faculdade maria milza bacharelado em farmÁcia …
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FACULDADE MARIA MILZA
BACHARELADO EM FARMÁCIA
ANDRIELE FONSECA NOVAIS
IDENTIFICAÇÃO DAS POTENCIAIS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM
PACIENTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS
NO RECÔNCAVO BAIANO
GOVERNADOR MANGABEIRA-BA
2018
ANDRIELE FONSECA NOVAIS
IDENTIFICAÇÃO DAS POTENCIAIS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM
PACIENTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA
IDOSOS NO RECÔNCAVO BAIANO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Bacharelado em Farmácia da Faculdade Maria Milza, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Farmácia.
Orientadora: Profª. Ma. Larissa de Mattos Oliveira
GOVERNADOR MANGABEIRA-BA
2018
8
Ficha catalográfica elaborada pela Faculdade Maria Milza, com os dados
fornecidos pelo(a) autor(a)
Bibliotecárias responsáveis pela estrutura de catalogação na publicação: Marise Nascimento Flores Moreira - CRB-5/1289 / Priscila dos Santos Dias - CRB-5/1824
Novais, Andriele Fonseca
N935i Identificação das potenciais interações medicamentosas em pacientes de uma
instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano / Andriele
Fonseca Novais. - Governador Mangabeira - BA, 2018.
61 f.
Orientadora: Larissa de Mattos Oliveira.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia) - Faculdade Maria
Milza, 2018
1. Idosos. 2. Polifarmácia. 3. Interações medicamentosas. 4. Doenças Crônicas. I.
Oliveira, Larissa de Mattos, II. Título.
CCD 618.97
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ANDRIELE FONSECA NOVAIS
IDENTIFICAÇÃO DAS POTENCIAIS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM
PACIENTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS
NO RECÔNCAVO BAIANO
Aprovada em ____/____/____
BANCA DE APRESESENTAÇÃO
____________________________________
Prof.ª Msc. Larissa de Mattos Oliveira
Orientadora/FAMAM
_____________________________________
Componente da banca
Instituição/FAMAM
_______________________________________
Componente da banca
Instituição/FAMAM
GOVERNADOR MANGABEIRA-BA
2018
10
Dedico esse trabalho...
A Deus que está sempre me minha vida e me dá forças nos momentos em que
preciso.
A minha família, que é a minha base, meu alicerce, queria agradecer o apoio, a
compreensão, o carinho e o incondicional.
Meu Esposo, que esteve comigo todos os momentos me apoiando e me
incentivando sempre. Obrigada por tudo!
Minha professora e orientadora Larissa, obrigada por tudo, você foi essencial na
realização desse sonho.
11
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, porque se não fosse pela sua força e
graça, não teria chegado a este momento tão importante. Sem Ele nada teria sido
possível!
À minha mãe maravilhosa, Maria Anísia Fonseca Novais e meu pai
Edvalson Nascimento Novais, que sem medir esforços, sempre me apoiaram e
lutaram para a concretização dos meus sonhos.
Ao meu marido e amigo, João, pela força, paciência e compreensão em
todos os momentos. Obrigada amor por tudo. Amo você!
Aos familiares e amigos, pelo apoio e estímulo. À Larissa, minha
orientadora, que com dedicação contribuiu para a realização deste estudo, a partir
dos ensinamentos transmitidos.
Aos meus queridos amigos que passaram esses 5 anos ao meu lado,
Andréia, Dielle, Geisa, Horrana, Tiara, Thays, Stephany e Joilson, boas amizades
que conquistei no percurso dessa jornada. Com muito carinho e cumplicidade me
auxiliaram nessa trajetória tão difícil, a qual elas também presenciaram.
Aos professores da Faculdade Maria Milza, que com seus ricos
ensinamentos ao longo do curso, também possibilitaram a concretização deste
sonho.
12
“Tudo o que existe e vive precisa ser
cuidado para continuar existindo, uma
planta, uma criança, um idoso, o
planeta terra”
Leonardo Boff
13
RESUMO
O envelhecimento na população idosa trouxe para o serviço de saúde pública do país o aumento dos gastos para o cuidado das doenças predominantes na terceira idade. Os idosos são usuários de diversos medicamentos devido a problemas na farmacoterapia e ao surgimento de doenças crônico-degenerativas. A utilização de diversos medicamentos aumenta consideravelmente o risco de eventos adversos e interações medicamentosas, podendo afetar o estado de saúde e diminuição na qualidade de vida desse segmento populacional. Assim, este trabalho teve como objetivo identificar as potenciais interações medicamentosas em pacientes de uma instituição de longa permanência para idosos no Recôncavo Baiano através de análise de prontuários. A coleta dos dados foi realizada no mês de outubro de 2018, com o auxílio de um formulário contendo dados de identificação de cada usuário e dados farmacoterapêuticos como: medicamentos utilizados, quantidade dos medicamentos, frequência e comorbidades existentes, também foram observados, sexo e a idade desses indivíduos. Para identificação das potenciais interações utilizou-se a base de dados Micromedex®. Foram analisados 25 prontuários desses idosos e foram identificados 53 princípios ativos diferentes e cada prescrição médica continha uma variação de 6 a 10 medicamentos, com média de 3 fármacos por prescrição. Os grupos farmacológicos mais prescritos foram os medicamentos anti-hipertensivos, (ex.: losartana) (6,45%); antidiabéticos orais, (ex.: metformina), (4,52%); antipsicóticos (ex: haloperidol) (6,45%); AINEs (ex: ácido acetilsalicílico) (4,52%); estatinas (ex.: sinvastatina) (8,39%) e os bloqueadores dos canais de cálcio (ex: anlodipino) (5,16%). Das 25 prescrições analisadas, foram detectadas pelo menos uma potencial interação em cada prescrição, totalizando 38 interações, sendo classificadas como moderadas (44%) e importantes (41%). Quanto à documentação das interações medicamentosas, 18% foram consideradas excelentes, 29% foram consideradas boas e 53% foram consideradas razoáveis. As interações medicamentosas em idosos continuam sendo um problema significativo em todo o mundo. Com o estudo há de se reiterar a importância do conhecimento na área da farmacologia tornando possível detectar e prevenir problemas relacionados a medicamentos ou seus resultados negativos, propor alterações nos esquemas posológicos ou substituição de fármacos para evitar interações medicamentosas graves, diminuindo a morbimortalidade associada ao uso de medicamentos. Palavras-chave: Idosos. Polifarmácia. Interações medicamentosas.
14
ABSTRACT
Aging in the elderly population has brought to the country's public health service increased expenditures for the care of the predominant diseases in the elderly. The elderly are users of various medications due to problems in pharmacotherapy and the onset of chronic-degenerative diseases. The use of several drugs greatly increases the risk of adverse events and drug interactions, and may affect health status and decrease in the quality of life of this population segment. Thus, this study aimed to identify potential drug interactions in patients of a long-stay institution for the elderly in the Recôncavo Baiano through medical records analysis. Data collection was performed in October 2018, using a form containing identification data of each user and pharmacotherapeutic data such as: medicines used, quantity of medications, frequency and comorbidities, were also observed, sex and age of these individuals. Micromedex® database was used to identify the potential interactions. We analyzed 25 medical records of these elderly patients and identified 53 different active principles and each prescription contained a variation of 6 to 10 medications, with an average of 3 drugs per prescription. The most commonly prescribed pharmacological groups were antihypertensive drugs (eg losartan) (6.45%); oral antidiabetic agents (eg, metformin) (4.52%); antipsychotics (eg haloperidol) (6.45%); NSAIDs (ex: acetylsalicylic acid) (4.52%); statins (eg simvastatin) (8.39%) and calcium channel blockers (eg, amlodipine) (5.16%). Of the 25 prescriptions analyzed, at least one potential interaction was detected in each prescription, totaling 38 interactions, being classified as moderate (44%) and important (41%). Regarding documentation of drug interactions, 18% were considered excellent, 29% were considered good and 53% were considered reasonable. Drug interactions in the elderly continue to be a significant problem throughout the world. The study should reiterate the importance of knowledge in the field of pharmacology making it possible to detect and prevent problems related to drugs or their negative results, propose changes in dosing schedules or substitution of drugs to avoid serious drug interactions, reducing the morbimortality associated with the use of medicines. Keywords: Elderly. Polypharmacy. Drug interactions.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AF- Atenção Farmacêutica
DCNT- Doenças Crônicas Não Transmissíveis
DM- Diabetes Mellitus
HAS- Hipertensão Arterial Sistêmica
ILPI- Instituição de Longa Permanência para Idosos
IM- Interação Medicamentosa
Li+- Elemento Químico Lítio
MAO- Monoaminoxidase
MIPs- Medicamentos Isentos de Prescrição
Na+- Elemento Químico Sódio
PRM- Problemas Relacionados a Medicamentos
RAM- Reações Adversas a Medicamentos
TGI- Trato Gastrointestinal
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Estimativa do índice de interações medicamentosas aos idosos
institucionalizados......................................................................................................22
Tabela 2- Número de medicamentos prescritos para idosos residentes numa
instituição de longa permanência recôncavo baiano.................................................36
Tabela 3- Possíveis interações medicamentosas em idosos residentes em uma
instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano.........................42
17
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Número absoluto da população residente na instituição de longa
permanência para idosos, conforme parâmetros de faixa etária...............................32
Figura 2- Prevalência de comorbidades em idosos internos da instituição de longa
permanência para idosos no recôncavo baiano.........................................................34
Figura 3- Frequência de princípios ativos mais prescritos para os pacientes da
instituição de longa permanência para Idosos no recôncavo baiano.........................36
Figura 4- Classificação quanto à gravidade das potenciais interações
medicamentosas encontradas a partir das prescrições dos internos na ILPI no
recôncavo baiano.......................................................................................................40
Figura 5- Classificação quanto à documentação das potenciais interações
medicamentosas encontradas a partir das prescrições dos internos da instituição de
longa permanência para idosos no recôncavo
baiano................................................................................................. ........................41
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... .......12
2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................15
2.1 AS DOENÇAS CRÔNICAS NA POPULAÇÃO IDOSA ....................................... 15
2.2. A POLIFARMÁCIA EM IDOSOS ....................................................................... 16
2.3 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS NO PACIENTE IDOSO ............................ 18
2.4 CLASSIFICAÇÃO DAS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS.............................24
2.4.1 Interações farmacêuticas ou físico-química.................................................24
2.4.2 Interações farmacodinâmicas ...................................................................... 25
2.4.3 Interações farmacocinéticas ........................................................................ 26
2.5 INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA ADAPTADA AO PACIENTE IDOSO............27
3 METODOLOGIA.....................................................................................................30
3.1 TIPO E LOCAL DO ESTUDO...............................................................................30
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRAGEM ....................................................................... 30
3.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA .................................. 30
3.4 CRITÉRIOS ÉTICOS ......................................................................................... 31
3.5 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................... 31
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................32
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................52
REFERÊNCIAS..........................................................................................................54
APÊNDICE A - FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS.........................................61
12
1 INTRODUÇÃO
As mudanças fisiológicas e metabólicas nos idosos, devido ao avanço da
idade, tornam-se mais comprometedoras com a ampla utilização de medicamentos
em associação e devido às limitações metabólicas que podem levar ao aumento da
meia vida de fármacos, bem como diminuição da eliminação e aumento da
toxicidade, gerando prejuízos à saúde desses indivíduos ou podendo até mesmo
levar a óbito (OSLON, 2013).
De acordo com Hammes (2008), o conceito de interação medicamentosa
baseia- se na resposta farmacológica oriunda da interferência ou alterações de um
determinado medicamento, alimento ou qualquer substância química sobre o efeito
de outro medicamento, devido a administração de uso concomitantemente. Nesse
sentido, a presença do profissional farmacêutico se torna essencial e indispensável,
possibilitando adotar estratégias e planos para a detecção e prevenção das RAMs,
elaborar uma avaliação cuidadosa e monitorar esses pacientes, promovendo
melhorias na qualidade de vida e recuperação da saúde. Algumas reações adversas
são explicadas por fatores farmacodinâmicos, tais como sensibilidade exacerbada
de órgãos ou tecidos-alvo, ou por interação medicamentosa (STORPIRTIS et al.,
2008).
De acordo com Freitas et al. (2013), as interações medicamentosas são
decorrentes do uso amplo de medicamentos e podem ser definidas como eventos
clínicos negativos, onde os efeitos de um fármaco podem provocar alterações na
intensidade dos efeitos farmacológicos de outro fármaco, o que pode resultar em
uma ação reduzida, potencializada, anulada ou causar risco de toxicidade. Diversos
fatores favorecem o surgimento dessas interações, porém é preciso analisar as
manifestações clínicas no paciente, a dose utilizada dos medicamentos e observar o
perfil dos exames laboratoriais.
Para minimizar os riscos dos resultados negativos da terapia, a prática da
Atenção Farmacêutica (AF) se faz necessária, pois o farmacêutico se responsabiliza
não só pelos medicamentos, como é corresponsável pela terapia medicamentosa do
paciente. Assim, esse profissional estará envolvido desde o uso dos medicamentos
até a detecção e prevenção das RAMs (ANGONESI; SEVALHO, 2010). Assim, a AF
compreende a tomada de decisões, monitoramento do paciente, fornecimento de
13
informações, dispensação e adesão da terapia medicamentosa, contribuindo no uso
racional de medicamentos.
A utilização do uso de diversos medicamentos constitui-se hoje como uma
prática comum entre a população idosa, levando significativamente o risco de sofrer
um problema relacionado a medicamentos (PRMs), riscos que contribuem para o
desenvolvimento da ocorrência de reações adversas e interações medicamentosas,
sendo assim, levaram-nos a interrogar sobre esses riscos, formulada na seguinte
questão: Quais as potenciais interações medicamentosas em pacientes de uma
Instituição de Longa Permanência para Idosos no Recôncavo Baiano?
O desenvolvimento desse trabalho justifica-se pela relevância das questões
que envolvem os idosos, visto que, as consequências do amplo uso de
medicamentos, aumentam a probabilidade de um evento adverso associado aos
medicamentos, tendo a polifarmácia como principal agente protagonista e que RAMs
bem como as interações medicamentosas (IM) estão diretamente correlacionadas,
estando frequentemente associados a resultados negativos na terapia. Neste
sentido, buscou-se analisar o impacto desses elementos na saúde do idoso e a
necessidade de realizar investigações e acompanhamento desse segmento
populacional, com a finalidade de contribuir para uma terapia efetiva.
Estudos nacionais mostram uma variação que vai de 15,97% a 36%
relacionado à prática da polifarmácia, atingindo em até 62,8% desses idosos
(SMANIATO; HADDAD, 2013; GOULART et al., 2014). No entanto, é certo que o uso
de seis ou mais medicamentos eleva em grande proporção a probabilidade e a
gravidade de interações medicamentosas (CARVALHO et al., 2012).
O risco de RAMs com o uso concomitante de dois fármacos é de 13%, valor
que chega a 58% quando se administram cinco medicamentos, e alcança 82%
quando esse número chega a sete ou mais (VARALLO et al., 2012). Além do risco
de RAMs, deve-se ressaltar que quanto maior o número de fármacos prescritos em
conjunto, maior a chance da ocorrência de interações medicamentosas.
Como consequências das interações medicamentosas, geralmente se
traduzem em reações adversas ou toxicidade a um tecido ou sistema específico, ou
ainda pode aumentar ou diminuir a eficácia na atividade terapêutica. Quanto mais
fármacos o paciente estiver utilizando, maiores serão as chances de ocorrer
interações entre eles.
14
Diante do exposto, o objetivo geral desse trabalho foi identificar as potenciais
interações medicamentosas em pacientes de uma instituição de longa permanência
para idosos no Recôncavo Baiano através de análise de prontuários. Para alcançar
o objetivo geral, foram delimitados os seguintes objetivos específicos: verificar e
quantificar os medicamentos utilizados pelos idosos; identificar as comorbidades dos
pacientes e sua importância para o agravamento das interações medicamentosas e
classificar as potenciais interações medicamentosas envolvendo os medicamentos
das prescrições médicas.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. AS DOENÇAS CRÔNICAS NA POPULAÇÃO IDOSA
O processo de envelhecer vem acompanhado de mudanças significativas nos
padrões de morbimortalidade, passando a haver um predomínio de doenças
crônicas. De acordo com Pimenta et al. (2013), os idosos passam a enfrentar o
impacto e as consequências que as doenças crônicas degenerativas causam, como
incapacidades, dependências no uso de medicamentos para tratamento, alterações
na capacidade funcional e a autonomia desses indivíduos ficam cada vez mais
comprometidas. Os idosos apresentam alta prevalência de comorbidades, as quais
podem comprometer seu organismo, e isso pode afetar diretamente no diagnóstico.
É necessário um olhar diferenciado para essas questões e discutir os tipos de
intervenções que colocadas em prática ajudariam esses pacientes a ter uma
melhora na qualidade de vida.
De fato, essas doenças crônicas são de grande prevalência nesse grupo
etário. No entanto evidências científicas apontam para que a inserção da família
neste processo é de fundamental importância, a fim de que as atividades de
promoção a saúde e prevenção de agravos sejam seguidas, sendo uma forma de
aumentar a confiança do idoso no serviço de saúde e que a organização familiar e
suas interações influenciam diretamente no sucesso do tratamento das DCNT
(Doenças Crônicas Não Transmissíveis (RISSARDO et al., 2012; BARRETO;
MARCON, 2014).
Outros fatores também estão associados ao desenvolvimento de doenças
crônicas, que podem ser classificados em três grupos: hereditários,
socioeconômicos e comportamentais. As doenças hereditárias são caracterizadas
por serem transmitidas de geração para geração, possuindo uma lenta progressão e
longa duração. Destacam-se como fatores de risco comportamentais, alimentação
inadequada com a ingestão elevada de alimentos fonte de gorduras; açúcar e sódio;
obesidade; sedentarismo; tabagismo e consumo abusivo de bebidas alcoólicas. Há
evidências científicas de que esses fatores causam a maioria dos novos casos de
Diabetes Mellitus (DM) e aumentam o risco de complicações em pessoas diabéticas.
Fica evidente no Brasil que a mortalidade decorrente dessas doenças crônicas é
16
marcante entre indivíduos que possuem um baixo nível socioeconômico (MENEZES
et al., 2014).
A duração da doença e o seu controle interagem com outros fatores de risco,
denominados comorbidades, como hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes
mellitus, dislipidemia e obesidade, que determinam o curso da doença. Em longo
prazo, por exemplo, a hiperglicemia provoca alterações e complicações crônicas,
como: retinopatia diabética, que pode levar à perda de visão, nefropatia diabética,
que pode levar à falência renal; neuropatia periférica, que aumenta o risco de
úlceras nos pés (podendo evoluir para amputação), doenças coronarianas e
doenças cardiovasculares (FERREIRA et al., 2013).
Conforme Torres, Pereira e Alexandre (2011), é fundamental que o indivíduo
portador de doenças crônicas adote estratégias individuais e habilidades de
autocuidado que permitam o controle da doença. Quanto maior o nível de acesso à
informação e ao conhecimento sobre suas patologias, maior será o cuidado
existente. O profissional poderá também instituir medidas que permitirão o paciente
realizar atividades físicas e aderir a uma alimentação saudável e de qualidade, o que
refletirá diretamente na melhoria da sua qualidade de vida.
2.2 A POLIFARMÁCIA EM IDOSOS
A questão da adesão à terapia se torna importante quando se trata dos
idosos. A maioria dos idosos consome pelo menos um medicamento e, boa parte
deles, consomem cinco medicamentos ou mais concomitantemente, ocasionando
possíveis erros ou desfechos negativos. Devido ao crescente número de patologias
existentes, os idosos vêm sendo considerados o grupo etário mais medicalizado
atualmente na sociedade. A quantidade de medicamentos utilizados varia de acordo
com cada indivíduo e sua necessidade, oscilando entre dois, cinco ou mais. Entre os
fatores de uso estão a idade avançada, falta de apoio familiar, adequação ao
medicamento, alterações fisiológicas, metabólicas e fatores culturais (ROZENFELD,
2003).
Como consequências dessas semelhanças de rótulos e padronizações de
embalagens entre os medicamentos, ocorrem erros, que poderiam ser prevenidos e
evitados, é essencial mobilizações e ações da indústria farmacêutica que auxiliem
nesse aspecto. A segurança do paciente envolve, a prevenção de erros no cuidado
17
e a eliminação de danos causados aos pacientes por tais erros. A promoção de
ações sobre a questão da padronização de embalagens, rótulos de medicamentos, é
de extrema importância para que possa desempenhar melhoria na segurança da
utilização dos medicamentos. Uma realização nessas padronizações evitaria
similaridade entre medicamentos, embalagens adequadas de acordo a cada
fármaco e rótulos com cores diferentes para manter um padrão adequado e
diferenciado. Erros são plenamente evitáveis, e um deles, é desenvolver melhorias
em alguns medicamentos, passando por um processo rigoroso, para que não sejam
confundidos (LOPES et al., 2012).
Os idosos institucionalizados normalmente apresentam diversas patologias e,
por esse motivo, acabam fazendo uso de um elevado número de medicamentos.
Este acontecimento merece atenção, devido às alterações fisiológicas provocadas
pelo envelhecimento e aos efeitos que poderão ser desencadeados. Por outro lado,
uma parcela desses idosos utiliza medicamentos que não necessários na terapia,
podendo comprometer a segurança e a qualidade de vida desta população (RIBAS;
OLIVEIRA, 2014).
O número de medicamentos consumido por essa população idosa, torna-se o
principal fator para o surgimento de iatrogenias. Os idosos residentes em Instituições
de Longa Permanência (ILPIs) são, portanto, aqueles com riscos aumentados, por
apresentarem mais doenças limitantes e pré-disposição à fragilidade e à baixa
funcionalidade dos órgãos. Dentre os principais fatores associados à polifarmácia
nos idosos institucionalizados estão a presença de demência, o número de
diagnósticos de DCNTs e o tempo de internamento. Nos idosos que vivem na
comunidade, a idade e o gênero são os principais fatores relacionados ao uso de
múltiplos medicamentos (LUCCHETTI et al., 2010). Determinados medicamentos
estão associados também a um maior risco de quedas nessa população, devido à
capacidade de alguns fármacos provocarem efeitos secundários como sonolência e
tonturas, situações essas que acabam afetando a autonomia desses pacientes
(COUTINHO; SILVA, 2002).
Há uma prevalência do sexo feminino quanto a utilização de medicamentos e
isso também está associado com o processo de envelhecimento. As mulheres, na
grande maioria, utilizam mais medicamentos do que os homens, o que leva a uma
maior exposição desse grupo ao aparecimento de efeitos colaterais e eventos
adversos. O uso de terapias complexas e os avanços nos cuidados à saúde
18
possibilitam estender a vida desses indivíduos. Além disso, a maior expectativa de
vida das mulheres, em relação aos homens, associa-se ao menor consumo de
álcool e tabaco e às diferenças de atitudes relacionadas a patologias e à busca por
cuidados (RAMOS et al., 2011; MOSCA et al., 2013). Nesse sentido, o
acompanhamento com profissional médico é relevante, porque ele fará a devida
avaliação com o paciente, verificando suas reais necessidades e prescrevendo
medicamentos que realmente servirão para compor seu tratamento.
Conforme Nóbrega e Karnikowski (2004), devido ao aumento no número de
alternativas terapêuticas, alguns aspectos relacionados à terapêutica são
importantes na população idosa, em razão do nível de fragilidade, alterações
fisiológicas e comorbidades associadas. De todos os parâmetros farmacológicos,
que envolvem a farmacocinética e a farmacodinâmica, talvez a excreção e o
metabolismo sejam os mais afetados. Essas alterações e mudanças nas funções
fisiológicas não devem ser desconsideradas, visto que podem levar a uma maior
sensibilidade tanto nos efeitos terapêuticos quanto efeitos adversos causados pelos
medicamentos.
Para Cassoni et al. 2014, os critérios de avaliação da adequação dos
medicamentos consumidos por esses idosos merecem ser melhor observados, pois,
tanto a utilização dos Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) quanto dos
medicamentos controlados, se usados de maneira inapropriada, aumentam os riscos
de eventos adversos, agravando doenças até preexistentes no paciente idoso e
prejudicando de forma significativa o seu tratamento. Os MIPs são medicamentos
adquiridos facilmente e, se consumidos exageradamente, podem causar danos
graves a órgãos como rins e fígado além de causar intoxicações, uma vez que o fato
de não necessitar de prescrição médica induz os indivíduos a utilizarem com
frequência esses medicamentos.
2.3 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS NO PACIENTE IDOSO
As Interações Medicamentosas (IMs) são consideradas como eventos que
podem ser evitados, no entanto, é importante também para avaliar o risco e o
benefício das alternativas terapêuticas. Os fatores evitáveis incluem aqueles
resultantes do uso inapropriado de medicamentos e com a administração correta
desses medicamentos, dosagem correta, a maioria das interações e os efeitos
19
negativos podem ser evitados. Diante disso, os profissionais de saúde devem estar
atentos a tais eventos clínicos, analisar todo plano de cuidado do paciente e, em
ocasiões de risco, estarem prontos para alterar o plano terapêutico e não gerar
danos à saúde desses indivíduos (MONTEIRO; MARQUES; RIBEIRO, 2007).
A exposição do organismo devido ao uso de medicamentos se faz muitas
vezes necessária. A polifarmácia, nesse contexto, pode diminuir os efeitos negativos
ao organismo diante das condições físicas e mentais desta população (NEVES et
al., 2013). Destaca-se a importância de estar atento aos efeitos medicamentosos no
organismo idoso, priorizar tratamentos, identificar e reduzir o uso de medicamentos
simultâneos que põe essa população em risco, além de buscar conhecer as
possibilidades de interações medicamentosas.
Comparados a outros grupos etários, os idosos, por apresentarem maior
incidência de patologias decorrentes do envelhecimento, necessitam fazer uso de
uma quantidade maior de medicamentos quando comparados a pessoas jovens. O
uso desses múltiplos fármacos pode desencadear RAMs e IMs. As IMs são
alterações no efeito de um fármaco devido à ingestão simultânea de outro fármaco,
interferindo na sua ação farmacológica (MABIELLI et al., 2014). Devido a suas
peculiaridades, os idosos recebem múltiplos fármacos, aumentando assim o
potencial risco para a ocorrência de interações medicamentosas, tornando esses
idosos suscetíveis a morbidade e mortalidade, sendo que esse potencial aumenta
com o avanço da idade, com o número de medicamentos em uso e com o número
de prescrições provenientes de vários médicos que cuidam do mesmo indivíduo
(BUENO et al., 2012).
A polimedicação torna-se um risco maior atrelado à terapia e prejudicando na
qualidade do tratamento. A possibilidade da ocorrência de interações
medicamentosas pode aumentar os efeitos indesejados, elevando a um alto
potencial de risco, refletindo negativamente na saúde do idoso e até mesmo
evoluindo para a morte do indivíduo (LANDI et al., 2005).
A população idosa tem as suas particularidades, pois os indivíduos
apresentam alterações na massa muscular, pouca ingestão de líquidos e alterações
no metabolismo hepático, o que pode alterar a farmacocinética e a farmacodinâmica
de diversos fármacos, levando ao acúmulo de substâncias tóxicas no organismo
com um risco aumentado de ocorrência de IM e de RAMs. Diante dessa situação se
torna inevitável o aumento no consumo de medicamentos pelos idosos, porém é
20
importante ser avaliado cada caso para que possa ser realizado o melhor tratamento
para esses pacientes (ACURCIO et al., 2009).
As interações medicamentosas potenciais acontecem quando existe a
possibilidade de um medicamento alterar a ação farmacológica de outro
medicamento administrado simultaneamente. A interação pode ocorrer ou não, o
que dependerá de alguns fatores, tais como alterações no teor de tecido adiposo
total, teor de água total, produção de suco gástrico, esvaziamento gástrico,
diminuição da irrigação renal, filtração e secreção tubular e redução do fluxo
sanguíneo e das atividades enzimáticas no fígado. Tais fatores prejudicam a rotina
desses idosos e repercutem de uma forma negativa (TATRO, 2006).
As principais alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas associadas ao
processo de envelhecimento estão resumidas no quadro abaixo.
21
Quadro 1- Alterações de parâmetros farmacodinâmicos e farmacocinéticos associadas ao processo de envelhecimento na população idosa.
Aspectos farmacodinâmicos
- Maior sensibilidade a agentes que deprimem o sistema nervoso central (como analgésicos opioides,
hipnóticos e sedativos).
- Modificação do número ou afinidade de receptores, especialmente no sistema nervoso central.
Aspectos farmacocinéticos
Absorção
- Redução de acidez gástrica, prejudicando a absorção oral de ácidos
fracos, como cetoconazol.
Distribuição
- Alterações devido à redução da massa corporal magra, albumina sérica e
água corporal total e aumento na percentagem de gordura corporal;
Diminuição de volume de distribuição² de fármacos hidrossolúveis,
aumentado sua concentração sanguínea;
Aumento de volume de distribuição de agentes altamente
lipossolúveis, como diazepam, com consequente queda da
concentração plasmática e prolongamento do tempo de
eliminação.
- Redução da albumina sérica, principal sítio de ligação para fármacos de
natureza ácida (como barbitúricos, benzodiazepínicos, opioides), com
aumento de sua fração livre e eventual risco de toxicidade.
Biotransformação
- Decréscimo de depuração de fármacos que dependem de reações
oxidativas de fase I (como barbitúricos, clordiazepóxido, alprazolam,
diazepam, flurazepam), com aumento da meia-vida³.
Excreção
- Necessidade de redução de doses ou aumento do intervalo de
administração devido ao aumento de meia-vida.
Eliminação
- Aumento da meia-vida de eliminação, em consequência do maior volume
aparente de distribuição (para agentes lipossolúveis) ou redução da
depuração renal e metabólica.
Fonte: Adaptado de Fuchs e Wannmacher (2010, p. 1172).
____________________________ ² O volume de distribuição de um fármaco reflete a extensão em que ele está presente nos tecidos extravasculares, exceto no plasma (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012, p. 30). ³ Meia-vida é o tempo necessário para que a concentração plasmática seja reduzida em 50% (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012, p. 33).
Dentro desses critérios relacionados ao elevado número de medicamentos
por prescrição, observou-se no trabalho citado indicadores altos, onde cada
prescrição apresentava em média de seis a dez medicamentos, sendo que o
recomendável e mais seguro é que as prescrições contenham entre três e quatro
22
medicamentos distintos, a fim de se evitar eventos adversos como as interações
medicamentosas (FERREIRA et al., 2016).
Tabela 1: Estimativa do índice de interações medicamentosas aos idosos residentes institucionalizados.
Fármaco Interações Percentual Total %
Nifedipino
Captopril
Propranolol
Metildopa
Fenitoína
Insulina
26,65%
Diclofenaco
Anti-hipertensivo
Diurético
Hipoglicemiantes orais
Diurético poupador de
potássio
Ácido Acetilsalicílico
Insulina
17,76 %
Fenitoína Diurético
Fenitoína
Diurético
4,44%
Hipoglicemiantes Orais
Clorpromazina
2,22%
Fenobarbital
Ácido valpróico
Neurolépticos
Metoclopramida
13,32%
Espironolactona Digoxina 2,22%
Benzodiazepínicos
Furosemida
Ácido valpróico
Trifluoperazina
Benzodiazepínicos
Omeprazol
Neurolépticos
28,86%
23
Tabela 1: Estimativa do índice de interações medicamentosas aos idosos residentes institucionalizados (Continuação).
Fármaco Interações Percentual Total %
Benzodiazepínicos
Hipnóticos
Anestésicos
Antidepressivos 28,86%
Ácido Acetilsalicílico (AAS)
Fenitoína
Cilostazol
Antiácidos
Ranitidina
Ácido Valpróico
17,76%
Fenotiazínico
Ácido Valpróico
Biperideno Anti-
histamínicos H1
Metoclopramida
22,22%
Metoclopramida
Paracetamol
Antidepressivo
Morfina
Insulina
11,11%
Clorpromazina
Paracetamol
Anticolinérgicos
Hipoglicemiantes Orais
6,66%
Fenitoína Dipirona 2,22%
Neurolépticos
Ácido Valpróico
Anestésicos
4,44%
Furosemida
Digoxina
Insulina
4,44%
Dipirona
Hipoglicemiante Oral
Derivado de
Sulfonilureia
6,66%
Hipnóticos Anti-histamínico H1 2,22%
Fonte: ALECRIM et al., 2016.
Interações medicamentosas relevantes podem ser avaliadas em uma ILPI
(Instituição de longa permanência para idosos), por meio do monitoramento
24
realizado por uma equipe multidisciplinar capacitada e bem preparada (SMANIOTO;
HADDAD, 2013). Frente a essas ocorrências, considera-se importante que seja
realizada uma avaliação individual dos idosos residentes e de sua farmacoterapia
para obter dados mais relevantes de cada idoso e poder realizar um esquema
terapêutico seguro. As consequências da polifarmácia e a presença de três ou mais
diagnósticos promovem o aumento da procura destes indivíduos por diversas
especialidades médicas. Tal fato constitui um fator de risco a amplia a chance para a
ocorrência de Interações Medicamentosas e expõe este grupo a riscos potenciais
em virtude da irracionalidade do uso de medicamentos que, como consequência,
pode desenvolver uma série de complicações sérias, tornando-se um dos principais
problemas da terapia medicamentosa no idoso (SPRIET et al., 2009).
Para Bechi (2015), o uso abusivo de medicamentos acaba por não permitir
identificar as IMs, uma vez que podem ser mascaradas pelas alterações fisiológicas,
comorbidades, e, algumas vezes, até confundidas com efeitos adversos próprios de
um dos medicamentos, levando a um agravamento do estado de saúde do paciente
e mascarando sintomas de doenças graves. Os idosos são mais suscetíveis aos
eventos adversos e às interações medicamentosas, uma situação que evidencia um
importante problema de saúde pública no país, que deve ser cuidadosamente
acompanhado pelos profissionais de saúde.
2.4 CLASSIFICAÇÃO DAS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
As interações medicamentosas podem ser classificadas de acordo com o seu
mecanismo de interação, em interação farmacêutica (físico-química),
farmacodinâmica ou farmacocinética.
2.4.1 Interações Farmacêuticas ou físico-química
A interação farmacêutica (físico-química) ocorre quando dois medicamentos ou
mais interagem por mecanismos físico-químicos. Interações farmacêuticas ou
incompatibilidade medicamentosa são físico-químicas e ocorrem in vitro, antes da
administração do medicamento no organismo, porém, podem acontecer durante o
preparo, com a mistura de dois ou mais medicamentos na mesma solução ou entre
25
os veículos adicionados, pode ocorrer turvação ou precipitação nessa mistura
(HOEFLER, 2008).
Vários fatores estão associados a incompatibilidades entre os fármacos.
Quanto à forma de ação, pode resultar em alterações visíveis na mistura
(precipitação, turbidez, viscosidade, mudança de cor, liberação de gás) e pode
ocorrer a degradação do fármaco por reações de decomposição hidrólise, oxidação
e reações químicas covalentes (KANJI et al., 2010).
Antagonistas químicos, são fármacos que formam uma ligação química com o
agonista reduzindo assim a sua eficácia. Os antagonistas químicos inativam o
agonista antes de ele ter a oportunidade de atuar (por exemplo, através de
neutralização química); os antagonistas fisiológicos produzem um efeito fisiológico
oposto àquele induzido pelo agonista. Outro exemplo desses é o sulfato de
protamina, utilizado para terminar o efeito da heparina por meio de ligações iônicas e
o agente quelante dimercaprol, utilizado para tratamento envenenamento por
arsênico (GOODMAN; GILMAN, 2012).
2.4.2 Interações Farmacodinâmicas
As interações farmacodinâmicas, mais previsíveis devido ao conhecimento
farmacológico dos mecanismos de ação dos princípios ativos, podem levar ao
aumento (sinergismo), diminuição ou bloqueio (antagonismo) da ação farmacológica.
O aumento da ação de agonistas pode ocorrer devido à interação dos
medicamentos envolvidos nos mesmos receptores ou enzimas. A diminuição ou
bloqueio da atividade farmacológica ocorre quando há competição dos
medicamentos e antagonistas pelo(s) mesmo(s) receptor(s) ou enzima(s). Os últimos
devem ter maior afinidade. Por exemplo as interações entre agonista e antagonista
adrenérgico ou interações sobre o sistema de controle fisiológico, quando duas ou
mais substâncias, mesmo agindo em receptores distintos, produzem seu efeito em
um mesmo sistema fisiológico, como por exemplo os vasodilatadores e os diuréticos
que atuando por mecanismos diferentes vão diminuir a pressão arterial. Os efeitos
secundários de várias drogas podem ser resultado de interações farmacodinâmicas.
(SECOLI, 2010).
O sinergismo corresponde à resposta farmacológica e/ou toxicológica maior
do que a soma dos efeitos separados de cada um dos medicamentos envolvidos. O
26
uso concomitante de epinefrina e efedrina promove efeito aditivo, ou seja, os
estímulos adrenérgicos são maiores do que quando administrados separadamente.
Por outro lado, a potencialização da ação antiagregante plaquetária (ácido
acetilsalicílico e clopidogrel), anticoagulante (varfarina e heparina) e dos anti-
inflamatórios não estoroidais (ibuprofeno e naproxeno) ocorre com o uso simultâneo
desses medicamentos com a Ginkgo biloba, existindo, com isso, um aumento no
risco de hemorragia (NICOLETTI et al., 2007).
Um antagonista fisiológico ativa ou bloqueia mais comumente um receptor
que medeia uma resposta fisiologicamente oposta àquela do receptor do agonista.
Por exemplo, no tratamento do hipertireoidismo, os antagonistas beta-adrenérgicos
são utilizados como antagonistas fisiológicos para reverter o efeito de taquicardia do
hormônio tireoidiano endógeno. Embora o hormônio tireoidiano não produza seu
efeito de taquicardia através de estimulação beta-adrenérgica, o bloqueio da
estimulação beta-adrenérgica pode, entretanto, aliviar a taquicardia causada pelo
hipertireoidismo (GOODMAN; GILMAN, 2012).
2.4.3 Interações Farmacocinéticas
A interação farmacocinética acontece quando um fármaco altera a absorção,
distribuição, metabolização e excreção de outro fármaco (OGA; BASILE;
CARVALHO, 2002). Em cada processo farmacocinético pode haver a ocorrência de
interações medicamentosas, conforme descrito a seguir. O processo de absorção
corresponde à transferência do medicamento do local de administração para a
corrente sanguínea. Tais fatores influenciam na absorção (retardo, redução ou
aumento) de um medicamento quanto utilizado concomitantemente com outros
(SECOLI, 2010). Por outro lado, os medicamentos que tendem a aumentar a
absorção dos agentes coadministrados são os laxativos e os antagonistas
dopaminérgicos. Vômitos e diarreias alteram a velocidade do esvaziamento gástrico,
e consequentemente prejudicam a absorção. Por outro lado, a constipação leva ao
aumento da absorção.
A distribuição corresponde ao processo de deslocamento do medicamento da
circulação sistêmica aos tecidos e depende da quantidade de distribuição aparente
do medicamento e de sua fração ligada às proteínas plasmáticas. Dentre os
exemplos de interações que ocorrem nesta fase, pode-se citar a interação entre o
27
hidrato de cloral e a varfarina; o primeiro ocasiona o deslocamento do segundo de
seus sítios de interação nas proteínas plasmáticas (KAWANO et al., 2006).
A biotransformação de medicamentos é o processo pelo qual os mesmos
tornam-se mais hidrossolúveis, ocorre principalmente pelas enzimas microssomais
hepáticas, as dos sistemas do citocromo P450, das colinesterases e das
monoaminoxidases (MAO) (SECOLI, 2010). A diminuição da taxa de
biotransformação de um princípio ativo, quando em interação com outros
medicamentos, pode gerar tolerância ou sensibilidade, além da possibilidade de
ocorrer reações cruzadas. Deste modo, a demora na biotransformação de uma
droga pode repercutir no metabolismo e na ação farmacológica de outras drogas
que utilizam a mesma via metabólica, e ocasionar situações indesejadas,
especialmente em pacientes com distúrbios hepáticos ou renais.
Os rins e os pulmões são principais órgãos responsáveis pela excreção de
fármacos, porém estes podem ser eliminados também pela saliva e suor, leite
materno, entre outras (GILMAN; GOODMAN, 2010). O rim é o órgão mais
importante para a excreção de fármacos absorvidos pelo TGI (Trato gastrointestinal),
embora este processo ocorra também pelo trato biliar e fezes. Os pulmões são
importantes para eliminação de vapores e gases anestésicos. Por exemplo, em
administração conjunta, o bicarbonato leva à diminuição da excreção de narcóticos
(morfina), devido à alcalinização da urina. Por outro lado, a vitamina C leva ao
aumento da taxa de excreção dos mesmos, devido à acidificação urinária (SECOLI,
2010). Outro exemplo interessante é o aumento da toxicidade do Li+ (Lítio), quando
administrado simultaneamente com furosemida; este diurético atua sobre o
transporte renal de Na+ (Sódio) e promove a retenção do Li+ (Lítio) com consequente
toxicidade (KAWANO et al., 2006).
2.5 INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA ADAPTADA AO PACIENTE IDOSO
A intervenção do farmacêutico é um método eficiente para melhorar a
obtenção de resultados clínicos e econômicos, prevenindo ou resolvendo questões
farmacoterapêuticas de maneira sistematizada e documentada, tudo organizado de
acordo as necessidades e a colaboração do paciente também é importante nesse
momento, contudo, o envolvimento da equipe multidisciplinar é essencial nesse
contexto (PROVIN et al., 2010). Com a prática da AF, o profissional identifica
28
problemas relacionados aos medicamentos e poderá entrar com um plano de ação e
cuidado através do seguimento farmacotêrapeutico, em que o farmacêutico se
responsabiliza pelo uso de medicamentos por esses usuários, melhorando
significativamente a adesão ao tratamento, obtendo assim uma resposta positiva no
final desse processo (FOPPA et al., 2008).
O aumento de ocorrência da polifarmácia, torna o tratamento mais dificultado
para o idoso, fazendo com que necessite de um cuidado maior para a organização
de administração e horários dos medicamentos, exigindo uma excelente memória.
Deste modo o farmacêutico torna-se um profissional de grande importância perante
a sociedade, atuando junto às equipes de saúde, na melhoria da utilização dos
medicamentos, no esclarecimento de dúvidas e evitando gastos desnecessários (DA
SILVA; MACEDO, 2013).
A população idosa apresenta alta prevalência de comportamentos
considerados prejudiciais à saúde e a grande maioria dos óbitos são ocasionados
por doenças crônicas. A velocidade com que os medicamentos entram no organismo
humano e saem varia amplamente entre diferentes pessoas. Muitos fatores podem
afetar a absorção, a distribuição, o metabolismo, a excreção e o efeito final de
determinada droga. Diferentemente de algumas pessoas que respondem de modo
diverso aos medicamentos por causa de diferenças genéticas ou da ingestão
simultânea de dois ou mais medicamentos que interagem entre si, ou ainda pela
presença de enfermidades que influenciam os efeitos farmacológicos. É importante
estar atentos a esses fatores, pois estes, podem agravar ainda mais a saúde desses
indivíduos (SENGER et al., 2011).
Segundo Yokoyama et al. (2011), é importante fazer uso de tais
medicamentos, quando se fala em tratar problemas de saúde e determinados tipos
de patologias. O uso indevido pode acarretar em dois problemas comuns: o uso de
medicamentos desnecessários ou sem indicação clara para os problemas de saúde
do paciente e até mesmo necessidade de utilizar medicamentos para um problema
de saúde não tratado até aquele momento. A efetividade e os resultados benéficos
são fundamentais no tratamento do paciente. Um medicamento é considerado
efetivo e seguro quando não causa problemas de saúde no paciente, nem agrava
um outro problema de saúde já existente.
De acordo com Silva, Silva e Leal (2009), a educação em saúde é aquela que
se baseia no diálogo e na troca de saberes e na atenção à saúde, sendo algo que se
29
constrói em uma ação intencional, dirigida e orientada para um interesse concreto.
Essa orientação deve ser destinada não só ao paciente idoso, mas também ao seu
acompanhante, familiar, cuidador e, ainda, ao médico prescritor e demais
profissionais de saúde envolvidos diretamente na assistência à saúde. A intervenção
farmacêutica por meio de ações educativas e orientações corretas traz benefícios à
saúde do paciente e ao processo de promoção à saúde.
A educação em saúde é considerada um dos meios para vencer os desafios
impostos aos idosos por conta da idade e do envelhecimento, compreendendo uma
alternativa eficaz e um aprendizado mútuo. A realização de programas de educação
em saúde, sem dúvida, aumenta o nível de conhecimento de toda a equipe que está
qualificada a cuidar desses idosos, garantindo uma atenção e um cuidado
especializado, mostrando a necessidade de contínuo esforço em projetos dessa
magnitude em prol desse segmento populacional (CHRISPINO; ANDRADE, 2010).
30
3 METODOLOGIA
3.1 TIPO E LOCAL DO ESTUDO
Para o presente trabalho, foi realizado um estudo do tipo transversal, de
natureza descritiva quantitativa, baseado na análise documental de prescrições e foi
realizado em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos, no Recôncavo
baiano. A instituição é do tipo filantrópica, que presta serviços à sociedade,
principalmente às pessoas mais carentes, e é voltada para especialidades
geriátricas. Sua estrutura conta com capacidade física ativa de 48 leitos de
internamento, proporcionando aos internos o acompanhamento terapêutico e apoio
psicossocial.
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRAGEM
A população alvo desse estudo foi constituída pelos idosos da instituição de
longa permanência do recôncavo baiano. São 39 pacientes idosos internados, com
idade entre 60 e 96 anos, que compreendem a população desse estudo, sem
distinção de sexo ou escolaridade, porém, foi analisada uma amostra de 25
prontuários (n=25) selecionados por conveniência. A coleta de dados foi realizada no
mês de outubro de 2018. Os critérios de inclusão utilizados para coleta de dados
foram: pacientes com idade igual ou superior a 60 anos e prescrições médicas
contendo dois ou mais fármacos. Os critérios de exclusão, portanto, foram pacientes
com idade inferior ou menor de 60 anos e cujas prescrições médicas contivessem
menos de dois fármacos.
3.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA
Para o presente trabalho, foi realizado um estudo transversal, baseado na
análise documental de prescrições. Inicialmente os prontuários dos pacientes foram
separados por ordem alfabética para melhor obtenção dos dados. As informações
coletadas foram registradas e organizadas em formulários, de modo sistemático,
possibilitando, posteriormente, um melhor aproveitamento na ocasião da análise dos
dados. Os dados foram coletados conforme formulário (APÊNDICE A) elaborado
31
para organização e registro dos mesmos. Após a checagem dos prontuários foi
realizada a busca ativa de informações, nesta segunda fase foram coletadas
informações como: sexo, idade, medicamentos utilizados, quantidade utilizada de
medicamentos, frequência e comorbidades existentes. Terminado o processo de
coleta, as informações foram analisadas com o objetivo de identificar as potenciais
interações medicamentosas.
3.4 CRITÉRIOS ÉTICOS
Foi feita uma solicitação para realização da pesquisa à coordenação da
unidade de saúde. Após esta autorização, o projeto dessa pesquisa foi submetido ao
Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) com aprovação sob o código CAAE n°
97996618.4.0000.5025 (ANEXO A).
3.5 ANÁLISE DOS DADOS
As interações medicamentosas foram identificadas a partir da base de dados
(Micromedex® electronic version), considerando as interações fármaco-fármaco e
fármaco-etanol. As possíveis interações medicamentosas foram classificadas de
acordo com o grau de severidade em: contraindicado, importante, moderada,
secundária e desconhecida. Foram classificadas também quanto à documentação
em excelente, boa, razoável ou desconhecida.
32
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram analisados os prontuários de 25 pacientes de ambos os sexos com
idade igual ou superior a 60 anos, residentes em uma Instituição de Longa
Permanência para Idosos (ILPI), igualmente distribuídos entre alas femininas e
masculinas. Entre os residentes, o percentual de pacientes do sexo feminino foi de
52% e de 48% de pacientes do sexo masculino.
A distribuição dos idosos conforme parâmetros coletados relacionados à faixa
etária de ambos os sexos encontra-se demonstrada na Figura 1.
Figura 1- Número absoluto da população residente na instituição de longa permanência para idosos, conforme parâmetros de faixa etária.
Há uma particularidade quanto à predominância da permanência de idosos do
sexo feminino na instituição, equivalendo ao número máximo de internos, dado que
se assemelha a outras pesquisas realizados com idosos (MARTINS et al., 2015;
SMANIATO; HADDAD, 2013). Esses resultados estão associados à predominância
de pessoas solteiras e viúvas que podem ter contribuído para o processo de
institucionalização, tendo em vista que possivelmente as mesmas viviam sozinhas
antes de morarem na instituição, algumas vezes distantes do convívio familiar e
social. Em algumas situações, quando o idoso vivia com alguém da família ou outras
33
pessoas, a admissão em uma ILPI pode representar uma quebra nos laços
familiares e isolamento social (OLIVEIRA; NOVAES, 2013).
As faixas etárias mais prevalentes compreendem o intervalo de 60-64 e 70-74
anos para ambos os sexos, e a distribuição da faixa etária no intervalo de 60 a 64,
70 e 74 e 75 e 79 anos, foi maior na ala feminina, o que reflete uma estrutura na
qual as mulheres atingem maior longevidade que o homem. Esses dados estão em
concordância com a distribuição proporcional dos sexos por idade, onde a tendência
mundial indica que a diferença entre homens e mulheres se acentua com o
envelhecimento porque, geralmente, os homens morrem mais cedo do que as
mulheres devido à maior exposição a riscos. Esse fato complementa a ideia da
maior probabilidade de as mulheres ficarem viúvas, sozinhas e em situação
econômica desfavorável, levando-as mais frequentemente à institucionalização
(PELEGRIN et al., 2008).
Na figura 2 estão os dados de prevalência de comorbidades em idosos. Foram
encontradas as seguintes prevalências: 21 indivíduos apresentam hipertensão,
sendo 11 do sexo feminino e 10 do sexo masculino, 10 indivíduos apresentam
diabetes mellitus, sendo 07 do sexo feminino e 03 do sexo masculino, 11 indivíduos
apresentam dislipidemia, sendo 06 do sexo feminino e 05 do sexo masculino, 04
indivíduos do sexo masculino relataram ser fumantes e etilistas e 2 indivíduos do
sexo feminino relataram ser fumantes e etilistas, porém fumam e bebem fora da
instituição e nenhum dos indivíduos apresentou insuficiência hepática ou renal. As
mulheres representam maior índice dos sujeitos estudados, totalizando maior
prevalência de comorbidades, como hipertensão, Diabetes Mellitus e dislipidemia,
com a quantidade de patologias que varia de 0 a 5.
As doenças tais como doenças cardiovasculares, hipertensão, acidente vascular
cerebral, diabetes, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, artrite, osteoporose,
depressão, amputações, diminuição da visão e/ou cegueira, entre outras,
transformaram-se nas principais causas de morbidade, incapacidade e mortalidade
em praticamente todas as regiões do mundo, inclusive em países em
desenvolvimento. Uma pessoa idosa pode vir a sofrer alterações de diversas ordens
favorecedoras de condição de fragilidade, muitas vezes associada a uma doença
crônico-degenerativa ou a um quadro de comorbidades, ocasionando maior
vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminem por levar
à morte (MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2009).
34
Figura 2- Prevalência de comorbidades em idosos internos da instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano.
O fato desses pacientes apresentarem essas comorbidades aumenta
consideravelmente os riscos de ocorrência de interações medicamentosas em
função da diversidade de medicamentos utilizados por esse segmento populacional.
A elevada frequência da polifarmácia nos dados encontrados no presente trabalho,
justifica-se em parte pela associação de transtornos mentais, problemas psíquicos,
demência, juntamente com outras comorbidades, levando ao uso de diferentes tipos
de fármacos, tornando a farmacoterapia complexa, devido a vulnerabilidade que
esses idosos são expostos a tantos medicamentos, elevando o risco de ocorrência
de IMs (MOLLER et al., 2014).
Nos dois grupos, a hipertensão, o diabetes e a dislipidemia foram as doenças
que mais prevaleceram. Resultado semelhante foi encontrado em outro estudo
(MAFRA, 2013; FOCHAT et al., 2012), no qual foi avaliado que o motivo desse
elevado índice de comorbidades pode estar relacionado à idade avançada e ao
declínio natural proporcionado pelo processo progressivo do envelhecimento.
Alguns fatores de risco estão associados ao desenvolvimento da hipertensão
arterial, diabetes mellitus e dislipidemia, segundo a literatura, como hereditariedade,
idade avançada, sexo feminino, grupo étnico, menor nível de escolaridade, condição
socioeconômica desfavorável, obesidade, etilismo, sedentarismo e tabagismo.
Alguns desses fatores foram observados na população estudada (Figura 2).
35
De acordo com Moreira e Martiniano (2008), cerca de um terço dos idosos
começam a fazer uso de álcool e tabaco tardiamente, trazendo malefícios e
agravando ainda mais a sua saúde. Contudo, o consumo excessivo de álcool
interfere de várias maneiras na nutrição adequada do idoso, pois compete com os
nutrientes desde sua ingestão até sua absorção. Quanto maior a participação do
álcool na dieta, menor a qualidade nutricional da alimentação.
Em relação ao tabagismo, a mortalidade mundial por doenças associadas ao
fumo atinge cerca de 4,9 milhões de mortes por ano e o hábito de fumar está
particularmente associado ao uso de bebidas alcoólicas, predispondo o indivíduo a
importantes alterações na capacidade visual e cognitiva, sofrimento pessoal,
familiar, alto custo social e implicações em aspectos nutricionais. Estudos
experimentais avaliaram que a nicotina e a exposição à fumaça do cigarro podem
levar à perda de peso e a diminuição do consumo alimentar (CHIOLERO et al.,
2008).
A probabilidade de maior acometimento das doenças crônicas com o avanço
da idade é um resultado esperado, pela característica dessas doenças. Aliado à
ocorrência simultânea a fatores de risco e às mudanças corporais e funcionais
inerentes ao processo progressivo de envelhecimento, esse resultado encontrado
aponta para a necessidade de um cuidado especial voltado a essa fase da vida.
Devido à possibilidade de complicações cardiovasculares, complicações
metabólicas, resultantes do número de comorbidades apresentadas na população
idosa, é importante estudar a interferência da terapia medicamentosa no quadro
clínico desses pacientes. Por esse motivo, foram analisadas as prescrições médicas
no período de 08/10/2018 a 15/10/2018 da amostra total dos prontuários dos idosos
da ILPI e analisou-se a frequência encontrada de princípios ativos nestas
prescrições. Os dados são mostrados na figura 3.
36
Figura 3- Frequência de princípios ativos mais prescritos para os pacientes da instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano.
Para este estudo foi adotado como polifarmácia os casos em que o médico
profissional prescrevia seis ou mais ativos simultaneamente nos receituários dos
idosos, princípios ativos diferentes e de forma que alguns se repetia em diferentes
receituários. Fato observado em 100% da população estudada. Considerando as
prescrições médicas selecionadas para o presente trabalho, o total de fármacos
prescritos nos prontuários foram de 53 fármacos. Cada prescrição médica continha
uma variação de 6 a 10 fármacos, com média de 3 fármacos por prescrição.
Tabela 2- Número de medicamentos prescritos para idosos residentes numa instituição de longa permanência recôncavo baiano.
Medicamentos prescritos
Prescrições
n %
ÁAS 7 4,52%
Ambroxol 2 1,29%
Aminofilina 1 0,65%
Amitriptilina 2 1,29%
Anlodipino 8 5,16%
Arcabose 1 0,65%
Atenolol 2 1,29%
37
Tabela 2- Número de medicamentos prescritos para idosos residentes numa instituição de longa permanência recôncavo baiano (Continuação).
Medicamentos prescritos
Prescrições
n %
Captopril 3 1,94%
Caverdilol 1 0,65%
Cilostazol 1 0,65%
Citalopran 1 0,65%
Clonazepan 6 3,87%
Cloridrato de Amantadina 1 0,65%
Cloridrato de Clorpromazina 6 3,87%
Cloridrato de Hidralazina 1 0,65%
Complexo B 3 1,94%
Diazepan 1 0,65%
Digoxina 1 0,65%
Dipirona 3 1,94%
Domperidona 1 0,65%
Donepezila 2 1,29%
Doxazosina 1 0,65%
Dudasterina + tansulosina 1 0,65%
Escitalopran 3 1,94%
Espironolactona 1 0,65%
Fenitoína 3 1,94%
Finasterida 1 0,65%
Fluoxetina 3 1,94%
Furosemida 3 1,94%
Glibenclamida 1 0,65%
Glimepirida 2 1,29%
Haloperidol 10 6,45%
Hidroclorotiazida 3 1,94%
Insulina NPH 4 2,58%
Isossorbida 1 0,65%
Levodopa + Cloridrato de Benserazida 2 1,29%
Levotiroxina 1 0,65%
Losartana 10 6,45%
Meloxican 2 1,29%
Metformina 7 4,52%
Omeprazol 6 3,87%
38
Tabela 2- Número de medicamentos prescritos para idosos residentes numa instituição de longa permanência recôncavo baiano (Continuação).
Medicamentos prescritos Prescrições
n %
Paracetamol 5 3,23%
Pregabalina 1 0,65%
Prometazina 4 2,58%
Quetiapina 1 0,65%
Risperidona 1 0,65%
Sertralina 1 0,65%
Sinvastatina 13 8,39%
Succinato de metropolol 1 0,65%
Sulfato Ferroso 2 1,29%
Ticagrelor 1 0,65%
Venlafaxina 1 0,65%
Total 155 100,00%
Este resultado confirma a noção que a frequência de medicamentos
prescritos para cada idoso é consideravelmente alta nessa faixa etária, aumentando
progressivamente com a idade, consequentemente está associada ao maior número
de diagnósticos médicos. Com a frequência dos princípios ativos prescritos, pode-se
justificar o fato dos grupos farmacológicos mais prescritos terem correspondido aos
medicamentos anti-hipertensivos como os antagonistas dos receptores da
angiotensina (ex.: losartana) (6,45%); antidiabéticos orais, da classe das biguanidas
(ex.: metformina), (4,52%); antipsicóticos do grupo butirofenonas (ex: haloperidol)
(6,45%); AINEs, anti-inflamatório não-esteroidais (ex: ácido acetilsalicílico) (4,52%);
estatinas, classe dos inibidores da hidroximetilglutaril-coenzima A (ex.: sinvastatina)
(8,39%) e ao grupo dos bloqueadores dos canais de cálcio, classe das
dihidropiridinas (ex: anlodipino) (5,16%). A maior frequência de prescrição para os
representantes dessas classes farmacológicas está relacionada às comorbidades
identificadas na amostra estudada, como hipertensão, diabetes, dislipidemias e
transtornos mentais e a fármacos de uso comum para processos inflamatórios
comuns em pacientes idosos.
Estes dados demonstram a relevância de uma avaliação responsável e
adequada no momento da prescrição de medicamentos para esses idosos e, para
39
isto, é necessária a atuação de uma equipe multidisciplinar, com profissionais
capacitados. Tão importante quanto à prescrição médica é a administração dos
medicamentos prescritos, portanto, se faz necessário o cumprimento da legislação
que exige a permanência de uma equipe de profissionais de saúde nestas
instituições, o que permite um acompanhamento adequado e individualizado
(AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2005). Salientou-se que o uso
em conjunto de medicamentos utilizados para diversos fins sugere o aparecimento
de problemas relacionados à farmacoterapia.
Além das avaliações quanto às prescrições medicamentosas, foram
analisadas as interações medicamentosas potenciais nos prontuários. Das
potenciais interações analisadas, a figura 04 ilustra a porcentagem das interações
encontradas quanto à classificação em gravidade dessas interações.
Segundo a base de dados do sistema Micromedex® Drug Interaction
Checking, as interações medicamentosas são classificadas quanto ao grau de
severidade em contraindicada, importante, moderada, secundária ou desconhecida.
Contraindicada: associação de determinadas drogas cujo uso de forma
concomitante é contraindicado. Importante ou Maior: interações que podem ser
fatais, necessitando muitas vezes de intervenções para prevenir reações adversas
graves. Moderada: interações que podem resultar em agravamento das condições
do paciente, porém podem ser feitas modificações na terapia se necessário.
Secundária ou Menor: interações que podem produzir efeitos clínicos limitados no
paciente, podendo incluir aumento da frequência ou severidade de efeitos colaterais,
porém na maioria das vezes necessitam de alteração da terapia. Desconhecida: o
efeito da interação é desconhecido (OLIVEIRA-PAULA et al., 2014). A figura 4
mostra os dados relacionados à classificação quanto à gravidade das interações.
40
Figura 4- Classificação quanto à gravidade das potenciais interações medicamentosas encontradas a partir das prescrições dos internos na ILPI no recôncavo baiano.
Nas 25 prescrições analisadas, foram observadas 38 interações
medicamentosas potenciais. As interações classificadas como de gravidade
moderada totalizaram 44%, as classificadas como importante totalizaram 41% e sem
interações totalizaram 14%. As interações classificadas como importante e
moderada somam 85% das IMs encontradas e merecem destaque por oferecerem
risco e exposição do indivíduo à ocorrência de prejuízos à farmacoterapia ou
complicações na saúde do paciente. Segundo a literatura, o desenvolvimento de
interações medicamentosas entre idosos que vivem em ILPIs é maior do que entre
aqueles provenientes da comunidade e menor que entre hospitalizados,
considerando-se as respectivas prevalências de 51% (CORRER et al., 2007), 26,5%
(SECOLI et al., 2010) e 80% (ZAKRZEWSKI-JAKUBIAK et al., 2011).
As interações classificadas como importantes ou de gravidade maior, podem
ser fatais ou necessitarem de intervenções para prevenir ou minimizar reações
adversas graves. As interações classificadas como moderadas, podem resultar em
agravamento das condições do paciente ou serem necessárias modificações da
terapia. As manifestações decorrentes dessas interações podem incluir um aumento
elevado na frequência ou gravidade dos efeitos colaterais, já que muitas vezes as
interações medicamentosas são determinadas pela condição clínica do paciente.
Por isso, destaca-se a importância da adoção de procedimentos de manejo clínico
41
com o intuito de evitar ou reduzir a intensidade das interações medicamentosas
durante a condução do tratamento terapêutico (REIS; CASSIANI, 2010).
As interações medicamentosas estabelecidas na tabela 03 foram também
classificadas quanto à qualidade da documentação e mecanismo de interação
através da base de dados do sistema de identificação de interação de
medicamentos, Micromedex® Drug Interaction Checking.
Figura 5- Classificação quanto à documentação das potenciais interações medicamentosas encontradas a partir das prescrições dos internos da instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano.
Nessa classificação, considera-se documentação excelente quando a
existência da interação é claramente estabelecida por estudos controlados; boa,
quando a documentação sugere fortemente a existência da interação, porém faltam
estudos controlados; razoável, quando a documentação disponível é pobre, mas
considerações clinicas farmacológicas levam a suspeitar da existência da interação;
ou a documentação é boa para um medicamento farmacologicamente similar e
desconhecida quando não existem documentações que comprovem a existência da
interação (CERDAZ; DOS SANTOS JUNIOR, 2014).
Em relação ao nível de documentação das interações medicamentosas 7
(18%) foram consideradas excelentes, 11 (29%) foram consideradas boas e 20
(53%) foram consideradas razoáveis.
De acordo com o nível de evidências científicas encontradas, os estudos
sugerem de modo claro a existência de interações medicamentosas potenciais,
42
apresentando impacto clínico quanto a resposta terapêutica, por esse motivo é
necessário que o paciente seja monitorado, pois os mecanismos que envolvem as
interações podem ser rápidos ou tardios, demorar dias ou semanas, ampliando o
potencial dessas interações decorrentes do uso desses fármacos.
Na tabela 3 estão descritas detalhadamente as interações medicamentosas
potenciais encontradas, a classificação de acordo com a sua gravidade, a
classificação das interações e os efeitos que podem causar no paciente.
Tabela 3- Possíveis interações medicamentosas em idosos residentes em uma instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano.
Interação
Gravidade
Efeito da Interação
Classificação da
Interação
Insulina + Metformina
Moderada
A combinação de agentes antidiabéticos orais com insulina pode alterar o metabolismo da glicose, o que pode aumentar o risco de hipoglicemia.
Interação farmacodinâmica
Captopril+
Hidroclorotiazida
Moderada
O uso concomitante do captopril e da hidroclorotiazida pode causar redução excessiva da pressão arterial.
Interação farmacodinâmica
Captopril + Metformina
Moderada
O uso concomitante de captopril e metformina pode resultar em aumento do risco de hipoglicemia.
Interação farmacodinâmica
Hidroclorotiazida +
Insulina NPH
Moderada
O uso concomitante de antidiabéticos e diuréticos pode resultar em aumento do risco de hiperglicemia; aumenta a necessidade do uso de insulina.
Interação farmacodinâmica
43
Tabela 3- Possíveis interações medicamentosas em idosos residentes em uma instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano (Continuação).
Interação
Gravidade
Efeito da Interação
Classificação da
Interação
Quetiapina +
Venlafaxina
Importante
O uso concomitante desse medicamentos podem resultar em aumento do risco de prolongamento do intervalo QT, aumentando assim os riscos de eventos cardíacos graves.
Interação farmacodinâmica
Atenolol + Insulina
Moderada
O uso concomitante da insulina com um bloqueador beta-adrenérgico pode resultar no aumento ou diminuição do efeito hipoglicemiante. Monitorar as doses de glicose.
Interação farmacodinâmica
Paracetamol + Etanol
Importante
O uso concomitante pode resultar em um risco aumentado de hepatotoxicidade.
Interação farmacocinética
Cloridrato de
Clorpromazina + Etanol
Moderada
O uso concomitante pode resultar em aumento da sedação.
Interação farmacodinâmica
Anlodipino + Digoxina
Importante
O uso concomitante desses fármacos pode resultar em aumento do risco de bradicardia e bloqueio cardíaco avançado ou completo.
Interação farmacodinâmica
Anlodipino +
Domperidona
Importante
O uso concomitante de anlodipino e domperidona pode resultar no aumento da exposição a domperidona e um risco aumentado de prolongamento do intervalo QT.
Interação farmacodinâmica
44
Tabela 3- Possíveis interações medicamentosas em idosos residentes em uma instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano (Continuação).
Interação
Gravidade
Efeito da Interação
Classificação da
Interação
Anlodipino +
Sinvastatina
Importante
O uso concomitante pode resultar no aumento da exposição a sinvastatina e aumento no risco de miopatia, incluindo rabdomiólise. Dose da sinvastatina não deve exceder 20mg/dia.
Interação farmacodinâmica
Caverdilol + Digoxina
Importante
O uso concomitante dos fármacos pode resultar em aumento das concentrações da digoxina; aumento do risco de bloqueio cardíaco completo.
Interação farmacodinâmica
Digoxina+
Hidroclorotiazida
Importante
O uso concomitante dos fármacos pode resultar em toxicidade por digitálicos, causando (vômitos, náuseas, arritmias).
Interação farmacodinâmica
Digoxina + Sinvastatina
Moderada
O uso de digoxina e sinvastatina pode resultar em aumento dos níveis de digoxina. Monitorar e ajustar doses da digoxina no paciente.
Interação farmacocinética
Sulfato Ferroso+
Omeprazol
Moderada
O uso concomitante dos fármacos pode resultar na redução da biodisponibilidade do ferro. Monitorar o ferro se caso o omeprazol estiver sendo usado concomitantemente.
Interação farmacodinâmica
45
Tabela 3- Possíveis interações medicamentosas em idosos residentes em uma instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano (Continuação).
Interação
Gravidade
Efeito da Interação
Classificação da
Interação
Atenolol + Metformina
Moderada
O uso concomitante desses fármacos pode resultar no aumento ou diminuição do efeito hipoglicemiante. Monitorar o paciente ou ajustar a dose da metformina.
Interação farmacodinâmica
Cloridrato de
Clorpromazina +
Escitalopran
Importante
O uso concomitante desses fármacos pode resultar em aumento do risco de prolongamento do intervalo QT.
Interação farmacodinâmica
Insulina + Losartana
Moderada
O uso concomitante do losartana com a insulina pode resultar em aumento do risco de hipoglicemia.
Interação
Farmacodinâmica
Cloridrato de
Clorpromazina +
Haloperidol
Importante O uso concomitante desses fármacos pode resultar em um risco aumentado de cardiotoxicidade (prolongamento do intervalo QT, parada cardíaca).
Interação farmacocinética
Cloridrato de
Clorpromazina+
Prometazina
Importante
O uso concomitante dos fármacos pode resultar em aumento do risco de prolongamento do intervalo QT.
Interação farmacodinâmica
Escitalopran + Haloperidol
Importante
O uso concomitante desses fármacos pode resultar em aumento do risco de prolongamento do intervalo QT.
Interação farmacodinâmica
Amitriptilina + Dipirona
Importante
O uso concomitante desses fármacos pode resultar em aumento do risco de sangramento, incluindo hemorragia intracraniana.
Interação farmacodinâmica
46
Tabela 3- Possíveis interações medicamentosas em idosos residentes em uma instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano (Continuação).
Interação Gravidade Efeito da Interação Classificação da
Interação
Dipirona + Losartana
Moderada
O uso concomitante de ambos pode resultar em disfunção renal, como deterioração da função renal ou insuficiência renal aguda e aumento da pressão arterial.
Interação
farmacocinética
Hidroclorotiazida+
Meloxican
Importante
O uso concomitante desses fármacos pode resultar em redução da eficácia diurética e possível de nefrotoxicidade. Monitorar os sinais de agravamento da função renal.
Interação farmacocinética
Arcabose + Glimepirida
Moderada
O uso concomitante desses fármacos pode resultar em aumento do risco de hipoglicemia. Monitorar o paciente quanto a hipoglicemia durante o uso desses medicamentos.
Interação farmacodinâmica
Glimepirida + Etanol
Importante
O uso concomitante de glimepirida e etanol pode resultar em aumento do risco de hipoglicemia.
Interação farmacodinâmica
Escitalopran + Risperidona
Importante
O uso concomitante desses fármacos pode resultar em aumento do risco de prolongamento do intervalo QT.
Interação farmacodinâmica
Haloperidol + Risperidona
Importante
O uso concomitante de ambos pode resultar em aumento do risco de prolongamento do intervalo QT.
Interação farmacocinética
47
Tabela 3- Possíveis interações medicamentosas em idosos residentes em uma instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano (Continuação).
Interação
Gravidade
Efeito da Interação
Classificação da
Interação
Captopril + AAS
Moderada
O uso concomitante desses fármacos pode resultar na redução do metabolismo do ECA.
Interação farmacodinâmica
Escitalopran + Etanol
Moderada
O uso concomitante de escitalopran e etanol pode resultar na potencialização dos efeitos cognitivos e motores do álcool.
Interação farmacodinâmica
Fluoxetina + Ticagrelor
Importante
O uso concomitante de ambos pode resultar em aumento do risco de sangramento.
Interação farmacocinética
Dudasterina+Tansulosina +
Succinato de Metoprolol
Moderada
O uso concomitante de ambos pode resultar em uma resposta hipotensiva exagerada a primeira dose do bloqueador alfa.
Interação farmacodinâmica
Sinvastatina + Ticagrelor
Moderada
O uso concomitante de sinvastatina e ticagrelor pode resultar no aumento das concentrações plasmáticas de sinvastatina. A dose de 40mg de sinvastatina de deve ser evitada.
Interação farmacocinética
Cloridrato de Amantadina +
Biperideno
Moderada
O uso concomitante desses fármacos pode resultar na potencialização dos efeitos anticolinérgicos.
Interação farmacodinâmica
Paracetamol + Fenitoína
Moderada
O uso concomitante paracetamol e fenitoína pode resultar em diminuição da eficácia do paracetamol e aumento do risco de hepatotoxicidade. Evitar grandes doses de paracetamol.
Interação farmacocinética
48
Tabela 3- Possíveis interações medicamentosas em idosos residentes em uma instituição de longa permanência para idosos no recôncavo baiano (Continuação).
Interação
Gravidade
Efeito da Interação
Classificação da
Interação
Aminofilina + Diazepam
Moderada
O uso concomitante desses fármacos pode resultar na diminuição da eficácia dos benzodiazepínicos.
Interação farmacodinâmica
Losartana + Meloxican
Moderada
O uso concomitante desses fármacos pode resultar em disfunção renal ou aumento da pressão arterial. Monitorar a eficácia anti-hipertensiva e avaliar periodicamente a função renal.
Interação farmacodinâmica
Dipirona + Escitalopran
Importante
O uso concomitante de ambos pode resultar em risco aumentado de sangramento intracraniana.
Interação farmacodinâmica
06 prontuários
Sem interações
Sem interações
Dentro dos critérios relacionados ao número de medicamentos prescritos,
foram observados que cada prescrição apresentava uma quantidade de seis a dez
medicamentos, sendo que o recomendável é que as prescrições contenham entre
três e quatro medicamentos distintos, a fim de se evitar possíveis reações adversas
e interações medicamentosas (FERREIRA JR et al., 2016). Durante a análise das
prescrições de cada idoso, foram observadas diversas potenciais interações
medicamentosas, conforme descrito na tabela 3, sendo que após a análise total dos
prontuários, foi identificada no mínimo uma interação medicamentosa em cada
prescrição. Este fato pode estar relacionado ao grande número de medicamentos
contidos em uma única prescrição (JACOMINI et al., 2011).
Destacam-se 38 interações medicamentosas potenciais, sendo 29 interações
farmacodinâmicas, 09 interações farmacocinéticas e 06 prontuários que após
49
análise dos fármacos prescritos não apresentaram interações medicamentosas
potenciais.
Uma interação possível de ocorrer foi entre dipirona e captopril. Segundo
Porto (2011), o uso da dipirona concomitantemente com o captopril pode acarretar
na diminuição do efeito hipotensor e natriurético e o seu uso deve ser avaliado pelo
médico, sendo que estudos clínicos demonstraram que, à semelhança dos AINEs
não seletivos, podem induzir ou agravar a hipertensão arterial sistêmica já existente.
Interações medicamentosas possíveis a ocorrer é a utilização concomitante
de captopril e fármacos neurolépticos (haloperidol). Leonardi et al. (2016) relatam
que a utilização conjunta desses medicamentos pode promover aumento do risco de
hipotensão ortostática. Esta interação poderia ser evitada, com orientações e
mudanças posturais comportamentais, se deitado, não levantar rapidamente,
aguardar alguns minutos e utilizar apoios, como bengalas ou andador, visto que a
hipotensão ortostática é um problema que atualmente atinge uma grande parcela da
população idosa devido à dificuldade do retorno venoso, promovendo sintomas
graves, como tonturas, visão turva e até mesmo perda temporária de consciência
(CECCHIN, et al., 2015).
A interação medicamentosa potencial entre anlodipino e sinvastatina pode
levar ao risco aumentado dos efeitos adversos da sinvastatina, uma vez que o
anlodipino aumenta os níveis séricos da estatina por meio de alterações em sua
farmacocinética. É recomendado o uso de, no máximo, 20 mg de sinvastatina
quando em associação com anlodipino (OSORIO-DE-CASTRO, 2010).
De acordo com Korolkovas 2009, na interação entre a hidroclorotiazida e os
hipoglicemiantes, insulina e metformina, o efeito hipoglicemiante pode ser diminuído
pelo diurético, interação que pode ser responsável por um controle glicêmico
inadequado em pacientes diabéticos, que também fazem uso de terapia diurética
com a hidroclorotiazida.
As potenciais interações medicamentosas encontradas no estudo,
consideradas significantes e com efeitos prejudiciais observadas nas prescrições
aos pacientes sob tratamento anti-hipertensivo (captopril) e AINES (aas). Os anti-
inflamatórios inibem a síntese renal de prostaglandinas ou causam retenção de
fluídos orgânicos e sódio, antagonizando efeitos dos fármacos anti-hipertensivos e
reduzindo o metabolismo do ECA, prejudicando o efeito terapêutico do captopril
(KUIPER et al., 2007).
50
Algumas classes medicamentosas observadas nas informações levantadas a
partir de dados das prescrições dos idosos, chamam atenção pelos efeitos causados
no organismo, como os medicamentos da classe dos benzodiazepínicos (ex.:
diazepam), podem promover sedação com possibilidade de quedas e fraturas.
Antidepressivos tricíclicos (ex: amitriptilina) promovem efeitos anticolinérgicos e
hipotensão ortortostática; antidepressivos (ex: fluoxetina) provocam estimulação do
Sistema Nervoso Central com agitação e distúrbios do sono; Anti-histamínicos (ex:
prometazina) são responsáveis pela promoção de efeitos anticolinérgicos potentes e
sedação prolongada (PASTORINO, 2010).
O estudo apontou a interação entre cloridrato de clorpromazina associado a
prometazina como uma interação potencial importante. Nota-se que o principal efeito
dessa interação é a possibilidade de indução, efeitos que podem resultar em
aumento do risco do prolongamento do intervalo QT (parâmetros
eletrocardiográficos), bem como eventos adversos cardíacos, como a parada
cardíaca. Nessa investigação pode-se observar outra interação relevante entre a
Clorpromazina e Haloperidol, fármacos que em uso concomitante podem aumentar o
risco de cardiotoxicidade (prolongamento do intervalo QT e parada cardíaca). Desse
modo, o risco é aumentado pelo uso simultâneo de múltiplos medicamentos que
induzem o prolongamento por interações medicamentosas, situações que podem
levar a morbimortalidade (VILLAMANÁN; ARMADA; RUANO, 2015).
Na instituição, 03 indivíduos (01 idosa e 02 idosos) faziam uso de bebidas
alcóolicas e algumas interações medicamentosas podem ser agravadas com a
associação do etanol com benzodiazepínicos, antipsicóticos e antidepressivos. Entre
as interações medicamento-etanol foram encontradas interações com clonazepam,
paracetamol, cloridrato de clorpromazina, glimepirida, escitalopran. O etanol é um
modulador alostérico do receptor GABAA, que independe do GABA endógeno e
aumenta o tempo de abertura do canal de cloreto. Sua associação com os
benzodiazepínicos causa interação de potencialização de efeito depressor sobre o
Sistema Nervoso Central, além de comprometer as funções psicomotora e motora;
diminuir a atenção e pode aumentar o risco de depressão respiratória. Além disso, a
interação do etanol com o paracetamol contribui para elevar o risco da
hepatotoxicidade, pois na metabolização do paracetamol é gerado um metabólito
tóxico, o N-acetilp-benzoquinona-imina que deve ser inativado por conjugação com a
glutationa, porém com a sua depleção (mediada pelo acetaldeído) há um acúmulo
51
do metabólito tóxico que reage com constituintes nucleofílicos do hepatócito,
causando danos, lesões hepáticas graves no órgão desses idosos (RANG et al.,
2004).
52
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As interações medicamentosas podem ocasionar vários problemas à
farmacoterapia do idoso como reduzir absorção do fármaco, concentração sérica e
eficácia, causar toxicidade e risco aumentado de hemorragias, resultar em efeitos
maiores e prolongados, resultar em hipotensão postural, interferirem em exames
laboratoriais, resultar em déficits psicomotores, hipoglicemia, hiperglicemia, miopatia,
rabdomiólise, hipercalemia, entre outros, comprometendo o tratamento e a
segurança do idoso, interferindo na sua funcionalidade e na sua qualidade de vida.
Os fatores relacionados a maior ocorrência de potenciais interações
medicamentosas entre as prescrições estudadas foram as seguintes: idade, tempo
na instituição, comorbidades existentes, doenças cardiovasculares e o número de
princípios ativos mais prescritos.
De acordo com as informações relatadas, observa-se o uso simultâneo de
pacientes hipertensos que fazem uso conjunto de diuréticos e anti-hipertensivos, a
associação terapêutica que mostrou-se relevante entre ambos, diuréticos e
inibidores de ECA (captopril + hidroclorotiazida), o que requer dos profissionais da
área de saúde um melhor acompanhamento, principalmente dos idosos, visto que há
riscos maléficos causados pela interação medicamentosa entre as classes anti-
hipertensivos com diuréticos tiazídicos.
Os idosos utilizam um número maior de fármacos devido à alta incidência de
comorbidades como HAS e DM, portanto requerem um cuidado maior na
farmacoterapia desses pacientes internos. No Brasil, a hipertensão arterial sistêmica
por exemplo está associada a ocorrências de doenças cardiovasculares, contudo,
boa parte dos eventos continua a ocorrer em indivíduos normotensos, pois, a maior
parte desse segmento populacional evolui sem problemas hipertensivos. As
potenciais interações medicamentosas encontradas no estudo, com efeitos
prejudiciais observadas nas prescrições aos pacientes sob tratamento anti-
hipertensivo e AINES, os anti-inflamatórios inibem a síntese renal de
prostaglandinas ou causam retenção de fluídos orgânicos e sódio, antagonizando
efeitos dos fármacos anti-hipertensivos e reduzindo o metabolismo do ECA.
Contudo, verifica-se que há necessidade de atenção farmacêutica mais robusta em
esclarecer aos cuidadores e os profissionais de saúde do Lar, sobre a utilização
concomitante das classes de medicamentos citadas neste trabalho.
53
Os achados apontam a necessidade de estratégias direcionadas a segurança
do paciente quanto a ocorrência de potenciais interações medicamentosas, a equipe
de profissionais da área de saúde deve estar comprometida com a adesão e uso
racional dos medicamentos, pois ainda existe um alto índice de uso inadequado de
medicamentos. Também é de extrema importância que os profissionais se atualizem
com estudo frequente sobre eventos adversos e ocorrência de interações
medicamentosas, visando diminuir a prescrição incorreta de medicamentos e a
melhora da qualidade de vida dos pacientes. O monitoramento individual da
farmacoterapia dos idosos torna-se uma demanda que poderia ser viabilizada a
partir da elaboração de estratégias multidisciplinares envolvendo a equipe de saúde,
inclusive com a participação do profissional farmacêutico. O trabalho colaborativo
entre esta equipe implicaria detectar e prevenir problemas relacionados ao uso de
medicamentos que podem causar impactos negativos à saúde dos idosos e,
consequentemente, evitar riscos, qualificar o cuidado e promover o uso racional de
medicamentos nessas instituições.
54
REFERÊNCIAS
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61
APÊNDICE A - FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS
I - Variáveis sócio demográficas:
1 Dados pessoais:
1.1 Número de registro: _____________
1.2 Idade: ________________________
1.3 Sexo: ( ) M ( ) F
2 Variáveis clínicas
2.1 Diagnósticos médico:
-
___________________________________________________________________
____
2.2 Presença de doenças ou outras comorbidades tais como:
( ) Diabetes
( ) Hipertensão
( ) Insuficiência Renal
( ) Insuficiência hepática
( ) Outro _______________________
2.3 Data de internamento: ___________
II – Variáveis farmacológicas:
Data da prescrição: ___/___/___
2 Prescrição Médica
Fármaco Dose Via Aprazamento