um epigrama em latim, imitado por vÁrios
TRANSCRIPT
UM EPIGRAMA EM LATIM, IMITADO POR VÁRIOS
(Continuação do número anterior)
O epigrama latino nem sempre ocorre com os sete dísticos, ou catorze versos, que lhe dão todo o aspecto de um soneto em latim, emboia :io ritmo dactílico da poesia clássica de Roma.
No «Gradus ad Parnasum» de Noël, em cuja edição de 1852 é atribuído ao poeta Janas Vitalis, aparece com dez versos apenas, isto é, sem os dois últimos dísticos.
Foi esta a edição utilizada pelo erudito colombiano Miguel António Caro que, no século passado, verteu para latim o poema quinhentista do licenciado Rodrigo Caro, «1 a Canción a las minas de Itálica». Ao juntar à sua versão para latim unia pequena antologia de composições sobre ruínas, «Epigrammatum de ruinis spicilegium», Miguel António Caro não pôde deixar de verificar que os sonetos de Quevedo e de Spenser por ele citados, e cuja relação exacta entre si Caro ignorava, eram a versão do epigrama nos dez versos que deste conhecia e tinham final idêntico que reflectia também uma origem comum. Miguel António Caro pensou que essa origem fosse um poeta italiano que tivesse escrito ou em vulgar ou em latim.
E a resposta às suas indagações foi-lhe dada posteriormente, ao 1er a «Life of Johnson» de James Boswell, o livro fundamental da História da Literatura Inglesa do século win, verdadeiro modelo de biografias exaustivas. A fonte comum era ainda Janus Vitalis.
Transcrevemos o texto de Boswell, por M. A. Caro vertido para latim, língua em que está escrito inteiramente o seu livro, publicado em 1947 por José Manuel Rivas Sacconi(i), director do «Instituto
(1) «La Canción a Ias ruínas de Itálica dei licenciado Rodrigo Caro con introduction, version latina y notas por Miguel Antonio Caro, publicadas por José Manuel Rivas Sacconi». Bogotá, 1947. Recensão crítica de A. Costa Ramalho, in «Revista da Faculdade de Letras», Lisboa, 1947, tomo XIII, 2.» Série, pãg. 100-103 (vide, em especial, a nota 2 da pág. 104).
56 AMÉRICO DA COSTA RAMALHO
Caro y Cuervo». Eis o trecho em questão, citado pelo nosso exemplar da Colecção Everyman's, onde vem na página 181 do vol. l i :
«Horace's journey to Brandusium being mentioned, Johnson observed, that the brook which he describes is to be seen now, exactly as at that time; and that he had often wondered how it happened, that small brooks, such as this, kept the same situation for ages, notwithstanding earthquakes, b> which even mountains have been changed, and agriculture, which produces such a variation upon the surface of the earth.
CAMBRiDGi.. A Spanish writer has this thought in a special conceit. After observing that most of the solid structures of Rome are totally perished, while the Tiber remains the same, he adds,
Lo que èra firme huió soîamenie (1)
Lo fugitivo permanece y dura.
JOHNSON. Sir, that is taken from tonus Vitalis:
immola labascunt; Et quae perpetuo sunt ayitata marient.»
Consultámos em Oxford, ainda na recente estadia que ali fizemos, em Janeiro do ano corrente, várias edições da «Life of Johnson», e em nenhuma encontrámos qualquer comentário a este passo. Nenhum dos comentadores, pelo menos que nós saibamos, menciona a identidade do poeta espanhol, nenhum cita a versão de Du Bellay on, o que é mais estranho ainda, os versos de Spenser em que se exprime a mesma ideia. Que nós saibamos, c ao erudito colombiano que pertence o mérito da menção- de Quevedo e de Spenser, em relação com este passo da «Life of Johnson». Também é mais estranho ainda, que ao próprio Samuel Johnson, e ao seu amigo Cambridge, não tenham ocorrido os nomes de Du Bellay e de Spenser, especialmente o deste último, que exprimira o mesmo conceito em língua inglesa.
Quanto a Miguel António Caro, descoberta assim a origem comum dos sonetos de Quevedo e de Spenser, nesse epigrama latino de que
(1) Miguel António Caro logo notou que Cambridge, citando de cor, se enganara na ordem das palavras. Quevedo escreveu:
Huyó lo que era firme, solamente Lo fugitivo permanece y dura.
UM EPIGRAMA EM LATIM, IMITADO POR VÁRIOS 57
•nunca chegaria a ver os quatro versos finais, ignorou a existência do soneto intermediário de Du Bellay. A este conheceu-o o seu compatriota Rufino José Cuervo, como já dissemos (vide as notas ao soneto de Quevedo"), mas ignorou Cuervo, por seu turno, a existência primordial do epigrama de laniis Vitalis. Parece que Miguel António Caro não chegou a ter conhecimento do artigo de R. J. Cuervo na «Revue Hispanique».
Voltando, porém, a Samuel Johnson, ocorre-nos perguntar: onde teria visto o erudito inglês setecentista a menção de Janus Vitalis'.' Que conheceu o epigrama latino, por inteiro, não há dúvida, pois dele cita os dois versos finais, e será difícil imaginar em que condições o leu, visto que podia encontrá-lo na colectânea de Mathaeus (vide notas ao «De Roma antiqua») ou cm outras ainda. Consultei essa colectânea em Oxford, de cuja Universidade Johnson foi doutor, e onde gostava de fazer estadias.
Em qualquer caso - e não nos parece que o facto tenha já sido assinalado -- o Dr. Johnson conhecia o epigrama de Janus Vitalis, da sua edição dos poetas ingleses, pois eie figura à cabeça de uma das poesias de Dyer. Com efeito, John Dyer (1700-1758), pintor e poeta, publicou «The ruins of Rome», uma espécie de elegia, no seu regresso de Roma, em 1740. Se Johnson não tivera antes conhecimento do epigrama de Janus Vitalis, leu-o, quando examinou a composição de Dyer, que tem por moto estes versos:
THE RUINS OF ROME
Aspice murorum moles, praeruptaque saxa, Obrutaque horrenti vasto theatra situ. Haec sunt Roma. Vhlerí veíut ipsa cadavera tantae Urbis adhuc Spirent imperiosa minas?
Janus Vitalis.
Segundo Chamard, op. laud., em nota ao Soneto III das «Anti-quitez de Rome», o epigrama foi publicado em 1554 numa antologia de poesia latina contemporânea com a indicação: «íncerti de Roma antiqua». O texto que Chamard apresenta, extraído dessa antologia, difere pouco do que utilizámos, extraído da ed. de Jo. Mathaeus Tos-
58 AMI-RICO DA COSTA RAMALHO
canus (1576). As variantes são: v. 7 visa (1554), nisa (1576); v. 9 Roma Roma ilia invicta (1554), Roma victrix Roma (1576); v. 12 Quin etiam rapidis fertur (1554), Qui quoque nunc rapidis fertur (1576).
Tinha em 1554, como em 1576. catorze versos, isto é, sete dísticos elegíacos, nias na ed. de 1576 é já atribuído a Janus Vitalis.
Em 1577, todavia, Jean Antoine de Baïf, ao transcrevê-lo cm sená-rios iâmbicos, deu-lhe catorze versos também, mas só aproveitou os cinco primeiros dísticos. Deixou, assim, de lado os quatro versos finais, os que contêm o conceito que deve ter dado ao epigrama o seu maior sucesso: a fragilidade dos monumentos construídos para desafiar os séculos, em contraste com a solidez e constância daquilo que eternamente flui.
Todavia, a poesia de Baïf termina com um dos conceitos do epigrama de Janus Vitalis, por forma que passará por completa (e de facto é completa), para quem não conheça o modelo- Em Baïf, o conceito que fecha a pequena composição é o penúltimo de Vitalis, a saber, que a Roma vencedora jaz entre as ruínas da Roma que o tempo venceu. O texto é o seguinte:
Tu eui per ipsam Roma quaeiîtur Romain,
Et rui per ipsam Roma nulla iam Romam
Apparat, fíospes: cerne saxa muraram
Exesa, nas to culmine obrutas moles,
Theãtra, circos, ambulationesque
Thermasque et arcus pensiles triumphales,
Bellique iure temporisque desttucta
Haec omnia: haec sunt Roma: in his iacet Roma.
Videsif ut immane urbis hoe ntinosum
Adhue cadauer imperii minas spirat?(Y)
Deu ici t or hem seque pus tea uicit,
Ne quidquam in or he non sihi foret mettait.
Victamque Romam nunc se hahet suum uictae(l)
Tandem sepulcrum Roma, quae stetif uictrix.»
Em 1608, nas «Dclitiae CC Ttalorum poetarum, huius superio-risquc aeui illustrium, coliectore Ranutio Ghero. Prostrant in offi-cina Ionae Rosae, MDCVlil», na «pars altera», a págs. 1433, reaparece o nosso epigrama com o título de «iani Vitalis Panormitani. De Roma», c com 12 versos.
(1) Sic, no texto impresso.
UM EPIGRAMA HM LATIM, IMITADO POR VÁRIOS 59
Desta vez, foi suprimido o quarto dístico, exactamente aquele que exprime o conceito mais rebuscado (e o mais absurdo) de toda a composição, o de que Roma, para que nada lhe restasse vencer, a si própria se venceu, isto é, acabou por... ficar em ruínas.
No «Gradus ad Parnasum», na edição de 1852, a peça tem, como informou Miguel António Caro, segundo atrás vimos, dez versos. Foram suprimidos os dois dísticos finais, como na versão de Balf. E numa edição posterior, a de !8S7, aparece apenas com os seis primeiros versos, segundo informa o mesmo M. A. Caro.
O nosso primeiro contacto com o epigrama data da altura em que fizemos o estudo da Miscelânea n. 334 da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, para a elaboração do nosso «Catálogo dos Manuscritos da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, relativos à Antiguidade Clássica», publicado em 1945. Mencionámos o epigrama na pág. 19 do Catálogo, com o título de «De Roma antiqua», que é aquele com que figura na pág. 126 da referida colectânea manuscrita, datada de 1703.
O epigrama apresenta-se aí com catorze versos e algumas variantes, na sua maior parte inaceitáveis. Todavia, o verso 3 merece ser transcrito:
Aspice pendentes* moles exesaque* saxa MS. 334 (1703)
em confronto com o texto usado neste estudo:
Aspice murorum moles., praeruptaque saxa Mathaeus (1576).
É interessante notar que exesa é justamente o epíteto de saxa, na versão de Baïf.
*
A atribuição do epigrama «De Roma antiqua» a Janus Vitalis é quase unanime, em todos aqueles que Jhe dão um autor. As duas únicas divergências que conhecemos, provêm de má informação em quem as formulou.
Numa tese sobre o poeta Jacques Grcvin (1538-1570), impressa em 1898, Lucien Pinvert(l) põe a hipótese seguinte: «Ces premiers vers
(I) «Jacques Grévin (1538-1570). Sa vie, ses écrits, ses amis. Étude biographique et littéraire. Thèse présentée à la Faculté des Lettres de Nancy par Lucien Pinvert, docteur en Droit». Paris, 1898.
60 AMLÍRICO DA COSTA RAMALHO
sur Rome étaient-ils des vers latins, inspireis par les Antiquités de J. Du Bellay, qui avaient vu le jour en 1558? On a disserté (a) sur une pièce de vers manuscrite, De Roma incertiauthoris, dans laquelle on a vu le modèle d'un des sonnets de J. Du Bellay, et dont la forme même accuserait plutôt une traduction (b) (la piece se compose de quatorze vers, coupés comme ceux d'un sonnet).
Constituerait-elle une épave de ces essais de Grévin dans la poésie latine?» (pág. 72-73).
(a) Du Bellay, éd. Marty-Laveaux, II, 554. (b) Bibliothèque Nationale, manuscrits, fonds latin, n."s 8138,
fol. 72, et S139, fol. 113.
A dissertação da ed. de Marty-Laveaux não passa de uma nota em que se menciona que no seu «Traité du Sonnet» (pág. 44), Colletet atribui a composição a Janus Vitalis, e se faz referência à versão de Jean Doublet.
Não consegui ver o «Traité du Sonnet», mas encontrei um outro livro do mesmo autor, «Uescole cies Muses dans laquelle sont enseignées toutes les Reigles qui concernent la Poésie Françoise recueillies par le Sieur C» , Paris, MDCLXXVITL Na pág. 43, sob a epígrafe «Du Sonnet», o autor di/.: «Le Sonnet, que nous avons emprunté des Italiens, chez lesquels il passe pour la parfaite Epigramme, de laquelle il ne diffère ny en sujet ny en espèce de Vers...». E na pág. 44: «...lequel, pour cstre bon, doit avoir une pointe comme l'Epigramme, & son sens doit estre fini à chaque couplet, comme à chaque période».
O argumento de Lucien Pinvert é, assim, perfeitamente reversível: um bom epigrama é a melhor base para um bom soneto, principalmente se o epigrama já tem catorze versos. Aliás, a hipótese da autoria de Grévin provém somente, como vimos, de uma distracção de Pinvert.
A segunda atribuição discordante do epigrama de Vitalis, é a do editor anónimo da edição citada em nota à composição de Jean Doublet. Sem qualquer fundamento, o editor anónimo atribui a autoria do epigrama latino que serviu de modelo a Doublet, a um poeta veneziano chamado Andrea Navagero. Li. em Oxford, as obras completas de Andreas Naugerius, onde não aparece tal epigrama.
UM EPIGRAMA EM LATIM, IMITADO POR VÁRIOS 61
As imitações do «De Roma antiqua», de que tenho conhecimento, pedem representar-sc assim:
J a n us Vi ia l is
J. A. Baïi U532-15S9)
J . D o u b l e t i 1536-1:604 ?>
J . Grt'rvîn
(1538-1570) S p e n s ç r
O traço continuo indica as imitações.
O tracejado indica influências tio original, ou reminiscências por pnrtf do* poeta* subsequentes.
J. Dyer (1700-1758)
Chénedotle
11769-1833)
Dois poetas incluídos neste quadro merecem referência à parte. Não sào, com efeito, propriamente imitadores do epigrama, mas há na sua obra reminiscências dele. Referimo-nos a Jacques Grcvin e John Dycr.
O primeiro, poeta e medico quinhentista, escreveu «Vingt-Quatre Sonnets sur Rome» que, inspirando-se visivelmente nas «Antiquités -c Romex de Du Bellay, delas diferem todavia, pelo espírito de crítica amarga c de diatribe contundente do protestante Grévin contra a Roma dos papas.
62 AMÉRICO DA COSTA RAMALHO
Os dois sonetos, a seguir transcritos, parecem glosar temas do epigrama, embora o primeiro deles reflicta igualmente um conhecimento pessoal de Roma, que Grcvin de facto teve:
Arrivé dedans Rome, en Rome je cherchoy Rome qui feu! jadis la merveille du Monde; Ne voyant ceste Rome à nulle autre seconde, D'avoir perdu mes pas honteux je me faschoy.
Du matin jusqu'au soir ça et la je marchoy,
Ores au Cotisée, et of à la Rotonde,
Ores monté bien hault, regardant à la ronde.
De voir ceste grand' Rome en Rome je tasciwy.
Mais en fin cogntis que c'estait grand[folie;
Car Rome est des long temps en Rome .'nsepvelic,
Et Rome n'est sinon un sepulchre apparent.
Qui va doncq dedans Rome et cherche en ceste sorte. Ressemble au chevaucheur, qui tousjours va courant. Et cherche en tous endroits le cheval qui le porte.
Também o tópico do rio que eternamente flui, mas permanece, enquanto as obras erguidas para permanecer, desaparecem em ruínas, dá motivo para um dos sonetos de Grévin:
O fleuve Egyptien, et toi Tybre mutin,
Qui d'un bras recourbé sur la cruche profonde,
Versez à flots ondez vostre source féconde,
Voyez, voyez les maux de ce peuple Latin;
Regardez combien peut le temps et le destin;
Rome, qui en grandeur n'a point eu sa seconde.
Est faicte la risée et la fable du Monde.
Elle s'est ruinée, et vous estes sans fin.
Vous versez et poussez les ondes montanieres, Qui renaissent tousjours en vos sources premieres, Pour paroistre au défaut de celle qui se perd.
Rome sans fin poursuit sa course périssante, Mais sa naissance, helas! comme à vous ne luy sert,
Car elle est de ruine une source abondante.
UM EPIGRAMA EM LATIM. IMITADO POR VÁRIOS 63
Em John Dyer que, como dissemos, tem por moto do seu poema «The ruins of Rome», dois dísticos de Janus Vitalis, há apenas reminiscências deste. O resto é também fruto da sua experiência pessoal dos lugares que frequentou como poeta e como pintor. Eis algumas dessas reminiscências :
FálVn, fall'ii, a silent heap! her heroes all 16 Sun7: in their vins; behold the or ide ofpomp, The throne of nations, fall*n! obscur*d in dust; Evn yet majestical
• * • . Tho" now incessant time has roll'd around. A thousand winters o'er the changeful world, 70 And yet a thousand since, - tf?indignant floods Roar loud in their firm bounds, and dash and swell In vain, convey'd to Tiber's lowest wave.
À distância de quatro séculos, é difícil explicar a razão do sucesso de um epigrama cujo latim não é modelar, como nâo o é também (ainda menos) o latim de Baïf. A justificação do sucesso deve estar nos dois ou três conceitos felizes que a peça contém e na sua oportunidade, numa época em que a Europa tinha os olhos postos em Roma, para atacá-la ou defendê-la, para morrei- por ela ou contra ela.
De todas as versões, parece-nos a mais vigorosa a de Quevedo. Terá o poeta espanhol conhecido apenas o soneto de Du Bellay que lhe serviu de modelo, ou terá lido também uma versão do epigrama, por exemplo, a da edição de 1608?
O soneto de Quevedo apresenta de comum com esta edição, a ausência do mais exagerado dos conceitos, expresso no dístico seguinte:
Vicit ut haec mundum. nisa, est se uinecre: uicit, A se uictum ne quid in orbe foret.
Du Bellay verteu-o cuidadosamente. A sua omissão em Quevedo, juntamente com uma certa cor local e um certo gosto do concreto, que vêm da menção paisagística do Aventino e do Palatino (que actuam também como «nomes insignes»), dão ao soneto de Quevedo um movimento, uma leveza c um vigor que se não encontram, no mesmo grau, em nenhuma das versões restantes.
Entretanto, Janus Vitalis, esquecido pelos modernos dicionários enciclopédicos, não é uma pálida sombra.
64 AMÉRICO DA COSTA RAMALHO
Falam dele, segundo l.uigi Ferrari (1), os seguintes autores de trabalhos bibliográficos: Giov. Cinelli Calvoli, «Biblioteca volante, continuata dal dott. Dionigi Andrea Sancassoni». Edizionc seconda in miglior forma rídotta. Venc/ia, 1734-47, vol. IV, pág. 363; Antonino Mongitore, «Bibliotheca Sicula, sive de Scriptoribus Siculis», Panormi, 1708-14, vol. T, pág. 304, II, pág. 42 A; Gius. M. Mira, «Bibliografia Siciliana ovvero Gran Dizionario Bibliográfico dclle opere edite ed inédite, antiche c moderne di autori Sicilian!», Palermo, 1875-84, vol. II, pág. 470.
E ainda o «Dictionnarium... Moreii», s.v.. As notas que a seguir damos, são extraídas sobretudo de Mon
gitore e de Mira que não mencionam a data de nascimento, embora sejam concordes em considerá-lo nascido em Palermo, e falecido cm Roma à roda de 1560. Foram os seus trabalhos literários e a sua vida exemplar de sacerdote, que mereceram a Janus (Giovanni? Sebas-tiano?) Vitalis (it. Vitale), a admiração, estima e recompensas de alguns dos mais poderosos de entre os seus contemporâneos: Leão X, que muito apreciou o seu poema latino sobre a Santíssima Trindade, fè-lo conde palatino; falam dele muitos prosadores cpoetas latinos da época, cuja enumeração, com os respectivos passos, pode ver-se em Mongitore. Dos seus epigramas latinos, trinta e três foram publicados nas «Delitiae CC...» (1608), que já citámos; vinte e sete nos «Elogia viro-rum litteris illustrium» (1557) de Paulo Jóvio, traduzidos para italiano em 1558; treze nos «Eloaia virorum bcllica virtute illustrium» também de Paulo Jóvio, publicados em Basileia, em 1596, mas já traduzidos antes para italiano, em 1557; publicou numerosas paráfrases, hinos e meditações em verso latino sobre temas religiosos; dois discursos de Lísias em latim (Roma, 1515): um «Xenophontis... de factis et dictis Socratis» com prefácio (Roma. 1521), etc..
O seu tempo conheceu-o bem. Mas a sua recordação cm nossos dias, deve-a Janus Vitalis apenas ao epigrama «De Roma Antiqua».
Disce hirte quid possti fortuna...
AMÉRICO DA COSTA RA M Al 110.
(1) l.uigi Tcrrari. «ONOMASTICON. Repertório biobibliogrnlieo degli scrittori italiani dal 150] ai 1ÍJ50». Editore Ulrico Hoepli, Milano. 1947.