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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO
ANA PAULA GONSALVES CARVALHO
A INFLUÊNCIA DO STRESS NOS MOTOTAXISTAS DE TEIXEIRA DE
FREITAS/BA
MACEIÓ - AL
2014
ANA PAULA GONSALVES CARVALHO
A INFLUÊNCIA DO STRESS NOS MOTOTAXISTAS DE TEIXEIRA DE
FREITAS/BA
Monografia apresentada à Universidade
Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso
de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.
Orientador: Prof Ms. Alessio Sandro de Oliveira Silva
MACEIÓ - AL
2014
ANA PAULA GONSALVES CARVALHO
A INFLUÊNCIA DO STRESS NOS MOTOTAXISTAS DE TEIXEIRA DE
FREITAS/BA
Monografia apresentada à Universidade
Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso
de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.
APROVADO EM ____/____/____
_________________________________________________
PROF MS. ALESSIO SANDRO DE OLIVEIRA SILVA
ORIENTADOR:
_________________________________________________
PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA
BANCA EXAMINADORA
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho ao meu companheiro José Ademário e o meu filho querido
João Guilherme.
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar à DEUS, por mais uma etapa que se concretiza.
A minha família, por ter me ensinado que vale a pena acreditar em meus sonhos
Obrigada ao Presidente da ASMOTEF pela entrevista e pelo fornecimento de
documentos (Regimento Interno).
Agradecimentos especiais aos mototaxistas que concordaram em participar
do ISSL.
Por fim, Obrigada à Clínica do Motorista de Teixeira de Freitas, pela
disponibilidade e aceitação em permitir esta pesquisa junto aos seus pacientes e
clientes.
“O homem sábio deve ser equilibrado em tudo, como o próprio
universo, cujo uno nunca destoa do verso. Quando o homem-
ego pretende fazer mais do que o homem-eu permite, o
desequilíbrio é infalível – e o desequilíbrio é a infelicidade do
homem. O homem deve em tudo ser universificado, agindo de
dentro para fora”.
(Lao-Tse)
RESUMO
A motocicleta tornou-se, hoje, um veículo popular e, por sua vez, o transporte que
configura o maior índice de acidentes. O presente estudo teve como meta investigar como o estresse dos mototaxistas influencia no trânsito da cidade de Teixeira de Freitas. A mostra contou com 20 mototaxistas profissionais, todos do sexo
masculino, de 28 a 44 anos de idade, cuja escolaridade variou da 5ª série ao ensino superior. Foram utilizadas as abordagens descritiva e qualitativa, com observações.
A princípio, foi levantada a seguinte hipótese: As pessoas com resultado superior nos traços de vulnerabilidade, desajuste psicossocial, ansiedade e stress, estão mais propensas a comportamento de risco na direção e, portanto, de se envolvem
em acidentes. Para testar esta hipótese, foi utilizadas abordagens descritiva e qualitativas, tendo como instrumento entrevista semiestruturada com o presidente da
ASMOTEF de Teixeira de Freitas o qual descreveu a constituição e funcionamento da entidade e aplicação do Inventário de Sintomas de Stress Para Adultos de LIPP (ISSL) que forneceu a resposta para a problemática levantada. Os resultados
mostraram-se inferior ao apontado no Manual do Inventário de Sintomas de Stress. O resultado apontou, apenas um motorista em fase de exaustão, 19 demonstraram
nenhum stress entre os mototaxistas. As conclusões apontaram para a implementação de políticas e práticas de gestão que visem a melhores condições de trabalho para a categoria estudada. Palavras- chave: Mototaxista profissional; qualidade de vida no trabalho; stress
ocupacional
ABSTRACT
The motorcycle has become, today, a popular vehicle and, in turn, that configures the
highest rate of accidents. The goal of this study was to investigate how the stress of traffic influence the art of the city of Teixeira de Freitas. The show featured 20 art professionals, male, 28 to 44 years of age, whose schooling ranged from 5th grade
to higher education. We used descriptive and qualitative approaches, with observations. At first, was lifted the following hypothesis: people with higher result in
traces of vulnerability, psychosocial maladjustment, stress and anxiety, are more prone to risky behavior in the direction and, therefore, are involved in accidents. To test this hypothesis, was used descriptive and qualitative approaches, semi-
structured interview instrument with the President of the ASMOTEF of Teixeira de Freitas which. described the setting up and operation of the organisation and
implementation of Stress Symptoms inventory For adult LIPP (ISSL) that provided the answer to the problems raised. The results were below the pointed to in the inventory of symptoms of Stress. The result pointed only a driver being demonstrated
no stress between the motorcycle taxi drivers studied the conclusions pointed to the implementation of policies and management practices for the better working
conditions for the category. Keywords: professional ing Sistemas; quality of life at work; occupational stress
2
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Faixa etária da amostra de mototaxistas participantes da pesquisa.......... 33
Tabela 2 - Nível de escolaridade da amostra................................................................... 33
Tabela 3 - Presença de stress conforme o ISSL ............................................................. 33
Tabela 4 - Fases do stress em agentes de trânsito segundo o ISSL........................... 35
Tabela 5 - Predominância de sintomas ............................................................................. 35
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................11
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...........................................................................................13
2.1 Conceito de Stresse .....................................................................................................13
2.2 Meios de Avaliar os Sintomas do Stress ................................................................18
2.3 Percurso do Stress .......................................................................................................19
2.4 Trânsito ............................................................................................................................21
2.5 Mobilidade Humana – Direito de Ir e Vir .................................................................22
2.6 Stress no Trânsito.........................................................................................................23
2.7 Como Controlar o Stress ............................................................................................24
2.8 Mototaxistas ...................................................................................................................25
2.9 Fatores que Influenciam o Stress do Mototaxista no Trânsito de Teixeira de Freitas ........................................................................................................................26
3 MATERIAIS E MÉTODOS ...............................................................................................28
3.1 Ética ..................................................................................................................................28
3.2 Tipo de Pesquisa ...........................................................................................................28
3.3 Universo...........................................................................................................................28
3.4 Sujeitos da Amostra .....................................................................................................29
3.5 Instrumentos de Coleta de Dados ............................................................................29
3.6 Plano para Coleta dos Dados ...................................................................................29
3.7 Plano para a Análise dos Dados ...............................................................................30
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................31
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................36
REFERÊNCIAS......................................................................................................................38
APÊNDICES ...........................................................................................................................43
ANEXOS .................................................................................................................................45
11
1 INTRODUÇÃO
Entre muitas questões discutidas no meio acadêmico, nas pesquisas
científicas e a sociedade, uma que se torna pertinente é a forma de como se
estabelecem as relações de stress com o trânsito. Quando se fala de trânsito
explicitamente entendemos que a ciência que norteia uma pesquisa desse âmbito, é
a psicologia. A psicologia estuda o comportamento humano, acoplando as etapas do
desenvolvimento bio-psico-social, na formação e estruturação da personalidade.
Entretanto, tendo a ciência da psicologia várias áreas de atuação, elege-se teorias
relacionadas a área de psicologia de trânsito e psicologia social para embasar esse
trabalho, enfatizando assim, a coerência teórica ao nosso tema de trabalho.
Este tema de trabalho foi elaborado, a partir de algumas inquietações
humanas, ao se observar o cotidiano dos mototaxistas. De forma geral os
comportamentos mais comuns, que se observa são: a agressividade, ansiedade,
impulsividade, condutas antissociais, apatia social. Esta observação remete a
pensarmos também na relação que estes comportamentos tem com suas vidas
pessoais.
Com base nas questões acima se tem como problema: Como o estresse dos
mototaxistas influencia no trânsito da cidade de Teixeira de Freitas/Ba?
Essa pesquisa tem como objetivo geral analisar os fatores que influenciam o
estresse no trânsito em mototaxistas da cidade de Teixeira de Freitas/Ba. Os
objetivos específicos se derivam do geral, sendo: verificar como ocorre o processo
do estresse; examinar como as variáveis do estresse se apresentam; avaliar o nível
de estresse dos mototaxistas e verificar a relação do comportamento do mototaxista
no trânsito com as questões da vida pessoal.
Sendo assim, urge buscar nas teorias psicológicas prováveis explicações
para esta questão social que é o trânsito. Como também, um estudo junto aos
mototaxistas para estar se aprofundando e cooperando cientificamente com
informações que poderão ser utilizadas pelo psicólogo de trânsito, na compreensão
das relações estabelecidas entre o ser humano, o stress e o trânsito.
Elege-se pesquisar a população alvo de mototaxistas, pela intenção de
contribuir para o âmbito da pesquisa em psicologia do trânsito. Da qual origina-se
12
também condutas sociais.
Para melhor compreensão da temática, a presente pesquisa foi dividida em 6
capítulos. o primeiro capítulo trata-se desta introdução. o segundo capítulo retrata
informações sobre o conceito de estresse; mobilidade humana – direito de ir e vir;
descreve o stress no trânsito e o processo e nível do stress dos mototaxistas,
seguido pelo terceiro capítulo, onde são descritos os materiais e métodos utilizados
na pesquisa, os aspectos éticos; tipo de pesquisa; universo; sujeitos da amostra;
bem como os instrumentos de coleta de dados; plano para coleta dos dados e o
plano para a análise dos dados. o quarto e quinto capítulo deste trabalho referem-se
aos resultados e discussão e as conclusões.
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Conceito de Stresse
Segundo Fábio de Cristo (2012) “A palavra „stresse‟ tem origem inglesa
(“stress‟), e significa um estado de tensão em que o organismo se prepara para
enfrentar ou para fugir do perigo. Assim, o estresse, por si só, não é algo ruim;
porém, quando estamos expostos constantemente a sobrecarga emocionais, pode
ser prejudicial à nossa saúde.”
Contudo, a partir do século XVII o vocábulo passou a ser usado para designar
adversidade ou aflição. Já no final do século XVIII, seu uso ganhou novo significado,
passando a denotar força, pressão ou esforço exercidos sobre o organismo e mente
dos indivíduos (ROSSI, 1994).
Para Fisher (1994) o vocábulo estresse, de uma forma geral, designa:
[...] um conjunto de respostas, abertas e encobertas, de caráter psicofisiológico, que se instala processualmente quando contingências
ambientais desencadeiam respostas emocionais e cognitivas, positivas e negativas, para as quais os sujeitos nem sempre estão ou se sentem preparados para apresentar, ou seja, para enfrentar as contingências, de
modo satisfatório (FISHER, 1994, p. 32).
As respostas mencionadas podem incluir reações biológicas adversas que
tendem a agravar-se com o tempo, caso o sujeito não saiba lidar com as situações
de estresse
O stress é uma tensão física ou psicológica fora do habitual, que provoca um
estado ansioso no organismo. O especialista que apelidou este termo foi o
fisiologista e médico vienês Hans Selye (1907-1982), aliás, ex-director do Instituto de
Medicina e Cirurgia Experimental da Universidade de Montreal. O seu trabalho de
investigação “Stress: um estudo sobre ansiedade” foi publicado em 1950 e assentou
as bases para o desenvolvimento do conceito.
Massi (1984) citado por Maria Auxiliadora de Almeida Cunha Arantes e Maria
José Femenias Vieira também considera que Selye foi o primeiro que definiu o
stresse como síndrome, e diz:
14
Em um sentido mais amplo, estresse é uma sobrecarga dos recursos do
corpo, a fim de responder a alguma circunstância ambiental [...] a reação do estresse é uma mobilização das defesas do corpo, um antiquado mecanismo bioquímico de sobrevivência, que foi aperfeiçoado no de curso
do processo evolutivo, permitindo aos seres humanos adaptarem-se a fatos hostis ou ameaçadores. (p. 18, apud ARANTES; VIEIRA, 2010, p.38)
Na formulação de Massini
A busca de uma definição correta para o termo estresse é muito difícil, pois
ele é a síntese de vários fatores, que foram estudados isoladamente por médicos, psicólogos, sociólogos e filósofos. O estresse é uma parava-chave, que indica um fator ou a junção de vários fatores [...] e o que permitiu
a união de todos estes fatores em uma única palavra, estresse, foi que eles são capazes de gerar no organismo uma resposta que para todos é semelhante. (1984, p. 17, apud ARANTES; VIEIRA, 2010, p.37-38).
Massini considera as três fases de alarme, resistência e exaustão, como
intrísecas ao conceito de estress, seguindo Selye, bem como o distresse e o
euestresse como qualidades integrantes do conceito:
Distresse – o estresse excessivo – conduz à debilidade física e psicológica
de intensidades variáveis, não permitindo resposta adequada aos stressores, tornando o indivíduo vulnerável, e seus sistema nervoso torna-se menos capaz de suportar a sobrecarga, levando à deficiência
comportamental, que contribui para o agravamento do quadro. Euestresse é uma situação de equilíbrio alcançada após um estímulo estressor, onde o indivíduo supera os estímulos negativos e ao mesmo tempo cria imunidades
ante futura sobrecarga estressante. Forças com que enfrentar podem ser conseguidas por meio de capacidades físicas e psicológicas, convertendo os estressores em oportunidades de crescimento e vigor ps icológico. (1984,
p. 20, apud ARANTES; VIEIRA, 2010, p.38-39).
Sendo Assim, o estresse, é, pois, um agente externo percebido num espaço
de tempo, pelo individuo, que põe em jogo defesas mentais. Os automatismos
biológicos acompanham simultaneamente o jogo das defesas mentais. “A vida
psíquica individual pode se desorganizar (Pierre Marty) por esta ação, correndo
riscos de somatização, conforme o estado de estrutura psíquica e do contexto
somático e social”. (STORA, 1991, p. 7, apud ARANTES; VIEIRA, 2010, p. 42).
Segundo Lipp (2000) autora do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos
de Lipp (ISSL), stress é uma reação do organismo com componentes psicológicos,
físicos, mentais e hormonais que ocorre quando surge a necessidade de uma
adaptação grande a um evento ou situação de importância. Este evento pode ter um
sentido negativo ou positivo.
15
A autora diz que o stress negativo é o stress em excesso. Ocorre quando a
pessoa ultrapassa seus limites e esgota sua capacidade de adaptação. O
Organismo fica destituído de nutrientes e reduzido a energia mental. Produtividade e
capacidade de trabalho ficam muito prejudicadas. A qualidade de vida sofre danos.
Posteriormente a pessoa pode vir a adoecer (LIPP, 2000, p. 81).
Quanto ao stress positivo Lipps relata que é o stress em sua fase inicial, a do
alerta. O organismo produz adrenalina que dá animo, vigor e energia fazendo a
pessoa produzir mais e ser mais criativa. Ela pode passar por períodos em que
dormir e descansar passa a não ter tanta importância. É a fase da produtividade.
Ninguém consegue ficar em alerta por muito tempo, pois o stress se transforma em
excessivo quando dura mais (LIPP, 2000, p. 81).
Além do stress positivo e negativo Lipp cita, ainda, o stress ideal quando a
pessoa aprende o manejo do stress e gerencia a fase de alerta de modo eficiente,
alternando entre, estar alerta e sair de alerta. A autora diz que para quem aprende a
fazer isto o “céu é o limite”. O organismo precisa entrar m homeostase após uma
permanência em alerta para que se recupere. Após a recuperação não há dano em
entrar de novo em alerta. Se exaure e o stress fica excessivo.
Outro campo que se beneficiou com os estudos do estresse foi o do trabalho,
com o desenvolvimento do conceito de estresse profissional e/ou estresse
ocupacional. Trataremos, agora, do conceito do estresse, principalmente na
abordagem da relação do estresse com o desempenho profissional no local de
trabalho.
embora o conceito de estresse não tenha nascido vinculado a uma análise do trabalho, a própria expressão derivada de um conceito da metalurgia,
significando uma deformação produzida por uma força, uma pressão, por analogia foi ampliada para nomear qualquer manifestação de desgaste tanto somática quanto mental. (ARANTES; VIEIRA, 2010, p. 101).
Ou seja, o stress é uma combinação de emoções que vai do emocional ao
físico que muitas vezes é desencadeado pelo medo, cansaço, preocupações e
ansiedades.
Estresse ocupacional como um estado emocional desagradável, pela tensão,
frustração, ansiedade, exaustão emocional em função de aspectos do trabalho
definido pelos indivíduos como ameaçadores. Kyriacow e Sutcliffe (1981 apud
CAMELO; ANGERAMI, 2004).
16
Kalimo (1987, apud ARANTES; VIEIRA, 2010, p. 101) após criteriosa revisão
bibliográfica, elaborou a lista dos estressores até então estudados e os dividiu em 9
categorias
1. Estressores relacionados às exigências para a realização das tarefas;
2. Estressores ligados à organização e ao gerenciamento;
3. Work-role (papéis desempenhados), ambiguidade e conflitos;
4. Problemática referente à carreira;
5. Horários de trabalho inconvenientes – destaque para turnos de
revezamento;
6. Estressores vinculados à limitação de contatos interpessoais;
7. Pouca segurança no emprego;
8. Riscos físicos e químicos;
9. Problema da interface trabalho-lar.
Indo além dos laboratórios, as pesquisas se espraiam pelo campo da
psicologia, das ciências sociais e encontram-se no local de trabalho e nas relações
de trabalho campo fértil para se ampliar. A partir da Segunda Guerra, novas
contribuições vieram à tona. Sobretudo a partir de 1950 com o desenvolvimento da
melhor compreensão das relações do psíquico com o somático, “abandonando de
vez o modelo linear biológico e optando por um modelo multilinear que engloba
todas as dimensões do meio ambiente” (STORA, 1991, p. 6, apud ARANTES;
VIEIRA, 2010, p. 40), “um conceito novo do adoecer ganha adesão dos
pesquisadores, principalmente de médico com formação em psicanálise, que vêm a
construir uma compreensão psicossomática do adoecer” (ARANTES; VIEIRA, 2010,
p. 41). “Podemos compreender então que o conceito de estresse estará presente em
todos os campos em que se debate a vida. O aspecto multifacetado do conceito vai
envolver aspectos ativos, passivos e dinâmicos” (ARANTES; VIEIRA, 2010, p. 41).
Stora adota Selye como referencia do seu trabalho e dia que o estresse pode,
hodiernamente, ser compreendido Como:
1) uma força que produz uma tensão, uma deformação no objeto sobre o qual é
aplicada. Neste caso, trata-se de um estímulo externo, um agente físico
(barulho, calor, frio), pó pode ser um agente psicológico (um luto, uma perda)
Este é o sentido ativo do estresse;
2) o resultado da ação de um agente físico e/ou psicológico e/ou social; estresse
é o resultado dos agentes estressores. Neste caso, o resultado se refere às
17
consequências biológicas, mentais ou psíquicas sobre a saúde das pessoas.
A ação, causada pelos estressores, pode ser pontual ou permanente, ter um
período de latência, antes que apareçam os sintomas da doença. Esta
latência pode durar horas ou meses, ou mesmo anos, como é o caso das
doenças autoimunes;
3) é ao mesmo tempo estressor e o resultado em diferentes dimensões
individuais. Esta acepção deu origem à multiplicidade e à difusão do conceito
de estresse, que acabou sendo aplicado por diferentes pesquisadores na área
da saúde nos últimos 40 anos, além do próprio Selye;
4) não mais confinado exclusivamente à sua dimensão biológica, passa a ser
considerado como um conceito dinâmico, ao mesmo tempo interno e externo
(ARANTES; VIEIRA, 2010, p. 42).
Um outro campo que se beneficiou com os estudos do estresse foi o campo
do trabalho, com o desenvolvimento do conceito de estresse profissional e/ou
estresse ocupacional.
De acordo com Paschoal e Tamayo (2004), o estresse ocupacional pode ser
definido como um processo em que o indivíduo percebe demandas do trabalho
como estímulos estressores, os quais, ao exceder sua habilidade de enfrentamento
(coping), provocam no sujeito reações negativas.
No entanto, os autores alertam para a utilização pouco consistente do termo
“estresse ocupacional”, em função da multiplicidade de pesquisas realizadas nesse
campo, nas quais se observam divergências sobre o seu significado e sobre as
formas de mensuração.
Dentro dessa perspectiva, podem-se dividir os estudos nesse campo como
sendo baseados nos estressores organizacionais (estímulos do ambiente de
trabalho que exigem respostas adaptativas por parte do empregado e que excedem
sua capacidade de enfrentamento), nas respostas do indivíduo (respostas
psicológicas, fisiológicas e comportamentais emitidas pelo indivíduo frente a fatores
do trabalho que excedem sua habilidade de enfrentamento), ou nas diversas
variáveis presentes no processo estressor-resposta (processo geral que consiste no
enfoque mais completo englobando os anteriores) (PASCHOAL; TAMAYO, 2004,
grifo do autor).
Conforme Niosh (1999, apud MARTINS, p. 136), as diferentes abordagens
sobre o estresse relacionado ao trabalho diferem, principalmente, quanto à
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importância dada às características do trabalhador versus as condições do trabalho
como a causa principal do aparecimento do estresse ocupacional. Uma tendência
não ignora a outra, apenas prioriza determinado fator em relação ao outro.
Entretanto, todos os pontos de vista vão apresentar uma importante similaridade: o
estresse se conceitua em termos da relação entre o trabalho e a pessoa, podendo
aparecer quando as exigências do trabalho não se ajustam às necessidades,
expectativas ou capacidades do trabalhador (SAUTER et al., 1998, apud MARTINS,
p. 136).
Segundo Levi (2001, apud MARTINS, p. 136), os estressores ocupacionais
surgem da organização social do trabalho e são mediados pela percepção,
avaliação e experiência do indivíduo acerca das estruturas e processos do ambiente
de trabalho (e.g., sobrecarga ou subcarga de trabalho, baixa margem de decisão).
Os trabalhos mais atuais têm procurado integrar a visão psicológica e a visão
fisiológica do estresse ficando mais clara a importância de fatores ambientais,
sociais, culturais e psicológicos na interpretação ou apreensão pessoal dos
estressores (GATCHEL; COLS, 1989, apud NASCIMENTO; PASQUALETTO, p. 04).
A relação estresse e psicologia, estresse e psicossomática, estresse e
psicanálise, encontrou boa acolhida entre estudiosos destes campos. Os estudos
sobre doenças do estresse caudadas por acontecimentos excepcionais e situações
do mundo hodierno, em situações estremas, são vertente que toma como
estressores aspectos do meio social e ambiental.
2.2 Meios de Avaliar os Sintomas do Stress
O diagnóstico dos sintomas e da fase em que a pessoa se encontra é uma
das dificuldades frequentemente encontradas por pesquisadores. Podemos
encontrar algumas sugestões de como mensurar o stress na literatura internacional.
Holmes e Rahe (1967) sugerem que essa mensuração seja feita
indiretamente através da avaliação dos grandes eventos estressantes que tenham
ocorrido na vida da pessoa nos últimos meses. Kanner et al. (1981) (apud LIMA,
2005, p. 03) asseguram que além dos grandes estressores, devem-se também
mensurar os pequenos aborrecimentos do dia-a-dia e seus efeitos cumulativos no
organismo.
Erverly e Sobelman (1987) sugeriram que uma outra forma indireta de se
19
mensurar a resposta de stress é por meio da avaliação dos aspectos cognitivos
emocionais.
Andreassi (1980) Ervely (1990) afirmaram que é possível medir a resposta de
stress em nível fisiológico, o que inclui técnicas eletrodérmicas, procedimentos
eletromiográficos e medidas vasculares. Selye, em 1976, e McClellend, Ross &
Patel, em 1985, aludiram que o stress pode ser avaliado em nível neuroendócrino
por meio do índice de catecolaminas derivadas de amostras do plasma, da urina e
da saliva são estudadas.
Para alguns autores como Arroba,(1988); Cassel,(1974); Lazarus & Folkman,
(1984); Lipp, (1996), as constantes percepções de pressão no cotidiano geram
grandes prejuízos ao bem-estar físico, mental e emocional de milhões de pessoas
no mundo.
2.3 Percurso do Stress
Selye (apud OLIVEIRA, 2006, p.12) descreveu uma reação adaptativa única e
geral do corpo quando submetido à agentes estressores, por ele denominada de
síndrome de adaptação geral, e caracterizada pela existência de três fases: fase 1.
Reação de alarme, decorrente da ativação do sistema nervoso simpático em que o
corpo fica pronto para enfrentar o desafio; fase 2. resistência, o corpo mantém-se
ativado, ainda que num grau menos intenso, de forma a manter seus recursos
disponíveis para o embate; fase 3. exaustão, exigido a manter-se ativado por um
período mais longo do que aquele que consegue suportar, o organismo entra em
exaustão e torna-se vulnerável, há uma queda na capacidade de pensar, de lembrar
e de agir, como também na capacidade de resposta do sistema imunológico.
Selye se referia, então, a uma tríade que representaria "a expressão
corporal de uma mobilização total das forças de defesa" (SELYE, 1965, p. 35).
Mais tarde, tais conclusões foram transpostas para o homem com suas devidas
adaptações.
Analogamente, Hanson (1989) associa as três fases do estresse propostas
por Selye às três fases básicas da vida: a fase de alarme corresponde à infância; a
fase de resistência corresponde aos anos saudáveis da vida de adulto, que chegam
ao declínio final, ou seja, à fase de exaustão, com a morte. O autor sublinha que a
fase de exaustão pode transformar jovens em velhos da noite para o dia.
20
Na revisão de seus conceitos, realizada em l984, Selye sugeriu que o
organismo tenta sempre se adaptar ao evento estressor e neste processo ele
utiliza grandes quantidades de energia adaptativa.
Na primeira fase, a do alerta, o organismo se prepara para a reação de luta
ou fuga, que é essencial para a preservação da vida. Os sintomas presentes
nesta fase se referem ao preparo do corpo e da mente para a preservação da
própria vida. Se o stress continua presente por tempo indeterminado, a "fase de
resistência" se inicia quando o organismo tenta uma adaptação devido à sua
tendência a procurar a homeostase interna.
Na "fase de resistência", as reações são opostas àquelas que surgem na
primeira fase e muitos dos sintomas iniciais desaparecem, dando lugar a uma
sensação de desgaste e cansaço. Se o estressor é contínuo e a pessoa não
possui estratégias para lidar com o stress, o organismo exaure sua reserva de
energia adaptativa e a "fase de exaustão" se manifesta, quando doenças sérias
aparecem. (LIPP, 2000, p. 82).
A resposta de stress necessariamente deve ser estudada nos seus
aspectos físicos e psicológicos, pois ela desencadeia não só uma série de
modificações físicas, como também produz reações a nível emocional. Na área
emocional, o stress pode produzir desde apatia, depressão, desanimo, sensação
de desalento e hipersensibilidade emotiva até raiva, ira, irritabilidade e ansiedade,
além de ter o potencial de desencadear surtos psicóticos e crises neuróticas em
pessoas predispostas.
As manifestações do stress também podem contribuir para a etiologia de
várias doenças físicas graves e afetar profundamente a qualidade de vida
individual e de populações específicas. Dentre as doenças psicofisiológicas
estudadas que tem o stress presente em sua ontogênese, seja como um fator
contribuinte ou como desencadeador, encontram-se: hipertensão arterial
essencial, úlceras gastro-duodenais, câncer, psoríase, vitiligo e retração de
gengivas, dentre outras. (LIPP, 2000, p. 82).
Embora Selye tenha identificado somente três fases do stress, no decorrer
da padronização do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (Lipp,
2000), publicado pela Casa do Psicólogo, uma quarta fase foi identificada, tanto
clinica, como estatisticamente. A esta nova fase foi dado o nome de "fase de
quase-exaustão" por se encontrar entre a "fase de resistência" e a "fase da
21
exaustão". Esta fase recém-identificada se caracteriza por um enfraquecimento
da pessoa que não mais está conseguindo se adaptar ou resistir ao estressor. As
doenças começam a surgir, porém, ainda não tão graves como as da "fase da
exaustão". Embora apresentando desgaste e outros sintomas, a pessoa ainda
consegue trabalhar e atuar na sociedade até certo ponto, ao contrário do que
ocorre em exaustão, quando a pessoa pára de funcionar adequadamente e não
consegue - na maioria das vezes - trabalhar ou se concentrar.
Os dados mostraram que a "fase de resistência", como proposta por
Selye, era muito extensa, apresentando dois momentos distintos não
caracterizados por sintomas diferenciados, mas sim pela quantidade e
intensidade dos sintomas.
Deste modo, no modelo quadrifásico de Lipp, a "fase de resistência" se
refere à primeira parte do conceito da "fase de resistência" de Selye, enquanto
que a "fase de quase-exaustão" se refere à parte final da mesma, quando a
resistência da pessoa está realmente se exaurindo. (LIPP; MALAGRIS, 2001, 87).
2.4 Trânsito
O trânsito é um grande sistema que possibilita, dentre outras coisas, o
encontro e o convívio social entre as pessoas. Entretanto, esse convívio nem
sempre ocorre de forma satisfatória ou harmônica, o que não raro gera irritação,
estresse, conflitos e confusões (CRISTO, 2012, p. 23).
Na concepção de Vasconcelos (1998), o trânsito é uma disputa pelo espaço
físico, que reflete uma disputa pelo tempo e pelo acesso ao equipamentos urbanos –
é uma negociação permanente do espaço, coletivo e conflituoso. E essa
negociação, dadas as características de nossa sociedade, não se dá entre pessoas
iguais: a disputa pelo espaço tem uma base ideológica e política; dependendo de
como as pessoas se vêem na sociedade e de seu acesso real ao poder.
Por trânsito, Rozestraten (1988) concebe como o deslocamento pelas vias de
veículos e pedestres que seguem a normas e procedimentos a fim de manter a
integridade dos mesmos. Porém a realidade tem mostrado que o crescimento da
frota de veículos vem ameaçando cada vez mais a integridade das pessoas,
requerendo medidas mais efetivas, visto que este fato pode causar mais acidentes,
congestionamentos e, por conseguinte, estresse nos condutores (AYRES; FERRI,
22
2004; CAMPOS, 2005; SILVA; GÜNTHER, 2005 apud SANTOS; CARDOSO;
SANTOS, 2012, p. 176).
2.5 Mobilidade Humana – Direito de Ir e Vir
Quando estamos falando em mobilidade, não estamos falando
exclusivamente sobre os problemas do trânsito. Eles estão incluídos, claro, e são
problemas importantes, mas são muitos os problemas relativos à mobilidade.
(FURTADO, 2010, p. 27).
Para saber como as pessoas se portavam no trânsito, a socióloga Alessandra
Olivato (2010) realizou uma série de entrevistas com usuários do trânsito, divididos
em cinco categorias: pedestres, motoboys e motoristas de carros, ônibus e táxis.
Basicamente as perguntas tratavam de como cada um via a si mesmo no trânsito,
enquanto motorista ou pedestre, como viam os outros, como percebiam as leis e as
autoridades, como concebiam o trânsito e como se sentiam nele. A pesquisa foi a
base de sua dissertação de mestrado, defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas (FFLCH) da USP. O objetivo era de tentar descobrir se existia
uma noção de espaço público e civilidade entre os motoristas e os pedestres.
Alessandra diz:
Depois de transcritas e analisadas, as entrevistas levaram a três conclusões
principais: não existe uma noção clara de espaço público no trânsito, com as pessoas tratando a coisa pública como privada; expressa-se um individualismo provavelmente derivado de que a luta individual pela
sobrevivência, no mundo atual, contribui para dificultar a compreensão do que é do outro; e, justificando a ausência de um sentimento de responsabilidade pelo coletivo, não há uma idéia generalizada da direção
defensiva cuja premissa é prever o que acontecerá no trânsito (2010).
A autora destaca que na interpretação dos dados obtidos nota-se que o
pedestre, por exemplo, é visto como um obstáculo, já que o trânsito é um local de
passagem que é preciso transpor o mais rápido possível. As leis são lembradas pela
maioria apenas como fator coercitivo, quando há a presença de autoridades, radares
ou placas. "A percepção da maioria é de que a lei é injusta. A lei não funciona como
princípio máximo e sempre há um motivo pessoal que justifique a inocência do
infrator."
Sobre a pesquisa a autora assevera:
23
E as considerações são muitas, quando falamos geralmente de espaço
público, nós falamos muito de direitos. Mas todas as minhas considerações levam na verdade a pensar no dever de nós todos como cidadãos que têm deveres e não apenas direitos. Lógico que direito está embutido, também,
mas todas as considerações levam principalmente à ênfase da questão do dever. (2010, p. 42)
E é um dever de se discutir o caráter humano da mobilidade, discutir a
circulação humana. Nesse entendimento, Furtado reforça que:
A circulação humana é um problema complexo, multideterminado, e que exige
macrossoluções, e nós, psicólogos, fazemos parte e precisamos nos preparar para
isso. É nosso compromisso com todos aqueles que circulam pelas cidades é nosso
compromisso com a questão da mobilidade humana (FURTADO, 2010, p. 40).
Clair Ana Mariuza e Lucio Fernando Garcia (2010, p. 15) afirmam que o
trânsito está, antes de qualquer coisa, fundamentado no direito que o cidadão possui
de ir e vir, visto que o exercício deste direito se dá em espaços públicos, que,
infelizmente, não são considerados como de todos, em um reconhecimento de que o
cuidado e as obrigações são imputados a todos os cidadãos. Assim temos que o
conceito de público não deve ser associado a uma idéia de governo ou estado, mas
deve ser reconhecido como de cada cidadão, de cada indivíduo que, com sua
particularidade e singularidade, constrói este espaço de convivência.
Espaço obrigatoriamente conduzirá o psicólogo a discutir e atuar na
elaboração e reconhecimento de políticas públicas no trânsito e na mobilidade
humana, como agente de cidadania a partir de seu conhecimento psicológico e de
cidadão.
2.6 Stress no Trânsito
O estudo do comportamento humano no trânsito é uma preocupação antiga
dos pesquisadores. A tendência histórica desses estudos deriva da necessidade de
compreender particularmente a influencia dos fatores de personalidade sobre as
condutas dos motoristas.
Hoffmann; Cruz e Alchieri (2003, p. 141), servindo-se de sua experiência com
diretor do DETRAN do Rio Grande de Sul, afirma que:
A condução de um veículo está matizada pelo caráter que cada um possui. O veículo é apenas uma peça metálica, mas, no momento que está sendo dirigida, passa a ter inteligência, a alma, a sensibilidade e o comportamento
24
do condutor. O veículo tem, portanto, as características da personalidade de
quem o estiver conduzindo.
Segundo os especialistas em Medicina de Tráfego (ABRAMET 2002), o
organismo tende a reagir ao estresse através de quatro estágios : alerta, resistência,
exaustão e falência, causando sérias consequências físicas e emocionais. O
organismo pode diante de uma situação estressante reagir “enviando mensagens” ,
de tensão muscular nos braços e cintura escapular, sensação de aperto no
estômago, taquicardia, rubor facial, insônia, cefaléia, lombalgia, etc.
Atualmente, falar de stress no trânsito é bastante comum, haja vista, a forma
de vida que leva esses mototaxistas e a crescente frota de veículos motores nas
cidades.
2.7 Como Controlar o Stress
Para Lipp (2000) o stress é uma reação, com componentes físicos e
emocionais, que o organismo tem frente a qualquer situação que represente um
desafio maior.
A citada autora, na mesma obra, esclarece que o stress pode ser benéfico em
doses moderadas, pois em momentos de tensão produzimos uma substância
chamada adrenalina ou dopamina, que nos dá ânimo, vigor, entusiasmo e energia.
Quando produzimos adrenalina ficamos “alerta” prontos para lutar ou fugir das
situações mais difíceis. Nesta fase do stress além de força e vigor, frequentemente
sentimos que é chamada de tarquicardia, tensão muscular, boca seca, nó (pressão)
no estômago e ficamos com as mãos frias e suadas. (LIPP, 2000, p. 83).
Todavia, se o stress é continuado, o organismo se cansa em excesso e a
pessoa começa a se desgastar demais. Os sintomas desta fase que é chamada de
“resistência” são sensação de desgaste generalizado e dificuldades com a memória.
Se o causador do stress desaparece, ou se a pessoa consegue lidar com ele
adequadamente, os sintomas desaparecem. Porém quando o estressor continua
presente, aí as dificuldades começam a aparecer de fato. As consequências do
stress excessivo na concepção de Lipp (2000) podem ser: gastrite, problemas de
pele - herpes, dermatites, urticária, psoríase e vitiligo - e hipertensão arterial dentre
outros, além de acarretar o envelhecimento precoce, dar depressão e ansiedade,
como também acarretar dificuldades sexuais.
25
Segundo Lipp (2000), estes sintomas são reversíveis e a pessoa pode ficar
inteiramente boa se não chegar na última fase do stress, conhecida como exaustão.
Quando se chega nesta fase, que só ocorre depois de muito stress, a pessoa já não
tem mais energia, fica incapacitada de concentrar, de trabalhar e não tem vontade
de fazer nada. Doenças sérias podem ocorrer e em casos raros, também pode
ocorrer a morte súbita.
Para controlar e proteger do stress excessivo vale recomendar uma
alimentação controlar a pressa, ou seja, procurar a estabilidade emocional, ter uma
qualidade de vida, viver o que é bom compensa pelo menos quatro áreas: social,
afetiva, profissional e a que se refere à saúde. Portanto, viver bem refere-se a ter
uma vida bem equilibrada em todas as áreas e uma maneira de se conseguir uma
boa qualidade de vida é através do controle adequado do stress emocional,
saudável, momentos de relaxamento que pode ser em forma de exercícios.
Igualmente, França e Rodrigues (1996, p. 112) apresentam suas
recomendações para a administração do estresse:
Kertesz e Kerman apresentam de forma esquemática e aparentemente simples um modelo operatório para avaliação e manejo do stress. Chamam-
no de Hexágono Vital; corresponde à análise de seis aspectos que revelam o estilo de vida de uma pessoa:
1. Alimentação; 2. Atividade física regular; 3. Tempo de repouso adequado;
4. Espaço para o lazer e diversão; 5. Trabalho que contenha a possibilidade de realização; 6. Inserção em um grupo social (de apoio).
Para Pitliuk (2007), na grande maioria dos casos de estresse a solução pode
ser facilmente encontrada, pode ser muito prazerosa, mas é difícil de ser aplicada
pelo fato de exigir mudança de hábitos.
2.8 Mototaxistas
A motocicleta representa, no Brasil, um meio de transporte socialmente
importante, especialmente para a classe trabalhadora que a utiliza para condução
e/ou para serviços de mototaxi, motoboy ou motofrete. Devido ao custo acessível do
veículo e das tarifas de serviço, e um equipamento que facilita a aquisição para a
profissionalização e contribui para a mobilidade social (SILVA; OLIVEIRA;
26
FONTANA, 2012, p. 1049).
Mototaxista é uma profissão que ainda não é reconhecida em várias cidades
brasileiras, mesmo com a Lei 12.009 sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em julho de 2009, que regulamenta o trabalho dos mototaxistas profissionais.
De acordo com a Lei, o motociclista que exerce a profissão precisa ter, no mínimo,
21 anos, habilitação na categoria A (de motos) há, pelo menos, dois anos, curso
especializado, nos termos da regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito,
além de haver obrigatoriedade do uso de coletes com dispositivos retrorrefletivos e
equipamentos de segurança, como o “mata-cachorro”, fixado no chassi do veículo,
destinado a proteger a moto e a perna do motociclista em caso de tombamento.
Mototáxis é uma nova modalidade de trabalho e transporte remunerado de
passageiros cada vez mais utilizados por pessoas.
Em Teixeira de Freitas, a profissão ainda não é amparada pelo poder público
municipal, fato este que traz diversos problemas para a classe de trabalhadores em
questão, os quais trabalham sob condições geralmente adversas e enfrentam
concorrência com outros mototaxistas inabilitados para o serviço e não fazem parte
de um sindicato ou associação.
2.9 Fatores que Influenciam o Stress do Mototaxista no Trânsito de Teixeira de
Freitas
Segundo o Jornal Alerta a frota de motocicletas em Teixeira de Freitas,
triplicou nesses dez anos, saltando de 4.612.431 motos em 2001 para 16.394.919
em 2010. Ou seja, um aumento de 255%, sendo que, no mesmo período, toda a
frota nacional de veículos cresceu 101,2%.(http://www.jornalalerta.com.br).
Ainda segundo o Jornal Alerta, com frota de 30 mil veículos e 15.507 (quinze
mil e quinhentas) motos, o trânsito de Teixeira de Freitas passou a ser um caos,
além do mais, somam-se veículos de mais 12 municípios que aqui concentram suas
compras. Há, também, aqueles que passam pela BR-101 e percorrem ruas da
cidade, o que pode elevar para, aproximadamente, 70 mil este número – entre
motos e carros.
O que se observou e que os mototaxistas permanecem na profissão pela falta
de opção de trabalho, por ser um meio de sobrevivência e de sustento a família, com
um retorno financeiro razoável para suas necessidades pessoais, além de que a
27
maioria não possui anos de estudo suficientes para competir no mercado de
trabalho. Uma pesquisa confirmou esses dados, identificando que, apesar dos
riscos, a maioria desses profissionais continua exercendo a profissão por
necessidade ou por falta de outras opções de trabalho, e justificam os riscos
assumidos no exercício de suas atividades por conta da remuneração obtida.
Além disso, os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) utilizados por estes
trabalhadores no desenvolvimento de suas funções restringem-se ao capacete, que
muitas vezes gera mais calor, e as capas de chuva, que úmidas facilitam a
exposição as doenças respiratórias.
Muitos mototaxistas trabalham doentes ou com mal estar físico, a fim de
cumprir com seus compromissos financeiros, o que agrava o problema. Sabe-se que
dificuldades relacionadas ao próprio transporte, carga horária elevada e a
precariedade das condições de trabalho são alguns dos fatores que contribuem para
o sofrimento e adoecimento tais como o cansaço, as dores no corpo, o calor, o sono,
o medo e o estresse (SALIM, 2007).
Apesar dos vários benefícios trazidos como pontos cobertos equipados de
televisão, telefones ,ainda assim, a atividade de mototaxista na cidade pesquisada é
estressante pelo fato do trânsito ser intenso, a falta de respeito por parte dos
veículos e o perigo de trafegar em bairros considerados de riscos em determinados
horários, devido o alto índice de violência dos mesmos.
28
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Ética
A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas fundamentais
conforme determina o Conselho Nacional de Saúde – CNS nº 196/96 do Decreto nº
93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as diretrizes e normas
regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos e do Código de Ética
dos Psicólogos, publicado pelo Conselho Federal de Psicologia (2005).
A participação na pesquisa teve caráter voluntário e os respondentes foram
informados previamente dos objetivos da pesquisa, porém de natureza sigilosa das
informações, do resguardo do anonimato.
Portanto a identidade dos sujeitos da pesquisa foi preservada, conforme
apregoa a Resolução 196/96 do CNS-MS, visto que, não foi necessário identificar-se
ao responder o inventário. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE).
3.2 Tipo de Pesquisa
Neste trabalho foi utilizada como técnica de pesquisa a aplicação do
Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL) pelo qual se procurou
investigar o nível de stress nos mototaxistas da cidade de Teixeira de Freitas.
.
3.3 Universo
O Inventário foi aplicado na Clínica do Motorista na cidade de Teixeira de
Freitas, na Av Getúlio Vargas, n. 2.415 e na Associação de Mototaxista de Teixeira
de Freitas - ASMOTEF, sediada na Av. São Paulo, 920, sala 1, Jardim Caraípe, na
cidade de Teixeira de Freitas, no dia 24 de Janeiro de 2013. A ASMOTEF foi
fundada desde junho1998, atualmente com 190 associados.
29
3.4 Sujeitos da Amostra
Os dados para a pesquisa de campo foi realizada com os mototaxistas
profissionais associados à Associação de Mototaxista de Teixeira de Freitas –
ASMOTEF. Também participou da pesquisa o presidente da Associação de
Mototaxista de Teixeira de Freitas – ASMOTEF, que nos concedeu uma entrevista.
Os respondentes que voluntariamente participaram da avaliação foram
recrutados em pontos de mototaxistas montados em vários pontos da cidade,
portanto, eram pessoas que estavam funcionando regularmente em sua
comunidade. A amostra incluiu 20 mototaxistas profissionais, todos do sexo
masculino, na faixa etária de 28 à 44 anos de idade, escolaridade da 5ª série ao
ensino superior. Foram utilizadas as abordagens quantitativas e qualitativas, com
observações, entrevistas, aplicação do Inventário de Sintomas de Stress (Lipp), que
concordaram em participar da pesquisa, assinando, para isso, o Termo de
Consentimento Livre após Esclarecimento.
3.5 Instrumentos de Coleta de Dados
Foram utilizados os seguintes instrumentos para a coleta de dados: Inventário
de Sintomas de Estresse para Adultos (ISSL) (LIPP, 2000). O inventário foi validado
por Lipp e Guevara (1994) e permite a identificação da presença de estresse, além
da fase de estresse em que a pessoa se encontra (alerta, resistência, quase
exaustão ou exaustão). O ISSL apresenta quadros que contêm sintomas físicos e
psicológicos de cada fase do estresse. E, o Manual do ISSL que é indicado para
informações relacionadas à correção e avaliação do instrumento, bem como, para
maiores detalhes acerca das análises estatísticas realizadas no processo de sua
elaboração e avaliação.
3.6 Plano para Coleta dos Dados
Foi realizado com anuência e autorização do Diretor da Clínica do Motorista,
depois de lhe explicar a finalidade da pesquisa, e que esta seguia os padrões da
comissão de ética.
Ao fazer contato com os mototaxistas, os objetivos da pesquisa eram
30
explicados, bem como os critérios de inclusão nesta, e aqueles que preenchiam
esses critérios e que de forma voluntária resolveram participar eram convidados a
adentrar em uma sala previamente preparada para aplicação da pesquisa.
Antes da aplicação do inventário aos voluntários, era feito a apresentação da
pesquisa novamente, qual era seu fim e os critérios para participação. Após esse
procedimento, os respondentes receberam o caderno de aplicação contendo três
quadros, sendo que o quadro 1 continha sugestões de sintomas; o quadro 2,
também quinze e o quadro 3, vinte e três sugestões. Em seguida, dava-se
explicação do que se tratava cada sintoma com as instruções de deveriam assinalar
o quadro 1 com F1 ou P1 para sintomas que tenham experimentado nas últimas 24
hora; Quadro 2 com F2 ou P2 para sintomas que tenham experimentado na última
semana e o Quadro 3 com F3 ou P3 para sintomas que tenham experimentado no
último mês.
O pesquisador teve o cuidado de perguntar se tinham alguma dúvida, e
explicado que estaria ali para qualquer necessidade dos respondentes, reiterando
que podiam para a qualquer momento se assim o desejasse sem nenhum problema.
Os instrumentos foram aplicados no mês de janeiro de 2013, a duração foi de
aproximadamente 15 minutos.
3.7 Plano para a Análise dos Dados
Pra análise dos resultados adotamos como procedimento as seguintes
técnicas: em uma sala preparada para aplicação de testes, a população alvo foi
convidada a responder o Inventário de Stress para Adulto de Lipp a fim de coletar
dados e responder a hipótese levantada nesta pesquisa. Em seguida realizou o
diagnóstico individual o qual originou os resultados e discussões dos resultados.
31
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O teor da entrevista com o Sr. Railon Sena Rocha presidente da Associação
foi o que se segue:
Com o objetivo de socializar o grupo para trabalho em equipe. Seguro grupal
médico contra acidente de trânsito. Ponto de apoio e proteção p/ o profissional.
Discutir a melhoria para as associações, foi fundada em 1998 a Associação –
ASMOTEF. Hoje a Associação conta com 190 associados.
Quando perguntado sobre a constituição da associação o presidente
respondeu que a ASMOTEF é formada de 1 presidente, 1 tesoureiro, 1 secretaria
(atendente), 1 secretario, 3 fiscais (auxiliar nas reuniões e observar tesoureiro), 2
conselheiros. Com horário de funcionamento: 8:00 ás 11:00 e das 13:00 ás 17:00
horas. Oferece água, biscoito, álcool gel para limpeza do capacete, Internet,
uniforme fornecido pela associação.
O Sr. Railon esclareceu que o presidente é eleito por votação dos associados,
mandato com duração de 2 anos.
ASMOTEF conta com 18 pontos de mototaxistas, sendo que cada ponto
conta com uma cobertura, televisão e água.
Os dados mostram-se consistentes e permitem observar um índice de stress
baixo em razão da organização da classe.
A avaliação do quadro que sintetiza a incidência de stress na cidade de
Teixeira de Freitas que revelou um baixo nível de stress entre os mototaxistas se
deve ao fato de que, com se nota pela fotos, os pontos de apoio oferecem condições
para que os mesmos possam descansar e interagir com seus pares.
Segundo o Sr. Railon o número de acidentes envolvendo mototaxista é de
1%. Os requisitos para ser mototaxista, de acordo com Sr. Railon é que o condutor
deve exercer atividade remunerada; fazer curso de auto-escola; ter alvará da
Prefeitura Municipal; estar com a documentação em dia e pagar um valor de R$
35,00 reais de mensalidade e ainda, é obrigatório o uso da flanela, álcool gel,
capacete e totalmente uniformizado. O mototaxista de ter carga horária de trabalho
de 12 horas, tarifa R$ 4,00 reais.
Quando perguntado sobre a maior dificuldade da profissão de mototaxista, ele
respondeu que era a locomoção nos bairros – distância e falta de infraestrutura.
32
Sem placas, endereço incorreto, trânsito, falta de educação do passageiro com
agressões verbais e o desejo de burlar as leis, pessoas bêbadas ou querendo levar
várias bagagens.
Nota-se que a Associação é bem estruturada, mesmo assim, levando em
conta o trânsito caótico de Teixeira de Freitas e ruas sem pavimentação é de se
esperar um desgaste tanto das motos que são ferramenta de trabalho do
mototaxistas, como também no dia-a-dia desses profissionais.
Sobre os planos do presidente para sua gestão, está a pretensão de construir
a sede própria; organização; padronizar os pontos de mototaxista por bairro; colocar
central telefônica nos pontos de mototaxista; fazer folhetos informativos.
O desenvolvimento de estratégias de valorização do trabalho do agente junto
à comunidade poderá ter um impacto positivo em sua qualidade de vida, pois
minimiza a percepção de: sobrecarga de trabalho, de dificuldade de administrar o
tempo, de estresse interpessoal, de dificuldade de administrar o trabalho, de
dificuldades em relação com os colegas e passageiros, de existência de recursos
inadequados e de dificuldades no ambiente de trabalho.
A valorização e o reconhecimento da importância do trabalho, segundo
Dejours (2004), se dão de duas maneiras: por meio do reconhecimento de utilidade
por parte da organização que possui aquele profissional e pelos usuários dos
serviços prestados. Segundo esse autor, a presença de reconhecimento é
fundamental para minimizar o sofrimento do trabalhador e, consequentemente,
diminuir suas possibilidades de adoecimento.
A psicologia do Trânsito estuda exatamente o comportamento das pessoas
que participam do trânsito, este sistema complexo que, apesar dos grandes avanços
que nos vem possibilitando, também se vem mostrando bastante problemático.
Desse modo, todos os envolvidos no trânsito, direta ou indiretamente, são “objetos”
da Psicologia do Trânsito: motoristas, passageiros, pedestres, ciclistas, engenheiros
de tráfego e instrutores de trânsito. Assim, a Psicologia do Trânsito procura
investigar os fatores que determinam os comportamentos neste sistema, sob quais
condições eles se manifestam, bem como os diversos aspectos psicológicos e
sociais que estão relacionados a esses comportamentos. Desse modo, as análises
estatísticas foram realizadas levando-se em consideração 20 respondentes.
Na tabela 1 tem-se os resultados referentes a faixa etária dos mototaxistas
participantes da pesquisa.
33
Tabela 1- Faixa etária da amostra de mototaxistas participantes da pesquisa.
Faixa etária N (%)
21-30
31-40 41-50
10
7 3
50
35 15
Total 20 100 Fonte: Dados da Pesquisa. Teixeira de Freitas-BA. 2013.
Verifica-se que a distribuição dos avaliados por faixa etária variou de 21 a 30
anos com 50% (cinquenta por cento) seguido dos respondentes com 31 a 40 anos o
que equivale 35% (trinta e cinco por cento) e finalmente os respondentes com 41 a
50 equivalente a 15% (quinze por cento).
.A Tabela 2 mostra a distribuição dos respondentes com relação ao grau de
escolaridade, sendo que a maioria 35% (trinta e cinco por cento) possui o ensino
médio.
Tabela 2 - Nível de escolaridade da amostra
Escolaridade N (%)
Ensino fundamental
Ensino médio Superior incompleto Superior Completo
10
07 01 02
50
35 05 10
Total 20 100 Fonte: Dados da Pesquisa. Teixeira de Freitas-BA. 2013
Na Tabela 3 é encontrada a incidência de stress. Pode-se verificar que 19
pessoas (95%) não possuíam sinais de stress, 1% estava na fase de resistência.
Tabela 3 - Presença de stress conforme o ISSL
Presença de stress
Frequência (%)
Fase de resistência
Não tem stress
01
19
05
95
Total 20 100 Fonte: Dados da Pesquisa. Teixeira de Freitas-BA. 2013
Com relação à fase de stress, foi identificada a existência de um caso de fase
de resistência, que é considerada por Lipp.
34
A fase de resistência, persiste o desgaste necessário à manutenção da fase
de alarme. Na medida em que o agente estressante mantiver a sua ação haverá
uma descarga hormonal que sobrecarregará as glândulas suprarenais,
comprometendo a medula e o seu funcionamento. Desta forma, toda esta
mobilização de energia poderá gerar algumas consequências como: redução da
resistência do organismo a infecções, irritabilidade, insônia, lapsos de memória e
mudanças de humor (SELVE apud HIPPERT; FIGUEIRAS, 1999, p. 40).
É natural, e até esperado, que o ser humano experiencie algum desconforto
ocacional que se encontre dentro do elenco de sintomas regulares de stress, Isto,
isoladamente, não significa, nem deve ser interpretado, como tendo significado
clínico para o diagnóstico de stress emocional. O que dá base para tal diagnóstico é
a presença de um quadro sintomatológico composto por vários itens que se
prolongam por um período de tempo. Por isso é que em cada quadro do ISSL existe
a possibilidade de o respondente marcar alguns itens a mesmo assim o stress não
ser diagnosticado. Só se faz o diagnóstico de stress se a pessoa mostrar um número
de sintomas acima do escore crítico para cada fase. Esses escores foram
determinados por protocolos acumulados ao longo de 15 anos de experiência clínica
com milhares de pessoas sofrendo de stress ou não. (LIPPE, 2000, p. 23).
Considera-se absolutamente viável que a pessoa em certo momento de sua
vida ter um ou outro sintoma característico de stress sem realmente tê-lo. Isto
porque o sintoma do momento pode estar ligado a outra patologia ou pode ser
devido a algo momentâneo, como uma refeição pesada que gere azia. No entanto,
se o respondente alegar que tem tido vários sintomas por um período prolongado ou
se o número de sintomas for muito grande, mesmo que inferior aos limites, deve-se
levantar a hipótese de que fatores stressantes de grande porte talvez estejam
incidindo sobre ele. Um trabalho preventivo deve ser recomendado, a fim de
minimizar os stressores presentes ou aumentar a resistência da pessoa que que
está ocorrendo. (op. cit. p. 24).
Verificando a fase de stress em que os mototaxistas se encontravam,
conforme Tabela 4, constatou-se que dos participantes, apenas 1 encontrava-se em
fase de resistência com predominância de sintomas psicológicos.
35
Tabela 4 - Fases do stress em agentes de trânsito segundo o ISSL
Fase do estress Frequência (%)
Fase alerta Fase de quase
exaustão Fase de resistência Fase de exaustão
00 00
01 00
00 00
100 00
Total 01 100 Fonte: Dados da Pesquisa. Teixeira de Freitas-BA. 2013
A fase de resistência, persiste o desgaste necessário à manutenção da fase
de alarme. Na medida em que o agente estressante mantiver a sua ação haverá
uma descarga hormonal que sobrecarregará as glândulas suprarenais,
comprometendo a medula e o seu funcionamento. Desta forma, toda esta
mobilização de energia poderá gerar algumas consequências como: redução da
resistência do organismo a infecções, irritabilidade, insônia, lapsos de memória e
mudanças de humor (SELVE apud HIPPERT e FIGUEIRAS, 1999, p. 40).
Quanto à predominância de sintomas, se físicos ou psicológicos, tem-se os
resultados apresentados na Tabela 5:.
Tabela 5 - Predominância de sintomas
Tipos de sintomas Frequência Frequência (%)
Físicos 00 00
Psicológicos 01 100
Ambos 00 00
Total 100 100 Fonte: Dados da Pesquisa. Teixeira de Freitas-BA. 2013
Verifica-se que os principais sintomas apontados pelos mototaxistas foram:
formigamento das extremidades, sensibilidade emotiva excessiva, irritabilidade
excessiva e diminuição do libido.
36
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Buscou-se, identificar os fatores que influenciam o estresse no trânsito em
mototaxistas que trabalham na cidade de Teixeira de Freitas, a fim de se obter um
resultado no que tange a relação do comportamento desses profissionais no trânsito
com as questões da vida pessoal.
Espera-se que a divulgação dos resultados da presente pesquisa para a
comunidade de mototaxistas teixeirense favoreça a compreensão e a
conscientização de que o cuidado com a saúde atrelado ao bom senso no trânsito
são fatores preponderantes para evitar o stress.
Os dados mostraram-se consistentes em suas distribuições e permitem
observar índice de stress inferior ao apontado no Manual do Inventário de Sintomas
de Stress, o qual parece vir ao encontro das explanações de que, melhores
condições de qualidade de vida, oferecida pelas cidades do interior podem
proporcionar um nível menor de stress, mesmo em uma cidade em fase de
crescimento com é o caso da cidade escolhida para realizar a pesquisa, mesmo
porque na pesquisa foi detectado apenas um mototaxista em fase de resistência,
que segundo o Manual a pessoa nesta fase é uma pessoa automaticamente que
tenta lidar com seus estressores de modo a manter sua homeostase interna. De
acordo com o Manual se os fatores estressantes persistirem em frequência ou
intensidade há uma quebra na resistência da pessoa e ela passa à fase de quase-
exaustão.
Também é imprescindível indicar alguns limites desta pesquisa pelo fato de
ela ter sido realizada em uma única cidade, o que limita as possibilidades de
generalizar seus resultados. Por outro lado, os limites identificados abrem
perspectivas para novas pesquisas que investiguem realidades diferentes para
verificar se a relação entre fatores estressores permanece a mesma ou se modifica
de região para região, ou de cidade para cidade.
Conclui-se, portanto, que, embora a pesquisa tenha detectado apenas um
mototaxista em fase de resistência, podemos vislumbrar que no futuro esse
percentual venha aumentar, haja vista a crescente frota de veículos automotores na
cidade de Teixeira de Freitas.
Por fim, como recomendações, sugere-se a realização de novos trabalhos
37
sobre o tema, considerando que o assunto ainda é desconsiderado. A ampliação da
base teórica a respeito do estresse na profissão dos mototaxistas poderá ser útil no
desenvolvimento de programas, palestras e ações voltados para a redução da
incidência de estresse ocupacional e melhoria na qualidade de vida dos
mototaxistas.
38
REFERÊNCIAS
ABRAMET – Associação Brasileira de Medicina de Tráfego. Medicina de tráfego: 101
perguntas e resposta. 1. ed. São Paulo, 2002.
ALCHIERI, João Carlos; NORONHA, Ana Paula Porto. Comportamento Humano do
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APÊNDICES
ENTREVISTA
Entrevista realizada dia 24 de Janeiro de 2013 na ASMOTEF – Associação de
Mototaxista de Teixeira de Freitas – BA, com o presidente Railon Sena Rocha.
1 – Quantos mototaxistas?
R: 190
2 – Quantos postos de mototaxistas?
R: 18
3 – O que tem nos pontos de mototaxistas?
R: Televisão e água
4 – Como é escolhido o presidente da ASMOTEF?
R: Eleito por votação dos associados, mandato com duração de 2 anos
5 – Quando a ASMOTEF foi criada?
R: 1998
6 – Qual objetivo da ASMOTEF?
R: Objetivo de socializar o grupo para trabalho em equipe. Seguro grupal médico
contra acidente de trânsito. Ponto de apoio e proteção p/ o profissional. Discutir a
melhoria para as associações.
7 – O número de acidentes envolvendo mototaxista?
R: Acidente 1% e acidente grave 0%.
8 – Quais requisitos para ser mototaxista?
R: Exercer atividade remunerada;
- Curso de auto-escola;
- Alvará da Prefeitura Municipal;
- Documentação em dia;
9 – Como é formada ASMOTEF?
R: 1 presidente, 1 tesoureiro, 1 secretaria (atendente), 1 secretario, 3 fiscais (auxiliar
nas reuniões e observar tesoureiro), 2 conselheiros.
Horário de funcionamento: 8:00 ás 11:00 e das 13:00 ás 17:00 horas. Oferece água,
biscoito, álcool gel para limpeza do capacete, Internet, uniforme fornecido pela
44
associação.
O mototaxista paga um valor de R$ 35,00 reais de mensalidade.
10 – Qual a maior dificuldade da profissão de mototaxista?
R: Locomoção nos bairros – distância e falta de infraestrutura. Sem placas,
endereço incorreto, trânsito, falta de educação do passageiro com agressões verbais
e o desejo de burlar as leis, pessoas bêbadas ou querendo levar várias bagagens.
11 – Quais os planos do presidente para essa gestão?
R: Sede própria;
- Organização;
- Padronizar os pontos de mototaxista por bairro;
- Colocar central telefônica nos pontos de mototaxista;
- Fazer folhetos informativos;
12 – É obrigatório o uso da flanela, álcool gel, capacete e totalmente uniformizado.
13 – Carga horária de trabalho são 12 horas, tarifa R$ 4,00 reais.