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UNIDADE 2
Funções Administrativas
Luis Moretto Neto
Objetivo
Nesta unidade você vai conhecer as
Funções Administrativas: Planejamento, Organização,
Comando, Controle e Coordenação.
Planejamento
No final deste ano pretendo viajar a São Paulo, em férias e preciso definir
algumas medidas necessárias para concretizar meu objetivo. O depoimento
captado em conversa de João e Joaquim deixa explícito uma vontade e, ao
mesmo tempo, expressa a necessidade de realizar planos e estabelecer meios
para alcançar objetivos.
Para construir uma casa, plantar uma árvore, produzir um prato, preparar
uma aula, enfim, no cotidiano da vida pessoal ou organizacional, a elaboração
e execução de planos é fato comum e possibilita a otimização dos recursos
produtivos.
Afinal, o que significa o Planejamento?
Para Drucker (2006), “[...] um plano é uma direção.”
É possível caminhar sem ter uma direção? Exceto se você for um errante e
não tiver um destino. Na literatura infantil, a clássica obra que relata Alice no
País das Maravilhas traz um conflito existencial e vivencial que denota a
ausência de Planejamento e de objetivos na caminhada pessoal. Ao se perder na
floresta, Alice pergunta ao Gato em qual direção deve seguir e a resposta
imediata é de que quando não existe caminho a seguir qualquer alternativa
serve.
No mundo pessoal ou organizacional a definição de objetivos é elemento
chave para o caminhar.
Se um plano é uma direção, como é que se pode construir planos em
convergência com os objetivos da Organização e em sintonia com as aspirações
e desejos do mercado?
Sim, um dos dilemas centrais da Administração das organizações de
produção é planejar em sintonia com as demandas do mercado.
Planejamento é prever com antecipação os objetivos pretendidos, independente da área de atuação e dos meios que serão empregados para o alcance desses objetivos.
Ao efetuar um plano para viajar, construir uma casa, plantar uma árvore,
preparar uma aula ou um prato precisamos ter clareza com relação a algumas
questões básicas e aplicadas com freqüência no mundo empresarial:
Questões básicas do Planejamento:
O que fazer?
Para que fazer?
Como fazer?
Com que recursos fazer?
Quando fazer?
Com quem fazer?
A resposta a essas questões básicas é objetivo central da Função
Planejamento, enquanto atividade sistêmica-integrada e que precisa envolver
todas as áreas da Organização.
O Planejamento, portanto, enquanto Função Administrativa possibilita a
definição prévia dos planos-fins e dos planos-meio (figura 4).
Figura 4: O objetivo do Planejamento.
Fonte: Elaborado pelo autor.
A Função Planejamento é complexa, na medida em que afeta todas as
dimensões organizacionais e requer o comprometimento de todos os integrantes
para o alcance dos objetivos coletivos.
É também uma Função dinâmica, pois sua concepção necessita estar em
sintonia com a dinamicidade dos ambientes interno e externo.
As mudanças constantes que ocorrem no ambiente, sejam de natureza
demográfica, cultural, política, ambiental, social ou tecnológica, vêm afetar a
realidade organizacional e, consequentemente, o Planejamento enquanto
processo dinâmico.
Cabe ao gestor da Organização estar atento ao processo dinâmico que
caracteriza o ambiente e avaliar de que forma os planos elaborados necessitam
ser adaptados. Caso contrário, a longevidade organizacional pode ser
ameaçada.
As empresas existem para atender aos clientes e o desafio diário do gestor
é entender o que é valor para o cliente (DRUCKER, 2006).
O Planejamento, portanto, é uma atividade sistêmica, na medida em que envolve todas as áreas da Organização e, ao mesmo tempo, dinâmica, pois dessa condição depende a capacidade de adaptação permanente às mudanças continuadas que ocorrem no ambiente.
A flexibilidade, a dinamicidade e a adaptação continuada às mudanças em
curso no meio, são condições básicas para a Função Planejamento enquanto
processo que determina os objetivos organizacionais.
O Planejamento enquanto processo aplicado à gestão experimentou seu
ápice durante os anos sessenta e início da década de setenta, do século passado,
período em que as empresas buscaram de forma incessante a antecipação do
futuro através da elaboração de planos e da definição de mecanismos de
conquistas e alcance dos meios.
Enquanto pensamento aplicado à gestão das organizações de produção, o
Planejamento recebeu a contribuição de inúmeros autores, com destaque para
as idéias de Frederick Taylor, Igor Ansoff e Alfred Chandler.
Considerando o pai da Administração Científica, Taylor (1856-1915)
estudou e aplicou os tempos e movimentos do processo produtivo, em busca da
eficiência operacional e do conseqüente incremento da rentabilidade
organizacional, definindo como funções básicas da gestão o Planejamento e o
Controle.
Na obra clássica ao estudo da Administração – Princípios de
Administração Científica (1911) – Taylor dá ênfase ao processo de aplicação
de métodos e técnicas racionais para obtenção de melhores resultados no
processo produtivo. Embora estejamos em plena sociedade do conhecimento e
no cotidiano das organizações de produção ocorra a incorporação progressiva
de novas tecnologias de produção, muitos dos princípios e fundamentados
sistematizados por Taylor ainda se fazem presentes. Ao iniciar o estudo da
Administração, a leitura desta obra clássica é recomendável. (TAYLOR, 1990)
Igor Ansoff, contribuiu com o Planejamento através da obra clássica –
Estratégia Coorporativa – publicada em 1972. A essência da obra está
centrada na análise do Planejamento estratégico, enquanto processo global.
Considerada a bíblia do pensamento estratégico.
Alfred Chadler analisou a relação entre a estratégia e a estrutura e
concluiu que a primeira condiciona a segunda, no processo de Planejamento e
funcionamento organizacional.
Para saber mais
*Igor Ansoff – de nacionalidade Russa, com doutorado em Matemática e longa
passagem profissional junto ao grupo de trabalho da Organização do Tratado do
Atlântico Norte – OTAN.
*Alfred Chadler – historiador americano que desenvolveu estudos de grandes
empresas americanas, durante o período de 1850 a 1920, para compreender e analisar
o processo de formação do capitalismo moderno e do estilo de organização produtiva.
A grande contribuição de Chandler para o pensamento administrativo está no processo
de explicação da relação existente entre estratégia e estrutura das organizações de
produção, expresso na obra Clássica – Estratégia e Estrutura, publicada nos Estados
Unidos, em 1962.
No processo de Planejamento aplicado à gestão organizacional ocorre a incorporação de inúmeras técnicas e métodos validados no mundo empresarial, para análise dos ambientes interno e externo das empresas.
Na análise do ambiente interno, inúmeras ferramentas e técnicas
gerenciais são aplicadas com freqüência de forma sistemática ou pontual, de
acordo com as características da Organização, do porte ou mesmo dos
mercados em que atuam.
Para análise do ambiente externo, a técnica de análise de cenários vem
adquirindo progressivo espaço na agenda executiva dos gestores. Na essência,
“o Planejamento por cenários diz respeito a fazer escolhas hoje com uma
compreensão sobre o que pode acontecer com elas no futuro.” (SCHWART,
2003, p.15)
A técnica de análise baseada em cenários tem por escopo a construção de
alternativas múltiplas para encaminhamento das ações organizacionais.
As críticas a essa técnica são inúmeras e demandam análise apurada do
gestor, em face das características organizacionais e de sua realidade frente ao
macro ambiente.
Na análise do ambiente interno são aplicadas a Matriz de Ansoff, a
Matriz do Boston Consulting Group-BCG, o Ciclo de Vida do Produto, a
Análise das Deficiências, Ameaças, Fortalezas e Oportunidades, a Matriz
de Planejamento Estratégico de Negócios da McKinsey-GE, o Modelo de
Porter e o Balanced Scorecard-BSC, algumas das ferramentas empregadas
no processo de Planejamento.
A Matriz de Ansoff é baseada na análise do produto frente ao mercado, a partir do estudo das variáveis produto existente (penetração no mercado e desenvolvimento do produto) e produto novo (desenvolvimento do produto e diversificação).
A Matriz do Boston Consulting Group-BCG é construída com base no acompanhamento da taxa de crescimento do segmento produtivo e do posicionamento proporcional da empresa frente ao seu segmento de mercado.
A Análise do Ciclo de Vida do Produto estabelece correlação com os seres vivos e destaca que em cada momento do produto, ou seja, em cada etapa – desenvolvimento e introdução no mercado, crescimento, maturação e declínio – é necessário o estabelecimento de um processo flexível de gestão que permita adaptação continuada às mudanças em curso no ambiente.
A Análise das Deficiências, Ameaças, Fortalezas e Oportunidades – DAFO serve como instrumento do Planejamento para acompanhar o estágio organizacional de superação dos obstáculos enfrentados.
A Matriz do McKinsey, construída a partir da análise de duas macro-variavéis – atratividade do segmento/mercado e potencialidade do negócio/empresa – possibilita monitorar o desempenho organizacional frente ao Planejamento elaborado e
o estabelecimento de ações corretivas que evitem o prejuízo corporativo.
O Modelo de Porter (1986), denominado como Estratégias Genéricas de Competição, é aplicado a partir do acompanhamento do desempenho do ramo em que o segmento atua, pela análise da concorrência direta, e, a partir destes elementos, permite conceber e implantar estratégia de atuação.
O Balanced Scorecard – BSC é uma ferramenta contemporânea do processo de Planejamento empresarial que possibilita a análise integrada e simultânea do desempenho organizacional, a partir do acompanhamento do desempenho financeiro, da satisfação dos clientes e dos processos internos.
Independente do instrumental aplicado, do estágio corporativo ou mesmo do porte organizacional, a Função Planejamento se faz presente e demanda recursos produtivos especializados, particularmente, num ambiente de intensa volatilidade e de acirrada competitividade como o que caracteriza a realidade das organizações de produção contemporâneas.
Organização
No conjunto das Funções Administrativas, a Organização, enquanto
atividade de gestão e, paralelamente, enquanto unidade de produção-ente exige
atenção especial e estudo detalhado, na medida em que possibilita o uso
organizado dos meios de produção para alcance de objetivos coletivos e
individuais.
Dia desses assisti pela TV ao Grand Prêmio de Mônaco de Fórmula 1, um
grande espetáculo que integra o calendário anual de corridas programadas pela
entidade que gerencia essa modalidade esportiva. Desde o período de
preparação da corrida e das etapas de classificação dos pilotos, observei que
existem inúmeras atividades relacionadas ao evento, nas áreas de segurança,
trânsito, pessoal, logística, saúde, abastecimento de água, espaços para
transmissão de sinais de TV, comunicação para imprensa local, nacional e
mundial, espaços para assistência junto a pista, enfim, quanta complexidade e
necessidade de organizar os múltiplos meios empregados para que tudo ocorra
de acordo com o planejado.
A Copa do Mundo de Futebol de 2006, na Alemanha, aconteceu depois de
quatro anos de preparação. Milhares de pessoas estiveram no território daquele
país para assistir aos jogos e participar de atividades festivas derivadas desse
espetáculo de amplitude mundial.
Nos dois exemplos esportivos citados, Mundial de Fórmula 1 e Copa do Mundo de Futebol, a Função Organização é necessária para que os objetivos previamente definidos sejam alcançados e com resultados satisfatórios.
Moro em um condomínio, situado no quarteirão central de um bairro da
cidade, freqüento um clube para jogar tênis, utilizo transporte coletivo para ir
ao trabalho, vou ao banco para pagar minhas contas mensais, compro doces na
padaria da esquina, enfim, tenho inúmeras interfaces, diariamente, com
organizações de produção de bens e serviços, nas quais a Função Organização é
aplicada para que os objetivos sejam alcançados em prazos e em condições
programadas, sempre buscando atingir melhores resultados.
Semanalmente vou ao culto de minha religião e ouço palavras de fé
proferidas pelo pastor, num ambiente pensado e estruturado sob a forma de
uma Organização.
Sob a ótica corporativa, a Organização se caracteriza como “grupo de
pessoas que se forma de maneira organizada para alcançar objetivos em
comum.” (LACOMBE; HEILBORN, 2003, p.13)
No processo de gestão a Função Organização cumpre relevante papel, na medida em que possibilita o uso racional dos recursos disponíveis, em busca do alcance de objetivos de maneira eficiente e com eficácia.
A Função Administrativa Organização pode ser analisada sob as óticas
estrutural, dos recursos e do processo operacional.
Na dimensão estrutural, a Função Administrativa Organização, está relacionada à definição de estrutura gerencial alinhada ou convergente com a estratégia organizacional. Ou seja, determina quais as funções e atividades que necessitam ser definidas e programadas para que as atividades fins possam ser realizadas e os resultados alcançados sejam satisfatórios, possibilitando a melhor utilização dos recursos produtivos alocados no processo.
Na dimensão relacionada aos recursos produtivos, a Função Administrativa Organização, está relacionada ao dimensionamento, contratação, alocação e acompanhamento, avaliação dos capitais humanos – operacional, intermediário, gerencial e diretivo; dos capitais financeiros – próprios e de terceiros; dos recursos tecnológicos de produção – máquinas, equipamentos, programas, aplicativos, sistemas de informações gerenciais e produtivos; dos recursos naturais necessários ao processo produtivo – insumos extraídos da terra, fontes energéticas naturais ou não; enfim, a grade de recursos que possibilitará o funcionamento da Organização de produção, de acordo com os objetivos pré-definidos.
Após a definição da estrutura de produção e dos recursos necessários ao seu funcionamento, o gestor deverá organizar o processo operacional, ou seja, agrupar as atividades, dividir o trabalho em tarefas, distribuir as tarefas entre as áreas que integram a estrutura, observando critérios de competências e habilidades técnicas, e atribuir responsabilidades, prazos, metas e objetivos para cada uma das unidades que integram a estrutura organizacional.
A Organização da produção é uma Função complexa e que exige atenção
especial e permanente acompanhamento do gestor, durante a execução do
processo.
As organizações de produção, a exemplo dos seres vivos, formam entes de
grande complexidade e exigem atenção especial, de modo a evitar a ocorrência
de disfunções ou mesmo de anomalias que possibilitem a perda dos recursos
produtivos e o não alcance dos objetivos estabelecidos.
Resgatando o exemplo citado ao início de nossa conversa, lembramos que
a troca de pneus, durante uma corrida de Fórmula 1, necessita ocorrer dentro de
tempos médios estabelecidos nos treinamentos, evitando que o desempenho da
equipe seja prejudicado por uma eventual falha mecânica ou mesmo humana.
Da mesma forma, num jogo de futebol, no momento de cobrar uma
penalidade máxima, o atleta designado para o cumprimento desta tarefa já foi
submetido a um longo e exaustivo processo de treinamento, buscando o
aproveitamento máximo e evitando a possibilidade de perda do gol potencial.
Nas unidades de produção de bens e serviços, a Função Organização tem
por objetivo central gerar a convergência produtiva entre os participantes do
processo, ou seja, entre todos os envolvidos nas unidades de produção, para
que façam uso sustentado dos recursos à disposição e obtenham bons resultados
corporativos.
Dentre as inúmeras atividades que integram a Função Organização,
merece especial atenção a divisão do trabalho, além da definição prévia de
critérios de autoridade e responsabilidade entre os componentes da estrutura.
O trabalho, nas organizações de produção de bens e serviços, numa
fábrica de calçados, agência bancária, empresa de transporte coletivo, loja de
conveniência, posto de gasolina, farmácia, padaria, ou mesmo em uma escola
de ensino básico de idiomas, exige processo de especialização produtiva, ou
seja, demandará pessoas e equipamentos especializados para cada uma das
etapas do processo e resultará em sub-divisões ou tarefas.
A divisão do trabalho em tarefas e o agrupamento destas, numa
Organização de produção, resultará num processo denominado de
departamentalização, observados determinados critérios:
natureza das atividades desempenhadas;
convergência em Função de um produto;
convergência em Função do processo produtivo;
convergência em Função da área territorial de atuação da Organização;
convergência em Função dos clientes; e
combinações ou mesclas de duas ou mais modalidades anteriormente nominadas.
A Organização através do processo de departamentalização pela natureza
se dá quando a estruturação da corporação ocorre a partir de funções
desempenhadas por áreas complementares que integram a estrutura –
comercial, gestão de pessoas, gestão de suprimentos, gestão financeira, dentre
outras.
Quanto a Organização através do processo de departamentalização de
produtos, esta é visível em grandes lojas de departamentos, nos centros de
compras – Shopping Centers, ou mesmo em grandes mercados de varejo e têm
por objetivo segmentar o trabalho e dar autonomia às unidades que integram o
processo produtivo.
Já a Organização através da departamentalização por processo, aplica a
divisão do trabalho baseada num tipo de operações que integram a produção.
Numa linha de montagem de calçados, por exemplo, ou mesmo de automóveis,
ou até num grande magazine de compras, esta forma de Organização é visível e
permite perceber as vantagens de sua aplicação.
Um outro tipo, a Organização através da departamentalização territorial, é
aplicada nas organizações que atuam em diversas áreas geográficas. No estudo
tradicional da Administração esta aplicação era citada para organizações
multinacionais, ou seja, para aquelas que atuam além de seus territórios de
origem. Na sociedade contemporânea, em face da incorporação de inúmeros
recursos tecnológicos aos processos de produção e vendas, notadamente a rede
mundial de computadores, a delimitação territorial tradicional cedeu espaço
para uma forma mais flexível de Organização.
A Organização através da departamentalização por clientes é estruturada
nos princípios da segmentação e da especialização produtiva, ou seja, os canais
de distribuição – atacado, varejo ou mesmo o processo de atendimento direto
ao consumidor – são organizados e operados para estabelecer relações diretas
entre a empresa e o mercado. Uma rede de eletrodomésticos, por exemplo,
pode estruturar sua Organização através da departamentalização por clientes,
estabelecendo unidades ou áreas específicas para montagens de cozinhas, salas,
dormitórios, escritórios, enfim, as diversas unidades que integram uma
residência. Um banco estabelece carteiras específicas para atender clientes
corporativos e daí segmenta os grupos de acordo com os volumes médios de
depósitos, de modo a dedicar tratamentos distintos para públicos específicos.
Finalmente, e não menos importante, cabe relembrar que, em algumas
organizações ocorre a combinação de alguns dos critérios anteriormente
numerados, em face das especificidades territoriais, produtivas, dos segmentos
atendidos ou mesmo da complexidade das atividades ofertadas por parte da
empresa ou Organização em análise.
Além da definição de estrutura, em face das estratégias, é importante a
definição dos estágios de autoridade e de responsabilidade entre os integrantes
do processo produtivo.
A definição da autoridade, no âmbito organizacional, têm por objetivo
central estabelecer estágios e graus de condução e de subordinação para o
alcance dos objetivos corporativos. Assim, ela adquire o caráter funcional, ou
seja, está limitada ao âmbito de atuação da Organização em sintonia com os
aspectos jurídicos e institucionais que regulamentam as relações de produção e
de atuação da área afim.
Por exemplo, os trabalhadores que atuam no segmento bancário nacional,
atuam limitados a uma jornada diária de 6 horas, com intervalos de repouso
intercalados. Ao gestor da unidade bancária, este condicionante legal, dentre
outros previstos nas leis trabalhistas e em acordos patronais e sindicais, deve
ser observado de maneira sistemática e serve como fator limitante da sua
autoridade.
No exercício de atividades funcionais, sejam elas de natureza operacional,
intermediárias, gerenciais ou diretivas, todo colaborador é investido de um
determinado grau de responsabilidade e ao gestor cabe a missão de observar
que o exercício da autoridade esteja em estágio equivalente ao da
responsabilidade.
Além da autoridade e de sua relação direta com o princípio da
responsabilidade, cabe resgatar a relação existente entre aquela e o processo de
centralização ou de descentralização derivado.
Diz-se que uma Organização é centralizada, quando o processo de
exercício da autoridade está restrito a um reduzido número de membros da
estrutura. Na ordem inversa, ocorrem manifestações de ações descentralizadas
quando os colaboradores dos níveis hierárquicos intermediários e os situados
na base da pirâmide são encorajados a encaminhar soluções para os problemas
corporativos, observados critérios e políticas de funcionamento da mesma
estrutura.
A divisão do trabalho, a definição de estágios de autoridade e do
conseqüente grau de responsabilidade dos envolvidos no processo de tomada de
decisões é de vital importância para o funcionamento organizacional, cabendo
ao gestor o acompanhamento constante e a observância de que as linhas de
autoridade previamente definidas sejam claras e objetivas; que seja dada
ciência aos pares acerca dos graus de subordinação e de autoridade vigentes na
esfera corporativa; que ocorra clareza e objetividade nos processos de
definição de critérios e de publicidade dos atos derivados; que na composição
dos grupos e definição dos graus de subordinação sejam observados os limites
organizacionais e pessoais dos envolvidos, para condução dos grupos e
estabelecimento de integração aos objetivos da Organização; e que sejam
observados os critérios de departamentalização vigentes na Organização,
evitando o cruzamento de atribuições e o dispêndio dos recursos produtivos. A
flexibilidade das estruturas e das pessoas é um fator chave de sucesso no
processo, notadamente, num ambiente de constantes mudanças e reflexos
acentuados para os entes produtivos.
Atividades de aprendizagem
Comando
O time de futebol perdia por um dilatado placar, para uma equipe com
plantel de qualidade inferior e os torcedores discutiam: afinal o que está
ocorrendo conosco?
Ao final da partida o treinador concedia entrevistas a veículos de rádio e
afirmava que o capitão estava machucado e seu substituto não apresentara
liderança situacional necessária para organizar o time e superar as dificuldades
encontradas.
Liderar, coordenar e conduzir!
Afinal, qual a importância do Comando no processo produtivo?
Para Drucker (2006), o gestor deve orientar suas ações a partir do
encaminhamento de três questões básicas:
Qual é o negócio central da Organização?
Que ações estão sendo realizadas para alavancar os resultados?
Qual a diferença de minha Organização em relação as demais que estão atuando no mesmo ramo?
Resgatando depoimentos de empresários bem sucedidos no mercado
nacional (REVISTA EXAME, 2006, p. 18-25), em relação ao processo de
Comando, enquanto Função Administrativa é possível aprender que:
Procure resolver problemas grandes, não aceite resolver problemas pequenos. Márcio Utsch – Diretor-Presidente da São Paulo Alpargatas.
Ter disciplina e manter a direção do negócio significa saber dizer não a boas idéias. Idéias tentadoras surgem o tempo todo e, se você não tomar cuidado, elas podem tirá-lo do rumo. Flávio Rocha – Presidente do Riachuelo.
As empresas de um homem só não sobrevivem. Clóvis Tramontina – Presidente da Tramontina.
Qualquer negócio pode ser reinventado, mesmo o mais simples. Alberto Saraiva – Presidente do Habib’s.
Ao lidar com pessoas, você têm de transmitir valores, metas e entusiamo. E ouvir, claro. Marcos Bologna – Presidente da TAM.
O exercício da Função Comando exige características específicas do gestor, no processo de aplicação dos recursos e, acima de tudo, no relacionamento com os subordinados, clientes, fornecedores, concorrentes e com representantes de entidades governamentais.
Estimular o desenvolvimento pessoal e continuado dos colaboradores é um
desafio constante aos gestores, segundo Claus Möller (FSP, 1995).
Ao desempenhar a Função Comando, o gestor precisa empreender esforço
sistemático e continuado que estimule os colaboradores a assumir
responsabilidades de forma direta ou indireta: employeeship* (GLOSSÁRIO:
*employeeship – “O ato de assumir responsabilidades e poder. Neste caso, o funcionário é o
sujeito central da ação, mas a empresa deve criar um ambiente propício para que ela se
desenvolva.” (FSP, 1995)) e empowerment* (GLOSSÁRIO: *empowerment – O ato de
delegar responsabilidades e poder ao funcionário. Neste caso, o gerente é o sujeito principal
da ação.” (FSP, 1995)).
A Função Comando, quando estruturada e operada a partir do
employeeship é fundamentada nos princípios de colocar as pessoas em primeiro
plano, delegar de responsabilidades e administrar para todos.
Esta não é exclusiva da cúpula da Organização e se manifesta em todos os
níveis hierárquicos.
O exercício da Função Comando exige do gestor habilidades e atitudes
adequadas, de modo a aglutinar os interesses e mitigar os conflitos naturais e
os derivados do processo produtivo. É desejável que a pessoa investida nesta
Função tenha posicionamento claro, objetivo e afinado com as metas e
estratégias da Organização em que atua, seja aceito pelo pares, atue com
justiça, tenha capacidade de influenciar os comandados e acima de tudo dê
exemplos positivos.
O Comando coloca o gestor em posição de destaque e de constante
acompanhamento de seus atos por partes dos demais membros da Organização.
O exercício da Função Comando demanda a manifestação de
características de liderança por parte do gestor, podendo esta manifestação ser
classificada como de natureza autocrática, paternalista, carismática,
democrática, situacional ou mesmo populista. (FARIA, 1982)
Na liderança denominada autocrática, o gestor desconsidera
completamente a vontade dos comandados ou mesmo as visões distintas que
estes possam ter a respeito do processo de condução das atividades produtivas
com vistas ao alcance dos objetivos organizacionais. Em síntese, não ocorre
consulta ou mesmo a discussão integrada do estilo de gestão. Há um ditado
popular que expressa de forma sintética e objetiva a maneira clara de atuar do
estilo de Comando autocrático: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo.”
Cabe destacar que, este estilo de Comando encontra fortes resistências na
sociedade contemporânea, notadamente, nos agrupamentos sociais em que o
grau de informação e de socialização do conhecimento é mais acentuado.
A palavra de ordem é: faça como eu!
Ocorre a aplicação da Função Comando a partir de estilo de gestão
denominado de paternalista quando nada é realizado ou encaminhado sem o
consentimento e conhecimento prévio do gestor. A ausência da autonomia
remete às pessoas ao estado de imobilismo, passividade e inércia. O Comando,
quando exercido a partir deste estilo pode acarretar sérios e insuperáveis
problemas aos gestores da Organização, na medida em que estimula o
comodismo e remete os colaboradores a um estado de passividade, sem
exercício da autonomia.
Num agrupamento produtivo em que inexiste autonomia das pessoas em
relação aos processos e aos contatos com os mercados, sejam de clientes,
fornecedores ou mesmo dos entes governamentais, provavelmente inexistirá
ambiente para manifestações de criatividade e a tendência é que ocorra a
prevalência da mediocridade e da acomodação dos colaboradores, provocando
efeitos negativos nos resultados finais.
A palavra de ordem é: faça como eu lhe disse!
O Comando exercido por um líder com características carismáticas, ou
seja, a partir de manifestações fortes e marcantes da sua personalidade,
experimenta oscilações no processo produtivo, motivadas por alterações
ocorridas no comportamento de quem o comanda as atividades em construção.
Nos agrupamentos políticos, empresariais, artísticos e culturais, esse tipo
de manifestação é freqüente e, não raro, apresenta fortes conflitos derivados do
personalismo do condutor e de elementos de excentricidade do mesmo que
podem gerar atritos e conflitos entre os comandados. A Função Comando,
quando exercida a partir de processo de personalismo, experimenta
fragilização, pois nem sempre os objetivos do líder são totalmente
convergentes aos da Organização de produção.
Além das possibilidades de comandar organizações de produção a partir
da aplicação de estilos de liderança autocrática, carismática e paternalista,
observa-se a gestão pelo estilo democrático ou participativo. A característica
central deste estilo é a de construir o processo decisório com base nas opiniões
e visões partilhadas entre os atores sociais nele envolvidos.
A grande vantagem da aplicação do estilo de liderança democrática, no
processo de condução de organizações de produção ou mesmo de grupos de
interesses afins, é a possibilidade de despertar o interesse e o compromisso
coletivo.
A palavra de ordem é: faça comigo!
Inexiste um modelo padrão para a Função Comando e um estilo adequado
de liderança aplicável às inúmeras organizações de produção que atuam nos
mais distintos segmentos e múltiplos mercados.
O grande e permanente desafio aos gestores é compreender o ambiente em
que a Organização atua e as variáveis internas dominantes para exercer a
Função Comando, elegendo o estilo de liderança adequado e convergente aos
objetivos organizacionais.
A mudança, no âmbito das organizações é imperativa para manter a vida
corporativa e, neste processo, o gestor tem importante Função.
O administrador contribui muito para provocar a mudança da Organização. Este realiza mudanças quando resolve um problema, apresenta um projeto e o implementa com coragem de mudar o status quo, superando obstáculos e resistência humana. (BEHKOR apud RBA, 1999)
A Função Comando é realizada para o alcance dos objetivos
organizacionais a partir da utilização eficiente e eficaz dos recursos produtivos
disponíveis. Ou seja, a cada dia, frente a cada desafio que se apresente por
parte dos mercados interno e externo, o gestor deverá comandar a aplicação dos
recursos produtivos – trabalho, tecnologias, capital financeiro e recursos
materiais à sua disposição – para, com o menor emprego dos insumos, produzir
mais, em menor espaço de tempo e com melhores resultados finais.
No cotidiano das organizações de produção, não raro, ocorrem problemas
de gestão derivados de práticas inadequadas adotadas na Função Comando, com
destaques para:
favorecer colaboradores, em detrimento de outros;
não definir prazos e meios para o alcance dos objetivos produtivos;
alocar colaboradores com capacidade aquém ou além das funções;
encontrar erros em todas as atividades desempenhadas;
não valorizar o trabalho do time; e
falar sobre os membros do time com o grupo.
No estudo da Administração a Função Comando é tema freqüente de
análise e pesquisa, utilizando experiências clássicas e contemporâneas de
sucesso.
O pensamento de Sun Tzu, na obra clássica A Arte da Guerra, 500 a.C; é
exemplo de aplicação de liderança para alcance de objetivos pré-definidos.
Na obra Organização do Futuro (PRAHALAD, 1995), destaca que a
Função Comando necessita ser empreendida e balizada pelas constantes
mudanças do ambiente produtivo, pela competição acirrada entre empresas de
segmentos produtivos distintos, pelo desaparecimento das fronteiras entre as
nações e corporações e pelas relações diretas entre produtores e consumidores.
Este quadro denota uma nova ordem de produção em que a liderança é um
processo que requer esforço coletivo.
O resultado do Comando é a expressão do compromisso coletivo para o
alcance dos objetivos corporativos.
Juntamente ou co-relacionados à Função Comando, alguns conceitos
gerenciais como auto-gerenciamento, gestão do conhecimento e Administração
por objetivos ou resultados, dentre outros, são aplicados no cotidiano da
gestão, com destaque para o auto-gerenciamento de times, característico de
pequenos grupos que têm a responsabilidade direta pelo processo operacional e
seus resultados derivados* (GLOSSÁRIO: *resultados derivados – grupos que
trabalham orientados por objetivos pré-estabelecidos e devidamente mensuráveis, como
equipes de vendas, ou mesmo times que atuam na concepção de novos produtos e processos
produtivos. No âmbito mundial, a MICROSOFT é exemplo corrente, atítulo de estudos ou
mesmo de compreensão de novos estilos organizacionais e de práticas de comando.),
aplicável ainda quando ocorre a prática de Administração por objetivos em
organizações (LINK: Na sociedade contemporânea, os ativos intangíveis, ou seja, o
conjunto de trabalhadores e colaboradores diretamente envolvidos no processo produtivo, a
estrutura interna de funcionamento e as redes de relacionamento externos, integram o
conjunto do patrimônio que definirá o grau de diferenciação da organização. (SVEIBY,
1998)) altamente especializadas. Nas organizações do conhecimento, via de
regra, a estrutura é formada por reduzidos níveis hierárquicos, operando de
maneira horizontal, com intenso processo de delegação do Comando, em busca
de aproximação direta com os clientes e o mercado.
Controle
Estávamos viajando através do Deserto de Atacama, no Chile, e junto a
um pequeno vilarejo encontrei uma placa que informava a distância a que
estávamos do destino programado. Anotei o número de quilômetros, observei o
odômetro do veículo, efetuei os cálculos de dispêndio médio de combustível e
concluí que estávamos em momento chave de abastecimento. Caso contrário,
nossa viagem não seria concluída até o ponto de chegada programada, em face
da indisponibilidade de combustível necessário ao deslocamento a ser
percorrido.
A cada mês, anotamos nossas despesas em um caderno, registramos as
datas de vencimento e à medida que as receitas são recebidas, vamos
amortizando as contas a pagar de modo a evitar a cobrança de juros ou mesmo
de encargos derivados de atrasos na quitação dos débitos.
Nas rodovias federais de pista simples, em todo o território nacional, o
limite máximo de velocidade é de 80 km/hora, exceto naqueles trechos que
coincidem com os perímetros urbanos, quando a velocidade permitida cai para
40 km/hora. Portanto, quando viajamos, cuidamos destes limites para que nosso
deslocamento rodoviário não venha a gerar infrações de trânsito que resultem
na aplicação de multas e pontos negativos em nossa carteira de habilitação.
Os exemplos do Controle de combustíveis, das despesas mensais ou
mesmo dos limites de velocidade no trânsito podem ser incorporados à
relevância da Função Controle para o alcance dos objetivos organizacionais nas
unidades de produção.
Numa Organização de produção em que não ocorra o Controle existe risco
do desperdício dos recursos produtivos e da fuga dos objetivos corporativos.
Função Controle integra o conjunto de funções-chave da Administração e é precedida do Planejamento, da Organização, da Coordenação e do Comando, executadas com eficiência e eficácia.
O Controle possibilita ao gestor, enquanto Função administrativa, o monitoramento das ações estratégicas e operacionais através de
relatórios sistemáticos e regulares acerca das ações programadas e das executadas, com a conseqüente adoção de medidas corretivas sempre que os objetivos e as metas organizacionais não estejam sendo atingidos.
A Função Controle deve ser exercida durante todo o processo produtivo,
caso contrário perde sua razão de ser.
O Controle pode ser de natureza quantitativa e qualitativa e está
diretamente relacionado à Função Planejamento na medida em que, durante esta
etapa, ocorre a definição de objetivos, metas e prazos a serem observados no
processo produtivo, sejam de bens ou de serviços.
A definição clara e objetiva de critérios de acompanhamento de
resultados, seja através de instrumentos, seja de processos qualitativos e/ou
quantitativos, possibilita ao gestor o redimensionamento dos objetivos e dos
recursos produtivos.
Para que a Função Controle possa ser exercida com eficiência e eficácia é
importante estabelecer um sistema atual e ágil de registro de informações
relacionadas ao processo, com alimentação continuada e de fácil acesso a todos
os envolvidos.
Na sociedade do conhecimento, com o estabelecimento de sistemas de
operação e funcionamento, através da aplicação de modernas tecnologias da
informação e de eficazes ferramentas de apoio à gestão, tais como a intranet, o
exercício da Função Controle adquiriu maior velocidade e agilidade
contribuindo de maneira clara e objetiva para que o Planejamento
organizacional esteja constantemente alinhado com as mudanças em curso no
ambiente.
O Controle deve ser uma Função coletiva, partindo do princípio da
responsabilidade compartilhada. Em organizações de maior porte, essa Função
ganha contornos na estrutura, seja através de sistemas regulares de
acompanhamento das atividades em curso ou mesmo de unidades estabelecidas
no desenho organizacional, com funções de assessoramento e de mitigação de
eventuais desvios ocorridos.
Partindo do princípio da otimização e da conseqüente racionalização dos
recursos produtivos, o Controle deve estar centrado nas áreas estratégicas da
Organização, através de mecanismos com ofereçam agilidade aos responsáveis
pelo processo de tomada de decisões.
Na sociedade contemporânea, aspectos relacionados ao caráter qualitativo
do processo produtivo adquiriram especial atenção dos mercados e o Controle
passou a ser direcionado para indicativos derivados dos consumidores, seja
quanto à fidelização nas compras, manifestações de não conformidades ou
mesmo retração no volume de operações realizadas.
As não conformidades identificadas nos processos de produção e de
distribuição de bens e serviços têm sido um forte elemento norteador da Função
Controle para o alcance de objetivos organizacionais.
Na aviação civil, por exemplo, a pontualidade dos pousos e decolagens, o
tempo médio de permanência das aeronaves no solo e o volume médio de
passageiros e cargas transportados em determinados trechos operados, são
alguns dos indicativos utilizados pelos gestores para exercitar esse Controle no
âmbito organizacional.
No sistema bancário, o tempo médio empregado por um operador de caixa
para autenticação de documento padrão é indicativo de Controle para avaliar o
desempenho funcional ou mesmo o grau de comprometimento do colaborador
no processo produtivo.
A Função Controle, entretanto, necessita ser desempenhada com zelo e perspicácia, seja através da observação pessoal e participante ou mesmo da elaboração de informes e relatórios específicos, sempre construída com flexibilidade e adaptabilidade às mudanças em curso no ambiente externo.
Em algumas organizações complexas, o sistema de controle adquire
contornos acentuados na estrutura, através de mecanismos de monitoramento
nos processos de concepção, implementação e implantação orçamentária,
sempre em sintonia com os planos, programas e projetos em curso.
Outra importante contribuição dessa Função para o processo de gestão organizacional é a adequação dos planos e programas aos indicativos de mercado e às realidades produtivas da Organização em análise.
No cotidiano das organizações de produção de bens e serviços, alguns
instrumentos do Controle são aplicados para acompanhamento dos fluxos
financeiros – Controle de caixa, balancetes e balanços, demonstrativos de
lucros e perdas, Controle de produção e vendas, pessoal-produtividade,
assiduidade, pontualidade, dentre outros.
Coordenação
Os alunos estavam divididos em pequenos grupos de trabalho, pois haviam
recebido uma atividade para produzir. O professor os havia orientado acerca
das etapas principais e recomendado que fossem designados um relator e um
coordenador com a missão, respectivamente, de apresentar os resultados
obtidos e de orientar o grupo para que o esforço fosse direcionado para o
objetivo central.
Durante uma viagem de ecoturismo ao Pantanal, o guia conduzia os
visitantes e os orientava acerca de procedimentos recomendados pelo IBAMA
para o deslocamento em áreas de preservação permanente evitando a ocorrência
de impactos ambientais.
No acesso ao campo de futebol, em pleno estádio do Pacaembu, os
seguranças orientavam os torcedores para que ocupassem os assentos marcados
em seus ingressos de acesso.
No espaço da sala de aula, na viagem de ecoturismo ao Pantanal ou
mesmo no acesso ao campo de futebol, a Função Coordenação possibilita o
alcance de objetivos corporativos e evita o desperdício dos recursos
produtivos.
Durante um jogo de futebol, o capitão do time orientava aos seus pares
acerca dos planos e metas estabelecidos pelo treinador, evitando que ações
isoladas levassem o time a perder de vista os objetivos maiores e os meios
definidos previamente para alcance dos mesmos.
Para que a Função Coordenação atenda aos objetivos finalísticos é
importante que os planos, programas, projetos tenham sido construídos com
objetivos, metas, prazos e recursos previamente definidos e adequados à
realidade da Organização e, que esta tenha estrutura e normas claras, com
ampla publicidade entre os seus membros.
A Coordenação é realidade no ambiente organizacional quando existe cultura interna de forte articulação, cooperação e troca complementar entre as diversas unidades que integram a estrutura.
A palavra-chave que está relacionada ao ato de coordenar é a da harmonização dos interesses coletivos em detrimento de interesses pontuais ou mesmo setoriais que possam causar prejuízos à Organização.
É possível perceber de forma clara a Função Coordenação numa
Organização de produção, quando os resultados quantitativos apresentam
convergência com os qualitativos, ou seja, os índices de reclamação, de
devolução de pedidos ou mesmo de cancelamento de contratos apresentam-se
abaixo da média geral.
É possível afirmar que a essa Função está contribuindo com o sucesso
organizacional quando as ações internas apresentam expressiva sincronia, ou
seja, os volumes de estoques estão compatíveis com os pedidos em produção e
o grau de desperdício de insumos e de produtos refutados é baixo, e quando a
cooperação entre as áreas é palavra de ordem.
A Função Coordenação está contribuindo com o sucesso organizacional,
quando a competição e a disputa entre setores da Organização cede espaço para
a cultura da integração e da cooperação continuada.
A construção de cultura de Coordenação e de articulação produtiva requer
esforço integrado e continuado entre os diversos segmentos da estrutura, seja
na definição dos planos, no estabelecimento das metas e prazos, bem como nos
meios de acompanhamento e nos processos de eventuais ajustes necessários ao
realinhamento das ações.
Não raro, nas organizações ocorre significativo divórcio ou
distanciamento entre os processos de Planejamento e de execução das ações
programadas, seja em face do envolvimento de atores de setores distintos ou
mesmo da ausência de cultura de cooperação e de articulação. Nestes casos, a
Coordenação cumpre importante papel, estabelecendo e alimentando canais
regulares de comunicação entre as partes, estimulando a Coordenação
voluntária dos membros, em convergência com objetivos dominantes, através
de processo harmônico e cooperativo entre as partes que integram o tecido
produtivo.
Os alinhamentos ou adequações aos objetivos finalísticos podem ocorrer
através de processo de ajuste espontâneo, seja através de sistema de
comunicação formal ou informal.
No processo de ajuste, em determinadas situações, ruídos derivados de má
comunicação, ou de processo não fluído de distribuição de informações no
ambiente interno, podem ser elementos de inibição da Coordenação e fator
complicador no encaminhamento dos objetivos finais.
Existe, inclusive, um ditado popular, através do qual é colocada a
diferença existente entre o fato e a versão, alertando que a não coincidência de
ambos remete à hegemonia do segundo sobre o primeiro, muitas vezes
causando enormes e irreparáveis prejuízos ao processo produtivo.
Na Coordenação, portanto, a manutenção de canais regulares e fluídos de comunicação entre as partes envolvidas é instrumento eficiente e eficaz à gestão das organizações de produção.
No cotidiano, não raro, nos deparamos com conflitos e equívocos
derivados da má comunicação e da ausência de Coordenação entre os
envolvidos na comunicação e no processo de produção.
Coordenar é um desafio a todos os gestores das organizações de produção
e envolve todas as partes mobilizadas no processo gerencial, diariamente,
através de canais de comunicação fluídos, administrados de maneira eficiente.
A Função Coordenação envolve o processo de orientar as pessoas em
convergência com os objetivos da Organização, necessitando estar em perfeita
harmonia com os processos de mudança interna e de adaptação estratégica em
curso, identificar as deficiências de pessoal e buscar canais e vias para mitigá-
las, identificar eventuais gargalos produtivos e encaminhar suas soluções e
adequar os recursos produtivos aos planos e propostas construídas, sempre
revestido do espírito da cooperação e da articulação produtiva como elementos
norteadores das ações.
RESUMO
Nesta unidade você viu as Funções Administrativas: Planejamento,
Organização, Comando Controle e Coordenação. Resumindo podemos
dizer que:
O Planejamento é um processo dinâmico que requer
integração com as constantes mudanças ocorrentes no meio;
que, enquanto pensamento aplicado à gestão das
organizações de produção, recebeu a contribuição de
inúmeros autores, com destaques para as idéias de Frederick
Taylor, Igor Ansoff e Alfred Chandler; e que, dentre outras
técnicas, a Análise do Ciclo de Vida dos Produtos, a Análise
DAFO e a Matriz BCG são técnicas comumente aplicadas na
gestão.
A Organização, enquanto unidade de produção, está presente,
seja no espaço residencial ou no bairro, seja no suprimento
de bens de consumo duráveis e não duráveis ou nos
estabelecimentos de prestação de serviços, ocupando espaço
importante na vida das pessoas. A estruturação e o
funcionamento das unidades de produção se manifestam em
nosso meio e demandam a aplicação de princípios
relacionados ao processo de organizar. Para organizar é
importante definir estruturas, em Função das estratégias, e adequá-las
conforme múltiplos critérios.
Você estudou o Comando como uma das Funções
Administrativas, e viu como é exercida, através dos diversos
estilos de liderança e internalizou os conceitos de
employeeship e de empowerment.
A Função Controle cumpre importante papel para o
estabelecimento de aproximação entre o Planejamento e a
execução das ações programadas no âmbito organizacional.
Para que ela seja desempenhada de maneira eficiente e
eficaz, o gestor deve acompanhar o desempenho das ações-
chave da Organização, identificar os eventuais desvios e
apontar as ações corretivas.
A Coordenação é uma Função paralela às demais Funções
Administrativas e requer articulação continuada entre os
diversos componentes da estrutura produtiva para que
alcance seu objetivo básico, que é a conquista da eficiência,
eficácia e efetividade organizacional.
Atividades de aprendizagem
1. Utilizando a bibliografia de apoio deste curso, procure saber se o pensamento de Frederick W. Taylor, com relação ao Planejamento -Tempos e Movimentos, ainda se aplica nas organizações de produção contemporâneas.
2. Escreva um texto com até 10 linhas dissertando sobre uma experiência bem sucedida de Planejamento em seu cotidiano.
3. Utilizando como ponto de partida o texto sobre Organização, faça visita ao maior centro de compras de sua cidade ou região e identifique formas e critérios de departamentalização aplicados nas maiores lojas ali instaladas.
4. Com base em sua vivência, descreva experiências de liderança autocrática e democrática, utilizando até 10 linhas.
5. Com base em sua experiência pessoal, identifique alguns problemas derivados da ausência da Função Controle no processo de gestão de suas receitas e despesas.
6. Diga quais as vantagens operacionais da aplicação da Função Coordenação em uma Organização real de produção e disserte sobre as mesmas, apresentando uma redação com até 25 linhas.
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