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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA CONTRIBUIÇÕES DOS TABLETS PARA AS AULAS PRÁTICAS DE BIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO MEIRE PEREIRA DE FRANÇA Orientador: Prof. Dr. Ismar Frango Silveira Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática. SÃO PAULO 2014

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

CONTRIBUIÇÕES DOS TABLETS PARA AS AULAS

PRÁTICAS DE BIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

MEIRE PEREIRA DE FRANÇA

Orientador: Prof. Dr. Ismar Frango Silveira

Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática.

SÃO PAULO

2014

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

F881c

França, Meire Pereira de. Contribuições dos tablets para as aulas práticas de biologia no

ensino médio / Meire Pereira de França. -- São Paulo; SP: [s.n], 2014.

78 p. : il. ; 30 cm. Orientador: Ismar Frango Silveira. Dissertação (mestrado) - Programa de Pós-Graduação em

Ensino de Ciências e Matemática, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Tablets 2. Dispositivos móveis 3. Ensino médio – Colégio

Cruzeiro do Sul 5. Biologia – Ensino e aprendizagem. I. Silveira, Ismar Frango. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título.

CDU: 004.382.75(043.3)

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

CONTRIBUIÇÕES DOS TABLETS PARA AS AULAS

PRÁTICAS DE BIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

MEIRE PEREIRA DE FRANÇA

Dissertação de mestrado defendida e aprovada

pela Banca Examinadora em 14 /10 /2014.

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Ismar Frango Silveira

Universidade Cruzeiro do Sul

Presidente

Prof. Dr. Carlos Fernando de Araújo Junior

Universidade Cruzeiro do Sul

Prof. Dr. Pollyana Notargiacomo Mustaro

Universidade Presbiteriana Mackenzie

“Nada na vida deve ser temido, apenas compreendido.”

Marie Curie.

AGRADECIMENTOS

À Minha família, especialmente aos meus pais Vitalina e Manoel, grandes

heróis que sempre me deram muito amor.

Ao Professor Dr. Ismar Frango Silveira pela orientação, apoio e confiança.

Ao Professor Dr. Carlos Fernando de Araújo Júnior, pela oportunidade de

participar do projeto: O uso de tablets no Colégio Cruzeiro do Sul.

À Universidade Cruzeiro do Sul pelo apoio financeiro.

Meus agradecimentos ao meu sobrinho Felipe, e aos amigos César e Marta,

companheiros e irmãos na amizade, que fizeram parte desta minha formação,

sempre me incentivando, e que vão continuar presentes em minha vida.

Agradeço em especial ao meu marido Marco, que me deu todo apoio e

compreensão nos momentos mais difíceis que enfrentei.

Agradeço a todos que participaram direta e indiretamente deste trabalho.

FRANÇA, M. P Contribuições dos tablets para as aulas práticas de biologia no ensino médio. 2014. 78 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2014.

RESUMO

O tema estudado na presente pesquisa busca compreender o desenvolvimento de

atividades realizadas a partir do uso de tecnologias móveis em contextos formais de

ensino e aprendizagem na área de Biologia. Sendo assim, o objetivo deste estudo

consiste em avaliar as contribuições e os benefícios na utilização de tecnologia

móvel no ensino de Biologia. Para fazer um recorte específico dentro deste vasto

tema, o presente trabalho foca nas contribuições e possibilidades do uso de tablets

em aulas para alunos do ensino médio regular, tendo como temas o estudo da

Bioética e da Vivissecção. No contexto dos experimentos práticos, elegeu-se como

conteúdo abordado o Reino Animal, especificamente Anfíbios Anuros. Tais escolhas

justificam-se pelo contexto do trabalho estar situado no âmbito de um projeto de

maior porte, intitulado: “O uso de tablets no Colégio Cruzeiro do Sul: estudos e

análises na direção de novas metodologias e estratégias de ensino e aprendizagem”

e à consequente coleção de aplicativos para o Ensino de Biologia disponíveis para

os dispositivos móveis. A atividade desenvolvida neste estudo foi realizada e

planejada de acordo com a Segunda Geração da Teoria da Atividade, teoria esta

pautada, atualmente, nas discussões acerca do uso de dispositivos móveis no

ensino. A presente pesquisa foi desenvolvida no Colégio Cruzeiro do Sul, tendo

como público alvo alunos do 2º ano do Ensino Médio regular matutino das turmas A,

B e C, abrangendo um total de 103 alunos. A análise dos resultados demonstra que

a grande maioria dos alunos possui dispositivos móveis. A maioria deles considerou

que o tablet é simples e prático para se utilizar no desenvolvimento das atividades

propostas. Além disso, grande parte dos alunos concorda que o tablet facilita a

busca de informações no âmbito da atividade proposta e estimula-os a prestarem

mais atenção nas aulas e, consequentemente, no desenvolvimento das atividades

propostas. Mais da metade dos alunos concordam que o aplicativo trouxe facilidade

em relação ao entendimento do conteúdo em questão. Com este trabalho foi

possível concluir que o tablet contribui de maneira positiva no desenvolvimento das

atividades práticas da disciplina de Biologia.

Palavras-chave: Dispositivos móveis no ensino, Ensino de biologia, Tablet,

Vivissecção.

FRANÇA, M. P Contributions of tablets for biology practical classes in high school. 2014. 78 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática)- Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2014.

ABSTRACT

The topic studied in the present research tries to understand the development of

activities carried out from the use of mobile technologies in formal contexts of

teaching and learning in the area of Biology. We intend to analyze how these

practices can encourage collaborative work and motivation in the development of

activities in the discipline of Biology. Thus, the objective of this study is to assess the

contributions and benefits in the use of mobile technology in the teaching of Biology.

To make a specific clipping within this broad theme, the present work focuses on

contributions and possibility of the use of tablets in regular classes for high school

students, having as topics of studies Bioethics and Vivisection. In the context of

practical experiments, was elected as content approached the Animal Kingdom,

specifically Anurans. Such choices are justified by the context of the work is situated

within a larger project “The use of tablets in the Cruzeiro do Sul College: studies and

analyses in the direction of new methodologies and strategies for teaching and

learning” and the resulting collection of applications to the teaching of Biology

available for this device. The activity developed in the study was carried out and

planned in accordance with the Second Generation of Activity Theory, also based on

recent discussions about the use of mobile devices in teaching. The present research

was developed at Cruzeiro do Sul College, having as target group students of 2nd

year of high school morning regular class A, B and C, covering a total of 103

students. The analysis of the results shows that the vast majority of students, 90%

have mobile devices. The majority of them considered that the tablet is simple and

practical to use in the development of the proposed activities. In addition, most

students agree thet the tablet makes it easy to search for information in the

framework of the proposed activity and stimulates them to pay more attention in class

and, consequently, in the development of the proposed activities. More than half of

them agree that the application brought ease compared to the understanding of the

content in question. With this work it was concluded that the tablet contributes

positively to the development of the practical activities of Biology.

Keywords: Mobile Devices in Teaching, Biology teaching, Tablet, Vivisection.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Primeira Geração da TA ..................................................................... 47

Figura 2 Mediação entre relações. ................................................................... 48

Figura 3 Diagrama de representação do sistema de atividade aplicado à

situação pesquisada. ......................................................................... 51

Figura 4 Mapa conceitual das atividades realizadas. .................................... 52

Figura 5 Processo de dissecação virtual de rã, com algumas imagens das

telas existentes nos vários acontecimentos do procedimento. ..... 55

Figura 6 Gênero dos participantes da pesquisa. ........................................... 57

Figura 7 Posse de dispositivos móveis pelos alunos. .................................. 58

Figura 8 Tipos de dispositivos móveis que os alunos possuem. ................. 58

Figura 9 Percepção dos alunos em relação a simplicidade e praticidade no

uso do tablet. ...................................................................................... 59

Figura 10 Contribuição do uso do tablet para a facilidade na busca das

informações. ....................................................................................... 60

Figura 11 Praticidade do uso tablet quando comparado a outras tecnologias

móveis ................................................................................................. 61

Figura 12 O uso do tablet como estímulo para que os alunos prestem mais

atenção no desenvolvimento da atividade. ..................................... 61

Figura 13 Contribuições da observação das características anatômicas do

anfíbio por meio do jogo Frogdissection na facilidade do

entendimento do conteúdo. .............................................................. 62

Figura 14 Contribuições do Facebook e do Google Drive na interatividade e

na colaboração entre os alunos na realização da atividade. ......... 63

Figura 15 Importância do tablet nos estudos de Biologia. .............................. 63

SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................... 13

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 16

2.1 Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no Ensino ................ 16

2.2 Objetos de aprendizagem .......................................................................... 18

2.3 Redes Sociais e Ferramentas da Internet na Educação .......................... 27

2.4 A Biologia no Ensino Médio ...................................................................... 34

2.5 Vivissecção e Bioética no Ensino Médio .................................................. 39

2.6 Teoria da Atividade ..................................................................................... 46

2.6.1 Os Princípios Básicos da Teoria da Atividade ......................................... 49

3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 51

3.1 Delineamento de pesquisa ........................................................................ 52

3.2 Local de Desenvolvimento e Aplicação das Atividades ......................... 52

3.3 Público- Alvo ............................................................................................... 52

3.4 Conteúdo trabalhado com os alunos do segundo ano do ensino médio

regular ......................................................................................................... 53

3.5 Formação de Grupos na Rede Social Facebook...................................... 53

3.5.1 Tablets ......................................................................................................... 53

3.5.2 Regras para o desenvolvimento da atividade .......................................... 53

3.5.3 Vídeo sobre Bioética .................................................................................. 54

3.5.4 Pesquisa sobre Vivissecção ...................................................................... 54

3.5.5 Dissecação virtual ...................................................................................... 54

3.5.6 Produção Textual a partir da utilização da ferramenta Google Drive .... 55

3.5.7 Pesquisa de Opinião sobre as Atividades ................................................ 56

4 RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................ 57

4.1 Caracterização dos sujeitos da pesquisa ................................................. 57

4.2 Percepção dos Alunos quanto à Facilidade de Uso dos Tablets ........... 59

4.3 Percepções dos Alunos quanto à Eficácia dos Tablets na Recuperação

da Informação ............................................................................................. 59

4.3.1 O Tablet como Artefato Mediador ............................................................. 60

4.3.2 O Jogo Frogdissection como Artefato Mediador..................................... 62

4.3.3 O Facebook e o Google Drive como artefatos mediadores .................... 62

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 64

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 68

ANEXOS ...................................................................................................... 68

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1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O tema estudado na presente pesquisa busca compreender o

desenvolvimento de atividades realizadas a partir do uso de tecnologias móveis em

contextos formais de ensino e aprendizagem na área de Biologia. Pretende-se

analisar como essas práticas podem incentivar o trabalho colaborativo e a motivação

no desenvolvimento de atividades na disciplina de Biologia.

A conectividade é o centro da vida social moderna dos alunos

contemporâneos, sendo essa uma cultura marcada pelo acesso à Internet, facilitada

pelo aumento da disponibilidade de redes sem fio. Esse contexto permite uma série

de ações que envolvem downloads de conteúdos e softwares, colaboração em

chats, redes sociais, ambientes de ensino a distância, sites de compartilhamento,

acervos digitais, mensagens instantâneas, entre outras. A variedade de dispositivos

pode ser observada em um cenário com notebooks, telefones celulares e tablets

(PATRÍCIO; GONÇALVES, 2010; SEABRA, 2010). Assim, a conectividade é

facilitada pela tecnologia e pela Internet, rede mundial de cultura imediata e

colaborativa, que contribui para diversas atividades cotidianas, e, dentre essas, as

relacionadas à educação (SEABRA, 2010).

Ao pensarmos sobre essa questão, o meio digital que nossos alunos

vivenciam possibilita um alto grau de interação e de organização, incorporando

novos ambientes e processos que podem permitir a interação comunicativa em sala

de aula, interagindo de forma positiva no processo de ensino e aprendizagem. As

tecnologias têm tido uso tradicional na educação, com um grande potencial de

ponderar percepções e memórias, libertar o pensamento para a construção da

criatividade e ampliar o uso e o desenvolvimento da consciência e do juízo lógico.

Os recursos tecnológicos sofrem constantes modificações para servir a

atividades cada vez mais complexas, no entanto, lúdicas, divertidas, gratificantes e

totalmente criativas, podendo os professores explorá-las, juntamente com seus

alunos, buscando soluções originais para representar o conhecimento que se

constrói de modo interativo e cooperativo. Segundo Dias e Araújo Junior (2012), a

utilização desses recursos computacionais e tecnológicos, dentro do que cabe ao

14

processo de ensino e aprendizagem, pode promover a aprendizagem, sendo um

caminho possível na resolução e/ou minimização de problemas nacionais

relacionados ao ensino de ciências, tecnologia e matemática, em especial na

educação básica.

Desse modo, o objetivo do presente estudo é avaliar as contribuições e os

benefícios na utilização de tecnologia móvel no ensino de Biologia. Para fazer um

recorte específico dentro desse vasto tema, o presente trabalho foca nas

possibilidades do uso de tablets em aulas regulares para alunos do ensino médio,

tendo como temas de estudo a Bioética e Vivissecção. No contexto dos

experimentos práticos, elegeu-se como conteúdo abordado o Reino Animal,

especificamente Anfíbios1 Anuros2. Tais escolhas justificam-se uma vez que o

contexto do trabalho está situado no âmbito de um projeto de maior porte: “O uso de

tablets no Colégio Cruzeiro do Sul: estudos e análises na direção de novas

metodologias e estratégias de ensino e aprendizagem”. Este projeto tem por objetivo

estudar e avaliar o uso de Mobile-learning (m-learning) nos diferentes níveis de

ensino, visando propor metodologias adequadas para o uso dos dispositivos móveis,

tais como, tablets, smartphones e celulares, e, formar professores para o uso de tais

dispositivos em suas respectivas disciplinas. Para o Ensino de Biologia, por se tratar

de um conteúdo de natureza dinâmica e processual, podem ser utilizadas

estratégias pedagógicas como simulações, animações e vídeos que podem facilitar

a compreensão de seus conteúdos. Autores como Maia e Monteiro (2008) defendem

a introdução na sala de aula de recursos tecnológicos como animações, simulações

ou vídeos. Nesse sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 2012)

orientam para o ensino de Biologia a adoção de várias formas de obtenção de

informações como recursos audiovisuais mais adequados para a compreensão do

tema biológico a ser estudado.

Considerando, pois, a importância do tema Bioética e Vivissecção; e que a

tecnologia, em especial a móvel, pode trazer benefícios para o ensino, são ainda

1 O nome Anfíbio provém do grego (amphi= duplo; bio= vida) e se deve ao fato de que grande parte dos animais

pertencentes a esse grupo apresentam uma fase larval aquática na forma de girino (com respiração branquial e, em sua grande maioria, alimentação herbívora) e outra fase terrestre adulta, com respiração pulmonar e cutânea e alimentação baseada principalmente em artrópodes (BERNARDE, p. 17, 2012).

2 Os Anfíbios pertencentes a esta ordem não possuem cauda na fase adulta e apresentam dois pares de patas. São

representados pelos sapos, rãs e pererecas (SANT’ANNA et al., 2013).

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justificáveis trabalhos que utilizem essa tecnologia para sensibilizar os alunos quanto

às questões relacionadas à Bioética, utilizando-a para o processo de vivissecção

virtual.

O presente trabalho encontra-se dividido como segue: o capítulo 2 apresenta

uma revisão da literatura; o capítulo 3, os materiais e os métodos. No capítulo 4 se

encontram os resultados. Finalmente, no capítulo 5, são apresentadas as

conclusões desta pesquisa.

16

2 - REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no Ensino

Chamamos Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) os

procedimentos, métodos e equipamentos usados para processar informação e

comunicar. As TICs surgiram no contexto da Revolução Informática, Revolução

Telemática ou Terceira Revolução Industrial, e foram se desenvolvendo

gradualmente desde a segunda metade da década de 1970 e, principalmente, nos

anos 90 desse mesmo século. Essas tecnologias agilizaram a passagem dos

conteúdos por meio da digitalização e da comunicação em redes para a captação,

transmissão e distribuição das informações, podendo assumir a forma de texto, de

imagem estática, de vídeo ou de som (RAMOS, 2008), constituindo os sistemas

hipermidiáticos (ALMEIDA, 2001).

Cada vez mais presentes no dia a dia da sociedade contemporânea, a escola

não poderia se furtar à presença dessas tecnologias, além disso, as políticas

educacionais e os projetos de ensino do governo cada vez mais têm estimulado e

viabilizado essa realidade. A utilização da Internet, especialmente quando mediada

pelo professor, possibilita o envolvimento do aluno com as problemáticas do mundo

e também com a área de interesse, podendo, assim, discutir e pesquisar temas

diversos na rede mundial de computadores (BRIGNOL, 2004).

O uso das TICs propicia aos professores e aos alunos refazerem seus pontos

de vista, comunicarem-se e trocarem experiências, buscando, dessa maneira, a

resolução dos problemas da disciplina, bem como apresentando e divulgando seu

próprio pensamento, trocando informações e construindo conhecimento, bem como

fazer, refletir e refazer o aprendizado, favorecendo o desenvolvimento pessoal,

profissional e grupal, assim como a compreensão da realidade a sua volta

(ALMEIDA, 2001). Ao utilizar-se das TICs tem-se a flexibilização do uso do espaço

da escola e do tempo de aprender, o que possibilita ao aluno o desenvolvimento de

sua autonomia para buscar e trocar informações significativas em diferentes fontes e

momentos (ALMEIDA, 2001).

17

Com base em Brignol (2004), as TICs compõem o dia a dia da sociedade

contemporânea e a escola não pode mais evitar sua presença. Além disso, as

políticas educacionais e os projetos de ensino do governo como Proinfo (Projeto

de Informática na escola), Projeto Uca (Projeto um computador por aluno)

e mais recentemente o Projeto UTA (Projeto um Tablet por aluno)

estimulam e viabilizam cada vez mais a inserção dessas tecnologias nos ambientes

educacionais.

Ainda segundo Brignol (2004), ao se utilizar da Internet e de seus ambientes

gratuitos, quando mediados pelo professor, podem possibilitar o envolvimento do

aluno com as problemáticas do mundo e da área de interesse do professor,

viabilizando desta maneira discutir e pesquisar temas diversos na rede mundial de

computadores.

Avalia-se que a busca da autonomia no processo de aprendizagem é

elemento fundamental para a construção de um conhecimento significativo e não a

mera memorização de conteúdos estanques e segmentados. De tal modo, a

utilização de TICs nas escolas pode contribuir significativamente com essa meta,

embora não substitua outros elementos importantes, como por exemplo, os

laboratórios de ciências (BIELSCHOWSKY, 2009). Além de promover uma

pedagogia de pesquisas e projetos, o professor ao utilizar as TICs oportuniza aos

alunos um aprendizado mais autônomo, bem como o acesso a conteúdos

educativos que transcendem o livro didático, o que deixa a sala de aula muito mais

dinâmica (BIELSCHOWSKY, 2009).

Produzir conteúdos digitais disponibilizando-os por meio de um portal,

capacitar os professores em sua utilização e encontrar uma solução para que os

professores possam levar esses conteúdos para a sala de aula é tarefa complexa.

Não obstante, é um desafio a ser enfrentado. Nessa situação, o professor é

desafiado a assumir uma postura de aprendiz ativo, crítico e criativo, constante

pesquisador sobre o aluno, seu nível de desenvolvimento cognitivo, emocional e

afetivo, sua forma de linguagem, expectativas e necessidades, seu contexto e

cultura.

18

2.2 Objetos de aprendizagem

Segundo Seabra (2010), as tecnologias têm uso tradicional na educação,

tanto na cultura oral, em que os mais velhos transmitiam conhecimentos aos mais

novos; como no surgimento da escrita e na revolução da imprensa, quando os textos

impressos passam a armazenar e deixar amplo o acesso às informações; até às

novas mídias de ilustrações, como fotos, filmes, telefones, televisores,

computadores, tecnologias móveis (celulares, notebooks, tablets) dentre outros. A

utilização da tecnologia é, pois, um processo de mudança e as principais inovações

tecnológicas podem resultar em alterações de todo o paradigma da educação, e,

consequentemente, uma possível transformação poderá acontecer na forma como

os materiais educacionais são desenvolvidos e oferecidos (AUDINO e

NASCIMENTO, 2010).

Ainda de acordo com Audino e Nascimento (2010), cada dia as escolas estão

mais informatizadas, adequando-se à realidade do computador e da Internet. Com

base nessa nova realidade, passam a se apoiar em recursos oriundos das

tecnologias para complementar o processo de ensino e aprendizagem.

Dentre os exemplos dessas tecnologias, tem-se a rede mundial da Internet, e-

mails, chats, redes sociais, imagens, textos, planilhas, aulas com slides, jogos e

mais recentemente m- learning (mobile learning). De tal modo, a informática e a

Internet vêm sendo utilizadas como ferramentas de busca e consulta para trabalhos

escolares e até mesmo para projetos de aprendizagem, sendo uma realidade

comum na rotina dos estudantes (BERNINI, 2010; SEABRA, 2010). Não só os

estudantes, mas também os professores têm se beneficiado da Internet para

preparar suas aulas, elaborar provas e trabalhos, bem como estudar e se comunicar

(BERNINI, 2010).

A Internet tornou-se mundialmente popular, por essa razão passa a ser uma

rede em potencial e com tantos recursos que devém chegar às escolas. A partir

dessa ideia, no Canadá, grupos de empresas de telecomunicações anunciaram um

projeto para interligar todas as escolas do país através da Internet até o final do ano

de 1997. Bastou que as empresas canadenses dessem o primeiro passo para que

outros países implantassem a Internet nas escolas. O Brasil também aderiu a esse

19

movimento, assim, impetrou recursos para informatizar grande parte das escolas da

rede pública, e as particulares informatizaram-se com recursos próprios (CEDRO,

2001). A informatização das escolas públicas como uma das metas previstas no

Plano Nacional de Desenvolvimento da Educação (PDE) tem executado e apoiado

outras ações de inserção da informática nas escolas públicas, por meio de diversos

programas que ainda estão em vigor como o Programa Nacional de Formação

Continuada em Tecnologia Educacional; o e-Proinfo; o Sistema Escola Técnica

Aberta do Brasil; o Projeto UCA; o Projeto Banda Larga nas escolas; o Projeto

Mídias na educação; a Rede Nacional de Formação de Professores e o Banco

Internacional de Objetos Educacionais (BRASIL, 2008; BRASIL, 2009).

Há alguns anos as aulas aconteciam de maneira “convencional” (professor-

aluno), o professor entrava em sala e ministrava sua aula, e os alunos, por sua vez,

ouviam e escreviam tudo o que era ensinado. Os recursos usados nas aulas se

limitavam à lousa, giz, carteiras, lápis e cadernos. Para realizar debates em sala, os

professores precisavam pesquisar muito em livros, revistas, jornais, etc. O mesmo

acontecia com os alunos, esses, para fazerem suas pesquisas e trabalhos,

recorriam às mesmas fontes usadas pelos professores. Após a popularização da

Internet, as pesquisas sobre os temas discutidos nas aulas tornaram-se mais fáceis

e rápidas, ou seja, mais acessíveis. Sites voltados para a educação, como

bibliotecas virtuais, guias, apostilas e apresentações foram se desenvolvendo e se

aperfeiçoando continuamente (CEDRO, 2001, p. 37). Além disso, a aplicabilidade de

ferramentas da informática e da Internet nos ambientes educacionais, favoreceu a

socialização entre os alunos e proporcionou um melhor convívio social, ao realizar

tarefas em grupo; incentivando o trabalho em conjunto com outros alunos

(RODRIGUES, 2011, p. 6). Além das possibilidades citadas, o uso da Internet

viabiliza a comunicação entre professor – aluno; professor – professor; aluno – aluno

seja por meio de e-mails, chats ou até mesmo pelas redes sociais. A comunicação

via e-mail por alunos e por professores possibilita a troca de informações sobre

trabalhos, provas, bem como o envio de arquivos e correções. Além do e-mail, a

comunicação se estabelece por meio de chats e mensagens instantâneas, essas

são outras ferramentas que também estão no ambiente de algumas escolas, mas

que ainda não são muito exploradas pelos professores. Por conta desse tipo de

comunicação, o ato de escrever tomou novas direções; e o professor tem como

20

desafio trazer essas novas ferramentas para a escola, levando o aluno a entender a

importância da escrita ao se comunicar com o mundo. Por meio de e-mails, chats,

dentre outros, os alunos passaram a escrever mais, exercitando a imaginação e

criando novas formas de se expressar. Esse modo de se expressar, muitas vezes

acompanhado de erros de escrita, pode ser melhor observado pelo professor e

ajudá-lo a elaborar estratégias que auxiliem os alunos a corrigirem os erros, que de

outro modo não lhes seriam revelados (SEABRA, 2010).

Outro recurso educativo são as imagens, seja ilustrando um texto, mostrando

uma informação de modo audiovisual, criação e edição, busca, publicação, enfim,

são itens bastante solicitados por professores e alunos (SANTOS, 2012; SEABRA,

2010), estes últimos, por exemplo, podem melhor abranger o conteúdo apresentado

em aula, por meio da visualização de imagens (JANOSKI; MARIOTTI, 2007). Essas

imagens podem ser fotos, vídeos, animações, etc.

Estudos apontam que o uso de imagens altera a homogeneidade e a

linearidade curricular das disciplinas, as quais trabalham apenas os conteúdos

contemplados no programa, sem inovar as formas de trabalhar tais conteúdos. As

imagens utilizadas na educação podem ser um meio para contextualizar a vida

cotidiana, tornando o ensino mais significativo e dando aos alunos a possibilidade de

terem uma visão mais crítica sobre os temas apresentados (RICHTER et al., 2006).

Além disso, estudos comprovam que ambientes que possuem esse tipo de recurso,

como por exemplo, em forma de vídeos, os momentos de aprendizagem são mais

ricos, seja presencial ou, até mesmo, a distância (CAETANO; FALKEMBACH, 2007).

No que se refere aos vídeos, observa-se que esses apresentam uma dimensão

lúdica porque permite brincar com a realidade, bem como mostrá-la onde quer que

seja necessária ou desejável (CAETANO; FALKEMBACH, 2007). Em suma, as

imagens auxiliam as ciências a comunicar seus conceitos e ideias, possibilitando a

identificação de vários pontos de análise e a discussão da relação entre os conceitos

e entidades nelas representadas (NAVARRO; URSI, 2011). Além disso, temos a

utilização de tecnologias para edição de textos e produção de planilhas que dão aos

alunos a oportunidade de interagirem com a escrita de modo flexível, em que se tem

a correção automática dos erros mais evidentes. Além disso, os editores de textos e

as planilhas buscam e substituem termos através da identificação de repetição de

palavras, possibilitam a formatação por meio da marcação dessas palavras,

21

convertendo-as em negrito, itálico, sublinhado e alterando o tamanho e o tipo da

fonte, dentre outros. Essas tecnologias estão disponíveis em diversos pacotes de

programas, como por exemplo, Microsoft Office, Open Office, Google Docs, dentre

outros (SEABRA, 2010).

Uma forma de conseguir que os alunos entendam com facilidade e clareza o

conteúdo trabalhado em aula, ou seus principais pontos, é a apresentação em forma

de slides (SEABRA, 2010). Eles permitem que o conteúdo apresentado apareça de

forma organizada, servindo como roteiro de estudo para os alunos. Dentro do

cenário educacional, os slides estão presentes em diversas situações, como por

exemplo, reuniões, palestras e eventos, cujo objetivo seja expor ideias, informações

e orientações (SEABRA, 2010; MONTEIRO, 2011). Projetar as aulas em slides

propicia a utilização de imagens de boa qualidade, que não constam no material

didático dos alunos, e também enriquecem os conteúdos abordados com a

apresentação de esquemas, animações, mapas, etc. Também é possível enviar por

e-mail os slides vistos em aula, ou ainda, disponibilizá-los em algum site ou blog

para que os alunos possam visualizá-los sempre que quiser e precisar (SEABRA,

2010).

Simuladores digitais são sistemas que buscam recriar um ambiente real, com

todas as suas variáveis, em um sistema computacional. Os simuladores são

utilizados em ambientes educacionais, pois permitem ao aluno interagir diretamente

com as variáveis do processo e analisar as diferentes respostas retornadas pelo

modelo que está sendo simulado (FIGUEIREDO et al., 2011). Ela consiste na

“imitação” do comportamento do fenômeno original por meio de modelos (PEDRO,

2006).

[...] trata-se de uma alternativa que pode ser motivadora, instigante, pertinente, para discussão de conteúdos científicos. Oferece-se aos alunos a oportunidade de serem agentes de sua própria aprendizagem, de tomarem uma decisão e assumi-la, de analisarem dados e modificarem suas conclusões, seguindo os passos do método científico, sem entretanto estarem presos a uma receita hierarquizada de acontecimentos predeterminados pelo professor, como acontece frequentemente quando usamos o laboratório. Acreditamos que dessa forma estaremos contribuindo para formar o raciocínio crítico do aluno, futuro cidadão participante das decisões da sociedade (EIVAZIAN, 2012, apud COX, 2003, p. 37).

Segundo Schimiguel-Araújo-Amaral (2003), utilizar o simulador como apoio

22

para tornar a aprendizagem mais dinâmica e atrativa pode facilitar a visualização de

conceitos, além disso, o autor acrescenta que ela pode ser utilizada tanto em aulas

presenciais como a distância.

Azevedo et al. 2007 concordam que o simulador de um fenômeno biológico

em computadores motiva a aprendizagem, pela interface gráfica e que a

possibilidade de explorar as variáveis do ambiente servem de estímulo ao aluno;

apesar disso, ponderam que a figura do professor, condutor do processo ensino-

aprendizagem, é fundamental nesse contexto. Orientam que ele deve lançar os

estímulos, motivar e instigar os alunos a realizarem as simulações, construindo um

novo conhecimento, assegurando a sequência do desenvolvimento do fenômeno em

estudo.

Além disso, um simulador possibilita a visualização dinâmica de um sistema.

Um sistema simulado pode proporcionar em um ambiente virtual uma situação real,

tornando menos abstrato aquilo que é imaginado. Para Baladez (2009), o simulador

pode ser uma solução viável para vários tipos de problemas como segurança,

questões climáticas, físicas, ou ainda éticas, como é o caso desta pesquisa.

Nessa perspectiva, alguns estudos têm demonstrado a importância da

utilização de tecnologias móveis dentro da sala de aula, os mobile learning (m-

learning). A base para o surgimento do m-learning vem do ensino a distância online

(e- learning). Este ofereceu maiores possibilidades para o ensino por meio de novas

ferramentas tecnológicas que incluíam diferentes plataformas de hardware e de

software. A utilização constante dessas tecnologias fez surgir uma modalidade de

ensino, o m- learning. A estratégia dessa modalidade tem como base a utilização de

dispositivos computacionais móveis que promovem a ubiquidade para o processo de

ensino aprendizagem, ou seja, os recursos de aprendizagem estão acessíveis aos

alunos o tempo todo, com multimídia e interatividade para ensejar uma

aprendizagem significativa num contexto dinâmico e motivador (TAROUCO et al.,

2004).

Dispositivos móveis, como por exemplo, netbooks, smartphones e tablets

oferecem novas possibilidades do uso da tecnologia na educação. Mesmo sendo

uma tecnologia emergente, existem indicações a respeito de seu uso, como por

23

exemplo, os tablets que permitem a ampliação de espaço e tempo da aprendizagem

num contexto de m-learning. De tal modo, as estratégias de ensino e aprendizagem

ocorrem de forma mais interativa e colaborativa. Portanto, o uso adequado desses

recursos tecnológicos e computacionais poderá promover a aprendizagem e as

mudanças necessárias para o contexto educacional atual (TAROUCO et al., 2004 e

DIAS e ARAÚJO-JUNIOR, 2012); além de contribuir para a aprendizagem, a

resolução ou a redução de problemas nacionais como, por exemplo, o ensino das

ciências (DIAS; ARAÚJO-JUNIOR, 2012).

O m-learning aparece com o avanço tecnológico e tem como finalidade

reduzir as dimensões de dispositivos eletrônicos, permitindo a comunicação e a

troca de dados por meio de dispositivos com interfaces cada vez mais simples,

amigáveis e intuitivas (DIAS; ARAUJO-JUNIOR, 2012). Vários autores conceituam o

m- learning de diversas maneiras. Lehner e Nosekabel (2002) apud Dias e Araújo-

Júnior (2012), por exemplo, definem o m-learning como qualquer serviço ou

facilidade que auxilia um aprendiz com informações eletrônicas gerais e conteúdo

educacional na aquisição de conhecimentos independente de tempo e espaço. Para

Freysen (2004), o m-learning pode ser conceituado como o uso de tecnologia e

comunicação móvel, síncrona e assíncrona com objetivos educacionais. Sharma e

Kitchens (2004) apud Dias e Araújo-Junior (2012) corroboram que o m- learning é

um aprendizado suportado por dispositivos móveis, comunicação e tecnologia

ubíqua e interfaces inteligentes com o usuário. Já Geddes (2004 apud DIAS e

ARAÚJO-JUNIOR, 2012) classifica o m-learning como a aquisição de qualquer

conhecimento e habilidade, usando tecnologia móvel, em qualquer lugar, qualquer

tempo, e que resulta na alteração do comportamento.

Além disto, uma das principais razões para adoção do tablet no ensino é a

possibilidade de digitalização dos livros e apostilas, diminuindo desta maneira o

peso carregado pelos alunos em suas mochilas, o que pode aumentar a mobilidade

para a realização de suas atividades, além de possibilitar benefícios ecológicos e

para a sua saúde (BARCELOS-DE-OLIVEIRA et al., 2012; NUNES, 2013). Ainda

são relatados benefícios educacionais com o uso dos tablets como permitir aos

alunos pesquisar, digitar, armazenar diversos dados, editar documentos, organizar

calendários e agendas, visualizar fotos, mapas, vídeos, ler e interagir com diferentes

aplicativos, dinamizando desta maneira os acontecimentos das aulas (BARCELOS-

24

DE-OLIVEIRA et al., 2012; SEABRA, 2012; NEVES; CARDOSO, 2013; NUNES,

2013).

No Colégio Dante Alighieri, localizado na Cidade de São Paulo, existe um

projeto denominado: Dante Tablet, que consiste em utilizar o dispositivo tecnológico

no aprendizado durante as aulas. Tal projeto teve inicio no ano de 2011 de forma

experimental, e, por conta de seus bons resultados, no ano de 2012 os tablets já

faziam parte dos materiais utilizados em sala de aula pelos alunos (BARCELOS-DE-

OLIVEIRA et al., 2012). Além das instituições de ensino particulares, existem

projetos destinados às instituições de ensino públicas para a utilização de tablets em

suas atividades educacionais. Dentro deste contexto, uma das ações do Plano de

Ações Articuladas (PAR) do Ministério da Educação (MEC) em todo o país foi o

desenvolvimento do projeto Educação Digital: Política para computadores interativos

e tablets, que destinou cerca de R$150,00 milhões para a aquisição de tablets para

serem distribuídos aos professores das escolas públicas de todo o país. O objetivo

deste projeto é de oferecer instrumentos e formação aos professores e gestores das

escolas públicas em todo o país para poderem desenvolver atividades educacionais

com seus alunos, utilizando-se a tecnologia móvel (BARCELOS-DE-OLIVEIRA et al.,

2012; NEVES; CARDOSO, 2013). Além deste projeto para a inserção de tablets no

ensino, projetos para a inserção de laptops nas escolas também existem. Dentre

estes projetos, o projeto UCA (PROJETO UM COMPUTADOR POR ALUNO)

mostra-se como uma oportunidade para estimular inovadoras práticas pedagógicas

por meio da filosofia da web 2.0, além da obtenção de uma visão do pensamento

crítico apresentado pelos alunos na web que indica a importância do trabalho com

TICs dentro da sala de aula (PONTES, 2011; VALLE, 2011). Alguns dados deste

projeto apontam tendências de práticas com uso do laptop educacional em aulas de

matemática, tais como, jogos educacionais que permitem o desenvolvimento de

atividades relacionadas ao tratamento de informações, buscas, comunicação e

representações matemáticas (EIVAZIAN, 2012). No entanto, outros resultados

refletem as dificuldades e receios os encarados pelos professores no percurso de

implantação do Projeto UCA, como no caso de Tiradentes, MG (TEIXEIRA, 2012).

Dados estes que apontam para a necessidade de formação continuada do professor

(EIVAZIAN, 2012; PINTO, 2012). Teixeira (2012) e Kempfer (2012) apontam

elementos dificultadores do processo de integração da cultura digital na mediação

25

pedagógica em escolas municipais por meio de projetos, como infraestrutura

insuficiente, além da já discutida ausência de formação específica para os

professores.

Foi demonstrado que outros tipos de atividades na área de ciências, como por

exemplo, na disciplina de química, podem ser complementadas através de

aplicativos e de tecnologia móvel, como tablets e smartphones. Alunos da UFABC

desenvolveram um aplicativo que simula experimentos em um laboratório de

química. Tal aplicativo foi intitulado de iLaboratory, sendo o mesmo um laboratório

virtual para Iphone da Apple, que usa recursos interativos para reproduzir diferentes

experimentos. Neste aplicativo, o estudante pode interagir com diversos elementos,

selecionar equipamentos e reagentes. Além disso, tem-se a possibilidade do

estudante conferir a ficha técnica dos reagentes, e, ao final do experimento

realizado, verificar o resultado, tanto de forma visual, quanto através da equação

química gerada na reação. Este trabalho demonstra que os alunos têm a

possibilidade de reproduzir os experimentos (simular) a qualquer hora ou em

qualquer lugar, utilizando tecnologia móvel e transpondo diversas barreiras, tais

como: disponibilidade de laboratórios em horários alternativos aos das aulas,

necessidade de haver pelo menos um técnico qualificado par auxiliar durante os

experimentos, periculosidade de alguns reagentes necessários para fazer o

experimento. Os criadores desta ferramenta sugerem que esta seja replicada para

outras plataformas operacionais, como por exemplo, Android, e, para outras

tecnologias móveis, como por exemplo, os tablets (BERTOLINI et al., 2013).

Além da utilização de aplicativos, foi demonstrado que a lente da câmera

digital dos tablets pode ser transformada em uma lente de aumento com a utilização

de apenas uma gota d’água, podendo a mesma se “transformar” num “potente

microscópio ou estéreomicroscópio” para o aumento de diferentes objetos de estudo

de diferentes disciplinas, tais como, moscas para as aulas de Biologia, e, grãos de

açúcar (análise de birefringência), para as aulas de Física (VIEIRA; LARA, 2013).

A redução contínua dos custos das tecnologias móveis, o apelo relacionado à

tecnologia de ponta e a existência cada vez maior de aplicativos educacionais têm

sido elementos motivadores para a introdução de tais tecnologias, como por

exemplo, os tablets, na Educação Básica. Por outro lado, as críticas quanto à

26

introdução dessas tecnologias estão relacionadas à capacitação e à formação do

professor; à associação entre o potencial do recurso tecnológico e à área de

conhecimento, a uma estratégia de ensino e aprendizagem significativa, que atenda

às necessidades dos estudantes em um contexto de aprendizagem. Assim, a

questão da introdução de tais tecnologias na Educação Básica é multifacetada e

multivariável e deve ser considerada a partir dos resultados de pesquisas e de

características do estudante contemporâneo (DIAS; ARAÚJO-JUNIOR, 2012).

As tecnologias citadas anteriormente são consideradas objetos de

aprendizagem (OA). Com base em Wiley (2000), OAs podem ser compreendidos

como “qualquer recurso digital que possa ser reutilizado para dar suporte ao ensino”.

São, portanto, ferramentas que possibilitam a simulação e a animação de

conteúdos, sendo materiais importantes no processo de ensino e aprendizagem,

além disso, podem ser utilizados e reutilizados em diversos ambientes. Os OA

podem ser encontrados na internet, proporcionando a redução de custos da

produção de materiais educativos. Segundo Miranda (2004), são considerados

Objetos de Aprendizagem os recursos digitais com valores pedagógicos

demonstrados, que podem ser reusados ou referenciados para suporte de

aprendizagem. Os objetos de Aprendizagem digitais podem ser um applet Java, uma

animação Flash, um quis online ou um filme quicktime, pode ser também uma

apresentação em Power Point ou arquivo pdf, imagens sites, etc.

Os OA surgem como recursos capazes de reestruturar as práticas

pedagógicas, criando novas maneiras de refletir sobre o uso da comunicação, da

informação e da interação (TAROUCO et al., 2004; AUDINO; NASCIMENTO, 2010).

O uso desse material pode reduzir o tempo de desenvolvimento, a necessidade de

instrutores especialistas e os custos associados ao desenvolvimento baseado nas

tecnologias (AUDINO; NASCIMENTO, 2010). Um OA deve ser estruturado em três

partes, sendo que essa estrutura diferencia o recurso de outras tecnologias

aplicadas à educação e possibilita a produção do conhecimento: objetos, conteúdo

programático prático e feedback. É necessário considerar, na interação entre os

sujeitos envolvidos, o contexto pedagógico, as necessidades e os interesses dos

alunos e, ainda, o nível de interatividade que esse material proporciona (AUDINO;

NASCIMENTO, 2010). Os OA devem ser acessíveis, autoconsistentes, autocontidos,

contidos, customizados, duráveis, fáceis de atualizar, flexíveis, interativos,

27

interoperáveis, metadados, moduláveis, portáveis e reutilizáveis (MIRANDA, 2004;

TAROUCO et al., 2004; AUDINO; NASCIMENTO, 2010).

Já os Recursos Educacionais Abertos possuem características parecidas com

as dos objetos de aprendizagem, mas diferentes destes, os Recursos Educacionais,

além de poderem ser reutilizados, podem ser, ainda, recombinados em diferentes

contextos e modificados por diversos usuários (AMIEL et al., 2011). Uma tendência

em relação a este tipo de recurso, é a possibilidade de modificação “abertura” dos

mesmos, dando desta maneira origem aos Recursos Educacionais Abertos (REAs).

Estes REAs são materiais de aprendizagem eletrônicos com acesso gratuito em

diversos formatos, como por exemplo, textos, som, imagens e vídeos. Estes

recursos podem ser usados e modificados em comunidades virtuais (SANTANA et

al., 2012).

Tais recursos, além de serem comuns e públicos, têm por objetivo oferecer

conteúdos de cursos de alta qualidade para grande parte da população, incentivar a

aprendizagem aberta e coletiva por meio de tecnologias interativas, favorecer a

constituição de comunidades de aprendizagem, propiciar a construção de

conhecimentos de modo colaborativo, promover a inclusão educacional de nível

superior e também inclusão tecnológica e beneficiar pessoas que não possuem

acesso ao ensino e cursos de formação (SANTANA et al., 2012).

2.3 Redes Sociais e Ferramentas da Internet na Educação

Os estudantes dos Ensinos Fundamental e Médio, nascidos nas décadas de

80 e 90, e contemporâneos da revolução digital, são jovens que possuem

características bem diferentes quando comparados aos seus pais, tios e avós.

Chamados de “nativos digitais” (PRENSKY, 2001), são jovens, que cresceram em

ambientes providos de tecnologias e as usam na vida cotidiana para estudar,

relacionar-se, informar-se, divertir-se, trabalhar, compartilhar, etc. Em virtude dessas

características, esses jovens acabam se acostumando a trabalhar em grupo, pelo

fato de estarem o tempo todo conectados por meio das redes sociais. Cabendo,

pois, ao professor aproveitar em suas aulas, na realização de atividades

colaborativas, toda a facilidade que os alunos têm de se comunicar e de se

relacionar (VICHINSKY; ARAÚJO JUNIOR, 2012).

28

Em suma, as redes sociais como Facebook, bem como os aplicativos e

ferramentas da Internet que essas redes possuem, como Google Drive e os jogos

educativos podem trazer diversos benefícios para o ensino e o aprendizado de

diversas áreas da educação. Nos últimos anos a evolução da Internet conduziu ao

surgimento da Web 2.0 e ao aparecimento de ferramentas e aplicações online, cujos

exemplos são as redes sociais (PATRICIO; GONÇALVES, 2010, WERHMULLER;

SILVEIRA, 2012a; WERHMULLER; SILVEIRA, 2012b). Essas redes são aplicações

que suportam um espaço comum de interesses, necessidades e metas semelhantes

para a colaboração, a partilha de conhecimento, a interação e a comunicação

(BRANDTZAEG; HEIN, 2007; PATRICIO; GONÇALVES, 2010;

WERHMULLER;SILVEIRA, 2012a).

As tecnologias da Web permitem aos professores definir estratégias

pedagógicas inovadoras que incluam utilização de software social como ferramentas

de trabalho de modo a flexibilizar os contextos de aprendizagem, individuais e

cooperativos, bem como ensinar os alunos a aprenderem, no ciberespaço, a pensar,

cooperar, partilhar e construir o seu próprio conhecimento (PATRICIO;

GONÇALVES, 2010). Assim, as redes sociais representam uma nova tendência de

partilha de contatos, informações e conhecimentos. O Facebook é uma das redes

sociais mais utilizadas em todo o mundo para interagir socialmente (WERHMULLER;

SILVEIRA, 2012a). Essa interação surge essencialmente pelos comentários aos

perfis, pela participação em grupos de discussão ou pelo uso de aplicações e jogos.

É um espaço de encontro, de partilha, de discussão de ideias e, provavelmente, o

mais utilizado entre estudantes universitários (PATRICIO; GONÇALVES, 2010).

Segundo Werhmuller e Silveira (2012a), o fato de os usuários poderem

informalmente compartilhar informações entre si, trocar experiência, e tirar dúvidas;

aliado ao não controle de um professor, faz com que a forma de realização de suas

atividades seja democrática, deixando-as livres e espontâneas. Isso auxilia,

sobremaneira, no aprendizado, na assimilação dos conteúdos que ocorreu de modo

formal na sala de aula, para uma maneira espontânea, contínua, improvisada e

informal nas redes sociais.

Considera-se, portanto, que as redes sociais funcionam como uma extensão

da sala. O espaço virtual abre aos alunos e aos professores a oportunidade de

interagirem, trocar informações, experiências pessoais e profissionais, compartilhar

29

conhecimentos de forma colaborativa e dinâmica. Tudo isso contribui para que o

ciberespaço seja uma extensão da sala de aula, e que os alunos despertem o

interesse em debater temas para seu aprendizado, pois nesse caso, todos

aprendem com a troca de saberes. Vale ressaltar que o conteúdo não assimilado ou

que fica pendente de entendimento acaba sendo revisado e reforçado nesses

ambientes por meio das discussões e da troca de informações. Desse modo, os

alunos são instigados a pesquisarem além do assunto, pois a curiosidade também é

um fator que pode ocorrer durante as reuniões virtuais (WERHMULLER; SILVEIRA,

2012b).

Segundo Kelly (2007), o Facebook se transformou não só num canal de

comunicação e um destino para pessoas interessadas em procurar, partilhar ou

aprender sobre determinado assunto, mas também um meio de oportunidades para

o Ensino Superior. Todos os benefícios particulares ao Facebook se devem ao fato

de ser uma ferramenta popular, fácil de usar, que não necessita de desenvolvimento

interno ou de aquisição de software, também por ser útil para alunos, professores e

funcionários, permitindo a integração de diversos recursos (RSS, feeds, blogs,

twitter, etc.), além de fornecer alternativas de acesso a diferentes serviços, permite o

controle de privacidade, dentre outros (WERHMULLER; SILVEIRA, 2012a).

Dentre as ferramentas com potencial educativo que o Facebook oferece

podemos citar, por exemplo:

- o Book Tag que dá a possibilidade de criar listas de livros para a leitura

em grupo, questionários e reflexões sob a forma de comentários nos livros;

- o Books iRead que possibilita a partilha de livros, tags e comentários de

amigos;

- o Caixa, esse organiza aplicações externas;

- o calendário, que permite organizar atividades diárias, colocar avisos e

partilhar essas atividades com os amigos;

- o Chat, que disponibiliza comunicação em tempo real, podendo otimizar

o atendimento online a alunos;

30

- os Eventos, nos quais pode se criar eventos em diversas datas, como

por exemplo, avaliações, propostas de trabalhos, seminários e workshops, podendo

ainda adicionar detalhes, como imagens, vídeos, convidar pessoas, promover, o

evento num anúncio, editar, e imprimir a lista de convidados, comentar o evento,

dentre outros;

- o Favorite Pages, que adiciona páginas favoritas ao perfil do Facebook;

- Files, que permite armazenar e recuperar documentos no Facebook;

- os Flashcards, que criam cartões em flash para estudar no Facebook;

- Fotos, que permite carregar e tirar fotos ou criar álbuns;

- o Google Docs, com facilidade de acesso ao Google Docs;

- os Grupos, que propiciam a criação de grupos para a classe ou a

pequenos grupos de trabalho e estudo;

- as Mensagens, com envio e recebimento de mensagens;

- MyDelicious, onde se pode armazenar, organizar, catalogar e partilhar

endereços da web favoritos;

- Notas, com adição de pequenos textos, reflexões ou observações, que

podem ser comentadas;

- Pools, com disponibilização e geração de sondagens;

- Quis Creator, que cria testes e questionários;

- Slideshare e SlideQ, que partilham documentos em PDF e Power Point;

- Study Groups, que põem em contato todos os membros de um grupo de

trabalho;

- To Do List, que cria listas de tarefas para recordar no Facebook e que

podem ser compartilhadas;

- o Twitter, serviço de microbloging para partilhar o momento;

31

- Vídeo, que possibilita a gravação de vídeos; e, finalmente,

- o Youtube, que permite partilhar e publicar vídeos.

Segundo Minhoto e Meirinhos (2011), o uso das redes sociais na prática

educativa deve estar em sintonia com as mudanças no processo de ensino-

aprendizagem, sem, contudo, romper com práticas pedagógicas já existentes, mas

complementá-las com os emergentes ambientes de aprendizagem virtual. Para

inovar é preciso ter como base o conhecimento construído socialmente a partir das

relações humanas. E é exatamente o que o ambiente colaborativo das redes sociais

oferece para complementar o método tradicional, permitindo ao aluno a construção

do seu próprio saber em colaboração com seus pares e professores. Assim, verifica-

se que incentivo ao uso de ferramentas tecnológicas na área da educação é

importante, pois auxilia no processo de ensino-aprendizagem, incentivando tanto a

aprendizagem colaborativa quanto a informal (WERHMULLER; SILVEIRA, 2012).

Diversos estudos evidenciam os benefícios da utilização de redes sociais,

como o Facebook, na educação de vários níveis. Dentre eles, destacamos as

pesquisas de Patrício e Gonçalves (2010), que buscam avaliar os benefícios da

utilização do Facebook no Ensino Superior em Pedagogia, demonstrando que o uso

dessa rede social aumenta o desenvolvimento de competências, estimula e motiva o

aprendizado dos alunos, desperta o interesse pela unidade curricular (tecnologia da

informação e comunicação na educação). Nessa unidade, em que o Facebook foi

utilizado, observou-se um crescimento na produção dos alunos, maior envolvimento

com o conteúdo, com turma e com professor. Além disso, os alunos consideram tão

importante o uso dessa rede social que até sugeriram que fosse utilizada em outras

disciplinas.

De Jesus et al. (2012), outro pesquisador que também demonstrou a

utilização das redes sociais e ferramentas da Internet por alunos de Mestrado e

Doutorado em Educação, constatando que na disciplina de Currículo e Tecnologia

pode trazer benefícios significativos para o ensino aprendizagem. Utilizando-se da

rede social Facebook, da ferramenta da Internet Google Drive e do ambiente virtual

Moodle foi possível demonstrar que trazem flexibilidade, possibilidade de novas

32

descobertas, novas conexões e diversas situações de aprendizagem. De acordo

com os alunos que participaram da pesquisa, utilizar essas ferramentas representa

um desafio, uma oportunidade e uma necessidade para gerar novos conhecimentos,

novas possibilidades e novas TICs para educação. Esses mesmos alunos, utilizando

o Google Docs, chegaram à conclusão de que essa ferramenta auxilia nas diversas

atividades educacionais, proporcionando a construção coletiva de textos de maneira

colaborativa; ocorrendo, dessa maneira, a troca constante de conhecimento, maior

facilidade de interação, bem como a construção de pesquisas em grupo.

Os estudos de Wermhuller e Silveira (2012) demonstraram que a utilização do

Facebook, por alunos do ensino superior em universidade pública na disciplina de

Lógica de Programação, possibilitou que publicassem na rede animações, textos e

imagens referentes aos conteúdos trabalhados em sala de aula, facilitando a

compreensão do conteúdo em questão que, outrora, era considerado difícil pelos

alunos. Além disso, esse estudo mostrou também que a utilização do Facebook

aumenta a motivação e o interesse dos alunos pelo conteúdo, bem como sua efetiva

participação nas atividades. A utilização desse dispositivo é um incentivo à

aprendizagem colaborativa e informal. Ainda que a grande maioria dos alunos tenha

expressado opiniões positivas em relação ao uso do Facebook nas atividades

acadêmicas, uma pequena parcela não concorda com o uso da rede social para a

realização de tais atividades.

Trabalhando com alunos de ensino médio, Minhoto e Meirinhos (2011), ao

avaliar partilhas, links, fóruns, fotos, eventos e vídeos postados depois da formação

de um grupo com os alunos na disciplina de Biologia, constataram que o uso do

Facebook facilitou a aprendizagem dos alunos de maneira individual e coletiva,

quanto aos conteúdos trabalhados. Assim sendo, como citado anteriormente, a

utilização conjunta de ferramentas da Internet pode trazer benefícios ao processo de

ensino aprendizagem. Além do Facebook, outra ferramenta da Internet atualmente

utilizada em alguns ambientes educacionais é o Google Drive.

O Google Drive é um pacote de aplicativos do Google. Esses aplicativos

funcionam online, e são compatíveis com diversos pacotes de edição de texto, como

por exemplo, Open Office, KOffice e Microsoft Office. Atualmente o Google Drive é

composto por um processador de textos, um editor de apresentações, planilhas e

33

formulários. Dentre os recursos mais atraentes dessa ferramenta encontra-se a

portabilidade de documentos, que permite a edição dos mesmos por mais de um

usuário e a publicação direta em um blog. Outra vantagem é ser online, não tendo a

necessidade de transportar o arquivo, sendo que para ver o mesmo basta acessar a

conta do Google Drive para visualizar e editar seus arquivos (BRASIL, 2008;

MIRANDA et al., 2008; SEABRA, 2010; DE SOUSA, 2011). Em De Souza (2011)

temos um caso em que foi utilizado o Google Drive para a redação de textos. Seu

estudo juntamente com o de Miranda et al. (2008) demonstram que a utilização da

ferramenta Google Drive pode trazer benefícios para o processo de ensino

aprendizagem, similares aos trazidos pela rede social Facebook.

Uma das características marcantes da utilização das redes sociais, bem como

de outras ferramentas da Internet na educação é o trabalho em grupo, esse é

constituído de atividades denominadas colaborativas. Nesse tipo de atividade todos

trabalham em conjunto, sem distinções hierárquicas, em um esforço coordenado,

com o intuito de alcançar o objetivo ao qual se propuseram (VICHINSKY; ARAUJO

JUNIOR, 2012). De acordo com Figueiredo (2006), no processo de aprendizagem

colaborativa o foco está no processo. As atividades do grupo geralmente não são

estruturadas, cada um adquire um papel na medida em que essa se desenvolve, e a

abordagem é centrada no aluno. Também se observa que as atividades

colaborativas exigem um comprometimento maior dos alunos, pois todo o processo

está centrado neles, tudo passa por suas mãos, desde a distribuição de tarefas até a

definição dos papéis de cada um, fazendo com que eles busquem a troca de

informações entre si, e favorecendo a elevação da autoestima de cada um

(VICHINSKY; ARAUJO JUNIOR, 2012).

Ainda em relação às atividades colaborativas, é demonstrado que os alunos

aceitam esse tipo de atividade, sendo uma característica dos jovens atuais, já que

pertencem à denominada “geração Y” e possuem maior facilidade de interação e

comunicação. Esse tipo de atividade também fortalece a aprendizagem, aumenta o

grau de assimilação e promove uma melhora significante nas habilidades que são

esperadas dos alunos (VICHINSKY; ARAUJO JUNIOR, 2012).

34

2.4 A Biologia no Ensino Médio

Cada ciência particular possui um código intrínseco, uma lógica interna,

métodos próprios de investigação, que se expressam nas teorias, nos modelos

construídos para interpretar os fenômenos que se propõem a explicar. Apropriar-se

desses códigos, dos conceitos e dos métodos relacionados a cada uma delas,

compreender a relação entre ciência, tecnologia e sociedade, significa ampliar as

possibilidades de compreensão e participação efetiva nesse mundo (BRASIL, 2012).

Dentre essas ciências, tem-se a Biologia, cujo objeto de estudo é o fenômeno da

vida em todas as suas manifestações.

O aprendizado de Biologia deve permitir a compreensão da natureza viva e os

limites dos diferentes sistemas explicativos, a contraposição entre os mesmos e a

compreensão de que a ciência não tem respostas definitivas para tudo, sendo uma

de suas características a possibilidade de ser questionada e de se transformar.

Elementos da história e da filosofia da Biologia tornam possíveis aos alunos a

compreensão de que há uma ampla rede de relações entre a produção cientifica e o

contexto social, econômico e político. O conhecimento de Biologia deve subsidiar o

julgamento de questões polêmicas, que dizem respeito ao desenvolvimento, ao

aproveitamento de recursos naturais e à utilização de tecnologias que implicam

intensa intervenção humana no ambiente, cuja avaliação deve levar em conta a

dinâmica dos ecossistemas, dos organismos, enfim, o modo como a natureza se

comporta e a vida se processa (KRASILCHIK, 2008; BRASIL, 2012).

Os avanços da Genética e da Biologia Molecular, das tecnologias de

manipulação do DNA e de clonagem trazem à tona aspectos éticos envolvidos na

produção e na aplicação do conhecimento científico e tecnológico, chamando a

refletir sobre as relações entre a ciência, a tecnologia e a sociedade. Conhecer a

estrutura molecular da vida, os mecanismos de perpetuação, a diferenciação das

espécies e a diversificação intraespecífica e a importância da biodiversidade para a

vida no planeta são alguns dos elementos essenciais para um posicionamento

criterioso relativo ao conjunto das construções e intervenções humanas no mundo

contemporâneo (KRASILCHIK, 2008; PEDRANCINI et al., 2007; BRASIL, 2012).

Neste século, a associação entre ciência e tecnologia se amplia, tornando-se

35

mais presente no cotidiano e modificando cada vez mais o mundo e o próprio ser

humano. Questões relativas à valorização da vida, em sua diversidade; à ética, nas

relações entre seres humanos, entre eles e seu meio e o planeta; ao

desenvolvimento tecnológico e sua relação com a qualidade de vida marcam

fortemente nosso tempo, pondo em discussão os valores envolvidos na produção e

na aplicação do conhecimento científico e tecnológico (BRASIL, 2012).

Segundo Krasilchik (2008), no estágio atual do ensino brasileiro, a

configuração do currículo escolar nos ensinos médio e fundamental deve ser objeto

de intensos debates, para que a escola possa desempenhar adequadamente seu

papel na formação dos cidadãos. Como parte desse processo, a biologia pode ser

uma das disciplinas mais relevantes e merecedoras da atenção dos alunos, ou uma

das mais insignificantes e pouco atraentes, dependendo do que for ensinado e de

como ocorrer tal ensinamento.

A formação biológica contribui para que cada indivíduo seja capaz de

compreender e aprofundar as explicações atualizadas de processos e conceitos

biológicos, a importância da ciência e da tecnologia na vida moderna, enfim, o

interesse pelo mundo dos seres vivos. Esses conhecimentos devem também

cooperar para que o cidadão seja capaz de usar o que aprendeu ao tomar decisões

de interesse individual e coletivo no contexto do quadro ético de responsabilidade e

respeito, que leve em conta o papel do homem na biosfera (KRASILCHIK, 2008).

Em relação aos conteúdos da disciplina de biologia, esses variaram muito nas

últimas décadas. Na década de 50, a biologia era subdividida em zoologia, botânica

e biologia geral; tópicos que compunham com mineralogia, petrologia, geologia e

paleontologia, constituindo a disciplina de história natural (KRASILCHIK, 2008).

A estruturação da disciplina de história natural, então em vigor nas escolas

brasileiras, refletia claramente a influência exercida pelo ensino europeu, tanto por

meio dos livros aqui utilizados, como pelos professores estrangeiros que vieram

ministrar aulas nas escolas superiores brasileiras, notadamente na Faculdade de

Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. A tendência de ensino,

naquela época, no que se refere à parte teórica, era tratar dos assuntos

considerando os vários tipos de organismos separadamente e suas relações

filogenéticas; as aulas práticas, por sua vez, tinham como objetivo ilustrar as aulas

36

teóricas (KRASILCHIK, 2008). Entretanto, na década de 60, alguns três fatores

importantes alteraram essa dinâmica: o progresso da biologia, a constatação

internacional do ensino de ciências como importante fator para o desenvolvimento e

as alterações legislativas no campo do ensino em âmbito federal (KRASILCHIK,

2008).

O aumento do conhecimento nas ciências biológicas provocou uma

transformação na divisão tradicional, botânica e zoologia, passando do estudo das

diferenças para a análise de fenômenos comuns a todos os seres vivos. Essa

análise realizada em todos os níveis de organização, da molécula à comunidade,

teve como consequência adicionar aos currículos escolares um novo e amplo

espectro de assuntos, que iam da ecologia e genética das populações até a genética

molecular e bioquímica (COSTA; COSTA, 2006; KRASILCHIK, 2008). Paralelo à

evolução da ciência, na década de 60, surgiram no Brasil e nos Estados Unidos

movimentos com o objetivo de melhorar o ensino das ciências. Esses movimentos

eram liderados por cientistas preocupados com a formação dos jovens que

entrariam nas universidades, das quais iriam emergir os futuros cientistas. Naquela

época admitia-se que era necessário dar aos jovens um ensino mais atualizado e

mais direcionado (KRASILCHIK, 2008). Também naquela época a tendência do

ensino do Biologia no Brasil estava relacionada aos seguintes temas: Evolução dos

Seres Vivos através do Tempo; diversidade dos tipos e padrões de seres vivos;

continuidade genética da vida; relação e complementação entre o indivíduo e o

meio; raízes biológicas do comportamento; relação entre estrutura e função;

mecanismos de regulação e homeostase; a ciência como investigação; história dos

conceitos biológicos (KRASILCHIK, 2008). Já na década de 70, o projeto nacional

da ditadura militar, que estava no poder, era modernizar e desenvolver o país. O

ensino de ciências era considerado importante componente para a preparação de

um corpo qualificado de trabalhadores, conforme estipulado na Lei de Diretrizes e

Bases da Educação, promulgada em 1971. Esse período foi caracterizado por uma

série de fatores contraditórios, pois, ao mesmo tempo em que a Lei valorizava as

disciplinas científicas, na prática elas eram prejudicadas pelo atravancamento do

currículo por disciplinas que pretendiam ligar o aluno ao mercado de trabalho (como

zootecnia, agricultura, técnica de laboratório), sem que tivessem ao menos a base

dessas para poder aproveitá-las. A formação básica foi extremamente prejudicada

37

sem que houvesse um correspondente benefício para a profissionalização dos

estudantes da época (KRASILCHIK, 2008). Esta situação começou a mudar no fim

da década de 70, quando movimentos populares exigiram a democratização do país,

e a crise econômica social passou a afetar grande parte dos países de terceiro

mundo.

Nos anos 80 e início da década de 90, os conteúdos da disciplina de Biologia

tiveram mais alterações, passaram a ser divididos por série, tal como descrito: no 1º

ano, estudava-se a origem da vida, características dos seres vivos, citologia-

estrutura, metabolismo, teoria celular e histologia animal e vegetal; no 2º,

taxionomia, critérios de classificação, morfofisiologia animal, morfofisiologia vegetal,

embriologia, reprodução e desenvolvimento humano, genética mendeliana, genética

de populações e teorias e mecanismos da evolução; e no 3º,ecologia geral, ecologia

populacional, relações ecológicas, regiões ecológicas, o homem e o ambiente

(COSTA; COSTA, 2006; KRASILCHIK, 2008).

Mesmo com essas mudanças curricular, a conceituação da Biologia e a sua

importância era pouco difundida. O conceito de Biologia, como ciência, só aparecia

em 50% dos programas de ensino. A relação entre ciência, tecnologia e sociedade

aparecia ainda menos, indicando a falta de análise das implicações sociais,

desenvolvimento cientifico e tecnológico, tão presente, por sua importância, nos

currículos das disciplinas científicas (KRASILCHIK, 2008). Ao final dos anos 90, o

Ministério da Educação produziu e difundiu os parâmetros curriculares nacionais do

ensino fundamental, contemplando que o papel das Ciências Naturais é o de

colaborar para a compreensão do mundo e suas transformações, situando o homem

como indivíduo participativo e parte integrante do Universo (BRASIL, 2001). Diante

desse documento, o ensino de ciências, em particular a Biologia, pretendia enfatizar

temas comumente incluídos, tais como ambiente, ser humano e saúde.

De acordo com Brasil (1999), as competências e habilidades a serem

desenvolvidas pelos alunos na disciplina de Biologia estão relacionadas à

representação e comunicação, investigação e compreensão e contextualização

sociocultural, todos esses relacionados aos temas biológicos apresentados pela

disciplina. A Biologia está presente sob muitas formas na cultura e na vida em

sociedade, na investigação dos materiais, das substâncias, da vida e do cosmo.

38

Desse mesmo modo, essa ciência se associa a técnicas, tomando parte de todos os

setores de produção e de serviços: da agropecuária à medicina, da indústria ao

sistema financeiro, dos transportes à comunicação e informação, dos armamentos

bélicos aos aparelhos domésticos (SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE

SÃO PAULO, 2008).

A importância de se ensinar Biologia está relacionada à participação que tem

em vários campos do conhecimento e do trabalho. Na agricultura, por exemplo, são

usados seus conhecimentos para a melhoria na produção de alimentos; em relação

aos problemas ambientais, ela oferece informações para compreender como se dão

os processos ambientais e ajudar a minimizar os desequilíbrios. Os estudos dos

animais produzem conhecimentos importantes para evitar a extinção das espécies.

Na medicina ajuda a compreender como funciona o organismo e contribui para a

prevenção e o controle de doenças (SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO

DE SÃO PAULO, 2008).

De maneira geral, quem ensina Biologia conta com o interesse e a

expectativa dos estudantes em relação aos assuntos da disciplina, pois os

adolescentes têm interesse pelas questões relacionadas ao seu próprio corpo, aos

seres vivos e ao meio ambiente. Muitos já tiveram ou têm animais de estimação e

estão constantemente em contato com a mídia que divulga notícias sobre

curiosidades do mundo animal e vegetal, doenças, vacinas etc. No entanto, nem

sempre as aulas de Biologia atendem a essas expectativas, principalmente se a

disciplina assume um caráter meramente descritivo: uma lista de nomes, conceitos e

fenômenos que, via de regra, precisam apenas ser memorizados, sem que os

alunos ampliem sua compreensão dos assuntos pelos quais se interessavam ou se

interessam. Assim, o encanto se quebra e pouco resta do interesse e da motivação

naturais para aprender Biologia (SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE

SÃO PAULO, 2008).

O momento histórico no qual vivemos exige uma reflexão sobre as estratégias

usadas para o ensino de Biologia em sala de aula. O encorajamento e o

desenvolvimento do Saber Científico se fazem necessários por propiciarem ao aluno

melhor entendimento da Evolução Científica, das transformações que ocorrem na

natureza e da história do homem. Sabe-se que o ensino da Biologia deve despertar

39

o raciocínio científico, e não meramente o informativo. A necessidade de realizar

aulas práticas, para tornar o ensino de Biologia mais dinâmico e atrativo, vem sendo

discutido há muito tempo entre as propostas de inovação dos currículos escolares. O

ensino prático foi introduzido há algum tempo e as justificativas para a sua

implantação foram mudando, conforme os objetivos do próprio ensino das Ciências,

ao longo do tempo. As principais áreas de interesse da Biologia contemporânea

estão voltadas para a compreensão de como a vida se organiza, se inter-relaciona,

se reproduz, evolui e se transforma, não só naturalmente, mas também pela

interferência humana e pelo uso de tecnologias. Preocupa-se com o que é realmente

relevante ensinar em Biologia, mostrando aos educandos que a Ciência e seu

desenvolvimento fazem parte de um processo histórico, que é um produto da vida

social e que leva a marca cultural de um tempo (CARMO; SCHIMIN, 2008).

Apesar de terem ocorrido transformações no ensino da Biologia, ainda vê-se

um ensino descritivo, teórico, desvinculado do cotidiano do aluno. Dados disponíveis

na literatura apontam que a experimentação tem sido um dos grandes problemas do

ensino atual, fato inegável, quer pela ausência de laboratórios em muitas escolas,

quer pela inexperiência dos professores, ou ainda pelos currículos sobrecarregados.

Além disso, questões relacionadas à bioética podem restringir as experimentações

educativas quando se trata de assuntos relacionados à vivissecção de animais, tema

esse bastante solicitado e questionado pelos alunos.

2.5 Vivissecção e Bioética no Ensino Médio

A vivissecção é definida como operação realizada em animais vivos para

identificação de caracteres morfoanatômicos e fenômenos fisiológicos, constituindo

como uma prática usual e arraigada nas graduações das áreas de Ciências

Biológicas e da Saúde e até mesmo em algumas instituições de ensino básico.

Tanto na prática didática, como na pesquisa científica esse tipo de utilização dos

animais, em sua grande maioria rãs, camundongos e ratos, fundamenta-se no

princípio de que os fenômenos observados nesses animais podem ser extrapolados

e comparados com os observados em humanos (PINTO; RÍMOLI, 2005;

MAGALHÃES; ORTÊNCIO-FILHO, 2006; CARDOSO; VICENTE, 2007; DE SOUSA,

2007; TRÉZ; NAKADA, 2008; TINOCO; CORREIA, 2010; DE-FREITAS et al., 2011;

40

MELGAÇO et al., 2011; DANIÉLSKI et al., 2011; KISHINO; DINIZ, 2012).

Segundo Lima e Freitas (2009), não só rãs, camundongos e ratos, mas outras

espécies são também utilizadas como cobaias em procedimentos de laboratório.

Esses animais são submetidos a situações de estresse e dor, ainda que justificadas

por serem associadas a estudos significativos para avanços tecnológicos,

desenvolvimento de novas técnicas experimentais, descoberta de novos

medicamentos para o bem estar do ser humano, bem como de outros animais. Em

muitas situações, as manipulações impõem crueldades provocando reações de

pessoas, centros de pesquisa e pesquisadores que rejeitam muitos desses abusos.

Na área da educação esses animais são utilizados como materiais,

principalmente, na formação superior de bacharéis e licenciados em Ciências e / ou

Biologia, que durante sua formação se deparam com conceitos abstratos e

descontextualizados. Assim sendo, o uso de animais é apenas um recurso aplicado

para demonstrar habilidades técnicas e conceituais, sem se ter novas

aprendizagens, o que distancia a formação de profissionais de procedimentos e

atitudes condizentes a um Biólogo, que tem em seus princípios o respeito à vida.

Especificamente, a formação de professores conscientes requer uma mudança de

paradigma, com a inclusão de conceitos e princípios correlatos à Bioética, à

Biossegurança, embasados na legislação, e com a utilização de métodos

alternativos / substitutivos ao uso de animais, de modo a reestruturar suas práticas

didático-metodológicas no Ensino de Ciências / Biologia na Educação Básica,

necessárias para a formação de conceitos biológicos (LIMA; FREITAS, 2009). Além

dos ambientes de ensino e pesquisa estes animais também são utilizados em

ensaios de segurança e qualidade de alguns produtos de uso humano e animal, tais

como cosméticos (MAGALHÃES; ORTÊNCIO-FILHO, 2006). Nos últimos anos

houve um aumento nas discussões relacionadas ao uso de animais no ensino e na

pesquisa, seja pelo fato de muitas pessoas serem contra esse tipo de utilização, seja

pelo aumento de métodos alternativos, ou ainda por questões Bioéticas. O termo

Bioética se popularizou na década de 1970, sendo utilizado para definir e limitar

atitudes dolorosas praticadas pela Medicina e por pesquisas envolvendo seres

humanos. Nas últimas décadas, a Bioética expandiu sua atuação inserindo-se nos

campos da pesquisa que se validam da experimentação animal (MINARÉ, 2002;

FEIJÓ et al., 2008; LIMA; FREITAS, 2009). Além disso, nos últimos anos as Ciências

41

Biológicas e Pedagógicas entraram nessa discussão para avaliar o ensino dessa

área e as atividades práticas que a envolvia, orientando e conscientizando

professores e alunos para que não tivessem os animais apenas como objeto didático

metodológico (LIMA; FREITAS, 2009).

De origem recente, o vocábulo Bioética, cuja etimologia dos radicais gregos

que formam a palavra ¾ bios (vida) e éthos (comportamento, ética, conduta) 3/4 já

revela que o campo de reflexão que o oncólogo americano Van Rensselaer Potter

buscou alcançar, percorreu o mundo e foi aceito em todas as regiões do planeta

(MINARÉ, 2002). A Bioética se preocupa com a inserção da ética nos limites das

observações empíricas e experimentais, sendo necessário o desenvolvimento de

sistemas e diretrizes para a atuação responsável do ser humano em relação ao

futuro. Deste modo, a Bioética tem o objetivo de orientar a conduta humana

direcionada à busca do avanço das Ciências Biológicas, da Saúde e da

Biotecnologia, campos onde predominam a experimentação animal e a

fundamentação pelo probabilismo (MINARÉ, 2002).

Na década de 1970, com o surgimento da Ciência do Bem-Estar Animal e da

Bioética, o tema sobre o uso de animais na experimentação cientifica ganhou

destaque no cenário internacional. Nos 40 anos seguintes, que separam o início dos

debates atuais, muito se evoluiu em termos de legislações tanto nacionais, quanto

internacionais, surgindo métodos alternativos e de conscientização dos profissionais

atuantes nas pesquisas que utilizavam a experimentação animal (BIZERRA et al.,

2010). As Comissões de Ética no Uso de Animais (CEUAs) começaram a aparecer

no contexto dos primeiros debates, baseando-se nos modelos de avaliações éticas

das pesquisas com seres humanos. Esses modelos serviram como base para as

avaliações e procedimentos de análise das pesquisas envolvendo experimentação

animal. A Suécia foi o primeiro país a criar a CEUA, em 1979, e nas décadas

seguintes outros países criaram suas CEUAs, aumentando o número desse tipo de

comissão pelo mundo (BIZERRA et al., 2010).

Ainda de acordo com Bizerra et al. (2010), a inserção brasileira no círculo de

países protetores do uso de animais em pesquisas fez-se tardiamente. Não foi antes

da década de 1990 que as CEUAs passaram a ser criadas no país, provavelmente

devido aos intensos debates internacionais acerca do tema, que já se desenrolavam,

42

e às novas exigências editoriais para a publicação de artigos científicos. Naquela

época, não havia, ainda, legislação nacional que regulamentasse a existência das

comissões.

As CEUAs apoiam-se em diretrizes humanitárias, por visarem o bem-estar

animal, bem como sua proteção contra procedimentos excessivos ou

desnecessários, dando prioridade à política dos “3Rs”. A conduta das comissões

norteada pelos “3Rs” tem na substituição (replacement), na redução (reduction) e no

refinamento (refinament) das pesquisas os conceitos-chave e os princípios

fundamentais que embasam a avaliação dos protocolos experimentais, para que

seja respeitado o uso ético dos animais nas experimentações. A adoção desses

conceitos, pelas comissões, faz com que estejam constantemente em busca de

substituir o uso de animais por métodos alternativos, de reduzir o número de animais

nas pesquisas a quantidades mínimas e de refinar procedimentos, tanto para

minimizar a dor nos animais, quanto para garantir o bem-estar deles nos projetos de

pesquisa científica (MAGALHÃES; ORTÊNCIO FILHO, 2006; BIZERRA et al., 2010).

No que se refere ao Brasil, algumas leis sancionadas dão subsídios para

utilização de animais tanto na educação, quanto na pesquisa cientifica. Em 08 de

maio de 1979 foram divulgadas as Normas para a Prática Didático-Científica da

Vivissecção de Animais, Lei nº6638 de oito de maio de 1979. Essa lei permite que a

vivissecção seja realizada em todo o território nacional, e que os biotérios e centros

de pesquisa, que utilizam animais vivos para a experimentação, sejam registrados

em órgãos competentes e que tenham autorização, cedida por esses órgãos, para

funcionar. Além disso, essa lei decreta que a vivissecção só será permitida com o

emprego de anestesia, em centros de pesquisa e estudos registrados em órgãos

competentes, com a supervisão de técnicos especializados e com animais que

tenham permanecido, no mínimo, 15 dias em biotérios legalmente autorizados.

Proíbe, ainda, que esse tipo de utilização de animais seja realizado em instituições

de ensino básico de 1º e 2º graus, e em quaisquer locais frequentados por menores.

Por fim, é decretado que o animal só poderá ser submetido a intervenções

recomendadas nos protocolos de experiências que constituem a pesquisa ou

programas de aprendizado cirúrgico quando, durante e após o procedimento,

receber cuidados especiais.

43

No ano de 1998 é sancionada a Lei nº 9605 de 12 de fevereiro, intitulada Lei

de Crimes Ambientais (BRASIL, 1998). De acordo com essa lei, caso não haja

autorização de órgão competente, a utilização de animais silvestres em diversas

atividades, como em pesquisa e outras, é crime.

Em 2008, foi estabelecida a Lei nº 11.794 de 08 de Outubro de 2008,

revogando a Lei nº 6638 de oito de maio de 1979, para o uso científico de animais

(BRASIL, 2008). A lei nº 11.794, também conhecida como Lei Arouca, estabelece

que a experimentação envolvendo animais fica restrita a estabelecimentos de ensino

superior e estabelecimentos de educação profissional técnica da área biomédica.

Essa lei considera como atividades de pesquisa científica todas aquelas

relacionadas à ciência básica, ciência aplicada, desenvolvimento tecnológico,

produção e controle de qualidade de drogas, medicamentos, alimentos,

imunobiológicos, instrumentos ou quaisquer outros testados em animais, conforme

definido em regulamento próprio (BRASIL, 2008). Ainda, nessa mesma Lei tem-se a

criação do Conselho Nacional de Controle em Experimentação Animal (CONCEA),

órgão responsável, em nível nacional, por todas as questões envolvendo animais de

experimentação (BRASIL, 2008).

Além das questões Bioéticas e legislativas, outro campo que envolve a

experimentação animal são os métodos alternativos, que vêm crescendo

consideravelmente nos últimos, cuja finalidade é diminuir, refinar e substituir a

utilização de animais vivos em experimentos, tanto na pesquisa como na educação

(CARDOSO; VICENTE, 2007; DE-FREITAS et al., 2011).

A partir desse contexto, diversas Instituições de Ensino Superior se dedicam a

estudos específicos que desenvolvem, melhor aplicam e avaliam a eficácia dos

recursos alternativos e substitutivos ao uso de animais em atividades práticas de

ensino e pesquisa (CARDOSO; VICENTE, 2007; LIMA; FREITAS, 2009). Os

recursos alternativos são dos mais variados tipos. Alternativas éticas à eutanásia ou

aos maus tratos aos animais, como cadáveres e tecidos obtidos de animais mortos

naturalmente ou que tenham sofrido eutanásia devido a doenças terminais, sendo

esta uma prática já muito realizada pelas faculdades de Medicina Humana e

Veterinária. Os tecidos frescos obtidos desses animais podem ser utilizados para

diversas atividades, tais como, análises bioquímicas, fisiológicas e farmacológicas,

44

enquanto os cadáveres completos podem ser utilizados para o aperfeiçoamento de

habilidades clínicas e cirúrgicas (MAGALHÃES; ORTÊNCIO-FILHO, 2006;

CARDOSO; VICENTE, 2007).

Alternativas interessantes são os filmes e vídeos. Muitas instituições têm

utilizado filmes modernos e de alta qualidade, principalmente quando possuem

recursos financeiros limitados. Assim, os filmes e vídeos podem ser uma alternativa

realista à dissecação e à experimentação animal, quando combinados com

abordagens de baixo custo. Mesmo sendo um material passivo, oferece um

importante apoio quando precede práticas cirúrgicas em simuladores ou trabalhos

clínicos com pacientes humanos ou veterinários, sendo suficientemente satisfatório

para estudantes que não utilizarão animais em suas respectivas carreiras, e, para os

que farão uso desses servirá como treinamento antes de praticarem com cadáveres

obtidos de fontes éticas. Existem também vídeos experimentais de fisiologia e

farmacologia demonstrando experimentos que seriam inaceitáveis em animais. A

exemplo dos vídeos, uma professora nos Estados Unidos filmou a necropsia de um

cavalo que havia morrido de causas naturais, e agora utiliza o vídeo como recurso

em suas aulas, comprovando que é possível, com criatividade, criar alternativas

(MAGALHÃES; ORTÊNCIO-FILHO, 2006; CARDOSO; VICENTE, 2007).

Modelos, manequins e simuladores estão sendo utilizados em diversas

instituições. Esses materiais compreendem simuladores cirúrgicos, fisiológicos e

patológicos, órgãos, sistemas, membros, animais inteiros que auxiliam na prática

clínica e cirúrgica. Esse tipo de alternativa oferece treinamento prático para

estudantes que irão atuar na clínica, dando mais liberdade e permitindo que o aluno

desenvolva aos poucos suas habilidades profissionais, uma vez que as atividades

podem ser repetidas várias vezes. Dentre os exemplos citados, a cobaia de PVC

que é idêntica a um rato de verdade permite a prática de 25 técnicas microcirúrgicas,

tais como anastomoses de vasos, transplante de órgãos e suturas (MAGALHÃES;

ORTÊNCIO-FILHO, 2006).

Com a tecnologia disponível nos dias de hoje é possível, além da simulação e

treinamento de práticas clínicas e cirúrgicas com métodos alternativos, realizar

dissecações virtuais, experimentos e visualizações de imagens anatômicas em 3D

na tela do computador. Esse tipo de recurso facilita a visualização e o entendimento

45

de estruturas e processos, possibilitando ao aluno a aprendizagem de estratégias de

resolução de problemas, entre outras habilidades. Essas simulações revelam

processos fisiológicos que são praticamente impossíveis de serem mostrados em

aulas com animais vivos, tais como o processo de digestão e a contração muscular

(MAGALHÃES; ORTÊNCIO-FILHO, 2006; CARDOSO; VICENTE, 2007; SANTOS;

LEITE, 2012; LARA et al., 2013). A utilização de métodos alternativos pode trazer

excelentes resultados e muitas vezes são superiores às realizações de aulas

práticas com métodos tradicionais, que usam animais (CARDOSO; VICENTE, 2007;

MATERA, 2009; DE-FREITAS et al., 2011).

Muitos alunos desconhecem a existência de legislações e comissões

responsáveis pelos animais de experimentação, sendo importante um trabalho de

sensibilização para que esses alunos tenham noção do que podem e não podem

realizar em suas respectivas carreiras. Isso também contribuirá para que os alunos

tornem-se cidadãos críticos, e que compreendam e participem de questões relativas

à ciência.

As considerações apresentadas acima tratam de dados relacionados ao

ensino superior, os relacionados a alunos do ensino médio são escassos na

literatura. Na prática docente é comum ouvir relatos de alunos que dizem ter

praticado a vivissecção, sem terem noção das diretrizes éticas e jurídicas que

norteiam a experimentação animal. Assim sendo, considerando que na atualidade

esse tema é de grande importância; e que a tecnologia, em especial a móvel, pode

trazer importantes benefícios para o ensino, são justificáveis trabalhos que utilizem

essa tecnologia para sensibilizar os alunos quanto às questões relacionadas à

Bioética, e que também a utilizem para a realização de simulações, um tipo de

método alternativo, para o processo de vivissecção. Portanto, atendendo à proposta

deste estudo, a presente pesquisa está inserida em um projeto maior, intitulado “O

uso de tablets no Colégio Cruzeiro do Sul: estudos e análises na direção de novas

metodologias e estratégias de ensino e aprendizagem”. Assim sendo, o projeto em

questão tem por objetivo a introdução de novas tecnologias no citado colégio, como

forma de melhorar o processo de ensino-aprendizagem nesta instituição

educacional.

46

2.6 Teoria da Atividade

A Teoria da Atividade (TA) se constitui em uma estrutura teórico- filosófica e

interdisciplinar para estudar aspectos sociais e individuais do comportamento

humano (Engeström, 1999). Dessa forma, ela não se constitui numa teoria

totalmente desenvolvida, mas sim numa base a partir da qual várias ideias, métodos

e outras teorias podem surgir, para conceituar diferentes práticas. A TA não possui

técnicas prontas para a pesquisa, mas ferramentas conceituais que podem ser

aplicadas de acordo com a natureza e as características da atividade em estudo.

A Atividade constitui-se numa forma de ação direcionada a um objeto, assim,

elas existem para transformar objetos em resultados. Para Kuutti (1996),

“transformar o objeto em um resultado é o que motiva a existência de uma

atividade”. Assim, o relacionamento entre os elementos de uma atividade é mediado

por artefatos que podem ser criados e transformados durante essa atividade.

Vigotsky (2002) declara que a mente humana se expressa pelas ferramentas

culturais – signos e palavras – que causam mudanças na atividade, e

consequentemente na percepção interna da mente. Para ele, as funções mentais

superiores são alteradas à medida que o indivíduo interage social e culturalmente

com o ambiente, por meio de ferramentas.

Nesse sentido, pode-se entender essa interação a partir da atividade objetiva

realizada pelo indivíduo. Vigotsky (2002) foi quem ampliou o conceito de mediação

na interação homem-ambiente, ao adotar o uso de instrumentos e de signos nesse

processo. Assim a TA têm na sua base as ideias-chave de Vigotsky (2002), sendo

uma delas a mediação. Alguns até a concebem como um novo e legítimo estágio de

desenvolvimento da teoria histórico-cultural (DAVYDOV; ZINCHENKO, 2001).

A Primeira Geração da TA está ligada diretamente aos pressupostos teóricos

de Vigotsky (1978) e tem na mediação o seu ponto principal. Dessa forma, institui-se

quando Vigotsky (1978), ao questionar o modelo estímulo-resposta proposto pelo

Behaviorismo (E-R), admite a concepção de mediação nesse processo.

Engenström (2001) propõe um esquema que representa a primeira geração

da TA. Com base nos trabalhos de Vigotsky, conforme figura 01:

47

Figura 1. Primeira Geração da TA. Fonte: Engeström (2001).

Assim, essa primeira geração baseia-se nos trabalhos de Vigotsky (1978) por

meio da adoção do conceito de mediação, pois para ele toda relação que se dá

entre indivíduos e objetos de um contexto é sempre mediada por meios, ferramentas

ou signos culturais. Engenström (2005) aponta como limitação dessa abordagem o

fato de centralizar-se apenas no indivíduo.

A Segunda Geração está centrada nos trabalhos de Leontiev (1978) que tem

Engeström (1987) como seu colaborador. Nessa fase, Leontiev (1978) amplia as

ideias de mediação social e cultural de Vygotsky (1978), ao conceber a atividade

como um sistema coletivo de ações e propõe o modelo hierárquico da atividade

humana. Para Engeström (1987), Leontiev (1978) explicou a diferença entre uma

ação individual e uma ação coletiva, porém não expandiu o modelo individual de

Vygotsky (1978). Foi ele, Engestöm (1987), quem apresentou uma versão ampliada

do modelo original de Vygotsky (1978), incorporando os aspectos sociais e culturais

da atividade humana de Leontiev (1978).

Enquanto na primeira geração tinha-se o enfoque no sujeito, na segunda o

enfoque é dado às relações interpessoais em que os sujeitos compartilham o

mesmo objeto da atividade (FELIX, 2011). No modelo de atividade dessa segunda

geração, Engeström (1987) representa a natureza coletiva e colaborativa da

atividade humana. Nele podem ser identificados os mediadores sociais da atividade

como: as regras, a comunidade e a divisão de trabalho. O sujeito se refere ao

48

agente, cujo comportamento que se pretende analisar, pode ser um indivíduo ou um

subgrupo da comunidade; o objeto representa a matéria-prima ou o problema a que

se dirige a atividade; os artefatos mediadores são os elementos utilizados pelo

sujeito para atingir seu resultado (podendo ser máquinas, escrita, fala, gestos,

figuras, objetos de aprendizagens, etc.), são os instrumentos e signos que ajudam a

transformar o instrumento no resultado da atividade.

A comunidade diz respeito a todos os envolvidos na atividade; a divisão do

trabalho se refere à forma de organização da comunidade, geralmente representada

por uma divisão horizontal de tarefas dos membros da comunidade ou uma divisão

vertical que considera o poder e o status; as regras são o regulamento, as normas e

as convenções que delimitam as ações e interações dentro do sistema e podem ser

explícitas ou implícitas.

Figura 2. Mediação entre relações. Fonte: Engeström (1987).

Através dos triângulos, podemos observar que as relações são sempre

mediadas, caracterizando a atividade como uma realização pautada nas diferentes

formas de mediação em que as ações são organizadas na comunidade e

executadas pelos sujeitos (CLAUDINO, 2008).

Já a Terceira Geração apresenta o modelo direcionado para uma rede de

sistemas de atividade que interagem entre si. Porém, essa geração não é o foco

desta proposta de pesquisa, por isso nos ateremos à Primeira e Segunda Geração,

cujos princípios básicos são apresentados a seguir.

49

2.6.1 Os Princípios Básicos da Teoria da Atividade

Kaptelinin&Nardi (1997) apresentam 05 (cinco) princípios básicos da TA,

sendo o primeiro: o Princípio da Estrutura Hierárquica da Atividade, esse princípio

organiza a atividade humana em três níveis hierárquicos como a atividade, a ação e

a operação A atividade seria um nível superior, em que há um grau maior de

consciência, na qual o sujeito responde a um motivo e age em direção a um objetivo;

a ação, com o intuito de desenvolver determinada atividade, o indivíduo deve

realizar múltiplas ações, sendo que essas possuem um menor grau de consciência.

O terceiro e último nível, a operação, é aquele em que acontecem práticas

inconscientes, por vezes, mecânicas. Tem-se que, com base nesses princípios, que

a atividade é orientada a motivos, a ação orientada a metas e a operação orientada

a condições de realização. As ações e as operações compõem a atividade.

O segundo, Princípio da Orientação a objetos diz que a atividade é sempre

orientada a objetos. Neste sentido, o sujeito pratica ações com o intuito de atender

uma determinada necessidade e, desse modo, alcançar um dado objetivo,

respondendo a um motivo.

O terceiro, o Princípio da Internalização/Externalização diz que o ser humano

adquire conhecimentos, significados e valores por meio das relações sociais

estabelecidas na comunidade a qual faz parte. Ao apropriar-se desses elementos,

internaliza-os, podendo interagir adequadamente com o seu meio, sendo capaz de

externalizar o conhecimento adquirido, fazendo com que a aprendizagem evolua.

Esse princípio considera que os processos mentais são oriundos de ações externas

que se internalizam no sujeito. Neste caso os processos de internalização e

externalização estão inter-relacionados e influenciam no seu desenvolvimento

individual e em suas práticas sociais.

O Princípio da Mediação diz que para se compreender a atividade humana

deve-se considerar que instrumentos (externos ao plano mental) e signos (internos

ao plano mental) participam dessa atividade. Ou seja, toda atividade é mediada por

um elemento intermediário: toda atividade humana somente pode ser realizada por

meio de uma ferramenta mediadora, podendo ser externa (livro didático, tablet,

aparelho de som, etc.) ou interna (palavras, conceitos, significados). O quinto e

50

último, o Principio do Desenvolvimento diz que os elementos de uma atividade não

são fixos, mas se transformam ao longo de seu desenvolvimento, uma vez que a

atividade é dinâmica, construída historicamente.

51

3 - MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo consiste em uma pesquisa quali-quantitativa. A abordagem

qualitativa do estudo se deu por meio do método de pesquisa-ação que, com base

em Thiollent (2008), se caracteriza por uma proposta de ação, neste caso especifico,

uma ação educativa com participação efetiva de pesquisador e pesquisando:

A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 2008).

A opção por esta abordagem metodológica se deu por concordarmos com

Santos e Zinani (2008) quando declaram que uma das características deste método

é o de proporcionar o desenvolvimento da autonomia dos alunos.

A atividade desenvolvida foi realizada e planejada de acordo com a Segunda

Geração da Teoria da Atividade, em que a ferramenta de mediação, sujeito, regras

utilizadas, comunidade e divisão de trabalho estão representadas no triângulo

abaixo (Fig. 3).

Figura 3: Diagrama de representação do sistema de atividade aplicado à situação pesquisada.

Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

52

3.1 Delineamento de pesquisa

O Mapa Conceitual a seguir (Figura 4) representa, em linhas gerais, o escopo

do desenvolvimento desta pesquisa.

Figura 4. Mapa conceitual das atividades realizadas. Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

.

3.2 Local de Desenvolvimento e Aplicação das Atividades

A presente pesquisa foi desenvolvida no Colégio Cruzeiro do Sul.

3.3 Público- Alvo

O público alvo para o desenvolvimento das atividades foram os alunos do 2º

ano do ensino médio regular, turno matutino. Ao todo participaram da atividade três

turmas: 2º A, B e C, perfazendo um total de 103 alunos.

53

3.4 Conteúdo trabalhado com os alunos do segundo ano do ensino médio

regular

Seguindo o material didático, LIVRO REDE PITÁGORAS BIOLOGIA ENSINO

MÉDIO (NEVES et al., 2013), utilizado pelos alunos selecionados para esta

pesquisa, um dos conteúdos trabalhados foi os Reinos dos Seres Vivos e, dentre os

temas relacionados aos reinos dos seres vivos, estudou-se o reino animal, em suas

diversas vertentes. Para a atividade focou-se nos animais pertencentes ao Filo

Chordata, Subfilo Vertebrata, Classe Amphibia, Ordem Anura. Os conteúdos

trabalhados referentes aos táxons citados foram relacionados às características

morfofisiológicas dos mesmos. A atividade proposta foi relacionada à dissecação de

anfíbio e bioética.

3.5 Formação de Grupos na Rede Social Facebook

Para a formação dos grupos, os alunos participantes da pesquisa foram

questionados a respeito de terem ou não uma conta na rede social Facebook.

Aqueles que ainda não possuíam, foram convidados a fazer. Após a formação dos

grupos procedeu-se à distribuição dos tablets, bem como foram expostas as regras

para que os alunos desenvolvessem a atividade proposta.

3.5.1Tablets

Seguindo a formação dos grupos, cada aluno recebeu um tablet Positivo YPY

10 Android 4.0, os quais foram recolhidos após a realização das atividades, pois

pertencem ao acervo tecnológico do Colégio Cruzeiro do Sul.

3.5.2 Regras para o desenvolvimento da atividade

A seguir estão descritas as regras para o desenvolvimento da atividade:

1º utilização do grupo do Facebook apenas para o desenvolvimento da atividade;

2º postar apenas conteúdos relacionados à atividade;

3º sanar dúvidas quanto à atividade;

54

4º trocar informações sobre o conteúdo trabalhado;

5º postar conteúdos relacionados à biologia geral.

3.5.3 Vídeo sobre Bioética

Foi postado3 no grupo um vídeo sobre Bioética, do professor doutor, Álvaro

Luiz Montenegro Valls, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, com intuito de

apresentar aos alunos questões básicas sobre o tema Bioética, já que fariam uma

atividade envolvendo dissecação, e desconheciam o assunto em questão.

3.5.4 Pesquisa sobre Vivissecção

Em sala de aula, foi solicitado que os alunos fizessem uma pesquisa na

internet sobre vivissecção. Após a realização, os alunos postaram suas opiniões,

bem como as referências da pesquisa. Posteriormente às postagens, realizou-se um

debate, em sala de aula, sobre o que os alunos achavam a respeito do tema

pesquisado, e, além disso, levantaram-se questões relacionadas à aplicação desse

tipo de pesquisa, métodos alternativos, etc.

3.5.5 Dissecação virtual

Após a discussão e depois de expostas as possíveis alternativas da

vivissecção e/ou utilização de animais em pesquisa, foi proposto aos alunos uma

atividade, em que realizaram a dissecação de uma rã virtualmente, por meio de um

simulador, o Frogdissection, disponibilizado na Internet por um site gratuito de jogos,

disponível no endereço http://www.roketoyun.com/frog-dissection.asp. A escolha do

Frogdissection se deu por sua capacidade de viabilizar imagens que se aproximam

da realidade, além de possuir acesso gratuito, estar disponível em língua portuguesa

e ser adequado a alunos de Ensino Médio.

Foi realizada uma dissecação mimetizando a vivissecção, já que não

tínhamos como objetivo a utilização de animais vivos.A página supracitada foi

3 YOUTUBE<http://www.youtube.com/watch?v=y8kpsJy3W20> Acesso em 20 de Setembro de 2013.

55

disponibilizada para os alunos na página inicial do Colégio Cruzeiro do Sul.

Figura 5. Processo de dissecação virtual de rã, com algumas imagens das telas existentes nos vários acontecimentos do procedimento.

Fonte: http://www.roketoyun.com/frog-dissection.asp

3.5.6 Produção Textual a partir da utilização da ferramenta Google Drive

Ao término da vivissecção virtual, os alunos foram organizados em grupos

composto de quatro alunos. Esses grupos foram criados por meio de conta no

Google Drive, sendo que um aluno de cada grupo ficou responsável pelas

postagens. Formados os grupos, os alunos discutiram o material e os métodos

pesquisados sobre as funções dos órgãos do animal estudado (3.8); e redigiram um

texto sobre suas discussões de forma colaborativa. Esse texto foi disponibilizado no

Google Drive e corrigido. Após as correções, os textos foram postados no Facebook

e os alunos tiveram a oportunidade de ler e também corrigir os textos dos colegas.

56

3.5.7 Pesquisa de Opinião sobre as Atividades

Após o término das atividades foi aplicado um questionário via Google Drive,

em que se buscou avaliar a compreensão do assunto e os benefícios oferecidos

pela tecnologia tablet. O questionário teve suas respostas embasadas na escala de

Likert (LIKERT, 1932) que é uma escala de resposta psicométrica utilizada

comumente em questionários, ela é mais utilizada em pesquisas relacionadas à

opinião/concordância a dado assunto. Com base nas orientações de Gil (1999) e

Marconi & Lakatos (1999), o questionário foi organizado com 10 questões fechadas

que trouxeram alternativas específicas para que o informante pudesse escolher uma

delas. Ao todo foram aplicadas 12 questões, conforme apresentadas a seguir:

1) Qual seu gênero?

2) Possui algum dispositivo móvel (celular, tablet)?

3) Em caso afirmativo, indique qual (quais) você possui.

4) Do ponto de vista tecnológico o tablet é simples e prático de usar?

5) O tablet facilitou a busca de informações?

6) Quando comparado com outras tecnologias móveis (celular/smartphone) o

tablet possibilitou a realização da atividade com maior praticidade?

7) A utilização do tablet fez com que você prestasse mais atenção no

desenvolvimento da atividade?

8) A observação das características anatômicas do anfíbio a partir do aplicativo

facilitou o entendimento do conteúdo?

9) A realização da atividade com a utilização do Facebook e do Google Drive fez

com que ocorresse maior interatividade e colaboração entre os alunos?

10) Nas aulas de Biologia você considera importante a utilização do tablet,

auxiliando seus estudos?

57

4 - RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS

4.1 Caracterização dos sujeitos da pesquisa

Buscou-se neste trabalho caracterizar os sujeitos da pesquisa por meio da

investigação do gênero, de posse de dispositivos móveis e dos tipos de dispositivos

que possuem.

De acordo com os resultados demonstramos que em relação ao gênero dos

participantes desta pesquisa (Fig. 6) 63% pertencem ao sexo feminino.

Figura 6.Gênero dos participantes da pesquisa. Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

Do total de alunos pesquisados, observa-se que quase todos, 90% deles, são

possuidores de dispositivos móveis (Fig. 7), dado que reflete, como citado

anteriormente, a disseminação e a aceitação desses recursos por esta geração de

alunos (PRENSKY, 2001; BATISTA, 2011). A posse desses dispositivos pela quase

totalidade dos alunos e a já discutida habilidade que eles possuem para com os

mesmos, colaboraram de forma positiva com a execução e resultados da atividade

proposta como, por exemplo, na busca pela informação sobre vivissecção e bioética,

bem como também na troca das informações via Facebook e Google Drive.

58

Figura 7. Posse de dispositivos móveis pelos alunos. Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

Dentre os alunos que declararam ser possuidores de algum dispositivo, a

maioria possuem celular/smartphone, 70% deles, seguido de not/netbook e tablet

com 19% e 11%, respectivamente. A preferência da maioria dos alunos pelos

smartphones pode ser justificada pela miniatuarização e aumento de atividades

destes dispositivos em relação aos demais, além da facilidade de transporte

(KADLE, 2010) devido ao pequeno tamanho, podendo ser transportado no bolso dos

próprios alunos.

Figura 8. Tipos de dispositivos móveis que os alunos possuem. Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

59

4.2 Percepção dos Alunos quanto à Facilidade de Uso dos Tablets

Quando questionados sobre a sua percepção acerca da simplicidade de

praticidade do tablet, a maioria dos alunos considerou o tablet como simples e

prático para a realização da atividade proposta. Essa simplicidade identificada pela

maioria dos alunos, sendo o total de 84%, podendo estar relacionado aos resultados

apresentados na Figura 9, no qual se verifica que a maioria dos alunos já são

possuidores desses recursos tecnológicos, apresentando, portanto, familiaridade no

manuseio dos mesmos.

Figura 9. Percepção dos alunos em relação a simplicidade e praticidade no uso do tablet.

Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

4.3 Percepções dos Alunos quanto à Eficácia dos Tablets na Recuperação da

Informação

A análise da relação entre os elementos da TA neste estudo se deu sob a

perspectiva dos artefatos mediadores. Nesse sentido buscou-se analisar como na

percepção dos alunos os artefatos mediadores aqui utilizados interferiram no objeto

da atividade, isto é, nos seus resultados.

Os artefatos mediadores aqui utilizados foram o tablet, o jogo

FrogDissecation, o Facebook e o Google Drive.

60

4.3.1 O Tablet como Artefato Mediador

Quando se analisa o uso do tablet na busca das informações, mostrados na

Fig. 10, observa-se uma relação positiva entre o artefato e o objeto da pesquisa ao

verificar que na concepção da maioria dos alunos, 98% deles, o tablet apresentou

papel facilitador na busca das informações, o que contribui, dessa forma, com o

resultado da atividade.

Figura 10. Contribuição do uso do tablet para a facilidade na busca das informações.

Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

Outra análise da relação do artefato mediador com o objeto da atividade pode

ser feita através dos resultados representados na Figura 10 em que observa se uma

relação positiva entre o uso do artefato implica uma maior praticidade, reconhecida

por mais de 90% dos alunos, favorecendo dessa forma o objeto da atividade

proposta.

De maneira geral, uma parte dos alunos concorda que o tablet possibilita a

realização da atividade com maior praticidade (9% e 42%); por outro lado, 29% dos

alunos não têm opinião formada quanto à praticidade de uso do tablet; 15% e 5%,

respectivamente, discordam ou discordam plenamente da praticidade de uso desse

dispositivo (Fig. 11).

61

Figura 11. Praticidade do uso tablet quando comparado a outras tecnologias móveis.

Fonte: Dados da pesquisa: 2013.

Os resultados apresentados na Fig. 12 também demonstram uma relação

positiva entre os artefatos mediadores e o objeto da atividade, isto é, seu motivo,

quando se observa que na concepção da maioria dos alunos, 75% deles, o uso

dessa ferramenta mediadora favoreceu e estimulou os alunos a prestarem atenção

no desenvolvimento da atividade.

Figura. 12. O uso do tablet como estímulo para que os alunos prestem mais atenção no desenvolvimento da atividade.

Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

62

4.3.2 O Jogo Frogdissection como Artefato Mediador

Outro dado que reforça uma relação positiva entre o artefato mediador e o

objeto da atividade é apresentado na Figura 13, no qual se identifica a percepção da

grande maioria dos alunos, cerca de 90%, a observação e a exploração das

características anatômicas dos anfíbios através do jogo Frogdissection facilitaram o

entendimento do conteúdo.

Figura 13. Contribuições da observação das características anatômicas do anfíbio por meio do jogo Frogdissection na facilidade do entendimento do

conteúdo. Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

4.3.3 O Facebook e o Google Drive como artefatos mediadores

Para a maioria dos alunos, a realização da atividade com a utilização do

Google Drive através da discussão e da redação em grupo dos temas pesquisados e

posterior compartilhamento no Facebook viabilizou a ocorrência de maior

interatividade e a colaboração entre os alunos.

63

Figura 14. Contribuições do Facebook e do Google Drive na interatividade e na colaboração entre os alunos na realização da atividade.

Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

Por meio das respostas dos alunos foi possível concluir que o tablet é uma

ferramenta importante no ensino, sendo, segundo os alunos, importante nos estudos

de Biologia.

Figura 15. Importância do tablet nos estudos de Biologia. Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

64

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Segundo Seabra (2010), as tecnologias vêm sendo utilizadas nas mais

diversas áreas, incluindo a educação. Tal uso tem auxiliado no desenvolvimento

lógico dos indivíduos. Ainda, segundo o mesmo autor, atualmente crianças e jovens

interagem bem com essas tecnologias, tão presentes no cotidiano desses

indivíduos.

Atualmente a tecnologia móvel vem sendo inserida nas instituições de ensino,

gerando desta maneira o conceito de m-learning (Aprendizado Móvel), que nada

mais é que a utilização de Tablets, Smartphones, Palmtops, dentre outros recursos

móveis no auxílio das atividades discentes e docentes em sala de aula

(BARCELOS-DE-OLIVEIRA et al., 2012).

Nas aulas de Zoologia, constantemente os alunos solicitam visitas ao

laboratório, para realizar a vivissecção de animais vivos sem terem conhecimento

das implicações éticas e legislativas que envolvem essa prática. Portanto, cientes

dessas questões; e também sabendo da habilidade dos alunos em fazer pesquisas

nos sites da Internet, bem como utilizar com facilidade as tecnologias móveis,

optamos por “trazer o laboratório para dentro da sala de aula”, utilizando-se dessas

ferramentas tecnológicas.

De tal modo, distribuímos um tablet para cada aluno, com a proposta de que

se organizassem em grupos no Facebook. Após a distribuição dos dispositivos e a

formação dos grupos, postamos no grupo um vídeo sobre a temática Bioética, e,

solicitamos aos alunos que fizessem uma pesquisa sobre o assunto. Eles, então,

assistiram, pesquisaram e postaram suas pesquisas. Após as postagens, realizamos

um debate em sala de aula sobre o tema pesquisado. A utilização do tablet na sala

de aula otimizou o tempo ao evitar deslocamentos até o laboratório de informática do

colégio e possibilitou a troca de informações dos alunos entre si e com o professor

em contexto de mobilidade dentro do espaço físico da sala de aula. Além disso, o

uso dos tablets conectados à internet permitiu aos alunos busca e acesso às

informações em variados formatos em relação ao tema pesquisado.

65

Verificamos que após assistirem ao vídeo e realizarem as pesquisas

solicitadas, os alunos concluíram que a realização de uma vivissecção não é um

procedimento simples que possa ser feito por qualquer pessoa. Também

constatamos que, depois de tomarem conhecimento das questões que permeiam a

experimentação animal, os alunos assumiram uma postura de repulsa quanto à

prática da vivissecção.

Mesmo tendo assistido ao vídeo e pesquisado sobre o tema, foi possível

constatar que alguns alunos ainda apresentavam certa falta de conhecimento sobre

o assunto, ficando isso evidente nas respostas apresentadas pelos mesmos, o que

nos leva a conjecturar a necessidade de melhor orientá-los para as consultas aos

sites, considerando que muitas vezes alguns deles podem apresentar informações

incorretas ou banalizadas quanto ao tema, já que as pessoas possuem opiniões

mistas acerca da experimentação animal.

Observou-se que os alunos demonstraram habilidade na realização da

atividade de dissecação virtual de um sapo, visto que utilizaram o tablet, ferramenta

comum no cotidiano deles. Portanto, segundo os próprios alunos, foi uma atividade

prática que eles não tiveram dificuldades de realizar, pois o instrumento utilizado

facilitou a busca de informações.

Esse tipo de atividade também contribuiu para que os alunos prestassem

mais atenção ao conteúdo, auxiliando, desse modo, no ensino prático de Biologia.

Além disso, a atenção e o interesse pela atividade podem estar relacionados ao fato

de não terem que lidar diretamente como animal, assim, dificuldades com o odor e

mesmo o medo não foram empecilhos para a realização da atividade e também não

foram motivo para desfocar a atenção dos estudantes.

Outro benefício é que a dissecação realizada no tablet possibilita aos alunos

repetirem a atividade várias vezes, o que não é possível quando se utiliza um animal

vivo. Na literatura existem dados a respeito do beneficio dos jogos nas atividades

práticas de Biologia, demonstrando que esses recursos são instrumentos valiosos

na aquisição do conhecimento e também por fazerem parte do cotidiano de

adolescentes e jovens (CASAS et al., 2010; DE-SÁ et al., 2011; CAMPOS et al.,

2003). A utilização do jogo potencializa a exploração e o desenvolvimento do

66

conhecimento, já que por meio desse tipo de atividade aprende-se “brincando”

(CAMPOS et al., 2003).

Mesmo a utilização do tablet tendo trazido diversos benefícios e os alunos

terem gostado da atividade desenvolvida, eles relataram que a utilização de outras

tecnologias móveis, especificamente os smartphones (telefones inteligentes), traria

mais praticidade na realização da atividade. Dentro deste quesito, iniciativas vêm se

apropriando dos smartphones e telefones celulares para o ensino-aprendizagem,

sendo essa apropriação devida a diversos fatores presentes nessas tecnologias.

Dentre esses fatores tem-se a familiaridade dos alunos com os smartphones e os

telefones celulares, a mobilidade e portabilidade dos mesmos, recursos de vários

tipos, tais como, textos, vídeos, sons e imagens, e a conectividade via Internet que

esses aparelhos possibilitam (DA-FONSECA, 2013). Tendo em vista a variedade de

recursos e a convergência, telefones celulares e smartphones oferecem um conjunto

de possibilidades para a aprendizagem, permitindo trocar informações, ideias,

experiências, resolver ideias, experiências, sanar dúvidas, acessar uma vasta gama

de recursos e materiais didáticos, incluindo texto, imagens, áudio, vídeo, notícias,

conteúdos de blogs e jogos, tudo isso em um momento em que se faz necessário,

benefício esse trazido pela portabilidade (DA-FONSECA, 2013).

Além das questões relacionadas aos alunos quanto ao uso das tecnologias na

educação, estudos são necessários também quanto aos professores.

Para a inclusão total das tecnologias móveis na educação serão necessários

professores preparados, dinâmicos e investigativos, pois as perguntas e as novas

situações que surgem fogem do controle preestabelecido do currículo, sendo esta a

parte mais difícil do uso destas tecnologias (SEABRA, 2012). Esses dados

evidenciam que existe a necessidade de uma formação específica para que os

docentes possam utilizar, de maneira mais efetiva, os recursos digitais em sala de

aula.

Em resumo, foi possível concluir com a atividade aqui desenvolvida que a

utilização do tablet contribui de maneira positiva no desenvolvimento do conteúdo

prático da disciplina de Biologia.

A educação e os outros setores da vida cotidiana vivem atualmente o auge da

67

tecnologia, sendo, pois, necessário que se adaptem a essa realidade. Assim sendo,

ajuizamos que estudos futuros serão promissores e necessários no que se refere à

educação para que se avaliem as diversas tecnologias e suas contribuições no

processo de ensino e aprendizagem das mais variadas disciplinas, nos mais

diversos níveis de ensino.

68

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ANEXO A

Avaliação: uso do tablet

*Obrigatório

Identificação *

1. Gênero

o masculino o feminino

2. Possui algum dispositivo móvel (celular, tablet)? *

o Sim o Não

3. Em caso afirmativo, indique qual(ais) você possui. *

o celular com acesso a internet/smartphone o notebook/netbook o tablet, PC, Ultrabook o smartcam

4. Do ponto de vista tecnológico o tablet é simples e prático de usar? *

o concordo plenamente o concordo o não concordo, nem discordo o discordo o discordo plenamente

5. O tablet facilitou na busca de informações? *

o concordo plenamente o concordo o não concordo, nem discordo o discordo o discordo plenamente

6. Quando comparado a outras tecnologias móveis (celular/smartphone), o tablet possibilitou a realização da atividade com maior praticidade? *

o concordo plenamente o concordo o não concordo, nem discordo

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o discordo o discordo plenamente

7. A utilização do tablet fez com que você prestasse mais atenção no desenvolvimento da atividade? *

o concordo plenamente o concordo o não concordo, nem discordo o discordo o discordo plenamente

8. A observação das características anatômicas do anfíbio a partir do aplicativo facilitou o entendimento do conteúdo?

o concordo plenamente o concordo o não concordo, nem discordo o discordo o discordo plenamente

9. A realização da atividade com a utilização do Facebook e do Google Drive fez com que ocorresse maior interatividade e colaboração entre os alunos? *

o concordo plenamente o concordo o não concordo, nem discordo o discordo o discordo plenamente

10. Nas aulas de Biologia você considera importante a utilização do tablet auxiliando em seus estudos? *

o concordo plenamente o concordo o não concordo, nem discordo o discordo o discordo plenamente