faculdade maria milza bacharelado em farmÁcia …

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FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA ANDRIELE FONSECA NOVAIS IDENTIFICAÇÃO DAS POTENCIAIS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM PACIENTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS NO RECÔNCAVO BAIANO GOVERNADOR MANGABEIRA-BA 2018

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FACULDADE MARIA MILZA

BACHARELADO EM FARMÁCIA

ANDRIELE FONSECA NOVAIS

IDENTIFICAÇÃO DAS POTENCIAIS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM

PACIENTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS

NO RECÔNCAVO BAIANO

GOVERNADOR MANGABEIRA-BA

2018

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ANDRIELE FONSECA NOVAIS

IDENTIFICAÇÃO DAS POTENCIAIS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM

PACIENTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA

IDOSOS NO RECÔNCAVO BAIANO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Bacharelado em Farmácia da Faculdade Maria Milza, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Farmácia.

Orientadora: Profª. Ma. Larissa de Mattos Oliveira

GOVERNADOR MANGABEIRA-BA

2018

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Ficha catalográfica elaborada pela Faculdade Maria Milza, com os dados

fornecidos pelo(a) autor(a)

Bibliotecárias responsáveis pela estrutura de catalogação na publicação: Marise Nascimento Flores Moreira - CRB-5/1289 / Priscila dos Santos Dias - CRB-5/1824

Novais, Andriele Fonseca

N935i Identificação das potenciais interações medicamentosas em pacientes de uma

instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano / Andriele

Fonseca Novais. - Governador Mangabeira - BA, 2018.

61 f.

Orientadora: Larissa de Mattos Oliveira.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia) - Faculdade Maria

Milza, 2018

1. Idosos. 2. Polifarmácia. 3. Interações medicamentosas. 4. Doenças Crônicas. I.

Oliveira, Larissa de Mattos, II. Título.

CCD 618.97

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ANDRIELE FONSECA NOVAIS

IDENTIFICAÇÃO DAS POTENCIAIS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM

PACIENTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS

NO RECÔNCAVO BAIANO

Aprovada em ____/____/____

BANCA DE APRESESENTAÇÃO

____________________________________

Prof.ª Msc. Larissa de Mattos Oliveira

Orientadora/FAMAM

_____________________________________

Componente da banca

Instituição/FAMAM

_______________________________________

Componente da banca

Instituição/FAMAM

GOVERNADOR MANGABEIRA-BA

2018

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Dedico esse trabalho...

A Deus que está sempre me minha vida e me dá forças nos momentos em que

preciso.

A minha família, que é a minha base, meu alicerce, queria agradecer o apoio, a

compreensão, o carinho e o incondicional.

Meu Esposo, que esteve comigo todos os momentos me apoiando e me

incentivando sempre. Obrigada por tudo!

Minha professora e orientadora Larissa, obrigada por tudo, você foi essencial na

realização desse sonho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, porque se não fosse pela sua força e

graça, não teria chegado a este momento tão importante. Sem Ele nada teria sido

possível!

À minha mãe maravilhosa, Maria Anísia Fonseca Novais e meu pai

Edvalson Nascimento Novais, que sem medir esforços, sempre me apoiaram e

lutaram para a concretização dos meus sonhos.

Ao meu marido e amigo, João, pela força, paciência e compreensão em

todos os momentos. Obrigada amor por tudo. Amo você!

Aos familiares e amigos, pelo apoio e estímulo. À Larissa, minha

orientadora, que com dedicação contribuiu para a realização deste estudo, a partir

dos ensinamentos transmitidos.

Aos meus queridos amigos que passaram esses 5 anos ao meu lado,

Andréia, Dielle, Geisa, Horrana, Tiara, Thays, Stephany e Joilson, boas amizades

que conquistei no percurso dessa jornada. Com muito carinho e cumplicidade me

auxiliaram nessa trajetória tão difícil, a qual elas também presenciaram.

Aos professores da Faculdade Maria Milza, que com seus ricos

ensinamentos ao longo do curso, também possibilitaram a concretização deste

sonho.

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“Tudo o que existe e vive precisa ser

cuidado para continuar existindo, uma

planta, uma criança, um idoso, o

planeta terra”

Leonardo Boff

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RESUMO

O envelhecimento na população idosa trouxe para o serviço de saúde pública do país o aumento dos gastos para o cuidado das doenças predominantes na terceira idade. Os idosos são usuários de diversos medicamentos devido a problemas na farmacoterapia e ao surgimento de doenças crônico-degenerativas. A utilização de diversos medicamentos aumenta consideravelmente o risco de eventos adversos e interações medicamentosas, podendo afetar o estado de saúde e diminuição na qualidade de vida desse segmento populacional. Assim, este trabalho teve como objetivo identificar as potenciais interações medicamentosas em pacientes de uma instituição de longa permanência para idosos no Recôncavo Baiano através de análise de prontuários. A coleta dos dados foi realizada no mês de outubro de 2018, com o auxílio de um formulário contendo dados de identificação de cada usuário e dados farmacoterapêuticos como: medicamentos utilizados, quantidade dos medicamentos, frequência e comorbidades existentes, também foram observados, sexo e a idade desses indivíduos. Para identificação das potenciais interações utilizou-se a base de dados Micromedex®. Foram analisados 25 prontuários desses idosos e foram identificados 53 princípios ativos diferentes e cada prescrição médica continha uma variação de 6 a 10 medicamentos, com média de 3 fármacos por prescrição. Os grupos farmacológicos mais prescritos foram os medicamentos anti-hipertensivos, (ex.: losartana) (6,45%); antidiabéticos orais, (ex.: metformina), (4,52%); antipsicóticos (ex: haloperidol) (6,45%); AINEs (ex: ácido acetilsalicílico) (4,52%); estatinas (ex.: sinvastatina) (8,39%) e os bloqueadores dos canais de cálcio (ex: anlodipino) (5,16%). Das 25 prescrições analisadas, foram detectadas pelo menos uma potencial interação em cada prescrição, totalizando 38 interações, sendo classificadas como moderadas (44%) e importantes (41%). Quanto à documentação das interações medicamentosas, 18% foram consideradas excelentes, 29% foram consideradas boas e 53% foram consideradas razoáveis. As interações medicamentosas em idosos continuam sendo um problema significativo em todo o mundo. Com o estudo há de se reiterar a importância do conhecimento na área da farmacologia tornando possível detectar e prevenir problemas relacionados a medicamentos ou seus resultados negativos, propor alterações nos esquemas posológicos ou substituição de fármacos para evitar interações medicamentosas graves, diminuindo a morbimortalidade associada ao uso de medicamentos. Palavras-chave: Idosos. Polifarmácia. Interações medicamentosas.

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ABSTRACT

Aging in the elderly population has brought to the country's public health service increased expenditures for the care of the predominant diseases in the elderly. The elderly are users of various medications due to problems in pharmacotherapy and the onset of chronic-degenerative diseases. The use of several drugs greatly increases the risk of adverse events and drug interactions, and may affect health status and decrease in the quality of life of this population segment. Thus, this study aimed to identify potential drug interactions in patients of a long-stay institution for the elderly in the Recôncavo Baiano through medical records analysis. Data collection was performed in October 2018, using a form containing identification data of each user and pharmacotherapeutic data such as: medicines used, quantity of medications, frequency and comorbidities, were also observed, sex and age of these individuals. Micromedex® database was used to identify the potential interactions. We analyzed 25 medical records of these elderly patients and identified 53 different active principles and each prescription contained a variation of 6 to 10 medications, with an average of 3 drugs per prescription. The most commonly prescribed pharmacological groups were antihypertensive drugs (eg losartan) (6.45%); oral antidiabetic agents (eg, metformin) (4.52%); antipsychotics (eg haloperidol) (6.45%); NSAIDs (ex: acetylsalicylic acid) (4.52%); statins (eg simvastatin) (8.39%) and calcium channel blockers (eg, amlodipine) (5.16%). Of the 25 prescriptions analyzed, at least one potential interaction was detected in each prescription, totaling 38 interactions, being classified as moderate (44%) and important (41%). Regarding documentation of drug interactions, 18% were considered excellent, 29% were considered good and 53% were considered reasonable. Drug interactions in the elderly continue to be a significant problem throughout the world. The study should reiterate the importance of knowledge in the field of pharmacology making it possible to detect and prevent problems related to drugs or their negative results, propose changes in dosing schedules or substitution of drugs to avoid serious drug interactions, reducing the morbimortality associated with the use of medicines. Keywords: Elderly. Polypharmacy. Drug interactions.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AF- Atenção Farmacêutica

DCNT- Doenças Crônicas Não Transmissíveis

DM- Diabetes Mellitus

HAS- Hipertensão Arterial Sistêmica

ILPI- Instituição de Longa Permanência para Idosos

IM- Interação Medicamentosa

Li+- Elemento Químico Lítio

MAO- Monoaminoxidase

MIPs- Medicamentos Isentos de Prescrição

Na+- Elemento Químico Sódio

PRM- Problemas Relacionados a Medicamentos

RAM- Reações Adversas a Medicamentos

TGI- Trato Gastrointestinal

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Estimativa do índice de interações medicamentosas aos idosos

institucionalizados......................................................................................................22

Tabela 2- Número de medicamentos prescritos para idosos residentes numa

instituição de longa permanência recôncavo baiano.................................................36

Tabela 3- Possíveis interações medicamentosas em idosos residentes em uma

instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano.........................42

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Número absoluto da população residente na instituição de longa

permanência para idosos, conforme parâmetros de faixa etária...............................32

Figura 2- Prevalência de comorbidades em idosos internos da instituição de longa

permanência para idosos no recôncavo baiano.........................................................34

Figura 3- Frequência de princípios ativos mais prescritos para os pacientes da

instituição de longa permanência para Idosos no recôncavo baiano.........................36

Figura 4- Classificação quanto à gravidade das potenciais interações

medicamentosas encontradas a partir das prescrições dos internos na ILPI no

recôncavo baiano.......................................................................................................40

Figura 5- Classificação quanto à documentação das potenciais interações

medicamentosas encontradas a partir das prescrições dos internos da instituição de

longa permanência para idosos no recôncavo

baiano................................................................................................. ........................41

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... .......12

2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................15

2.1 AS DOENÇAS CRÔNICAS NA POPULAÇÃO IDOSA ....................................... 15

2.2. A POLIFARMÁCIA EM IDOSOS ....................................................................... 16

2.3 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS NO PACIENTE IDOSO ............................ 18

2.4 CLASSIFICAÇÃO DAS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS.............................24

2.4.1 Interações farmacêuticas ou físico-química.................................................24

2.4.2 Interações farmacodinâmicas ...................................................................... 25

2.4.3 Interações farmacocinéticas ........................................................................ 26

2.5 INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA ADAPTADA AO PACIENTE IDOSO............27

3 METODOLOGIA.....................................................................................................30

3.1 TIPO E LOCAL DO ESTUDO...............................................................................30

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRAGEM ....................................................................... 30

3.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA .................................. 30

3.4 CRITÉRIOS ÉTICOS ......................................................................................... 31

3.5 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................... 31

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................32

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................52

REFERÊNCIAS..........................................................................................................54

APÊNDICE A - FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS.........................................61

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1 INTRODUÇÃO

As mudanças fisiológicas e metabólicas nos idosos, devido ao avanço da

idade, tornam-se mais comprometedoras com a ampla utilização de medicamentos

em associação e devido às limitações metabólicas que podem levar ao aumento da

meia vida de fármacos, bem como diminuição da eliminação e aumento da

toxicidade, gerando prejuízos à saúde desses indivíduos ou podendo até mesmo

levar a óbito (OSLON, 2013).

De acordo com Hammes (2008), o conceito de interação medicamentosa

baseia- se na resposta farmacológica oriunda da interferência ou alterações de um

determinado medicamento, alimento ou qualquer substância química sobre o efeito

de outro medicamento, devido a administração de uso concomitantemente. Nesse

sentido, a presença do profissional farmacêutico se torna essencial e indispensável,

possibilitando adotar estratégias e planos para a detecção e prevenção das RAMs,

elaborar uma avaliação cuidadosa e monitorar esses pacientes, promovendo

melhorias na qualidade de vida e recuperação da saúde. Algumas reações adversas

são explicadas por fatores farmacodinâmicos, tais como sensibilidade exacerbada

de órgãos ou tecidos-alvo, ou por interação medicamentosa (STORPIRTIS et al.,

2008).

De acordo com Freitas et al. (2013), as interações medicamentosas são

decorrentes do uso amplo de medicamentos e podem ser definidas como eventos

clínicos negativos, onde os efeitos de um fármaco podem provocar alterações na

intensidade dos efeitos farmacológicos de outro fármaco, o que pode resultar em

uma ação reduzida, potencializada, anulada ou causar risco de toxicidade. Diversos

fatores favorecem o surgimento dessas interações, porém é preciso analisar as

manifestações clínicas no paciente, a dose utilizada dos medicamentos e observar o

perfil dos exames laboratoriais.

Para minimizar os riscos dos resultados negativos da terapia, a prática da

Atenção Farmacêutica (AF) se faz necessária, pois o farmacêutico se responsabiliza

não só pelos medicamentos, como é corresponsável pela terapia medicamentosa do

paciente. Assim, esse profissional estará envolvido desde o uso dos medicamentos

até a detecção e prevenção das RAMs (ANGONESI; SEVALHO, 2010). Assim, a AF

compreende a tomada de decisões, monitoramento do paciente, fornecimento de

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informações, dispensação e adesão da terapia medicamentosa, contribuindo no uso

racional de medicamentos.

A utilização do uso de diversos medicamentos constitui-se hoje como uma

prática comum entre a população idosa, levando significativamente o risco de sofrer

um problema relacionado a medicamentos (PRMs), riscos que contribuem para o

desenvolvimento da ocorrência de reações adversas e interações medicamentosas,

sendo assim, levaram-nos a interrogar sobre esses riscos, formulada na seguinte

questão: Quais as potenciais interações medicamentosas em pacientes de uma

Instituição de Longa Permanência para Idosos no Recôncavo Baiano?

O desenvolvimento desse trabalho justifica-se pela relevância das questões

que envolvem os idosos, visto que, as consequências do amplo uso de

medicamentos, aumentam a probabilidade de um evento adverso associado aos

medicamentos, tendo a polifarmácia como principal agente protagonista e que RAMs

bem como as interações medicamentosas (IM) estão diretamente correlacionadas,

estando frequentemente associados a resultados negativos na terapia. Neste

sentido, buscou-se analisar o impacto desses elementos na saúde do idoso e a

necessidade de realizar investigações e acompanhamento desse segmento

populacional, com a finalidade de contribuir para uma terapia efetiva.

Estudos nacionais mostram uma variação que vai de 15,97% a 36%

relacionado à prática da polifarmácia, atingindo em até 62,8% desses idosos

(SMANIATO; HADDAD, 2013; GOULART et al., 2014). No entanto, é certo que o uso

de seis ou mais medicamentos eleva em grande proporção a probabilidade e a

gravidade de interações medicamentosas (CARVALHO et al., 2012).

O risco de RAMs com o uso concomitante de dois fármacos é de 13%, valor

que chega a 58% quando se administram cinco medicamentos, e alcança 82%

quando esse número chega a sete ou mais (VARALLO et al., 2012). Além do risco

de RAMs, deve-se ressaltar que quanto maior o número de fármacos prescritos em

conjunto, maior a chance da ocorrência de interações medicamentosas.

Como consequências das interações medicamentosas, geralmente se

traduzem em reações adversas ou toxicidade a um tecido ou sistema específico, ou

ainda pode aumentar ou diminuir a eficácia na atividade terapêutica. Quanto mais

fármacos o paciente estiver utilizando, maiores serão as chances de ocorrer

interações entre eles.

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14

Diante do exposto, o objetivo geral desse trabalho foi identificar as potenciais

interações medicamentosas em pacientes de uma instituição de longa permanência

para idosos no Recôncavo Baiano através de análise de prontuários. Para alcançar

o objetivo geral, foram delimitados os seguintes objetivos específicos: verificar e

quantificar os medicamentos utilizados pelos idosos; identificar as comorbidades dos

pacientes e sua importância para o agravamento das interações medicamentosas e

classificar as potenciais interações medicamentosas envolvendo os medicamentos

das prescrições médicas.

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15

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. AS DOENÇAS CRÔNICAS NA POPULAÇÃO IDOSA

O processo de envelhecer vem acompanhado de mudanças significativas nos

padrões de morbimortalidade, passando a haver um predomínio de doenças

crônicas. De acordo com Pimenta et al. (2013), os idosos passam a enfrentar o

impacto e as consequências que as doenças crônicas degenerativas causam, como

incapacidades, dependências no uso de medicamentos para tratamento, alterações

na capacidade funcional e a autonomia desses indivíduos ficam cada vez mais

comprometidas. Os idosos apresentam alta prevalência de comorbidades, as quais

podem comprometer seu organismo, e isso pode afetar diretamente no diagnóstico.

É necessário um olhar diferenciado para essas questões e discutir os tipos de

intervenções que colocadas em prática ajudariam esses pacientes a ter uma

melhora na qualidade de vida.

De fato, essas doenças crônicas são de grande prevalência nesse grupo

etário. No entanto evidências científicas apontam para que a inserção da família

neste processo é de fundamental importância, a fim de que as atividades de

promoção a saúde e prevenção de agravos sejam seguidas, sendo uma forma de

aumentar a confiança do idoso no serviço de saúde e que a organização familiar e

suas interações influenciam diretamente no sucesso do tratamento das DCNT

(Doenças Crônicas Não Transmissíveis (RISSARDO et al., 2012; BARRETO;

MARCON, 2014).

Outros fatores também estão associados ao desenvolvimento de doenças

crônicas, que podem ser classificados em três grupos: hereditários,

socioeconômicos e comportamentais. As doenças hereditárias são caracterizadas

por serem transmitidas de geração para geração, possuindo uma lenta progressão e

longa duração. Destacam-se como fatores de risco comportamentais, alimentação

inadequada com a ingestão elevada de alimentos fonte de gorduras; açúcar e sódio;

obesidade; sedentarismo; tabagismo e consumo abusivo de bebidas alcoólicas. Há

evidências científicas de que esses fatores causam a maioria dos novos casos de

Diabetes Mellitus (DM) e aumentam o risco de complicações em pessoas diabéticas.

Fica evidente no Brasil que a mortalidade decorrente dessas doenças crônicas é

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16

marcante entre indivíduos que possuem um baixo nível socioeconômico (MENEZES

et al., 2014).

A duração da doença e o seu controle interagem com outros fatores de risco,

denominados comorbidades, como hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes

mellitus, dislipidemia e obesidade, que determinam o curso da doença. Em longo

prazo, por exemplo, a hiperglicemia provoca alterações e complicações crônicas,

como: retinopatia diabética, que pode levar à perda de visão, nefropatia diabética,

que pode levar à falência renal; neuropatia periférica, que aumenta o risco de

úlceras nos pés (podendo evoluir para amputação), doenças coronarianas e

doenças cardiovasculares (FERREIRA et al., 2013).

Conforme Torres, Pereira e Alexandre (2011), é fundamental que o indivíduo

portador de doenças crônicas adote estratégias individuais e habilidades de

autocuidado que permitam o controle da doença. Quanto maior o nível de acesso à

informação e ao conhecimento sobre suas patologias, maior será o cuidado

existente. O profissional poderá também instituir medidas que permitirão o paciente

realizar atividades físicas e aderir a uma alimentação saudável e de qualidade, o que

refletirá diretamente na melhoria da sua qualidade de vida.

2.2 A POLIFARMÁCIA EM IDOSOS

A questão da adesão à terapia se torna importante quando se trata dos

idosos. A maioria dos idosos consome pelo menos um medicamento e, boa parte

deles, consomem cinco medicamentos ou mais concomitantemente, ocasionando

possíveis erros ou desfechos negativos. Devido ao crescente número de patologias

existentes, os idosos vêm sendo considerados o grupo etário mais medicalizado

atualmente na sociedade. A quantidade de medicamentos utilizados varia de acordo

com cada indivíduo e sua necessidade, oscilando entre dois, cinco ou mais. Entre os

fatores de uso estão a idade avançada, falta de apoio familiar, adequação ao

medicamento, alterações fisiológicas, metabólicas e fatores culturais (ROZENFELD,

2003).

Como consequências dessas semelhanças de rótulos e padronizações de

embalagens entre os medicamentos, ocorrem erros, que poderiam ser prevenidos e

evitados, é essencial mobilizações e ações da indústria farmacêutica que auxiliem

nesse aspecto. A segurança do paciente envolve, a prevenção de erros no cuidado

Page 19: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

17

e a eliminação de danos causados aos pacientes por tais erros. A promoção de

ações sobre a questão da padronização de embalagens, rótulos de medicamentos, é

de extrema importância para que possa desempenhar melhoria na segurança da

utilização dos medicamentos. Uma realização nessas padronizações evitaria

similaridade entre medicamentos, embalagens adequadas de acordo a cada

fármaco e rótulos com cores diferentes para manter um padrão adequado e

diferenciado. Erros são plenamente evitáveis, e um deles, é desenvolver melhorias

em alguns medicamentos, passando por um processo rigoroso, para que não sejam

confundidos (LOPES et al., 2012).

Os idosos institucionalizados normalmente apresentam diversas patologias e,

por esse motivo, acabam fazendo uso de um elevado número de medicamentos.

Este acontecimento merece atenção, devido às alterações fisiológicas provocadas

pelo envelhecimento e aos efeitos que poderão ser desencadeados. Por outro lado,

uma parcela desses idosos utiliza medicamentos que não necessários na terapia,

podendo comprometer a segurança e a qualidade de vida desta população (RIBAS;

OLIVEIRA, 2014).

O número de medicamentos consumido por essa população idosa, torna-se o

principal fator para o surgimento de iatrogenias. Os idosos residentes em Instituições

de Longa Permanência (ILPIs) são, portanto, aqueles com riscos aumentados, por

apresentarem mais doenças limitantes e pré-disposição à fragilidade e à baixa

funcionalidade dos órgãos. Dentre os principais fatores associados à polifarmácia

nos idosos institucionalizados estão a presença de demência, o número de

diagnósticos de DCNTs e o tempo de internamento. Nos idosos que vivem na

comunidade, a idade e o gênero são os principais fatores relacionados ao uso de

múltiplos medicamentos (LUCCHETTI et al., 2010). Determinados medicamentos

estão associados também a um maior risco de quedas nessa população, devido à

capacidade de alguns fármacos provocarem efeitos secundários como sonolência e

tonturas, situações essas que acabam afetando a autonomia desses pacientes

(COUTINHO; SILVA, 2002).

Há uma prevalência do sexo feminino quanto a utilização de medicamentos e

isso também está associado com o processo de envelhecimento. As mulheres, na

grande maioria, utilizam mais medicamentos do que os homens, o que leva a uma

maior exposição desse grupo ao aparecimento de efeitos colaterais e eventos

adversos. O uso de terapias complexas e os avanços nos cuidados à saúde

Page 20: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

18

possibilitam estender a vida desses indivíduos. Além disso, a maior expectativa de

vida das mulheres, em relação aos homens, associa-se ao menor consumo de

álcool e tabaco e às diferenças de atitudes relacionadas a patologias e à busca por

cuidados (RAMOS et al., 2011; MOSCA et al., 2013). Nesse sentido, o

acompanhamento com profissional médico é relevante, porque ele fará a devida

avaliação com o paciente, verificando suas reais necessidades e prescrevendo

medicamentos que realmente servirão para compor seu tratamento.

Conforme Nóbrega e Karnikowski (2004), devido ao aumento no número de

alternativas terapêuticas, alguns aspectos relacionados à terapêutica são

importantes na população idosa, em razão do nível de fragilidade, alterações

fisiológicas e comorbidades associadas. De todos os parâmetros farmacológicos,

que envolvem a farmacocinética e a farmacodinâmica, talvez a excreção e o

metabolismo sejam os mais afetados. Essas alterações e mudanças nas funções

fisiológicas não devem ser desconsideradas, visto que podem levar a uma maior

sensibilidade tanto nos efeitos terapêuticos quanto efeitos adversos causados pelos

medicamentos.

Para Cassoni et al. 2014, os critérios de avaliação da adequação dos

medicamentos consumidos por esses idosos merecem ser melhor observados, pois,

tanto a utilização dos Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) quanto dos

medicamentos controlados, se usados de maneira inapropriada, aumentam os riscos

de eventos adversos, agravando doenças até preexistentes no paciente idoso e

prejudicando de forma significativa o seu tratamento. Os MIPs são medicamentos

adquiridos facilmente e, se consumidos exageradamente, podem causar danos

graves a órgãos como rins e fígado além de causar intoxicações, uma vez que o fato

de não necessitar de prescrição médica induz os indivíduos a utilizarem com

frequência esses medicamentos.

2.3 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS NO PACIENTE IDOSO

As Interações Medicamentosas (IMs) são consideradas como eventos que

podem ser evitados, no entanto, é importante também para avaliar o risco e o

benefício das alternativas terapêuticas. Os fatores evitáveis incluem aqueles

resultantes do uso inapropriado de medicamentos e com a administração correta

desses medicamentos, dosagem correta, a maioria das interações e os efeitos

Page 21: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

19

negativos podem ser evitados. Diante disso, os profissionais de saúde devem estar

atentos a tais eventos clínicos, analisar todo plano de cuidado do paciente e, em

ocasiões de risco, estarem prontos para alterar o plano terapêutico e não gerar

danos à saúde desses indivíduos (MONTEIRO; MARQUES; RIBEIRO, 2007).

A exposição do organismo devido ao uso de medicamentos se faz muitas

vezes necessária. A polifarmácia, nesse contexto, pode diminuir os efeitos negativos

ao organismo diante das condições físicas e mentais desta população (NEVES et

al., 2013). Destaca-se a importância de estar atento aos efeitos medicamentosos no

organismo idoso, priorizar tratamentos, identificar e reduzir o uso de medicamentos

simultâneos que põe essa população em risco, além de buscar conhecer as

possibilidades de interações medicamentosas.

Comparados a outros grupos etários, os idosos, por apresentarem maior

incidência de patologias decorrentes do envelhecimento, necessitam fazer uso de

uma quantidade maior de medicamentos quando comparados a pessoas jovens. O

uso desses múltiplos fármacos pode desencadear RAMs e IMs. As IMs são

alterações no efeito de um fármaco devido à ingestão simultânea de outro fármaco,

interferindo na sua ação farmacológica (MABIELLI et al., 2014). Devido a suas

peculiaridades, os idosos recebem múltiplos fármacos, aumentando assim o

potencial risco para a ocorrência de interações medicamentosas, tornando esses

idosos suscetíveis a morbidade e mortalidade, sendo que esse potencial aumenta

com o avanço da idade, com o número de medicamentos em uso e com o número

de prescrições provenientes de vários médicos que cuidam do mesmo indivíduo

(BUENO et al., 2012).

A polimedicação torna-se um risco maior atrelado à terapia e prejudicando na

qualidade do tratamento. A possibilidade da ocorrência de interações

medicamentosas pode aumentar os efeitos indesejados, elevando a um alto

potencial de risco, refletindo negativamente na saúde do idoso e até mesmo

evoluindo para a morte do indivíduo (LANDI et al., 2005).

A população idosa tem as suas particularidades, pois os indivíduos

apresentam alterações na massa muscular, pouca ingestão de líquidos e alterações

no metabolismo hepático, o que pode alterar a farmacocinética e a farmacodinâmica

de diversos fármacos, levando ao acúmulo de substâncias tóxicas no organismo

com um risco aumentado de ocorrência de IM e de RAMs. Diante dessa situação se

torna inevitável o aumento no consumo de medicamentos pelos idosos, porém é

Page 22: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

20

importante ser avaliado cada caso para que possa ser realizado o melhor tratamento

para esses pacientes (ACURCIO et al., 2009).

As interações medicamentosas potenciais acontecem quando existe a

possibilidade de um medicamento alterar a ação farmacológica de outro

medicamento administrado simultaneamente. A interação pode ocorrer ou não, o

que dependerá de alguns fatores, tais como alterações no teor de tecido adiposo

total, teor de água total, produção de suco gástrico, esvaziamento gástrico,

diminuição da irrigação renal, filtração e secreção tubular e redução do fluxo

sanguíneo e das atividades enzimáticas no fígado. Tais fatores prejudicam a rotina

desses idosos e repercutem de uma forma negativa (TATRO, 2006).

As principais alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas associadas ao

processo de envelhecimento estão resumidas no quadro abaixo.

Page 23: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

21

Quadro 1- Alterações de parâmetros farmacodinâmicos e farmacocinéticos associadas ao processo de envelhecimento na população idosa.

Aspectos farmacodinâmicos

- Maior sensibilidade a agentes que deprimem o sistema nervoso central (como analgésicos opioides,

hipnóticos e sedativos).

- Modificação do número ou afinidade de receptores, especialmente no sistema nervoso central.

Aspectos farmacocinéticos

Absorção

- Redução de acidez gástrica, prejudicando a absorção oral de ácidos

fracos, como cetoconazol.

Distribuição

- Alterações devido à redução da massa corporal magra, albumina sérica e

água corporal total e aumento na percentagem de gordura corporal;

Diminuição de volume de distribuição² de fármacos hidrossolúveis,

aumentado sua concentração sanguínea;

Aumento de volume de distribuição de agentes altamente

lipossolúveis, como diazepam, com consequente queda da

concentração plasmática e prolongamento do tempo de

eliminação.

- Redução da albumina sérica, principal sítio de ligação para fármacos de

natureza ácida (como barbitúricos, benzodiazepínicos, opioides), com

aumento de sua fração livre e eventual risco de toxicidade.

Biotransformação

- Decréscimo de depuração de fármacos que dependem de reações

oxidativas de fase I (como barbitúricos, clordiazepóxido, alprazolam,

diazepam, flurazepam), com aumento da meia-vida³.

Excreção

- Necessidade de redução de doses ou aumento do intervalo de

administração devido ao aumento de meia-vida.

Eliminação

- Aumento da meia-vida de eliminação, em consequência do maior volume

aparente de distribuição (para agentes lipossolúveis) ou redução da

depuração renal e metabólica.

Fonte: Adaptado de Fuchs e Wannmacher (2010, p. 1172).

____________________________ ² O volume de distribuição de um fármaco reflete a extensão em que ele está presente nos tecidos extravasculares, exceto no plasma (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012, p. 30). ³ Meia-vida é o tempo necessário para que a concentração plasmática seja reduzida em 50% (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012, p. 33).

Dentro desses critérios relacionados ao elevado número de medicamentos

por prescrição, observou-se no trabalho citado indicadores altos, onde cada

prescrição apresentava em média de seis a dez medicamentos, sendo que o

recomendável e mais seguro é que as prescrições contenham entre três e quatro

Page 24: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

22

medicamentos distintos, a fim de se evitar eventos adversos como as interações

medicamentosas (FERREIRA et al., 2016).

Tabela 1: Estimativa do índice de interações medicamentosas aos idosos residentes institucionalizados.

Fármaco Interações Percentual Total %

Nifedipino

Captopril

Propranolol

Metildopa

Fenitoína

Insulina

26,65%

Diclofenaco

Anti-hipertensivo

Diurético

Hipoglicemiantes orais

Diurético poupador de

potássio

Ácido Acetilsalicílico

Insulina

17,76 %

Fenitoína Diurético

Fenitoína

Diurético

4,44%

Hipoglicemiantes Orais

Clorpromazina

2,22%

Fenobarbital

Ácido valpróico

Neurolépticos

Metoclopramida

13,32%

Espironolactona Digoxina 2,22%

Benzodiazepínicos

Furosemida

Ácido valpróico

Trifluoperazina

Benzodiazepínicos

Omeprazol

Neurolépticos

28,86%

Page 25: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

23

Tabela 1: Estimativa do índice de interações medicamentosas aos idosos residentes institucionalizados (Continuação).

Fármaco Interações Percentual Total %

Benzodiazepínicos

Hipnóticos

Anestésicos

Antidepressivos 28,86%

Ácido Acetilsalicílico (AAS)

Fenitoína

Cilostazol

Antiácidos

Ranitidina

Ácido Valpróico

17,76%

Fenotiazínico

Ácido Valpróico

Biperideno Anti-

histamínicos H1

Metoclopramida

22,22%

Metoclopramida

Paracetamol

Antidepressivo

Morfina

Insulina

11,11%

Clorpromazina

Paracetamol

Anticolinérgicos

Hipoglicemiantes Orais

6,66%

Fenitoína Dipirona 2,22%

Neurolépticos

Ácido Valpróico

Anestésicos

4,44%

Furosemida

Digoxina

Insulina

4,44%

Dipirona

Hipoglicemiante Oral

Derivado de

Sulfonilureia

6,66%

Hipnóticos Anti-histamínico H1 2,22%

Fonte: ALECRIM et al., 2016.

Interações medicamentosas relevantes podem ser avaliadas em uma ILPI

(Instituição de longa permanência para idosos), por meio do monitoramento

Page 26: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

24

realizado por uma equipe multidisciplinar capacitada e bem preparada (SMANIOTO;

HADDAD, 2013). Frente a essas ocorrências, considera-se importante que seja

realizada uma avaliação individual dos idosos residentes e de sua farmacoterapia

para obter dados mais relevantes de cada idoso e poder realizar um esquema

terapêutico seguro. As consequências da polifarmácia e a presença de três ou mais

diagnósticos promovem o aumento da procura destes indivíduos por diversas

especialidades médicas. Tal fato constitui um fator de risco a amplia a chance para a

ocorrência de Interações Medicamentosas e expõe este grupo a riscos potenciais

em virtude da irracionalidade do uso de medicamentos que, como consequência,

pode desenvolver uma série de complicações sérias, tornando-se um dos principais

problemas da terapia medicamentosa no idoso (SPRIET et al., 2009).

Para Bechi (2015), o uso abusivo de medicamentos acaba por não permitir

identificar as IMs, uma vez que podem ser mascaradas pelas alterações fisiológicas,

comorbidades, e, algumas vezes, até confundidas com efeitos adversos próprios de

um dos medicamentos, levando a um agravamento do estado de saúde do paciente

e mascarando sintomas de doenças graves. Os idosos são mais suscetíveis aos

eventos adversos e às interações medicamentosas, uma situação que evidencia um

importante problema de saúde pública no país, que deve ser cuidadosamente

acompanhado pelos profissionais de saúde.

2.4 CLASSIFICAÇÃO DAS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

As interações medicamentosas podem ser classificadas de acordo com o seu

mecanismo de interação, em interação farmacêutica (físico-química),

farmacodinâmica ou farmacocinética.

2.4.1 Interações Farmacêuticas ou físico-química

A interação farmacêutica (físico-química) ocorre quando dois medicamentos ou

mais interagem por mecanismos físico-químicos. Interações farmacêuticas ou

incompatibilidade medicamentosa são físico-químicas e ocorrem in vitro, antes da

administração do medicamento no organismo, porém, podem acontecer durante o

preparo, com a mistura de dois ou mais medicamentos na mesma solução ou entre

Page 27: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

25

os veículos adicionados, pode ocorrer turvação ou precipitação nessa mistura

(HOEFLER, 2008).

Vários fatores estão associados a incompatibilidades entre os fármacos.

Quanto à forma de ação, pode resultar em alterações visíveis na mistura

(precipitação, turbidez, viscosidade, mudança de cor, liberação de gás) e pode

ocorrer a degradação do fármaco por reações de decomposição hidrólise, oxidação

e reações químicas covalentes (KANJI et al., 2010).

Antagonistas químicos, são fármacos que formam uma ligação química com o

agonista reduzindo assim a sua eficácia. Os antagonistas químicos inativam o

agonista antes de ele ter a oportunidade de atuar (por exemplo, através de

neutralização química); os antagonistas fisiológicos produzem um efeito fisiológico

oposto àquele induzido pelo agonista. Outro exemplo desses é o sulfato de

protamina, utilizado para terminar o efeito da heparina por meio de ligações iônicas e

o agente quelante dimercaprol, utilizado para tratamento envenenamento por

arsênico (GOODMAN; GILMAN, 2012).

2.4.2 Interações Farmacodinâmicas

As interações farmacodinâmicas, mais previsíveis devido ao conhecimento

farmacológico dos mecanismos de ação dos princípios ativos, podem levar ao

aumento (sinergismo), diminuição ou bloqueio (antagonismo) da ação farmacológica.

O aumento da ação de agonistas pode ocorrer devido à interação dos

medicamentos envolvidos nos mesmos receptores ou enzimas. A diminuição ou

bloqueio da atividade farmacológica ocorre quando há competição dos

medicamentos e antagonistas pelo(s) mesmo(s) receptor(s) ou enzima(s). Os últimos

devem ter maior afinidade. Por exemplo as interações entre agonista e antagonista

adrenérgico ou interações sobre o sistema de controle fisiológico, quando duas ou

mais substâncias, mesmo agindo em receptores distintos, produzem seu efeito em

um mesmo sistema fisiológico, como por exemplo os vasodilatadores e os diuréticos

que atuando por mecanismos diferentes vão diminuir a pressão arterial. Os efeitos

secundários de várias drogas podem ser resultado de interações farmacodinâmicas.

(SECOLI, 2010).

O sinergismo corresponde à resposta farmacológica e/ou toxicológica maior

do que a soma dos efeitos separados de cada um dos medicamentos envolvidos. O

Page 28: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

26

uso concomitante de epinefrina e efedrina promove efeito aditivo, ou seja, os

estímulos adrenérgicos são maiores do que quando administrados separadamente.

Por outro lado, a potencialização da ação antiagregante plaquetária (ácido

acetilsalicílico e clopidogrel), anticoagulante (varfarina e heparina) e dos anti-

inflamatórios não estoroidais (ibuprofeno e naproxeno) ocorre com o uso simultâneo

desses medicamentos com a Ginkgo biloba, existindo, com isso, um aumento no

risco de hemorragia (NICOLETTI et al., 2007).

Um antagonista fisiológico ativa ou bloqueia mais comumente um receptor

que medeia uma resposta fisiologicamente oposta àquela do receptor do agonista.

Por exemplo, no tratamento do hipertireoidismo, os antagonistas beta-adrenérgicos

são utilizados como antagonistas fisiológicos para reverter o efeito de taquicardia do

hormônio tireoidiano endógeno. Embora o hormônio tireoidiano não produza seu

efeito de taquicardia através de estimulação beta-adrenérgica, o bloqueio da

estimulação beta-adrenérgica pode, entretanto, aliviar a taquicardia causada pelo

hipertireoidismo (GOODMAN; GILMAN, 2012).

2.4.3 Interações Farmacocinéticas

A interação farmacocinética acontece quando um fármaco altera a absorção,

distribuição, metabolização e excreção de outro fármaco (OGA; BASILE;

CARVALHO, 2002). Em cada processo farmacocinético pode haver a ocorrência de

interações medicamentosas, conforme descrito a seguir. O processo de absorção

corresponde à transferência do medicamento do local de administração para a

corrente sanguínea. Tais fatores influenciam na absorção (retardo, redução ou

aumento) de um medicamento quanto utilizado concomitantemente com outros

(SECOLI, 2010). Por outro lado, os medicamentos que tendem a aumentar a

absorção dos agentes coadministrados são os laxativos e os antagonistas

dopaminérgicos. Vômitos e diarreias alteram a velocidade do esvaziamento gástrico,

e consequentemente prejudicam a absorção. Por outro lado, a constipação leva ao

aumento da absorção.

A distribuição corresponde ao processo de deslocamento do medicamento da

circulação sistêmica aos tecidos e depende da quantidade de distribuição aparente

do medicamento e de sua fração ligada às proteínas plasmáticas. Dentre os

exemplos de interações que ocorrem nesta fase, pode-se citar a interação entre o

Page 29: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

27

hidrato de cloral e a varfarina; o primeiro ocasiona o deslocamento do segundo de

seus sítios de interação nas proteínas plasmáticas (KAWANO et al., 2006).

A biotransformação de medicamentos é o processo pelo qual os mesmos

tornam-se mais hidrossolúveis, ocorre principalmente pelas enzimas microssomais

hepáticas, as dos sistemas do citocromo P450, das colinesterases e das

monoaminoxidases (MAO) (SECOLI, 2010). A diminuição da taxa de

biotransformação de um princípio ativo, quando em interação com outros

medicamentos, pode gerar tolerância ou sensibilidade, além da possibilidade de

ocorrer reações cruzadas. Deste modo, a demora na biotransformação de uma

droga pode repercutir no metabolismo e na ação farmacológica de outras drogas

que utilizam a mesma via metabólica, e ocasionar situações indesejadas,

especialmente em pacientes com distúrbios hepáticos ou renais.

Os rins e os pulmões são principais órgãos responsáveis pela excreção de

fármacos, porém estes podem ser eliminados também pela saliva e suor, leite

materno, entre outras (GILMAN; GOODMAN, 2010). O rim é o órgão mais

importante para a excreção de fármacos absorvidos pelo TGI (Trato gastrointestinal),

embora este processo ocorra também pelo trato biliar e fezes. Os pulmões são

importantes para eliminação de vapores e gases anestésicos. Por exemplo, em

administração conjunta, o bicarbonato leva à diminuição da excreção de narcóticos

(morfina), devido à alcalinização da urina. Por outro lado, a vitamina C leva ao

aumento da taxa de excreção dos mesmos, devido à acidificação urinária (SECOLI,

2010). Outro exemplo interessante é o aumento da toxicidade do Li+ (Lítio), quando

administrado simultaneamente com furosemida; este diurético atua sobre o

transporte renal de Na+ (Sódio) e promove a retenção do Li+ (Lítio) com consequente

toxicidade (KAWANO et al., 2006).

2.5 INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA ADAPTADA AO PACIENTE IDOSO

A intervenção do farmacêutico é um método eficiente para melhorar a

obtenção de resultados clínicos e econômicos, prevenindo ou resolvendo questões

farmacoterapêuticas de maneira sistematizada e documentada, tudo organizado de

acordo as necessidades e a colaboração do paciente também é importante nesse

momento, contudo, o envolvimento da equipe multidisciplinar é essencial nesse

contexto (PROVIN et al., 2010). Com a prática da AF, o profissional identifica

Page 30: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

28

problemas relacionados aos medicamentos e poderá entrar com um plano de ação e

cuidado através do seguimento farmacotêrapeutico, em que o farmacêutico se

responsabiliza pelo uso de medicamentos por esses usuários, melhorando

significativamente a adesão ao tratamento, obtendo assim uma resposta positiva no

final desse processo (FOPPA et al., 2008).

O aumento de ocorrência da polifarmácia, torna o tratamento mais dificultado

para o idoso, fazendo com que necessite de um cuidado maior para a organização

de administração e horários dos medicamentos, exigindo uma excelente memória.

Deste modo o farmacêutico torna-se um profissional de grande importância perante

a sociedade, atuando junto às equipes de saúde, na melhoria da utilização dos

medicamentos, no esclarecimento de dúvidas e evitando gastos desnecessários (DA

SILVA; MACEDO, 2013).

A população idosa apresenta alta prevalência de comportamentos

considerados prejudiciais à saúde e a grande maioria dos óbitos são ocasionados

por doenças crônicas. A velocidade com que os medicamentos entram no organismo

humano e saem varia amplamente entre diferentes pessoas. Muitos fatores podem

afetar a absorção, a distribuição, o metabolismo, a excreção e o efeito final de

determinada droga. Diferentemente de algumas pessoas que respondem de modo

diverso aos medicamentos por causa de diferenças genéticas ou da ingestão

simultânea de dois ou mais medicamentos que interagem entre si, ou ainda pela

presença de enfermidades que influenciam os efeitos farmacológicos. É importante

estar atentos a esses fatores, pois estes, podem agravar ainda mais a saúde desses

indivíduos (SENGER et al., 2011).

Segundo Yokoyama et al. (2011), é importante fazer uso de tais

medicamentos, quando se fala em tratar problemas de saúde e determinados tipos

de patologias. O uso indevido pode acarretar em dois problemas comuns: o uso de

medicamentos desnecessários ou sem indicação clara para os problemas de saúde

do paciente e até mesmo necessidade de utilizar medicamentos para um problema

de saúde não tratado até aquele momento. A efetividade e os resultados benéficos

são fundamentais no tratamento do paciente. Um medicamento é considerado

efetivo e seguro quando não causa problemas de saúde no paciente, nem agrava

um outro problema de saúde já existente.

De acordo com Silva, Silva e Leal (2009), a educação em saúde é aquela que

se baseia no diálogo e na troca de saberes e na atenção à saúde, sendo algo que se

Page 31: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

29

constrói em uma ação intencional, dirigida e orientada para um interesse concreto.

Essa orientação deve ser destinada não só ao paciente idoso, mas também ao seu

acompanhante, familiar, cuidador e, ainda, ao médico prescritor e demais

profissionais de saúde envolvidos diretamente na assistência à saúde. A intervenção

farmacêutica por meio de ações educativas e orientações corretas traz benefícios à

saúde do paciente e ao processo de promoção à saúde.

A educação em saúde é considerada um dos meios para vencer os desafios

impostos aos idosos por conta da idade e do envelhecimento, compreendendo uma

alternativa eficaz e um aprendizado mútuo. A realização de programas de educação

em saúde, sem dúvida, aumenta o nível de conhecimento de toda a equipe que está

qualificada a cuidar desses idosos, garantindo uma atenção e um cuidado

especializado, mostrando a necessidade de contínuo esforço em projetos dessa

magnitude em prol desse segmento populacional (CHRISPINO; ANDRADE, 2010).

Page 32: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

30

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO E LOCAL DO ESTUDO

Para o presente trabalho, foi realizado um estudo do tipo transversal, de

natureza descritiva quantitativa, baseado na análise documental de prescrições e foi

realizado em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos, no Recôncavo

baiano. A instituição é do tipo filantrópica, que presta serviços à sociedade,

principalmente às pessoas mais carentes, e é voltada para especialidades

geriátricas. Sua estrutura conta com capacidade física ativa de 48 leitos de

internamento, proporcionando aos internos o acompanhamento terapêutico e apoio

psicossocial.

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRAGEM

A população alvo desse estudo foi constituída pelos idosos da instituição de

longa permanência do recôncavo baiano. São 39 pacientes idosos internados, com

idade entre 60 e 96 anos, que compreendem a população desse estudo, sem

distinção de sexo ou escolaridade, porém, foi analisada uma amostra de 25

prontuários (n=25) selecionados por conveniência. A coleta de dados foi realizada no

mês de outubro de 2018. Os critérios de inclusão utilizados para coleta de dados

foram: pacientes com idade igual ou superior a 60 anos e prescrições médicas

contendo dois ou mais fármacos. Os critérios de exclusão, portanto, foram pacientes

com idade inferior ou menor de 60 anos e cujas prescrições médicas contivessem

menos de dois fármacos.

3.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

Para o presente trabalho, foi realizado um estudo transversal, baseado na

análise documental de prescrições. Inicialmente os prontuários dos pacientes foram

separados por ordem alfabética para melhor obtenção dos dados. As informações

coletadas foram registradas e organizadas em formulários, de modo sistemático,

possibilitando, posteriormente, um melhor aproveitamento na ocasião da análise dos

dados. Os dados foram coletados conforme formulário (APÊNDICE A) elaborado

Page 33: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

31

para organização e registro dos mesmos. Após a checagem dos prontuários foi

realizada a busca ativa de informações, nesta segunda fase foram coletadas

informações como: sexo, idade, medicamentos utilizados, quantidade utilizada de

medicamentos, frequência e comorbidades existentes. Terminado o processo de

coleta, as informações foram analisadas com o objetivo de identificar as potenciais

interações medicamentosas.

3.4 CRITÉRIOS ÉTICOS

Foi feita uma solicitação para realização da pesquisa à coordenação da

unidade de saúde. Após esta autorização, o projeto dessa pesquisa foi submetido ao

Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) com aprovação sob o código CAAE n°

97996618.4.0000.5025 (ANEXO A).

3.5 ANÁLISE DOS DADOS

As interações medicamentosas foram identificadas a partir da base de dados

(Micromedex® electronic version), considerando as interações fármaco-fármaco e

fármaco-etanol. As possíveis interações medicamentosas foram classificadas de

acordo com o grau de severidade em: contraindicado, importante, moderada,

secundária e desconhecida. Foram classificadas também quanto à documentação

em excelente, boa, razoável ou desconhecida.

Page 34: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

32

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram analisados os prontuários de 25 pacientes de ambos os sexos com

idade igual ou superior a 60 anos, residentes em uma Instituição de Longa

Permanência para Idosos (ILPI), igualmente distribuídos entre alas femininas e

masculinas. Entre os residentes, o percentual de pacientes do sexo feminino foi de

52% e de 48% de pacientes do sexo masculino.

A distribuição dos idosos conforme parâmetros coletados relacionados à faixa

etária de ambos os sexos encontra-se demonstrada na Figura 1.

Figura 1- Número absoluto da população residente na instituição de longa permanência para idosos, conforme parâmetros de faixa etária.

Há uma particularidade quanto à predominância da permanência de idosos do

sexo feminino na instituição, equivalendo ao número máximo de internos, dado que

se assemelha a outras pesquisas realizados com idosos (MARTINS et al., 2015;

SMANIATO; HADDAD, 2013). Esses resultados estão associados à predominância

de pessoas solteiras e viúvas que podem ter contribuído para o processo de

institucionalização, tendo em vista que possivelmente as mesmas viviam sozinhas

antes de morarem na instituição, algumas vezes distantes do convívio familiar e

social. Em algumas situações, quando o idoso vivia com alguém da família ou outras

Page 35: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

33

pessoas, a admissão em uma ILPI pode representar uma quebra nos laços

familiares e isolamento social (OLIVEIRA; NOVAES, 2013).

As faixas etárias mais prevalentes compreendem o intervalo de 60-64 e 70-74

anos para ambos os sexos, e a distribuição da faixa etária no intervalo de 60 a 64,

70 e 74 e 75 e 79 anos, foi maior na ala feminina, o que reflete uma estrutura na

qual as mulheres atingem maior longevidade que o homem. Esses dados estão em

concordância com a distribuição proporcional dos sexos por idade, onde a tendência

mundial indica que a diferença entre homens e mulheres se acentua com o

envelhecimento porque, geralmente, os homens morrem mais cedo do que as

mulheres devido à maior exposição a riscos. Esse fato complementa a ideia da

maior probabilidade de as mulheres ficarem viúvas, sozinhas e em situação

econômica desfavorável, levando-as mais frequentemente à institucionalização

(PELEGRIN et al., 2008).

Na figura 2 estão os dados de prevalência de comorbidades em idosos. Foram

encontradas as seguintes prevalências: 21 indivíduos apresentam hipertensão,

sendo 11 do sexo feminino e 10 do sexo masculino, 10 indivíduos apresentam

diabetes mellitus, sendo 07 do sexo feminino e 03 do sexo masculino, 11 indivíduos

apresentam dislipidemia, sendo 06 do sexo feminino e 05 do sexo masculino, 04

indivíduos do sexo masculino relataram ser fumantes e etilistas e 2 indivíduos do

sexo feminino relataram ser fumantes e etilistas, porém fumam e bebem fora da

instituição e nenhum dos indivíduos apresentou insuficiência hepática ou renal. As

mulheres representam maior índice dos sujeitos estudados, totalizando maior

prevalência de comorbidades, como hipertensão, Diabetes Mellitus e dislipidemia,

com a quantidade de patologias que varia de 0 a 5.

As doenças tais como doenças cardiovasculares, hipertensão, acidente vascular

cerebral, diabetes, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, artrite, osteoporose,

depressão, amputações, diminuição da visão e/ou cegueira, entre outras,

transformaram-se nas principais causas de morbidade, incapacidade e mortalidade

em praticamente todas as regiões do mundo, inclusive em países em

desenvolvimento. Uma pessoa idosa pode vir a sofrer alterações de diversas ordens

favorecedoras de condição de fragilidade, muitas vezes associada a uma doença

crônico-degenerativa ou a um quadro de comorbidades, ocasionando maior

vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminem por levar

à morte (MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2009).

Page 36: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

34

Figura 2- Prevalência de comorbidades em idosos internos da instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano.

O fato desses pacientes apresentarem essas comorbidades aumenta

consideravelmente os riscos de ocorrência de interações medicamentosas em

função da diversidade de medicamentos utilizados por esse segmento populacional.

A elevada frequência da polifarmácia nos dados encontrados no presente trabalho,

justifica-se em parte pela associação de transtornos mentais, problemas psíquicos,

demência, juntamente com outras comorbidades, levando ao uso de diferentes tipos

de fármacos, tornando a farmacoterapia complexa, devido a vulnerabilidade que

esses idosos são expostos a tantos medicamentos, elevando o risco de ocorrência

de IMs (MOLLER et al., 2014).

Nos dois grupos, a hipertensão, o diabetes e a dislipidemia foram as doenças

que mais prevaleceram. Resultado semelhante foi encontrado em outro estudo

(MAFRA, 2013; FOCHAT et al., 2012), no qual foi avaliado que o motivo desse

elevado índice de comorbidades pode estar relacionado à idade avançada e ao

declínio natural proporcionado pelo processo progressivo do envelhecimento.

Alguns fatores de risco estão associados ao desenvolvimento da hipertensão

arterial, diabetes mellitus e dislipidemia, segundo a literatura, como hereditariedade,

idade avançada, sexo feminino, grupo étnico, menor nível de escolaridade, condição

socioeconômica desfavorável, obesidade, etilismo, sedentarismo e tabagismo.

Alguns desses fatores foram observados na população estudada (Figura 2).

Page 37: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

35

De acordo com Moreira e Martiniano (2008), cerca de um terço dos idosos

começam a fazer uso de álcool e tabaco tardiamente, trazendo malefícios e

agravando ainda mais a sua saúde. Contudo, o consumo excessivo de álcool

interfere de várias maneiras na nutrição adequada do idoso, pois compete com os

nutrientes desde sua ingestão até sua absorção. Quanto maior a participação do

álcool na dieta, menor a qualidade nutricional da alimentação.

Em relação ao tabagismo, a mortalidade mundial por doenças associadas ao

fumo atinge cerca de 4,9 milhões de mortes por ano e o hábito de fumar está

particularmente associado ao uso de bebidas alcoólicas, predispondo o indivíduo a

importantes alterações na capacidade visual e cognitiva, sofrimento pessoal,

familiar, alto custo social e implicações em aspectos nutricionais. Estudos

experimentais avaliaram que a nicotina e a exposição à fumaça do cigarro podem

levar à perda de peso e a diminuição do consumo alimentar (CHIOLERO et al.,

2008).

A probabilidade de maior acometimento das doenças crônicas com o avanço

da idade é um resultado esperado, pela característica dessas doenças. Aliado à

ocorrência simultânea a fatores de risco e às mudanças corporais e funcionais

inerentes ao processo progressivo de envelhecimento, esse resultado encontrado

aponta para a necessidade de um cuidado especial voltado a essa fase da vida.

Devido à possibilidade de complicações cardiovasculares, complicações

metabólicas, resultantes do número de comorbidades apresentadas na população

idosa, é importante estudar a interferência da terapia medicamentosa no quadro

clínico desses pacientes. Por esse motivo, foram analisadas as prescrições médicas

no período de 08/10/2018 a 15/10/2018 da amostra total dos prontuários dos idosos

da ILPI e analisou-se a frequência encontrada de princípios ativos nestas

prescrições. Os dados são mostrados na figura 3.

Page 38: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

36

Figura 3- Frequência de princípios ativos mais prescritos para os pacientes da instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano.

Para este estudo foi adotado como polifarmácia os casos em que o médico

profissional prescrevia seis ou mais ativos simultaneamente nos receituários dos

idosos, princípios ativos diferentes e de forma que alguns se repetia em diferentes

receituários. Fato observado em 100% da população estudada. Considerando as

prescrições médicas selecionadas para o presente trabalho, o total de fármacos

prescritos nos prontuários foram de 53 fármacos. Cada prescrição médica continha

uma variação de 6 a 10 fármacos, com média de 3 fármacos por prescrição.

Tabela 2- Número de medicamentos prescritos para idosos residentes numa instituição de longa permanência recôncavo baiano.

Medicamentos prescritos

Prescrições

n %

ÁAS 7 4,52%

Ambroxol 2 1,29%

Aminofilina 1 0,65%

Amitriptilina 2 1,29%

Anlodipino 8 5,16%

Arcabose 1 0,65%

Atenolol 2 1,29%

Page 39: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

37

Tabela 2- Número de medicamentos prescritos para idosos residentes numa instituição de longa permanência recôncavo baiano (Continuação).

Medicamentos prescritos

Prescrições

n %

Captopril 3 1,94%

Caverdilol 1 0,65%

Cilostazol 1 0,65%

Citalopran 1 0,65%

Clonazepan 6 3,87%

Cloridrato de Amantadina 1 0,65%

Cloridrato de Clorpromazina 6 3,87%

Cloridrato de Hidralazina 1 0,65%

Complexo B 3 1,94%

Diazepan 1 0,65%

Digoxina 1 0,65%

Dipirona 3 1,94%

Domperidona 1 0,65%

Donepezila 2 1,29%

Doxazosina 1 0,65%

Dudasterina + tansulosina 1 0,65%

Escitalopran 3 1,94%

Espironolactona 1 0,65%

Fenitoína 3 1,94%

Finasterida 1 0,65%

Fluoxetina 3 1,94%

Furosemida 3 1,94%

Glibenclamida 1 0,65%

Glimepirida 2 1,29%

Haloperidol 10 6,45%

Hidroclorotiazida 3 1,94%

Insulina NPH 4 2,58%

Isossorbida 1 0,65%

Levodopa + Cloridrato de Benserazida 2 1,29%

Levotiroxina 1 0,65%

Losartana 10 6,45%

Meloxican 2 1,29%

Metformina 7 4,52%

Omeprazol 6 3,87%

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38

Tabela 2- Número de medicamentos prescritos para idosos residentes numa instituição de longa permanência recôncavo baiano (Continuação).

Medicamentos prescritos Prescrições

n %

Paracetamol 5 3,23%

Pregabalina 1 0,65%

Prometazina 4 2,58%

Quetiapina 1 0,65%

Risperidona 1 0,65%

Sertralina 1 0,65%

Sinvastatina 13 8,39%

Succinato de metropolol 1 0,65%

Sulfato Ferroso 2 1,29%

Ticagrelor 1 0,65%

Venlafaxina 1 0,65%

Total 155 100,00%

Este resultado confirma a noção que a frequência de medicamentos

prescritos para cada idoso é consideravelmente alta nessa faixa etária, aumentando

progressivamente com a idade, consequentemente está associada ao maior número

de diagnósticos médicos. Com a frequência dos princípios ativos prescritos, pode-se

justificar o fato dos grupos farmacológicos mais prescritos terem correspondido aos

medicamentos anti-hipertensivos como os antagonistas dos receptores da

angiotensina (ex.: losartana) (6,45%); antidiabéticos orais, da classe das biguanidas

(ex.: metformina), (4,52%); antipsicóticos do grupo butirofenonas (ex: haloperidol)

(6,45%); AINEs, anti-inflamatório não-esteroidais (ex: ácido acetilsalicílico) (4,52%);

estatinas, classe dos inibidores da hidroximetilglutaril-coenzima A (ex.: sinvastatina)

(8,39%) e ao grupo dos bloqueadores dos canais de cálcio, classe das

dihidropiridinas (ex: anlodipino) (5,16%). A maior frequência de prescrição para os

representantes dessas classes farmacológicas está relacionada às comorbidades

identificadas na amostra estudada, como hipertensão, diabetes, dislipidemias e

transtornos mentais e a fármacos de uso comum para processos inflamatórios

comuns em pacientes idosos.

Estes dados demonstram a relevância de uma avaliação responsável e

adequada no momento da prescrição de medicamentos para esses idosos e, para

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39

isto, é necessária a atuação de uma equipe multidisciplinar, com profissionais

capacitados. Tão importante quanto à prescrição médica é a administração dos

medicamentos prescritos, portanto, se faz necessário o cumprimento da legislação

que exige a permanência de uma equipe de profissionais de saúde nestas

instituições, o que permite um acompanhamento adequado e individualizado

(AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2005). Salientou-se que o uso

em conjunto de medicamentos utilizados para diversos fins sugere o aparecimento

de problemas relacionados à farmacoterapia.

Além das avaliações quanto às prescrições medicamentosas, foram

analisadas as interações medicamentosas potenciais nos prontuários. Das

potenciais interações analisadas, a figura 04 ilustra a porcentagem das interações

encontradas quanto à classificação em gravidade dessas interações.

Segundo a base de dados do sistema Micromedex® Drug Interaction

Checking, as interações medicamentosas são classificadas quanto ao grau de

severidade em contraindicada, importante, moderada, secundária ou desconhecida.

Contraindicada: associação de determinadas drogas cujo uso de forma

concomitante é contraindicado. Importante ou Maior: interações que podem ser

fatais, necessitando muitas vezes de intervenções para prevenir reações adversas

graves. Moderada: interações que podem resultar em agravamento das condições

do paciente, porém podem ser feitas modificações na terapia se necessário.

Secundária ou Menor: interações que podem produzir efeitos clínicos limitados no

paciente, podendo incluir aumento da frequência ou severidade de efeitos colaterais,

porém na maioria das vezes necessitam de alteração da terapia. Desconhecida: o

efeito da interação é desconhecido (OLIVEIRA-PAULA et al., 2014). A figura 4

mostra os dados relacionados à classificação quanto à gravidade das interações.

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40

Figura 4- Classificação quanto à gravidade das potenciais interações medicamentosas encontradas a partir das prescrições dos internos na ILPI no recôncavo baiano.

Nas 25 prescrições analisadas, foram observadas 38 interações

medicamentosas potenciais. As interações classificadas como de gravidade

moderada totalizaram 44%, as classificadas como importante totalizaram 41% e sem

interações totalizaram 14%. As interações classificadas como importante e

moderada somam 85% das IMs encontradas e merecem destaque por oferecerem

risco e exposição do indivíduo à ocorrência de prejuízos à farmacoterapia ou

complicações na saúde do paciente. Segundo a literatura, o desenvolvimento de

interações medicamentosas entre idosos que vivem em ILPIs é maior do que entre

aqueles provenientes da comunidade e menor que entre hospitalizados,

considerando-se as respectivas prevalências de 51% (CORRER et al., 2007), 26,5%

(SECOLI et al., 2010) e 80% (ZAKRZEWSKI-JAKUBIAK et al., 2011).

As interações classificadas como importantes ou de gravidade maior, podem

ser fatais ou necessitarem de intervenções para prevenir ou minimizar reações

adversas graves. As interações classificadas como moderadas, podem resultar em

agravamento das condições do paciente ou serem necessárias modificações da

terapia. As manifestações decorrentes dessas interações podem incluir um aumento

elevado na frequência ou gravidade dos efeitos colaterais, já que muitas vezes as

interações medicamentosas são determinadas pela condição clínica do paciente.

Por isso, destaca-se a importância da adoção de procedimentos de manejo clínico

Page 43: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

41

com o intuito de evitar ou reduzir a intensidade das interações medicamentosas

durante a condução do tratamento terapêutico (REIS; CASSIANI, 2010).

As interações medicamentosas estabelecidas na tabela 03 foram também

classificadas quanto à qualidade da documentação e mecanismo de interação

através da base de dados do sistema de identificação de interação de

medicamentos, Micromedex® Drug Interaction Checking.

Figura 5- Classificação quanto à documentação das potenciais interações medicamentosas encontradas a partir das prescrições dos internos da instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano.

Nessa classificação, considera-se documentação excelente quando a

existência da interação é claramente estabelecida por estudos controlados; boa,

quando a documentação sugere fortemente a existência da interação, porém faltam

estudos controlados; razoável, quando a documentação disponível é pobre, mas

considerações clinicas farmacológicas levam a suspeitar da existência da interação;

ou a documentação é boa para um medicamento farmacologicamente similar e

desconhecida quando não existem documentações que comprovem a existência da

interação (CERDAZ; DOS SANTOS JUNIOR, 2014).

Em relação ao nível de documentação das interações medicamentosas 7

(18%) foram consideradas excelentes, 11 (29%) foram consideradas boas e 20

(53%) foram consideradas razoáveis.

De acordo com o nível de evidências científicas encontradas, os estudos

sugerem de modo claro a existência de interações medicamentosas potenciais,

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42

apresentando impacto clínico quanto a resposta terapêutica, por esse motivo é

necessário que o paciente seja monitorado, pois os mecanismos que envolvem as

interações podem ser rápidos ou tardios, demorar dias ou semanas, ampliando o

potencial dessas interações decorrentes do uso desses fármacos.

Na tabela 3 estão descritas detalhadamente as interações medicamentosas

potenciais encontradas, a classificação de acordo com a sua gravidade, a

classificação das interações e os efeitos que podem causar no paciente.

Tabela 3- Possíveis interações medicamentosas em idosos residentes em uma instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano.

Interação

Gravidade

Efeito da Interação

Classificação da

Interação

Insulina + Metformina

Moderada

A combinação de agentes antidiabéticos orais com insulina pode alterar o metabolismo da glicose, o que pode aumentar o risco de hipoglicemia.

Interação farmacodinâmica

Captopril+

Hidroclorotiazida

Moderada

O uso concomitante do captopril e da hidroclorotiazida pode causar redução excessiva da pressão arterial.

Interação farmacodinâmica

Captopril + Metformina

Moderada

O uso concomitante de captopril e metformina pode resultar em aumento do risco de hipoglicemia.

Interação farmacodinâmica

Hidroclorotiazida +

Insulina NPH

Moderada

O uso concomitante de antidiabéticos e diuréticos pode resultar em aumento do risco de hiperglicemia; aumenta a necessidade do uso de insulina.

Interação farmacodinâmica

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43

Tabela 3- Possíveis interações medicamentosas em idosos residentes em uma instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano (Continuação).

Interação

Gravidade

Efeito da Interação

Classificação da

Interação

Quetiapina +

Venlafaxina

Importante

O uso concomitante desse medicamentos podem resultar em aumento do risco de prolongamento do intervalo QT, aumentando assim os riscos de eventos cardíacos graves.

Interação farmacodinâmica

Atenolol + Insulina

Moderada

O uso concomitante da insulina com um bloqueador beta-adrenérgico pode resultar no aumento ou diminuição do efeito hipoglicemiante. Monitorar as doses de glicose.

Interação farmacodinâmica

Paracetamol + Etanol

Importante

O uso concomitante pode resultar em um risco aumentado de hepatotoxicidade.

Interação farmacocinética

Cloridrato de

Clorpromazina + Etanol

Moderada

O uso concomitante pode resultar em aumento da sedação.

Interação farmacodinâmica

Anlodipino + Digoxina

Importante

O uso concomitante desses fármacos pode resultar em aumento do risco de bradicardia e bloqueio cardíaco avançado ou completo.

Interação farmacodinâmica

Anlodipino +

Domperidona

Importante

O uso concomitante de anlodipino e domperidona pode resultar no aumento da exposição a domperidona e um risco aumentado de prolongamento do intervalo QT.

Interação farmacodinâmica

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44

Tabela 3- Possíveis interações medicamentosas em idosos residentes em uma instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano (Continuação).

Interação

Gravidade

Efeito da Interação

Classificação da

Interação

Anlodipino +

Sinvastatina

Importante

O uso concomitante pode resultar no aumento da exposição a sinvastatina e aumento no risco de miopatia, incluindo rabdomiólise. Dose da sinvastatina não deve exceder 20mg/dia.

Interação farmacodinâmica

Caverdilol + Digoxina

Importante

O uso concomitante dos fármacos pode resultar em aumento das concentrações da digoxina; aumento do risco de bloqueio cardíaco completo.

Interação farmacodinâmica

Digoxina+

Hidroclorotiazida

Importante

O uso concomitante dos fármacos pode resultar em toxicidade por digitálicos, causando (vômitos, náuseas, arritmias).

Interação farmacodinâmica

Digoxina + Sinvastatina

Moderada

O uso de digoxina e sinvastatina pode resultar em aumento dos níveis de digoxina. Monitorar e ajustar doses da digoxina no paciente.

Interação farmacocinética

Sulfato Ferroso+

Omeprazol

Moderada

O uso concomitante dos fármacos pode resultar na redução da biodisponibilidade do ferro. Monitorar o ferro se caso o omeprazol estiver sendo usado concomitantemente.

Interação farmacodinâmica

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45

Tabela 3- Possíveis interações medicamentosas em idosos residentes em uma instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano (Continuação).

Interação

Gravidade

Efeito da Interação

Classificação da

Interação

Atenolol + Metformina

Moderada

O uso concomitante desses fármacos pode resultar no aumento ou diminuição do efeito hipoglicemiante. Monitorar o paciente ou ajustar a dose da metformina.

Interação farmacodinâmica

Cloridrato de

Clorpromazina +

Escitalopran

Importante

O uso concomitante desses fármacos pode resultar em aumento do risco de prolongamento do intervalo QT.

Interação farmacodinâmica

Insulina + Losartana

Moderada

O uso concomitante do losartana com a insulina pode resultar em aumento do risco de hipoglicemia.

Interação

Farmacodinâmica

Cloridrato de

Clorpromazina +

Haloperidol

Importante O uso concomitante desses fármacos pode resultar em um risco aumentado de cardiotoxicidade (prolongamento do intervalo QT, parada cardíaca).

Interação farmacocinética

Cloridrato de

Clorpromazina+

Prometazina

Importante

O uso concomitante dos fármacos pode resultar em aumento do risco de prolongamento do intervalo QT.

Interação farmacodinâmica

Escitalopran + Haloperidol

Importante

O uso concomitante desses fármacos pode resultar em aumento do risco de prolongamento do intervalo QT.

Interação farmacodinâmica

Amitriptilina + Dipirona

Importante

O uso concomitante desses fármacos pode resultar em aumento do risco de sangramento, incluindo hemorragia intracraniana.

Interação farmacodinâmica

Page 48: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

46

Tabela 3- Possíveis interações medicamentosas em idosos residentes em uma instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano (Continuação).

Interação Gravidade Efeito da Interação Classificação da

Interação

Dipirona + Losartana

Moderada

O uso concomitante de ambos pode resultar em disfunção renal, como deterioração da função renal ou insuficiência renal aguda e aumento da pressão arterial.

Interação

farmacocinética

Hidroclorotiazida+

Meloxican

Importante

O uso concomitante desses fármacos pode resultar em redução da eficácia diurética e possível de nefrotoxicidade. Monitorar os sinais de agravamento da função renal.

Interação farmacocinética

Arcabose + Glimepirida

Moderada

O uso concomitante desses fármacos pode resultar em aumento do risco de hipoglicemia. Monitorar o paciente quanto a hipoglicemia durante o uso desses medicamentos.

Interação farmacodinâmica

Glimepirida + Etanol

Importante

O uso concomitante de glimepirida e etanol pode resultar em aumento do risco de hipoglicemia.

Interação farmacodinâmica

Escitalopran + Risperidona

Importante

O uso concomitante desses fármacos pode resultar em aumento do risco de prolongamento do intervalo QT.

Interação farmacodinâmica

Haloperidol + Risperidona

Importante

O uso concomitante de ambos pode resultar em aumento do risco de prolongamento do intervalo QT.

Interação farmacocinética

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Tabela 3- Possíveis interações medicamentosas em idosos residentes em uma instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano (Continuação).

Interação

Gravidade

Efeito da Interação

Classificação da

Interação

Captopril + AAS

Moderada

O uso concomitante desses fármacos pode resultar na redução do metabolismo do ECA.

Interação farmacodinâmica

Escitalopran + Etanol

Moderada

O uso concomitante de escitalopran e etanol pode resultar na potencialização dos efeitos cognitivos e motores do álcool.

Interação farmacodinâmica

Fluoxetina + Ticagrelor

Importante

O uso concomitante de ambos pode resultar em aumento do risco de sangramento.

Interação farmacocinética

Dudasterina+Tansulosina +

Succinato de Metoprolol

Moderada

O uso concomitante de ambos pode resultar em uma resposta hipotensiva exagerada a primeira dose do bloqueador alfa.

Interação farmacodinâmica

Sinvastatina + Ticagrelor

Moderada

O uso concomitante de sinvastatina e ticagrelor pode resultar no aumento das concentrações plasmáticas de sinvastatina. A dose de 40mg de sinvastatina de deve ser evitada.

Interação farmacocinética

Cloridrato de Amantadina +

Biperideno

Moderada

O uso concomitante desses fármacos pode resultar na potencialização dos efeitos anticolinérgicos.

Interação farmacodinâmica

Paracetamol + Fenitoína

Moderada

O uso concomitante paracetamol e fenitoína pode resultar em diminuição da eficácia do paracetamol e aumento do risco de hepatotoxicidade. Evitar grandes doses de paracetamol.

Interação farmacocinética

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Tabela 3- Possíveis interações medicamentosas em idosos residentes em uma instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano (Continuação).

Interação

Gravidade

Efeito da Interação

Classificação da

Interação

Aminofilina + Diazepam

Moderada

O uso concomitante desses fármacos pode resultar na diminuição da eficácia dos benzodiazepínicos.

Interação farmacodinâmica

Losartana + Meloxican

Moderada

O uso concomitante desses fármacos pode resultar em disfunção renal ou aumento da pressão arterial. Monitorar a eficácia anti-hipertensiva e avaliar periodicamente a função renal.

Interação farmacodinâmica

Dipirona + Escitalopran

Importante

O uso concomitante de ambos pode resultar em risco aumentado de sangramento intracraniana.

Interação farmacodinâmica

06 prontuários

Sem interações

Sem interações

Dentro dos critérios relacionados ao número de medicamentos prescritos,

foram observados que cada prescrição apresentava uma quantidade de seis a dez

medicamentos, sendo que o recomendável é que as prescrições contenham entre

três e quatro medicamentos distintos, a fim de se evitar possíveis reações adversas

e interações medicamentosas (FERREIRA JR et al., 2016). Durante a análise das

prescrições de cada idoso, foram observadas diversas potenciais interações

medicamentosas, conforme descrito na tabela 3, sendo que após a análise total dos

prontuários, foi identificada no mínimo uma interação medicamentosa em cada

prescrição. Este fato pode estar relacionado ao grande número de medicamentos

contidos em uma única prescrição (JACOMINI et al., 2011).

Destacam-se 38 interações medicamentosas potenciais, sendo 29 interações

farmacodinâmicas, 09 interações farmacocinéticas e 06 prontuários que após

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49

análise dos fármacos prescritos não apresentaram interações medicamentosas

potenciais.

Uma interação possível de ocorrer foi entre dipirona e captopril. Segundo

Porto (2011), o uso da dipirona concomitantemente com o captopril pode acarretar

na diminuição do efeito hipotensor e natriurético e o seu uso deve ser avaliado pelo

médico, sendo que estudos clínicos demonstraram que, à semelhança dos AINEs

não seletivos, podem induzir ou agravar a hipertensão arterial sistêmica já existente.

Interações medicamentosas possíveis a ocorrer é a utilização concomitante

de captopril e fármacos neurolépticos (haloperidol). Leonardi et al. (2016) relatam

que a utilização conjunta desses medicamentos pode promover aumento do risco de

hipotensão ortostática. Esta interação poderia ser evitada, com orientações e

mudanças posturais comportamentais, se deitado, não levantar rapidamente,

aguardar alguns minutos e utilizar apoios, como bengalas ou andador, visto que a

hipotensão ortostática é um problema que atualmente atinge uma grande parcela da

população idosa devido à dificuldade do retorno venoso, promovendo sintomas

graves, como tonturas, visão turva e até mesmo perda temporária de consciência

(CECCHIN, et al., 2015).

A interação medicamentosa potencial entre anlodipino e sinvastatina pode

levar ao risco aumentado dos efeitos adversos da sinvastatina, uma vez que o

anlodipino aumenta os níveis séricos da estatina por meio de alterações em sua

farmacocinética. É recomendado o uso de, no máximo, 20 mg de sinvastatina

quando em associação com anlodipino (OSORIO-DE-CASTRO, 2010).

De acordo com Korolkovas 2009, na interação entre a hidroclorotiazida e os

hipoglicemiantes, insulina e metformina, o efeito hipoglicemiante pode ser diminuído

pelo diurético, interação que pode ser responsável por um controle glicêmico

inadequado em pacientes diabéticos, que também fazem uso de terapia diurética

com a hidroclorotiazida.

As potenciais interações medicamentosas encontradas no estudo,

consideradas significantes e com efeitos prejudiciais observadas nas prescrições

aos pacientes sob tratamento anti-hipertensivo (captopril) e AINES (aas). Os anti-

inflamatórios inibem a síntese renal de prostaglandinas ou causam retenção de

fluídos orgânicos e sódio, antagonizando efeitos dos fármacos anti-hipertensivos e

reduzindo o metabolismo do ECA, prejudicando o efeito terapêutico do captopril

(KUIPER et al., 2007).

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50

Algumas classes medicamentosas observadas nas informações levantadas a

partir de dados das prescrições dos idosos, chamam atenção pelos efeitos causados

no organismo, como os medicamentos da classe dos benzodiazepínicos (ex.:

diazepam), podem promover sedação com possibilidade de quedas e fraturas.

Antidepressivos tricíclicos (ex: amitriptilina) promovem efeitos anticolinérgicos e

hipotensão ortortostática; antidepressivos (ex: fluoxetina) provocam estimulação do

Sistema Nervoso Central com agitação e distúrbios do sono; Anti-histamínicos (ex:

prometazina) são responsáveis pela promoção de efeitos anticolinérgicos potentes e

sedação prolongada (PASTORINO, 2010).

O estudo apontou a interação entre cloridrato de clorpromazina associado a

prometazina como uma interação potencial importante. Nota-se que o principal efeito

dessa interação é a possibilidade de indução, efeitos que podem resultar em

aumento do risco do prolongamento do intervalo QT (parâmetros

eletrocardiográficos), bem como eventos adversos cardíacos, como a parada

cardíaca. Nessa investigação pode-se observar outra interação relevante entre a

Clorpromazina e Haloperidol, fármacos que em uso concomitante podem aumentar o

risco de cardiotoxicidade (prolongamento do intervalo QT e parada cardíaca). Desse

modo, o risco é aumentado pelo uso simultâneo de múltiplos medicamentos que

induzem o prolongamento por interações medicamentosas, situações que podem

levar a morbimortalidade (VILLAMANÁN; ARMADA; RUANO, 2015).

Na instituição, 03 indivíduos (01 idosa e 02 idosos) faziam uso de bebidas

alcóolicas e algumas interações medicamentosas podem ser agravadas com a

associação do etanol com benzodiazepínicos, antipsicóticos e antidepressivos. Entre

as interações medicamento-etanol foram encontradas interações com clonazepam,

paracetamol, cloridrato de clorpromazina, glimepirida, escitalopran. O etanol é um

modulador alostérico do receptor GABAA, que independe do GABA endógeno e

aumenta o tempo de abertura do canal de cloreto. Sua associação com os

benzodiazepínicos causa interação de potencialização de efeito depressor sobre o

Sistema Nervoso Central, além de comprometer as funções psicomotora e motora;

diminuir a atenção e pode aumentar o risco de depressão respiratória. Além disso, a

interação do etanol com o paracetamol contribui para elevar o risco da

hepatotoxicidade, pois na metabolização do paracetamol é gerado um metabólito

tóxico, o N-acetilp-benzoquinona-imina que deve ser inativado por conjugação com a

glutationa, porém com a sua depleção (mediada pelo acetaldeído) há um acúmulo

Page 53: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

51

do metabólito tóxico que reage com constituintes nucleofílicos do hepatócito,

causando danos, lesões hepáticas graves no órgão desses idosos (RANG et al.,

2004).

Page 54: FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA …

52

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As interações medicamentosas podem ocasionar vários problemas à

farmacoterapia do idoso como reduzir absorção do fármaco, concentração sérica e

eficácia, causar toxicidade e risco aumentado de hemorragias, resultar em efeitos

maiores e prolongados, resultar em hipotensão postural, interferirem em exames

laboratoriais, resultar em déficits psicomotores, hipoglicemia, hiperglicemia, miopatia,

rabdomiólise, hipercalemia, entre outros, comprometendo o tratamento e a

segurança do idoso, interferindo na sua funcionalidade e na sua qualidade de vida.

Os fatores relacionados a maior ocorrência de potenciais interações

medicamentosas entre as prescrições estudadas foram as seguintes: idade, tempo

na instituição, comorbidades existentes, doenças cardiovasculares e o número de

princípios ativos mais prescritos.

De acordo com as informações relatadas, observa-se o uso simultâneo de

pacientes hipertensos que fazem uso conjunto de diuréticos e anti-hipertensivos, a

associação terapêutica que mostrou-se relevante entre ambos, diuréticos e

inibidores de ECA (captopril + hidroclorotiazida), o que requer dos profissionais da

área de saúde um melhor acompanhamento, principalmente dos idosos, visto que há

riscos maléficos causados pela interação medicamentosa entre as classes anti-

hipertensivos com diuréticos tiazídicos.

Os idosos utilizam um número maior de fármacos devido à alta incidência de

comorbidades como HAS e DM, portanto requerem um cuidado maior na

farmacoterapia desses pacientes internos. No Brasil, a hipertensão arterial sistêmica

por exemplo está associada a ocorrências de doenças cardiovasculares, contudo,

boa parte dos eventos continua a ocorrer em indivíduos normotensos, pois, a maior

parte desse segmento populacional evolui sem problemas hipertensivos. As

potenciais interações medicamentosas encontradas no estudo, com efeitos

prejudiciais observadas nas prescrições aos pacientes sob tratamento anti-

hipertensivo e AINES, os anti-inflamatórios inibem a síntese renal de

prostaglandinas ou causam retenção de fluídos orgânicos e sódio, antagonizando

efeitos dos fármacos anti-hipertensivos e reduzindo o metabolismo do ECA.

Contudo, verifica-se que há necessidade de atenção farmacêutica mais robusta em

esclarecer aos cuidadores e os profissionais de saúde do Lar, sobre a utilização

concomitante das classes de medicamentos citadas neste trabalho.

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53

Os achados apontam a necessidade de estratégias direcionadas a segurança

do paciente quanto a ocorrência de potenciais interações medicamentosas, a equipe

de profissionais da área de saúde deve estar comprometida com a adesão e uso

racional dos medicamentos, pois ainda existe um alto índice de uso inadequado de

medicamentos. Também é de extrema importância que os profissionais se atualizem

com estudo frequente sobre eventos adversos e ocorrência de interações

medicamentosas, visando diminuir a prescrição incorreta de medicamentos e a

melhora da qualidade de vida dos pacientes. O monitoramento individual da

farmacoterapia dos idosos torna-se uma demanda que poderia ser viabilizada a

partir da elaboração de estratégias multidisciplinares envolvendo a equipe de saúde,

inclusive com a participação do profissional farmacêutico. O trabalho colaborativo

entre esta equipe implicaria detectar e prevenir problemas relacionados ao uso de

medicamentos que podem causar impactos negativos à saúde dos idosos e,

consequentemente, evitar riscos, qualificar o cuidado e promover o uso racional de

medicamentos nessas instituições.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A - FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS

I - Variáveis sócio demográficas:

1 Dados pessoais:

1.1 Número de registro: _____________

1.2 Idade: ________________________

1.3 Sexo: ( ) M ( ) F

2 Variáveis clínicas

2.1 Diagnósticos médico:

-

___________________________________________________________________

____

2.2 Presença de doenças ou outras comorbidades tais como:

( ) Diabetes

( ) Hipertensão

( ) Insuficiência Renal

( ) Insuficiência hepática

( ) Outro _______________________

2.3 Data de internamento: ___________

II – Variáveis farmacológicas:

Data da prescrição: ___/___/___

2 Prescrição Médica

Fármaco Dose Via Aprazamento