de acordo com sua vida útil)

Travamento do hardware Elaboração de um Plano de Contingência e de POP de

Manutenção Preventiva dos computadores

Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

As iniciativas de melhorias envolvem aumento da capacidade de

hardware, realização periódica da manutenção preventiva dos equipamentos,

elaboração de planos de contingência, como suporte para casos extremos, e a

elaboração de procedimentos operacionais padrão com o intuito de disseminar

as ações de parte de TI com os demais colaboradores.

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66 Etapa 5 – Revisão e monitoramento dos controles elaborados

A revisão periódica do sistema será definida pela gerência da garantia

da qualidade. A elaboração das medidas de monitoramento deverá ser descrita

e documentada em procedimentos bem como os parâmetros e ações para a

ocorrência de alguma inconformidade e necessidade de mudança apresentada

pelo sistema.

5.1.5 Protocolos de Qualificação

Os protocolos de qualificação foram elaborados com a intensa

revisão da estrutura que constitui o sistema computadorizado em análise. A

avaliação da estrutura engloba os componentes do equipamento, o correto

manuseio desses itens e o entendimento do funcionamento do software. O

Software EZChrom Elite possui diversas aplicações, entretanto, os protocolos

permeiam as atividades primárias e principais para a realização das atividades

no setor.

Após a elaboração de todos os protocolos, a etapa de execução

necessita do aval dos membros do comitê de validação bem como da gerência

da garantia da qualidade. Desde modo, são recolhidas as assinaturas dos

membros do comitê, atestando o conhecimento de todos sobre o início do

processo de execução dos testes de qualificação e simbolizando a autorização

formal da aplicação dos protocolos.

No tocante ao protocolo de instalação, os principais itens e

componentes auxiliares foram verificados à medida que o sistema necessita de

uma estrutura que comporte e forneça condições de segurança e estabilidade

na execução das atividades-chave. Desse modo, o suporte de instalação é

essencial para que o SC desfrute de um ambiente favorável e com incidência

mínima para a geração de riscos.

O protocolo de operação se configura pela análise das atividades que

são esperadas pelo sistema computorizado confrontado com as atividades

efetivas que o SC responde mediante as solicitações feitas pelos usuários.

Nesse contexto, os parâmetros foram checados e avaliados referentes ao grau

de resposta que o SC EZChrom Elite apresentou diante das demandas

impostas. Para o processo de aceitação, o sistema foi aprovado devido à

presença de conformidade em todas as atividades requeridas.

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67 Por fim, o protocolo de desempenho ressalta a fluidez e harmonia

presente nas demais estruturas que foram avaliadas anteriormente. O

desempenho apresentado através da relação requisição-resposta traduz a

eficiência que o SC proporciona.

Após a aplicação dos testes, o sistema EZChrom Elite apresentou

operação e desempenho a níveis satisfatórios mediante as solicitações e os

resultados fornecidos. Dessa maneira, o processo de qualificação foi aprovado

pela gerência da garantia da qualidade. Com isso, o sistema se encontra apto

para funcionamento considerando as competências esperadas pelo setor de

controle de qualidade.

5.1.6 Relatório Final de Validação

Ao fim do processo de análises de risco e dos testes de qualificação,

o relatório de validação utilizará todos os parâmetros obtidos anteriormente para

comprovar formalmente a situação do SC. Nesse âmbito, esse documento

oficializa a garantia que o sistema validado está realmente em consonância,

concomitantemente, com as boas práticas de fabricação e o cumprimento da

legislação.

Nesta etapa, por definição organizacional, é dever da gerência da

garantia da qualidade elaborar o relatório final de validação e fazer o

gerenciamento de toda documentação pertinente ao processo de validação. Isso

inclui, a disponibilidade e divulgação dos resultados esclarecendo o alcance dos

objetivos com o processo e sua relevância para a manutenção das BPF, a

conscientização do cumprimento de todas inciativas de controle propostas e

manutenção do processo para todos os SC.

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CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de Validação de Sistemas Computadorizados se

configura como realidade nas indústrias farmacêuticas devido a considerável

presença de sistemas, responsáveis por ações diretas, que impactam na

robustez do processo produtivo e na qualidade final do produto. Nessa

perspectiva, cada vez mais se tem a preocupação de que os sistemas possam

operar e fornecer resultados invioláveis fornecendo confiabilidade e

reprodutibilidade aos processos a eles integrados.

Como consequência da estrutura apresentada anteriormente, o

processo de VSC foi estruturado, apresentando suas principais etapas através

da aplicação do processo, tendo em vista o sistema EZChrom Elite, cujo objetivo

de ser validado foi alcançado. Para tanto, todos os protocolos e análises,

pertinentes ao processo, foram elaboradas, registradas e aprovadas; todos os

registros se encontram armazenados na gerência da garantia da qualidade.

A respeito das dificuldades do trabalho, a mais tocante se trata da

adequação aos requisitos e conceitos específicos da área farmacêutica. O

processo de aprendizagem dos termos técnicos, equipamentos e metodologias

específicas se inserem nessa problemática. Contudo, pode se observar a

abrangência do processo e a possiblidade para a aplicação do estudo em outros

sistemas computadorizados provenientes de indústrias de segmentos distintos.

Por fim, a validação dos SC é recurso primordial na constatação da

qualidade que esses sistemas proporcionam para sustentação das boas práticas

de fabricação nas indústrias farmacêuticas. Portanto, o trabalho comtemplou um

caso prático em um laboratório oficial, envolvendo um SC de suma importância

para as operações organizacionais. E, além disso, estruturou as etapas desse

processo de VSC e sua relevância na garantia da qualidade.

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72 APÊNDICE 1 – Fluxograma do HPLC

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ANEXOS

ANEXO 1 – Registro do Protocolo de Instalação

REGISTRO DA QUALIFICAÇÃO DE INSTALAÇÃO 02/003-PRT/SC

Página: 1 / 1

Sistema Computadorizado: EZChrom Elite(R)

Fornecedor equipamento: Merck

Área: Setor de Análises Físico-químicas (COQ)

TAG equipamento: 0704204 e 0704205

PARÂMETROS PARA A INSTALAÇÃO

PARÂMETROS ENCONTRADO PASSOU / FALHOU

O sistema computacional possui versão?

Existe Nobreak conectado ao equipamento?

Existem cabos de força ligando o equipamento à energia?

Existem cabos conectores responsáveis pela conexão do equipamento ao computador?

Existe tomada de energia na voltagem adequada ao

equipamento?

Os cabos e plugs do sistema estão em perfeitas condições?

O computador suporta adequadamente o

equipamento e a instalação do sistema computacional?

Há medidas de segurança para armazenamento e backup dos

dados?

Os acessórios do computador para acesso ao programa

estão em perfeitas condições de uso?

Executado por Data Revisado por Data

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ANEXO 2 – Registro do Protocolo de Desempenho

REGISTRO DA QUALIFICAÇÃO DE DESEMPENHO 04/003-PRT/SC

Página: 1 / 1

Sistema computadorizado: EZChrom Elite(R)

Data:

Área: Setor Análises Físico-químicas (COQ)

Hora: Os resultados obtidos estão de acordo com o esperado, sem exceção? Sim Não Em caso de desvio da qualidade do resultado esperado, descrever o ocorrido no campo abaixo. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Comentários Finais e anexo dos relatórios e cálculos gerados: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Aprovado Reprovado Gerente da GQ:________________________ Técnico de TI: ________________________

Executado por Data Revisado por Data