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Universidade Federal da Bahia Faculdade de Farmácia Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos Mestrado em Ciência de Alimentos FORMULAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E EFICÁCIA ANTIOXIDANTE DE FILMES BIODEGRADÁVEIS ATIVOS A BASE DE QUITOSANA, GLICEROL E ADITIVOS NATURAIS MARIA CECÍLIA CASTELO BRANCO DE SANTANA Salvador 2012

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Universidade Federal da Bahia

Faculdade de Farmácia Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos

Mestrado em Ciência de Alimentos

FORMULAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E EFICÁCIA ANTIOXIDANTE

DE FILMES BIODEGRADÁVEIS ATIVOS A BASE DE QUITOSANA,

GLICEROL E ADITIVOS NATURAIS

MARIA CECÍLIA CASTELO BRANCO DE SANTANA

Salvador

2012

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MARIA CECÍLIA CASTELO BRANCO DE SANTANA

FORMULAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E EFICÁCIA ANTIOXIDANTE

DE FILMES BIODEGRADÁVEIS ATIVOS A BASE DE QUITOSANA,

GLICEROL E ADITIVOS NATURAIS

Orientadora: Professora Dra. Janice Izabel Druzian

Co-orientação: Professor Dr. Renato Souza Cruz

Salvador

2012

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Ciência de Alimentos,

Faculdade de Farmácia, Universidade Federal

da Bahia, como requisito para a obtenção do

grau de Mestre em Ciência de Alimentos.

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TERMO DE APROVAÇÃO

MARIA CECÍLIA CASTELO BRANCO DE SANTANA

FORMULAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E EFICÁCIA ANTIOXIDANTE DE FILMES

BIODEGRADÁVEIS ATIVOS A BASE DE QUITOSANA, GLICEROL E ADITIVOS

NATURAIS

DISSERTAÇÃO APROVADA COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO

GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS, UNIVERSIDADE FEDERAL DA

BAHIA, PELA SEGUINTE BANCA EXAMINADORA:

Prof.ª Dr.ª Itaciara Larroza Nunes________________________________________________

Doutora em Ciência de Alimentos (UNICAMP)

Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Prof. Dr. Giovani Brandão Mafra de Carvalho______________________________________

Pós-Doutorado (UNICAMP), Doutor em Biotecnologia Industrial (USP Lorena)

Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)

Prof.ª Dr.ª. Janice Izabel Druzian – Orientadora _____________________________________

Doutora em Ciências de Alimentos (UNICAMP)

Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Salvador, 26 de abril de 2012.

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“Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; todavia eu me

alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação.”

Habacuque, 3:17-18

“O rio chega ao mar porque sabe contornar os obstáculos.”

Lao Tse

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DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado aos meus preciosos pais Rosalvo (in memorian) e Margarida, cujos

exemplos de vida são o lastro da minha existência. Meu pai pela garra e honestidade. Minha

mãe, pela sabedoria e amor incondicional. Ao meu avô materno, Admir Castelo Branco, por

sempre incentivar os meus estudos. Às minhas irmãs Fabiana, Fernanda e Rosana pelo eterno

elo de amor e alegria. Aos meus sobrinhos, Mateus e Gabriel, por me fazerem sentir algo

inexplicável toda vez que me lembro de suas existências.

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AGRADECIMENTOS

Agradecer... Talvez este seja um dos maiores desafios deste trabalho! Como é importante

reconhecer o apoio das pessoas para se alcançar qualquer que seja o objetivo.

Acima de tudo, agradecer a Deus. A Ele, toda Honra, todo Louvor, toda Glória. Obrigada

Senhor, por me guiar em todas as etapas deste Mestrado, me enchendo de forças quando

achava que não ia conseguir; abrindo as portas, quando elas pareciam estar fechadas

colocando pessoas tão especiais em meu caminho, me protegendo tantas vezes nesta BR

contra adversidades... Te amo, Meu Senhor.

À minha orientadora, Professora Drª. Janice Druzian, exemplo de profissional dedicada e

competente. Verdadeiro exemplo de batalha e superação, dia a dia, levando o nome da

Universidade Federal da Bahia a lugares de destaque e louvor. Obrigada, porque além de

ensinamentos científicos, a senhora demonstrou que acreditando nas pessoas comprometidas é

possível se realizar sonhos.

Ao meu co-orientador Dr. Renato Cruz, que além de profissional excepcional (todas as

homenagens e prêmios que recebe já destacam isso) é uma pessoa maravilhosa (todos os

alunos e colegas da nossa estimada Universidade Estadual de Feira de Santana e de outras

universidades também, inclusive a UFBA, concordam comigo).

Aos meus pais, por todo esforço que fizeram para me dar educação de qualidade. Obrigada

principalmente a minha mãe, por nunca deixar de se sacrificar para me ajudar. Meu amor por

ti mainha, é eterno. Às minhas irmãs por todo carinho e atenção; Rosana obrigada pela força

com a empresa, enquanto estava escrevendo este trabalho, jamais esquecerei. Aos meus

cunhados, Evandro, Wilson e Luciano, principalmente a Lu, pelo apoio científico concedido.

À minha querida amiga Bruna Machado. Não tenho palavras para agradecer todo o seu apoio.

Jamais esquecerei que você me acolheu em sua casa no momento decisivo deste Mestrado.

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Disso, nasceu uma grande amizade e da minha parte também eterna, conte comigo para o que

você precisar. Estendo o agradecimento a João, seu esposo.

Letícia Reis, minha amiga, você compartilhou todas as suas dificuldades e facilitou meu

caminhar com a sua própria experiência. Muito Obrigada Leti, por ser assim tão humilde e ter

um coração tão bom.

Aos meus colegas e amigos da UEFS que toparam este desafio comigo, Antônia, Priscilla e

Andson. A companhia de vocês tornou as minhas viagens diárias menos cansativas. Como

excelentes profissionais que são, sei que um futuro brilhante os espera. Às professoras

Cristina Silva e Elisa Teshima, minhas eternas mestras.

A todos os colegas e amigos da UFBA, pessoas que só acrescentaram a minha existência.

Agradeço a Carolina Souza, que não negou seu tempo, nem conhecimentos para me auxiliar.

À Ingrid Ramos pelas análises termogravimétricas realizadas. E a toda equipe do LAPESCA

por terem me acolhido tão bem, pelos momentos de amizade e conhecimentos

compartilhados.

Às estagiárias Tamara, pois sem vocês com certeza não seria possível. E também pela

amizade que desenvolvemos e que quero levar para o resto da vida, viu?

À UFBA por abrir suas portas para realização do mestrado e ao Departamento de Análises

Bromatológicas da Faculdade de Farmácia por disponibilizar tudo o necessário para a

realização desta pesquisa. À professora Drª. Alaíse Gil Guimarães por sempre dar o seu

melhor pelo desenvolvimento de nossas atividades.

À Prof.ª Dr.ª Itaciara Larroza pela competência, simpatia e disponibilidade.

À CAPES pelo apoio financeiro tão fundamental.

Muito obrigada!

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ÍNDICE

Introdução Geral ............................................................................................................ ........17

Referências ...............................................................................................................................19

Objetivos ................................................................................................................... ..............21

Objetivo geral ...........................................................................................................................21

Objetivos específicos ...............................................................................................................21

Capítulo I ................................................................................................................................22

Revisão Bibliográfica .............................................................................................................23

1.0 Embalagens .............................................................................................................. ..........23

1.1 Embalagens Ativas .............................................................................................................23

1.2 Embalagens Biodegradáveis...............................................................................................25

1.3 Quitosana ...........................................................................................................................29

1.4 Antioxidantes......................................................................................................................36

1.5 Azeite de dendê...................................................................................................................37

1.6 Urucum ...............................................................................................................................39

1.7 Plastificantes................................ ......................................................................................40

1.8 Caracterização de filmes biodegradáveis: análises colorimétricas e termogravimetria......42

1.9 Espessura, Atividade de água e Propriedades de barreira...................................................46

1.10 Propriedades Mecânicas....................................................................................................48

Referências Bibliográficas....................................................................................................... 49

CapítuloII Tendências Tecnológicas do biopolímero Quitosana e de filmes elaborados a

partir desta matriz através da prospecção em base de patentes.....................................59

1.0 Introdução ..........................................................................................................................61

2.0 Aspectos metodológicos.....................................................................................................63

3.0 Resultados e Discussão...................................................................................................64

3.1 Pesquisa dos documentos de patentes.........................................................................64

3.2 Objetos das patentes depositadas........................................................................................64

3.3 Instituições de depósitos.....................................................................................................67

3.4 Países detentores da tecnologia....................................................................................68

3.5 Patentes depositadas ao longo dos anos..........................................................................69

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4.0 Conclusões....................................................................................................................71

Referências.........................................................................................................................72

Capítulo III Desenvolvimento e caracterização dos filmes biodegradáveis a base de

quitosana plastificados com glicerol e incorporados de urucum e azeite de

dendê........................................................................................................................................74

1.0 Introdução .............................................................................................................. ............78

2.0 Material e Métodos.............................................................................................................81

2.1 Material ................................................................................................................ ..............81

2.2 Elaboração de Filmes Biodegradáveis................................................................................83

2.3 Técnicas de Caracterização dos Filmes .............................................................................83

2.3.1 Propriedades ópticas: análise colorimétrica..................................................................83

2.3.2 Espessura..........................................................................................................................83

2.3.3 Teores de Sólidos Totais .................................................................................................83

2.3.4 Atividade de água (aw) ...................................................................................................83

2.3.5 Umidade..........................................................................................................................84

2.3.6 Taxa de Permeabilidade ao vapor de água ......................................................................84

2.3.7Ensaios de Tração............................................................................................................84

2.3.8 Propriedade térmica: Análise termogravimétrica.......................................................85

2.3.9 Solubilidade dos filmes.............................................................................................85

2.3.10 Avaliação da biodegradabilidade............................................................................86

2.3.10.1 Preparo do solo....................................................................................................86

2.3.10.2 Teste de Biodegradabilidade...................................................................................86

2.4 Análise Estatística ........................................................................................................87

3.0 Resultados e Discussão...............................................................................................87

3.1 Caracterização dos filmes de quitosana plastificados com glicerol incorporados com

urucum e azeite de dendê.........................................................................................................87

3.1.1.1 Propriedades ópticas: análise colorimétrica.................................................................90

3.1.1.2 Propriedades de barreira dos filmes.....................................................................96

3.1.1.3 Propriedades mecânicas dos filmes.............................................................................112

3.1.1.4. Análise termogravimétrica (TGA)......................................................................123

3.1.1.5 Solubilidade dos filmes......................................................................................125

3.1.1.6 Avaliação da biodegradabilidade dos filmes..............................................................127

3.2 Conclusões .......................................................................................................................130

Referências Bibliográficas......................................................................................................131

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Capítulo IV ...........................................................................................................................140

Desenvolvimento e avaliação da eficácia de filmes biodegradáveis a base de quitosana

plastificados com glicerol e incorporados com urucum e azeite de dendê como aditivos

antioxidantes .........................................................................................................................141

1.0 Introdução ........................................................................................................................142

2.0 Material e Métodos .........................................................................................................143

2.1 Material .............................................................................................. ..............................143

3.0 Resultados e Discussão ..................................................................................................143

4.0 Conclusões .......................................................................................................................146

Referencias..............................................................................................................................147

Considerações Finais ............................................................................................................150

Anexo I ...................................................................................................................................152

.

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LISTA DE FIGURAS

Capítulo I

Figura 1. Participação de cada segmento na indústria de embalagem.

Figura 2. Distribuição em Aplicações de PEBD

Figura 3. Representação esquemática da estrutura primária da quitosana, sendo n o grau

de polimerização.

Figura 4. Ciclo de vida da quitosana

Figura 5. Uso da quitosana no ramo alimentício.

Figura 6. Estrutura da bixina e norbixina

Capítulo II

Figura 1: Distribuição de patentes de acordo com critério processo x produto.

Figura 2: Distribuição de patentes conforme área de aplicação destas.

Figura 3: Distribuição das patentes de acordo com as instituições de depósitos.

Figura 4: Distribuição de patentes de acordo com países detentores da tecnologia

Figura 5 - Número de patentes ao longo dos anos.

Capítulo II

Figura 1. Ilustração das 27 formulações elaboradas dos filmes de quitosana incorpora-

dos com glicerol e incorporados de azeite de dendê

Figura 2. Gráfico de Pareto para o parâmetro L* dos filmes.

Figura 3. Superfícies de resposta evidenciando as interações das variáveis (a) quitosana

x glicerol; (b) quitosana x urucum e (c) urucum x azeite de dendê

Figura 4. Gráfico de Pareto para parâmetro a* dos filmes de quitosana.

Figura 5. Interações da variável urucum com as variáveis (a) glicerol; (b) quitosana e

(c) dendê.

Figura 6. Gráfico de Pareto referente ao parâmetro b*.

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Figura 7. Interações da variável azeite de dendê co as variáveis (a) quitosana; (b)

glicerol; (c) urucum

Figura 8. Gráfico de Pareto das análises de espessura dos filmes.

Figura 9. Gráfico de Pareto das análises de sólidos totais dos filmes.

Figura 10. Gráficos de Pareto para as variáveis dependentes umidade (U) e atividade de

água (aw).

Figura 11. Gráfico de Pareto para análise de permeabilidade ao vapor d’água.

Figura 12. Superfícies de resposta geradas para as interações das variáveis independentes

sobre as variáveis dependentes: sólidos totais (ST), umidade (U), atividade de água (aw) e

permeabilidade ao vapor de água (PVDA) para as 27 formulações de filmes.

Figura 13. Comportamento do módulo de Young (E - MPa) e deformação (ε - %) das

diferentes formulações dos filmes de quitosana.

Figura 14. Gráfico de Pareto para o parâmetro Módulo de Young (E) dos filmes

Figura 15. Gráfico de Pareto avaliando o parâmetro Deformação (em %) para os filmes

de quitosana

Figura 16. Tensão de ruptura das 27 formulações dos filmes de quitosana avaliada no

teste de tração.

Figura 17. Gráfico de Pareto do parâmetro Tensão para filmes de quitosana

Figura 18. Comparação dos gráficos do Módulo de Young (E) e da tensão de ruptura

dos filmes de quitosana gerados pelo teste de tração (valores em MPA).

Figura 19: (a)- Curvas de TGA das formulações F17, F18 e F19.

(b)- Curvas de DTG das formulações F17, F18 e F19.

Figura 20. Amostras em solo preparado para análise da Biodegradabilidade

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LISTA DE TABELAS

Capítulo III

Tabela 1. Valores codificados e reais do delineamento estatístico das variáveis inde-

pendentes: Quitosana (% m/m; X1), glicerol (% m/m; X2), urucum (% m/m; X3), azeite

de dendê (% m/m; X4).

Tabela 2. Parâmetros de cor dos filmes de quitosana plastificados com glicerol e in-

corporados de urucum e azeite de dendê.

Tabela 3. Médias (± desvio padrão) das análises de caracterização das formulações dos

filmes. E (espessura - mm); aw (atividade de água); ST (sólidos totais - %); Umidade

(%) e PVDA, (permeabilidade ao vapor de água - gH2O.µm/m2.h.mmHg).

Tabela 4. Equações do modelo e R2

(coeficiente de determinação) para Sólidos Totais (ST,

%), Umidade (U, %), Atividade de Água (AW), Permeabilidade ao vapor de água (PVDA,

gH2O.µm/m2.h.mmHg) dos filmes, X1= Quitosana, X2= Glicerol, X3= Urucum e X4=

Azeite de dendê.

Tabela 5. Médias (± desvio padrão) das análises de propriedades mecânicas das dife-

rentes formulações. E (Módulo de Young); σ (tensão máxima); ε (Deformação).

Tabela 6. Equações do modelo e R2

(coeficiente de determinação) para Moúdulo de Young

(E, MPa), Tensão(σ, MPa) e Deformação (ε, %) dos filmes, X1= Quitosana, X2= Glicerol,

X3= Urucum e X4= Azeite de dendê.

Tabela 7. Comportamento termogravimétrico dos filmes de quitosana plastificados com

glicerol e incorporados de urucum e azeite de dendê.

Tabela 8: Solubilidade das amostras selecionadas dos filmes de quitosana plastificados

com glicerol e incorporados de urucum e azeite de dendê.

Tabela 9. Valores de perda de massa das formulações de filmes selecionados durante o

teste de biodegradabilidade de 17 semanas.

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Resumo

Cada vez mais pesquisas apontam no sentido da substituição dos plásticos

convencionais por polímeros biodegradáveis para uso como embalagens e que podem

ser também ativas, interagindo com o alimento e aumentando a sua vida de prateleira.

Entre os diversos tipos de embalagens ativas, as antioxidantes, que retardam a oxidação

lipídica dos produtos embalados, são de grande importância para a indústria,

principalmente do ramo alimentício e farmacêutico. O objetivo deste trabalho foi

desenvolver, caracterizar e avaliar a biodegradabilidade dos filmes ativos utilizando a

quitosana como matriz, glicerol como plastificante e corante urucum e azeite de dendê

como aditivos ativos, assim como comprovar sua eficácia antioxidante como

embalagem. Os filmes foram elaborados pelo processo de casting, tendo como

formulação base uma solução filmogênica contendo solução de ácido acético (1%),

quitosana (0,5% a 2,5%) e aditivos antioxidantes: urucum (0 a 1,0%) e azeite de dendê

(0 a 0,5%), seguindo delineamento estatístico de superfície de resposta, com um modelo

de ordem (24) contendo 4 pontos axiais, 4 pontos ortogonais e 3 pontos centrais,

totalizando 27 formulações. A análise da cor dos filmes biodegradáveis foi feita por

absorbância em espectrofotômetro UV/VIS. O parâmetro Luminosidade (L*) e a*

variaram de 23,48 a 83,30 e -0,63 a 40,51 respectivamente e a concentração de urucum

foi a variável que mais exerceu influência significativa (p<0,01). Para o parâmetro b*

(variação de 31,33 a 94,22) a maior influência foi exercida pela concentração de azeite

de dendê. A espessura dos filmes variou de 0,0364 a 0,0858 mm, sendo o teor de

quitosana a variável que mais afeta esta propriedade.O glicerol foi a variável que mais

influenciou nos Sólidos Totais (69,58% a 83,97%) como também na Umidade (16,03 a

30,42%) e na Atividade de água (0,565 a 0,661), aumentando a hidrofilicidade dos

filmes ativos biodegradáveis. A permeabilidade ao vapor d'água (1,25x10-6

a 8,41x10-6

gH2O.µm/m2.h.mmHg) melhorou devido ao filme ser emulsionado com composto

hidrofóbico (presença de lipídio em sua formulação) o que diminuiu a afinidade pela

água levando a modificação da estrutura filmogênica. Em relação às propriedades

mecânicas, o módulo de Young (E) (157,86±0,15 a 704,0 MPa) foi influenciado pelo

teor de quitosana. Quanto maior a percentagem da matriz, mais resistente se apresenta o

filme sendo necessária maior força para rompê-los. A deformação (16,1 a 39%.) foi

aumentando com a inserção de plastificante aos filmes. Em nível de tensão (3,69 a

28,90 MPa) gerada nos filmes a variação o teor de glicerol influencia negativamente

neste parâmetro. Através da análise termogravimétrica das 3 formulações escolhidas

(F17, F18 e F19) constata-se a presença de 5 eventos distintos para formulação F17, 4

eventos para F18 e 3 para formulação F19, cada estágio apresenta degradação de

determinado componente a depender da temperatura em que ocorre. A avaliação da

biodegradabilidade mostrou uma degradação de até 80% de perda de massa em 17

semanas de análise. A atividade antioxidante do aditivo urucum foi comprovada através

das análises de fenóis totais das embalagens biodegradáveis e dos índices de peróxido

do azeite de dendê embalado pelas formulações selecionadas no decorrer de 45 dias.

Conclui-se que foi obtido um filme biodegradável de quitosana que teve as propriedades

de barreira e mecânicas melhoradas pela adição do plastificante glicerol, urucum e

emulsionado com azeite de dendê com propriedades antioxidantes que visam aumentar

a vida de prateleira do produto embalado, de forma sustentável.

Palavras-chave: filmes biodegradáveis, embalagens ativas, quitosana, glicerol,

antioxidante, urucum, azeite de dendê.

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Abstract

Increasingly search point to the replacement of conventional plastics biodegradable

polymers for use as packaging, but can also be active, interacting with the food and

increasing shelf life. Among the various types of active packaging, the antioxidants,

which slow down lipid oxidation of the packed products are of great importance to the

industry, especially of food and pharmaceutical industry. The objective of this study

was to develop, characterize and evaluate the biodegradability of active films using

chitosan as matrix, glycerol as a plasticizer and dye annatto and palm oil as active

additives, and confirm its effectiveness as an antioxidant package. The films were

prepared by casting process, with the formulation based on a film solution containing

acetic acid (1%), chitosan (0.5% to 2.5%) and antioxidant additives, annatto (0 to

1.0% ) and palm oil (0 to 0.5%), followed by statistical design of response surface, with

a model of order (24) containing four axial points, four points and three orthogonal

central points, totaling 27 formulations. The color analysis of the biodegradable films

was made by UV absorbance in a spectrophotometer / VIS. Parameter Luminosity (L*)

and a* ranged from 23.48 to 83.30 and 40.51 respectively to -0.63 and the concentration

of annatto was the variable that most significantly influence (p <0.01). For the

parameter b* (range 31.33 to 94.22) was the major influence exerted by the

concentration of palm oil. The thickness of the films ranged from 0.0364 to 0.0858 mm,

and the content of chitosan the variable that most affects this propriedade. O glycerol

was the variable that most influenced the Total Solids (69.58% to 83.97%) as well as

the humidity (16.03 to 30.42%) and water activity (0.565 to 0.661), increasing the

hydrophilicity of active biodegradable films. The water vapor permeability (1.25 × 10 6

to 8.41 × 10 6 gH2O.μm/m2.h.mmHg) improved due to the film to be emulsified

hydrophobic compound (presence of lipid in their formulation) that decreased affinity

for water leading to changes in the structure filmogenic. Regarding the mechanical

properties, the Young's modulus (E) (157.86 ± 0.15 to 704.0 MPa) was influenced by

the content of chitosan. The higher the percentage of the matrix is more resistant film

introduced requiring more force to break them. The deformation (16.1 to 39%.) Was

increased with the inclusion of plasticizer to the movies. In voltage level (3.69 to 28.90

MPa) generated in the films the variation of glycerol content negatively influences this

parameter. Through the thermogravimetric analysis of the three formulations selected

(F17, F18 and F19) there is the presence of 5 different events to formulate F17, F18

four events to 3 for formulation and F19, each stage has the particular component

degradation depend on temperature in occurring. The evaluation of the biodegradability

showed a degradation of up to 80% weight loss at 17 weeks of analysis. The antioxidant

activity of the additive annatto was confirmed by analysis of total phenols of

biodegradable packaging and peroxide value of palm oil packed by selected

formulations over 45 days. It was obtained that a biodegradable film of chitosan had

barrier properties and mechanical properties improved by the addition of the plasticizer

glycerol, annatto and emulsified with palm oil with antioxidant properties that aim to

increase the shelf life of packaged product, sustainably .

Keywords: biodegradable films, active packaging, chitosan, glycerol, antioxidant,

annatto, palm oil.

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INTRODUÇÃO GERAL

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Introdução Geral

Nos últimos anos, em virtude do impacto ambiental, tem crescido o interesse em

substituir os polímeros sintéticos, que hoje são muito utilizados como material de

embalagem, por materiais biodegradáveis. O crescente interesse em melhorar a

qualidade do meio ambiente, aliado ao acúmulo de lixo não biodegradável, tem

incentivado pesquisas em todo o mundo no sentido de incrementar e desenvolver

embalagens biodegradáveis provindas de fontes renováveis. As macromoléculas

biológicas mais estudadas para este fim são as proteínas e os polissacarídeos, polímeros

capazes de formar matrizes contínuas e, que através de diversas técnicas de produção,

podem ser transformados em filmes e revestimentos comestíveis e/ou biodegradáveis

(MALI; GROSSMANN, 2003).

As embalagens são utilizadas para estender o armazenamento dos produtos

embalados conferindo proteção mecânica, química e biológica. No entanto, na tentativa

de satisfazer consumidores cada vez mais exigentes, têm sido desenvolvidos materiais

inovadores, como as embalagens ativas, que além de proteger, como as embalagens

convencionais, interagem com o produto embalado, (ROONEY, 1995; HOTCHKISS,

1997; VERMEIREN et al., 1999), trazendo benefícios extras.

A quitosana caracteriza-se por ser de origem renovável, biodegradável e ter a

capacidade de formar filmes resistentes, flexíveis, de difícil rompimento, além de

promover barreira efetiva a oxigênio (JOHN; THOMAS, 2008). Em comparação com

filmes poliméricos comerciais, o filme de quitosana apresenta uma eficiente barreira de

permeação de gases (PINOTTI et al., 2007).

A oxidação lipídica é a principal causa do aparecimento de sabores e odores

estranhos em alimentos. Além de promover a redução dos níveis de ácidos graxos

essenciais e nutrientes, reduzindo a qualidade do produto e conseqüentemente a sua

estabilidade. A oxidação lipídica é uma das reações de degradação mais importantes

visto que esta pode ocorrer em alimentos que contenham apenas 1% de gordura.

(ORDÓÑEZ et al., 2005).

Entre os diversos tipos de embalagens ativas, as antioxidantes, que retardam a

oxidação lipídica dos produtos embalados, são de grande importância para a indústria,

principalmente do ramo alimentício (BRODY, 2001). Frequentemente são adicionadas,

no produto ou na embalagem, substâncias antioxidantes, que são capazes de remover o

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oxigênio do meio ou impedir a reação em cadeia produzida pelos radicais livres

formados durante o processo de oxidação. Comumente são utilizados antioxidantes

sintéticos dentre os quais, os mais utilizados são o BHA (Butil-hidroxianisol) e BHT

(Butil-hidroxitolueno). Atualmente a utilização dos antioxidantes sintéticos tem sido

bastante questionada, devido ao aparecimento de diversos estudos que alegam que estes

antioxidantes podem promover efeitos tóxicos e carcinogênicos no organismo. Devido

a esta grande preocupação com a segurança alimentar da população, tem crescido a

busca de produtos naturais que possam servir como fontes de antioxidantes, para

substituir os antioxidantes sintéticos (MARTINEZ-TOME et al., 2001; BERNARDO-

GIL et al, 2002; RIBEIRO et al., 2001).

Os compostos antioxidantes naturais podem ser obtidos de diversas fontes, como

flores, folhas, frutos, raízes etc. e incluem flavonóides, carotenóides, ácidos fenólicos e

vitaminas (BROINIZI et al., 2007; RIBEIRO et al., 2001). Considerando alguns

compostos naturais e comestíveis com atividade antioxidante comprovada, destacam-se

os compostos fenólicos, carotenóides e vitamina C (PASSOTO et al., 1998; SUN et al.,

2002; MAJO et al., 2005). Os carotenóides possuem mais de 600 variantes estruturais e

são encontrados em bactérias, algas, fungos e plantas superiores, em alguns crustáceos e

em plumagem de aves. Os carotenóides possuem ligações duplas conjugadas em suas

estruturas, atuam como antioxidantes (FILHO et al., 2000; FONTANA et al., 2000).

O corante responsável pela coloração do urucum apresenta-se

convencionalmente de duas formas: a bixina lipossolúvel e a norbixina, que é

hidrossolúvel (YABIKU et al., 1986). Apesar de o urucum ser uma rica fonte de

carotenóides, ainda não foi utilizada como aditivo de embalagens biodegradáveis à base

de quitosana. A incorporação do azeite de dendê em filmes biodegradáveis a base de

amido já foi estudado e obteve-se uma excelente atividade antioxidante devido à

presença de carotenóides (GRISI, 2008).

A utilização dos filmes como embalagens em alimentos exige que os mesmos

possuam adequada barreira a umidade e gases, propriedades mecânicas que garantam a

proteção e integridade do produto durante o manuseio, transporte e consumo. A

utilização de aditivos na confecção de um filme que além de possuir a característica de

biodegradabilidade, e também possuir ação antioxidante, poderia viabilizar a utilização

industrial de embalagens que, além do caráter biodegradável e obtidas de fontes

renováveis, também são de baixo custo.

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Objetivos

Objetivo Geral:

Preparar, caracterizar e avaliar a eficácia antioxidante de filmes ativos flexíveis

formulados com utilização da quitosana como matriz polimérica biodegradável, com a

glicerol como plastificante e urucum e azeite de dendê como aditivos naturais.

Objetivos específicos:

- Avaliar o panorama mundial da utilização da quitosana, em filmes biodegradáveis na

indústria alimentícia através de prospecção tecnológica em documentos de patentes;

- Definir metodologia para elaboração dos filmes flexíveis e com propriedades

melhoradas, garantindo a produção de um material homogêneo e ativo;

- Otimizar a utilização de glicerina purificada como aditivo na formulação de

embalagens ativas como plastificante e avaliar seu uso como reforço mecânico quando

incorporado ao filme, através das análises mecânicas, como ensaios de tração,

elongação, módulo e espessura;

- Avaliar a capacidade dos filmes biodegradáveis de quitosana de serem utilizados como

embalagens para alimentos, através do monitoramento da espessura, permeabilidade ao

vapor d’água, colorimetria, atividade de água, umidade, sólidos totais;

- Escolher as formulações dos filmes que apresentarem composição de interesse para

análise da influência de variáveis independentes e caracterizá-los quanto à:

Análise termogravimétrica;

Solubilidade;

Biodegradabilidade;

Atividade antioxidante do urucum, através de análises de vida de prateleira do

produto embalado (azeite de dendê), através das análises de Índice de Peróxidos

do azeite e Polifenóis Totais da embalagem, em 45 dias de estocagem.

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CAPÍTULO I

Revisão Bibliográfica

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1.0 Embalagens

O uso de embalagens começou a ser feito pelo homem tão logo este percebeu o

valor ou a necessidade da preservação de seus bens. Os primeiros materiais utilizados

para este fim foram chifres ocos, conchas grandes e crânios de animais. Por volta de

4000 a.C. com o advento do comércio entre Egito e Mesopotâmia, a embalagem

começou a ser utilizada de forma a conter para transportar e armazenar mercadorias. Os

materiais mais utilizados eram argila e fibras naturais. A partir de 3000 a.C, o vidro foi

introduzido para acondicionar óleos e perfumes (CARR, 2007).

Em 1310 d.C. o papel começou a ser fabricado na Europa após difusão da

técnica chinesa pelos árabes e só após a Revolução Francesa desenvolveu-se recipientes

fechados para se evitar contaminações ou perdas. Em 1809, Nicolas Appert inventou o

processo de conservação de alimentos por aquecimento e selagem em recipientes com

pouco ar. Logo em 1810, na Inglaterra, August de Heine e Peter Durand patentearam a

utilização de latas para conservação de alimentos e, em 1960 o alumínio e plástico

começaram a ser industrializados.

O objetivo do uso de embalagens na indústria de alimentos é prolongar a vida de

prateleira de um produto e garantir que o mesmo chegue até o consumidor livre de

contaminações, seja química, física e biológica. É, portanto a última etapa industrial no

processo de preservação dos alimentos (ZACTITI, 2004).

As embalagens têm inúmeras funções, dentre as quais, a de proteger o alimento

contra danos físicos e mecânicos durante o transporte e distribuição e, também, contra

ação de fatores ambientais como gases, luz, vapor de água e odores. As propriedades de

barreira necessárias a uma embalagem devem ser definidas para cada produto,

considerando-se a composição do mesmo, a forma de apresentação, o sistema de

acondicionamento e a durabilidade desejada (SARANTOPÓULOS et al., 2002).

1.1 Embalagens ativas

Atualmente as embalagens têm um papel significativo não apenas em relação ao

produto em si, mas em relação às funções de mercado que ela desempenha, como

atrativo de venda por apresentar designers cada vez mais inovadores, utilidades extras e

por ser principal veículo de informações ao consumidor.

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Embora as embalagens tradicionais tenham contribuído grandemente com os primeiros

desenvolvimentos do sistema de distribuição de alimentos, elas não são suficientes para

atender às novas exigências dos consumidores por produtos mais próximos ao natural,

contendo menos conservantes e que sejam seguros (SOARES et al, 2009). Nesse

sentido, atualmente novas tecnologias de embalagens vêm sendo desenvolvidas em

resposta a essa demanda, trazendo benefícios extras em relação às embalagens

convencionais. São as embalagens ativas, que interagem de maneira intencional com o

alimento, visando melhorar algumas de suas características (HAN et al., 2005).

Em alguns casos as embalagens ativas podem responder às mudanças do

ambiente. Para que um sistema seja considerado de embalagem ativa devem acumular

funções adicionais, entre as quais podem ser destacadas: (a) absorção de compostos que

favorecem a deterioração, (b) liberação de compostos que aumentam a vida-de-

prateleira, e (c) monitoramento da vida-de-prateleira (AZEREDO et al., 2000). O

sistema ativo pode ser parte integral da embalagem ou ser um componente separado,

posicionado no interior da embalagem (HONG; PARK, 2000).

Entre as várias funções dos componentes na produção de embalagens ativas destacam-

se as:

Antioxidantes, que liberam compostos antioxidantes para o produto

embalado ou absorve compostos que aceleram a oxidação do alimento

(BRODY, 2001); além de alterar o gosto (rancificação) e a qualidade

nutritiva (perda de vitaminas e ácidos graxos essenciais) dos alimentos, a

oxidação resulta em compostos reativos e tóxicos que representam um

perigo para os consumidores (LAGUERRE et al., 2007);

Aromáticas, que são produzidas pela incorporação de aromas voláteis na

matriz polimérica (HUBER et al., 2002) adicionando ou conservando o

aroma do produto e ainda pode minimizar um fenômeno denominado

“scalping”, ou seja, sorção de aromas dos alimentos pelos materiais

poliméricos das embalagens que resultam na mudança do perfil sensorial

(VEIMERAN et al., 1999);

Seqüestrantes de gases, que podem previr reações de oxidação,

desaceleração de maturação de frutas e vegetais, evitar a deterioração da

embalagem por acúmulo de CO2 (MALOBA et al., 1996; VERMEIREN

et al., 1999; SHIN et al., 2002);

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Reguladoras de umidade, que controlam a umidade no interior da

embalagem, preservando a atividade de água inicial do produto,

reduzindo o risco de contaminação microbiológica (VERMEIREN et al.,

1999) e prejuízos às propriedades de barreira a gases de filmes

hidrofílicos ou acúmulo de água condensada na superfície de hortaliças

(ROONEY, 1995);

Anti-embaçantes (anti-fogs), que têm a finalidade de impedir ou diminuir

a formação de vapor no interior da embalagem, sendo que o vapor

dificulta a visualização do produto (VERMEIREN et al., 1999);

Absorvedoras de luz ultravioleta (UV), que vêm sendo desenvolvidas para

evitar a degradação da cor, flavor e aspectos nutricionais de alguns

produtos (VERMEIREN et al., 1999);

Antimicrobianas, que agem reduzindo, inibindo ou retardando o

crescimento microbiano que pode estar presente no produto embalado ou

no próprio material da embalagem (APPENDINI; HOTCHKISS, 2002);

Indicadoras de pH, que reportam a correlação entre o produto embalado e

seu pH durante a estocagem (HONG; PARK, 2000).

Embalagens ativas têm sido usadas para uma variedade de alimentos tais como

pães, bolos, biscoitos, massa de pizza, doce, queijo, carnes, frutas, hortaliças, entre

outros. Cada um destes produtos tem um mecanismo de deterioração diferente, que deve

ser compreendido para ter as embalagens ativas adaptadas a eles (VERMEIREN et al.,

1999;. SOARES, 1998).

A liberação de aditivos por embalagens ativas aumenta a segurança do

consumidor, já que esses compostos, ao invés de diretamente adicionados ao alimento,

são liberados controladamente; com isso, estão presentes em menores quantidades, e

apenas onde sua presença é requerida, a saber, na superfície do produto, onde a maior

parte das reações de deterioração ocorre (MORAES, 2007).

1.2 Embalagens biodegradáveis

Nos últimos anos houve um grande aumento do consumo de produtos

industrializados em decorrência do crescimento da urbanização em nível mundial. Disso

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resulta um aumento da quantidade de resíduos gerados, acumulando grandes

quantidades de lixo todos os dias em aterros sanitários.

Dentre os produtos mais utilizados como matrizes para embalagens destacam-se

papel, papelão e os polímeros sintéticos ou plásticos (Figura 1). Estes últimos são

amplamente utilizados por apresentar boas propriedades mecânicas (resistência,

deformação, tensão) e boas propriedades de barreira (permeabilidade ao vapor de água),

baixo custo e fácil processabilidade. Tradicionalmente, são muito estáveis e não se

degradam facilmente, ocasionando sérios problemas ambientais (AVELLA et al, 2005).

Figura 1- Participação de cada segmento na indústria de embalagem.

Fonte: IBGE, 2010.

Os polietilenos são a resina termoplástica mais utilizada no mundo, com cerca de

40% do total do mercado. Existem três tipos de polietilenos: polietileno de alta

densidade (PEAD), polietileno de baixa densidade (PEBD) e polietileno de baixa

densidade linear (PEBDL). A classificação nessas três categorias se dá de acordo com a

densidade e o índice de fluidez do polímero. A principal aplicação do PEBD é em

filmes flexíveis, utilizados por máquinas de empacotamento automático, com destaque

para os filmes destinados ao empacotamento de alimentos. Com a entrada do PET em

substituição às garrafas de vidro, o PEBD, cujas aplicações estão expressas na figura 2,

encontrou um novo nicho de mercado – os filmes shrink, que são os filmes que

envolvem conjuntos de garrafas (GOMES, 2005).

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Figura 2: Distribuição em Aplicações de PEBD

Fonte: Anuário da Indústria Química Brasileira, 2004, ABIQUIM.

A indústria de embalagens plásticas situou-se entre as de maior crescimento no

Brasil nos últimos anos, segundo a Associação Brasileira de Embalagens Flexíveis. O

consumo anual per capita de plástico no Brasil, de acordo com dados em 2001 do

Centro de Produção Industrial Sustentável (CEPIS, 2010), gira em torno de 10 kg,

sendo relativamente baixo quando comparado com o índice de 72 kg, verificado nos

EUA, e de 53 kg, no Japão.

Todavia se comparada a do papel, papelão e metais, a contribuição dos plásticos

nos resíduos sólidos municipais é menor, porém o aspecto negativo deste material é o

seu volume aparente e o tempo que este resíduo requer para se decompor no meio

ambiente (YOSHIGA, 2004).

Nos últimos anos tem havido um grande interesse na pesquisa e

desenvolvimento de materiais de embalagem biodegradáveis no sentido de diminuir o

acúmulo de resíduos plásticos no meio ambiente. O Brasil produz cerca de 240 mil

toneladas de lixo por dia, número inferior ao produzido nos EUA (607.000t./dia), porém

muito superior a países como Alemanha (85.000 t./dia) e a Suécia (10.400 t./dia) e, no

Brasil, a maior parte destes resíduos vai para lixões a céu aberto (VILPOUX;

AVEROUS, 2003).

No Brasil, apenas 8% dos resíduos sólidos descartados são reciclados (PIVA;

WIEBECK, 2004). A reciclagem das embalagens plásticas é dificultada pelo fato das

embalagens serem feitas de diferentes tipos de polímeros, com diferentes aditivos como

cargas, colorantes e plastificantes. Toda essa diversidade dos componentes das

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embalagens dificulta o processo de seleção para o re-processamento, tornando a

reciclagem um processo de alto custo (DAVIS; SONG, 2006).

Com intuito de substituir os polímeros sintéticos por matérias-primas que

possam ser menos prejudiciais ao meio ambiente, muitas pesquisas vêm sendo

realizadas, principalmente na utilização de polímeros biodegradáveis na elaboração de

embalagens. Estes polímeros são degradados por microrganismos pela biodegradação.

A biodegradação é a decomposição de um material em componentes mais

simples por organismos vivos, em que este processo biológico envolve dois fatores

essenciais, que é a nutrição e a respiração (LIMA et al, 2001). O processo de

biodegradação depende de diversos fatores, como a atividade microbiana no ambiente,

temperatura, pH, peso molecular e cristalinidade do polímero (AVELLA et al, 2005;

DAVIS e SONG, 2006).

A biodegradação ou degradação microbiana ocorre através de enzimas,

produzidas por microrganismos, que degradam o polímero em meio aeróbio ou

anaeróbio. Se a remoção do polímero do ambiente for completa, sem gerar resíduos

tóxicos, ele será considerado 100% biodegradável. A estratégia a ser adotada no

desenvolvimento dos materiais biodegradáveis, as características específicas

desejadas, incluindo disponibilidade e preço final do material, depende da aplicação

(MOTA, 2009).

Filme biodegradável é um filme fino preparado de polímeros biodegradáveis,

que agem como barreira a elementos externos protegendo assim o produto e

aumentando a sua vida de prateleira. Pela sua composição é facilmente degradado

biologicamente, fato que contribui para o desenvolvimento sustentável.

Os filmes geralmente são elaborados a partir de proteínas, polissacarídeos,

lipídios ou da combinação destes compostos. A formação dos filmes ocorre na presença

de macromoléculas, para formar uma rede polimérica, solvente e plastificante. A

formação dos filmes geralmente envolve associações inter e intramoleculares ou

ligações cruzadas de cadeias de polímeros formando uma rede tridimensional semi-

rígida que retém o solvente (RINDLAV-WESTLING et al., 2002, THARAHATHAN,

2003).

Filmes desenvolvidos a partir de polissacarídeos possuem alta permeabilidade ao

vapor de água, entretanto são eficientes barreiras contra migração de óleos e gorduras

(GUILBERT et al., 1997). Filmes a base de proteínas apresentam efetiva barreira a

gases (CO2 e O2), porém possuem alta permeabilidade ao vapor de água em função do

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seu caráter hidrofílico (KROCHTA, 2002, TANADA-PALMU et al., 2005). Filmes

desenvolvidos a partir de lipídios são usados pela excelente propriedade de barreira

contra umidade, mas podem oxidar, alterando as características sensoriais (GUILBERT

et al., 1997).

Entre as proteínas que podem formar filmes estão o glúten do trigo, as proteínas

do leite, da soja e do milho, o colágeno e as gelatinas de origem animal. Entre os

polissacarídeos estão os derivados de celulose, amido, alginatos, quitosanas, pectinas e

diferentes gomas e entre os lipídios, estão as ceras e os ácidos graxos (KROCHTA,

2002; THARANATHAN, 2003).

A elaboração do biofilme envolve a utilização de pelo menos um agente

formador de filme (macromoléculas), solvente (água, etanol, entre outros), plastificante

(glicerol, sorbitol,etc) e agente ajustador de pH (ácido acético, NH4OH, etc). A

formação de filmes biodegradáveis envolve associações inter e intramoleculares ou

ligações cruzadas de cadeias de polímeros formando uma rede tridimensional semi-

rígida que retém o solvente (CARVALHO, 2002). A transformação da solução

filmogênica em filmes biodegradáveis é conseqüência destas interações

intermoleculares.

Um dos processos de preparação de filmes recorrente na literatura é o casting,

que consiste no espalhamento de uma solução filmogênica (macromoléculas, solvente e

plastificante) em um suporte, seguido de desidratação lenta a baixa temperatura

(LOURDIN et al., 1995; VICENTINI, 2003; DOLE et al., 2004).

Quanto à sua aplicação, os filmes biodegradáveis podem ser de dois tipos:

coberturas, quando são aplicadas diretamente nas superfícies dos alimentos e são

comestíveis, e filmes, que possuem a capacidade de formar estruturas mecanicamente

auto-sustentáveis, podendo ser comestíveis ou somente biodegradáveis (KROCHTA,

2002; TANADA-PALMU, 2003).

1.3 Quitosana

A indústria pesqueira, em especial a de processamento de camarão, pela sua

expansão tem gerado uma problemática ambiental devido aos resíduos gerados deste

produto, principalmente as cascas, que não são aproveitadas para ração animal. Muitas

vezes estas cascas são jogadas ao mar ou em rios clandestinamente o que gera grande

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Demanda Bioquímica (DBO) nestes locais, contribuindo para altos níveis de poluição

ambiental.

Tais resíduos são constituídos por quitina, proteínas, carbonato de cálcio,

pigmentos, e tem havido grande interesse em seu reaproveitamento, buscando

alternativa à sua disposição final, com vistas ao desenvolvimento de produtos de valor

agregado (CRAVEIRO et al., 1999). A quitina é encontrada no exoesqueleto dos

crustáceos, insetos e na parede celular de fungos. O camarão possui de 5 a 7% de

quitina, e o siri, de 15 a 20% (MOURA, 2004).

A quitina é um polímero natural, álcali-ácido insolúvel, linear que apresenta o

mesmo tipo de unidade monomérica ß-1, quatro N-acetilglucosamina e com exceção da

celulose é o polissacarídeo mais abundante e largamente distribuído na natureza

(THARANATHAN, 2003). O termo quitina deriva da palavra grega chiton,

significando um revestimento protetor para invertebrados (FURLAN, 1993). Esse

biopolímero, devido a sua versatilidade, pode ser utilizado como agente floculante no

tratamento de efluentes, como adsorvente na clarificação de óleos, e principalmente na

produção de quitosana (MOURA et al., 2006). A estrutura da celulose se assemelha

muito à da quitina, a diferença entre essas duas fibras se deve ao grupo hidroxila

localizado na posição 2, que na quitina está substituído por grupos acetoamino

(CRAVEIRO et al, 1999).

Figura 3. Estrutura química da quitina

As propriedades físicas e químicas da quitina e de seus derivados N-

desacetilados (quitosana) são muito diferentes (CANELLA; GARCIA, 2001). A quitina

é insolúvel em água, solventes orgânicos, ácidos diluídos e álcalis, e apresenta uma

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forma de sólido cristalino ou amorfo. Apresenta também três diferentes formas

polimórficas, descritas como α-quitina, β-quitina e γ-quitina, dependendo de sua

estrutura cristalina, da disposição de suas cadeias e da presença de moléculas de água

(MOURA 2006).

A quitosana é um heteropolimero natural, amino catiônico, composto por

unidades β-1,4 D-glucosamina ligadas a resíduos de N-acetilglucosamina (Figura 4). A

fórmula molecular genérica pode ser expressa como (C6H11O4N)n, sendo encontrada na

parede celular de fungos (CANER; CANSIZ, 2007;

FERNÁNDEZ SAIZ; LAGARON; OCIO, 2009). Também pode ser obtida pelo

processo de desacetilação alcalina da quitina; e é mais atrativa que esta por conter um

grupo amino, que propicia a modificação química da estrutura polimérica original

(AIROLDI, 2008). O processo de desacetilação da quitina ocorre utilizando NaOH 50%

e temperatura em torno de 110ºC (SYNOWIECKI, 2003).

Figura 4: Representação esquemática da estrutura primária da quitosana, sendo n o

grau de polimerização. Fonte: ASSIS, 2003.

Os grupamentos amino disponíveis podem adquirir uma carga positiva em

presença de soluções ácidas. Daí sua capacidade de solubilizar-se em ácidos orgânicos,

o que constitui uma das principais características que diferencia a quitosana em relação

à quitina (FURLAN, 1993).

A quitosana é produzida seguindo uma seqüência de processos tais como:

desproteinização, demineralização e desacetilação (Figura 5); sua massa molar depende

das condições do processo de desacetilação (PETER, 2002).

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Figura 5 – Ciclo de vida da quitosana

Fonte: BARBOSA ( 2003).

Do ponto de vista químico, a quitosana é uma macromolécula com

predominância de grupos amino caracterizados por ligações covalentes (N-H), onde a

eletronegatividade dessas ligações gera sítios de alta polaridade, tornando favorável o

rearranjo de moléculas de águas em seu entorno. Essa característica associada aos

grupos acetamido, que também são polares, caracteriza assim um material com alto grau

de hidrofilicidade (ASSIS, 2003). Essa elevada afinidade por água traz conseqüências

indesejáveis como a redução da estabilidade estrutural do polímero, ou seja, a presença

constante de umidade na estrutura do polissacarídeo provoca o intumescimento da

matriz com conseqüente desagregação das fibras além do favorecimento ao ataque por

microorganismos (BEPPU et al., 1999).

A quitosana caracteriza-se por ser de origem renovável, biodegradável e ter a

capacidade de formar filmes resistentes, flexíveis, de difícil rompimento, além de

promover barreira efetiva a oxigênio. Pertence à primeira família dos “compostos

verdes” podendo competir com polímeros não biodegradáveis em diferentes campos

industriais, como por exemplo, na área de embalagens (JOHN; THOMAS, 2008)

A quitosana é solúvel somente em pH próximos ao seu pka (~6,3), formando um

polímero catiônico pela protonação dos grupos amino (ASSIS, 2010). Na presença de

soluções diluídas de ácidos, a quitosana comporta-se como um polieletrólito catiônico,

constituído de um copolímero de 2-amino-2-deoxi-D-glicopiranose e 2-acetamido-2-

deoxi-D-glicopiranose de composição variável em função do grau médio de acetilação,

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GA, que representa a fração de unidades 2-acetamido-2-glicopiranose e 2-amino-2-

deoxi-D- glicopiranose e é um dos principais parâmetros para sua caracterização. A

proporção relativa dessas unidades nas cadeias macromoleculares de quitosana tem

efeito marcante na sua solubilidade (SANTOS et al., 2003).

A quitosana é insolúvel em água, mas dissolve-se em soluções aquosas de ácidos

orgânicos, como acético, fórmico, cítrico, além de ácidos inorgânicos, como ácido

clorídrico diluído resultando em soluções viscosas. Sua solubilidade está relacionada

com a quantidade de grupos amino protonados (-NH3+) na cadeia polimérica. Quanto

maior a quantidade destes grupos, maior a repulsão eletrostática entre as cadeias e

também maior a solvatação em água. O grau de protonação pode ser determinado pela

variação da concentração de quitosana. Para uma dada concentração de ácido, o grau de

protonação depende do pK do ácido usado para solubilizar a quitosana (RINAUDO,

1999).

As principais propriedades deste polissacarídeo são: bioatividade,

biodegradabilidade, biocompatibilidade, reatividade do grupo amino deacetilado,

permeabilidade seletiva, ação polieletrolítica, habilidade em formar gel e filme,

habilidade de quelação e capacidade adsortiva (THARANATHAN, 2003;

SYNOWIECKI; AL-KHATEEB, 2003).

Devido à sua capacidade de quelar íons metálicos, tais como o ferro, ligado às

moléculas de hemoglobina e mioglobina,catalisadores das reações de peroxidação

lipídica em carnes, atribui-se ação antioxidante à quitosana nestes produtos

(BARRETEAU, 2006; KAMIL, 2002). Também um é promissor agente de controle do

escurecimento enzimático em frutos e vegetais pela habilidade de se complexar a íons

metálicos visto que a polifenoloxidase, enzima responsável por este fenômeno, possui

cobre no seu centro ativo e funciona como oxidase de função mista, atuando na

hidroxilação de monofenóis para diidroxifenóis e em seguida oxidando estes últimos

para o-quinonas (ARAÚJO, 1999; ASSIS, 2003.)

De acordo com suas características atóxicas e fácil formação de géis, a quitosana

é considerada um composto de grande interesse industrial. São exemplos de aplicações

industriais da quitosana: No tratamento de águas e efluentes, tratamento de queimaduras

e como pele artificial (uso na biomedicina), revestimento de comprimidos

(medicamentos), como coadjuvante da higiene oral (HAYASHI et al., 2007), como

elemento básico para a confecção de matrizes de liberação controlada de drogas

(ATCHE et al., 2000) fartamente divulgado, embora ainda que controverso (PITTLER

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et al., 1999), como um agente ativo no emagrecimento humano por sua interação com

gorduras e estruturas afins- fatter trapper (KANAUCH, 1995); na fabricação de lentes

de contato, na redução da obesidade (fibras dietéticas).

Na indústria de alimentos pode ser utilizada como aditivos alimentares, sendo

agente texturizante, estabilizante, emulsificante, etc. Vale ressaltar nesta pesquisa seu

uso na fabricação de filmes biodegradáveis, pela sua alta capacidade em formar gel na

presença de ácidos fracos, sua atividade antimicrobiana e pelo controle de trocas

gasosas o que tem proporcionado aumento da vida de prateleira dos produtos

submetidos a armazenamento por estes filmes, sem alteração das características

organolépticas dos mesmos. A Figura 6 representa algumas das aplicações da quitosana

na indústria de alimentos.

Figura 6. Uso da quitosana no ramo alimentício.

Fonte: FAI et al., 2008.

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Os filmes de quitosana têm sido normalmente obtidos de maneira bem simples e

rudimentar: o polímero é dissolvido em meio apropriado e vertido sobre uma superfície

plana. Após a evaporação do solvente, o filme é removido por destacamento. A maioria

dos filmes processados dessa forma são irregulares quanto a espessura e caracterizados

por uma estrutura fibrosa bastante heterogênea (RATHKE; HUDSON,1994). A

formação dos filmes é influenciada pelo pH, força iônica, tipo de solvente (ácido),

adição de plastificante, sendo variáveis controladas de acordo com as propriedades

mecânicas e porosidade da membrana desejada (ARVANITOYANNIS et al., 1998).

A presença de água neste polímero hidrofílico influencia a maneira em como gás

será permeado ou difundido através da estrutura, destacando sua relativamente baixa

resistência à barreira de vapor d’água (DESPOND et al., 2001). Essa elevada taxa de

absorção de água traz conseqüências indesejáveis como a redução da estabilidade

estrutural do polímero, ou seja, a presença constante de umidade na estrutura

polissacarídeo provoca o intumescimento da matriz com conseqüente desagregação das

fibras e destacamento do filme, além da aceleração da degradação por ataque de

microorganismos (ASSIS, 2002). A incorporação de um composto hidrofóbico (lipídio)

na formulação pode reduzir a hidrofilicidade, formando um filme emulsionado e

reduzindo a afinidade da matriz com moléculas de água (WONG et al., 1992).

Em comparação com filmes poliméricos comerciais, o filme de quitosana

apresenta uma eficiente barreira de permeação de gases (PINOTTI et al., 2007) ,

inferiores aos medidos para PET (Politereftalato de etileno ) ou PVC (Cloreto de

polivinila) e a demais filmes de base biológica como glúten e celulose e,

adicionalmente, tem sido mostrado que a permeação de CO2 é superior à de O2 o que

pode vir a ser de interesse na confecção de embalagens com atmosferas controladas

(OLABARRIETA, 2005).

Em se tratando de atividade antimicrobiana, esse polímero provoca a inibição do

crescimento de microrganismos, como E. coli, Fusarium, S. epidermidis, P. ruginosa,

S. pyogenes, K. pneumoniae, S. aureus, Shigella dysenteriae,Aeromonas hydrophila,

Salmonella typhimurium, Bacillus cereus, dentre outros. Alguns pesquisadores explicam

a atividade antimicrobiana da quitosana por seus grupos amínicos que, uma vez em

contato com os fluidos fisiológicos, provavelmente são protonados e se ligam a grupos

aniônicos desses microrganismos,resultando na aglutinação das células microbianas e

inibição do crescimento (RAVI, 2000). Outros estudos sugerem que os efeitos da

quitosana são distintos nos dois tipos de bactérias: no caso das gram-positivas, a

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hipótese é que quitosana de alta massa molecular forma películas ao redor da célula que

acabam por inibir a absorção de nutrientes, enquanto que quitosana de baixa massa

molecular penetra mais facilmente em bactérias gram-negativas, alterando o

metabolismo desses microorganismos.

No entanto, as funções e propriedades antimicrobianas de soluções de quitosana

e filmes dependem das características da molécula de quitosana em si (grau de

acetilação, peso molecular), outros compostos no sistema (tipo e concentração do ácido,

presença de proteínas, lipídios, íons e outras ingredientes alimentares), e as condições

ambientais (temperatura e umidade relativa) (BEGIN; VAN CALSTEREN, 1999;

KURITA, 2001; SYNOWIECKI; AL-KHATEEB, 2003; ZHENG; ZHU, 2003).

A quitosana comercial possui, geralmente, grau de desacetilação (G.D.) variando

de 70 a 95%, com massa molar na faixa de 104 -106 g/mol (CANELLA; GARCIA,

2001). As diferentes características da quitosana comercial é um fator que dificulta seu

uso na indústria alimentícia. As quitosanas disponíveis para venda no Brasil são de

procedências, graus de pureza e densidade diversos, além de não seguirem padrão de

processo de desacetilação, o que os torna muito diferentes entre si. Fator este que tem

dificultado o estabelecimento de um modelo de gel e filme a ser obtido com

características reprodutíveis. O ideal é utilizar uma matriz de marca única e grau de

pureza para todos os testes.

1.4 Antioxidantes

De acordo com o Decreto nº 50.040, de 24 de janeiro de 1961 da ANVISA

antioxidante é a substância que retarda o aparecimento de alteração oxidativa nos

alimentos.

Um dos principais problemas na conservação dos alimentos lipídicos é o

desencadeamento do processo oxidativo, que resulta na produção de odores e sabores

desagradáveis, tornando os alimentos inadequados para o consumo. Como resultado da

reação entre o oxigênio e os ácidos graxos insaturados ocorre a formação de compostos

de baixo peso molecular, que são os principais responsáveis pelo desenvolvimento de

odores indesejáveis, (PASSOTO et al.,1998).

Quando adicionados à alimentos, os antioxidantes minimizam a rancidez,

retardam a formação de produtos de oxidação tóxicos, mantendo a qualidade

nutricional, e aumentam a vida de prateleira (FUKUMOTO; MAZZA, 2000 ). Os

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antioxidantes podem ser classificados em primários, sinergistas, removedores de

oxigênio, biológicos, agentes quelantes e antioxidantes mistos. Os antioxidantes

primários são compostos fenólicos que promovem a remoção ou inativação dos radicais

livres formados durante a iniciação ou propagação da reação oxidativa. Os antioxidantes

sintéticos principais e mais conhecidos deste grupo são os polifenóis, como butil-

hidroxi-anisol (BHA), butil-hidroxitolueno (BHT), terc-butil-hidroquinona (TBHQ) e

propil galato (PG)..

Os antioxidantes biológicos incluem várias enzimas, como glucose oxidase,

superóxido dismurtase e catalases. Estas substâncias podem remover oxigênio ou

compostos altamente reativos de um sistema alimentício. Os agentes

quelantes/seqüestrantes complexam íons metálicos, principalmente cobre e ferro, que

catalisam a oxidação lipídica. Os antioxidantes mistos incluem compostos de plantas e

animais que têm sido amplamente estudados como antioxidantes em alimentos. Entre

eles estão várias proteínas hidrolisadas, flavonóides, carotenóides e derivados de ácido

cinâmico (ácido caféico) (RAMALHO; JORGE, 2006).

Para evitar o desenvolvimento da reação oxidativa, os antioxidantes são

empregados como aditivos alimentares. Os antioxidantes sintéticos butil-hidróxi-

tolueno (BHT), o butilhidróxi- anisol (BHA) e o terc-butil-hidroquinona (TBHQ) são

amplamente utilizados pela indústria alimentícia. Porém, estudos em animais

evidenciaram que a exposição aguda e prolongada a estes compostos levam ao

desenvolvimento de tumores de fígado, pâncreas e fígado. Frente a estas evidências,

surgem os antioxidantes de origem natural, com a perspectiva de utilização como

aditivos alimentares (JARDINI; MANCINI-FILHO, 2007).

Em associação com a crescente preocupação dos consumidores quanto à

segurança alimentar relacionada aos aditivos, tem crescido o interesse em se identificar

fontes naturais de compostos antioxidantes para a preservação de alimentos (PESCHEL

et al., 2006).

Os compostos antioxidantes naturais têm sido isolados de diferentes partes de

plantas tais como sementes, frutas, folhas e raízes. Esses compostos incluem

carotenóides, flavonóides, ácidos fenólicos, terpenos, tocoferóis mixados, fosfolipídios,

ácidos orgânicos polifuncionais e também extratos de plantas, (KAUR; KAPOOR,

2001; RIBEIRO et al., 2001).

1.5 Azeite de dendê

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O óleo da palmeira Elaeis quineensis, é conhecido no Brasil como óleo ou azeite

de dendê, o qual é extraído da polpa do fruto do dendezeiro e se caracteriza por uma

coloração que vai do amarelo ao vermelho, devido à presença de grandes quantidades

de carotenóides. As variedades mais cultivadas no Brasil são a dura, a tenera e psífera,

as quais são diferenciadas pela espessura da casca da semente. A variedade mais

utilizada comercialmente é a tenera, produto do cruzamento das variedades dura x

psífera (RODRIGUES, 1986).

Do fruto são retirados o óleo de palma da polpa e o óleo de palmiste da amêndoa

que são utilizados em produtos alimentícios, cosméticos, lubrificantes de máquinas, etc.

As fibras das folhas e os cachos vazios são utilizados como tampas de lareiras, o troco

da palmeira na confecção de móveis, a torta de palmiste resultante da extração do óleo é

aproveitada como adubo orgânico e ração para animais. A fibra seca e a casca do fruto

são usadas como combustível na caldeira sendo as cascas aproveitadas também como

matéria para carvão ativado (SANTOS, 2005).

Os países com maior produção do óleo de palma são: a Malásia e a Indonésia,

sendo o primeiro responsável por quase 54% da produção mundial. Na América Latina

o maior produtor é a Colômbia, seguida por equador e pelo Brasil. A produção

brasileira representa apenas 1% da produção da Malásia, apesar de haver no Brasil uma

grande área geográfica com condições climáticas favoráveis ao cultivo do dendezeiro

(NUNES, 2005).

O dendezeiro está entre as oleaginosas tropicais de maior rendimento em óleo

existente, com produção entre 3500 e 6000 kg/há. O óleo obtido é utilizado de duas

formas básicas: puro, o conhecido "azeite-de-dendê", que é extraído da polpa do fruto

do dendezeiro, com sabor de sabor doce, cheiro forte e alta consistência, bastante

utilizado na culinária. O óleo industrializado, que após refino e desodorização, é

utilizado como matéria prima para a industrialização de maioneses e margarinas. No

Brasil, atualmente, as maiores plantações de dendê estão concentradas no Pará, no

Amazonas, no Amapá e na Bahia. (EMBRAPA RONDÔNIA, 2006).

O dendê é uma das fontes mais ricas em β-caroteno, com concentrações na

ordem de 500-3000 µg/g no azeite de dendê e 150-400 µg/g no fruto de dendê,

dependendo da espécie do fruto e das condições climáticas no qual foi cultivado

(TRIGUEIRO 1991). A utilização de derivados do dendê como fontes de antioxidantes

também possibilita agregar valor a essa matéria-prima, importante para a agricultura

brasileira, com uma produção em 2006, 580 mil toneladas de dendê (FAOSTAT, 2008).

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1.6 Urucum

O urucueiro Bixa orellana L. é uma planta nativa da América Tropical (PIVA;

WIEBECK, 1980). O urucum é um corante amarelo-vermelho obtido do pericarpo seco

da semente madura desta planta (BAUTISTA et al., 2004). O urucum é um corante

natural muito usado em vários setores industriais. Os principais pigmentos presentes nas

sementes de urucum pertencem à classe dos carotenóides, que são pigmentos com

propriedades antioxidantes. Os carotenóides são uma classe de compostos que

apresentam poder corante e estes pigmentos têm sido largamente utilizados nas

indústrias de alimentos que vêm buscando substituir os corantes sintéticos por naturais

(RIOS, 2004). Os corantes são encontrados recobrindo a superfície externa das

sementes de urucum e apresentam-se convencionalmente de duas formas: a bixina,

lipossolúvel, e a norbixina, que é hidrossolúvel, cujas estruturas se encontram na Figura

7 (LIMA et al., 2001).

Figura 7. Estrutura da bixina e norbixina (TOCCHINI, 2001)

A bixina é única entre os carotenóides que ocorrem na natureza, não apenas

devido à sua configuração cis, mas também devido à sua molécula ter dois grupos

carboxílicos, um deles sendo um éster metílico. Isto dá à molécula certa

lipossolubilidade. Pela hidrólise alcalina do seu grupamento éster metílico, pode-se

preparar o sal hidrossolúvel do ácido dicarboxílico norbixina (C24H28O4). Ou seja, da

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bixina são obtidos os demais pigmentos do urucum, como a norbixina (lipossolúvel), o

sal da norbixina (hidrossolúvel) e os produtos de degradação térmica, que têm como

características a lipossolubilidade e uma coloração amarela mais estável. Deve-se

ressaltar que o corante hidrossolúvel do urucum é o sal da norbixina, que pode ser

convertido em norbixina pela precipitação ácida e, nesta forma, o pigmento não é

solúvel em água (SILVA, 2007).

As preparações de urucum são usadas para colorir manteiga, queijos, produtos

de panificação, óleos, sorvetes, cereais e embutidos. Do total de sementes de urucum

produzido no Brasil, cerca de 25% são utilizados na preparação de extratos lipo- e

hidrossolúveis e o restante é usado na fabricação do colorífico, totalmente consumido

no mercado interno (GHIRALDINI,1989). Segundo a Resolução CNNPA 12/78 do

Ministério da Saúde (BRASIL, 1978), o colorífico é definido como um produto

constituído pela mistura de fubá ou farinha de mandioca, com urucum em pó ou extrato

oleoso de urucum adicionado ou não de sal e de óleos comestíveis. Este produto, quase

que exclusivamente de uso doméstico, proporciona cor avermelhada ao arroz, risotos,

bifes, frangos, farofas, molhos e queijos. Seu principal mercado é a região Nordeste do

país (TOCCHINI, 2001).

Existem alguns estudos que avaliaram as propriedades antioxidantes da bixina,

como seqüestradora de oxigênio singlete (DI MASCIO et al., 1989). HAILA et al

(1996) mostraram que o extrato da semente de urucum , contendo bixina como o

componente corante preveniu a auto oxidação dos triacilgliceróis in vitro. Este resultado

indicou que tal efeito antioxidante pode ser alcançado pela adição deste extrato aos

alimentos. Por outro lado os autores verificaram que o extrato contém vários outros

produtos fluorescentes não identificados que co-eluem na análise de tocoferóis, o que

sugere que a bixina pode não ser o único componente responsável pelo efeito

antioxidante do extrato.

1.7 Plastificantes Os plastificantes são definidos como substâncias com alto ponto de fusão e baixa

volatilidade. Quando adicionados a outro material provocam mudanças nas

propriedades físicas, químicas e mecânicas dos mesmos (McHUGH; KROCHTA,

1994). O plastificante é uma molécula pequena, de baixa volatilidade e de natureza

química similar a do polímero usado na constituição do filme. Segundo CUQ, 1998, a

adição de plastificante aos biopolímeros modifica a organização tridimensional da rede

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polimérica, diminuindo as forças de atração intermolecular, aumentando o volume livre

do sistema e deixando menos densa a matriz dos filmes, com isto ocorre um aumento da

sua flexibilidade e extensibilidade. O plastificante pode atuar também como agente de

gelificação, bloqueando os centros de atração moleculares polímero-polímero que,

geralmente, são de grupos polares. Nesse caso, é necessária a presença de grupos

polares na molécula do plastificante (MOTA, 2009).

A adição de um agente plastificante é necessária para superar a fragilidade dos

filmes biodegradáveis, que ficam quebradiços devido às extensivas forças

intermoleculares. Os plastificantes reduzem essas forças, suavizam a rigidez da

estrutura do filme e aumentam a mobilidade entre as cadeias biopoliméricas,

melhorando as propriedades mecânicas do filme (GUILBERT et al., 1997). Isso resulta

em maior permeabilidade aos gases e ao vapor d’água. (FAIRLEY et al., 1996).

Vários plastificantes são utilizados na elaboração de filmes biodegradáveis e

coberturas. Entre eles, os mono, di e oligossacarídeos (glicose, sacarose); polióis

(glicerol, sorbitol, derivados da glicerina e gliceróis); lipídios (ácidos graxos saturados,

monoglicerídeos e derivados de éster, fosfolipídios e surfactantes) (GUILBERT, 1986).

Destes, o glicerol (ou glicerina) têm sido bastante citado em pesquisas pelo seu bom

desempenho, boa oferta e forte apelo ambiental. . Plastificantes como o glicerol são

capazes de garantir boa qualidade no plástico biodegradável a ser produzido

(RABELLO, 2000). MACHADO (2011), PERAZZO (2011), BASTOS (2010), MOTA

(2009), RIGO (2006) utilizaram glicerol como platificantes em seus filmes

biodegradáveis e comprovaram os efeitos deste sbre diversas propriedades dos seus

filmes.

Depois de fortes oscilações na década de 90, desde 2000 o mercado da glicerina

voltou a crescer. Uma grande fonte agora é a glicerina proveniente do biodiesel

(BIODIESEL, 2007). A implantação da recente lei federal no Brasil obriga em 2008, o

acréscimo de 2% de biodiesel no diesel comum (B2), e posteriormente, esta proporção

aumentará para 5% (LDB, 2006; PINTO et al., 2005). Conseqüentemente isto acarretará

um aumento na oferta nacional de glicerina, que é cerca de 10% dos produtos formados

na reação de obtenção deste biocombustível. A previsão é que a mistura de 2% de

biodiesel (B2), resultará na disponibilidade de 80.000 ton. de glicerina bruta por ano. Da

mesma forma, o crescimento da produção do Biodiesel na Europa resultará num

aumento de 10% (100.000 ton/ano) na oferta global de glicerina bruta (BRASIL, 2004).

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Portanto, grande parte do sucesso do projeto Biodiesel está condicionada a

glicerina deixar de ser um resíduo para tornar-se fonte de renda real. A dificuldade de

acomodação de uma oferta de glicerina quase três vezes maior que a demanda, ocorre

principalmente porque a glicerina resultante da produção de biodiesel tem

características diferentes da que é utilizada na indústria de higiene. Outra questão a ser

considerada, é que ela não pode ser descartada no meio ambiente, e não pode ser

queimada porque libera para a atmosfera a cloreína, composto com atividade

carcinogênica. Portanto, o Brasil está diante de um passivo ambiental gerado a partir do

biodiesel.

Atualmente, o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento no segmento de

biodiesel está voltado para o desenvolvimento de rotas de transformação da glicerina

em produtos largamente empregados na indústria. Desta forma, o excedente de

produção pode ser deslocado para outros setores, evitando o colapso da cadeia nacional

de produção de glicerina animal, além de possibilitar a criação de uma nova cadeia de

produção rentável, a cadeia da glicerina vegetal.

1.8 Caracterizações dos Filmes: análise colorimétrica, termogravimetria e

solubilidade

A aplicação de filmes bioativos depende fortemente de suas propriedades

mecânicas e de barreira. A incorporação de aditivos tende a alterar as características dos

filmes em geral, portanto torna-se importante a caracterização físico-química, térmica e

mecânica dos novos compostos. As características físicas mais estudadas em

embalagens são: espessura, sólidos totais, porcentagem de alongamento, resistência à

tração, permeabilidade ao vapor de água, dentre outras (SOUZA, 2010).

Dentre as propriedades óticas de filmes para aplicação em embalagem,

destacam-se a cor e a transparência (opacidade). A cor pode ser considerada um

importante parâmetro na caracterização dos filmes, pois está relacionada com a

matéria-prima utilizada na elaboração dos mesmos (ORTIZ,2009). A cor pode ser

representada tridimensionalmente por um sólido de cor, através de um atributo de

luminosidade, chamado de Valor (Value) e dois atributos de cromaticidade, chamados

de Tom e Croma (Hue e Chroma). Tom é o nome da cor, ou seja, é a qualidade pela

qual se distingue uma família de outra família de cores cromáticas, como o vermelho do

amarelo. Croma é a intensidade de um tom distinto ou a intensidade da cor, isto é, a

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posição da cor entre o cinza e o tom puro. Valor é a luminosidade da cor, é a qualidade

pela qual se distingue uma cor clara de outra escura (FERREIRA, 1981).

Como importante parâmetro na caracterização dos filmes, a cor está relacionada

com a matéria-prima utilizada na elaboração dos mesmos. Os filmes de glúten de trigo,

por exemplo, apresentam coloração amarelada (GONTARD, 1991), ao contrário dos

filmes à base de gelatina ou amido de mandioca, que são praticamente incolores

(SOBRAL, 1999).

A cor é um atributo de fundamental importância para um produto. Poucos são os

trabalhos que relatam a determinação da cor para filmes biodegradáveis. De acordo com

FERREIRA (1981), a cor pode ser representada tridimensionalmente por um sólido de

cor, através de um atributo de luminosidade, chamado de Valor (Value), e dois atributos

de cromaticidade, chamados de Tom e Croma (Hue e Chroma). Tom é a cor, ou seja, é a

qualidade pela qual se distingüe uma família de outra família de cores cromáticas, como

o vermelho do amarelo. Croma é a intensidade de um tom distinto ou a intensidade da

cor, isto é, a posição da cor entre o cinza e o tom puro. Valor é a luminosidade da cor, é

a qualidade pela qual se distingue uma cor clara de outra escura (ver Figura 2).

Figura 2: Representação tridimensional do sistema de cores (Fonte: HunterLab,

1997).

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Para a determinação da cor de um material, podem-se utilizar cartas ou atlas de

cores, onde um dos mais conhecidos é o Livro de Cor da Munsell (Munsell Book of Co-

lor), ou ainda pelo uso de colorímetros os quais baseiam-se nas escalas de cor CIE Lab

ou HunterLab. Tanto as cartas de cor quanto os colorímetros descrevem os três atributos

da cor (Tom, Croma e Valor). O Lab, que é um sistema subtrativo de cor proposto pela

Commision Internationale L'Eclairage – CIE, estabelece coordenadas uniformes no

espaço tridimensional de cor (Figura 3). No Sistema CIE Lab, os valores para claro e

escuro são representados pelo L (neste trabalho representado por L*), o vermelho é re-

presentado +a*, o verde por –a*, amarelo por +b* e azul por –b*, em um plano cartesi-

ano (GIESE, 2000; HUTCHINGS, 1999).

Figura 3: Representação gráfica do sistema CIE Lab.

Fonte: http://marceloandrade17.blogspot.com

A transição vítrea é uma transição de fase que ocorre em materiais amorfos ao

serem submetidos a uma determinada temperatura, denominada de temperatura de

transição vítrea (PEREZ, 1994); quando submetidos a temperaturas abaixo da Tg, os

materiais se encontram no estado vítreo e são caracterizados por uma baixa mobilidade

molecular que lhes confere certa rigidez; acima da Tg, os mesmos se encontram no

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estado borrachento, de maior mobilidade molecular e, consequentemente, maior

flexibilidade. A temperatura de transição vítrea é o parâmetro mais importante na

definição das propriedades mecânicas de polímeros amorfos, em função da sua

importância nos processos de recristalização e armazenamento destes materiais

(FORSSELL et al. , 1997).

A termogravimetria (TGA) é uma técnica da análise térmica na qual a variação

da massa da amostra (perda ou ganho) é determinada em função da temperatura e/ou

tempo, enquanto a amostra é submetida a uma programação controlada de temperatura.

Esta técnica possibilita conhecer as alterações que o aquecimento pode provocar na

massa das substâncias, permitindo estabelecer a faixa de temperatura em que começam

a se decompor, acompanhar o andamento da desidratação e de reações de oxidação,

combustão, decomposição, etc. (CANEVAROLO, 2003). No método termogravimétri-

co convencional ou dinâmico, são registradas curvas de massa da amostra em função da

temperatura ou do tempo. Essas curvas são denominadas curvas termogravimétrica ou

simplesmente, curvas de TGA. Na termogravimetria derivada (DTG), as curvas são re-

gistradas a partir das curvas de TGA e correspondem às derivadas primeiras da variação

de massa em relação ao tempo.

A TGA tem sido largamente utilizada para avaliação da estabilidade térmica, de-

terminação de conteúdo de umidade e de aditivos, estudos de cinética de degradação,

análise de sistemas de copolímeros, estabilidade a oxidação e temperaturas de degrada-

ção em materiais poliméricos. Nos casos de filmes biodegradáveis e também ativos é

possível estabelecer a temperatura de degradação dos compostos, o efeito da adição de

antioxidantes e a estabilidade térmica destes (PELISSARI, 2009).

A solubilidade em água é uma propriedade importante dos filmes biodegradáveis

no que se refere ao seu emprego, pois algumas aplicações requerem insolubilidade e

água para manter a integridade do produto (PEREZ-GAGO e KROCHTA, 1999). Fil-

mes com alta solubilidade podem ser interessantes para embalagens de alimentos desi-

dratados que devam sofrer uma hidratação prévia ao consumo. Por outro lado muitas

aplicações demandam embalagens resistentes à água, como no caso de alimentos com

alta atividade de água, ou mesmo para se evitar a transpiração de produtos frescos

(MONTERREY-QUINTERO, 1998).

De acordo com Fakhouri et al.(2007), a solubilidade influencia a propriedade de

barreira ao vapor de água dos filmes biodegradáveis. Para se obter uma baixa permeabi-

lidade ao vapor de água (dentro de uma grande faixa de umidade relativa), torna-se ne-

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cessário a utilização de material insolúvel ou pouco solúvel em água. Filmes formados a

partir de hidrocolóides hidrofílicos, com plastificantes hidrofílicos tendem a ser, obvia-

mente, mais solúveis do que aqueles em que se utilizam componentes hidrofóbicos.

Contudo, em filmes onde são incorporados compósitos, mesmo eles sendo hidrofílicos,

a solubilidade tende a diminuir devido ao tamanho das partículas que esses compósitos

apresentam (WOLF, 2007).

1.9 Espessura, Atividade de água e Propriedades de Barreira

A espessura é definida como a distância entre duas superfícies principais do

material, é um parâmetro importante para filmes plásticos mono ou multicamadas.

Conhecendo-se a espessura é possível obter informações sobre resistência mecânica e as

propriedades de barreira a gases e ao vapor de água do material, bem como fazer

estimativas sobre a vida útil de alimentos acondicionados nestes materiais. Por meio da

determinação da espessura é possível avaliar a homogeneidade de um filme quanto a

este parâmetro. Variações na espessura de um material acarretam problemas no seu

desempenho mecânico e flutuações nas propriedades de barreiras (CETEA, 1996).

A espessura deve ser estabelecida levando-se em conta a utilização final do

filme, que dependerá do alimento a ser embalado (SARMENTO, 1999). Esse controle é

difícil, sobretudo nos processos de produção do tipo casting, pois a solução formadora

de filme pode se tornar muito viscosa, dificultando seu espalhamento e,

conseqüentemente, o controle da espessura, além de possibilitar a formação de bolhas

na solução (SOBRAL, 1999).

Para a análise de espessura, recomenda-se que as medidas sejam realizadas em

corpos de prova sem irregularidade, a pelo menos 6 mm da borda. As amostras devem

ser previamente acondicionadas em ambiente com umidade e temperatura controladas.

Além disso, as superfícies de medição do micrômetro devem ser limpas com óleo

anticorrosivo, como éter de petróleo e anteriormente à análise, o micrômetro deve ser

sempre zerado. A espessura é mais comumente expressa em milímetros (mm)

(SARANTÓPOULOS et al., 2002).

Dentre os fatores de estabilidade dos produtos, a umidade e a atividade de água

são parâmetros que podem ser medidos facilmente e com precisão (RÖDEL et al.,

1990). A vida útil de um alimento não está ligada somente a quantidade de água total

que está presente no mesmo, que é a umidade, e sim como a água está interagindo com

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os componentes sólidos deste; sendo essa interação expressa pela atividade de água

(Aw). Assim, a atividade de água e a umidade são fatores que influenciam diretamente

nas características dos alimentos e na sua estabilidade, sendo muitos métodos de

conservação baseados no controle ou redução do teor de água dos alimentos,

procurando associá-los a manutenção da qualidade de uma forma global (KIRCHHOF

et al., 2008).

Em filmes hidrofílicos, a atividade de água (Aa) e a temperatura a que são

submetidos influenciam grandemente as propriedades de barreira. Ao se aumentar a Aa,

produz-se um inchamento excessivo da matriz polimérica, que leva a um incremento na

difusão das moléculas de água e, consequentemente, diminui as propriedades de barreira

destes materiais (BIQUET; LABUZA, 1988).

A migração de vapor de água é um dos principais fatores de alteração da

qualidade sensorial e da estabilidade da estocagem (GONTARD et al., 1994). A Norma

ASTM E96-95 (American Society for Testing and Materials) define a permeabilidade

ao vapor de água como a taxa de transmissão de vapor de água por unidade de área

através do filme, de espessura conhecida, induzida por um gradiente de pressão entre

duas superfícies específicas, de temperatura e umidade relativa especificada (ASTM,

1990).

A permeabilidade é definida como uma propriedade do par filme/permeado, em

condições bem definidas de temperatura, umidade relativa, espessura e diferença de

pressão parcial (LAI; PADUA, 1998).

O método utilizado para avaliar essa propriedade é o método gravimétrico, que

consiste em pesagens sucessivas de uma cápsula hermeticamente fechada, contendo o

filme na sua superfície e substância dessecante (cloreto de cálcio ou sílica gel) no seu

interior; colocadas em ambientes com umidade controlada. Caso o filme tenha grande

afinidade pela água, é necessária a utilização de corpos de prova adicionais, preparados

sem dessecante (branco) para que possa ser descontada ou acrescida a variação de peso

do material. Alternativamente, a solução com umidade controlada também pode ser

colocada no interior da cápsula, e no seu exterior, o material dessecante

(SARANTÓPOULOS et al., 2000).

KESTER; FENNEMA, 1986, citam diversos fatores que podem afetar a

permeabilidade ao vapor de água em filmes biodegradáveis, incluindo-se a

concentração de plastificante, a morfologia dos filmes, as características das

moléculas permeantes, as interações entre cadeias poliméricas e o grau de

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reticulação. Fatores relacionados à composição química e estrutura do polímero, tal

como grau de saturação, presença de cadeias laterais e ligações cruzadas; e fatores que

envolvem heterogeneidades nos polímeros tais como orientação, cristalinidade e a

presença de plastificante determinam as propriedades de transporte (LAI; PADUA,

1998).

1.10 Propriedades Mecânicas

As propriedades mecânicas dos filmes biodegradáveis são características

importantes para sua utilização como embalagem, devido ao manuseio a que estão

sujeitos os produtos durante a distribuição e comercialização. Filmes biodegradáveis

devem ser resistentes à ruptura e abrasão, para que possam reforçar a estrutura do

produto e facilitar o seu manejo e devem ser flexíveis, para que possam se adaptar às

possíveis deformações sem se romper (SARANTÓPOULOS et al., 2002).

As principais propriedades mecânicas dos filmes são a resistência à tração,

porcentagem de elongação e módulo de Young (E, dado em MPa/%). A primeira é

expressa pela tração máxima desenvolvida pelo filme no teste. A segunda é a habilidade

do filme em se estender. Os filmes obtidos devem ser resistentes à ruptura e à abrasão,

fazendo com que o alimento não perca sua integridade e proteção por manuseio e

transporte. Além disso, ele deve possuir flexibilidade suficiente para adaptar-se a

eventuais deformações no alimento sem dano mecânico (GONTARD et al., 1994).O

módulo de Young é uma característica de cada material, que representa a constante de

proporcionalidade entre a tensão e a deformação de um corpo (VAN DE VELDE;

KIEKENS, 2002).

A natureza do material filmogênico e sua coesão estrutural determina as

propriedades mecânicas dos filmes. Espessura, processo de obtenção e umidade de

armazenagem são fatores que também influenciam nas propriedades. Em baixas

umidades relativas, os filmes biodegradáveis tornam-se quebradiços, enquanto que em

umidades relativas elevadas os mesmos são flexíveis, porém frágeis (LAWTON, 1996).

A metodologia padrão para os ensaios de resistência mecânica segue as

especificações ASTM D882-00 (ASTM, 2001), onde corpos de prova retangulares (8 x

2,5 cm) obtidos de filmes pré-condicionados (75% UR, 30ºC) são fixados entre as

garras de tensão do equipamento. A espessura de cada amostra deve ser medida em

quatro pontos, em posições aleatórias. A posição inicial e a velocidade de separação das

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garras devem ser fixadas a 50 mm e 12,5 mm/min, respectivamente e devem ser

realizadas pelo menos cinco medidas para cada amostra (SOUZA, 2010).

As propriedades mecânicas dependem fortemente da formulação

(macromolécula, solvente, plastificante, ajustador de pH) e do processo de obtenção.

Dentro da formulação, o teor de plastificante é um importante fator capaz de alterar o

perfil de propriedades mecânicas de um filme (MALI et al., 2010).

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Capítulo II

Tendências tecnológicas do biopolímero quitosana e de filmes elaborados desta

matriz através da prospecção em documentos de patentes

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CAPITULO II

Tendências tecnológicas do biopolímero quitosana e de filmes elaborados

desta matriz através da prospecção em documentos de patentes.

RESUMO - A quitosana é um biopolímero, derivado hidrolisado da quitina insolúvel

em solução aquosa neutra ou alcalina e é solúvel em soluções ácidas. Portanto, um

composto que possibilita a fabricação de filmes biodegradáveis, devido a sua alta capa-

cidade em formar gel na presença de ácidos fracos, sua atividade antimicrobiana e pelo

controle de trocas gasosas. Mediante a importância atual em se implementar alternativas

ambientalmente sustentáveis, o objetivo deste trabalho foi realizar um estudo de pros-

pecção para avaliar o panorama mundial da utilização da quitosana, principalmente em

filmes biodegradáveis na indústria alimentícia. Foram realizadas consultas nos bancos

de dados de patentes do escritório europeu Espacenet (EP), utilizando palavras-chave

em inglês para a pesquisa avançada (Advanced Search).O baixo número de patentes en-

contrados evidencia a necessidade de incentivo à pesquisa e à proteção dessa tecnologia

pesquisada, tanto no setor público quanto privado e implementação de políticas gover-

namentais que possibilitem maior interação entre universidades e indústria, a fim de se

estimular a transferência de conhecimentos tecnológicos da universidade para o setor

produtivo.

PALAVRAS-CHAVE: Tendências tecnológicas; quitosana; filmes biodegradáveis; pros-

pecção.

ABSTRACT – Chitosan is a biopolymer derived from chitin hydrolyzed insoluble in

neutral or alkaline aqueous solution and is soluble in acidic solutions. Therefore, a com-

pound that enables the manufacture of biodegradable films, due to its high capacity to

form gels in the presence of weak acids, antimicrobial activity and control of gas ex-

change. Through the current importance of environmentally sustainable alternatives to

implement the objective of this study was a prospective study to assess the global pic-

ture of the use of chitosan, especially in biodegradable films in the food industry. Con-

sultations were held in databases Espacenet European Patent Office (EP) using key

words in English to the Advanced Search (Advanced Search). The low number of pa-

tents found highlights the need to encourage research and the protection of the technol-

ogy researched in both the public and private sectors and implementation of government

policies that allow greater interaction between universities and industry in order to

stimulate the transfer of technological knowledge from universities to the productive

sector.

KEYWORDS: Technology trends; chitosan; biodegradable films; prospecting.

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1. Introdução

Um filme biodegradável é um filme fino preparado de materiais biológicos, que a-

gem como barreira a elementos externos protegendo assim o produto e aumentando a

sua vida de prateleira. Pela sua composição é facilmente degradado biologicamente, fato

que contribui para o desenvolvimento sustentável (HENRIQUE et al.., 2008).

Os materiais biodegradáveis são geralmente produzidos com materiais biológicos,

como polissacarídeos (derivados de celulose, amido, alginato, quitosana, pectina e dife-

rentes gomas), proteínas (glúten do trigo, as proteínas do leite, da soja e do milho, o co-

lágeno e as gelatinas de origem animal), lipídios e derivados (KROCHTA, 2002). Os

filmes possuem potencial para controlar a perda de umidade e a troca de oxigênio, e et i-

leno e dióxido de carbono do tecido das frutas; dessa forma funciona como alternativa

ao tratamento por atmosfera controlada, alternativa que está sendo empregada na pre-

servação de frutas e hortaliças apesar dos custos do processo (AVENA-BUSTILLOS e

KROCHTA, 1993).

A quitosana é um derivado hidrolisado da quitina. É a forma desacetilada desta,

composta principalmente de glucosamina (2-amino-2-desoxi-D-glucose), possuindo di-

ferentes classes de desacetilações. São produzidas, a partir do polissacarídeo inicial

(quitina) por uma reação de desacetilação. Uma de suas principais características é a

insolubilidade em água e também em outros solventes orgânicos (THANOO et al.,

1991).

A quitosana é insolúvel em solução aquosa neutra ou alcalina e é solúvel em solu-

ções ácidas. Presumivelmente o grande número de sítios catiônicos ao longo da cadeia

permite a solubilidade em água por aumentar tanto a polaridade do composto quanto o

grau de repulsão eletrostática entre unidades do polímero. Evidentemente a quitina pos-

sui uma porcentagem insuficiente de unidades de glucosamina para permitir solubilida-

de em água, até mesmo em condições ácidas. Esta característica de solubilidade é talvez

a principal diferença entre estas duas estruturas (WINTEROWD e SANDFORD, 1995).

Devido a suas características atóxicas e fácil formação de géis, a quitosana é consi-

derada um composto de grande interesse industrial. São exemplos de aplicações indus-

triais da quitosana: no tratamento de águas e efluentes, tratamento de queimaduras e

como pele artificial (uso na biomedicina), revestimento de comprimidos (medicamen-

tos), fabricação de lentes de contato, na redução da obesidade (fibras dietéticas). Na in-

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dústria de alimentos pode ser utilizada como aditivos alimentares, sendo agente texturi-

zante, estabilizante, emulsificante, etc. (FAI et al., 2008).

A quitosana é, portanto, um composto que possibilita a fabricação de filmes biode-

gradáveis, devido a sua alta capacidade em formar gel na presença de ácidos fracos, sua

atividade antimicrobiana e pelo controle de trocas gasosas. Essas propriedades têm pro-

porcionado aumento da vida de prateleira dos produtos submetidos a armazenamento

por estes filmes, sem alteração das características organolépticas dos mesmos (CAM-

PANA-FILHO, et al., 2007).

Em se tratando de atividade antimicrobiana, alguns estudos apresentam inibição do

crescimento de alguns microrganismos por conta da atividade deste biopolímero. São

eles: Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Salmonella. typhimurium, Streptococcus

faecali, Salmonella entérica, S. paratyphi, Pseudomonas aeruginosa, Listeria monocyto-

genes, Bacillus. cereus, Shigella dysenteriae, entre outros (FAI et al., 2008).

Alguns pesquisadores explicam a atividade antimicrobiana da quitosana por seus

grupos amínicos que, uma vez em contato com os fluidos fisiológicos, provavelmente

são protonados e se ligam a grupos aniônicos desses microrganismos, resultando na a-

glutinação das células microbianas e inibição do crescimento (RAVI KUMAR, 2000).

Outros estudos sugerem que os efeitos da quitosana são distintos nos dois tipos de

bactérias: no caso das gram-positivas, a hipótese é que quitosana de alta massa molecu-

lar forma películas ao redor da célula que acabam por inibir a absorção de nutrientes,

enquanto que quitosana de baixa massa molecular penetra mais facilmente em bactérias

gram-negativas, alterando o metabolismo desses microorganismos (ZHENG e ZHU,

2003).

A elaboração do filme envolve a utilização de pelo menos um agente formador de

filme (macromoléculas), solvente (água, etanol, entre outros), plastificante (glicerol,

sorbitol,etc) e agente ajustador de pH (ácido acético, NH4OH, etc) (THARAHATHAN,

2003). A formação de filmes bioativos envolve associações inter e intramoleculares ou

ligações cruzadas de cadeias de polímeros formando uma rede tridimensional semi-

rígida que retém o solvente. A transformação da solução filmogênica em filmes é con-

seqüência destas interações intermoleculares. (CARVALHO, 2002).

Os plastificantes são definidos como substâncias com alto ponto de fusão e baixa

volatilidade, que devem ser compatíveis com o biopolímero para garantir sua eficiência.

Interagem com a interface do polímero, enfraquecendo as forças intermoleculares, dan-

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do maior mobilidade às cadeias formadoras da matriz polimérica e consequentemente,

aumentando a flexibilidade dos filmes (AZEREDO et al., 2010).

A adição de um agente plastificante é necessária para superar a fragilidade dos

filmes, que ficam quebradiços devido às extensivas forças intermoleculares. Os plastifi-

cantes reduzem essas forças, suavizam a rigidez da estrutura do filme e aumentam a

mobilidade entre as cadeias biopoliméricas, melhorando as propriedades mecânicas do

filme (GUILBERT e BIQUET, et al., 1995). Isso resulta em maior permeabilidade aos

gases e ao vapor d’água. (FAIRLEY et al., 1996).

As propriedades protetoras desses filmes podem ser reforçadas mediante a incorpo-

ração de aditivos que agem liberando compostos que aumentam a vida-de-prateleira dos

produtos tais como agentes antimicrobianos, bactericidas, fungicidas, antioxidantes ou o

uso de enzimas. Cabe salientar que, como o consumidor tem aumentado a demanda por

alimentos seguros e estão, especialmente, preocupados com os efeitos colaterais de vá-

rios aditivos artificiais, é de grande importância o estudo de novos aditivos naturais e

não tóxicos no intuito de substituir os aditivos artificiais na manutenção da qualidade

dos alimentos (GUILBERT e BIQUET, 1995). Portanto, o objetivo deste trabalho foi

realizar um estudo de prospecção para avaliar o panorama mundial da utilização da qui-

tosana, principalmente em filmes biodegradáveis na indústria alimentícia, relacionando

os documentos de patentes depositados sobre a utilização do polímero, conhecer os paí-

ses detentores desta tecnologia, incluindo as principais áreas que utilizam essa matriz

como ferramenta de inovação tecnológica.

2. Aspectos Metodológicos

Para obtenção de dados atualizados referentes aos documentos de patentes e propri-

edade intelectual relacionados à quitosana e filmes biodegradáveis a partir dessa matriz,

foram realizadas consultas nos bancos de dados de patentes. A busca foi realizada utili-

zando palavras-chave sobre a matriz quitosana e processo de produção dos polímeros

biodegradáveis (filmes) e seu emprego em diversos setores industriais. Foram emprega-

dos os termos em inglês para a pesquisa avançada (Advanced Search) no escritório eu-

ropeu Espacenet (EP). Ressalta-se que foram utilizadas as seguintes palavras-chaves e

suas combinações: “chitosan”, “films and chitosan”, “packing and chitosan” e “biode-

gradable films and chitosan”.

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Foi escolhida a pesquisa avançada (Advanced Search) da base de dados européia,

pois esta compreende a coleção completa de pedidos de patentes em mais de 80 países,

incluindo, por exemplo, os pedidos de patentes nacionais, Instituto Nacional de Proprie-

dade Industrial (INPI), norte americanos, United States Patent and Trademark Office

(USPTO) e via Patent Cooperation Treaty (PCT).

Os dados coletados nos documentos de patentes foram tratados e discutidos pela aná-

lise de informações relevantes extraídas nestes documentos, o que permitiu se traçar um

perfil superficial dos depositantes, ressaltando os principais países detentores destas

tecnologias, a evolução do número de depósitos nos últimos anos, as principais áreas de

aplicação destas tecnologias, etc.

Vale ressaltar que o termo “documento de patente” abrange pedidos de patente pu-

blicados ou patentes concedidas.

3. Resultados e Discussão

3.1 Pesquisa dos documentos de patentes

Tabela 1: Número de patentes encontradas de acordo com as palavras-chave

Palavras-chave Quantidade

chitosan 500

films* chitosan 11

packing* chitosan 3

biodegradable films*chitosan 1

TOTAL 515

3.2 Objetos das patentes depositadas

Das 515 patentes obtidas nas pesquisas com as 4 palavras-chave, 311 são patentes de

aplicação em produtos e 204 são de metodologia de processo de produção (Figura 1).

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Figura 1: Distribuição de patentes de acordo com critério processo x produto.

Dentre as diversas áreas de aplicação que as patentes depositadas abrangem, a maior

parte refere-se ao uso de quitosana na área farmacêutica e química (Figura 2). Entretan-

to, a utilização desse polímero como constituinte de embalagens ainda é restrita, já que

apenas 12 patentes são destinadas ao tema, as quais possuem aplicação voltada para a

área farmacêutica, de alimentos, química e agroindustrial.

Figura 2: Distribuição de patentes conforme área de aplicação destas.

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A quitosana vem sendo extensivamente estudada devido às suas propriedades

peculiares que lhe conferem um aproveitamento bastante versátil, tais como: carreador

de fármacos de liberação controlada e DNA, regeneração de tecidos epiteliais, confec-

ção de membranas artificiais, promotor de osteogênese, antibacteriano, coadjuvante da

higiene oral, absorção de gordura e redução do colesterol sérico, componente de cosmé-

ticos, remoção e recuperação de diferentes resíduos, biotransformação e detecção de

pesticidas, recobrimento de sementes na agricultura, remoção de corantes, aminoácidos

e proteínas e como agente floculante no tratamento de efluentes aquosos (FAI, 2008).

Este polímero insolúvel em água é um excelente ligante, propriedade importante para

aplicação nas áreas farmacêutica, alimentícia e de saúde (MATTEUS, 1997).

A modificação da estrutura química de biopolímeros, com o intuito de conferir-lhes

propriedades funcionais adicionais ou simplesmente melhorar atributos já característ i-

cos dos mesmos é uma atividade de pesquisa muito explorada, haja vista o número ex-

pressivo de publicações científicas e de patentes disponíveis. A quitosana é um biopo-

límero que apresenta sítios reativos versáteis para modificações químicas, o que a insere

em um conjunto de biomoléculas de grande interesse para pesquisadores de diversos

ramos da ciência, uma vez que derivados de quitosana obtidos por meio dessas trans-

formações demonstram diversas aplicações biotecnológicas, biomédicas e farmacêuticas

(LARANJEIRA e FÁVERE, 2009.)

A busca por alternativas que minimizem os danos ambientais é uma tendência cada

vez mais estudada. O uso do biopolímero quitosana na confecção de embalagens biode-

gradáveis para uso em indústria alimentícia é muito indicado, uma vez que além de se

aproveitar as propriedades favoráveis desta matriz para este fim (apresentadas anterior-

mente), também poderá se contribuir para o desenvolvimento sustentável de um setor

cuja demanda mundial e a geração de resíduos é intensa.

Nas patentes recuperadas através da busca por associação de palavras chaves fora

encontradas onze patentes para “filme*quitosana”; três patentes para “embala-

gens*quitosana” e uma patente para filmes “biodegradáveis*quitosana”, tendo esta úl-

tima o título: Biodegradable laminated films fabricated from pectin and chitosan, que

tem como objeto da invenção um processo na área agroindustrial, com publicação em

1999. O país detentor desta patente privada são os Estados Unidos.

Diante dos dados observados em relação ao baixo número de patentes que se referem

ao uso de quitosana como matriz para embalagens biodegradáveis, das boas proprieda-

des desta matriz para este fim e de sua grande disponibilidade no meio ambiente para

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67

sua utilização faz-se necessário o incentivo à pesquisa e à proteção de tecnologias na

confecção de filmes e outros artigos com este biopolímero.

3.3 Instituições de depósitos

Das patentes encontradas nesta pesquisa, o título da maioria pertence à universi-

dades (ver Figura 3), com prevalência de universidades e centros e institutos de pesqui-

sa da China, sendo a Universidade de Shanghai a principal universidade que publica

patentes sobre quitosana.

Na China, 16 por cento das patentes provêm do mundo acadêmico. Isso se compa-

ra a quatro por cento nos Estados Unidos e um por cento no Japão. A tendência existe

porque o governo chinês exerce forte direção quanto às áreas técnicas que devem ser

pesquisadas (AÇÃO MAGISTRAL, 2011).

Figura 3: Distribuição das patentes de acordo com as instituições de depósitos.

Durante a pesquisa contatou-se que apenas 1 patente que tratava do uso de quitosa-

na em embalagens biodegradáveis das 3 patentes encontradas foi depositada pela Uni-

versidade de Shanghai, sendo as demais de iniciativa privada.

Entre 1979 e 2004, 41 universidades registraram depósitos de patentes no INPI. A

Universidade de Campinas (UNICAMP) aparece como titular em 31,6% dos depósitos.

Em segundo lugar está a Universidade de São Paulo (USP) com 16,5% e em seguida a

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Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Federal do Rio de Ja-

neiro (UFRJ) com 9,9% e 9,2% dos depósitos, respectivamente. Esses números estão

subestimados, pois em 2000, a FAPESP criou o Núcleo de Patentes e Licenciamento de

Tecnologia (NUPLITEC) com o objetivo de gerenciar os pedidos financiados pela FA-

PESP, ficando desde então, com a titularidade dos pedidos. Embora as universidades

tenham realizado apenas uma média de 1% dos depósitos de patentes de residentes no

Brasil entre 1998 e 2001, elas foram responsáveis por 34,5% dos depósitos de “biotec-

nologia” e 28,6% de “química orgânica” neste período, o que demonstra uma significa-

tiva contribuição das universidades para setores “baseados na ciência”. A Universidade

Federal da Bahia (UFBA) está na 36ª. posição dentre as universidades brasileiras que

mais patenteiam. (PÓVOA, 2010).

3.4 Países detentores da tecnologia

Observando os documentos de patentes depositados, em relação aos países detento-

res das tecnologias patenteadas, destaca-se a China com 63% seguida da Coréia do Sul

com 10% (Figura 4). Isso pode estar associado ao fato de que a China está utilizando

melhor o sistema de patentes internacionais, com um forte aumento de pedidos de pa-

tentes, segundo a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI). Em 2006, a

China pediu o registro de 3.910 patentes internacionais, um aumento de 56,8% em

comparação com o ano anterior (CCIBC, 2011).

O espantoso aumento desses índices neste ano se deu pelo incentivo à inovação e à

tecnologia nacional como prioridades no 11º plano qüinqüenal, que vigorou a partir do

segundo semestre de 2006, na China. O investimento em pesquisa e desenvolvimento

tem crescido. Atualmente representa 1,23% e o plano é chegar a 2,5% em 2025. Os Es-

tados Unidos, que são referência em pesquisa e desenvolvimento, dedicam 2,76% de

seu PIB para esses fins. Graças a uma política pública de longo prazo na área do ensino

para formar técnicos e profissionais altamente capacitados, a China deu um salto e dei-

xou de ser um país subdesenvolvido para se tornar uma potência. Hoje é uma das potên-

cias tecnológicas do mundo que cada vez mais conquista mercados e cresce. A prova

deste resultado não está só na evolução do PIB, mas também na evolução do número de

depósito de patentes (REVISTA MACAU, 2011).

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Figura 4: Distribuição de patentes de acordo com países detentores da tecnologia

O Japão registrou o maior total anual de patentes a cada período, entre 2001 e 2007,

mas os EUA vêm reduzindo a distância. No período, o Japão teve 37 por cento dos no-

vos pedidos de patente, ou 3,5 milhões, ante 27 por cento para os EUA e 12 por cento

cada para China, Coréia do Sul e Europa (AÇÃO MAGISTRAL, 2011).

No entanto, em relação às patentes que abordam o uso de quitosana em embalagens

ou filmes, os EUA possuem maior número de patentes, enquanto a China ocupa o se-

gundo lugar nessa área. Os EUA continuam sendo o país que mais solicita patentes in-

ternacionais, com quase 50 mil pedidos em 2006, 34,1% do total mundial. Depois dos

EUA, os países que mais solicitam patentes são o Japão, Alemanha, República da Co-

réia, França, Reino Unido, Holanda e China.

Através da análise dos documentos de patentes verifica-se que o Brasil não é deten-

tor de nenhuma patente relacionada ao uso de quitosana em embalagens poliméricas, o

que reforça a idéia de que as pesquisas nessa área devem ser incentivadas e que a polít i-

ca de incentivo à inovação no país e proteção intelectual deve ser implementada cada

vez mais, tanto no setor público quanto privado.

O Brasil ainda se mantém muito abaixo no ranking de depósito de patentes, estando

muito abaixo dos países formadores do BRIC (sigla que se refere aos países Brasil, Rús-

sia, Índia e China, que se destacaram no cenário mundial pelo rápido crescimento das

suas economias em desenvolvimento). Atualmente os artigos publicados superam em 80

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70

vezes o número de pedidos de patentes no Brasil, sendo a produção científica mais evi-

dente do que a proteção dessas pesquisas nos escritórios de patentes por todo o mun-

do.Alguns fatores podem contribuir para o déficit do desempenho do Brasil em relação

aos outros países: a falta de incentivo em se proteger a propriedade intelectual e a falta

de conhecimento de pesquisadores de todo o processo de depósito; a desarticulação en-

tre governo, empresas e universidades, que vinculem as pesquisas à engrenagem de

produção científica-publicação e proteção desta. Outro ponto a se considerar é o tempo

de concessão da patente, que difere de país para país. Enquanto o tempo de publicação

de um artigo leva em média um ano, a concessão da patente leva de seis a sete anos;

cinco anos nos EUA, dois anos e meio no Japão e na Coréia do Sul (FEDERMAN,

2009).

3.5 Distribuição anual dos depósitos de patentes

A quitina, precursora da quitosana, foi descoberta em 1811 por Henri Braconnot a

partir de cogumelos, recebendo então o nome de fungina. Em 1823, Odier isolou-a de

insetos e a denominou de quitina, porém, apenas em 1843 Payen descobriu que havia

nitrogênio na sua estrutura (BERGER, 2008). Como quitosana entende-se o biopolíme-

ro obtido da desacetilação da quitina, que é o maior constituinte de exoesqueletos de

crustáceos e outros animais marinhos. A quitosana foi descoberta por volta de 1859, pe-

lo professor C. Rouget em seus experimentos. A quitosana adere facilmente a polímeros

naturais como pele e cabelo, constituídos por proteínas. (MATTEUS, 1997).

Os depósitos de patentes relacionadas ao polímero quitosana, incluindo sua aplicação

em embalagens biodegradáveis, tiverem início a partir do ano de 1988, sendo que o nú-

mero de depósitos passou a crescer a partir de 2009 (ver Figura 5). Desse modo, pode-se

observar que o uso de quitosana engloba uma tecnologia moderna e atual, que tende a

impulsionar estudos na área e, conseqüentemente, gerar mais depósitos de patentes, o

que é observado através do crescente depósito de patentes entre os anos de 2009 e 2011

(até o momento, 50 patentes já foram depositadas em 2011 e um número de 319 depósi-

tos foi alcançado em 2010).

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Figura 5 - Número de patentes ao longo dos anos.

A primeira patente que foi depositada relacionando o uso de quitosana na confecção

de filmes foi em 1988, a EP 0265561 (A1), Novel derivative its preparation and poly-

mer produced therefrom, de posse do Canadá, depositada por instituição privada.

4. Conclusões

A China e a Coréia do Sul possuem o maior número de patentes depositadas relacio-

nadas ao uso de quitosana em áreas diversas, porém no que se refere à utilização desta

matriz em filmes biodegradáveis, os Estados Unidos possuem a maioria dos pedidos

concedidos, ficando a China em segundo lugar. Através da análise dos documentos de

patentes verifica-se que o Brasil não é detentor de nenhuma patente relacionada ao uso

de quitosana em embalagens poliméricas. As áreas de aplicação que mais abrangem as

patentes depositadas relacionadas ao uso de quitosana são a área farmacêutica, química,

de alimentos e agroindustrial. A utilização desse polímero como constituinte de emba-

lagens ainda é irrelevante devido ao baixo número de patentes destinadas ao tema. O

título da maioria das patentes pertence à universidades, com prevalência de universida-

des e centros e institutos de pesquisa da China. O baixo número de patentes referentes

ao uso de quitosana como matriz para embalagens biodegradáveis sendo que esta possui

boas propriedades para este fim e grande disponibilidade no meio ambiente evidencia a

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necessidade de incentivo à pesquisa e à proteção dessa tecnologia pesquisada, tanto no

setor público quanto privado e implementação de políticas governamentais que possibi-

litem maior interação entre universidades e indústria, a fim de se estimular a transferên-

cia de conhecimentos tecnológicos da universidade para o setor produtivo.

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Capítulo III

Desenvolvimento, caracterização e eficácia antioxidante de filmes biodegradáveis a

base de quitosana incorporados com glicerol e aditivos naturais

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CAPITULO III

Desenvolvimento e caracterização de filmes biodegradáveis a base de quitosana

incorporados com glicerol e aditivos naturais.

Resumo

A embalagem é utilizada para prolongar a vida de prateleira do produto

embalado protegendo-o mecanicamente e contra contaminações biológicas e químicas.

Atualmente, a maioria destas embalagens é produzida com materiais sintéticos que

estão envolvidos em problemas ambientais devido a sua não biodegradabilidade. A

indústria de alimentos tem investido desenvolvimento de embalagens que substituam

com vantagens ambientais e de custo os materiais já existentes. Entre os diversos tipos

de embalagens ativas, as antioxidantes, que retardam a oxidação lipídica dos produtos

embalados, são de grande importância para a indústria, principalmente do ramo

alimentício e farmacêutico. O objetivo deste trabalho foi desenvolver, caracterizar e

avaliar a biodegradabilidade dos filmes ativos utilizando a quitosana como matriz,

glicerol como plastificante e corante urucum e azeite de dendê como aditivos ativos,

assim como comprovar sua eficácia antioxidante como embalagem. Os filmes foram

elaborados pelo processo de casting, tendo como formulação base uma solução

filmogênica contendo solução de ácido acético (1%), quitosana (0,5% a 2,5%) e aditivos

antioxidantes: urucum (0 a 1,0%) e azeite de dendê (0 a 0,5%), seguindo delineamento

estatístico de superfície de resposta, com um modelo de ordem (24) contendo 4 pontos

axiais, 4 pontos ortogonais e 3 pontos centrais, totalizando 27 formulações. A análise

da cor dos filmes biodegradáveis foi feita por absorbância em espectrofotômetro

UV/VIS. O parâmetro Luminosidade (L) e a* variaram de 23,48 a 83,30 e -0,63 a 40,51

respectivamente e a concentração de urucum foi a variável que mais exerceu influência

significativa (p<0,01). Para o parâmetro b* (variação de 31,33 a 94,22) a maior

influência foi exercida pela concentração de azeite de dendê. A espessura dos filmes

variou de 0,0364 a 0,0858 mm, sendo o teor de quitosana a variável que mais afeta esta

propriedade.O glicerol foi a variável que mais influenciou nos Sólidos Totais (69,58% a

83,97%) como também na Umidade (16,03 a 30,42%) e na Atividade de água (0,565 a

0,661), aumentando a hidrofilicidade dos filmes ativos biodegradáveis. A

permeabilidade ao vapor d'água (1,25x10-6 a 8,41x10-6 gH2O.µm/m2.h.mmHg)

melhorou devido ao filme ser emulsionado com composto hidrofóbico (presença de

lipídio em sua formulação) o que diminuiu a afinidade pela água levando a modificação

da estrutura filmogênica. Em relação às propriedades mecânicas, o módulo de Young

(E) (157,86±0,15 a 704,0 MPa) foi influenciado pelo teor de quitosana. Quanto maior a

percentagem da matriz, mais resistente se apresenta o filme sendo necessária maior

força para rompê-los. A deformação (16,1 a 39%.) foi aumentando com a inserção de

plastificante aos filmes. Em nível de tensão (3,69 a 28,90 MPa) gerada nos filmes a

variação o teor de glicerol influencia negativamente neste parâmetro. Através da análise

termogravimétrica das 3 formulações escolhidas (F17, F18 e F19) constata-se a

presença de 5 eventos distintos para formulação F17, 4 eventos para F18 e 3 para

formulação F19, cada estágio apresenta degradação de determinado componente a

depender da temperatura em que ocorre. A avaliação da biodegradabilidade mostrou

uma degradação de até 80% de perda de massa em 17 semanas de análise.

Palavras – chaves: filmes biodegradáveis, embalagens ativas, quitosana, glicerol,

antioxidante, urucum, azeite de dendê.

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Development and characterization of the biodegradable films based on chitosan

incorporated with glycerol and additives natural

Abstract

Packing is used to extend the shelf life of the packaged product and protecting it against

contamination mechanically biological and chemical. Currently, most of these packages

is made from synthetic materials that are involved in environmental problems due to

their non-biodegradability. The food industry has invested to replace packaging

development with environmental benefits and cost of materials already. Among the

various types of active packaging, the antioxidants, which slow down lipid oxidation of

the packed products are of great importance to the industry, especially of food and

pharmaceutical industry. Chitosan is a linear polyamine characterized by its source

renewable, biodegradable and its ability to form resistant films, flexible, difficult to

break, and promote effective barrier to oxygen. The objective of this study was to

develop a biomaterial that can be used as packaging, using chitosan as the matrix

polymer, glycerol as a plasticizer and incorporating natural additives with antioxidant

properties, which is annatto and palm oil, evaluating their physicochemical properties,

barrier and mechanical properties and their biodegradability. The biodegradable films

were prepared by casting process, with the formulation based on a film solution

containing acetic acid (1% v / v), chitosan (0.5% - 2.5%) and antioxidant additives,

annatto (0 - 1.0%) and palm oil (0 - 0.5%), followed by statistical design of response

surface, with a model of order (24) containing four axial points, four points and three

orthogonal central points, totaling 27 formulations . The analysis of the color of

biodegradable films was done by absorbance in a spectrophotometer UV / VIS and the

results evaluated by the software Color version 3.0. Parameter Luminosity (L *) ranged

from 23.48 to 83.30, and annatto the variable that most influenced positively. The

parameter a * ranged from -0.63 to 40.51, having the greatest influence of annatto. For

the parameter b * major influence was due to palm oil and the value ranged from 31.33

to 94.22. The thickness of the films ranged from 0.0364 to 0.0858 mm, and the content

of chitosan variable that affects this property. The total solids present limits of 69.58%

to 83.97% and a higher content of glycerol contributes to the reduction of total solids.

The moisture content varied from 16.03 to 30.42% and a higher content of glycerol also

increases the hydrophilicity of the film. The water activity of the films was 0.565 to

0.661, values that agree with the literature for active biodegradable films. The water

vapor permeability of the films ranged from 1.25 x10-6 gH2O.μm/m2.h.mmHg for

formulation F19 to 8.41 x10-6 gH2O.μm/m2.h.mmHg for formulation F20. The fact

that this film is emulsified with hydrophobic compound (presence of lipid in their

formulation) improved the water vapor permeability by decreasing the affinity for water

and changes in the structure FFS. Regarding the mechanical properties, the formulations

of the Young's modulus (E) exhibited a range of 157.86 ± 0.15 to 704.0 MPa.

Formulations with higher content of chitosan have larger values of E. The higher the

percentage of the matrix is more resistant film introduced requiring more force to break

them. The values were related to deformation increases with the inclusion of additives

to the movies, such as a plasticizer. The variation for this parameter was 16.1 to 39%. In

voltage level variation of the films shown was from 3.69 to 28.90 MPa and the content

of glycerol has a negative influence on this parameter. Through the thermogravimetric

analysis of the three formulations selected (F17, F18 and F19) there is the presence of 5

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different events to formulate F17, F18 four events to 3 for formulation and F19, each

stage has the particular component degradation depend on temperature in occurring.

The evaluation of the biodegradability showed a degradation of up to 80% weight loss

at 17 weeks of analysis.

Keywords: biodegradable films, active packaging, chitosan, glycerol, antioxidant

norbixin palm oil.

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1.0 Introdução

A demanda por materiais biodegradáveis e de baixa complexidade tecnológica

tem aumentado consideravelmente nas últimas décadas, principalmente por materiais

plásticos que atendam a expectativa econômica e de mercado, bem como a questão de

preservação do meio ambiente (BASTOS, 2010). Os plásticos sintéticos, por serem

macromoléculas poliméricas que têm uma degradação natural muito lenta, geram uma

grande preocupação com o meio ambiente. Outros fatores observados foram em relação

a sua origem não-renovável, a quantidade de resíduos que são gerados pelo descarte

destes plásticos, além da reciclagem consumir grandes quantidades de energia térmica

(PARRA et al., 2004).

Um material deixa de ser resíduo pela sua valorização como matéria-prima para

a produção de novos produtos; neste caso, o resíduo passa a ser tratado como

subproduto do processo produtivo (BASTOS, 2010). Polímeros de origem agrícola

como as proteínas e os amidos, podem ser usados para formular embalagens

biodegradáveis, mas os filmes apresentam propriedades mecânicas e de barreira a gases

inferiores às convencionais. No entanto, essas características não são limitantes para sua

utilização, pois esta dependerá da sua aplicação (GONTARD; GUILBERT , 1996).

O interesse de manter ou melhorar a qualidade dos alimentos, e ao mesmo

tempo reduzir desperdício de embalagens, tem encorajado a exploração de novos

materiais de embalagens, como os filmes biodegradáveis à base de recursos renováveis

(OLABARRIETA, 2005). Muitas pesquisas têm sido desenvolvidas na elaboração de

materiais plásticos baseados em biopolímeros. Biopolímeros são materiais poliméricos

classificados estruturalmente como polissacarídeos, poliésteres ou poliamidas. A

matéria-prima principal para sua obtenção é uma fonte de carbono renovável,

geralmente um carboidrato que pode ser derivado de plantios comerciais de larga escala

como cana-de-açúcar, milho, batata, trigo e beterraba ou de outra fonte; um óleo

vegetal, extraído de soja, girassol, palma ou outra planta oleaginosa e até de origem

protéica (BASTOS, 2010).

Filmes são estruturas utilizadas para envolver produtos e quando são

completamente degradados por microorganismos são considerados biodegradáveis. Os

filmes biodegradáveis são materiais de fina espessura, preparados a partir de

macromoléculas biológicas, que agem como barreira a elementos externos (umidade,

gases e óleos) e conseqüentemente, protegem o produto e aumentam sua vida de

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prateleira. Eles podem também carregar compostos antimicrobianos e antioxidantes.

(KROCHTA; MULDER-JOHNSTON, 1997). São denominados filmes ativos, quando

possuem funções adicionais que levam a prolongação da vida-de-prateleira do produto

embalado.

Os filmes elaborados a partir de polissacarídeos (celulose e derivados,

carboidratos e derivados, gomas, entre outros) ou proteínas (gelatina, caseína, farinha de

glúten, entre outras) possuem excelentes propriedades mecânicas e ópticas, porém são

sensíveis à umidade e apresentam alto coeficiente de permeabilidade ao vapor

d’água. Ao contrário, os filmes compostos de lipídios (ceras, lipídios e derivados, entre

outros) apresentam boas propriedades de barreiras ao vapor d’água, mas são opacos e

pouco flexíveis (GUILBERT et al., 1989; GALLO et. al., 2000).

A elaboração de filmes envolve a utilização de diversos componentes, cada qual

com sua finalidade específica. Tais formulações são constituídas de pelo menos uma

matriz polimérica (macromoléculas: polissacarídeos: amido, quitosana, pectina, entre

outros; proteínas: caseína, glúten, entre outros; lipídios: ceras, ácidos graxos, entre

outros), solvente (água, etanol, água/etanol, entre outros), plastificante (glicerol,

sorbitol, etc.), agente ajustador de pH (ácido acético, NH4OH, etc.) (BERTAN, 2003).

A desnaturação ou a incorporação de aditivos que promovam a formação de ligações

cruzadas resultam em maior ordenação molecular, e conseqüentemente, maior coesão e

rigidez dos filmes (GUILBERT et al., 1997).

Um dos processos para obtenção de filmes é baseado na técnica denominada de

casting, na qual é realizada dispersão da matriz biodegradável em um solvente, com

adição ou não de outros compostos, havendo então a formação de uma solução

filmogênica. Os filmes se formam depois que a solução é aplicada sobre um suporte e é

levada para evaporação do solvente. As moléculas se reorganizam, formando uma

matriz contínua que dá origem aos filmes (MALI, 2004).

Filmes obtidos a partir da quitosana foram desenvolvidos com sucesso por

PELISSARI (2009), ASSIS (2010). O uso de plastificantes nestes filmes permite maior

percentual de alongamento e adaptação da matriz na estrutura (VEIGA-SANTOS et al.,

2005). O glicerol é atualmente um dos plastificantes mais utilizados no

desenvolvimento de filmes biodegradáveis, o que tem causado impacto científico uma

vez que este poliálcool é um subproduto gerado a partir da cadeia do biodiesel, que se

encontra em expansão em todo mundo (MACHADO, 2011), portanto uma matéria-

prima de baixo custo e alta disponibilidade.

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80

O que faz da quitosana um material de interesse é seu amplo espectro

antimicrobiano (RABEA, 2003), que, associado à biocompatibilidade e à

biodegradabilidade, a torna particularmente interessante para aplicações na agricultura,

medicina, meio ambiente e alimentos (ASSIS, 2010). A quitosana é solúvel somente em

pH próximos ao seu pka (~6,3), formando um polímero catiônico pela protonação dos

grupos amino. Se vertido sobre superfície plana apolar, após a evaporação do solvente,

resulta em filmes com razoáveis propriedades mecânicas (PARK, 1999), que têm sido

avaliados como potenciais materiais para uso na indústria alimentícia (BRITO et al.,

2005) e farmacêutica (MITRA et al., 2001), na medicina (KARIMAN, 2007) e

tratamento de águas residuais (HUANG et al, 2000; VIVEK ; TORRES, 2000).

Os filmes de quitosana apresentam, na condição seca, baixa permeação a gases,

inferiores aos medidos para PET (Politereftalato de etileno) ou PVC (cloreto de

polivinila) e a demais filmes de base biológica como glúten e celulose e,

adicionalmente, tem sido mostrado que a permeação de CO2 é superior à de O2 o que

pode vir a ser de interesse na confecção de embalagens com atmosferas controladas. A

eletronegatividade das ligações covalentes (N-H), presentes nos grupamentos amino

gera sítios de alta polaridade, tornando favorável o rearranjo de moléculas de água em

seu entorno. Essa característica associada aos grupos acetamido, que também são

polares, resulta assim em um alto grau de hidrofilicidade, o que pode gerar a redução da

estabilidade estrutural do polímero. Segundo ASSIS (2010), a presença constante de

umidade na estrutura do polissacarídeo provoca o intumescimento da matriz com

conseqüente desagregação das fibras além do favorecimento ao ataque por micro-

organismos. Para reduzir o grau de hidrofilicidade faz-se uso de agentes entrecruzantes

hidrofóbicos, como o glutaraldeído, que adicionado à cadeia da quitosana eleva sua

estabilidade e reduz sua afinidade por moléculas polares (BEPPU, 1999). Além disto,

existem várias estratégias para melhorar as propriedades, principalmente mecânicas e de

barreira dos filmes biodegradáveis, entre elas, o uso de blendas e a adição de

plastificantes (OLABARRIETA, 2005).

O objetivo deste trabalho foi obter filmes de quitosana, plastificados com

glicerol, incorporando o azeite de dendê e o urucum como aditivos ativos, e caracterizá-

los através da avaliação das propriedades físico-químicas, mecânicas e de barreira, além

de avaliar a biodegradabilidade dos mesmos.

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81

2.0 Material e Métodos

2.1 Material

Foram utilizados como materiais para a elaboração dos filmes biodegradáveis:

Quitosana PA (Sigma-Aldrich®), Glicerol (Synth®), solução de Ácido Acético glacial

1% v/v (Vetec) e aditivos antioxidantes naturais (Extrato de urucum doado pela

empresa Chr Hansen- SC e azeite de dendê doado pela ODELSA S/A).

2.2 Elaboração dos Filmes Biodegradáveis

Os filmes biodegradáveis foram elaborados de acordo com a técnica casting, que

consistiu no preparo de uma solução filmogênica, onde inicialmente, dissolveu-se em

ácido acético glacial 1% a quitosana (0,5 a 2,5%, g/100g), o glicerol, utilizado como

agente plastificante (0 a 0,3%, g/100g) e os aditivos naturais antioxidantes, o urucum (0

a 1,0%, g/100g) e o azeite de dendê (0 a 0,5%, g/100g). A solução foi mantida sob

agitação constante (180 rpm), por um período de 24 horas para a completa dissolução

do polissacarídeo e dos aditivos no meio aquoso. Posteriormente foram pesadas 50g da

solução filmogênica em Placas de Petri de poliestireno e desidratada em estufa com

circulação de ar (35°±2°C) por 18 a 24 horas. Os filmes de quitosana obtidos foram

acondicionados dessecadores por 10 dias, antes de serem caracterizados, conforme

adaptação da metodologia proposta por ASSIS e SILVA (2003). Foram preparados 27

formulações por um delineamento estatístico de superfície de resposta, com um modelo

de ordem (24) contendo 4 pontos axiais, 4 pontos ortogonais e 3 pontos centrais. Os

valores reais e codificados para a quitosana (% m/m; X1), glicerol (% m/m; X2), urucum

(% m/m; X3) e azeite de dendê (% m/m; X4), encontram-se na Tabela 1.

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Tabela 1. Valores codificados e reais do delineamento estatístico das variáveis inde-

pendentes: Quitosana (% m/m; X1), glicerol (% m/m; X2), urucum (% m/m; X3), azeite

de dendê (% m/m; X4).

Formulações

Valores codificados Valores reais (% m/m)

Quitosana

(X1)

Glicerol

(X2)

Urucum

(X3)

Azeite de

dendê

(X4)

Quitosana

(X1)

Glicerol

(X2)

Urucum

(X3)

Azeite de

dendê

(X4)

F1 -1,000 -1,000 -1,000 -1,000 1,000 0,075 0,250 0,125

F2 -1,000 -1,000 -1,000 1,000 1,000 0,075 0,250 0,375

F3 -1,000 -1,000 1,000 -1,000 1,000 0,075 0,750 0,125

F4 -1,000 -1,000 1,000 1,000 1,000 0,075 0,750 0,375

F5 -1,000 1,000 -1,000 -1,000 1,000 0,225 0,250 0,125

F6 -1,000 1,000 -1,000 1,000 1,000 0,225 0,250 0,375

F7 -1,000 1,000 1,000 -1,000 1,000 0,225 0,750 0,125

F8 -1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,225 0,750 0,375

F9 1,000 -1,000 -1,000 -1,000 2,000 0,075 0,250 0,125

F10 1,000 -1,000 -1,000 1,000 2,000 0,075 0,250 0,375

F11 1,000 -1,000 1,000 -1,000 2,000 0,075 0,750 0,125

F12 1,000 -1,000 1,000 1,000 2,000 0,075 0,750 0,375

F13 1,000 1,000 -1,000 -1,000 2,000 0,225 0,250 0,125

F14 1,000 1,000 -1,000 1,000 2,000 0,225 0,250 0,375

F15 1,000 1,000 1,000 -1,000 2,000 0,225 0,750 0,125

F16 1,000 1,000 1,000 1,000 2,000 0,225 0,750 0,375

F17 -2,000 0,000 0,000 0,000 0,500 0,150 0,500 0,250

F18 2,000 0,000 0,000 0,000 2,500 0,150 0,500 0,250

F19 0,000 -2,000 0,000 0,000 1,500 0,000 0,500 0,250

F20 0,000 2,000 0,000 0,000 1,500 0,300 0,500 0,250

F21 0,000 0,000 -2,000 0,000 1,500 0,150 0,000 0,250

F22 0,000 0,000 2,000 0,000 1,500 0,150 1,000 0,250

F23 0,000 0,000 0,000 -2,000 1,500 0,150 0,500 0,000

F24 0,000 0,000 0,000 2,000 1,500 0,150 0,500 0,500

F25* 0,000 0,000 0,000 0,000 1,500 0,150 0,500 0,250

F26* 0,000 0,000 0,000 0,000 1,500 0,150 0,500 0,250

F27* 0,000 0,000 0,000 0,000 1,500 0,150 0,500 0,250

* Pontos Centrais

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2.3 Caracterização dos filmes

2.3.1 Propriedades ópticas: análise colorimétrica

Devido à diferença de coloração apresentada pelas formulações, para avaliação

de cor foi utilizada a Espectrofotometria na Região do Visível baseado nas normas

ASTM E313 (2005), ASTM D2244 (1993) e de acordo com o sistema CIELab. O

CIELab é o espaço de cores comum na medição da refletância e transmitância dos

objetos no qual o sistema de cores L, a e b é plotado em ângulos retos um em relação ao

outro para formar um sistema tridimensional de coordenadas.

O ensaio foi realizado com um Espectrofotômetro UV/VIS Lambda 35 - Perkin

Elmer, em triplicata e os resultados computados e tratados através do software Color,

Versão 3.0 - Perkin Elmer. As amostras das 27 formulações de filmes foram preparadas

em triplicata, recortando-se os filmes em pedaços com dimensões 2 x 2 cm, de cada

amostra. No equipamento, após calibração, as amostras de filmes foram colocadas no

disco de abertura e analisadas após a incidência de luz visível (iluminante luz do dia

D65), resultando nos parâmetros L*, a*e b*.

2.3.2 Espessura

A espessura dos filmes foi avaliada através da espessura média, de 6 medições

em posições aleatórias, por meio de micrômetro digital Mitutoyo de ponta plana (com

resolução de 1µm), em triplicata.

2.3.3 Teores de Sólidos Totais

Os teores de sólidos totais das amostras pré-condicionadas (60% UR, 23 °C)

foram determinados após 24 h de secagem em estufa a 105 °C, conforme metodologia

citada por POUPLIN et al., (2009). As análises foram realizadas em triplicata.

2.3.4 Atividade de água

As medidas de atividade de água foram realizadas com um decágono,

AQUALAB LITE. Como padrões para a calibração do equipamento foram utilizados a

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água pura (aw 1,000% ± 0,001) e LiCl (aw 0,500% ± 0,015). As amostras foram

retiradas do centro dos filmes e avaliadas em triplicata (VEIGA-SANTOS et al., 2005;

OLIVATO et al., 2006).

2.3.5 Umidade

O percentual de umidade dos filmes foi obtida por secagem no infravermelho,

em equipamento Unidade de secagem Mettler LTJ ajustando-se a intensidade da

radiação emitida de modo que a amostra atingisse 110ºC. Todas as análises foram

realizadas em triplicata.

2.3.6 Taxa de Permeabilidade ao vapor d’água

A taxa de permeabilidade ao vapor d’água foi realizada através do método

gravimétrico recomendado pela norma ASTM E104-85. Tal método consiste em

pesagens sucessivas de uma cápsula hermeticamente fechada, contendo o filme na sua

superfície e substância dessecante (sílica gel) no seu interior; colocadas em ambientes

com umidade controlada (23°C e 75% UR, utilizando cloreto de sódio). A

permeabilidade ao vapor d’água foi calculada de acordo com a equação 1 (SOUZA,

2011).

Equação 1

Permeabilidade ao vapor d´água = TVPA.e/ps(UR1 – UR2)

Onde:

e = espessura média do corpo de prova (mm)

ps = pressão de saturação do vapor à temperatura do ensaio (mmHg)

R = Constante de gases (82,1x10-6 m3 atm/g mol K)

UR1 = umidade relativa no interior da câmara (%)

UR2 = umidade relativa no interior da cápsula (%)

2.3.7 Ensaios de Tração

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Os ensaios de tração foram realizados em uma máquina universal de ensaios da

marca EMIC, modelo DL2000/700, com carga máxima de 20KN, seguindo a norma

ASTM D-882, com velocidade de 12,5 mm. min-1

e temperatura ambiente 25ºC. Foram

realizados ensaios de tração em 7 corpos de prova para cada formulação. Para os corpos

de provas com dimensões de 50 mm de comprimento e 25 mm de largura. Os valores

das espessuras de cada formulação de filme necessários para a realização das análises

foram medidos em 6 pontos, em posições aleatórias, com um micrômetro digital

Mitutoyo de ponta plana. A posição inicial das garras foi fixada em 50 mm. Sete

medidas foram feitas para cada amostra. (GRISI, 2008; SOUZA, 2010).

2.3.8 Análise termogravimétrica

As análises termogravimétricas dos filmes foram realizadas em um analisador

térmico Pyris 1 Perkin Elmer. Nos ensaios foram usadas massas de aproximadamente

3mg, em cadinho de alumínio, submetidas a atmosfera dinâmica de nitrogênio de 50 mL

min-1

, com taxa de aquecimento de 10 ºC min-1

, no intervalo de temperatura de 10 ºC

até 600 ºC. Para esta análise foram escolhidas as amostras de filmes das formulações

F17 (0,5% quitosana; 0,15% glicerol; 0,5% urucum e 0,25% azeite de dendê), F18

(2,5% quitosana; 0,15 % glicerol; 0,5% urucum e 0,5% azeite de dendê) e F19 (1,5%

quitosana; 0% glicerol; 0,5% de urucum e 0,25% azeite de dendê), de acordo com os

seguintes critérios: formulação contendo menor teor de quitosana, formulação contendo

maior teor de quitosana e formulação sem glicerol, respectivamente, para análise da

influência destes componentes na Temperatura de degradação dos filmes.

2.3.9 Solubilidade dos Filmes

Inicialmente, a massa seca inicial (m inicial) de uma amostra de filme de 2,5 cm

de diâmetro foi determinada em função de sua umidade em estufa com circulação de

ar à 105°C durante 24 horas. As amostras foram imersas em 50 mL de água destilada

e o sistema foi mantido sob agitação (100 rpm) a temperatura de 25°C durante 24 h,

utilizando-se um shaker. Para determinação de massa seca final, as amostras foram

submetidas a secagem em estufa sob as mesmas condições descritas para obtenção

de massa seca inicial (m f inal) . A matéria solúvel (MS) foi expressa em função da massa

dissolvida pela Equação 2. As análises foram realizadas em triplicata.

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MS = (minicial – m f inal) . 100 (Equação 2)

---------------------

m inicial

2.3.10 Avaliação da Biodegradabilidade dos filmes

O teste de biodegradabilidade dos filmes a base de quitosana foi realizado com

base na metodologia proposta por Leite et al. (2010).

2.3.10.1 Preparo do solo

O solo simulado utilizado no ensaio de biodegradabilidade foi preparado

misturando-se partes iguais de solo fértil com baixo teor de argila, areia de praia seca e

peneirada com peneira 40 mesh, e esterco de cavalo seco ao sol por dois dias, seguindo

a norma ASTM G-160-03.

2.3.10.2 Teste de Biodegradabilidade

Os filmes foram acondicionados em sistemas diferentes para serem

retirados nos períodos de 2, 4, 12, 15 e 17 semanas, sendo que cada sistema continha

uma amostra de cada composição. O sistema foi formado por Placas de Petri, onde foi

adicionado o solo preparado e os filmes. As placas contendo os filmes foram colocados

em uma estufa (para cultura bacteriológica com circulação de ar e refrigeração) mantida

a uma temperatura de 30°C (±2°C) e os sistemas foram retirados após duas, quatro,

doze, quinze e dezessete semanas, quando foram limpos e pesados. Os sistemas foram

retirados após duas, quatro, doze, quinze e dezessete semanas, quando foram limpos e

pesados.

As amostras selecionadas para esta análise foram as formulações F17 (0,5%

quitosana; 0,15% glicerol; 0,5% urucum e 0,25% azeite de dendê), F18 (2,5%

quitosana; 0,15 % glicerol; 0,5% urucum e 0,5% azeite de dendê) e F19 (1,5%

quitosana; 0% glicerol; 0,5% de urucum e 0,25% azeite de dendê), de acordo com os

seguintes critérios: formulação contendo menor teor de quitosana, formulação contendo

maior teor de quitosana e formulação sem glicerol, respectivamente, a fim de se

observar a influência da matriz e do plastificante no processo de biodegradação.

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2.0 Análise Estatística

Os filmes foram desenvolvidos por um delineamento estatístico de

superfície de resposta, com um modelo de ordem (24) contendo 4 pontos axiais, 4

pontos ortogonais e 3 pontos centrais, totalizando 27 formulações. Os valores reais e

codificados para a quitosana (% m/m; X1) que variou de 0,5 a 2,5%, g/100g; glicerol (%

m/m; X2) que variou de 0 a 0,3%, g/100g; urucum (% m/m; X3) que variou de 0 a 1,0%,

g/100g e azeite de dendê (% m/m; X4) que variou de 0 a 0,5%, g/100g , encontram-se na

Tabela 1. Os dados gerados foram tratados pela ANOVA para identificar se as

alterações nos parâmetros avaliados (variáveis independentes) foram significativas ao

nível de 99% de significância sobre as variáveis dependentes.

3.0 Resultados e Discussão

3.1 Caracterização de filmes de quitosana plastificados com glicerol e incor-

porados com urucum e azeite de dendê

As 27 formulações dos filmes elaborados com diferentes teores de quitosana,

glicerol, urucum e azeite de dendê (Figura 2). Foi avaliado se os efeitos das variáveis

independentes (quitosana, glicerol, urucum, azeite de dendê) exerceram influência sig-

nificativa sobre as variáveis dependentes (colorimetria, espessura, umidade, atividade

de água, teor de sólidos, permeabilidade ao vapor d’água). Também foram avaliadas as

propriedades mecânicas de resistência a tração, módulo, porcentagem de alongamento e

a espessura das formulações. Nas formulações F17 (0,5% quitosana; 0,15% glicerol;

0,5% urucum e 0,25% azeite de dendê), F18 (2,5% quitosana; 0,15 % glicerol; 0,5%

urucum e 0,5% azeite de dendê e F19 (1,5% quitosana; 0% glicerol; 0,5% de urucum e

0,25% azeite de dendê) foram realizadas também as análises de biodegradabilidade, a

fim de se verificar se as variáveis quitosana e glicerol alteram o comportamento do fil-

me durante a degradação, assim como as análises termogravimétricas e a solubilidades

destas formulações. Durante os procedimentos foi possível atestar a viabilidade de in-

corporação dos aditivos naturais antioxidantes, azeite de dendê e urucum, nos filmes de

quitosana plastificados com glicerol. Ainda foram avaliadas as características próprias

de cada formulação quando se variou a concentração de cada componente da solução

filmogênica (matriz quitosana, plastificante glicerol e de cada aditivo antioxidante-

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azeite de dendê e urucum), verificando a influência de cada constituinte nestas proprie-

dades em relação aos parâmetros propostos. Muitos estudos encontrados na literatura

relatam sucesso na incorporação de aditivos de diversas origens, descrevendo as mais

variadas ações que levaram ao melhoramento das propriedades de barreira e mecânicas

dos filmes (ASSIS, 2010; VARGAS et al.,2009; T. BOURTOOM ; M.S. CHINNAN et

al.,2009; KHALID et al., 2008; SRINIVASA et al., 2007; LAMIN, 2006).

A maioria (80%) dos filmes de quitosana plastificados com glicerol e aditivados

com urucum e azeite de dendê se mostraram contínuos, sem fraturas ou rupturas após a

secagem; entretanto os filmes com menor teor de plastificante mostraram-se mais rígi-

dos, menos flexíveis. O aspecto visual dos filmes foi afetado pelos diferentes teores de

plastificante e de outros constituintes da solução filmogênica, principalmente no que se

refere a cor e à textura. De uma maneira geral, os filmes apresentaram-se com bom as-

pecto e sua manuseabilidade foi excelente ou boa na maioria das formulações, com ex-

ceção dos filmes com menor teor de glicerol devido à alguma dificuldade em serem reti-

rados das placas sem danificar, porém, após retirados das placas, todos os filmes pude-

ram ser manipulados sem qualquer dificuldade. Já os filmes que se mostraram menos

aderidos às placas, tinham em sua formulação maior porcentagem de glicerol, que con-

feriu uma maior flexibilidade. Mali et al. (2005) relatam resultados similares para filmes

de amido de mandioca plastificados com glicerol. A Figura 2 apresenta as 27 formula-

ções elaboradas.

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Figura 1. Ilustração das 27 formulações elaboradas dos filmes de quitosana incorporados com glicerol e incorporados de azeite de dendê.

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3.1.1 Caracterização dos Filmes.

3.1.1.1 Propriedade Óptica: Análise da cor dos filmes biodegradáveis

As 27 formulações foram analisadas por absorbância em espectrofotômetro

UV/VIS e os valores dos principais parâmetros (L*, a* e b*) constam na Tabela 2.

O parâmetro L* pode variar de 0 a 100, sendo que 0 significa total ausência de

reflexão (negro perfeito) e 100 é a luminosidade total (branco perfeito). Para os filmes

de quitosana plastificados com glicerol e incorporados com urucum e azeite de dendê,

os valores de L* variaram de 23,48 para formulação F22 (1,5% quitosana; 0,15% glice-

rol; 1,0% urucum e 0,25% azeite de dendê) e 83,30 para F21 (1,5%quitosana; 0,15%

glicerol; 0% urucum e 0,25% de azeite de dendê), indicando a forte influência da variá-

vel urucum no parâmetro L*, visto que a formulação com ausência deste apresentou

maior brilho em relação às outras 26 amostras. Já a formulação com maior teor de uru-

cum foi a que apresentou menor brilho, o que está em concordância com o resultado

anterior.

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Tabela 2. Parâmetros de cor dos filmes de quitosana plastificados com glicerol

e incorporados de urucum e azeite de dendê.

Formu-

lações

Quito-

sana

(X1)

Glicerol

(X2)

Urucum

(X3)

Azeite de

dendê (X4) Parâmetros de cor

L* a* b*

F1 1,000 0,075 0,250 0,125 66,59±0,01 4,22±0,02 55,43±0,12

F2 1,000 0,075 0,250 0,375 56,54±0,01a 12,53±0,06 82,50±0,34

F3 1,000 0,075 0,750 0,125 55,22±0,02 19,79±0,25 34,72±0,63a

F4 1,000 0,075 0,750 0,375 63,16±0,01 31,30±0,07 81,84±0,54

F5 1,000 0,225 0,250 0,125 44,08±0,06 1,55±0,05 34,85±0,14a

F6 1,000 0,225 0,250 0,375 59,32±0,08 22,59±0,15 86,47±0,71

F7 1,000 0,225 0,750 0,125 52,95±0,01 27,93±0,03 40,39±0,85

F8 1,000 0,225 0,750 0,375 45,08±0,03 40,51±0,04 83,66±0,62

F9 2,000 0,075 0,250 0,125 70,04±0,12 -0,63±0,15 63,32±1,12b

F10 2,000 0,075 0,250 0,375 72,86±0,04 1,23±0,03 85,58±1,14c

F11 2,000 0,075 0,750 0,125 69,08±0,06 9,61±0,15a 47,61±1,69

F12 2,000 0,075 0,750 0,375 52,09±0,08 11,62±1,02 84,86±1,85

F13 2,000 0,225 0,250 0,125 75,21±0,18 19,10±0,03 63,90±1,74b

F14 2,000 0,225 0,250 0,375 56,49±0,25a 9,59±0,14a 85,35±1,05c

F15 2,000 0,225 0,750 0,125 50,68±0,02 33,15±0,18 51,48±0,06

F16 2,000 0,225 0,750 0,375 48,80±0,01 23,29±1,14 79,49±0,07

F17 0,500 0,150 0,500 0,250 41,56±0,03 31,27±1,23 72,67±0,74

F18 2,500 0,150 0,500 0,250 74,12±0,04 6,69±0,04 66,37±0,18d

F19 1,500 0,000 0,500 0,250 62,48±0,01 8,81±0,55 66,39±0,71d

F20 1,500 0,300 0,500 0,250 71,68±0,05 13,72±0,96 68,92±1,15e

F21 1,500 0,150 0,000 0,250 83,30±0,17 -0,04±0,41 74,56±1,13

F22 1,500 0,150 1,000 0,250 23,48±0,12 38,11±0,58 65,76±0,58

F23 1,500 0,150 0,500 0,000 76,08±0,02 11,42±0,085 31,33±0,41

F24 1,500 0,150 0,500 0,500 48,02±0,05 16,62±0,47 94,22±0,36

F25 1,500 0,150 0,500 0,250 67,59±0,06 10,21±0,74b 67,65±0,74

F26 1,500 0,150 0,500 0,250 59,02±0,05 10,48±0,89b,c 76,87±1,15

F27 1,500 0,150 0,500 0,250 68,16±0,14 10,89±0,14c 68,45±1,74

e

Formulações (F); * Pontos Centrais; Valores que apresentam a mesma letra, numa mesma coluna, não

apresentam diferenças significativas (p>0,01) pelo Teste de Tukey a 95% de confiança.

O gráfico de Pareto (Figura 2) demonstra que todas as variáveis independentes e

algumas interações entre estas influenciam a variável dependente L*, sendo o urucum a

variável que exerce efeito negativo mais pronunciado e por sua vez a quitosana, que e-

xerce o efeito positivo neste parâmetro (Figura 3). Uma boa dispersão da matriz quito-

sana contribui para o aumento do brilho do filme; zonas dos filmes de algumas formula-

ções na qual a quitosana não está homogeneamente distribuída na solução filmogênica

apresentaram valores de L* mais baixos em relação a outras com a mesma concentração

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92

de urucum e azeite de dendê, como foi o caso da formulação F5 (1,0 % quitosana;

0,225% glicerol; 0,25% urucum e 0,125% de azeite de dendê) por exemplo, quando

comparada à formulação F1 (1,0% quitosana; 0,075% de glicerol; 0,25% de urucum e

0,125% de azeite de dendê), com valores de 44,08 e 66,59, respectivamente. Esta com-

paração foi feita através de análise visual dos filmes comparando-os com os valores de

L*.

Figura 2. Gráfico de Pareto para o parâmetro L* dos filmes.

(a) (b) (c)

Figura 3. Superfícies de resposta evidenciando as interações das variáveis (a) quitosana

x glicerol; (b) quitosana x urucum e (c) urucum x azeite de dendê para o parâmero Luminosida-

de.

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: Luminosidade

4 factors, 1 Blocks, 27 Runs; MS Pure Error=,1265333

DV: Luminosidade

-2,50903

-4,63151

-5,2601

5,320267

-13,2339

-15,9046

19,95276

-21,5882

-35,2544

-35,7413

-58,6982

-76,5218

80,01071

-93,0943

p=,01

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

3Lby4L

2Lby3L

glicerol(Q)

2Lby4L

1Lby4L

1Lby3L

1Lby2L

dendê(Q)

quitosana(Q)

urucum(Q)

(2)glicerol(L)

(4)dendê(L)

(1)quitosana(L)

(3)urucum(L)

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93

Com relação ao do parâmetro a*, os valores variam de -60 a +60, que são refe-

rências para o verde perfeito ao vermelho perfeito respectivamente. Os filmes de quito-

sana apresentaram para este parâmetro valores que variaram de -0,63 para a formulação

F9 (2,0% quitosana; 0,075% glicerol, 0,25% urucum e 0,125% azeite de dendê) a 40,51

para formulação F8 (1,0% quitosana; 0,225% glicerol; 0,75% de urucum e 0,375% azei-

te de dendê). A cor amarela avermelhada é devido a presença de carotenoides oriundos

dos aditivos incorporados a estes filmes (bixina e norbixina provenientes do urucum e α

e β-carotenos oriundos do azeite de dendê).

Através do estudo do gráfico de Pareto para este parâmetro (Figura 4), novamen-

te percebe-se que o urucum é a variável independente que exerce efeito positivo mais

significativo e sua presença na formulação faz com que a cor do filme tenda para o ver-

melho alaranjado, que é a cor do pigmento original, diferentemente do azeite de dendê

cuja cor é amarela alaranjada, a depender da concentração. As interações do urucum são

evidenciadas na Figura 5.

Figura 4. Gráfico de Pareto para parâmetro a* dos filmes de quitosana.

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: a*

4 factors, 1 Blocks, 27 Runs; MS Pure Error=,0036

DV: a*

-22,75

32,82878

-39,3333

71,16667

85,84878

-126,083

160,6667

164,456

181,304

182,3625

-287,25

332,9265

-349,12

691,7087

p=,01

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

3Lby4L

Glicerol(Q)

2Lby4L

2Lby3L

Dendê(Q)

1Lby3L

1Lby2L

(4)Dendê(L)

Quitosana(Q)

Urucum(Q)

1Lby4L

(2)Glicerol(L)

(1)Quitosana(L)

(3)Urucum(L)

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94

Figura 5. Interações da variável urucum com as variáveis (a) glicerol; (b) quito-

sana e (c) dendê para o parâmetro a*.

Quando se analisa o parâmetro b*, que contempla valores de -60 a +60, repre-

sentando as tonalidades que vão do azul perfeito ao amarelo perfeito respectivamente, e

comparando-se com os valores descritos na Tabela 1 destacam-se as variações de 31,33

para F23 (1,5% quitosana; 0,15% glicerol; 0,50% urucum e 0% azeite de dendê) e 94,22

para F24 (1,5%quitosana; 0,15% glicerol; 0,50% urucum e 0,50% de azeite de dendê).

Percebe-se que a presença do azeite de dendê na formulação é a única variável com sig-

nificância estatística com efeito positivo (p<0,01) na variável dependente b*, ao contrá-

rio dos parâmetros L* e a*. Esta influencia faz com que a cor do filme tenda para ama-

relo. Isso pode ser conferido estatisticamente através da observação do efeito positivo

desta variável independente no parâmetro b*, através da análise do gráfico de Pareto

abaixo (Figura 6) e da Figura 7, que ilustra as interações desta variável com as demais.

Figura 6. Gráfico de Pareto referente ao parâmetro b*.

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: b

4 factors, 1 Blocks, 27 Runs; MS Pure Error=26,0908

DV: b

-,208204

-,366501

,3900809

-,51118

,5212498

-,786524

-,932784

1,088996

1,627376

1,963349

-2,03596

-2,83533

-2,942

16,13798

p=,01

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

(2)Glicerol(L)

Urucum(Q)

1Lby2L

Quitosana(Q)

2Lby4L

1Lby3L

Glicerol(Q)

2Lby3L

3Lby4L

(1)Quitosana(L)

Dendê(Q)

(3)Urucum(L)

1Lby4L

(4)Dendê(L)

(a) (b) (c)

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95

Figura 7. Interações da variável azeite de dendê co as variáveis (a) quitosana;

(b) glicerol; (c) urucum para o parâmetro b*.

Rocha et al. (2011) para filmes biodegradáveis de isolado protéico de Anchoita

(engraulis anchoita) com sorbitol para comparar p efeito plastificante do glicerol e do

sorbitol e avaliou a cor destes filmes. Os filmes com sorbitol apresentaram aumento li-

near da diferença de cor (E*) e opacidade e relação aos que continham glicerol. No pre-

sente estudo, o efeito do glicerol foi apresentado através dos gráficos de Pareto para os

parâmetros L* e a*.

Perazzo (2011) avaliou a coloração de filmes biodegradáveis a base de amido de

mandioca plastificados com glicerol e incorporados de aditivos antioxidantes (extrato de

chá verde e corante carotenóico natural). O parâmetro L* do filme-controle, composto

de fécula de mandioca e glicerol sem outros aditivos, foi de 92,0, apresentando assim

um alto brilho. As amostras com a incorporação de aditivos apresentou um valor L* que

variou de 14,97 a 37,29; o que demonstra diminuição do brilho das formulações. Em

relação à coordenada a* houve um incremento representado por um aumento da colora-

ção verde, devido à presença de clorofila oriunda do extrato de chá verde, a variação

deste parâmetro foi de -0,35 a +14,16, o que indica uma coloração verde de muita fraca

intensidade até vermelho de intensidade fraca (cor laranja forte). O eixo b* apresentou

valores entre +37,61 a +53,11 o que significa presença de tonalidades de diferentes in-

tensidades entre média e forte de amarelo nas formulações.

Zactiti (2004) avaliou a cor dos filmes biodegradáveis de alginato de cálcio sem

e com sorbato de potássio e a relação desta com o a eficiência do processo de reticula-

ção nos filmes. Após apresentar os dados referentes aos parâmetros L*, a* e b*, obser-

vou que o processo de reticulação exerceu influência significativa nos parâmetros de

(a) (b) (c)

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96

cor, embora não tenha apresentado nenhuma tendência com o aumento da concentração

de cálcio utilizada no tratamento. Em relação aos filmes padrão verificou que os filmes

de alginato apresentam alta transparência, mas analisando o parâmetro b*, conclui que

os filmes de alginato tendem para o amarelo.

Sobral (2000) avaliou a influência da espessura de filmes biodegradáveis a base

de proteínas miofibrilares sobre suas propriedades funcionais e no estudo abordou as

propriedades ópticas Observa-se que os filmes à base de proteínas miofibrilares de tilá-

pia-do-nilo foram mais claros que os filmes biodegradáveis à base de proteínas miofi-

brilares de carne bovina. Esse resultado é conseqüência da presença de resíduos de mio-

globina nas proteínas de carne bovina, que conferiam uma coloração amarelada aos fil-

mes biodegradáveis que foram menos claros que os filmes biodegradáveis à base de o-

voalbumina (GENNADIOS et al.,1996), porém mais claros que os filmes biodegradá-

veis feitos com proteínas de soja (KUNTE et al.,1997).

Atualmente, as propriedades ópticas dos filmes são parâmetros fundamentais pa-

ra o devido acondicionamento dos produtos. Segundo Sakanaka (2007), uma embala-

gem plástica com elevado brilho e transparência torna-se uma ferramenta valiosa para o

setor de marketing, que cada vez mais busca uma boa apresentação visual dos produtos.

Por outro lado, muitas vezes, a proteção contra a incidência de luz se faz necessária,

quando se trata de acondicionamento de produtos sensíveis a reações de deterioração

catalisadas pela luz.

3.1.1.2 Propriedades de barreiras dos filmes

A elaboração dos filmes seguiu a tabela resultante do planejamento experimental

que forneceu os valores estabelecidos pelo delineamento estatístico. Foram pesadas 50

gramas de solução filmogênica em placas de Petri de acrílico com 15 cm de diâmetro

para todas as formulações e levadas para secagem de solvente em estufa de ventilação

forçada, gerando filmes com espessuras variadas. Analisando a medida deste parâmetro

verificou-se uma variação de 0,0364mm (formulação F1: quitosana 1%; glicerol

0,075%; urucum 0,25% e azeite de dendê) a 0,0858 (formulação F11: quitosana 2%;

glicerol 0,075%; urucum 0,75% e azeite de dendê 0,125%), havendo dessa forma

diferenças significativas entre as amostras avaliadas (p<0,01) (Tabela 3). Uma possível

justificativa para isso seria a dificuldade em dispersar a quitosana nos outros

componentes da formulação de maneira uniforme, sendo que as possíveis ligações que

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97

foram sendo formadas entre a matriz, o plastificante de modo diferenciado, dependendo

da composição de cada formulação. Cuenca et al. (2010) caracterizando filmes de

quitosana (1%) contendo diferentes concentrações de glutaraldeído (0 a 4,6%), pelo

processo de casting, obteve espessura variando de 0,030 a 0,041 mm. Pires et al. (2009)

relata medidas de espessuras de biomembranas constituídas dos polímeros quitosana e

xantana tiveram como resultados variações de 0,022 a 0,041mm para espessura. Valores

de 0,062 ± 6.31mm foi a média da espessura de filmes de quitosana incorporados com

chá verde e plastificados com glicerol desenvolvidos por Siripatrawan e Harte, (2010).

Comparando os valores de espessuras dos filmes de quitosana com outros filmes

biodegradáveis temos, por exemplo, os nanobiocompósitos de amido de mandioca

incorporados com nanowhiskers de celulose do coco, resultados da pesquisa de

Machado (2011), quando se obteve variação de 0,093mm a 0,146mm, sendo estas das

formulações F9 e F10 respectivamente, que continham 3,00% de amido de mandioca,

1,50% de glicerol e 0,30% de solução de nanowhiskers e 6,00% de amido de mandioca,

1,50% de glicerol e 0,30% de solução de nanowhiskers, respectivamente. Souza (2011)

avaliando filmes elaborados com fécula de mandioca, sacarose e açúcar invertido como

plastificante, e incorporados com polpa de manga e de acerola, em diferentes

concentrações, encontrou espessuras que variaram de 0,123mm a 0,141mm, valores

estes que concordaram com os valores descritos nos trabalhos realizados por Silva

(2009), que trabalhando com a mesma matriz (fécula de mandioca, sacarose e açúcar

invertido) porém incorporando cacau e extrato de café, com a espessura variando de

0,113 a 0,143 mm, respectivamente, sem diferenças significativas entre as diferentes

formulações (p>0,05). Para os filmes elaborados com amido de mandioca, utilizando o

glicerol como plastificante, incorporados com extrato de erva-mate e polpa de manga de

Reis (2011), os valores de espessura variaram entre 0,111mm a 0,125mm. Shimazu et

al. (2007) avaliaram filmes produzidos por casting formulados com amido de mandioca

(3 g/ 100 g de solução filmogênica) e diferentes concentrações de glicerol (0, 5, 10, 15,

30 e 40 g/100 g de amido). Foi verificado que a espessura dos filmes variou de 0,07 a

0,10 mm; e que filmes sem plastificante apresentaram espessura de limites inferiores a

medida que o teor de plastificante aumentou, as espessuras dos filmes chegaram ao

limite superior.

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98

Tabela 3. Médias (± desvio padrão) das análises de caracterização das formulações dos filmes. E (espessura - mm); aw (atividade de água); ST

(sólidos totais - %); Umidade (%) e PVDA, (permeabilidade ao vapor de água - gH2O.µm/m2.h.mmHg).

F Quitosana(%) Glicerol(%) Urucum(%) Dendê(%) E ± dp(mm) aw ± dp ST ± dp(%) U ± dp(%) PVDA ± dp

F1 1 0,075 0,25 0,125 0,036±0,04g 0,573±0,01a,b 81,35±0,13a,b 18,65±0,14

a,b

1,57 x 10-6 a

F2 1 0,075 0,25 0,375 0,080±0,01e,i,j 0,570±0,22a 81,24±0,07 a,b 18,76±0,36

a,b

1,39 x 10-6

F3 1 0,075 0,75 0,125 0,084±0,01e,j,l 0,571±0,01a,b 81,10±0,24 a,b 18,9±0,63 a,b 1,48 x 10-6

F4 1 0,075 0,75 0,375 0,043±0,01h 0,568±0,01a 80,84±0,42 a,b 19,16±0,25

a,b

1,43 x 10-6

F5 1 0,225 0,25 0,125 0,036±0,01g 0,617±0,13d,h,i 74,88±0,01 a,b 25,12±0,01

a,b

2,86 x 10-6 b

F6 1 0,225 0,25 0,375 0,038±0,01g,h 0,625±0,01g,h 73,99±0,02 a,b,c 26,01±0,15

a,b,c

2,71 x 10-6

F7 1 0,225 0,75 0,125 0,054±0,01c 0,621±0,10g,h 71,42±0,01c 28,58±0,01c 2,90 x 10-6

F8 1 0,225 0,75 0,375 0,041±0,01g,h 0,632±0,01f,g 72,65±0,01c 27,35±0,18c 2,85x 10-6 b

F9 2 0,075 0,25 0,125 0,063±0,01b 0,577±0,36a,b 82,99±0,14 a,b 17,01±0,01

a,b

1,87 x 10-6 c

F10 2 0,075 0,25 0,375 0,076±0,01d,i 0,574±0,01a,b 82,50±0,35 a,b 17,5±0,41 a,b 1,58 x 10-6 a

F11 2 0,075 0,75 0,125 0,086±0,01f,l 0,579±0,76a 82,42±0,01 a,b 17,58±0,01

a,b

1,85 x 10-6 c

F12 2 0,075 0,75 0,375 0,085±0,01f,j 0,582±0,01b 81,40±0,36 a,b 18,60±0,36

a,b

1,63 x 10-6

F13 2 0,225 0,25 0,125 0,075±0,01a 0,643±0,01e 78,01±0,01 a,b 21,99±0,01

a,b

4,71 x 10-6

F14 2 0,225 0,25 0,375 0,085±0,01f 0,638±0,12f 77,93±0,02 a,b 22,07±0,01

a,b

3,89 x 10-6

F15 2 0,225 0,75 0,125 0,075±0,01a,i 0,654±0,01e 78,47±0,01 a,b 21,53±0,02

a,b

5,51 x 10-6

F16 2 0,225 0,75 0,375 0,094±0,01 0,635±0,19f,g 77,61±0,12 a,b 22,39±0,01

a,b

3,95 x 10-6

F17 0,5 0,15 0,5 0,25 0,036±0,01g 0,579±0,01a,b 79,04±0,01b,c 20,96±0,15

b,c

1,93 x 10-6 d

F18 2,5 0,15 0,5 0,25 0,079±0,01e 0,608±0,05c,i 79,66±0,05 a,b 20,34±0,18

a,b

3,03 x 10-6

F19 1,5 0 0,5 0,25 0,063±0,01b 0,565±0,21a 83,97±0,01 a,b 16,03±0,15

a,b

1,26 x 10-6

F20 1,5 0,3 0,5 0,25 0,055±0,01c 0,661±0,01f 69,58±0,01c 30,42±0,36c 8,42 x 10-6

F21 1,5 0,15 0 0,25 0,039±0,01g,h 0,601±0,08c 79,63±0,01a 20,37±0,01a 2,23 x 10-6

F22 1,5 0,15 1 0,25 0,070±0,01a 0,583±0,01b 79,36±0,0 a,b 20,64±0,18a,b 1,94 x 10-6 d

F23 1,5 0,15 0,5 0 0,082±0,01e,f 0,584±014b 79,53±0,01a,b 20,47±0,01a,b 2,57 x 10-6

F24 1,5 0,15 0,5 0,5 0,073±0,01a,d 0,581±0,09a,b 79,24±0,0 a,b 20,76±0,02a,b 2,01 x 10-6

F25 1,5 0,15 0,5 0,25 0,063±0,01b 0,607±0,01c,d 79,10±0,01 a,b 20,90±0,01a,b 2,31 x 10-6 e

F26 1,5 0,15 0,5 0,25 0,058±0,01b,c 0,606±0,06c,d 79,09±0,01 a,b 20,91±0,15

a,b

2,31 x 10-6 e

F27 1,5 0,15 5 0,25 0,070±0,01a 0,605±0,11c 79,11±0,01 a,b 20,89±0,17

a,b

2,31 x 10-6 e

Formulações (F); * Pontos Centrais. Valores que apresentam a mesma letra, numa mesma coluna, não apresentam diferenças significativas (p>0,01) pelo Teste de Tukey a 99% de confiança.

Page 99: Universidade Federal da Bahia Faculdade de Farmácia ... · 1 Universidade Federal da Bahia Faculdade de Farmácia Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos Mestrado em

99

Em virtude dos valores da espessura entre as amostras apresentarem grande

discrepância entre si e pela falta de ajuste do modelo não foi possível gerar a ANOVA

para este parâmetro. O gráfico de Pareto mostra que a variável independente quitosana

apresenta efeito significativo positivo (p <0,01) sobre a variável dependente espessura

de filme (Figura8). A partir deste tratamento estatístico, percebe-se que o percentual de

quitosana presente na formulação é a principal variável pela espessura dos filmes, como

já era esperado.

Figura 8. Gráfico de Pareto das análises de espessura dos filmes.

Sólidos totais dos filmes são o resíduo que permanece na placa após a evapora-

ção da amostra. As variações nos teores de sólidos totais dos filmes deste trabalho apre-

sentaram valores limites de 69,58% a 83,97%, sendo essas variações significativas entre

as amostras (p<0,01) (Tabela 2).

Para os filmes biodegradáveis de amido incorporados com nanowhiskers de

celulose de côco, (MACHADO, 2011), os valores limites variaram de 68,99% a

84,50%, sendo essas variações significativas entre as amostras (p<0,05), e entre as

formulações e o controle, sendo os resultados encontrados para todas as formulações

superiores ao do filme-controle, que teve um percentual de 55,56% (filme sem a adição

de nanowhiskers). Souza et al. (2011) trabalhando com filmes formulados com fécula

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: ESPESSURA

4 factors, 1 Blocks, 27 Runs; MS Residual=,0001429

DV: ESPESSURA

,0370128

,217267

,2262291

-,238604

-,266617

-,331808

-,668405

1,02862

-1,13217

1,524546

1,985096

-2,17497

2,265876

5,318346

p=,01

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

2Lby4L

1Lby3L

(4)DENDÊ(L)

GLICEROL(Q)

2Lby3L

QUITOSANA(Q)

URUCUM(Q)

1Lby4L

(2)GLICEROL(L)

DENDÊ(Q)

1Lby2L

3Lby4L

(3)URUCUM(L)

(1)QUITOSANA(L)

Page 100: Universidade Federal da Bahia Faculdade de Farmácia ... · 1 Universidade Federal da Bahia Faculdade de Farmácia Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos Mestrado em

100

de mandioca, sacarose e açúcar invertido, incorporando diferentes quantidades de polpa

de manga e acerola relata que as variações nos teores de sólidos totais foram

significativas entre as diferentes formulações dos filmes, e entre as formulações e o

controle (p < 0,05), com limites de 80,24 e 84,97%.

Moore et al. (2005) obteve filmes biodegradáveis a partir da queratina

extraída das penas de frangos com valores médios de sólidos totais de 82,32±6%,

atribuindo ao aumento de plastificante glicerol a causa da queda do teor de sólidos

totais, relatada nas isotermas de sorção dos filmes. Rigo (2006) desenvolveu filmes

comestíveis a base de polissacarídeos (amidos e alginato) sendo duas das quatro

formulações constituídas de: 50% de amido modificado + 50% de alginato de sódio e

50% amido modificado+25% de amido nativo + 25% de alginato de sódio, variando-se

a concentração de glicerol (0,9 a 1,6%) e o peso da solução filmogênica (34 a 38 gramas

por placa). Para estes filmes, o teor de sólidos totais variou de 25,68 a 85,70% para a

primeira formulação descrita e para a segunda a variação foi de 80,30 a 89,30%. Em

ambos os casos, todas as variáveis e as interações entre elas foram significativas ao

nível de 5% e quando se aumenta a concentração de polissacarídeo, também se aumenta

o teor de sólidos totais.

GRISI (2008) desenvolvendo e caracterizando filmes biodegradáveis a base

de fécula de mandioca (4%, m/m) plastificada com sacarose (0,7%, m/m) e açúcar

invertido (1,4%, m/m) e incorporados com derivados de dendê com fins antioxidantes

conclui que o teor de sólidos totais não apresentou diferenças significativas (p<0,05)

entre as amostras, porque os filmes foram formulados considerando o mesmo teor de

sólidos totais para todas as amostras de filme, de maneira ponderada. Os filmes de

amido de mandioca plastificados com glicerol e aditivados com extrato de erva-mate e

polpa de manga, elaborados por Reis (2011) apresentou variações de 85,14% a 88,51%.

Analisando o gráfico de Pareto (Figura 9), as variáveis independentes envolvidas

que apresentaram maiores efeitos significativos (p<0,01) sobre o teor de sólidos totais

foram o glicerol e a quitosana, entretanto, o glicerol exerce um efeito linear negativo

mais pronunciado do que o efeito positivo da matriz quitosana.

Page 101: Universidade Federal da Bahia Faculdade de Farmácia ... · 1 Universidade Federal da Bahia Faculdade de Farmácia Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos Mestrado em

101

Figura 9. Gráfico de Pareto das análises de sólidos totais dos filmes.

A presença da água no produto pode ser medida de diferentes formas, mas nem

todos os métodos indicam a disponibilidade da água para os microrganismos, uma vez

que nem toda a água presente na estrutura está igualmente disponível. A disponibilidade

de água em materiais higroscópicos, tais como filmes a base de polissacarídeos, é me-

lhor indicada pela atividade de água (aw) ou pela umidade de equilíbrio com a umidade

relativa do ar ambiente. A atividade de água e a umidade relativa quando atingido o e-

quilíbrio são numericamente iguais (BROOKER et al., 1992). Quanto maior for esse

valor, mais suscetível estará o filme ao ataque de microorganismos e à ocorrência de

reações químicas indesejadas, que podem colocar a garantia da integridade da embala-

gem em questão.

Os filmes de quitosana plastificados com glicerol e aditivados com urucum e a-

zeite de dendê apresentaram atividade de água variando entre 0,565±0,01 a 0,661±0,01

para as formulações F19 (1,50% quitosana; 0 % glicerol; 0,5% urucum e 0,25% azeite

de dendê) e F20 (1,50% quitosana; 0,30 % glicerol; 0,50% urucum e 0,25% azeite de

dendê), respectivamente. Esses valores são compatíveis aos valores descritos por Garcia

et al. (2000), para filmes biodegradáveis de diferentes fontes de amido gelatinizados

com NaOH e usando como plastificante glicerol ou sorbitol. Os valores de atividade de

água (aw) para filmes de amido puro ou amido com glicerol, ficaram em torno de 0,640.

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: solidos totais

4 factors, 1 Blocks, 27 Runs; MS Pure Error=,0001

DV: solidos totais

16,5

22,99779

27,03924

32,

39,74094

-58,5

-60,5

-62,462

98,

-153,501

-274,338

357,5

512,3516

-1585,23

p=,01

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

3Lby4L

quitosana(Q)

Dende(Q)

2Lby4L

urucum(Q)

2Lby3L

1Lby4L

(4)Dende(L)

1Lby3L

(3)urucum(L)

glicerol(Q)

1Lby2L

(1)quitosana(L)

(2)glicerol(L)

Page 102: Universidade Federal da Bahia Faculdade de Farmácia ... · 1 Universidade Federal da Bahia Faculdade de Farmácia Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos Mestrado em

102

Shimazu et al. (2007) produziram filmes por espalhamento empregando amido

de mandioca e diferentes concentrações de glicerol ou sorbitol constataram que os

mesmos apresentaram efeito antiplastificante quando empregados em baixas concentra-

ções (≤ 15 g/100 g amido) resultando em baixos valores de atividade de água (≤ 0,58).

O efeito antiplastificante pode ser demonstrado pelo decréscimo da hidrofilicidade e da

flexibilidade dos filmes nestas condições. Em concentrações mais elevadas de plastifi-

cante e sob maiores atividades de água, os plastificantes empregados exerceram o efeito

esperado de plastificação. Comparando-se glicerol e sorbitol, pode-se observar que o

glicerol exerceu plastificação mais efetiva, tornando os filmes mais hidrofílicos (por

aumentar a sua capacidade de interação com a água) e mais flexíveis. No presente traba-

lho, o efeito anti-plastificante do glicerol não foi observado.

Os valores de atividade de água apresentados pelos filmes de quitosana, glicerol,

urucum e azeite de dendê são menores do que os valores obtidos por Machado (2011)

para filmes de amido plastificados com glicerol e incorporados com nanowhiskers de

celulose de coco que variaram de 0,638 a 0,710 entre as 17 formulações, e menores do

que o controle (0,830), mostrando o efeito de adição da nanocelulose, uma vez que to-

dos os filmes contendo nanocelulose de coco apresentaram uma diminuição significati-

va no teor de umidade e na aw, quando comparadas com o filme controle.

Os filmes de amido de mandioca plastificados com glicerol elaborados por

Veiga-Santos (2004) apresentaram uma faixa maior para a aw com variações de 0,530 a

0,890. A utilização de sacarose, açúcar invertido e fosfato de sódio, resultaram em

aumento da aw quando comparadas as formulações entre si e com o controle.

Para o parâmetro umidade, os resultados encontrados no presente trabalho

apresentaram variação de 16,03 à 30,42% também para as formulações F19 (1,50%

quitosana; 0 % glicerol; 0,5% urucum e 0,25% azeite de dendê) e F20 (1,50%

quitosana; 0,3% glicerol; 0,50% urucum e 0,25% azeite de dendê). Interessante notar

que a formulação com ausência de plastificante (F19) resultou no menor teor de

umidade, o que reforça a função do plastificante na matriz, que seria conferir e/ou

aumentar a hidrofilicidade do filme.

Prates (2010) estudou o processo de secagem das soluções filmogênicas que dão

origem às coberturas comestíveis e aos filmes biodegradáveis, através de avaliação de

algumas propriedades físicas dos filmes formados. Para tanto elaborou e caracterizou

filmes biodegradáveis de amido de fruta-de-lobo plastificados com sorbitol para

aplicação da cobertura em frutos de morango. As soluções filmogênicas foram

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103

preparadas com 2% de amido e variações nas concentrações do plastificante de 0,1; 0,2

e 0,3%, e secas em estufa com circulação de ar nas temperaturas de 33, 38 e 43ºC. Os

tratamentos com 0,2% de sorbitol apresentaram o maior teor de água médio (76,06%),

seguidos por aqueles com 0,1% e 0,3% de sorbitol (61,96 e 54,69%, respectivamente).

Galdeano (2007) afirma que a transformação da solução em filme após sua secagem é

conseqüência da ocorrência de interações moleculares. Dessa forma, as moléculas de

água se tornam mais sujeitas à ação do calor durante a elaboração das soluções

filmogênicas, evaporando e reduzindo a umidade final dos filmes formados.

Rigo (2006) em seu trabalho para filmes comestíveis a base de polissacarídeos

(amidos e alginato) onde duas das quatro formulações foram constituídas de: 100%

amido modificado e a outra de 50% amido nativo e 50% amido modificado, variando-se

a concentração de glicerol (0,9 a 1,6%) e o peso da solução filmogênica (34 a 38 gramas

por placa). As variações de 12,52 a 86,62% foram obtidas o filme de amido modificado

e 13,64 a 146,27% para a segunda formulação com mínimo e máximo teor de glicerol,

respectivamente. Em ambos os experimentos os efeitos mostraram que a variável mais

significativa a 95% de significância, foi o glicerol. Também foi observado que quando a

concentração de polissacarídeo e o peso da solução filmogênica aumentam, a umidade

tende a diminuir. No entanto, se a concentração de plastificante glicerol aumenta, a

umidade tende a aumentar, fato este justificado pelo seu caráter higroscópico.

A umidade de filmes biodegradáveis obtidos a partir da queratina extraída das

penas de frangos elaborados por Moore et al. (2005) foi avaliada através da análise dos

valores das constantes da equação de GAB, determinados por regressão não linear. As

isotermas mostraram claramente que o glicerol aumentou a sorção de água dos filmes.

Quanto maior a concentração de glicerol utilizada na dispersão filmogênica, maior a

quantidade de água adsorvida por estes filmes no equilíbrio, em comparação aos filmes

obtidos sem plastificante. A umidade dos filmes de amido reforçados com nanowhiskers

de celulose de coco e plastificados com glicerol variaram de 16,00±1,22 para F1(3,60%

amido de mandioca; 0,90% glicerol e 0,18% solução de nanowhiskers) a 31,01±2,07

para F3(3,60% amido de mandioca; 2,10% glicerol e 0,18% solução de nanowhiskers)

(MACHADO, 2011). Monterrey e Sobral (1999) estudando as propriedades de filmes a

base de proteínas miofibrilares de Tilápia do Nilo encontraram valores de umidade entre

20 e 52% e Park e Zhao (2004) trabalhando com filmes de quitosana obtiveram valores

de umidade entre 14 e 21%. Petersson e Stading (2005) obtiveram valores mais baixos

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104

de umidade, entre 11 e 15%, avaliando filmes de amido combinados com

monoglicerídeos.

Tápia-Blácido (2006), no estudo da secagem de filmes de amaranto plastificados

com sorbitol e glicerol, também relata o efeito do plastificante na umidade final dos

filmes. O glicerol, plastificante mais sensível à umidade, contribuiu para a formação de

filmes com maior umidade final. Costa et al. (2010) estudando os efeitos do pH na

extração de proteínas da torta de mamona sobre as propriedades mecânicas, solubilidade

e umidade de filmes biodegradáveis produzidos com essas proteínas, reticuladas com

glutaraldeído não detectaram diferenças significativas (p>0,05) entre os valores de

umidade dos filmes, que variou de 12,5 a 13,7%.

A ANOVA (ANEXO I) e os gráficos de Pareto (Figura 10) mostram que umida-

de e atividade de água sofrem efeitos significativos (p<0,01) de todas as variáveis inde-

pendentes no intervalo de confiança de 99%, com o glicerol e a quitosana como as vari-

áveis independentes que exerceram maior efeito nestas variáveis dependentes, sendo o

efeito do glicerol positivo em ambos os casos. Já é bem descrito na literatura que a pre-

sença de glicerol e da matriz polimérica influenciam na atividade de água, resultado da

ação do caráter altamente hidrofílico do filme, que muitas vezes, independente da con-

centração do polissacarídeo na matriz, possui uma taxa de absorção de água elevada.

Isto pode ser balanceado quando se emulsiona a solução filmogênica com um agente

hidrofóbico (azeite de dendê, por exemplo) na constituição do filme. Em relação ao pa-

râmetro umidade, o plastificante glicerol também foi o que exerceu maior efeito, visto

que aumenta a hidrofilicidade da estrutura na qual está inserido. Monterrey e Sobral

(1999) afirmam que as diferenças nas umidades dos filmes ocorrem, principalmente, em

função da sua composição, devido ao caráter higroscópico do glicerol, contribuindo pa-

ra a variação da espessura dos filmes, e influenciando também as propriedades mecâni-

cas associado ao efeito plastificante da água, como solvente de materiais higroscópicos.

O glicerol é um plastificante que possui 03 hidroxilas, ligando-se a quitosana, dando

menor mobilidade às cadeias formadoras da matriz dos filmes e, conseqüentemente, di-

minuindo a sua capacidade de ligação com a água. As diferenças entre os plastificantes

podem ser relacionadas, também, com os seus pesos moleculares (PM). Plastificantes

com menor peso molecular, como o glicerol, exercem plastificação mais efetiva que os

de maior peso molecular (SOTHORNVIT, 2009). Já o efeito negativo exercido pela va-

riável quitosana em ambos os parâmetros (atividade de água e umidade) também é evi-

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105

denciado no gráfico de Pareto devido a absorção de água por esta matriz na solução fil-

mogênica.

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: atividade de água

4 factors, 1 Blocks, 27 Runs; MS Pure Error=,000001

DV: atividade de água

,25

-1,25

-2,24537

2,75

3,25

-3,47011

-7,93857

-9,25

-9,67062

11,25

14,57809

-20,6403

33,27224

135,3343

p=,01

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

2Lby4L

3Lby4L

(3)urucum(L)

1Lby3L

2Lby3L

(4)dendê(L)

quitosana(Q)

1Lby4L

urucum(Q)

1Lby2L

glicerol(Q)

dendê(Q)

(1)quitosana(L)

(2)glicerol(L)

Figura 10. Gráficos de Pareto para as variáveis dependentes atividade de água (aw) e

umidade (U).

A permeabilidade ao vapor d’água é considerada uma das propriedades de bar-

reira de materiais. Um material muito permeável ao vapor d’água poderá ser indicado

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: Umidade

4 factors, 1 Blocks, 27 Runs; MS Pure Error=,0001

DV: Umidade

-16,5

-22,9978

-27,0392

-32,

-39,7409

58,5

60,5

62,46199

-98,

153,5014

274,3376

-357,5

512,352

1585,228

p=,01

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

3Lby4L

quitosana(Q)

Dendê(Q)

2Lby4L

Urucum(Q)

2Lby3L

1Lby4L

(4)Dendê(L)

1Lby3L

(3)Urucum(L)

Glicerol(Q)

1Lby2L

(1)quitosana(L)

(2)Glicerol(L)

aw

U

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106

para embalagens de vegetais frescos, enquanto um filme pouco permeável poderá ser

indicado para produtos desidratados (SOBRAL, 1999). Os valores da permeabilidade ao

vapor d’água dos filmes de quitosana adicionados de urucum e azeite de dendê e plasti-

ficados com glicerol variaram de 1,25x10-6

gH2O.µm/m2.h.mmHg para formulação F19

(1,5% quitosana; 0% glicerol; 0,5% de urucum e 0,25% azeite de dendê) a 8,41x10-6

gH2O.µm/m2.h.mmHg para formulação F20 (1,50% quitosana; 0,30 % glicerol; 0,50%

urucum e 0,25% azeite de dendê).

ANOVA (ANEXO I) e o gráfico de Pareto (Figura 11) mostram que todas as va-

riáveis independentes: glicerol, quitosana, azeite de dendê e urucum e algumas intera-

ções lineares entre elas, exercem efeito significativo (p<0,01) sobre a permeabilidade ao

vapor d’água, sendo mais significativo o efeito positivo do glicerol. Segundo Thomazi-

ne (2005), o aumento do teor de plastificante causa um aumento na permeabilidade ao

vapor de água de filmes higroscópicos, devido à reorganização da matriz proteica e con-

sequente aumento de volume livre. Prondpran et al. (2007) produziram filmes emulsio-

nados de quitosana com óleo de palma em substituição ao glicerol resultando no aumen-

to da resistência à tração e redução na permeabilidade ao vapor d’água.

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: Permeabilidade

4 factors, 1 Blocks, 27 Runs; MS Pure Error=0

DV: Permeabilidade

-10,0338

42,76518

-48,1928

92,70491

-113,568

125,4415

-219,059

-225,642

-290,853

-425,709

661,7255

952,8919

1259,179

2944,007

p=,05

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

Quitosana(Q)

(3)Urucum(L)

3Lby4L

1Lby3L

Dendê(Q)

2Lby3L

2Lby4L

Urucum(Q)

1Lby4L

(4)Dendê(L)

1Lby2L

(1)Quitosana(L)

Glicerol(Q)

(2)Glicerol(L)

Figura 11. Gráfico de Pareto para análise de permeabilidade ao vapor d’água.

Lorevice et al. (2011) para filmes contendo HPMC (Hidroxipropil metilcelulo-

se), polpa de goiaba e nanopartículas de quitosana com o intuito de diminuir a permea-

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107

bilidade ao vapor de água (PVDA), constatou que com a adição de polpa de goiaba, o

valor da permeabilidade aumentou para 2,09 ± 0,10 g mm/kPa h m2. Os filmes controle

de HPMC apresentaram valores de PVDA de 0,80 ± 0,06 g mm/kPa h m2. Com a adição

de nanopartículas de quitosana, o valor da permeabilidade passou para 1,58 ± 0,12 g

mm/kPa h m2. A adição de polpa de goiaba aumentou a permeabilidade devido ao au-

mento da mobilidade das cadeias do HPMC. Esse aumento é provocado pelo efeito

plastificante dos açúcares da polpa, que resultam em acréscimo no tamanho dos poros

diminuindo as propriedades de barreira. A diminuição da permeabilidade com a adição

de nanopartículas se deve pelo preenchimento dos poros. No presente estudo, o glicerol

agiu como plastificante, gerando os efeitos acima relatados e a observa-se efeito negati-

vo significativo gerado pela variável independente quitosana. Uma das possíveis causas

atribuídas a este efeito seria um maior preenchimento dos poros existentes no filme pela

matriz.

Yamashita et al. (2005) avaliou a permeabilidade a vapor d’água de filmes bio-

degradáveis a base de amido de mandioca, contendo como conservante propionato de

cálcio e permanganato de potássio como absorvedor de etileno, para aplicação como

embalagem ativa para frutas e hortaliças ou minimamente processadas. Os filmes de

amido de mandioca apresentaram altas taxas de permeabilidade ao vapor de água vari-

ando de 0,58 a 0,92 x 10-11

g/m.s.Pa ( 494 a 795 g/m /dia), quando comparados com

filmes convencionais (polietileno de baixa densidade), que de acordo com Salame,

(1986) é 35 a 57 vezes menos permeável em torno de 14 g/m /dia para espessura de 100

µm. Filmes de misturas poliméricas de amido com metilcelulose também apresentaram

resultados similares, variando de 0,48.10 -11

a 20,7.10-11

g/m.s.Pa com variação propor-

cional ao aumento do glicerol na formulação (ARVANITOYANNIS; BILIADERIS,

1999).

Moore (2005) determinou a PVDA de filmes de queratina de frango, plastifica-

dos por polietileno glicol (30 g/ 100 g de queratina) de massa molecular 400, resultando

em filmes com aproximadamente 21% de umidade e 0,175 mm de espessura, encon-

trando valores iguais a 2,358 x 10-10

g/ s.m.Pa. Passando esse resultado para as mesmas

unidades que o presente trabalho utilizou, chega-se numa PVDA igual a 8,48 x 10-4

g.mm/h.m2.Pa. O filme de queratina apresentou o dobro de PVDA quando se compara

aos filmes de colágeno.

Ortiz (2009) determinou a permeabilidade ao vapor da água com o objetivo de

caracterizar o filme biodegradável extrusado de amido de mandioca e proteína de soja,

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108

para classificação de sua aplicação. O maior valor apresentado de permeabilidade foi de

2,53 g.mm/m2h KPa para as condições de 4 % de glicerol com 21,6 % de umidade e 4%

de proteína de soja. Em contrapartida, o menor valor (1,52 g.mm/m2h KPa) foi para o

tratamento que apresentou 4% de glicerol, 30% de umidade e 4% de proteína de soja.

Henrique et al. (2008) avaliaram alguns amidos modificados de mandioca visan-

do a obtenção de filmes comestíveis pelo processo de casting. Os filmes de amidos mo-

dificados de mandioca não apresentaram diferenças significativas para permeabilidade

ao vapor d’água, diferindo apenas do filme de PVC. Os filmes com concentração de 5%

de amido apresentaram permeabilidade média numericamente maior que os filmes com

3% de amido.

Pelissari (2009) incorporou óleo de orégano a filmes de amido de mandioca, qui-

tosana e glicerol e avaliou suas propriedades de barreira, mecânicas e antimicrobiana.

Para permeabilidade ao vapor d’água percebeu-se que esta diminuiu significativamente

(p≤0,05) com adição de quitosana. O filme de amido de mandioca (controle) exibiu o

maior valor de PVDA (1,39x10-10

g/Pa.m.s,) o que pode ser atribuído ao maior número

de grupos de hidroxilas livres e conseqüente aumento na interação com a água, favore-

cendo a permeabilidade. A adição de quitosana também pode causar aumento nas inte-

rações entre quitosana e amido, devido à formação de ligações de hidrogênio entre os

grupos -NH2 presente na quitosana e o OH do amido de mandioca, reduzindo a disponi-

bilidade dos grupos hidrofílicos e diminuindo a PVDA para 1.0x10-10

g/Pa.m.s. A per-

meabilidade ao vapor d’água dos filmes também foi diminuída em relação ao controle

no estudo de Machado (2011) pelo reforço dos que filmes de amido de mandioca e gli-

cerol com nanowhiskers de celulose de coco, (5,89x10-8

a 6,40x10-8

gH2O.µm/m2.h.mmHg), sendo muito menores do que o do controle (9,7x10-8

gH2O.µm/m2.h.mmHg). A diminuição deste parâmetro foi atribuída à presença dos na-

nocristais, que associados ao glicerol, agem como uma barreira e diminuem os espaços

livres na matriz polimérica dificultando a passagem do vapor (MÜLLER et al., 2008).

Souza (2010) e Reis (2011) incorporaram fibras de manga (polpa) em filmes

contendo uma matriz de amido de mandioca, avaliando também as propriedades de bar-

reira destes filmes constataram variação da permeabilidade de 6,62x10-8

a 10,55x10-8

H2O.µm/m2.h.mmHg a 6,74x10

-8 a 9,55 x10

-8 H2O.µm/m

2.h.mmHg, respectivamente.

O tratamento dos dados experimentais para as diferentes formulações resultam

em uma equação polinomial de segunda ordem para cada superfície de resposta gerada,

para a colorimetria, espessura (E), sólidos totais (ST), umidade (U), atividade de água

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109

(aw) e permeabilidade ao vapor de água (PVDA) (Tabela 4, ANEXO I) dos filmes, em

função das variáveis independentes, quitosana (%, X1), glicerol (%, X2), urucum (X3),

azeite de dendê (X4) e a interação entre elas (X1, X2, X3 e X4). Na Figura 12 são apre-

sentados os gráficos de superfície de resposta gerados entre as interações Quitosana x

Glicerol, Quitosana x Urucum e Quitosana x Azeite de dendê e os parâmetros de colo-

rimetria, sólidos totais (ST), umidade (U), atividade de água (aw) e permeabilidade ao

vapor de água (PVDA) para as 27 formulações.

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110

Tabela 4. Equações do modelo e R2

(coeficiente de determinação) para Sólidos Totais (ST,

%), Umidade (U, %), Atividade de Água (AW), Permeabilidade ao vapor de água (PVDA,

gH2O.µm/m2.h.mmHg) dos filmes, X1= Quitosana, X2= Glicerol, X3= Urucum e X4=

Azeite de dendê.

Parâmetros Equação

R2

Parâmetros Equação R2

ST: X1xX2

79,1+1,045X1+,050X12-3,23Y1-

0,60Y12+0,90 X1Y1

0,97

U: X1xX3

20,9-1,05 X1-0,050 X12+0,31 Y1-0,08

Y12-245 X1Y1

0,97

ST: X1xX3

79,1+1,05X1+0,050X12-0,31Y1+0,08Y1

2

0,97

U: X1xX4

20,9-1,04 X1-0,05 X12+0,13 Y1-0,058

Y12-

15125 X1Y1

0,97

ST: X1xX4

79,1+1,05 X1+,050 X12-0,12 Y1+0,058

Y12+0,15X1Y1

0,97

U: X2xX3

20,9+3,23 X1+0,60 X12+0,31 Y1-0,08

Y12-14625 X1Y1

0,98

ST: X2xX3

79,1-3,23 X1-0,60 X12-0,31 Y1+0,08

Y12-0,14625 X1Y1

0,97

U: X2xX4

20,9+3,23 X1+0,60 X12+,1275 Y1-0,05

Y12-0,08 X1Y1

0,97

ST: X2xX4

79,1-3,23 X1-0,60 X12-0,12 Y1 + 0,05

Y12+0,80 X1Y1

0,97 U: X3xX4

20,9+0,31 X1-0,08 X12+0,1275 Y1-0,05

Y12 +0,04125 X1Y1

0,97

ST: X3xX4

79,1- 0,31 X1+0,08 X12- 0,12 Y1 +0,05

Y12 +0,042 X1Y1

0,97

AW: X1xX2

0,606+,006 X1-0,0017X12+0,027625

Y1+0,003 Y12+,0025 X1Y1

0,97

AW: X1xX3

0,606+,006 X1-0,001 X12-0,0004 Y1-

0,002 Y12+0,0006 X1Y1

0,97

PVDA:

X1xX3

0,000002+,0000004 X1-,000000004

X12+,00000001 Y1 -,0000001 Y1

2+,

+,00000004959975 X1Y1

0,98

AW: X1xX4

0,606+0,006 X1 -0,001 X12-0,0007 Y1 -

0,004 Y12-0,002 X1Y1

0,97

PVDA:

X1xX4

0,000002+0,0000004 X1- 0,000000004

X12-0,0000001 Y1-0,00000005 Y1

2-

0,0000001 X1Y1

0,98

AW: X2xX3

0,606+,027 X1+0,0031-0,00045 Y1-

0,002 Y12+0,0008 X1Y1

0,98

PVDA:

X2xX3

0,000002+0,000001 X1+0,0000005 X12-

0,0000001 Y1 -0,00000005 Y12-

0,0000001 X1Y1

0,97

AW: X2xX4

0,606+0,02 X1 +,0031 X12- 0,0007 Y1 -

0,04 Y12+0,0006 X1Y1

0,98

PVDA:

X2xX4

0,000002+,000001 X1+,0000005 X12-

0,0000001 Y1 -0,00000005 Y12-

0,0000001 X1Y1

0,97

AW: X3xX4

0,606-0,0004 X1 - 0,002 X12-0,0007 Y1-

0,004 Y12-0,0003 X1Y1

0,97

PVDA:

X3xX4

0,000002 + 0,00000001 X1-0,0000001

X12-0,0000001 Y1-0,00000005

Y12+0,00000002 X1Y1

0,97

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111

Figura 12. Superfícies de resposta geradas para as interações das variáveis independentes

sobre as variáveis dependentes: sólidos totais (ST), umidade (U), atividade de água (aw) e

permeabilidade ao vapor de água (PVDA) para as 27 formulações de filmes.

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112

3.1.1.3 Propriedades mecânicas dos filmes

A utilização de filmes biodegradáveis como embalagens exige que estes materi-

ais sejam resistentes à ruptura e à abrasão, de forma a permitir que o alimento mantenha

sua integridade e proteção durante o manuseio e transporte e, ao mesmo tempo, mante-

nha sua flexibilidade, para se adaptar a eventuais deformações do produto sem que ocor-

ra dano mecânico (MALI et al, 2004).

As propriedades mecânicas dos filmes de quitosana plastificados com glicerol e

aditivados com urucum e azeite de dendê foram avaliadas, nos testes de tração, com re-

lação ao módulo de Young (E em Megapascal, MPa), tensão (σ em Megapascal, MPa) e

deformação (ε em porcentagem, %).

Para o parâmetro Módulo de Young, os filmes apresentam variação de

157,86±0,15 MPa para formulação F2 (1,0% quitosana; 0,075% de glicerol; 0,25% uru-

cum e 0,375% azeite de dendê) a 704,0 MPa para formulação F18 (2,5% quitosana;

0,15% de glicerol; 0,50% urucum e 0,25% de azeite de dendê), conforme observado na

Tabela 5.

Quanto ao Módulo de Young (E) ou módulo de elasticidade, que é um parâmetro

mecânico que proporciona uma medida da rigidez de um material sólido, que é um valor

intrínseco a cada matéria prima. Os valores variaram de 157,86±0,15MPa para a formu-

lação F2 (2,5% quitosana; 0,15% de glicerol; 0,50% urucum e 0,25% de azeite de den-

dê) a 704,00±0,17 para a formulação F18 (2,5% quitosana; 0,15% de glicerol; 0,50%

urucum e 0,25% de azeite de dendê).

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113

Tabela 5. Médias (± desvio padrão) das análises de propriedades mecânicas das dife-

rentes formulações. E (Módulo de Young); σ (tensão máxima); ε (Deformação).

Formulações (F); * Pontos Centrais

Valores que apresentam a mesma letra, numa mesma coluna, não apresentam diferenças significativas (p>0,05) pelo Teste de Tukey a 95% de confiança.

F Quitosana

(%)

Glicerol

(%)

Urucum

(%)

Dendê

(%)

E (MPa) σ (MPa) ε (%)

F1 1 0,075 0,25 0,125 293,26±0,03 15,31±0,12a 18,52±0,56

a

F2 1 0,075 0,25 0,375 157,86±0,15 15,29±0,25a 20,26±0,36

F3 1 0,075 0,75 0,125 159,50±0,01 16,44±0,77 18,70±0,44a

F4 1 0,075 0,75 0,375 224,84±0,52 14,19±1,15 20,92±0,17

F5 1 0,225 0,25 0,125 242,50±089 6,45±0,33 31,60±0,55

F6 1 0,225 0,25 0,375 194,90±0,15 4,63±0,08 35,94±0,99

F7 1 0,225 0,75 0,125 216,60±0,25 8,10±0,99 32,40±0,46

F8 1 0,225 0,75 0,375 213,70±0,33 7,74±0,66 33,56±0,35

F9 2 0,075 0,25 0,125 689,00±0,05 20,04±0,54 15,49±0,14

F10 2 0,075 0,25 0,375 660,00±0,12 17,25±0,15 16,50±0,25c

F11 2 0,075 0,75 0,125 481,80±0,44 24,78±0,89 20,40±0,33

F12 2 0,075 0,75 0,375 408,33±0,76 19,54±2,05 28,40±0,41

F13 2 0,225 0,25 0,125 506,40±0,13 9,30±1,13 27,60±0,92e

F14 2 0,225 0,25 0,375 510,30±0,28 9,05±0,46 29,40±0,65b

F15 2 0,225 0,75 0,125 493,30±0,54 10,13±0,85b 29,00±1,14

b

F16 2 0,225 0,75 0,375 465,30±0,14 9,27±1,16 29,20±0,85b

F17 0,5 0,15 0,5 0,25 172,83±0,44 11,11±0,25 22,70±0,29

F18 2,5 0,15 0,5 0,25 704,00±0,17 12,49±0,96 21,68±0,52

F19 1,5 0 0,5 0,25 524,00±0,25 28,90±0,74 16,10±0,36c

F20 1,5 0,3 0,5 0,25 370,60±0,14 3,69±0,55 39,00±0,74

F21 1,5 0,15 0 0,25 389,50±0,05 12,12±0,46c 22,84±0,64

F22 1,5 0,15 1 0,25 299,60±0,09 10,21±1,45b 23,70±1,25

d

F23 1,5 0,15 0,5 0 209,83±0,24 14,13±1,12 23,20±1,10d

F24 1,5 0,15 0,5 0,5 358,50±0,55 12,82±0,87c 27,60±0,89

e

F25* 1,5 0,15 0,5 0,25 292,25±0,21 13,50±0,17d 26,80±0,64

F26* 1,5 0,15 0,5 0,25 310,33±0,64 13,86±0,36d 24,80±1,02

F27* 1,5 0,15 0,5 0,25 299,66±0,71 13,73±0,75d 25,60±1,44

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114

As formulações F18 (2,5% quitosana; 0,15% de glicerol; 0,50% urucum e 0,25%

de azeite de dendê), F9 (2% quitosana; 0,075% de glicerol; 0,250%;urucum e 0,125%

de azeite de dendê) e F10 (2% quitosana; 0,075% de glicerol; 0,250% urucum e

0,375% de azeite de dendê ) apresentaram os maiores valores de E sendo estes 704, 689

e 660 MPa respectivamente (Figura 13).

Figura 13. Comportamento do módulo de Young (E - MPa) e deformação (ε - %) das

diferentes formulações dos filmes de quitosana.

Analisando o gráfico de Pareto (Figura 14) verifica-se que o módulo de Young

foi influenciado positivamente pelos efeitos lineares da variável independente quitosana

e ainda pode se observar o efeito negativo do glicerol mas não tão significativo. Quanto

maior a concentração de quitosana na formulação, maior será o valor do Módulo de

Young, ao contrário do comportamento do glicerol, que ao ter sua concentração aumen-

tada, confere ao filme um valor menor neste parâmetro. Os maiores valores de Módulo

de Young foram obtidos pelas formulações com maior teor de quitosana; havendo uma

tendência à formação de filmes mais rígidos. Em contrapartida, esta tendência era apla-

cada pela presença do plastificante glicerol em cada formulação. Comparando as formu-

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115

lações F9 e F13, por exemplo, ambas com concentração de 2% de quitosana, 0,250%

urucum e 0,125% de azeite de dendê, mas com a concentração de glicerol sendo 0,075%

e 0,225%, respectivamente, percebe-se que o maior valor do Módulo de Young foi para

F9; o que demonstra o efeito negativo do plastificante neste parâmetro, reduzindo o va-

lor deste parâmetro de 689,0 para 506,40 MPa. O plastificante reduz as interações mole-

culares entre as cadeias adjacentes de amido, aumentando a mobilidade do sistema

(GONTARD et al., 1993).

Figura 14. Gráfico de Pareto para o parâmetro Módulo de Young (E) dos filmes

Diversos trabalhos abordam esta propriedade do plastificante glicerol de diminu-

ir o Módulo de Young em filmes. Alguns estudos relatam que a adição de plastificante

torna a matriz dos filmes menos densa, facilitando a movimentação das cadeias do po-

límero, melhorando a flexibilidade dos filmes (MALI et al, 2004, SOBRAL et al.,

2001). Estes resultados estão de acordo com os resultados obtidos neste trabalho.

A formulação F20 (1,50% quitosana; 0,30 % glicerol; 0,50% urucum e 0,25%

azeite de dendê) foi a que mais sofreu deformação (39%) e a F19 (1,50% quitosana; 0 %

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: E

4 factors, 1 Blocks, 27 Runs; MS Pure Error=415,2072

DV: E

-,073736

,5029817

-,703839

1,201499

2,074312

2,718051

-3,63247

-5,39335

-5,43625

5,64924

-7,72003

8,037181

-8,540675

35,79885

p=,01

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

1Lby4L

(4)Dendê(L)

Dendê(Q)

2Lby4L

3Lby4L

Urucum(Q)

1Lby2L

(2)Glicerol(L)

1Lby3L

2Lby3L

(3)Urucum(L)

Quitosana(Q)

Glicerol(Q)

(1)Quitosana(L)

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116

glicerol; 0,5% urucum e 0,25% azeite de dendê) a que menos se deformou (16,1%).

Também pode-se atribuir à concentração de glicerol estes efeitos, visivelmente demons-

trados através do Gráfico de Pareto (Figura 15) e análise da concentração de cada variá-

vel nas formulações. Os resultados são conseqüência da capacidade do glicerol em re-

duzir as interações entre cadeias poliméricas, diminuindo assim a resistência do filme e

aumentando a flexibilidade (MCHUGH; OLSEN, 2004). Romero-Bastida et al. (2005),

para filmes de amido de banana e manga adicionados de 50% de glicerol, houve 40 e

30% de deformação na tração, respectivamente, e também encontraram valores maiores

para os filmes adicionados com plastificante. Alguns estudos também relataram efeitos

de outros fatores na elongação de filmes como, por exemplo, a influência da atividade

de água na elongação dos filmes plásticos biodegradáveis de amido de mandioca elabo-

rados por SHIMAZU et al (2007). O aumento da elongação (flexibilidade) foi depen-

dente da atividade de água (Aw) dos filmes. Filmes que apresentaram Aw de 0,11 e

0,33 sofreram deformação de 40% e filmes com Aw ≥ 0,58 com glicerol acima de 30%

apresentaram aumentos significativos de deformação, a partir de concentrações de glice-

rol de 30%.

Figura 15. Gráfico de Pareto para o parâmetro Deformação (em %) dos filmes de

quitosana.

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: def in%

4 factors, 1 Blocks, 27 Runs; MS Residual=3,654238

DV: def in%

,1573543

,2024476

,35206

-,715105

-1,12927

1,456056

-1,78164

-1,91651

2,027567

-2,3577

2,451865

-2,7061

3,12528

14,44839

p=,01

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

dendê(Q)

1Lby4L

3Lby4L

2Lby4L

urucum(Q)

glicerol(Q)

quitosana(Q)

(1)quitosana(L)

(3)urucum(L)

2Lby3L

1Lby3L

1Lby2L

(4)dendê(L)

(2)glicerol(L)

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117

Para filmes de amido de mandioca com diferentes teores de polpas de manga e

de acerola desenvolvidos por Souza et al, (2011) com plastificante sacarose e açúcar

invertido, os valores dos percentuais de alongamento variou com a concentração das

polpas em cada filme, sendo que a formulação com a menor incorporação de polpas de

manga e de acerola apresentou a menor porcentagem de alongamento (68,67%), e a

formulação com o maior teor de ambas as polpas (F4) apresentou o maior percentual

(72,45%), ou seja, quanto maior a adição de polpas de manga e de acerola maior o per-

centual de alongamento.

Farias et al. (2011) analisou o percentual de deformação de filmes de amido de

mandioca adicionados de polpa de acerola e plastificados com glicerol. Os autores

observaram que a deformação na tração dos filmes variou de 23,11 a 44,63%; o

aumento da concentração de polpa e glicerol favoreceu o aumento da deformação na

tração dos filmes. Wang et al. (2010), para filmes compostos de purê de cenoura,

carboximetilcelulose (CMC), amido de milho, gelatina e glicerol e constataram que as

concentrações de carboximetilcelulose (CMC), amido de milho e gelatina não

apresentaram efeito significativo sobre a deformação na tração, mas a elevação da

concentração de glicerol provocou o aumento.

A tensão na ruptura é a resistência oferecida pelo material no ponto da ruptura

durante o teste de tração. Geralmente é requerida alta tensão na ruptura, mas esta

exigência depende da finalidade a que a embalagem se destina (CUQ, 1992). Para os

filmes de quitosana plastificados com glicerol e aditivados com urucum e azeite de

dendê, os resultados variaram de 3,69 MPa para formulação F20 (1,50% quitosana; 0,30

% glicerol; 0,50% urucum e 0,25% azeite de dendê) a 28,90 MPa para formulação F19

(1,50% quitosana; 0 % glicerol; 0,5% urucum e 0,25% azeite de dendê). Mais uma vez

constata-se a influência negativa da concentração de glicerol neste parâmetro uma vez

que está se tratando das formulações com menor concentração e maior concentração de

glicerol respectivamente (Figura 16). Pelo gráfico de Pareto, todas as variáveis

independentes e algumas interações lineares causaram efeitos significativos (p<0,01)

neste parâmetro, sejam eles positivos (como é caso da quitosana) ou negativos (como é

o caso do glicerol), em um intervalo de confiança de 99% (Figura 17). Estes resultados

estão de acordo com outros estudos como é o caso de Wang et al.(2010), que em filmes

de purê de cenoura, carboximetilcelulose (CMC), amido de milho, gelatina e glicerol,

obtiveram resultados que variaram de 5,06 a 11,73 MPa, a concentração de amido de

milho melhora a tensão na tração dos filmes e a elevação da concentração de glicerol

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118

reduz a tensão na tração. Comparando-se os valores da tensão causada nos filmes

durante a tração e o módulo de Young (E), ambos em MPa, pode-se perceber a

diferença entre as forças resultantes no material analisado (Figura 18).

Figura 16. Tensão de ruptura das 27 formulações dos filmes de quitosana avaliada no

teste de tração.

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: Tensão

4 factors, 1 Blocks, 27 Runs; MS Pure Error=,0332333

DV: Tensão

-1,72243

-2,30929

4,53099

-5,26056

-6,41799

9,610526

10,1267

-12,9189

-13,1048

15,5496

-16,941

-18,1528

38,02999

-143,989

p=,05

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

2Lby3L

Dendê(Q)

1Lby3L

3Lby4L

1Lby4L

2Lby4L

(3)Urucum(L)

Quitosana(Q)

1Lby2L

Glicerol(Q)

Urucum(Q)

(4)Dendê(L)

(1)Quitosana(L)

(2)Glicerol(L)

Figura 17. Gráfico de Pareto do parâmetro Tensão para filmes de quitosana

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119

Figura 18. Comparação dos gráficos do Módulo de Young (E) e da tensão de ruptura

dos filmes de quitosana gerados pelo teste de tração (valores em MPA).

Muitos estudos abordam as influências das variáveis independentes diversas

(matriz, plastificantes ou aditivos) nas propriedades mecânicas de filmes biodegradá-

veis. Cuenca et al. (2001), caracterizando filmes de quitosana (a 1%) contendo diferen-

tes concentrações de glutaraldeído (0 a 4,6%), processado por casting, obteve valores de

tensão variando de 2,5 a 5,0 (±1) Kgf , sendo o maior valor para filmes sem glutaraldeí-

do. Os valores de porcentagem de deformação variaram de 6,9 a 12,3 % e os maiores

valores também foram para a formulação com ausência de glutaraldeído, onde a adição

de 1% de glutaraldeído não alterou a tensão máxima para a quebra do filme, mas dimi-

nuiu sua deformação. Um aumento de cinco vezes na concentração de glutaraldeído não

acarretou mudanças significativas em suas propriedades mecânicas.

Para filmes de quitosana incorporados com chá verde e plastificados com glice-

rol desenvolvidos por Siripatrawan e Harte (2010) foram avaliados quanto às proprieda-

des mecânicas observando os efeitos da adição de extrato de chá verde nestas proprie-

dades. Foi constatado que de 0 a 5% de incorporação do extrato de chá verde, não houve

alteração nos valores de tensão e deformação dos filmes aditivados em relação ao filme-

controle, mas com um teor de 5 a 20% do extrato à matriz polimérica, identificou-se

significante aumento de 25.13 ± 1.91 para 27.55 ± 3.46 MPa e de 54.76 ± 3.14 para

60.73 ± 3.37, respectivamente, que pode ser explicado pela interação entre a quitosana e

os compostos fenólicos presentes no extrato de chá verde.

Yamashita, et al. (2005) elaborou filmes biodegradáveis a base de amido de

mandioca, contendo propionato de cálcio e permanganato de potássio como conservante

absorvedor de etileno e avaliou as propriedades mecânicas dos filmes. A resistência à

σ (MPa)

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120

tração na ruptura variou de 4,3 a 23,4 MPa e com efeito negativo do teor de amido e po-

sitivo dos teores de permanganato e propionato, além de uma interação negativa do

permanganato com o propionato. Desta forma o filme com maior resistência foi obtido

quando foram empregados os menores teores de amido e de propionato e os maiores de

permanganato, pois apesar do efeito do propionato ter sido positivo, existe uma forte

interação negativa entre o propionato e o permanganato, superior ao efeito apenas do

propionato. O amido teve efeito negativo, ou seja, menores teores de amido elevaram a

resistência à tração provavelmente devido a oxidação do amido catalisada pela presença

de permanganato, que permitiu a formação de uma matriz mais coesa, enquanto que os

filmes com maiores teores de amido mostraram-se mais rígidos e menos resistentes.

Bastos (2010) obteve filmes de amido termoplástico por vazamento e posterior

tratamento por plasma de hexafluoreto de enxofre (SF6). Analisando os filmes quanto

às propriedades mecânicas concluiu que o módulo de elasticidade aumentou após o tra-

tamento por plasma de SF6 (a superfície dos filmes tornou-se mais rígida), o que pode

ser atribuído à reticulação que ocorre devido à formação de ligações cruzadas entre as

unidades de D-glicose do amido e também à incorporação de átomos de flúor durante o

tratamento por plasma de SF6.

Shimazu et al. (2007) avaliando os efeitos do plastificante e antiplastificante do

glicerol e do sorbitol em filmes biodegradáveis de amido de mandioca realizou análises

de tração e deformação nestes, relata que os filmes dfe amido de mandioca plastifica-

dos com glicerol apresentam menor resistência que os com sorbitol, existindo uma ten-

dência de queda na resistência à medida que o plastificante é adicionado. Filmes plasti-

ficados com sorbitol nas concentrações de 5, 10 e 15 g sorbitol/100g de amido foram

mais resistentes que os filmes não plastificado. O efeito do sorbitol em baixas concen-

trações e baixas atividades de água é mais um indicativo do seu efeito antiplastificante,

isto é, ao invés de aumentar a mobilidade molecular entre as cadeias de amido, se liga

fortemente ás cadeias de amido, aumentando o grau de interação, e conseqüentemente, a

resistência mecânica e rigidez destes materiais. Nos filmes plastificados com glicerol, o

aumento da elongação (flexibilidade), em relação aos filmes não plastificados foi de-

pendente da atividade de água dos filmes. De uma forma geral, os filmes plastificados

com glicerol se mostraram mais flexíveis que os com sorbitol, apresentando, em todos

os valores de atividade de água, maiores valores de elongação.

Handa et al. (1999), determinaram as propriedades mecânicas, dos filmes de pro-

teínas da clara do ovo e verificaram que a deformação na ruptura no teste de tração va-

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121

riou de 26,4 a 55,1%, sendo que os filmes de soluções aquecidas tiveram uma de-

formação maior do que filmes de soluções não aquecidas no intervalo de pH es-

tudado (10,5-11,5). Os autores verificaram aumento da deformação com a elevação do

valor do pH.

O tratamento dos dados experimentais para as diferentes formulações resultam

em uma equação polinomial de segunda ordem para cada superfície de resposta gerada,

para o Módulo de Young (E), Tensão (σ) e Deformação (ε) (Tabela 6, ANEXO I) dos

filmes, em função das variáveis independentes, quitosana (%, X1), glicerol (%, X2),

urucum (X3), azeite de dendê (X4) e a interação entre elas (X1, X2, X3 e X4). Na Figu-

ra 14 são apresentados os gráficos de superfície de resposta gerados entre as interações

Quitosana x Glicerol, Quitosana x Urucum e Quitosana x Azeite de dendê e os parâme-

tros o Módulo de Young (E), Tensão (σ) e Deformação(ε) para as 27 formulações.

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122

Tabela 6. Equações do modelo e R2

(coeficiente de determinação) para Moúdulo de Young (E, MPa), Tensão(σ, MPa) e Deformação (ε, %) dos

filmes, X1= Quitosana, X2= Glicerol, X3= Urucum e X4= Azeite de dendê.

Parâmetros Equação

R2

Parâmetros Equação R2

E: X1xX2

290,7+148,9 X1 +35,4 X12-22,4 Y1 +37,6 Y1

2-18,5 X1Y1

0,97

σ: X2xX3

13,7-5,3 X1 +0,6 X12+0,37 Y1-0,7 Y1

2-0,07 X1Y1

0,97

E: X1xX3

290,7+148,9 X1 +35,4 X1

2-32,1 Y1+11,9 Y12-27,6 X1Y1 0,97

σ: X2xX4

13,7-5,3 X1 +0,6 X12-0,6 Y1 -0,09 Y1

2-0,438 X1Y1 0,97

E: X1xX4

290,7+148,9 X1 +35,4 X12+2,09 Y1 -3,1 Y1

2-0,375 X1Y1

0,97

σ: X3xX4

13,7+0,4 X1 -0,7 X12-0,6 Y1 -0,09 Y1

2 -0,2 X1Y1

0,98

E: X2xX3

290,7-22,4 X1 +37,6 X12-32,1 Y1 +11,9 Y1

2- +28,7 X1Y1

0,97

ε: X1xX2

25,7-0,74 X1-0,7 X12+5,6 Y1+0,6 Y1

2-1,3 X1Y1 0,97

E: X2xX4

290,7-22,4 X1 +37,6 X12+2Y1 -3,1 Y1

2+6,15 X1Y1

0,97

ε: X1xX3

25,7-0,7 X1-0,7 X12+0,7 Y1 -0,5 Y1

2- 1,2 X1Y1

0,97

E: X3xX4

290,7-32,1 X1 +11,9 X12+2,09 Y1 -3,1 Y1

2210,5 X1Y1

0,97

ε: X1xX4

25,7-0,7 X1 -0,7 X12+1,2 Y1 +0,06 Y1

2-0,09 X1Y1

0,97

σ: X1xX2

13,7+1,4 X1 -0,5 X12-5,3 Y1 +0,6 Y1

2-0,6 X1Y1 0,97

ε: X2xX3

25,7+5,6 X1 +0,6 X12+0,8 Y1 -0,4 Y1

2-1,12 X1Y1 0,98

σ: X1xX3

13,7+1,4 X1 -0,5 X12+0,4 Y1 -0,7 Y1

2-0,2 X1Y1

0,97

ε: X2xX4

25,7+5,6 X1 +0,6 X12+0,8 Y1 -0,4 Y1

2--1,12 X1Y1

0,98

σ: X1xX4

13,7+1,4 X1 -0,5 X12-0,7 Y1 -0,09 Y1

2-0,3 X1Y1 0,98 ε: X3xX4

25,7+0,8 X1 -0,4 X12+1,2 Y1 +0,06 Y1

2+0,16 X1Y1

0,97

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123

3.1.1.4 Propriedade Térmica: Análise termogravimétrica

Foram selecionadas as formulações F17, F18 e F19 para análise termogravimé-

trica devido a possuírem em sua formulação menor teor de quitosana, maior teor de qui-

tosana e ausência de glicerol, respectivamente.

Os gráficos de TGA e DTG das formulações F17 (0,5% quitosana; 0,15% glice-

rol; 0,5% urucum e 0,25% azeite de dendê), F18 (2,5% quitosana; 0,15 % glicerol; 0,5%

urucum e 0,5% azeite de dendê) e F19 (1,5% quitosana; 0% glicerol; 0,5% de urucum e

0,25% azeite de dendê) estão apresentados na Figura 19. As curvas de TGA e DTG re-

velam a perda de massa do material quando aquecido a uma temperatura e atmosfera

controlada.

Figura 19: (a)- Curvas de TGA das formulações F17, F18 e F19. (b)- Curvas de DTG

das formulações F17, F18 e F19.

Analisando as curvas TGA e DTG das amostras analisadas, verifica-se a presen-

ça de 5 eventos distintos para formulação F17, 4 eventos para F18 e 3 para formulação

F19, conforme Tabela 6. O primeiro evento de perda de massa que é o primeiro estágio,

abaixo de 1000C, está relacionado à volatilização de água, com a evaporação também de

compostos de baixa massa molar. A faixa de temperatura de degradação desta etapa foi

de 47,40 a 55,19°C. Este evento poderia ter sido evitado ou amenizado se as amostras

fossem secas em estufa, antes da análise. Através da observação dos dados apresentados

(a)

(b)

100 200 300 400 500

20

40

60

80

100

F17

F18C

F19A

Perd

a d

e m

assa (

%)

Temperatura (oC)

-0,7

-0,6

-0,5

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0,0

Deri

vada p

rim

eir

a d

a p

erd

a d

e m

assa (

erd

a/o

C)

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124

na Tabela 7, verifica-se que a temperatura de desidratação aumenta a medida que au-

menta o teor de quitosana na solução filmogênica.

O segundo estágio ocorreu na faixa de temperatura em torno de 166,05 a 189,43

°C; associando esta etapa à decomposição do glicerol, indicando uma possível separa-

ção de fases. Este evento ocorreu apenas para as formulações F17 e F18 uma vez que a

motra F19, cuja formulação não contém glicerol, não apresentou evento nesta faixa de

temperatura. Na faixa de temperatura de 278,07 e 293,02°C observa-se evento para as

formulações F17, F18 e F19, evento este associado à decomposição da matriz quitosana

(PELISSARI, 2009).

Tabela 7. Comportamento termogravimétrico dos filmes de quitosana plastifica-

dos com glicerol e incorporados de urucum e azeite de dendê.

Formulações Quitosana

(%)

Glicerol

(%) Evento1(desidratação)

Evento

2

Evento

3

Evento

4

Evento

5

F17 0,50 0,15 47,40 166,05 278,07 395,58 444,37

F18 2,50 0,15 55,19 189,43 293,02 437,75

F19 1,50 0 49,18 292,50 424,45

Valores que apresentam a mesma letra, numa mesma coluna, não apresentam diferenças significativas

(p>0,05) pelo Teste de Tukey a 99% de confiança.

Pelissari (2009) incorporou óleo de orégano a filmes de amido de mandioca, qui-

tosana e glicerol e analisou termogravimetricamente a estabilidade térmica destes fil-

mes, observando que o filme de amido-quitosana com 1% de óleo essencial de orégano

sofreu 03 estágios de perda de massa enquanto outras formulações que variavam a com-

posição dos filmes sofreram 2 estágios apenas. O primeiro estágio (Temperatura de de-

gradação máxima de 72 a 99º C representa a evaporação da água absorvida pelo amido,

quitosana e glicerol, juntamente com a evaporação dos compostos de baixa massa mo-

lar. Em torno de 250 a 350º C, observou-se a decomposição do amido e da quitosa-

na.Apenas a formulação com maior teor de óleo essencial de orégano (1,0%) apresentou

o terceiro estágio, por volta de 380º C, quando provavelmente ocorre a degradação tér-

mica das estruturas aromáticas presentes no óleo essencial, bastante estáveis quimica-

mente devido a ressonância do anel benzênico. Bastos (2010) para filmes de amido ter-

moplástico por vazamento e posterior tratamento por plasma de hexafluoreto de enxofre

(SF6), relata uma temperatura de degradação dos compósitos de aproximadamente

3000C e com o aumento da quantidade de fibra, houve uma maior perda de massa para

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125

temperaturas baixas. Resultados similares para faixas de temperatura de degradação de

matrizes poliméricas (filmes de quitosana) foram reportados por outros autores (CHEN

etal 2008, ZHANG et al, 2007).

Os estágios subseqüentes referem-se à degradação térmica de outros componen-

tes da formulação. Santos et al (2010) realizaram a síntese, caracterização e estudo ciné-

tico do óleo de dendê e seu biodiesel e em relação à análise termogravimétrica verifica-

ram que o óleo de dendê possui dois estágios de perdas de massa, ocorrendo na faixa

de 180-510°C. O óleo de dendê apresentou duas etapas térmicas, a maior perda consiste

na decomposição dos ácidos graxos, já para a menor perda pode-se atribuir às impure-

zas presentes no óleo, tais como os ácidos graxos livres.

3.1.1.5 Solubilidade dos filmes

Os filmes selecionados para esta análise apresentaram um percentual de solubi-

lidade entre 7,84%±1,01 para formulação F19 (1,5% quitosana; 0% glicerol; 0,5% de

urucum e 0,25% azeite de dendê); 9,16% ±0,05 para F18 (2,5% quitosana; 0,15 % glice-

rol; 0,5% urucum e 0,5% azeite de dendê) e 11,62%±0,02 para F17 (0,5% quitosana;

0,15% glicerol; 0,5% urucum e 0,25% azeite de dendê), conforme dados apresentados

na Tabela 8.

Tabela 8: Solubilidade das amostras selecionadas dos filmes de quitosana plastifica-

dos com glicerol e incorporados de urucum e azeite de dendê.

Formulações Quitosana

(%)

Glicerol

(%)

Urucum

(%)

Dendê

(%)

Minicial Mfinal Solubilidade

(%)

F17 0,50 0,15 0,50 0,25 0,0086 0,0076 11,62±0,02

F18 2,50 0,15 0,50 0,25 0,0240 0,0218 9,16±0,05

F19 1,50 0,00 0,50 0,25 0,0344 0,0317 7,84±1,01

Valores que apresentam a mesma letra, numa mesma coluna, não apresentam diferenças significativas

(p>0,05) pelo Teste de Tukey a 95% de confiança.

A formulação que não contém glicerol (F19) apresentou o menor percentual de

solubilidade. De acordo com Wolf (2007), filmes com plastificantes hidrofílicos ten-

dem a apresentar altos valores de solubilidade. Para as demais formulações, cuja dife-

rença básica entre elas é o teor de quitosana presente na formulação, a amostra com me-

nor teor da matriz (que foi a F17), apresentou um percentual de solubilidade maior, pro-

vavelmente pela maior facilidade de dispersar esta amostra em solução ou por esta não

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126

ser composta de ligações tão fortemente formadas entre os outros componentes da for-

mulação devido à sua menor quantidade presente. Os valores encontrados neste trabalho

são compatíveis com outros trabalhos que tratam especificamente de filmes de quitosa-

na, como é o caso de Carvalho (2006), que produziu esferas, membranas, filmes e hi-

drogéis de quitosana, sem e com a bactéria imobilizada e avaliou os produtos quanto à

resistência mecânica, uniformidade, solubilidade, dentre outros. Os testes de solubilida-

de de filmes e membranas em pH 6 tiveram por finalidade avaliar perdas de massa de-

vido à possível solubilização nesse pH. Os resultados mostraram que a perda de massa

foi insignificante para os filmes e membranas testados, com um percentual de perda de

3,5% ± 0,057.

Em relação aos filmes que possuem outros polissacarídeos ou componentes co-

mo matrizes, os valores da solubilidade de filmes biodegradáveis de quitosana são infe-

riores. Zactiti (2004) avaliou a solubilidade dos filmes biodegradáveis de alginato de

cálcio sem e com sorbato de potássio. Os filmes preparados com solução filmogênica a

1,5% de alginato de sódio e glicerol (0,6g glicerol/g de alginato) apresentaram-se total-

mente solubilizados após 24h de imersão em água. Esta é uma característica encontrada

em filmes compostos de hidrocolóides, especialmente polissacarídeos e proteínas, por

serem substâncias altamente hidrofílicas. Yamashita et al (2005) desenvolvendo filmes

biodegradáveis a base de amido de mandioca, contendo como conservante propionato

de cálcio e permanganato de potássio como absorvedor de etileno, verificaram que estes

apresentaram alta solubilidade, que variou de 78 a 86%, característica desejável para

filmes biodegradáveis. Quanto maior a concentração de amido, mais solúvel o filme. O

aumento da solubilidade foi associado com a concentração de amido devido ao aumento

da quantidade de grupamentos hidroxila na matriz dos filmes. Filmes a base de gelatina,

com sorbitol nas concentrações de 55 a 65%%, com espessura média de 170 µm, apre-

sentaram solubilidades variando de 40,4 a 44,5% de matéria seca, valores também me-

nores que os obtidos neste trabalho (SAKANAKA, 2002).

Vicentino et al (2011) para filmes a partir de amido de mandioca, gelatina e sor-

bitol para cobertura em uvas ‘Benitaka’ (Vitis vinifera L.) avaliaram as propriedades a

fim de se verificar a eficácia do filme como barreira contra a perda de massa nas uvas.

No quesito solubilidade observaram que este parâmetro variou de 28% para filmes com

amido oxidado-acetilado a 100% para filmes com amido eterificado. O menor valor pa-

ra os filmes estudados foi superior aos encontrados na literatura para o filme de gelatina

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127

e amido de trigo (24,38%), como também para o filme composto por gelatina em um pH

de 5,5 (19,77%).

Prates (2009) elaborou filmes biodegradáveis utilizando o amido do fruta-de-

lobo e como plastificantes como o glicerol e sorbitol e posteriormente analisou a solubi-

lidade dos filmes biodegradáveis em função da concentração de sorbitol e da temperatu-

ra de secagem durante a elaboração de filmes. A temperatura do processo apresentou

efeito linear negativo na solubilidade dos filmes biodegradáveis. O aumento da tempe-

ratura de 33 para 43ºC produziu-se uma diminuição na solubilidade média de 26,59%

para 26,11%. Foi observado efeito linear positivo da concentração de sorbitol na solubi-

lidade dos filmes elaborados, sendo que o aumento de 0,1 para 0,3% na concentração de

sorbitol provocou incremento na solubilidade de 26,81 para 29,02%. Santos (2009),

que encontrou solubilidade entre de 28,65 a 42,67% em filmes biodegradáveis elabora-

dos com amido de fruta-de-lobo e glicerol e observou que as maiores concentrações do

plastificante resultaram em um incremento na solubilidade dos filmes biodegradáveis.

3.1.1.6 Avaliação da Biodegradabilidade dos filmes

Atualmente, além de propriedades mecânicas, a avaliação da biodegradabilidade

das de embalagens também tem recebido atenção especial, já que a preocupação com a

conservação do meio ambiente é cada vez maior.

Um plástico é considerado de uma forma geral, degradável quando possui em

sua estrutura ou formulação, componentes que aceleram ou não impedem as taxas de

degradação do polímero. Portanto, o plástico biodegradável sofre ações de um ou mais

mecanismos na sua decomposição, associadas à composição química do plástico,

morfologia, pelas condições do meio, pela presença de aditivos na sua formulação e

outros fatores que afetam a sua biodegradabilidade. As macromoléculas naturais como

proteínas, polissacarídeos e lipídios são geralmente degradadas em sistemas biológicos

pela hidrólise seguida de oxidação (HUANG, 1985). No entanto, o plástico só é

considerado biodegradável se a degradação resultar da ação enzimática de

microrganismos naturais tais como fungos, bactérias e algas, sendo o material capaz de

se decompor em dióxido de carbono (CO2), metano, água, compostos inorgânicos ou

biomassa (RUTIAGA et al., 2005).

Todos os componentes dos filmes deste trabalho (quitosana, glicerol,

urucum e azeite de dendê) são considerados biodegradáveis. O processo de

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128

biodegradação neste estudo foi acompanhado por 17 semanas, em solo mantido a 32ºC,

conforme as normas da ASTM G 160-03. Foi monitorada a biodegradabilidade para as

formulações F17, F18 e F19, que continham maior teor de quitosana (F17), menor teor

de quitosana (F18) e ausência de glicerol (F19), a fim de se verificar a influência da

concentração da matriz e da presença de plastificante na biodegradabilidade dos filmes.

A viabilidade do solo preparado foi testada conforme a Norma NBR 11912

(1991). O resultado do teste mostra boa degradabilidade do material. A perda de massa

percentual nas formulações F17, F18 e F19 encontram-se descritos na Tabela 9. Na Fi-

gura 19 são apresentadas as fotografias obtidas das formulações F17, F18 e F19 durante

as análises de biodegradabilidade.

Tabela 9. Valores de perda de massa das formulações de filmes selecionados durante o

teste de biodegradabilidade de 17 semanas.

Amostras Tempo em semanas % de perda de massa

zero 0

2 18,61±0,15

4 34,81±0,36

F17 12 49,69±0,17

15 67,43±0,42b

17 83,68±1,15a

zero 0

2 17,40±0,42

4 39,29±0,89

F18 12 55,27±1,23

15 61,50±0,55

17 83,62±0,98a

zero 0

2 19,82±0,56

4 36,07±0,34

F19 12 53,42±1,14

15 68,98±1,25b

17 83,37±1,47a

Valores que apresentam a mesma letra, numa mesma coluna, não apresentam diferenças significativas

(p>0,05) pelo Teste de Tukey a 95% de confiança.

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129

Figura 20. Amostras em solo preparado para análise da Biodegradabilidade.

Analisando ao percentual de perda de massa com o passar do tempo, verifica-se

que a biodegradação aumentou com o passar do tempo, uma vez que a perda de massa é

um dos critérios que atesta biodegradação. Além disso, o percentual da perda de massa

foi praticamente o mesmo para todas as formulações (F17, F18 e F19), ao longo das 17

semanas, sendo em média 83%, independentemente da concentração de quitosana ou

glicerol presente nas formulações, o que nos permite inferir que a concentração destes

componentes não alterara nem interferem na biodegradabilidade dos filmes que os

contém.

Bucci et al. (2007), estudando a biodegradação de embalagens de PHB

(polihidroxibutirato) em diferentes meios, observaram que a biodegradação deste

material ocorre em até 90 dias em meios em que há uma atividade microbiana própria,

como a compostagem de lixo orgânico e fossa séptica. Nos testes de biodegradação dos

de filmes de blendas de amido e poli (butileno adipato co-tereftalato) produzidos por

por SCAPIN (2009), a perda de massa foi dependente da quantidade de amido

termoplástico (ATp) presente na matriz polimérica. Filmes com 20% de amido

apresentaram a menor perda de massa durante todo o período de análise (29,4%),

enquanto que os filmes com 30 e 40 % de amido, ao final dos 150 dias, apresentaram

perda de massa de 65,9 e 70,0%, respectivamente.

Machado (2011), também avaliou a biodegradabilidade dos filmes de

amido de mandioca incorporados com nanocelulose de côco e glicerol e observou ao

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longo de 17 semanas que todas as formulações estudadas (F10, F11 e F14), sofreram

perda de massa próximas as obtidas para filmes de quitosana, glicerol, urucum e azeite

de dendê, independentemente do percentual de nanocelulose adicionada na matriz de

amido plastificada com glicerol. Todas as formulações e o controle apresentaram uma

perda de massa de aproximadamente 80%, também com massa residual de 20% após

119 dias. Beltrão et al. (2010), avaliaram filmes biodegradáveis de amido vazados com

adição de argila nas concentrações 1, 3 e 5% em massa. Os filmes de amidos foram

submetidos a estudo de biodegradação em solo enriquecido com humos. Os filmes

apresentaram boa degradabilidade mesmo com a adição de argila (5%), apresentando

massa residual de 29% após 30 dias.

3.2 Conclusões

Os resultados apresentados neste trabalho indicam a viabilidade da elaboração

de filmes de quitosana, utilizando o plastificante glicerol e urucum e azeite de dendê

incorporados. Os filmes obtidos apresentaram boa aparência e facilidade de manuseio e

foram caracterizados pelas suas propriedades colorimétricas que dependem exclusiva-

mente da sua formulação. A baixa atividade de água e umidade torna viável a aplicação

deste filme para embalar alimentos com estas mesmas propriedades. O fato de o filme

ser emulsionado com composto hidrofóbico (presença de lipídio em sua formulação)

contribuiu para melhorar a permeabilidade ao vapor d'água pela diminuição da afinidade

pela água e modificação na estrutura filmogênica. Os filmes apresentaram boas proprie-

dades mecânicas e os valores de Módulo de Young, tensão e deformação influenciados

pelas concentrações de quitosana e glicerol, sendo a quitosana responsável pela rigidez

do filme e o glicerol relacionado ao melhoramento da elasticidade e diminuição da ten-

são à tração. A incorporação de aditivos urucum e azeite de dendê não influenciou nas

propriedades mecânicas dos filmes de quitosana plastificados com glicerol em nenhuma

das concentrações testadas. As análises de termogravimetria descreveram as etapas de

degradação sofridas durante o aquecimento das amostras e a cada estágio detectado i-

dentifica-se o composto degradado, sendo que foram odentificados até 5 estágios distin-

tos, a depender da amostra avaliada. Os filmes apresentaram baixa solubilidade em água

(máximo de 11,62%) e um alto grau de biodegradabilidade, ultrapassando 80% de de-

gradação em 17 semanas.

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Capítulo IV

Avaliação da eficácia da incorporação de urucum como aditivo antioxidante em

embalagens biodegradáveis à base de quitosana

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141

1.0 Introdução

Geralmente, os materiais para a elaboração de embalagens têm sido selecionados

com o objetivo de possuir a menor interação com o produto que acondicionam. Diante

disso, as embalagens atuam como barreiras inertes, com a função principal de proteger o

produto embalado, sem interagir com o mesmo (VEIGA-SANTOS et al., 2005a). Entre-

tanto, novas linhas de pesquisa têm surgido nas últimas décadas com o objetivo de de-

senvolver embalagens que interajam com o produto embalado, trazendo, portanto uma

vantagem adicional para estas. Outra vantagem apresentada por essas novas embala-

gens, chamadas de embalagens ativas, é o seu caráter biodegradável, visto que são cons-

tituídas de matrizes poliméricas obtidas de fontes renováveis e incorporadas com aditi-

vos naturais, como por exemplo, extrato de erva-mate (MACHADO, 2011), polpa de

manga e acerola (SOUZA et al., 2011), dendê (GRISI et al., 2008), café e cacau (SIL-

VA, 2009) entre outros, sendo assim planejadas para corrigir deficiências das embala-

gens passivas. Destaca-se ainda que estas embalagens ativamente funcionais contribuem

para uma maior preservação do alimento e do meio ambiente, devido seu caráter biode-

gradável (VEIGA-SANTOS et al., 2005b; VEIGA & DRUZIAN, 2007; MALI et al.,

2010).

A quitosana é uma poliamina linear caracterizada por sua origem renovável, bi-

odegradável e pela sua capacidade de formar filmes resistentes, flexíveis, de difícil

rompimento (JOHN & THOMAS, 2008). Além disso, é um composto de grande inte-

resse industrial por apresentar caráter bioativo, permeabilidade seletiva, ação polieletrô-

nica, habilidade de quelação e capacidade adsortiva (THARANATHAN, 2003; SY-

NOWIECKI & AL-KHATEEB, 2003). Os filmes de quitosana apresentam, na condição

seca, baixa permeação a gases, inferiores aos medidos para PET (Politereftalato de eti-

leno) ou PVC (cloreto de polivinila) (ASSIS, 2010), sendo apropriados para embalar

alimentos lipídicos. Outra possibilidade de aplicação em embalagens é através da incor-

poração de aditivos antioxidantes naturais, ampliando seu campo de utilização.

As reações de degradação por oxidação são consideradas como as mais impor-

tantes que ocorrem nos alimentos, já que são responsáveis pela deterioração dos produ-

tos (FUKUMOTO & MAZZA, 2000; LOULI et al., 2004; ALBU et al., 2004), limitan-

do assim a conservação dos mesmos. Freqüentemente são adicionados, no produto ou

na embalagem, substâncias antioxidantes, que são capazes de remover o oxigênio do

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142

meio ou impedir a reação em cadeia produzida pelos radicais livres formados durante o

processo de oxidação. Comumente são utilizados antioxidantes sintéticos dentre os

quais, os mais utilizados são o BHA (Butil-hidroxianisol) e BHT (Butil-hidroxitolueno).

Atualmente a utilização dos antioxidantes sintéticos tem sido bastante questionada, de-

vido ao aparecimento de diversos estudos que alegam que estes antioxidantes podem

promover efeitos tóxicos e carcinogênicos no organismo. Devido a esta grande preocu-

pação com a segurança alimentar da população, tem crescido a busca de produtos natu-

rais que possam servir como fontes de antioxidantes, para substituir os antioxidantes

sintéticos (MARTINEZ-TOME et al., 2001; BERNARDO-GIL et al., 2002; RIBEIRO

et al., 2001). O urucum é considerado uma fonte natural rica em antioxidantes, como os

compostos fenólicos (ALMEIDA et al., 1996; COSTA et al., 2008), chegando a apre-

sentar até 1498,48 mg/g destes compostos em sua composição (LEMOS, 2008).

O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficácia da incorporação de diferentes

concentrações do urucum como aditivo antioxidante em filmes biodegradáveis à base de

quitosana. A ação antioxidante destas embalagens ativas foi realizada através do moni-

toramento das alterações químicas da embalagem e do produto embalado. Destaca-se

que nenhum outro estudo foi encontrado na literatura utilizando urucum incorporado

numa matriz polimérica de quitosana e agindo como uma embalagem ativa.

2.0 Material e Métodos

Os filmes biodegradáveis foram preparados por casting, que consistiu no preparo

de uma solução filmogênica, onde inicialmente, dissolveu-se em ácido acético glacial

1% (Vetec, Brasil), a quitosana (Sigma-Aldrich, Alemanha), o glicerol (Vetec, Brasil),

utilizado como agente plastificante e o aditivo natural antioxidante, o urucum (AM 200-

WS-P da CHR HANSEN). A solução foi mantida sob agitação constante por 24h para

total dissolução do polissacarídeo (ASSIS & SILVA, 2003). As formulações A (1,5%

de quitosana; 0,15% de glicerol e 0,25% de urucum), B (1,5% de quitosana; 0,15% de

glicerol; 0,5% de urucum) e C (1,5% de quitosana; 0,15% de glicerol; 1% de urucum)

foram usadas para embalar azeite de dendê, com intuito de investigar o comportamento

do aditivo antioxidante contido na embalagem durante armazenamento por 45 dias, em

oxidação acelerada (63% UR, 30°C). Como controle foi utilizado o azeite de dendê em-

balado em filme de quitosana e plastificante sem adição de antioxidante (C1), embalado

em PEBD (polietileno de baixa densidade) (C2) e sem embalagem, ou seja, exposto em

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143

placa de Petri (C3). As embalagens foram confeccionadas como sacos retangulares pos-

suindo dimensões 5x2 cm e em cada uma foi adicionada 8mL de azeite de dendê. As

embalagens foram seladas com uma seladora de bancada Sulpack, modelo SM 300 Li-

ght, de temperatura contínua.

A estabilidade oxidativa do azeite de dendê em resposta a ação antioxidante das

embalagens ativas foi monitorada por um período de 45 dias, através da determinação

do índice de peróxido (IP). O IP do azeite de dendê embalado e exposto foi determinado

pelo método titulométrico de acordo com a AOAC Cd 8b-90 (2000), enquanto que a

estabilidade dos antioxidantes nas embalagens ativas foi feita através do teor de Fenóis

Totais (FT) por espectrofotometria (SWAIN & HILLIS, 1959), sendo todas as análises

realizadas em triplicata.

Os resultados encontrados foram tratados pelo Teste de Tukey (ANOVA) atra-

vés do programa Statistica 7.0 para identificar se as alterações nos parâmetros avaliados

foram significativas ao nível de 95% de significância

3.0 Resultados e Discussão

O efeito da incorporação de 0,25, 0,5 e 1,0% do aditivo antioxidante natural

nas embalagens A, B e C, respectivamente, durante o armazenamento de azeite de den-

dê por um período de 45 dias estão apresentados na Tabela 1. Os teores de polifenóis

totais (PT) da embalagem variaram de 30,72 a 67,70 mg/g para a formulação A, de

62,24 a 103,92 mg/g para a formulação B e de 89,41 a 199,91 mg/g para a formulação

C, indicando que ocorrem perdas significativas nestes compostos após 45 dias de arma-

zenamento. Entretanto, vale salientar que, mesmo após o período avaliado, os compos-

tos fenólicos do aditivo permanecem viáveis nos filmes (44,72 a 59,89% de redução).

O mesmo produto (azeite de dendê) foi embalado por SOUZA et al. (2011) em

filmes de amido de mandioca incorporados com aditivos naturais antioxidantes (polpa

de manga e acerola) em diferentes concentrações. Também foi verificado pelos autores

que após 45 dias de armazenamento, as formulações de filmes apresentaram perdas nos

PT, variando de 17,80 a 36,12%. MACHADO (2011) avaliou a ação antioxidante de

filmes de amido contendo nanocelulose como reforço e extrato de erva-mate como adi-

tivo, ao embalar azeite de dendê. Foi relatado que houve uma diminuição no valor de

FT dos filmes de 102,70 para 60,72 mg/g, resultando numa redução de 59,12% após 40

dias de armazenamento.

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144

Tabela 1. Teores de fenóis totais (mg/g) apresentados pelas embalagens durante 45 dias

de armazenamento.

Valores que apresentam a mesma letra, numa mesma coluna, não apresentam diferenças

significativas (p>0,05) pelo Teste de Tukey a 95% de confiança.

A (1,5% de quitosana; 0,15% de glicerol e 0,25% de urucum); B (1,5% de quitosana;

0,15% de glicerol; 0,5% de urucum); e C (1,5% de quitosana; 0,15% de glicerol; 1% de

urucum);

O índice de peróxido (IP) do azeite de dendê embalado com as formulações A,

B e C contendo diferentes concentrações de aditivo natural (urucum), foi monitorado

aos 0, 7, 15, 30 e 45 dias. Foi observado um aumento gradual no teor inicial de IP do

azeite de dendê embalado nos três filmes ativos (A, B e C) e nos controles (C1, C2 e

C3) (Tabela 1 e Figura 1), ao longo do armazenamento.

O azeite de dendê embalado nos filmes ativos A, B e C apresentou menores va-

lores de IP ao longo dos 45 dias de armazenamento, com diferenças significativas entre

as amostras (p>0,05) (Figura 1 e Tabela 2). O IP do azeite de dendê embalado no filme

A (0,25% de urucum) apresentou um aumento de 1,75 meq/Kg no dia zero, para 48,33

meq/Kg após 45 dias. ; enquanto o B (0,5% de urucum) passou de 1,75 meq/Kg para

37,95 meq/Kg; e o C, de 1,75 meq/Kg para 22,40 meq/Kg. Portanto, foi possível consta-

tar um efeito protetor da embalagem sobre o produto embalado de forma proporcional a

quantidade de aditivo incorporado ao filme (y = -34,077x + 56,105, R² = 0,9943).

Armazenamento (dias)

Formulações 0 7 15 30 45

A 67,70±1,45a 54,76±1,32

a 48,78±1,09

a 41,73±1,76

a 30,72±1,23

a

B 103,92±1,38b 94,71±1,43

b 82,45±1,71

b 73,65±1,78

b 62,24±1,79

b

C 199,91±1,27c 161,49±1,43

c 121,09±1,71

c 98,67±1,23

c 89,41±1,21

c

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145

Figura 1. Comportamento do aumento do Índice de Peróxidos (meq/kg) do azeite de

dendê embalados nos filmes ativos de quitosana A (0,25% de urucum), B (0,5% de uru-

cum) e C (1,0% de urucum) e nos controles C1 (filme de quitosana sem urucum), C2

(PEBD) e C3 (produto sem embalagem), após 45 dias de armazenamento.

O azeite de dendê embalado em todos os filmes ativos (A, B e C) apresentou

um menor aumento no IP (p<0,05) quando comparados aos apresentados pelo produto

embalado com os três controles, indicando a eficácia do urucum como aditivo

antioxidante. Os resultados encontrados neste trabalho também mostram que mesmo

sem o aditivo antioxidante, a embalagem de quitosana (C1) têm um efeito protetor

maior da oxidação do azeite (p<0,05) quando comparado à embalagem de PEBD (C2).

Portanto, o efeito antioxidante protetor dos filmes ativos advém da ação simultânea do

aditivo incorporado e da matriz polimérica. O efeito antioxidante da quitosana é

relatado também por ASSIS & SILVA, (2003); COSTA-JR, (2008); e ASSIS, (2010).

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146

Tabela 2. Determinação dos teores de índice de peróxidos (meq/Kg) apresentados pelo

azeite de dendê nos dias 0, 7, 15, 30 e 45 e percentual de aumento durante armazena-

mento nas embalagens ativas e nos controles.

Formulações A (1,5% de quitosana; 0,15% de glicerol e 0,25% de urucum), B (1,5% de

quitosana; 0,15% de glicerol; 0,5% de urucum) e C (1,5% de quitosana; 0,15% de glice-

rol; 1% de urucum); C1: 1,5% de quitosana e 0,15% de glicerol; C2: embalagem de

PEBD; C3: sem embalagem.

Valores que apresentam a mesma letra, numa mesma coluna, não apresentam diferenças

significativas (p>0,05) pelo Teste de Tukey a 95% de confiança.

Como esperado, dentre os controles avaliados, o azeite exposto (C3), ou seja,

sem nenhuma barreira de proteção, apresentou o maior aumento do IP ao longo de 45

dias. Os resultados obtidos neste estudo sobre a ação antioxidante de aditivos naturais

quando incorporados em filmes contendo uma matriz polimérica biodegradável, pode

ser confirmado através de outros trabalhos encontrados na literatura (GRISI et al., 2008;

JUNQUEIRA et al., 2009; SOUZA et al., 2011; MACHADO, 2011).

4.0 Conclusão

A partir dos resultados obtidos nesta pesquisa, é possível concluir que o desen-

volvimento de embalagens ativas, utilizando o urucum como fonte de compostos antio-

xidantes incorporados a matriz de quitosana é bastante viável. Essa embalagem pode ser

Armazenamento (dias)

Formulações 0 7 15 30 45 Aumento do

dia 0 ao 45 (%)

A 1,75±0,08a 9,87±0,23

a 14,09±0,36

a 34,01±0,80

a 48,33±0,53

a 2761,71

a

B 1,75±0,05a 6,19±0,08

b 9,28±0,11

b 19,80±0,67

b 37,95±0,87

b 2168,57

b

C 1,75±0,04a 3,25±0,07

c 7,14±0,31

c 12,05±0,78

c 22,40±0,85

c 1280,00

c

C1 1,75±0,07a 13,96±0,37

d 33,95±0,73

d 46,93±0,89

d 63,02±0,68

d 3601,14

d

C2 1,75±0,05a 24,93±0,79

e 58,38±0,98

e 82,91±0,97

e 98,08±0,93

e 5604,57

e

C3 1,75±0,03a 32,58±0,59

f 70,39±0,23

f 107,49±1,25

f 144,56±0,73

f 8260,57

f

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147

aplicada para embalar alimentos lipídicos, como óleos e gorduras, para evitar a oxida-

ção destes produtos. Vale ressaltar ainda que, a incorporação deste aditivo natural não

altera as propriedades mecânicas e de barreira das embalagens, permitindo assim o seu

desenvolvimento e comercialização como uma embalagem ativa antioxidante.

5.0 Referências

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150

Considerações Finais

A quitosana, o glicerol, o corante urucum e o azeite de dendê se estabelecem

como matérias-primas viáveis para a elaboração de filmes biodegradáveis e ativos. As

características evidenciadas como baixa atividade de água e umidade, baixa permeabi-

lidade ao vapor d’águia , boas propriedades mecânicas , baixa solubilidade em água e e

alta biodegradabilidade indicam amplas possibilidades de aplicação como embalagens

de alimentos secos ou lipídicos. A incorporação de aditivos naturais não alterou negati-

vamente as propriedades dos filmes, sejam elas mecânicas ou de barreira, tendo maior

influência sobre propriedades colorimétricas, devido a presença de pigmentos carote-

noides nos aditivos urucum e azeite de dendê.

Analisando o filme e suas características, uma das maiores variações ocorreu na

espessura, decorrente do processo de elaboração, casting, e da dificuldade em dispersar

totalmente a quitosana. Verificou-se que a concentração de glicerol (plastificante) e de

quitosana foram os responsáveis por alterar as propriedades de atividade de água e per-

meabilidade ao vapor de água. As formulações que apresentaram à menor permeabili-

dade a água foram as que continham menor teor de glicerol, evidenciando assim que o

aumento do teor de plastificante causa um aumento na permeabilidade ao vapor de água

de filmes higroscópicos devido à reorganização da matriz filmogênica pela diminuição

da tensão entre as moléculas e consequente aumento de volume livre. Além disso, as

propriedades mecânicas dos filmes foram bastante influenciadas pela a interação destes

dois constituintes aumentando o módulo de Young com o aumento da concentração de

quitosana e diminuindo este parâmetro e a tensão máxima com o aumento do glicerol.

Foi verificada também que a biodegradação dos filmes em solo preparado foi alta, e que

a presença dos aditivos naturais não interferem na decomposição.

A avaliação da estabilidade oxidativa do azeite de dendê embalado pelos filmes

dequitosana plastificados com glicerol e incorporados de urucum indicam a viabilidade

da aplicação dos filmes como embalagens para alimentos lipídicos, sendo estes portan-

to embalagens biodegradáveis ativas, sem alteração significativa das propriedades físi-

co-químicas e mecânicas dos filmes quando comparados aos que não continham o aditi-

vo ativo.

De maneira geral, a pesquisa permitiu a elaboração, avaliação e caracterização

de filmes biodegradáveis à base de quitosana, glicerol e incorporados com urucum e

azeite de dendê. A incorporação desses aditivos nos filmes permitiu o desenvolvimento

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151

de um novo material com propriedades mecânicas e de barreira melhoradas e também a

sua utilização como embalagens para alimentos lipídicos após a incorporação do uru-

cum como aditivo natural antioxidante.

A continuação deste trabalho deverá abordar análises microbiológicas dos ali-

mentos embalados por estes filmes, uma vez que a quitosana apresenta ação antimicro-

biana relatada na literatura. Análises sensoriais dos filmes e dos produtos embalados por

estes são indicadas para avaliação da qualidade e de possível migração dos componen-

tes da formulação (plastificantes e aditivos) para os alimentos embalados por eles. A-

lém disso, seria interessante testar a sua produção com o uso de extrusora de dupla-

rosca, outros plastificantes e possivelmente novos aditivos.

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152

PE

RM

EA

BIL

IDA

DE

ANEXO 1

Ajnf,kfhirhrih

ST

U

MID

AD

E

Aw

Figura 1. Superfícies de resposta para interação das variáveis independentes nos parâmetros

atividade de água Aw, Umidade, Sólidos totais e Permeabilidade ao vapor d’água.

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153

M

ód

ulo

de

You

ng

(E

) T

ensã

o

Figura 2. Superfícies de resposta para interação das variáveis independentes nos parâmetros

Módulo de Young e Tensão.

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154

D

efo

rmaç

ão

Figura 3. Superfícies de resposta para interação das variáveis independentes no parâmetro

Deformação.

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155

Análises estatísticas dos resultados obtidos para as 27 formulações de filmes de qui-

tosana. Para validar a equação do modelo, foi analisada a ANOVA presente na Tabela

1. O Fcalc mostra um ajuste do modelo desde que Fcalc>Ftab indicando que o modelo é

valido. O gráfico de Pareto e o erro puro também foram utilizados para validar o mode-

lo (p<0.01).

Tabela 1. ANOVA para o modelo quadrático das análises de espessura (E), colorime-

tria, sólidos totais (ST), umidade (U), atividade de agia (aw) e permeabilidade ao vapor

de água (TPVA).

Coeficientes

de Variação

Soma Quadrática

(SS)

Grau de

Liberdade (DF)

Média Quadrática

(MS) Fcalc

Espessura

Regressão 0,006418 10 0,00045 21,36

Resíduo 0,000183 2 0,00001

Total (SS) 0,005858 26

Regressão 0,001325 10 0,00028 22,05

Colorimetria Resíduo 0,000124 2 0,0001

Total (SS) 0,005464 26

Regressão 240,3360 10 35,0400 22,01

Sólidos Totais Resíduo 10,1326 2 1,58412

Total (SS) 315,2258 26

Regressão 314,2577 10 35,0400 22,01

Umidade Resíduo 10,1326 2 1,58412

Total (SS) 325,4587 26

Regressão 0,008155 10 0,000679 23,50

Atividade de

àgua Resíduo 0,001002 2 0,000029

Total (SS) 0,005441 26

Permeabilidade

ao vapor de água Regressão 0,358459 10 0,04126 21,90

Resíduo 0,030152 2 0,05750

Total (SS) 0,401671 26

Ftab (7:9; 0,95) = 3,68

Fcalc>Ftab, teve efeito significativo

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156

Tabela 2. ANOVA para o modelo quadrático das análises de Módulo de Young, Ten-

são e Deformação.

Coeficientes

de Variação

Soma Quadrática

(SS)

Grau de

Liberdade (DF)

Média Quadrática

(MS) Fcalc

Módulo de

Young

Regressão 0,002585 10 0,00045 20,93

Resíduo 0,000147 2 0,00001

Total (SS) 0,00685 26

Regressão 0,000147 10 0,00028 21,06

Tensão Resíduo 0,000126 2 0,0001

Total (SS) 0,000547 26

Regressão 147,2214 10 35,0400 22,13

Deformação Resíduo 10,2585 2 1,58412

Total (SS) 315,1247 26

Ftab (7:9; 0,95) = 3,68

Fcalc>Ftab, teve efeito significativo

Figura 4. Medição de espessura dos filmes através de micrômetro digital Mitutoyo.

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Figura 5. Amostras preparadas para ensaios mecânicos (Formulação F13).

Figura 6. Máquina universal de ensaios da marca EMIC, modelo DL2000/700

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Figura 7. Unidade de secagem Mettler LTJ para avaliação da umidade.

Figura 8. Amostras acondicionadas em estufa durante análise da biodegradabilidade

dos filmes