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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL ANA CLÁUDIA CISLAGHI MUTTERLE CHIESA DIRETRIZES E AÇÕES PARA A GESTÃO DA COMUNICAÇÃO DA DIOCESE DE CAXIAS DO SUL CAXIAS DO SUL 2015

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

ANA CLÁUDIA CISLAGHI MUTTERLE CHIESA

DIRETRIZES E AÇÕES PARA A GESTÃO DA COMUNICAÇÃO DA DIOCESE DE CAXIAS DO SUL

CAXIAS DO SUL 2015

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ANA CLÁUDIA CISLAGHI MUTTERLE CHIESA

DIRETRIZES E AÇÕES PARA A GESTÃO DA COMUNICAÇÃO DA DIOCESE DE CAXIAS DO SUL

Monografia do Curso de Comunicação Social, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, na Universidade de Caxias do Sul. Orientador Prof. Me. Jacob Raul Hoffmann

CAXIAS DO SUL 2015

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ANA CLÁUDIA CISLAGHI MUTTERLE CHIESA

DIRETRIZES E AÇÕES PARA A GESTÃO DA COMUNICAÇÃO DA DIOCESE DE CAXIAS DO SUL

Monografia do Curso de Comunicação Social, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, na Universidade de Caxias do Sul. Aprovado (a) em: __/__/____.

Banca Examinadora _____________________________________ Prof. Me. Jacob Raul Hoffmann - Orientador Universidade de Caxias do Sul – UCS _____________________________________ Prof.ª. Ma. Adriana dos Santos Schleder Universidade de Caxias do Sul – UCS _____________________________________ Prof. Me. Jaime João Bettega Universidade de Caxias do Sul – UCS

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Dedico este trabalho ao meu esposo, Damian Paulo Chiesa, por ser sinal da comunicação diária do amor em minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Santíssima Trindade, exemplo perfeito do amor,

comunhão e comunicação na minha vida; é ela que me fornece a força e o sentido

para tudo o que eu sou e faço.

Agradeço ao meu esposo Damian Paulo Chiesa, pela compreensão,

companheirismo e motivação, fornecidos principalmente na elaboração desta

monografia e também durante a jornada acadêmica, a qual acompanhou desde a

minha escolha pelo Jornalismo. Agradeço por todas as vezes que me ajudou a

encontrar valor no meu dom de comunicar e a aplicá-lo no estudo, na profissão, na

missão e no nosso relacionamento.

Aos meus pais e irmãs, manifesto minha gratidão pelo zelo e cuidado comigo

durante os cinco anos de faculdade e pela paciência em relação à minha ausência

em casa motivada pelo estudo. Reconhecimento especial ao meu pai pelas

incontáveis caronas nos semestres de inverno e à minha mãe pelo carinho e

compreensão incondicionais. Agradeço aos meus amigos, participantes do grupo

São Luiz Gonzaga e do Grupo Crescer, que, além de fornecerem toda a alegria para

esta jornada, entenderam a demanda de trabalhos e conduziram a missão no meu

lugar inúmeras vezes.

Agradeço à Igreja Católica Apostólica Romana, na pessoa do Papa Francisco,

que me forneceu a motivação e o conteúdo para o estudo. Minha gratidão especial à

Diocese de Caxias do Sul, objeto de estudo desta monografia, na figura do bispo

Dom Alessandro Ruffinoni. Aos padres Oscar Chemello, Ricardo Fontana e Dom

Leomar Brustolin, por possibilitarem a realização do sonho que é trabalhar na

comunicação das paróquias, colaborando com a pesquisa. Aos entrevistados: padre

Paulo Gasparetto, seminarista Elton Marcelo Aristides e jornalista Moisés

Sbardelotto, pela participação neste trabalho.

Minha gratidão ao professor orientador Me. Jacob Raul Hoffmann, que

conduziu a monografia com profundo zelo pelo objeto de estudo e a tornou uma

tarefa agradável e instigante. Agradeço a todos os professores que, desde o Colégio

São José até a Universidade de Caxias do Sul, transmitiram o conhecimento que

tenho atualmente.

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RESUMO

Este trabalho apresenta os resultados do estudo das diretrizes e ações apontadas pela Igreja Católica visando à análise e à proposição de ações para a gestão da comunicação paroquial e institucional da Diocese de Caxias do Sul. Busca-se analisar a comunicação da Diocese por meio da Hermenêutica em Profundidade, retirando os critérios de observação da Análise Documental de documentos da Igreja sobre comunicação, principalmente do Documento 99, produção mais recente e global sobre comunicação da CNBB, e da Pesquisa Bibliográfica com referenciais teóricos sobre gestão da comunicação. Para ampliar o entendimento sobre o Documento 99, realizou-se Entrevista em Profundidade com membro do Diretório da Comunicação da CNBB. O Estudo de Caso da comunicação da Diocese de Caxias do Sul foi constituído por meio de Pesquisa Quantitativa com 62 paróquias, e de Entrevistas em Profundidade com dois agentes da comunicação diocesana. Os dados foram observados de forma quantitativa e por meio da Análise de Conteúdo. Os resultados da pesquisa mostram a necessidade de gestão da comunicação diocesana feita por profissionais, articulada com pastorais da comunicação paroquiais e conduzida por um plano de comunicação diocesano que forneça orientações às paróquias. Palavras-chave: Gestão da Comunicação. Igreja Católica Apostólica Romana. Diretrizes. Ações. Diocese de Caxias do Sul.

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ABSTRACT

This paper shows the result of a study on the guidelines and actions of the Catholic Church, in order to analyze and propose actions managing the parish and institutional communication of the Roman Catholic Diocese of Caxias do Sul. We chose to analyze the communication of the Diocese through Hermeneutics in depth, removing the criteria for observation from Document Analysis of the Church’s communication documents, especially Document 99, the latest and most global production about communication of the CNBB, and from bibliographic research with theoretical references about communication management. To broaden the understanding of Document 99, an in Depth Interview was held with a member of the CNBB Communication Board. This Case Study about the communication of the Diocese of Caxias do Sul was guided through Quantitative Research with 62 parishes and in depth interviews with two communication agents of the Diocese. Data was observed in a quantitative way and through content analysis. The results show a need for management of the diocesan communication by professionals, combined with the pastorals of parishes communication and led by a diocesan communication plan to provide guidance to parishes.

Keywords: Communication management. Roman Apostolic Catholic Church. Guidelines. Actions. Diocese of Caxias do Sul.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 – Matriz Wave ..................................................................................... 21

Ilustração 2 – Porcentagem de paróquias respondentes por Região Pastoral ....... 60

Ilustração 3 – Função dos respondentes ............................................................... 60

Ilustração 4 – Idade dos respondentes .................................................................. 61

Ilustração 5 – Paróquias que possuem diretrizes ................................................... 61

Ilustração 6 – Documento ou estudo que ajudou na elaboração da diretriz ........... 64

Ilustração 7 – Pastoral da Comunicação paroquial ................................................ 66

Ilustração 8 – Coordenador da comunicação paroquial ......................................... 69

Ilustração 9 – Plano de comunicação paroquial ..................................................... 70

Ilustração 10 – Orçamento para comunicação paroquial ....................................... 70

Ilustração 11 – Atuação de profissional para coordenação paroquial .................... 72

Ilustração 12 – Formação de comunicação para coordenação .............................. 73

Ilustração 13 – Formação de comunicação para agentes pastorais ...................... 74

Ilustração 14 – Materiais impressos paroquiais ...................................................... 76

Ilustração 15 – Mídias digitais que a paróquia possui ............................................ 77

Ilustração 16 – Meios de comunicação de massa que a paróquia utiliza ............... 79

Ilustração 17 – Ferramentas de comunicação interna paroquial ............................ 80

Ilustração 18 – Ferramentas de ouvidoria .............................................................. 81

Ilustração 19 – Orientação profissional em ferramentas paroquiais ....................... 82

Ilustração 20 – Importância da comunicação paroquial articulada com Diocese ... 83

Ilustração 21 – Conhecimento paroquial das ferramentas da Diocese .................. 84

Ilustração 22 – Utilização paroquial das ferramentas da Diocese .......................... 84

Ilustração 23 – Plano de comunicação diocesano ................................................. 85

Ilustração 24 – Profissionalização da coordenação diocesana .............................. 87

Ilustração 25 – Pastoral da comunicação paroquial por Região Pastoral .............. 90

Ilustração 26 – Coordenador da comunicação paroquial por Região Pastoral ....... 90

Ilustração 27 – Orçamento paroquial para comunicação por Região Pastoral ....... 91

Ilustração 28 – Informativo paroquial por Região Pastoral ..................................... 92

Ilustração 29 – Mídias sociais digitais paroquiais por Região Pastoral .................. 93

Ilustração 30 – Programas periódicos paroquiais de rádio por Região Pastoral .... 94

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Respostas sobre diretrizes de comunicação paroquiais ....................... 62

Tabela 2 – Respostas sobre capacitação de pessoas para a Pascom .................. 68

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11

2 COMUNICAÇÃO SOCIAL ................................................................................. 14

2.1 BREVE HISTÓRICO DAS TEORIAS SOBRE COMUNICAÇÃO SOCIAL ....... 14

2.2 COMUNICAÇÃO NA ERA DIGITAL ................................................................ 16

3 GESTÃO DA COMUNICAÇÃO .......................................................................... 19

3.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM COMUNICAÇÃO ............................... 19

3.2 GESTÃO PROFISSIONAL DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA ....................... 22

3.3 FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO ............................................................ 25

3.3.1 Mídias Sociais Digitais ................................................................................ 26

3.3.2 Assessoria de Imprensa ............................................................................. 27

4 COMUNICAÇÃO NA IGREJA CATÓLICA ........................................................ 29

4.1 IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA ................................................. 29

4.1.1 Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ............................................. 30

4.1.2 Paróquias ..................................................................................................... 31

4.1.2.1 Contexto atual das paróquias no Brasil ...................................................... 32

4.1.3 Dioceses ....................................................................................................... 34

4.2 HISTÓRICO DA VISÃO DE COMUNICAÇÃO PELA IGREJA CATÓLICA ....... 35

4.2.1 Comunicação atual conforme o Vaticano ................................................. 40

4.2.2 O Diretório de Comunicação da Igreja Católica no Brasil ....................... 41

4.2.2.1 Diretrizes e ações para a comunicação em dioceses e paróquias ............. 43

5 METODOLOGIA ................................................................................................ 50

5.1 HERMENÊUTICA EM PROFUNDIDADE ......................................................... 50

5.1.1 Pesquisa Bibliográfica ................................................................................ 51

5.1.2 Análise Documental .................................................................................... 52

5.1.3 Pesquisa Quantitativa ................................................................................. 52

5.1.4 Entrevista em Profundidade ....................................................................... 54

5.1.5 Análise de Conteúdo ................................................................................... 54

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5.1.6 Estudo de Caso ........................................................................................... 55

5.1.6.1 Diocese de Caxias do Sul .......................................................................... 56

5.1.6.1.1 Pastoral de Comunicação da Diocese de Caxias do Sul ......................... 57

6 ANÁLISES ......................................................................................................... 59

6.1 PERFIL DO RESPONDENTE .......................................................................... 59

6.2 DIRETRIZES E DOCUMENTOS NA COMUNICAÇÃO PAROQUIAL .............. 61

6.3 ORGANIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PAROQUIAL ....................................... 66

6.4 PERFIL DO GESTOR DA COMUNICAÇÃO PAROQUIAL .............................. 71

6.5 FORMAÇÃO ..................................................................................................... 73

6.6 FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO PAROQUIAIS ..................................... 75

6.7 GESTÃO DA COMUNICAÇÃO DIOCESANA .................................................. 82

6.8 COMUNICAÇÃO POR REGIÕES PASTORAIS ............................................... 89

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 95

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 101

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO NAS PARÓQUIAS ...................... 106

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO USADO NAS ENTREVISTAS COM

COORDENADOR DA COMUNICAÇÃO DA DIOCESE DE CAXIAS DO SUL,

PAULO ROQUE GASPARETTO, E COM ASSESSOR DE IMPRENSA DA

DIOCESE, ELTON MARCELO ARISTIDES ......................................................... 110

APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO USADO NA ENTREVISTA COM MEMBRO DO

DIRETÓRIO DA COMUNICAÇÃO DA CNBB, MOISÉS SBARDELOTTO .......... 111

APÊNDICE D – TABELA COM RESPOSTAS DAS PARÓQUIAS AO

QUESTIONÁRIO, ÁUDIOS DAS ENTREVISTAS EM PROFUNDIDADE COM

ENTREVISTADOS E PROJETO MONOGRÁFICO EM CD .................................. 112

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1 INTRODUÇÃO

A Igreja Católica Apostólica Romana, com cerca de 1.253.926.000 fiéis,

sendo a maior religião cristã do mundo conforme Gomes (2010), possui a

comunicação no centro das suas dimensões constitutivas, ou seja, na partilha da fé,

na celebração eucarística e na caridade (CNBB, Documento 99, 2014, n. 51). O uso

estratégico da comunicação social pela instituição começa a ser defendido em

documentos com o Papa Pio XI, em 1936, com a Vigilanti Cura, primeira encíclica

que não busca apenas alertar sobre os perigos dos meios de comunicação, mas

também alegar a utilização dos mesmos como uma oportunidade de levar a doutrina

católica (DARIVA, 2003).

Após diferentes visões apresentadas em documentos ao longo do tempo, o

atual entendimento de comunicação defendido pela Igreja Católica, segundo o Papa

Francisco na sua Mensagem para o 48º Dia das Comunicações (2014), é a

promoção da cultura do encontro, em que o poder da comunicação está em gerar

“proximidade”. Ele destaca que a comunicação cristã não deve ser feita com

“bombardeio de mensagens religiosas”, e sim deve promover o diálogo por meio das

ferramentas de comunicação. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

declara que uma das prioridades da Igreja é criar estratégias de comunicação para

que a ação pastoral alcance seus objetivos de forma eficiente (Documento 99, 2014,

n. 126). Para Marchiori (2008), estratégias de comunicação são ações para atingir a

adequação entre uma organização e o seu ambiente, e que, para serem definidas,

necessitam diretamente da aplicação de planejamentos e de processos de gestão.

Ao perceber a importância da gestão da comunicação para a Igreja Católica,

foi levantada a questão norteadora deste trabalho: Quais as diretrizes e ações

necessárias para a gestão da comunicação em dioceses e paróquias? Assim, parte-

se do objetivo geral de Estudar diretrizes e ações visando à análise e à proposição

de ações para a gestão da comunicação da Diocese de Caxias do Sul.

Este trabalho estudará a comunicação realizada pela paróquia, por ser o

espaço considerado a presença pública da Igreja Católica e por viver um contexto

marcado pela falta de territorialidade, pluralismo religioso, consumo da fé de forma

individual e novas ofertas de vivência católica por outras associações além da

paróquia (CNBB, Documento 100, 2014). Somado a isso, a crença religiosa perdeu

sua hegemonia no “papel elucidativo” dos fatos com o desenvolvimento científico e a

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secularização do estado (MARTINO, 2003, p. 25). Assim, a paróquia pode utilizar a

comunicação para manter seu reconhecimento perante seus fiéis e para atingir

outros públicos, como as organizações trabalham a comunicação de forma

estratégica. Também se estuda a diocese em âmbito institucional, pois a paróquia

não pode ser vista como independente, uma vez que deve estar em comunhão com

o conjunto de paróquias confiado a um bispo, que é a diocese. Por sua vez, o

conjunto de dioceses é presidido pelo Papa (CNBB, Documento 100, 2014, n. 160).

Optou-se por analisar a comunicação da Diocese de Caxias do Sul em função

da facilidade de acesso ao objeto por parte da pesquisadora e também por ser

considerada uma amostra adequada para a aplicação do estudo. A Diocese é

composta por paróquias distribuídas em diferentes municípios com peculiaridades

regionais. Além de orientar ações eficazes para cada paróquia, a Diocese precisa

garantir uma comunicação coordenada em âmbito institucional, de forma direta por

meio de ferramentas próprias e por intermédio das paróquias. Por isso, para que a

comunicação seja feita de forma planejada e monitorada, como é orientado pelo

documento Aetatis Novae (1992), é preciso que se definam as diretrizes e ações

para a gestão da comunicação.

Como objetivo específico, se busca Conhecer as orientações da Igreja

Católica para a comunicação presentes em documentos, encíclicas, decretos e

declarações da hierarquia da Igreja, e de referenciais teóricos sobre a gestão da

comunicação. Com os critérios levantados pela Análise Documental e pela Pesquisa

Bibliográfica, almeja-se, por meio da Hermenêutica em Profundidade, cumprir o

objetivo específico de Analisar comunicação institucional e paroquial da Diocese de

Caxias do Sul, visando à gestão da comunicação.

A fim de conhecer a realidade diocesana, aplicou-se uma Pesquisa

Quantitativa com as paróquias, e os dados foram analisados principalmente a partir

do Documento 99, por ser essa a produção da CNBB mais recente referente à

comunicação, além de conter, de maneira global, o pensamento da Igreja sobre o

assunto. Para ampliar o entendimento sobre o Documento, entrevistou-se o membro

do Diretório da Comunicação da CNBB, Moisés Sbardelotto. Além dos dados

quantitativos, o Estudo de Caso da comunicação da Diocese de Caxias do Sul é

constituído por meio de Entrevista em Profundidade com os principais agentes da

comunicação diocesana e observado pela Análise de Conteúdo.

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Para realizar a gestão da comunicação, a CNBB aposta na “comunicação que

emerge das comunidades em que as leigas e os leigos são os protagonistas”.

(Documento 99, 2014, n.9). Porém, também reitera a “necessidade da formação

profissional e da especialização teórica e prática” e que “não é suficiente a mera

competência profissional, é preciso uma adequada formação humana” para os

comunicadores da Igreja (Documento 99, 2014, n. 231). Já para assessoria de

imprensa das dioceses em âmbito institucional, a CNBB reforça que a Igreja precisa

atuar com profissionais que também podem articular a Pastoral da Comunicação e a

produção para ferramentas de comunicação (Documento 99, 2014, ns. 266 e 267).

Por isso, os outros objetivos específicos desta monografia são Perceber a

necessidade de uma gestão diocesana e paroquial de comunicação e suas

atribuições que favoreçam a comunicação entre diocese, paróquias, mídias e

público, e também Identificar o perfil do profissional de comunicação que pode atuar

na gestão da comunicação em dioceses e paróquias.

Este estudo resultou em sete capítulos. O capítulo dois busca resgatar um

breve histórico das concepções sobre comunicação social, para que se percebam os

diferentes entendimentos que podem ter influenciado a visão de comunicação da

sociedade, da Igreja ao longo do tempo, e das respostas resultantes do questionário.

Também aborda as características de comunicação fornecidas pela web. O capítulo

três trabalha os aspectos para a gestão da comunicação, como o planejamento, os

agentes, as atribuições da assessoria de comunicação social e as ferramentas de

comunicação, em que se dá destaque para as mídias sociais digitais e assessoria de

imprensa, por serem bastante abordadas pela CNBB no Documento 99.

O capítulo quatro contextualiza a comunicação para a Igreja Católica,

iniciando com os conceitos sobre a organicidade da Igreja, chegando às paróquias,

dioceses e os seus atuais contextos a partir do Documento 100, produção mais

global e recente da CNBB sobre paróquia. Esse capítulo apresenta brevemente os

documentos da Igreja Católica sobre comunicação, a fim de resgatar historicamente

a visão da instituição, e também aborda as diretrizes e ações para gestão da

comunicação presentes no Documento 99. O capítulo cinco mostra a metodologia

utilizada para o desenvolvimento da pesquisa. No capítulo seis é realizada a análise

dos dados provenientes dos questionários aplicados nas paróquias e das Entrevistas

em Profundidade para o cumprimento dos objetivos. O capítulo sete traz as

considerações finais sobre os resultados obtidos na pesquisa.

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2 COMUNICAÇÃO SOCIAL

Neste capítulo, busca-se resgatar um breve histórico das concepções sobre

comunicação social, embasado principalmente por Puntel (2005), para que se

percebam os diferentes entendimentos de teóricos que podem ter influenciado a

visão sobre comunicação da sociedade, da Igreja Católica ao longo do tempo, e das

respostas resultantes do questionário aplicado nas paróquias. Também se

apresentam as noções de Marchiori (2008) e de Rodrigues (1997) sobre

comunicação, bem como as características da comunicação na web a partir dos

autores Aparici (2012) e Spadaro (2012).

2.1 BREVE HISTÓRICO DAS TEORIAS SOBRE COMUNICAÇÃO SOCIAL

O ser humano precisa da comunicação para se relacionar. “As pessoas, ao se

expressar, estão necessariamente trocando informações, que, entendidas e

percebidas, fazem com que a comunicação se estabeleça” (MARCHIORI, 2008, p.

147). A autora explica a comunicação como um meio de transmitir significados, para

que ocorra compreensão mútua e confiança entre os agentes do processo. Já

Rodrigues (1997, p. 67) diz que a comunicação pode ser entendida tanto como os

processos “de transacção [sic] entre os indivíduos como a interacção [sic] dos

indivíduos com a natureza, dos indivíduos com as instituições sociais e ainda o

relacionamento que cada indivíduo estabelece consigo próprio”.

Para o autor, os processos comunicacionais não abrangem somente

informações e mensagens emitidas, mas também a falta delas, ou seja, silêncios,

omissões, ausências, ou formas não verbais de comunicar algo, como

comportamentos, olhares e gestos. Logo, tudo o que um sujeito ou instituição faz ou

não faz comunica algo a seu público. Porém, Rodrigues (1997, p.71) reforça que “só

existe processo comunicacional se cada um dos protagonistas vir a sua experiência

individual transformada pelo confronto com a experiência do outro interlocutor”.

A origem da comunicação de massa em si, ou seja, a veiculação de uma

mensagem para um grande grupo, remonta antes da invenção do telégrafo, ao final

do século XV, com o uso da prensa tipográfica de Gutenberg por instituições para

produzir múltiplas cópias de manuscritos e textos (THOMPSON, 2001 apud

PUNTEL, 2005, p.40). No entanto, segundo a autora, é apenas no século XX que a

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comunicação social passa a ser um tópico presente no debate intelectual, com o

termo “meios de comunicação de massa”, que começa a ser mais utilizado na

década de 1920. Conforme Rodrigues (1997), a expressão mass media designa o

conjunto dos meios de comunicação social (imprensa escrita, radiodifusão sonora,

televisiva, publicidade e cinema).

A comunicação de massa foi vista como “dispersão de símbolos persuasivos

com a finalidade de controlar a opinião pública. Teóricos como Lippmann, Bernays e

Lasswell, apresentaram uma narrativa histórica sobre a importância da

‘comunicação’ e da ‘propaganda’ na sociedade moderna” (PUNTEL, 2005, p. 28,

grifo da autora). Laswell defendeu com a Teoria Hipodérmica que os meios de

comunicação podem manipular o público, e em seguida, alegou com outros teóricos

que a comunicação de massa pode ser geradora do efeito desejado no emissor se a

mensagem for adequada às características do grupo que se quer persuadir. Nessa

perspectiva, Lasswell e outros autores focaram seus estudos na função que os

meios de comunicação exercem na sociedade, concebendo uma visão funcionalista

à comunicação.

Conforme Puntel (2005), outras teorias que ajudaram na concepção sobre

comunicação também incluíram os estudos de Paul Lazarsfeld, a partir da década

de 1930, conhecidos como a Teoria de Efeitos Limitados, que defende que os

efeitos da comunicação de massa podem ter sua eficácia alterada a partir de fatores

como o ambiente, o próprio público e a presença de agentes mediadores que

ajudam a dar significado à informação, alterando ou não o sentido da mensagem.

Puntel (2005) afirma que o discurso dominante sobre comunicação de massa

na década de 1940 foi relacionado à Teoria da Matemática da Comunicação, de

Claude Shannon, em que a comunicação é vista como um sistema do processo

comunicativo a partir de uma noção técnica. Na mesma perspectiva, há a Teoria da

Informação, com participação dos autores Samuel Morse, Marshall Mcluhan,

Buckminster Fuller e Alvin Tofler, que acreditavam que os meios podiam melhorar as

imperfeições da comunicação humana.

Outra importante teoria sobre a comunicação é a Teoria Crítica, elaborada por

pensadores da Escola de Frankfurt, que concebem um “corpo sistemático de teoria

crítica e social, grande parte preocupado com a comunicação e sua distorção na

cultura de massa” (PUNTEL, 2005, p. 32).

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Na linha de comunicação como produção de cultura, Puntel (2005) destaca a

Escola de Birmingham, com os pesquisadores ingleses Raymond Williams, E. P.

Thompson e Richard Hoggart, a partir do final da década de 1950. Segundo a

autora, nesta fase a mídia deixa de ser vista como transporte de informação e passa

a ser entendida como produção de conteúdo que revela os significados da cultura

que se produz. Os meios de comunicação social são concebidos como agentes

centrais na produção de cultura.

Puntel (2005) apresenta que os teóricos culturais franceses, como Pierre

Bordieu, Foucault, De Certeau e Baudrillard, também influenciaram na concepção

sobre comunicação social, com uma visão estruturalista da comunicação.

Na década de 1970, as pesquisas passaram da ênfase dos efeitos da mídia

para o foco na maneira pela qual os públicos recebem e constroem significados,

com a Teoria do Uso e Gratificações, e, em seguida, com a Teoria da Recepção. A

mídia deixa de ser onipotente, e o público é visto como atuante. A Teoria da

Recepção tem a premissa de que

o uso e os efeitos da mídia devem ser estudados em termos das construções subjetivas do significado atribuído à mídia ou dos significados gerados em resposta a ela. A metodologia de pesquisa típica, trabalhando no sentido das teorias interpretativas da recepção, é uma forma de ‘etnografia do público’ que exige do pesquisador a reconstrução do significado da mídia segundo a perspectiva do sujeito. (PUNTEL, 2005, p. 55, grifo da autora).

A Igreja Católica possui uma visão própria da comunicação social que pode

ser vista no capítulo quatro, mas a trajetória para chegar a essa visão pode ter tido

influência das teorias citadas, já que colaboraram com a concepção da sociedade

sobre comunicação ao longo das décadas.

2.2 COMUNICAÇÃO NA ERA DIGITAL

A relação dos meios de comunicação convencionais é de um emissor que

emite a muitos públicos. Na internet, a relação comunicativa é de todos com todos, e

pode-se estabelecer diversos processos de comunicação com diferentes públicos

(APARICI, 2012). Conforme o autor, na web há um novo modelo de comunicação

em que todos os sujeitos possuem a mesma função: os emissores são receptores e

os receptores são emissores, conhecido como modelo emerec (do francês

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émetteur/receptor), do autor Jean Cloutier. Assim, o significado de comunicação

passa a ser interação, em uma relação horizontal. Todas as pessoas passam a ser

produtores de mensagens, e, ainda, podem informar com um meio de comunicação.

Para Puntel (2005), a web permite uma pluralidade e interatividade muito

maiores, chegando a questionar a potência da comunicação de massa, pois a

comunicação na web tem a possibilidade de comunicar com mais eficácia do que os

veículos convencionais, visto que também permite a personalização da mensagem.

“As redes possuem uma expansão ilimitada, integrando novos nós enquanto forem

capazes de se comunicar dentro da rede, isto é, enquanto partilharem os mesmos

códigos de comunicação” (CASTELSS, 2001 apud PUNTEL, 2005, p. 77).

Spadaro (2012) apresenta que a internet também é um novo contexto social e

que a web faz compreender os relacionamentos entre as pessoas e a troca de

conteúdos como centro do sistema.

A rede não é um simples instrumento de comunicação que se pode ou não usar, mas evoluiu num espaço, um ambiente cultural que determina um estilo de pensamento e cria novos territórios e novas formas de educação, contribuindo para definir também um novo modo de estimular as inteligências e de estreitar os relacionamentos; efetivamente é um modo de habitar o mundo e de organizá-lo. (SPADARO, 2012, p. 17).

Esse novo espaço que é a internet possui propriedades de atualização

contínua, da hipertextualidade, da interatividade, da multimidialidade, da

personalização e da memória (PALACIOS, 2003 apud BARBOSA, 2013, p. 39).

Assim, os recursos para tornar o material mais interativo, logo, fornecendo sensação

de hiper-realismo, estão cada vez mais comuns e acessíveis à produção de

conteúdo na internet. Esses mecanismos já marcam presença na web, sejam por

meio de games, redes sociais, aplicativos, infográficos, materiais multimídias, etc. O

público pode viver sensações e experiências de hiper-realidade, como o conceito

desenvolvido por McLuhan, em que os meios tecnológicos eram a extensão do

nosso corpo:

A lógica das sensações sempre esteve incorporada ao fazer jornalístico. Conforme nos lembra McLuhan (1964), os meios não são mais apenas objetos: são prolongamentos do nosso corpo, são membros hiper-sensíveis que nos habilitam a sentir o mundo com mais intensidade, mais sensação. Nessa perspectiva, a lógica da sensação é pura potência, é ritmo, é vibração que se apropria da visão. (AGUIAR; SCHAUN, 2010 apud BARSOTTI; AGUIAR, 2013, p. 308).

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Somados às propriedades da internet, os dispositivos móveis também estão

revolucionando a comunicação na era digital, uma vez que estão sempre acessíveis

ao usuário. A web associa a sua mobilidade aos aplicativos, aos softwares e

hardwares que permitem a personalização de conteúdo, pois com a transmissão de

dados o dispositivo tem acesso à localização, a grupos de interesse, entre outras

informações. Com um conteúdo personalizado, a mensagem possui mais eficácia

perante o usuário (AGUADO, 2013).

Spadaro (2012) entende que a web e os dispositivos móveis mudaram a

forma de se relacionar e de se comunicar do homem moderno. Assim, a internet é

entendida como uma realidade em que o cristianismo deve se inserir, não somente

para difundir sua mensagem, mas para estar presente aonde o homem se

desenvolve, como algo natural da Igreja, pois em toda a sua história a instituição

tenta acompanhá-lo. “A rede não é um novo meio de evangelização, mas antes de

tudo um contexto no qual a fé é chamada a se exprimir não por uma mera vontade

de presença, mas por uma conaturalidade do cristianismo com a vida dos homens”

(SPADARO, 2012, p. 25).

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3 GESTÃO DA COMUNICAÇÃO

Este capítulo aborda os aspectos sobre o uso da comunicação por

organizações, os quais envolvem planejamento estratégico, gestão, agentes e

ferramentas. O embasamento teórico é feito a partir dos autores Marchiori (2008),

Baldissera (2008), Kunsch (2003), Cunha (2010) e Goldschmidt (2010). As

atribuições da gestão da comunicação têm como referencial teórico os autores

Neves (2000), Kopplin e Ferrareto (2001). As ferramentas de comunicação, em que

se dá destaque para as mídias digitais e assessoria de imprensa, por serem

bastante abordadas pela CNBB no Documento 99, são embasadas teoricamente por

Fonseca (2010), Rocha (2010), Sbardelotto (2011), Spadaro (2012), Eid e Viveiros

(2007) e Garcia (2004).

3.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM COMUNICAÇÃO

A comunicação tornou-se uma ferramenta essencial para a gestão de

organizações, em função da sua característica que busca manter um relacionamento

com os públicos da instituição por meio do monitoramento de informações e

construção de diálogo (MARCHIORI, 2008). Conforme conceitua Baldissera (2008,

p. 42), “comunicação organizacional é o processo de construção e disputa de

sentidos no âmbito das relações organizacionais”, ou seja, a comunicação na

organização envolve todas as trocas de mensagens com seus públicos.

Segundo Marchiori (2008), a comunicação organizacional envolve

planejamentos e processos de gestão para definir as estratégias, que são ações

para atingir a adequação entre uma empresa e o seu ambiente. Kunsch (2003)

destaca que o planejamento não se restringe apenas ao que executar, de que forma

e com que recursos, e sim é um processo que exige conhecimentos, análises de

contexto e aplicativos instrumentais técnicos. “Visa buscar as melhores formas para

gerenciar as ações das organizações, tendo por base as demandas sociais e

competitivas, as ameaças e as oportunidades do ambiente, para que a tomada de

decisões no presente traga os resultados mais eficazes possíveis no futuro”

(KUNSCH, 2003, p. 214).

Com o objetivo de melhor se relacionar com os públicos de interesse, o

planejamento estratégico de comunicação deve ser pensado para engajar os

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stakeholders, os chamados “públicos de interesse, grupos ou indivíduos que afetam

e são significativamente afetados pelas atividades da organização” (ROCHA, 2010,

p. 6). Engajar é diferente de se relacionar:

Dessa forma, percebe-se a necessidade de engajar diversos stakeholders, considerando-os no processo decisório, de comunicação e de gestão da empresa. Apesar de muitas vezes serem tratados como sinônimos, engajamento e relacionamento são coisas diferentes. O relacionamento da empresa com seus públicos pode ser caracterizado por qualquer contato, muitas vezes limitando-se àqueles relacionados ao processo de compra e venda. Quando esse relacionamento é bom e os públicos de interesse não têm queixas da empresa, tende-se acreditar que houve engajamento, mas segundo o Manual de Engajamento dos stakeholders, o engajamento é “o processo de buscar pontos de vista dos stakeholders sobre seu relacionamento com uma organização” ou “o esforço de uma organização para entender e envolver seus stakeholders e seus interesses no andamento de suas atividades e processos de decisão”. (GOLDSCHMIDT, 2010, p.29).

Para engajar, Goldschmidt (2010) aponta três fases: consultar, para obter

informações dos públicos de interesse, sobre eles e sobre a empresa; envolver, que

significa entender e considerar as opiniões dos públicos nos processos de decisões;

e empoderar e colaborar, estabelecendo uma parceria que visa ao desenvolvimento

mútuo.

Segundo Cunha (2010), além de conhecer quem são os públicos de interesse

da organização, é necessário promover um amplo estudo de seus comportamentos,

para que sejam considerados no planejamento estratégico. O estudo deverá conter

aspectos elementares da relação público-marca, como perfil demográfico (sexo,

classe socioeconômica, idade e aspectos geográficos). Porém, o autor ressalta que

a maior atenção da pesquisa deverá ser sobre o perfil psicográfico, “que inclui

hábitos, atitudes, expectativas, estilo de vida, projeções, associações, dentre os

inúmeros fatores comportamentais que direta ou indiretamente influenciarão a

decisão do público em questão” (CUNHA, 2010, p. 232).

A pesquisa serve como primeira etapa para desenvolver o planejamento

estratégico, composto pelas seguintes fases: identificar a realidade situacional;

levantar dados; análise de dados e construção de um diagnóstico; identificar os

públicos envolvidos; determinar objetivos e metas; adotar estratégias; prever formas

alternativas de ação; estabelecer ações necessárias; definir recursos a serem

aplicados; fixar técnicas de controle; implantar o planejamento e avaliar os

resultados (KUNSCH, 2003).

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Para a arquitetura do plano de comunicação a partir dos stakeholders, Cunha

(2010) sugere a Matriz Wave, que objetiva visualizar as diferentes ações de

comunicação para cada público. O termo Wave sugere ondas de ações que

privilegiam a importância de cada stakeholder. A matriz pode ser visualizada na

Ilustração 1 e a explicação por Cunha de seu sistema em seguida:

Ilustração 1 – Matriz Wave

Fonte: Cunha (2010).

O conceito estratégico, no topo, é exatamente aquele indicado na estratégia de comunicação, na etapa do planejamento estratégico. [...] Umbrella indica a ação ou as ações que serão capazes de suportar o plano como um todo, na tarefa de disseminar o conceito estratégico, legitimando e dando sentido para as demais ações do plano. [...] Não se faz necessário na matriz descrever minúcias das ações, bastando dizer o que vai ser realizado. E preferencialmente, explicando como isso faz sentido a partir do conceito estratégico indicado no alto. (CUNHA, 2010, p. 244).

Como a Igreja Católica possui diversos públicos, a matriz foi considerada

adequada para a utilização no planejamento de comunicação paroquial e diocesano,

de modo que se planejam as estratégias a partir de cada segmento. A Igreja

Católica, a partir do Concílio Vaticano II, também aponta a necessidade de um maior

envolvimento dos leigos e agentes pastorais nos processos de decisão da

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instituição, como pode ser observado no capítulo quatro desta monografia, o que a

matriz pode ajudar a fornecer.

3.2 GESTÃO PROFISSIONAL DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA

Para o desenvolvimento do planejamento estratégico e operacionalização do

plano de ações, Marchiori (2008) defende que é necessário um grupo de gestão

estratégica, que será responsável por “desenvolver e implementar a capacidade de

fazer que o cotidiano da empresa realize especificamente as ações estratégicas

escolhidas” (COSTA, 2007 apud MARCHIORI, 2008, p. 163).

Cunha (2010) aponta que essa equipe deve ser formada pelos gestores da

organização, que geralmente possuem a visão do todo da empresa, como diretores,

os gestores do projeto, e pelos prestadores de serviço especializados, que

recomendarão e executarão as ações de cada etapa do plano. O autor explica que,

por muito tempo nas empresas, o grupo era as agências de propaganda e,

atualmente, essa tarefa aparece mais presente nas áreas de marketing e de

comunicação das empresas. É importante destacar que Cunha (2010) enfatiza a

participação de prestadores de serviços especializados na comunicação, assim

como aponta Neves (2000):

Comunicação é coisa muito mais complexa do que parece. É uma especialidade do conhecimento humano e, como tal, tem seus segredos, técnicas, macetes. Definitivamente, não é assunto para curiosos, amadores e comunicadores de fins de semana. Em comunicação, o empowerment, isto é, a delegação sem limites, é um risco de primeira grandeza para as empresas. Muitas crises empresariais com a opinião pública nasceram de iniciativas bem intencionadas tocadas por quem não era do ramo. Comunicação exige inteligência, reflexão, estudos de casos, processos, disciplina, bom senso, velocidade, trabalho em grupo. É ciência e técnica. (NEVES, 2000, p. 30).

Sobre a comunicação da empresa em situações de crises de imagem, a

atuação de um profissional é mais essencial ainda, porque “qualquer fato que lese a

imagem institucional tem maior gravidade do que no passado e, por isso, o

gerenciamento de crises ganhou novo significado” (EID; VIVEIROS, 2007, p.52).

A fim de planejar a operacionalização da comunicação empresarial, existem

dois modelos de comunicação, a clássica e a integrada. Segundo Neves (2000), a

empresarial clássica se segmenta em três frentes: a comunicação de marketing,

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para falar com clientes e consumidores; a comunicação institucional, para cuidar

basicamente da instituição; e a comunicação interna, voltada para o público interno.

Cada uma comunica sua mensagem, da sua maneira, o que pode gerar falta de

comunicação entre os segmentos e perda de sinergia.

Já a comunicação integrada entende-se pelo direcionamento da comunicação

aos públicos de forma convergente e sinérgica (KUNSCH, 2003). Para isso, Neves

propõe um colegiado interfuncional comunicando integrados:

Para ser eficaz, a comunicação empresarial deve ser gerida por um colegiado interfuncional. Esse é o melhor processo para unificar e integrar a comunicação, diminuir o desgaste interno, somar habilidades e conhecimentos, aproveitar visões diferenciadas, economizar recursos, evitar dissonâncias, produzir conflitos positivos, criar uma cultura interna, e, por fim, assegurar a proteção à imagem empresarial. As funções de marketing, de advocacia, de relações públicas, de recursos humanos, de relações com a imprensa, relações com o governo, agências de propaganda, enfim, todas aquelas que fazem um tipo de comunicação com públicos devem trabalhar em equipe, debaixo do mesmo sistema gerencial. (NEVES, 2000, p. 70).

Conforme Neves (2000), esse colegiado de comunicação deve ser envolvido

no processo de formação das principais decisões da empresa e pode atuar do

seguinte modo: reuniões operacionais periódicas em que se discute a situação dos

negócios da empresa, os issues1, e a avaliação dos projetos de comunicação, com

resultados dos objetivos traçados; reuniões estratégicas, com menor frequência, em

que se rediscute o planejamento, adequando-o a novos cenários e criando novas

metas; e em reuniões extraordinárias, no surgimento de novos issues.

Ainda segundo Neves (2000), colegiado deve desenvolver o Planejamento

Estratégico de comunicação da Imagem (ações e programas de comunicação e

unificação do discurso), a Comunicação Simbólica (imagem da empresa perante os

públicos), os issues management e o Sistema de Objetivos (estabelecer objetivos,

analisar feedbacks e medir avanços). Os elementos da Comunicação Simbólica que

o colegiado deve observar são: histórico da empresa (história, valores, políticas,

comportamento ético), produtos e serviços, perfil dos seus clientes, comportamento

dos seus dirigentes, atitude dos empregados, a publicidade, parcerias, programação

visual, relacionamento com públicos, eventos, posicionamentos nas questões

públicas e nas crises e qualidade em geral.

1 Conforme J. K. Brown, Issue é uma condição ou pressão interna ou externa à organização, que, se

continuada, poderá afetar o funcionamento da organização ou seus interesses futuros. Issue Management é o gerenciamento de questões. (NEVES, 2000, p. 51).

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Atualmente, o colegiado de muitas empresas possui participação da

Assessoria de Comunicação Social (ACS), que é entendida como a coordenação e

operacionalização das ações de comunicação de um assessorado com seus

públicos, por meio das áreas de jornalismo (assessoria de imprensa e jornalismo

empresarial), relações públicas e publicidade propaganda (KOPPLIN;

FERRARETTO, 2001). Conforme os autores, é possível que cada uma dessas três

áreas atue isoladamente, porém defendem que “somente com sua aplicação

conjunta e integrada uma instituição poderá sentir resultados mais abrangentes e

eficazes” (2001, p. 11). Ainda apontam que cada uma das três áreas de uma ACS

possui especialidades e características diferentes, as quais devem ser esclarecidas

para que não haja desrespeito à legislação e ao código de ética dos profissionais,

evitando conflitos de competências.

O jornalista atuando na assessoria de imprensa e no jornalismo empresarial

compreende “o serviço de administração das informações jornalísticas e do seu fluxo

das fontes para os veículos de comunicação e vice-versa, quanto à edição de

boletins, jornais ou revistas” (KOPPLIN; FERRARETO, 2001, p. 12). Conforme os

autores, além do relacionamento com os veículos, são atividades do jornalista: o

controle e arquivo de informações sobre o assessorado; organização e constante

atualização de um mailing-list, que é a relação de contatos dos veículos de

comunicação; edição dos periódicos; elaboração de outros produtos jornalísticos,

como fotografias, vídeos, programas de rádio ou de televisão; e participação na

definição de estratégias de comunicação.

Sobre relações públicas (RP), a Associação Brasileira de Relações Públicas

define as atividades desta área como “um esforço deliberado, planificado, coeso e

contínuo da alta administração para estabelecer e manter uma compreensão mútua

entre uma organização pública ou privada e todos os grupos aos quais está ligada

direta ou indiretamente” (PERUZZO, 1986 apud KOPPLIN; FERRARETTO, 2001, p.

14). Ou seja, a área de RP deverá se envolver com a criação, planejamento e

execução de programas de comunicação interna e externa, participando da definição

de estratégias globais. Para os autores, são dos RPs também a responsabilidade de

realizar pesquisas para diagnosticar opiniões e comportamentos dos públicos;

manter cadastros dos grupos de interesse da instituição, e de referências históricas

do assessorado.

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O profissional de publicidade e propaganda deve participar da definição das

estratégias de comunicação e “criar e executar peças publicitárias e de propaganda

[...]; planejar, coordenar e administrar a publicidade, propaganda, publicidade legal,

campanhas promocionais e estudos mercadológicos” (KOPPLIN; FERRARETTO,

2001, p. 15).

3.3 FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO

Para planejar ferramentas de comunicação, é importante considerar cada

público. Segundo Fonseca (2010), a comunicação ao público interno é estratégica,

pois permite o fluxo de informações operacionais para o bom funcionamento da

organização. Além disso, também é responsável por:

[...] disseminar e enfatizar entre o público interno os aspectos relacionados à missão, visão, valores e filosofia da empresa que serão determinantes para a sua forma de atuação no mercado. [...]. Outro aspecto relevante é reduzir o ruído da comunicação gerado por rumores negativos ou boatos internos, esclarecendo eventuais incertezas a fim de criar um ambiente de trabalho favorável e em que os colaboradores se sintam bem informados e de, uma forma geral, assistidos pela empresa. (FONSECA, 2010, p. 88).

Conforme Fonseca (2010), as ações importantes para um plano de

comunicação ao público interno são: criar departamento para condução do

programa; criação de cenário favorável para a comunicação; seleção de ferramentas

de comunicação, como as informacionais, como publicações, newsletter, meios de

comunicação internos, como TV e rádio, intranet, vídeos, relatórios, mural ou quadro

de avisos; e as relacionais e híbridas, como urna de sugestões, conferências e

seminários internos, treinamentos, e-mails, campanhas motivacionais, integração

dos funcionários, festas e torneios esportivos. Ou seja, de acordo com Eid e Viveiros

(2007), as mídias voltadas para o público interno têm o objetivo de estabelecer a

cultura organizacional, de modo coeso e sinérgico entre todos os membros de uma

empresa.

Já as mídias voltadas ao público externo, ainda segundo Eid e Viveiros

(2007), devem levar a fornecedores e clientes informações sobre uma organização

que não seriam encontradas em outros canais de comunicação. Conforme Rocha

(2010), os principais meios usados são os meios eletrônicos (sites, e-mails) e a

mídia impressa (encartes em jornais, revistas, flyers). De acordo com Goldschimidt

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(2010), as ferramentas de engajamento são de natureza one-way (da organização

para o stakeholder), que, além das citadas, incluem relatórios, balanços, newsletters,

boletins, publicações, folhetos e têm o objetivo de gerar interesse sobre a empresa.

Existem também as ferramentas em que a empresa busca ouvir o stakeholder, como

painéis, focus groups (grupos focais), centrais de atendimento ao público e

consumidores, pesquisas de clima, pesquisa de percepção e outros questionários de

autopreenchimento (seja em papel ou via internet). Para Goldschimidt (2010), além

de dar transparência às informações, é necessário estimular no público a cultura de

interesse pelo conteúdo, a partir do acesso aos dados publicados nas ferramentas.

3.3.1 Mídias sociais digitais

Rocha (2010) destaca a importância das empresas utilizarem as novas

formas de comunicação com os consumidores, como internet, blogs e Twitter. A

autora aponta que a web é mais usada pelas organizações como uma comunicação

de marca do que de vendas ou de relacionamento. Por isso, reforça que a estética e

o design de sites devem fornecer a sensação e a atmosfera do produto ou do

serviço aos públicos, devendo ser planejados por profissionais. Já os blogs podem

ser pensados como ambientes de socialização virtual, em um espaço que o usuário

pode se expressar sobre determinado assunto.

Para as plataformas on-line de gerenciamento de conteúdo, utiliza-se o termo

“mídias sociais digitais”, que não é sinônimo de redes sociais.

Entende-se por mídias sociais digitais as plataformas digitais de geração e compartilhamento de conteúdo e que, potencialmente, permitem a interação entre indivíduos. Já as redes sociais são os grupos de relacionamento que emergem a partir do uso e interações nessas plataformas. Assim, por exemplo, o Facebook é uma mídia social digital que abriga inúmeras redes sociais. (RUBLESCKI; BARICHELLO; DUTRA, 2013, p.23).

Para Aparici (2012, p.18), as plataformas Facebook, MySpace, Twitter, entre

outros, podem ser usadas tanto por pessoas, como instituições, empresas e figuras

públicas, pois os meios permitem diferentes níveis de relações, visto que “enquanto

para uns é uma maneira de socializar-se e sentir-se acompanhados, para outros,

além disso, uma forma de construção social nova que permite interações e

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conexões de diferentes naturezas”. Segundo o autor, a plataforma Facebook,

fundada por Mark Zucherberg, registrava em 2010 mais de 500 milhões de usuários.

Rocha (2010) sugere para utilização das empresas o Twitter, serviço de

publicação de mensagens curtas, pois ele permite o acompanhamento do que está

sendo realizado em tempo real com um conteúdo objetivo. Spadaro (2012) cita

Twitter e o Facebook e outras mídias sociais digitais como o espaço em que o

relacionamento entre as pessoas é o centro do sistema e da troca de conteúdos. O

autor alerta que as redes sociais podem ser uma contribuição potencial para as

relações, mas também uma ameaça, pois a relação mediada é incompleta. Por isso,

a solução para a Igreja Católica é buscar a harmonização e a integração entre o on-

line e o off-line.

Assim, nas mídias sociais digitais, os produtores de conteúdo católico podem

fornecer informações sobre a religião aos públicos, como também podem contribuir

para que eles aumentem sua vivência de fé e fortaleçam seu laço. “Nesses

ambientes (virtuais), além de informações sobre a religião, também se promove e se

incentiva a relação e o vínculo do fiel com seu Deus: o fiel também pratica a sua fé

no âmbito digital on-line” (SBARDELOTTO, 2011, p.7, grifo do autor).

3.3.2 Assessoria de imprensa

Outra ferramenta importante para o planejamento estratégico é o

relacionamento da organização com a imprensa. A relação pode ocorrer por meio de

uma assessoria de imprensa, que deve funcionar como uma agência de notícias,

percebendo a empresa para qual trabalha como uma geradora de informações e

munindo os veículos de comunicação com dados interessantes à população sobre a

instituição (EID; VIVEIROS, 2007).

De acordo com Garcia (2004), o relacionamento com a imprensa passou por

diferentes estágios ao longo do século XX. Na década de 1960, a relação com a

imprensa era constituída na base de parceria comercial. Já na década 1970, o

mercado teve uma posição mais intimista em virtude da repressão. Em meados de

1980, as instituições passaram a investir em áreas de comunicação, contratando

profissionais para manter contato com a imprensa e desde a década de 1990 a

imprensa é vista como aliada, de um modo que possa auxiliar na comunicação da

empresa com seu público e ao mesmo tempo conferir credibilidade à organização.

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Assim, torna-se uma estratégia de comunicação manter um relacionamento

constante e transparente com a mídia, por meio de releases (notícias da empresa

enviadas aos meios de comunicação), press kit (kit com materiais sobre a instituição

destinado à imprensa), media training (treinamento ao assessorado para dar

entrevistas) e coletivas de imprensa, pois, conforme David Ogilvy citado por Garcia

(2004), a matéria jornalística sobre a organização possui seis vezes mais

credibilidade que um anúncio. A autora defende que as organizações deixaram de

ser grupos poderosos com informações escondidas e que devem ser investigadas,

para serem fornecedores de informação, e esse novo comportamento se deve a

crescente preocupação do público em estar mais comprometido com a informação.

As dioceses e paróquias, por serem instituições comunitárias, precisam

constantemente esclarecer suas ações de investimentos e de planejamento. Elas

precisam de um reconhecimento externo, conforme apresenta Martino:

A instituição, finalmente, necessita reconhecimento social de sua existência e de suas atividades. O grau de legitimidade de uma instituição, num determinado universo social, depende do grau desse reconhecimento. A legitimidade institucional depende não só do reconhecimento interno, dos membros da instituição, como também daqueles que a ela não pertencem. A legitimação dá razão de ser à ordem institucional, justifica suas regras e faz crer na pertinência de sua hierarquia interna. (MARTINO, 2003, p. 23).

Os jornalistas, de acordo com Garcia (2004), são multiplicadores de opinião e

não detratores, e essa legitimação externa por parte da imprensa pode ajudar a

Igreja Católica a manter seu reconhecimento.

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4 COMUNICAÇÃO NA IGREJA CATÓLICA

Neste capítulo, busca-se contextualizar a comunicação para a Igreja Católica,

iniciando com os conceitos sobre a organização e a hierarquia da Igreja, a partir do

Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CNBB, 2005), do YOUCAT

(VATICANO, 2011), dos sites da Rádio Vaticana e da CNBB (2015). Para conceituar

paróquias e dioceses e o seu atual contexto, utiliza-se principalmente o Documento

100 (CNBB, 2014), pois é a produção mais global e recente da Conferência sobre

paróquia. Aborda-se brevemente os documentos da Igreja Católica sobre

comunicação, para resgatar historicamente a visão da instituição sobre o assunto, a

partir dos autores Puntel (2010), Gomes (2010), Zolin (2010), Soares (1988), Dariva

(2003) e Melo (2005). Apresenta-se o entendimento sobre comunicação a partir das

mensagens do Papa Francisco (2014, 2015) e as diretrizes e ações para a gestão

da comunicação presentes no Documento 99 (CNBB, 2014), com breve explicação

do membro do Diretório de Comunicação da CNBB, Moisés Sbardelotto (2014),

retirada de Entrevista em Profundidade.

4.1 IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA

A palavra Igreja provém do termo ekklésia, vindo do grego ekkalléin, que

significa “convocado”, conforme o catecismo jovem da Igreja Católica, o YOUCAT.

“Todos que somos batizados e cremos em Deus, somos convocados pelo Senhor.

Por isso, juntos somos a Igreja. [...] A missão da Igreja é permitir que, em todos os

povos, brote e cresça a fé que Jesus já inaugurou” (VATICANO, YOUCAT, 2011, n.

121 e n. 123).

A palavra Católica, do grego katholikós, significa estar “referido ao todo”. ‘“A

Igreja é Católica porque Cristo a chamou a confessar toda a fé, a guardar e celebrar

todos os sacramentos, a anunciar a boa-nova na sua totalidade”, e, é apostólica

“porque é fundada pelos Apóstolos, baseia-se na sua tradição e é guiada pelos seus

sucessores” (VATICANO, YOUCAT, 2011, n. 133 e n. 137).

É Romana porque:

A comunidade de Roma foi considerada desde o princípio, como a Igreja suprema, a mais antiga e conhecida, fundada e organizada por Pedro e Paulo. [...] Mercê da sua especial primazia, teve de estar em consonância

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com esta Igreja cada uma das Igrejas, isto é, os crentes de todo o mundo, porque nela fora sempre guardada a Tradição dos Apóstolos. O fato de ambos os Apóstolos terem sofrido o martírio em Roma deu à comunidade romana um peso suplementar. (VATICANO, YOUCAT, 2011, p. 89).

A Igreja Católica tem cerca de dois mil anos de existência e está presente na

maior parte dos países do mundo, por meio das paróquias. Conforme Gomes, a

Igreja Católica:

Possui mais de 1,1 bilhão de fiéis, o que a torna a maior religião cristã do mundo. Seus aspectos peculiares são a aceitação da autoridade do Papa, o bispo de Roma, e a comunhão com ele. Os fiéis submetem-se à sua autoridade em matéria de “fé” e “moral”, e à sua afirmação de “total, supremo e universal poder sobre toda a Igreja”. (GOMES, 2010, p. 111, grifo do autor).

Conforme pesquisa divulgada pelo Site da Rádio Vaticana (2015), retirada do

último Anuário Estatístico da Igreja Católica, o número de católicos na data de 31 de

dezembro de 2013 era cerca de 1.253.926.000, com um aumento de 25.305.000 em

relação ao ano precedente. O aumento foi maior na África e América, seguido pela

Ásia, Europa e na Oceania houve uma leve diminuição. O percentual total de

católicos aumentou em 0,19%, chegando a 17,68% o que representa a importante

presença da Igreja Católica na sociedade atual.

Segundo o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CNBB, 2005, n.179),

a Igreja precisa da hierarquia eclesiástica para “apascentar” o povo de Deus e, para

isso, o próprio Jesus Cristo conferiu aos bispos, presbíteros e diáconos a autoridade:

“Os bispos e presbíteros agem, no exercício de seu ministério, em nome e na

pessoa de Cristo Cabeça”. Ainda segundo o Compêndio, o Papa, chefe do colégio

dos bispos, tem poder “pleno, supremo, imediato e universal”, é o “perpétuo e visível

princípio e fundamento da unidade da Igreja” (CNBB, 2005, n. 182). O pontífice da

Igreja Católica atual, desde 2013, é o Papa Francisco, também conhecido por Jorge

Bergoglio, nome antes de ser sagrado Papa.

4.1.1 Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi fundada em 14 de

outubro de 1952 e é a instituição permanente que congrega os Bispos da Igreja

católica no País. Conforme o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CNBB,

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2005, n. 183), “o colégio de bispos, em comunhão com o papa e jamais sem ele,

exerce também sobre a Igreja o supremo e pleno poder”. No mundo, existem 5.173

bispos, conforme o Site da Rádio Vaticana (2015). Sobre os ensinamentos

apontados pelo colegiado de bispos, “o colégio de bispos em comunhão com o

papa, sobretudo reunido num Concílio Ecumênico, proclamam com ato definitivo

uma doutrina referente à fé ou à moral [...], a esses ensinamentos todo fiel deve

aderir com o obséquio de fé” (CNBB, 2005, n. 185).

A CNBB é composta pelos bispos diocesanos, bispos titulares, bispos

auxiliares e prelados das Igrejas orientais católicas (bispos de prelazias,

administração criada para um fim pastoral específico). Atualmente, a entidade conta

com 275 circunscrições eclesiásticas (arquidioceses, dioceses, vicariatos, prelazias,

etc.), 310 bispos ativos e 141 bispos eméritos (SITE da CNBB, 2015).

4.1.2 Paróquias

Etimologicamente, o termo paróquia é de origem grega e é constituído pelas

palavras paroikía, que significa “estrangeiro”; paroikein, designado a “habitar nas

proximidades”; e paroikós, que é “vizinho, que habita junto” (CNBB, Documento 100,

2014, n.161). Ainda segundo o Documento, a origem da paróquia ocorreu após o

edito de Milão declarar a liberdade religiosa para o Império Romano, em 313. Até

então, os cristãos se reuniam de forma anônima nas casas dos líderes para não

serem condenados. Quando puderam manifestar a fé publicamente, foram criados

os locais fixos de oração, no final do século III, chamados domus ecclesiae, e no

século IV, os chamados titulus, na cidade de Roma, e paróquias, comunidades

rurais afastadas da cidade onde moravam os bispos. No século V, como os bispos

não conseguiam atender aos povoados mais distantes, o sistema paroquial foi sendo

implantado aos poucos nas cidades e tornou-se urbano (CNBB, Documento 100,

2014, n. 112).

Segundo a CNBB no Documento 100, o Concílio de Trento (1545-1563)

desenhou a paróquia que chegou até o Concílio Vaticano II, iniciado em 1962, que

afirma que a paróquia só pode ser compreendida a partir da diocese, ou seja, ela é

uma parte da Igreja Particular (diocese). O Concílio Vaticano II traz a novidade de

que a paróquia está em rede, isto é, em comunhão com as demais paróquias que

formam a diocese. Assim, a Igreja deve ser compreendida primeiramente como

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comunhão, no seu primeiro valor quando reunida em assembleia eucarística (missa),

quando favorece a todas as pessoas participarem da comunhão com Deus e quando

vive em comunhão com toda a Igreja Universal (CNBB, Documento 100, 2014, n.

123 a 126). A paróquia é chefiada por um presbítero (padre), chamado pároco,

geralmente possui agentes pastorais (leigos, clero e religiosos) na execução de

atividades paroquiais e é uma “comunidade cristã que está em comunhão na fé e

nos sacramentos com seu bispo e com a Igreja de Roma” (CNBB, Compêndio do

Catecismo da Igreja Católica, 2005, n. 167).

O Papa Francisco atualiza a importância da Paróquia para a Igreja:

A paróquia não é uma estrutura caduca; precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do Pastor e da comunidade. Embora não seja certamente a única instituição evangelizadora, se for capaz de se reformar e adaptar constantemente, continuará a ser a própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e das suas filhas. Isto supõe que esteja realmente em contato com as famílias e com a vida do povo, e não se torne uma estrutura complicada, separada das pessoas, nem um grupo de eleitos que olham para si mesmos. A paróquia é presença eclesial no território, âmbito para a escuta da Palavra, o crescimento da vida cristã, o diálogo, o anúncio, a caridade generosa, a adoração e a celebração. Através de todas as suas atividades, a paróquia incentiva e forma os seus membros para serem agentes da evangelização. É comunidade de comunidades, santuário onde os sedentos vão beber para continuarem a caminhar, e centro de constante envio missionário. (BERGOGLIO, 2013, n.28, grifo do autor).

A partir deste entendimento sobre a paróquia, o Papa Francisco reconhece

que é necessária uma revisão e renovação das paróquias, “pois não deu

suficientemente fruto, tornando-se ainda mais próximas das pessoas, sendo âmbitos

de viva comunhão e participação e orientando-se completamente para a missão”

(BERGOGLIO, 2013, n.28). A aproximação das pessoas, que promove maior

participação, é um processo que passa pela comunicação paroquial, pois “a

comunicação, sobretudo em suas dimensões verbais, simbólicas e sacramentais,

representa o elemento portador das três dimensões constitutivas da comunidade

eclesial, isto é, a partilha da fé, a celebração eucarística e a caridade” (CNBB,

Documento 99, 2014, n. 51).

4.1.2.1 Contexto atual das paróquias no Brasil

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No Brasil, existem 11.012 paróquias (ANUÁRIO CATÓLICO, 2015). A CNBB

reconhece nas Diretrizes Gerais de Evangelização de 2008 a 2010 e nas de 2011 a

2015, que, “para a maioria dos nossos fiéis, a relação da Igreja se restringe aos

chamados serviços paroquiais. [...]. Por isso, as paróquias têm um papel

fundamental na evangelização” (Documento 94, n. 57, 2011). A Conferência afirma

no seu mais recente documento sobre a realidade paroquial, o Documento 100

(2014, n. 1), que “há séculos a paróquia tem sido a presença pública da Igreja nos

diferentes lugares. Ela é referência para os batizados”.

Como visto anteriormente, o próprio Papa Francisco afirma que a paróquia

precisa passar por uma renovação para tornar-se comunidade de comunidades. O

Documento 100 orienta para a necessidade uma conversão pastoral, pois “há

paróquias que projetam a imagem de uma Igreja distante, burocrática e

sancionadora. Igualmente, os planos pastorais precisam ser mais evangélicos,

comunitários, participativos, realistas e místicos” (CNBB, 2014, n. 37). Além da

mudança de planos pastorais, o principal desafio para as paróquias, conforme o

Papa e a CNBB, é a Igreja sair em missão, “sair ao encontro das pessoas”

(Documento 100, 2014, n. 31).

A CNBB se preocupa no Documento 100 (2014, n. 34) com “o aparecimento

de grupos fechados em seus ideais sem comunhão com a diocese e resistentes ao

diálogo com o mundo” e consideram essas “associações pequenas de interesses

religiosos particulares” uma redução da experiência comunitária cristã, que

“compromete o conceito de Igreja como Povo de Deus”. Por isso, reforça que a 3ª

assembleia geral do Episcopado Latino-Americano, no México, em 1979, trouxe a

paróquia como “centro de coordenação e animação de comunidades, grupos e

movimentos” (2014, n. 132).

Ou seja, por mais que as outras formas de evangelização sejam reconhecidas

e válidas pela Igreja, como movimentos, grupos e associações, ainda se pede que

os esforços de evangelização sejam coordenados pela paróquia, de modo que “o

importante não é confundir a natureza das comunidades e assim evitar

concorrências, desgastes inúteis e ambiguidades. Todas as comunidades são

convocadas a assumir as Diretrizes da Ação Evangelizadora e dos Planos Pastorais

de cada Igreja Particular” (CNBB, Documento 94, 2011, n. 61).

Outro aspecto importante presente no Documento 100 é que há séculos a

territorialidade era o principal critério para definir qual paróquia o fiel deveria

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participar, até o próprio conceito de paróquia é “habitar nas proximidades”, conforme

visto anteriormente. Porém, a CNBB reforça que, atualmente, o território físico não é

mais importante nas relações sociais. “Um referencial importante para o ser humano

de hoje é o sentido de pertença à comunidade e não tanto o território. Por isso,

alguém pode participar de uma paróquia que não seja a do bairro onde reside”

(Documento 100, 2014, n.40). Dessa forma, é necessário que as paróquias criem

estratégias para atrair os fiéis, e que não esperem que o fator da territorialidade

garanta público. A tradição de seguir a fé católica também não garante público, pois

no Documento 100 a Conferência (2014, n. 25) considera que “a participação na

vida eclesial tornou-se, cada vez mais, uma opção numa sociedade pluralista”.

O Documento 100 apresenta que um fator determinante para que novas

noções de espaços e de comunidades sejam criadas é tecnologia e a internet, pois

encurtam distâncias, de modo que “jovens se concentram nas redes sociais da

internet e os idosos preferem a televisão. Emerge, assim, uma experiência religiosa

com menor senso de pertença comunitária” (CNBB, Documento 100, 2014, n.26).

Porém, o Documento 100 (2014, n. 44) sugere que a alternativa para superar a nova

noção de espaço e tempo é a própria paróquia se inserindo nestes ambientes, já

que o ambiente virtual é considerado comunidade de pertença, de modo que afirma

que “não é possível trabalhar com grupos de jovens desprezando as redes sociais”.

4.1.3 Dioceses

O Concílio Vaticano II trouxe a ideia de que as paróquias são partes da

diocese e que devem estar em comunhão. A CNBB (Documento 100, 2014, n. 158)

explica que “a diocese é a porção do povo de Deus confiada a um bispo com a

cooperação de um presbitério”. Conforme o Vaticano (YOUCAT, 2011, n. 253), o

bispo é a figura que representa a comunhão visível das paróquias: “O Bispo, que

exerce o ministério pastoral com seus presbíteros e diáconos, como seus

assistentes ordenados, é o princípio visível e fundamento da Igreja local ou

particular, também chamada diocese”.

No Documento 100, a CNBB afirma que a “diocese, por sua vez, também vive

em comunhão com todas as demais dioceses que são presididas na caridade pelo

bispo de Roma, o Papa” (2014, n. 158), e essa “profunda comunhão com a realidade

além da visibilidade” deve se refletir “nas dioceses com suas paróquias que

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constituem a Igreja visível [...], da qual a paróquia é a concretização” (2014, ns. 159

a 160). Por isso, para transmitir essa unidade e comunhão, a Conferência reforça a

importância de que os Planos Pastorais Paroquiais estejam sintonizados com o

Diocesano:

A paróquia constitui-se na menor parte de uma comunidade mais ampla que é a Igreja Particular. Essa pode ser uma diocese, uma prelazia, um vicariato apostólico,etc. A paróquia não pode ser concebida como independente, mas somente em relação à Igreja Particular na qual se encontra. Dela recebe as orientações pastorais e define sua atividade. A vitalidade da diocese, por sua vez, depende da vitalidade das paróquias. (CNBB, Documento 100, 2014, n. 160).

Para a construção de comunhão e sintonia entre paróquias e dioceses, a

comunicação é um dos principais meios, pois ela tem o “objetivo primordial criar

comunhão, estabelecer vínculos de relações, promover o bem comum, o serviço e o

diálogo na comunidade” (CNBB, Documento 99, 2014, n. 13).

4.2 HISTÓRICO DA VISÃO DE COMUNICAÇÃO PELA IGREJA CATÓLICA

A CNBB reforça no Documento 99 (2014, n.13) que “a palavra comunicação

provém do latim com-munus, aquilo que é compartilhado”. O conceito de

comunicação para a Igreja Católica está vinculado à noção de comunidade e de

partilha desde os primeiros grupos de cristãos, no Império Romano. “A comunidade

acreditava que, através do testemunho de fraternidade entre seus membros, a fé

poderia espalhar-se [...] a comunidade era um meio de irradiar a fé e as crenças”

(PUNTEL, 2010, p. 23).

Porém, com a expansão do cristianismo, a ideia de comunidade ganhou

conotação de hierarquia de funções, pois “se adequava mais pacificamente às

formas autoritárias de poder, próprias do mundo antigo, e, posteriormente, feudal”

(BOFF, 1982 apud PUNTEL, 2010, p.23). Assim, a hierarquia da Igreja ganhou

sinônimo de autoridade, entendida como centralização da tomada de decisões, de

modo a estabelecer padrões de comportamento para os adeptos da fé (PUNTEL,

2010).

Segundo Zolin (2010), a Igreja assumiu uma postura vigilante às mensagens

transmitidas pelos instrumentos de comunicação, de forma que até a invenção da

imprensa de Gutenberg foram publicados 87 documentos oficiais para ditar regras a

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imperadores, reis, bispos e fiéis sobre como se posicionar sobre escritos, livros e

teatros. A censura ocorria após o aparecimento da obra, porém buscava zelar pelos

aspectos morais, e não reprimir essas formas de comunicação. Ainda conforme a

autora, a Igreja também contribuiu no desenvolvimento das formas de se comunicar

nesta época, quando se utilizou dos recursos disponíveis, como uso de imagens,

artes sacras, para difundir a mensagem cristã.

A comunicação social ganha uma importante ferramenta com a criação da

prensa tipográfica, por Gutenberg, em meados de 1450. As publicações poderiam

ser difundidas a mais pessoas, e outros organismos da sociedade poderiam publicar

livros. De acordo com Puntel (2010), a livre difusão de obras e a possibilidade da

liberdade de expressão eram vistas com preocupação para o Papa Inocêncio VIII,

pois ameaçava seu controle sob a produção escrita da época. Para orientar o uso,

publicou o documento Inter Multíplices, em 1487, que define o pensamento de como

abordar os meios de comunicação escritos.

O Papa Leão X afirma, em 4 de maio de 1515, no documento Inter

Solllicitudines, que a imprensa possui inúmeros benefícios, como o acesso à

instrução através da leitura, e a considera como uma providencial invenção. Porém,

justifica a censura em função dos erros de fé que muitas obras podiam induzir,

sendo uma forma de conter o racionalismo, e a contestação que marcaram o

contexto da Renascença (SOARES, 1988).

Dando continuidade à censura, Papa Paulo IV publicou o Index, em 1559,

uma relação de livros que não podiam ser lidos, revelando, conforme Puntel (2010),

o medo que a Igreja exercia sobre a livre difusão e sobre o conteúdo que estava

sendo produzido na época, por protestantes e adeptos ao racionalismo. O sucessor

de Paulo IV, Papa Pio IV, legitimou o Índex pelo Concílio de Trento, e a lista foi

extinta apenas em 1966 com Papa Paulo VI.

Porém, é com o Papa Pio XI que a comunicação social começa a ser

defendida publicamente como um meio a ser utilizado para católicos para difundir a

boa mensagem, com publicação da encíclica Vigilanti Cura, em 1936. O contexto era

o surgimento do cinema e a ideia era propor aos produtores de filmes que

baseassem suas produções com conteúdos que eram bons sob o olhar da Igreja

Católica. O documento também buscou orientar aos fiéis para que assistissem

apenas o que fosse condizente à moral católica (GOMES, 2010).

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Em seguida, Pio XII, por meio da Miranda Prorsus, conhecida como primeira

síntese sobre a visão da Igreja a respeito da comunicação, publicada em 1957, vê

com otimismo o cinema, rádio e televisão e os reconhece como dons de Deus, à

medida que promove o desenvolvimento de valores humanos, culturais e espirituais.

Conforme Soares (1988, p. 87), “Roma está deslumbrada com a novidade técnica e

com as possibilidades utilitárias da televisão para seus projetos de propaganda da

fé”. Como dádivas divinas, o documento reforça que devem cumprir o objetivo de

divulgar os ensinamentos conforme a Doutrina da Igreja, acentuando ainda os

aspectos morais dos meios, destacando a importância da opinião crítica sobre eles,

porém reconhecendo seus potenciais de divulgação (PUNTEL, 2010).

No Concílio Vaticano II, a partir de 1962, fortalece-se uma visão mais

politizada da fé, em que “a vivência religiosa somente seria autêntica apenas em

pequenos grupos, num encontro pessoal com Deus, compartilhado com a

comunidade” (GOMES, 2010, p. 31). Neste contexto, discute-se pela primeira vez

em uma situação conciliar os meios de comunicação social, publicando o decreto o

Inter Mirifica. É o documento que revela a aceitação da comunicação social pela

Igreja e o dever da própria Igreja em utilizar os meios de comunicação para difundir

a solidariedade e a evangelização (PUNTEL, 2010).

Porém, a autora destaca que o documento sofreu críticas por parte de

jornalistas americanos por defender o dever da autoridade civil em tutelar a

verdadeira liberdade de informação, o que foi considerado contra a liberdade de

imprensa. A Igreja defendeu essa resguarda para proteger a juventude contra os

espetáculos. Segundo Soares (1988, p. 106), sobre a liberdade de imprensa, a

Igreja aderiu “a pregação do liberalismo sobre o problema, reforçando, através da

qualificação moral atribuída à boa notícia (deve ser verdadeira, íntegra, honesta e

equilibrada) a teoria da responsabilidade social defendida nos Estados Unidos e

Europa”. Fora isso, o documento fez avanços em relação aos documentos

anteriores sobre a escolha livre e pessoal ao invés da censura e cria a ação pastoral

e o Dia Mundial da Comunicação2, o único indicado por um concílio da Igreja

(PUNTEL, 2010).

2 O Decreto determinou que, cada diocese, anualmente, celebrasse “um dia dedicado a ensinar aos

fiéis seus deveres no que diz respeito aos meios de comunicação”. (n.18). [...] Por ocasião do Dia Mundial das Comunicações, além da mensagem pontifícia, o Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais publica algumas considerações adicionais, propostas de atividades e liturgia sobre o tema em questão (DARIVA, 2003, p. 287).

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Em seguida, em 1971, a Comissão Pontifícia dos Meios de Comunicação

Social, criada em 1964, publica a Instrução Pastoral Communio Et Progresso,

conhecida até então como o documento da Igreja Católica com o olhar mais positivo

sobre a comunicação social. “Desenvolve um caminho segundo o qual a ação

pastoral deve utilizar os meios de comunicação: a esperança e o otimismo são

dominantes e o caráter moralizador e dogmático desaparece” (PUNTEL, 2010, p.46).

Assim, a Igreja destaca no documento que os meios de comunicação podem ser

ferramentas para atingir mais pessoas e moldar-lhes comportamentos, o que facilita

a propagação da religião católica:

A comunhão e o progresso da convivência humana são os fins primordiais da comunicação social e dos meios que emprega, como sejam: a imprensa, o cinema, a rádio e a televisão. Com o desenvolvimento técnico destes meios, aumenta a facilidade com que maior número de pessoas e cada um em particular lhes pode ter acesso; aumenta também o grau de penetração e influência na mentalidade e comportamento das mesmas pessoas. (COMISSÃO PONTIFÍCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, 2006, n. 1).

Conforme Soares (1988), em um contexto pós Segunda Guerra Mundial, com

a divisão do poder mundial, a Communio Et Progresso foi importante à sociedade

liberal, assegurando a liberdade humana, assim o autocontrole exercido por

associações de produtores ou de consumidores dos produtos culturais foi indicado

como solução para abusos na utilização da comunicação social.

O documento Aetatis Novae, em 1992, teria encontrado um consenso entre

comunicação de massa e a segmentada em pequenos grupos, destacando o

processo de comunicação, e não apenas o uso dos meios de comunicação

(GOMES, 2010). Conforme Puntel (2010), a época foi caracterizada por uma grande

mudança no campo midiático, com a mudança da era analógica para a digital. A

Igreja passa a ter uma visão mais ampla sobre a comunicação social, não sendo

considerados apenas os meios de comunicação seculares ou os religiosos como

formas de comunicação, mas também a comunicação feita por cristãos, agentes

pastorais e sociedades, enfatizando a importância de um plano pastoral da

comunicação nas Igrejas particulares e a formação sobre os impactos e as técnicas

dos meios de comunicação social. “Quanto aos que estarão ativamente

empenhados em trabalhos de comunicação para a Igreja, é necessário que

adquiram competência profissional em matéria de mass media, assim como uma

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formação doutrinal e espiritual” (COMISSÃO PONTIFÍCIA DOS MEIOS DE

COMUNICAÇÃO SOCIAL, AETATIS NOVAE, 1992, n. 18).

Assim, o próprio documento possui um anexo com elementos para o plano de

pastoral dos meios de comunicação em dioceses. As linhas orientadoras para

planos pastorais de comunicação que a Aetatis Novae apresenta são: apresentação

de conjunto com métodos de comunicação; inventário do ambiente dos mass media

existentes no território, apresentando os diferentes públicos, produtores de

conteúdo, recursos financeiros, ecumênicos, educativos e técnicos, sistemas de

distribuição e colaboradores dos organismos católicos de comunicação; proposta de

estrutura dos meios de comunicação eclesiais; educação que reforce a relação entre

mass media e valores; proposta pastoral de comunicação com os profissionais do

mass media; e indicação de como obter financiamento desta pastoral (COMISSÃO

PONTIFÍCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, AETATIS NOVAE, 1992).

Ou seja:

O plano deveria propor, aos responsáveis da comunicação na Igreja, linhas diretrizes e fornecer-lhes objetivos e prioridades realistas para o seu trabalho. Nós recomendamos que uma equipe, que compreenda representantes da Igreja e profissionais do mass media, seja associada a este trabalho de elaboração, que se desenvolverá em duas fases: a) análises; b) planificação. (COMISSÃO PONTIFÍCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, AETATIS NOVAE, 1992, n. 25).

Sobre os mass media, a Comissão Pontifícia dos Meios de Comunicação

Social publicou ainda dois documentos: o Ética na Publicidade, em 1997, e o Ética

nas Comunicações Sociais, em 2000. Ambos buscaram defender a responsabilidade

dos meios de comunicação de promover o desenvolvimento integral dos homens

(PUNTEL, 2010).

Segundo Melo (2005), a história da comunicação da Igreja é dividida em

quatro fases. A primeira fase é aquela em que a Igreja utiliza a censura e a

repressão, de Inocêncio VIII ao século XIX, caracterizada pela Renascença. Já a

segunda fase registra uma aceitação desconfiada dos novos meios de comunicação,

com início em Leão XIII, que realizou a primeira audiência coletiva com jornalistas

em 1879, até a convocação do Concílio Vaticano II. A terceira fase se traduz a um

“deslumbramento ingênuo” sobre a comunicação, em que se poderia mudar

comportamentos por meio do mass media e seriam solução para os problemas da

evangelização, que tem como marco a Communio Et Progresso, em um contexto

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pós Segunda Guerra Mundial, assegurando a liberdade humana para estar a par da

sociedade liberal. A quarta fase é quando passa a incentivar as experiências de

comunicação feitas pelo próprio povo e os agentes pastorais, como a Aetatis Novae,

e no caso da América Latina, após Puebla, como será observado mais adiante, em

um contexto em que a Igreja assume a preferência pelos pobres.

4.2.1 Comunicação atual conforme o Vaticano

A Igreja busca refletir sobre a cultura digital que vive a sociedade

contemporânea, com os documentos Igreja e internet e Ética na internet, publicados

em 2002. De acordo com Puntel (2010), o primeiro documento considera os meios

de comunicação como dons de Deus, na medida em que promovem a solidariedade

entre os indivíduos e o seu progresso integral. Por isso, incentiva a Igreja a utilizar-

se das novas tecnologias para se relacionar, de modo que propõe o treinamento

para o uso das tecnologias como parte dos programas de comunicação a membros

da Igreja. Porém, a instrução reconhece que a realidade virtual não pode substituir a

comunidade interpessoal, apenas auxiliando para formas complementares de

comunicação:

(A internet) também oferece à Igreja formas de comunicação com grupos específicos – adolescentes e jovens, idosos e pessoas cujas necessidades as obrigam a permanecer em casa, indivíduos que vivem em regiões remotas e membros de outros organismos religiosos – que, de outra forma, podem ser difíceis de alcançar. (COMISSÃO PONTIFÍCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, IGREJA E INTERNET, 2002, n. 25).

O último documento sobre a Internet produzido em seguida é a Carta

Apostólica O rápido desenvolvimento, escrita por João Paulo II e publicada no dia 24

de janeiro de 2005, em que reforça a inserção da Igreja na cultura digital e no mass

media para evangelizar e também para estar a serviço da solidariedade, pois

permite vencer barreiras de tempo, de espaço e de língua (PUNTEL, 2010).

Após a Carta de João Paulo II, em termos de produção pelo Vaticano, existem

as Mensagens dos Papas para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que são

celebrados anualmente desde 1967, geralmente no dia 24 de janeiro, dia de São

Francisco de Sales, e são ocasiões em que “o Papa tem a oportunidade de, em

cada ano, sublinhar uma comunicação adequada e eficaz sobre as questões cruciais

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[...] e dão um ótimo perfil das abordagens da Igreja sobre a comunicação” (DARIVA,

2003, p. 287).

Neste estudo, utilizam-se apenas as Mensagens do atual pontífice, o Papa

Francisco, para analisar com o contexto da paróquia atual visto anteriormente. A

Mensagem para o 48º Dia Mundial das Comunicações, em 2014, chamada de

Comunicação a serviço de uma autêntica cultura do encontro, apresenta como a

Igreja Católica percebe a comunicação atualmente: “Gosto de definir esse poder da

comunicação como ‘proximidade’” (BERGOGLIO, 2014, p.10, grifo do autor).

Destaca que a comunicação cristã não deve ser feita com “bombardeio de

mensagens religiosas”, mas sim com uma comunicação que permite o diálogo e o

relacionamento, de modo que a Igreja vai ao encontro do seu público,

testemunhando, envolvendo e se aproximando:

Uma boa comunicação ajuda-nos a estar mais perto e a conhecer-nos melhor entre nós, a ser mais unidos. Os muros que nos dividem só podem ser superados se estivermos prontos a ouvir e a aprender uns dos outros. Precisamos harmonizar as diferenças por meio de formas de diálogo, que nos permitam crescer na compreensão e no respeito. A cultura do encontro requer que estejamos dispostos não só a dar, mas também a receber de outros. Os meios de comunicação podem ajudar-nos nisso, especialmente nos nossos dias em que as redes da comunicação humana atingiram progressos sem precedentes. Particularmente, a Internet pode oferecer maiores possibilidades de encontro e de solidariedade entre todos; e isso é uma coisa boa, é um dom de Deus. (BERGOGLIO, 2014, p. 8).

A Mensagem para o 49º Dia Mundial das Comunicações, Comunicar a família:

ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor, publicada em 2015,

trabalha com o mesmo conceito da cultura do encontro, porém aplicado à família,

como primeiro ambiente em que se aprende a comunicar. “Essa capacidade que nos

faz compreender o que é verdadeiramente a comunicação enquanto descoberta e

construção de proximidade. Reduzir as distâncias, saindo mutuamente ao encontro

e acolhendo-se, é motivo de gratidão e alegria” (BERGOGLIO, 2015, p.8). Neste

contexto, o Papa convida a valorizar os aspectos da comunicação desde sua

primeira concepção, que é a interpessoal, e não vivenciar a comunicação apenas

pelos meios de comunicação de massa ou pelos meios digitais.

4.2.2 O Diretório de Comunicação da Igreja Católica no Brasil

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Segundo a CNBB no Estudo 101, desde a Assembleia Geral do Episcopado

de 2007, a CNBB decidiu elaborar um Diretório de Comunicação para fornecer

diretrizes e orientações para o progresso de comunicação e melhor presença da

Igreja na mídia e sobre como trabalhar a evangelização com o advento das mídias

sociais digitais. Diretrizes, conforme a CNBB no Documento 94 (2011, n. 2), são

“rumos que indicam o caminho a seguir, abordando aspectos prioritários da ação

evangelizadora, princípios norteadores e urgências irrenunciáveis”. Por ser a CNBB

a principal autoridade da Igreja Católica no Brasil, o Documento 99, produção mais

recente sobre comunicação da Conferência, publicado em 2014, é o documento de

referência sobre a comunicação em dioceses e paróquias brasileiras.

Conforme Puntel (2010), a trajetória sobre o tema comunicação no Brasil é

espelho das especificidades da América Latina, e, por isso, as quatro últimas

assembleias do Episcopado Latino-americano, Meddellín (1968), Puebla (1979),

Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007) trouxeram pontos que contribuíram para

o histórico da comunicação da Igreja no Brasil. Segundo Melo (2005), em Meddellín,

houve uma crença nas potencialidades das mensagens evangélicas por meio do

mass media, mas, apesar disso, havia o entendimento de que os meios de

comunicação pertenciam aos donos do poder, mais interessados em conservar a

situação a eles favoráveis do que transformá-la.

Já em Puebla, a opção preferencial pelos pobres é assumida pela hierarquia

eclesiástica. Assim, a Igreja se propõe a utilizar os meios para denunciar a

manipulação ideológica com fins políticos e econômicos (MELO, 2005). A conclusão

de Puebla é a de inserir a Pastoral da Comunicação em uma realidade sociocultural,

incentivando o acesso à participação e comunicação alternativa. Parte da Igreja na

América Latina passou a denunciar o sistema econômico, e o acesso da Igreja nos

meios de comunicação de massa tornou-se limitado, em função de na década de

1970 estar sob uma ordem capitalista e sob a ditadura militar (PUNTEL, 2010).

Em 1989, após o fim da ditadura e com o aumento da liberdade de imprensa,

a comunicação social foi tema da Campanha da Fraternidade, evento da Igreja no

Brasil destinado a suscitar a reflexão de um tema da atualidade. Com o lema

Comunicação para a verdade e a paz, não se limitou apenas em motivar os católicos

a disseminar o Evangelho por meio do mass media, mas também buscou refletir

sobre o papel dos meios na sociedade atual (MELO, 2005).

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Conforme Puntel (2010), em Santo Domingo, os bispos percebem a

insuficiente presença da Igreja no mass media e apontam para elaboração de

políticas de estratégias de comunicação, com preparação técnica, doutrinal e moral

de todos os agentes pastorais, assim como aponta a Aetatis Novae. Já no

Documento de Aparecida entendem a comunicação como uma nova cultura, e não

apenas uso de ferramentas. Por isso, segundo a autora, a instrução apresenta a

necessidade de uma Pastoral da Comunicação, de modo que a comunicação deve

atingir todas as atividades das paróquias, os movimentos e as dioceses, e assim, os

organismos devem elaborar suas ações. Também recomenda que as ações da

Igreja sejam acompanhadas pelo melhoramento técnico e profissional.

Um documento da CNBB que marca a história da comunicação da Igreja no

Brasil, conforme Gomes (2010), é o Documento n. 59, de 1997, com o tema Igreja e

Comunicação Rumo ao Novo Milênio, com diretrizes e princípios para a

comunicação. Também auxiliaram na construção do Diretório os Estudos da CNBB

(cadernos verdes), principalmente o de nº 101, A comunicação na vida e missão da

Igreja do Brasil, publicado em 2011.

4.2.2.1 Diretrizes e ações para a comunicação em dioceses e paróquias

A CNBB contextualiza no Documento 99 (2014, n.16) a sociedade atual a

partir dos processos de comunicação centrados na pessoa, nas relações entre ela, a

sociedade e o mundo, de modo que “a própria sociedade, seus indivíduos e

instituições passam a tomar as mídias, suas práticas e lógicas como referência no

estabelecimento de processos internos”. Ainda no Documento, entende que os

processos de comunicação estão presentes no dia a dia da sociedade

contemporânea, também identificada como “sociedade da informação e da

comunicação” (2014, n.8), e que a Igreja Católica é “interpelada pelas mudanças

trazidas à sociedade contemporânea na revolução digital” (2014, n.8).

A CNBB defende no Documento 99 (2014, n. 29) que a comunicação “é um

processo social a serviço das relações” e deve “favorecer a partilha, a colaboração e

o serviço dos mais necessitados”. Ou seja, aponta para uma comunicação que

busca promover o diálogo, estimular ações solidárias e fraternas, e não apenas

como uma transmissão de informação, de doutrinas e de ideias. Sugere ainda que

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acompanhar as mudanças de comunicação é parte da atualização da missão da

Igreja no mundo:

A Igreja no Brasil vem procurando acompanhar o desenvolvimento do processo comunicacional em sua feição midiática a fim de atualizar a sua missão no mundo. Desse modo, coloca-se como prioridade aprimorar as estratégias de comunicação para que a ação pastoral alcance seus objetivos de forma eficiente. Essa tarefa, para ser eficaz, deve ser acompanhada de um processo de sensibilização e formação dos leigos para o exercício pleno da comunicação. Tal processo de formação converte-se num dos grandes desafios para a Igreja, levando em conta o reconhecimento de que estamos vivendo uma mudança de época. (CNBB, Documento 99, 2014, n. 126).

A comunicação como processos e meios é de suma de importância para a

Igreja, de modo que a CNBB aponta para articular as iniciativas comunicacionais em

cada diocese e paróquia a Pastoral da Comunicação (Pascom), como um grupo

estratégico da ação evangelizadora. Pastoral, da palavra pastor do Antigo

Testamento, é entendida como alguém que ensina, admoesta e conduz ao bom

caminho (Documento 99, 2014, n. 245). Por isso, mais do que simplesmente

comunicar, as ações da Pascom devem colaborar na ação evangelizadora da Igreja.

Assim, a abrangência da Pascom inclui:

1) colocar-se a serviço de todas as pastorais para dinamizar suas ações comunicativas; 2) promover o diálogo e a comunhão das diversas pastorais; 3) capacitar os agentes de todas as pastorais na área da comunicação, especialmente a catequese e a liturgia; 4) favorecer o diálogo entre Igreja e os meios de comunicação, para dar maios visibilidade à sua ação evangelizadora; 5) envolver os profissionais e pesquisadores da comunicação nas reflexões da Igreja, para colaborar no aprofundamento e atualização dos processos comunicativos; e 6) desenvolver as áreas da comunicação, como a imprensa, a publicidade e as relações públicas, nos locais onde não existem profissionais especificamente designados. (CNBB, Documento 99, 2014, n. 248).

A Pascom deve se sustentar em quatro eixos: formação, articulação,

produção e espiritualidade. A formação, na área paroquial, deve abordar sobre a

produção de conteúdos e sobre os processos de comunicação, de modo que se

recomenda que as “dioceses e as paróquias se articulem para promover cursos

regulares de formação, oficinas de produção midiática, debates sobre ações

comunicativas e seu emprego na evangelização, bem como sobre a leitura crítica da

mídia” (CNBB, Documento 99, 2014, n. 227).

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A CNBB orienta no Documento 99 (2014, n. 251) que a articulação “se propõe

a animar e envolver os agentes culturais e pastorais para que conheçam e se

comprometam com ações concretas e integradas com os processos e meios de

comunicação para o anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo”. Ou seja, deve promover

uma rede de comunicadores em diferentes tipos de meios que contribuam para o

anúncio dos valores evangélicos. Já a produção, a Conferência entende que é a

responsabilidade de elaborar materiais, como subsídios de textos impressos e

digitais, áudios e vídeos (2014, n. 253). Sobre a espiritualidade, defende que é

responsabilidade da Pascom cultivar a espiritualidade do comunicador “mediante

retiros, leitura orante na ótica da comunicação, reflexões sobre os documentos da

Igreja no campo da comunicação” (2014, n. 253).

Ainda no Documento 99, a CNBB orienta que a instituição de Pascom em

âmbito paroquial deve funcionar com o pároco como seu referencial, atuando em

sintonia com um coordenador paroquial (2014, n. 263). Também defende que a

instituição da Pastoral só é possível se houver a participação dos leigos presentes

nas comunidades assumindo as várias atividades da comunicação da Igreja, “desde

planejamento e gestão, até ações específicas como acolhida dos fiéis, a redação de

notícias para os boletins, o cuidado com os murais, a atualização contínua dos sites,

a realização de cursos de comunicação para as comunidades” (2014, n. 138).

Porém, reforça que os leigos comunicadores devem ter “experiência e perfis

profissionais adequados” (2014, n. 125) para integrar esta missão da Igreja, de

modo que saibam promover diálogo permanente entre os diversos organismos da

sociedade.

A Conferência aponta os jovens como protagonistas da comunicação pelos

meios digitais, já que “vivem imersos nesse ambiente, dominam a linguagem das

mídias digitais, quanto ao estilo interativo e rápido de se comunicar” (Documento 99,

2014, n. 128). Assim, sugere que podem ser os responsáveis pela comunicação

paroquial, principalmente nas mídias sociais digitais. Porém, destaca que a

formação sobre os novos meios a todos os agentes de pastorais é tarefa

condicionante para a melhor evangelização da Igreja:

Se, de um lado, os recursos da informação encontram-se cada vez mais acessíveis, em decorrência do processo de digitalização e da redução de custos, facilitando sua aquisição e instalação, de outro, o domínio das linguagens da comunicação para a produção e difusão de mensagens continua necessitando de cuidados especiais, dada a especificidade do

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contexto civilizatório contemporâneo, cada vez mais exigente. Uma formação inicial para a gestão dialógica da comunicação e para o manejo das tecnologias por parte dos agentes pastorais deve estar nos planos das Igrejas particulares. Centros de capacitação devem ser instituídos nas diferentes áreas do país, sob a liderança de instituições especializadas, para atender a esta demanda formativa. (CNBB, Documento 99, 2014, n. 218).

Moisés Sbardelotto, membro do Diretório de Comunicação, em Entrevista em

Profundidade, defende, que, para evangelizar na cultura digital, deve-se estender a

vivência comunitária para o ambiente digital e compartilhar nas mídias sociais

digitais tudo o que a paróquia faz. “Isso demanda pessoas com linguagem e

capacidade, que entendam de Igreja. É fundamental a paróquia se sentir uma

pessoa no ambiente digital. E o que a pessoa faz? Comenta e pública tudo”

(SBARDELOTTO, 2014, Informação verbal) 3.

Outro aspecto importante apontado pelo jornalista é que os responsáveis

pelas mídias sociais digitais devem acompanhar toda movimentação do público na

web, para levar ao pároco situações vivenciadas pelos fiéis, de modo que o padre

possa acompanhá-los mais de perto e “se aproveitar das redes para ser uma

receptora, acompanhar os perfis dos paroquianos para fazer pastoreio”

(SBARDELOTTO, 2014). Sugere utilizar as ferramentas e plataformas nas mídias,

como enquetes e murais, para tornar a comunicação paroquial mais democrática e

próxima do público.

Em âmbito diocesano, a Pascom “têm em sua estrutura o bispo diocesano

como referencial da comunicação, um coordenador diocesano da Pascom e um

representante de cada paróquia” (CNBB, Documento 99, 2014, n. 254). Por ser um

ambiente mais institucional que a paróquia, a CNBB defende que é necessário a

contratação de uma assessoria de imprensa profissional, que pode também ser

responsável pela produção de materiais e articular e conduzir a Pascom:

No âmbito nacional, regional e diocesano, a Igreja precisa contar com uma estrutura de assessoria de imprensa qualificada. Deve ser gerida por um profissional da área com capacidade de relações com a imprensa, capaz de administrar as eventuais situações problemáticas que poderão apresentar-se no contexto da Igreja e que seja intuitivo na divulgação de eventos importantes com repercussão na sociedade. É tarefa do assessor de imprensa preparar e conduzir as entrevistas do representante da Igreja,

3 Entrevista com Moisés Sbardelotto concedida a Ana Cláudia Cislaghi Mutterle Chiesa. Caxias do

Sul, 9 set. 2014. As próximas referências com Sbardelotto (2014) são informações verbais e referem-se a esta entrevista, cujo áudio está disponível no Apêndice D, no áudio Entrevista Moisés Sbardelotto.

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produzir um clipping de informações e notícias divulgadas pela mídia para colocar à disposição dos responsáveis pela comunicação na Igreja e supervisionar a produção de conteúdos destinados aos sites e redes digitais. [...]. Em alguns regionais, dioceses e paróquias, o assessor de imprensa é contratado exclusivamente para desenvolver atividades técnicas, tais como: a criação, produção e alimentação de sites, blogs, mídias digitais, jornais, revistas e boletins impressos. [...] Além de exercer funções técnicas, o assessor de imprensa pode colaborar na articulação da Pascom de sua região. (CNBB, Documento 99, 2014, ns. 266 a 267).

Sbardelotto (2014) explica que a necessidade de um assessor de imprensa

profissional atuando na diocese é para garantir um discurso adequado nos meios de

comunicação: “Qualquer palavrinha, qualquer termo mal utilizado, qualquer postura,

que seja, digamos, do bispo, mal escrita, pode gerar um problema muito maior que a

paróquia que é uma coisa mais de bairro”. Porém, ressalta que a presença nas

mídias sociais digitais deve ser feita da mesma forma que a paróquia, de uma forma

mais pessoal. Ele destaca que a comunicação na diocese não deve ser

extremamente técnica:

Ou a gente não é nada profissional, ou então a gente é profissional demais, e as duas coisas são negativas. Se a gente não é profissional, fica com aquele serviço mal feito; se a gente é profissional demais, fica aquele serviço marketeiro, muito frio, distante do povo. E o próprio Papa manda a gente ir ao encontro do povo, da periferia, de pessoas concretas, de carne e osso. Então, quanto mais humanizada, mais próxima, mais concreta, melhor. (SBARDELOTTO, 2014).

Sbardelotto (2014) aponta que é válida a contratação de uma assessoria de

comunicação social para dar os encaminhamentos iniciais, como auxiliar no

planejamento, mas para a comunicação paroquial e diocesana diária é necessário

que agentes pastorais assumam o trabalho junto à coordenação, para garantir que a

comunicação seja pastoral.

Para a atuação profissional a CNBB (Documento 99, 2014, n. 210) aponta

que Igreja dispõe de profissionais da comunicação em áreas como o jornalismo, as

relações públicas e a publicidade, de modo que “pertence à Igreja uma rede de

dezenas de instituições superiores de formação de profissionais para a área e de

qualificação para o setor da Pastoral da Comunicação”, evidenciando que é

importante a participação de profissionais formados para atuar na comunicação na

Igreja.

Embora considere importante a necessidade da formação profissional e da

especialização teórica e prática, a Conferência orienta no Documento 99 que, para

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um profissional atuante na Igreja, “não é suficiente a mera competência profissional,

é preciso uma adequada formação humana, pois os meios devem servir ao ser

humano e isso significa conhecê-lo e principalmente amá-lo” (2014, n. 231) e a

formação social para o agente de comunicação “é de fundamental importância para

alimentar a solidariedade dos fiéis nos espaços da Igreja local e para provocar um

ambiente de diálogo e de crescimento dos valores humanos e cristãos” (2014, n.

228).

Sobre o financiamento do trabalho de leigos, Sbardelotto explica que é papel

da paróquia e da diocese assumir a profissionalização dos leigos. “Se o serviço está

sendo bem feito, é uma dedicação exclusiva, cabe a Diocese pagar por esse

trabalho, ajudando a esse leigo a crescer, oferecendo cursos e materiais”

(SBARDELOTTO, 2014).

A CNBB (Documento 99, 2014, n. 270) cita a Aetatis Novae para a

importância de que cada diocese elabore um plano pastoral completo de

comunicação. O plano pode partir das diretrizes delineadas pelo Diretório, mas deve

ser elaborado a partir das necessidades locais. O projeto deve incluir a previsão

orçamentária para a realização das ações, e um meio de captação de recursos para

a execução. Para a elaboração, é necessária uma equipe qualificada e

comprometida com a comunicação. Para a execução, é necessária a criação de

mecanismo de avaliação para monitorar o andamento das atividades. O

planejamento deve visar à atuação sinérgica da comunicação entre paróquias e

dioceses, conforme apresenta a diretriz:

Os agentes da comunicação, nas diferentes realidades, leigos, ministros ordenados e consagrados, precisam desenvolver projetos e trabalhos conjuntos de comunicação, a partir de uma cultura do planejamento e da avaliação das ações comunicativas. É de vital importância promover políticas de sinergia e convergência de comunicação que envolvam todas as pessoas que trabalham com a comunicação na Igreja, em um processo que valorize sempre mais a ação comunitária sobre as ações individuais. É importante definir metas e estratégias de gestão, estabelecer critérios de decisão e promover encontros que valorizem os acontecimentos nacionais, regionais e diocesanos que possam enriquecer a comunidade. (CNBB, Documento 99, 2014, n. 137).

Em função da capilaridade territorial de algumas dioceses, a CNBB

(Documento 99, 2014, n. 264) sugere a criação pela diocese de um vicariato

episcopal para a comunicação social, que é a divisão da diocese em regiões, para a

articulação e coordenação da comunicação da Igreja de forma mais eficiente. O

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organismo deverá estar sob a direção de um vigário episcopal nomeado pelo

ordinário local e terá a responsabilidade de promover rede de comunicadores

articulada, estreitar o relacionamento da Igreja com os meios de comunicação e

promover reflexões sobre estratégias comunicativas e de linguagem.

O Documento 99 (2014) possui pistas de ação4 para a Pascom paroquial a

partir de cada eixo. Para a formação, sugere a promoção de encontros paroquiais,

regionais e diocesanos sobre estudo do Diretório e de documentos da Igreja,

mediante encontros presenciais e virtuais, como também a participação em cursos

teórico-práticos a nível nacional. A Pascom deverá realizar cursos de mídias sociais

digitais para os catequistas, assim como cursos de comunicação para leitores,

cantores, instrumentistas e responsáveis pelas celebrações litúrgicas, além de

cursos de comunicação para presbíteros, futuros sacerdotes, religiosos e religiosas.

As ações na articulação, segundo a CNBB (Documento 99, 2014), consistem

em celebrar o Dia Mundial das Comunicações nas missas e nos encontros com os

comunicadores e profissionais para debater o tema do ano, como também convocar

a grande imprensa para entrevistas coletivas nos eventos relevantes da Igreja, como

Campanha da Fraternidade, missões e festas religiosas. Também deve estimular a

valorização das produções da imprensa que despertem na sociedade os valores

humanos, e a informação sobre os Prêmios de Comunicação da CNBB.

Para produção, as ações sugeridas pela Conferência (Documento 99, 2014) à

Pascom são: convocar profissionais da comunicação para provocar a reflexão e a

produção de subsídios impressos e digitais, para a comunicação na catequese,

liturgia e outras pastorais, além de materiais de divulgação e de murais, boletins e

cartazes da Igreja; incentivar os jovens a um engajamento pastoral digital na

produção de sites, blogs e mídias sociais digitais; e ajudar na elaboração da grade

de programação das emissoras de rádio comerciais, comunitárias e populares da

Igreja, em vista de uma programação que promova a evangelização dos ouvintes.

Para a espiritualidade, é responsabilidade da Pascom promover retiros para

os envolvidos com a comunicação da Igreja, a partir de fundamentos bíblico-

teológicos na ótica da comunicação; e envolver os comunicadores na espiritualidade

da comunicação, através de leituras que provoquem o crescimento pessoal e

comunitário nos valores humanos e cristãos (CNBB, Documento 99, 2014).

4 As pistas de ação podem ser lidas completas no Documento 99 (CNBB, 2014), nas páginas 209 a

212.

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5 METODOLOGIA

Neste capítulo, apresenta-se a metodologia do trabalho, que trata-se da

Hermenêutica em Profundidade, embasada teoricamente por Thompson (1995).

Para realizar a análise, foi necessária a aplicação de outras ferramentas

metodológicas, como a Análise Documental, embasada por Moreira (2005) e a

Pesquisa Bibliográfica, segundo Stumpf (2005). Utilizou-se também a ferramenta de

Estudo de Caso e de Entrevista em Profundidade, embasados por Duarte (2005) e

da Pesquisa Quantitativa, a partir de Moura (2011), para levantar dados de como a

comunicação paroquial da Diocese de Caxias do Sul é realizada. Para a análise dos

dados e das entrevistas de forma integrada, foi aplicada a Análise de Conteúdo, de

Bardin (2000). Os dados da Diocese de Caxias do Sul e da Pastoral da

Comunicação da Diocese em âmbito institucional foram retirados do último Guia da

Diocese de Caxias do Sul, publicado em 2014, e de Entrevista em Profundidade.

5.1 HERMENÊUTICA EM PROFUNDIDADE

Por se tratar de uma pesquisa sobre uma realidade comunicacional, a

metodologia aplicada é a Hermenêutica em Profundidade (HP). Esta metodologia

defende que o objeto de análise é uma forma simbólica que necessita de uma

interpretação, por isso legitima a importância da interpretação/reinterpretação para a

análise (THOMPSON, 1995).

“O objeto de nossas investigações é um campo pré-interpretado, e o enfoque

da HP deve aceitar e levar em consideração as maneiras em que as formas

simbólicas são interpretadas pelos sujeitos que constituem o campo-sujeito-objeto”

(THOMPSON, 1995, p. 363). Ou seja, utiliza-se a interpretação da própria Igreja

Católica sobre comunicação, defendida em documentos, encíclicas, decretos e

diretrizes, para estudar a aplicabilidade da comunicação na Diocese de Caxias do

Sul.

Como linha metodológica, Thompson (1995) defende três fases para aplicar a

HP: análise sócio-histórica, análise formal ou discursiva e

interpretação/reinterpretação. A primeira busca estudar e reconstruir o contexto

social e histórico em que a forma simbólica é produzida; no caso desta pesquisa, o

que a Igreja compreende por comunicação social, em diferentes épocas. Segundo

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Thompson, os principais fatores que se leva em conta para compreender o contexto

são os espaços-temporais, os campos de interação, as instituições sociais, as

estruturas sociais e os meios técnicos da construção de mensagens e de

transmissão.

Na análise formal ou discursiva, entende-se que o objeto de estudo, além de

ser produzido em um contexto, diz algo, carrega um significado em si mesmo. “Os

métodos da análise discursiva procedem através da análise, eles quebram, dividem,

desconstroem e procuram desvelar os padrões e efeitos que constituem e que

operam dentro de uma forma simbólica ou discursiva” (THOMPSON, 1995, p. 369).

A interpretação é construída a partir da análise sócio-histórica e da análise

discursiva. Assim, estuda-se a gestão da comunicação na Diocese de Caxias do Sul

a partir da compreensão de comunicação da Igreja para paróquias e dioceses e de

como a comunicação é realizada na Diocese de Caxias do Sul. De acordo com

Thompson (1995), a interpretação também é uma reinterpretação do objeto em

análise, pois o objeto faz parte e é produzido por um grupo que já possui uma

interpretação dele.

Para aplicar a HP, é necessário usar outros métodos de análise inter-

relacionados, como Entrevista em Profundidade e outros tipos de pesquisa

etnográfica. Para conhecer o contexto sócio-histórico da comunicação social na

Igreja Católica, foi aplicado neste estudo a Análise Documental dos documentos da

Igreja sobre comunicação, assim como do documento recente da CNBB que

contextualiza as condições da paróquia atualmente, o Documento 100, e do

documento com as diretrizes para a comunicação em dioceses e paróquias, o

Documento 99.

A Pesquisa Bibliográfica foi utilizada em estudos sobre comunicação social e

organizacional, para auxiliar na análise. Para estudar a gestão da comunicação da

Diocese de Caxias do Sul, foi aplicado o método de Estudo de Caso, constituído por

meio da Entrevista em Profundidade e da Pesquisa Quantitativa, trazendo dados de

como a comunicação paroquial é realizada. Para a análise dos dados e das

entrevistas de forma integrada, foi utilizada a Análise de Conteúdo, de Laurence

Bardin, a fim de descrever de forma sistemática o conteúdo obtido.

5.1.1 Pesquisa Bibliográfica

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Para a pesquisa, é necessário saber o que foi escrito sobre o assunto, a fim

de ampliar o conhecimento sobre o tema. A Pesquisa Bibliográfica auxilia em todo o

processo da aplicação da Hermenêutica em Profundidade, já que traz fundamentos

para a compreensão e interpretação das formas simbólicas. “A pesquisa bibliográfica

é um conjunto de procedimentos para identificar, selecionar, localizar e obter

documentos de interesse para a realização de trabalhos acadêmicos e de pesquisa”

(STUMPF, 2005, p. 54).

A Pesquisa Bibliográfica foi feita a partir de referenciais teóricos sobre a

gestão de comunicação e sobre comunicação na Igreja Católica, e como resultado

da revisão bibliográfica foram elaborados quatro capítulos: Comunicação Social,

Gestão da Comunicação, Comunicação Social na Igreja Católica e Metodologia.

5.1.2 Análise Documental

Como se aborda a relação da Igreja Católica com a comunicação e suas

diretrizes, grande parte do conteúdo está em documentos oficiais da Igreja, como

encíclicas e exortações. Assim, a Análise Documental serve de base para

compreender o que a instituição defende para a realização da comunicação social,

pois permite:

a identificação, a verificação e a apreciação de documentos para determinado fim. No caso da pesquisa científica, é, ao mesmo tempo, método e técnica. Método porque pressupõe o ângulo escolhido como base de uma investigação. Técnica porque é um recurso que complementa outras formas de obtenção de dados, como a entrevista e o questionário. (MOREIRA, 2005, p. 272).

O documento principal aplicado na análise da Pesquisa Quantitativa é o

Documento 99 da CNBB. Porém, também se relaciona com outros documentos

apresentados no capítulo quatro.

5.1.3 Pesquisa Quantitativa

O contexto que a Hermenêutica em Profundidade propõe para análise pode

ser conhecido com dados sobre o objeto pesquisado. A ideia inicial do estudo não

contemplava o método de Pesquisa Quantitativa, no entanto, ao longo do processo,

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identificou-se a necessidade de aplicar a Pesquisa, em virtude da comunicação das

paróquias e da instituição da Diocese de Caxias do Sul não possuírem nenhum dado

quantitativo que pudesse revelar e mensurar como a comunicação é realizada.

A Pesquisa Quantitativa “explora aspectos do indivíduo e de cenários que

podem ser quantificados”, com o objetivo exploratório, que “proporciona uma visão

geral de determinado fenômeno, esclarecendo-o” (MOURA, 2011, p.84). Ela permite

uma “visão geral e instantânea do objeto estudado. A foto do fato” (TEIXEIRA, 2005

apud MOURA, 2011, p.86). Em comunicação, a partir dos instrumentos de pesquisa

“voltados especificamente ao levantamento de informações, como pesquisas,

auditorias, técnicas de observação, análise documental, etc., procede-se uma

atitude exploratória em relação a dados e fatos do cotidiano organizacional”

(BASEGGIO, 2011, p.120), permitindo uma visão geral da comunicação realizada.

Para isso, aplicou-se um questionário com alternativas de respostas, que

gerou dados que foram quantificados. Em determinadas perguntas, permitiu-se que

o respondente citasse a resposta questionada, dando maior amplitude à resposta, e,

de modo que a informação poderá ser utilizada pela comunicação da Diocese

posteriormente. O questionário também contou com um campo para incluir

observações dos respondentes, caso tenham sentido necessidade de explicar

alguma questão. O objetivo da pesquisa aplicada em paróquias da Diocese de

Caxias do Sul foi conhecer e mensurar o que as paróquias possuem de

coordenação e de ferramentas de comunicação e quantas delas acreditam que a

comunicação paroquial deve ser orientada pela Diocese de forma profissional, por

meio de um plano de comunicação.

A pesquisa foi elaborada no software Google Drive, que permite efetuar um

questionário e enviá-lo pela web, além de registrar as respostas obtidas e permitir a

análise das informações por meio de gráficos. O questionário foi enviado aos e-mails

das paróquias e dos padres no dia 1º de setembro de 2015, para serem respondidos

pelos párocos ou responsáveis pela comunicação paroquial. Foi dado o prazo final

de 14 de setembro de 2015 para preencher. Nove paróquias das 74 não possuíam

e-mail, então os párocos foram entrevistados por telefone. Após o prazo, foi

estabelecido contato telefônico com as paróquias que ainda não haviam respondido,

solicitando a confirmação do recebimento do questionário por e-mail. No total, foram

coletadas as respostas de 62 paróquias, totalizando 83,78% do total de paróquias,

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sendo que 29 paróquias responderam por telefone. O questionário está no Apêndice

A e a tabela com as respostas no Apêndice D.

5.1.4 Entrevista em Profundidade

Para recolher material para constituir o Estudo de Caso na Diocese de Caxias

do Sul, foi feita a Entrevista em Profundidade com o coordenador da Pastoral da

Comunicação, jornalista, mestre e doutor em Ciências da Comunicação pela

Unisinos (RS) e pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus em Farroupilha,

padre Paulo Roque Gasparetto, e com o seminarista, jornalista pós-graduado em

Comunicação e assessor de imprensa da Diocese, Elton Marcelo Aristides. A

Entrevista em Profundidade “é um recurso metodológico que busca, com base em

teorias e pressupostos definidos pelo investigador, recolher respostas a partir da

experiência subjetiva de uma fonte, selecionada por deter informações que se

deseja conhecer” (DUARTE, 2005, p. 63).

A Entrevista em Profundidade também foi aplicada com Moisés Sbardelotto,

jornalista, mestre e doutorando em Comunicação pela Unisinos (RS) e La Sapienza,

(Roma), e membro da Comissão Especial para o Diretório de Comunicação para a

Igreja no Brasil da CNBB, e colaborador do Instituto Humanitas Unisinos (IHU), a fim

de ampliar o entendimento sobre as diretrizes do Diretório de Comunicação, o

Documento 99.

As Entrevistas em Profundidade deste estudo foram realizadas em módulo

semi-aberta, que é o “modelo de entrevista que tem origem em uma matriz, um

roteiro de questões-guia que dão cobertura ao interesse da pesquisa” (DUARTE,

2005, p.63). As informações obtidas na entrevista se somam à Pesquisa Quantitativa

para constituir o Estudo de Caso e dar aplicabilidade em todas as etapas da análise

metodológica da Hermenêutica em Profundidade. As questões das entrevistas em

profundidade estão no Apêndice B e C.

5.1.5 Análise de Conteúdo

Para a análise das Entrevistas em Profundidade e das observações obtidas

no questionário com as paróquias, utilizou-se a técnica Análise de Conteúdo, que

busca conhecer outras realidades por meio da mensagem obtida. Visa “o

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conhecimento de variáveis de ordem psicológica, sociológica, histórica, etc. por meio

de um mecanismo de dedução com base em indicadores reconstruídos a partir de

uma amostra de mensagens particulares” (BARDIN, 2000, p.44).

Conforme a autora, a Análise de Conteúdo organiza-se em três fases: pré-

análise, que é a organização de ideias e indicadores; a exploração do material, que

é a codificação, realizadas por unidade de registro e contagem frequencial, e a

definição de categorias em que os dados são agrupados visando à objetividade, a

pertinência com o trabalho, a homogeneidade e a produtividade; e o tratamento dos

resultados ou interferência e interpretação, que, segundo Bardin (2000, p. 101), “os

resultados brutos são tratados de maneira a serem significativos (falantes) e

válidos”.

5.1.6 Estudo de Caso

O Estudo de Caso é uma ferramenta metodológica “para explicar os vínculos

causais em intervenções da vida real que são complexas demais para as estratégias

experimentais ou aquelas utilizadas em levantamentos” (YIN, 2001 apud DUARTE,

2005, p. 220). Estudar a comunicação social da Diocese de Caxias do Sul como um

Estudo de Caso é conhecer como se opera a comunicação dessa instituição, a fim

de expandir o conhecimento sobre a comunicação social na Igreja Católica e sobre

as teorias estudadas. “O objetivo do pesquisador é expandir e generalizar teorias

(generalização analítica) e não enumerar frequências (generalização estatística)”

(YIN, 2001 apud DUARTE, 2005, p. 221). Assim, o estudo aprofundado sobre a

comunicação da Diocese de Caxias do Sul, com dados a partir da Pesquisa de

Quantitativa e Entrevista em Profundidade, confirma ou contrapõe o que é estudado

na Pesquisa Bibliográfica e na Análise Documental.

A comunicação da Diocese de Caxias do Sul foi escolhida em função da

facilidade de acesso ao objeto por parte da pesquisadora. Também por ser

considerada uma amostra adequada para a aplicação da análise, em função do seu

tempo de existência e de sua história, da existência de uma coordenação de

comunicação diocesana, de suas condições econômicas consideradas adequadas

para a existência da comunicação profissional e pela característica da região, que

valoriza o conhecimento técnico-científico. Outra motivação foi o interesse pessoal

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da pesquisadora em aplicar o conhecimento obtido neste estudo na Diocese de

Caxias do Sul.

5.1.6.1 Diocese de Caxias do Sul

Conforme o último Guia da Diocese de Caxias do Sul, publicado em 2014, a

Diocese de Caxias foi criada em 8 de setembro de 1934, pela Bula Quae Spirituali

Christifidelium do Papa Pio XI, desmembrada da Arquidiocese de Porto Alegre, e em

10 de novembro de 1966, por Decreto da Sagrada Congregação Consistorial,

passou a denominar-se Diocese de Caxias Do Sul, tendo como o 1º bispo Dom José

Barea.

A Diocese pertence ao Regional Sul 3 da CNBB, que é o colegiado dos

bispos do Rio Grande do Sul, que compreende 18 dioceses. É composta por 74

paróquias, com 972 comunidades-igreja (comunidades com sedes subordinadas às

paróquias), em sete regiões pastorais (Caxias do Sul5, Flores da Cunha6,

Farroupilha7, Garibaldi8, Bento Gonçalves9, Nova Prata10 e São Francisco de

5 Compõe a Região Pastoral de Caxias do Sul as seguintes paróquias: Paróquia Cristo Operário;

Paróquia Divino Espírito Santo; Paróquia Imaculada Conceição; Paróquia Menino Deus; Paróquia Nossa Senhora de Caravaggio; Paróquia N. Senhora de Lourdes; Paróquia Nossa Senhora da Saúde; Paróquia N. Senhora do Rosário de Pompéia; Paróquia Sagrada Família; Paróquia Sagrado Coração de Jesus; Paróquia Santa Catarina; Paróquia Santa Fé; Paróquia Santa Lúcia; Paróquia Santa Teresa D'Avila (Catedral Diocesana); Paróquia Santíssima Trindade; Paróquia Santo Antônio; Paróquia Santo Antônio; Paróquia Santos Apóstolos; Paróquia Santo Expedito; Paróquia São Ciro; Paróquia São José; Paróquia São José; Paróquia São Leonardo Murialdo; Paróquia São Luis; Paróquia São Pedro e São Paulo; Paróquia São Pelegrino e N. Senhora da Pietá; Paróquia São Pio X; e Paróquia São Vicente de Paulo. 6 Compõe a Região Pastoral de Flores da Cunha as seguintes paróquias: Paróquia Nossa Senhora

de Lourdes; Paróquia N. Senhora do Carmo; Paróquia Sagrado Coração de Jesus; Paróquia Santo Antônio; Paróquia São Marcos; Paróquia São Marcos; e Paróquia São Pedro e São Paulo. 7 Compõe a Região Pastoral de Farroupilha as seguintes paróquias: Paróquia Jesus Bom Pastor;

Paróquia Jesus Ressuscitado; Paróquia N. Senhora de Caravaggio; Paróquia Sagrado Coração de Jesus; Paróquia Santa Cruz; Paróquia São Marcos; e Santuário Diocesano Nossa Senhora de Caravaggio. 8 Compõe a Região Pastoral de Garibaldi as seguintes paróquias: Paróquia N. Senhora das Graças;

Paróquia N. Senhora Mãe de Deus; Paróquia São João Batista; Paróquia São Lourenço Mártir; Paróquia São Marcos; e Paróquia São Pedro. 9 Compõe a Região Pastoral de Bento Gonçalves as seguintes paróquias: Paróquia Cristo Rei;

Paróquia Nossa Senhora do Rosário; Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia (Santuário Paroquial); Paróquia Santa Bárbara; Paróquia Santa Teresa; Paróquia Santo Antônio; Paróquia São Francisco de Assis; e Paróquia São Roque. 10

Compõe a Região Pastoral de Nova Prata as seguintes paróquias: Paróquia Nossa Senhora da Saúde; Paróquia Nossa Senhora do Rosário; Paróquia Sagrado Coração de Jesus; Paróquia Santo Antônio; Paróquia Santo Antônio; Paróquia Santo Antônio; Paróquia São Brás; Paróquia São João Batista e N. Sra. Aparecida; Paróquia São Jorge; Paróquia São José; Paróquia São Luis Gonzaga; Paróquia São Pedro; e Paróquia São Tiago e N. Sra. de Fátima.

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Paula11), distribuídas em 3212 municípios. A situação geográfica da Diocese de

Caxias está no leste setentrional do Estado do Rio Grande do Sul, com limites entre

as Dioceses de Montenegro (RS), Passo Fundo (RS), Vacaria (RS), Criciúma (SC),

Osório (RS), Novo Hamburgo (RS) e Santa Cruz do Sul (RS), com uma superfície de

11.892 km², e abrange uma população de 910.066 habitantes, conforme estimativa

da população pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2013.

A Diocese é coordenada pelo bispo Dom Alessandro Ruffinoni, missionário

Scalabriniano, que nasceu aos 26 de agosto de 1943, em Piazza Brembana

(Bergamo), Itália, e tornou-se Bispo Diocesano de Caxias do Sul em 6 de julho de

2011. A Diocese possui quatro prioridades que fundamentam seu Plano de Pastoral

de 2013 a 2016, que são: a formação para a iniciação e animação da vida cristã; o

cuidado com a vida plena; a comunidade acolhedora e missionária; e a

evangelização da juventude; (com a observação de que a família entra de forma

transversal em todas as prioridades com ações concretas).

5.1.6.1.1 A Pastoral da Comunicação da Diocese de Caxias do Sul

A Diocese de Caxias do Sul possui há 23 anos a Pastoral da Comunicação

(Pascom) como órgão oficial para coordenar a comunicação da Diocese institucional

e para orientar e articular a comunicação das paróquias. A Pascom é coordenada

voluntariamente pelo jornalista, mestre e doutor em comunicação, Paulo Roque

Gasparetto, e tem como membros voluntários Ivo Adamatti, Jacob Raul Hoffmann,

Maria Helena Rech e os padres Renato Ariotti, Gilmar Marchesini e Adilson Zílio. As

reuniões geralmente são realizadas mensalmente, sem data fixa, e tem como

objetivo, segundo Gasparetto (2015, Informação verbal) 13, “agilizar e pensar a

comunicação da Diocese”.

11

Compõe a Região Pastoral de São Francisco de Paula as seguintes paróquias: Paróquia Nossa Senhora das Graças; Paróquia Santa Maria do Belo Horizonte; Paróquia São Francisco de Paula; Paróquia São José; e Paróquia São Sebastião. 12

A Diocese é constituída pelos seguintes municípios: Antônio Prado, Bento Gonçalves, Boa Vista do Sul, Cambará do Sul, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Coronel Pilar, Cotiporã, Fagundes Varela, Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi, Guabiju, Jaquirana, Monte Belo do Sul, Nova Araçá, Nova Bassano, Nova Pádua, Nova Prata, Nova Roma do Sul, Paraí, Pinto Bandeira, Protásio Alves, Santa Tereza, São Jorge, São Marcos, São Francisco de Paula, Veranópolis, Vila Flores e Vista Alegre do Prata e compreende ainda parte dos municípios de São Valentim do Sul e Imigrante. 13

Entrevista com Paulo Gasparetto concedida a Ana Cláudia Cislaghi Mutterle Chiesa, 26 ago. 2015. As próximas referências com Gasparetto (2015) são informações verbais e referem-se a esta entrevista, cujo áudio está disponível no Apêndice D, no áudio Entrevista Paulo Gasparetto.

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Desde 17 de agosto de 2015, a Diocese contratou para assessoria de

imprensa o seminarista e jornalista Elton Marcelo Aristides, integrando a Pascom e

tendo como responsabilidade atualizar o layout do site da Diocese, alimentá-lo,

assim como a página da Diocese no Facebook e organizar coletivas de imprensa e

divulgação dos acontecimentos diocesanos. Todas as paróquias, grupos e

movimentos são convidados a enviar a ele notícias e fotos de suas atividades. Até

final de 2015, Aristides mora em Porto Alegre para concluir a faculdade de Teologia,

podendo realizar esse trabalho mais intensamente em 2016, quando morará em

Caxias e terá mais tempo disponível para a comunicação diocesana.

A Diocese de Caxias trabalha com os seguintes materiais impressos: a

produção e envio de cartazes, flyers e folders diocesanos para serem colocados nos

murais e distribuídos nas paróquias; o informativo mensal Diocese em Comunicação,

distribuído há 23 anos às paróquias e aos meios de comunicação com os principais

acontecimentos da Diocese; e a distribuição de um calendário anual com os eventos

diocesanos para todos os agentes pastorais. O informativo é escrito e diagramado

por Ivo Adamatti e os materiais gráficos são desenvolvidos pela própria gráfica que

imprime o material.

As mídias digitais coordenadas pela Pascom são o Facebook e o site

institucional, alimentadas por Aristides, que também executa a assessoria de

imprensa. Anualmente, realiza-se a confraternização com a imprensa regional, para

refletir a Mensagem do Dia Mundial das Comunicações Sociais com os jornalistas. A

comunicação com as paróquias é realizada por meio de e-mails enviados pela

secretaria do bispado. Para comunicação interna, anualmente ocorrem eventos de

integração dos funcionários das secretarias paroquiais e o retiro anual de todos os

padres

Sobre os meios de comunicação administrados diretamente pela Diocese, a

instituição possui a transmissão da missa do Santuário de Caravaggio,

semanalmente aos domingos, às 11h, ao vivo, no Canal UCS TV, seguida da

mensagem do bispo Dom Alessandro Ruffinoni. Possui a Rádio Miriam como rádio

própria, localizada em Farroupilha, com conteúdo religioso e jornalístico.

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6 ANÁLISES

A partir do desenvolvimento da Hermenêutica em Profundidade, em que se

pesquisam os critérios de observação a partir da Análise Documental da Igreja

Católica e da Pesquisa Bibliográfica, este capítulo apresenta a Análise de Conteúdo

e quantitativa dos dados provenientes da Pesquisa Quantitativa com as paróquias e

da Entrevista em Profundidade com Gasparetto (2015) e Aristides (2015), para o

Estudo de Caso da comunicação da Diocese de Caxias do Sul. Para cumprir a

resolução dos objetivos desta monografia, os dados foram organizados pelas

seguintes categorias de análise: Perfil do respondente; Diretrizes e Documentos

para Comunicação Paroquial; Organização da Comunicação Paroquial; Perfil do

gestor da Comunicação Paroquial; Formação; Ferramentas de Comunicação

Paroquial; Gestão da Comunicação Diocesana; e Comunicação por Regiões

Pastorais.

6.1 PERFIL DO RESPONDENTE

No total, coletaram-se as respostas de 62 paróquias, totalizando 83,78% do

de 74 paróquias, sendo que 29 paróquias responderam por telefone. Sete párocos

respondentes coordenam duas paróquias; assim, por possuírem as mesmas

orientações sobre comunicação, dobrou as suas respostas para as duas paróquias,

totalizando 14 paróquias. Por Região, das 28 paróquias da Região Pastoral de

Caxias do Sul, seis não responderam, sendo quatro urbanas e duas rurais; das sete

paróquias da Região Pastoral de Flores da Cunha, uma rural não respondeu; das

sete paróquias da Região Pastoral de Farroupilha, uma rural não respondeu; das

oito paróquias da Região Pastoral de Bento Gonçalves, uma rural não respondeu;

das treze paróquias da Região Pastoral de Nova Prata, três rurais não responderam,

e da Região de Garibaldi, todas responderam, totalizando a porcentagem de

participação de cada região que pode ser observada na Ilustração 2:

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Ilustração 2 – Porcentagem de paróquias respondentes por Região Pastoral:

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Ao enviar o questionário, solicitou-se que o pároco respondesse, por ser

quem coordena a paróquia, ou o responsável pela comunicação paroquial, a fim de

garantir que o respondente conhecesse a comunicação da paróquia.

Ilustração 3 – Função dos respondentes

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Como pode ser observada na Ilustração 3, a maior parte dos respondentes

foram os párocos. Em segundo os vigários paroquiais, em seguida as secretárias, e

apenas um respondente foi o assessor de comunicação, diácono ou coordenador.

Assim, percebe-se que uma parcela possui o vigário paroquial como responsável

pela comunicação ou a secretária da paróquia.

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Ilustração 4 – Idade dos respondentes

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

A maioria dos respondentes, como pode ser observada na Ilustração 4,

possui de 42 a 56 anos, com uma parcela significativa dos 56 aos 70, seguida dos

35 aos 42. Ou seja, a grande parte foi contemporânea à implantação das mudanças

que o Concílio Vaticano II, iniciado em 1962, trouxe na Igreja e na comunicação da

Igreja, que podem ser conhecidas no capítulo quatro desta monografia.

6.2 DIRETRIZES E DOCUMENTOS PARA A COMUNICAÇÃO PAROQUIAL

Com o objetivo de perceber a organização da comunicação das paróquias, de

modo a revelar se elas possuem linhas gerais que orientam a comunicação, foi

questionado às paróquias se elas possuem diretrizes de comunicação, no sentido de

orientação, visão e/ou objetivo sobre comunicação.

Ilustração 5 – Paróquias que possuem diretrizes

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

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A Ilustração 5 apresenta que mais de 70% não possui diretriz definida,

sugerindo que poucas apresentam de forma oficial as diretrizes de documentos da

Igreja. No capítulo quatro deste estudo, o Documento 94 aponta que as diretrizes

indicam rumos para resolver as urgências. Por isso, as paróquias que não possuem

diretrizes podem ter sua comunicação prejudicada e revelar pouca sintonia com os

estudos da Igreja. Solicitou-se que as paróquias que respondessem “sim”

escrevessem qual a diretriz:

Tabela 1 – Respostas sobre diretrizes de comunicação paroquiais

Diretriz Categoria enquadrada

“Divulgar e promover ações de evangelização, integração e formação comunitária.”

A comunicação deve ajudar na evangelização

“Divulgar as atividades e manter contato entre pastorais e comunidades.”

Divulgação das atividades

“A comunicação ajuda na evangelização.” A comunicação deve ajudar na evangelização

“Comunicação voltada para a evangelização e a pastoral.”

A comunicação deve ajudar na evangelização

“Evangelizar utilizando os recursos das mídias digitais para transmitir a fé em Jesus Cristo aos fiéis que buscam espiritualidade pela rede da internet. Agilizar a comunicação, relacionamentos, informações com os fiéis que navegam pela Rede.”

Propiciar a vivência da fé por meio dos meios digitais

“A principal forma de comunicação é acolher, aproximar e trazer as pessoas de volta para a Igreja por meio do contato pessoa, especialmente, mas também via meios possíveis neste momento.”

Comunicação interpessoal

“Utilizar da rádio para se comunicar.” Comunicação como uso da rádio

“Utilizar da rádio para se comunicar.” Comunicação como uso da rádio

“As diretrizes vêm da Congregação dos Cônegos Lateranenses.”

Diretrizes externas

“Estamos tentando articular um programa em rádio ou jornal, mas no momento não há dinheiro.”

Comunicação como uso da rádio

“Nas prioridades da Pastoral.” Diretrizes externas

“Levar aos devotos de Nossa Senhora de Caravaggio, um contato diário com o Santuário através das mais diversas formas de evangelização, mas principalmente pelas transmissões das missas celebradas no Santuário.”

Propiciar a vivência da fé por meio dos meios digitais

“Não temos nada escrito. Temos assessoria de uma empresa de relações públicas que nos ajuda com os meios que usamos e também na divulgação dos eventos.”

Divulgação das atividades

“Diretrizes pastorais da Diocese.” Diretrizes externas

“Comunidade Unida e Fraterna: Lugar de Ser Cristão.” – Diretriz Pastoral Paroquial

Diretrizes externas

“Seguir as diretrizes do documento Inter Mirifica, divulgando a comunicação a serviço da da vida.”

A comunicação deve ajudar na evangelização

“Seguir as diretrizes do documento Inter Mirifica, divulgando a comunicação a serviço da da vida.”

A comunicação deve ajudar na evangelização

“Levar notícia do evangelho as comunidades.” A comunicação deve ajudar na evangelização

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

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Como pode ser observado na Tabela 1, das 18 paróquias que responderam

“sim”, seis respostas podem ser categorizadas como “a comunicação deve ajudar na

evangelização”, por possuírem o termo evangelização, e quatro responderam como

diretrizes externas, que são as pastorais da paróquia, congregação ou diocese.

Essas respostas ficam de acordo com o Documento 99 (2014), que a comunicação

na Igreja deve ser Pastoral, promovendo a evangelização.

Três respostas podem ser categorizadas como “a utilização de um programa

de rádio” e duas como “a divulgação das atividades”, reforçando a visão do

documento Communio Et Progresso, que apresenta os meios de comunicação como

poderosos meios de comunicação entre a Igreja e o seu públicos. Essas respostas

também possuem uma visão funcionalista da comunicação, em que o comunicar é

visto apenas a partir da sua função de divulgação e não como processo, conforme

pode ser observado no capítulo 2 desta monografia.

Duas respostas foram categorizadas como “propiciar a vivência da fé por

meio dos meios digitais”, que, conforme Sbardelotto (2011), no capítulo três desta

monografia, o fiel também pode praticar a sua fé no ambiente digital. Também neste

capítulo, é apresentado o conceito de Mcluhan, em que os meios são extensões do

corpo humano, por isso é possível que o fiel experimente a fé pelos meios. Uma

delas respondeu “acolher, aproximar e trazer as pessoas de volta para a Igreja por

meio do contato pessoal, especialmente, mas também via meios possíveis neste

momento”, que retrata as Mensagens do Papa Francisco sobre a comunicação que

vai ao encontro dos fiéis e que promove a comunicação interpessoal.

Conforme Gasparetto (2015), as prioridades da comunicação na Diocese são:

transformar paróquias, movimentos, serviços, pastorais, entidades da Igreja, em

entes comunicativos e que exista uma comunicação entre eles; traduzir mensagens

da Igreja em práticas cotidianas, transformando-as em cultura; construir a

comunicação a partir das necessidades do público e não a partir das necessidades

da Igreja; transformar os canais de comunicação da Igreja em expressão da vida dos

fiéis, não em apenas com conteúdo da instituição, mas que reflitam a vida das

pessoas e que transformem a realidade, em toda a questão social.

As duas primeiras noções de Gasparetto (2015) refletem a ideia de

comunicação como cultura que deve perpassar todos os entes, apresentadas no

Documento de Aparecida; e as outras duas possuem referências da 48ª Mensagem

do Papa para o Dia Mundial da Comunicação, em que a comunicação não é vista

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como transmissão de informação, e sim como ir ao encontro dos fiéis e se fazer

próximo por diversos meios, sendo um deles a produção de um conteúdo adequado

à realidade do público. Também traz a visão da comunicação organizacional

segundo Baldissera (2008), no capítulo três deste trabalho, que percebe a

comunicação como toda a construção e troca de sentidos dentro de um grupo, por

isso ela abrange mais do que a simples divulgação de conteúdo, e sim torna todos

os membros do grupo entes comunicativos.

Fora Gasparetto, nenhuma das respostas mencionou o processo de incluir a

própria comunidade nos processos de decisões e de comunicação, como sugere

Goldschmidt (2010) no capítulo três deste estudo. A falta de processos participativos

pode prejudicar o envolvimento com a paróquia destes stakeholders e segue na

linha contrária dos documentos da Igreja na América Latina, que apontam para uma

maior participação dos fiéis nas decisões.

Para perceber se os documentos da Igreja Católica ou algum estudo sobre

comunicação são conhecidos pelas paróquias ou se influenciam na visão sobre

comunicação, questionou-se se havia algum documento ou estudo que contribuiu na

elaboração da Diretriz, como pode ser observado na Ilustração 6. Todos os

respondentes deveriam assinalar, não apenas quem possuía diretriz.

Ilustração 6 – Documento ou estudo que ajudou na elaboração da diretriz

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Percebe-se que mais de 77% não utiliza os documentos nas suas linhas

orientadoras, ou seja, há pouco uso dos estudos, que, mesmo sendo apresentados

pela hierarquia da Igreja e construídos com a participação de muitos especialistas da

comunicação, ainda chegam pouco na prática comunicacional das paróquias da

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Diocese de Caxias do Sul. No capítulo quatro desta pesquisa, a CNBB traz no

Documento 100 que a Igreja é uma comunhão das paróquias, que, por sua vez,

devem estar em comunhão com a Diocese, que é ligada ao Papa. Por isso, a Igreja

tem como característica a sintonia de linhas orientadoras, de modo que o pouco uso

dos documentos revela falta de sinergia entre seus setores. Observa-se também,

conforme as Ilustrações 5 e 6, que há mais paróquias com diretrizes próprias ou de

outras fontes do que paróquias com diretrizes orientadas pelos documentos da

Igreja.

Foi solicitado que as paróquias que respondessem “sim”, escrevessem qual o

documento ou estudo. Conforme respostas presentes no Apêndice D, das 12

paróquias que responderam, cinco citaram o Documento 99, e três citaram o Inter

Mirifica, documento aprovado no Concílio Vaticano II, que, segundo Puntel (2010),

presente no capítulo quatro deste estudo, oficializa a aceitação da comunicação

social pela Igreja, enfatizando o dever da Igreja em utilizar os meios para

solidariedade e evangelização. Isso revela que, mesmo o Vaticano atualizando seus

Documentos, ainda há padres que utilizam os mais antigos, o que pode ser em

função da idade e formação do padre ou preferência. Um citou o Documento de

Aparecida, publicado em 2007, que defende a comunicação como uma cultura que

deve perpassar todas as pastorais; um citou a Mensagem do Papa para o 48º dia

das Comunicações, porém no sentido de se promover mais encontros interpessoais

entre a Igreja e seu público; um citou uma relação de autores que escrevem sobre

Ciberteologia, e um citou o site www.paroquias.com.br, o que revela uma

preocupação com a evangelização pela internet.

Gasparetto (2015) defende que a comunicação compreendida pelo Vaticano e

a CNBB é um pensar avançado, vanguardista, e que não faltam subsídios para o

“pensar” a comunicação na Igreja. Porém, aponta que a principal dificuldade está em

aplicar os documentos, em função do tamanho da Igreja, de modo que muitas vezes

as paróquias não têm conhecimento dos documentos; pela diversidade de ideias; e

pelo respeito à individualidade de cada paróquia, como o coordenador explica:

A Igreja é um transatlântico. Você gira dez para o norte, demora cinquenta anos, porque antes de virar todo o navio, ele demora. É diferente de um barquinho que é muito mais ágil, com uma cabeça só. Vivemos o processo democrático, respeitando a caminhada de cada ente. Por isso, muitas vezes, não anda como a gente quer e na velocidade que a gente gostaria. Mas há direção. (GASPARETTO, 2015).

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Para que os setores da Igreja atuem com as mesmas linhas norteadoras, a

CNBB, no Documento 99 (2014), presente no capítulo quatro desta monografia,

sugere que a Pascom diocesana forneça formação sobre os documentos da Igreja,

de modo a torná-los conhecidos e adequados à realidade local para favorecer a sua

prática.

6.3 ORGANIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PAROQUIAL

Para quantificar quantas paróquias seguem a orientação da diretriz n. 263 do

Documento 99, em que cada paróquia deve ter uma Pastoral da Comunicação,

perguntou-se se as paróquias possuem Pascom.

Ilustração 7 – Pastoral da Comunicação paroquial

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Mais de 70%, ou seja, a maior parte, como pode ser observada na Ilustração

7, não possui Pascom. Mesmo o Documento 99 sendo recente, desde a Aetatis

Novae, em 1992, a Igreja defende que a comunicação na paróquia precisa ter uma

organização, e, a CNBB, no Documento de Aparecida (2007), chama essa

organização de Pastoral de Comunicação, sendo assim considerado algo já

consolidado pela Igreja. A Pascom é conhecida como a forma de organização da

comunicação paroquial, por isso, se ela não existe, pode-se compreender que não

há organização da comunicação. Marchiori (2008) apresenta, no capítulo três desta

pesquisa, que a comunicação tornou-se essencial para a gestão de organizações,

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pois mantém relacionamento com seus diferentes públicos, mas para isso é

necessário um esforço da empresa em planejar e monitorar a comunicação por meio

de uma gestão. No caso da paróquia, conforme o Documento 99, esta gestão deve

ser feita pela Pascom, e, sem ela, como ocorre com a maioria das paróquias da

Diocese, pode haver um comprometimento na própria gestão da paróquia.

A paróquia vive um contexto, conforme a CNBB (Documento 100, 2014) no

capítulo quatro desta monografia, marcado pelo pluralismo religioso, pela falta de

territorialidade, de modo que é necessário criar estratégias para atrair fiéis, por

novas associações que oferecem a vivência da fé católica sem ser paroquial, e pela

vivência da fé de forma individual e digital. Assim, o fato de mais de 77,4% não

possuir a Pascom pode não só prejudicar a comunicação da Igreja, como também a

busca por manter e atrair os fiéis. O Papa Francisco na Evangelli Gaudium, no

capítulo quatro desta monografia, destaca que é necessária a renovação das

paróquias, para que elas sejam mais próximas das pessoas, gerando maior

comunhão e participação, o que a organização da comunicação pode ajudar a

viabilizar.

Com o objetivo de conhecer como as paróquias entendiam a Pastoral da

Comunicação, questionou-se a função da Pascom na paróquia. Conforme respostas

presentes no Apêndice D, das 14 que responderam, 13 são relacionadas às

atividades de comunicação da paróquia, o que se considera o entendimento

adequado ao da CNBB no Documento 99 (2014), e uma relacionada ao preparo da

liturgia.

Gasparetto (2015) afirma que é dever da Pascom diocesana auxiliar na

organização e formação da pastoral paroquial, porém explica que não é possível

impor o sistema às paróquias. Defende que a dificuldade para implantar as pastorais

da comunicação é a diversidade de cada setor da Igreja, como o coordenador

explica:

A dificuldade nossa é que a gente tem visões diferentes, posições diferentes. No fundo é uma coisa boa, tem que respeitar cada paróquia, a caminhada, o processo de cada uma. O difícil é conseguir unir tudo isso. Dizer: “disso tudo, o mais importante é isso aqui”. Se não um vai para o lado, outro vai para o outro, e nas divisões a gente se perde. A Igreja tem muito diversidade, é muito plural. Tem as linhas que norteiam, mas ela é muito plural. Unir tudo isso dentro de uma Diocese é o desafio.

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Para respeitar a diversidade, o coordenador diocesano aponta que as

paróquias precisam sentir a necessidade e solicitar orientações. Assim como o

Gasparetto, Aristides (2015, Informação verbal) 14 entende que cabe a Pascom da

Diocese oferecer essa possibilidade de orientação, no entanto, reforça que cada

paróquia possui o pároco como responsável dentro da hierarquia católica, de modo

que o assessor de imprensa diocesano não pode impor as orientações:

Eu até posso sugerir a possibilidade de orientar a criação de um site paroquial, pois devemos oferecer a possibilidade de orientação. Por exemplo, para o cartaz da festa, mandam para as gráficas fazerem, e elas muitas vezes não sabem fazer. Fazem eles cheio de informações. [...] Se alguma paróquia precisa de ajuda para fazer uma arte, eu posso fazer. Mas ela precisa querer. É necessária essa referência de comunicação, que tivesse o e-mail, um telefone, para paróquias, padres e imprensa. (ARISTIDES, 2015).

Assim, percebe-se que há uma preocupação da coordenação da

comunicação diocesana em não impor diretrizes e ações, e sim, atuar no papel de

orientação às paróquias, respeitando a iniciativa de cada uma.

No campo do questionário para Observações, encontraram-se cinco

respostas justificando a ausência de Pascom pela falta de pessoas capacitadas para

o trabalho, o que foi considerado uma quantidade significativa, visto que o

preenchimento do campo foi opcional e não se solicitou a justificativa.

Tabela 2 – Respostas sobre capacitação de pessoas para a Pascom

Observações Categoria

“Falta pessoas para atuar na PASCOM paroquial, por ser uma comunidade do interior.”

Falta pessoas capacitadas para a Pascom

“Falta pessoas capacitadas para ajudar na paróquia.” Falta pessoas capacitadas para a Pascom

“Falta pessoas para ajudar, falta catequistas, não dá para pensar em comunicação quando faltam coisas básicas.”

Falta pessoas capacitadas para a Pascom

“Falta pessoas para alimentar e cuidar das ferramentas.” Falta pessoas capacitadas para a Pascom

“Penso que a pastoral da comunicação é importante. Muitas ações que acontecem na paróquia não tem uma coordenação maior. Muitas atividades estão centralizadas nos padres. Isto nos sobrecarrega bastante. Mas os leigos estão começando a participar mais. Certamente se os leigos que participam da pastoral da comunicação forem qualificados (profissionais) isto poderia ajudar muito.”

Falta pessoas capacitadas para a Pascom

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

14

Entrevista com Elton Marcelo Aristides concedida a Ana Cláudia Cislaghi Mutterle Chiesa. 8 set. 2015. As próximas referências com Aristides (2015) são informações verbais e referem-se a esta entrevista, cujo áudio está disponível no Apêndice D, no áudio Entrevista Elton Aristides.

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Uma das soluções para a falta de pessoas capacitadas para a Pascom,

conforme a CNBB no Documento 99, é disponibilizar formação sobre comunicação e

sobre a fé católica para agentes pastorais, de modo a capacitá-los para exercer tal

função.

Para perceber se a paróquia possui um coordenador que pense a

comunicação paroquial, de modo a organizá-la, conforme a diretriz n. 263, tendo ou

não Pascom, questionou-se se a paróquia possui um coordenador de comunicação.

Ilustração 8 – Coordenador da comunicação paroquial

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Como pode ser observado nas Ilustrações 7 e 8, há mais coordenadores de

comunicação instituídos do que a Pascom. Porém, ainda percebe-se que a grande

parte não possui nem coordenador de comunicação, o que pode prejudicar a gestão

da comunicação paroquial, conforme visto no capítulo três, em que se percebe,

conforme aponta Marchiori (2008), que a comunicação das organizações necessita

de uma gestão que mensure, monitore e oriente as atividades de comunicação.

A fim de perceber quantas paróquias possuem plano de comunicação

paroquial, foi questionado se possuem plano de comunicação:

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Ilustração 9 – Plano de comunicação paroquial

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Embora a Pontifícia Comissão para os Meios de Comunicação Social

destaque na Aetatis Novae (1992) a necessidade de um plano de comunicação na

diocese, não citando o paroquial, é importante considerar que Kunsch (2003), no

capítulo três desta monografia, destaca que planejamento não serve só para elencar

tarefas, e sim ter ações planejadas a partir do contexto da organização, para que

possam trazer resultados eficazes. A maioria das paróquias com ausência de plano

de comunicação revela que existe uma falta de ações coordenadas de comunicação,

o que pode prejudicar os resultados no presente e no futuro.

Ilustração 10 – Orçamento para comunicação paroquial

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

A Ilustração 10 revela que quase metade das paróquias considera que possui

verba para investir em comunicação, apontando que não seria a falta de recursos

financeiros o principal empecilho para a falta da organização da comunicação. O

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Documento 99 (2014, n. 270) apresenta que cabe a cada diocese elaborar um plano

de comunicação adequado à realidade local, isso inclui econômica, geográfica,

social, entre outros fatores. Assim, a Diocese de Caxias, ao elaborar o plano, deve

considerar nas ações de comunicação as paróquias que possuem orçamento e as

que não possuem, propondo alternativas.

6.4 PERFIL DO GESTOR DA COMUNICAÇÃO PAROQUIAL

Para conhecer o perfil do coordenador paroquial, perguntou-se a quem

assinalou sim, quem é o coordenador da comunicação, questionando informações

como idade, profissão, atribuições na paróquia. Conforme respostas presentes no

Apêndice D, dos 18 que responderam que possuem coordenador, sete responderam

que são os padres, sendo que um destes a secretária também coordena; seis

responderam que são leigos adultos voluntários, sendo um com formação em

relações públicas e outro em design; quatro possuem como coordenador de

comunicação jornalistas contratados; e um tem como a coordenadora a secretária

paroquial.

Percebe-se que parte da mostra possui formação em Comunicação Social, o

que vem de acordo tanto no capítulo três, como aponta Neves (2000), que quem

deve cuidar da comunicação são pessoas especializadas na área; assim como no

Documento 99 (2014, n. 125), que quem coordene a comunicação deve ter perfil e

profissão adequados. Outro dado importante é que outra parte da amostra é

coordenada por padres, revelando um problema paroquial em que muitas atividades

são centralizadas na coordenação dos padres (CNBB, Documento 100, 2014,

n.200), dando pouco protagonismo aos leigos, como está no Documento 99 (2014,

n.9), e documentos da Igreja na América Latina.

Questionou-se às paróquias que possuem Pascom sobre quem integra a

Pascom paroquial, perguntando informações como idade, profissão e atribuições na

paróquia. Das 13 respostas, quatro são jornalistas contratados (os mesmos agentes

que desempenham a coordenação da comunicação), sendo que três destas

paróquias também possuem leigos voluntários, padres e religiosos compondo a

equipe, além do profissional. Quatro são compostas por padres e leigos e cinco são

compostas por leigos voluntários, sendo que duas são leigos voluntários com

habilitação em Comunicação Social.

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Assim, embora poucas paróquias possuam Pascom, as que existem

conseguem incluir os leigos, orientação apresentada no Documento 99, e outra parte

é coordenada por profissionais de comunicação, que, conforme visto no capítulo

três, a comunicação organizacional pensada por profissionais auxilia nos processos

de gestão. Outro dado importante é que quatro paróquias possuem jovens atuando

na Pascom, o que é um fator importante destacado no Documento 99, quando

sugere a atuação juvenil nas mídias sociais digitais.

Com o objetivo de verificar a importância da formação profissional em

comunicação para atuar em paróquias, questionou-se às paróquias se elas

consideram que é necessária formação profissional em comunicação para coordenar

a comunicação paroquial.

Ilustração 11 – Atuação de profissional para coordenação paroquial

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Conforme pode ser observado na Ilustração 11, menos da metade considera

que é necessária formação profissional para coordenar a comunicação paroquial.

Embora desde a Communio et Progresso (1972, n. 71), a Igreja enfatiza a

importância aos comunicadores de uma “especialização teórica e prática” para atuar

na comunicação, nem o Vaticano nem a CNBB orientam para a contratação de

profissionais, por entender que cada paróquia possui uma realidade

socioeconômica. O pensamento da grande porcentagem que considera que não é

necessária pode ter raiz na interpretação de que a comunicação que emerge das

comunidades, sugerida pelos documentos latino-americanos da Igreja, deve

envolver a não profissionalização. Sbardelotto (2014) aponta no capítulo quatro

deste trabalho que a comunicação paroquial não pode ser “marketeira”, ou muito

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“técnica”, e sim “humana” e “artesanal”, por ser “pastoral”, mas isso não implica

obrigatoriamente na falta de conhecimento teórico e prático sobre comunicação.

6.5 FORMAÇÃO

O Vaticano, desde a Inter Mirifica, reforça o papel da formação fornecida pela

Igreja em formar opinião crítica sobre o mass media, e a Communio Et Progresso

aponta a importância de formação aos católicos sobre a tecnologia, para melhor

evangelizar. No Documento 99, é defendido que a Pascom tem como um dos

principais eixos o fornecimento de formação a agentes pastorais e fiéis, a fim de

melhor evangelizar por meio das novas linguagens e tecnologias. Para verificar se

ocorre algum tipo de trabalho formativo sobre comunicação, foi questionado às

paróquias se elas fornecem formação à coordenação da comunicação sobre

comunicação.

Ilustração 12 – Formação de comunicação para a coordenação

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

A maioria das paróquias não possui trabalho com a formação. A necessidade

de trabalho formativo para a comunicação foi apontada desde a Inter Mirifica (1963),

por isso considera-se pouca atuação com formação. Como pode ser observado na

Ilustração 7, há poucas pastorais da comunicação paroquiais, que, segundo o

Documento 99 e Sbardelotto (2014), no capítulo quatro desta monografia, deveriam

ser fomentadas por meio da formação. Um dos motivos responsáveis pela falta de

organização da comunicação paroquial pode ser a falta de formação.

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Às que responderam, questionou-se qual tipo de formação. As respostas

foram unitárias, e apontaram “Sobre programa em rádio”; “Oficinas direcionadas

para a liturgia”, “Cursos dos mais diversos”, e “Assessoria para implantar a Pascom

com a coordenação diocesana”. Para verificar se há trabalho formativo com os

agentes pastorais, questionou-se às paróquias se elas oferecem formação a padres,

leigos e consagrados, sobre a comunicação.

Ilustração 13 – Formação de comunicação para agentes pastorais

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Conforme pode ser observado nas Ilustrações 12 e 13, embora seja ainda

minoria, há mais paróquias com formação aos agentes pastorais, do que para a

coordenação de comunicação. Como citado, um dos motivos para a pouca

existência de pastorais da comunicação paroquiais é a falta de pessoas capacitadas

para a tarefa, o que seria solucionado com formação aos agentes, de acordo com o

Documento 99. Ainda segundo este Documento, para viabilizar a formação, muitas

vezes economicamente, é importante que haja uma articulação entre regiões

pastorais e diocese, atingindo um maior número de público.

Às que responderam sim, questionou-se qual tipo de formação. Três citaram a

formação sobre a comunicação na liturgia; duas leituras e estudos formativos sobre

comunicação; uma sobre programa de rádio; uma sobre manuseio do som paroquial,

e uma citou que “os padres recebem uma formação muito básica durante a sua

formação”, o que pode repercutir em pouco domínio sobre o assunto para poder

planejar uma formação aos agentes pastorais. Os documentos da Igreja, desde a

Inter Mirifica, orientam para uma formação crítica sobre comunicação aos sacerdotes

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ainda quando seminaristas, e o Documento 99 apresenta a formação sistemática

para bispos, presbíteros, diáconos, religiosos, lideranças e comunidades (2014, n.

213).

Para Aristides (2015), os agentes pastorais que atuarão na comunicação

paroquial devem ter, mais do que entendimento de linguagem e tecnologia, uma

opinião crítica, fornecida por cursos diocesanos como o de Teologia para Leigos e o

Curso de Fé, Política e Trabalho. “Uma formação para que a pessoa saiba o que

divulgar. Se alguém tem essa sensibilidade, mostrando que a sua comunidade está

atuante, é esse o conteúdo que deve ser fornecido. O desafio é criar esse espírito de

comunicação. Às vezes, erramos por não divulgar o que se faz” (ARISTIDES, 2015).

As próximas ações da Pascom diocesana, segundo Gasparetto (2015),

envolvem um trabalho centrado na formação, como: intensificar a formação de

grupos da Pascom nas Regiões Pastorais, montando uma rede de comunicadores, e

não sendo mais iniciativas paralelas; mobilizar as mídias digitais com Aristides,

fornecendo supervisão e orientação aos produtores de conteúdos, por meio de um

conselho, que é a Pascom diocesana; viabilizar a formação, por meio de um

encontro para pensar a comunicação, aberta aos padres, às lideranças, às pastorais

paroquiais, que, de acordo com o coordenador, deverá ser “principalmente sobre a

midiatização, de todos os processos que a envolvem, e até laboratórios, pois muitas

vezes se tem o espaço, se tem boa vontade, mas algumas pessoas não têm

condições”.

Ou seja, Aristides e Gasparetto (2015) apontam prioritariamente para a

necessidade uma formação crítica sobre a mídia, mais do que operacional, diferente

do que foi citado pelas paróquias.

6.6 FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO PAROQUIAIS

Conforme apresentado no capítulo três desta pesquisa, as ferramentas de

comunicação devem levar ao público informações sobre a organização, de modo

que ele pode se relacionar com a instituição (EID e VIVEIROS, 2007). Assim, para

perceber o que as paróquias utilizam de ferramentas de comunicação, verificando a

necessidade e o tipo de gestão, solicitou-se a elas para que assinalassem quais

ferramentas elas possuem. Os grupos de ferramentas foram divididos em: Material

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impresso, Mídias Digitais (incluindo e-mail), Uso de Meios de Comunicação de

Massa, Comunicação Interna, e Espaço para Ouvidoria.

Na Ilustração 14, pode ser observada a porcentagem de cada alternativa

assinalada pelas 62 paróquias sobre os materiais impressos. As alternativas foram

Murais, Informativos (jornais, revistas) paroquiais, Cartazes, flyers, folders, etc.

(produção gráfica própria), Nenhum, ou Outro.

Ilustração 14 – Materiais impressos paroquiais

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Percebe-se que grande parte utiliza murais, em que se colocam tanto

cartazes das paróquias, como também os encaminhados pela diocese, pela CNBB,

pelos movimentos, entre outros. Também se percebe o uso de Murais com

conteúdos religiosos, como a liturgia semanal. O Mural é uma mídia própria para

espaços fixos, por isso, como as paróquias são localizadas em templos que

recebem público, é uma mídia comum na Igreja, como pode ser observado na

Ilustração 14.

A produção gráfica própria, como cartazes, flyers e folders, também é

trabalhada pela grande maioria das paróquias, que é motivada pela própria

característica da Igreja em divulgar a realização de eventos e oferecer serviços,

como os sacramentos, segundo Gasparetto (2015). O coordenador também aponta

que, como as próprias gráficas que imprimem os folhetos realizam os layouts, torna-

se mais fácil para a paróquia o acesso a essa mídia.

A produção de informativos paroquiais, como boletins, revistas e jornais,

possui um trabalho em menor escala, como pode ser observado na Ilustração 14,

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pois exigem mais recursos financeiros e uma produção de conteúdo própria, o que

repercute em uma organização da comunicação paroquial, que, conforme visto nas

Ilustrações 7 e 8, poucas possuem algum tipo de organização esquematizado, como

coordenação ou Pascom.

Na Ilustração 15, pode ser observada a porcentagem de cada alternativa

assinalada pelas 62 paróquias sobre as mídias digitais que as paróquias possuem.

As alternativas foram Site/blog, Mídias Sociais Digitais (Facebook, Twitter, Youtube),

Newslatter, Webtv, Webrádio, E-mails, Nenhum ou Outro.

Ilustração 15 – Mídias digitais que a paróquia possui

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

A maioria trabalha com e-mails, uma plataforma mais antiga fornecida pela

internet. Já as paróquias que possuem mídias sociais digitais são menos da metade.

No capítulo dois e três desta monografia, percebe-se que as mídias sociais digitais

podem ser usadas tanto por pessoas, como instituições, visto que fornecem

interações e conexões de diferentes naturezas (APARICI, 2012). Sbardelotto (2014),

no capítulo quatro desta pesquisa, enfatiza que as mídias sociais digitais servem

para estender a vivência paroquial para as redes, atingindo mais pessoas. Também

deve ser um ambiente em que a paróquia se coloca como receptora, para observar

seu público e definir suas decisões pastorais a partir desse monitoramento. No

capítulo quatro desta pesquisa, a CNBB aponta no Documento 100 que a solução

para o individualismo da vivência da fé é a própria paróquia estar presente neste

ambiente, atraindo de forma virtual e também para o offline. Assim, visto a

importância das mídias sociais digitais, considera-se que é uma ferramenta

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adequada para ajudar nos desafios paroquiais atuais, e que seu pouco uso pelas

paróquias prejudica a comunicação da Igreja.

No entanto, há mais atuação nas mídias do que os índices de organização da

comunicação paroquial. Por isso, o comparativo revela que mesmo com pouca ou

sem pessoas responsáveis pela comunicação, a comunicação pelas mídias sociais

digitais é uma preocupação das paróquias. Spadaro (2012), no capítulo três desta

pesquisa, justifica essa inserção na rede não só por ser um novo “meio” de

evangelização, mas antes, um ambiente no qual a Igreja precisa estar presente, em

função de acompanhar o ser humano onde ele está. Quando questionado qual mídia

social digital se trabalha, todas responderam Facebook, que, conforme Spadaro

(2012) é caracterizada pelo relacionamento como centro da troca de conteúdo.

A Diocese possui como uma linha norteadora de comunicação a integração

entre os Facebooks paroquiais e o diocesano. “A ideia é que cada paróquia tivesse

um Facebook e tivesse alguém da Diocese com o acesso de todos eles. Esse

profissional iria buscar o que interessava, e alimentava o Facebook da Diocese. E as

coisas do Facebook da Diocese alimentavam o ‘Face’ da paróquia. Seria mais ágil”

(GASPARETTO, 2015).

O coordenador explica que a maior dificuldade em implantar o sistema é

encontrar pessoas que entendem de comunicação e da religião católica para cuidar

das mídias das paróquias. Por isso, contratou-se Aristides como profissional de

comunicação para a Diocese, de modo que ele possa monitorar e orientar os

facebooks das paróquias, e, ao longo prazo, fornecer formação aos comunicadores

paroquiais. Aristides (2015) explica que, em função da distância geográfica, existe a

impossibilidade de produzir material para as paróquias distantes: “Não tenho como

ter acesso ao 'Face' da paróquia de São Francisco de Paula, por exemplo. Essa é a

missão da rede de voluntários. Os leigos não precisam mandar a matéria pronta,

mandam algumas informações, alguns dados, para depois eu montar e divulgar”.

Uma minoria possui site, talvez em função da demanda de recursos para a

elaboração, que, diferente das mídias sociais digitais, não é gratuita e necessita de

auxílio profissional. Mais paróquias assinalaram 'Nenhum' na Ilustração 15,

comparadas à Ilustração 14, o que mostra que ainda há menos trabalhos nas mídias

digitais que em materiais impressos, talvez por ser uma tecnologia mais recente.

Na Ilustração 16, pode ser observada a porcentagem de cada alternativa

assinalada pelas 62 paróquias sobre os meios de comunicação de massa que a

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paróquia utiliza. As alternativas foram Canal de TV próprio, Programas periódicos

em TV, Emissora de Rádio Própria, Programas periódicos em Rádio, Assessoria de

Imprensa (ou o envio de informações para a imprensa), Colunas/Artigos em

periódicos, Nenhum ou Outro.

Ilustração 16 – Meios de comunicação de massa que a paróquia utiliza

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Percebe-se que mais da metade das paróquias utilizam programas periódicos

em rádios. O índice é maior do que comparado ao uso de mídias sociais digitais, as

quais são bastante estudadas pelos documentos recentes da Igreja. Desde o

documento Miranda Prorsus, em 1957, a Igreja trabalha a importância do uso do

rádio para a veiculação da mensagem católica, o que pode ter implantado nos

padres a cultura do uso desta mídia. Também, no capítulo dois desta monografia,

observa-se que a comunicação social foi interpretada por diversos teóricos como o

uso apenas dos meios de massa, como a de Laswell, a Funcionalista, e a da

Informação, assim, a visão de comunicação como o uso dos meios contribuiu para

que se dê uma grande importância aos mass media.

Observa-se que o Papa Francisco, em suas Mensagens, busca ampliar a

ideia de que a comunicação não é apenas comunicação de massa; assim, revela

que ainda existe na Igreja a cultura de que comunicação é somente utilizar os

veículos de comunicação, o que desde a Aetatis Novae a Igreja já amplia para a

comunicação feita pelos agentes pastorais. Ou seja, o fato de mais da metade das

paróquias utilizarem programas de rádio comparado ao uso de outras mídias

alternativas pode ser motivado pela cultura defendida antes da Aetatis Novae.

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Também por ser o veículo de massa mais comum, de mais fácil acesso do que

televisão e com maior abrangência do que jornal impresso, o rádio torna-se

interessante às paróquias produzirem programas periódicos.

O trabalho com Assessoria de Imprensa ou o Envio de informações para a

imprensa, embora seja feito pela minoria e pouco realizado por jornalistas, se

comparado aos índices de Pascom, revela que existe uma parcela de paróquias que

manda suas informações para a imprensa, comprovando que existe a preocupação

em manter um relacionamento com os meios de comunicação. A grande quantidade

de 'Nenhum' assinalada também é motivada pelo difícil acesso aos espaços dos

meios de comunicação de massa, que, muitas vezes, necessitam de um trabalho

estratégico para se conseguir o uso, e, conforme visto nas Ilustrações 7, 8 e 9, essa

atuação existe na minoria das paróquias.

A Ilustração 17 mostra a porcentagem de cada alternativa assinalada pelas 62

paróquias sobre as ferramentas de comunicação interna que a paróquia possui. As

alternativas foram Intranet (portal de comunicação para o público interno), Eventos

de Integração entre funcionários e/ou agentes pastorais, Nenhum ou Outro. No

campo Outro, apareceu a alternativa “Telefone e nas missas” com frequência, sendo

considerado no gráfico.

Ilustração 17 – Ferramentas de comunicação interna paroquial

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Mais de 70% assinalaram 'Nenhum', o que aponta que existem poucos

trabalhos paroquiais com a comunicação interna, envolvendo funcionários e agentes

pastorais. Conforme visto no capítulo três, de acordo com Fonseca (2010), a

comunicação interna é responsável por manter a circulação das informações, a

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transmissão da cultura da organização e é um fator fundamental para evitar crises,

inclusive de comunicação. Gasparetto (2015) destaca que a Pascom paroquial deve

zelar pelo atendimento ao público pela secretaria paroquial, pois geralmente é o

principal vínculo do fiel com a instituição. O coordenador aponta que, na Diocese,

muitas vezes a recepção é realizada por pessoas de idade que possuem certa

dificuldade de acolhida. Por isso, o trabalho com a comunicação interna nas

paróquias e na Diocese é um importante aspecto a ser trabalhado em uma gestão

ou plano de comunicação diocesano, para garantir a eficiência da comunicação

paroquial. Na opção Outro, observou-se um número considerável de respostas

sendo a comunicação interna por Telefone e nas missas, o que revela ainda o

trabalho com a comunicação interpessoal.

Na Ilustração 18, é apresentada a porcentagem de cada alternativa

assinalada pelas 62 paróquias sobre as ferramentas de ouvidoria, para ouvir

sugestões ou reclamações. As alternativas foram Urna de sugestões/reclamações,

e-mail para contato, campo para contato no site, Nenhum, ou Outro.

Ilustração 18 – Ferramentas de ouvidoria

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

A maior parte das paróquias assinalou Nenhum, o que revela a falta de

trabalho das paróquias em buscar a opinião do público. Conforme apresentado no

capítulo três desta pesquisa, Goldschmidt (2010) defende que a primeira atitude

para envolver os stakeholders é consultar, para obter informações dos públicos de

interesses, sobre eles e sobre a empresa, para considerar as opiniões dos públicos

nos processos de decisões. No capítulo quatro desta monografia, Papa Francisco na

sua 48ª Mensagem enfatiza a importância da Igreja receber informações, se colocar

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à disposição de ouvir, e não só de fornecer informações. Também neste capítulo,

Sbardelotto (2014) explica que a Igreja, por meio de suas ferramentas, deve se

colocar na posição de receptora, de modo a receber e monitorar informações para

diagnosticar seu público e suas ações pastorais e estratégicas. Assim, um ponto

importante a ser trabalhado pela Diocese de Caxias do Sul é a criação de sistemas

de ouvidoria pelas paróquias.

Para verificar se as paróquias necessitaram de atuação de profissional em

alguma atividade de comunicação, foi questionado se a paróquia precisou de

orientação profissional em alguma ferramenta de comunicação.

Ilustração 19 – Orientação profissional em ferramentas paroquiais

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Conforme pode ser visto na Ilustração 19, a minoria precisou de orientação

profissional em alguma ferramenta. Talvez esse índice se justifique pelo pouco

índice de paróquias que possuem ferramentas mais elaboradas, como sites e

informativos, pois a maioria possui apenas uso de murais, cartazes e flyers. Às que

precisaram, questionou-se qual tipo de profissional e em qual ferramenta. Das sete

respostas, seis precisaram de programador para o desenvolvimento do site, sendo

que um destes contratou jornalista profissional para postar informações no site e um

precisou de jornalista. Observa-se que em grande parte são profissionais para

executar tarefas, e não na atividade de gestão ou consultoria.

6.7 GESTÃO DA COMUNICAÇÃO DIOCESANA

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Questionou-se às paróquias se elas consideram importante que exista uma

articulação entre elas e a comunicação da Diocese, a fim de perceber a importância

de um plano de comunicação que favoreça essa relação, e de verificar se a diretriz

n. 262 do Documento 99 (2014) é adequada às realidades paroquiais da Diocese de

Caxias do Sul.

Ilustração 20 – Importância da comunicação paroquial articulada com a Diocese

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

A maioria considera que é importante a articulação entre comunicação

paroquial e diocesana, o que comprova a visão de comunhão apresentada pelo

Documento 100 (2014) no capítulo quatro desta monografia. Ainda neste capítulo, a

CNBB, no Documento 99 (2014, n.262), sugere que a articulação deve ocorrer com

o bispo diocesano como referencial, um coordenador diocesano e um representante

de cada paróquia, tendo como “principais competências a coordenação, a formação

dos agentes de pastoral, a articulação em todos os âmbitos, a produção de

conteúdos e a vivência da espiritualidade do comunicador”. Como visto nas

Ilustrações 7 e 8, menos da metade possuem alguma representação de

comunicação instituída, então, para que ocorra essa articulação, pode ser

necessário um trabalho neste aspecto pela Diocese em sintonia com a paróquia.

Questionou-se às paróquias se conhecem as ferramentas diocesanas.

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Ilustração 21 – Conhecimento paroquial das ferramentas da Diocese

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Conforme o índice presente na Ilustração 21, quase 100% alegou

conhecimento, comprovando que as ferramentas chegam até às paróquias.

Questionou-se às paróquias se elas utilizam as ferramentas de comunicação da

Diocese, enviando informações paroquiais para serem publicadas por essas mídias,

e/ou divulgando essas mídias ao seu público.

Ilustração 22 – Utilização paroquial das ferramentas diocesanas

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Conforme pode ser observado na Ilustração 22, mais da metade das

paróquias utiliza as ferramentas diocesanas. Comparado com os índices de

ferramentas próprias das Paróquias, como informativo próprio, site, mídias sociais

digitais, o índice de uso das ferramentas diocesanas é maior, o que comprova que é

uma alternativa para as paróquias que não possuem suas mídias utilizaram das

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mídias diocesanas, promovendo a articulação sinérgica, presente no Documento 99,

na diretriz n. 137 (2014).

Segundo Aristides (2015), o Facebook diocesano foi criado em maio e já se

percebe uma interatividade interessante, pois o que mais atinge o número de

visualizações são as publicações das atividades nas paróquias e comunidades; ou

seja, o testemunho das pessoas locais, mais do que notícias da Igreja. É uma

página que possui cerca de 1.400 curtidas, conforme dado de agosto de 2015. O

jornalista conta que existem leigos das paróquias que enviam materiais, de modo

que, no Corpus Christi em 2015, muitos enviaram a ele fotos feitas pelos dispositivos

móveis. Assim, a Diocese conseguiu divulgar conteúdo de mais dez paróquias da

Diocese. “Dentro das 74, é pouco, mas é algo que nunca tinha acontecido. Por isso,

precisamos criar a rede de colaboradores” (ARISTIDES, 2015).

Perguntou-se às paróquias se elas sentem a necessidade de um plano de

comunicação diocesano, com orientações de comunicação por parte da Diocese, a

fim de perceber a realidade diocesana da instrução apresentada pela Aetatis Novae

(n. 21, 1992), em que cada diocese “elabore um pano pastoral completo de

comunicação”.

Ilustração 23 – Plano de comunicação diocesano

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

A maioria das paróquias considera verdadeira a necessidade de um plano de

comunicação diocesano, que, de acordo com o Documento 99 (2014, n. 270), deve

partir das premissas do Vaticano e da CNBB, e corresponder às necessidades

locais. Esse dado comprova o que aponta Kunsch (2003) no capítulo três desta

monografia, que o planejamento auxilia em propor ações que gerem resultados no

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presente e no futuro, a partir do contexto, e ajuda a exercer a gestão da

comunicação.

No campo de observações, três respostas foram relativas ao plano e

orientações diocesanas. Uma avaliou como negativo a criação do plano, por

entender que a “A comunicação não depende de papéis, é mais ampla. Aqui a

principal forma de comunicação é a torre que manda mensagem pelo alto falante. A

comunicação diocesana não chega à base”. Outra resposta avaliou como positiva a

criação de um plano, considerando no contexto de cultura digital, pois afirmou que

“A evangelização pela Rede é um grande desafio para a Igreja que precisa de mais

profissionalização e ousadia sem deixar de manter a fidelidade da mensagem cristã.

A elaboração de um plano de comunicação é uma boa sugestão para as dioceses”.

E a outra resposta considerou como positiva, na medida em que o plano de

comunicação oriente para a preparação de um programa de rádio. Ou seja, as três

respostas relacionaram o plano de comunicação às suas ferramentas e a sua

aplicabilidade, e não ao papel de gestão estratégica, como aponta Marchiori (2008)

no capítulo três desta pesquisa.

Sobre plano de comunicação diocesano, Gasparetto (2015) afirma que não há

nada estruturado, mas que há a ideia norteadora de facilitar a comunicação entre as

paróquias e Diocese, em que cada paróquia tenha seu Facebook e o profissional

contratado da Diocese tenha acesso a todas as contas para monitorar e fazer a

circulação de conteúdo paroquial e diocesano em ambas as redes.

Aristides afirma que possui um esqueleto de planejamento de assessoria de

imprensa operacional. Inclui produção de notícias institucionais, de cuidar e zelar

pela imagem da Igreja que é veiculada na mídia, e o contato direto com os veículos,

por meio das coletivas de imprensa, que vem ao encontro do que foi apresentado

por Eid e Viveiros (2007) sobre assessoria de imprensa no capítulo três desta

monografia. Sobre a gestão de comunicação diocesana que orienta as paróquias,

Aristides (2015) constata a necessidade de mais pessoas no planejamento e na

execução, como um grupo gestor formado pelos representantes paroquiais e

diocesanos de comunicação, atuando como um colegiado, conforme aponta Neves

(2000) no capítulo três, e não apenas todas as tarefas de gestão centradas no

assessor de imprensa diocesano:

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No ponto organizacional, uma diocese é como uma multinacional. Cada paróquia é como uma filial. Cada paróquia, por sua vez, tem suas filiais que são as comunidades. Então são centenas de comunidades. É uma Diocese muito grande, em território. Por isso, essa diretriz, esse espírito de comunicação, deve ser propagado, há muitas pessoas querendo uma ajuda e querendo ajudar. Isso poderá ser feito. Agora, sozinho não tem como estar atento a tudo o que ocorre. (ARISTIDES, 2015).

A diretriz n. 266 do Documento 99 (2014) orienta que a assessoria de

imprensa deve ser gerida por “profissional da área com capacidade de relações com

a imprensa” e a n. 267 sugere que, além de executar funções técnicas, ele pode ser

o articulador da Pascom da diocese. Questionou-se às paróquias se elas

consideram que a coordenação da comunicação diocesana deve ser feita por um

profissional de comunicação, a fim de observar como elas percebem a

profissionalização da comunicação.

Ilustração 24 – Profissionalização da coordenação diocesana

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Um alto índice considera que a coordenação da comunicação da Diocese

deve ser feita por um profissional, comprovando o que aponta a diretriz n. 267 sobre

a importância da condução de forma profissional e a visão sobre a profissionalização

que sugere Neves (2000) no capítulo três. Nas observações, três respostas foram

relativas à contratação de profissional para a coordenação. Uma observação

defendeu que “a comunicação deve ser coordenada por um padre”, reforçando a

importância do referencial da comunicação ser um presbítero, mas no sentido de

acompanhar e orientar o grupo; duas que “a coordenação deve ser mesclada, com

profissionais, padres e voluntários amadores”, o que é considerado adequado pelo

Documento 99.

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Sbardelotto (2014), no capítulo quatro deste estudo, defende que quando a

atuação de um leigo ou profissional na diocese ou paróquia está gerando resultados

e despendendo uma dedicação exclusiva, cabe à instituição arcar financeiramente

pelo serviço e disponibilizar formação para que esse profissional cresça no

conhecimento sobre doutrina católica e comunicação.

Como uma solução para trabalhar com a diversidade de ideias dentro da

Igreja, Gasparetto (2015) aponta que, no momento de tomar decisões em termos de

comunicação, é necessário que o critério seja baseado na comunicação profissional,

com a lógica do mercado no sentido de priorizar a qualidade da informação e da

gestão.

Aristides (2015), assim como Sbardelotto (2014), no capítulo quatro desta

monografia, defende que é necessário diferenciar dois trabalhos de comunicação na

Diocese: um feito pela assessoria de comunicação, que poucas dioceses têm algo

estruturado por ser recente, e o trabalho da Pastoral da Comunicação. De acordo

com o assessor da Diocese, um não anula o trabalho do outro, pois são muito

específicos, com atuações diferentes, mas que ambos devem convergir, conforme

ele explica:

Hoje o que mais existe nas dioceses é o trabalho da Pascom. A principal missão dela é suscitar esse trabalho de Pascom paroquiais, nas comunidades. É muito difícil, pois é um trabalho voluntário e para alguém ser da Pascom, tem que ter esse espírito comunicativo, e, ainda mais com a tecnologia, deve ser sempre ligado, sempre disposto. Mas é muito difícil encontrar uma diocese que tenha uma Pascom em cada paróquia. E quase impossível ter um assessor contratado em cada paróquia. Para uma paróquia que não tem tantos recursos, acaba sendo visto como gasto. [...]. Quem é da assessoria de comunicação, deve produzir material, acompanhando o que acontece na Diocese, e deve ser o assessor de imprensa, o jornalista. Não tem como ser um leigo que trabalha em outras coisas para a assessoria de imprensa, pois não tem formação necessária e não tem disponibilidade de tempo. (ARISTIDES, 2015).

Segundo Gasparetto (2015) o fato de a Diocese começar a investir em um

profissional somente em 2015 não foi por questão financeira, pois de acordo com

ele, há orçamento para isso e Dom Alessandro sempre planejou ter uma assessoria

de comunicação, de modo que busca implantar isso desde que iniciou seu

episcopado na Diocese, em 2011. A demora foi pela dificuldade em achar o perfil

adequado para a função, como o coordenador explica: “Alguém que possa ter os

dois olhares. Olhar jornalístico, que nem sempre é o do mundo da Igreja, mas que

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consegue olhar de forma profissional. E o outro olhar é de quem consegue captar e

perceber uma política interna da Igreja, entendendo desses ambientes e limites de

onde chegar”.

Neste momento, foi escolhido Aristides, mas como se tornará padre no final

de 2016, Gasparetto (2015) entende que, com a carência que a Igreja tem de

padres, não é sempre possível que os sacerdotes assumam a comunicação. Por

isso, sugere que a comunicação diocesana futuramente seja assumida por

profissionais contratados, mas de modo que estejam assessoradas por um

conselho, que possa tirar dúvidas sobre Igreja e que se encontrem mensalmente

para avaliação da comunicação, como aponta Neves (2000), no capítulo três desta

monografia, quando se refere ao colegiado.

Gasparetto (2015) afirma que a falta de tempo dos padres prejudica a

condução da comunicação, por mais que se faça com zelo: “Aquilo que a gente faz,

faz porque a gente acredita. Nunca tive um tempo a mais para fazer a coordenação

da Pascom, nem recurso a mais daquilo que se ganha como padre de paróquia para

poder fazer isso. Leva-se adiante por amor”.

6.8 COMUNICAÇÃO POR REGIÕES PASTORAIS

Ao observar as alternativas assinaladas, percebeu-se que as paróquias das

mesmas regiões pastorais possuem semelhanças entre si, em função da cultura

local, situação econômica, localização geográfica, zonas rurais ou urbanas, entre

outros fatores. Por isso, selecionaram-se para análise as questões relacionadas à

organização da comunicação paroquial com maior impacto por região, para observar

os índices. É importante destacar que a Região Pastoral de Caxias do Sul, por

exemplo, possui 22 respondentes, diferente da de Garibaldi, que teve seis

respondentes, o que interfere no comparativo. Assim, o objetivo não é comparar

uma com a outra, mas perceber de forma mais aproximada quais índices interferem

uns nos outros. As porcentagens são referentes às paróquias que assinalaram “sim”

para as questões escolhidas.

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Ilustração 25 – Pastoral da comunicação paroquial por Região Pastoral

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Como apresenta a Ilustração 25, percebe-se que a maioria das regiões possui

índice semelhante de Pascom paroquial, na faixa dos 15% aos 20%, exceto Nova

Prata e Garibaldi, que possuem Pastoral da Comunicação na maioria das paróquias.

Para verificar se a existência de Pascom está relacionada a uma

coordenação, selecionou-se para análise a opção da existência de coordenadores

de comunicação por paróquia, agrupadas por região.

Ilustração 26 – Coordenador da comunicação paroquial por Região Pastoral

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Comparando a Ilustração 25 com a Ilustração 26, percebe-se que em Bento

Gonçalves e Farroupilha há mais coordenadores de comunicação que Pascom, ou

seja, existe um trabalho de organização, mas não uma Pastoral oficialmente

instituída como é sugerido no Documento 99. Em Caxias do Sul, Garibaldi e Nova

Prata, os mesmos índices que possuem Pascom, possuem coordenação,

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comprovando sua relação. Em Flores da Cunha existe Pascom, mas não existe

coordenação, o que aponta que existe um trabalho de comunicação sem um

coordenador.

Selecionou-se a questão sobre a existência de orçamento/verba para investir

em comunicação, para observar se há a relação da organização da comunicação

paroquial relacionada à situação econômica, e se as paróquias possuem

semelhanças entre si nesse fator.

Ilustração 27 – Orçamento paroquial para comunicação por Região Pastoral

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Percebe-se, conforme a Ilustração 27, que as paróquias de São Francisco de

Paula afirmam não possuir orçamento para a comunicação, mas possuem uma

parcela com Pastoral da Comunicação, o que revela que a atuação da organização

da comunicação nestas paróquias não necessita obrigatoriamente de recursos

financeiros. Garibaldi possui o mesmo índice de orçamento para comunicação e

Pascom, o que revela que as paróquias que possuem Pascom podem investir no

trabalho, assim como Nova Prata, que possui índices semelhantes entre orçamento

e Pascom. Farroupilha, Caxias do Sul, Flores da Cunha possuem mais paróquias

com orçamento, do que Pascom ou coordenação de comunicação, o que pode

refletir em investimentos em ações de comunicação, mas não em investimento no

trabalho de um agente ou de gestão da comunicação. Isso também ocorre em Bento

Gonçalves, que possui mais porcentagem de orçamento do que Pascom, mas

possui mais paróquias com coordenadores de comunicação, revelando que o

trabalho na maior parte desta Região não implica em recursos financeiros.

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Para observar o uso de ferramentas de comunicação por paróquias da

mesma região, foram selecionadas as questões referentes às ferramentas que

possuem maior diferença de uso entre as regiões, ou seja, informativo paroquial,

mídias sociais digitais e programas periódicos em rádio. As outras ferramentas ou

foram com índices altos na sua maior parte, como o uso de Murais, ou foram baixas

na sua maioria, como ferramentas para comunicação interna, etc., revelando uma

realidade diocesana.

Ilustração 28 – Informativo paroquial por Região Pastoral

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Como apresenta a Ilustração 28, São Francisco de Paula possui Pascom e

não possui verba, o que repercute na ausência de informativos, de modo que revela

que o uso dessa ferramenta implica em custos. Farroupilha, mesmo considerando

possuir recursos, possui menos paróquias com o trabalho de informativos, diferente

de Bento Gonçalves, que possui mais paróquias com informativo do que com verba;

isso ocorre em função de possuírem o Jornal Boa Notícia, que é realizado em

conjunto pela maioria das paróquias da Região Pastoral. As demais regiões

possuem a mesma margem de porcentagem para orçamento, Pascom e informativo,

o que revela que as paróquias que possuem essa organização, em grande parte,

possuem informativo.

Como o Documento 99 possui diretrizes direcionadas para o trabalho com

mídias sociais digitais, assim como as últimas Mensagens do Papa Francisco

trabalham a ideia de relacionamento por meio da internet, sendo considerada uma

atuação importante para a Igreja, selecionou-se para observação os índices das

mídias sociais digitais por região.

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Ilustração 29 – Mídias sociais digitais paroquiais por Região Pastoral

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

Mais da metade das paróquias de São Francisco de Paula possuem mídias

sociais digitais, o que revela que, mesmo não possuindo recursos, consegue-se

trabalhar com essas mídias, geralmente por ser uma plataforma gratuita e de fácil

uso. Já Nova Prata, que possui índices maiores nas Ilustrações 25, 26 e 27,

demonstra índice menor relacionado à mídia social digital. Nas observações, foram

encontradas respostas justificando que, em muitas paróquias, por ser zona rural, a

internet não possui alcance, e a maioria da população é idosa, não sendo um

público adepto às mídias, de modo que não se possui a necessidade do trabalho

com as mesmas.

Diferente de Caxias do Sul, considerada em sua grande parte zona urbana,

que possui um índice maior de paróquias com este trabalho, comparado às

Ilustrações 25, 26, e 27. Nesta cidade, há maior presença da juventude na zona

urbana, que é considerada pelo Documento 99 o grande público da web, de modo

que em Caxias do Sul, conforme o Censo Demográfico de 2010 do IBGE, 96,66%

das pessoas de 10 a 29 anos reside na zona urbana. Garibaldi, Bento Gonçalves,

Flores da Cunha e Farroupilha mantêm sua porcentagem próxima do índice de

Informativo Paroquial, presente na Ilustração 28, o que pode revelar que o trabalho

com as mídias sociais digitais acompanha as outras atuações.

As regiões que possuem índice menor de trabalho com as mídias sociais

digitais em relação às outras, como Nova Prata e Bento Gonçalves, são as que

possuem maior índice de programas periódicos em rádios, como pode ser

observado na Ilustração 30. Por isso, escolheu-se observar a opção de programas

periódicos em rádio para perceber o trabalho com o veículo.

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Ilustração 30 – Programas periódicos paroquiais de rádio por Região Pastoral

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

A Região de Nova Prata, que possui paróquias alegando não trabalhar com

mídias sociais digitais por serem de Zona Rural, possui mais de 70% de paróquias

com programas de rádio. O rádio é um veículo de grande impacto na Zona Rural,

pois existem bastante idosos e, “na terceira idade, principalmente nas pessoas que

residem em comunidades no interior, o aparelho radiofônico tem um valor simbólico

muito grande, por remeter a fatos do passado que marcaram o imaginário dos

receptores” (BIANCHI, 2003 apud DONADELLI, 2014, p. 31). Na Região Pastoral de

Bento Gonçalves, todas as paróquias participam de programa periódico na Rádio

Difusora 890 AM, o que também motiva o índice de 100%.

Garibaldi, Flores da Cunha, São Francisco de Paula e Caxias do Sul

possuem o índice de uso de rádios um pouco acima das Ilustrações 25 e 27, o que

revela que o trabalho com rádio acompanha a organização da comunicação

paroquial. Já Farroupilha possui maior índice em função da Rádio Miriam, rádio

diocesana, ser localizada nesta Região, de modo que a maioria das paróquias

possui programa semanal neste veículo.

Após efetuar a análise dos dados, é possível responder a questão norteadora

para cumprir os objetivos desta pesquisa. As Considerações Finais podem ser

observadas no capítulo sete desta monografia.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Igreja Católica Apostólica Romana defende a necessidade de uma

renovação paroquial, que gere uma maior aproximação e participação dos fiéis por

meio do diálogo (BERGOGLIO, 2013). Logo, essa renovação paroquial passa pela

sua comunicação. A CNBB declara que acompanhar mudanças na comunicação é

parte da atualização da missão da Igreja no mundo, de modo que é preciso

“promover políticas de sinergia e convergência de comunicação que envolvam todas

as pessoas que trabalham com a comunicação na Igreja”, de modo a “definir metas

e estratégias de gestão e estabelecer critérios de decisão” (CNBB, Documento 99,

2014, n. 137).

Para planejar essas estratégias, a Igreja Católica, desde 1992, com o

documento Aetatis Novae, defende a necessidade da criação de um plano

diocesano de comunicação que ofereça diretrizes, objetivos e prioridades às

dioceses e às paróquias. Deste modo, a partir da existência de um planejamento,

passa a ser necessário um grupo de gestão estratégica que aplique e monitore o

plano estabelecido (COSTA, 2007 apud MARCHIORI, 2008, p.163).

Assim, chegou-se na questão norteadora deste trabalho: Quais as diretrizes e

ações necessárias para a gestão da comunicação em dioceses e paróquias? O

trabalho tem como objetivo geral Estudar diretrizes e ações visando à análise e à

proposição de ações para a gestão da comunicação da Diocese de Caxias do Sul.

Para isso, buscou-se conhecer as orientações de documentos da Igreja para a

gestão da comunicação, a fim de estudar a comunicação da Diocese de Caxias do

Sul, por meio da Hermenêutica em Profundidade.

Conseguiu-se em partes o objetivo específico de Conhecer as orientações da

Igreja Católica para a comunicação presentes em documentos, encíclicas, decretos

e declarações da hierarquia da Igreja, e de referenciais teóricos sobre a gestão da

comunicação, pois, como a produção de documentos sobre comunicação pela Igreja

é vasta, não se utilizou todo o material; os critérios foram retirados principalmente do

Documento 99, por ser o mais recente da CNBB sobre comunicação e conter de

maneira global o pensamento da Igreja sobre o assunto.

O Estudo de Caso da comunicação da Diocese foi constituído por meio de

Entrevista em Profundidade com agentes da comunicação Diocesana e da Análise

de dados quantitativos e de Conteúdo dos questionários provenientes das

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paróquias. Com isso, se atingiu o objetivo específico de Analisar a comunicação

institucional e paroquial da Diocese de Caxias do Sul, visando à gestão da

comunicação.

Para cumprir o objetivo específico de Perceber a necessidade de uma gestão

diocesana e paroquial de comunicação e suas atribuições que favoreçam a

comunicação entre diocese, paróquias, mídias e público, analisou-se a prática

comunicacional das paróquias por meio do uso de ferramentas da comunicação e de

sua organização. Com o referencial teórico e os dados pesquisados, também se

conseguiu o objetivo específico de Identificar o perfil do profissional de comunicação

que pode atuar na gestão da comunicação em dioceses e paróquias.

O primeiro dado da pesquisa é que a Diocese não possui plano diocesano de

comunicação, de modo que cada paróquia realiza a sua comunicação conforme a

própria realidade, sendo este um dos fatores encontrados para que as ações de

comunicação sejam bastante heterogêneas entre paróquias. Conforme o Documento

100, a Diocese deve fornecer orientações para que as paróquias definam suas

atividades, a fim de responder à ideia de comunhão e sintonia proposta pelo Concílio

Vaticano II. Assim, a hierarquia também legitima a importância do plano diocesano.

Mais de 77% das paróquias não possui organização de comunicação

paroquial indicadas pelo Documento 99, que é a Pastoral da Comunicação, 71% não

possui a instituição de um coordenador de comunicação e 88,7% não possui plano

de comunicação. Isso também reflete em pouco uso de ferramentas de comunicação

de forma sinérgica, que geram o diálogo e a cultura do encontro defendidos pelo

Papa Francisco, como uma maior presença nas mídias sociais digitais, criação de

ouvidorias, uso de informativos e do mass media e ações com a comunicação

interna. O pouco planejamento repercute em um maior uso de ferramentas de

divulgação unidirecionais (one-way), como flyers, cartazes e murais, revelando que a

comunicação é trabalhada com uma visão mais funcionalista e pouco relacional.

A falta de Pastorais de Comunicação paroquiais pode ser ocasionada pela

pluralidade de pensamentos dos párocos (GASPARETTO, 2015), e pela falta de

pessoas capacitadas para essa atuação, segundo os apontamentos dos

questionários. Uma das soluções para esses desafios poderia ser a implantação de

um plano diocesano que oriente a criação de Pascom, com a disponibilização de

formação dos agentes pastorais para o exercício da comunicação.

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Percebe-se pouco trabalho formativo sobre comunicação nas paróquias, de

modo que 77,4% não fornece formação aos agentes pastorais. A formação é

amplamente defendida pelos documentos da Igreja, pois repercute diretamente na

prática comunicacional. Também pode ser uma das causas de 77,4% das paróquias

não usar os documentos da Igreja nas diretrizes paroquiais. Como existem

diferenças socioeconômicas entre as paróquias, de modo que 56,5% alegam não ter

orçamento para a comunicação, entende-se que nem todas podem fornecer

formação sobre comunicação. Por isso, é necessário que a Pascom diocesana

disponibilize formação de forma articulada aos agentes das paróquias.

Para estudar as práticas comunicativas paroquiais e perceber as atribuições

da gestão de comunicação diocesana, estudaram-se as ferramentas utilizadas pelas

paróquias. As mídias sociais digitais e os programas periódicos em rádio são as que

possuem índices de utilização de quase mais da metade das paróquias, fora as de

divulgação como flyers e cartazes. Como se observou na análise por Região

Pastoral, as regiões que possuem mais de 70% de paróquias com uso de programas

em rádio, possuem menos de 50% de paróquias com mídias sociais digitais, por

serem, em grande parte, paróquias da zona rural, com público mais idoso,

familiarizado com as programações de rádio.

Já o uso das mídias sociais digitais é mais presente na zona urbana, onde há

maior presença da juventude, considerada pelo Documento 99 o grande público da

web, de modo que em Caxias do Sul, conforme o Censo Demográfico de 2010 do

IBGE, 96,66% das pessoas de 10 a 29 anos reside na zona urbana. Essa relação

revela a busca das paróquias em usar as ferramentas mais utilizadas por seus

públicos, o que é considerado adequado, visto que as ferramentas de comunicação

devem ser planejadas para cada público de interesse conforme Cunha (2010).

Embora menos da metade, ou seja, 43,55% das paróquias da Diocese

utilizem mídias sociais digitais, se comparado com o pouco índice de Pascom, pode-

se afirmar que existe uma preocupação da paróquia em estar neste novo ambiente,

que, segundo Sbardelotto (2011), permite o relacionamento e a vivência da fé. A

necessidade de estar na web também é uma consideração apresentada pela

Pascom diocesana, de modo que se contratou um profissional de comunicação

principalmente para executar a gestão de conteúdo no Facebook diocesano e o

monitoramento dos Facebooks paroquiais. Essa perspectiva é considerada

adequada para a integração entre o on-line e o off-line, defendida por Spadaro

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(2012), e para responder ao desafio da vivência individual da fé pelo meio digital,

pois a inserção da Diocese neste meio pode favorecer o engajamento dos fiéis,

principalmente o da juventude, que é uma das prioridades pastorais da Diocese.

Observou-se que mais de 70,97% não possui trabalho com a comunicação

interna, o que pode prejudicar o trabalho pastoral, visto que, na Igreja, muitas vezes,

os funcionários e os voluntários são os principais vínculos do público com a

instituição, seja quando participa de um evento ou quando necessita de um

sacramento da Igreja, conforme Gasparetto (2015). O público interno é responsável

pela transmissão de informação e disseminação da cultura da organização

(FONSECA, 2010), de modo que a falta de trabalho com ele pode acarretar em uma

crise de comunicação com o público externo.

A partir da visão da cultura do encontro, defendida pelo Papa Francisco, em

que é necessário gerar diálogo, percebe-se a importância de buscar a opinião do

público. Mais de 70% das paróquias não possuem trabalho de ouvidoria, o que

pode prejudicar as deliberações de comunicação e na construção de diálogo, ainda

mais na Igreja, onde se reforça a importância da participação dos leigos. É

necessário envolver os públicos de interesse, principalmente os agentes pastorais,

nas decisões de comunicação, para engajá-los. Por isso, um plano diocesano de

comunicação pode ser feito na Matriz Wave, apontada por Cunha (2010), que

planeja as ações buscando o envolvimento com cada público.

Ainda sobre ferramentas de comunicação, observou-se que 59,7% das

paróquias utilizam as ferramentas da Diocese, índice maior do que as que possuem

as ferramentas próprias, como informativo (29,3% que possuem jornal, revista ou

boletim próprio), ou mídias sociais digitais. Esse uso e a necessidade de uma

comunicação articulada entre Diocese e paróquias, que foi apontada por 91,9% das

paróquias no questionário, e de orientações diocesanas sobre a comunicação,

reforçam a importância de um plano diocesano de comunicação que oriente o uso

das ferramentas.

Como visto, a criação de um plano gera a necessidade da gestão do mesmo.

Com os desafios apresentados, como estabelecer uma articulação de formação

entre paróquias, fomentar e acompanhar as pastorais da comunicação paroquiais,

gerenciar as ferramentas de comunicação da Diocese e executar a assessoria de

imprensa, percebe-se que é necessária a atuação de um ou mais profissionais de

comunicação contratados na Diocese. A importância da visão profissional na

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condução da comunicação, como sugere Neves (2000), também é apontada nos

documentos da Igreja, como Communio Et Progresso e Aetatis Novae. O

Documento 99 orienta que o trabalho das relações das dioceses com a imprensa

seja feito por um assessor de imprensa profissional, em função da credibilidade que

o exercício demanda, visto que, conforme Martino (2003), a relação com a imprensa

ajuda a manter a legitimidade externa que a organização necessita.

Além da importância do conhecimento técnico e teórico sobre comunicação, a

contratação de um profissional na comunicação da Diocese se justifica pela

necessidade de tempo, dedicação e formação que a atividade demanda. Observa-se

nas análises uma sobrecarga de tarefas centralizadas nos padres, que também é

apontada pelo Documento 100, o que prejudica a condução da comunicação. O

principal desafio em contratar um profissional para a comunicação diocesana, de

acordo com Gasparetto (2015), não foi a falta de orçamento, e, sim, a dificuldade em

encontrar um profissional com o perfil adequado.

No Documento 99, a CNBB cita que a Igreja dispõe de profissionais da

comunicação em áreas como o jornalismo, as relações públicas e a publicidade para

atuar na comunicação da Igreja, evidenciando que essas habilitações poderiam ser

consideradas adequadas à gestão da comunicação, pois possuem formação em

Comunicação Social. Embora o profissional conhecido para a gestão da

comunicação seja o relações públicas, para produção de conteúdo seja o jornalista e

para a publicidade seja o publicitário, conforme Kopplin e Ferrareto (2001), as três

possuem habilitação para trabalhar estratégias de comunicação, por isso, podem ser

apropriadas. Observou-se que é importante o profissional saber promover diálogo

interno e entre os diversos organismos da sociedade, e ter características de

liderança para a gestão.

Sbardelotto (2014) reforça que a condução da comunicação profissional não

pode ser “marketeira” ou impessoal, e sim com caráter humanizado, feito de forma

pastoral, pois é a comunicação característica da Igreja. Para saber trabalhar esse

aspecto, articular as pastorais paroquiais, planejar e dar formações técnicas,

doutrinais e espirituais aos entes, como propõe o Documento 99, percebe-se que o

profissional necessita ter conhecimento sobre a Igreja Católica. Não só

conhecimento da hierarquia, das políticas e doutrinas, mas também, como cita

Communio et Progresso, uma adequada formação humana capaz de inspirar

solidariedade e fraternidade na comunidade por meio de suas produções.

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Para convergir o trabalho de assessoria de comunicação e Pascom diocesana

e ainda pensar a comunicação de forma integrada, percebe-se a necessidade da

criação de um colegiado, conforme explicado por Neves (2000), composto por todos

os entes que são ligados à comunicação da organização. Este colegiado pode se

encontrar com determinada frequência para reuniões operacionais com constante

avaliação do plano diocesano; para reuniões estratégicas, em que se reavaliam as

ações; para reuniões extraordinárias, com surgimento de imprevistos; e participar

das decisões principais da organização, de modo a dar maior envolvimento e

protagonismo aos leigos na Igreja.

Para a Pascom diocesana, que se pode relacionar com o colegiado, o

Documento 99 sugere a participação de um representante de cada paróquia, um

coordenador, que pode ser o assessor de imprensa contratado, e o bispo como

referencial. Além destes, poderiam participar o ecônomo da Diocese, para estar a

par dos investimentos financeiros de comunicação, o coordenador de recursos

humanos para auxiliar nas ações de comunicação interna, assim como o

coordenador da pastoral presbiterial, que cuida das relações com os padres. Ou

seja, todas as coordenações que fazem comunicação com públicos da Diocese.

Em função da grande distância geográfica, o colegiado pode estar subdividido

em vicariatos episcopais de comunicação, como sugere o Documento 99, para que

possam se encontrar com mais frequência entre Regiões Pastorais, e com menos

frequência com toda a diocese, além de reuniões pela internet. A criação de

vicariatos também é justificada pela semelhança nas ações comunicativas e nos

públicos de cada região. Com a presença de um coordenador mais próximo, a

comunicação poderá ser trabalhada de uma forma mais articulada, estratégica e

sinérgica entre os entes e os meios de comunicação locais.

Com este estudo, aponta-se que as seguintes diretrizes são adequadas para

a gestão da comunicação da Diocese de Caxias do Sul: a condução por um ou mais

profissionais contratados, em parceria com colegiado composto por diferentes

coordenações; a atuação como Pascom diocesana, acompanhando pastorais de

comunicação paroquiais por meio da formação, produção, espiritualidade e

articulação; elaboração e implantação de plano diocesano, que forneça orientações

às paróquias e à comunicação institucional. Estes aspectos são considerados

essenciais para que as ações possam responder aos desafios pastorais, a partir de

uma cultura de planejamento que gere encontro com públicos de interesse.

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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO NAS PARÓQUIAS

Comunicação em Dioceses e Paróquias

Este questionário servirá como fonte de informações para trabalho de conclusão de curso (graduação em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, de Ana

Cláudia Mutterle Chiesa). Assim, o preenchimento dos dados será muito importante para responder questões sobre a Comunicação em Dioceses e Paróquias.

Responder de preferência o pároco ou quem executa a comunicação paroquial.

*Obrigatório Região Pastoral: * Município/Cidade: * Idade do respondente: * Função na paróquia: * Escolaridade: *

1. SOBRE A COORDENAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PAROQUIAL

1.1 A paróquia possui alguma diretriz (orientação, rumo, visão, objetivo) de Comunicação? *

Sim

Não

1.1.1 Se sim, qual(is)? 1.2 Algum documento da Igreja Católica, livro ou estudo ajudou na elaboração da diretriz? *

Sim

Não

1.2.1 Se sim, qual(is)? 1.3 Existe a Pastoral da Comunicação (PASCOM) na paróquia? *

Sim

Não

1.3.1 Se sim, por quem a PASCOM é formada? (Idade, formação profissional) 1.3.2 Qual a função da PASCOM na paróquia? 1.4 Há algum coordenador da comunicação paroquial? *

Sim

Não

1.4.1 Se sim, quem é? (Idade, formação profissional) 1.5 A paróquia acredita que é necessário formação profissional em comunicação para coordenar a comunicação paroquial? *

Sim

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Não

2. SOBRE FORMAÇÃO PARA A COMUNICAÇÃO NA PARÓQUIA

2.1 É fornecida alguma formação para a coordenação da comunicação? *

Sim

Não

2.1.1 Se sim, qual formação é fornecida? 2.2 É disponibilizada alguma formação aos agentes pastorais (padres, leigos, consagrados) sobre comunicação? *

Sim

Não

2.2.1 Se sim, qual formação é fornecida?

3. SOBRE PLANO DE COMUNICAÇÃO NA PARÓQUIA

3.1 A Paróquia possui plano de comunicação? *

Sim

Não

3.1.1 Se sim, quem o planejou? (Idade, formação profissional) 3.1.2 Caso queira dar mais informações sobre como funciona o plano:

4. SOBRE FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO NA PARÓQUIA

Assinale as ferramentas de comunicação social que a paróquia possui e, em seguida, se desejar, forneça mais detalhes sobre as ferramentas. 4.1 Materiais impressos *

Murais

Informativos (jornais, revistas) paroquiais

Cartazes, flyers, folders, etc

Nenhum

Outro:

4.2 Mídias digitais *

Site/blog

Mídias Sociais Digitais (Facebook, Twitter, Youtube,etc). Qual?

Newsletter (envio de informativo por e-mail)

Webtv

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Webrádio

E-mails

Nenhum

Outro:

4.3 Meios de comunicação de massa (televisão, rádio, imprensa) *

Canal de TV próprio

Programas periódicos em TV

Emissora de Rádio própria

Programas periódicos em Rádio

Colunas/artigos em publicações

Assessoria de Imprensa (ou envio de informações para a imprensa)

Nenhum

Outro:

4.4 Comunicação interna * Comunicação com funcionários e agentes pastorais/voluntários

Intranet (portal de comunicação para público interno)

Eventos de integração entre funcionários e/ou agentes pastorais

Nenhum

Outro:

4.5 Espaço para ouvir sugestões/reclamações *

Urna de sugestões/reclamações

E-mail para contato

Campo para contato no site

Nenhum

Outro:

4.6 Foi necessária alguma orientação profissional para implantar alguma das ferramentas? *

Sim

Não

4.6.7 Se sim, de qual tipo de profissional e em qual ferramenta? 4.7 Há verba/orçamento para investir em comunicação? *

Sim

Não

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5. SOBRE A COMUNICAÇÃO DIOCESANA

5.1 A paróquia considera importante a comunicação paroquial alinhada e articulada com a comunicação da Diocese? *

Sim

Não

5.2 A paróquia conhece as ferramentas de comunicação da Diocese? *

Sim

Não

5.3 A paróquia utiliza as ferramenta de comunicação da Diocese? *

Sim

Não

5.4 Se sim, quais? 5.5 A paróquia sente necessidade de um plano de comunicação diocesano, com orientações de comunicação por parte da Diocese? *

Sim

Não

5.6 A coordenação da comunicação diocesana deve ser feita por profissional de comunicação? *

Sim Não

6. OBSERVAÇÕES:

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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO USADO NA ENTREVISTA COM

COORDENADOR DA COMUNICAÇÃO DA DIOCESE DE CAXIAS DO SUL,

PAULO ROQUE GASPARETTO, E COM ASSESSOR DE COMUNICAÇÃO

DIOCESANO, ELTON MARCELO ARISTIDES

1. Existe planejamento de comunicação? Se sim, o que ele prevê?

2. Qual o perfil ideal para gerenciar a comunicação da Diocese?

3. Quais são os desafios da comunicação na diocese e paróquias?

4. Quais são as ações e diretrizes da Pascom paroquial e diocesana?

5. É a diocese que deve dar formação e orientação às paróquias sobre

comunicação?

6. A gestão da comunicação tem que ser profissional?

7. Como a comunicação na diocese pode promover redes de comunicação?

8. A dificuldade em contratar profissional é o financeiro? Se não, qual?

9. Existe algum documento que tenha a visão da diocese sobre comunicação?

10. Quais ferramentas da Diocese precisaram de orientação profissional e quais são

as mais utilizadas?

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APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO USADO NA ENTREVISTA COM MEMBRO DO

DIRETÓRIO DE COMUNICAÇÃO DA CNBB, MOISÉS SBARDELOTTO

1. Como deve ocorrer a comunicação da paróquia pela web?

2. Como deve ocorrer a comunicação da diocese na web?

3. A diocese exige gestão profissional ou a Pascom (leigos) é suficiente?

4. É a diocese responsável pela formação e orientação às paróquias sobre

comunicação?

5. É melhor formar e subsidiar o leigo ou contratar um profissional/empresa para a

gestão da comunicação?

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APÊNDICE D – TABELA COM RESPOSTAS DAS PARÓQUIAS AO

QUESTIONÁRIO, ÁUDIOS DAS ENTREVISTAS EM PROFUNDIDADE COM

ENTREVISTADOS, E PROJETO MONOGRÁFICO EM CD-ROM