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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA EDUCAÇÃO – FAED MESTRADO PROFISSIONAL EM PLANEJAMENTO TERRITORIAL E DESENVOLVIMENTO SOCIOAMBIENTAL – MPPT PARTICIPAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES Dos modelos teóricos e aspectos legais às práticas dos gestores públicos catarinenses Sarah Marcela Chinchilla Cartagena Projeto de pesquisa para elaboração de dissertação de mestrado com orientação do Professor Doutro Mário Jorge Cardoso Coelho Freitas, MPPT/UDESC. Documento apresentado como exigência parcial para cumprimento da disciplina de Seminários, realizada no segundo semestre de 2013. Florianópolis, SC. Janeiro de 2014

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UNIVERSIDADE  DO  ESTADO  DE  SANTA  CATARINA  –  UDESC  CENTRO  DE  CIÊNCIAS  HUMANAS  E  DA  EDUCAÇÃO  –  FAED  

MESTRADO  PROFISSIONAL  EM  PLANEJAMENTO  TERRITORIAL  E  DESENVOLVIMENTO  SOCIOAMBIENTAL  –  MPPT  

               

PARTICIPAÇÃO  PÚBLICA  E  GESTÃO  DE  RISCO  DE  DESASTRES    Dos  modelos  teóricos  e  aspectos  legais  às  práticas  dos  gestores  públicos  catarinenses  

           

Sarah  Marcela  Chinchilla  Cartagena                      

Projeto   de   pesquisa   para   elaboração   de  dissertação   de   mestrado   com   orientação   do  Professor  Doutro  Mário  Jorge  Cardoso  Coelho  Freitas,   MPPT/UDESC.   Documento  apresentado   como   exigência   parcial   para  cumprimento   da   disciplina   de   Seminários,  realizada  no  segundo  semestre  de  2013.  

                     

Florianópolis,  SC.  Janeiro  de  2014    

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CARTAGENA,  Sarah  Marcela  Chinchilla. Participação  pública  e  gestão  de  risco  de  desastres:  dos  modelos  teóricos  e  aspectos  legais  às  práticas  dos  gestores  públicos  catarinenses.  Projeto  de  pesquisa.  MPPT/UDESC.  Florianópolis,  2013.        RESUMO  O   presente   projeto   planeja   a   execução   de   uma   pesquisa   que   tem   como   objetivo   caracterizar   as  relações  entre  modelos  teóricos,  aspectos  legais  e  visão  dos  gestores  públicos  de  Santa  Catarina  no  que   se   refere   à   participação   púbica   na   gestão   de   risco   e   desastres1   e,   com   base   nisso,   propor  sugestões  de  melhoria  ao  processo.  A  revisão  teórica  temática  incidirá  sobre  os  tópicos  de  Sociedade  de   Risco   e   Gestão   de   Risco   de   Desastres,   Políticas   Públicas   e   Participação   Pública,   interligando   e  debatendo  aspectos  conceituais,  modelos  e  implicações  emergentes  da  análise  desses  temas.  Para  se  chegar   aos   resultados   definidos   pelas   questões   de   pesquisa   e   pelos   objetivos   específicos   a  metodologia  tem  um  caráter  misto  ou  de  métodos  mistos,  quantitativos  e  qualitativos  adoptando  um  desenho   adaptado   do   modelo   de   projeto   sequencial   explanatório   de   Creswell   e   Clark   (2013).   A  análise   documental   incidirá   numa   amostra   de   leis   e   documentos   definidores   de   políticas   públicas  correlatas   à   gestão   de   risco   e   com   foco   em   participação.   A   sondagem   (survey)   baseia-­‐se   na  construção,   validação   e   aplicação   de   questionários   a   todos   os   gestores   públicos   municipais   de  proteção   e   defesa   civil   de   Santa   Catarina.     A   abordagem   qualitativa   concretiza-­‐se   através   da  realização  de  entrevistas  de  aprofundamento,  com  uma  amostra  de  conveniência  a  definir  a  partir  da  população  considerada  na  abordagem  quantitativa.    No  atual  cenário  brasileiro,  em  que  a  gestão  de  risco   ampliou   seu  espaço  na  pauta  de   gestores  públicos,  mídia,   academia  e   sociedade  em  geral,   é  preciso   analisar   se   as   tomadas   de   decisão   efetivamente   consideram   a   população   afetada   como  centro   do   processo   decisório.   Do   contrário,   medidas   estruturais   de   prevenção   e   mitigação   de  desastres,   permanecerão   esbarrando   e   tendo   reduzida   eficácia   pela   falta   de   compreensão   da  população   vulnerável.   A   mudança   de   comportamento   –   historicamente   marcado   por   ocupações  irregulares,   fraca   fiscalização,   e   deficiente   planejamento   compartilhado   –   não   será   alcançada   se   a  gestão  risco  não  for  participativa.      Palavras  chave:  gestão  de  risco;  desastres;  participação  pública;  políticas  públicas.      

1  Ao   longo  de   todo  o   texto  a  expressão   ‘gestão  de   risco  de  desastres’   poderá   ser   abreviada  para   ‘gestão  de  risco’  com  o  objetivo  único  de  dar  fluidez  à  leitura.  2  Consulta  feita  em  dicionário  online.  Texto  original  em  inglês:  the  fact  of  doing  something  only  to  show  that  you  are  following  rules  or  doing  what  is  expected  or  seen  to  be  fair,  and  not  because  you  really  believe  it  is  the  right  thing  to  do.  Acesso  em  29.08.2013.  Disponível  em:  http://dictionary.cambridge.org/us/dictionary/business-­‐english/tokenism?q=tokenism

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SUMÁRIO    

1.   INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 4  

2.   TEMÁTICA ................................................................................................................................ 4  

3.   OBJETIVOS .............................................................................................................................. 6  

3.1.   Objetivo geral ..................................................................................................................... 6  

3.2.   Objetivos específicos .......................................................................................................... 6  

4.   JUSTIFICATIVA E MOTIVAÇÃO ........................................................................................... 6  

5.   REVISÃO TEÓRICA TEMÁTICA ........................................................................................... 8  

5.1.   Sociedade de Risco e Gestão de Risco de Desastres ......................................................... 9  

5.2.   Políticas Públicas ............................................................................................................. 11  

5.3.   Participação Pública ......................................................................................................... 13  

6.   ASPECTOS METODOLÓGICOS .......................................................................................... 17  

6.1.   Tipo de pesquisa .............................................................................................................. 17  

6.2.   Coleta e análise de dados, população e amostra .............................................................. 19  

6.3.   Validação .......................................................................................................................... 20  

6.4.   Limitações da pesquisa .................................................................................................... 21  

7.   CRONOGRAMA ...................................................................................................................... 21  

8.   RECURSOS ............................................................................................................................. 21  

9.   BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 22  

 

 

 

   

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1. INTRODUÇÃO  

O   projeto   que   aqui   se   apresenta   visa   orientar   a   pesquisa   conducente   à   elaboração   de   uma  

dissertação  como   requisito  de  obtenção  do  grau  de  Mestre  no  Programa  de  Mestrado  Profissional  

em  Planejamento  Territorial  e  Desenvolvimento  Socioambiental   (MPPT)  da  Universidade  do  Estado  

de   Santa   Catarina   (UDESC).   Sua   origem   e   fundamentação   derivam   em   grande   medida   das  

experiências   da   autora   enquanto   profissional   de   Comunicação   de   Risco,   acumuladas   ao   longo   de  

mais  de  dez  anos  em  trabalhos  de  campo  e  com  planejamento  e  avaliação  de  projetos  relacionados  à  

gestão  de  risco  de  desastres.    

  A   estrutura   do   presente   projeto   respeita   as   indicações  metodológicas   estabelecidas   como  

padrão  pelo  MPPT,  e  organiza-­‐se  da  maneira  que  passa  a  descrever-­‐se.  O  item  Temática,  como  já  se  

sugere,  apresenta  a  contextualização  temática  que  orienta  a  pesquisa  e  que  suporta  o  problema  e  as  

questões   de   pesquisa.   Os   Objetivos,   divididos   em   geral   e   específicos,   dão   conta   de   definir   os  

resultados   a  que   se  pretende   chegar,   seguidos  pela   Justificação  e  Motivação,   onde   se   apresentam  

um  conjunto  de  motivações  pessoais  e  profissionais,  bem  como  a  relevância  do  tema  e  da  pesquisa  

em   si.   A   sustentação   científica   deste   projeto   ocorre   no   item   Revisão   Teórica   Temática,   onde   se    

analisam   os   principais   princípios,   conceitos   e   discussões   teóricas   e   aplicadas   em   Gestão   de   Risco,  

Políticas  Públicas  e  Participação  Pública.  A  seguir,  nos  Aspectos  Metodológicos  definem-­‐se  o  tipo  de  

abordagem   e   desenho   de   pesquisa,   população   e   amostra,   técnicas   de   coleta   de   dados,   validação,  

análise  de  dados  e  limitações.  Os  itens  Cronograma  e  Recursos  dimensionam  a  pesquisa  em  tempo  e  

investimento,  respectivamente.  Por  fim  a  Bibliografia  concentra  todas  as  referências  utilizadas  para  

construção  desse  projeto.    

Adicionalmente   registra-­‐se  que,  enquanto  projeto  e  até  a  concretização  da  pesquisa,  podem  

incidir   sobre   esta   versão   algumas   alterações,   em   especial   resultantes   dos   debates     realizados   no  

âmbito   da   disciplina   de   Seminários,   ministrada   no   segundo   semestre   de   2013   e,   em   especial,   o  

aprofundamento,  sobretudo,  dos  aspectos  metodológicos  e  de  referencial  teórico.  Outras  alterações  

poderão,   ainda,   resultar,   da   própria   implementação   da   pesquisa   e   da   realização   do   processo   de  

qualificação.    

 

2. TEMÁTICA  

Esta  proposta  de  pesquisa  agrupa  eixos   temáticos   relativos  a   Sociedade  de  Risco,  Gestão  de  

Risco   de   Desastres,   Políticas   Públicas   e   Participação   Pública,   estando   em   sua   intersecção   a  

situação/problema   que   se   planeja   investigar.   Em   Sociedade   de   Risco   reflete-­‐se   sobre   a   dinâmica  

social  em  que  estamos  inseridos  e  a  que  se  refere  Ulrich  Beck,  sendo  os  processos  de  gestão  de  risco  

e  o  contexto  dos  desastres  –  que  recorrentemente  afetam  milhares  (ou  até  milhões)  de  pessoas  em  

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todo  o  mundo  –  o  recorte  aplicado  a  esta  pesquisa.  As  Políticas  Públicas,  por  sua  vez,  são  abordadas  

porquanto  a  ideia  é,  diante  do  recorte  da  gestão  de  risco,  incluir  um  contraponto  entre  os  aspectos  

legais   e   a   visão   dos   gestores   públicos   nessa   discussão,   determinando   o   enfoque   e   viés   que   será  

observado   no   cenário   global   da   Sociedade   de   Risco   e   do   qual   a   Participação   Pública   também   faz  

parte.    

Ao   desenvolver   os   eixos   temáticos   será   preciso   estabelecer   entre   eles   pontos   de   correlação  

conferindo  unidade  de  raciocínio  à  pesquisa.  Para  tanto,  todos  deverão  passar  por  um  momento  de  

conceituação  e  operacionalização  categorial.  Para  o  eixo  de  Sociedade  de  Risco  e  Gestão  de  Risco  de  

Desastres  deve-­‐se  acrescer  uma  descrição  do  cenário  em  que  nos   inserimos  –  mundo,  Brasil,  Santa  

Catarina  –  contemplando  ameaças  e  vulnerabilidades,  instrumentos  de  gestão  (medidas  estruturais  e  

não   estruturais),   chegando   ao   seu   sentido   mais   amplo   de   articulação   inserida   ao   planejamento  

territorial   e   no   qual   estão   envolvidas   diferentes   políticas,   instâncias   administrativas   e   setores   da  

sociedade.   As   Políticas   Públicas,   na   sequência,   serão   trabalhadas   com   foco   no   papel   dos   gestores  

públicos,   diretrizes   nacionais   e   estaduais   para   gestão   de   risco,   aspectos   legais   e   tendência   à  

corresponsabilidade.   Este   último   aspeto   já   se   une   ao   eixo   da   Participação   Pública,   que   então   será  

abordada   a   partir   do   conceito   de   democracia   (representação,   liberdade   e   participação)   tomando  

como   referência   o   contexto   brasileiro   pós   Constituição   Federal   de   1988,   a   buscar  modelos   e   boas  

práticas   de  participação   tanto   em  espaços   institucionalizados,   como  em  processos   continuados  ou  

informais.    

O  problema  de  pesquisa  foi  enunciado  como  segue:    

Que  relações  existem  entre  modelos  teóricos,  aspectos  legais  e  visão  dos  gestores  públicos  de  

Santa  Catarina  no  que  se  refere  à  participação  pública  na  gestão  de  risco  de  desastres,  quais  as  suas  

implicações  e  que  sugestão  de  otimização  se  podem  avançar?  

Para  que  se  torne  possível  responder  ao  problema  torna-­‐se  necessário  definir  os  parâmetros  

que  possibilitam  a  análise  da  relação  enunciada,  e  daí  surgem  as  questões  de  pesquisa:    

a) Quais  são  as  principais  diretrizes  e  os   instrumentos  de  participação  definidos  por  políticas  

públicas  e  determinações   legais  correlatas  à  gestão  de  risco  às  quais  estão  submetidos  os  

gestores  de  defesa  civil  de  Santa  Catarina?  

b) Como  os   gestores  públicos  de  defesa   civil   de   Santa  Catarina   concebem  a  participação  no  

contexto  da  gestão  de  risco  de  desastres?    

c) Que  tipos  de  instrumentos  de  participação  são  criados,  utilizados  e  mantidos  pelos  gestores  

públicos  de  Santa  Catarina  no  contexto  da  gestão  de  risco  de  desastres?  

d) Qual   avaliação   dos   gestores   públicos   de   Santa   Catarina   sobre   o   atual   cenário   da  

participação  nas  ações  de  gestão  de  risco?  

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e) Até   que   ponto   a   prática   da   participação   na   gestão   de   risco   conduzida   pelos   gestores  

públicos  de  Santa  Catarina  corresponde  às  diretrizes  e  instrumentos  das  políticas  públicas  e  

aos  modelos  teóricos  identificados?  

f) Que   sugestões   de   melhoria   ao   processo   de   participação   na   gestão   de   risco   é   possível  

elaborar  a  partir  desse  estudo?  

 

3. OBJETIVOS  

3.1. Objetivo  geral  

Avaliar  relações  entre  modelos  teóricos,  aspectos  legais  e  visão  dos  gestores  públicos  de  Santa  

Catarina  no  que  se  refere  à  participação  púbica  na  gestão  de  risco  de  desastres  e  propor  sugestões  

de  melhoria.    

 

3.2. Objetivos  específicos  

a) Identificar   diretrizes   e   instrumentos   de   participação   definidos   por   políticas   públicas   e  

determinações  legais  correlatas  à  gestão  de  risco  às  quais  estão  submetidos  os  gestores  de  

defesa  civil  de  Santa  Catarina.  

b) Analisar   a   concepção   dos   gestores   públicos   de   defesa   civil   de   Santa   Catarina   sobre   a  

participação  no  contexto  da  gestão  de  risco  de  desastres.    

c) Caracterizar   instrumentos   de   participação   criados,   utilizados   e   mantidos   pelos   gestores  

públicos  de  Santa  Catarina  no  contexto  da  gestão  de  risco  de  desastres.    

d) Compreender   como   os   gestores   públicos   de   Santa   Catarina   avaliam   o   atual   cenário   da  

participação  para  a  gestão  de  risco  de  desastres  em  seus  municípios.      

e)  Comparar   o   cenário   identificado   pela   pesquisa   com   as   indicações   dadas   pelas   políticas  

públicas   nacionais   correlatas   ao   tema   e   com   modelos   de   participação   identificados   na  

literatura  científica.    

f)  Elaborar   sugestões   para  melhoria   dos   processos   participativos   no   contexto   da   gestão   de  

risco  de  desastres  e  do  planejamento  territorial  e  apresentá-­‐las  –   junto  aos  resultados  da  

pesquisa  –  como  devolutiva  aos  gestores  públicos  de  Santa  Catarina.    

 

4. JUSTIFICATIVA  E  MOTIVAÇÃO  

A  crescente  frequência  e  gravidade  das  ocorrências  de  desastres  ambientais,  e  consequentes  

danos   humanos   e   materiais,   tem   ampliado   seu   espaço   na   pauta   de   gestores   públicos,   mídia,  

academia   e   sociedade   em   geral.   Considera-­‐se   que   a   configuração   de   áreas   de   risco   deve-­‐se   aos  

processos   históricos   de   ocupação   e   urbanização   dos   territórios   sem   planejamento   adequado,  

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somando-­‐se  ao  fato  de  que  as  desigualdades  econômico-­‐sociais  e  de  acesso  à  informação  provocam  

a  exclusão  de  uma  parcela  da  população  dos  processos  decisórios,  o  que  deriva  em  desigualdade  de  

oportunidades   para  moradia   segura.   O   cenário   de   aumento   dos   impactos   causados   por   desastres  

constitui-­‐se,  como  uma  justificativa  suplementar  da  escolha  do  tema  dessa  pesquisa.      

A  literatura  técnica  e  científica  trabalha  a  redução,  e  de  maneira  mais  ampla,  a  gestão  de  risco  

de   desastres   a   partir   de   medidas   estruturais   (intervenções   físicas)   e   medidas   não   estruturais  

(associadas  a  processos  de  capacitação  e  percepção  de  risco).  Historicamente,  e  ainda  hoje,  a  ênfase  

das   ações  de  gestão  e   redução  de   risco  de  desastres  é  dada  às  medidas  estruturais,   que  em  geral  

envolvem   investimento   em   tecnologia   e   equipamentos,   remoção   de   famílias   de   áreas   de   risco,  

intervenções   e   obras   civis.   Contudo,   tais   medidas   demonstram   a   fragilidade   do   sistema   quando  

deixam  de  ser  pensadas  em  conjunto  com  as  populações  a  que  estão  destinadas  ou  quando  não  são  

acompanhadas  de  medidas  não  estruturais  que  prevejam  a  compreensão  e  apropriação  popular  das  

soluções  físicas  postas  em  prática.  A  noção  de  que  as  medidas  estruturais  não  se  sustentam  sem  que  

estejam   acompanhadas   de   um   processo   participativo   vem   da   percepção   proporcionada   por  

experiências  profissionais,  tornando-­‐se  também  uma  motivação  pessoal  de  compreender  os  entraves  

e  discutir  soluções.  Assim  se  justifica,  portanto,  a  proposta  de  pensar  a  gestão  de  risco  de  desastres  

sob   o   enfoque   do   fortalecimento   da   participação   pública   na   tomada   de   decisão.   Do   contrário,  

medidas   estruturais   de   prevenção   e   de  mitigação  de   desastres   permanecerão   esbarrando   e   tendo  

reduzida  eficácia  pela  falta  de  compreensão  da  população  vulnerável.  

O   tema   da   importância   da   participação   pública,   em   geral,   não   é   necessariamente   novo   nas  

pesquisas  científicas.  O  fortalecimento  da  participação  popular  está  presente  em  diversos  estudos  e  

aplicado  às  mais  diferentes  abordagens,  como  em  Arnstein  (1969)  e  Peruzzo  (1998),  trazendo  a  esta  

pesquisa  sólida  fundamentação  teórica.  No  âmbito  da  gestão  de  risco  de  desastres  pode-­‐se  citar,  por  

exemplo,   estudos   desenvolvidos   por   Lavell   e   Twigg.   Não   obstante   a   maior   parte   desses   estudos  

aborda  a  gestão  participativa  em  redução  de  risco  de  desastres  sob  o  ponto  de  vista  comunitário,  ou  

seja,  centrada  nas  comunidades  e  nos  cidadãos.  Abordá-­‐la  a  partir  da  perspectiva  do  gestor  público  é  

ainda  uma  demanda  a  ser  atendida,  com  o  objetivo  de  refletir  e  propor  diretrizes  para  a  gestão  de  

risco  conduzida  pelas  administrações  públicas.  Significa  dizer  que  é  preciso  conhecer  como  o  gestor  

público  pensa  e  age  para  então  propor  instrumentos  que  colaborem  para  a  melhoria  do  processo,  o  

que  justifica  o  enfoque  dado  ao  problema  e  às  questões  de  pesquisa.  

As   justificativas   conceituais   e   motivações   pessoais   e   profissionais   até   aqui   apresentadas  

consideram   experiências   de   campo   e   dados   fornecidos   pela   literatura   técnica   e   científica,   a  

configurar   um   olhar   para   trás.   Há   que   se   pensar   também   em   justificativas   que   contemplem  

perspectivas  sobre  o  que  está  por  vir,  ainda  que  em  um  futuro  próximo.  Iniciativas  como  o  início  da  

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discussão  para  um  Quadro  Pós  2015,  conduzida  pelas  Nações  Unidas  e  no  Brasil  liderada  pelo  Centro  

de  Excelência  em  Redução  de  Risco  de  Desastres  (CERRD),  merecem  suporte  de  estudos  e  pesquisas.  

Essa  discussão,  que  deve  se  estender  pelos  próximos  dois  anos  (2014  e  2015)  propõe  a  definição  de  

metas   a   partir   dos   resultados   obtidos   com   o   Quadro   de   Ação   de   Hyogo   2005-­‐2015:   aumento   da  

resiliência   das   nações   e   das   comunidades   frente   aos   desastres,   documento   compartilhado   pelos  

Estados   Membro   das   Nações   Unidas   como   compromisso   à   redução   de   risco   de   desastres.   Outro  

exemplo   de   olhar   futuro   está   na   legislação   brasileira,   cujas   recentes   reformulações   exigem   das  

gestões  públicas  planos  de  ação  para  atendimento  às  diretrizes  e  aos   requisitos   legais,   como  se  vê  

nos  mapeamentos  de   risco  que  o   governo   federal   deve  entregar   a  821  municípios  definidos   como  

prioritários  até  o  final  de  2014,  na  instalação  de  pluviômetros  em  comunidades  de  áreas  de  risco,  na  

produção  de  cartas  geotécnicas  de  aptidão  ou  mesmo  com  a  edição  da  2ª  Conferência  Nacional  de  

Proteção  e  Defesa  Civil   (2   CNPDC),   processo  que  decorre  durante  o   ano  de  2014.  A   2  CNPDC   tem  

exatamente   como   foco   a   mudança   de   paradigmas,   a   mudança   cultural:   da   resposta   para   a  

prevenção,   do   assistencialismo   técnico   para   a   participação.   Em   Santa   Catarina   também   são  

planejadas  ações  de  gestão  de  risco  de  desastres,  dentro  do  programa  Pacto  por  Santa  Catarina,  a  

exemplo   da   instalação   do   Sistema   de   Alerta   do   Estado.   A   todas   as   iniciativas   aqui   exemplificadas,  

como  a  inúmeras  outras,  convém  apoio  de  pesquisas  científicas  sobre  participação.    

Como   se   vê,   temos   vivido   e   viveremos   nos   próximos   anos   um   efervescente   movimento  

relacionado  à  gestão  de  risco  de  desastres,  em  que  as  administrações  e  políticas  públicas  têm  papel  

fundamental.  Torná-­‐las  mais  próximas  à  população,  pensadas  de   forma  participativa  e   respaldadas  

pela   ciência   é,   em   síntese,   o   que   justifica   esta   pesquisa   que   entre   os   objetivos   destaca-­‐se   o   de  

contribuir  aos  gestores  públicos  com  sugestões  de  melhoria  aos  processos  participativos  em  gestão  

de  risco  de  desastres.    

 

5. REVISÃO  TEÓRICA  TEMÁTICA    

A   revisão   teórica   temática   deste   projeto   objetiva   realizar   de   maneira   preliminar   um  

enquadramento   teórico   e   empírico   de   pesquisa,   o   qual   deverá   ser   aprofundado   durante   todo   o  

período  de  investigação  até  a  produção  da  versão  final  da  dissertação.  Uma  iniciação  à  temática  foi  

realizada   no   item   2,   e   seu   detalhamento   segue   a   estrutura   esquematizada   na   figura   1,   que   ainda  

poderá  sofrer  alterações  a  partir  das   leituras  e  estudos  a  serem  realizados.  A  figura  também  ilustra  

que   a   interseção   dos   três   eixos   temáticos   dá   sustentação   ao   problema   e,   por   conseguinte,   às  

questões  de  pesquisa.    

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 Figura  1  –  Esquema  de  articulação  de  eixos  temáticos  para  a  revisão  teórica  temática.  

 

Neste  contexto,  o  desenvolvimento  da  revisão  teórica  temática  foi  organizado  de  modo  a  que  

a   passagem   de   um   eixo   ao   outro   demonstre   suas   possibilidades   de   interseção.   Para   reforçar   essa  

ideia  a  última  parte  retoma  os  principais  pontos  de  articulação  necessária.    

 

5.1. Sociedade  de  Risco  e  Gestão  de  Risco  de  Desastres  

Ulrich  Beck,  sociólogo  alemão  que  trabalha  os  conceitos  da  Sociedade  de  Risco,  contextualiza  a  

produção  de  risco  no  âmbito  do  estágio  mais  avançado  de  desenvolvimento  das  forças  produtivas,  o  

que   diretamente   se   associa   com   a   comercialização   do   risco.   “A   sociedade   industrial   (...)   na  

potenciação   e   na   canibalização   econômica   dos   riscos,   acaba   por   sistematicamente   produzir   as  

ameaças   que   a   afligem   e   por   colocar-­‐se   a   si   mesma   em   questão”   (BECK,   2013).   Não   há,   assim,  

separação  completa  entre  os  que  produzem  os   riscos  e  os  afetados,  como  também  não  há,  para  o  

risco,   limites   político-­‐geográficos   precisos.   É   ao   mesmo   tempo   culpa   e   solução.   Percebendo-­‐se  

produtor   dos   riscos   que   enfrenta,   o   homem   deixa   de   atribuir   responsabilidade   a   deuses   ou   à  

natureza,  e  coloca-­‐se  no  centro  do  processo  decisório.  Mas  como  isso  poderá  ocorrer?  Adentrando  

mais  na  problemáticas  que  rodeiam  a  questão  da  participação  Beck  analisa  a  dicotomia  criada  entre  

a   ciência   que   “estipula   riscos”   e   a   população   que   “percebe   riscos”,   racionalidade   científica   e  

irracionalidade  cidadã  como  isso  pode  prejudicar  e  subalternizar  a  real  participação  cidadã....  

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Asserções  obre   riscos   envolvem,   em   suas   concepções   axiológicas   e   culturais   implícitas  sobre  uma  vida  digna  a  ser  vivida,  um  pouco  de  participação,  contra  a  qual  a  percepção  científico-­‐tecnológica  do  risco  (...)  pode  bem  querer  se  defender  por  meio  da  reversão  da  suposição  de  irracionalidade.  (BECK,  2013,p.70)  

Mas  como  se  poderá  proceder  a  uma   reversão  que  coloque  o  cidadão  e  as   comunidades  no  

centro  dos  processo  decisórios   e  de   atuação  em  gestão  de   risco  de  desastres?  Uma  das  principais  

dificuldades   na   gestão   de   risco   no   Brasil   é   hoje   –   como   em   grande   parte   das   problemáticas   de  

planejamento   territorial   –   a   sua   organização  dependente   das   estruturas   político   administrativas,   o  

que   gera   a   cada   quatro   ou   mesmo   dois   anos,   se   não   um   recomeço,   uma   nova   perspectiva   de  

atuação.  Essa  ausência  de  continuidade  nas  ações  de  gestão  de  risco  vem,  há  tempos,  fragilizando  o  

sistema  de  defesa  civil  em  nosso  país.  Para  se  traçar  um  breve  panorama  nacional  da  gestão  de  risco,  

toma-­‐se   como   base   pesquisa   realizada   pelo   IBGE   sobre   o   Perfil   dos   Municípios   Brasileiros.   Na  

publicação,  registra-­‐se:    

A  MUNIC   investigou,   pela   primeira   vez   em  2011,   a   existência,   nas   prefeituras,   de   algum  plano  municipal  de  redução  de  riscos,  bem  como  a  existência  de  programas  ou  ações  de  gerenciamento  de  riscos  de  deslizamento  e  recuperação  ambiental  de  caráter  preventivo.  Constatou-­‐se  que  um  número  muito   reduzido   de  municípios   tem  este   tipo   de   plano:   apenas   6,2%,   ainda   que  outros  10,1%  o  estejam  elaborando.  (...)  

A  preocupação  com  este  assunto  é  bem  mais  típica  dos  municípios  mais  populosos:  entre  os  que  têm  mais   de   500   000   habitantes,  mais   da  metade   já   tem  plano   de   redução   de   riscos   e   outros  21,1%  estão  no  processo  de  sua  elaboração.  No  entanto,  uma  proporção  um  pouco  mais  elevada  de  municípios  declara   realizar  algum  tipo  de  programa  ou  ação  de  gerenciamento  de   riscos  de  deslizamento  e  recuperação  ambiental  de  caráter  preventivo:  32,6%.  (...)  

Entre  as  ações  praticadas  por  este  conjunto  de  1812  municípios  (32,6%  do  total  Brasil),  as  mais  importantes   são   drenagem   urbana   e   construção   de   redes   e   galerias   de   águas   pluviais,   ambas  efetuadas  por  mais  de  60,0%  desses  municípios.  (IBGE,  2012,  p.78  a  80).  

Ainda   que   inédita   e   extremamente   importante,   a   pesquisa   do   IBGE   ainda   não   satisfaz   a  

necessidade   de   informação   sobre   as   medidas   não   estruturais   de   prevenção   a   desastres.   Quando  

busca   conhecer   que   ações   ou   programas   para   gerenciamento   de   riscos   de   deslizamentos   e  

recuperação   ambiental   estão   sendo   conduzidos   pelos   municípios   o   enfoque   é   exclusivamente   às  

ações  estruturais.  Ora,  muito  do   sucesso  da  gestão  de   risco  está  nas  medidas  não  estruturais,  que  

incluem  a  capacitação  e  a  gestão  participativa.  O  pressuposto  é  que  ausência  desse  item  na  pesquisa  

não   é   apenas   um   recorte   metodológico,   mais   que   isso,   reflete   a   cultura   de   gestão   de   risco   que  

prioriza  e   investe  mais  nas  medidas  estruturais,  ao  passo  que  de  forma  ideal,  deveriam  ocorrer  em  

igual   ordem   de   importância.   Cultura   essa   que,   embora   com   particularidades,   em  muitos   aspectos  

replica-­‐se   ao   contexto   internacional   e   também   catarinense.   Tais   conteúdos   não   estão   aqui  

desenvolvidos,  mas  serão  abordados  em  maior  profundidade  até  a  finalização  da  dissertação.    

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Pensar  medidas  estruturais  e  não  estruturais  de  maneira  articulada,  é  também  pensá-­‐las  com  

enfoque   multidisciplinar   em   que   a   gestão   de   risco   integra   dentro   da   sociedade   suas   diversas  

representações   (públicas,   privadas   e   da   sociedade   civil)   e   particularmente   nos   órgãos   executivos,  

toda   a   variedade   de   instâncias   administrativas   e   secretarias.   É   pensá-­‐las,   portanto,   como   políticas  

públicas,  aspecto  aprofundado  na  sequência.    

 

5.2. Políticas  Públicas  

Autores  como  Frey  (2000)  e  Souza  (2006)  recorrem  ao  histórico  conceitual  de  políticas  públicas  

para  desenvolver  suas  produções  relatando  a  origem  relativamente  recente  (poucas  décadas)  e,  na  

maioria   das   vezes,   concentração   linguística   (língua   inglesa).   Daí   já   decorre   um   importante  

esclarecimento   feito   por   Frey   como   processo   de   compreensão   de   termos   em   tradução   para   o  

português.   Polity,   politics   e   policy   são   trabalhados   como   dimensões   que   a   ciência   política  

convenciona  respectivamente  como  instituições  políticas,  processos  políticos  e  conteúdos  da  política,  

todos  associados  às  políticas  públicas.      

Teixeira  (2002),  por  sua  vez,  apresenta  as  políticas  públicas  como  formas  de  exercício  do  poder  

político   e   relacionadas   a   leis,   programas   e   linhas   de   financiamento.   O   autor   cita   tipificações   de  

políticas  públicas  a  partir  dos  critérios  de  grau  de  intervenção,  abrangência  dos  benefícios  e  impactos  

nos  beneficiários  e  nas  relações  sociais.  A  tabela  1  resume  esses  modelos,  acompanhados  de  breves  

definições:  

 

Quanto  à  natureza  ou  grau  da  intervenção  

Quanto  à  abrangência  dos  possíveis  benefícios  

Quanto  aos  impactos  aos  beneficiários,  ou  papel  nas  

relações  sociais  Estrutural  (interferem  em  relações  como  renda,  emprego,  propriedade,  etc.)  

Universais  (para  todos  os  cidadãos)  

Distributivas  (benefícios  individuais)  

Conjuntural  ou  emergencial  (atendem  situação  temporária  ou  imediata)  

Segmentais  (para  um  segmento  da  população)  

Redistributivas  (redistribuição  de  recursos  entre  os  grupos  sociais)  

  Fragmentadas  (destinadas  a  grupos  sociais  dentro  de  cada  segmento)  

Regulatória  (definem  regras  e  procedimentos  que  regulem  comportamento  dos  atores  para  atender  interesses  gerais  da  sociedade)    

Tabela  1  –  Modalidade  de  Políticas  Públicas.  Adaptado.  (TEIXEIRA,  2002,  p.3).  

 

Na  complexidade  conceitual  das  políticas  públicas,  ainda  a  ser  explorada  em  profundidade  até  

a  elaboração  da  dissertação,  emerge  o  papel  do  gestor  público  como  poder  executivo  no  âmbito  dos  

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municípios.   A   compreensão,   portanto,   dos   aspectos   que   influenciam   a   atuação   municipal   e  

operacionalização   local   das   políticas   públicas   deverá   ter   espaço   de   destaque   na   revisão   teórica  

temática   final.   Assim   será   possível   estabelecer   um   referencial   teórico   consistente   que   direcione   a  

análise  dos  dados  recolhidos  pelos   instrumentos  de  pesquisa,  com  foco  no  problema  e  questões   já  

definidos.    

No  que  tange  a  correlação  entre  políticas  públicas  e  gestão  de  risco,  há  que  se  considerar  que  

as   primeiras   ultrapassam   o   limite   da   defesa   civil,   vinculando-­‐se   também   às   políticas   públicas   que  

tratam  de  habitação,  recursos  hídricos,  cidades,  educação,  etc.  É  a  importância  de  trabalhar  o  tema  

de  forma  articulada  e  multidisciplinar  para  ampliar  seu  alcance  e  possibilidade  de  sucesso.  Um  rápido  

levantamento  dos  marcos  legais  e  programas  federais  correlatos  a  gestão  de  risco,  inclui:  

a) Lei  nº  12.608,  de  10  de  abril  de  2012  –  estabelece  a  nova  Política  Nacional  de  Proteção  e  

defesa  Civil,  e  altera,  em  diversos  itens,  as   leis  que  tratam  da  política  urbana,  em  especial  

na   ordenação,   controle   do  uso   e   parcelamento  do   solo,   bem   como  o   conteúdo  do  plano  

diretor  para  gerenciamento  de  riscos.  (Lei  10.257/01  –  diretrizes  gerais  da  política  urbana  e  

Lei  6.766/79  –  parcelamento  do  solo  urbano).  

b) Lei  nº  9.433,  de  8  de  janeiro  de  1997  –  Política  Nacional  de  Recursos  Hídricos.  

c) Lei  9.394/96  –  diretrizes  e  bases  da  educação  nacional  que  inclui  a  obrigatoriedade  do  tema  

de  redução  de  riscos  nos  currículos  escolares  dentro  da  educação  ambiental.    

d) Lei  12.340/10  –  define  os  critérios  para  o  repasse  de  recursos  da  União  para  a  execução  de  

ações  de  resposta  e  recuperação  nas  áreas  atingidas  por  desastre.    

e) Plano   Municipal   de   Redução   de   Riscos   (Ministério   das   Cidades):   instrumento   de  

planejamento   que   fornece   recursos   técnicos   e   financeiros   aos   municípios   com   vistas   à  

redução  de  riscos  de  desastres.  Os  Planos  Municipais  de  Redução  de  Risco  (PMRR)  devem  

contemplar  minimamente  um  diagnóstico  das  áreas  de  risco;  a  proposição  de  intervenções  

estruturais;   a   identificação   de   recursos   necessários;   a   definição   de   prioridades;   e   a  

realização  de  audiência  pública  para  validação  do  plano  (Guimarães  et  al,  2012:301).    

f) Plano  de  Formação  Continuada  em  Defesa  Civil   (Ministério  da   Integração  Nacional):  entre  

os   seis   módulos   de   capacitação   com   o   objetivo   de   capacitar   as   administrações   públicas  

municipais  para  a  gestão  integrada  de  riscos.  

g) Projeto  Mapeamento   de   Riscos   (Ministério   da   Integração  Nacional):   prevê   concluir   até   o  

final  de  2014  o  mapeamento  de  riscos  de  821  municípios  prioritários  

h) Projeto   Pluviômetros   nas   Comunidades   (Ministério   da   Ciência,   Tecnologia   e   Inovação):  

prevê   a   distribuição   de   pluviômetros   semiautomáticos   (equipamento   que   mede   a  

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quantidade  de  chuva)  para  serem  instalados  em  áreas  de  risco  e  operados  por  equipes  da  

comunidade  local.    

i) Cartas  geotécnicas  de  aptidão  (Ministério  das  Cidades)   -­‐  estabelece  diretrizes  para  que  os  

novos  loteamentos  sejam  construídos,  definindo  as  áreas  que  não  devem  ser  ocupadas,  as  

áreas   em   que   a   ocupação   deve   seguir   cuidados   especiais   e   as   áreas   sem   restrição   à  

ocupação   urbana,   para   106   municípios   com   histórico   de   grandes   desastres   naturais   e  

elevadas  taxas  de  crescimento  populacional,  localizados  em  12  Estados  da  Federação.  

Um   estudo   sobre   políticas   públicas   e   sistemas   de   gestão   foi   desenvolvido   também,   como  

dissertação  de  mestrado,  por  Vendruscolo  (2007).  O  trabalho  propunha  sistematizar  interfaces  entre  

a   Política   Nacional   de   Recursos   Hídricos   e   a   então   Política   Nacional   de   Defesa   Civil.   A   tabela   2  

sintetiza  as  interfaces  entre  os  órgãos  de  gestão  de  cada  uma  das  políticas,  a  mostrar,  por  exemplo,  

que  os  Núcleos  Comunitários  de  Defesa  Civil  (NUDECs),  devem  articular-­‐se  aos  comitês  de  bacias  e  às  

agências  de  águas.  

 Tabela  2  –  Sistematização  das  interfaces  entre  a  PNRH  e  PNDC.  (VENDRUSCOLO,  2007,  p.78)  

 

O   trabalho   de   sistematização   de   interfaces   realizado   por   Vendruscolo   (2007)   é   uma   entre  

tantas  possibilidades  de   cruzamento  de  políticas  públicas  e  gestão  de   risco,  que  na   revisão   teórica  

temática   deverá   focar   com   mais   atenção   os   aspectos   convergentes   à   participação,   tema  

desenvolvido  a  seguir.    

 

5.3. Participação  Pública  

Por   muito   que   se   discuta   o   conceito   de   democracia,   e   dentro   dele   os   relacionados   a  

representação,   liberdade   e   participação,   a   Constituição   da   República   Federativa   do   Brasil   de   1988  

define   o   país   como   Estado   democrático   de   direito   e   instala   o   controle   social,   via   participação.  

Participação   esta   que   se   dá   mais   frequentemente   por   meio   de   conselhos   e   comitês   gestores   de  

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políticas  públicas,  e  que  ainda  será  abordada  com  mais  cuidado  e  delonga  nas  próximas  versões  da  

revisão  teórico  temática.    

Para  além  de  sua  aplicação  prática,  a  participação  deve  ser  trabalhada  também  como  conceito,  

cuja   complexidade  é  discutida  por  diversos  autores.  Um  modelo  bastante   ilustrativo  do   tema  e  da  

facilidade  em  confundir  processos  de  consulta  com  processos  de  participação,  por  exemplo,  está  na  

‘escada  de  participação  cidadã’  elaborada  por  Arnstein  no  final  da  década  de  1960.  A  autora  propõe  

uma  tipologia  de  oito  níveis  de  participação  para  “auxiliar  a  análise  deste  assunto  confuso”,  que  vai  

da  manipulação  ao  controle  cidadão.  Os   termos  são  apresentados  na   tabela  3  em   inglês,  para  não  

perder  o  sentido  original,  e  traduzidos  ou  descritos  em  português.    

 

 

Nonparticipation  (Não  participação)  

1-­‐Manipulation    (manipulação)  

2-­‐Therapy    (terapia)  

3-­‐Informing    (informação)  

Tokenism  (pseudoparticipação)  Fato  de  fazer  algo  apenas  para  mostrar  que  está  seguindo  regras  ou  fazer  o  que  é  esperado  ou  considerado  justo,  e  não  porque  realmente  acredita  que  é  a  coisa  certa  a  se  fazer2.  

4-­‐Consultation  (consulta)  

5-­‐Placation    (pacificação)  

     

Citizen  Control    (controle  cidadão)  

6-­‐Partnership    (parceria)  

7-­‐Delegated  Power    (delegação  de  poder)  

8-­‐Citizen  Control    (controle  cidadão)  

Tabela  3  –  Escada  da  participação  cidadã.  Adaptado.  (ARNSTEIN,  1969,  p.2).  

 

Freitas  (2012)  assinala  que  se,  por  um  lado,  a  teorização  de  Arnstein  (2002)  é  extensivamente  

citada  e  serviu  de  base  a  classificações  avançadas  por  outros  autores,  por  outro  lado,  tem  sido  alvo  

de   críticas,   nomeadamente,   por   seu   caráter   hierárquico   e   por   defender   que   a   participação  

subentende  a  partilha  de  poder.  

Alguns   autores   trabalham   a   participação   popular   associada   à   mobilização   social.   Henriques  

(2004),  por  exemplo,  desenvolveu  uma  escala  de  vínculos  até  a  corresponsabilidade  conforme  ilustra  

a  figura  2,  abaixo.  Para  o  autor,  o  cidadão  corresponsável  é  aquele  capaz  de  identificar  problemáticas  

e  buscar  soluções  ao  perceber-­‐se  como  parte  integrante  do  processo  de  construção  social.    

2  Consulta  feita  em  dicionário  online.  Texto  original  em  inglês:  the  fact  of  doing  something  only  to  show  that  you  are  following  rules  or  doing  what  is  expected  or  seen  to  be  fair,  and  not  because  you  really  believe  it  is  the  right  thing  to  do.  Acesso  em  29.08.2013.  Disponível  em:  http://dictionary.cambridge.org/us/dictionary/business-­‐english/tokenism?q=tokenism

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 Figura  2  -­‐  Escala  de  vínculos  até  a  corresponsabilidade.  (HENRIQUES,  2004,  p.37).  

 

Nessa   escala,   a   corresponsabilidade   é   entendida   como   conhecimento   transformado   em  

comportamento,  que  passa  por  seis  estágios  anteriores.    Para  além  da  corresponsabilidade,  o  vínculo  

passa  a  ser  institucional  e,  portanto,  deixa  de  caracterizar-­‐se  como  participação  civil  ou  comunitária.  

Contudo  o  desafio  à  participação  está  no  alerta  que  faz  Peruzzo  (1998,  p.74),  ao  afirmar  que  “nossas  

tradições  e  nossos  costumes  apontam  mais  para  o  autoritarismo  e  a  delegação  de  poder  do  que  para  

assumir  o  controle  e  a  corresponsabilidade  na  solução  de  problemas”.  Freitas  (2012  e  2103)  ,  por  seu  

turno,  cita  como  principais   fatores  determinantes  da  qualidade  do  processo  participativo:  a  sincera  

ou   não   “intencionalidade   de   partilha   de   poder”,   a   existência   ou   ausência   de   “planejamento  

participativo”,   o   grau   de   “continuidade”,   o   “tempo   suficiente”,   a   quantidade   e   qualidade   dos  

“recursos”,  o  tipo  mais  ou  menos  participativo  das  “metodologias”,  a  existência  ou  não  de  um  “plano  

de  comunicação”,  questões  relacionadas  com  os  tipos  de  linguagens,  a  natureza  “independente”  ou  

não  da  estrutura  de  participação  e  a  realização  ou  não  de  “avaliação  dos  resultados  da  participação”.  

Em  uma  medida  bastante  ampla,  pressupõe-­‐se  que  também  esta  é  a  realidade  quando  se  fala  

em  gestão  participativa  na  gestão  de  risco  de  desastres.  De  alguma  forma,  a  cultura  do  vilão  (gestão  

pública)   e   do   mocinho   (população   afetada),   amplia   no   inconsciente   coletivo   da   população   a   sua  

passividade,  ao  invés  de  despertar  sua  corresponsabilidade.  Retomamos  Ulrich  Beck  quando  reforça  

a  necessidade  do  cidadão  em  perceber-­‐se  no  controle  da  Sociedade  de  Riscos.    

Twigg  (2001)  avança  no  estudo  da  participação  para  gestão  de  risco  quando  discorre  que  sua  

abordagem  pode  dividir-­‐se  em  duas  categorias:    

a) Participação  guiada  ou  participação  instrumental.  

b) Participação  centrada  nas  pessoas  ou  participação  transformativa.    

Para   ele,   a   participação   efetiva   enquadra-­‐se   no   segundo   modelo   e   deve   empoderar   os  

indivíduos  e  comunidades  envolvendo-­‐os  na  definição  de  problemas  e  necessidades;  na  decisão  das  

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soluções   para   si   próprios;   na   implantação   de   atividades   acordadas   para   alcançar   soluções;   e   na  

avaliação  e  mensuração  de   resultados.  O  autor  alerta,  porém,  para  o  cuidado  que  devemos   ter  ao  

conduzir   projetos   participativos,   a   garantir   respeito   às   peculiaridades   de   cada   contexto   e   sempre  

garantir  a  consideração  de  aspectos  locais,  sem  que  haja  um  padrão  rígido  de  atuação.    

There   can   be   no   doubt   that   programmes   based   on   genuine   community   participation   can   be  highly  effective.    Yet  participation   is  no  quick-­‐fix  solution.   Its  broad  principles  may  be  relatively  clear,   but   it   is   not   a   rigid   ideology   and   it   encompasses   a   variety   of   ideals   and   attitudes.  Participatory  methods  are  not  only  numerous  but  diverse   in   type,  and  require  careful  selection  according  to  context.  The  practice  of  participation  is  complex  and  full  of  challenges.  The  skills  –  and   especially   the   attitudes   –   it   requires   from   its   practitioners   are   not   easily   acquired.   The  flexibility  and  openness  to  change  that  are  innate  to  good  participation  mean  that  the  approach  does  not  fit  comfortably  within  operational  agencies’  more  rigid  timetables  and  programmes.  (...)  Many  organizations  have  called  their  work  ‘participatory’  but  have  not  changed  the  substance  of  their  approach.  (TWIGG,  2001,  p.5).  

A   partir   das   considerações   de   Twigg   e   ponderadas   dentro   da   proposta   de   Arnstein,   é   de   se  

pensar  alternativas  de  efetiva  participação,  que  ultrapassem  espaços  pontuais  e   formalizados,  para  

configurar  um  processo  continuado,  em  espaços  alternativos  e  como  cotidiano  dos  indivíduos.  Para  

explorar  essa  perspectiva  planeja-­‐se  buscar  exemplos  e  boas  práticas  de  participação  até  a  conclusão  

da  revisão  teórica  temática.    

5.4. Articulação   de   eixos   temáticos:   políticas   públicas   e   participação   para   a   gestão   de   risco   de  

desastres  

Ao   discutir   a   participação   para   a   gestão   de   riscos   Lavell   (2003   e   2008)   faz   importantes  

distinções  conceituais  entre  Gestão  Local  de  Risco  e  Gestão  de  Risco  Local.  Para  o  autor,  referência  

na  América  Latina,  a  expressão  Gestão  Local  de  Risco,  ou  ‘de  base  comunitária’  refere-­‐se  a  processos  

e  projetos  que  sejam  inspirados,  controlados,  apropriados  e  sustentados  por  atores  e  organizações  

locais  ou  comunitários,  com  ou  sem  o  apoio  de  agentes  externos.  De  outro   lado  a  Gestão  do  Risco  

Local   refere-­‐se   a   estratégias,   esquemas   e   instrumentos   aplicados   nas   comunidades   onde   agentes  

externos   promovem   e   controlam   o   processo,   mesmo   que   haja   envolvimento   popular   e   suas  

propostas   sejam   de   alguma   forma   alcançadas.   Trata-­‐se   de   compreender   que   as   pessoas   a   quem  

estão  destinadas  as  soluções  devem  constituir-­‐se  no  centro  dos  processos  decisórios.    

La   participación   y   la   apropiación   son,   por     sí   mismas,   factores   clave   en   la   búsqueda   de  sostenibilidad   de   los   procesos   de   gestión.   La   gestión   local   no   se   encuentra   plasmada   en   un  proyecto   con   un   producto   concreto,   sino   en   la   continua   aplicación   de   principios   y   acciones   de  gestión,   y   en   la   sostenibilidad   de   procesos.   La   sostenibilidad   significa   el   paso   de   un   proyecto  concreto   a   un   proceso   continuo,   impulsado   por   los   actores   locales   a   través   de   estructuras  organizacionales  e  institucionales  propias,  enlistando  y  concertando  el  apoyo  de  otras  múltiples  instancias   organizacionales   locales,   regionales,   nacionales   o   internacionales   en   función,  óptimamente,  de  una  visión  y  estrategia  concertada  de  reducción  y  control  del  riesgo  en  el  marco  del  desarrollo,  en  el  nivel  local.  (LAVELL,  2003,  p.  44).  

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Os  conceitos  de  Lavell  auxiliam  o  processo  de  análise  sobre  como  ocorreu,  e  vem  ocorrendo,  o  

desenvolvimento  das  políticas  públicas  de  gestão  de  risco  de  desastres  e  sua  base  participativa.  Na  

verdade,  é  preciso  considerar  que,  historicamente,  a  gestão  de  risco  no  Brasil  sempre  esteve  balizada  

em   função   de   grandes   ocorrências   de   desastres.   Sua   organização   legal,   por   exemplo,   por   muito  

tempo  concentrada  no  poder  executivo,  refletia  na  publicação  de  Decretos  e  Medidas  Provisórias  as  

respostas  do  governo   federal   aos   impactos  dos  desastres,   sem  que  houvesse   registros  de  medidas  

preventivas.  Da  mesma  forma,  a  participação  da  sociedade  civil  na  construção  de  políticas  públicas  

relacionadas  ao  tema  foi  sempre  bastante  tímida,  sem  a  adequada  abertura  de  espaços  para  tanto.    

A   abertura   à   participação,   a   ser   discutida  pelo  olhar   de  Arnstein   e  outros   autores   com  mais  

aprofundamento,  começa  a  ser  percebida  em  diversos  discursos,  e  em  algumas   iniciativas  práticas,  

mais   especialmente   pela   organização   da   1ª   e   2ª   Conferência   Nacional   de   Defesa   Civil;   ou   com   a  

recente  publicação  da  Lei  12.608,  de  abril  de  2012.  Como  os  gestores  públicos  municipais  lidam  com  

essa  nova   realidade,  apropriando-­‐se  das  demandas   sociais  e  políticas  a  que  estão   submetidos   será  

conteúdo   para   o   decorrer   na   revisão   teórica   temática   em   que   inúmeras   importantes   discussões   e  

fatos  merecem  detalhamento.    

 

 

6. ASPECTOS  METODOLÓGICOS  

6.1. Tipo  de  pesquisa  

Por   estar   estruturada   em   três   partes   distintas   com   propósitos   e   métodos   específicos,   esta  

pesquisa   qualifica-­‐se   como   de   métodos   mistos,   a   trabalhar   desenhos   de   pesquisa   qualitativos  

(análise   documental   e   pesquisa   interativa   com   entrevistas   de   profundidade)   e   quantitativos  

(sondagem/survey   com   aplicação   de   questionários).   As   opções  metodológicas   foram   feitas   em  

função:  a)  do   interesse  em  obter  dados  quantitativos   (survey)  que  possibilitem  uma  caracterização  

mais   exata   e   abrangente   do   Estado   de   Santa   Catarina;   b)   ao   mesmo   tempo   que   se   pretende  

compreender  com  mais  profundidade  o  sentido  mais  profundo  dos  dados  obtidos,  ao  que  se  chega  

pela  aplicação  (entrevista  de  profundidade).  De  maneira  sequencial,  uma  fase  dá  origem  à  seguinte  

permitindo  ao  final  uma  triangulação  de  dados.      

Autores   como   Creswell   e   Clark   (2013),   Creswell   (2010)   e   Campos   Arenas   (2009)   fazem   um  

histórico   da   pesquisa   de   métodos   mistos,   reunindo   definições   e   discussões   de   diversos   outros  

autores,  que  de   forma  geral  acordam  que  a  pesquisa  de  métodos  mistos  –  para  além  de   reunir  os  

pontos   fortes   dos  métodos   qualitativo   e   quantitativo   –   cria   um  novo   domínio   teórico   para   coleta,  

processamento  e  análise  de  dados.  Trata-­‐se  de  trabalhar  a  multiplicidade  de  pontos  de  vista,  ou  nas  

palavras  de  Greene,  citadas  por  Creswell  e  Clark  (2013),  é  um  método  que  

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“(...)   nos   convida   a   participar   do   diálogo   sobre   múltiplas   maneiras   de   ver   e   ouvir,  múltiplas  maneiras  de  extrair  sentido  do  mundo  social  e  múltiplos  pontos  de  vista  sobre  o  que  é   importante   e   deve   ser   valorizado  e   apreciado”.   (CRESWELL   E   CLARK,   2013,   p.  22).  

Nesta  pesquisa  a  proposta  é,  portanto,  responder  questões  quantitativas  (quanto?  Com  rigor  e  

exatidão)   e   qualitativas   (qual?   Onde   mundo,   realidade   e   vida   têm   sentido   mais   profundo).   O  

processo  da  pesquisa  –  que  integra  a  construção  de  seus  instrumentos,  coleta,  análise  e  triangulação  

de  dados   –   utiliza   como   referência   o  modelo  de  projeto   sequencial   explanatório,   apresentado  por  

Creswell   e   Clark   (2013)   e   sobre   o   qual   é   proposta   uma   adaptação.   Conceitualmente   um   projeto  

sequencial  explanatório  define-­‐se  pela  necessidade  de  entender  melhor  os  dados  coletados  em  uma  

primeira  fase  (quantitativa)  para  o  quê  se  organiza  um  segundo  momento  (qualitativo).  Trabalha-­‐se  

com   uma   adaptação   desse   modelo,   pois   aqui   é   acrescida   uma   fase   anterior   à   coleta   de   dados  

quantitativos,   qual   seja   a   de   análise   documental   para   elaboração   do   instrumento   de   pesquisa  

trabalhado  em  forma  de  questionário  e  elaboração  de  um  quadro  de  análise.    

As   fases,   procedimentos   e   produtos   desta   pesquisa   estão   sintetizados   na   figura   3,   e   seu  

detalhamento  apresenta-­‐se  no  item  6.2  que  a  segue.  

 

 Figura  3  –  Adaptação  do  diagrama  de  projeto  sequencial  explanatório  de  Creswell  e  Clark,  2013.  

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6.2. Coleta  e  análise  de  dados,  população  e  amostra  

A  primeira  fase  da  pesquisa  (Qualitativa  1),  justifica-­‐se  pela  necessidade  de  criar  um  referencial  

sobre  diretrizes  de  participação  oriundas  das  principais  políticas  públicas  e  aspectos  legais  correlatos  

à  gestão  de  risco  de  desastres  e  a  que  os  gestores  de  Santa  Catarina  estão  submetidos.  Trata-­‐se  da  

base   para   estabelecer   os   critérios   de   comparação   entre   aspectos   legais   e   prática   dos   gestores  

públicos,  produto  inexistente  na  literatura  e  indispensável  à  elaboração  dos  questionários  e  à  análise  

de   dados.   Assim,   ao   levantar   tais   diretrizes   será   possível   criar   um   questionário   que   avalie   sua  

execução   e   entendimento   a   partir   do   conhecimento,   experiência   e   atuação   dos   gestores   públicos  

pesquisados,   constituindo-­‐se   esta,   na   segunda   fase   (Quantitativa).   Por   fim,   a   terceira   fase  

(Qualitativa  2)  tem  o  objetivo  de  refinar  pontos  relevantes  identificados  na  análise  dos  dados  obtidos  

com  a  aplicação  dos  questionários,  e  aprofundar  o  tema  com  um  grupo  menor  de  pesquisados  por  

meio  de  entrevistas.  

Os  quadros  seguintes  descrevem  as  características  de  coleta  e  análise  de  dados,  população  e  

amostra  das  três  fases  da  pesquisa,  que  se  encerra  com  a  análise  final  por  meio  da  triangulação  de  

dados.    

Fase  Qualitativa  1  

Coleta  de  Dados     ü Desenho  de  pesquisa:  não  interativa  ü Técnica  de  coleta  de  dados:  análise  documental    ü Instrumento:  consulta  de  documentos  online  e  quadro  de  observação  

População  e  Amostra   ü Leis  e  programas  correlatos  à  gestão  de  risco  de  desastres  ü Não  probabilística    ü Seleção  por  palavras  chave.    

Análise  de  Dados   ü Análise  dos  conteúdos  sobre  participação  ü Sistematização  dos  conteúdos  aplicáveis  em  âmbito  municipal  ü Elaboração  das  questões  ü Elaboração  de  quadro  de  análise  Quadro  1  –  Características  da  Fase  Qualitativa  1.  

Fase  Quantitativa  

Coleta  de  Dados     ü Desenho  de  pesquisa:  sondagem  (survey)    ü Técnica  de  coleta  de  dados:  Questionário  

§ Composição  curta    § Escolha  múltipla    

ü Instrumento:  formulário  pessoal  ou  online  (convite  por  e-­‐mail,  termo  de  autorização,  prazo  de  resposta  e  controle  por  contato  telefônico).  

População  e  Amostra   ü População  composta  por  três  extratos:    § 295  coordenadores  municipais  § 13  coordenadores  regionais  § 3  diretores  estaduais  de  defesa  civil  em  Santa  Catarina.  

ü Amostra  convidada  coincide  com  a  população    

Análise  de  Dados   ü Composição  curta:  categorização  emergente  e  tabulação    

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ü Escolha  múltipla:  tabulação    ü Análise  estatística,  descritiva  e  eventualmente  referencial.  ü Comparação  com  quadro  de  análise  (modelos,  leis  e  políticas  

Qualitativa  1)  ü Elaboração  de  roteiro  (protocolo)  de  entrevista  Quadro  2  –  Características  da  Fase  Quantitativa.  

Fase  Qualitativa  2  

Coleta  de  Dados     ü Desenho  de  pesquisa:  interativa  ü Técnica  de  coleta  de  dados:  entrevista  em  profundidade  ü Instrumento:  roteiro  de  entrevista  semiestruturada  (encontros  

presenciais,  termo  de  autorização,  gravação  e  transcrição).  

População  e  Amostra   ü Não  probabilística    ü População  composta  por  todos  os  questionários  respondentes  ü Amostra  selecionada  por  relevância  de  conteúdo  (10  entrevistas)  

Análise  de  Dados   ü Leitura  das  transcrições  e  categorização  emergente    ü Comparação  com  quadro  de  análise  (modelos,  leis  e  políticas  

Qualitativa  1)  Quadro  3  –  Características  da  Fase  Qualitativa  2.  

 

Análise  Final  

Triangulação     ü Deduções  e  inferências  ü Consulta  de  documentos  online  

Conclusões  finais  e  sugestões   ü Responder  às  questões  de  pesquisa  ü Formular  sugestões  ü Produzir  material  de  devolutiva  

Quadro  4  –  Características  da  Análise  Final.  

 

6.3. Validação  

O  processo  de  validação  garante  especialmente  dois  aspectos  de  confiabilidade  à  pesquisa.  O  

primeiro  deles  é  o  respeito  aos  pesquisados,  de  maneira  que  não  haja  qualquer  tipo  de  violação  de  

direitos   ou   desconforto   durante   a   aplicação   dos   instrumentos   de   pesquisa.   O   outro   se   refere   à  

garantia   de   aplicabilidade   e   validade   dos   instrumentos,   a   minimizar   a   possibilidade   de   falhas   e  

ampliar   a   qualidade   dos   dados   obtidos.   Assim,   uma   vez   que   os   instrumentos   de   pesquisa   tenham  

sido  produzidos  (questionário  e  roteiro  de  entrevista)  será  necessário  validá-­‐los,  por  meio  de:  

ü Análise  de  juízes,  com  2  ou  3  especialistas  

ü Avaliação  pelo  Comitê  de  Ética  

ü Estudo  piloto  com  aplicação  de  5  questionários  e  1  entrevista.    

 

 

 

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6.4. Limitações  da  pesquisa  

Diversos  aspectos  implicam  na  execução  de  uma  pesquisa,  determinando  suas  possibilidades  e  

limitações,  e  entre  eles  aspectos  de  tempo  e  recursos,  em  maior  ou  menor  medida,   influenciam  os  

recortes  necessários.  Neste  caso,  as  condições  de  exequibilidade  da  pesquisa  a  limitam  ao  Estado  de  

Santa  Catarina.   Essa   limitação,   não  permitirá,   por   exemplo,   que  os   resultados  obtidos  na  pesquisa  

sejam   indistintamente   ampliados   à   realidade  brasileira.   Para   representá-­‐la,   seria  necessário  definir  

uma   amostra   que   abrangesse   igualmente   outros   estados   e   municípios   do   território   nacional,   a  

conferir  a  esta  pesquisa  uma  possibilidade  de  continuidade  futura  sem,  entretanto,  desqualificá-­‐la.    

Outra  limitação  da  pesquisa,  aqui  apresentada  como  potencial,  trata-­‐se  da  coincidência  de  seu  

cronograma   de   entrevistas   com   o   período   que   antecede   as   Eleições   de   2014,   ou   seja,   dias   5   de  

outubro  (1º  turno)  e  26  de  outubro  (2º  turno).  Embora  as  eleições  não  sejam  municipais,  considera-­‐

se   a   possibilidade   de   que   alguns   gestores   públicos   de   defesa   civil   tenham   relações   políticas  

partidárias  em   suas   áreas  de  atuação,   e  de  alguma   forma   inibam-­‐se  em  participar  das  entrevistas.  

Essa   limitação   será   minimizada   pela   tentativa   de   adiantar   o   cronograma   proposto   tanto   quanto  

possível.    

 

 

7. CRONOGRAMA  

TAREFAS  2013   2014   2015  

A   S   O   N   D   J   F   M   A   M   J   J   A   S   O   N   D   J   F   M  Revisão  teórica  e  temática                                          Metodologia                                          Pesquisa  documental                                            Preparação  dos  instrumentos                                            Validação  dos  instrumentos                                          Aplicação  de  questionários                                          Qualificação                                          Análise  de  questionários                                          Realização  das  entrevistas                                          Análise  das  entrevistas                                          Conclusões  finais  e  indicações                                          Redação  final  da  dissertação                                          Banca                                            

 

8. RECURSOS  

Os   recursos   utilizados   para   esta   pesquisa   correspondem   unicamente   aos   despendidos   pela  

própria   pesquisadora,   sem   auxílio   direto   de   qualquer   instituição   financiadora,   e   correspondem  

principalmente  a:  

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ü Material  de  pesquisa  bibliográfica  –  aquisição  de  livros,  consulta  em  bibliotecas  e  em  bases  

de  dados.    

ü Local  de  trabalho  –  computador,  acesso  à  internet  e  telefone.  

ü Deslocamento  rodoviário  para  entrevistas  presenciais.  

 

9. BIBLIOGRAFIA  

 

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