universidade federal do amapá pró-reitoria de … with the increase of the concentration of grains...

181
1 Universidade Federal do Amapá Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical Mestrado e Doutorado UNIFAP / EMBRAPA-AP / IEPA / CI-Brasil ANTONIO FERREIRA DE OLIVEIRA Estudo da viabilidade da produção de biofilmes de kefir e suas interações com extratos de açaí (Euterpe oleracea Martius) e de gérmen de soja (Glycine max (L.) Merrill) MACAPÁ, AP 2016

Upload: hahanh

Post on 20-Jun-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

Universidade Federal do Amapá

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação

Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical

Mestrado e Doutorado

UNIFAP / EMBRAPA-AP / IEPA / CI-Brasil

ANTONIO FERREIRA DE OLIVEIRA

Estudo da viabilidade da produção de biofilmes de kefir e suas interações com

extratos de açaí (Euterpe oleracea Martius) e de gérmen de soja (Glycine max

(L.) Merrill)

MACAPÁ, AP

2016

2

ANTONIO FERREIRA DE OLIVEIRA

Estudo da viabilidade da produção de biofilmes de kefir e suas interações com

extratos de açaí (Euterpe oleracea Martius) e de gérmen de soja (Glycine max

(L.) Merrill)

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Biodiversidade Tropical da

Universidade Federal do Amapá (UNIFAP),

como parte dos requisitos para obtenção do

título de Doutor em Biodiversidade

Tropical.

Linha de Pesquisa: Uso sustentável da

biodiversidade.

Orientador: Prof. Tit. José Carlos Tavares

Carvalho

MACAPÁ, AP

2016

3

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca Central da Universidade Federal do Amapá

502.82

O48e Oliveira, Antonio Ferreira.

Estudo da viabilidade da produção de biofilmes de kefir e suas

interações com extratos de açaí (Euterpe oleracea Martius) e de gérmen

de soja (Glycine max(L.) Merrill) / Antonio Ferreira Oliveira;

orientador, José Carlos Tavares Carvalho. – Macapá, 2016. 180 f.

Tese (doutorado) – Fundação Universidade Federal do Amapá,

Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical.

1. Biofilmes. 2. Kefir. 3. Microscopia de força atômica (AFM) I.

Carvalho, José Carlos Tavares, orientador. II. Fundação Universidade

Federal do Amapá. III. Título.

4

ANTONIO FERREIRA DE OLIVEIRA

Estudo da viabilidade da produção e padronização de biofilmes de kefir e suas

interações com extratos de açaí (Euterpe oleracea Martius) e de gérmen de soja

(Glycine max (L.) Merrill)

_________________________________________

Prof. Tit. José Carlos Tavares Carvalho

(Orientador)

Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)

____________________________________________

Dra. Elizabeth Portal Viana

Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)

____________________________________________

Dr. Rodrigo Alves Soares Cruz

Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)

____________________________________________

Dr. Caio Pinho Fernandes

Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)

____________________________________________

Dr. Robert Maguiña Zamora

Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)

Aprovada em 26 de Agosto de 2016, Macapá, AP, Brasil

5

Dedico este trabalho ao meu melhor Amigo

e companheiro dentro do meu coração, pois

sem as orações ouvidas e atendidas por Ele

nada disso teria sido possível

6

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu Orientador pelo direcionamento, apoio e empurrões para que eu seguisse

em frente.Seu exemplo de pesquisador competente e dedicação e inestimável auxílio tornaram

possível a cosecução desta pesquisa.

À Universidade Federal do Amapá através do Programa de Pós-Graduação em

Biodiversidade Tropical (PPGBIO).

Ao CNPq pela bolsa de doutorado concedida nos dois últimos anos.

Agradeço à técnica do Laboratório de Pesquisa em Fármacos e amiga Adriana Maciel pelo

apoio e toda ajuda prestada para a construção da tese.

Agradeço aos professores que contribuíram significativamente: Dr Alexandro Cezar

Florentino, Dr Caio Pinho Fernandes, Dr Irlon Maciel Ferreira, Dr Jesus Rodrigues Amado, Dr

Robert Maquiña Zamora, Dr Roberto Messias Bezerra, Dr Rodrigo Alves Soares Cruz.

Aos companheiros do Laboratório de Pesquisa em Fármacos, em especial ao Jonatas

Lobato Hélison e Jéssica Vilhena e Beatriz de Sá pelo apoio cientifico e pelas palavras de

incentivo.

Ao pesquisador Mauricio Abdon (IEPA), o qual contribuiu com a análise estatística.

Aos meus irmãos que, mesmo distante, me incentivaram, e especialmente ao meu irmão

Carlos Fernandes e a minha irmã Regina que me apoiaram, advindo pessoalmente ao Amapá

várias vezes com o intuito de me auxiliar.

Enfim a todos que me ajudaram direta e indiretamente que, eventualmente, não tenham sido

citados, o meu muito obrigado.

7

“Há de a esperança transmudar-se em alegre fruto, a

fé em realidade,

a oração em louvor!”

8

RESUMO

Oliveira, Antonio Ferreira. Estudo da produção de biofilmes de kefir em diferentes substratos, e

suas interações com extratos de açaí (Euterpe oleracea Martius) e de gérmen de soja (Glycine

max (L.) Merrill). Macapá, 2016. Tese (Doutorado em Biodiversidade Tropical) – Programa de

Pós-graduação em Biodiversidade Tropical – Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação -

Universidade Federal do Amapá.

O kefir é um probiótico composto por microrganismos que vivem em simbiose principalmente

Lactobacillus e leveduras. O objetivo deste estudo foi padronizar a produção de biofilmes de

kefir em solução de açúcar mascavo, açúcar branco e aferir suas interações com extrato de açaí e

de gérmen de soja. Para tanto os grãos de kefir foram inoculados em meio de cultura com

diferentes concentrações açúcar mascavo (AM) e açúcar branco (AB). Após 20 dias, foram

aferidas as biomassas dos biofilmes formados. Foi também determinada a composição de macro e

microelementos dos biofilmes e sua estrutura foi analisada usando microscopia ótica,

microscopia de força atômica (AFM) e microscopia eletrônica de varredura (MEV). A

concentração necessária de substrato para formação de biofilme com o açúcar mascavo foi de 40

g/L e a concentração grãos de kefir foi de 20 g/L. Com relação ao açúcar branco a melhor

concentração de substrato foi de 20 g/L e a concentração de grãos de kefir foi de 20 g/L. Quanto

a composição de macro e microelementos dos biofilmes de kefir a concentração de Fe++ foi de

2,725 mg/L em AM e 1,570 mg/L em AB. O Ca++ foi maior nos biofilmes formados em AB

(2,150 mg/L) do que nos formados em AM (0,550 mg/L). A análise por AFM revelou diferença

de rugosidade à medida que se aumentou a concentração de grãos de kefir no meio e a

microscopia eletrônica de varredura (MEV) mostrou a estrutura do biofilme bem como a adesão

de bactérias às hifas. Para se obter biofilmes de kefir com extrato de açaí (EHEEo) diferentes

concentrações de EHEEo, de grãos de kefir e açúcar mascavo foram testadas. Após 20 dias foi

aferida a biomassa dos biofilmes e analisada a estrutura desses biofilmes através AFM e MEV.

Buscou-se confirmar a incorporação de antocianinas nestes biofilmes, a composição de macro e

microelementos e a rugosidade (RMS) com o uso de AFM. Procedeu-se a dosagem de

antocianinas tanto nos biofilmes como no meio. A melhor concentração de açúcar mascavo para a

formação de biofilme foi de 40 g/L com 100 mL de EHEEo (12,62+/-0,1626). de fungos. As

antocianinas se mostraram estáveis em biofilmes por pelo menos 26 meses (18 µg/100g).

Diferentes concentrações de grãos de kefir e de gérmen de soja foram cultivados em meio de

cultura com solução de açúcar mascavo (40g/L) por 20 dias quando os biofilmes foram retirados

e as isoflavonas foram extraídas dos biofilmes e quantificadas através de cromatografia líquida de

alta eficiência (CLAE). A melhor concentração de grãos de kefir foi 40 g/L com 20 g/L de

gérmen de soja e o doseamento de isoflavonas foi de 18 µg/L para gliciteína e para genisteína 22

µg/L. A análise por AFM revelou uniformidade da rugosidade à medida que se aumentou a

concentração de gérmen de soja no meio e a microscopia eletrônica de varredura (MEV) mostrou

a partículas adesivadas hifas e a estrutura do biofilme. A fusão das propriedades do kefir com

compostos bioativos abre um potencial de aplicação terapeutica considerável.

Palavras-chave: Biofilmes. Kefir. Lactobacillus. Leveduras. Microscopia de Força Atômica

(AFM). Açaí. Euterpe oleracea Mart. Antocianina. Gérmen de Soja. Isoflavonas.

9

ABSTRACT

Oliveira, Antonio Ferreira. Estudo da viabilidade da produção de biofilmes de kefir e suas

interações com extratos de açaí (Euterpe oleracea Martius) e de gérmen de soja (Glycine max

(L.) Merrill). Macapa, 2016. Thesis (Doctorate in Tropical Biodiversity) - Postgraduate in

Tropical Biodiversity Program - Dean of Research and Graduate Studies - Federal University of

Amapá.

Kefir is a probiotic composed by microorganisms that live in symbiosis mainly Lactobacillus and

yeast. This study has objective the padronization of biofilms of kefir in brown and white sugar

solution and his interactions with açai extract (Euterpe oleracea Mart.) and soybean extract

(Glycine max (L.) Merril). They were formed tree kinds of biofilms: kefir sugar (boh brown ans

white sugar), kefir with sugar and açai and kefir sugar and soybean. Kefir grains were inoculated

in the culture medium with different concentration of brown sugar (BS) and white sugar (WS).

After twenty days the biomass of the biofilms were weighted. It was also determined the

composition of macro and micro elements of biofilms and its structure was analyzed using optical

microscopy (OM), atomic force microscopy (AFM) and scanning electron microscopy (SEM).

The concentration of white sugar substrate was 20 g/L and the concentration of kefir grains was

20 g/L. The concentration of brown sugar to form biofilm was 40 g/L and the concentration of

kefir grains was 20 g/L. The composition of macro and microelements kefir were iron 2,725

mg/L in BS solution and 1570 mg/L in WS solution. The calcium was higher in biofilms WS

(2,150 mg/L) than those formed in BS (0.550 mg / L). Analysis by AFM revealed a difference of

roughness with the increase of the concentration of grains of kefir in the culture medium.

Scanning electron microscopy (SEM) showed the structure of the biofilm and bacterial adhesion

to fungal hyphae. For kefir biofilms with acai extract (EHEEo), different concentrations of

EHEEo, kefir grains and brown sugar were tested. After 20 days, it was measured biomass of

biofilms and the structure of the biofilms were analyzed by AFM and SEM. The incorporation of

anthocyanins in these biofilms was confirmed and macro and microelements composition were

determined . The surface roughness (RMS) was studied using AFM. The dosage of anthocyanins

in both the biofilm and in the medium was determinated. The concentration of brown sugar to

form biofilm was 40 g/L with 100 mL/L of EHEEo (12.62 +/- 0.1626 g). Anthocyanins in

biofilms were stable for at least 26 months (18 mg / 100 g). Different kefir grains concentrations

and soy germ were cultivated in culture medium with brown sugar solution (40g/L) for 20 days

when biofilms were removed and isoflavones were extracted from the biofilms and quantified by

high performance liquid chromatography (HPLC). The concentration of kefir grains was 40 g/L

and soy germ was 20 g/L and determination of isoflavones was 18 µg/L of genistein and glycitein

22 µg/L. The merger of kefir properties with bioactive compounds opens a significant therapeutic

application potential.

Key Words: Biofilms. Kefir. Lactobacillus. Yeast. Probiotic. Atomic Force Microscopy (AFM).

Açaí. Euterpe oleracea Mart.. Anthocyanins.

10

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Estrutura do kefirano....................................................................................... 32

Figura 2 - Diagrama de funcionamento do microscópio de varredura de força............... 49

Figura 3 - Estrutura do Núcleo Flavílico........................................................................... 56

Figura 4 - Principais antocianinas encontradas nas frutas................................................. 57

Figura 5 - Principais antocianinas encontradas nos alimentos.......................................... 58

Figura 6 - Mapa conceitual apresentando as propriedades e os principais compostos

bioativos do extrato de açaí com a incorporaração de antocianina do açaí (Euterpe

oleracea Mart.) em biofilme de kefir.................................................................................

62

CAPÍTULO 1 - ESTUDOS DA VIABILIDADE DE OBTENÇÃO E

PADRONIZAÇÃO DE BIOFILMES DE KEFIR

Figura 1 - Biofilme de kefir em açúcar mascavo 40 g/L com concentração dos grãos de

kefir de 20 g/L....................................................................................................................

104

Figura 2 - Biofilme de kefir (20 g/L) em açúcar mascavo (40 g/L). Observa-se os biofilmes

formados no fundo do frasco se expandindo para a superfície.......................................................

104

Figura 3 - Meio de cultura de kefir (20 g/L) em açúcar mascavo (40 g/L). a) Material

aglutinado no fundo do béquer e b) Grãos de kefir adesivados por substância

aglutinante............................................................................................................................

104

Figura 4 - Foto de biofilme de kefir (20g/L) com açúcar mascavo (40 g/L) através de

microscopia óptica com resolução 400x mostrando a estrutura de formação de biofilmes e a

ausência de porosidade do biofilme................................................................................................

107

Figura 5 - Imagem topógráfica de biofilmes de kefir através de microscopia de força

atômica (AFM). Concentraçao de GK a) 20 g/L, b) 60 g/L e c) 80 g/L............................

107

Figura 6 - Imagem topográfica de biofilme de kefir com açúcar mascavo obtida através de

microscopia de varredura de força (AFM). Concentração AM 40 g/L e GK 20 g/L. Observa-se

uniformidade do tecido do biofilme e a rugosidade........................................................................

108

Figura 7 - Fotomicrografia eletrônica de varredura (MEV) de biofilme de kefir (20 g/L) em

açúcar mascavo (40 g/L) visualizado de perfil onde se observa as camadas de

exopolissacarídeo que se sobrepõem formando o biofilme. Dados de magnificação são

mostrados na figura.........................................................................................................................

108

11

Figura 8 – Fotomicrografia eletrônica de varredura (MEV) de biofilme de kefir (20 g/L) em

açúcar mascavo (40 g/L) onde se observa as bactérias adesivada às hifas de fungos.

Magnificação de a) 800x b)2000x e c) 3000x.............................................................................

1088

CAPÍTULO 2 - ESTUDO DE BIOFILME DE KEFIR ASSOCIADO AO EXTRATO

HIDROETANÓLICO DE Euterpe oleracea MART. (AÇAÍ). UM POSSÍVEL

PROBIÓTICO DA AMAZÔNIA

Figura 1 - Biofilmes de kefir com extrato hidroetanólico de Euterpe oleracea (BEHEEo)

formado com grão de kefir (GK) 20 g/L, açúcar mascavo, 40 g/L e extrato de açaí (100 mL).

Biofilme retirado do meio de cultura (1a) e biofilme liofilizado (1b)...........................

132

Figura 2 - Imagem gráfica através de microscopia de força atômica (AFM) de biofilme de

kefir a) Imagem gráfica da superfície do biofilme quando utilizado 20 g/L de grãos de kefir e

40 g/L açúcar mascavo. b) Imagem topográfica do biofilme quando utilizado 20 g/L de

grãos de kefir e 40 g/L açúcar mascavo. c) Imagem gráfica da superfície do biofilme

quando utilizado 60 g/L de grãos de kefir e 40 g/L açúcar mascavo. d) Imagem

topográfica do biofilme quando utilizado 60 g/L de grãos de kefir e 40 g/L açúcar

mascavo.Em todo este experimento ao meio de cultura foi adicionado 100 g

EHEEo................................................................................................................................

137

Figura 3 - Fotomicrografia eletrônica de varredura (MEV) de biofilme de kefir (20 g/L) com

açúcar mascavo (40 g/L) e açaí (100 g/L) (BEHEEo) obtida com resolução 2500x onde se

observa a presença de emaranhado de hifas................................................................................

138

CAPÍTULO 3 - ESTUDO DO BIOFILME DE KEFIR ASSOCIADO AO GÉRMEN DE

SOJA (Glycine max L. Merril)

Figura 1 - Perfil cromatográfico de agliconas padrão (Sigma Aldrich) através de

cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) para gliciteína e genisteína com tempo

de retenção 9,2 minutos e 18,7 min. respectivamente........................................................

159

Figura 2 - Perfil cromatográfico obtido por CLAE composto padrão extrato de gérmen

de soja para gliciteína e genisteína com tempo de retenção 9,60 minutos e 18,50 min.

respectivamente..................................................................................................................

159

Figura 3 - Perfil cromatográfico do meio de cultura com kefir 20 g/L com açúcar

mascavo 40 g/L, mais extrato de gérmen de soja a 10 g/L obtido através de

cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) para gliciteína e genisteína com tempo

12

de retenção 9,8 minutos e 19,8 min. respectivamente........................................................ 161

Figura 4 - Foto de biofilmes de kefir (20 g/L) com açúcar mascavo (40 g/L) com gérmen de

soja a) 20 g/L, b) 40 g/L, c) 80 g/L e d) 100 g/L............................................................................

162

Figura 5 - Perfil cromatográfico obtido por CLAE de kefir mas extrato de gérmen de

soja cultivado por 5 dias para gliciteína e genisteína com tempo de retenção 9,60

minutos e 18,50 min. respectivamente...............................................................................

163

Figura 6 - Imagem gráfica obtida através de microscopia de força atômica (AFM) mostrando

a rugosidade (0,287 µm) de biofilme de kefir formado 2 g/L de gérmen de soja. Observa-se a

presença de Lactobacillus...............................................................................................................

Figura 7 - Imagem gráfica de biofilme de kefir com gérmen de soja (10g/L) obtida com

microscopia de força atômica (AFM). O aumento da concentração não alterou a rugosidade (0,

283 µm)...........................................................................................................................................

Figura 8 - Imagem gráfica de biofilme de kefir com gérmen de soja (80g/L) obtida com

microscopia de força atômica (AFM). A rugosidade RMS (0,167 µm) naõ foi alterada

significativamente com o aumento da concentração de gérmen de soja.........................................

Figura 9 -Fotomicrografia eletrônica de varredura (MEV) de biofilme de kefir (20 g/L) com

açúcar mascavo (40 g/L) e gérmen de soja (20g/L) visualizada de perfil onde se observa as

camadas que formam os biofilmes se sobrepondo..........................................................................

Figura 10 - Fotomicrografia eletrônica de varredura (MEV) de biofilme de kefir (20 g/L) com

açúcar mascavo (40 g/L) com gérmen de soja (20 g/L) onde se visualiza hifa com moléculas

adesivadas à mesma........................................................................................................................

164

164

165

165

166

13

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1 - ESTUDO DA OBTENÇÃO DE BIOFILMES DE KEFIR EM

DIFERENTES SUBSTRATOS

Tabela 1 - Formação de biofilmes em diferentes concentrações de grãos de kefir e

substratos (açúcar mascavo e açúcar branco).....................................................................

101

Tabela 2 - Formação de biofilmes em função da concentração de açúcar branco e

mascavo..............................................................................................................................

102

Tabela 3 - Concentração de macro e microelementos presentes em grãos de kefir e em

biofilmes e obtidos em açúcar mascavo e açúcar branco...................................................

105

Tabela 4 - Compostos voláteis majoritários encontrados no meio de cultura do kefir..... 106

CAPÍTULO 2 - ESTUDO DE BIOFILME DE KEFIR ASSOCIADO AO EXTRATO

HIDROETANÓLICO DE Euterpe oleracea MART. (AÇAÍ). UM POSSÍVEL

PROBIÓTICO DA AMAZÔNIA

Tabela 1 - Formação de BEHEEo associado ao EHEEo em diferentes concentrações de

GK in AM (40 g/L)............................................................................................................

131

Tabela 2 - Formação de BEHEEo associado ao EHEEo em diferentes concentrações de

AM com GK (20 g/L).........................................................................................................

133

Tabela 3 - Concentração de antocianinas no BEHEEo formado com grãos de kefir GK

(20 g/L) com AM (40 g/L) em diferentes concentrações de EHEEo.................................

134

Tabela 4 - Perfil de liberação e dissolução de antocianina do BEHEEo........................... 134

Tabela 5 - Quantificação da concentração de antocianinas in BEHEEo em diferentes

períodos..............................................................................................................................

135

Tabela 6 - Concentração de macro e microelementos do EHEEo e do

BEHEEo.............................................................................................................................

135

Tabela 7 - Compostos voláteis majoritários encontrado no kefir com EHEEo................. 136

Tabela 8 - Efeito da temperatura sobre a síntese de BEHEEo................................... 139

14

CAPÍTULO 3 - ESTUDO DO BIOFILME DE KEFIR ASSOCIADO AO GÉRMEN DE

SOJA (Glycine max L. Merril)

Tabela 1 - Formação do biofilme com GK (20 g/L) e AM (40 g/L) em diferentes

concentrações de gérmen de soja (GS)...............................................................................

160

Tabela 2 - Formação do biofilme com GS (40 g/L) e AM (40 g/L) em diferentes

concentrações de grãos de kefir (GK)................................................................................

161

Tabela 3 - Determinação de período de tempo necessário para formação de biofilme e

liberação de isoflavonas do biofilme de kefir com germen de soja...................................

162

Tabela 4 - Concentração de macro e microelementos do biofilme de kefir com gérmen

de soja.................................................................................................................................

163

15

ABREVIATURAS E SIGLAS

°C Graus Celsius

°GL Grau Gay-Lussac

µ Micrômetro

µg Microgramas

µL Microlitro

AB Açúcar branco

AFM Atomic Force Microscopy ou Microscopia de Força Atômica

AI Índice Aritmético

AM Açúcar mascavo

AOAC Association of Official Analytical Chemists

BEHEEo Biofilme de extrato hidroetanólico de Euterpe oleracea

CG Cromatografia gasosa

CG-MS Cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa

CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

D Dimensões

EHEEo Extrato hidroetanólico de Euterpe oleracea

eV Eletrónvolt

g Grama

GK Grãos de kefir

kg kilograma

KHz Kilohertz

16

L Litro

M Molar

m Metro

MEV Microscopia Eletrônica de Varredura

mg miligrama

min minuto

mL mililitro

mm milimetro

mmol milimol

nN nanoNewtons

p/v peso por volume

PA Puro para análise

pH Potencial hidrogeniônico

Rm Rugosidade média

RMS rugosidade

rpm Rotações por minuto

17

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................................ 210

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 243

2.1. KEFIR ..................................................................................................................... 24

2.1.1. Efeito probiótico do kefir .................................................................................. 25

2.1.2 Compostos voláteis do meio de cultura ............................................................ 26

2.1.3 Processos fermentativvos de kefir e produção de etanol ............................... 28

2.1.4 A associação simbiótica do kefir ....................................................................... 28

2.1.5 O kefirano ........................................................................................................... 31

2.1.5.1 Kefirano: possíveis aplicações .......................................................................... 35

2.1.5.2 Utilização do kefirano como biopolímero ......................................................... 36

2.1.5.3 Fatores para a produção de kefirano .................................................................. 37

2.2 BIOFILMES MICROBIANOS ............................................................................... 38

2.2.1 Aplicações de biofilmes ...................................................................................... 43

2.2.2. Biofilmes e biorremediação ............................................................................. 43

2.2.2.1 Biorremediação de pesticidas ............................................................................ 42

2.2.3 Forças de adesão envolvidas em síntese de biofilmes ...................................... 44

2.2.4 Propriedades reológicas dos biopolímeros ....................................................... 47

2.2.5 Métodos físicos para estudo dos biofilmes ....................................................... 48

2.2.5.1 Utilização de microscopia de força atômica (AFM) ......................................... 48

2.2.5.2 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ................................................... 51

2.3 COMPOSTOS FENÓLICOS E SUA IMPORTÂNCIA ........................................ 521

2.4 FLAVONÓIDES ..................................................................................................... 55

2.5 ANTOCIANINAS ................................................................................................... 57

2.6. O GÊNERO EUTERPE .......................................................................................... 61

2.6.1 O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) ............................................................... 62

2.6.1.1 Classificação de extrato de açaí (Euterpe oleracea Mart.) de acordo com o pH64

2.6.1.2 Açaí (Euterpe oleracea Mart.) e fotoproteção .................................................. 64

2.6.1.3 Componentes do extrato de açaí (Euterpe oleracea MART.) ........................... 64

2.7 ISOFLAVONAS PRESENTES EM GÉRMEN DE SOJA ...................................... 65

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 668

3 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 91

3.1 GERAL .................................................................................................................... 91

3.2 ESPECÍFICOS ......................................................................................................... 91

CAPÍTULO 1: VIABILIDADE DE OBTENÇÃO E PADRONIZAÇÃO DE

BIOFILMES DE KEFIR .................................................................................................... 93

RESUMO ............................................................................................................................... 94

ABSTRACT...........................................................................................................................94

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 95

2 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 98

2.1 Seleção da concentração de grãos de kefir ................................................................... 98

2.2 Determinação da concentração de substrato para a formação de biofilme ............ 987

2.3 Controle da temperatura para produção de biofilme de kefir ................................... 98

2.4 Doseamento de macro e microelementos nos grãos de kefir e biofilme por

espectrometria de absorção atômica ................................................................................ 998

18

2.5 Análise dos compostos voláteis do meio de cultura do kefir por cromatografia

gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-EM) ..................................................... 99

2.6 Análise estrutural de biofilmes de kefir por microscopia óptica e por AFM .......... 100

2.7 Análise estrutural de biofilmes de kefir por microscopia eletrônica de varredura

(SEM) ................................................................................................................................... 100

2.8 Análise estatística .......................................................................................................... 100

3. RESULTADOS ................................................................................................................ 101

3.1 Seleção da concentração de grãos de kefir ................................................................. 101

3.2 Determinação da concentração de substrato para a formação de biofilme ............ 103

3.3 Controle da temperatura para produção de biofilme de kefir ................................. 105

3.4 Doseamento de macro e microelementos nos grãos de kefir e biofilme por

espectrometria de absorção atômica ................................................................................. 106

3.5 Análise dos compostos voláteis do meio de cultura do kefir por cromatografia

gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-EM) ................................................... 106

3.6 Análise estrutural de biofilmes de kefir por microscopia óptica e por AFM .......... 107

3.7 Análise estrutural de biofilmes de kefir por microscopia eletrônica de varredura

(SEM) ................................................................................................................................... 109

4 DISCUSSÃO .................................................................................................................... 110

5 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 116

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 117

CAPÍTULO 2: ESTUDO DO BIOFILME DE KEFIR ASSOCIADO AO EXTRATO

HIDROETANOLICO DE Euterpe Oleracea MART. (AÇAÍ). UM POSSÍVEL

PROBIÓTICO AMAZÔNICO ......................................................................................... 121

RESUMO ............................................................................................................................. 122

ABSTRACT ........................................................................................................................ 123

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1243

2 MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 1276

2.1 OBTENÇÃO DE EHEEO. .......................................................................... ..........127

2.2 OBTENÇÃO DE BIOFILMES ASSOCIADOS AO EXTRATO

HIDROETANÓLICO DE EUTERPE OLERACEA MART. (BEHEEO). .......................... 127

2.3 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE SUBSTRATO COM EHEEO

PARA FORMAR BIOFILMES. ................................................................................ 1287

2.4 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE EHEHO OBJETIVANDO

FORMAÇÃO DE BIOFILME ..................................................................................... 128

2.5 EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE ANTOCIANINAS. .............................. 128

2.6 PERFIL DA LIBERAÇÃO E DISSOLUÇÃO DE ANTOCIANINAS DE BEHEEO

..................................................................................................................................... 129

2.7 DOSAGEM DE MACRO E MICROELEMENTOS DE BEHEEO. ................. 13029

2.8 ANÁLISE ESTRUTURAL BEHEEO POR MICROSCOPIA DE FORÇA

ATÔMICA (AFM). ..................................................................................................... 130

2.9 ANÁLISE DE BIOFILMES DE KEFIR ATRAVÉS DE MICROSCÓPIO

ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) ................................................................ 131

2.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA. ................................................................................. 131

3 RESULTADOS ................................................................................................................ 132

3.1 OBTENÇÃO DE BEHEEO. .................................................................................. 132

3.2 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE SUBSTRATO COM EHEEO

PARA FORMAR BIOFILMES. .................................................................................. 133

19

3.3 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE EHEEO PARA A FORMAÇÃO

DE BIOFILME. ........................................................................................................... 134

3.4. PERFIL DA LIBERAÇÃO E DISSOLUÇÃO DE ANTOCIANINAS DE BEHEEO

..................................................................................................................................... 135

3.5 EXTRAÇÃO E DOSAGEM DE ANTOCIANINA DO BEHEEO ........................ 135

3.6. DOSAGEM DE MACRO E MICROELEMENTOS DE BEHEEO. .................... 136

3.7 COMPOSTOS VOLÁTEIS DO EHEEO ............................................................ 1365

3.8 ANÁLISE ESTRUTURAL BEHEEO POR MICROSCOPIA DE FORÇA

ATÔMICA. ................................................................................................................. 137

3.9 ANÁLISE ESTRUTURAL BEHEEO POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE

VARREDURA (MEV) ................................................................................................ 139

3.10. DETERMINAÇÃO DA TEMPERATURA NA FORMAÇÃO DE BEHEEO. .. 139

4. DISCUSSÃO ................................................................................................................... 141

5 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 145

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 1465

CAPÍTULO 3: ESTUDO DO BIOFILME DE KEFIR ASSOCIADOAO GÉRMEN DE

SOJA (GLYCINE MAX L. MERRIL) ................................................................................ 151

RESUMO ............................................................................................................................. 152

ABSTRACT ........................................................................................................................ 153

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 154

2 MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 1565

2.1 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE GÉRMEN DE SOJA

NECESSÁRIA PARA A FORMAÇÃO DE BIOFILMES COM KEFIR E AM ....... 1565

2.2 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE GRÃOS DE KEFIR

NECESSÁRIA PARA A FORMAÇÃO DE BIOFILMES COM GÉRMEN DE SOJA

................................................................................................................................... 1565

2.3 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE ISOFLAVONAS NO MEIO DE

CULTURA E NOS BIOFILMES ................................................................................ 157

2.4 DETERMINAÇÃO DE PERÍODO INCORPORAÇÃO DE ISOFLAVONAS 1576

2.5 DOSAGEM DE MACRO E MICROELEMENTOS DE BIOFILMES DE KEFIR

COM GÉRMEN DE SOJA .......................................................................................... 158

2.6 ANÁLISE ESTRUTURAL DE BIOFILMES DE KEFIR COM GÉRMEN DE SOJA

ATRAVÉS DE MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA (AFM) ............................ 157

2.7 ANÁLISE DE BIOFILMES DE KEFIR COM GÉRMEN DE SOJA ATRAVÉS DE

MICROSCÓPIO ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) .................................... 159

2.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA. ................................................................................... 159

3 RESULTADOS ................................................................................................................ 160

3.1 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE GÉRMEN DE SOJA

NECESSÁRIA PARA A FORMAÇÃO DE BIOFILMES COM KEFIR E GÉRMEN DE

SOJA ......................................................................................................................... 1609

3.2 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE GRÃOS DE KEFIR

NECESSÁRIA PARA A FORMAÇÃO DE BIOFILMES COM GÉRMEN DE SOJA162

3.3 DETERMINAÇÃO DE PERÍODO NECESSÁRIO PARA INCORPORAÇÃO DE

ISOFLAVONAS ......................................................................................................... 163

3.4 DOSAGEM DE MACRO E MICROELEMENTOS DE BIOFILME COM GÉRMEN

DE SOJA ..................................................................................................................... 164

20

3.7. ANÁLISE ESTRUTURAL BIOFILMES DE KEFIR E GÉRMEN DE SOJA POR

MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA E MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE

VARREDURA (MEV) .............................................................................................. 1654

4 DISCUSSÃO .................................................................................................................. 1687

5. CONCLUSÃO.................................................................................................................171

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................172

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ .........175

21

1 INTRODUÇÃO GERAL

Através da História da Microbiologia os microrganismos têm sido descritos como seres

unicelulares. Analisando-se seu metabolismo a partir deste prisma têm sido descritos com base

em suas características em um meio de cultura nutricionalmente rico. Contudo na natureza, em

geral, não se encontram meios com disponibilidade de todos nutrientes, por isso estes seres

desenvolveram estratégias que lhes permitem comunicar-se entre si e agir como um ser

multicelular, o que se dá através da formação de biofilmes, os quais cumprem diversas funções

que lhes possibilitam a sobrevivência nos mais diversos habitats da Biosfera (FLEMMING;

WINGENDER, 2001a; SUTHERLAND, 2001; VAN HULLEBUSCH, 2003; VU et al., 2009).

Sabe-se que os microrganismos existem predominantemente em biofilmes e através

desta estratégia adquirem alta tolerância ao estresse tanto biológico como químico e físico

(GORBUSHINA; BROUGHTON, 2009). Em torno de 70 % da energia destes seres é despendida

neste processo (POLI et al., 2010), o que apenas evidencia o quanto isto é vital para os mesmos

(DAVEY; O'TOOLE, 2000).

Os biofilmes exercem várias funções desde a sustentação como a proteção contra

estresse ambiental. A formação de biofilme protege a bactéria contra bacteriófagos, amebas,

contra diversos biocidas e antibióticos (COSTERTON et al., 1999). Essa proteção é tanto física

pois retém e impede o contato com antibióticos como química criando uma barreira de proteção

com íons por exemplo (GRUMBEIN et al., 2014) que veta a entrada de compostos lesivos.

Neste estudo aborda-se o uso do complexo microbiano do kefir aferindo sua capacidade

de formar biofilmes ou de se agregarem a biofilmes.

O kefir constitui uma bebida obtida a partir da fermentação do leite ou de sucos de frutas

ou mesmo da água com açúcar. Obtido na temperatura ambiente é metabolizado por colônias de

lactobacilos, leveduras e fungos filamentosos que formam os “grãos de kefir”

Tradicionalmente costumamos pensar na célula como a unidade básica de toda a vida, os

grãos de kefir, no entanto se comportam como uma exceção na qual vários seres se fundem numa

relação mutualística formando um ser simbionte onde todos usufruem do mesmo substrato em

sucessão.

Quando se trata sobre biofilmes bacterianos são abordados quase exclusivamente os que

são formados por bactérias patogênicas, causando ferimentos crônicos, ou biofilmes que se

22

formam sobre instrumentos médicos (VU et al., 2009; VIDIGAL; SVIDZINSKI, 2009). Embora

haja uma abordagem sobre a utilidade dos mesmos em biorremediação (HONG et al., 2012), a

ênfase predomina sobre seus efeitos deletérios à saúde bem como sobre como impedir sua

formação e encontrar mecanismos que o limitem (GHOSH et al., 2015). Com efeito, em sua

forma séssil as bactérias se tornam até mil vezes mais resistentes a antibióticos. Por isso uma das

alternativas para o problema da resistência dos microrganismos a antibióticos tem sido a

compreensão e obstrução do mecanismo de formação de biofilmes (FURIGA et al., 2015;

GHOSH et al., 2015).

O uso de probíóticos como o kefir para induzir a formação de biofilmes tem perspectivas

para aplicações terapêuticas, pois estes biofilmes têm grande probabilidade de serem benéficos à

saúde. Probióticos repelem microrganismos patológicos ao competir por sitio e nutrientes

(VIDYALAXME et al., 2014) e impedem a formação de biofilmes por bactérias patogênicas e

anaeróbias (FERNÁNDEZ et al., 2015).

Uma das características dos biofilmes é sua capacidade de agregarem componentes do

meio que podem ser ácidos nucleicos, proteína e até mesmo sangue, portanto tendo em vista esta

capacidade ao se obter biofilmes de kefir conjecturou-se a possibilidade de esses biofilmes

incorporarem composto bioativos encontrado em plantas, como por exemplo as antocianinas do

açaí (Euterpe oleracea Martius) ou as isoflavonas do gérmen de soja (Glycine max (L) Merril).

O açaí (Euterpe oleracea Martius) tem despertado a atenção do mundo todo devido ser

uma planta da Amazônia que pode inclusive contribuir para a preservação da mesma

(MALCHER, 2011) devido ao interesse de sua exploração com sustentabilidade, exploração essa

que é decorrente do seu alto conteúdo de polifenóis dentre os quais se destacam as antocianinas

(PEIXOTO et al, (2016). Foi confirmado que as antocianinas podem inibir e prevenir diabetes e

câncer, além de combater o estresse oxidativo (SANTOS et al., 2008).

A cada ano um número maior de pessoas estão procurando produtos que contenham não

apenas sabor agradável ou que sejam de origem vegetal, mas também que possam contribuir para

melhoria de saúde e essa conscientização pode levar a surgimentos de produtos os quais dantes

não teriam aceitação. Essa perspectiva não se restringe apenas às antocianinas, mas também a

outros compostos bioativos como as isoflavonas encontradas em várias espécies vegetais,

notadamente em soja (Glycine max (L) Merril). A soja é, dentre as espécies vegetais estudadas a

que comporta maiores quantidades de isoflavonas (CARRÃO PANIZZIS et al., 2009).

23

O uso da soja pode combater e prevenir os efeitos da menopausa evitando a reposição

hormonal (IMAI, 2015). Os grãos de soja são apontados como os principais reservatórios de

isoflavonas (CARRÃO-PANIZZI et al., 2009). Além de sua atividade como fitoestrógeno, as

isoflavonas têm sido confirmadas como coadjuvantes no combate ao estresse oxidativo evitando

doenças cardíacas, câncer e outras patologias (ROSSI et al., 2004).

O efeito do uso da soja como fonte de fitoestrógenos tem sido questionado (SILVA et

al., 2009). Provavelmentes isto se deve ao fato de que para as isoflavonas serem absorvidas pelo

trato intestinal é mister que o mesmo esteja em homeostase (OLIVEIRA; BASTOS, 2011), caso

contrário sua ingesta se torna inócua. A situação de disbiose impede a absorção eficaz de

compostos bioativos. O uso de isoflavonas com probióticos, como o kefir, tem perspectiva de

causar o restabelecimento da homeostase e a consequente absorção de compostos benéficos ao

hospedeiro (YANG, 2015; COPPA et al., 2006).

24

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. KEFIR

O kefir é uma bebida feita a partir da fermentação do leite vegetal ou animal, em

temperatura ambiente, entre 10°C e 25°C, por colônias de Lactobacilos e leveduras, conhecidas

como “grãos de kefir”.

A palavra “kefir” deriva do turco keif, que pode ser traduzida como “bom sentimento”

ou “sentir-se bem” (OTLES; CAGINDI, 2003). Originário do Cáucaso foi introduzido no resto

do mundo, apenas, no início do século XX. Portanto ele é obtido através da incubação do

substrato com os grãos de kefir que são gelatinosos com massa irregular branco ou levemente

amarelos de tamanho variável oscilando entre vários milímetros a 3 cm de diâmetro. Sua forma é

similar à pipoca ou mesmo à couve em flor (LA RIVIERE et al., 1967; MARSHALL, 1993).

O kefir pode ser feito com água ou com todo o tipo de leite de origem animal ou vegetal

como, por exemplo, leite de coco, de soja, de arroz, de aveia, etc. A vantagem do kefir em água,

quando comparado ao de leite, é que pode tomar-se em grande quantidadee passa mais

rapidamente para a corrente sanguínea, se converte em uma bebida de consistência cremosa,

espessa e uniforme com um leve sabor ácido e um aroma moderado de levedura fresca (como a

cerveja). O kefir pode ser bebido puro ou, se não apreciar a acidez, pode-se adicionar um pouco

de adoçante ou mesmo misturar nas sopas, nos sumos de fruta ou batidos. Tem, igualmente, uma

efervescência natural, de gosto “carbonatado” que lhe confere sabor único e o seu odor agradável

muito característico (ANSELMO et al., 2010).

Os grãos de kefir são constituídos por leveduras homofermentativas como

Kluyveromyces marxianus; e leveduras heterofermentativas como Saccharomyces omnisporus,

Saccharomyces cerevisae e Saccharomyces exiguus, Lactobacillus casei, Bifidobaterium sp e

Streptococcus salivarius subsp thermophilus, entre outros (POGAČIĆ et al., 2013). Interessante

ressaltar que o kefir cultivado com leite de soja contém valores mais altos de bactérias ácido-

lácticas do que o kefir obtido a partir do leite de origem animal.

Observou-se que os Lactococcus e leveduras predominam na região mais externa dos

grãos de kefir, enquanto que os Lactobacillus se concentram em seu interior onde também

aparecem mais leveduras (WANG et al., 2012). Não se compreende ainda exatamente o

25

mecanismo de formação dos grãos de kefir. Wang et al., (2012) sugerem que inicialmente o

Lactobacillus kefiranofaciens e Saccharomyces turicensis começam a se autoagregarem e a

coagregarem formando pequenos grânulos. Essa agregação é facilitada pela queda do pH.

Microrganismos produtores de biofilme (Lactobacillus kefiri, Kluyveromyces marxianus HY1 e

Pichia fermentans HY) então aderem a superfície destes pequenos grânulos devido às

propriedades da superfície de suas células e de sua forte capacidade de agregação. Origina-se

assim um biofilme ainda bem fino. Após isto as leveduras e os Lactobacillus continuam se

agregando e se fundindo com o biofilme dos grânulos e, em consequência, torna-se uma

microcolônia tridimensional. Ocorre um aumento de densidade ainda mais acentuado pelo

acréscimo de células e componentes do meio de cultura formando assim o grão de kefir (WANG

et al., 2012, PRADO et al., 2015). É importante ressaltar que ocorre concomitantemente a síntese

de um exopolissacarídeo, o kefirano, secretado notadamente por Lactobacillus kefiranofaciens, o

qual contribui para a formação da matriz exopolissacarídea, principal componente dos biofilmes

de kefir e onde as células se fixam.

2.1.1. Efeito probiótico do kefir

O kefir é efetivo contra uma variedade de doenças (HOSONO et al., 1990). Vários

estudos têm investigado sua atividade antitumoral (FURUKAWA et al., 1991; ZAMBERI et al.,

2016) e atividade antimicrobiana in vitro contra uma extensa variedade de bactérias gram-

positiva e gram-negativas e contra alguns fungos (CEVIKBAS et al., 1994; ZACCONI et al.,

1995; BOURRIE et al., 2016).

Matsuu et al. (2003), comprovaram que o kefir pode proteger células troncos da

apoptose após o tratamento por radiação. Além de seu efeito desintoxicante, atua como

regenerador da microbiota intestinal benéfica e estimula as defesas naturais (SPINLER et al.,

2016) possibilitando o tratamento de pessoas debilitadas.

Contitui um sistema biológico que não tem sido plenamente compreendido,

provavelmente devido a sua complexidade e, embora haja muitos estudos descrevendo os grãos

de diferentes origens, eles apenas parcialmente analisam o sistema (BESHKOVA et al. 2003).

26

2.1.2 Compostos voláteis do meio de cultura

O sabor único do kefir resulta da presença de vários flavorizantes naturais que são

produzidos durante sua fermentação (BESHKOVA et al., 2003). O kefir produzido de culturas

puras não teve a mesma qualidade e aceitação.

Duitschaever et al. (1987) comprovaram que apenas 40% das pessoas apreciam o sabor

natural do kefir ao provarem a primeira vez. Adicionando flavorizante ou modificando o processo

fermentativo através da inserção de leveduras com lactobacilos houve um aumento da aceitação

do kefir quando comparado ao kefir tradicional (DUITSCHAEVER et al., 1987; MUIR et al.,

1999).

A importância do aroma no sabor de frutas e bebidas destiladas é advinda do fato que a

sensação de sabor em grande parte é proveniente do olfato. O aroma de um alimento pode ser

explicado pela ocorrência de compostos químicos cuja principal característica é a volatilidade, a

qual permite que tais compostos sejam percebidos pelos receptores nasais, tanto durante a

degustação do alimento (detecção retronasal), como pelo odor exalado a distância (NÓBREGA,

2003). Inclusive a qualidade e a quantidade do aroma retronasal liberado durante o consumo de

alimento afeta o tempo de exposição dos receptores nasais para estímulo do aroma e isto pode

influenciar nas características hedônicas e nutricionais e consequentemene o consumo desses

alimentos (MESUROLLE et al., 2013). Portanto, cumpre ressaltar que não apenas o tipo de

composto volátil altera a qualidade e o sabor das substâncias, mas também as características de

odor dos compostos voláteis dependem de suas concentrações. Compostos com grande

quantidade podem se tornar intragáveis enquanto que em pequena quantidade são apetecíveis,

assim concentrações muito elevadas podem modificar características de odor consideradas

"agradáveis" para "extremamente desagradáveis", condição essa igualmente observada em alguns

compostos voláteis sulfurados (NÓBREGA, 2003). O diacetil ou 2,3-Butanodiona, por exemplo,

é um composto aromático cujo aroma é desagradável no leite fermentado (KANEKO et al.,

2014). Em seu trabalho Trelea et al. (2008) através de auxílio de modelagem computadorizada

obteve uma formulação permitindo o cálculo da intensidade do aroma retronasal como uma

função da transferência das propriedades voláteis dos compostos aromáticos presentes em

matrizes alimentares e as características anatomofisiológicas dos consumidores.

Em se tratando de produtos fermentados o seu sabor e aroma provêm de sua produção de

27

ácidos voláteis e não voláteis e de compostos carbonilas (TAMIME; ROBINSON, 1999;

MARSHAL et al., 1984; FERNANDEZ-GARCIA; MCGREGOR, 1994).

Os principais compostos que influenciam no sabor e aroma do kefir são o ácido

indolacético, a acetona, acetaldeído, etanol, propanona e 2-butanona (IMHOF et al., 1995;

DEGORCE-DUMAS et al., 1986; OTT et al., 1997; KNEIFEL et al., 1992). Foi observado que

na armazenagem o acetaldeído aumenta e a acetona decresce. O acetaldeído e a acetona têm

recebido particular atenção com relação ao seu papel no sabor durante a fermentação do kefir. Há

um aumento em sua concentração durante a manufatura do kefir.

A adição de frutose aumenta a produção de vários flavorizantes voláteis sem aumentar o

tempo necessário para sua fermentação.

Além de se provar através do paladar, milhares de compostos voláteis podem ser

detectados e diferenciados, em menor ou maior escala, pelo olfato. Isso depende de diversos

fatores, dentre os quais, a estrutura química do composto volátil e a interação deste com a matriz

alimentícia. Tais fatores, por sua vez, são responsáveis por características importantes dos

compostos, a exemplo o valor do limiar de odor (limiar de detecção ou "threshold"), que pode ser

definido como a concentração mínima pela qual um composto pode ser detectado pelo sentido do

olfato (BELITZ; GROSCH, 1999).

Muitos compostos voláteis são detectados através de cromatografia gasosa e dentre

estes, uma parcela significativa possui grande impacto na qualidade do aroma das frutas e bebidas

alcoólicas, tais como ésteres, álcoois e compostos sulfurados. Os ésteres são dos mais

importantes, pois causam grande impacto tanto no sabor de frutas como de bebidas fermentadas.

Também têm sua importância os aldeídos, álcoois superiores, entre outros (BESHKOVA et al.,

2003)

Os ésteres geralmente possuem valores de limiar de odor relativamente baixos,

assumindo características de aroma mais marcantes.

A principal origem dos ésteres, nas bebidas alcoólicas, está no metabolismo secundário

intracelular das leveduras durante a fermentação alcoólica. Dentre os ésteres existentes, os tipos

etílicos de ácidos graxos e acetatos são considerados importantes em bebidas alcoólicas, devido

às suas concentrações serem relativamente elevadas, às suas características de aroma serem

agradáveis e aos seus valores de limiar de odor serem relativamente baixos (BELITZ; GROSCH,

1999).

28

2.1.3 Processos fermentativos do kefir e produção de etanol

O kefir é um probiótico constituído por uma biomassa complexa com bactérias ácido

lácticas e ácido acéticas que vivem em simbiose em prol do hospedeiro originando um produto

fermentado que realiza a síntese e melhor absorção de proteínas, vitaminas e minerais

(FARNWORTH, 2005). As bactérias do ácido lático se concentram na superfície dos grãos

enquanto que as leveduras predominam no centro (LIN et al., 1999). Há uma relação simbiótica

entre os microrganismos presentes nos grãos de kefir onde as bactérias e leveduras vivem e

compartilham seus bioprodutos como fonte de energia e fatores de crescimento e é justamente

essa associação de microrganismos a responsável pela fermentação lática e alcoólica

(WITTHUHN et al., 2005; WANG et al., 2012; HAMET et al., 2013).

Há vários parâmetros que influenciam a produção de etanol com o uso do complexo

microbiano do kefir tais como pH do meio de cultura, concentração do inóculo e do substrato, a

composição deste substrato, lavagem dos grãos e o tipo do leite. Para Sanchez et al. (2004) a

temperatura é uma das variáveis mais importantes. A produção de etanol pelo kefir geralmente se

dá em torno de 2% (ZAJŠEK; GORŠEK, 2010; SALOM et al., 2010). No entanto a produção de

etanol pode ser induzida através de controle na concentração da fonte de carbono (sacarose) e da

temperatura podendo-se obter etanol até a 14,5 °GL (DORNELLES et al., 2006). Observou-se

que a produção do etanol inicia-se em torno de 5 horas após a inoculação dos grãos de kefir

(GUZEL-SEYDIM et al., 2005).

Para Dornelles et al. (2006), o aumento na concentração dos grãos de kefir não alterou a

concentração do etanol, mas, alterações na concentração de sacarose surtiram este efeito,

enquanto Guzel-Seydim et al. (2005) concluiram que na armazenagem do kefir o etanol não

volatiza, ocorrendo pelo contrário um ligeiro aumento em sua concentração.

2.1.4 A associação simbiótica do kefir

O kefir exerce sua ação probiótica no nosso organismo provavelmente através da

competição por sítio de adesão. Isto foi proposto por Santos et al. (2003) trabalhando com duas

cepas de microrganismos isolados do kefir, Lactobacillus acidophilus CYC 10051 e

Lactobacillus kefiranofaciens (CYC 10058) verificaram que tinham capacidade de adesão às

29

células do cólon humano, bem como de inibir a aderência da Salmonella typhimurium, além de

atividade antimicrobiana contra várias estirpes patogênicas.

A estabilidade da balança populacional nos grãos de kefir tem sido atribuída à interação

simbiótica entre as leveduras e as bactérias ácido-lácticas (ADACHI et al., 1990). Enquanto as

leveduras provêm as vitaminas e aminoácido e fatores de crescimento para as bactérias o produto

final da fermentação das bactérias são o substrato das leveduras como exemplo mencionado da

lactose e do ácido láctico que pode ser metabolizado por Saccharomyces cerevisae. O ácido lático

é um inibidor do crescimento do L. kefiranofaciens e ao ser consumido pela levedura proporciona

condições para o crescimento da bactéria (CHEIRSILP et al., 2003), isto parece explicar por que

Mitsue et al. (1999) reportaram que algumas leveduras habilitam a produção de kefirano por L.

kefiranofaciens.

Pode-se afirmar com relação ao kefir que se trata de um sistema biológico que não tem

sido plenamente compreendido ainda que haja muitos estudos descrevendo diferentes fontes de

grãos estes são estudos que analisam os sistemas apenas parcialmente falhando em analisá-lo

como um todo (CHEIRSILP et al., 2003).

O alto teor de açúcar e a baixa concentração de aminoácidos encontrados no kefir de

água deveria resultar em um habitat em carência, no entanto o que se obtém é uma bebida

fermentada com uma comunidade microbiana bastante diversificada, mas em equilíbrio e

estabilidade (LAUREYS; DE VUYST, 2014). Estabelece-se, portanto um nicho ecológico onde

apenas organismos muito bem adaptados a formar consórcios com outros conseguem crescer e se

prover nutrientes essenciais (LAUREYS; DE VUYST, 2014). No kefir metabolizado em água

ocorre sinergia entre leveduras e bactéria ácido-lácticas notadamente com lactobacilos (STADIE

et al., 2013).

O contato e a adesão na interação fungo-bactéria é fundamental para o desenvolvimento

de biofilmes polimicrobianos (GRANILLO et al., 2015). O cultivo de ambos em consórcio em

kefir mostrou crescimento na produção de células de ambos evidenciando o mutualismo que

ocorre entre estes seres. Os Lactobacillus provêm a acidificação do meio, condição

imprescindível para o desenvolvimento das leveduras que por sua vez dispõem nutrientes

essenciais para as bactérias. No caso específico do Lactobacillus hordei as leveduras contribuem

nesta interação trófica ao prover aminoácidos e vitamina B6 já o Lactobacillus nagelii é

beneficiado pelos aminoácidos produzidos pela levedura. Quando cultivado juntos o

30

Zygotorulaspora florentina é induzido a liberar arginina que é essencial para o Lactobacillus

nagelii (STADIE et al., 2013).

Ainda sobre a ação do kefir através da competição por sítio de adesão e por nutrientes,

sabe-se que este é o modo mediante o qual o kefir compete com os agentes patogênicos e assim

impede o seu estabelecimento e desenvolvimento. O concurso pelo sítio com a consequente

exclusão dos seus concorrentes pode explicar por que os probióticos devem ter administração

contínua com doses significativas para ser eficaz (SAAD, 2006). Além disso, o complexo

microbiano do kefir produz ácido lático, antibióticos e antibactericidas que inibem o

desenvolvimento de microrganismos patogênicos (LIU et al., 2002).

A ação antipatogênica do kefir é efetiva contra Salmonella, Helicobacter, Shigella,

Staphylococcus, Escherichia coli, Enterobacter aerogenes, Proteus vulgaris, Bacillus subtilis,

Micrococcus luteus, Listeria monocytogenes, Streptococcus pyrogenes, (LOPITZ et al., 2006),

Streptococcus faecalis KR6, Fusarium graminearu CZ1 (ISMAIEL et al., 2011), e contra

Candida albicans (RODRIGUES et al., 2005).

Também pode prevenir diarreia e enterocolite causada por Clostridium difficile (BOLLA

et al., 2013).

Mas seus efeitos benéficos se estendem para outros aspectos igualmente importantes. O

kefir tem se revelado eficaz em inibir a formação de esporos e a produção de aflatoxina B1.

Sintetizada e secretada por Aspergillus flavus, se trata de um composto tóxico formado tanto em

campo de cultivo como quando o amendoim é armazenado. Portanto o kefir aparece como uma

promissora alternativa para reforçar a segurança alimentar oferecendo proteção contra

intoxicação por aflatoxina (ISMAIEL et al., 2011).

Além disso, a sua ação probiótica provoca modulação na resposta imune do hospedeiro,

estimulando a resposta imunitária específica.

No organismo, os probióticos ativam os macrófagos os quais acionam a síntese e

excreção de citocinas as quais vão causar o aumento da atividade dos linfócitos T Killer, as

células assassinas naturais (FEDORAK; MADSEN 2004; RASTALL et al., 2005; SAAD, 2006).

Mendes et al. (2013) identificaram os passos mediante os quais as leveduras interagem

de maneira simbiótica com bactérias ácido láticas analisando apenas duas espécies de

microrganismos do kefir crescendo em co-cultivo: Lactobacillus delbrueckii subsp. Bulgaricus e

Saccharomyces cerevisae. Primeiro o Lactobacillus delbrueckii hidrolisa a lactose, procedimento

31

este que não pode ser efetivado pelo Saccharomyces cerevisae. A lactose é, portanto, hidrolisada

em galactose e glicose. Sequentemente a galactose é metabolizada pela levedura provendo assim

uma fonte de carbono, haja vista que a galactose não pode ser metabolizada pelo Lactobacillus

delbrueckii. O Lactobacillus cresce apenas na presença de aumento de concentração de CO2 e

neste cultivo anaeróbico a levedura através da fermentação alcoólica fornece o CO2. A levedura

provê também aminoácidos para a bactéria inclusive alanina. Concomitantemente a quelação do

ferro pelos Lactobacillos a partir do lactato se torna uma importante fonte para a levedura.

Rodrigues et al. (2005), analisaram a atividade antimicrobiana e cicatrizante do kefir e

da sua fração de carboidratos contra várias bactérias e contra Candida albicans. Feridas induzidas

em ratos Wistar foram inoculadas com patógenos dentre os quais Staphylococcus aureus. O

ferimento foi tratado com um gel de kefir a 70% e observou-se que tanto o kefir como sua Fração

e Carboidratos do Kefir (FCK) mostraram atividade contra todos os organismos testados sendo

mais efetiva a atividade contra Streptococcus pyogenes. Constatou-se um efeito protetor sobre a

pele do tecido habilitando a cura do ferimento em apenas sete dias comparado com o controle

positivo. Em um trabalho avaliativo das propriedades de uma fração isolada de carboidratos do

kefir em açúcar (FCK), Moreira et al. (2008), demostraram sua atividade anti-inflamatória

abrindo perspectivas na aplicação de agentes anti-inflamatórios oriundos de carboidratos

poliméricos.

2.1.5 O kefirano

Há três importantes componentes nos grãos de kefir: as leveduras, as bactérias ácido-

láticas e o kefirano (BESHKOVA et al., 2003). Estes três componentes conferem ao kefir a

qualidade de uma comunidade simbiótica que comporta propriedades peculiares. O kefirano é um

polissacarídeo sintetizado pelos grãos de kefir composto por partes iguais de galactose e glicose

(YEESANG et al., 2008) em unidades repetitivas de hexa e heptassacarídeos (FARNWORTH,

2005; GUZEL-SEYDIM et al., 2005). Ele é usado pelos microrganismos para emaranhar-se

dentro dos grãos de kefir (YEESANG et al., 2008). Um complexo e fino biofilme pode ser

observado no exterior dos grãos enquanto no interior o material fica comprimido. Este filme é

composto por uma microbiota predominantemente em forma de limão ou por um longo filamento

de células crescendo em associação com bactérias cocos e bacilos (LOPITZ-OTSOA et al., 2006)

32

Até pelo menos o início deste século pouco havia sido estudado sobre as melhores

condições para formação do kefirano no próprio kefir. As informações sobre alterações que

ocorrem ao transcorrer do processo fermentativo eram então escassas e se limitavam apenas ao

que se refere à formação de ácidos orgânicos e substâncias flavorizantes (GUZEL-SEYDIM et

al., 2000). O kefirano não está presente apenas nos grãos, mas também no meio de cultura, bem

como nos produtos fermentados (leite e soro) (RIMADA; ABRAHAM, 2003).

Sabe-se que apenas os grãos podem ser inoculados para produzir mais kefir (SIMOVA

et al., 2002), não se utiliza o meio de cultura do kefir pois, mesmo a microbiota do kefir estando

em equilíbrio a estrutura e a quantidade das espécies e de vários grupos de microrganismos

mudam significativamente ao longo das vias bioquímicas no meio de cultura de kefir (SIMOVA

et al., 2002). Isto se deve ao fato que o meio é alterado pela atuação de vários microrganismos.

No kefir as alterações da população ocorrem também em função de outros fatores como origem,

diferente metodologia ou substrato (PINTADO et al., 1996), contudo, há uma microbiota

permanente nos kefir. Fontain et al. (2003) afirmam que quanto maiores os grãos de kefir

utilizados mais baixo o nível de espécies de micróbios pode ser encontrado nos mesmos.

Após a retirada dos grãos este meio ainda há grãos invisíveis, indistinguíveis mesclados

ao meio e eles também produzem e são consituídos por kefirano. Estes grãos invisíveis do meio

contêm alta concentração de cocos e lactobacilos e é isto, justamente o que caracteriza o kefir

como um probiótico (BESHKOVA et al., 2003), pois são ingeridos quando a pessoa consome o

kefir.

O kefirano é produzido por lactobacilos em especial o Lactobacillus kefiranofaciens o

qual atua após 48 horas de cultivo. Antes disso predominam os lactococos e depois deles os

lactobacilos se tornam então a espécie dominante (FONTAIN et al., 2003).

Nos primeiros estágios da produção de kefir a combinação de microrganismos não se

formou ainda para uma produção de kefirano em concentração suficiente para reter os grãos

estritamente coesos (FONTAIN et al., 2003). Isto torna fácil que sejam removidos dos grãos e

disponibilizados para isolamento (FONTAIN et al., 2003) o que proporciona a condição ideal

para que seja efetivado o isolamento de bactérias que produzem o kefirano.

Sintetizado por Lactobacillus como Lactobacillus rhamnosus, L. kefirand e L.

kefiranofasciens, o kefirano tem sido utilizado pelas indústrias (DUBOC; MOLLET, 2001;

MICHELI et al., 1999) primariamente para produzir uma tradicional bebida carbonatada

33

levemente alcóolica em leite fermentado a qual melhora a viscosidade e a viscoelasticidade dos

géis de leite com propriedade que preveni e cura doenças (REHM, 2009).

As vias metabólicas que levam à produção de kefirano não são completamente

compreendidas, sabe-se que esse polissacarídeo é composto por unidades repetitivas de hexa e

heptassacarídeos constituídos principalmente de glicose e galactose, com ramificações

estruturadas (FARNWORTH, 2005; GUZEL-SEYDIM et al., 2005) as quais são representadas na

Figura 1.

Figura 1 - Estrutura do o kefirano, polissacarídeo encontrado nos grãos de kefir.

Fonte: Próprio autor

Desde o início do seu isolamento, tem sido relatado que o kefirano pode ser produzido

por uma variedade de bactérias isoladas dos grãos de kefir obtido de diferentes fontes de

carboidratos como açúcar mascavo, leite de origem animal e de origem vegetal, entre outras

(FARNWORTH, 2005). Sabe-se também que este exopolissacarídeo não está presente apenas nos

grãos, mas também nos produtos fermentados (leite e soro) (RIMADA; ABRAHAM, 2003).

Há relatos que o kefirano possui atividade antibacteriana e antitumoral, modula o

sistema imunológico do intestino e protegem as células epiteliais contra Bacillus cereus

(MAEDA et al., 2004; RODRIGUES et al., 2005; VINDEROLA et al., 2006; MEDRANO et al.,

2007).

Mais de 100 espécies de bactérias e leveduras fazem parte da complexa microbiota do

kefir (TAKIZAWA et al., 1998). Já em 1990 Adachi et al. presumiram que haveria uma interação

entre estes seres e classificou os microrganismos em 4 grupos: bactérias ácido lácticas

34

homofermentativas, bactérias ácido lácticas heterofermentativas, leveduras assimiladoras de

lactose e leveduras não assimiladoras de lactose. As bactérias ácido-lácticas homofermentativas

quebram a molécula de lactose em galactose e glicose proporcionando para as leveduras não

assimiladoras de lactose a galactose que pode ser metabolizado por elas.

As bactérias ácido-láticas homofermentativas produtoras de kefirano podem ser

estimuladas por CO2, ou por etanol ou talvez por algum metabólito desconhecido produzido pelo

metabolismo dos outros microrganismos presentes nos grãos de kefir. Tem havido uma busca

crescente em produzir kefirano e por isso há muito interesse em se compreender as complexas

interações que ocorrem no ecossistema do kefir (MITSUE et al., 1999). Contudo o mecanismo de

produção de kefirano em culturas mistas não foi totalmente esclarecido, pelo menos, até o

momento,

O consumo do CO2 por Saccharomyces cerevisae pode habilitar produção de kefirano. O

ácido lático inibe o L. kefiranofasciens tanto no que se refere ao crescimento como na produção

de kefirano e como Saccharomyces cerevisae consegue metabolizar o ácido lático conclui-se que

pode ser habilitado para incrementar a produção de kefirano. Muitos meios já foram utilizados

para reduzir o ácido láctico e assim acionar maior produção de kefirano, mas o uso do

Saccharomyces cerevisae que consome o ácido lático do meio provou ser prático e viável

(CHEIRSILP et al., 2003).

O gênero Lactobacillus é predominante no kefir (PINTADO et al., 1996; ANGULO et

al., 1993; WITTHUHN, 2004), isto evidencia a importância deste grupo na produção do kefir e

do kefirano. São bactérias deste gênero as responsáveis pelo kefirano e consequentemente pelos

grãos de kefir onde ocorre a incrustação das bactérias e leveduras (LA RIVIERE et al., 1967;

MARSHALL et al., 1984). Várias bactérias podem sintetizar kefirano e dentre estas a mais

conhecida é o Lactobacillus kefiranofaciens descoberto por Fujisawa et al. (1988) que o

identificaram e provaram ser o principal produtor de kefirano. O Lactobacillus kefiranofaciens é

inclusive o microrganismo predominante no kefir compondo 65% da sua microbiota (TOBA et

al.,1987)). Alguns pesquisadores buscaram a produção desse exopolissacarídeo isolando esta

espécie e buscando substratos alternativos com o objetivo tanto de potencializar sua produção

como encontrar alternativas mais econômicas, por exemplo o uso do sago (YEESANG et al.,

2008). No entanto, a produção de kefirano a partir do uso do complexo microbiano do kefir pode

ser mais prática pela facilidade de se obter o produto e pela ação simbiótica que torna o kefir

35

melhor produtor do que a bactéria isolada, pois a ação sinergética do kefir é potencializada com a

presença de todos os seus componentes (TOBA et al., 1987). Isto pôde ser comprovado por

Frengova et al. (2002), os quais avaliando a produção de exopolissacarídeos (o kefirano) por

bactérias ácido-lácticas isoladas de grãos de kefir selecionaram uma cepa de Lactobacillus

bulgaricus que sobressaiu dentre as 40 cepas de bactérias lácticas isoladas pela alta atividade

exopolissacarídica e verificaram que na associação dessa cepa com outras bactérias lácticas e

levedura (simulando uma cultura iniciadora de kefir) , a produção de kefirano foi de 1,7 vezes

maior que a do L. bulgaricus isolado. (FRENGOVA et. al. 2002; OTTOGALLI et al., 1973).

Além disso, no kefir há outras bactérias que também produzem kefirano como o L.

kefiranofaciens

La Riviere et al. (1967) descobriram bactérias heterofermentativas formadoras de

cápsulas as quais foram isoladas dos grãos de kefir. Para Toba et al. (1987) isto foi decorrente de

purificação incompleta, mas o L. kefiranofaciens pode produzir kefirano a partir de

monossacarídeos (CHEIRSILP et al., 2003) além de se encontrar no meio bactérias

heterofermentativas com esta capacidade. Em 1994 Takizawa et al. anunciaram duas novas

espécies, L. kefirgranum e L. parakefir, dentre os lactobacilos da flora do kefir. Takizawa et al.

(1998) confirmaram que o Lactobacillus kefiranofaciens é o principal produtor de kefirano, mas

encontraram como predominante na microflora o Lactobacillus kefirgranum que não produz o

kefirano. Observaram que ambos estão interligados nos grãos de kefir.

2.1.5.1 Kefirano: possíveis aplicações

O kefirano é primariamente utilizado para produzir uma tradicional bebida carbonada

levemente alcóolica em leite fermentado a qual melhora a viscosidade e a viscoelasticidade dos

géis de leite com propriedade que preveni e cura doenças (REHM, 2009).

O kefirano é também emulsificador e agente quelante e tem a propriedade de substituir

gorduras (CHEIRSILP et al., 2003). Tem atividade antitumoral (SHIOMI et al., 1982). Sua

atividade antibacteriana tem sido comprovada, bem como sua atuação como modulador do

Sistema Imunológico (MAEDA et al., 2004; RODRIGUES et al., 2005; VINDEROLA et al.,

2006; MEDRANO et al., 2007). Por estas razões há interesse que se descubra meios de produção

em massa de kefirano (YOKOI; WATANABE, 1992; MITSUE et al., 1998).

36

Há também interesse industrial com respeito à possível utilização do kefirano como

agente de viscosidade de produtos lácteos e também como aumentar a estabilidade destes

produtos (ABRAHAM; RIMADA, 2006). O kefirano tem sido utilizado na indústria alimentícia

como aditivo alimentar para produtos fermentados realçando as propriedades reológicas dos géis

de leites fermentados aumentando sua viscosidade aparente e a estabilidade desses produtos

durante seu tempo de armazenamento (WANG et. al., 2008).

2.1.5.2 Utilização do kefirano como biopolímero

Há um aumento da demanda por polímeros naturais, pois exercem aplicações tanto para

a medicina como industrial (WANG et al., 2010) e por isso polímeros produzidos por

microrganismos têm sido intensamente pesquisados.

Os microrganismos sintetizam dois tipos de polissacarídeos, um deles pode ser agregado

aos grãos e é chamado de capsular (CPS) e um exopolissacarídeo que pode formar um filme no

meio e é chamado de EPS (SUTHERLAND, 2001). Sabe-se que muitos microrganismos podem

produzir exopolissacarídeos.

Apesar de vários estudos reportando o uso de polissacarídeos de diferentes fontes para

preparar filme e embalagens, relativamente pouca atenção se dava a exopolissacarídeos

produzidos por microrganismos devido a sua baixa produção (PAUL et al., 1986). O kefir, no

entanto produz quantidade expressiva de kefirano que pode fornecer material para biofilme

formando géis e soluções de baixa viscosidade (GHAMSELOU et al., 2011). Esse polissacarídeo

sintetizado pelo kefir, tem várias importantes vantagens sobre outros polissacarídeos, pois além

de proteção contra estresse mecânico tem capacidade de servir como controlador da umidade, de

oxigênio, de dióxido de carbono e de umidade (GONTARD et al, 1993), e da volatilização de

compostos flavorizantes. Industrialmente o kefirano pode ser utilizado também como agente

quelante e texturizante. Uma alta produção destes polissacarídeos tem sido alcançada facilmente

isolada dos grãos, portanto os exopolissacarídeos do kefir são uma alternativa para embalagem de

alimentos.

O aumento na demanda por polímeros naturais para várias aplicações tem conduzido ao

desenvolvimento da produção de exopolissacarídeos produzidos por microrganismos com várias

aplicações tanto industriais como medicinais (GHASEMLOU et al., 2011).

37

Além das supracitadas o kefirano tem outras importantes vantagens com relação a outros

polissacarídeos, tais como propriedades antibacterianas, antifúngicas e antitumorais além de ser

antimutagênico (MAEDA et al., 2004; MUROFUSHI et al., 1983). Estas macromoléculas

apresentam reologia pseudoplástica e alta viscosidade, características estas que oferecem a

possibilidade de serem utilizadas como emulsificantes, viscosificante, floculadoras e agentes

quelantes (WANG et al., 2010; KODALI et al., 2009, DE VUYST et al., 2001) e, em alguns

casos podem também ter forte resistência a alteração de pH e temperatura (KIM et al., 2000;

KNOSHAUG et al., 2011).

Há um imenso potencial na utilização de biopolímeros como o kefirano em aplicações

farmacêuticas e medicinais. Estas moléculas bioativas contribuem em diferentes atividades

fisiológicas humanas como antitumorais, anti-inflamatórias, agentes antivirais. Elas induzem a

síntese de interferon e a atividade citocina, inibem formação de coágulos pela aglutinação de

plaquetas (CALAZANS et al., 1997; ARENA et al., 2006).

Estes biofilmes agem como uma barreira controlando umidade oxigênio, dióxido de

carbono, lipídeos e componentes flavorizantes com a vantagem de serem biodegradáveis

(GONTARD et al., 1993). Outro fato que deve ser levado em consideração é poder satisfazer os

clientes que estão cada vez mais exigentes por produtos de alta qualidade e que não firam o meio

ambiente, pois embalagens produzidas com biofilmes além de biodegradáveis proporcionam o

aumento do prazo de validade dos produtos (GHASEMLOUA et al., 2011).

2.1.5.3 Fatores para a produção de kefirano

Cheirsilp et al. (2003) confirmaram que ao contrário do que se afirmava antes o estresse,

o CO2 e o O2 não estimulam a produção de kefirano. Ainda Cheirsilp et al. (2003) afirmam que é

fato bem estabelecido que o ácido lático inibe a produção de kefirano por inibir o crescimento de

seu principal produtor o L. kefiranofaciens e assim sugerem que a remoção do ácido lático agiliza

a produção de kefirano. Vários métodos de remoção de ácido lático do meio de cultura para

habilitar a produção de kefirano foram desenvolvidos (HAYAKAWA et al.,1990; OHARA et al.,

1993).

No entanto sabe-se que o L. kefiranofaciens consegue metabolizar a sacarose e induzir a

produção de kefirano mesmo na ausência de lactose (WITTHUHN, 2004) e consequentemente

38

não produzindo ácido lático em grande quantidade que é o produto final da metabolização da

lactose.

2.2 BIOFILMES MICROBIANOS

Um biofilme é um agregado de células microbianas (bactérias, fungos, algas e

protozoários), irreversivelmente associadas com uma superfície (seja de materiais sólidos ou

interfaces), ligada em uma matriz de polissacarídeo primário, formando comunidades biológicas

com um elevado grau de organização, onde as bactérias formam comunidades estruturadas,

coordenadas e funcionais. Portanto os biofilmes são superfícies que comportam alto grau de

organização estrutural associados a colônias de bactérias mantidas coesas através de polímero

secretado por suas células o qual é denominado de substância polimérica extracelular (SPE)

(WATNICK; KOLTER, 2000; DONLAN, 2002; ZHANG et al., 2015). Esta matriz consiste em

uma junção de compostos poliméricos de polissacarídeos primários os quais formam a Substância

Polímera Extracelular (SPE). São grupos de células em uma interface cimentada juntas através de

polissacarídeos, proteínas DNA e lipídeos (HONG et al., 2012). Os biofilmes conferem

resistência ao stress, proteção contra impactos químicos e mecânicos e disponibilizam os

nutrientes, por isso são fundamentais para sobrevivência dos microrganismos. Muitas bactérias

são altamente habilitadas para viver em biofilmes os quais mantêm as células agregadas através

da sua matriz polimérica extracelular. Com os biofilmes elas obtêm a proteção contra o estresse

além de habilitar sua logística de nutrientes (NADELL et al., 2015).

Os microrganismos vivem insertos nestes biopolímeros e apenas com raras exceções

vivem isoladamente. Estas células nos biofilmes são cimentadas no local pelo polímero secretado

pela matriz polimérica consistindo de polissacarídeos, proteínas e formam uma barreira protetora

que confere resistência a defesas do hospedeiro durante a infecção e tolerância a vários agentes

antimicrobianos tais como desinfetantes e antibióticos (HONG et al., 2012).

O biofilme é essencial para a sobrevivência dos microrganismos nele agregado

(FLEMMING; WINGENDER, 2001a; SUTHERLAND, 2001; VAN HULLEBUSCH, 2003; VU

et al., 2009).

Materiais de origem não celular como cristais de minerais, partículas de corrosão, argila,

silte podem também ser encontrados na matriz do biofilme. Até partículas do sangue a depender

39

do local onde o biofilme se desenvolveu podem ser encontrados na matriz do biofilme.

Os organismos associados em biofilme diferem dos planctônicos (de vida livre em

suspensão) no que se refere aos genes que são transcritos (DONLAN, 2002). Biofilmes podem se

formar numa ampla variedade de superfícies incluindo tecidos vivos, instrumentos médicos, em

água potável ou industrial ou em sistemas aquáticos naturais (FLEMING; WINGENDER,

2001b). O biofilme em um sistema de água é altamente complexo contendo produtos de corrosão,

argila, diatomáceas e bactérias filamentosas, já o biofilme sobre aparelhos médicos se apresenta

composto de uma simples película cobrindo o aparelho médico juntamente com a matriz da

Substância Polimérica Extracelular (SPE) (DONLAN, 2002). Os biofilmes têm sido relacionados

a muitas doenças infecciosas e inflamatórias bem como à biocorrosão e a bioadesão em diversas

áreas.

Os biofilmes podem também ser utilizados em aplicações benéficas tais como

biorremediação além de reterem potencial para serem utilizados em transformações químicas em

biorrefinarias (HONG et al., 2012). Por estas aplicações as culturas mixadas (consórcios)

comparadas com monoculturas, têm a vantagem de serem poderosas para cumprirem mais

complexas transformações (por exemplo, aquelas que requerem múltiplos passos), além de que

são mais resistentes ao stress ambiental. Por esta razão consórcios têm sido considerados como

uma opção supraexcelente em biologia sintética (BRENNER et al., 2008). Contudo, há

dificuldades no sentido de se controlar a formação de biofilme em consórcio (HONG et al.,

2012). Alterações nas condições ambientais (nível de nutrientes, por exemplo, ou depleção de

oxigênio) podem ser o gatilho de remoção de biofilmes.

A substância polimérica extracelular (SPS) que compõe os biofilmes constituem o

espaço intercelular dos agregados microbianos e formam as estruturas e a arquitetura da matriz de

biofilme (VU et al., 2009).

A formação do biofilme protege a comunidade do microrganismo do estresse do

ambiente quer seja este natural como industrial (FLEMMING; WINGENDER, 2001b; AHIMOU

et al., 2007.

A síntese de biofilmes nos mais diversos ambientes sugere que estes microrganismos

têm a capacidade de responder às mudanças de condições do ambiente alterando a sua SPE e

habilidade de adesão dependendo a superfície a qual estão aderidos (AHIMOU et al., 2007). Em

superfícies sólidas a colonização microbiana pode ser afetada por vários parâmetros, numa

40

superfície cheia de reentrâncias, por exemplo, há mais facilidade de formação de biofilmes por

prover mais áreas de contato.

A colonização em superfícies sólidas pode ser afetada por diversos parâmetros, por

exemplo, o grau de colonização de certas superfícies aumenta com a rugosidade da superfície,

pois esta oferece reentrâncias onde a colônia pode se fixar em uma área relativamente protegida

reduzindo forças e tendo provida uma superfície maior para adesão (DONLAN, 2002).

Os microrganismos aderem mais rapidamente a superfícies hidrofóbicas e não polares do

que a superfícies polares e hidrofílicas.

A presença de flagelos e o grau de produção de SPE são fatores que afetam

consideravelmente a taxa e o grau de anexação das células microbianas a diferentes superfícies

(DONLAN, 2002).

A constituição e a quantidade do biofilme depende do material disponível, do nitrogênio

ou do oxigênio disponibilizado, do tipo de microrganismo, temperatura, idade do microrganismo,

pH e da disponibilidade de nutrientes. Há biofilmes compostos por ácidos nucleicos e proteínas,

já os biofilmes produzidos por kefir são polissacarídeos.

O kefir atua como probiótico e impede que ocorra nos biofilmes a proliferação de seres

patogênicos cujo comportamento é individualizado com relação aos seres que compõem os

probióticos. Somente seres com capacidade especial conseguem formar consórcios com outros

seres (LAUREYS; DE VUYST, 2014). Além de organismos probióticos, repelirem

contaminantes através da competição por sítio e por nutrientes o kefir secreta biocidas que

repelem os seres indesejáveis (KOJIĆ et al., 2007; LENGKEY et al., 2013).

Nas bactérias gram-negativas alguns dos polissacarídeos são neutros ou polianiônicos. A

presença de ácido urônico ou piruvato cetal-ligado habilita suas propriedades aniônicas, e então

permite a associação de cátions divalentes tais como cálcio e magnésio os quais aumentam a

força de ligação no biofilme desenvolvido (DONLAN, 2002; SUTHERLAND, 2001).

Há três tipos de forças envolvidas no processo de formação de biofilmes, são as

interações eletrostáticas, as pontes de hidrogênio e as forças de dispersão de London (MAYER et

al, 1999). Estas forças associadas contribuem para a estabilidade da matriz do biofilme

(FLEMMING; WINGENDER, 2001b).

Outro fator que contribui para a variação da capacidade de aderir do biofilme é a

diferente composição do biofilme que influencia a extensão mediante a qual o microrganismo

41

possa aderir tanto a superfícies hidrofílicas como a hidrofóbicas. O crescimento do biofilme

resulta de um processo complexo que envolve transporte de moléculas orgânicas e inorgânicas e

células microbianas para a superfície e subsequente adsorção a superfície e finalmente adesão

definitiva, corroborada pela produção de SPE (VAN HULLEBUSCH, 2003; ROMANI et al.,

2008).

As células em um biofilme são envolvidas com uma matriz composta basicamente de

substância polissacarídeo extracelular (SPE) que provê proteção à bactéria contra uma variedade

de causadores de estresse ambiental tais como radiação UV, pH, choque osmótico e dissecação

(FLEMMING, 1993; WATERS; BASSLER, 2005; RUIZ et al., 2004).

Devido à complexidade, a formação de biofilme é regulada em diferentes vias por

diversos mecanismos, dentre este a mais estudada é a formação de biofilme e diferenciação pela

regulação Quórum Sensing (QS).

O Quórum Sensing (QS) permite que bactéria mantenha comunicação célula a célula e

regula a expressão de genes em resposta a densidade (HOOSHANGI, S.; BENTLEY, 2008). Em

uma determinada densidade de população os genes envolvidos na diferenciação e maturação do

biofilme são ativados.

Desta forma seres considerados tradicionalmente como unicelulares passam a agir em

grupo como um único ser multicelular, tendo sua ação intensificada (RUMJNEK et al., 2004).

Estas células associadas a biofilmes apresentam expressão ao gene específico que muitas vezes é

controlada pelo Sistema de Quórum Sensing para permitir seu aumento em resistência

(SHIMADA et al., 2012).

As diferenças que existem no sistema de Quórum Sensing são devidas ao fato que cada

sistema necessita ser otimizado para promover a sobrevivência no nicho especializado no qual

uma espécie particular reside. É por isso que em cada Sistema de Quórum Sensing vamos

encontrar o tipo de sinal específico, receptor, mecanismo de transdução e alvos refletindo uma

única espécie particular de bactéria. A habilidade em se comunicar é fundamental às bactérias

(WATERS; BASSLER, 2005).

O primeiro sistema de Quórum Sensing foi detectado na bactéria Vibrio fischeri, e é

considerado um paradigma do que ocorre com as bactérias gram-negativas com relação a via de

Quórum Sensing (NEALSON; HASTINGS, 1979).

Seres abissais bioluminiscentes do gênero Eurpyma scolopes têm seus órgãos

42

bioluminiscentes colonizados por bactérias Vibrios fischeri. Nestes órgãos a bactéria cresce e ao

atingir determinada densidade induz expressão dos genes requeridos para bioluminescência. A

lula (Eurpyma scolopes) pode usar esta biolumenescência para mascarar sua sombra e desta

forma evitar a predação, enquanto a bactéria se beneficia porque este órgão é rico em nutrientes e

permite sua proliferação em número que seria inatingível no ambiente marinho (NEALSON;

HASTINGS, 1979).

Quórum Sensing (QS) explica também porque em alguns casos não há formação de

biofilme, pois não havendo a densidade populacional suficiente os genes para formação de

biofilmes não são ativados.

Não obstante saber-se que os microrganismos existem predominantemente em

comunidades multicelulares dentro de biofilmes na maioria dos ambientes, este sistema complexo

tem que ser estudado ainda para se compreender melhor a complexidade das interações dentro

dos biofilmes bem com sua função na anexação e na proliferação bacteriana.

2.2.1 Aplicações de biofilmes

As Substâncias Poliméricas Extracelular (SPE) estão relacionadas com consequências

tanto benéficas como deletérias dos agregados, tais como, formação de biofilmes, floculação e

sedimentação biológica. Em bioincrustação estas substâncias aumentam a resistência à fricção,

alteram as propriedades da superfície tais como a hidrofobicidade, aspereza, textura, cor, entre

outras. Em biocorrosão de metais elas estão envolvidas através da sua propriedade de se ligar a

íons de metal provocando ou acelerando processos corrosivos. Em biodecomposição de rochas

elas contribuem por sua propriedade de dissolução de metais.

As SPE absorvem substâncias poluentes tais como metais e moléculas orgânicas. Tanto

podem lixiviar águas de esgoto como podem ser usadas para purificar a água devido a suas

propriedades de absorção. Em biotecnologia pode ser explorada sua capacidade de alterar a

viscosidade de alimentos, tintas e óleos hidráulicos. Devido suas propriedades hidratantes podem

ser usadas na indústria de cosméticos e na indústria farmacêutica. Possíveis aplicações como

biosurfactante e como cola biológica são também previstas. As EPSs são um interessante

componente dos biofilmes e como tal contêm um imenso potencial de aplicações nas mais

diversas áreas (FLEMMING; WINGENDER, 2001).

43

2.2.2 Biofilmes e biorremediação

Interações físicas e fisiológicas entre os microrganismos em um biofilme disponibilizam

os nutrientes ao mesmo tempo em que remove potenciais metabólitos tóxicos (O'TOOLE, 2000).

As biomembranas têm despertado interesse intensificado em várias áreas como indústria

alimentícia, farmacêutica, embalagens e, mais recentemente, biorremediação. Isto se deve a sua

diversidade estrutural e suas propriedades reológicas peculiares (FIALHO, 2008). Estudos

recentes sugerem que biorremediação através de biofilme pode ser uma alternativa proficiente

para remediação em relação a se fazer uso de microrganismos planctônicos (SINGH et al., 2006).

Sua aplicação em biorremediação de efluentes criados pela mineração tem sido um

campo muito promissor (GAYLARD et al., 2005; PEREIRA; FREITAS, 2012).

A utilização de biofilme tem sido considerada a melhor alternativa para biorremediação

do que aplicação de bactérias planctônicas, visto que células formadoras de biofilmes têm maior

possibilidade de adaptação a diferentes ambientes (COSTERTON et al., 2003; SINGH et al.,

2003).

A propriedade dos biofilmes de remover metais pesados do ambiente se deve a sua

capacidade de floculação que lhe confere habilidade de se ligar aos íons de metais pesados das

soluções (PAUL; PAUL, 2008).

As bactérias redutoras de sulfato (BRS) são encontradas frequentemente em águas

contaminadas com metais pesados. São altamente eficientes na degradação anaeróbica de muito

poluentes orgânicos e na precipitação de metais pesados de águas de esgoto (SINGH;

CAMEOTRA, 2004).

2.2.1.2 Biorremediação de pesticidas

A biorremediação tem sido geralmente considerada um método menos dispendioso e

mais eficiente para desintoxicação de vários compostos xenobióticos e poluentes (VERHAGEN

et al., 2011). Por ser um processo natural promove um tratamento adequado ao meio, seu custo é

relativamente baixo quando comparado a outras alternativas convencionais de tratamento de

resíduos sólidos. Não obstante, para se obter elevado rendimento no processo, é necessário se

44

determinar quais são as condições que favorecem a atividade microbiana, como por exemplo:

meio anóxico, teor de nutrientes elevado, tempo de retenção, atividade enzimática, temperatura,

pH, e inóculo aclimatado ao meio.

O uso de sistemas de biorremediação têm sido propostos para tratar a fonte da

contaminação por pesticidas (DE WILDE et al., 2007), porquanto os mesmos apresentam

resistência à hidrólise e oxidação. Assim a degradação bacteriana é naturalmente a via dominante

de eliminação de pesticidas no ambiente (WOLFE et al., 1978). A capacidade degradação de

pesticidas destes sistemas pode ser habilitada através da utilização de bactérias especializadas em

degradação de pesticidas isoladamente ou em consórcio com outras (VERHAGEN et al., 2011).

Têm sido empreendidos para isso monoculturas e culturas mistas capazes de degradar pesticidas

(VERHAGEN et al., 2011).

Em muitas estratégias de isolamento o enriquecimento é processado em meio líquido

agitado, o que favorece à bactéria crescer bem em suspensão. Entretanto na natureza, muitas

bactérias crescem agregadas cada uma a outra e à superfície (COSTERTON et al., 2007). Uma

vez que biofilmes são o modo predominante de vida das bactérias (PARSEK; FUQUA, 2004;

MOONS et al., 2009) o uso de meio liquido com agitação pode ser representar um obstáculo e

isto é um importante fator a ser considerado porque bactérias que se proliferam em biofilme

crescem muito pouco em suspensão e podem ser ineficientes quando este meio de seleção é usado

(VERHAGEN et al., 2011).

2.2.3 Forças de adesão envolvidas em síntese de biofilmes

Muitos problemas causados por biofilmes advêm do fato de que eles têm alta resiliência

além de extraordinária capacidade de conter forças mecânicas. Permanece ainda enigmático

como as propriedades destas forças mecânicas dos biofilmes habilitam a bactéria a sobreviver em

diferentes ambientes químicos (GRUMBEIN et al., 2014).

Devido a estes fatos é importante a compreensão de como se formam e que forças estão

envolvidas neste processo. A compreensão das forças envolvidas na adesão do microrganismo é

de fundamental importância para áreas como microbiologia objetivando elucidar as funções

celulares, mas também é de interesse da medicina no que concerne às infecções e ferimentos bem

45

como para a biotecnologia no estudo da agregação das células. (DUFRÊNE, 2015). Hoje já se

sabe que a maioria das infecções são causadas por biofilmes cujo perfil de crescimento habilita a

patogenicidade da bactéria. Uma vez agregados aos biofilmes as bactérias ficam englobadas por

uma substância protetora que é a matriz da substância polimérica extracelular (SPE)

(HARAPANAHALLI et al., 2015).

Entre as várias estratégias utilizadas para estudo dos biofilmes tem se destacado o uso da

Microscopia de Força Atômica (AFM) (DUFRÊNE, 2015).

Há, portanto poderosas forças que atuam na formação dos biofilmes e na adesão das

bactérias aos mesmos. A adesão não específica de bactérias é o primeiro passo para a formação

de biofilmes em superfícies abióticas. As forças que atuam nesse processo são as Forças de Van

der Walls além de forças eletrostáticas. Interações hidrofóbicas de curto espectro desempenham

importante papel. São forças tanto que atraem como repelem a bactéria individualmente desta

superfície. À distância de 50 nm forças atrativas da superfície já são detectadas o que indica uma

larga faixa de forças, mas há evidências de que as proteínas da parede celular das bactérias são as

responsáveis pela adesão interagindo com forças hidrofóbicas da superfície (THEWES et al.,

2014). Experimentos demonstram que as células que não compõem os biofilmes são excluídas e

mesmo quando crescem próximo ao biofilme são removidas por forças. Estas mesmas forças

protegem que adentrem nos biofilmes outras células (THEWES et al., 2014). A proteína RbmA

enlaça as células mães com as células filhas ligadas na matriz conferindo uma proteção às células

que produzem o biofilme enquanto outras são exclusas ou repelidas (THEWES et al., 2014).

Kannan et al. (2014) estudaram as forças de adesão de biofilmes formados por

Pseudomonas aeruginosa em poros de silicone os quais danificam aparelhos semicondutores e

implantes. Fazendo uso de microscopia de força atômica (AFM) constataram que ocorre uma

variação da rugosidade nestes biofilmes a qual foi quantificada. Os resultados mostraram um

aumento na força de adesão com o aumento da rugosidade na superfície concluindo, portanto que

a força de adesão do biofilme é afetada pela rugosidade.

Há também evidências de que os biofilmes podem utilizar a capacidade de absorção de

certos metais em forma iônica como zinco, cobre, ferro e alumínio contidos na matriz do biofilme

para evitar erosão por forças. Curiosamente muito destes íons metálicos são tóxicos para as

formas planctônicas das bactérias componentes do biofilme, mas eles têm sua toxidade suprimida

na matriz dos biofilmes (o que sugere também a importância de biofilmes para biorremediação).

46

Assim os biofilmes claramente cumprem funções a destacar quais sejam a regulação das

propriedades mecânicas dos biofilmes e a formação de uma barreira seletiva para conter

substâncias tóxicas (GRUMBEIN et al., 2014).

A resistência das bactérias a antibióticos diferentemente da resistência convencional

(genética) disponibiliza também de um mecanismo através da formação de biofilmes os quais

reduzem a suscetibilidade a antibióticos e contribuem para a persistência das infecções

(STEWART, 2002). As bactérias crescem agregadas em biofilmes os quais habilitam sua

proteção contra estresse tanto físico como químico (TAYLOR et al., 2014; ZHANG et al., 2015)

além de facilitar a disponibilidade de nutrientes conferem também habilidade para sobreviver em

condições ambientais adversas. Os biofilmes conferem resistência a antibióticos bem como

dificultam o cuidado com ferimentos, pois são recalcitrantes à remoção bem como ao

debridamento dos mesmos (BIRKENHAUER et al., 2014; TAYLOR et al., 2014).

Foi descoberto que muitas feridas se tornam crônicas devido à formação de biofilmes os

quais impedem a entrada de antibióticos e facilitam a bactéria criar resistência aos mesmos uma

vez que a dosagem aplicada é insuficiente para exterminá-las, mas suficiente para criar

resistência. Os biofilmes são recalcitrantes à remoção através da formação de uma matriz

protetora que protege os organismos residentes de forças inimigas. (BIRKENHAUER et al.,

2014.).

Esta proteção pode ser mecânica, ou seja, o biofilme constitui uma barreira que impede a

penetração do antibiótico, mas também se caracteriza pela diferenciação dos microrganismos que

compõem os biofilmes que se tornam mais aptos e mais fortes quando em biofilmes. Diante

destes fatos é notória a necessidade de se utilizar novas estratégias que envolvam o combate à

formação de biofilmes antes de se utilizar antibióticos. Os campos de combates são escrutinados

a partir do conhecimento das características dos biofilmes, como aderência à superfícies,

formação de matriz extracelular, quórum sensing, regulação de maturação dos biofilmes e

dispersão, estes são os alvos a serem explorados no desenvolvimento de tratamento específico

contra biofilmes (TAYLOR et al., 2014). Em outra estratégia genes responsáveis pela formação

de biofilmes estão sendo alvos de quimioterapia, pois entende-se que ao desabar a resistência dos

biofilmes habilita-se o antibiótico para atuar nas infecções que são refratárias ao tratamento

convencional (STEWART, 2002).

47

Recentemente tem sido comprovado que os probióticos inibem a formação de biofilmes

por microrganismos patogênicos, que consiste no primeiro passo para a instalação da infecção

(FERNANDEZ et al., 2015; VIDYALAXME et al., 2014).

Além de mecanismos de competição os probióticos engatilham as células do Sistema

Imunológico do hospedeiro e também secretam biocidas que atacam possíveis invasores

(FEDORAK; MADSEN, 2004; RASTALl et al., 2005; SAAD, 2006).

2.2.4 Propriedades reológicas dos biopolímeros

Para entender a microestrutura destes filmes é necessário o estudo de suas propriedades

reológicas. De fato, o conhecimento destas propriedades é de grande utilidade para proporcionar

uma mais ampla compreensão das propriedades dos biofilmes (XU et al., 2004).

A alta viscosidade de um filme pode, por exemplo, formar uma solução que retém

bolhas de ar tornando difícil sua remoção e oculta moldes em suas finas camadas (CUQ et al.,

1993), por isso soluções formadoras de filmes de baixa viscosidade têm atraído os pesquisadores

(MORAES et al., 2009). Para que se forme uma camada de mesmo nível sobre uma superfície

sólida a viscosidade da solução formadora do filme deve evitar formar depressões por efeito de

gravidade e permitir que a capilaridade seja uniforme no filme (PERESSINI et al., 2003). O

conhecimento das propriedades reológicas que são sensíveis a variações da estrutura molecular é

útil no desenvolvimento de relações função-estrutura para sistemas de soluções polissacarídeas

(XU et al., 2004). Por isso a caracterização das soluções formadoras de filme contribui para a

compreensão das diferenças nas propriedades finais do filme (XU et al., 2004).

Não obstante o kefirano ser sugerido para formação de embalagens o fato de permitir a

passagem de umidade é uma característica indesejável para este objetivo e por isso tem se

procurado impermeabilizadores como glicerol para proporcionar a retenção do líquido e tornar a

membrana viável para este uso. O uso destes impermeabilizadores podem causar alterações nas

propriedades reológicas do biofilme, alterações estas que podem ser estudadas através de várias

estratégias tecnológicas tais como Espectroscopia de Infravermelho por Transformação de

Fourier (FT-IR), Difração de Raio X (XRD), Microscopia de Tunelamento (STM) e Microscopia

de Força Atômica (AFM) (GHASEMLOU et al., 2011).

O uso de Microscopia de Força Atômica (AFM) tem sido uma das ferramentas para este

48

estudo uma vez que se alcançou um grande avanço estes últimos anos concomitantemente com a

Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). Ghasemlou et al. (2011), fez uso destas tecnologias

para analisar as alterações reológicas causadas pela utilização de impermeabilizadores glicerol e

sorbitol sobre o kefirano.

Kodali et al. (2009) constataram a produção de uma substância polimérica extracelular

(SPE) por B. coagulans o qual é um heteropolímero composto de galactose, manose e fucose,

glicose e glicosamina. Com significativa atividade emulsificante em óleos vegetais. A fucose foi

pela primeira vez identificada como componente de um exopolissacarídeo. Sua estrutura

caracterizada pela repetição das suas unidades de açúcares unidas através de ligações glicosídicas

constituem os blocos de construção que formarão o esqueleto da estrutura molecular do biofilme

de exopolissacarídeo (SPE) (KODALI et al., 2009).

A presença de numerosos grupos hidroxilas na estrutura, característica comum aos

açúcares, viabilizam que ocorram as ligações de hidrogênio, formando assim cadeias tanto

lineares como helicoidais num entrelaçamento bi e tridimensional estabelecendo uma estrutura

em rede (CHOWDHURY et al, 2011).

2.2.5 Métodos físicos para estudo dos biofilmes

2.2.5.1 Utilização de microscopia de força atômica (AFM)

A microscopia de Força Atômica ou “Atomic Force Microscopy” (AFM), foi

desenvolvida em 1986 por Gerd Binnig, Calvin Quate e Christoph Gerbver. A AFM permite

obter imagens reais, em três dimensões, da topografia das superfícies, com uma resolução

espacial que se aproxima das dimensões atômicas (BAKER et al., 1997).

A AFM traduz em imagens as propriedades interfaciais dos eletrodos e possibilita a

observação direta da arquitetura da superfície. Diante destes fatos esta técnica pode trazer

informações importantes sobre a morfologia da superfície dos eletrodos modificados com

moléculas biológicas (CHIORCEA PAQUIM et al., 2004; OLIVEIRA BRETT et al., 2005).

Uma pequena ponta de quartzo acoplada a uma consola que fica fixada a um suporte

escaneia a superfície da amostra nas três dimensões do espaço; semelhante a uma agulha de toca-

discos de vinil. Esse consola, chamado de cantlever, é uma haste flexível que retém em sua

49

extremidade a agulha com dimensões de poucos micra. A imagem é obtida através de um sistema

de posicionamento com cerâmicas piezoelétricas, capazes de realizar movimentos nas três

direções (xyz), com precisão de ângstrons (Å).

Durante a varredura da amostra há interações entre o cantilever e os átomos da amostra.

Estas interações podem ser atrativas ou repulsivas sendo que as atrativas são devido às forças de

Van der Walls e ocorre entre distâncias maiores. Quando aproximamos a agulha da amostra

ocorre a repulsão entre os orbitais eletrônicos dos átomos da superfície da amostra e os da ponta

do microscópio de força atômica. Forças de atração podem ter origem tanto em fatores físicos,

como a capilaridade, ou químicos como a afinidade entre o cantilever e a amostra. A força de

repulsão se deve a interação coulombiana (GIESSIBL, 2003).

São as forças resultantes destas interações que fazem com que o cantilever (de 100 a

200 mm de comprimento) se aproxime ou se afaste gerando deflexões. Na cantilever ou consola é

fixado um pequeno elemento piezelétrico (modulador piezo) para conduzir o feixe de laser na sua

frequência de ressonância e então conecta-se a amostra ao piezoelétrico tridimensional, o scanner

x,y,z. Na parte superior da haste existe uma superfície espelhada, que reflete a luz de um feixe de

laser, que em seguida passa através de uma lente e incide sobre um fotodetector (matriz de

fotodiodos) cujo sinal de saída é recolhido por um amplificador diferencial, que mede as

variações de posição e da intensidade da luz produzidas pelas deflexões da consola. Assim os

movimentos nanométricos podem ser detectados, gerando sinais elétricos que são armazenados e

processados por um computador e convertidos em imagem topográficas, bi ou tridimensionais da

superfície do material em resolução atômica (RUBIO-SIERRA et al., 2005) conforme está

demostrado na figura 2.

Durante esta varredura, é utilizado um sistema de alinhamento, onde um feixe de laser

incide sobre o cantilever e refletindo em um sensor, de quatro quadrantes, fornece informação de

posição para o sistema de realimentação e controle. Este corrige a posição do cantilever de forma

a manter o contato com a amostra, durante a varredura e permitir a obtenção da imagem

(GIESSIBL, 2003).

50

Figura 2 - Diagrama de funcionamento do microscópio de varredura de força

Fonte: Herman et al. (1997)

A imagem obtida na AFM é resultante da convolução da topografia real da amostra com

a forma da agulha do cantilever. Este é uma das principais fontes de artefatos de imagem nesta

técnica.

As diferentes técnicas fornecem diversas possibilidades para gerar imagens de diferentes

tipos de amostras e para gerar uma ampla gama de informações. Os modos de fazer as imagens,

também chamados modos de varredura ou de operação, referem-se fundamentalmente à distância

mantida entre a sonda (ponteira) e a amostra, no momento da varredura, e às formas de

movimentar a ponteira sobre a superfície a ser estudada. Há um contínuo de modos possíveis de

fazer imagens, devido às diferentes interações em função da distância entre a ponteira e a

amostra, assim como ao esquema de detecção utilizado. A escolha do modo apropriado depende

da aplicação específica que se deseja fazer e de vários fatores os quais condicionam a obtenção

da imagem de diferentes modos, como o tipo de amostra e as condições da mesma, o tipo de

cantilever utilizado e o tipo de varredura entre outros. No caso da amostra é importante se ela é

rígida ou não, pois isto vai determinar se a varredura foi de contato utilizando o modo contato,

contato intermitente ou não contato. Geralmente se faz as imagens de amostras de filmes finos

nos modos de contato intermitente ou não-contato, pois assim as interações do cantilever com a

amostra são menos severas, o que diminui a possibilidade de danos tanto na amostra como na

51

agulha (GIESSIBL, 2003).

2.2.5.2 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

O microscópio eletrônico de varredura (MEV) é um equipamento capaz de produzir

imagens de alta ampliação (até 300.000 x) e resolução e é considerado um dos melhores

dispositivos para se analisar as características microestruturais de materiais sólidos. Foi

idealizado primeiramente por Knoll (1935) que descreveu o conceito do MEV. Em 1938 Von

Ardenne construiu um microscópio eletrônico de varredura e transmissão (STEM) adaptando

bobinas de varredura a um microscópio eletrônico de transmissão. O princípio de funcionamento

do MEV consiste na emissão de feixes de elétrons por um filamento capilar de tungstênio

(eletrodo negativo), mediante a aplicação de uma diferença de potencial que pode variar de 0,5 a

30 KV. Essa variação de voltagem permite a variação da aceleração dos elétrons, e também

provoca o aquecimento do filamento. A parte positiva em relação ao filamento do microscópio

(eletrodo positivo) atrai fortemente os elétrons gerados, resultando numa aceleração em direção

ao eletrodo positivo. A correção do percurso dos feixes é realizada pelas lentes condensadoras

que alinham os feixes em direção à abertura da objetiva. A objetiva ajusta o foco dos feixes de

elétrons antes dos elétrons atingirem a amostra examinada.

A microscopia eletrônica de varredura (MEV) tem sido muito utilizada no estudo dos

biofilmes. Sousa et al. (2015) reportam sobre o uso da técnica para se estudar a estrutura de

biofilmes de Nontuberculous mycobacteria (NTM). Esta bactéria tem a capacidade de agregar

biofilmes em diferentes superfícies. Os biofilmes podem atuar como reservatório ambiental. Esta

possibilidade de agregar biofilmes em diferentes superfícies foi correlacionada com a capacidade

de se dispersar sobre o meio sólido (SOUSA et al., 2015).

A microscopia eletrônica de varredura (MEV) foi utilizada para avaliar a presença de

microrganismos aderidos à superfície de mini-implantes que falhavam devido à perda de

estabilidade (FERREIRA et al., 2015) bem como a de adesão e formação de biofilmes por

Streptococcus mutans e Candida albicans (LAVIN et al., 2015).

Microrganismos de diferentes espécies interagem em vários nichos ecológicos

eventualmente causando infecção. Durante este processo de infecção pode ser formado biofilmes

com apenas uma espécie de microrganismo ou por multiespécies. Através de técnicas de

52

microscopia incluindo microscopia eletrônica de varredura (MEV), Granillo et al. (2015)

estudaram biofilmes formados por Aspergillus fumigatus e Staphyloccocus aureus que são agente

etiológicos responsáveis por causar ceratite. A adesão entre bactéria e fungos é fundamental para

a formação de biofilmes polimicrobianos (Frey-Klett et al., 2011).

2.3 COMPOSTOS FENÓLICOS E SUA IMPORTÂNCIA

Nos últimos anos os efeitos de compostos fenólicos têm sido constantemente estudados

devido suas propriedades antioxidantes com ação preventiva e terapêutica contra várias doenças

crônico-degenerativas tais como a hipercolesterolemia, câncer dos seios e da próstata e doenças

cardiovasculares (CROZIER et al., 2009; GARCIA-LAFUENTE et al., 2009). Dentre os

compostos fenólicos se destacam os flavonóides dos quais fazem parte as isoflavonas.

Os efeitos biológicos dos compostos fenólicos dependem da sua origem e da quantidade

consumida na dieta, pois há uma correlação positiva entre o consumo e seus efeitos benéficos à

saúde dependendo obviamente de sua biodisponibilidade. A biodisponibilidade ocorre em função

da absorção intestinal, da bioconversão por colônias da microbiota, da dispersão pelos tecidos do

organismo e, finalmente, da eliminação.

A capacidade dos flavonoides sequestrar espécies reativas de oxigênio e nitrogênio é

decorrente da presença de uma orto-hidroxilação no anel B da molécula de flavonóides (figura 3),

do número de hidroxilas livres e uma dupla ligação na posição C2-C3 ou a presença de uma

hidroxila no carbono C3 (BURDA; OLESZEK, 2001). Mas, não se sabe exatamente de que

maneira os compostos fenólicos atuam na atividade antioxidante, há possibilidade que a mesma

seja decorrente da ação sinergética entre diversos compostos fenólicos e não advinda apenas de

um único componente (ARNOUS et al., 2001; LEE et al., 2003). Há, entretanto, evidências

comprobatórias de que a atividade antioxidante dos compostos fenólicos cresce com o aumento

no número de grupamentos hidroxila e diminuição de grupos glicosilados (FUKUMOTO;

MAZZA, 2000) e que antioxidantes fenólicos funcionam como sequestradores de radicais e

algumas vezes como quelantes de metais (AMES et al., 1993; RICE-EVANS et al., 1996).

Os compostos fenólicos são produzidos pelo metabolismo secundário das plantas e são

encontrados principalmente nas frutas. Recentemente as frutas têm sido consideradas alimentos

funcionais devido ao seu baixo conteúdo calórico em comparação com o uso de carboidratos

53

industriais, aliada às suas propriedades como antioxidantes além de conterem importantes

compostos nutricionais tais vitaminas, fenóis, minerais e fibras os quais numa ação sinergética

desempenham importante papel como preventivos de estresse oxidativo (ORAZEM et al., 2011).

Há fortes evidências obtidas em estudos recentes relacionando a alta incidência de câncer

com deficiência no consumo regular de frutas e verduras (KOBORI, 2003). Não apenas o

aparecimento de câncer de pulmão e de estômago dentre outros, mas também doenças

cardiovasculares, cataratas e disfunções do sistema imunológico e doenças neurovegetativas se

relacionam com deficiências nutricionais marcadamente de frutas e vegetais (VATTEM et al.,

2005), por isso estudos epidemiológicos têm apresentado fortes evidências de que o aumento no

consumo de frutas está diretamente ligado à diminuição de riscos de várias doenças vegetativas

como arteriosclerose, desordens do coração e do cérebro e diferentes tipos de câncer (HEGEDÚS

et al., 2010).

As principais substâncias advindas dos vegetais e responsáveis pelo efeito protetor são os

carotenoides, os flavonoides os isoflavonoides e ácidos fenólicos (BOYER; LIU 2004;

GRAMZA; KORCKZAC, 2005). Os flavonoides previnem o câncer e o mecanismo através do

qual este efeito protetor é exercido ocorre através da sua ação interferindo em passos que

conduzem a formação de tumores, como também protegem o DNA de danos oxidativos e desta

forma inibem a ativação do câncer (GALATI; O’BRIEN, 2004).

As antocianinas suprimem a proliferação de células oncogênicas, portanto ajudam a

evitar câncer além de diabetes e problemas cardiovasculares e neurológicos (KONCZAK;

ZHANG, 2004; LILA, 2004). O valor do uso tradicional de antocianina para reduzir a

hipertensão tem sido confirmado cientificamente (KONCZAK; ZHANG, 2004; LILA, 2004).

Assim também o efeito benéfico de seu uso para combater infecção do trato urinário tem sido

confirmado pelo poder anti-inflamatório e antimicrobiano das antocianinas (KONCZAK;

ZHANG, 2004).

O uso de fitoquímicos é uma das armas que podem ser empregadas tanto para evitar

como combater o estresse oxidativo. Muitas plantas têm sido descobertas no sentido de se evitar

formação de radicais livres ou de combater o estresse oxidativo (IVORRA et al., 2015).

O corpo usa de defesas antioxidantes para manter o processo oxidativo dentro dos

limites fisiológicos do contrário acontecem com os danos oxidativos uma ampliação e

consequentes danos sistêmicos

54

De maneira inevitável os processos metabólicos que nos permitem viver geram também

radicais livres os quais se produzidos em grande quantidade sem serem inativados podem trazer

danos às células. Os mecanismos de geração de radicais livres ocorrem, sobretudo, nas

mitocôndrias, membranas celulares e no citoplasma (BARBOSA et al., 2010). Os radicais livres

são átomos ou moléculas ou mesmo fragmentos de molécula que contêm elétrons não carregados.

O organismo produz substâncias antioxidantes que conseguem inibir e reduzir lesões causadas

por radicais livres. Além disso, o uso de substâncias naturais antioxidantes trazem benefícios

incontestáveis na preservação da saúde.

Pode ser considerado um radical livre qualquer átomo, molécula com elétrons

desemparelhados na camada de valência podendo se ligar ou atrair elétrons de outra molécula e

com isso desestabilizando genes, proteínas ou mesmo células. Podem por exemplo despertar um

oncogene ou causar envelhecimento precoce. Exemplos de radicais livres são: oxigênio

molecular (O2), radical hidroxiol (OH-), ânion superóxido (O-), radical peroxil (ROO), radical

alcoxil (RO) e óxido nítrico (NO) (WISEMAN, 2005).

Os radicais livres são moléculas altamente instáveis, com meia-vida muito curta, pois

são moléculas muito reativas podendo sequestrar elétrons de moléculas importantes. Podem ser

muito prejudiciais para o cumprimento e manutenção das funções fisiológicas vitais,

paradoxalmente as mesmas que dão origem aos mesmos.

Há mecanismos de defesa antioxidante criados pelo organismo para limitar ou impedir

os danos a nível intracelular. São substâncias denominadas antioxidantes que inibem ou reduzem

as lesões causadas pelos radicais livres protegendo a célula contra efeitos dos mesmos (SOARES,

2002).

O estresse oxidativo é causado por uma produção excessiva de radicais livres e podem

causar dano e morte celular. O cérebro é particularmente suscetível ao estresse oxidativo, pois

consome em torno de 20 % de todo oxigênio absorvido (LAU et al., 2005) e 25% de toda glicose

obtida na nutrição. Para lidar com isso geralmente durante o estresse ocorre um aumento de

defesas antioxidantes enzimáticas.

O estresse oxidativo pode ter várias causas dentre as principais consumo de substâncias

lesivas como álcool, tabagismo e drogas, exercício pesado, preocupação excessiva, reação

depressiva diante de eventos conturbados peculiares da existência, etc.

55

2.4 FLAVONÓIDES

Flavonoides são substâncias de baixo peso molecular produzido pelo metabolismo

secundário das plantas que exercem efeito protetor antioxidante ou proteção aos raios UV. São

encontrados em bebidas como o chá verde, em frutas, em vinhos, em sementes como soja além de

plantas de uso tradicional como gingko biloba e ginseng. Mais de 4000 flavonoides de diferentes

ocorrências naturais já foram descritos na literatura (KING; YOUNG, 1999; GALATI;

O’BRIEN, 2004; HOUSTON, 2005).

Os flavonoides desempenham um papel fundamental na proteção contra agentes

oxidantes, como raios ultravioletas, poluição ambiental, substâncias químicas presentes nos

alimentos, entre outros. Atuam também como agentes terapêuticos em um elevado número de

patologias, tais como aterosclerose e câncer. Dado que não podem ser sintetizados pelo nosso

organismo, sendo representativos da parte não energética da dieta humana, são obtidos através da

ingestão de alimentos que os contenham ou de suplementos nutritivos (GONÇALVES, 2008;

ALVES et al., 2012).

Dentre os compostos fenólicos presentes em frutas e vegetais, os mais comumente

encontrados são os flavonoides. As propriedades benéficas destes compostos podem ser

atribuídas à sua capacidade de sequestrar os radicais livres, podendo inibir os processos da

oxidação em certos sistemas.

Compostos fenólicos são responsáveis por propriedades terapêuticas de grande interesse

para confrontar os problemas advindos da vida moderna, propriedades como oxidação de

gorduras e diminuição de problemas cardiovasculares, aumento de consumo energético e redução

de risco de incidência de câncer (TREVISANATO; KIM, 2000; ALVES et al., 2012). Estes

efeitos são advindos da sua capacidade de inativar os radicais livres ao reagir com eles formando

radicais estáveis (ALVES et al., 2012). A estrutura química dos compostos fenólicos contém pelo

menos um anel aromático com grupamento hidroxila que lhe confere o poder de neutralização de

radicais (GIADA; MANCINI-FILHO, 2006).

Há interesse em se encontrar substâncias antioxidantes naturais para nutrição ou

aplicação farmacológica. Ao transgredir as normas para uma vida saudável através do

sedentarismo e da alimentação desregrada o homem procura na natureza compostos que lhe

permita conviver com seus vícios sem necessitar de mudanças radicais em seu modo errôneo de

56

se alimentar. Com efeito, o uso de produtos naturais poderá vir a contribuir para melhoria da

qualidade de vida e precaução contra os principais problemas de saúde, no entanto

concomitantemente se torna necessário combater o sedentarismo e o uso indiscriminado de

produtos lesivos ao organismo tais como uso excessivo de frituras, consumo de álcool,

tabagismo, etc. Em 1997, Decker já advertia que não obstante os flavonóides comportarem

propriedades benéficas advindas de sua capacidade de sequestrar os radicais livres, podendo

inibir os processos da oxidação em certos sistemas, isso não significa que eles possam proteger as

células e os tecidos de todos os tipos de danos oxidativos.

O uso de antioxidantes artificiais tem sido restringido em virtude de sua toxidade.

Busca-se, portanto, encontrar substâncias antioxidantes naturais (DEGÁSPARI;

WASZCZYNSKYJ, 2004). Embora o uso de frutas e verduras tenha seu uso consagrado pelo

conteúdo de vitaminas, fibras e minerais é o seu poder antioxidante encontrado em outros

nutrientes como compostos fenólicos, fenóis e flavonoides dentre os quais as antocianinas, que

faz com que haja um crescente aumento de interesse e de consumo dos mesmos (SILVA, 2007).

Os flavonoides participam da regulação de atividade enzimáticas para produção de

substâncias responsáveis pelo flavor. É importante ressaltar que o sabor adstringente de frutas é

proveniente da ação de flavonoides precipitando proteínas que não se dissolvem na boca

(SKREDE; WROLSTAD, 2002; GRAMZA; KORCZAK, 2005). Há, portanto uma correlação

entre o sabor adstringente (responsável pela sensação de “amarrar a boca” bem como a sensação

de sabor amargo) com o conteúdo de compostos fenólicos (SLIMESTAD et al., 2009, BRAVO et

al., 1998). Os mesmos compostos fenólicos desempenham papel importante no mecanismo

natural de defesa e nas propriedades benéficas dos frutos (SLIMESTAD et al., 2009).

Ao lado de tudo isto os flavonoides são de particular interesse devido suas potentes

propriedades antioxidantes além de exercerem importantes funções em muitos processos que

previnem diabetes e disfunção erétil (CASSIDY et al., 2016). Além disso, os compostos fenólicos

(antocianinas e flavonoides entre outros) dão aos frutos qualidades desejáveis tais como cor e

propriedades antioxidantes (BRAVO et al., 1998).

A estrutura química dos flavonoides apresenta um anel denominado grupo flavilíco

(figura 3). A capacidade, ou seja, a propriedade dos flavonoides sequestrar espécies reativas de

oxigênio e nitrogênio é devida à presença de uma orto-hidroxilação no anel B da molécula de

flavonóide, do número de hidroxilas livres e uma dupla ligação na posição na posição C2-C3 ou a

57

presença de uma hidroxila no carbono C3 (BURDA; OLESZEK,2001). Mas, não se sabe

exatamente de que maneira os compostos fenólicos corroboram na atividade antioxidante, há

possibilidade que a mesma seja decorrente da ação sinergética entre diversos compostos fenólicos

e não advinda apenas de um único componente (ARNOUS et al., 2001; LEE et al., 2003)

Figura 3 - Estrutura do núcleo flavílico

Fonte: Próprio autor

Sabe-se, entretanto que a atividade antioxidante dos compostos fenólicos cresce com o

aumento no número de grupamentos hidroxila e diminuição de grupos glicosilados

(FUKUMOTO; MAZZA, 2000).

Antioxidantes fenólicos funcionam como sequestradores de radicais e algumas vezes

como quelantes de metais (AMES et al., 1993; RICE-EVANS et al., 1996).

2.5 ANTOCIANINAS

Para classificação dos flavonoides se utilizam critérios baseados no número e na posição

dos grupos hidroxila e metoxila no núcleo flavílico. Em consonância com estes dados são

encontradas predominantemente 6 tipos de antocianidinas: pelargonidina, cianidina, delfinidina,

petunidina, peonidina e malvidina (Fig.4).

58

Figura 4 – Antocianidinas encontradas em frutas

Fonte: Próprio autor.

As antocianinas fazem parte do grupo dos flavonoides e têm a mesma origem

biossintética, portanto compartilham características próprias dos mesmos como, por exemplo, o

esqueleto básico composto por C6-C3-C6. Diferem dos flavonoides por serem glicolisadas e

também pela coloração mais forte. Além disso, as antocianinas têm um poder maior de oxidação

(PIMENTEL et al., 2005; MALCHER, 2011). Quando as antocianidinas apresentam uma ou mais

unidades de açúcar anexadas ao núcleo flavílico são denominadas antocianinas.

Mais de 20 antocianinas já foram identificadas e dentre estas as seis que tem sido

utilizada na indústria e também com potencial farmacológico são a perlargonidina; cianidina;

delfinidina; pertunidina; malvidina e peonidina (GRISEBACH, 1982; MALCHER, 2011).

O que caracteriza a antocianina é o núcleo básico composto pela estrutura de íons 4-

hidroxiflavilum, portanto as antocianinas são compostas por três partes, aglicona (chamada de

antocianidina), um açúcar e um grupo acil nem sempre presente (AKWIE, 2000).

59

As antocianinas são reconhecidas por suas propriedades farmacológicas e medicinais,

bem como por ser anticarcinogênica, anti-inflamatória e antimicrobiana, prevenindo a oxidação

de proteínas de baixa densidade (LDL), o chamado colesterol ruim, enfermidades

cardiovasculares e doenças neurológicas (KUSKOSKI et al., 2006; BRAVO, 1998).

As antocianinas têm efeito antioxidante e atuam inibindo os efeitos desencadeados por

radicais livres. O combate aos processos oxidativos impede que ocorra danos ao DNA e às

macromoléculas, danos estes que com o tempo têm efeitos cumulativos que podem desencadear

doenças como o câncer, cardiopatias e catarata (SANTOS et al., 2008). O alto teor de

antocianinas com seu consequente poder antioxidante tem despertado interesse crescente no

estudo do açaí (Euterpe oleracea Mart.). Certamente este fato está relacionado com a

comprovação de que o fruto do açaí (Euterpe oleracea Mart.) apresenta efeito antimutagênico

(GALOTTA & BOAVENTURA, 2005). As polpas de açaí (Euterpe oleracea Mart.)

apresentaram elevados valor no parâmetro atividade antioxidante, sendo, portanto, consideradas

uma grande fonte de antioxidantes (SANTOS et al, 2008).

As principais antocianidinas encontradas nos alimentos são mostradas na figura 5.

Figura 5 – Princípais antocianidinas presentes nos alimentos

Fonte: Próprio Autor

As principais antocianidinas encontradas no açaí (Euterpe oleracea Mart.) foram

cianidina 3-glicocida, cianidina 3-sambubiocida cionidina 3-rutinocida e peonidina 3-rutinocida

(MULABAGAL et al., 2012).

A diferenciação das antocianinas pode ser feita através da aferição do número dos

grupos hidroxilas, do grau de metoxilação, do número de açúcares com suas ligações químicas e

finalmente através da identificação da natureza do grupo alifático (FRANCIS,1992; MALCHER,

2011).

Antocianidinas R1 R2

Perlagonidina H H

Cianidina OH H

Delfinidina OH OH

Peonidina OCH3 H

Petunidina OCH3 OH

60

A cor característica das antocianinas é consequência da presença do açúcar, de ácidos,

grupos metóxilo e de hidroxila que além da cor conferem estabilidade. Varia de vermelho a azul

com várias tonalidades A alteração da cor é um indício da degradação da molécula sendo a cor

marrom indesejada. Esta alteração constitui um indício de degradação e pode ser causada por

fatores como pH, concentração da solução, presença de copgmentação, luz e oxigênio.

Com relação ao açúcar presente nas antocianinas os mais frequentemente encontrados

são a glicose, xilose, arabinose, rammose e galactose (TERCI, 2004).

Concernente à estabilidade os açúcares conferem estabilidade às antocianinas, mas não é

tão importante a natureza do açúcar e sim sua posição na molécula que vai exercer significativa

influência na reatividade da antocianina (RIBEIRO; SERAVALLI, 2004), sendo mais estáveis

quando glicosadas na posição C-3 (JURDI, 1964).

As antocianinas são muito instáveis sendo que os principais fatores que afetam sua

estabilidade são alterações de pH e temperatura. O pH altera a estabilidade, na faixa de 1 a 3 as

antocianinas adquirem a cor vermelha e na faixa de 4 a 6,5 a cor é púrpura, uma característica

bem perceptível no açaí (Euterpe oleracea Mart.) cuja faixa de pH fica em tono de 4 a 5

(GRISEBACH, 1982).

Com relação à temperatura sabe-se que temperaturas elevadas degradam as antocianinas

(GRISEBACH, 1982). Temperaturas mais baixas retêm o pigmento cuja destruição se evidencia

na alteração da cor de vermelha para marrom. A cor também sofre alterações de acordo com o

processamento e estocagem do material (GRISEBACH, 1982).

Outro fator importante é a luminosidade e a presença de oxigênio que juntos causam

alteração da cor das antocianinas as tornando escuras (CARDOSO, 1997; RIBEIRO, 2004). Em

atmosfera inerte não há alteração da cor mesmo com exposição à luz.

Algumas enzimas como a glicosídeas, polifenoloxidases e peroxidases degradam as

antocianinas provocando escurecimento e perdas da cor. Isto ocorre durante o processamento do

suco de frutas (CARDOSO, 1997).

Para sua preservação as antocianinas não podem ser estocadas em recipiente de ferro, de

alumínio ou de latão, pois estes provocam alterações nas mesmas.

As antocianinas podem ser extraídas com etanol ou metanol, pois são solúveis em

solventes polares. Elas são encontradas predominantemente nas folhas e nos frutos

61

principalmente na casca dos frutos e esta extração deve ser feita em meio ácido objetivando desta

forma evitar a oxidação do pigmento.

As antocianinas nos frutos são localizadas principalmente na casca, porém também são

encontradas em menores quantidades nas polpas. Foram descobertos fatores reguladores que

promovem o acúmulo de antocianinas. Há proteínas que interagem com as proteínas reguladoras

das vias de síntese das antocianinas. Há uma interação entre fatores que acumulam antocianinas e

genes promotores de sua biossíntese (AN et al., 2012)

Pesquisas têm confirmado a eficácia do uso tradicional de antocianinas para combater

acidez estomacal (ALVAREZ-SUAREZ et al., 2011) e combate de inflamação (BASTOS et al.,

2009; ALMEIDA et al., 2014). De acordo com Almeida et al. (2014) estas moléculas são

promissoras moduladoras de inflamação. Têm sido confirmadas mais propriedades dantes

desconhecidas como anticancerígeno, prevenção de oxidação proteínas de baixa densidade (LDL)

combatendo o colesterol ruim, enfermidades cardiovasculares e doenças neurológicas

(KUSKOSKI et al., 2006; BRAVO, 1998). Recentemente tem sido confirmado que antocianinas

podem evitar a elevação da glicemia do sangue, portanto podendo ser útil para tratamento e

prevenção de diabetes (ALZAID et al., 2013). Sabe-se que os polifenóis interagem diretamente

com o transporte da glicose regulando a taxa de absorção de glicose. Este mecanismo foi

confirmado além de se confirmar que os flavonoides podem modular a glicemia através de

decréscimo da expressão gênica relacionada com o transporte de glicose (ALZAID et al., 2013).

2.6. O GÊNERO EUTERPE

Há três espécies do gênero Euterpe conhecidas no Brasil. Entre estas há o palmito

(Euterpe edulis), encontrado na mata atlântica, tem sido levado à beira da extinção devido a

redução da floresta atlântica e sua exploração de maneira insustentável. No médio rio Solimões

encontramos a espécie Euterpe precatoria e em toda a Amazônia em grandes populações, nas

bordas do rio ou em áreas periodicamente inundadas encontramos o E. oleracea (PESSOA et al.,

2010).

62

2.6.1 O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.)

O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) é encontrado em várzeas ao longo de rios e

igarapés, nas baixadas e áreas úmidas, por toda extensão da Amazônia (MALCHER, 2011). A

palmeira do açaí (Euterpe oleracea Mart.) fornece os frutos e o palmito cuja exploração resulta

em uma economia que mantém tanto a população como contribui para a sustentabilidade da

floresta causando impacto altamente positivo na economia local (QUEIROZ; MOCHIUTTI,

2001). Tendo como centro de origem, portanto o estuário do Amazonas o açaizeiro (Euterpe

oleraccea Mart.) é uma espécie frutífera com bastante diversidade genética. Além de ser

encontrado em toda região norte do Brasil também é comum em outros países que compõem a

Amazônia, quais sejam Venezuela, Colômbia, Equador, Suriname e Guiana e também é

encontrado na América Central (Panamá) (OLIVEIRA; FARIAS NETO, 2006; NOGUEIRA et

al., 2006).

Sabe-se que o açaizeiro floresce e frutifica durante o ano todo com dois períodos de pico

bem distintos fornecendo duas safras, sendo o primeiro de janeiro a maio e o segundo de

setembro a dezembro (CALZAVARA, 1972; OLIVEIRA; FERNANDES, 1993, MALCHER,

2011).

O que caracteriza o açaizeiro é o fato desta palmeira apresentar grande número de

estirpes (de 4 até 25) e assim uma touceira composta de perfilhos. Pode atingir até 35 metros de

altura e o tronco mede de 8 a 25 cm de diâmetro. A copa do açaizeiro é formada por 8 até 15

folhas de até 2 metros de comprimento com cor verde oliva, composta por 40 a 80 folíolos

(DONADIO et al., 2002).

O nativo da Amazônia costumava obter o extrato do açaí (Euterpe oleracea Mart.) com

o uso de peneiras e até das mãos. Há alguns anos advieram as batedeiras que são máquinas

fabricadas com esta função específica. O alto conteúdo de fibras obriga o uso de muita água

obtendo ainda assim uma polpa muito viscosa e muito apreciada pela população. Sendo

consumido com carne assada e farinha constitui em muitos lugares a principal refeição do dia.

Muitos estudos sobre ação benéfica das frutas tiveram intenso aumento objetivando

analisar sua ação antioxidante (SCHAUSS et al., 2006). O açaí (Euterpe oleracea Mart.) teve um

aumento de consumo tanto nacional como internacional o que tem induzido estudos no sentido de

63

se conhecer suas propriedades nutritivas e fotoquímicas (MALCHER, 2011). O açaí (Euterpe

oleracea Mart.) é rico em compostos fenólicos além de antocianinas (PEIXOTO et al., 2016).

As florestas de açaí (Euterpe oleracea Mart.) são abundantes por toda a planície

inundadas da Amazônia, pois é nativo nesta região. Pode ser extraído de maneira sustentável

Os frutos do açaí (Euterpe oleracea Mart.) são arredondados com diâmetro oscilando

entre 1 e 2 cm. Seu pericarpo é de aproximadamente 1 mm de cor pardo-violácea, contendo uma

polpa oleaginosa e comestível, a semente possui o endocarpo duro e fibroso (SANTOS et al.,

2008; PESSOA et al., 2010). Esse fruto arredondado do açaí (Euterpe oleracea Mart.) apresenta

o mesocarpo formado por epiderme, parênquima externo, esclerênquima externo, parênquima

armazenador e parênquima interno. A epiderme e o parênquima externo ou parênquima

antocianínico são ricos em antocianinas. O parênquima armazenador é rico em lipídeos e o

interno comporta os sistemas monosteles e vascular (PESSOA et al., 2010).

Devido ao seu elevado teor de antocianinas o açaí (Euterpe oleracea Mart.) pode ser

considerado um alimento nutracêutico e são justamente estas mesmas antocianinas que atribuem

ao açaí (Euterpe oleracea Mart.) cor avermelhada ou roxa (IADEROZA et al., 1992; OZELA et

al., 1997). A figura 6 mostra o mapa conceitual com as propriedades do açaí, seus principais

compostos bioativos e o direcionamento para incorporá-los em biofilmes de kefir.

Genero EuterpeTres especies

EmulsaopH

Propriedades reológicas

Radicais livresEstresse oxidativo

Antioxidante

BIOFILMESAntocianinas

Compostos Fenólicos

PROPRIEDADES

Flavonóides

Euterpe oleraceaAcai

Kefir

Figura 6- Mapa conceitual apresentando as propriedades e os principais compostos bioativos do extrato de açaí com

a incorporaração de antocianinas do açaí (Euterpe oleracea Mart.) em biofilme de kefir

64

2.6.1.1 Classificação de extrato de açaí (Euterpe oleracea Mart.) de acordo com o pH

De acordo com o pH, os alimentos são classificados como de baixa acidez (pH > 4,50),

ácidos (pH de 4,00 a 4,50) e muito ácidos (pH < 4,00). Essa classificação se baseia no pH

mínimo para a multiplicação e produção de toxina do Clostridium botulinum (pH = 4,5) e no pH

mínimo para a multiplicação da grande maioria das bactérias (pH = 4,00). O pH do suco obtido

com a polpa do açaí (Euterpe oleracea Mart.) é em torno de 4,5 (SANTOS et al., 2008),

As amostras de kefir em açaí (Euterpe oleracea Mart.) são considerados de alta acidez,

estando, portanto, fora da faixa de risco para a multiplicação e produção da toxina do C.

botulinum.

2.6.1.2 Açaí (Euterpe oleracea Mart.) e fotoproteção

Recentemente mais consumidores estão procurando por produtos que contenham

compostos naturais que absorvam as ondas UV devido aos benefícios que tais produtos

comportam. Dentre estes produtos tem se descoberto que extratos de óleos vegetais podem conter

a absorção UV além de fornecer fotoproteção. Há um interesse crescente pela alta capacidade

antioxidante do açaí (Euterpe oleracea Mart.) a qual é consequência da alta quantidade de

compostos polifenólicos presentes no mesmo. Convém ressaltar que as antocianinas são

predominantemente polifenóis, mas há outros compostos que não são antocianinas no açaí

(Euterpe oleracea Mart.) que são também polifenóis e ácidos fenólicos também presentes no

extrato de açaí (Euterpe oleracea Mart.). Mais de 90% do total de compostos fenólicos do açaí

(Euterpe oleracea Mart.) são antocianinas. As antocianinas pertencem à classe dos polifenóis e

podem servir como antioxidante causando a fotoproteção através da eliminação de espécies

reativas do oxigênio durante o estresse fotoxidativo (FERRARI & ROCHA-FILHO, 2011).

2.6.1.3 Componentes do extrato de açaí (Euterpe oleracea MART.)

O extrato de açaí (Euterpe oleracea Mart.) é riquíssimo em antocianinas. Fonte de

lipídeos, proteínas, fibra e minerais como Mn, Cu e B bem como vitaminas. O elevado valor

65

energético do açaí (Euterpe oleracea Mart.) é devido a sua riqueza em lipídeos. Os seus

compostos fenólicos explicam sua capacidade antioxidante (SANTOS et al., 2008) e tem em sua

composição propriedades energéticas, plásticas, minerais, essenciais para nosso metabolismo

(MALCHER, 2011).

Além disto, outro parâmetro importante com relação ao açaí (Euterpe oleracea Mart.) é

obtido através da identificação e quantificação das antocianinas responsáveis pelas propriedades

fotoquímicas do açaí (Euterpe oleracea Mart.) (GALORRI et al., 2004).

O extrato de açaí (EHEEo) apresenta propriedades nutricionais importantes além de se

tratar de um fruto com alto valor energético (cerca de 247 kcal/100g de polpa). Para FREIRE et

al. (2000) o valor calórico elevado do açaí (Euterpe oleracea Mart.) é devido a grande

quantidade de lipídeos sobretudo ácidos graxos como óleo palmítico e linoleico semelhante à

composição do óleo de oliva (ROGEZ, 2000). O açaí (Euterpe oleracea Mart.) é rico em fibra

alimentar insolúvel.

A polpa de açaí (Euterpe oleracea Mart.) é considerada como um alimento nutracêutico,

devido ao seu elevado teor de antocianinas, responsáveis pela cor avermelhada do fruto

(IADEROZA et al., 1992; OZELA et al., 1997).

2.7 ISOFLAVONAS PRESENTES EM GÉRMEN DE SOJA (Glycine max (L.) Merril)

As isoflavonas compreendem as agliconas daidzeína, genisteína e gliciteína, os

respectivos b-glicosídios e os conjugados malonil-glicosídios e acetil-glicosídios. As isoflavonas

são compostos fenólicos bioativos cujo consumo pode reduzir os riscos de doenças

cardiovasculares, de alguns tipos de câncer e de diabetes (BARNES et al., 1999; MANDARINO,

2010; LAUDANNA, 2006; IMAI, 2015). Dentre as isoflavonas, especificamente a genisteína e a

daidzeína desempenham um papel importante na prevenção de doenças crônicas, tais como,

osteoporose, doenças do coração, câncer e diabetes (ESTEVES; MONTEIRO, 2001)

As isoflavonas também reduzem risco de osteoporose, pois têm atividade

antirreabsorção do osso além de exercerem efeitos sobre a diferenciação e proliferação dos

osteoblastos (YU et al., 2015). Estudos epidemiológicos ratificam que o consumo de produtos

derivados da soja reduz efetivamente o risco de câncer dos seios e de próstata (VARINSKA et

al., 2015).

66

Recentemente foi confirmado que a genisteína pode suprimir o crescimento de células

cancerígenas. A genisteína tanto inibiu como induziu a fragmentação do DNA de células

cancerígenas do sarcoma do útero (YEH et al., 2015), ela é inibidora de várias vias que

desenvolvem o processo da carcinogenese (VARINSKA et al., 2015). Convém ressaltar que a

genisteína é também uma potente inibidora da angiogênese (VARINSKA et al., 2015) cujo

descontrole é um dos passos fundamentais que conduzem o crescimento do câncer, sua invasão e

metástase.

Além de exercerem um potente efeito antioxidante as isoflavonas podem exercer no

organismo humano efeito hormonal (IMAI, 2015). São fitoestrógenos ativos com reconhecida

capacidade hipocolesterolêmica (ROSSI et al., 2004). Pessoas obesas contêm no sangue

marcadores de inflamação, citocinas pró-inflamatórias e mediadores de inflamação. As plantas

desenvolveram ao logo de seu processo evolucionário compostos que podem ser utilizados no

combate à inflamação e infecções, dentre eles, as isoflavonas. O consumo da soja desempenha

um papel na modulação de marcadores de inflamação através dos seus compostos bioativos,

isoflavonas, saponinas e flavonoides (TEZUKA; IMAI, 2015).

Dentre todos os grãos já estudados, o grão de soja é o que possui os maiores teores de

isoflavonas, as quais estão relacionadas a fatores genéticos e ambientais. O teor de isoflavonas

em cultivares de soja realizado no Brasil variam entre 12 e 461 mg.100 g –1, de acordo com a

relação da formação de isoflavonas no grão de soja com efeitos genéticos e com o clima da região

em que a soja foi cultivada (CARRÃO-PANIZZI et al., 2009a).

Os teores de isoflavonas na soja também variam conforme a parte morfológica da qual

são extraídas (cotilédone, hipocótilo e casca). Estudos mostraram que a maior concentração de

isoflavonas se encontra no hipocótilo, com valores de 10 a 20 vezes maiores do que nos grãos

inteiros (TSUKAMOTO et al., 1995). Kudou et al. (1991) observaram que o hipocótilo apresenta

cinco a seis vezes mais isoflavonas que os cotilédones, sendo que a glicitina e seus derivados

somente ocorrem no hipocótilo (42,84% do total de isoflavonas deveu-se à presença das formas

glicitinas). Também são encontradas isoflavonas na raiz da soja e são justamente as agliconas

daidzeína e genisteína as responsáveis pela atração de bactérias nitrificadoras à raiz. Na ausência

de nitrogênio há um aumento na produção dessas isoflavonas (SUGIYAMA et al., 2015).

Além do fator genético a concentração de isoflavonas nos grãos de soja é fortemente

relacionada por condições do ambiente sendo um dos mais relevantes a temperatura

67

especialmente durante o desenvolvimento dos grãos., Quando a soja é cultivada em regiões cujas

temperaturas oscilam em torno de 20oC, a concentração média de isoflavonas é de 147,8mg/100g

(FT-Abyara) e 180,1mg/100g (IAS 5), Já quando a soja é cultivada em regiões mais quente por

exemplo com temperatura média de 25oC as isoflavonas apresentam de 73,5mg/100g até

85,5mg/100g dependendo da espécie (CARRÃO-PANIZZI et al., 2002).

Processos fermentativos podem alterar os níveis e formas das isoflavonas no produto

final, reduzindo em até 13 vezes a quantidade de isoflavonas (ROSSI et al., 2004). A ação

hidrolítica da -glicosidase própria de determinadas bactérias láticas pode fazer com que as

agliconas (genisteína e daidzeína) fiquem em níveis mais altos (MATSUDA et al., 1992; WANG;

MURPHY, 1994).

Rossi et al. (2004) constataram que o processo fermentativo de fabricação de iogurte com

leite de soja causou uma degradação isoflavonas fazendo que o produto final apresentasse uma

concentração 13 vezes menor do que no grão “in natura”.

A concentração dessas formas depende do processamento da soja, pois ocorre a conversão

de uma forma em outra decorrente do tratamento recebido para obtenção de seus variados

produtos. Ocorre também a perda das isoflavonas no processo, por exemplo, quando submetida

ao cozimento às perdas chegam a 50% (WANG, 1995), pois a solubilidade das isoflavonas

aumenta com a temperatura. Nos processos em que a soja permanece de molho em água, em

temperatura ambiente por tempos prolongados a perda das isoflavonas fica em torno de 11%

(WANG, 1995).

Fatores como a variedade do grão, a região e época de cultivo, as condições climáticas e,

inclusive, as condições de processamento alteram a concentração. Além disso, o tempo e

temperaturas empregados nos tratamentos térmicos podem alterar tanto as concentrações quanto

às formas de isoflavonas na soja (ELDRIDGE et al., 1983; PARK et al., 2002).

Ainda Rossi et al. (2004) constataram que após a fermentação com Enterococcus faecium

e Lactobacillus jugurti as formas agliconas apareceram em concentrações bem menores. O sabor

amargo e adstringente normalmente verificados nos derivados de soja que causa uma menor

aceitação da soja e de seus produtos advém justamente destas agliconas (ARAÜJO et al., 1997;

AUSSENAC et al., 1998).

68

REFERÊNCIAS

ABRAHAM, A. G.; RIMADA, P. S. Kefiran improves rheological properties of glucono-δ-

lactone induced skim milk gels. International Dairy Journal. v. 16, p. 33-39, 2006.

ADACHI, S.; ITOH, T.; TOBA, T.; ARIHARA, K.; MUKAI, T. Ecology of lactic acid bacteria

with special reference to kefir-granule formation by Lactobacillus kefiranofaciens. Biseibutsu, v.

6, p.15-25, 1990.

AHIMOU, F.; SEMMENS, M. J.; HAUGSTAD, G.; NOVAK, P. J. Effect of protein,

polysaccharide, and oxygen concentration profiles on biofilm cohesiveness. Appl. Environ.

Microbiol, v. 73, p. 2905-2910, 2007.

AKWIE, S. N. L. T. Cinética de Amadurecimento, Extração e Estabilidade das Antocianinas

do Açaí. 2000. Dissertação (Mestrado em Engenharia química) - Universidade Federal do Pará,

Belém.

ALMEIDA M.C.; OYAMA L. M.; OLIVEIRA J. L.; CARVALHO G. M.; ROSSO V. V.;

SOUSA M. A. L.; NASCIMENTO C. M.; PISANI, L. P. 2014. Jussara (Euterpe edulis Mart.)

supplementation during pregnancy and lactation modulates the gene and protein expression of

inflammation biomarkers induced by trans-fatty acids in the colon of offspring. Mediators

Inflamm., v. 2014, Article ID 987927, 11 pages

ALVAREZ-SUAREZ J. M.; DEKANSKI D.; RISTIĆ S.; RADONJIĆ, N. V.; PETRONIJEVIĆ

N. D.; GIAMPIERI, F.; ASTOLFI P.; GONZÁLEZ-PARAMÁS, A. M.; SANTOS-BUELGA C.;

TULIPANI S.; QUILES J. L. ; MEZZETTI B; BATTINO M. Strawberry polyphenols attenuate

ethanol-induced gastric lesions in rats by activation of antioxidant enzymes and attenuation of

MDA increase. PLoS One, v. 6, n. 10, p. 258-278, 2011.

ALVES, A. P. C.; CORRÊA, A. D.; MARQUES, T. R.; RAMOS, V. O.; SIMÃO, A. A.; LAGE,

F. F. Compostos Fenólicos e Potencial Antioxidante de Diferentes Extratos de Farinha de

Cascas de Jabuticaba. 52° Congresso Brasileiro de Química 14-18/10/2012 Recife, Pe

ALZAID, F.; CHEUNG, H. M.; PREEDY, V. R; SHARP, P. A. Regulation of glucose

transporter expression in human intestinal Caco-2 cells following exposure to an anthocyanin-

rich berry extract PLoS One, v. 8, n. 11, p. 78932, 2013.

AMES, B. N; SHIGENAGA, M. K.; HAGEN, T. M. Oxidants, Antioxidants and the

degenerative diseases of aging. Proceedings of the National Academy of Sciences., v. 90, n.17,

p.7915-7922, 1993.

69

AN, X. H.; TIAN, Y. ; CHEN, K. Q.; WANG, X. F.; HAO, Y. J. The apple WD40 protein

MdTTG1 interacts with bHLH but not MYB proteins to regulate anthocyanin accumulation. J

Plant Physiol., v. 169, n. 7, p. 710-717, 2012.

ANGULO, L.; LOPEZ, E.; LEMA, C. Microflora present in kefir grains of the Galician Region

(North-West of Spain). Journal of Dairy Research, v. 60, p. 263-267, 1993.

ANSELMO, R. J.; VIORA, S. S.; OJEDA, P. A.; LAUSADA, L. I., Efecto Antagónico del Kefir

sobre Endosporas y Células Vegetativas de Bacillus Cereus y Clostridium Perfringe., Inf.

tecnol., v. 21 n. 4, p. 131-138, 2010.

ARAÜJO, J. M. A.; CARLOS, J. C. S.; SEDYAMA, C. S. Isoflavonas em grãos de soja:

importância da atividade de B-glicosidase na formação do sabor amargo e

adstringente. Ciênc.Tecnol.Alim., v. 17, p. 137-141, 1997.

ARENA, A.; MAUGERI, T.L.; PAVONE, B.; IANNELLO D.; GUGLIANDOLO, C.;

BISIGNANO, G. An exopolysaccharide produced by Geobacillus thermodenitrificans strain B3-

72: Antiviral activity on immunocompetent cells. International Immunopharmacol. v. 6, p. 8–

13, 2006.

ARNOUS, A.; MAKRIS, D. P.; KEFALAS, P. Effect of principal polyphenolic components in

relation to antioxidant characteristics of aged red wines. Journal of Agricultural and Food

Chemistry., v. 49, p. 5736-5742, 2001.

ASHFORD, M.; FELL, J. T.; ATTWOOD, D.; SHARMA, H.; WOODHEAD, P. J. Studies on

pectin formulations for colonic drug delivery. J. Control. Release, v. 30, p. 225-232, 1994

AUSSENAC, T. et al. Quantification of isoflavones bycapillary zone electrophoresis in soybean

seeds: effects of variety and environment. Am.J. Clin. Nutr., v. 68, p. 1 480-1 485, 1998.

BAKER, A. A.; HELBERT, W.; SUGIYAMA, J.; MILES M. J. High-Resolution Atomic Force

Microscopy of Native Valonia Cellulose in Microcrystals, Struct Biol., v. 119, n. 2, p. 129-38,

1997.

BARBOSA, K. B. F. Estresse oxidativo: conceito, implicações e fatores modulatórios. Rev.

Nutr., v. 23, n. 4, p. 629-643, 2010.

70

BARNES, S.; KIM, H.; XU, J. Soy in the prevention and treatament of chronic diseases. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE SOJA, 1999, Londrina. Anais... Londrina: Embrapa CNPSo,

1999, p. 295-310. (Embrapa CNPSo. Documentos, n. 124).

BASTOS, D. H. M.; ROGERO, M. M.; ARÊAS, J. A. G. Mecanismo de ação de compostos

bioativos dos alimentos no contexto de processos inflamatórios relacionados à obesidade. Arq.

Bras. Endocrionol. Metab., v. 53, n. 5, p. 646-656, 2009.

BELITZ, H. D.; GROSCH, W. Aroma Substances. In: BELITZ, H-D.; GROSCH, W. (Eds) Food

Chemistry. Berlin; Springer-Verlag, Cap.5, p.319-377. 1999.

BENTLEY, W. E.; HOOSHANGI, S. From unicelular properties to multicelular behavior:

bacteria quorum sensing circuitry and applications. Curr Opin Biotechnol., v. 19 p. 550-555,

2008.

BESHKOVA, D. M.; SIMOVA, E. D.; FRENGOVA, G. I., SIMOV, Z. I.; DIMITROV, Z. P.

Production of volatile aroma compounds by kefir starter cultures. International Dairy Journal,

v. 13, p. 529-535, 2003.

BIRKENHAUER, E.; NEETHIRAJAN, S.; WEESE, J. S. Collagen and hyaluronan at wound

sites influence early polymicrobial biofilm adhesive events. BMC Microbiol., v. 14, p. 191,

2014.

BOLLA, P. A.; CARASI, P.; BOLLA, Mde. L.; DE ANTONI, G. L.; SERRADELL, Mde. L.

Protective effect of a mixture of kefir-isolated lactic acid bacteria and yeasts in a hamster model

of Clostridium difficile infection. Anaerobe, v. 21, p. 28- 33, 2013.

BOURRIE, B. C.; WILLING, B. P.; COTTER, P. D. The Microbiota and Health Promoting

Characteristics of the Fermented Beverage Kefir. Front Microbiol, v. 7, 647, 2016.

BOYER, J.; LIU, R. H. Apple phytochemicals and their health benefits. Nutrition Journal, v. 3,

n. 5, p. 1-15, 2004

BRAVO I. Polyphenols: Chemistry, dietary source, metabolism, and nutritional significance.

Nutr. Rev., v. 56, p. 317–333, 1998.

BRENNER, K.; YOU, L.; ARNOLD, F. H. Engineering microbial consortia: a new frontier in

synthetic biology, Trends Biotechnol. v. 26, p. 483 – 489, 2008.

71

BURDA, S.; OLESZEK, W. Antioxidant and antiradical activities of flavonoids. Journal of

Agricultural and Food Chemistry, v. 49, p. 2774-2779, 2001.

CALAZANS, G. M. T.; LOPES, C. E.; LIMA, R. M. O. C.; FRANÇA, F. P. Antitumuor

activities of levans produced by Zymomonas mobilis strains. Biotechnol. Lett., v. 19, p. 19-21,

1997.

CALZAVARA, B. B. G. As possibilidades do açaizeiro no estuário amazônico. Boletim da

Faculdade de Ciências Agrárias do Pará. Belém: FCAP, 1972. 103p. Campinas,SP. v. 15,n. 1, p.

71-81.jan./abr. 2002.

CARDOSO, S. M. Obtenção de antocianinas a partir do repolho vermelho (Brassica

oleracea Var. Capitata). Centro de Ciências da Saúde, UFPA, Belém, 1997, 24p

CARRÃO-PANIZZI, M. C.; BERHOW, M.; MANDARINO, J. M. G.; OLIVEIRA, M. C. N.

Enviromental and genetic variation of isoflvones content of soybean seeds grown in Brazil.

Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 44, n. 11, p. 1444-1451, 2009

CASSIDY, A.; FRANZ, M.; RIMM, E. B. Dietary flavonoid intake and incidence of erectile

dysfunction. Am J Clin Nutr, v. 103, n. 2, p. 534-541, 2016.

CHEIRSILP, B., SHIMIZU, H., SHIOYA, S. Modelling and optimization of environmental

conditions for kefiran production by Lactobacillus kefiranofaciens. Appl. Microbiol.Biotechnol.

v. 57, p. 639-646, 2001.

CHOWDHURY, S. R.; BASAKA, R. K.; SENB, R; ADHIKARI, B. Characterization and

emulsifying property of a carbohydrate polymer produced by Bacillus pumilus UW-02 isolated

from waste water irrigated agricultural soil. International Journal of Biological

Macromolecules, v. 48, p. 705–712, 2011.

COPPA, G. V.; ZAMPINI, L.; GALEAZZI, T,; FACINELLI B.; FERRANTE, L.; CAPRETTI,

R.; ORAZIO, G. Human milk oligosaccharides inhibit the adhesion to Caco-2 cells of diarrheal

pathogens: Escherichia coli, Vibrio cholerae, and Salmonella fyris. Pediatr Res, v. 59, n. 3, p.

377-382, 2006.

COSTA, P., LOBO, J. M. S. Formas farmacêuticas de liberação modificada. Rev. Port. Farm.,

v. 59, n. 4, p. 181-190, 1999.

COSTERTON, J. W.; STEWART, S.; GREENBERG, E. P. Bacterial biofilms: A common cause

of persistent infections. Science, v. 284, p. 1318-1322, 1999.

72

COSTERTON, W.; VEEH, R.; SHIRTLIFF, M.; PASMORE, M.; POST, C.; EHRLICH, G. The

application of biofilm science to the study and control of chronic bacterial infections. J. Clin.

Invest., v.112, p. 1466-1477, 2003.

CROZIER, A.; JAGANATH, I. B.; CLIFFORD, M. N. Dietary phenolics: chemistry,

bioavailability and effects on health. Nat Prod Rep, v. 26, n. 8, p. 1001-1043, 2009.

CUQ, B.; AYMARD, C.; CUQ, J. L.; S. GUILBERT. Edible Packaging Films Based on Fish

Myofibrillar Proteins: Formulation and Functional Properties. Journal Food Science, v. 60, p.

1369–1374, 1995.

CEVIKBAS, A., E. YEMNI, E.; EZZEDENN, F. W.; YARDIMICI, T. Antitumoural,

antibacterial and antifungal activities of kefir and kefir grain. Phytother. Res., v. 8, n. 78-82.,

1994.

CHIORCEA PAQUIM, A. M.; DICULESCU, V. C.; ORETSKAYA, T. S.; OLIVEIRA BRETT.

A. M. AFM and electroanalytical studies of synthetic oligonucleotide hybridization. Biosens

Bioelectron. v. 20, n. 5, p. 933-44, 2004.

DAVEY, M. E., O'TOOLE, G. A. Microbial biofilms: from ecology to molecular genetics.

Microbiology and Molecular Biology Reviews, v. 64, n. 847, 2000.

DE VUYST, L.; DE VIN, F.; VANINGELGEM, F.; DEGEEST, B. Recent developments in the

biosynthesis and applications of heteropolysaccharides from lactic acid bacteria. International

Dairy Journal., v.11, p. 687–707, 2001.

DE WILDE, T.; SPANOGHE, P.; DEBAER, C.; RYCKEBOER, J.; SPRINGAEL, D.; JAEKEN,

P. Overview of on-farm bioremediation systems to reduce the occurrence of point source

contamination. Pest Management Science, v. 63, p. 111-128, 2007.

DECKER, E. A. Phenolics: prooxidants or antioxidants? Nutr Rev. v. 55, p. 396-398, 1997.

DEGÁSPARI, C. H.; WASZCZYNSKYJ, N. Antioxidants Properties of Phenolic Compounds.

Revista Visão Acadêmica, v. 5, n. 1, 2004.

DEGORCE-DUMAS, R.; GOURSAUD, J.; LEVEAU, J. Y. Analyse des composes volatils du

yaourt par chromatographie en phase gazeuse-espace de tete (headspace). Industries

Alimentaires et Agricoles, v. 9, p. 805–808, 1986.

DONADIO, L.; C.; MÔRO, F. V.; SERVIDONE, A. A. Frutas brasileiras. Jaboticabal, 288p.

2002.

DONLAN, R. M. Biofilms: Microbial life on surfaces. Emerging Infect. Dis. v. 8, p. 881-890,

2002.

DORNELLES, A. S.; RODRIGUES, S. Fermentação Alcoólica de Caldo de Cana utilizando

grãos de Kefir. Ciência Agronômica, v. 37, n. 3, p. 386-390, 2006.

73

DRESSMAN, J. B., AMIDON, G. L., REPPAS, C., SHAH, V. P. Dissolution testing as a

prognostic tool for oral drug absorption: immediate release dosage forms. Pharm. Res., v. 15, n.

1, p. 11-22, 1998.

DUBOC, P.; MOLLET, B. Applications of exopolysaccharides. International Dairy Journal, v.

11, p. 759–768, 2001.

DUFRÊNE, Y. F. Sticky microbes: forces in microbial cell adhesion Trends Microbiol, v. 23, n.

6, p. 376-382, 2015.

DUITSCHAEVER, C. L.; KEMP, N.; EMMONS, D. Pure culture formulation and procedure for

the production of kefir. Milchwissenschaft, v. 42, p. 80-82, 1987.

ELDRIDGE, A. C.; KWOLEK, W. F. Soybean isoflavones: effects of environment and variety

on composition. J. Agric. Food Chem., v. 31, p. 394-396, 1983.

ESTEVES, E. A.; MONTEIRO, J. B. R. Efeitos benéficos das isoflavonas de soja em doencas

crônicas Rev. Nutr., v. 14, n. 1, p. 43-52, 2001.

FARNWORTH, E. R. Kefir – a complex probiotic. Food Science and Technology Bulletin:

Functional Foods, v. 2, p. 1-17, 2005.

FEDORAK, R. N.; MADSEN, K. L. Probiotics and prebiotics in gastrointestinal disorders.

Current Opinion Gastroenterology, v. 20, p. 146-155, 2004.

FERNÁNDEZ, C. E.; GIACAMAN, R. A.; TENUTA, L. M.; CURY, J. A. Effect of the

Probiotic Lactobacillus rhamnosus LB21 on the Cariogenicity of Streptococcus mutans UA159 in

a Dual-Species Biofilm Model. Caries Res., v. 49 n. 6, p. 583-590, 2015.

FERNANDEZ-GARCIA, E.; MCGREGOR, J. U. Determination of organic acids during the

fermentation and cold storage of yogurt. Journal of Dairy Science, v. 77, p. 2934–2939, 1994.

FERRARI, M.; ROCHA-FILHO, P. A. Multiple emulsions containing amazon oil: açaí oil

(Euterpe oleracea). Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 21, n. 4, p. 737-743, 2011.

FERREIRA, A. L. A., MATSUBARA, L. S. Radicais livres: conceitos, doenças relacionadas,

sistema de defesa e estresse oxidativo Rev. Assoc. Med. Bras., v. 43 n. 1, p. 61-68, 1997.

FERREIRA, A. A.; TETTE, P. A. S.; MENDONÇA, R. C. S.; SOARES, A. S.; CARVALHO,

M. M. Detection of exopolysaccharide production and biofilm-related genes in Staphylococcus

spp. isolated from a poultry processing plant. Food Sci. Technol, v. 34, n. 4, p. 710-716, 2014.

FERREIRA, N. O.; ANDRUCIOLI, M. C.; NELSON-FILHO, P.; ZANELLA, E. P.;

CONSOLARO, A.; ROMANO, F. L.; MATSUMOTO, M. A. Bacterial biofilm on successful and

failed orthodontic mini-implants-a scanning electron microscopy study. Microsc. Res. Tech., v.

78, n. 12, p. 1112-1116, 2015.

FIALHO, A.M.; MOREIRA, L.M.; GRANJA, A.T.; POPESCU, A.O.; HOFFMANN, K.; SÁ-

CORREIA, I. Occurrence, production, and applications of gellan: current state and perspectives.

Appl. Microbiol. Biotechnol, v. 79, n. 6, p. 889-900, 2008.

74

FLEMMING, H. C.; WINGENDER, J. Relevance of microbial extracellular polymeric

substances (EPSs) – Part I: Structural and ecological aspects. Water Sci. Technol., v. 43, p.1-8,

2001.

FLEMMING, H. C.; WINGENDER, J. Relevance of microbial extracellular polymeric

substances (EPSs) – Part II: Technical aspects. Water Sci. Technol. v. 43, p. 9-16, 2001.

FLEMMING, H. C. Biofilms and environmental protection. Water Science and Technology, v.

27, p. 1-10, 1993.

FONTÁN, M. C. G.; MARTÍNEZ, S.; FRANCO, I.; CARBALHO, J. Microbiological and

chemical changes during the manufacture of kefir made from cows’ milk, using a commercial

starter culture. International Dairy Journal, v. 16, p. 762-767, 2006.

FRANCIS, F. J. Analysis of anthocyanins. In: MARKAKIS, P. (ed). Anthocyanins as food

colors. New York: Academic Press, 1982, p. 181-207

FREIRE, A. C.; PODCZECK, F.; SOUSA, J.; VEIGA, F. Liberação específica de fármacos no

cólon por via oral. II - Tipos de sistemas utilizados. Revista Brasileira de Ciências

Farmacêuticas v. 42, n. 3, 2006.

FRENGOVA, G. I.; SIMOVA, E. D.; BESHKOVA, D. M.; SIMOV, Z. I. Exopolysaccharides

produced by lactic acid bacteria of kefir grains. Zeitschrift für Naturforschung v. 57, p. 805–

810, 2002.

FREY-KLETT, P.; BURLINSON, P.; DEVEAU, A.; BARRET, M.; TARKKA, M.;

SARNIGUET, A. Bacterial-fungal interactions: hyphens between agricultural, clinical,

environmental, and food microbiologists. Microbiol Mol Biol v.75, p. 583–609, 2011.

FUJISAWA, T.; ADACHI, S.; TOBA, T.; ARIHARA, K.; MITSUOKA, T. Lactobacillus

kefirarnofaciens sp. nov., isolated from kefir grains. Int. J. Syst. Bacterial., v. 38, p. 12-14,

1988.

FUKUMOTO, L. R.; MAZZA, G. Assessing Antioxidant and Prooxidant Activities of Phenolic

Compounds. J. Agric. Food Chem. v. 48, n. 8, p. 3587-3604, 2000.

FURIGA, A.; ROQUES, C.; BADET, C. Preventive effects of an original combination of grape

seed polyphenols with amine fluoride on dental biofilm formation and oxidative damage by oral

bacteria. J. Appl. Microbiol, v. 116, p. 761–771, 2014.

FURUKAWA, N.; MATSUOKA, A.; TAKAHASHI, T.; YAMANAKA, Y. Effects of fermented

milk on the delayed-type hypersensitivity response and survival day in mice bearing Meth-A.

Anim. Sci. Tec., v. 62, p. 579-585, 1991.

GALATI, G.; O’ BRIEN, P. J. Potenctial toxicity of flavonoids and other dietary phenolics:

significance for their chemo preventive and anticancer properties. Free Radical Biology &

Medicine, v. 37, n. 3, p.287-303, 2004.

75

GALLORI, S.; BILIA, A. R..; BERGONZI, M. C.; BARBOSA,W. L. R..; VINCIERI, F. F.

Polyphenolic constituints of fruit pulp of Euterpe oleracea Mart. Chomatographia, v. 59, p.

739-743, 2004.

GALOTTA, A. L.; Q. A.; BOAVENTURA, M. A. D. Quim. Nova, v. 28, p. 610, 2005.

GARCÍA-LAFUENTE, A.; GUILLAMÓN, E.; VILLARES, A.; ROSTAGNO, M. A.;

MARTÍNEZ, J. A. Flavonoids as anti-inflammatory agents: implications in cancer and

cardiovascular disease. Inflamm Res., v. 58, p. 537–552, 2009.

GARROTE, G. L.; ABRAHAM, A. G.; DE ANTONI, G. L. Chemical and microbiological

characterization of kefir grains. Journal of Dairy Research, v. 68, p. 639-652, 2001.

GAYLARD, C. C.; BELLINASO, M. L.; MANFIO, G. P. Aspectos biológicos e técnicas da

biorremediação de xenobióticos. Biotecnologia, Ciência e Desenvolvimento, Brasília, v. 8, n. 34,

2005.

GHASEMLOU, M; KHODAIYANA, F.; OROMIEHIEB, A.; Rheological and structural

characterization of film-forming solutions an biodegradable edible film made from kefiran as

affected by various plasticizer types. International Journal of Biological Macromolecules, v.

49, p. 814–821, 2011.

.GHOSH, C.; MANJUNATH,G. B.; KONAI, M. M.; DIVAKARA S. S. M. UPPU, D. S. S.;

HOQUE, J.; PARAMANANDHAM, K.; SHOME, B. R.; HALDAR J. Aryl-Alkyl-Lysines:

Agents That Kill Planktonic Cells, Persister Cells, Biofilms of MRSA and Protect Mice from

Skin-Infection PLoS One, v. 10, n. 12, DOI: 10.1371/journal.pone.0144094, 2015.

,GIADA, M. L. R.; MANCINI FILHO, J. Importância dos compostos fenólicos da dieta na

promoção da saúde humana. Publication UEPG Ciências Biológicas e da Saúde, v. 12, n. 4, p.

7-15, 2006.

GIESSIBL, F. J. Advances in atomic force microscopy. Rev. Mod. Phys., v. 75, p. 949, 2003.

GONÇALVES, A. E. S. Avaliação da capacidade antioxidante de frutas e polpas de frutas

nativas e determinação dos teores de flavonóides e vitamina c. 2008. 88 f. Dissertação

(Programa de Pós Graduação em Ciências dos Alimentos - Universidade de São Paulo: Faculdade

de ciências farmacêuticas. São Paulo. 2008.

GONTARD, N.; GUILBERT, S.; CUQ J.-L. Water and Glycerol as Plasticizers Affect

Mechanical and Water Vapor Barrier Properties of an Edible Wheat Gluten Film. Journal of

Food Science, v. 58, n. 1, p. 206-211, 1993.

GORBUSHINA A. A.; BROUGHTON, W. J. Microbiology of the atmosphere-rock interface.

how biological interactions and physical stresses modulate a sophisticated microbial ecosystem.

Annu. Rev. Microbiology, v. 63, n. 431–450, 2009.

GRAMZA, A.; KORCZAK, J. Tea constituents (Camelia sinensisL.) as antioxidant in lipid

systems. Trends in Food Science & Technology, v. 16, p. 351-358, 2005.

76

GRANILLO, A. R.; CANALES, M. G. M.; ESPÍNDOLA, M. E. S.; RIVERA, M. A. M.,

LUCIO, V. M. B.; TOVAR, A. V. R. Antibiosis interaction of Staphylococccus

aureus on Aspergillus fumigatus assessed in vitro by mixed biofilm formation BMC Microbiol.

v. 15, n. 33, 2015.

GRISEBACH, H. Biosynthesis of Anthocyanins. In: Markakis, P. (ed). Anthocyanins as Food

Color. New York: Academic Press, 1982, p. 69-90.

GRUMBEIN, S.; OPITZ, M.; LIELEG, O. Selected metal ions protect Bacillus subtilis biofilms

from erosion. Metallomics v. 6, n. 8, p. 1441-50, 2014.

GUZEL-SEYDIM, Z.; WYFFELS, J.; SEYDIM, A. C.; GREENE, A.; K. Turkish kefir and

kefigrains: microbial enumeration and electron microscopic observation. International Journal

of Dairy Technology, v. 58, p. 25-29, 2005.

GUZEL-SEYDIM, Z. B.; SEYDIM, A. C.; GREENE, A. K.; BODINE, A. B. Determination of

organic acids and volatile flavor substances in kefir during fermentation. Journal of Food

Composition and Analysis, v. 13, p. 35–43, 2000.

GUZEL-SEYDIM, Z.; SEYDIM, A. C.; GREENE, A. K. Organic acids and volatile flavor

components evolved during refrigerated storage of kefir. Journal of Dairy Science, v. 83, p.

275–277, 2000.

HAMET, M. F.; LONDERO, A.; MEDRANO, M.; VERCAMMEN, E.; VAN HOORDE, K.;

GARROTE, G. L. et al. Application of culture-dependent and culture-independent methods for

the identification of Lactobacillus kefiranofaciens in microbial consortia present in kefir

grains. Food Microbiology, v. 36, p. 327–334, 2013.

HANSON-RESEARCH-CORPORATION. Dissolution: Past, Present & Future. 2. ed.

Chatsworth: Hanson Research, 1996. p. 2-12.

HARAPANAHALLI, A. K.; CHEN, Y.; LI, J.; BUSSCHER, H. J.; VAN DER MEI, H. C.

Influence of Adhesion Force on icaA and cidA Gene Expression and Production of Matrix

Components in Staphylococcus aureus Biofilms. Appl Environ Microbiol, v. 81, n.10 p. 3369-

3378, 2015

HAYAKAWA, K., SANSAWA, H., NAGAMUNE, T., Endo, I. High density culture of

Lactobacillus casei by cross-flow culture method based on kinetic properties of the

microorganisms. J. Ferment. Bioengeering, v. 70, p. 589-593, 1990.

HEGEDÚS, A.; ENGEL, R.; ABRANKÓ, L.; BALOGH, E.; BLÁZOVICS, A.; HERMÁN, R.;

HALÁSZ, J.; ERCISLI, S.; PEDRYC, A.; STEFANOVITS-BANYAI, E. Antioxidant and

antiradical capacities in apricot (Prunus armeniaca L.) fruits: Variations from genotypes, years,

and analytical methods. Journal Food Science, v. 75, p. 722–730, 2010.

HERRMANN, P. S. P.; SILVA, M. A. P.; BERNARDES FO, R.; JOB, A. E.; COLNAGO, L. A.;

FROMMER, J. E.; MATTOSO, L. H. C. Microscopia de Varredura por Força: uma Ferramenta

77

Poderosa no Estudo de polímeros. Polímeros: Ciência e Tecnologia, ano VII, n. 4, p, 51-61,

1997.

HONG, S. H.; HEGDE, M.; KIM, J.; WANG, X.; JAYARAMAN, A.; WOOD, T.K. Synthetic

quorum-sensing circuit to control consortial biofilm formation and dispersal in a microfluidic

device. Nature Communications, v.3, p. 613, 2012

HOOSHANGI, S.; BENTLEY, W. E. From unicellular properties to multicellular behavior:

bacteria quorum sensing circuitry and applications. Current Opin. Biotechnology, v. 19, p. 550-

555, 2008.

HOSONO, A., TANABE, T.; OTANI, H. Binding properties of lactic acid bacteria isolated from

kefir milk with mutagenic amino acid pyrolyzates. Milchwiss, v. 45, p. 647-651, 1990.

HOUSTON, M. C. Nutraceuticals, vitamins, antioxidants, and minerals in the prevention and

treatment of hypertension. Progress in Cardiovascular Diseases, v. 47, n. 6, p. 396-449, 2005.

IADEROZA, M.; BALDINI, I. S. D.; BOVI, M. L. A.; Anthocyanins from fruits of açaí (Euterpe

oleracea Mart.) and juçara (Euterpe edulis Mart). Tropical Science, v.32, p. 41-46, 1992,

IMAI, S. Soybean and processed soy foods ingredients, and their role in cardiometabolic risk

prevention. Recent Pat Food Nutr Agric. v. 7, n. 2, p. 75-82, 2015.

IMHOF, R.; BOSSET, J. O. Relationships between microorganisms and formation of aroma

compounds in fermented dairy products. Zeitschrift Lebensmitel Unters Forschung, v.198, p.

267–276, 1994.

IMHOF, R., GLATTLI, H., BOSSET, J. O. Volatile organic compounds produced by

thermophilic and mesophilic mixed strain dairy starter cultures. Lebensmitel-Wissenschaft und-

Technologie, v. 27, p. 442–449, 1994.

IMHOF, R., GLATTLI, H., BOSSET, J. O. Volatile organic compounds produced by

thermophilic and mesophilic single strain dairy starter cultures. Lebensmitel-Wissenschaft und-

Technologie, v. 28, p. 78–86, 1995.

ISMAIEL, A. A.; GHALY, M. F.; EL-NAGGAR, A. K. Milk kefir: ultrastructure, antimicrobial

activity and efficacy on aflatoxin B1 production by Aspergillus flavus. Curr. Microbiology, v.

62, p. 1602–1609, 2011.

IVORRA, M.; ISSEKUTZ, A.; CORTIJO, J.; MORCILLO, E.; BLAZQUEZ, M.; SANZ M.; et

al. Effect of boldine, secoboldi-ne, and boldine methine on angiotensin II-induced neurtrophil

recruitment in vivo. Journal Leukocytes Biology, v. 78, p. 696-704, 2005.

JURD, L. Reactions Involued in Sulfite Bleacling of Antliocyanins. Juvenal. Food Science, v. 29

p.16-19, 1964

KANNAN, A.; KARUMANCHI, S. L.; KRISHNA, V.; THIRUVENGADAM, K.;

RAMALINGAM, S.; GAUTAM, P. Nanoscale investigation on Pseudomonas aeruginosa

78

biofilm formed on porous silicon using atomic force microscopy. Scanning, v. 36, n. 5, p. 551-

553, 2014.

KANDLER, O.; KUNATH, P. Lactobacillus kefir sp. nov., a component of the microflora of

kefir. Systematic Applied Microbiology, v. 4, p. 286-294, 1983.

KANEKO, D.; IGARASHI, T.; AOYAMA, K. Reduction of the off-flavor volatile generated by

the yogurt starter culture including Streptococcus thermophilus and Lactobacillus delbrueckii

subsp. bulgaricus in soymilk. J Agric Food Chem., v. 62, p. 1658-1663, 2014.

KIM, J.; CHUN, J.; HAN, H. U. Leuconostoc kimchii sp nov., a new species from kimchi.

International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, v. 50, p. 1915-1919,

2000.

KING, A.; YOUNG, G. Characteristics and occurrence of phenolic phytochemicals. Journal of

American Diet. Association, v.99, p.213-218, 1999.

KNEIFEL, W.; ULBERTH, F.; ERHARD, F.; JAROS, D. Aroma profiles and sensory properties

of yogurt and yogurt-relatedproducts I. Screening of commercially available starter cultures.

Milchwissenchaft, v. 47, p. 362–365, 1992.

KNOLL M Aufladepotentiel und Sekundaremission elektronenbestrahter. Korper. Z tech. Phys.,

v. 16, p. 467-475, 1935.

KNOSHAUG, E. P.; AHLGRENT, J. A.; TREMPY, J. E. Growth associated polysaccharide

expression in Lactococcus lactis subsp cremoris ropy. Dairy Science, v. 83, p. 633–640, 2000.

KOBORI, M. In vitro-screening for cancer-supressive effect of food components, JARQ, v.37,

n.3, p. 159-165, 2003.

KODALI, V. P.; DAS, S.; SEN, R. K., An exopolysaccharide from a probiotic: Biosynthesis

dynamics, composition and emulsifying activity. Food Research International, v. 42, p. 695–

699, 2009.

KOJIĆ, M.; LOZO, J.; BEGOVIĆ, J.; JOVČIĆ, B.; TOPISIROVIĆ, L. J. Characterization of

Lactococci isolated from homemade kefir. Arch Biol Sci, v. 59, p. 13-22, 2007.

KONCZAK, I.; ZHANG, W. Anthocyanins-more than nature’s colours. Journal of Biomedicine

and Biotechnology., v. 5, p. 239-240, 2004.

KUDOU, S.; FLEURY, Y.; WELTI, D.; MAGNOLATO, D.; UCHIDA, T.; KITAMURA, K.;

OKUBO, K. Malonyl isoflvone glycosides in soybean seeds (Glycine max Merrill). Agricultural

and Biological Chemistry, v. 55, n. 9, p. 2227-2233, 1991

KUSKOSKI, E. M.; ASUERO, A. G.; MORALES, M. T.; FETT, R. Frutos Tropicais silvestres e

polpas congeladas: atividade antioxidante, polifenóis e antocianinas. Ciência Rural, v.36, n.4,

p.1283-1287, 2006.

79

LA RIVIERE, J. W. M.; KOOIMAN, P.; SCHMIDT, K. Kefiran, a novel polysaccharide

produced in the kefir grain by Lactobacillus brevis. Archives Microbiology, v. 59, p. 269-

278, 1967.

LAU, F. C.; SHUKITT-HALE, B.; JOSEPH,J. A. The beneficial effects of fruit polyphenolson

brain aging. Neurobiology of Aging., v. 26, p. 128-132. 2005.

LAUDANNA, E. Propriedades funcionais da soja. Informe Agropecuário, v. 27, n. 230, p. 15-

18, 2006.

LAUREYS, D.; DE VUYST L. Microbial species diversity, community dynamics, and

metabolite kinetics of water kefir fermentation. Appl. Environ. Microbiol., v. 80, p. 2564-72,

2014.

LAVIN, P.; DE SARAVIA, S. G.; GUIAMET, P. Scopulariopsis sp. and Fusarium sp. in the

Documentary Heritage: Evaluation of Their Biodeterioration Ability and Antifungal Effect of

Two Essential Oils. Microb. Ecol., v. 71, n. 3. p. 628-633, 2015.

LEE, K. W.; KIM, Y. J.; LEE, H. J.; LEE, C. Y. Cocoa has more phenolic phytochemicals and a

higher antioxidant capacity than teas and red wine. Journal of Agricultural and Food

Chemistry. v. 51, p. 7292-7295, 2003.

LILA, M. A. Anthocyanins and human health: an in vitro investigative approach. Journal of

Biomedicine and Biotechnology, v. 5, p. 306-313, 2004.

LIN, C. W.; CHEN, H. L.; LIU, J. R. Identification and Characterisation of lactic acid bacteria

and yeasts isolated from kefir grains in Taiwan. Australian journal of dairy technology, v. 54,

n. 1, p. 14-18, 1999.

LIU, J. R.; WANG S. Y.; LIN Y. Y.; LIN C. W. Antitumor activity of milk, kefir and soya milk

kefir in tumor bearing mice. Nutr. Cancer, v. 44, p. 183–187, 2002.

LOPITZ-OTSOA, F.; REMENTERIA, A; ELGUEZABAL, N.; GARAIZAR, J. Kefir: A

symbiotic yeasts-bacteria community with alleged healthy capabilities. Rev Iberoam Micol., v.

23, p. 67-74, 2006.

MACHERAS, P.; REPPAS, C.; DRESSMAN, J. B. Biopharmaceutics of orally administered

dosage forms. Chiester: Taylor & Francis, 1995. p. 75-91.

MAEDA, H.; ZHU, X. ; OMURA, K. ; SUZUKI, S.; KITAMURA, S. Effects of an

exopolysaccharide (kefiran) on lipids, blood pressure, blood glucose, and constipation.

Biofactors, v. 22, p. 97–200, 2004.

MAEDA, H.; ZHU, X.; OMURA, K.; SUZUKI, S.; KITAMURA, S. Structural characterization

and biological activities of an exopolysaccharide kefiran produced by Lactobacillus

kefiranofaciens WT-2B(T). J Agric Food Chem., v. 52, p. 5533-5538, 2004.

80

MALCHER, E. S. L. T; Influência da sazonalidade sobre a composição química e ativida

antioxidante do açaí (Euterpe oleracea Mart.). 2011. 189 f. Tese (Programa de Pós-Graduação

em Biodiversidade Tropical) Universidade Federal do Amapá, Macapá, 2011.

MANADAS, R.; PINA, M. E.; VEIGA, F. A dissolução in vitro na previsão da absorção oral de

fármacos em formas farmacêuticas de liberação modificada. Revista Brasileira de Ciências

Farmacêuticas., v. 38, p. 375-399, 2002.

MANDARINO, J. M. G. Compostos Antinutricionais da Soja: Caracterização e

Propriedades Funcionais. In: COSTA, N. M. B.; ROSA, C. O. B. Alimentos funcionais:

componentes bioativos e efeitos. Rio de Janeiro: Rubio, 2010. p. 177-192.

MARCHINI, F. B.; MARTINS, D. M. F. S.; TEVES, D. C.; SIMÕES, M. J. Efeito do óleo de

rosa mosqueta na cicatrização de feridas abertas. Revista Paulista de Medicina, v. 106, p. 356,

1998.

MARSHALL, V. M. Starter cultures for milk fermentation and their characteristics. Journal of

the Society of Dairy Technology, v. 46, p. 49-56, 1993.

MARSHALL, V. M.; COLE, W. M.; BROOKER, B. E. Observations on the structure of kefir

grains and the distribution of the microbiota. Journal of Applied Bacteriology, v. 57, p. 491-

497, 1984.

MATIJASIK, B.B.; ROGELSJ, I.; Lactobacillus K7, a probiotic strain. Food Technol

Biotechnol., v. 38, n. 1, p. 13–21, 2000.

MATSUDA, S. et al. Hydrolysis of isoflavones in soybean cooked syrup by Lactobacillus casei

subsp.rhaminosus IFO 3425. J. Ferm .Bioeng, v.74, p.301-304, 1992.

MATSUU, M.; SHICHIJO, K.; OKAICH, K. The Protective Effect of Fermented Milk Kefir on

Radiation-induced Apoptosis Res., 4 in colonic Crypt Cells of Rats. J. Radiat., v. 4, p. 111-115,

2003.

MAYER, C.; MORITZ, R.; KIRSCHNER, C.; BORCHARD, W.; MAIBAUM, R.;

WINGENDER, J.; FLEMMING, H.-C. The role of intermolecular interactions: studies on model

systems for bacterial biofilms. Int. J. Biol. Macromol., v. 26, p. 3-16, 1999.

MEDRANO, K.; PÉREZ, P. F.; ABRAHAM, A. G. Kefiran antagonizes cytopathic effects of

Bacillus cereus extracellular factors. International Journal of Food Microbiology, v. 122, p. 1–

7, 2008.

MENDES, F.; SIEUWERTS, S.; DE HULSTER, E.; ALMERING, M. J.; LUTTIK, M. A. et al.

Transcriptome-based characterization of interactions between Saccharomyces cerevisiae and

Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus in lactose-grown chemostat cocultures. Appl.

Environ. Microbiol., v. 79, p. 5949–5961, 2013.

MESUROLLE, J.; SAINT-EVE, A.; DÉLÉRIS, I.; SOUCHON, I. Impact of fruit piece structure

in yogurts on the dynamics of aroma release and sensory perception. Molecules, v. 18, n. 5, p.

6035-56, 2013.

81

MICHELI, L.; UCCELLETTI, D., PALLESCHI, C.; CRESCENZI, V. Isolation and

characterisation of a ropy Lactobacillus strain producing the exopolysaccharide kefiran. Appl.

Microbiol. Biotechnol. v. 53, p. 69–74, 1999.

MITHANI, S. D.; BAKATSELOU, V.; TENHOOR, C. N.; DRESSMAN, J. B. Estimation of the

increase in solubility of drugs as a function of bile salt concentration. Pharm. Res., v. 13, p. 163-

167, 1996.

MOONS, P.; MICHIELS, C. W.; AERTSEN, A. Bacterial interactions in biofilms. Critical

Reviews in Microbiology, v. 35, p. 157-168, 2009.

MORAES, I. C. F.; CARVALHO, R. A.; BITTANTE, A. Q. B.; SOLORZA-FERIA J.;

SOBRAL, P. J. A., Film forming solutions based on gelatin and poly(vinyl alcohol) blends:

Thermal and rheological characterizations. Journal Food Eng. v. 95, p. 588–596, 2009.

MUIR, D. D.; TAMIME, A. Y.; WSZOLEK, M. Comparison of the sensory profiles of kefir,

buttermilk and yogurt. International Journal of Dairy Technology, v. 52, n. 4, p. 129–134,

1999.

MULABAGAL, V.; KELLER, W. J.; CALDERÓN, A. I. Quantitative analysis of anthocyanins

in Euterpe oleracea (açaí) dietary supplement raw materials and capsules by Q-TOF liquid

chromatography/mass spectrometry. Pharm Biology, v. 50, n. 10, p. 1289-1296. 2012.

MUROFUSHI, M.; SHIOMI M.; AIBARA. K. Effect of orally administered polysaccharide from

kefir on delayed-type hypersensitivity and tumor growth in mice. Japan Journal Medicine

Science Biology v. 36, p. 49–53, 1983.

NADELL, C. D.; DRESCHER, K.; WINGREEN, N. S.; BASSLER, B. L. Extracellular matrix

structure governs invasion resistance in bacterial biofilms. ISME Journal Advance, v. 55, n. 11,

p. 396-407, 1997.

NEALSON K. H., HASTINGS J. W. Bacterial bioluminescence: its control and ecological

significance. Microbiology Review, v. 43, p. 496–518, 1979.

NÓBREGA, I. C. C. Análise dos compostos voláteis da aguardente de cana por concentração

dinâmica do "headspace" e cromatografia gasosa-espectrometria de massas. Ciênc. Tecnol.

Aliment., v. 23, n. 2, 2003.

NOGUEIRA, O. L.; FIGUERÊDO, F. J. C.; MULLER, A. A. Sistema de Produção do Açaí

(Euterpe oleracea Mart.). Embrapa Amazônia Oriental; Sistemas de Produção, n.4, Belém, PA,

2006.

OH, H. G ;NALLAMSHETTY, S.; RHEE, E. J. Increased Risk of Progression of Coronary

Artery Calcification in Male Subjects with High Baseline Waist-to-Height Ratio: The Kangbuk

Samsung Health Study. Diabetes Metab J., v. 40, n. 1, p. 54-61, 2016.

OHARA, H., HIYAMA, K., YOSHIDA, T. Lactic acid production by filter-bed-type reactor. J.

Ferment. Bioengineering, v. 76, p. 73-75. 1993.

82

OLIVEIRA D. M.; BASTOS, D. H. M. Biodisponibilidade de ácidos fenólicos Quim. Nova,

Vol. 34, No. 6, 1051-1056, 2011

OLIVEIRA, A. C.; VALENTIM, B. I.; GOULART, M. O. F.; SILVA, C. A.; BECHARA, E. J.

H.; TREVISAN, M. T. S. Fontes vegetais naturais de antioxidantes. Quím. Nova, v. 32, n. 3, p.

689-702 2009.

OLIVEIRA BRETT, A. M.; CHIORCEA PAQUIM, A. M.; DICULESCU, V.; ORETSKAYA,

T. S. Synthetic oligonucleotides: AFM characterisation and electroanalytical studies.

Bioelectrochemistry, v. 67, n.2, p. 181-90, 2005.

OLIVEIRA, M. S. P.; FERNANDES, T. S. D. Aspectos da Floração do Açaizeiro (Euterpe

olerácea Mart.) nas condições de Belém-PA. In: Congresso Nacional de Botânica, 44, São

Paulo, 1993. Resumos, São Luís: SBB, 1993. p.159.

OLIVEIRA, M. S. P.; FARIAS NETO, J. T. Variabilidade entre progênies de açaizeiro para

caracteres de germinação. In: Contribuição ao desenvolvimento da fruticultura na Amazônia.

Belém, PA, 2006, p.91-97.

ORAZEM, P.; STAMPAR, F.; HUDINA, M. Quality analysis of “Redhaven” peach fruit grafted

on 11 rootstocks of different genetic origin in a replant soil. Food Chem. v. 124, p. 1691–1698,

2011.

OTLES, S.; CAGINDI, O. Kefir: A Probiotic Dairy-Composition, Nutritional and Therapeutic

Aspects. Pakistan Journal of Nutrition, v. 2, n. 2, p. 54-59, 2003

OTT, A.; FAY, L. B.; CHAINTREAU, A. Determination and origin of the aroma impact

compounds of yogurt flavor. Journal of Agriculture and Food Chemistry, v. 45, p. 850–858,

1997.

OTTOGALLI, G.; GALLI, A.; RESMINI, P.; VOLONTERIO, G. Composizione microbiologica,

chimica ed ultrastructura dei granuli di Kefir. Ann. Microbiol. Enzymology, v. 23, p. 109-121,

1973.

OZELA, E. F.; STRINGHETA, P. C.; LIMA, A. A. S.; FARIAS, M. L. T. S. Estudo comparativo

do teor de antocianinas presente no açaí (Euterpe oleracea Mart.) nos períodos de safra e

entresafra. Livro de Programas e Resumo III Simpósio Americano de Ciências de

Alimentos. Campinas, FEA, p.55, 1999.

PARK, Y. K.; AGUIAR, C. L.; ALENCAR, S. M.; MASCARENHA, S. A.; SCAMPARINI, A.

R. P. Conversão de malonil-glicosil isoflavonas em isoflavonas glicosiladas presentes em alguns

cultivares de soja brasileira. Ciênc.Tecnol.Alim., v. 22, n.1 p. 30-35, 2002.

PARSEK, M. R.; FUQUA, C. Biofilms 2003: Emerging themes and challenges in studies of

surface-associated microbial life. Journal of Bacteriology, v. 186, p. 4427-4440, 2004.

PAUL, F.; MORIN, A.; MONSAN, P. Microbial polysaccharides with actual potential industrial

applications. Biotechnol. Adv., v. 4, p. 245–259, 1986.

83

PAUL, A.; PAUL, A. K. Microbial extracellular polymeric substances: central elements in heavy

metal bioremediation. Indian J. Microbiology, v. 48, p. 49-64, 2008.

PEETERS, R.; KINGET, R. Film-forming polymers for colonic drug delivery: I. Synthesis and

physical and chemical properties of methyl derivates of Eudragit S. Int. J. Pharm., v. 94, p. 125-

134, 1993.

PEIXOTO, H.; ROXO, M.; KRSTIN, S; RÖHRIG, T. RICHLING, E.; WINK, M. An

Anthocyanin-Rich Extract of Acai (Euterpe precatoria Mart.) Increases Stress Resistance and

Retards Aging-Related Markers in Caenorhabditis elegans. Journal Agric Food Chem, v. 64, n.

6, p. 1283-1290, 2016

PEREIRA, A. R. B.; FREITAS, D. A. F. Uso de Microorganismos Para a Biorremediação de

Ambientes Impactados. Rev. Elet. em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, v. 6, n. 6, p.

975 – 1006, 2012.

PERESSINI, D.; BRAVIN, B.; LAPASIN, R.; RIZZOTTI, C.; SENSIDONI, A. Starch-

methylcellulose based edible films: rheological properties of film-forming dispersions. Journal

of Food Engineering, v. 59, p. 25-32, 2003.

PESSOA, J. D. C.; ARDUIN, M.; MARTINS, M. A.; CARVALHO, J. E. U. Characterization of

açaí (Euterpe oleracea Mart.) fruits and its processing residues. Braz. Arch. Biol. Technology,

v. 53, n. 6, 2010.

PIMENTEL, C. V. M. B.; FRANCKI, V. M.; GOLLUCKE, A. P. B. Alimentos funcionais:

Introdução às principais substâncias bioativas em alimentos. 1º edição, São Paulo, Editora

Varela, 2005.

PINTADO, M. E., LOPES DA SILVA, J. A., FERNANDES, P. B., MALCATA, F. X., HOGG,

T. A. Microbiological and rheological studies on Portuguese Kefir grains. International Journal

of Food Science and Technology, v. 31, p. 15–26.1996.

POGAČIĆ, T.; ŠINKO, S.; ZAMBERLIN, S.; SAMARŽIJA, D. Microbiota of kefir grains,

Mljekarstvo, v. 63, n. 1, p. 3-14, 2013.

POLI, A.; ANZELMO, G.; NICOLAUS, B. Bacterial Exopolysaccharides from Extreme Marine

Habitats: Production, Characterization and Biological Activities. Mar Drugs, v. 8, n. 6, n. 1779–

1802, 2010.

PRADO, M. R.; BLANDÓN, L. M.; VANDENBERGHE, L. P. S.; RODRIGUES, C.;

CASTRO, G. R.; SOCCOL, V. T.; SOCCOL, C. R. Milk kefir: composition, microbial cultures,

biological activities, and related products. Front Microbiol, v. 6, p. 1177-1187, 2015.

PREECHAGOON, D.; UDOMPRATEEP, A.; MANWIWATTANAGUL, G. Improved

dissolution rate of poorly soluble drug by incorporation of buffers. Drug Dev. Ind. Pharm. v.

26, n. 8, p. 891-894, 2000.

84

QUEIROZ, J, A, L.; MOCHIUTTI, S. Manejo de mínimo impacto para produção de frutos em

açaizais nativos no estuário Amazônico. Comunicado Técnico-Embrapa –AP. Novembro,

2001; p:1-5.

RASTALL, R. A.; GIBSON, G. R.; GILL, H. S.; GUARNER F.; KLAENHAMMER, T. R.;

POT, B.; REID, G.; ROWLAND, I. R.; SANDERS, M. E. Modulation of the microbial ecology

of the human colon by probiotics, prebiotics and symbiotic to enhance human health: An

overview of enabling science and potential applications. FEMS Microbiology Ecology, v. 52, p.

145-152, 2005.

REHM, B. Microbial exopolysaccharides: Variety and potential applications. In Microbial

production of biopolymers and polymer precursors: applications and perspectives; Caister

Academic: Norfolk, UK, 2009; p. 229-254.

RIBEIRO, E. P.; SERAVALLI, E. A. G. Química de Alimentos. São Paulo: Editor Edgar

Blücher: Instituto Mauá de Tecnologia, 2004, 184p.

RICE-EVANS, C. A.; MILLER, N. J.; PAGANGA, G. Iron-mediated free radical effects on

erythrocytes: the role of desferrioxamine. Free Radic. Biol. Med. v. 20, n.7, p. 933-956, 1996.

RODRIGUES, K. L.; CAPUTO, L. R.; CARVALHO, J. C. T.; EVANGELISTA, J.;

SCHNEEDORF, J. M. Antimicrobial and healing activity of kefir and kefiran extract. Int J

Antimicrob Agents, v. 25, n. 5, p. 404-408, 2005.

ROGEZ, H. Açaí: Preparo, Composição e Melhoramento da Conservação. Belém: Edufpa,

2000, p.313.

ROMANI, A. M.; FUND, K.; ARTIGAS, J.; SCHWARTZ, T.; SABATER, S.; OBST, U.

Relevance of polymeric matrix enzymes during biofilm formation. Microb. Ecol., v. 56, p. 427-

436, 2008.

ROSSI, E. A.; ROSIER, I.; DÂMASO, A. R.; CARLOS, I. Z.; VENDRAMINI, R. C.;

ABDALLA, D. S. P.; TALARICO, V. H.; MINTO, D. F. Determinação de isoflavonas nas

diversas etapas do processamento do “iogurte” de soja. Alim. Nutr., v. 15, p. 93-99, 2004.

RUBIO-SIERRA,, F. J.; HECKL, W. M.; STARK, R. W. Nanomanipulation by Atomic Force

Microscopy. Advanced Engineering Materials, v. 7, n. 4, p. 193–196, 2005.

RUIZ, L. M.; VALENZUELA, S.; CASTRO, M.; GONZALEZ, A.; FREZZA, M.; SOULÈRE,

L.; ROHWERDER, T.; QUENEAU, Y.; DOUTHEAU, A.; SAND, W.; RUMJANEK, N. G.;

FONSECA, M. C. C.; XAVIER, G. R. Quorum sensing em sistemas agrícolas. Revista

Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento, v. 33, p. 35-50, 2004.

SAAD, S. M. I. Probióticos e prebióticos: o estado da arte. Revista Brasileira de Ciências

Farmacêuticas 42: 1-16, 2006.

SALOM, C. M.; SILVA, W. J.; CALLEGARI, F. L.; ROCHA, A. V.; BORGES, M.;

JERÔNIMO, M. Desenvolvimento, aceitabilidade e intenção de compra de bebida láctea com

85

adição de leite fermentado de kefir e polpa de manga. III Seminário de Iniciação Científica e

Inovação Tecnológica, 15/10/2010.

SANCHEZ, S.; BRAVO, V.; MOYA, A. J.; CASTRO, E.; CAMACHO, F., Influence of

temperature on the fermentation of D-xyklose by Pachysolem tannophilus to produce ethanol and

xylitol. Proc. Biochem., v. 39, p. 673-679, 2004.

SANTOS, A.; SAN MOURO, M.; SANCHEZ, A.; TORRES, J. M.; MARQUINA, D. The

antimicrobial properties of different strains of Lactobacillus spp. isolated from kefir. Systematic

and Applied Microbiology, v. 26, p. 434-437, 2003.

SANTOS, G. M.; MAIA, G. A.; SOUSA, P. H. M.; COSTA, J. M. C.; FIGUEIREDO, R. W.;

PRADO, G. M. Correlação entre atividade antioxidante e compostos bioativos de polpas

comerciais de açaí (Euterpe oleracea Mart.) Archivos Latinoamericanos de Nutrición, ALAN,

v.58, n.2, 2008.

SHAUSS, A. G.; WU, W.; PRIOR, R. L.. Phytochemical and nutrient of the freezedried

Amazonian pal berry, Euterpe oleracea Mart. Journal of Agriculture and food chem, 54, 8598-

8603, 2006.

SHIMADA, K.; ITOH, Y.; WASHIO, K.; MORIKAWA, M. Efficacy of forming biofilms by

naphthalene degrading Pseudomonas stutzeriT102 toward bioremediation technology and its

molecular mechanisms. Chemosphere, v. 87, p. 226–233, 2012.

SHIOMI, M.; SASAKI, K.; MUROFUSHI, M.; AIBARA, K. Antitumor acitivity in mice of

orally administered polysaccharide from kefir grain. Jpn. J. Med. Sci. Biol., v. 35, p.75-80,

1982.

SHUAI, S; YUE, S.; HUANG, Q.; WANG, W.; YANG, J.; LAN, K.; YE, L. Preparation,

characterization and in vitro/vivo evaluation of tectorigenin solid dispersion with improved

dissolution and bioavailability. Eur J Drug Metab Pharmacokinet, 2015 IN PRESS

SILVA, C. R.; LIMA, S. M. R.; ALVES, D.L.; AOKI, T. Análise crítica dos efeitos da glycine

max nas doenças cardiovasculares e seus fatores de risco / Critical analysis on the effects of

glycine max in cardiovascular diseases and its risk factors. Femina. v. 37, n.2, p. :107-113, 2009.

SILVA, R. S. Potencial antioxidante correlacionado com fenóis totais e antocianinas de

cultivares de amora-preta, mirtilo, morango e pêssego – 2007. 58f. Dissertação (Programa de

Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) - Faculdade de Agronomia Eliseu

Maciel. Universidade Federal de Pelotas. - Pelotas, 2007.

SIMOVA, E.; BESHKOVA, D.; ANGELOV, A.; HRISTOZOVA, T. S., FRENGOVA, G.;

SPASOV, Z. Lactic acid bacteria and yeasts in ke¢r grains and ke¢r made from them. J. Ind.

Microbiol. Biotechnol., v. 28, p. 1-6, 2002.

SINGH, P.; CAMEOTRA, S. S. Enhancement of metal bioremediation by use of microbial

surfactants. Biochem. Biophys. Res. Commun, v. 319, 291-297, 2004.

86

SINGH, R.; PAUL, D.; JAIN, R. K. Biofilms: implications in bioremediation. Trends Microbiol

v. 14, p. 389-397, 2006.

SKREDE, G.; WROLSTAD, R. E. Flavonoids from berries and grapes. Functional Foods:

Biochemical and Processing Aspects. Chapter 3, v.2, CRC Press LLC.2002. Disponível online

em: < http://lab.ac.ntu.edu.tw/cereal/Course_Download/>.

SLIMESTAD, R.; VANGDAL, E.; BREDE, C. Analysis of phenolic compounds in six

norwegian plum cultivars (Prunus domestica L.). J. Agric. Food Chem., v. 57, p. 11370–11375,

2009.

SOARES, S.E. Ácidos fenólicos como antioxidantes. Revista de Nutrição. v.15, n. 1, p. 71-81,

2002.

SOUSA, S.; BANDEIRA, M.; CARVALHO, P. A.; DUARTE, A.; JORDAO, L. Nontuberculous

mycobacteria pathogenesis and biofilm assembly. Int. J. Mycobacteriol. v. 4, n. 1, p. 36-43,

2015.

SPINLER, J. K.; ROSS, C. L.; SAVIDGE, T. C. Probiotics as adjunctive therapy for preventing

Clostridium difficile infection - What are we waiting for?. Anaerobe, 2016. IN PRESS.

STADIE, J.; GULITZ, A.; EHRMANN, M. A.; VOGEL, R. F. Metabolic activity and symbiotic

interactions of lactic acid bacteria and yeasts isolated from water kefir. Food Microbiol, v. 35, p.

92-98, 2013.

STEWART, P. S. Mechanisms of antibiotic resistance in bacterial biofilms. International

Journal of Medical Microbiology, v. 292, n. 2, p. 107–113, 2002.

SUGIYAMA, A.; YAMAZAKI, Y.; YAMASHITA, K.; TAKAHASHI, S.; NAKAYAMA, T.;

YAZAKI, K. Developmental and nutritional regulation of isoflavone secretion from soybean

roots. Bioscience, Biotechnology and Biochemistry, v. 80, n. 1, p. 89-94, 2015.

SULLIVAN, A.; NORD, C. E. Probiotics in human infections. Journal Antimicrob Chemother,

v. 50, p. 625–627; 2000.

SUTHERLAND, I. W. Biofilm exopolysaccharides: a strong and sticky framework.

Microbiology, v. 147, p. 3-9, 2001.

TAKIZAWA, S.; KOJIMA, S.; TAMURA, S.; FUJIMAGA, S.; BENNO, Y.; NAKASE, T.

Lactobacillus kefirgranum sp. nov. and Lactobacillus parakefir sp. nov., two new species from

kefir grains. Int. J. Syst. Bacteriol., v. 44, p. 435-439, 1994.

TAKIZAWA, S.; KOJIMA, S.; TAMURA, S.; FUJINAGA, S.; BENNO, Y.; NAKASE, T. The

composition of the Lactobacillus flora in kefir grains. Systematic and Applied Microbiology, v.

21, p. 121–127, 1998.

87

TAMIME, A. Y.; ROBINSON, R. K. Biochemistry of fermentation. In A. Y. Tamime, & R. K.

Robinson (Eds.), Yoghurt science and technology (2nd ed.) (pp. 432–475). Cambridge, UK,

1999.

TAYLOR, P. K.; YEUNG, A. T.; HANCOCK, R. E. Antibiotic resistance in Pseudomonas

aeruginosa biofilms: towards the development of novel anti-biofilm therapies. J Biotechnol, v

191, p. 121-130, 2014.

TERCI, D. B. L. Aplicações analíticas e didáticas de antocianinas extraídas de frutas. 213f, tese

(Doutorado em Química e Educação) – Departamento de Química Analítica, Universidade de

Campinas, São Paulo, 2004.

TEZUKA, H.; IMAI, S. Immunomodulatory Effects of Soybeans and Processed Soy Food

Compounds. Recent Pat Food Nutr Agric, v. 7, n. 2, p. 92-99, 2015.

THEWES, N.; LOSKILL, P.; JUNG, P.; PEISKER, H.; BISCHOFF, M.; HERRMANN, M.;

JACOBS, K. Hydrophobic interaction governs unspecific adhesion of staphylococci: a single cell

force spectroscopy study. Beilstein J Nanotechnol, v. 5, p. 1501-12, 2014.

TOBA, T.; ARIHARA, K.; ADACHI, S. Comparative study of polysaccharides from kefir

grains, an encapsulated homofermentative Lactobacillus species and Lactobacillus kefir.

Milchwissenschaften, v. 42, p. 565-568, 1987.

TRELEA, I. C.; ATLAN, S.; DÉLÉRIS, I.; SAINT-EVE, A.; MARIN, M.; SOUCHON, I.

Mechanistic mathematical model for in vivo aroma release during eating of semiliquid foods.

Chem Senses. v. 33, n. 2, p. 181-92, 2008.

TREVISANATO, S. I.; KIM, Y. I. Tea and Health. Nutrition Reviews, v. 58, n. 1, p.1-10, 2000.

TSUKAMOTO, C.; SHIMADA, S.; IGITA, K.; KUDOU, S.; KOKUBUN, M.; KUBO, K.;

KITAMURA, K. Factors Affecting Isoflvone Content in Soybean Seeds: Changes in Isoflvones,

Saponins, and Composition of Fatty Acids at Different Temperatures during Seed Development.

Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 43, n. 5, p. 1184-1192, 1995.

UI, J. H.; QIAN, Y.; MIAO, W. J.; XIA, Q. Preparation and in vitro evaluation of gastroretentive

dosage form containing puerarin-HP-beta-CD inclusion complex. Zhongguo Zhong Yao Za

Zhi, v. 33, p. 1960-1963, 2008.

VAN HULLEBUSCH, E. D.; ZANDVOORT, M. H.; LENS, N. L. Metal immobilisation by

biofilms: mechanisms and analytical tools. Rev. Environ. Sci. Biotechnol, v. 2, p. 9-33, 2003.

VAN HULLEBUSCH, E. D.; ZANDVOORT, M. H.; LENS, P. N. L. Metal immobilisation by

biofilms: mechanisms and analytical tools. Rev. Environ. Sci. Biotechnol., v. 2, p. 9-33, 2003.

88

VARINSKA, L.; GAL, P.; MOJZISOVA, G.; MIROSSAY, L.; MOJZIS, J. Soy and breast

cancer: focus on angiogenesis. Int J Mol Sci, v. 16, p. 11728-49, 2015.

VATTEM, D. A.; GHAEDIAN, R.; SHETTY, K. Enhancing health benefits of berries through

phenolic antioxidant enrichment: focus on cranberries. Asia Pac Journal Clinical Nutrition,

v.14, n.12, p.120-130, 2005.

VERHAGEN, P.; DE GELDER, L.; HOEFMAN, S.; DE VOS, P.; BOON, N. Planktonic versus

biofilm catabolic communities: importance of the biofilm for species selection and pesticide

degradation. Appl. Environ. Microbiol, v. 10, p. 1128, 2011.

VIDIGAL, P. G.; SVIDZINSKI, T. I. E. Leveduras nos tratos urinário e respiratório: infecção

fúngica ou não? J Bras Patol Med Lab., v. 45, n. 1, p. 55-64, 2009.

VIDYALAXME, B.; ROVETTO, A.; GRAU, R.; AGRAWAL, R. Synergistic effects of

probiotic Leuconostoc mesenteroides and Bacillus subtilis in malted ragi (Eleucine corocana)

food for antagonistic activity against V. cholerae and other beneficial properties. J Food Sci

Technol, v. 51, n. 11, p 3072-3082, 2014.

VINDEROLA, G.; DUARTE, J.; THANGAVEL, D.; FARNWORTH, E.; PERDIGON, G.;

MATAR, C. Immunomodulating capacity of kefir. Journal of Dairy Research. v. 75, p.175-202,

2006.

VU, B.; CHEN, M.; CRAWFORD, R. J.; IVANOVA E. P. Bacterial Extracellular

Polysaccharides Involved in Biofilm Formation. Molecules, v. 14, p. 2535-2554, 2009.

WANG, H. J. Quantification of potentially anticarcinogenic isoflavones in soy foods and the

effect of processing on the composition of isoflavones. Dissertation Abstracts Intern., B, v. 55,

n. 7, 128p. 1995.

WANG, H. J.; MURPHY, P. A. Isoflavone content in commercial soybean foods. J. Agric.Food

Chem, v. 42, p.1666-1673, 1994.

WANG, S. Y.; CHEN, K. N.; LO, Y. M.; CHIANG, M. L.; CHEN, H. C.; LIU, J. R. et al.

Investigation of microorganisms involved in biosynthesis of the kefir grain. Food Microbiology,

v. 32, p. 274–285, 2012.

89

WANG, Y.; AHMED, Z.; FENG, W.; LI, C.; SONG, S. Physicochemical properties of

exopolysaccharide produced by Lactobacillus kefiranofaciens ZW3 isolated from Tibet kefir.

International Journal of Biological Macromolecules, v. 43, p. 283-288, 2008.

WANG, Y; LI, C; LIU, P; AHMED, Z; XIAO, P; BAI, X. Physical characterization of

exopolysaccharide produced by Lactobacillus plantarum KF5 isolated from Tibet Kefir.

Carbohydr. Polym., v. 82, p. 895–903, 2010.

WATERS, C. M.; BASSLER, B. L. Quorum sensing: cell-to-cell communication in bacteria.

Annu. Rev. Cell Dev. Biol., v. 21, p. 319-346, 2005.

WATNICK, P., KOLTER, R. Biofilms, city of microbes. J. Bacteriol., v. 13, p. 20–26, 2000.

WILWERTH, M. W.; SILVA, C. V. N.; SOUZA, G. B.; BERNARDI, A. C. C.; LOPES, C. H.;

BORGES, M. T. M. R.; VERRUMA-BERNARDI, M. R. Determinação de minerais e metais

pesados em açúcar mascavo, 8a Jornada Científica UEFSCCA, 5 a 9 de outubro de 2009

WISEMAN, A. Functional-food protected by biomonitoring of reactive oxygen species (ROS).

Trends in Food Science & Technology. v.16, p.166-168, 2005.

WITTHUHN, R. C.; SCHOEMAN, T.; BRITZ, T. J. Isolation and characterisation of the

microbial population of different South African Kefir grains. International Journal of Dairy

Technology, v. 57, p. 33–37, 2004.

WITTHUHN. R. C.; SCHOEMAN, T.; BRITZ, T. J. Characterisation of the microbial population

at different stages of Kefir production and Kefir grain mass cultivation. International Dairy

Journal, v. 15, p. 383–389, 2005.

WOLFE, N. L.; ZEPP, R. G.; PARIS, D. F. Carbaryl, propham and chlorpropham - Comparison

of rates of hydrolysis and photolysis with rate of biolysis. Water Research, v. 12, p. 565-571,

1978.

XU, X.; LIU, W.; ZHANG, L. Rheological behavior of Aeromonas gum in aqueous solutions.

Food Hydrocolloids, v. 20, n.5, p. 723-729, 2006.

YEESANG C.; CHANTHACHUM, S.; CHEIRSILP, B. Sago starch as a low-cost carbon source

for exopolysaccharide production by Lactobacillus kefiranofaciens. World J Microbiol

Biotechnol, v.24, p.1195–1201, 2008.

90

YEH, C. C.; FAN, Y.; JIANG, L.; YANG, Y. L.; HE, B.; YOU, L.; MANN, M. Genistein

Suppresses Growth of Human Uterine Sarcoma Cell Lines via Multiple Mechanisms. Anticancer

Res, v. 35, n. 6, p. 3167-3173, 2015.

YOKOI, H.; WATANABE, T. 1992. Optimum culture conditions for production of kefiran by

Lactobacillus sp. KPB-167B isolated from kefir grains. J. Ferment. Bioeng., v. 74, p. 327-329,

1992.

YU, F.; LIU, Z.; TONG, Z.; ZHAO, Z.; LIANG, H. Soybean isoflavone treatment induces

osteoblast differentiation and proliferation by regulating analysis of Wnt/β-catenin pathway.

Gene, v. 573, n. 2, p. 273-277, 2015.

ZACCONI, C.; SCOLARI, G.; VESCOVO, M.; SARRA, P. G. Competitive exclusion of

Campylobacter jejuni by kefir fermented milk. Annals of Microbiology, v. 53, p. 179-187, 2003.

ZAJŠEK, K.; GORŠEK, A. Modeling of batch kefir fermentation kinetics for ethanol production

by mixed natural microflora. Food and Bioproducts, v. 88, p. 55-60, 2010.

ZAMBERI, N. R.; ABU, N.; MOHAMED, N. E.; NORDIN, N.; KEONG, Y. S.; BEH, B. K.;

ZAKARIA, Z. A.; NIK ABDUL RAHMAN, N. M.; ALITHEEN, N. B. The Antimetastatic and

Antiangiogenesis Effects of Kefir Water on Murine Breast Cancer Cells. Integr Cancer Ther,

2016. IN PRESS.

ZHANG, W.; DAI, W.; TSAI, S. M.; ZEHNDER, S. M.; SARNTINORANONT, M.;

ANGELINI, T. E. Surface indentation and fluid intake generated by the polymer matrix of

Bacillus subtilis biofilms. Soft Matter, v. 11, n. 18, p. 3612-3617, 2015.

ZHANG, Z.; KOU, X.; FUGAL, K.; MCLAUGHLIN, J. Comparison of HPLC Methods for

Determination of Anthocyanins and Anthocyanidins in Bilberry Extracts. J. Agric. Food

Chem., v. 52, n. 4, pp 688–691, 2004.

ZHOU, J.; LIU, X.; JIANG, H.; DONG, M. Analysis of the microflora in Tibetan kefir grains

using denaturing gradient gel electrophoresis. Food Microbiol, v. 26:770–5, 2009.

91

3 OBJETIVOS

3.1 GERAL

Padronizar a produção de biofilmes de kefir tendo como substrato açúcar mascavo, açúcar branco

e aferir suas interações com extrato de açaí (Euterpe oleracea Mart.) e com extrato de gérmen de

soja (Glycine max (L.) Merril) e realizar a determinação de parâmetros de obtenção do meio de

cultura com kefir e açúcar mascavo e com açúcar branco em interação com extrato de açaí

(Euterpe oleracea Mart.) e com extrato de gérmen soja (Glycine max (L.) Merril).

3.2 ESPECÍFICOS

Aferir a viabilidade do uso de açúcar branco para formar biofilmes com kefir e aferir o pH

e temperatura para formação destes biofilmes

Estabelecer o pH e temperatura para produção de biofilmes de kefir tendo como substrato

açúcar mascavo e produção de biofilmes com açúcar mascavo associado ao extrato de açaí

(Euterpe oleracea Mart.) e para biofilmes de kefir com açúcar mascavo associado com

extrato de gérmen de soja (Glycine max (L.) Merril).

Determinar os compostos voláteis majoritários sintetizados em meio de cultura de kefir

com açúcar mascavo.

Proceder a análise da rugosidade dos biofilmes bem como a estrutura dos biofilmes de

kefir cultivado em substrato açúcar mascavo e em biofilme de kefir com com extrato de

açaí (Euterpe oleracea Mart.) bem como, em kefir cultivado com gérmen de soja (Glycine

max (L.) Merril) utilizando Microscopia de Força Atômica (AFM) e microscopia

eletrônica de varredura MEV;

Extração e quantificação das antocianinas que foram incorporadas biofilme de kefir com

com extrato de açaí (Euterpe oleracea Mart.) e presentes no meio de cultura.

Extração e quantificação as isoflavonas que foram incorporadas aos biofilmes com gérmen

de soja (Glycine max (L.) Merril) bem como das isoflavonas presentes no respectivo meio

de cultura.

Avaliação do perfil de dissolução de antocianinas em biofilmes de extrato de açaí em

92

condições de simulação dermatológica;

Avaliação da estabilidade de antocianinas incorporadas em biofilmes de extrato de açaí

(Euterpe oleracea Mart.)

Avaliação do perfil de dissolução de isoflavonas de biofilmes de kefir com gérmen de soja

(Glycine max (L.) Merril) em simulação do sistema gastrintestinal;

Análise da rugosidade de biofilmes de kefir cultivado em açúcar mascavo e com gérmen

de soja (Glycine max (L.) Merril) utilizando Microscopia de Força Atômica (AFM);

Determinar a composição de macro e microelementos de meio de cultura e de biofilmes

formados com kefir e açúcar mascavo, em biofilmes com extrato de açaí (Euterpe oleracea

Mart.) e com extrato de gérmen de soja (Glycine max (L.) Merril).

93

CAPÍTULO 1: ESTUDO DA OBTENÇÃO DE BIOFILMES DE KEFIR EM

DIFERENTES SUBSTRATOS

94

Estudos da viabilidade de obtenção e padronização de biofilmes de kefir

Antônio Ferreira de Oliveira1,2, Cleydson Breno Rodrigues dos Santos2, Adriana Maciel

Ferreira2, Roberto Messias Bezerra2, Robert Ronald Magña Zamora3, Rodrigo Alves

Soares Cruz4, Jesus Rafael Rodriguez Amado2 and José Carlos Tavares Carvalho1,2*

1Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Tropical, Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde,

Universidade Federal do Amapá *2Laboratorio de Pesquisa em Fármacos, Curso de Farmácia, Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde,

Universidade Federal do Amapá, Rodovia Juscelino Kubitisheck, km 02, CEP 68902-290, Macapá, Amapá, Brasil 3Laboratorio de Nanotecnologia de Materiais, Curso de Física, Departamento de Ciências Exatas e Naturais,

Universidade Federal do Amapá 4Laboratorio de Nanobiotecnologia Fitofarmacêutica, Curso de Farmácia, Departamento de Ciências Biológicas e

da Saúde, Universidade Federal do Amapá

*Corresponding to author: email [email protected]

RESUMO

O kefir é uma bebida obtida através da fermentação por Lactobacillus e leveduras, sendo

considerado um probiótico. A formação de biofilmes a partir de grãos de kefir (KG) foi

padronizada utilizando soluções de açúcar branco (AB) e mascavo (AM) como meio de cultura.

Diferentes concentrações de substrato (AB e AM) e do inóculo (KG) foram avaliadas para a

determinação da concentração necessária para a formação de biofilmes. Após 20 dias os

biofilmes formados na superfície do meio de cultura foram analisados por microscopia óptica

(OM), microscopia de força atômica (AFM), e microscopia eletrônica de varredura (SEM). Os

macro e microelementos foram quantificados por espectrofotometria de absorção atômica (AAS).

A concentração de KG necessária para a formação de biofilme em ambos substratos foi de 20 g/L

e a concentração de AM e AB para formação de biofilme foi de 40 g/L e 20 g/L, respectivamente.

Com relação a determinação de macro e microelementos a concentração de Fe+2 foi de 2,725

mg/kg em AM e 1,570 mg/kg em AB. A concentração de Ca+2 foi maior nos biofilmes formados

em AB (2,150 mg/kg) do que nos formados em AM (0,550 mg/kg). Também foram encontrados

Mg+2 (1,589 mg/kg em AM e 1,862 mg/kg em AB), K+ (2,405 mg/kg em AM e 2,645 mg/kg em

AB) e Zn+2 (0,276 mg/kg para o AM, e 0,849 mg/kg em AB). A análise dos compostos voláteis

do meio de cultura do kefir por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-

EM) mostrou os seguintes compostos voláteis majoritários: ácido hexadecanoico, eicosano, 2

metil-eicosano. A microscopia óptica a 400 x revelou as estruturas de formação de biofilmes e a

fotomicrografia eletrônica de varredura (SEM) mostrou a coadesão de bactérias às hifas de

fungos filamentosos. As imagens de AFM mostraram que a rugosidade (RMS) da superfície do

biofilme é dependente das concentrações de AM e KG. A partir dos resultados obtidos pode-se

afirmar que pelas técnicas físico-quimicas aplicadas foi possível padronizar a obtenção, e

caracterizar os biofilmes de kefir, servindo como meio veiculação de elementos nutritivos ou

funcionais.

Palavras-chave: Biofilmes. Kefir. Lactobacillus. Leveduras. Probiótico.

95

ABSTRACT

Kefir a beverage produced through fermentation by Lactobacillus and yeast is considering a

probiotic. The occurrence of biofilm formation from kefir grains was determined using white and

brown sugar solution as culture media. Differents concentrations of substrate and inoculum

(grains of kefir) were tested in order to determine optimal concentration for biofilm formation.

After 20 days kefir grains and biofilms formed on the surface of culture media were weighed to

determine growth rate. The biofilms were analyzed for microelements and structure using optical

microscopy and Atomic Force Microscopy (AFM) and scanning electron microscopy (SEM). The

macro- and microelements were quantified by atomic absorption spectrophotometry (AAS) The

best substrate concentration for biofilm formation was 40 gl-1 with brown sugar (BS) and 20 gl-1

with white sugar (WS). Regarding the macro and microelements, the concentration of Fe+ 2 was 2,725

mg/kg in BS and 1,570 mg/kg in WS. The concentration of Ca2+ was higher in biofilms with WS (2,150

mg/kg) than that formed with BS (0.550 mg/kg). Also found Mg + 2 (1,589 mg / kg in BS and 1,862

mg / kg in WS), K + (2,405 mg / kg in BS and 2,645 mg / kg WS) and Zn + 2 (0.276 mg / kg for

the BS and 0.849 mg / kg WS). The analysis of volatile compounds of kefir culture medium by

gas chromatography-mass spectrometry (GC-MS) showed the following volatile compounds

majority: hexadecanoic acid, eicosane, 2-methyl-eicosane. The AFM images showed that the

surface roughness (RMS) of the surface of the biofilm is dependent on the concentrations of

sugar brown sugar (BS) and kefir grains (KG). Photomicrography by scanning electron microscopy

(SEM) showed the adhesion of bacteria to the hyphae of filamentous fungi, while AFM images showed

the surface roughness (RMS). Thus, physical and chemical techniques were applied to standardize the

production and characterization of kefir biofilms. From the results it can be said that the physical-

chemical techniques applied was possible to standardize and characterize kefir biofilms, serving

as a means placement nutritious or functional elements

.Key Words: Biofilms, kefir, Lactobacillus, yeast, probiotic, Atomic Force Microscopy

AFM

96

1 INTRODUÇÃO

Na História da Microbiologia os microrganismos foram primeiramente descritos como

sendo unicelulares. Analisando o seu metabolismo a partir dessa perspectiva foram descritos com

base em suas características em meio de cultura nutricionalmente rico. Na natureza, no entanto,

em geral não há meio com abundância de nutrientes, portanto estes seres têm desenvolvido

estratégias que lhes permitem comunicar-se uns com os outros e agir como um ser multicelular.

Isto ocorre através da formação de biofilmes, que cumprem várias funções que lhes permite

sobreviver em diversos habitats da biosfera (FLEMMING; WINGENDER 2001a;

SUTHERLAND, 2001; VAN HULLEBUSCH, 2003; VU et al., 2009).

Nos últimos anos tem sido descrito que na natureza microrganismos existem

predominantemente como biofilmes e através desta estratégia adquirem alta tolerância a estresse

biológico, químico e físico (GORBUSHINA; BROUGHTON 2009) além de protegerem as

bactérias de bacteriófagos, amebas, vários biocidas e antibióticos (COSTERTON et al., 1999,

CERQUEIRA et al., 2013).

Kefir é uma bebida obtida através da fermentação do leite ou suco de frutas ou água com

açúcar, e é metabolizada por Lactobacillus e leveduras que formam os grãos de kefir. Os KG se

assemelham a couve em flor, medindo de 3 mm até a 1 cm. São de forma irregular, branco ou

amarelo (LA RIVIERE et al., 1967). Atua como probiótico e impede a proliferação de seres

patogênicos cujo comportamento é individualizado com relação aos seres probióticos. Somente

seres com capacidade especial conseguem formar consórcios com outros seres (LAUREYS; DE

VUYST, 2014). Organismos probióticos, com efeito, conseguem evitar contaminantes através da

competição por sítio e por nutrientes. Além disso o kefir secreta biocidas que repelem os seres

indesejáveis.

O alto teor de açúcar e a baixa concentração de aminoácidos encontrada no kefir

metabolizado em água deveria resultar em um habitat carente, no entanto o que se obtém é uma

bebida fermentada com uma comunidade microbiana bastante diversificada, e estável (STADIE

et al., 2013). Estabelece-se um nicho ecológico onde apenas organismos muito bem adaptados em

associação com outros conseguem crescer e se prover de nutrientes essenciais. No kefir obtido

com água e açúcar ocorre um sinergismo entre leveduras e bactéria ácido-lácticas notadamente o

Lactobacillus (STADIE et al., 2013). O cultivo de ambos em consórcio no kefir mostrou

97

crescimento na produção de células evidenciando o mutualismo que ocorre entre esses seres. Os

Lactobacillus produzem a acidificação do meio, que é condição imprescindível para o

desenvolvimento das leveduras, que por sua vez disponibiliza nutrientes essenciais para as

bactérias (STADIE et al., 2013).

O kefir compete com patógenos pelo sítio de adesão e por nutrientes impedindo o seu

estabelecimento. Essa competição por sítio com a consequente exclusão dos seus concorrentes

pode explicar por que os probióticos devem ter administração contínua com doses significativas

para ser eficaz. Além disso, a sua ação probiótica provoca modulação na resposta imune do

hospedeiro, estimulando a resposta imunitária específica. Os probióticos ativam os macrófagos os

quais acionam a síntese e excreção de citocinas as quais vão causar o aumento da atividade dos

linfócitos T killer (FEDORAK; MADSEN, 2004; RASTALL et al., 2005; SAAD, 2006).

Além de inibir seres microrganismos patogênicos, recentemente foi descoberto que

compostos voláteis do kefir podem contribuir para repelir competidores. De acordo com

Aunsbjerg et al. (2015) a importância dos compostos voláteis tem sido subestimada pois além da

influência sobre o sabor eles ajudam no controle de fungos. Os seguintes compostos voláteis

foram encontrados no kefir: propanol, acetaldeído, acetona, aldeído, butanonas, diacetil (2,3-

Butanodiona), etanol, cetona, pentanol e propionato (Gorner et al., 1972). Otles e Cagindi (2003)

encontraram no kefir, principalmente diacetil (2,3-Butanodiona) e acetaldeido, e Ott et al. (2000)

descreveram que os precursores durante e fermentação do iogurte foram diacetonas, 2,3-

butanodiona (diacetil) e 2,3-pentanediona (2 acetolactato e 2-acetohidroxibutirato).

O objetivo deste estudo foi padronizar a obtenção de biofilmes de kefir em substrato de

açúcar (AB e AM) como meio de cultura, para a formação de biofilmes.

98

2 MATERIAL E MÉTODOS

Os grãos de kefir foram obtidos no Laboratório de Pesquisa em Fármacos, do

Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Federal do Amapá, Amapá,

Brasil.

2.1 Seleção da concentração de grãos de kefir

Todos os recipientes utilizados no processo, foram previamente esterilizados, em

seguida 1000 mL das soluções de AB e AM (40 g/L) foram vertidas nos frascos, e esterilizados a

121°C durante 20 minutos em autoclave (Phoenix, Brasil). Nas soluções, foram adicionados em

câmara de fluxo laminar 0.25, 0.5, 1, 2, 5, 10, 20, 40, 60 e 80 g/L de KG e armazenados a 25°C

durante 20 dias. Após este período, os biofilmes formados foram retirados e pesados. Foram

então aferidos o volume e o pH das soluções do meio.

A concentração de grãos de kefir (KG) selecionada, foi aquela que formou biofilmes

com maior biomassa e consistência. Foi considerado consistente o biofilme que quando retirado

do meio não perdeu a integridade, ou seja, não se fragmentou.

2.2 Determinação da concentração de substrato para a formação de biofilme

Os KG (40 g/L) foram adicionados nas soluções de AB e AM nas seguintes

concentrações: 0.25, 0.5, 1, 2, 5, 10, 20, 40, 60, e 80 g/L. O experimento foi realizado em

triplicata, aferindo o pH do meio no vigésimo dia do cultivo (Modelo 255 HI, Hanna Instruments

EUA).

2.3 Controle da temperatura para produção de biofilme de kefir

Para a padronização da temperatura necessária para produção de biofilme de kefir, o

meio foi cultivado em 15°C, 30°C e 38°C em estufa, e também à temperatura ambiente 25 ± 2°C.

A concentração dos grãos de kefir utilizada foi de 20 g/L, que foi inoculado em solução de AM a

40 g/L. O experimento foi realizado em triplicata, e após 20 dias foram realizadas as mensurações

99

da biomassa.

2.4 Doseamento de macro e microelementos nos grãos de kefir e biofilme por

espectrometria de absorção atômica

Foram utilizadas 100g das amostras de biofilmes e 100g de KG. Para a quantificação dos

macro e microelementos seguiu-se o método descrito por Salazar et al. (2011). As análises foram

realizadas utilizando espectrofotômetro de absorção atômica (AAS Shimadzu modelo 6300).

2.5 Análise dos compostos voláteis do meio de cultura do kefir por cromatografia gasosa

acoplada a espectrometria de massa (CG-EM)

O meio de cultura composto por solução de AM (40 g/L) e grãos de kefir (20 g/L) foi

incubado por 20 dias, filtrado e submetido à hidrodestilação em um aparelho do tipo Clevenger

contendo 1 mL de hexano no tubo coletor. Após 3 horas de hidrodestilação a fase superior

hexânica contendo as substâncias voláteis foi coletada em um frasco de vidro, seca com sulfato

de sódio anidro e analisada por cromatografia em fase gasosa.

A análise por cromatografia em fase gasosa (CG) da solução hexânica foi realizada em

aparelho GC-2010 (SHIMADZU). A amostra injetada na coluna DB-1MS (30 m de

comprimento, 0,25 mm de diâmetro interno e 0,25 μm de espessura do filme), com detecção de

ionização por chama (DIC). As condições da CG foram: hélio como gás de arraste, fluxo com

taxa de 1mL/min e injeção de split com taxa de 1:50 e temperaturas de 270° no injetor, 290°C no

detector e de 60°C a 290°C na coluna, com taxa de aquecimento de 1°C/min.

A solução hexânica das substâncias voláteis foi analisada por cromatografia em fase

gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-EM) em aparelho GCMS-QP2010

(SHIMADZU), utilizando detector por ionização eletrônica. A solução hexânica foi injetada na

coluna ZB-5MS (30m de comprimento, 0,25mm de diâmetro interno e 0,25μm de espessura do

filme), diretamente acoplada ao espectrômetro de massa. As condições da CG foram: hélio como

gás de arraste, fluxo com taxa de 1mL/min e injeção de split com taxa de 1:40. As temperaturas

de análise estão na tabela 3. As condições da EM foram: voltagem de ionização de 70 eV e taxa

de varredura 1scan/s.

100

O cálculo da percentagem de cada componente na amostra foi realizado com base na

área relativa de cada sinal em comparação com a área total no experimento de CG-DIC. A

estrutura química de cada constituinte foi determinada pela comparação dos espectros de massa

com o banco de dados do aparelho (biblioteca NIST) e pela comparação dos índices aritméticos

calculados para cada sinal com os descritos na literatura (ADAMS, 2007). O índice aritmético

foi determinado pela injeção, nas mesmas condições de uma solução contendo uma serie

homóloga de n-alcanos C-C (VAN DEN DOOL & KRATZ, 1963).

2.6 Análise estrutural de biofilmes de kefir por microscopia óptica e por AFM

As microfotografias dos biofilmes foram realizadas utilizando microscópio óptico

(Olympus, EUA) com resolução de 400x, sendo analisadas as características das estruturas

microscópicas externas do biofilme.

A morfologia da superfície dos biofilmes foi analisada por AFM (Easyscan2 AFM/STM,

Nanosurf Co.) mantendo-se a umidade relativa do ambiente em torno de 51%. A varredura

(tamanho de digitalização) foi de 30 mm x 30 mm. As imagens foram obtidas em contact mode.

Foi utilizado cantilever de forma retangular com constante de mola 0,77 nN/m e com força

constante de 0,2 N/m e frequência de ressonância 13 KHz. Para estas medições os biofilmes

foram desidratados e eletrodepositados em lâminas com filmes ouro e após 03/10 ciclos de

digitalização foram analisadas por voltametria cíclica.

Imagens de diferentes regiões dos biofilmes foram examinadas e analisadas no software

AFM para calcular os valores da rugosidade (RMS). Os parâmetros utilizados nesta análise foram

a rugosidade média (Rm) e seu valor eficaz (RMS), calculados usando as seguintes equações

(KHULBE et al., 2008):

Rm =

Onde Rm é a rugosidade média e Z (x, y) é a função da altura da área.

Onde RMS é expresso como a raiz quadrada de rugosidade média.

101

32.7 Análise estrutural de biofilmes de kefir por microscopia eletrônica de varredura

(SEM)

As amostras de biofilme de kefir (secos) foram introduzidas diretamente no deben

acessory do microscópio eletrônico de varredura (TM3030Plus – Tabletop microscope - Hitachi)

e as imagens foram captadas através do software TM3030Plus.

2.8 Análise estatística

Para análise estatística dos resultados foi utilizado o software StatGraphics Centurium v.

XVI (StatEasy Co. MA, USA). Foi empregada ANOVA seguida do teste de Tukey, e as médias

de peso dos biofilmes foram analisadas através do teste t de Student, e resultados com p < 0.05

foram consideradas significativas.

102

3. RESULTADOS

3.1 Seleção da concentração de grãos de kefir

Foram observadas diferenças entre as massas dos biofilmes quando correlacionadas com

as respectivas concentrações de grãos de kefir utilizadas no experimento tanto com uso de

solução de AB como na solução de AM. Houve diferença estatística significante na produção de

biofilme utilizando-se AM como substrato (ANOVA, F = 196,39, p < 0,0001). Foi observado

aumento na produção de biofilme de forma concentração-dependente de KG, atingindo o máximo

em 20 g/L (12,07±0,25 g). Acima desta concentração, não houve diferença estatística entre a

massa de biofilme (Tabela 1).

Semelhantemente houve diferença estatística significante entre a massa de biofilme

formada utilizando-se AB como substrato (ANOVA, F = 269,55, p < 0,0001), e não houve

diferença significativa entre a massa de biofilme produzida nas concentrações acima de 10 g/L

(Tabela 2).

Os biofilmes obtidos com grãos de kefir na concentração de 20 g/L apresentaram

consistência para ambos substratos.

Tabela 1. Formação de biofilmes em diferentes concentrações de grãos de kefir e substratos

(açúcar mascavo e açúcar branco).

No CK

(g/L) Açúcar mascavo Açúcar branco

Peso do Biofilme (g) pH Massa do Biofilme

(g) pH

Média ± DP Média ± DP Média ± DP Média ± DP

1 0.25 1,13±0,14ª 2,88±0,01 1,21±0,35 3,24±0,08

2 0.5 2,25±0,53a 2,87±0,11 2,44±0,27 3,08±0,04

3 1.0 4,65±0,96b 2,80±0,03 5,92±0,45 2,99±0,01

4 2.0 5,60±0,44b 2,64±0 ,05 7,43±0,47 2,84±0,08

5 5.0 8,92±0,45c 2,91±0,03 9,19±0,55 2,71±0,02

6 10.0 9,90±0,65c 2,92±0,01 17,66±0,58x 2,65±0,08

103

7 20.0 12,07±0,25d 2,89±0,03 16,27±0,29x 2,55±0,02

8 40.0 11,84±0,54d 2,79±0,03 16,63±0,73x 2,62±0,02

9 60.0 11,96±0,36d 2,66±0,04 17,59±0,90x 2,60±0,02

10 80.0 11,79±0,48d 2,63±0,02 17,26±1,48x 2,63±0,01

Letras sobrescritas diferentes indicam diferença estatística (Teste de Tukey)

CK, concentração de massa do kefir, n=3

3.2 Determinação da concentração de substrato para a formação de biofilme

Os biofilmes foram formados em diferentes concentrações de AB e AM com alterações

do pH das soluções. Com as diferentes concentrações de AM foram observadas diferenças

significativas entre as massas de biofilmes obtidos (ANOVA, F = 19,78, p < 0,0001). A

concentração necessária de açúcar mascavo para a formação de biofilme foi de 10 g/L (9,64 ±

0,51g). A massa do biofilme obtido nesta concentração não foi significativamente diferente da

dos biofilmes obtidos em concentrações mais elevadas de AM (Tabela 2).

Houve diferenças estatísticas quando utilizou-se as diferentes concentrações de AB

como substrato (ANOVA, F = 40,01 e valor de p < 0,0001), e a melhor concentração para a

formação de biofilme foi a de 10 g/L (16,07 ± 2,54 g) (Tabela 2).

Um dos parâmetros mais importantes a considerar para a formação de biofilmes

consistentes é a concentração do substrato (açúcar). Houve mudança significativa na formação do

biofilme com o aumento da concentração de açúcar tanto AM como AB (Tabela 2).

Table 2. Formação de biofilmes em função da concentração de açúcar branco e mascavo.

No CS

(g/L) Açúcar Macavo Açúcar Branco

Peso do Biofilme (g) pH Peso do Biofilme

(g) pH

Média ± DP Média ± DP Média ± DP Média ± DP

1 0.25 1,06±0,27a 3,28±0,01 1,07±0,33a 3,03±0,04

2 0.5 2,09±0,51b 3,17±0,07 2,51±0,34a 3,10±0,02

3 1.0 4,95±1,04c 3,02±0,03 6,44±1,05b 2,95±0,05

4 2.0 5,95±0,56d 2,93±0,07 8,43±1,09b 2,95±0,06

104

5 5.0 7,67±0,89e 2,91±0,02 9,19±0,45b 2,83±0,03

6 10.0 9,64±0,51f 2,84±0,09 16,07±2,54c 2,88±0,02

7 20.0 11,62±0,92f 2,83±0,03 13,11±2,27c 2,84±0,03

8 40.0 11,69±0,76f 2,72±0,03 16,22±0,99c 2,73±0,04

9 60.0 11,96±0,36f 2,81±0,04 16,89±2,02c 2,66±0,06

10 80.0 11,78±0,45f 2,84±0,08 16,74±1,16c 2,62±0,10

CS concentração do substrato, n=3

Diferentes letras sobrescritas indicam diferença estatística (Teste de Tukey HSD)

Observou-se semelhança no crescimento do biofilme em soluções de AM e AB. No

entanto, a fim de se obter biofilmes consistentes foi necessário 40 g/L de AM enquanto apenas 20

g/L de AB foram necessários. Os biofilmes formados em AB foram mais consistentes o que os

biofilmes formados em AM, e a concentração necessária de grãos de kefir para a formação de

biofilme foi de 20 g/L em ambos os açúcares, e se formaram primeiramente no fundo do frasco e

através do processo de expansão se propagaram para a superfície (Figura 2). A presença de

substâncias aglutinantes mantém a integridade do biofilme, mesmo após a sua remoção do meio,

e são estas substâncias que atuam na formação de estruturas no fundo do frasco (Figura 3).

Tanto nos experimentos para determinação da concentração de grãos de kefir como na

determinação da concentração do substrato para a formação de biofilme, o pH da solução

remanescente foi inferior a 3,30 (Tabela 2 e Tabela 3), após 12 meses verificou-se que

permaneceu inalterado, e consequentemente o meio continuou a apresentar resistência à

contaminação, mesmo depois desse período.

105

Figura 1 - Biofilme de kefir obtido em açúcar mascavo 40g/L, e grãos de kefir na concentração de 20

g/L.

Figura 2 - Biofilme de kefir (20 g/L) em açúcar mascavo (40 g/L). Observa-se os biofilmes formados

no fundo do frasco se expandindo para a superfície.

Figura 3 - Meio de cultura de kefir (20 g/L) em açúcar mascavo (40 g/L). a) Material aglutinado no

fundo do béquer e b) Grãos de kefir adesivados por substância aglutinante.

3.3 Controle da temperatura para produção de biofilme de kefir

A maior formação de b’omassa dos biofilmes foi na temperatura de 30°C, mas os

biofilmes também se formaram à temperatura ambiente (25±2°C). Na temperatura de 16°C não

106

houve formação de biofilmes, mas pôde-se observar fragmentos de biofilmes os quais ficaram

dispersos no meio, e a 38°C não constatou-se formação de biofilmes.

3.4 Doseamento de macro e microelementos nos grãos de kefir e biofilme por

espectrometria de absorção atômica

Os biofilmes formados em solução de AM apresentaram níveis relativamente mais altos

de Fe+2 (2,725 mg/kg) em comparação com os biofilmes formados em AB (1,570 mg/kg) (Tabela

3). O Ca+2, pelo contrário, foi maior nos biofilmes formados em AB (2,150 mg/kg) do que nos

biofilmes formados em AM (0,550 mg/kg). Os seguintes macro e microelementos, também foram

encontrados nos biofilmes: Mg+2 (1,589 mg/kg em AM e 1,862 mg/kg em AB), K+ (2,405 mg/kg

em AM e 2,645 mg/kg em AB) e Zn+2 (0,276 mg/kg para o AM e 0,849 mg/kg em AB).

Tabela 3. Concentração de macro e microelementos presentes em grãos de kefir e em biofilmes e

obtidos em açúcar mascavo e açúcar branco.

Elemento Grãos de kefir

mg/kg Açúcar branco

mg/kg Açúcar mascavo

mg/kg

Ca+2 0.519 2.150 0.550

K+ 2.655 2.645 2.405

Mg+2 1.524 1.862 1.589

Cu+2 0.048 0.095 0.070

Fe+2 2.575 1.570 2.725

Zn+2 0.245 0.849 0.276

Mn+2 0.203 0.955 0.150

3.5 Análise dos compostos voláteis do meio de cultura do kefir por cromatografia gasosa

acoplada a espectrometria de massa (CG-EM)

Os compostos majoritários detectados no meio de cultura foram: ácido hexadecanóico,

hexatriacotano, e tetratetracotano (Tabela 4).

107

Tabela 4. Compostos voláteis majoritários encontrados no meio de cultura do kefir

Composto Volátil Tempo de retenção

(min.)

Área %

Ácido Undecanóico 28,853 0,57

Ácido Tetradecanóico 35,550 1,03

Ácido Hexadecanóico 42,217 28,47

Ácido Hexanedióico 53,875 0,75

Eicosano 54,250 0,61

2-metil-eicosano 59,200 1,20

Hexatriacontano 61,558 1,37

Tetratetracontano 63,858 1,12

Ácido nonanóico 17200 0,38

Butanediol 15,043 0,13

3.6 Análise estrutural de biofilmes de kefir por microscopia óptica e por AFM

Os biofilmes formados em 20 dias utilizando 20 g/L de grãos de kefir e 40 g/L de AM

(Figura 1) foram visualizadas por microscopia óptica a 400× (Figura 3). Observou-se a estrutura

de formação de biofilmes e a uniformidade com ausência de porosidade. As microfotografias dos

biofilmes mostraram que as estruturas se fundiram formando os biofilmes, e a análise por AFM,

mostrou picos relacionados as variações na rugosidade da superfície dos biofilmes (Figuras 4 e

5).

Na análise do biofilme obtidos com diferentes concentrações de AM por AFM, revelou

diferenças nos parâmetros de rugosidade (RMS) com concentrações crescentes do açúcar (Figura

4). A rugosidade dos biofilmes cresceu com o aumento da concentração de grãos de kefir. Na

concentração de 40 g/L a característica reológica rugosidade foi a melhor visualizada. As

imagens de AFM mostraram que a rugosidade da superfície do biofilme apresentou correlação

com a alteração da concentração de grãos de kefir (Figuras 4). Constata-se o aumento de

rugosidade (z= 410 µm, 510 µm e 563 µm, respectivamente) à proporção que se aumenta a

concentração de grãos de kefir no meio.

108

Figura 4 - Foto de biofilme de kefir (20g/L) com açúcar mascavo (40 g/L) através de microscopia óptica

com resolução 400x mostrando a estrutura de formação de biofilmes e a ausência de porosidade do

biofilme.

Figura 5 - Imagem topográfica de biofilmes de kefir em açúcar mascavo (40 g/L) através de microscopia

de força atômica (AFM). Concentração de GK a) 20 g/Lb) 60 g/L e c) 80 gl1

Rugosidade

Rugosidade

109

Figura 6 - Imagem topográfica de biofilme de kefir com açúcar mascavo obtida através de microscopia de

varredura de força (AFM). Concentração AM 40 g/L e GK 20 g/L. Observa-se uniformidade do tecido do

biofilme e a rugosidade.

3.7 Análise estrutural de biofilmes de kefir por microscopia eletrônica de varredura (SEM)

Na análise dos biofilmes por SEM, observou-se várias camadas sobrepostas em imagem

de perfil (Figura 6) e a composição de microrganismos, com coagregação de bactérias e fungos

filamentosos (Figura 7).

Figura 7 - Fotomicrografia eletrônica de varredura (MEV) de biofilme de kefir (20 g/L) em açúcar

mascavo (40 g/L) visualizado de perfil onde se observa as camadas de exopolissacarídeo que se

sobrepõem formando o biofilme. Dados de magnificação são mostrados na figura.

Figura 8 - Fotomicrografia eletrônica de varredura (MEV) de biofilme de kefir (20 g/L) em açúcar

mascavo (40 g/L) onde se observa as bactérias adesivada às hifas de fungos. Magnificação de a) 800x

b)2000x e c) 3000x.

110

4 DISCUSSÃO

O experimento com açúcar branco, ou seja, industrial se restringiu a se demostrar a

possibilidade de se cultivar kefir e formar biofilmes com o mesmo. Uma vez que comumente se

utiliza açúcar mascavo no cultivo do kefir os experimentos seguintes se concentraram apenas em

resultados obtidos com a utilização de açúcar mascavo.

Geralmente se pensa que o açúcar branco é inapropriado para se cultivar o kefir por

conter alguma possível substância de uso industrial que lhe limitaria o crescimento e impediria o

processo de fermentação. Também se acredita que como o açúcar mascavo é mais rico em

nutrientes é mais viável para cultivo do kefir, pois o meio de cultura com açúcar branco se torna

pobre nutricionalmente devido ao processo industrial ao que o açúcar é submetido que lhe

destitui de minerais e compostos encontrados no açúcar mascavo. Com efeito, Laurey e De Vust

(2014) afirmam que o alto teor de açúcar e a baixa concentração de aminoácidos encontrados no

kefir de água deveria resultar em um habitat em carência, no entanto o que se obtém é uma

bebida fermentada com uma comunidade microbiana bastante diversificada em equilíbrio e

estabilidade (LAUREYS; DE VUYST, 2014) , isto provavelmente decorre do fato que,

conforme Stadie et al. (2013) asseveram, no kefir metabolizado em água ocorre s sinergia entre

leveduras e bactéria ácido-lácticas notadamente com lactobacilos (STADIE et al., 2013).

As leveduras fornecem os aminoácido e vitaminas ao kefir. Por isso mesmo um meio

pobre em nutriente não consiste em obstáculo para desenvolvimento do mesmo.

Os parâmetros mais importantes para formação de biofilmes de kefir foram a

concentração do inóculo, a temperatura e a concentração de substrato. De acordo com Heydorn et

al. (2000) e Stoodley et al. (2002) o aumento de células em um biofilme faz parte de seu próprio

processo de maturação, podendo acontecer até 10 dias após a adesão inicial. Os biofilmes de kefir

se formaram após 5 dias, mas apenas com 20 dias apresentaram-se consistentes. O aumento de

células ocorre em decorrência da divisão celular e da coadesão de outras células presentes no

sistema em seu estado planctônico por isso a concentração do inoculo é muito importante. A

concentração necessária de grãos de kefir para a formação de biofilmes foi de 20 g/L.

Quando se utilizou quantidade de inoculo insuficiente (abaixo de 20 g/L) ocorreu a

111

formação apenas de fragmentos de biofilmes, tanto com o uso de solução de AB como de AM.

Em relação à variação de concentração de grão de kefir para a preparação do kefir,

Garrote et al. (2001) demonstraram que 10 g/L de grãos de kefir resulta em um produto viscoso e

não muito ácido e a concentração recomendada de grãos de kefir utilizados para obter uma bebida

ácida com baixa viscosidade e alta efervescência é de 100 g/L. Para Sarkar (2008) 5% de grãos

de kefir resultou na produção de etanol e ácidos voláteis. Em AM, 20 g/L de grãos de kefir

mostrou ser o ideal para a formação de biofilmes.

A temperatura ideal para a formação de biofilmes foi de 30°C, mas os biofilmes também

se formaram à temperatura ambiente (25 ± 2°C). Na temperatura de 38°C não se formaram os

biofilmes enquanto que à temperatura de 16°C apenas fragmentos de biofilmes se formaram.

Asadishad et al. (2014) observaram que temperaturas abaixo de 10°C paralisam a produção de

biofilmes por Bacillus subtilis. Já os biofilmes formados por Listeria sp são mais resistentes na

temperatura de 15°C do que a 37°C (SHIMAMURA et al., 2015).

Para Perni et al. (2006) um dos parâmetros mais importante para a formação de biofilme

é a concentração do substrato. Apesar da concentração de 10 g/L ter sido estatisticamente

considerada a ideal para formação de biofilmes, mas a consistência somente foi alcançada quando

se fez uso de 20 g/L para AB e 40 g/L para o AM.

A concentração de açúcar é importante, pois fornece os hidrogênios necessários para a

formação de pontes de hidrogênio que resultará em biofilmes consistentes. De acordo com

Chowdhury et al. (2011) a presença de numerosos grupos hidroxilas na estrutura que é

característica comum dos açúcares, viabilizam que ocorram as ligações de pontes de hidrogênio

intermolecularmente em grande quantidade. Em concentrações de substrato abaixo de 10 g/L

ocorre a formação apenas de fragmentos de biofilmes e em concentração acima de 10 g/L mas

abaixo de 40 g/L para o AM o biofilme se forma, mas, sem consistência e se fragmenta

facilmente.

Há três tipos de forças envolvidas no processo de formação de biofilmes, as interações

eletrostáticas, as pontes de hidrogênio e as forças de dispersão de London (MAYER et al., 1999).

Estas forças associadas contribuem para a estabilidade da matriz do biofilme (FLEMMING;

WINGENDER, 2001b). Além dessas forças atuarem na formação dos biofilmes ocorre

concomitantemente a ação de substâncias aglutinantes que unem os fragmentos do biofilme.

Mesmo após a ebulição do meio a temperatura de 100°C estas substâncias ainda atuam fazendo a

112

junção dos fragmentos dos biofilmes.

O crescimento do biofilme resulta de um processo complexo que envolve transporte de

moléculas orgânicas e inorgânicas e células microbianas para a superfície e subsequente adsorção

a superfície e finalmente adesão definitiva, corroborada pela produção de exopolissacarídeos

(SPE) (FLEMMING, 1993; WATERS; BASSLER, 2005; RUIZ et al., 2004). Outro fator que

contribui para a variação da capacidade de adesão do biofilme é a diferente composição do

biofilme que influencia a extensão mediante a qual o microrganismo possa aderir tanto a

superfícies hidrofílicas como a hidrofóbicas (VAN HULLEBUSCH, 2003; ROMANI et al.,

2008).

O AB formou os biofilmes utilizando concentração menor (20 g/L) do que a do AM (40

g/L), provavelmente devido ao fato de que o mesmo contém mais sacarose que o açúcar mascavo.

A consistência dos biofilmes aumenta ao transcorrer do tempo. A formação de biofilmes

iniciou-se apenas após cinco dias da inoculação, isto provavelmente ocorreu porque os

microrganismos iniciam os processos que levam à formação de biofilme somente após três dias

após a inoculação, quando também o pH decai através da ação de bactérias ácido lácticas (por

exemplo, Leuconostoc spp.). Por isso foi possível observar a formação inicial de estruturas de

biofilme somente com 5 dias.

Tanto com o aumento da concentração de grãos de kefir, como do substrato para a

formação de biofilme, o pH da solução remanescente decai para menos de 3,0 (Tabelas 1 e 2). Os

grãos de kefir contêm várias espécies de Lactobacillus, Lactococcos, Leuconostoc além de

bactérias secretoras de ácido acético e leveduras. Estes microrganismos secretam ácido láctico,

antibióticos e bactericidas que inibem o crescimento de microrganismos indesejáveis e

patogênicos (ABE et al., 2013; LEITE et al., 2013; LENGKEY et al., 2013). Uma das causas de

resistência ao crescimento de outros microrganismos é a produção de ácidos com a consequente

queda do pH (Tabela 1 e 2). De acordo com Abe et al. (2013) o pH baixo indica resistência à

contaminação, e para Mangia et al. (2015) indica forte fermentação. À medida que aumentou-se a

concentração de grãos de kefir o pH do meio decaiu até 2,8 (Tabela 2). O pH do meio caiu tanto

em solução de AM, como em solução de AB. O aumento da concentração do substrato (AM) foi

acompanhado por decaimento do pH, bem mais acentuado do que com a variação de

concentração de KG, o que sugere o aumento da atividade dos microrganismos sobre o substrato,

resultando em produtos finais que tornam o meio acidificado como os ácidos lático e acético. O

113

meio de cultura com kefir após 18 meses permaneceu com o pH inalterado (2,81) e isento de

contaminantes.

Wang et al. (2010) relataram um exopolissacarídeo de Lactobacillus plantarum

composto por manose, glicose e galactose com capacidade de formar biofilmes com o tempo de

30 horas em pH 6,5. Para Lengkey et al. (2013) o aumento da concentração de KG de 5% a 25%

causou decaimento do pH, e para Irygoyen (2005) o kefir fez baixar o pH do leite até 4,0. O pH

do meio com kefir se estabilizou abaixo de 3,0 indicando forte fermentação.

Os macroelementos que foram previamente descritos em kefir por Liut Kevicius e

Sarkinas (2004) foram K+, Ca+2, e Mg+2, enquanto os microelementos foram Cu+2, Zn+2, Fe+2,

Mn+2 e Co+2. Relataram também grande quantidade de Ca+2 e de Mg+2 em kefir.

No biofilme de kefir formado em meio com AB foi encontrado Ca+2, mais do que no

formado em meio com AM e nos KG, provavelmente devido ao tratamento químico que o AB é

submetido industrialmente. Já o Fe+2 foi encontrado tanto nos KG, como nos biofilmes formados

em meio com AM em quantidade maior do que nos biofilmes formados em meio com AB. O

Zn+2 foi encontrado em maior concentração nos biofilmes formados com AB do que nos

biofilmes formados com AM (Tabela 3).

Os biofilmes podem utilizar a capacidade de absorção de certos metais em forma iônica

como Zn+2, Cu+2, Fe+2 e Al+3 contidos em sua matriz para evitar erosão por forças (GRUMBEIN

et al., 2014). Alguns desses íons metálicos são tóxicos para as formas planctônicas das bactérias

componentes do biofilme, mas eles têm sua toxicidade suprimida na matriz dos biofilmes

(GRUMBEIN et al., 2014), o que ratifica a viabilidade de biofilmes para biorremediação. Assim

além dos biofilmes exercerem a regulação das propriedades mecânicas eles formam uma barreira

seletiva para conter substâncias tóxicas (GRUMBEIN et al., 2014).

Os principais compostos voláteis encontrados no meio contendo kefir por Beshkova et

al. (2003) foram acetaldeido, acetona, etil-acetato, 2-butanona, diacetil (2,3-Butanodiona) e

etanol. Os compostos voláteis podem variar em quantidade dependendo do substrato, Cais-

Sokolinska et al. (2015) observaram que em leite de cabra a presença de ácidos graxos poli-

insaturados e o cultivo do kefir influenciou na produção de 2,3-butanediona tendo havido

também aumento de ácido lático e etanol. Mangia et al. (2014) encontraram os seguintes

compostos voláteis em Morocan, uma bebida fermentada de leite, etanol, acetaldeido, diacetil

(2,3-Butanodiona) e acetoina. Enquanto que os principais compostos voláteis encontrados no

114

iogurte foram ácido lático, acetaldeído, diacetil (2,3-Butanodiona), acetoina, acetona, e 2-

butanona (CHENG, 2010), os quais contribuem para o aroma peculiar do iogurte bem como para

seu sabor. Os principais compostos voláteis encontrados no meio contendo kefir neste estudo

foram propanol, eicosano, ácido acético e pentanol.

A microscopia de força atômica (AFM) pode ser usada para avaliar a progressão

morfológica dos biofilmes (PEREIRA et al., 2015), bem como proporcionar o entendimento do

mecanismo biofísico da organização estrutural das cápsulas de polissacarídeos na formação de

biofilmes (WANG et al., 2015). O parâmetro estudado através desta metodologia neste estudo foi

a rugosidade. Os picos no AFM mostram variações na rugosidade da superfície dos biofilmes.

Nos biofilmes formados utilizando diferentes concentrações de AM (Figura 3), revelou

diferenças nos parâmetros de rugosidade (RMS) com concentrações crescentes do açúcar (Figura

3 e 4). A rugosidade dos biofilmes cresceu com o aumento da concentração de KG. O aumento da

rugosidade causa aumento na capacidade de incorporar substancias no biofilme o que pode ser

usado tanto para substâncias deletérias à saúde como metais pesados (biorremediação), como

para substâncias com propriedades terapêuticas.

A microscopia eletrônica de varredura tem sido utilizada para estudos da estrutura de

biofilmes (FERREIRA et al., 2015; LAVIN et al., 2015; SOUSA et al., 2015). A análise do perfil

dos biofilmes por SEM, mostrou a sobreposição de estruturas na formação de biofilmes (Figura

5), e a coadesão de bactérias com hifas de fungos (Figura 6), confirmando os estudos de Stadie et

al. (2013) sobre a interação simbiótica entre ambos.

Os biofilmes formados principalmente na parte inferior do frasco se expandem para a

superfície (Figura 7). A presença de substâncias aglutinantes mantém a integridade do biofilme,

mesmo após a sua remoção do meio e são estas substâncias que atuam na formação de estruturas

inicialmente no fundo do frasco (Figura 8).

Biofilmes de kefir são descritos apenas como constituintes dos KG (LOPTIZ-OTSOA et

al., 2006). Não existem relatos anteriores sobre a formação de biofilme extracelular de kefir na

superfície do meio de cultura, no entanto Furukawa et al. (2011) relataram a descoberta de

biofilmes de Lactobacillus plantarum e Saccharomyces cerevisiae em consórcio com outras

leveduras, enquanto Dertli et al. (2013) relataram dois exopolissacárideos secretados por

Lactobacillus johnsonii e Wang et al. (2010) relataram um exopolissacarídeo de Lactobacillus

plantarum composto por manose, glicose e galactose com capacidade de formar biofilmes.

115

A formação de biofilme é um processo que ocorre de forma ubíqua (SINGH et al.,

2006). A preparação do kefir para formação de biofilmes constitui um processo relativamente

fácil, já que não são necessários dispositivos especiais, entretanto, apesar de que o kefir inibe o

crescimento de contaminantes, deve-se ter preocupações em relação a contaminação.

116

5 CONCLUSÃO

As técnicas aplicadas permitiram a padronização do processo de obtenção e

caracterização do biofilme de kefir. Observou-se que a consistência do biofilme é dependente do

tempo de cultivo e a temperatura ótima é de 30oC. A concentração de KG determinada para a

formação de biofilmes foi de 20g/L para os substratos AB e AM, sendo que a concentração de

AB foi menor que do AM. Os compostos voláteis majoritários presentes no meio de cultivo do

kefir são das classes dos ácidos graxos e hidrocarbonetos alifáticos.

A partir das análises dos micro e macroelementos encontrados nos KG e nos biofilmes,

pode-se inferir que tanto os KG como os biofilmes incorporam esses elementos, e através da

análise por AFM observou-se que a rugosidade do biofilme é dependente da concentração de GK,

e por SEM foi identificada a coadesão das bactérias aos fungos filamentosos, demonstrando a

importância dessa interação para o desenvolvimento dos biofilmes.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a CAPES, pelo auxílio à pesquisa do Programa Pró-Amazônia - CAPES -

nº 3292/2013 - AUXPE, e CNPq - Proc. 402332/2013-0 – Biotec, pelo suporte financeiro à

pesquisa.

117

REFERÊNCIAS

ABE, A.; FURUKAWA, S.; WATANABE, S.; MORINAGA, Y. Yeasts and lactic acid bacteria

mixed-specie biofilm formation is a promising cell immobilization technology for ethanol

fermentation. Appl Biochem Biotechnol., v. 171, n. 1, p. 72-79, 2013.

ADAMS, R.P. (2007): Identification of essential oils components by gas chromatography/ mass

spectroscopy. Allured Publishing Corporation. Carol Stream, IL, USA.

ASADISHAD, B.; OLSSON, A. L.; DUSANE, D. H.; GHOSHAL, S.; TUFENKJI, N. Transport,

motility, biofilm forming potential and survival of Bacillus subtilis exposed to cold temperature

and freeze-thaw. Water Res., v. 58, p. 239-247, 2014.

AUNSBJERG, S. D.; HONORÉ, A. H.; MARCUSSEN, J.; EBRAHIMI, P.; VOGENSEN, F. K.;

BENFELDT, C.; SKOV, T.; KNØCHEL, Contribution of volatiles to the antifungal effect of

Lactobacillus paracasei in defined medium and yogurt. Int J Food Microbiol., v. 194, p. 46-53,

2015.

BESHKOVA, D. M.; SIMOVA, E. D.; FRENGOVA, G. I., SIMOV, Z. I.; DIMITROV, Z. P.

Production of volatile aroma compounds by kefir starter cultures. International Dairy Journal,

v. 13, p. 529-535, 2003.

CERQUEIRA, L.; OLIVEIRA, J. A.; NICOLAU, A.; AZEVEDO, N. F., VIEIRA, M. J.

Biofilm formation with7 mixed cultures of Pseudomonas aeruginosa/Escherichia coli on silicone

using artificial urine to mimic urinary catheters. Biofouling, v. 29, p. 829-840, 2013.

CHOWDHURY, S. R.; BASAKA, R. K.; SENB, R; ADHIKARI, B. Characterization and

emulsifying property of a carbohydrate polymer produced by Bacillus pumilus UW-02 isolated

from waste water irrigated agricultural soil. International Journal of Biological

Macromolecules, v. 48, p. 705–712, 2011.

CHENG, H. Volatile flavor compounds in yogurt: a review. Crit Rev Food Sci Nutr, v. 50, p.

938-950, 2010.

COSTERTON, J. W.; STEWART, S.; GREENBERG, E. P. Bacterial biofilms: A common cause

of persistent infections. Science v. 284, p. 1318-1322, 1999.

FEDORAK, R. N.; MADSEN, K. L. Probiotics and prebiotics in gastrointestinal disorders.

Current Opinion Gastroenterology v. 20, p. 146-155, 2004.

FLEMMING, H. C.; WINGENDER, J. Relevance of microbial extracellular polymeric

substances (EPSs) – Part I: Structural and ecological aspects. Water Sci. Technol. v. 43, p.1-8,

2001.

118

FLEMMING, H. C.; WINGENDER, J. Relevance of microbial extracellular polymeric

substances (EPSs) – Part II: Technical aspects. Water Sci. Technol. v. 43, p. 9-16, 2001.

FURUKAWA, S.; NOJIMA, N.; YOSHIDA, K.; HIRAYAMA, S.; OGIHARA, H.;

MORINAGA, Y. The importance of inter-species cell-cell co-aggregation between Lactobacillus

plantarum ML11-11 and Saccharomyces cerevisiae BY4741 in mixed-species biofilm formation.

Biosci Biotechnol Biochem v. 75, p.1430-1434, 2011.

GARROTE, G. L.; ABRAHAM, A. G.; De ANTONI, G. L. Chemical and microbiological

characterization of kefir grains. Journal of Dairy Research v. 68, p. 639-652, 2001.

GORBUSHINA, A. A., BROUGHTON, W. J. Microbiology of the atmosphere-rock interface.

how biological interactions and physical stresses modulate a sophisticated microbial ecosystem.

Annu. Rev. Microbiol. v. 63, p. 431–450, 2009.

GRUMBEIN, S.; OPITZ, M.; LIELEG, O. Selected metal ions protect Bacillus subtilis biofilms

from erosion. Metallomics, v. 6, p. 1441-1450, 2014.

HEYDORN, A.; NIELSEN, A.T.; HENTZER, M.; STERNBERG, C.; GIVSKOV, M.

Quantification of biofilm structures by the novel computer program COMSTAT. Microbiology,

v.146, p.395–407, 2000.

KOJIĆ, M.; LOZO, J.; BEGOVIĆ, J.; JOVČIĆ, B.; TOPISIROVIĆ, L. J. Characterization of

Lactococci isolated from homemade kefir. Arch Biol Sci, v. 59, p. 13-22, 2007.

KHULBE, K.C.; FENG, C.; MATSUURA, T. Synthetic Polymeric Membranes:

Characterization by Atomic Force Microscopy, 1st ed., Springer, 2008.

LA RIVIERE, J. W. M.; KOOIMAN, P.; SCHMIDT, K. Kefiran, a novel polysaccharide

produced in the kefir grain by Lactobacillus brevis. Arch. Microbiol., v. 59, p. 269-278, 1967.

LAUREYS, D.; DE VUYST, L. Microbial species diversity, community dynamics, and

metabolite kinetics of water kefir fermentation. Appl Environ Microbiol v. 80, p. 2564-72,

2014.

LEITE, A.M.; LEITE, D.C.; DEL AGUILA, E.M.; ALVARES, T.S.; PEIXOTO, R.S.; MIGUEL,

M. A.; SILVA, J.T.; PASCHOALIN, V.M. Microbiological and chemical characteristics of

Brazilian kefir during fermentation and storage processes. J Dairy Sci, v. 96, p. 4149-4159,

2013.

LENGKEY, H. A. W.; SIWI, J. A.; BALIA, R. L. The effect of various starter dosages on kefir

quality. Lucrări Ştiinţifice-Seria Zootehnie, v. 59, p. 113-116, 2013.

LIUT KEVICIUS, J. V. A.; SARKINAS, A. Studies on the growth conditions and composition of

kefir grains – as a food and forage biomass. Dairy Science Abstracts, v. 66, p. 903, 2004.

LOPITZ-OTSOA, F.; REMENTERIA, A; ELGUEZABAL, N.; Garaizar, J. Kefir: A symbiotic

yeasts-bacteria community with alleged healthy capabilities. Rev Iberoam Micol. v. 23, p. 67-

119

74, 2006.

MANGIA, N. P.; GARAU, G.; MURGIA, M. A.; BENNANI, A. ;DEIANA, P. Influence of

autochthonous lactic acid bacteri and enzymatic yeast extracts on the microbiological,

biochemical and sensorial properties of Lben generic products. J Dairy Res, v. 81, p. 193-201,

2014.

MAYER, C.; MORITZ, R.; KIRSCHNER, C.; BORCHARD, W.; MAIBAUM, R.;

WINGENDER, J.; FLEMMING, H.-C. The role of intermolecular interactions: studies on model

systems for bacterial biofilms. Int. J. Biol. Macromol., v. 26, p. 3-16, 1999.

OTLES, S.; CAGINDI, O. Kefir: A Probiotic Dairy-Composition, Nutritional and Therapeutic

Aspects Pakistan Journal of Nutrition v. 2 p. 54-59, 2003

PERNI, S.; JORDAN, S. J.; ANDREW, P. W.; SHAMA, G. Biofilm development by Listeria

innocua in turbulent flow regimes. Food Control, v.1 n 7, p. 875–883, 2006.

PEREIRA, F. D.; BONATTO, C. C.; LOPES, C. A.; PEREIRA, A. L.; SILVA, L. P. Use of

MALDI-TOF mass spectrometry to analyze the molecular profile of Pseudomonas aeruginosa

biofilms grown on glass and plastic surfaces. Microb Pathog, v. 86, p. 32-37, 2015.

RAJESH, P.S.; RAI, V.R. Use of aiiA gene amplification for AHL-lactonase production from

endophytic bacterium Enterobacter species. Int J Biol Macromol, v. 72, p. 1009 -1013, 2015.

RASTALL, R. A.; GIBSON, G. R.; GILL, H. S. GUARNER, F.; KLAENHAMMER T. R.; POT,

B.; Reid, G.; Rowland, I. R.; Sanders, M. E.; Modulation of the microbial ecology of the human

colon by probiotics, prebiotics and symbiotic to enhance human health: An overview of enabling

science and potential applications. FEMS Microbiology Ecology, v. 52, p. 145-152, 2005.

ROMANI, A. M.; FUND, K.; ARTIGAS, J.; SCHWARTZ, T.; SABATER, S.; OBST, U.

Relevance of polymeric matrix enzymes during biofilm formation. Microb. Ecol., v. 56, p. 427-

436, 2008.

SAAD, S. M. I. Probióticos e prebióticos: o estado da arte. Revista Brasileira de Ciências

Farmacêuticas, v. 42, p. 1-16, 2006.

SALAZAR, R.F.S.; ALCÂNTARA, M. A. K; IZÁRIO FILHO, H. J. Evaluation of Sample

Preparation of Nickel. R. Bras. Ci.Solo, v. 35, p. 241-248, 2011.

SARKAR, S. Biotechnological innovations in kefir production: a review. British Food Journal,

v. 110, p. 283-295, 2008.

SCARDINO, A. J.; DE NYS R. (2011) Mini review: Biomimetic models and bioinspired

surfaces for fouling control. Biofouling v. 27, p. 73-86, 2011.

SHIMAMURA, N.; IRIE, F.; YAMAKAWA, T.; KIKUCHI, M.; SAWAI, J.; HEATED

SCALLOP-SHELL. Powder Treatment for Deactivation and Removal of Listeria sp. Biofilm

120

Formed at a Low Temperature Biocontrol. Science, v.20, p. 153-157, 2015.

SINGH, R.; PAUL, D.; JAIN, R. K. Biofilms: implications in bioremediation. Trends Microbiol

v. 14, p. 389-397, 2006.

STADIE J.; GULITZ A.; EHRMANN M. A.; VOGEL R. F. Metabolic activity and symbiotic

interactions of lactic acid bacteria and yeasts isolated from water kefir. Food Microbiol, v. 35, p.

92-98, 2013.

STATGRAPHICS CENTURION XVI SOFTWARE (Statpoint Technologies, Inc, Warrenton, VA,

USA).

STOODLEY, P.; SAUER, K.; DAVIES, D. G.; COSTERTON, J. W. Biofilms as complex

differentiated communities. Annual Review Microbiology, v. 56, p. 187-209, 2002.

SUTHERLAND, I.W. Biofilm exopolysaccharides: a strong and sticky framework.

Microbiology, v. 147, p. 3-9, 2001.

VAN HULLEBUSCH, E. D.; ZANDVOORT, M. H.; LENS, N. L. Metal immobilisation by

biofilms: mechanisms and analytical tools. Rev. Environ. Sci. Biotechnol, v. 2, p. 9-33, 2003.

VU, B.; CHEN, M.; CRAWFORD, R. J.; IVANOVA, E. P. Bacterial Extracellular

Polysaccharides Involved in Biofilm Formation. Molecules, v.14, p.2535-2554, 2009.

WANG, Y; LI, C; LIU, P; AHMED, Z; XIAO, P; BAI, X. Physical characterization of

exopolysaccharide produced by Lactobacillus plantarum KF5 isolated from Tibet Kefir.

Carbohydr. Polym., v. 82, p. 895–903, 2010.

WATERS, C.M.; BASSLER, B.L. Quorum sensing: cell-to-cell communication in bacteria.

Annu. Rev. Cell Dev. Biol., v. 21, p. 319-346, 2005.

VAN DEN DOOL, H. & KRATZ, P.D. A generalization of the retention index system including

linear temperature programmed gas-liquid partition chromatography. Journal of Chromatography.

v. 11, p. 463-471, 1963.

121

CAPÍTULO 2: ESTUDO DO BIOFILME DE KEFIR ASSOCIADO AO

EXTRATO HIDROETANOLICO DE Euterpe oleracea Mart. (AÇAÍ). UM

POSSÍVEL PROBIÓTICO AMAZÔNICO

122

Estudo de biofilme de Kefir associado ao extrato hidroetanólico de Euterpe oleracea Mart.

(açaí). Um possível probiótico da Amazônia

Antonio Ferreira de Oliveira1,2, Larissa Daniele Machado Goés2, Fernanda Borges de

Almeida2,3, Daniele da Cruz de Assis2, Adriana Ferreira Maciel2, Jonatas Lobato Duarte2,3,

Caio Pinho Fernandes1,3, Roberto Messias Bezerra2, Robert Saraiva de Matos4, Robert

Magña Zamora2, José Carlos Tavares Carvalho1,2*

1Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Tropical, Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde,

Universidade Federal do Amapá 2Laboratório de Pesquisa em Fármacos, Curso de Farmácia, Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde,

Universidade Federal do Amapá 3Laboratório de Nanobiotecnologia Fitofarmacêutica, Curso de Farmácia, Departamento de Ciências Biológicas e

da Saúde, Universidade Federal do Amapá 4Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde,

Universidade Federal do Amapá

*Corresponding author:[email protected]

RESUMO

Kefir é um complexo microbiano capaz de produzir biofilmes. O objetivo deste estudo foi obter

biofilmes associados ao extrato hidroetanólico de Euterpe oleracea Mart. (BEHEEo) como

método de recuperação de antocianinas em biofilme de kefir. Assim, cinética de formação do

BEHEEo foi efetivada, em diferentes concentrações do extrato aquoso de Euterpe oleracea Mart.

(EHEEo), de grãos de kefir (GK) e de açúcar mascavo (AM); a determinação da dosagem de

macro e microelementos de BEHEEo, a análise das características reológicas e estruturais por

microscopia de força atómica (AFM), e antocianinas em BEHEEo. A melhor concentração de

AM para formar BEHEEo foi de 40 g/L com 100 ml de EHEEo (12,62 ± 0,1626 g). A liberação

das antocianinas do BEHEEo ocorreu a partir de 5 minutos (4,3 ± 0,6 mg/100 g) com pico

máximo em 60 minutos (20,8 ± 0,3). A concentração de Mg++, Fe++ e Ca++ foi de 0,1808 mg/kg,

0,1740 mg/kg e 0.089 mg/kg, respectivamente, enquanto a concentração de Zn++ foi 0,533 mg/kg.

A análise AFM revelou diferenças de rugosidade dependente da concentração de GK, pode-se

observar a presença de Lactobacillus e leveduras. A concentração de antocianinas em BEHEEo

de 24 meses foi de 26 mg/100g. Portanto, infere-se que o BEHEEo incorpora as antocianinas

EHEEo e tem potencial para aplicações terapêuticas em várias patologias, em que é necessário o

processo antioxidante.

Palavras-chave: Biofilme. Kefir. Açaí. Euterpe oleracea Mart. Antocianinas, AFM.

IMPORTANTE : NÃO SE COLOCA ABREVIAÇÃO MESMO EM RESUMO???

123

ABSTRACT

Kefir is a microbial complex capable of producing biofilms. The objective of this study was to

obtain biofilms associated with hydroethanolic extract of Euterpe oleracea Mart. (BEHEEo) as

fixing method of recovery anthocyanins in kefir biofilm. Thus, BEHEEo formation kinetics was

made, at different concentrations of aqueous extract of Euterpe oleracea Mart. (EHEEo), of kefir

grains (GK) and of brown sugar (BS); the determination of macro and microelements of

BEHEEo, the analysis of the rheological and structural characteristics by atomic force

microscopy (AFM), and anthocyanins dosage in BEHEEo. The best concentration of BS to form

BEHEEo was 40 g/L with 100 ml of EHEEo (12.62 ± 0.1626 g). The release of the BEHEEo

anthocyanins occurred from 5 minutes (4.3 ± 0.6 mg/100 g) with maximum peak at 60 minutes

(20.8 ± 0.3). The concentration of magnesium, iron and calcium was 0.1808 mg/kg, 0.1740

mg/kg and 0.089 mg/kg, respectively, indicating the concentration of Zn++ which was 0.533

mg/kg. The AFM analysis revealed diferences of roughness dependent on the concentration of

GK, with presence of Lactobacillus and yeast. The concentration of anthocyanins in BEHEEo

two years after the acquisition was 26 mg/100g. Therefore, it is suggested that the BEHEEo

incorporated the EHEEo anthocyanins and has potential for therapeutic applications in several

pathologies wherein it is necessary the antioxidative processes.

Key words: Biofilm. Kefir. Açaí. Euterpe oleracea Mart.. Anthocyanins. AFM.

124

1 INTRODUÇÃO

O kefir é um soro é produzido a partir da fermentação de bebidas fermentadas por grãos

de kefir (LAUREYS; DE VUYS, 2014). O crescimento e a função de bactérias no interior de uma

população são cruciais para a sua sobrevivência (DAVEY; O'TOOLE, 2000). No kefir há uma

predominância de Lactobacillus os quais têm alta capacidade catabólica e são complementadas

por leveduras com alta capacidade biossintética.

Ao se cultivar o kefir em água com açúcar durante vinte dias, ocorre a formação de

biofilmes com possíveis propriedades terapêuticas contra organismos patogénicos.

Biofilmes se formam em superfícies e contêm elevado nível de organização estrutural,

sendo, em geral, associados com colónias de bactérias mantidas juntas por um polímero secretado

pelas suas células, que é chamado substância polimérica extracelular (SPE) (WATNICK;

KOLTER, 2000; DONLAN, 2002, ZHANG et al., 2015).

Os biofilmes conferem resistência ao estresse, proteção contra impactos químicos e

mecânicos e fornecem nutrientes, por isso eles são essenciais para a sobrevivência de

microrganismos (FLEMMING; WINGENDER, 2001a; SUTHERLAND, 2001; VAN

HULLEBUSCH, 2003; VU et al., 2009). Biofilmes repelem microrganismos competidores, por

outro lado têm capacidade de absorver substâncias. Estas substâncias podem ser metais pesados

por isso biofilmes podem ser utilizado em biorremediação. No entanto, os filmes também podem

absorver substâncias terapêuticas, e têm sido demonstrado por Rodrigues et al. (2005) que o kefir

pode ser aplicado no tratamento de feridas e queimaduras entre outras aplicações.

Dentre as muitas estratégias utilizadas para o estudo de biofilmes as que têm sido mais

realçadas são utilização de microscopia de força atómica o (AFM) pois permite medir as forças

de interação entre as células e as interações célula-célula (DUFRÊNE, 2015).

O microscópio eletrônico de varredura (MEV) é um equipamento capaz de produzir

imagens de alta ampliação (até 300.000x), sendo utilizado para estudos de estrutura dos

biofilmes, para avaliar a presença de microrganismos aderidos à superfície e estudar a capacidade

de adesão e formação de biofilmes (FERREIRA et al., 2015; LAVIN et al., 2015; GRANILLO et

al., 2015; SOUSA et al., 2015).

125

Uma das substâncias cujo estudo tem sido intensificado nos últimos anos são as

antocianinas, devido às suas propriedades de proteção e cura. As antocianinas têm um papel

importante em funções fisiológicas relacionadas com a saúde humana (LEE et al., 2013).

Estudos demonstraram a ação das antocianinas em câncer através da inibição de

metástase e angiogénese, além de reconstituir a matriz extracelular (LEE et al., 2013; DING et

al., 2006; BAGCHI et al., 2004), com efeito as antocianinas têm ação comprovada contra o

câncer do cólon (YUN et al., 2010).

O valor da utilização tradicional de antocianinas no controle da hipertensão tem sido

confirmado cientificamente, bem como o seu efeito sobre infecção do trato urinário com seu

efeito anti-inflamatório e antimicrobiano. As antocianinas podem suprimir a proliferação celular

oncogénica além de atuar na prevenção do câncer, e da diabetes e atuar no combate aos

problemas cardiovasculares e neurológicos (KONCZAK; ZHANG, 2004).

As antocianinas têm comprovado efeito antioxidante e assim atuam na inibição dos

efeitos provocados pelos radicais livres. Ao prevenir processos oxidativos evitam danos ao ADN

e às macromoléculas, os quais poderiam provocar doenças tais como o câncer, doenças do

coração e catarata (AUBERVAL et al., 2015).

O alto conteúdo de antocianinas com a seu consequente poder antioxidante, tem

despertado crescente interesse no estudo do açaí (Euterpe oleracea Mart.). Este fato está

relacionado com o efeito antimutagênico de açaí (Euterpe oleracea Mart.) (GALOTTA;

BOAVENTURA, 2005). Seus frutos têm alto valor nutritivo além de ser considerado uma grande

fonte de antioxidantes (SANTOS et al., 2008).

O Euterpe oleracea Mart. é encontrada em zonas úmidas ao longo de rios e córregos,

nas terras baixas e zonas úmidas, ao longo de toda extensão da Amazônia (MALCHER, 2011).

Devido ao seu alto teor de antocianinas o açaí (Euterpe oleracea Mart.) pode ser considerado um

alimento funcional, e são justamente estes componentes ativos que atribuem a estes frutos uma

peculiar cor púrpura avermelhada (IADEROZA et al., 1992; OZELA et al., 1997).

Os frutos açaí têm um alto teor de antocianinas, lípidos, proteínas, fibras e minerais tais

como o Mn++, Cu++ e B++ e vitaminas. O alto valor energético dos frutos provém da sua riqueza

em lipídios. Seus compostos fenólicos explicam a sua capacidade antioxidante (SANTOS et al.,

2008; MALCHER, 2011).

126

O objetivo deste estudo foi obter biofilmes kefir associados com EHEEo como meio de

fixação e uso de antocianinas.

127

2 MATERIAL E MÉTODOS

Os grãos de kefir foram obtidos no Laboratório de Pesquisa em Fármacos da

Universidade Federal do Amapá, Amapá, Brasil. Os frutos maduros de Euterpe oleracea Mart.

foram coletadas na Chácara "Recanto Santa Clara", (localizado em -0.96039 N; -51.268450 O) na

cidade de Mazagão, Amapá, Brasil.

2.1 OBTENÇÃO DE EXTRATO HIDROETENÓLICOS DE Euterpe oleracea Mart.(EHEEO)

Foram utilizados 500g da fruta madura de Euterpe oleracea Mart. colocados à

temperatura ambiente (23°C) em etanol a 98°GL acidificado com 2% de ácido fórmico durante 2

horas. Após este procedimento, a solução de extração foi filtrada e a massa descartada. O EHEEo

foi concentrado em rotoevaporador (Hikal, Índia), e a determinação de antocianinas foi realizada

com base no método AOAC (2005-02).

2.2 OBTENÇÃO DE BIOFILMES ASSOCIADOS AO EXTRATO HIDROETANÓLICO DE

Euterpe Oleracea MART. (BEHEEo)

Para obter o biofilme associados ao extrato hidroetanólico de Euterpe oleracea Mart.

(BEHEEo), frascos com capacidade de 3,6 L foram assepsiados e em seguida colocado numa

capela de fluxo laminar sob a radiação UV ultravioleta, durante duas horas. Uma solução de 400

mL açúcar mascavo (AM) (40 g/L) com GK (0,25, 0,5, 1, 2, 5, 10, 20, 40, 60 e 80 g/L) foram

adicionados a 100 ml de EHEEo e acondicionadas a 25°C durante 20 dias. Após este tempo, os

BEHEEo foram removidos e pesados. O volume e o pH da solução remanescente foram medidos

e considerou-se a melhor concentração de GK para a formação BEHEEo a que resultou maior

biomassa com consistência, ou seja, o biofilme que pôde ser separado sem perda de integridade.

128

2.3 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE SUBSTRATO COM EHEEo PARA

FORMAR BIOFILMES

Foram inoculados 40 g/L de GK em diferentes concentrações de solução AM (0,25, 0,5,

1, 2, 5, 10, 20, 40, 60 e 80 g / l) com 100 ml da EHEEo, com um volume final de 500 ml. O

experimento foi realizado em triplicata. Após 20 dias pH, volume e peso de BEHEEo foram

medidos, sendo considerado o melhor tratamento a que apresentou a maior biomassa BEHEEo

com consistência.

2.4 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE EHEEo OBJETIVANDO FORMAÇÃO

DE BIOFILME

As concentrações de 10, 25, 50, e 100 mL de EHEEo foram inoculados completando o

volume para 500 ml com solução AM (40 g/L) com grãos de kefir (20 g/L). Após 20 dias, os

grãos de kefir e os BEHEEo formados foram pesados. O pH, a temperatura e o volume foram

medidos e foi realizada a dosagem de antocianinas, tanto no BEHEEo como no meio de cultura,

com base no método da AOAC (2005-02). Foi considerada a melhor concentração a que

apresentou a maior concentração de antocianinas.

2.5 EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE ANTOCIANINAS INCORPORADAS EM

BIOFILMES

A quantificação de antocianinas foi realizada através do método da AOAC (2005-02).

GK foi inoculado (20 g/L) em 400 ml de solução de AM 40 g/L com 100 ml de EHEEo. Após 20

dias o BEHEEo foi removido, pesado numa balança analítica e, após desidratado, 1 g BEHEEo

foi colocado em 100 ml de água destilada pH 6.5 e deixado repousar durante 24 horas sempre

protegido da luz, à temperatura ambiente (25°C). Em seguida foram retirados 10 ml desta

amostra para doseamento de antocianina para ensaio de diluição.

Também foi retirado 10 ml do meio de cultura bem como 1 g do EHEEo para

doseamento. Ambas as amostras foram filtradas em papel de filtro Whatmam papel nº 3.

Porttanto foram quantificadas as antocinqaina em uma amostra do extrato puro de açaí

(EHEEo) (1 g), uma amostra do meio de cultura com kefir com açaí (10 mL) e uma amostra do

129

extrato aquoso do biofilme de açaí (10 ml). Ambas amostras foram diluídas em tampão (KCl 0,03

M, pH 1), e em tampão de acetato de sódio (0,4 M, pH 4,5), e completado o volume para 50 mL.

Em seguida, as leituras foram realizadas em Shimadzu UVMini 1240 (Shimadzu Corporation,

Quioto, Japão) em um comprimento de onda de 520 nm e 700 nm, respectivamente. Para calcular

a concentração de antocianina, foi empregue a seguinte fórmula:

TAC = A / e x l x MW x DF x M / W x 100%, onde:

TAC = teores de antocianinas totais em%

A = (A520 nm - A700 nm) pH1.0 - (A520 nm - A700 nm) pH4,5

MW (peso molecular) = 1-449.2mol

DF = factor de diluição

W = peso da amostra em mg

L = percurso óptico

= 26.900 M coeficiente de extinção em L mol -1 cm -1 para cyd-3-glu

A antocianina dos frutos E. oleracea é expressa como cianidina-3-glucose (INÁCIO et al.,

2013) e este método baseia-se no fato de que as antocianinas monoméricas sofrem alteração

estrutural reversível em função do pH.

2.6 PERFIL DA LIBERAÇÃO E DISSOLUÇÃO DE ANTOCIANINAS DE BEHEEo

Neste ensaio foi utilizada o Dissolutor Modelo 299-6 (Nova Ética, Ltda. São Paulo,

Brasil) com velocidade de rotação de 75 rpm. Em cada vaso de o equipamento foi colocado 1 g

de BEHEEo e 100 mL de água destilada, pH 7,0 a qual foi utilizado como solvente. A

temperatura foi mantida a 37±1°C. As amostras foram coletadas a 5, 10, 30 e 60 minutos

respectivamente. Após o final do processo, as amostras foram filtradas através de papel Whatman

n° 1, e, em seguida, realizada a determinação de antocianinas utilizando o método AOAC (2005-

02).

130

2.7 DOSAGEM DE MACRO E MICROELEMENTOS DE BEHEEO

Foram utilizados 100 g das amostras BEHEEo para a determinação de macro e

microelementos, usando o método de calcinação descrito por Salazar et al. (2011). A análise foi

feita por espectrofotometria de absorção atômica modelo 6300 Shimadzu AAS.

2.8 ANÁLISE ESTRUTURAL BEHEEo POR MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA (AFM)

A morfologia da superfície de BEHEE foi analisada por microscopia de força atômica

(AFM Easyscan2/STM, Nanosurf; EUA). A umidade relativa do ar durante as medições foi

mantida em 51%. A varredura foi de 30 mm x 30 mm, e as imagens foram obtidas no modo de

contato. O cantilever tem forma retangular com constante de mola de 0,77 nN/m e força

constante de 0,2 N/m, frequência de ressonância de 13 KHz. Para a análise de BEHEEo estes

foram desidratados e eletrodepositados em lâminas com filmes de ouro depois de 03/10 ciclos de

varrimento e analisados por voltametria cíclica no dispositivo.

Vinte imagens de diferentes regiões foram examinadas e analisadas, e os valores de

rugosidade (RMS) foram calculados. O parâmetro estudado foi a rugosidade média (Rm) e o seu

valor eficaz (RMS), definidos pelas equações descritas por Khulbe et al. (2008):

dxdyyxZRm ),(

Onde Rm é a media de rugosidade e Z (x,y) é o perfil vertical da área

E RMS expressa a média da raiz quadrada da rugosidade

131

2.9 ANÁLISE DE BIOFILMES DE KEFIR ATRAVÉS DE MICROSCÓPIO ELETRÔNICA

DE VARREDURA (MEV)

A Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) foi utilizada para se analisar a estrutura e

a composição microbiológica dos biofilmes de kefir com açaí. Foi utilizado o Microscópio

Eletrônica de Varredura TM3030Plus do Laboratório de Pesquisa em Fármacos da UNIFAP.

2.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para análise estatística dos resultados do software Statgraphics Centurion XVI

(STATPOINT Technologies, Inc, Warrenton, VA, EUA) foi usado. Foi utilizada ANOVA

seguido pelo teste de Tukey, e o peso médio de BEHEEo foram analisados utilizando o teste t de

Student, e os resultados com p <0,05 foram considerados significativos.

132

3 RESULTADOS

3.1 OBTENÇÃO DE BEHEEO

Constatou-se a formação de BEHEEo cuja biomassa foi dependente do aumento da

concentração da GK (Figura 1).

Observou-se a variação do pH, que era 4,42 no início, e depois decresceu de acordo com

a concentração de GK (Tabela 1).

A ANOVA mostrou a diferença entre os tratamentos. O teste de Tukey identificou que

acima de 10 g/L (13,10±0,30 g) não ocorreu nenhum aumento significativo na biomassa. No

entanto, somente com 40 g/L (14,52±0,45 g) foi obtido a consistência de BEHEEo, que em

concentrações mais baixas fragmenta-se facilmente.

Um parâmetro importante para a obtenção de BEHEEo é a consistência. A consistência

é aqui simplesmente definida como a formação de BEHEEo coesivo nas suas estruturas.

BEHEEo sem consistência fragmenta-se facilmente e se dispersa no meio. A consistência foi

obtida usando apenas concentrações iguais ou superiores a 40 g/L (14,52±0,45 g). O pH decaiu

de 4,42 para 3,46 (Tabela 1) proporcionalmente ao aumento da concentração de GK.

Tabela 1 - Formação de BEHEEo associado ao EHEEo em diferentes concentrações de GK em AM (40

g/L)

Conc. of GK (g) Cresc. Médias (g) pH Volume

0,25 2,35±0,24 4,42±0,01 480

0,5 2,57±0,27 4,61±0,01 482

1,0 6,50±0,20 3,98±0,07 470

2,0 6,20±0,22 3,95±0,04 480

5,0 8,95±0,20 3,76±0,02 475

10,0 13,10±0,30 3,79±0,01 465

20,0 13,45±0,33 3,65±0,01 465

40,0 14,51±0,45 3,66±0,04 445

60,0 13,33±0,23 3,45±0,05 450

80,0 11,52±0,33 3,46±0,04 430

133

Os números representam a media ± o desvio padrão de n = 3.

A figura 1 mostra biofilems formados com 20 g/L de grão de kefir, 40 g/L de açúcar

mascavo e 100 mL de extrato hidroetanólicos de açaí (EHEEo)

a) b)

Figura 1 – Biofilmes de kefir com extrato hidroetanólico de Euterpe oleracea (BEHEEo)

formado com grão de kefir (GK) 20 g/L, açúcar mascavo, 40 g/L e extrato de açaí (100 mL). Biofilme

retirado do meio de cultura (1a) e biofilme liofilizado (1b).

3.2 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE SUBSTRATO COM EHEEo PARA

FORMAR BIOFILMES

O aumento da concentração de AM com EHEEo resultou em BEHEEo coesa. Sem a presença de

AM e apenas EHEEo, o BEHEEo formado mostrou nenhuma coesão. Com o AM o BEHEEo a

partir de 20 g/L (12,44 ± 0,332 g) já apresenta consistência (Tabela 2) e as antocianinas foram

incorporados a eles (Tabela 3).

A ANOVA mostrou diferenças significativas entre os tratamentos com diferentes

concentrações de AM e através do teste de Tukey foi mostrado que acima de 10 g/L

(12,68±0,3272 g) não há diferenças significativas nos tratamentos. Mas, para obter BEHEEo

consistentes foi necessária concentração de 40 g/L (12,62±0.1626 g) (Tabela 2).

A formação de BEHEEo estabilizou-se com cerca de 10 g/L e o pH caiu de 4,61 para

2,72 (Tabela 2).

134

Tabela 2 - Formação de BEHEEo associado ao EHEEo em diferentes concentrações de AM com

GK (20 g/L)

Conc. AM (g) Cresc. Médias

(g)

pH Volume

0.25 1.13±0,05 4.61±0,03 475

0.5 2.01±0,06 4.60±0,02 470

1.0 5.33±0,11 4.15±0,02 475

2.0 8.23±0,09 3.86±0,04 460

5.0 9.38±0,28 3.65±0,02 460

10.0 12.68±0,32 3.60±0,04 460

20.0 12.44±0,21 2.67±0,02 450

40.0 12.62±0,16 2.73±0,02 465

60.0 12.35±0,29 2.40±0,02 460

80.0 12.10±0,59 2.72±0,08 460

Os números representam a media ± o desvio padrão de n = 3. EHEEo 100 ml

3.3 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE EHEEO PARA A FORMAÇÃO DE

BIOFILME

Ao se utilizar apenas o EHEEo sem AM no meio de cultura, obteve-se biofilmes

fragmentados sem qualquer consistência e com o pH médio em torno de 6,5, com odor muito

desagradável, evidenciando atuação de bactérias contaminantes. Com a adição da AM no meio de

cultura com EHEEo os biofilmes apresentaram consistência, o pH se manteve abaixo de 3,0 e o

meio de cultura exalava cheiro ácido e agradável.

Inicialmente o pH era de 4,6 decaindo para 2,72 (Tabela 2). Com o aumento da

concentração do EHEEo os biofilmes apresentaram maior concentração de antocianinas (Tabela

3) o que ratificou a capacidade de incorporação dos mesmos. A biomassa apresentou crescimento

indiferenciado e ANOVA não mostrou diferenças entre os tratamentos (p> 0,05). Houve, no

entanto, claro aumento na incorporação de antocianina em BEHEEo, com um aumento da

concentração de EHEEo no meio. Este aumento foi detectado tanto no BEHEEo como no meio.

135

Tabela 3 - Concentração de antocianinas no BEHEEo formado com grãos de kefir GK (20 g/L) com AM

(40 g/L) em diferentes concentrações de EHEEo.

Conc. de

EHEEo (g/L)

Antociani

nas mg/100g

pH

10 0.00±0,00 2.23±0,02

25 4.93±0,40 2.32±0,01

50 13.10±0,26 3.13±0,01

100 18.06±0,21 3.89±0,02

Os números representam a media ± o desvio padrão de n = 3.

3.4 PERFIL DA LIBERAÇÃO E DISSOLUÇÃO DE ANTOCIANINAS DE BEHEEO

O perfil de dissolução em meio aquoso, mostraram que a liberação das antocianinas do

BEHEEo ocorreu a partir de 5 minutos atingindo o pico em 60 minutos (Tabela 4).

Tabela 4 - Perfil de liberação e dissolução de antocianina do BEHEEo

Tempo

(Minutos)

Antocianinas mg/100g Porcentagem (%)

5 4,3±0,6 0,0040

15 3,8±0,8 0,0038

30 14,5±0,5 0,0145

60 20,8±0,3 0,0208

Os números representam a media ± o desvio padrão de n = 3.

3.5 EXTRAÇÃO E DOSAGEM DE ANTOCIANINA DO BEHEEo

O meio de cultura de dois meses após o início da cultura mostrou ainda antocianinas

(19,32 ± 0,5 mg/100 g).

136

Tabela 5 – Quantificação da concentração de antocianinas in BEHEEo em diferentes períodos.

Produto Concentração

mg/100g

Tempo

EHEEo 110,66±0,57 instantâneo

BEHEEo (12 meses) 34,5±0,70 12 meses

BEHEEo (24 meses) 33,87 ±0,57 24 meses

Os números representam a media ± o desvio padrão de n = 3.

3.6 DOSAGEM DE MACRO E MICROELEMENTOS DE BEHEEO

A concentração de Mg++, Fe++ e Ca++ foi de 0,1808 mg/kg, 0,1740 mg/kg e 0,089 mg/kg,

respectivamente. A concentração de Zn++ foi 0,533 mg/kg (Tabela 6).

Tabela 6 - Concentração de macro e microelementos do EHEEo e do BEHEEo.

Macro e microelementos AM

(mg/kg)

EHEEo

(mg/kg)

BEHEEo

(mg/kg)

Mg++ 0,1856 0,1823 0,1808

Zn++ 0,5740 0,2438 0,5330

Fe++ 0,2496 0,2446 0,089

Cu++ 0,0269 0,0034 0

Ca++ 0,1836 0,1572 0,1384

3.7 COMPOSTOS VOLÁTEIS DO EHEEO

Os principais compostos voláteis encontrados no kefir cultivado com EHEEo foram

ácidos carboxílicos (Tabela 7). Alguns destes compostos são precursores da formação de outros

após armazenamento.

137

Tabela 7 – Compostos voláteis majoritários encontrado no kefir com EHEEo.

Composto Tempo de retenção

(min.)

Área %

2-butanol 3,248 0,23

Ácido pentanóico 4,008 0,10

Ácido acético 8,742 0,12

Ácido propanodióico 13,200 0,10

Butanediol 15,043 0,13

Butanol 15,300 0,13

Ácido nonanóico 17200 0,38

Ácido decanóico 21,333 0,57

Ácido dodecanóico 28,700 2,65

Ácido Tetradecanóico 35,625 3,21

Ácido heptadecano 36,883 0,54

Ác. Benzenodicarboxílico 38,608 0,46

Eicosano 40,100 0,38

Ácido Hexadecanóico 40,858 0,44

Kaur-16-ene 43,917 0,52

Ácido Heptadecanóico 44,950 0,17,

Ácido Hexadecano 46,117 0,21

Ácido octadecanóico 47,842 1,20

Ácido 2-pentenóico 51,358 0,82

Ác 8-metil-pentadecano 56,783 0,28

Nonadecano 61,558 0,66

Tetratetracontano 63,867 0,60

3.8 ANÁLISE ESTRUTURAL BEHEEO POR MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA

Na análise de BEHEEo por AFM, obteve imagens em 3D com diferentes concentrações

de EHEEo (Figura 2) que revelaram diferentes configurações de rugosidade (RMS), dependente

da concentração (Figura 2b e 2d). Há um aumento da rugosidade dependente da concentração de

138

EHEEo no meio de cultura. Com concentrações inferiores (20 g/L), foi revelada a presença

predominante de Lactobacillus (Figuras 2a) e em concentrações mais elevadas (60 g/L) prevalece

a presença de leveduras (Figura 2c). Estes resultados estão de acordo com Stadie et al. (2013) que

demonstraram que Lactobacillus metabolizam o meio de cultura e assim o disponibiliza para as

leveduras.

Figura 2 - Imagem gráfica através de microscopia de força atômica (AFM) de biofilme de kefir a)

Imagem gráfica da superfície do biofilme quando utilizado 20 g/L de grãos de kefir e 40 g/L açúcar

mascavo. b) Imagem topográfica do biofilme quando utilizado 20 g/L de grãos de kefir e 40 g/L

açúcar mascavo. c) Imagem gráfica da superfície do biofilme quando utilizado 60 g/L de grãos de

kefir e 40 g/L açúcar mascavo. d) Imagem topográfica do biofilme quando utilizado 60 g/L de

grãos de kefir e 40 g/L açúcar mascavo.Em todo este experimento ao meio de cultura foi

adicionado 100 g EHEEo.

139

3.9 ANÁLISE ESTRUTURAL BEHEEO POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE

VARREDURA (MEV)

Figura 3 - Fotomicrografia eletrônica de varredura (MEV) de biofilme de kefir (20 g/L) com açúcar

mascavo (40 g/L) e açaí (100 g/L) (BEHEEo) obtida com resolução 2500x onde se observa a presença de

emaranhado de hifas.

3.10 DETERMINAÇÃO DA TEMPERATURA NA FORMAÇÃO DE BEHEEo

Em relação à formação BEHEEo a temperatura é um dos parâmetros mais importantes.

Com o meio de cultura cultivado à temperatura ambiente (25 ± 2°C) foi obtido com um BEHEEo

biomassa significativa e consistente ao passo que à temperatura de 15°C observou-se a formação

de estruturas sem consistência, fragmentadas e dispersas no meio. A temperatura ótima foi de

30°C e não houve formação a 38°C.

140

Tabela 8 – Efeito da temperatura sobre a síntese de BEHEEo

Temp. (°C) Biomassa (g)

15 0

25 21,46±0,50

30 27,53±0,92

38 0

Os números representam as médias ± desvio padrão de n=3

141

4 DISCUSSÃO

Na formação do biofilme é crucial a adesão inicial das células, e a característica da

superfície de tem uma grande influência nesta fase (PEREIRA et al., 2015). Por conseguinte, a

formação de biofilmes depende da variação da concentração de substâncias e das condições de

fluxo na superfície e também da turbulência meio de cultura de (PERNI et al., 2006).

Os três fatores mais importantes para formar a BEHEEo foram: tempo, temperatura e

concentração de substrato (Tabelas 8 e 2). Biofilmes podem ser formar em apenas 24 horas

(ALIMOVA et al., 2006), e de acordo com Heydorn et al. (2000) e Stoodley et al. (2002) o

crescimento de células em um biofilme é parte do seu próprio processo de maturação, que ocorre

até 10 dias após a adesão inicial. Este aumento é um resultado tanto da divisão celular como da

co-adesão de outras células presentes no sistema em estado planctônico. A formação BEHEEo só

ocorreu depois de 20 dias, embora já pudesse ser observada a formação de estruturas do biofilme

a partir do quinto dia. Estas estruturas são agregadas por substância aglutinante secretada no meio

de modo que formam o biofilme.

O BEHEEo formou-se à temperatura ambiente (cerca de 25°C). À 15°C, os biofilmes

não se formaram, mas observou-se fragmentos que ficaram dispersas no meio. Asadishad et al.

(2010) relataram que a baixas temperaturas (inferiores a 10°C) ocorre a paralisação da produção

de biofilmes por Bacillus subtilis. Os biofilmes formados por Listeria sp. são mais resistentes à

temperatura de 15°C do que a 37°C (SHIMAMURA et al., 2015). Já o BEHEEo não se formou a

37°C. A temperatura mais expressiva com relação à formação de BEHEEo foi de 30°C (Tabela

7).

No que diz respeito à concentração de substrato (AM), pode-se observar que em baixas

concentrações as estruturas dos biofilmes são formadas, mas não se fundem permanecendo

dispersas no meio e em concentrações superiores a 20 g/L o biofilme se forma, mas não apresenta

coesão, sendo fragmentado à menor agitação do meio. A partir da concentração de 40 g/L, a

consistência foi alcançada, a qual coincide com o aumento da rugosidade biofilmes. O

crescimento da concentração de substrato coincidiu proporcionalmente com o aumento de

microrganismos presentes no biofilme. Este é um fator muito importante para a adsorção de

moléculas presentes no biofilme, que precede a adesão de bactérias (RUBIO et al., 2006).

Quando o substrato foi insuficiente ou quando se utilizou apenas a EHEEo como substrato sem a

142

presença de AM, os biofilmes que se formaram mostraram-se sem coesão e por isso apenas

fragmentos de biofilmes se formaram, os quais permaneceram dispersos no meio.

O aumento da concentração de substrato (AM) foi acompanhado pelo decaimento do pH

de maneira muito mais significativa do que a variação de pH com o aumento da concentração de

grãos de GK, o que sugere a ocorrência do aumento da atividade de microrganismos sobre o

substrato, resultando em produtos finais que tornam o meio acidificado pela presença de ácido

láctico e ácido acético. O meio de cultura com kefir após 18 meses permaneceu com pH

inalterado (2,81) e livre de contaminantes. De acordo com a Abe et al. (2013) o baixo pH

constitui uma proteção contra a contaminação. Embora o pH baixo ou muito acima da

neutralidade afete diretamente o desenvolvimento de biofilme por interferir com a força próton-

motora, que é a força usada pela bactéria para gerar o gradiente eletroquímico (PEREIRA, 2001),

o pH baixo não interferiu na formação da BEHEEo.

Os microrganismos presentes no kefir são incorporados no biofilme (Figura 3). Assim,

eles assegurar um ambiente livre de contaminantes. O pH cai até que um nível de proteção contra

contaminantes. Probióticos como kefir são organismos que vivem em consórcio e repelem

organismos patogênicos (SANTOS et al., 2003).

As antocianinas incorporadas no BEHEEo e permaneceram estáveis 24 meses após a

formação. Estas antocianinas foram liberadas do BEHEEo em meio aquoso em pH 7,0, sem

perder as suas características. Este fato é importante porque as antocianinas do açaí (Euterpe

oleracea Mart.) inevitavelmente sofrem degradação a partir da colheita até chegar ao

consumidor. Rogez et al. (2012), concluíram que a cinética de degradação de antocianinas se

efetiva com uma semi-vida de 50 horas, ocorrendo, concomitantemente, com a infecção por

micro-organismos tais como fungos, bactérias mesofílicas e coliformes fecais.

A liberação das antocianinas do BEHEEo ocorreu a partir de 5 minutos, atingindo o pico

aos 60 minutos. Esta cinética da liberação dependente do tempo é um fator importante para a

aplicação de BEHEEo, uma vez que o aumento gradual na liberação antocianina sugere que

também pode haver um aumento da eficiência ao longo do tempo.

No meio de cultura do kefir as antocianinas permaneceram estáveis durante pelo menos

dois meses. Após esse período, elas começaram a ser degradada, juntamente com o meio.

Bobbio et al. (2000) descreveram dois tipos de antocianinas em EHEEo, a cianidina-3-

arabinoside e a cianidina-3-arabinoside-arabinosil as quais considerou como as duas principais

143

antocianinas do E. oleracea tendo encontrado na casaca das suas frutas o teor de 50,00 ±

5nmg/100g. Eles concluíram que a fruta como um todo deve ter 263 mg/ 100g de casca, pois a

casca corresponde a apenas 19% do fruto. No entanto as antocianinas do E. oleracea estão

concentradas apenas na casca.

Neste estudo encontrou-se 110 mg/100g de antocianina no EHEEo. No BEHEEo

verificou-se 36 mg/100g. Cumpre ressaltar que a dosagem foi realizada em BEHEEo com seis

meses de incorporação.

O meio de cultura sem AM contendo apenas o EHEEo como substrato apresentou

biofilmes com baixa coesão, fragmentados e com pH de 6,7, sugerindo ações de diferentes tipos

de bactérias.

Os perfis de liberação e dissolução de BEHEEo, sintetizado em menos de 12 meses

liberou 34,5±0,70 mg/100 g de cianidina-3-glucose (Tabela 5), enquanto BEHEEo de 24 meses

liberou 33,87 ±0,57 mg de cianidina-3-glucose.

Com relação à presença de macro e microelementos, pode-se frisar a presença de 0,553

mg/kg de zinco no BEHEEo e de 0,243 mg/kg no EHEEoe 0,574. mg/kg no açúcar mascavo.

Rogez (2000) encontraram 7 mg/100g no extrato de açaí (Euterpe oleracea Martius) e Menezes

et al. (2008) encontraram 2,82 mg/100g no extrato de açaí liofilizado (Euterpe oleracea Martius).

Pode-se infeir que o zinco incorporado no biofilme foi, portanto predominantemente advindo do

açúcar mascavo

Os biofilmes podem utilizar a capacidade de absorção de alguns metais na sua forma

iónica, tais como o zinco, o cobre, o ferro e alumínio contido na sua matriz a fim de evitar forças

de erosão (GRUMBEIN et al., 2014). Estes metais iónicos são tóxicos para as formas

planctônicas de bactérias, componentes do biofilme, mas a sua toxicidade é suprimida na matriz

do biofilme (GRUMBEIN et al., 2014).

A análise por AFM pode ser usado para avaliar a evolução morfológica de biofilmes

(CHATTERJEE et al., 2014, PEREIRA et al., 2015), bem como proporcionar uma compreensão

dos mecanismos biofísicos do impacto da estrutura organizacional da cápsula de polissacarídeo

na formação de biofilme (WANG et al., 2015).

O AFM faz medidas nano mecânicos que fornecem dados que mostram como a

organização capsular afeta a adesão das células e, consequentemente, a formação de biofilmes

(WANG et al., 2015). Neste estudo, através de AFM, foi registada a presença de Lactobacillus

144

em grande quantidade nos biofilmes (Figuras 2a), especialmente em concentrações mais baixas

de EHEEo 10 g/L. Em concentrações mais altas (60 g/L) verificou-se também a presença

predominante de levedura (Figura 2c). O Lactobacillus acidifica o meio e assim proporciona

condições ótimas para o metabolismo das leveduras (STADIE et al., 2013) que se proliferam em

BEHEEo com o aumento da concentração de EHEEo a 60 g/L. No kefir, as leveduras fornecer os

aminoácidos essenciais e vitaminas, como ácido fólico para os lactobacilos os quais reduzem o

pH criando condições ideais para a levedura, numa relação mutualística esclarecida por Stadie et

al. (2013).

Sabe-se que o substrato influencia a formação de biofilme e também que a extensão da

colonização microbiana aumenta com o aumento da rugosidade da superfície (CHARACKLIS et

al., 1984). Portanto o aumento na concentração do substrato causa um crescimento do biofilme

com o consequente aumento da rugosidade (VIANA, 2009). Com a análise por AFM é possível

detectar estas alterações da rugosidade da superfície do biofilme (LÓPEZ-JIMÉNEZ et al., 2015).

A variação da concentração de EHEEo no meio de cultura foi acompanhada por alterações na

rugosidade do BEHEEo (Figuras 3b, 2d). O aumento da rugosidade constitui um fator muito

importante para indicar maior capacidade de retenção de células e incorporação de substâncias

como antocianinas.

145

5 CONCLUSÃO

O BEHEEo formado reteve e preservou as antocianinas de EHEEo. A análise por AFM

confirmaram o aumento da rugosidade da BEHEEo dependente da concentração de EHEEo, e

mostrou Lactobacillus e leveduras de maneira profícua nestes biofilmes.

O BEHEEo reteve antocianinas de EHEEo por períodos relativamente longos, e com as

condições in vitro (pH 7,0), as antocianinas de BEHEEo foram liberadas.

6 AGRADECIMENTOS

Autores gostariam de agradecer a CAPES (nº 3292/2013 AUXPE) e CNPq Proc. 402332 / 2013-0 (Biotec)

pelo apoio financeiro.

146

REFERÊNCIAS

ABE, A.; FURUKAWA, S.; WATANABE, S.; MORINAGA, Y. Yeasts and lactic acid bacteria

mixed-specie biofilm formation is a promising cell immobilization technology for ethanol

fermentation. Appl Biochem Biotechnol. v. 171, n. 1, p. 72-79, 2013.

ALIMOVA, A.; ROBERTS M.; KATS, A.; RUDOLPH, E.; STEINER, J. C.; ALFANO, R. R.;

GOTTLIEB, P. Effects of Smectite Clay on Biofilm formation by microorganisms. Biofilms, v

3, p 43-47, 2006.

AOAC. (2006). Official methods of analysis of the Association of Official Analytical

Chemists. Arlington: Ed. Patrícia Cuniff. <http://www.aoac.org/omarev1/2005_02.pdf>.

BAGCHI, D. et al. Anti-angiogenic, antioxidant, and anti-carcinogenic properties of a novel

anthocyanin-rich berry extract formula. Biochemistry, v. 69, p. 75-80, 2004.

BOBBIO, F. O.; DRUZIAN, J. I.; ABRÃO, P. A.; BOBBIO, P. A.; FADELLI, S. Identificação e

quantificação das antocianinas do fruto do açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) Ciênc. Tecnol.

Aliment., v. 20 n.3, p. 388-390, 2000.

CHARACKLIS, W. G. Biofilm development: a process analysis. Microbial Adhesion and

Aggregation, New York, 1984.

DAVEY M. E., O'TOOLE G. A. Microbial biofilms: from ecology to molecular genetics.

Microbiology and Molecular Biology Reviews, v. 64, p. 847, 2000.

DING M.; FENG R.; WANG S. Y., BOWMAN L.; LU Y.; QIAN Y.; CASTRANOVA V.;

JIANG B. H.; SHI X. 2006 Cyanidin-3-glucoside, a natural product derived from blackberry,

exhibits chemopreventive and chemotherapeutic activity. J. Biol. Chem., v. 281, p. 17359-

17368, 2006.

DONLAN, R.M. Biofilms: Microbial life on surfaces. Emerging Infect Dis, v. 8, p. 881-890,

2002.

DUFRÊNE, Y. F. Sticky microbes: forces in microbial cell adhesion. Trends Microbiol, v.23, n.

6, p. 376-382, 2015.

FLEMMING, H. C., WINGENDER J. Relevance of microbial extracellular polymeric substances

(EPS) – Part I: Structural and ecological aspects. Water Sci Technol, v. 43, p. 1-8, 2001.

147

GALOTTA, A. L. Q. A.; BOAVENTURA, M. A. D. Quim. Nova, v. 28, p. 610, 2005.

HEYDORN, A.; NIELSEN, A. T.; HENTZER, M.; STERNBERG, C.; GIVSKOV, M.

Quantification of biofilm structures by the novel computer program COMSTAT.

Microbiology, v.146, p.395–407, 2000.

IADEROZA, M.; BALDINI, I. S. D.; BOVI, M. L. A.; Anthocyanins from fruits of açaí (Euterpe

oleracea Mart.) and juçara (Euterpe edulis Mart.). Tropical Science, v. 32, p. 41-46, 1992.

INÁCIO, M. R. C.; DE LIMA, K. M. G.; LOPES, V. G.; PESSOA, J. D. C.; DE ALMEIDA

TEIXEIRA, G. H. Total anthocyanin content determination in intact açaí (Euterpe oleracea

Mart.) and palmitero-juçara (Euterpe edulis Mart.) fruit using near infrared spectroscopy (NIR)

and multivariate calibration. Food Chem, v. 136, p. 1160–1164, 2013.

KHULBE K. C.; FENG C.; MATSUURA T. Synthetic Polymeric Membranes:

Characterization by Atomic Force Microscopy, 1st ed., Springer, 2008.

KONCZAK, I.; ZHANG, W. Anthocyanins-more than nature’s colours. Journal of Biomedicine

and Biotechnology. v.5, p.239-240, 2004.

LAUREYS, D.; DE VUYST L. Microbial species diversity, community dynamics, and

metabolite kinetics of water kefir fermentation. Appl. Environ. Microbiol. v. 80, p. 2564-72,

2014.

LEE S. J.; HONG S.; YOO S. H.; KIM G. W. Cyanidin-3-O-sambubioside from Acanthopanax

sessiliflorus fruit inhibits metastasis by downregulating MMP-9 in breast cancer cells MDA-MB-

231. Planta Med, v. 79, p. 1636-1640, 2013.

LILA, M.A. Anthocyanins and human health: an in vitro investigative approach. Journal of

Biomedicine and Biotechnology, v. 5, p. 306-313, 2004.

LÓPEZ-JIMÉNEZ, L.; ARNABAT-DOMÍNGUEZ, J.; VIÑAS, M.; VINUESA, T. Atomic force

microscopy visualization of injuries in Enterococcus faecalis surface caused by Er,Cr:YSGG and

diode lasers. Med Oral Patol Oral Cir Bucal v. 20, p. 45-51, 2015.

MALCHER, E. S. L. T; Influência da sazonalidade sobre a composição química e atividade

antioxidante do açaí (Euterpe oleracea Mart.), Tese apresentada como requisito parcial para

obtenção de título de doutor ao programa de pós graduação em Biodiversidade tropical da

148

Universidade Federal do Amapá. Orientador: Prof. . Dr. José Carlos Tavares Carvalho, pag. ___,

20011.

OZELA, E. F.; STRINGHETA, P. C.; LIMA, A. A. S.; FARIAS, M. L. T. S. Estudo comparativo

do teor de antocianinas presente no açaí (Euterpe oleracea Mart.) nos períodos de safra e

entresafra. Livro de Programas e Resumo III Simpósio Americano de Ciências de

Alimentos. Campinas, FEA, p.55, 1999.

PERNI, S.; JORDAN, S. J.; ANDREW, P. W.; SHAMA, G. Biofilm development by Listeria

innocua in turbulent flow regimes. Food Control, v.1, p. 875–883, 2006.

PEREIRA, M. O. B. O. Comparação da eficácia de dois biocidas (carbamato e glutaraldeido)

em sistemas de biofilme. 2001. 234 p. Tese (Doutorado) Universidade do Minho, Braga –

Portugal.

PEREIRA, F. D.; BONATTO, C. C.; LOPES, C. A.; PEREIRA, A. L.; SILVA, L.P. Use of

MALDI-TOF mass spectrometry to analyze the molecular profile of Pseudomonas aeruginosa

biofilms grown on glass and plastic surfaces. Microb Pathog v. 86, p. 32-37, 2015.

RODRIGUES, K. L; CAPUTO, L. R.;CARVALHO, J. C. T.; EVANGELISTA, J.

SCHNEEDORF, J. M. Antimicrobial and healing activity of kefir and kefiran extract. Int J

Antimicrob Agents. v. 25, p. 404-408, 2005.

ROGEZ, H. Açaí: Preparo, Composição e Melhoramento da Conservação. Belém: Edufpa,

2000, p.313.

ROGEZ, H.; AKWIE, S. N.; MOURA, F. G.; LARONDELLE, Y. Kinetic modeling of

anthocyanin degradation and microorganism growth during postharvest storage of açai fruits

(Euterpe oleracea). J Food Sci, v. 77, p. 300-306, 2012.

RUBIO, C.; OTT, C.; AMIEL, C.; MORAL, I. D.; TRAVERT, J.; MARIEY, L.

Sulfato/thiosulfato reducing bacteria characterization by FT-IR spectroscopy: A new

approach to biocorrosion control. Journal of Microbiological Methods, v. 64, p. 287-

296, 2006.

SALAZAR, R.F.S.; ALCÂNTARA, M. A. K; IZÁRIO FILHO, H. J. Evaluation of Sample

Preparation of Nickel. R. Bras. Ci.Solo, v. 35, p. 241-248, 2011.

149

SANTOS, A.; SAN MOURO, M.; SANCHEZ, A.; TORRES, J. M.; MARQUINA, D. The

antimicrobial properties of different strains of Lactobacillus spp. isolated from kefir. Systematic

and Applied Microbiology. v. 26, p. 434-437, 2003.

SANTOS, G. M.; MAIA, G.A.; SOUSA, P. H. M.; COSTA, J. M. C.; FIGUEIREDO, R. W.;

PRADO, G. M. Correlação entre atividade antioxidante e compostos bioativos de polpas

comerciais de açaí (Euterpe oleracea Mart.). Archivos Latinoamericanos de Nutrición,

ALAN, v.58, n. 2, 2008.

SHIMAMURA, N.; IRIE, F.; YAMAKAWA, T.; KIKUCHI, M.; SAWAI, J. Heated scallop-

shell powder treatment for deactivation and removal of Listeria sp. biofilm formed at a low

temperature. Biocontrol Sci, v.20, p. 153-157, 2015.

STADIE J.; GULITZ A.; EHRMANN M. A.; VOGEL R. F. Metabolic activity and symbiotic

interactions of lactic acid bacteria and yeasts isolated from water kefir. Food Microbiol, v. 35, p.

92-98, 2013.

STOODLEY, P.; SAUER, K.; DAVIES, D. G.; COSTERTON, J. W. Biofilms as

complex differentiated communities. Annual Review Microbiology, v. 56, p. 187-209,

2002.

STATGRAPHICS CENTURION XVI SOFTWARE (Statpoint Technologies, Inc, Warrenton, VA,

USA).

SUTHERLAND I.W. Biofilm exopolysaccharides: a strong and sticky framework.

Microbiology, v. 147, p. 3-9, 2001.

VAN HULLEBUSCH, E. D.; ZANDVOORT, M. H.; LENS, N. L. Metal immobilisation by

biofilms: mechanisms and analytical tools. Rev Environ Sci Biotechnol v. 2, p. 9-33, 2003.

VIANA, M. G. Avaliação de produtos naturais sobre biofilmes formados em

sistema dinâmico. 2009, 90 p. Dissertação (Mestrado em Ciência e Engenharia de

Petróleo) - Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, Natal, 2009.

VU, B.; CHEN, M.; CRAWFORD, R. J.; IVANOVA, E. P. Bacterial Extracellular

Polysaccharides Involved in Biofilm Formation. Molecules, v.14, p.2535-2554, 2009.

WALTON, M. C. et al. Anthocyanins absorption and antioxidant status in pigs. Journal of

Agricultural and Food Chemistry, v. 54, n. 20, p. 7940-7946, 2006.

150

WANG, H.; WILKSCH, J.J.; STRUGNELL, R.A.; GEE, M. L. Role of Capsular Polysaccharides

in Biofilm Formation: An AFM Nanomechanics Study. ACS Appl Mater Interfaces, v. 7, n. 23,

p. 13007-13013, 2015.

WATNICK, P.; KOLTER, R. Biofilms, city of microbes. J Bacteriol, v. 13, p. 20–26, 2000.

YUN, J. W.; LEE, W. S.; KIM, M. J.; LU J. N.; KANG, M. H.; KIM, H.G.; KIM, D. C.; CHOI,

E. J.; CHOI, J. Y.; LEE, Y. K.; RYU, C. H.; KIM, G.; CHOI, Y. H.; PARK, O. J; SHIN, S. C.

Characterization of a profile of the anthocyanins isolated from Vitis coignetiae Pulliat and their

anti-invasive activity on HT-29 human colon cancer cells. Food Chem Toxicol, v. 48, p. 903-

909, 2010.

ZHANG, W.; DAI, W.; TSAI, S. M.; ZEHNDER, S. M.; Sarntinoranont, M.; angelini, T. E.

Surface indentation and fluid intake generated by the polymer matrix of Bacillus subtilis

biofilms. Soft Matter, v. 11, p. 3612-3617, 2015.

151

CAPÍTULO 3: ESTUDO DO BIOFILME DE KEFIR ASSOCIADO AO GÉRMEN DE

SOJA (Glycine max L. Merril)

152

ESTUDO DO BIOFILME DE KEFIR ASSOCIADOAO GÉRMEN DE SOJA (Glycine max

(L.) Merril)

Antonio Ferreira de Oliveiraa,b, Adriana Maciel Ferreiraa , Adriana Valente dos Santosa, Mariana

Baia Goes , Helison de Oliveira Carvalho, Roberto Messias Bezerrad; Robert Maguiña Zamorad,

e José Carlos Tavares Carvalhoa,b*

aPrograma de Pós-graduação em Biodiversidade Tropical, Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde,

Universidade Federal do Amapá bLaboratório de Pesquisa em Fármacos, Curso de Farmácia, Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde,

Universidade Federal do Amapá cLaboratório de Nanobiotecnologia Fitofarmacêutica, Curso de Farmácia, Departamento de Ciências Biológicas e

da Saúde, Universidade Federal do Amapá dPrograma de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde,

Universidade Federal do Amapá

*Corresponding author:[email protected]

*Corresponding author: email: [email protected]

RESUMO

As isoflavonas são compostos fenólicos bioativos cujo consumo pode reduzir os riscos de

doenças. Dentre todos os grãos já estudados, o grão de soja é o que possui os maiores teores de

isoflavonas. O kefir é um complexo microbiano formado por Lactobacillus e leveduras em

simbiose que restaura a homeostase intestinal, sendo que o kefir pode formar biofilmes que são

constituídos por uma matriz extracelular onde os microrganismos se alojam e através dele

adquirem características peculiares. Este estudo teve como objetivo a formação de biofilmes com

kefir associado ao extrato de gérmen de soja com a finalidade de se obter a incorporação de

isoflavonas do gérmen de soja nos mesmos. Diferentes concentrações de grãos de kefir e de

gérmen de soja foram cultivados em meio de cultura com solução de açúcar mascavo (40g/L) por

20 dias quando os biofilmes foram retirados e foi aferido o pH do meio de cultura e a biomassa.

As isoflavonas foram extraídas do meio de cultura e quantificadas através de cromatografia

líquida de alta eficiência (CLAE). A quantidade de isoflavonas totais encontradas em extrato

puro de gérmen de soja foram 12 µg/L para gliciteína e 18 µg/L para genisteína. No meio de

cultura encontrou-se com 20 dias 19.59±3.57 µg/L de gliciteina e 23.86±2.21 µg/L de genisteina.

A melhor concentração de grãos de kefir com vista a extração de isoflavonas foi 40 g/L com

11,67 µg/L de gliciteína e 17,78 µg/L de genisteína. O processo fermentativo não afetou a

concentração das isoflavonas. Portanto, foi obtido meio de cultura com kefir e isoflavonas bem

como biofilmes de kefir com gérmen de soja. A fusão das propriedades do kefir com as

isoflavonas abre um potencial de aplicação terapeutica considerável.

Palavras-chave: Biofilmes. Kefir. Gérmen de Soja. Glycine max (L.) Merril. Isoflavonas

153

ABSTRACT

Isoflavones are bioactive phenolic compounds whose consumption can reduce the risk of

diseases. Among all the grains of beans that have been studied, soy is the one with the highest

levels of isoflavones. Kefir is a microbial complex consisting of Lactobacillus and yeast in

symbiosis that restores homeostasis intestine. Kefir can form biofilms who consist of an

extracellular matrix where microorganisms are housed and through acquire peculiar

characteristics. The aim of this study was to biofilm formation with kefir grains in the presence of

soy extract for performing the incorporation of isoflavones. Different concentrations kefir grains

and soy germ were growned in culture medium with brown sugar solution (40g/L) for 20 days

when biofilms were removed and the pH of the culture medium and biomass were measured.

Isoflavones of the medium of cuiture were extracted and quantified by high-performance liquid

chromatography (HPLC). The amount of total isoflavones found in soy germ extract were 12

µg/L for glycitein and 18 µg/L of genistein. The culture medium after 20 day was found

19.59±3.57 µg/L for glycitein and 23.86±2.21 µg/L of genistein. The best concentration of kefir

grains in order to isoflavone extraction was 40 g/L being found 11.67 µg/l glycitein and 17.78

µg/L of genistein. The fermentation process did not affected the concentration of isoflavones.

Thus, it was confirmed the incorporation of isoflavones in the biofilm with kefir. The merger of

kefir property with isoflavones opens a significant therapeutic application potential.

Keywords: Biofilms. Kefir. Soy Germ. Glycine max L. Merrill. Isoflavones

154

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos os efeitos de compostos fenólicos têm sido constantemente estudados

devido suas propriedades antioxidantes com ação preventiva e terapêutica contra várias doenças

crônico-degenerativas tais como a hipercolesterolemia, câncer dos seios e da próstata e doenças

cardiovasculares (CROZIER et al., 2009; GARCÍA-LAFUENTE et al., 2009). Dentre os

compostos fenólicos se destacam os flavonóides dos quais fazem parte as isoflavonas.

As isoflavonas compreendem as agliconas daidzeína, genisteína e gliciteína, os

respectivos b-glicosídios e os conjugados malonil-glicosídios e acetil-glicosídios. As isoflavonas

são compostos fenólicos bioativos cujo consumo pode reduzir os riscos de doenças

cardiovasculares, de alguns tipos de câncer, e de diabetes (BARNES et al., 1999; MANDARINO,

2010; LAUDANNA, 2006; IMAI, 2015). As isoflavonas também reduzem risco de osteoporose,

de câncer dos seios e de próstata (YU et al., 2015; VARINSKA et al., 2015).

Além de exercerem um potente efeito antioxidante as isoflavonas podem exercer no

organismo humano um efeito hormonal (IMAI, 2015) como fitoestrógenos ativos com

reconhecida capacidade hipocolesterolêmica (ROSSI et al., 2004).

Dentre todos os grãos já estudados, o grão de soja é o que possui os maiores teores de

isoflavonas, as quais estão relacionadas a fatores genéticos e ambientais (CARRÃO-PANIZZI et

al., 2009).

Processos fermentativos podem alterar os níveis e formas das isoflavonas nos produtos

acabados, reduzindo em até 13 vezes a quantidade de isoflavonas (ROSSI et al., 2004). A ação

hidrolítica da glicosidase própria de determinadas bactérias láticas pode fazer com que as

agliconas (genisteína e daidzeína) fiquem em níveis mais altos (MATSUDA et al., 1992; WANG;

MURPHY, 1994).

O kefir é um probiótico constituído por uma biomassa complexa com bactérias ácido

lácticas e ácido acéticas que vivem em simbiose em prol do hospedeiro originando um produto

fermentado que realiza a síntese e melhor absorção de proteínas, vitaminas e minerais

(FARNWORTH, 2005).

O kefir em água com açúcar constitui em um soro produzido a partir de fermentação de

bebidas fermentadas pelos grãos de kefir (LAUREY; DE VUYST, 2014).

O kefir tem possibilidade de participar em processos de formação de biofilmes.

155

Biofilmes são superfícies com alto grau de organização estrutural associados a colônias de

bactérias mantidas coesas através de um polímero secretado por suas células o qual é denominado

de substância polimérica extracelular (SPE) (ZHANG et al., 2015). Os biofilmes conferem

resistência ao stress, proteção contra impactos químicos e mecânicos e disponibilizam os

nutrientes, por isso são fundamentais para sobrevivência dos microrganismos (DAVEY;

O'TOOLE, 2000; GORBUSHINA; BROUGHTON, 2009).

O objetivo deste estudo foi a formação de biofilmes com kefir na presença de extrato de

germem de soja. Objetivou-se determinar a concetração necessária de gérmen de soja, de grãos

de kefir e para a produção de biofilmes, extrair e quantificar as isoflavonas que foram

incorporadas nos biofilmes e no meio de cultura com kefir

156

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE GÉRMEN DE SOJA NECESSÁRIA

PARA A FORMAÇÃO DE BIOFILMES COM KEFIR E AM

Para a obtenção dos biofilmes com gérmen de soja foram utilizados frascos com

capacidade de 3,6 L rinsados com etanol a 70% e colocados em cabine de fluxo laminar sob

radiação ultravioleta UV por duas horas. A uma solução de açúcar mascavo (AM) (40 g/L) com

20 g/L de grãos de kefir GK foram adicionadas diferentes concentrações de gérmen de soja (0, 1,

2, 5, 10, 20 g/L). Os frascos foram então acondicionadas à temperatura ambiente 25±2 °C por 20

dias. Após este tempo os biofilmes formados foram retirados e pesados. O volume e o pH da

solução remanescente foram medidos. O doseamento de isoflavonas foi realizado tanto no meio

como nos biofilmes. Foi considerada a melhor concentração de gérmen de soja a que apresentou

biomassa com consistência, ou seja, aquela que pôde ser separado do meio sem perda da

integridade com a maior concentração de isoflavonas.

Padrões de gliciteína e genisteína (Sigma Aldrich) foram utilizados na concentração de

0,0125mg/mL. Para preparao da solução padrão as isoflavonas foram extraídas do gérmen de soja

20 g/L com a utilização de etanol 70% por duas horas.

2.2 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE GRÃOS DE KEFIR NECESSÁRIA PARA

A FORMAÇÃO DE BIOFILMES COM GÉRMEN DE SOJA

Foram preparadas soluções de açúcar mascavo 40 g/L esterilizados a 121 °C durante 20

minutos em autoclave (Phoenix, Brasil). Foram adicionados em câmara de fluxo laminar 20 g/L

de gérmen de soja com as concentrações de 5, 10, 20, 40, 60 e 80 g/L de grãos de kefir nos

respectivos frascos. Os frascos foram armazenados a 25°C durante 20 dias. Após este período, os

biofilmes formados foram separados e pesados. Foi realizada o doseamento das isoflavonas tanto

no meio como nos biofilmes. Também foram aferidos o volume e o pH das soluções restantes. Os

biofilmes formados foran analisados por microscopia de força atômica (AFM) e por microscopia

eletrônica de varredura (MEV). O parâmetro analisado através da microscopia de força atômica

(AFM) foi a rugosidade.

157

2.3 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE ISOFLAVONAS NO MEIO DE

CULTURA E NOS BIOFILMES

A extração das isoflavonas foi realizada de acordo com a metodologia de Carrão-Panizzi

et al. (2002). Foram retiradas 100 ml de cada amostra do meio de cultura com solução de açúcar e

kefir com gérmen de soja e filtrado em papel Whatman com microporos com 8 de diâmetro.

Em seguida 1,5mL foi filtrado através de membrana com poros de 0,45 µm, da marca

“Millipore”. Para injeção no cromatógrafo líquido, foram utilizados 20 µL do extrato filtrado. A

separação e a quantificação das isoflavonas foram realizadas de acordo com modificações na

metodologia preconizada por Berhow (2002). As análises foram realizadas em cromatógrafo

líquido de alta performance-HPLC (Shimadzu corporation) equipado com auto-injetor, detector

de arranjo diodos com varredura de 190 a 500 nm.

Condições cromatográficas: cromatogramas obtidos em 254 nm, com temperatura do

forno mantida em 30 ºC, coluna de fase reversa Shim-pack VP-ODS (150 x 4.6 mm; 5 µm),

volume de injeção de 10 µL, utilizando como fase (A) água acidificada a 0,1 % com acido

acético, e como fase (B) Metanol, proporção (60:40) com vazão de 1 mL/min. A quantificação

das isoflavonas gliciteína e genisteína foram realizadas por comparação das áreas dos picos

obtidas a partir do preparo de soluções padrões contendo 10 µg/mL de gliciteína e 15 µg/mL de

genisteína diluídas em Metanol, posteriormente filtradas em membrana filtrante com poros de

0,45 µm (Millepore®) (César et al., 2007).

Os teores de isoflavonas determinados foram expressos em mg/100 g de amostra em

base seca. As isoflavonas separadas e quantificadas foram agliconas (gliciteína e genisteína

(COWARD et al., 1993). Os valores de isoflavonas foram apresentados em equivalentes

agliconas (GÓES-FAVONI et al., 2010).

2.4 DETERMINAÇÃO DE PERÍODO DE INCORPORAÇÃO DE ISOFLAVONAS

Os teores de isoflavonas foram quantificados no meio de cultura com 5, 10, 15 e 20 dias.

Foram efetivados o doseamento para gliciteína e genisteína.

158

2.5 DOSAGEM DE MACRO E MICROELEMENTOS DE BIOFILMES DE KEFIR COM

GÉRMEN DE SOJA

Foram utilizados 100 g gérmen de soja e 100 g de biofilmes formado com 20g/l de

gérmen de soja e 40 g/L de grãos de kefir para determinar as concentrações de macro e

microelementos através do processo de calcinação descrita por Salazar et al. (2011). A análise foi

levada a cabo num espectrofotômetro de absorção atómica (AAS Shimadzu modelo 6300). Estas

análises foram realizadas no Laboratório de Absorção Atômica e Bioprospecção (LAAB) da

Universidade Federal do Amapá, UNIFAP - Amapá - Brasil.

2.6 ANÁLISE ESTRUTURAL DE BIOFILMES DE KEFIR COM GÉRMEN DE SOJA

ATRAVÉS DE MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA (AFM)

A morfologia da superfície dos biofilmes formado com gérmen de soja foi analisada por

um Microscópio de Força Atômica (AFM), Easyscan2 AFM/STM da Empresa Nanosurf no

Laboratório de Ciências dos Materiais (LABMAT), Departamento de Física da UNIFAP. A

umidade relativa durante as medidas foi mantida a 51%.

A varredura (tamanho de digitalização) foi de 30 mm X 30 mm. As imagens foram

obtidas em contact mode (modo de contato). O cantilever utilizado tem forma retangular com

uma constante de mola de 0,77 nN/m e com uma força constante 0,2 N/m e frequência de

ressonância de 13 KHz. Para estas medições os biofilmes foram desidratados e eletrodepositados

em lâminas com filmes ouro e após 03/10 ciclos de digitalização foram analisadas por

voltametria cíclica.

Imagens de diferentes regiões dos biofilmes foram examinadas e analisadas com o

software AFM para calcular valores da rugosidade (RMS). Vários parâmetros de rugosidade

podem ser medidos através de AFM. Os parâmetros utilizados neste trabalho são a média de

rugosidade (Rm) e seu valor eficaz (RMS), calculados usando as seguintes equações (KHULBE

et al., 2008):

Onde Rm é a rugosidade média e Z (x, y) é a função da altura da área.

159

Onde RMS é expresso como a raiz quadrada de rugosidade média.

2.7 ANÁLISE DE BIOFILMES DE KEFIR COM GÉRMEN DE SOJA ATRAVÉS DE

MICROSCÓPIO ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)

A Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) foi utilizada para se analisar a estrutura e

a composição microbiológica dos biofilmes de kefir com gérmen de soja. Foi utilizado o

Microscópio Eletrônica de Varredura TM3030Plus do Laboratório de Pesquisa em Fármacos da

UNIFAP. do Laboratório de Pesquisa em Fármacos da Universidade Federal do Amapá

(UNIFAP), Macapá, Amapá, Brasil.

2.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para análise estatística dos resultados foi utilizado o software Statgraphics Centurion

XVI (STATPOINT Technologies, Inc, Warrenton, VA, EUA). Foi utilizada ANOVA seguido

pelo teste de Tukey, e o peso médio dos biofilmes de kefir com gérmen de soja foram analisados

utilizando o teste t de Student, e os resultados com p <0,05 foram considerados significativos.

160

3 RESULTADOS

3.1 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE GÉRMEN DE SOJA NECESSÁRIA

PARA A FORMAÇÃO DE BIOFILMES COM KEFIR E GÉRMEN DE SOJA

A amostra padrão de gliciteína apresentou uma dosagem equivalente à concentração de

12 µg/ml enquanto a amostra padrão com genisteína apresentou concentração de 15 µg/ml

(figura1). O extrato de gérmen de soja apresentou concentração de 21,48±1.45 µg/mL de

gliciteína e de 24.77±2.56 µg/ml de genisteína (figura 2).

Figura 1 – Perfil cromatográfico de agliconas padrão (Sigma Aldrich) através de cromatografia líquida de

alta eficiência (CLAE) para gliciteína e genisteína com tempo de retenção 9,2 minutos e 18,7 min.

respectivamente.

Figura 2 – Perfil cromatográfico obtido por CLAE composto padrão extrato de gérmen de soja para

gliciteína e genisteína com tempo de retenção 9,60 minutos e 18,50 min. respectivamente. As isoflavonas

foram extraídas do gérmen de soja 20 g/L com a utilização de etanol 70% por duas horas.

161

O aumento da concentração de gérmen de soja no meio de cultura coincidiu com o

aumento concomitantemente do conteúdo de isoflavonas quantificadas no mesmo. Assim

também, ocorreu que o crescimento da biomassa do biofilme foi maior com aumento de gérmen

de soja no meio (Tabela 1) mas não coincidiu exatamente com a incorporação de isoflavonas no

meio. A concentração de gérmen de soja de 10 g/L foi a que apresentou maior incorporação de

isoflavonas (39,63±0,64 µg/L de gliciteína e 42,24±0,4 µg/L de genisteína) (Tabela 1). O pH se

manteve constante e baixo entr 2,22 e 2,91 com 5g/L de gérmen de soja. (Tabela 1).

Também através da análise estatística constatou-se diferenças significante com relação à

incorporaçaõ de isoflavonas utilizando-se concentrações diferentes de gérmen de soja (ANOVA,

F = 207,39, p < 0,0001). Foi observado o aumento de incorporação de isoflavonas no meio de

cultura em concentrações crescentes de gérmen de soja atingindo o pico em 10 g/L (39,63±0,64

µg/L de gliciteína e 42,24±0,4 µg/L de genisteína). Houve diferença estatística entre presença de

isoflavonas apresentada nas concentrações de 20 mg/L (19,80±0,36 µg/L de gliciteína e

23,59±0,23 µg/L de genisteína) e a encontrada quando se utilizou a concentração de 10 mg/L

(Tabela 1).

Tabela 1 - Formação do biofilme com GK (20 g/L) e AM (40 g/L) em diferentes concentrações de

gérmen de soja (GS).

Conc. de GS (g) Cresc.(g)

média

isoflavonas pH Volume

gliciteína genisteína

0 6,75±0,14 0 2,28±0,02 480

1 10,06±0,26 7.65±0,20 9.57±0,10 2,29±0,01 485

2,0 17,30±1,02 11,54±0,10 10,41±0,06 2,40±0,02 480

5,0 7,63±0,46 17.50±0,07 13.75±0,09 2,91±0,02 475

10,0 16,52±0,95 39,63±0,64 42.24±0,40 2,33±0,01 465

20.0 46,37±0,4 19.80±0,36 23.59±0,23 2,43±0,02 465

162

Figura 3 – Perfil cromatográfico do meio de cultura com kefir 20 g/L com açúcar mascavo (40 g/L) mais

extrato de gérmen de soja a 10 g/L obtido através de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) para

gliciteína e genisteína com tempo de retenção 9,8 minutos e 19,8 min. respectivamente.

3.2 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE GRÃOS DE KEFIR NECESSÁRIA PARA

A FORMAÇÃO DE BIOFILMES COM GÉRMEN DE SOJA

Houveram diferenças estatísticas quando se utilizou diferentes concentrações de grãos

de kefir em meio de cultura com açúcar mascavo e gérmen de soja (ANOVA, F = 40,01 e valor

de p < 0,0001) e a melhor concentração objetivando formação de biofilme foi de 40 g/L

(44,49±2,09 g) (Tabela 2). Com relação à incorporação de isoflavonas a concentração de 60 g/L

foi a maior (32,65±3,98 µg/L de gliciteína e 39,89±3,25 µg/L de genisteína) (Tabela 2)

Tabela 2 - Formação do biofilme com gérmen de soja GS (40 g/L) e açúcar mascavo AM (40 g/L) em

diferentes concentrações de grãos de kefir (GK)

Conc. de GK

(g)

Cresc.(g)

média

isoflavonas pH Volume

gliciteína genisteína

10 23,87±0,15 8,76±0,67 9,44±1,43 4,03±0,01 485

20 19,48±0,35 10,35±0,54 11,78±2,55 3,76±0,02 480

40 44,49±2,09 17.48±2.41 14,09±1,45 3,80±0,15 475

60 32,85±0,95 32,65±3,98 39,89±3.25 3,80±0,01 465

80 32,55±0,70 19.59±3.57 22,78±8.21 3,77±0,0 465

100 34,39±0,45 22,34±1,54 23,45±2,23 3,49±0,02 471

163

Figura 4 – Foto de biofilmes de kefir (20 g/L) com açúcar mascavo (40 g/L) com gérmen de soja a) 20

g/L, b) 40 g/L, c) 80 g/L e d) 100 g/L

3.3 DETERMINAÇÃO DE PERÍODO NECESSÁRIO PARA INCORPORAÇÃO DE

ISOFLAVONAS

Constatou-se a presença de isoflavonas no meio de cultura com 5 dias (5,47±0.52 µg/L de

gliciteína e 7,4±0,49 µg/L de genisteína) atingindo o pico com 20 dias (Tabela 3). Além disso

com 5 dias ainda não houve formação de biofilmes, o que foi constatado de maneira perceptível

com 20 dias (19,59±3,57µg/L de gliciteína e 23,86±2,21µg/L de genisteína) (Tabela 3).

Tabela 3 – Determinação de período de tempo necessário para formação de biofilme e incorporação de

isoflavonas do biofilme de kefir associado ao germen de soja

Tempo

(Dias)

Biomassa (g) pH Vol (mL) Isoflavonas (µg/g)

gliciteina genisteina

5 2,95±0,24 3,66 204±3,51 5,47±0.52 7,4±0,49

15 5,81±0,23 3,57 185±1,67 17,51±0,47 18,56±0,63

20 10,54±1,10 3,49 188±1,27 19.59±3.57 23.86±2.21

Os números representam a média ± o desvio padrão

164

Figura 5 – Perfil cromatográfico obtido por CLAE de meio de cultura com kefir 20 g/L com extrato de

gérmen de soja 20 g/L cultivado por 5 dias para gliciteína e genisteína com tempo de retenção 9,60

minutos e 18,50 min. respectivamente.

3.4 DOSAGEM DE MACRO E MICROELEMENTOS DE BIOFILME COM GÉRMEN DE

SOJA

Quanto a composição de macro e microelementos foram encontrados no extrato de gérmen de

soja e nos biofilmes de kefir com gérmen de soja os seguintes componentes: Fe++ 0,916 mg/kg no

extrato do gérmen de soja e 2,54 mg/kg em biofilmes de kefir com gérmen, Mg++ 0,567 mg/kg m

gérmen de soja e 0,689 mg/kg em biofilme de kefir com extrato de gérmen de soja, Ca++ 0,836

mg/kg, em extrato de gérmen de soja e 0,740 mg/kg em biofilme de kefir com gérmen de soja. A

concentração de Zn++ foi 0,533 mg/kg em extrato de gérmen de soja e 0,654 mg/kg em biofilme

de kefir com extrato de gérmen de soja (Tabela 5). Não foi encontrado cobre.

Tabela 4 - Concentração de macro e microelementos do biofilme de kefir com gérmen de soja

Macro e microelementos GS

(µg/kg)

Biofilme com GS

(g/kg)

Mg++ 2,027 1,9514

Zn++ 0,1015 0,0845

Fe++ 0,1715 0,1689

Cu++ 0,1562 0,1264

Ca++ 0,1280 0,1660

165

3.5 ANÁLISE ESTRUTURAL BIOFILMES DE KEFIR E GÉRMEN DE SOJA POR

MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA E MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE

VARREDURA (MEV)

Na análise de biofilmes por AFM, obteve imagens com diferentes concentrações de

gérmen de soja, que revelaram as configurações de rugosidade (RMS), de acordo com a

concentração (Figuras 6, 7 e 8). A rugosidade permaneceu sem alteração significativa não

dependendo, portanto da concentração de gérmen de soja no meio de cultura. A imagem de perfil

obtida em microscopia eletrônica de varredura (MEV) mostra a estrutura de formação destes

biofilmes com camadas se sobrepondo Figura 9).

,

Figura 6 – Imagem gráfica obtida através de microscopia de força atômica (AFM) mostrando a

rugosidade (0,287 µm) de biofilme de kefir formado 2 g/L de gérmen de soja. Observa-se a presença de

Lactobacillus

Figura 7 – Imagem gráfica de biofilme de kefir com gérmen de soja (10g/L) obtida com microscopia de

força atômica (AFM). O aumento da concentração não alterou a rugosidade (0, 283 µm).

166

Figura 8 – Imagem gráfica de biofilme de kefir com gérmen de soja (80g/L) obtida com microscopia de

força atômica (AFM). A rugosidade RMS (0,167 µm) naõ foi alterada significativamente com o aumento

da concentração de gérmen de soja..

Figura 9 - Fotomicrografia eletrônica de varredura (MEV) de biofilme de kefir (20 g/L) com açúcar

mascavo (40 g/L) e gérmen de soja (20g/L) visualizada de perfil onde se observa as camadas que formam

os biofilmes se sobrepondo

167

Figura 10 - Fotomicrografia eletrônica de varredura (MEV) de biofilme de kefir (40 g/L) com açúcar

mascavo (40 g/L) com gérmen de soja (20 g/L) onde se visualiza hifa com moléculas adesivadas à mesma.

168

4 DISCUSSÃO

O processo fermentativo com kefir não resultou em diminuição na quantidade de

isoflavonas em relação à extração realizada com o extrato de gérmen de soja em procedimento

normal (com etanol a 70%). Enquanto o extrato de gérmen de soja apresentou a concentração de

21,48±1,45 µg/mL de gliciteína e de 24,77±2,56 µg/mL de genisteína (figura 2) a extração

realizada através do processo fermentativo com extrato de gérmens de sjoa e kefir resultou no seu

pico na concentração de 10 g/L para gliciteína 39,63±0,64 µg/L e para ginesteína 42,24±0,40

µg/L. Portanto, embora ROSSI et al. (2004) tenham reportado que o processo fermentativo

causou redução na quantidade de isoflavonas, o processo fermentativo com kefir não causou a

degradação das mesmas.

Para Xu et al. (2015) utilizando Lactobacillus plantarum CECT 748 T o conteúdo das

isoflavonas foi reduzido no processo fermentativos (de 3477 g/g para 794,84 g/g), tendo

ocorrido uma conversão das isoflavonas que passaram da forma glicosada para agliconas em

produtos fermentados de soja.

Com a utilização do kefir o processo fermentativo foi eficiente em extrair as isoflavonas

sem causar degradação das mesmas o que está de acordo com os dados obtidos por PURI et al.

(2015) que constataram que a fermentação de leite de soja com diferentes microrganismos pode

habilitar com mais eficiência o valor nutricional do que a fermentação utilizando monocultura

devido à correlação positiva entre o nível de enzimas e o conteúdo de isoflavonas.

O processo fermentativo pode alterar a biodisponibilidade das isoflavonas e também

pode converter a isoflavonas glicosadas em agliconas (YOO et al., 2015; XU et al., 2015),

compostos que efetivamente interessam para uso humano pois normalmente o organismo não

consegue absorver isoflavonas em formas glicosadas (OH, 2014).

É comum no processo fermentativo a redução de isoflavonas glicosadas por que o

radical glicosídeo é metabolizado pelos microrganismos (LANDETE et al., 2015). Por isso,

geralmente, no processo fermentativo ocorre um aumento de agliconas, o que é importante

considerando-se que as agliconas têm sido revelados como principais compostos da soja que

comportam propriedade terapêuticas (QUEIROZ, 2014). Tem sido confirmado que a genisteína

combate o câncer, além de assumir função de fitoestrógeno, enquanto que a gliciteína tem

despertado crescente interesse científico em função de suas atraentes propriedades biológicas

169

(ROH, 2014).

O uso do kefir ocasionou um efeito protetor no meio de cultura, impedindo a

desnaturação das proteínas da soja e, consequentemente, que ocorresse a putrefação. Quando o

processo fermentativo foi paralisado por algum fator (temperatura abaixo de 20°C, por exemplo)

ocorreu desnaturação protéica do extrato de gérmen de soja com consequente aumento do pH

(oscilando entre 6,5 a 7,5) e alteração de cor e odor do meio. Constatou-se também que, nestas

condições, as isoflavonas foram degradadas.

Houve diferença estatistica com relação à concentração de grãos de kefir utilizada

(p<0,01). O Teste Tukey confirmou que a melhor concentração de grãos para obtenção de

biomassa foi 40 g/L. As concentrações de 60 a 100 g/L naõ apresentaram diferenças estatísticas

quanto a formação de biomassa. A extração de isoflavonas que apresentou mais elevadas

dosagens foi obtida utilizando-se concentração de 60 g/L (32,65±3,98 µg/L de gliciteína e

39,89±3,25 µg/L de genisteína). O pH baixou de 6,5 no início do experimento para 3,49 na

concentraçãode 100g/L de grãos de kefir.

Utilizando a cultura de kefir para fermentação de leite de soja, Bau et al. (2015)

observaram que o pH baixou para 4,9 e ocorreu aumento de bactérias ácido láticas e

bioconversão de formas glicosadas em agliconas. Para Chun et al. (2008) utilizando co cultura de

Lactobacillus paraplantaruam, Enterococcus faecium e Weissela sp em fermentação de leite de

soja o pH baixou até 3,8 e, em 12 horas apenas, ocorreu a bioconversão de formas glicosadas de

isoflavonas para agliconas.

O tempo para incorporação de isoflavonas do meio de cultura foi de 20 dias obtendo

19,59±3,57 µg/L de gliciteína e 23,86±2,21 µg/L de genisteína (Tabela 3, figura 3). Com 5 dias

houve extração de 5,47±0.52 µg/L de gliciteína e 7,4±0,49 µg/L de genisteína (Tabela 3 figura 3).

Chun et al. (2006) estudaram o processo fermentativo com leite de soja após apenas 12 horas.

Bau et al. (2015) usou a cultura do kefir para fermentar o leite de soja por 30 horas resultando em

0,28 µg/g de gliciteína e 1,67 µg/g de genisteína. Anderson et al (1998) confirmaram que doses

mais baixas de genisteína agem similarmente a estrógenos com um efeito benéfico ao tecido

ósseo, mas em doses elevadas, podem exercer efeitos potencialmente adversos às funções

celulares dos tecidos ósseos.

Com relação à composição de macro e microelementos foi encontrado Fe++ 0,916 mg/kg

no extrato do gérmen e bem mais em biofilmes de kefir com gérmen de soja (2,54 mg/kg)

170

(Tabela4) decorrente, provavelmente do fato que o kefir foi cultivado em açúcar mascavo que é

rico em ferro.

Constaou-se também a incorporação de Mg++, tendo sido encontrado 0,567 mg/kg em

gérmen de soja e 0,689 mg/kg em biofilme de kefir associado ao extrato de soja. Em biofilmes de

kefir formado apenas em cultivo com açúcar mascavo a quantidade de Mg++ encontrada foi

inferior que em biofilmes de kefir associado ao extrato de gérmen desoja, o que sugere que o

magnésio foi incorporado em biofilmes proveniene tanto do açúcar mascavo como do extrato de

soja. Vale ressaltar que o magnésio tem grande importância em várias reações de anabolismo.

De igual maneira constaotuse que o Zn++ foi encontrado tanto no extrato de soja (0,533

mg/kg) como nos biofilmes de kefir associado ao extrato de gérmen de soja (0,654 mg/kg)

(Tabela4). A presença de zinco é de relevante importância nos biofilmes de kefir associado ao

gérmen de soja pois sabe-se que o Zn++ aumenta o efeito anabólico no metabolismo ósseo quando

adicionado a isoflavonas, notadamente, genisteína (YAMAGUCHI; GAO, 1998).

Ibramugy e Chibale (2013) encontraram os seguintes macroelementos nos grãos de soja:

fósforo, 0,52 mg/100g, ferro, 16,02 mg/ 100g, potássio, 1671,86 mg/100g, sódio, 67,16 mg/100g

e apenas traços de cálcio, paradoxalmente os resultados mostraram que a soja é uma significativa

fonte de cálcio para o organismo tendo sido encontrado no extrato e no gérmen de soja (0,836

mg/kg) como nos biofilmes (0,740 mg/kg) (Tabela4). Sgarbieri et al. (1981) em 100 g de amostra

em base seca encontraram 226 mg de cálcio. Este elemento é fundamental em prevenção e

tratamento de osteoporose, pois uma uma dieta provendo o cálcio, com uso de alimentos

contendo isoflavonas da soja e ômega 3, vitaminas D e K com atividade física regular e na

ausência do tabagismo mantém a saúde óssea e retarda ou mesmo evita a osteoporose. (ISHIMI,

2015; PAWLOWSKI et al., 2015). Há confirmação que o consumo de soja devido a sua alta

quantidade de isoflavonas evita a osteoporose através da inibição da reversão do cálcio. De

acordo com Zheng et al. (2016) as isoflavonas da soja têm efeitos sobre os ossos afetando a

modulação da remodelagem dos ossos evitando a perda óssea.

Através da análise de biofilmes por AFM, as imagens obtidas de biofilmes obtidos com

diferentes concentrações de gérmen de soja revelaram que as configurações de rugosidade (RMS)

foram dependentes da concentração (Figuras 6, 7 e 8). A rugosidade permaneceu sem alteração

significativa não dependendo, portanto da concentração de gérmen de soja no meio de cultura

(Figuras 6, 7 e 8). Com o uso de extrato de açaí (EHEEo) houve a relação dependente da

171

concentração do mesmo com a rugosidade. Sugere-se portanto que a concentração de açaí altera o

biofilme no parâmetro rugosidade devido ao açaí (Euterpe oleraçae Martius) ser rico em

compostos energéticos que podem afetam positivamente a rugosidade ou seja a estutura do

biofilme. Já na soja (Glycyne max (L) Merril predomina proteínas que não são utilizados como

fonte de carbono.

Condições de estresse, alteração de pH e disbiose dificultam a absorção intestinal de

compostos e de drogas. O sistema de liberação e absorção pode ser mantido salutar através da

ingestão e constante reposição de probióticos que mantêm as colônias da microbiota. Portando a

ingestão concomitante de probióticos com drogas pode ser uma eficaz estratégia para se

conseguir uma microbiota saudável em homeostase, e assim, se obter eficiente absorção de

fármacos (PRUDHVIRAJ et al., 2015) e também de compostos fenólicos cujos efeitos biológicos

dependem do seu mecanismo de ação no corpo que é afetado pela bioconversão pela microbiota

do cólon (BREYNAERT et al., 2010). Os biofilmes de kefir incorporaram isoflavonas

apresentando as condições para manter a homeostase intestinal para viabilizar a absorção eficaz

das isoflavonas.

172

5. CONCLUSÃO

Os biofilmes de kefir incorporaram isoflavonas e o processo fermentativo com os

grãos de kefir não reduziu a quantidades de isoflavonas. A melhor concentração de grãos de

kefir para produção de biomassa foi de 40 g/L, mas para a incorporação de agliconas a melhor

concentração foi de 60g/L. Com relação ao tempo de cultivo para a maior incorporação de

isoflavona nos biofilmes foram necessários 20 dias de cultivo. Nos biofilmes ocorreu a

incorporação de magnésio e zinco em maior quantidade do que a encontrada no gérmen de

soja. Não ocorreu alteração de rugosidade com o aumento da concentração de gérmen de

soja.

173

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo de kefir, evidentemente não é consumado com os resultados apresentados nesta

tese, porque trata-se de um tema de grande amplitude e relevância na área dos probióticos. Aqui

estudou-se a otimização da produção de biofilmes do kefir, como meio principal para

incorporação e veiculação de compostos bioativos de origem vegetal.

Constatou-se neste estudo a obtenção de biofilmes de kefir com consistência quando se

utilizou 20 g/L de grão de kefir com solução de açúcar mascavo 40 g/L. Já com solução de açúcar

branco foi necessário apenas soluções com 20 g/L. Com referência aos parâmetros cinéticos, a

temperatura ótima para obtenção dos biofilmes foi de 30°C e o pH estabilizou-se em torno de 2,8.

Em relação aos compostos voláteis majoritários presentes no meio de cultivo do kefir, por

cromatografia a gás detectou-se a predominância de compostos da classe dos ácidos carboxílicos,

ácidos graxos e hidrocarbonetos alifáticos e confirmou-se por espectrometria de absorção

atômica, que os biofilmes incorporaram macro e microelementos, notadamente o cálcio em

biofilmes sintetizados com solução de açúcar branco e o ferro em biofilmes sintetizados em

solução de açúcar mascavo. Na análise por AFM esta revelou que a rugosidade do biofilme é

dependente da concentração de grão de kefir.

Obteve-se biofilmes com extrato hidroetanólico de Euterpe oleracea (BEHEEo), os quais

preservaram as antocianinas do extrato hidroetanólico de açaí (EHEEo), e a análise por AFM

destes biofilmes confirmou que ocorre aumento da rugosidade do BEHEEo dependente da

concentração de EHEEo, concomitantemente mostrando Lactobacillus e leveduras de maneira

profícua nestes biofilmes.

Confirmou-se que os BEHEEo incorporaram e retiveram as antocianinas do EHEEo por

períodos relativamente longos (26 meses) e que em condições in vitro (pH 7,0, temperatura 38°C)

as antocianinas foram liberadas do BEHEEo.

Através da análise por microscopia eletrônica de varredura (SEM) do BEHEEo foi

possível constatar a coadesão das bactérias aos fungos filamentosos, evidenciando a importância

dessa interação para o desenvolvimento dos biofilmes.

Concernente à utilização de gérmen de soja no meio de cultura com kefir ocorreu a

formação de biofilmes os quais incorporaram isoflavonas (genisteína e gliciteína) e o processo

fermentativo não causou a redução de sua quantidade. Constatou-se que a concentração de grãos

174

de kefir necessária para obtenção de biofilmes com gérmen de soja foi de 40 g/L com relação à

biomassa, porém com 60 g/L de gérmen de soja obteve-se a maior quantidade de isoflavonas

incorporadas nos biofilmes. Foram necessários 20 dias para maior incorporação de isoflavonas do

gérmen de soja no meio de cultivo com kefir. A rugosidade dos biofilmes não foi dependente da

concentração de gérmen de soja.

Portanto, em decorrência da análise dos resultados obtidos conclui-se que através da

aplicação dos parâmetros estabelecidos neste estudo, biofilmes de kefir podem ser produzidos e

que a incorporação de compostos bioativos nestes biofilmes se torna factível, obtendo-se um

probiótico Amazônico com imenso potencial de aplicação terapêutica.

175

REFERÊNCIAS

ARAÜJO, J. M. A.; CARLOS, J. C. S.; SEDYAMA, C. S. Isoflavonas em grãos de soja:

importância da atividade de B-glicosidase na formação do sabor amargo e

adstringente. Ciênc. Tecnol. Alim. v. 17, p. 137-141, 1997.

AUSSENAC, T. et al. Quantification of isoflavones bycapillary zone electrophoresis in soybean

seeds: effects of variety and environment. Am. J. Clin. Nutr. v. 68, p. 1 480S-1 485S, 1998.

ANDERSON, J. J. B., GARNER, S. C. Phytoestrogens and human function. Nutrition Today, v.

32, n. 6, p. 232-239, 1997.

ASHFORD, M.; FELL, J. T.; ATTWOOD, D.; SHARMA, H.; WOODHEAD, P. J. Studies on

pectin formulations for colonic drug delivery. J. Control. Release, v. 30, p. 225-232, 1994

BARNES, S.; KIM, H.; XU, J. Soy in the prevention and treatament of chronic diseases. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE SOJA, 1999, Londrina. Anais... Londrina: Embrapa CNPSo,

1999, p. 295-310. (Embrapa CNPSo. Documentos, n. 124).

BAÚ, T. R.; GARCIA, S.; IDA, E. I. Changes in soymilk during fermentation with kefir culture:

oligosaccharides hydrolysis and isoflavone aglycone production. Int J Food Sci Nutr., v. 66, n 8,

p. 845-850, 2015.

BREYNAERT, A.; BOSSCHER, D.; KAHNT, A.; CLAEYS, M.; COS, P.; PIETERS, L.;

HERMANS, N. Development and Validation of an in vitro experimental GastroIntestinal

Dialysis Model with Colon Phase to Study the Availability and Colonic Metabolisation of

Polyphenolic Compounds. Planta Med. v. 81, n. 12-13, p.1075-83, 2015.

BURDA, S.; OLESZEK, W. Antioxidant and antiradical activities of flavonoids, Journal of

Agricultural and Food Chemistry, v.49, p.2774-2779, 2001.

CARRÃO-PANIZZI, M. C.; BERHOW, M.; MANDARINO, J. M. G.; OLIVEIRA, M. C. N.

Enviromental and genetic variation of isoflvones content of soybean seeds grown in Brazil.

Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 44, n. 11, p. 1444-1451, 2009ª

CARRÃO-PANIZZI, M. C.; FAVONI, S. P. G.; KIKUCHI, A. Extraction time for isoflvone

determination. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 45, n. 4, p. 515-518, 2002.

CÉSAR, I. C.; BRAGA, F.C., VIANNA-SOARES, C. D.; NUNAN, E. A.; BARBOSA, T. A. F.;

MOREIRA-CAMPOS, L. M. M. Determinação de daidzeína, genisteína e gliciteína em cápsulas

de isoflavonas por cromatografia em camada delgada (CCD) e cromatografia líquida de alta

176

eficiência (CLAE). Brazilian Journal of Pharmacognosy, v. 17, n. 4, p. 616-625, 2007.

CHUN, J.; JEONG, W. J.; KIM, J. S.; LIM, J.; PARK, C. S.; KWON, D. Y.; CHOI, I.; KIM, J.

H. Hydrolysis of isoflavone glucosides in soymilk fermented with single or mixed cultures of

Lactobacillus paraplantarum KM, Weissella sp. 33, and Enterococcus faecium 35 isolated from

humans. Journal of Microbiology & Biotechnology, v. 18, n. 3, p. 573-578, 2008.

COSTA, P., LOBO, J. M. S. Formas farmacêuticas de liberação modificada. Rev. Port. Farm.,

Lisboa, v. 59, n. 4, p. 181-190, 1999.

COWARD, L.; BARNES, N. C.; SETCHELL, K. D. R.; BARNES S. Genistein, Daidzein, and

their b-glucoside conjugates: Antitumor isoflavones in soybean foods from American and Asian

diets. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 41, p. 1961-1967, 1993.

CROZIER, A.; JAGANATH, I. B.; CLIFFORD, M. N. Dietary phenolics: chemistry,

bioavailability and effects on health. Nat Prod Rep, v. 26, n. 8, p. 1001-1043, 2009.

DAVEY, M. E., O'TOOLE, G. A. Microbial biofilms: from ecology to molecular genetics.

Microbiology and Molecular Biology Reviews, v. 64, n. 847, 2000.

DRESSMAN, J. B., AMIDON, G. L., REPPAS, C., SHAH, V. P. Dissolution testing as a

prognostic tool for oral drug absorption: immediate release dosage forms. Pharm. Res., New

York, v. 15, n. 1, p. 11-22, 1998.

ELDRIDGE, A.C.; KWOLEK, W.F. Soybean isoflavones: effects of envirnment and variety on

composition. J. Agric. Food Chem., v. 31, p. 394-396, 1983.

FARNWORTH, E. R. Kefir – a complex probiotic. Food Science and Technology Bulletin:

Functional Foods, v. 2, p. 1-17, 2005.

FREIRE, A. C.; PODCZECK, F.; SOUSA, J.; VEIGA, F. Liberação específica de fármacos no

cólon por via oral. II - Tipos de sistemas utilizados. Revista Brasileira de Ciências

Farmacêuticas v. 42, n. 3, 2006.

GALATI, G.; O’ BRIEN, P. J. Potenctial toxicity of flavonoids and other dietary phenolics:

significance for their chemo preventive and anticancer properties. Free Radical Biology &

Medicine. v. 37, n. 3, p. 287-303, 2004.

177

GARCÍA-LAFUENTE, A.; GUILLAMÓN, E.; VILLARES, A.; ROSTAGNO, M. A.;

MARTÍNEZ, J. A. Flavonoids as anti-inflammatory agents: implications in cancer and

cardiovascular disease. Inflamm Res., v. 58, p. 537–552, 2009.

GÓES-FAVONI, S. P.; CARRÃO-PANIZZI, M. C.; BELÉIA, A. D. P. Changes of isoflvone in

soybean cotyledons soaked in different volumes of water. Food Chemistry, Oxford, v. 119, p.

1605-1612, 2010.

GORBUSHINA, A.A., BROUGHTON, W.J. Microbiology of the atmosphere-rock interface.

how biological interactions and physical stresses modulate a sophisticated microbial ecosystem.

Annu. Rev. Microbiol. v. 63, p. 431–450, 2009.

HANSON-RESEARCH-CORPORATION. Dissolution: Past, Present & Future. 2. ed.

Chatsworth: Hanson Research, 1996. p. 2-12.

HOUSTON, M.C. Nutraceuticals, vitamins, antioxidants, and minerals in the prevention and

treatment of hypertension. Progress in Cardiovascular Diseases, v.47, n.6, p.396-449, 2005.

IBRAMUGY, A. D.; CHIBALE, M. A. avaliação físico-química dos grãos de soja Laborat.

Nacion. Higien. Aliment. Aguas, p. 6, 2013 Acessado dia 24-01-2016, 20:00 hs ver HTLM

IMAI, S. Soybean and processed soy foods ingredients, and their role in cardiometabolic risk

prevention. Recent Pat Food Nutr Agric v. 7, n. 2, p. 75-92, 2015.

ISHIMI, Y. Osteoporosis and Lifestyle. Journal Nutr Sci Vitaminol., v. 61, p. 139-141, 2015.

KING, A.; YOUNG, G. Characteristics and occurrence of phenolic phytochemicals. Journal of

American Diet. Association, v.99, p.213-218, 1999.

KUDOU, S.; FLEURY, Y.; WELTI, D.; MAGNOLATO, D.; UCHIDA, T.; KITAMURA, K.;

OKUBO, K. Malonyl isoflvone glycosides in soybean seeds (Glycine maxMerrill). Agricultural

and Biological Chemistry, v. 55, n. 9, p. 2227-2233, 1991

LAUDANNA, E. Propriedades funcionais da soja. Informe Agropecuário, v. 27, n. 230, p. 15-

18, 2006.

LANDETE, M. J.; HERNÁNDEZ, T.; ROBREDO, S.; DUEÑAS, M.; DE LAS RIVAS, B.;

ESTRELLA, I.; MUÑOZ, R. Effect of soaking and fermentation on content of phenolic

compounds of soybean (Glycine max cv. Merit) and mung beans (Vigna radiata [L] Wilczek).

Int J Food Sci Nutr, v. 66, p. 203-209, 2015.

178

LAUREYS, D.; DE VUYST L. Microbial species diversity, community dynamics, and

metabolite kinetics of water kefir fermentation. Appl. Environ. Microbiol., v. 80, p. 2564-2572,

2014.

LIN, C. W.; CHEN, H. L.; LIU, J. R. Identification and Characterisation of lactic acid bacteria

and yeasts isolated from kefir grains in Taiwan. Australian journal of dairy technology, v. 54,

n. 1, p. 14-18, 1999.

MACHERAS, P.; REPPAS, C.; DRESSMAN, J. B. Biopharmaceutics of orally administered

dosage forms. Chiester: Taylor & Francis, 1995. p.75-91.

MANADAS, R.; PINA, M. E.; VEIGA, F. A dissolução in vitro na previsão da absorção oral de

fármacos em formas farmacêuticas de liberação modificada. Revista Brasileira de Ciências

Farmacêuticas Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 38, p. 375-399, 2002.

MANDARINO, J. M. G. Compostos Antinutricionais da Soja: Caracterização e

Propriedades Funcionais. In: COSTA, N. M. B.; ROSA, C. O. B. Alimentos funcionais:

componentes bioativos e efeitos. Rio de Janeiro: Rubio, 2010. p. 177-192.

MATSUDA, S. et al. Hydrolysis of isoflavones in soybean cooked syrup by Lactobacillus casei

subsp.rhaminosus IFO 3425. J. Ferm .Bioeng. , v.74, p.301-304, 1992.

MITHANI, S. D.; BAKATSELOU, V.; TENHOOR, C. N.; DRESSMAN, J. B. Estimation of the

increase in solubility of drugs as a function of bile salt concentration. Pharm. Res., v. 13, p. 163-

167, 1996.

NADELL, C. D.; DRESCHER, K.; WINGREEN, N. S.; BASSLER, B. L. Extracellular matrix

structure governs invasion resistance in bacterial biofilms. ISME Journal Advance, v. 55, n. 11,

p. 396-407, 1997.

OH, H. G.; NALLAMSHETTY, S.; RHEE, E. J. Increased Risk of Progression of Coronary

Artery Calcification in Male Subjects with High Baseline Waist-to-Height Ratio: The Kangbuk

Samsung Health Study. Diabetes Metab J., v. 40, n. 1, p. 54-61, 2016.

PARK, Y. K.; AGUIAR, C. L.; ALENCAR, S. M.; MASCARENHA, S. A.; SCAMPARINI, A.

R. P. Conversão de malonil-glicosil isoflavonas em isoflavonas glicosiladas presentes em alguns

cultivares de soja brasileira. Ciênc. Tecnol. Alim., v. 22, n.1 p. 30-35, 2002.

PAWLOWSKI, J. W.; MARTIN, B. R.; MCCABE, G. P.; MCCABE, L.; JACKSON, G. S.;

PEACOCK, M.; BARNES, S.; WEAVER, C. M. Impact of equol-producing capacity and soy-

isoflavone profiles of supplements on bone calcium retention in postmenopausal women: a

randomized crossover. Am. J. Clin. Nutr., v. 102, n. 2, p. 695-703, 2015.

179

PREECHAGOON, D.; UDOMPRATEEP, A.; MANWIWATTANAGUL, G. Improved

dissolution rate of poorly soluble drug by incorporation of buffers. Drug Dev. Ind. Pharm., v.

26, n. 8, p. 891-894, 2000.

PEETERS, R.; KINGET, R. Film-forming polymers for colonic drug delivery: I. Synthesis and

physical and chemical properties of methyl derivates of Eudragit S. Int. J. Pharm., v. 94, p. 125-

134, 1993.

PRUDHVIRAJ, G.; VAIDYA, Y.; SINGH, S. K.; YADAV, A. K.; KAUR, P.; GULATI, M.;

GOWTHAMARAJAN, K. Effect of co-administration of probiotics with polysaccharide based

colon targeted delivery systems to optimize site specific drug release. Eur J Pharm Biopharm,

v. 97, p. 164-172, 2015

PURI, A.; MIR, S. R.; PANDA, B. P. Effect of sequential bio-processing conditions on the

content and composition of vitamin K2 and isoflavones in fermented soy food, J Food Sci

Technol. v. 52, n. 12, p. 8228-8235, 2015.

QUEIRÓS, L. D. Biotransformação de compostos fenólicos do extrato de soja para obtenção

de produto rico em compostos bioativos, 2014. 84 p. Dissertação (mestrado) – Universidade

Estadual de Campinas, (UNICAMP) Faculdade de Engenharia de Alimentos. Campinas, 2014.

ROH, C. Microbial transformation of bioactive compounds and production of ortho-

dihydroxyisoflavones and glycitein from natural fermented soybean paste. Biomolecules, v. 4, p.

1093-1101, 2014.

ROSSI, E. A.; ROSIER, I.; DÂMASO, A. R.; CARLOS, I. Z.; VENDRAMINI, R. C.;

ABDALLA, D. S. P.; TALARICO, V. H.; MINTO, D. F. Determinação de isoflavonas nas

diversas etapas do processamento do “iogurte” de soja. Alim. Nutr., v. 1 5, p. 93-99, 2004.

SGARBIERI, V. C.; GARRUTI, E. C.; GUZMÁN, E. C. Soybeans as an extender of common

beans. JAOCS, v.58, n. 3, p. 522-526, 1981.

SHUAI, S; YUE, S.; HUANG, Q.; WANG, W.; YANG, J.; LAN, K.; YE, L. Preparation,

characterization and in vitro/vivo evaluation of tectorigenin solid dispersion with improved

dissolution and bioavailability. Eur J Drug Metab Pharmacokinet, 2015 IN PRESS [Epub ahead

of print]

STATGRAPHICS CENTURION XVI SOFTWARE (Statpoint Technologies, Inc, Warrenton, VA,

USA).

SUGIYAMA, A.; YAMAZAKI, Y.; YAMASHITA, K.; TAKAHASHI, S.; NAKAYAMA, T.;

180

YAZAKI, K. Developmental and nutritional regulation of isoflavone secretion from soybean

roots. Biosci. Biotechnol. Biochem., v.80, n. 1, p. 89-94, 2015.

TEZUKA, H.; IMAI, S. Immunomodulatory Effects of Soybeans and Processed Soy Food

Compounds. Recent Pat Food Nutr Agric, v. 7, n. 2, p. 92-99, 2015.

TREVISANATO, S. I.; KIM, Y. I. Tea and Health. Nutrition Reviews, v.58, p.1-11, 2000.

TSUKAMOTO, C.; SHIMADA, S.; IGITA, K.; KUDOU, S.; KOKUBUN, M.; KUBO, K.;

KITAMURA, K. Factors Affecting Isoflvone Content in Soybean Seeds: Changes in Isoflvones,

Saponins, and Composition of Fatty Acids at Different Temperatures during Seed Development.

Journal of Agricultural and Food Chemistry, Washington, v. 43, n. 5, p. 1184-1192, 1995.

http://dx.doi.org/10.1021/jf00053a0120, 2000.

UI, J. H.; QIAN, Y.; MIAO, W. J.; XIA, Q. Preparation and in vitro evaluation of gastroretentive

dosage form containing puerarin-HP-beta-CD inclusion complex. Zhongguo Zhong Yao Za

Zhi, v. 33, p. 1960-1963, 2008.

VARINSKA, L.; GAL, P.; MOJZISOVA, G.; MIROSSAY, L.; MOJZIS, J. Soy and breast

cancer: focus on angiogenesis. Int J Mol Sci, v. 16, p. 11728-11749, 2015.

WANG, H. J.; MURPHY, P. A. Isoflavone content in commercial soybean foods. J. Agric.Food

Chem., v. 42, p.1666-1673, 1994.

WANG, H. J. Quantification of potentially anticarcinogenic isoflavones in soy foods and the

effect of processing on the composition of isoflavones. Dissertation Abstracts Intern., B, v. 55,

n. 7, 128p. 1995.

XU, L.; DU, B.; XU, B. A systematic, comparative study on the beneficial health components

and antioxidant activities of commercially fermented soy products marketed in China. Food

Chem, v. 174, p. 202-13, 2015.

YAMAGUCHI, M.; GAO, Y. H. Anabolic effect of genistein and genistin on bone metabolism

in the femoral-metaphyseal tissues of elderly rats: the genistein effect is enhanced by zinc. Mol

Cell Biochem., v. 178, n. 1-2, p.377-382.

YEH, C. C.; FAN, Y.; JIANG, L.; YANG, Y. L.; HE, B.; YOU, L.; MANN, M. Genistein

Suppresses Growth of Human Uterine Sarcoma Cell Lines via Multiple Mechanisms. Anticancer

Res, v. 35, n. 6, p. 3167-3173, 2015.

181

YOO, H. W.; CHANG, M. J.; KIM, S. H. Fermented soybeans by Rhizopus oligosporus reduce

femoral bone loss in ovariectomized rats. Nutr Res Pract, v. 8, p. 539-543, 2015.

YU, F.; LIU, Z.; TONG, Z.; ZHAO, Z.; LIANG, H. Soybean isoflavone treatment induces

osteoblast differentiation and proliferation by regulating analysis of Wnt/β-catenin pathway.

Gene, v. 573, n. 2, p. 273-277, 2015.

ZHANG, W.; DAI, W.; TSAI, S. M.; ZEHNDER, S. M.; SARNTINORANONT, M.;

ANGELINI, T. E. Surface indentation and fluid intake generated by the polymer matrix of

Bacillus subtilis biofilms. Soft Matter, v. 11, n. 18, p. 3612-3617, 2015.

ZHENG, X.; LEE, S. K.; CHUN, O. K. Soy Isoflavones and Osteoporotic Bone Loss: A Review

with an Emphasis on Modulation of Bone Remodeling. Journal Med Food, v. 19, n. 1, p. 1-14,

2016.