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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO
GEYZA EMANUELE MARTINS BESSA
PERFIL SOCIAL DE CANDIDATOS A PRIMEIRA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO NA CIDADE DE MANAUS/AMAZONAS
MACEIÓ-AL 2012
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GEYZA EMANUELE MARTINS BESSA
PERFIL SOCIAL DE CANDIDATOS A PRIMEIRA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO NA CIDADE DE MANAUS
Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Manoel Ferreira do Nascimento Filho
MACEIÓ-AL 2012
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GEYZA EMANUELE MARTINS BESSA
PERFIL SOCIAL DE CANDIDATOS A PRIMEIRA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO NA CIDADE DE MANAUS
Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.
APROVADO EM ____/____/____
__________________________________________ PROF.DR. MANOEL FERREIRA DO NASCIMENTO FILHO
ORIENTADOR:
____________________________________ PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO
BANCA EXAMINADORA
____________________________________ PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA
BANCA EXAMINADORA
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha mãe que me mostrou o quanto eu era capaz de
conseguir realizar meu objetivo, a ela devo meu amor, carinho e minha gratidão,
pois, é minha companheira de todas as horas.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que esteve comigo do início ao fim dessa jornada, à
minha família que me apoiou desde o início dessa caminhada e esteve comigo
até aqui, a minha mãe que me incentivou sempre a não desanimar e desistir,
aos professores que deram o melhor em me repassando seus conhecimentos
para que eu pudesse me tornar um profissional mais capacitado, aos colegas
que conheci nessa jornada e que se tornaram grandes amigos, a essa cidade
Maceió que me acolheu e me mostrou claramente o conceito de diversidade,
alegria, luta pelos nossos sonhos e principalmente a concretização deles.
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“Mas sedes fortes, e não desfaleçam as vossas
mãos, porque a vossa obra terá recompensa”
(2 crônicas 15.7).
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RESUMO
Esta pesquisa de campo teve o intuito de obter informações sobre o perfil social de candidatos a primeira carteira nacional de habilitação- CNH. A pesquisa foi realizada na cidade de Manaus, a coleta de dados foi realizada em uma clínica de trânsito, através de questionários com perguntas fechadas e uma amostra de 100 candidatos, obteve-se com os dados coletados uma porcentagem com maior incidência nos aspectos sociais do candidato tais como, o gênero que apareceu com 55% de prevalência do sexo masculino, a faixa etária dos participantes aparece com 48% entre 18 e 25 anos, o grau de instrução dos participantes aparece com 53% no ensino médio, 66% dos participantes exerce uma atividade remunerada e 58% dos candidatos a categoria pretendem tirar a habilitação na categoria B, de posse desses dados já é possível ter um perfil social desses candidatos e com isso poderão ser elaboradas políticas de educação de trânsito mais especificas e eficientes.
Palavras-chave: Perfil social, pesquisa de campo, Trânsito.
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ABSTRACT
This field survey aimed to obtain information about the social profile of the applicants to their first national driver’s license- known as CNH. The survey was done in the city of Manaus, the data collecting was done in a traffic clinic through questionnaire with closed-ended questions and a sample of 100 applicants, it was obtained with the collected data a percentage with a higher occurence in the social aspects such as, the gender that appeared with a prevailing 55% was of the male gender, the age of the participants appears with 48% ranging from 18 to 25 years old, the level of education of the participants appears with 53% in “ensino médio”, 66% of the participants carries out paid work and 58% of the applicants intend to obtain the driver’s license in the B category. By possessing this data it is already possible to have a social profile of these applicants, enabling hence, the creation of more specific and effective policies of traffic education.
Key words: Social profile, fieldsurvey, traffic.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................10
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................12
2.1 A Educação para o Trânsito....................................................................12
2.2 A Socialização dos Transportes Terrestres...........................................14
2.3 A Socialização de Gênero no Trânsito...................................................16
2.4 O Perfil dos Motoristas Brasileiros.........................................................17
2.5 Os Jovens Condutores no Trânsito........................................................20
3. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................23
3.1 Ética...........................................................................................................23
3.2 Tipo de Pesquisa .....................................................................................23
3.3 Universo ...................................................................................................23
3.4 Sujeitos e Amostra ..................................................................................23
3.5 Instrumento de Coleta de Dados ............................................................24
3.6 Procedimentos para Coleta de Dados ...................................................24
3.7 Procedimentos para Análise dos Dados................................................24
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................25
4.1 Gênero.......................................................................................................25
4.2 Faixa Etária................................................................................................26
4.3 Nível de Escolaridade...............................................................................27
4.4 Exerce Atividade Remunerada................................................................28
4.5 Categoria Pretendida...............................................................................29
5 . CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................31
REFERÊNCIAS ...............................................................................................32
APENDICE........................................................................................................36
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1 INTRODUÇÃO
O psicólogo como um profissional que estuda o ser humano, deve
conhecer suas diferentes formas de viver e se desenvolver, é um profissional
da escuta individual e da ação no grupo em diferentes contextos e faixas
etárias e ele aparece como mediador das relações sociais e facilitador do
crescimento pessoal, a psicologia social procura desenvolver os instrumentais
de análise e intervenção relevantes para novas problemáticas que se
apresentam ao psicólogo, este trabalho de pesquisa propõe a problematizar
alguns aspectos teóricos e metodológicos da pesquisa de campo em Psicologia
Social.
O trânsito desde o descobrimento do Brasil foi parte integrante da vida
cotidiana das pessoas, naquela época, a estrutura demográfica do País era
diferente da atualidade a população concentrava-se nas áreas rurais e no
campo e as cidades não eram planejadas para o uso do automóvel, as grandes
rodovias só começaram a ser construídas no século XX com isso veio à
necessidade de se criar leis e mecanismos de convivência para que o trânsito
não virasse um caos.
Um dos mecanismos utilizado foi a criação da Carteira Nacional de
Habilitação que é usada para identificar os motoristas aptos a conduzirem um
veículo automotor e é através desse mecanismo que a pesquisa foi realizada
para identificar o perfil social desses candidatos a Carteira nacional de
Habilitação.
A pesquisa foi realizada na Clínica de Perícia Médica e Psicológica
chamada MEDTRAN na cidade de Manaus com uma amostra de 100(cem)
candidatos a primeira Carteira Nacional de Habilitação, teve como objetivo
coletar dados sobre o perfil social dos candidatos tais como o gênero, idade,
grau de instrução, atividade remunerada e categoria pretendida, essas
informações foram coletadas através da aplicação de 100 cem questionários
durante as entrevistas psicológicas no período de maio à setembro de 2012,
depois de coletadas essas informações foram verificadas e apresentaram-se
aspectos importantes na elaboração desse perfil que se faz necessário para
servir de auxílio como pesquisa na elaboração de políticas públicas eficientes
para a sociedade através da educação de trânsito visualizando um público
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específico, administrando uma linguagem mais direta e mais eficiente,
auxiliando também na atuação de muitos profissionais da área de trânsito.
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 A Educação para oTrânsito
Para melhorar o trânsito, é necessário apontar a necessidade de se
atuar em diferentes esferas de trabalho, uma delas é a educação que envolve a
formação de diversos tipos de usuários, incluindo-se as crianças, outra é a
engenharia que é responsável pelo projeto das vias, cálculo do tempo
semafórico, sinalização etc, e a fiscalização ficam a cargo da polícia que
procura fazer com que o Código Nacional de Trânsito seja respeitado pelos
usuários. Dentro desta orientação, a Companhia de Engenharia de Tráfego
possui um Núcleo de Estudos e Pesquisas do Comportamento, sendo o único
órgão público ligado ao trânsito que mantém atividades de pesquisa própria
conclui. (MARÍN, 2000).
O trânsito costuma ser visto pelos órgãos públicos ligados a esse setor
como uma questão exclusiva de engenharia de tráfego. O Estado deve tomar
para si a tarefa de incentivar os centros de pesquisa que vão produzir dados
sobre a realidade do trânsito no País, pois, o trânsito é uma atividade que está
profundamente articulada ao sistema sócio-econômico de uma cidade. Num
país considerado de terceiro mundo, como é o caso do Brasil, o trânsito
expressa uma profunda desigualdade na apropriação do espaço urbano,
refletindo a relação entre pedestres e condutores de veículos é o que diz
(QUEIROZ, 2002).
O psicólogo como um profissional que estuda o ser humano, deve
conhecer suas diferentes formas de viver e se desenvolver, é um profissional
da escuta individual e da ação no grupo em diferentes contextos e faixas
etárias e ele aparece como mediador das relações sociais e facilitador do
crescimento pessoal, a psicologia procura desenvolver os instrumentais de
análise e intervenção relevantes para novas problemáticas que se apresentam
ao psicólogo, mostrando a necessidade de se desenvolver mecanismos das
quais possam contribuir com a construção de uma sociedade mais
participativa, que seja capaz de se socializar buscando uma condição melhor
para se viver, por isso deve relacionar-se e fazer parte dessa discussão e
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propor idéias para a mudança dessa realidade segundo o que diz. (FRANCO,
1998)
As técnicas da Avaliação Psicológica são empregadas pelos psicólogos
de trânsito com a finalidade de auxiliar e a identificar adequações mínimas para
o correto e seguro exercício da atividade (remunerada ou não) de conduzir um
veículo automotor, devendo tentar garantir a segurança do condutor, do trânsito
e dos demais envolvidos. Dessa forma, deve haver uma preocupação por parte
dos profissionais em atuar de forma preventiva e também preditiva durante o
processo de avaliação, considerando os fatores internos e externos ao
indivíduo que possam interferir na ação e reação do motorista em situações de
trânsito, evitando dessa forma que se exponha a situações de riscos e a
outrem conclui. (MONTEIRO, 2006)
Qualquer atividade que o psicólogo desenvolva com relação à
problemática do trânsito deve ter como pano de fundo os acidentes que matam
muito mais do que se costuma imaginar e, como objetivo, a redução desses
acidentes, nada conhecemos a respeito do perfil social dos motoristas
brasileiros. O psicólogo pode produzir dados de pesquisas através do registro e
da análise dos comportamentos de motoristas, com o objetivo de traçar um
perfil desse público, visando à elaboração de medidas de educação de trânsito,
é importante ressaltar que todas as formas de educação para o trânsito, seja
para crianças em escolas primárias, sejam para adultos através de veiculação
de campanhas de publicidade nos meios de comunicação, são sempre de
extrema valia e exigidas pela sociedade em geral como mostra (MACEDO,
2004)
No entanto, o que se percebe, é que as ações educativas acabam por
perder parte da sua eficácia por não serem acompanhadas por um processo de
avaliação, campanhas bem-sucedidas incluem estratégias educativas,
modificação ambiental e aplicação da legislação. Algumas melhorias poderiam
ocorrer se fosse implantada nas escolas especificamente, na grade curricular
do ensino médio, uma educação para o trânsito para que o aluno já tomasse
conhecimento das normas e deveres que ele tem no trânsito e não somente
quando fosse tirar a carteira nacional de habilitação segundo conclui.
(MORAES, 1999).
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As cidades poderiam colocar em seus roteiros de turismo suas belezas
naturais relacionando a preservação da vida e promovendo educação para o
trânsito, as empresas devem ser incluídas como publico alvo dessa educação e
como multiplicadores de informação relacionada ao trânsito, os estados devem
promover fóruns com diversos seguimentos da sociedade para preparar
políticas publicas relacionadas ao trânsito visando a melhoria do mesmo, a
mudança de mentalidade e buscando a prevenção sempre dos acidentes,
mostrando a verdadeira face dos acidentes pessoas com a vida bloqueada e
uma despesa exorbitante à saúde do pais.
2. 2 A Socialização dos Transportes Terrestres.
O homem é um ser social. Vive em grupos modificando-se e adaptando-
se de acordo com suas necessidades, o homem está constantemente se
relacionando com outras pessoas, com diferentes objetivos e períodos de
tempo para que ocorra o desenvolvimento de suas capacidades. E, para que
se torne possível a convivência de maneira harmoniosa entre os indivíduos é
necessário organização e respeito aos direitos e deveres individuais e do grupo
que são determinados por normas de comportamento em todos os setores da
vida abrangendo valores (sociais, morais, éticos, religiosos, etc.).
Segundo Yalom (2006):
“Qualquer perspectiva pela qual se estude a sociedade humana, se examinarmos a história da evolução da humanidade ou o desenvolvimento de um único individuo sempre nos obriga a considerar o ser humano na matriz de seus relacionamento interpessoais”.
O trânsito é, sem dúvida, uma resultante das aglomerações humanas,
tendo surgido o veículo justamente para facilitar o deslocamento, a
comunicação e a interação entre os indivíduos e os grupos e como eficiente
meio de transporte auxilia na inter-relação das pessoas, proporcionando um
relacionamento contínuo, porém, o convívio das pessoas nas vias públicas
envolve uma série de fatores, que se não forem levados em consideração,
acabam por tornar o trânsito violento e propenso a acidentes de acordo com
(BASTOS, 1999)
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Há nas vias públicas, diversos tipos de motoristas que precisam conviver
pacificamente, respeitando direitos e deveres alheios para que haja harmonia,
uma vez que o homem está em constante comunicação com o ambiente e com
os indivíduos, é nesse relacionamento que ele encontra a sua realização e a
satisfação de suas necessidades. O condutor do veículo automotor, o
passageiro, o pedestre, o ciclista está constantemente em processo de
interação social, comunicam-se, enfrentam problemas de trânsito
(estacionamento, engarrafamentos, horários a cumprir, problemas com o
veículo) e fazem uso dos direitos e deveres comuns a todos.
Moscovici (2007) afirma que:
“As relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do processo de interação, em situações de trabalho, compartilhadas por duas ou mais pessoas, há atividades predeterminadas a serem executadas, bem como interações e sentimentos recomendados, tais como: comunicação, cooperação, respeito e amizade.”
O trânsito é na realidade, um campo onde os fenômenos em relação à
falta de senso comunitário mais se evidenciam, conviver e ter consciência
social pressupõe considerar o outro em seus desejos, direitos, respeito,
solidariedade, generosidade e saber limitar seus interesses em função dos
interesses coletivos conclui (BASTOS 1999).
Os acidentes de trânsito se apresentam nos dias atuais como uma
questão de saúde pública, pois, o aumento da mortalidade devido à violência
no trânsito, já é considerado um grande marco devido sua extensão e
consequência para o indivíduo, para a família e para a sociedade. As mortes
resultantes do trânsito aumentaram consideravelmente nos países em
desenvolvimento, por isso, é necessário melhorar as vias de circulação, a
gestão do tráfego e aumentar as medidas de segurança dos veículos, além
disso, é preciso reduzir, em alguns casos, os limites de velocidade autorizados
e proibir aos motoristas o consumo de álcool segundo (QUEIROZ, 2002).
Um sistema normativo é condição indispensável para a fluidez e
segurança no trânsito, sendo esta sempre relacionada aos índices de
acidentes. Não resta dúvida de que atualmente o trânsito seria impensado sem
a presença de regras que regulam a movimentação e a ocupação das vias,
toda a supervisão do trânsito (fiscalização, controle) está baseada num
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conjunto de leis e dispositivos, que constam nos códigos e regulamentos de
cada país é o que diz (ANDRADE, 2000).
Em toda a experiência mundial de trânsito, as normas juntamente com a
fiscalização do seu cumprimento têm exercido um papel fundamental, a relação
direta entre fiscalização-punição às normas, porém a mortalidade por acidente
de trânsito representa somente uma parte do problema conclui (BASTOS,
1999)
2.3 – A Socialização de Gênero no Trânsito
O tema dos papéis de gênero em nossa sociedade ocidental
industrializada está diretamente vinculado à socialização de gênero e às
crenças e atitudes sobre as relações no trânsito, já que o gênero atua como
determinante fundamental do status na hierarquia social, levando a certas
formas de viver de homens e mulheres e os papéis que cada um deve assumir
em função das demandas sociais, conclui (ALMEIDA, 1995).
Assim, contextualizar o fenômeno gênero no âmbito do sistema de
trânsito num tempo e num espaço requer um olhar que permita conhecer e
avaliar a dimensão das mudanças e transformações sociais vividas num
momento histórico bem como a construção de novos padrões de conduta
normativos. O comportamento que homens e mulheres experimentam no
âmbito do sistema de trânsito começa a ter uma dimensão mais ampla no
campo de estudo da Psicologia social. Esta pesquisa se propõe a refletir sobre
as diferentes percepções dos/das motoristas dentro da perspectiva dos estudos
de gênero segundo (HALBWACHS, 1990).
A concepção de gênero é formulada como distinção ao de sexo. Sexo
refere-se, exclusivamente, ao aspecto biológico e anatômico, que determina se
o ser humano é um homem ou uma mulher. E, que gênero indica uma
construção psicossocial, cultural e historicamente construída ao longo do
desenvolvimento, que vai definir os papéis masculinos e femininos, significando
e caracterizando a personalidade, o comportamento sexual, a aparência física,
etc., tanto do homem como da mulher em uma dada sociedade é o que diz
(SCOTT 1995).
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De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (2000), as discussões
atuais sinalizam a urgente necessidade de a Psicologia responder à
problemática gerada pelo fenômeno trânsito. Enquanto fenômeno que se dá
nas vias públicas e envolve o ir e vir de pessoas (pedestre, motorista, ciclista e
motociclista), não pode ser entendido apenas como um campo disciplinar
voltado para o indivíduo em suas ações no trânsito.
Com o objetivo de fazer reflexões acerca das relações dos/das
motoristas no espaço de trânsito dentro de uma perspectiva de gênero, visando
a caracterizá-lo e identificá-lo, bem como o de investigar as representações
sociais, segundo dados da pesquisa percebe-se que ainda existe um número
maior de homens tirando a carteira Nacional de habilitação. Porém, as
mulheres não estão muito atrás na pesquisa já existe um número bem
considerável de mulheres sendo habilitadas. É importante ressaltar que, nas
últimas cinco décadas, as mulheres aparecem em número cada vez mais
acentuado nos volantes brasileiros. Hoje, a mulher exerce vários papéis e tem
várias jornadas a cumprir e o carro ajuda muito e, para ela não é lazer, e sim,
instrumento de trabalho como diz. (DINIZ, 2004).
Cada dia mais, a mulher vem promovendo um movimento de reflexão,
questionamento e ressignificação de papéis cristalizados e de funções
femininas, inclusive conquistando espaços, obtendo reconhecimentos que
levam a uma reestruturação de sua identidade e de seu lugar no mundo. Essa
situação encontra seus fundamentos numa história de muita luta. Tal
movimento revela o quanto a mulher tem transitado com desenvoltura nesses
novos tempos, opondo-se a uma submissão e dependência históricas nas
quais, constantemente, desempenhou uma função inferior conclui (ALMEIDA,
1995).
2.4 O Perfil dos Motoristas Brasileiros
Na medida em que as cidades crescem e se modernizam, atraem as
indústrias e concentram nas regiões centrais os empregos e os bens de uso e
consumo. O sistema de trânsito é influenciado pela localização das residências,
dos empregos, dos serviços de saúde, das escolas, do lazer. Cada um desses
elementos contribui de certa forma para a organização dos modos de
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circulação e dos padrões de deslocamentos, o crescimento das cidades
provocou a superlotação das ruas em razão do aumento da frota de veículos, a
necessidade de locomoção rápida exige um maior número de automóveis
transitando pelas ruas. A partir dos anos 50 o automóvel ganhou importância
nas relações sociais passando a representar símbolos sociais como status,
liberdade, poder, utilidade e conforto é o diz (GIDDENS 1991).
No Brasil, somente na década de 90 as leis de trânsito e a fiscalização
ficaram mais consistentes, reduzindo pela metade os índices de mortalidade
(25 mortes/100 milhab/ano), daí a criação de leis de parâmetros para o
motorista, uma delas a obrigatoriedade da CNH- Carteira Nacional de
habilitação que ficou de responsabilidade dos psicólogos através da avaliação
psicológica no trânsito que permitiria viabilizar essa proposta, realizando a
perícia nos candidatos a motorista que preencheriam os requisitos necessários
para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação –CNH é o que mostra
(BLASCO 1994).
Com o surgimento desse mecanismo foi possível conhecer um pouco
do perfil desses motoristas, estudos feitos sobre os motoristas no Brasil
constatou-se que no país ainda é grande o índice de motoristas do sexo
masculino isso ainda se deve a fatores culturais, O homem é educado desde
criança para pegar em máquinas e a mulher para cuidar da casa. São espaços
de atuação que exigem atitudes diversas conclui (DUARTE, 2000).
A idade também tem sido uma variável bastante pesquisada no
ambiente do trânsito, visto que ela aparece, algumas vezes, como
determinante para o envolvimento ou não em acidentes de trânsito, isso surge
como um alerta a instituições que representam o trânsito no país, cada vez
mais cresce o numero de jovens entre 18 e 25 anos, principalmente do sexo
masculino conduzindo veículos automotores segundo o que diz (HARRÉ,
2000).
Esses dados nos remete a pensar em ações de educação e
enfrentamento aos acidentes de transito que são cada vez mais comuns,
principalmente por jovens do sexo masculino, sendo as diferenças significativas
para os comportamentos de exceder os limites de velocidade e transgressão
dos sinais de circulação. Pois, os jovens de sexo masculino possuem uma
maior tendência a subestimar os riscos e a conduzir de forma aparentemente
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mais perigosa do que as condutoras do sexo feminino conforme diz (MARÍN,
2000).
Outro aspecto encontrado no perfil social do motorista no Brasil é que
em sua maioria exerce algum tipo de atividade remunerada, ou seja, os
condutores possuem alguma renda o que lhes possibilita adquirir uma CNH-
Carteira Nacional de Habilitação e possuir um veículo automotor, esse acesso
a renda elevada também pode favorecer a posse de veículos mais modernos e
mais velozes estimulando a direção em alta velocidade o que pode gerar
acidentes de trânsitos fatais, a associação entre nível sócio-econômico elevado
e acidentes de trânsito foi evidenciada por Lima & Ximenes (1998), em estudo
de mortalidade.
No entanto as classes desfavorecidas enfrentam os problemas de
locomoção utilizando transportes coletivos lotados e desconfortáveis, esse
aspecto é particularmente verdadeiro entre as classes sociais mais baixas, que
constituem a maioria da população. Nesse meio, a rua tem um significado de
integração social muito maior do que nas classes sociais mais altas, uma vez
que é na rua, na condição de pedestre, que o pobre se desloca e se socializa.
A escolaridade é um fator importante encontrado nesse perfil, a maioria
dos candidatos a CNH- Carteira Nacional de Habilitação no Brasil possui o
ensino médio completo, isso nos traz a idéia de que esses candidatos possuem
algum conhecimento e conseguem compreender as leis de trânsito facilitando a
convivência com os diversos meios de locomoção que se encontram na via. A
educação para o trânsito é de suma importância, pois, através dela é que se
tem uma sociedade mais consciente dos seus direitos e deveres a fim de haver
harmonia e segurança no trânsito, evitando acidentes e principalmente mortes
é o que mostra (MORAES 1999). Desse modo, o ensino centrado em uma
formação cidadã e baseado em evidências, uma gestão que objetiva melhorar
os indicadores sócios sanitários, uma atenção à saúde individual e coletiva com
co-participação responsável dos sujeitos e um controle social efetivo que cobre
melhorias no caos que se instalou no trânsito oportunizam o atendimento das
demandas sociais e de saúde da população brasileira. O Programa de
Redução de Morbimortalidade por Acidentes de Trânsito visa sensibilizar os
gestores quanto à sua responsabilidade perante o significativo impacto
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econômico e social dessa problemática da saúde segundo o que diz (BRASIL,
2000).
2.5 Os Jovens condutores no Trânsito
Com a chegada da maioridade (18 anos), o sonho de todo jovem é
aprender a dirigir e tirar sua carteira de motorista. Isso acontece porque dirigir
proporciona a sensação de liberdade, tão desejada na fase da juventude,
quando os jovens querem ser independentes, tomar suas decisões, não ficar
mais sujeito às determinações de seus pais diz (KNOBEL, 1980).
Para dirigir é necessário que o motorista seja responsável, que
mantenha atitudes de respeito às leis envolvidas no trânsito, como: semáforos,
faixa de pedestres, estacionamentos, limites de velocidade, sentido das ruas,
além de ter que respeitar as pessoas que compartilham o mesmo direito, sendo
pedestres, motoqueiros ou outros motoristas. No trânsito muitas vidas são
perdidas diariamente. Lamentavelmente à imprudência ainda domina a maioria
das pessoas, muitos jovens consideram a obtenção da Carteira de Habilitação
como um ritual de passagem para a vida adulta e que lhe dará direito de
participar ativamente da sociedade segundo (QUEIROZ, 2002).
Jovens entre 20 e 39 anos são os que mais morrem no trânsito de
acordo com o os órgãos de trânsito brasileiro, a cada ano o número de mortos
e feridos entre 18 e 29 anos vem aumentando. Ambas as informações são
alarmantes e apontam que os homens são as maiores vítimas. Em nossa
cultura, a juventude é constantemente retratada como um período turbulento,
onde a busca pelo gozo imediato e sem fim pode levar à atração por atividades
de alto risco, perigosas e até criminosas conclui (BRASIL, 2000).
Muitos desses jovens infelizmente, se sentem armados a partir do
momento em que estão conduzindo veículos motorizados. O excesso de
autoconfiança faz com que acreditem que nada de ruim vai lhes acontecer,
trazendo a certeza de que possuem super-poderes à direção de um veículo. A
educação para o trânsito deve ser permanente, com campanhas educativas
eficazes, blitz e policiamento para punir os infratores. Essa proximidade com o
perigo, com a violência, com a agressividade, é atribuída, ainda, à onipotência
dos jovens, os quais passam a figurar como seres inconseqüentes,
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imprudentes, principalmente quando estão andando em grupo. Dessa forma,
acostumamo-nos a vincular os desastres e tragédias envolvendo essa
população ao fato de seus participantes estarem em uma fase considerada
crítica, de transição, de rebeldia conclui (CONNELL, 1995).
Se nossos jovens arriscam suas vidas em rachas, se bebem e dirigem,
se pegam carona com motoristas alcoolizados, se dirigem perigosamente em
alta velocidade, enfim, se a cada final de semana mais vidas jovens se esvaem
no trânsito, costumamos limitar a questão aos excessos de nossos jovens,
deixando de analisar de que forma nossa sociedade participa dessas práticas é
o que mostra (AYRTON, 1993)
Portanto se não encontrarmos uma solução urgente, vamos continuar a
receber nossos filhos em caixões fechados, e aí, só nos restará o sofrimento da
dor, da perda, pois sabemos que eles fazem parte do grupo mais vulnerável e
de maior exposição ao risco de morte em acidentes e, infelizmente, pouco
temos feito para mudar este quadro. É preciso perceber que as condutas de
risco, como quaisquer outras, são ensinadas e aprendidas, refletindo o mundo
em que vivemos seus valores e, por isso, não se pode reduzir a discussão ao
“instinto transgressor” de uma geração dita superficial e sem limites conclui
(MARÍN, 2000).
O automóvel associou-se a essa imagem da velocidade, da
competitividade, da individualidade, e mais: passou a agregar valor social ao
seu dono. Com esta constatação é possível entendermos o porquê de muitos
comportamentos de risco verificados no trânsito. Para os jovens apresentar a
aquisição de um automóvel como modo de adquirir certo status social, ou ainda
associar o gesto de dirigir com um ato de prazer, de liberdade sem barreiras,
são fatores determinantes para a disseminação de uma forte cultura
automobilística, tais questões mínguam em todos os setores da sociedade.
Nós, cidadãos, jovens ou não, somos apresentados muito cedo a um sistema
que reserva pouco espaço para a convivência, para a cooperação e para a
solidariedade é o que diz (QUEIROZ, 2002).
A sociedade do imediato, do descompromisso com o outro, reproduz
indivíduos que no espaço público exibem sua prepotência, sua onipotência. A
rua, transformada em área de aparência, torna-se não apenas campo de
batalha, mas também espaço para a auto-afirmação. Nessa realidade, a
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posse de um automóvel (ou estar no comando dele) torna-se um meio de
realização pessoal. A mídia, por exemplo, embrulha suas produções em
narrativas comprometidas com esse discurso. Comercias de TV, novelas,
filmes, anúncios de jornal e revista, outdoors, tentam atingir constantemente o
espectador, buscando despertar seu desejo de consumir através do apelo à
vaidade é o que mostra (SPINK, 1994).
Nos produtos endereçados aos jovens, principalmente do sexo
masculino, a identificação com o automóvel é feita através de imagens
relacionadas à potência, liberdade, status. Esses mesmos valores aparecem
associados aos comerciais de bebidas alcoólicas, onde geralmente vemos
jovens adultos se divertindo, se liberando, curtindo, se exibindo com
determinada bebida nas mãos conclui (SCOTT, 1995).
A família, uma das instituições tradicionalmente encarregadas da
formação ética e moral dos indivíduos, tem se autorizado cada vez menos a
tratar de tais assuntos, muitas vezes até transferindo para outras instituições
esse papel. Aliás, freqüentemente vemos famílias reproduzindo em suas casas
os fortes imperativos do consumismo, do imediatismo, da competição, da
liberdade ilimitada e do bem-estar individual acima do bem-estar coletivo.
Resultado: desde a infância, muitos de nossos cidadãos são ensinados a
comportarem-se como pequenos tiranos que, em casa, na rua, no espaço
público, exibem seus desmandos, acreditando que podem tudo, que ninguém
os segura, que o mundo reduz-se a apenas um desejo seu, eu quero aqui e
agora. Desafiar, testar limites e capacidades, arriscar-se em situações
perigosas para destacar-se, é necessidades de toda uma sociedade voltada à
competição e ao individualismo conclui ( KEHL, 2003) .
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3 . MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Ética
A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas
fundamentais conforme determina o Conselho Nacional de Saúde - CNS nº
196/96 do Decreto nº 93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as
diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres
humanos:
A identidade dos sujeitos da pesquisa segue preservada, conforme
apregoa a Resolução 196/96 do CNS-MS, visto que, não foi necessário
identificar-se ao responder o questionário. Todos assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram coletados dados a respeito
do gênero, idade, grau de instrução, se exerce alguma atividade remunerada e
qual categoria pretendida para que se possam obter maiores informações
sobre a população pesquisada.
3.2 Tipo de Pesquisa
Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, com dupla, combinação
de abordagens, a saber, quanti-qualitativa.
3.3 Universo
O presente estudo abrangeu a cidade de Manaus capital do estado do
Amazonas , especificamente na Clínica de Perícia Médica e Psicológica
chamada MEDTRAN localizada na Avenida Efigênio Sales n 440 parque dez.
3.4 Sujeitos da Amostra
A amostra deu-se por conveniência quando lançou-se mão dos
candidatos a primeira CNH- carteira nacional de habilitação que procuraram a
clínica no período de maio à setembro de 2012.
24
3.5 Instrumentos de Coleta de Dados
Construiu-se um instrumento estruturado, um questionário com
perguntas objetivas que levavam a repostas abertas. Composto por cinco
perguntas, que abrange a caracterização dos sujeitos, com variáveis
incorporadas tais como gênero, idade, grau de instrução, atividade
remunerada, categoria pretendida.
3.6 Procedimentos para Coleta dos Dados
Na oportunidade, o questionário foi entregue pessoalmente aos
candidatos, num total de cem participantes, que concordaram em responder e
participar da pesquisa. Foram respondidos 100 questionários.
3.7 Procedimentos para a Análise dos Dados
Os dados foram tratados e analisados com auxílio de um software
EXCEL para o tratamento estatístico. Quanto à parte qualitativa recorreu se a
análise de conteúdo enquanto técnica para dar sentido às falas dos sujeitos
entrevistados.
25
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1- Gênero
Quanto ao gênero dos candidatos demonstrado no gráfico 01, não
observou-se prevalência de sexo para tornar-se condutor na cidade de
Manaus. Verifica-se que 45% do sexo feminino e 55% do sexo masculino.
Gráfico 01 - Distribuição dos candidatos pesquisados, em porcentagem, por gênero.
Fonte: Dados da Pesquisa. Manaus/AM. 2012.
Este número maior de pessoas do gênero masculino tirando a primeira
carteira nacional de habilitação se justifica pelo conceito de masculinidade ou
de virilidade, em nossa cultura, que ainda ancora-se em sentimentos, atitudes,
cognições e padrões comportamentais fixados de longa data em torno do poder
e da responsabilidade econômica e política da sociedade. Visto que, em
Manaus, ainda existem estereótipos profundamente arraigados, e ainda, em
parte, reforçados por símbolos, modelos de carros, códigos de etiqueta
social,00 estilos de auto-apresentação, padrões de comportamento sexual e
regras para interação social, embasados pela mídia, cinema e televisão, não
vêm permitindo que o homem acompanhe a forma e a velocidade esperadas
quanto às novas demandas resultantes do reequilíbrio de poder entre os
gêneros. Homens que não sentem medo não são capazes de dosar o grau de
26
risco da situação, acabam envolvendo-se em negócios desastrosos ou em
terríveis acidentes. (ALMEIDA, N.D.V., 2002d)
4.2 Faixa Etária
Quanto aos dados da faixa etária dos candidatos apresentados no
gráfico 02, observou-se que 48% estão na faixa etária de 18 e 25 anos; 32%
estão entre 26 e 35 anos; 14% estão entre 36 e 45 anos e apenas 6% estão
acima de 45 anos..
Gráfico 02 - Distribuição, em porcentagem, dos candidatos a concessão da primeira
CNH por idade, na cidade de Manaus/AM..
Fonte: Dados da Pesquisa. Manaus/AM. 2012
Verifica-se uma maior incidência de jovens e adultos entre 18 e 25 anos
tirando a primeira carteira nacional de habilitação, pois, com a chegada da
maioridade (18 anos), o sonho de todo jovem é aprender a dirigir e tirar sua
carteira de motorista, mais esse sonho pode ser frustrado muitas vezes devido
à imprudência, pois, os jovens, especialmente do sexo masculino, são o grupo
com maior envolvimento em acidentes de trânsito fatais conforme já se
constatou nos trabalhos de Andrade & Jorge, (2000) e Zhang et al.,( 2000).
27
Isso acontece porque dirigir proporciona a sensação de liberdade tão
desejada na fase da juventude, quando os jovens querem ser independentes,
tomar suas decisões, não ficar mais sujeito às determinações de seus pais.
Portanto, o processo de escolha é sempre do sujeito, quando o jovem assume
uma situação vivenciada e, compreendendo-a, pode chegar a uma decisão
pessoal responsável. (BOHOSLAVSKY, 1993).
4.3 Nível de Escolaridade
Os resultados do gráfico 03 apresentam o nível de escolaridade dos
candidatos. Verifica-se que 9% responderam que tinham o ensino superior
completo; 18% responderam que tinham o ensino superior incompleto; 53%
responderam que tinham o ensino médio completo; 4% responderam ter o
ensino médio incompleto; 8% responderam ter o ensino fundamental completo
e 8% responderam ter o ensino fundamental incompleto.
Gráfico 03 - Distribuição, em porcentagem, do nível de escolaridade dos candidatos a
concessão da primeira CNH, na cidade de Manaus/AM..
Fonte: Dados da Pesquisa. Manaus/AM. 2012
Observamos uma maior incidência de candidatos com o ensino médio
completo (53%) tirando a primeira carteira nacional de habilitação.
28
Consideramos que somente com informação e educação sobre tudo para a
população jovem futuros motoristas e cidadãos do trânsito, Algumas melhorias
poderiam ocorrer se fosse implantada nas escolas especificamente, na grade
curricular do ensino médio, uma educação para o trânsito, para que o aluno já
tomasse conhecimento das normas e deveres que ele tem no trânsito e não
somente quando fosse tirar a carteira nacional de habilitação, sendo assim,
agentes multiplicadores das informações contidas nela, tanto na escola quanto
no bairro em que residem, ou mesmo em casa com suas famílias.
4.4 Exerce Atividade Remunerada
Quando perguntado aos candidatos se exerciam algum tipo de atividade
remunerada, gráfico 04 se percebe que 66% responderam que sim e 34%
responderam que não, nunca tinha dado um dia de serviço renumerado.
Gráfico 04 - Distribuição, em porcentagem, dos candidatos a concessão da primeira
CNH, que exercem atividades renumeradas, na cidade de Manaus/AM..
Fonte: Dados da Pesquisa. Manaus/AM. 2012
Verifica-se uma maior incidência de candidatos (66%) que exercem
algum tipo de atividade remunerada tirando a primeira carteira nacional de
habilitação. Isto pode representar uma autonomia do candidato para custear os
custos da habilitação. O trabalho é concebido enquanto elemento
29
transformador não apenas da matéria, mas também da vida psíquica, social,
cultural, política e econômica, conforme concluiu Malvezzi, (2004), em seus
estudos. Entretanto, o reconhecimento do indivíduo naquilo que ele faz, traz-lhe
segurança quanto à utilidade e qualidade dos serviços que ele produz, e isso já
dá sinais de autonomia ao individuo para exercer outras atividades como
conduzir um veículo automotor. Os fenômenos organizacionais são
considerados como processos psicossociais, que estruturam a vida dos
indivíduos e o funcionamento das sociedades (ZANELLI & BASTOS, 2004).
4.5 Categoria Pretendida
No gráfico 05, encontram-se as categorias pretendidas pelos candidatos,
entre as possíveis para o nível de primeira habilitação. Verifica-se que 58%
responderam que estão candidatando-se à concessão da categoria B; 35%
responderam que são candidatos à categoria AB e 7% responderam que, no
momento, estavam apenas candidatando-se à categoria A, mas assim que
possível, mudariam para a categoria AB., pois assim o permitiria conduzir dois
tipos de veículos automotores.
Gráfico 05 - Distribuição, em porcentagem, dos candidatos a concessão das diferentes
categorias de primeira CNH, na cidade de Manaus/AM..
Fonte:Dados da Pesquisa. Manaus/AM. 2012
A maioria das cidades teve que se adequar para o advento do
automóvel, o processo urbano no Brasil gerou a segregação espacial, o uso
descontrolado do automóvel em meio urbano em países em desenvolvimento,
30
significa um custo social e cultural significativo porque, além de provocar ruído
e poluição, ele segrega e impede a integração de indivíduos.
As classes favorecidas lidam no trânsito em automóveis particulares
devido à deficiência do sistema de transporte público e o aumento populacional
e isso têm estimulado o uso do carro, a Associação Nacional de Transporte
Público observa que quanto maior a renda, maior é a quantidade de Km/dia
percorridos por veículos particulares (ANTP, 1997).
31
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cada ano vem crescendo a procura pela CNH- Carteira Nacional
de Habilitação, o que percebemos com esta pesquisa é que alguns aspectos
nos chamam a atenção, pois verificamos com os dados coletados em um
universo de 100 candidatos que 55% dos candidatos a habilitação são do
gênero masculino, 48% são jovens e adultos entre 18 e 25 anos, 53% possuem
o ensino médio completo, 66% exercem algum tipo de atividade remunerada o
que lhes dá condições para pagar os custos da carteira e 58% da categoria
pretendida que se apresenta com maior incidência é a categoria B.
Com essas informações temos uma amostra do perfil dos candidatos
a primeira CNH- Carteira Nacional de Habilitação na Cidade de Manaus, esse
perfil reflete uma sociedade que se apresenta bem jovem, cada vez mais está
tendo acesso a informação, ao emprego, renda, indo em busca de mecanismos
que facilite sua vida através de meios locomoção mais rápidos e confortáveis,
que traga acessibilidade aos locais de educação, esporte, lazer, trabalho, pois,
a cidade está em pleno crescimento e principalmente a interação de pessoas
que o uso do carro por exemplo pode trazer.
Com informações dessa pesquisa é possível a elaboração de
políticas voltadas ao trânsito que facilitará a elaboração de políticas mais
especificas e bem mais norteada, para que a sociedade possa ser beneficiada
com políticas eficazes e de qualidade, principalmente as relacionadas á
educação de trânsito, que ainda deixa a desejar em muitos aspectos. Esses
dados são mais um instrumento que psicólogos, professores, gestores,
Organizações não governamentais –ONGS e qualquer seguimento da
Sociedade podem utilizar para as suas áreas de atuação, pois, ela não é
especificamente uma pesquisa de trânsito, é também uma pesquisa de cunho
social.
32
REFERÊNCIAS
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APÊNDICE
Questionário de coleta de dados
Questionário:
1- Qual seu gênero?
a) Feminino ( )
b) Masculino ( )
2- Qual sua faixa etária?
a) 18 à 25 anos ( )
b) 26 à 35 anos ( )
c) 36 à 45 anos ( )
d) Acima de 45 anos ( )
3- Qual sua escolaridade?
a) Ensino fundamental incompleto ( )
b) Ensino Fundamental completo ( )
c) Ensino médio incompleto ( )
d) Ensino médio completo ( )
e) Ensino superior incompleto
f) Ensino superior completo
4- Exerce alguma atividade remunerada?
a) Sim ( )
b) Não ( )
5- Qual categoria pretendida?
a) Categoria A
b) Categoria B
c) Categoria AB