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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – UNIVESP
EDUARDO MARQUES MOREIRA
EDVALDO JOSÉ SCOTON
GUSTAVO LUIGI MARTIN DO AMARAL
JOSÉ ANTONIO SANTOS SARAIVA
MAURÍCIO ANGELONI
ROSANE CARDOSO DE ALMEIDA ROSA
REUSO DE ÁGUA COMO ALTERNATIVA PARA REDUÇÃO DO CONSUMO
EM RESTAURANTE
Jaú - SP
2015
EDUARDO MARQUES MOREIRA
EDVALDO JOSÉ SCOTON
GUSTAVO LUIGI MARTIN DO AMARAL
JOSÉ ANTONIO SANTOS SARAIVA
MAURÍCIO ANGELONI
ROSANE CARDOSO DE ALMEIDA ROSA
REUSO DE ÁGUA COMO ALTERNATIVA PARA REDUÇÃO DO CONSUMO
EM RESTAURANTE
Projeto apresentado ao Curso de
Engenharias da Universidade Virtual do
Estado de São Paulo - UNIVESP, Pólo de
Jaú-SP, como exigência da disciplina
Projeto Integrador – Quarto Bimestre.
Orientador: Prof. Flávio Augusto Custódio
Jaú-SP
2015
i
RESUMO
A influência humana sobre o sistema climático, seja por meio da emissão de gases do
efeito estufa ou da poluição dos rios e mares, seja pela impermeabilização dos solos e
tantas outras ações, torna-se cada vez mais clara que todas estas ações estão gerando
uma resposta do meio ambiente, a cada dia que passa, mais rápida e intensa. As recentes
mudanças climáticas são uma prova irrefutável dos impactos generalizados destas
ações sobre a espécie humana e os sistemas naturais. Um dos danos causados pela ação
do homem é com relação ao microclima urbano, que passa por constantes
transformações, causando entre outros problemas, a falta d’água. Segundo dados dos
institutos de pesquisa o volume de água das chuvas está reduzindo e tornando-se cada
vez mais esporádico e intenso, causando problemas frequentes de falta de água em
alguns períodos do ano e inundações em outros. O crescente desafio do gerenciamento
de água está em estabelecer um equilíbrio entre a demanda, o uso e a proteção da
qualidade dos recursos hídricos e ocorre em várias escalas, abrangendo os governos
locais, regionais e em uma escala global, os governos de todos os países. A reutilização
da água, praticamente em todos os países cresce rapidamente. Alguns especialistas
consideram a questão de reutilização da água como um dos maiores desafios do século
21. Este projeto de pesquisa trata do reuso de água como alternativa para redução de seu
consumo em restaurante do município de Bauru. Partindo-se da hipótese de que
utilizando-se do simples reuso da água oriunda da lavagem de frutas e verduras, espera-
se que o consumo deste bem tratado e potável venha a ser reduzido e,
consequentemente, tenha também reduzido o custo deste recurso natural, colaborando
assim para amenizar o problema da falta de água tratada no município de Bauru.
Palavras-chave: Reuso de água, Microclima urbano, Alterações climáticas.
ii
ABSTRACT
The human influence on the climate system, either through the issue of greenhouse
gases or pollution of rivers and seas, whether by land sealing and many other actions,
more and more clear it becomes that all these actions are generating environmental
response, every day, the more quickly and intense. Recent climate change is irrefutable
evidence of the generalized impact of these actions on the human species and natural
systems. One of the damage caused by human activity is related to the urban
microclimate, which undergoes constant changes, causing among other problems, water
shortages. According to data from research institutes the volume of rainwater is
reducing and becoming increasingly casual, causing frequent problems of water
shortages in some periods of the year and overflow in others. The increasing challenge
of water management is to balance demand, use and protection of the quality of water
resources and occurs at various scales covering local, regional and a global scale
governments, governments of all countries . The reuse of water, virtually all countries is
growing rapidly. Some experts consider the issue of reuse of water as one of the greatest
challenges of the 21st century This research project deals with water reuse as an
alternative to reduce its consumption in Bauru city restaurant. Starting from the
assumption that the simple water reuse coming from the washing of fruits and
vegetables, it is expected that the use of clean treated well and will be reduced and,
consequently, have also reduced the cost of this natural resource, thus contributing to
alleviate the problem of lack of treated water in Bauru.
Keywords: Water reuse, Urban microclimate, Climate change.
iii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
NBR – Norma Brasileira Regulamentadora.
PURAE – Programa de Conservação e Uso Racional de Água nas Edificações.
iv
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Climatologia anual da precipitação sobre o Brasil no período de 2005 à 2015 ............. 4
Figura 2: Crise hídrica no Estado de São Paulo. ......................................................................... 11
Figura 3. Fluxograma da estrutura do trabalho ............................................................................ 1
Figura 4: Chuva não foi suficiente para cobrir bancos de areia em lagoa. (Fonte: Reprodução /
TV TEM) ....................................................................................................................................... 4
Figura 5: Sem água desde sexta-feira, moradores foram às ruas e protestaram ontem na Vila
Industrial (Fonte: Jornal da Cidade de Bauru) ............................................................................. 5
Figura 6.Distribuição do consumo de água em uma unidade familiar – monofamiliar de alto
padrão (adaptado de Santos et al., 2008). (Fonte: ROCHA et al. (1999) apud. SANTOS et al.
(2008)) ........................................................................................................................................... 6
Figura 7. Fachada do Restaurante De Vitto .................................................................................. 8
Figura 8. Vista interna do Restaurante De Vitto, com seu proprietário Roberto Everaldo De
Vitto............................................................................................................................................... 9
Figura 9. Gráfico dos valores pagos pelo Restaurante De Vitto no perído de setembro de 2012 a
maio de 2015 ............................................................................................................................... 12
Figura 10. Gráfico dos valores consumidos de água, em metros cúbicos, pelo Restaurante De
Vitto no perído de setembro de 2012 a maio de 2015, ................................................................ 12
Figura 11. Balcão com as verduras e legumes oferecidas aos clientes do Restaurante De Vitto.
..................................................................................................................................................... 13
Figura 12. Funcionária do Restaurante De Vitto no processo de limpeza de verduras para serem
servidas ........................................................................................................................................ 14
Figura 13. Espaço onde está situada a pia que tem como exclusividade a lavagem de verduras e
legumes ....................................................................................................................................... 15
Figura 14. Planta baixa do local. Fonte: Os autores, 2015 .......................................................... 16
Figura 15. Foto do local de captação da água. ............................................................................ 24
Figura 16. Foto do local de instalação da caixa d’água. .............................................................. 25
Figura 17. Detalhe da planta baixa. ............................................................................................. 25
Figura 18. Planta baixa após instalação do sistema..................................................................... 26
Figura 19. Esquema em 3d produzido no SketchUp. .................................................................. 27
Figura 20. Exemplo de demonstrativo de consumo. ................................................................... 29
Figura 21. Comparativo de economia em termos de volume de água. ........................................ 30
Figura 22. Comparativo de economia em termos de valores, em reais. ...................................... 30
v
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Etapas do projeto. .......................................................................................................... 1
Tabela 2: Distribuição do consumo de água em edificações domiciliares. ................................... 7
Tabela 3. Consumo mensal de água do Restaurante De vitto Fonte: Departamento de Água e
Esgotos – DAE, 2015 .................................................................................................................... 9
Tabela 4. Relação entre as diversas leis que abrangem o tema do reuso de água. ...................... 20
Tabela 5. Materiais necessários. ................................................................................................. 27
Sumário
RESUMO ....................................................................................................................................... i
ABSTRACT .................................................................................................................................. ii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................................................. iii
ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................................iv
ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................................ v
1. Introdução ................................................................................................................................. 1
2. Breve História do Reuso de Água ........................................................................................... 12
3. Justificativa ............................................................................................................................. 14
4. Problema e Objetivos da pesquisa ........................................................................................... 14
5. Metodologia empregada e Descrição detalhada dos processos de construção do Protótipo ..... 2
5.1 Diretrizes e regulamentações ............................................................................................ 17
5.1.1 A legislação nacional. ................................................................................................ 17
5.1.2 A cidade de Curitiba na vanguarda. ........................................................................... 19
5.1.3 Legislações que abordam, de alguma forma, a questão hídrica, a política de uso e
reúso d’água, etc. ................................................................................................................. 20
5.1.4 A legislação ao redor do mundo. ................................................................................ 21
6. Apresentação do protótipo final .............................................................................................. 24
6.1 Viabilidade técnico-econômica ......................................................................................... 27
7. Considerações finais ................................................................................................................ 31
Referências Bibliográficas .......................................................................................................... 32
1
1. Introdução
O crescente desafio do gerenciamento de água está em estabelecer um equilíbrio
entre a demanda, o uso e a proteção da qualidade dos recursos hídricos e ocorre em
várias escalas, abrangendo os governos locais, regionais e em uma escala global, os
governos de todos os países.
Esta situação é particularmente grave em países de regiões áridas e semiáridas
do mundo, que sofrem com a escassez de água e cuja população cresce rapidamente. No
Brasil, no seu conjunto, a situação é bem diferente, com fontes de água relativamente
abundantes na maioria das regiões. No entanto, por ser um país de grande extensão
territorial, o Brasil possui diferenciados regimes de precipitação. De norte a sul
encontra-se uma grande variedade de climas com distintas características regionais. No
norte do país verifica-se um clima equatorial chuvoso, praticamente sem estação seca.
No Nordeste a estação chuvosa, com baixos índices pluviométricos, restringe-se a
poucos meses, caracterizando um clima semiárido. As Regiões Sudeste e Centro-Oeste
sofrem influência tanto de sistemas tropicais como de latitudes médias, com estação
seca bem definida no inverno e estação chuvosa de verão com chuvas convectivas. O
sul do Brasil, devido à sua localização latitudinal, sofre mais influência dos sistemas de
latitudes médias, onde os sistemas frontais são os principais causadores de chuvas
durante o ano. A Figura 1 apresenta a climatologia anual da precipitação sobre o Brasil
no período de 2005 à 2015.
4
(i) (j)
Figura 1. Climatologia anual da precipitação sobre o Brasil no período de 2005 à 2015
Região Norte
A Região Norte possui uma heterogeneidade espacial e sazonal em relação à
pluviosidade. Esta é a Região com maior total pluviométrico anual, sendo mais notável
no litoral do Amapá, na foz do rio Amazonas e no setor ocidental da Região, onde a
precipitação excede 3000 mm (Nimer, 1979).
A análise da Figura 1 indica que nesta Região são encontrados três centros de
precipitação abundante. O primeiro localizado no noroeste da Amazônia, com chuvas
acima de 3000 mm/ano. A existência deste centro é associada à condensação do ar
úmido trazido pelos ventos de leste da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que
são elevados quando o escoamento sobe os Andes (Nobre, 1983). O segundo centro, é
localizado na parte central da Amazônia, em torno de 5S, com precipitação de 2500
mm/ano, e o terceiro, na parte leste da base Amazônica, próximo à Belém, com
precipitação de 2800 mm/ano.
Marengo (1995) documentou três regimes de chuvas na América do Sul: um no
noroeste da América do Sul, onde a chuva é abundante durante todo o ano alcançando o
5
máximo em abril-maio-junho, com mais de 3000 mm/ano; um segundo em uma banda
zonalmente orientada estendendo-se até a parte central da Amazônia, onde a estação
chuvosa ocorre em março-abril-maio, e o terceiro na parte sul da região Amazônica
onde o pico de chuvas ocorre em janeiro-fevereiro-março. A chuva no noroeste da
Amazônia pode ser entendida como resposta à flutuação dinâmica do centro quase
permanente de convecção nesta região (Marengo e Hastenrath, 1993).
A estação chuvosa da Região Norte (dez-jan-fev) muda progressivamente de
janeiro-fevereiro-março, no sul da Amazônia, para abril-maio-junho, no noroeste da
base Amazônica. Esta variação parece estar relacionada com a posição da ZCIT, pois os
núcleos de precipitações migram da parte central do país, no verão austral, para o setor
noroeste da América do Sul no inverno austral, acompanhando a migração anual da
convecção profunda. Segundo Rao e Hada (1990), estações localizadas no Hemisfério
Norte (HN), como Oiapoque (3N 60W), exibem o máximo de chuvas durante o inverno
austral (junho-julho-agosto) e mínimo durante o verão austral (dez-jan-fev).
O centro de máximo secundário costeiro, observado na parte leste da bacia
Amazônica, próximo à Belém, deve-se possivelmente às linhas de instabilidade que se
formam ao longo da costa, durante o fim de tarde, forçadas pela circulação de brisa
marítima (Kousky 1979, 1980). A floresta tropical mantém a umidade elevada em
baixos níveis, que é possivelmente reciclada pela atividade convectiva.
Outros fatores, como a penetração de sistemas frontais, o deslocamento da Alta
Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) e a Alta da Bolívia (Virgi, 1981) influenciam as
chuvas na região. Kousky e Ferreira (1981) mostraram a importância da penetração de
sistemas frontais sobre a precipitação de inverno na região. Paegle (1987) discutiu o
mecanismo responsável pela penetração de sistemas frontais na bacia Amazônica
sugerindo a importância do deslocamento da ASAS em torno do lado leste dos Andes.
Região Nordeste
Levando-se em conta o regime de chuvas, encontra-se sobre o Nordeste (NE)
uma alta variedade climática, podendo-se verificar desde o clima semiárido no interior
6
da Região, com precipitação acumulada inferior a 500 mm/ano (Figura 1), até o clima
chuvoso, observado principalmente na costa leste da Região, com precipitação
acumulada anual superior a 1500 mm (Kousky e Chu, 1978). A parte norte da região
recebe entre 1000 e 1200 mm/ano (Hastenrath e Heller, 1977).
Diferentes regimes de chuvas são identificados no NE. No norte da Região a
estação chuvosa principal é de março a maio, no sul e sudeste as chuvas ocorrem
principalmente durante o período de dezembro a fevereiro e no leste a estação chuvosa é
de maio a julho. A principal estação chuvosa do NE, incluindo o norte e leste da região,
que explica 60% da chuva anual é de abril a julho e a estação seca, para a maior parte da
região, ocorre de setembro a dezembro (Rao et al, 1993). Yamazaki e Rao (1977) ,
observando imagens de satélite, sugeriram a importância dos distúrbios de leste na
precipitação do NE. Chan (1990) observou que estes se propagam sobre o Oceano
Atlântico, em direção ao continente, durante o outono e inverno.
O máximo de precipitação no norte do nordeste, que é uma região que tem
período chuvoso de fevereiro a maio, deve-se ao deslocamento anual da ZCIT para
latitudes mais ao sul no Hemisfério Norte, o que afeta o NE do Brasil, principalmente
nos meses de abril e maio (Hastenrath and Lamb, 1977). O máximo no sul da região
está associado à penetração de frentes frias vindas do sul que alcançam latitudes mais
baixas nos meses de novembro a fevereiro. Já na região costeira, o máximo de maio a
julho está ligado à maior atividade de circulação de brisa que adjeta bandas de
nebulosidade média para o continente e à ação das frentes frias remanescentes que se
propagam ao longo da costa (Kousky, 1979).
Kousky (1980) notou também que o máximo de chuvas no leste do Nordeste, de
maio a julho, está possivelmente associado à máxima convergência dos alísios com a
brisa terrestre, a qual deve ser mais forte durante as estações de outono e inverno
quando o contraste de temperatura entre a terra e o mar é maior. Cavalcanti (1982)
mostrou que as linhas de instabilidade contribuem para a precipitação na costa
norte/nordeste da América do Sul, tendo maior frequência nos meses de outono/inverno
no HS e menor na primavera e verão. As linhas se formam em longitudes sobre o norte
do NE brasileiro no verão e outono e à oeste de Belém no inverno e primavera. Segundo
Cavalcanti, a presença da ZCIT próxima à região, que provoca baixas pressões,
7
favorece o desenvolvimento de cúmulonimbus na costa, sugerindo esta forma de
associação entre os sistemas locais e de grande escala.
Outro fator importante que deve ser considerado é a variação sazonal dos ventos
na costa que é relacionada à posição da alta pressão subtropical do Atlântico Sul.
Segundo Hastenrath e Lamb (1977) a alta subtropical começa a se intensificar nas
estações frias alcançando o máximo em julho. O estudo dos ventos sobre o Atlântico
Sul feito por Servain e Lukas (1990) mostrou que os ventos na costa do nordeste são de
leste/nordeste no começo do ano e de sudeste durante o período de abril a julho, o que
coincide com a época chuvosa no leste da região. Portanto, durante a estação chuvosa de
outono/inverno sobre o leste do NE, os ventos sopram perpendiculares à costa, de
sudeste. Estes ventos parecem favorecer a ocorrência da zona de convergência noturna
associada à brisa terrestre.
Outro fator que favorece as chuvas na região é a presença do vórtice ciclônico
em altos níveis, cuja circulação ciclônica fechada possui o centro mais frio que sua
periferia. Segundo Gan (1982) os vórtices são observados nos meses de setembro a
abril, tendo maior freqüência em janeiro. Eles favorecem as chuvas no norte e nordeste
da região e céu claro na parte sul e central da região durante estes meses.
As variações interanuais de chuvas no leste do NE podem ser atribuídas às
anomalias na posição e intensidade da ZCIT, causadas por anomalias positivas na
temperatura da superfície do mar do Atlântico Sul, conforme o estudo de Moura e
Shukla (1981) e Nobre (1994), e pela ocorrência do El Niño no Pacífico Equatorial.
Região Sul
A distribuição anual das chuvas sobre o sul do Brasil se faz de forma bastante
uniforme. Ao longo de quase todo seu território a média anual da precipitação varia de
1250 a 2000 mm (Figura 1). Somente algumas áreas encontram-se fora desse limite
pluviométrico. Acima de 2000 mm incluem-se o litoral do Paraná, o oeste de Santa
Catarina e a área em torno de São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul. Valores
abaixo de 1250 mm restringem-se ao litoral sul de Santa Catarina e ao norte do Paraná
8
(Nimer, 1979). Conclui-se que o relevo, por suas características gerais suaves, não
exerce grande influência na distribuição pluviométrica. A temperatura, por sua vez,
exerce um papel no mesmo sentido da precipitação, reforçando a uniformização
climática no sul do país.
Alguns fenômenos atmosféricos que atuam sobre esta Região são essenciais na
determinação da climatologia de precipitação. Entre os mais importantes, podemos citar
a passagem de sistemas frontais sobre a Região, que são responsáveis por grande parte
dos totais pluviométricos registrados (Oliveira, 1986). A trajetória desses sistemas está
intimamente ligada ao posicionamento e intensidade do jato subtropical da América do
Sul. Browing (1985) e Kousky e Cavalcanti (1984) ressaltaram a importância da
corrente de jato na precipitação.
Os cavados invertidos situam-se, em média, sobre os Estados do Rio Grande do
Sul e Santa Catarina, estendendo-se até a Argentina e Paraguai. Segundo Fernandes e
Satyamurty (1994) eles são mais freqüentes durante o verão e primavera do HS, têm
orientação do eixo na direção noroeste-sudeste (NO-SE), paralelamente à superfície
frontal, e são responsáveis pelo desenvolvimento de tempo severo sobre as regiões
afetadas.
A relação entre anomalias positivas de precipitação e a ocorrência do fenômeno
El Niño-Oscilação Sul (ENOS) foi confirmada através de vários estudos observacionais.
Ropelewski e Halpert (1987) e Kousky e Ropelewski (1989) afirmaram que esta relação
se dá no período de novembro a fevereiro. Entretanto, durante o episódio ENOS 82/83,
a Região Sul foi afetada com precipitação acima da normal durante o mês de julho. Rao
e Hada (1994) encontraram significativas correlações entre as anomalias de precipitação
e o Índice de Oscilação Sul (IOS) durante a primavera (SON). Grimm (1992),
analisando esta relação a partir de indicações das funções de Green de um modelo
barotrópico baseado na equação da vorticidade, sugeriu relações diferenciadas entre os
eventos ENOS e a precipitação no sul do Brasil no inverno (anomalias positivas de
precipitação) e verão (anomalias negativas de precipitação).
Sistemas convectivos (SC) de mesoescala também são responsáveis por grandes
totais de precipitação sobre esta Região, assim como no sul das Regiões Sudeste e
Centro-Oeste (Custódio e Herdies, 1994). Alguns trabalhos, como os de Machado et al.
(1992), Miller e Fritsch (1991), Guedes e Silva Dias (1985) e Madox (1983) mostram a
9
dinâmica dos SC, suas relações com a circulação geral, acoplamentos com jatos de
baixos e altos níveis e relações orográficas. Guedes et al. (1994) trataram
especificamente da trajetória dos SC, sendo que durante o inverno do HS estes sistemas
apresentam um deslocamento mais zonal, ao contrário do verão do HS, onde o
deslocamento torna-se de SO-NE, comparativamente percorrendo uma distância maior
que no inverno.
Os vórtices ciclônicos de ar frio, que se formam na retaguarda de algumas
frentes frias estão frequentemente associados à significativos índices de precipitação
(Matsumoto et al., 1982). Silva Dias e Hallak (1994) buscaram estabelecer os indícios
precursores dos estágios iniciais deste fenômeno.
Região Sudeste e Centro-Oeste
O Sudeste e o Centro-Oeste, devido às suas localizações latitudinais,
caracterizam-se por serem Regiões de transição entre os climas quentes de latitudes
baixas e os climas mesotérmicos de tipo temperado das latitudes médias (Nimer, 1979).
O sul das Regiões Sudeste e Centro-Oeste é afetado pela maioria dos sistemas sinóticos
que atingem o sul do país, com algumas diferenças em termos de intensidade e
sazonalidade do sistema. Segundo Fernandes e Satyamurty (1994) os cavados invertidos
atuam principalmente durante o inverno, provocando condições de tempo moderado
principalmente sobre o Mato Grosso do Sul e São Paulo. Vórtices ciclônicos em altos
níveis, oriundos da região do Pacífico, organizam-se com intensa convecção associada à
instabilidade causada pelo jato subtropical. Linhas de instabilidade pré-frontais, geradas
a partir da associação de fatores dinâmicos de grande escala e características de meso-
escala são responsáveis por intensa precipitação, segundo Cavalcanti et al. (1982).
Especialmente sobre a Região Centro-Oeste, a Alta da Bolívia, gerada a partir do
forte aquecimento convectivo (liberação de calor latente) da atmosfera durante os meses
de verão do HS (Virgi, 1981), é considerada como um sistema típico semi-estacionário
da Região. Uma situação estacionária da circulação de grande escala em latitudes
médias pode influir diretamente na precipitação e temperatura sobre o Sudeste, caso a
Região esteja ou não sendo afetada por sistemas associados ao escoamento ondulatório
10
da atmosfera. Esse tipo de situação é denominado de bloqueio e afeta, além do Sudeste,
também a Região Sul do Brasil.
As Regiões Sudeste e Centro-Oeste são caracterizadas pela atuação de sistemas
que associam características de sistemas tropicais com sistemas típicos de latitudes
médias. Durante os meses de maior atividade convectiva, a Zona de Convergência do
Atlântico Sul (ZCAS) é um dos principais fenômenos que influenciam no regime de
chuvas dessas Regiões (Quadro e Abreu, 1994). O fato da banda de nebulosidade e
chuvas permanecerem semi-estacionárias por dias seguidos favorece a ocorrência de
inundações nas áreas afetadas.
Em geral a precipitação distribui-se uniformemente nessas Regiões ( Figura 1 ),
com a precipitação média anual acumulada variando em torno de 1500 e 2000 mm. Dois
núcleos máximos são registrados na região do Brasil Central e no litoral da Região
Sudeste, enquanto que no norte de Minas Gerais verifica-se uma relativa escassez de
chuvas ao longo do ano.
Segundo o último relatório do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate
Change), em português, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, a
continuidade da emissão de gases de efeito estufa causará mais aquecimento e
duradouras mudanças em todas componentes do sistema climático, aumentando a
probabilidade de grave, generalizado e irreversíveis impactos para as pessoas e
ecossistemas. Limitação das alterações climáticas exigirá substancial e sustentada
redução das emissões de gases de efeito estufa, que, juntamente com a adaptação, pode
limitar as mudanças climáticas riscos.
Emissões cumulativas de CO2 que determinam em grande parte o aquecimento
da superfície média global no final do século 21 e os próximos séculos. Projeções de
emissões de gases de efeito estufa variar em uma ampla faixa, dependendo tanto sócio-
desenvolvimento econômico e da política climática.
No Brasil, e especificamente no Estado de São Paulo, a seca pela qual está
passando em 2014 (Figura 2), está colocando em risco o abastecimento de água na
capital paulista e nos municípios vizinhos.
Prevista com mais antecedência, talvez permitisse adotar medidas para manter os
reservatórios mais bem abastecidos. O trabalho de um grupo internacional de
11
pesquisadoras pode, no futuro, ajudar a calcular com maior precisão variações de chuva
e umidade na América do Sul e auxiliar a agir mais cedo.
Segundo Trigueiro (2014), cientistas renomados brasileiros já previam esta crise
hídrica. Em 1980, ao publicar o livro com o sugestivo título “O Fim do Futuro?”, José
Lutzenberger denunciava que “a perda da capa vegetal protetora, além de significar o
desaparecimento dos habitats essenciais à sobrevivência da fauna e das espécies
vegetais mais especializadas e preciosas, causa o desequilíbrio hídrico dos corpos
d`água.
Figura 2: Crise hídrica no Estado de São Paulo.
(Fonte: http://g1.globo.com/natureza/blog/mundo-sustentavel/post/crise-da-agua-afronta-ciencia-brasileira.html)
Um dos primeiros a prever a escassez de água no mundo, Augusto Ruschi
denunciava em sucessivos alertas, como nesse texto de 1986, os impactos causados pelo
desmatamento sobre a vazão de água dos rios, especialmente na Amazônia:
“Há 35 anos, escrevi que estávamos caminhando para
construir na Amazônia o segundo maior deserto do mundo.
Hoje, a previsão vai se confirmando. No primeiro ano,
12
depois que desmatam, é uma beleza: o solo continua fértil,
produz-se muito. Mas, depois, a matéria orgânica é
lixiviada para as profundezas do solo e planta nenhuma vai
lá embaixo buscá-la. Forma-se o cerrado, depois a
caatinga, e finalmente, o deserto”.
Trigueiro (2015) cita ainda Aziz Ab’Saber, um dos mais respeitados cientistas
brasileiros, que denunciou abertamente o absurdo do novo Código Florestal ter sido
aprovado há quase três anos no Congresso Nacional sem o respaldo da ciência e previu
consequências trágicas para os recursos hídricos.
“Trata-se de desconhecimento entristecedor sobre a ordem
de grandeza das redes hidrográficas do território
intertropical brasileiro” (…) Em face do gigantismo do
território e da situação real em que se encontram os seus
macro biomas – Amazônia Brasileira, Brasil Tropical
Atlântico, Cerrados do Brasil Central, Planalto das
Araucárias, e Pradarias Mistas do Brasil Subtropical – e de
seus numerosos minibiomas, faixas de transição e relictos
de ecossistemas”
Em São Paulo, a crise hídrica já afeta quase metade da população: 20 milhões de
pessoas de 68 municípios mais a capital. O Sistema Cantareira, que atende 9,8 milhões
de paulistas, sendo 8,4 milhões só na capital, tem batido recordes negativos
constantemente - no dia 20/10/2014, o reservatório atingiu 3,5 % de sua capacidade.
Especialistas apontam que a crise hídrica de São Paulo deve levar a uma revisão
completa das estratégias de manejo da água - e como alerta para o fato de que os
recursos hídricos não são infinitos.
2. Breve História do Reuso de Água
Nos últimos anos, a terminologia utilizada na reutilização da água tem sido um
aos pouco padronizada. Segundo Asno (1998), alguns termos comuns estão sendo
adotados:
13
a) A recuperação de águas residuais envolve o tratamento de modo a se obter uma
qualidade da água pré-determinada, o que facilita a reutilização. Neste contexto,
o termo inclui efluentes de águas residuais municipais (representando uma
mistura de águas residuais provenientes de residências, do comercio, de
instituições e da industria), além da entrada de águas pluviais.
b) A água recuperada por meio de tratamento de efluente, com qualidade adequada,
para aplicações específicas reuso.
c) O reuso de água é o uso de águas residuais tratadas para fins benéficos. Reuso
direto refere-se a um sistema em que a água recuperada é transportada para os
pontos de reutilização. Reuso indireto implica no descarte de um efluente em
águas receptoras (água superficial ou subterrânea) para a assimilação e retiradas
rio abaixo.
d) A reciclagem da água, refere-se tipicamente a sistemas industriais, em que o
efluente é recuperado, normalmente tratado e devolvido para o processo
industrial.
A reutilização da água, praticamente em todos os países cresce rapidamente.
Alguns especialistas consideram a questão de reutilização da água como um dos
maiores desafios do século 21 (Asano 2002). Os maiores índices de reutilização da água
ocorre em regiões do planeta que sofrem com a escassez de água, tais como no Oriente
Médio, na Austrália ou no sudoeste dos Estados Unidos. O campo também está
crescendo rapidamente em regiões com graves restrições à disposição de efluentes de
águas residuais tratadas, tais como na Florida, regiões costeiras e insulares da França,
Espanha e Itália, e também em países europeus e densamente povoados tais como a
Inglaterra e a Alemanha (Lazarova et al., 2001) . Os países com as disparidades de
recursos hídricos regionais, tais como o Japão, também utilizam extensamente a prática
de reciclagem e reuso da água (Ogoshi et al., 2001).
Globalmente, as aplicações mais comuns de água recuperada são na irrigação
agrícola e paisagismo (incluindo campos de golfe), embora no Japão, a água recuperada
seja mais comumente aplicada para utilizações urbanas não potáveis (Ogoshi et al.,
2001). Outras aplicações incluem o reuso de água no residencial no próprio local, reuso
industrial, coleta de águas pluviais, aumento da superfície de água, recargas
subterrâneas e em alguns casos reuso para fins potáveis. Com o contínuo aumento na
14
demanda por água e a diminuição das fontes prontamente disponíveis, têm crescido o
interesse no reuso da água.
3. Justificativa
Á disponibilidade de água tratada está cada vez mais escassa e,
consequentemente, seu custo cada vez maior. O problema vêm se agravando nos
últimos anos e afeta todos os setores da sociedade, desde as grandes indústria até os
domicílios mais humildes. Um exemplo prático deste problema e que afeta de maneira
direta e indireta um grande número de pessoas são os restaurantes, que tem um consumo
de água muito expressivo, impactando negativamente no orçamento dos mesmos.
Alternativas que busquem o uso racional da água, levando a redução do seu consumo,
trará contribuições financeiras para os empresários do ramo de restaurantes bem como
para os consumidores que não terão que pagar valores elevados ou deixar de consumir o
produto, além de colaborar com a preservação deste recurso dentro do município.
4. Problema e Objetivos da pesquisa
A problemática deste projeto de pesquisa trata do reuso de água como alternativa
para redução de seu consumo em restaurante do município de Bauru. Partindo-se da
hipótese de que utilizando-se do simples reuso da água oriunda da lavagem de frutas e
verduras, espera-se que o consumo deste bem tratado e potável venha a ser reduzido e,
consequentemente, tenha também reduzido o custo deste recurso natural, colaborando
assim para amenizar o problema da falta de água tratada no município de Bauru. Na
Figura 3, a seguir, está apresentado um gráfico de Gantt com as etapas propostas para o
projeto.
1
A Tabela 1 abaixo apresenta detalhadamente todas as etapas do projeto.
Tabela 1. Etapas do projeto.
Semanas Início Duração
Semana 1 18/04/2015 14
Brainstorming 18/04/2015 1
Visita Técnica 18/04/2015 1
Contato Temático 18/04/2015 7
Semana 2 02/05/2015 7
Brainstorming 02/05/2015 1
Coleta de Dados 04/05/2015 5
Redação Inicial 04/05/2015 5
Semana 3 09/05/2015 7
Brainstorming 09/05/2015 1
Estruturação 11/05/2015 5
Tabulação de Dados 11/05/2015 5
Semana 4 16/05/2015 7
Brainstorming 16/05/2015 1
1º Protótipo 16/05/2015 6
Feedback 14/05/2015 1
Semana 5 23/05/2015 7
Brainstorming 23/05/2015 1
Embasamento Teórico 24/05/2015 14
Referenciação 24/05/2015 14
Semana 6 30/05/2015 7
Brainstorming 30/05/2015 1
Envio de Materiais 31/05/2015 3
Formatação 03/06/2015 10
Semana 7 06/06/2015 7
Brainstorming 06/06/2015 1
2º Protótipo 06/06/2015 5
Postagem/Vídeo 14/06/2015 1
2
5. Metodologia empregada e Descrição detalhada dos processos de construção do
Protótipo
Uma nova perspectiva para a economia d’água, por meio do aproveitamento e
consequente reuso dos recursos hídricos têm ganhado cada vez mais importância dentro
do atual cenário em que se encontra o Estado de São Paulo.
A crise hídrica atual, a escassez de água em diversos municípios, os custos entre
taxas e tributos inferidos na utilização dos serviços de saneamento e distribuição de
água, faz com que busquemos soluções que possam garantir o abastecimento de água,
uma possível economia financeira e também a independência, ainda que parcial, dos
serviços fornecidos pela empresa de saneamento do estado.
Muito além destas questões, pensar na sustentabilidade conseguida através de
um sistema de reuso de águas e também na utilização deste recurso que, ano após ano,
por vezes é desperdiçado.
Não obstante a esta situação crítica natural e também, a dádiva de estar
localizada numa região que naturalmente possui considerável precipitação, a
reutilização das águas pluviais e também, pós-tratamento, das chamadas “águas cinzas”
(leves – pias e chuveiro e/ou escuras – máquina de lavar roupas) e até mesmo das
“águas negras” (esgoto – WC e cozinha) é outra opção que por anos foi relegada a um
segundo plano no Brasil. O reuso das águas cinzas em edificações, nos diz Nosé (2008)
é perfeitamente possível, desde que seja projetado um sistema para este fim, respeitando
normas e diretrizes para este procedimento.
Com base no levantamento bibliográfico, podemos detectar que apesar de
apresentar vários estudos relacionados ao tema, a água, que representa o bem mais
importante adquirido do meio ambiente e de fundamental importância para a
sobrevivência dos seres vivos, é consumida frequentemente de forma inadequada. Para
tentar solucionar essa contradição, se faz necessário, conscientizar a população da
maneira correta de utilização da água, onde o desperdício não pode ocorrer (SANTOS et
al., 2008).
3
A falta de água na cidade de Bauru nos últimos meses de 2014 e começo de
2015 foi manchete nos meios de comunicação, como relatado abaixo pelo portal
G1.com (Figura 4)
“A água não é suficiente para cobrir os bancos de areia,
muito menos para permitir o fim do rodízio em Bauru (SP). O marcador
do nível da água aponta que a lagoa do Batalha está em 1,60 metro.
Para que o abastecimento de água volte ao normal é preciso que o
volume de água atinja os 2,60 metros.
Os moradores que ficaram sem abastecimento todos
esses dias, voltaram a ter água. Mas não sabem por quanto tempo. A
aposentada Maria Aparecida Alves Vilela passou oito dias sem água em
casa e o pouco que recebeu nesta quarta-feira (5), serviu para encher
parte dos tambores e da caixa d'água. "É muito difícil. A gente fica
assim, desesperado. Porque a água é tudo pra gente né", lamenta a
moradora da Vila Souto onde o racionamento é rotina.
Segundo o Instituto de Pesquisas Meteorológicas da
Unesp (IPMet), foram apenas 5,6 milímetros de chuva ontem. Sem o
ideal, 158 bairros continuam prejudicados pelo racionamento. São 130
mil moradores.
4
Figura 4: Chuva não foi suficiente para cobrir bancos de areia em lagoa. (Fonte:
Reprodução / TV TEM)
O Jornal da Cidade de Bauru, em reportagem de setembro de 2014 apontou que
os moradores do bairro Vila Industrial portestaram contra a falta de água, queimando
móveis e pneus na quadra 12 da avenida das Bandeiras. A fala dos moradores mostra
todo o problema vivido pela população do bairro (Figura 5):
“Há quatro dias sem água nas torneiras, a professora
aposentada Maria Célia Zanerato, 65 anos, revela desespero ao contar
das dificuldades que tem passado em casa. “Meus vizinhos estão
desesperados e quase todos têm criança pequena. Eu até ajudo, mas não
tenho condições de comprar água para todo mundo. Pedi o caminhão -
pipa para o DAE, mas até agora nada. Meu neto tem problema e não
controla o intestino. É desesperador, estamos passando muito
apertado””.
5
Figura 5: Sem água desde sexta-feira, moradores foram às ruas e protestaram ontem na
Vila Industrial (Fonte: Jornal da Cidade de Bauru)
Reutilizar é uma característica dos processos industriais e também dos
residenciais. A reutilização dos recursos hídricos não é algo efetivamente novo, algo
que nunca tenha sido feito ao longo da história e é, por incrível que pareça, mais
rotineiro do que imaginamos. Ao utilizarmos a água proveniente das máquinas de lavar
roupas na lavagem de um quintal, fazemos uso desta técnica. Este é somente um único e
simples exemplo.
Silva e Martins (2000) apud. Nosé (2008) nos diz que o reuso pode ocorrer de
forma direta ou indireta e, desta forma, conceitua-se:
Indireto e não planejado existe quando a água reutilizada é dispensada à jusante,
de maneira não intencional e não controlada, disponibilizada ao novo usuário
que vier a captá-la.
Indireto e planejado acontece quando o conteúdo utilizado é descarregado de
forma planejada à jusante e que possui determinado controle das substâncias
nela contidas.
6
Direto e planejado é quando o recurso é utilizado e destinado e encaminhado
diretamente no seu ponto de utilização, não sendo descarregado no ambiente.
Reciclagem de água é a reutilização interna antes mesmo de qualquer dispensa
desta em outro sistema ou local de disposição. É um circuito fechado e uma
espécie de reuso direto.
Com relação a quantidade de água consumida (Figura 6) em uma residência,
Arbués et al.(2003) apud. Bazzarella (2005) versa sobre a dependência de uma série de
fatores, a saber: variáveis comportamentais, econômicas e físicas, tarifa exercida, renda
familiar, condições climáticas (precipitação, temperatura); características das
residências (tamanho, se possui área externa ou não), moradores (quantidade e faixa
etária).
Figura 6.Distribuição do consumo de água em uma unidade familiar – monofamiliar de
alto padrão (adaptado de Santos et al., 2008). (Fonte: ROCHA et al. (1999) apud.
SANTOS et al. (2008))
Nesta figura, ainda que não esteja efetivamente discriminada, é possível
perceber que o chuveiro (30%), a bacia sanitária (19%) e o lavatório (5%)
correspondem a edificação do banheiro e, juntos, correspondem a aproximados 54% de
todo o consumo de água de uma residência. Se inserirmos neste contexto, ainda, a
máquina de lavar roupas, aumentamos para 69% toda a utilização deste recurso.
Avaliando a Tabela 2, pouco mais detalhada, podemos verificar situação
semelhante e concluir que o banheiro merece especial atenção no reuso de água. Aqui,
mais uma vez podemos verificar que a bacia sanitária, bem como o chuveiro, possui um
7
consumo relativamente semelhante o que justifica a necessidade de investirmos recursos
em pesquisas sobre práticas de reutilização de água.
Tabela 2: Distribuição do consumo de água em edificações domiciliares.
Fonte: BAZZARELLA (2005).
E neste sentido, faz-se necessária uma distinção sobre as “cores das águas”
residuais e sua destinação. A chamada “água cinza leve ou clara” é aquela proveniente
do lavatório, do chuveiro; já a “água cinza escura” é a proveniente da máquina de lavar
roupas, enquanto ainda existem as “águas amarelas” (com conteúdo impregnado de
urina) e as “águas negras”, ambas provenientes do vaso sanitário.
Além da população residencial, os restaurantes, assim como outras empresas
comerciais, industriais e de prestação de serviços, também necessitam do abastecimento
regular de água tratada, para não interromper suas atividades.
Utilizando o “design thinking”, como metodologia de pesquisa, que é uma
abordagem centrada no trabalho colaborativo e que se propõe, em suas etapas, a
“observar, ouvir, entender, definir, idealizar, criar, prototipar, testar e implementar, foi
realizada uma abordagem junto ao proprietário de um restaurante da cidade de Bauru-
8
SP, para analise de possíveis problemas pelos quais estariam passando, com relação a
crise hídrica vivenciada nos dias de hoje.
O restaurante objeto deste projeto é o Restaurante De Vitto, que tem como razão
social Roberto Everaldo De Vitto ME, localizado à rua Azarias Leite, 9-51, centro,
tendo como proprietário o Sr. Roberto Everaldo De Vitto, conforme apresentado na
Figura 7 e na Figura 8 abaixo.
Figura 7. Fachada do Restaurante De Vitto
Fonte: Os autores, 2015
9
Figura 8. Vista interna do Restaurante De Vitto, com seu proprietário Roberto Everaldo
De Vitto
Fonte: Os autores, 2015
Em entrevista o proprietário informou que tem muitas preocupações com a crise
hídrica por que passa o município de Bauru, seja com o perigo de não poder realizar a
prestação do serviço, com o aumento dos valores cobrados pelo Departamento de Água
e Esgotos – DAE, e também com relação a preservação ambiental.
O restaurante funciona neste local desde setembro de 2012 e estão apresentados,
na Tabela 3, os valores do consumo de água e os custos mensais correspondentes.
Tabela 3. Consumo mensal de água do Restaurante De vitto Fonte: Departamento de
Água e Esgotos – DAE, 2015
Mês Consumo em m3 Valor Total em R$
set/12 39 362,85
out/12 69 899,54
10
nov/12 65 802,24
dez/12 70 1.005,00
jan/13 44 463,56
fev/13 54 653,15
mar/13 66 909,83
abr/13 70 1.023,01
mai/13 74 1.109,46
jun/13 77 1.230,11
jul/13 69 978,88
ago/13 73 1.102,96
set/13 86 1.422,84
out/13 85 1.446,82
nov/13 77 1.187,82
dez/13 68 952,8
jan/14 66 919,61
fev/14 92 1.579,50
mar/14 93 1.623,63
abr/14 92 1.579,50
mai/14 82 1.324,68
jun/14 89 1.507,48
jul/14 72 1.183,95
ago/14 85 1.545,45
set/14 65 953,14
out/14 78 1.323,18
nov/14 83 1.465,48
11
dez/14 88 1.595,18
jan/15 64 924,7
fev/15 114 2.301,02
mar/15 82 1.437,02
abr/15 83 1.465,48
mai/15 80 1.409,41
Pode-se verificar que o consumo ficou em média próximo de 75m3 mensais. O
proprietário informou que no mês de fevereiro de 2015 está contestando os valores, que
excederam em muito esta média, mas que a autarquia ainda não se manifestou sobre os
mesmos.
Os dados fornecidos pelo proprietário foram trabalhados de forma a melhor
interpretação e visualização do problema. A análise gráfica destes valores, conforme
Figura 9 e Figura 10 abaixo, demonstram uma queda nos meses de dezembro e janeiro,
devido ao período de férias escolares e pelo fato de o restaurante ter como principais
clientes, funcionários e alunos de uma escola próxima ao estabelecimento. Verifica-se
também que o mês de fevereiro de 2015 destoa dos demais, que seguem com valores de
consumo entre 80 e 90 metros cúbicos.
12
Figura 9. Gráfico dos valores pagos pelo Restaurante De Vitto no perído de setembro de
2012 a maio de 2015
Fonte: Departamento de Água e Esgotos – DAE, 2015
Figura 10. Gráfico dos valores consumidos de água, em metros cúbicos, pelo
Restaurante De Vitto no perído de setembro de 2012 a maio de 2015,
Fonte: Departamento de Água e Esgotos – DAE, 2015
13
Ao ser perguntado sobre qual é a fonte de maior consumo de água do
restaurante, o Sr. Roberto, não teve dúvidas em afirmar de que tratava-se da lavagem de
verduras e legumes, e que teria inclusive diminuído a quantidade de verdura ofertada em
seus balcões (Figura 11), para diminuir o consumo e os gastos com a água.
Figura 11. Balcão com as verduras e legumes oferecidas aos clientes do Restaurante De
Vitto.
Fonte: Os autores, 2015
Ao ser abordado sobre como e onde acontecia o processo de limpeza das
verduras e legumes, fomos informados que o mesmo ocorria com água corrente e em
uma mesma pia destinada exclusivamente para esta finalidade, como podemos verificar
a funcionária do estabelecimento em seu processo de trabalho, Figura 12.
14
Figura 12. Funcionária do Restaurante De Vitto no processo de limpeza de verduras
para serem servidas
Fonte: Os autores, 2015
Através da Figura 13 abaixo, podemos ter uma visão do local onde está disposta
a pia para lavagem, o que será melhor detalhado na implementação da solução para o
problema.
15
Figura 13. Espaço onde está situada a pia que tem como exclusividade a lavagem de
verduras e legumes
Fonte: Os autores, 2015
A planta baixa do restaurante, mostrada na Figura 14 abaixo, mostra a
localização do ambiente acima e suas dimensões, bem como a grande área do
restaurante que necessita ser lavada periodicamente, fato que nos apontou para uma
possível solução na minimização do problema.
17
Depois do processo de “ouvir” o proprietário do restaurante foi levantada uma
série de alternativas que após estudo detalhado de viabilidade das mesma selecionou-se
uma (01) proposta para se tentar minimizar o consumo de água, e consequentemente dos
valores gastos.
5.1 Diretrizes e regulamentações
A reutilização de águas residuárias não é um conceito novo e é praticado, em
todo o mundo, das regiões áridas perenes às de escassez sazonal, bem como em locais
onde a conscientização ambiental está mais evoluída.
Historicamente, os relatos são os mais diversos e abrangem várias etapas da
evolução humana, entretanto, e atualmente, uma série de observações deve ser
considerada acerca do tema, como a racionalidade em sua utilização, a legalidade e a
eficiência da prática, etc. Ou seja, não adianta usar o recurso hídrico pré-reuso de
maneira irracional e, depois, reutilizar este mesmo bem sem legislações que garantam a
potabilidade e/ou a aplicação deste de uma maneira saudável e pontual na necessidade
da população.
Assim, o poder público deve agir na administração desta prática, administração
esta que incentiva o reuso, conscientiza a população, regulamenta o mercado através de
diretrizes claras, técnicas e viáveis.
5.1.1 A legislação nacional.
A legislação nacional é, infelizmente, muito incipiente no tocante às diretrizes
para a produção e/ou comercialização da água de reuso. A bem da verdade existe um
compêndio de diretrizes legais que tratam sim dos recursos hídricos, contudo não há um
arcabouço legal que defina todo o processo de definição do que é o recurso hídrico, que
trabalhe questões como a proteção deste, o uso racional, o reuso e afins, enfim, tudo o
18
que impacte diretamente sobre todo o processo de captação, tratamento, utilização e
reutilização, além do descarte, quando necessário, deste.
De maneira mais abrangente são adotados padrões referenciais internacionais
(governamentais ou não) ou orientações técnicas produzidas por instituições privadas
que por diversas razões trabalham o reuso de água ao redor do planeta (AMBIENTE
BRASIL, 2015).
Este, a falta de diretrizes claras e legislação específica, é um fator que tem
dificultado a aplicação desta prática no país, pois a falta destas dificulta o trabalho das
empresas e dos profissionais. Não obstante a todo este cenário, pode-se através destas
práticas, colocar em risco a saúde da população devido à falta de orientação técnica para
a implantação destes sistemas e sua respectiva fiscalização.
Existe, para efeitos legais, a resolução federal de número 54, de 28 de novembro
de 2005. Esta estabelece critérios gerais para reuso de água potável, bem como
modalidades, diretrizes e demais orientações para a prática de reuso direto não potável
de água, e dá outras providências.
Entretanto, o reuso de água é mais abrangente do que subentende o próprio
nome da técnica, afinal, o reuso de águas pluviais faz parte deste quadro, reuso de águas
residuárias (esgoto e afins) também, sejam eles residenciais, comerciais ou industriais.
Ainda sim, ao tratar dos sistemas de aproveitamento da água de chuva, uma das
modalidades de reuso/reaproveitamento de recursos hídricos, as diretrizes de projeto e
dimensionamento estão prescritas na norma brasileira – NBR, 15.527 – Água da Chuva
– que versa sobre o “Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não
potáveis”, publicada em 24.10.2007 pela Associação Brasileira de Normas Técnicas –
ABNT. Tal norma apresenta os requisitos técnicos necessários para o aproveitamento de
água pluvial em áreas urbanas, para fins não potáveis (irrigação paisagística – rega de
jardins, irrigação de campos, utilização industrial – resfriamento de ambientes, lavagem
de pisos e similares, lavagem de automóveis, etc.) com o mínimo de tratamento a
depender da destinação.
Quanto à concepção do projeto de coleta d’água de chuva em si, este deve
atender outras normas da mesma ABNT, a – NBR 5.626 e a NBR 10.844. Nestas,
deixa-se clara a observação de que o projeto, dentre outras providências, deve mostrar o
19
alcance do projeto, a população a ser atendida, a determinação da demanda, além de
diversos outros estudos que demonstrem os históricos pluviométricos e tudo o que dele
possa ser constatado (ABNT, 2007).
5.1.2 A cidade de Curitiba na vanguarda.
A cidade de Curitiba, capital do Paraná, sempre se destacou no cenário nacional
pela vanguarda em suas políticas públicas em prol da melhoria da vida de seus cidadãos,
seja na área de transportes públicos ou no reaproveitamento de recursos hídricos e águas
residuárias, dentre outras.
Assim, destaca-se a lei 10.785/03 que instituiu o PURAE – Programa de
Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações. Nesta, existe a previsão da
adoção de uma série de medidas que têm o objetivo de induzir a conservação da água
através do seu uso (ou reuso) de maneira racional, podendo, o recurso hídrico, advir de
fontes alternativas de abastecimento nas novas edificações. Tal programa foi instituído
com o intuito de sensibilizar os usuários sobre a relevância da importância da
conservação dos recursos (AMBIENTE BRASIL apud CURITIBA, 2003).
Todavia, a eficiência desta lei deveu-se ao fato de que a mesma foi precedida
pelo decreto 293, de 22 de março de 2006, que manteve a obrigatoriedade às novas
construções de desenvolver, planejar e implantar a captação, o armazenamento e
consequente utilização dos recursos pluviais oriundos do sistema instalado na cobertura
destas. Contudo, ainda que o avanço desta deva ser reconhecido, algumas
particularidades também devem ser ressaltadas, vez que outros problemas de
normatização, bem como de fiscalização, fizeram com que a lei em si fosse aplicada
somente aos estabelecimentos comerciais e industriais com área superior a cinco mil
metros quadrados (5000 m²).
Por fim, o programa foi efetivamente implantado através doutro decreto (212/07)
que estabeleceu nova regulamentação e outras exigências para cada tipologia de
edificação, no tocante ao seu uso (AMBIENTE BRASIL apud BEZERRA, 2009).
20
5.1.3 Legislações que abordam, de alguma forma, a questão hídrica, a política de uso e
reúso d’água, etc.
Uma série de ações visando o maior controle dos recursos hídricos está em voga
pelo país. Seja na esfera Federal, Estadual e, até mesmo, Municipal, estas buscam
solucionar questões globais e/ou pontuais acerca da questão. Contudo, faz-se necessário
mencionar que uma política planejada, de ação Federal, inexiste de maneira pragmática.
Neste quadro abaixo descrito, algumas das leis, decretos e normas técnicas
nacionais que abordam a preservação dos recursos hídricos, o uso e reuso d’água e
algumas outras diretrizes acerca de como deve ser feito um projeto de captação, etc.,
(Tabela 4).
Algumas legislações brasileiras que abordam a questão hídrica e a prática do
reuso.
Tabela 4. Relação entre as diversas leis que abrangem o tema do reuso de água.
Número/Ano Classe Instituição Abrangência
CF/1988 – art.200 Lei Governo Federal
9.433/1997 Lei Governo Federal
518/2004 Portaria Governo Federal/MS
54/2005 Resolução Governo Federal
357/2005 Resolução Governo Federal/CONAMA
15.527/2007 Norma Técnica ABNT Federal
5626/ Norma Técnica ABNT Federal
10.844/ Norma Técnica ABNT Federal
13.969/1997 Norma Técnica ABNT Federal
8.468/1976 Decreto Governo Estadual/SP
7.663/1991 Lei Governo Estadual/SP
12.526/2007 Lei Governo Estadual/SP
10.785/2003 Lei Governo Municipal/Curitiba
293/2006 Decreto Governo Municipal/Curitiba
212/2007 Decreto Governo Municipal/Curitiba
Fonte: Adaptado.
21
5.1.4 A legislação ao redor do mundo.
Diversas nações enfrentam problemas de escassez d’água desde tempos remotos.
Países como Israel e demais localidade do Oriente Médio, países do continente africano,
estados como Califórnia, Arizona, Texas, todos pertencentes aos Estados Unidos
possuem dificuldades na manutenção dos seus reservatórios, quando não, a teórica
inexistência de aquíferos para as necessidades de suas populações.
Neste sentido, novas tecnologias para a economia, manutenção e
reaproveitamento d’água são necessárias e desenvolvidas, além do aspecto legal que
acompanha a busca por estas resoluções.
Um exemplo a ser citado são os Estados Unidos. Segundo Rodrigues (2005), nos
Estados Unidos não há uma regulamentação federal e sim, cada ente federativo
estabelece suas próprias diretrizes. O estado da Califórnia é, sabidamente, o pioneiro e o
que possui as mais desenvolvidas orientações para o reuso d’água e legislação acerca da
preservação de mananciais e demais recursos hídricos. Através do Water Recycling
Criteria, o reúso e outras diretrizes estão legalmente previstos e protegidos.
Abordando o país como um todo, ainda, segundo Rodrigues (2005), os critérios
são variáveis de estado para estado, alguns ainda não apresentam um regulamento à
água de reuso e, muito menos, para a condição de potabilidade.
Já na Tunísia, um país africano, norte africano, local característico pelo clima
desértico e, então, consequente falta d’água, o tema é tratado como questão estratégica
face à população crescente e consequente diminuição/degradação dos recursos hídricos
já escassos. Rodrigues (2005) menciona que os programas de reuso hídrico começaram
na década de sessenta e, em virtude disto, é uma das poucas nações que possuem
expertise na área do mediterrâneo, com políticas elaboradas, desenvolvidas e
implementadas.
Vários órgãos públicos carregam a responsabilidade pela utilização do sistema
de reúso (RODRIGUES apud. BAHRI, 1998) Uns responsáveis pela coleta, tratamento
e disposição, outros pela implementação dos projetos, outros pelos estudos e pesquisas
22
técnicas sobre a reutilização, etc. Destaca-se a National Sewerage and Sanitation Office
(ONAS).
Ainda no continente africano, contudo, noutra extremidade, a África do Sul
apresenta um cenário não menos preocupante sobre a questão hídrica, sua preservação e
consequente (ou não) utilização racionalizada destes. Não obstante a outras nações com
a mesma conscientização, as pesquisas neste começaram a ser feita, a exemplo da
Tunísia, na década de sessenta (RODRIGUES, 2005). Neste, a questão do reúso
contempla a modalidade indireta, ou seja, os recursos tratados devem ser novamente
despejados à jusante.
Aqui, na África do Sul, foi com a implantação do Water Act que as políticas de
reúso obtiveram considerável importância nas ações da população e, obviamente, do
poder público.
No continente Europeu, especificamente na França, devido a sua localização
privilegiada, o que não a deixa como herdeira de terras áridas e escassez perene d’água,
as políticas de reúso advém muito mais da conscientização e evolução social do que da
necessidade em si (RODRIGUES apud BONTOUX E COUTOIS, 1998)
Ainda sim, com a conscientização da população, o reúso doméstico não é
considerado, pois os problemas para a construção de redes duplas, ligações cruzadas e
custos de forma geral não são aceitos. No segmento agrícola, o reúso outrora utilizado
também perdeu espaço. As maiores ações estão no segmento industrial. Basicamente
fica a cargo do Conseil Superieur D’Hygiene Publique de France – CSHPF a
responsabilidade por todas as políticas nesta área.
A Itália, por sua vez, possui uma lei, de número 319/1976 que aborda a questão
do reúso. Lá, segundo Rodrigues (2005), existe grande preocupação para que a água de
reúso não contamine os lençóis freáticos, vez que são utilizadas inclusive para a
irrigação de culturas. Neste sentido, conclui-se que o controle, o monitoramente sobre o
procedimento é extremamente rigoroso.
Um caso interessante a se observar é a relação do México com o tema. Utilizado
de maneira substancial para a irrigação, o reúso é amparado por lei neste sentido.
23
A Ley Nacional Del Água em vigor desde 1993 possui uma seção específica e
referente à prevenção e controle da possibilidade de contaminação d’água
(RODRIGUES, 2005). Há, neste arcabouço legal, as Normas Técnicas Ecológicas 32 e
33 (NOM-CCA-032-ECOL/1993 e NOM-CCA-033-ECOL/1993) que também
contemplam a questão da irrigação de culturas com águas residuárias, diz Rodrigues
(2005).
24
6. Apresentação do protótipo final
A partir da apresentação do problema, processo de “ouvir”, e de um extenso
trabalho de pesquisa e levantamento bibliográfico das possíveis soluções, suas causas e
efeitos ou impactos, propôs-se um protótipo final cuja relação custo/benefício mostrou-
se a mais viável.
A Figura 15 a seguir apresenta o local onde será instalado o sistema de coleta de
água para reuso proposto neste projeto.
Figura 15. Foto do local de captação da água.
No local em que será captada a água da lavagem das verduras, legumes e frutas
também será instalado um filtro simples e o ladrão ligando ao sistema de esgoto.
25
Para a instalação da caixa d’água foi escolhido um local próximo ao da captação
para se evitar o custo de uma bomba d’água. A Figura 16 abaixo apresenta o local de
instalação.
Figura 16. Foto do local de instalação da caixa d’água.
A Figura 17 apresenta parte da planta baixa original onde será instalado o
sistema de reuso.
Figura 17. Detalhe da planta baixa.
26
A Figura 18 abaixo apresenta o esquema da planta baixa após instalação do projeto.
Figura 18. Planta baixa após instalação do sistema.
Para melhor visualização do “layout” do local, após a instalação do sistema, e de
forma a simular e consequentemente prever qualquer possível problema causado pelas
mudanças propostas pelo projeto, foi realizado, em software de desenho e simulação,
um esquema preliminar do dimensional e funcionamento de todo o aparato, conforme
ilustrado na Figura 19.
27
Figura 19. Esquema em 3d produzido no SketchUp.
6.1 Viabilidade técnico-econômica
De forma a viabilizar a implantação do projeto foi levantado todos os custos de
materiais, visando sempre aqueles de melhor qualidade aliado a menor custo, conforme
apresentado na Tabela 5.
Tabela 5. Materiais necessários.
Item Valor (R$)
Filtro de água de 25 micras (Retém partículas como areia,
barro, ferrugem e outros sedimentos) 180,00
Caixa d’água de 500 litros + Frete R$ 50,00 330,00
3 m de cano ¾” 15,00
1 T de ¾” 0,80
4 joelhos de ¾” 3,00
1 boia para caixa d’água 10,00
2 luvas com rosca externa de ¾” 2,00
Custo Total 540,00
28
O restaurante objeto de estudo tem seu funcionamento de segunda a sábado,
apenas no horário de almoço, ou seja, são 26 dias por mês. Sendo que a lavagem da
cozinha, da área de recebimento e dos banheiros é feita diariamente.
O sistema proposto é bem simples de ser instalado, pois é composto de uma
ligação, através de canos de PVC, da saída da cuba até uma caixa de água, passando por
um filtro. Para evitar transbordamento da caixa de água, e deixar o piso do local
molhado constantemente, será instalado um ladrão na tubulação. O tempo estimado de
instalação é de um dia e recomenda-se a contratação de um profissional (pedreiro ou
encanador) para realizar o trabalho, porém pode ser executado por pessoa não
especializada. O sistema coletará a água utilizada diariamente para lavagem de frutas e
verduras, será filtrado e armazenado e utilizado para lavar a cozinha e áreas adjacente e
os banheiros, através de uma bomba de alta pressão, cuja ligação será feita por meio de
uma torneira instalada na parte inferior da caixa.
Segundo o proprietário, seus funcionários ficam em torno de 2 horas lavando
frutas, verduras e legumes. Dados da medição mostram que a torneira tem uma vazão de
10 litros de água por minuto, ou seja, em 1 hora são 600 litros. Para a medição
utilizamos um recipiente cuja capacidade é de 5 litros e mantivemos a torneira
completamente aberta pelo período de 30 segundos, momento em que o recipiente ficou
completamente cheio. Esse sistema precisa de apenas uma hora de uso de água da
torneira para que fique completamente cheio, com um potencial de gerar uma economia
diária de até 500 litros de água.
Informações coletadas dos demonstrativos de consumo de água (Figura 20)
indicam que seu consumo médio, nos últimos 12 meses, é de 82.000 litros por mês (82
m³). O sistema apresentado pode economizar até 13.000 litros de água por mês (13 m³),
o que representaria um consumo de água 15,85% menor.
Na cidade de Bauru o valor da conta de água é escalonado, ou seja, quanto mais
água se consome maior é o custo no final do mês, com o valor em Reais por 1 m³
sempre aumentando. Utilizando o custo de 82 m³ de água, a um valor de R$ 1437,02 e
com a redução no consumo para, em média, 69 m³, a um valor de R$ 1066,02, teremos
uma economia de R$ 370,04. Projetando essa economia, o que representa 25,75% do
29
valor médio gasto com consumo de água, a longo prazo é adequado dizer que o sistema
se paga em 2 meses.
Figura 20. Exemplo de demonstrativo de consumo.
Deste modo, comparando-se a situação do estabelecimento encontrada antes e
após a implantação projeto, fica evidente a economia financeira, que gira em torno de
25%, e ecológica com economia de 13m3 de água potável, como pode ser melhor
visualizado na Figura 21 e na Figura 22 abaixo.
30
Figura 21. Comparativo de economia em termos de volume de água.
Figura 22. Comparativo de economia em termos de valores, em reais.
31
7. Considerações finais
A falta de água tratada que atinge não somente a cidade de Bauru, mas o Estado
de São Paulo como um todo, necessita de ações que levem a uma solução ou
minimização imediata do problema, sem esperar que estas soluções venham
exclusivamente do poder público.
A sociedade precisa buscar soluções práticas e viáveis para colaborar nesta
solução, e ainda procurar num momento de crise, alternativas que possam diminuir
custos e, consequentemente manter ou aumentar os lucros.
O ramo de restaurantes é profundamente afetado por este cenário e uma análise
criteriosa de seu processo produtivo pode colaborar para o sucesso do negócio e ainda
colaborar com as ações governamentais e ambientais, em relação ao uso racional da
água.
Acreditamos que a solução encontrada para o problema específico do
Restaurante De Vitto, através da captação da água de lavagem de verduras e legumes,
filtragem, armazenamento e seu reuso na lavagem dos pisos das áreas internas e
externas do restaurante, está de acordo com estas metas do processo produtivo.
Isto pode ser comprovado pela viabilidade financeira do negócio, pela economia
de água e pelo lado ambiental, que também pode ser explorado através do “marketing
verde”, sinalizando as áreas com apelos ecológicos que o processo pode proporcionar.
Desta forma, os conhecimentos adquiridos através do projeto, apontam para
busca de soluções com baixa complexidade técnica, mas que produzam efeitos
financeiros e ambientais buscados e desejáveis por toda a sociedade.
32
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