tcc emanuel nascimento - universidade federal fluminense
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE BACHARELADO EM GEOGRAFIA
EMANUEL FRANCISCO SANTOS DO NASCIMENTO
RELAÇÃO ENTRE A EUTROFIZAÇÃO E ACUMULAÇÃO RECENTE DE CARBONO ORGÂNICO EM UMA FLORESTA DE MANGUEZAL E PLANÍCIE
HIPERSALINA (GUARATIBA, RIO DE JANEIRO)
Niterói 2017
EMANUEL FRANCISCO SANTOS DO NASCIMENTO
RELAÇÃO ENTRE A EUTROFIZAÇÃO E ACUMULAÇÃO RECENTE DE CARBONO ORGÂNICO EM UMA FLORESTA DE MANGUEZAL E PLANÍCIE
HIPERSALINA (GUARATIBA, RIO DE JANEIRO)
Monografia apresentada ao curso de Bacharelado em Geografia, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Geografia.
Orientador: Prof. Dr. Humberto Marotta Ribeiro
Coorientador:
Dr. Christian Joshua Sanders
Niterói 2017
1.Manguezal. 2.Eutrofização. 3.Planície hipersalina.
Janeiro, RJ). I.Título.
Nascimento, Emanuel Francisco Santos do
orgânico em uma floresta de manguezal e planície hipersalina (Guaratiba, Rio de Janeiro) Emanuel Francisco Santos do Nascimento. – Niterói : [s.n.], 2017.
50 f.
EMANUEL FRANCISCO SANTOS DO NASCIMENTO
RELAÇÃO ENTRE A EUTROFIZAÇÃO E ACUMULAÇÃO RECENTE DE CARBONO ORGÂNICO EM UMA FLORESTA DE MANGUEZAL E PLANÍCIE
HIPERSALINA (GUARATIBA, RIO DE JANEIRO)
Monografia apresentada ao curso de Bacharelado em Geografia, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Geografia.
Aprovada em 03 de Agosto de 2017.
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________ Prof. Dr. Humberto Marotta Ribeiro (Orientador) - UFF
_____________________________________________ Prof.ª Dra. Thais Baptista da Rocha - UFF
_____________________________________________ Prof. Dr. Rodrigo Coutinho Abuchacra - UERJ
_____________________________________________ Me. Leonardo Amora Nogueira - UFF
Niterói 2017
À minha mãe Lindi, por todo amor e carinho.
À minha avó Leonidia, sua história de vida é uma inspiração.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal Fluminense, por todas as valiosas experiências, oportunidades, amizades, reflexões e amadurecimento que esta me proporcionou ao longo destes anos.
Ao meu orientador Humberto por todos os seus esforços, pronto a resolver qualquer problema que surgisse, seus ensinamentos e conselhos ao longo de mais de 3 anos de estágio. Humberto é alguém que guardo grande estima e admiração por sua dedicação à ciência e honestidade e muito do que conquistei na UFF deve-se ao seu auxílio. Nesse momento só posso agradecer por tudo.
Agradeço ao meu coorientador Christian J. Sanders por suas importantes contribuições e que sempre quando possível esteve a disposição para esclarecer dúvidas, apesar da distância, assim como à Luciana Sanders por todo o auxílio sempre que necessário. À Southern Cross University por todas as análises realizadas.
Agradeço ao Núcleo de Estudos em Manguezais da UERJ pela grande ajuda em toda a logística de coleta dos testemunhos, especialmente aos professores Mário Gomes Soares e Gustavo Duque Estrada, assim como à Verônica e todos os demais integrantes do Núcleo que contribuíram diretamente na coleta e acondicionamento dos testemunhos.
Ao Laboratório de Biogeoquímica da UFRJ pelo suporte aos procedimentos de análise e materiais de coleta.
Ao Laboratório de Sedimentologia do Instituto de Geociências da UFF por todo apoio no acondicionamento e preparação das amostras para análise.
Ao Laboratório de Sedimentologia do Instituto de Química por possibilitar importantes análises e ao professor Wilson Thadeu Machado por gentilmente fornecer os dados do testemunho da planície hipersalina, e por abrir o espaço do laboratório.
À FAPERJ pela concessão de fomento que possibilitou o desenvolvimento das mais diversas etapas da pesquisa.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão de bolsa de iniciação científica PIBIC, muito importante ao longo da minha graduação.
À toda a coordenação do curso de Geografia por todo auxílio e, em especial, à Elaine que sempre se mostrou atenciosa às demandas que precisassem ser resolvidas.
Aos meus familiares, em especial, minha mãe Lindi e meu pai Helio, meu irmão Daniel e irmãs Anny, Beatriz e Cindi por todo auxílio, sugestões, carinho, enfim, por tudo.
Agradeço imensamente a vocês por tudo que fizeram e continuam fazendo por mim. Só cheguei até aqui pelo apoio de vocês.
À todos os meus colegas e amigos de estágio que sempre se dispuseram a me auxiliar nos momentos em que precisei. Não poderia aqui alguns como a Monique, Vinicius, Leonardo e Adriel e tantos outros que deram suas contribuições.
Aos amigos que fiz ao longo dessa minha trajetória na UFF, e na maravilhosa e inesquecível experiência de intercâmbio no Canadá que esta universidade me proporcionou. Agradeço aos professores Rodrigo Abuchacra e Thais Rocha, além do doutorando Leonardo Amora, por aceitarem compor a banca examinadora.
O tempo somente é porque algo acontece, e onde algo acontece o tempo está.
Milton Santos
RESUMO
Manguezais são ecossistemas costeiros tropicais e subtropicais altamente produtivos e constituem relevantes reservatórios globais de carbono (C), consequência do aporte de matéria orgânica alóctone e de sua produção de biomassa autóctone. Em porções interiores das florestas de manguezais, onde os aportes de água doce e a frequência de inundação pela maré são reduzidos, podem se formar planícies hipersalinas (também denominadas apicuns) que são reservatórios de nutrientes. Em virtude de atividades antrópicas na bacia de drenagem o enriquecimento de nutrientes (eutrofização) é uma dinâmica cada vez mais intensificada pelos aportes de fósforo e nitrogênio e impacta a dinâmica do metabolismo destes ambientes. Assim, as taxas de acumulação recentes (últimos 100 anos) de carbono orgânico, fósforo e nitrogênio totais foram avaliadas numa floresta de manguezal e planície hipersalina adjacente com a composição isotópica de δ13C e δ15N em testemunhos de sedimento de uma floresta de manguezal e planície hipersalina adjacente, influenciadas por rede de drenagem urbana. A floresta apresentou diferentes fases de sedimentação (anterior e posterior a década de 1960) com um aumento na acumulação de C orgânico e nutrientes em virtude da intensificação da industrialização e urbanização, além do maior aporte de sedimentos provenientes de uma transposição fluvial. A planície hipersalina não apresentou variação na sedimentação. Entretanto foi observado uma maior acumulação de C orgânico e nitrogênio total, e de modo significativo, fósforo total após 1960. Assim, o presente estudo sugere que a eutrofização antropogênica é um dos principais fatores que podem influenciar a acumulação de carbono orgânico em manguezais.
Palavras-chave: Floresta de Manguezal. Planície Hipersalina. Acumulação de
Carbono Orgânico. Eutrofização. Manguezal de Guaratiba.
ABSTRACT Mangroves are highly productive tropical and subtropical coastal ecosystems and constitute relevant global carbon (C) stocks, as a result of the contribution of allochthonous organic matter and its autochthonous biomass production. In the inner portions of mangrove forests, where freshwater input and tidal flooding frequencies are reduced, saltpans (also known as apicuns) which are considered nutrient reservoirs may occur. Due to anthropic activities in the drainage basin, nutrient enrichment (eutrophication) is a dynamic increasingly intensified by phosphorus and nitrogen inputs which impacts the metabolism of these systems. Thus, total organic carbon, phosphorus, nitrogen burial rates (past 100 years) and δ13C and δ15N isotopic composition were assessed in a mangrove forest and adjacent saltpan, influenced by an urbanized watershed. The forest presented different phases of sedimentation (before and after the 1960s) with an increase in organic C and nutrients burial due to the intensification of industrialization and urbanization, as well as the greater contribution of sediments from a fluvial transposition. The saltpan presented no variation in sedimentation. However, a greater accumulation of organic C and total nitrogen and, more significantly, total phosphorus after 1960 was observed. Thus, the present study suggests that anthropogenic eutrophication is one of the main factors that can influence the accumulation of organic carbon in mangroves. Keywords: Mangrove Forest. Saltpan. Organic Carbon Burial. Eutrophication. Guaratiba Mangrove.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Dinâmica do armazenamento e fluxos globais de carbono, considerando o impacto de atividades humanas......................................................................
14
Figura 2 – Principais processos na ciclagem e consequente acumulação de carbono nos solos em ecossistemas estuarinos pantanosos.......................................
15
Figura 3 – Mapa de localização da área de estudo na porção leste da Baía de Sepetiba, onde os pontos correspondem às áreas de coleta dos testemunhos sedimentares.............................................................................
22 Figura 4 – A – Estação de coleta no interior da floresta de manguezal. B – Camada
superficial de sedimento no interior da floresta. C – Estação de coleta na planície hipersalina. D – Camada superficial de sedimento na planície hipersalina.......................................................................................................
24
Figura 5 – A - Procedimento de coleta de testemunho na floresta. B - Identificação e acondicionamento de amostras em sacos tipo ziploc. C - Procedimento de coleta de testemunho na planície hipersalina.......................................................................................................
25 Figura 6 – A - Pesagem de amostra em balança de precisão. B – Utilização de
equipamento liofilizador para secagem de amostras no Laboratório de Sedimentologia (IGEO). C - Cápsulas utilizadas para armazenamento das amostras antes de análise em equipamento IRMS...............................................................................................................
26
Figura 7 –
Distribuição do ln210Pbex em relação à profundidade na floresta de manguezal (F2B) e planície hipersalina (A2)..................................................
27
Figura 8 –
Relação entre os conteúdos (%) e taxas (g m-2 ano-1) de carbono orgânico total (COT), nitrogênio total e fósforo total (PT) entre planície hipersalina e floresta de manguezal. (significativo p<0,05; teste-t com correção de Welch).............................................................................................................
28 Figura 9 –
Relação das composições isotópicas δ13C (‰) e δ15N (‰)entre planície hipersalina e floresta de manguezal. (significativo p<0,05; teste-t com correção de Welch).........................................................................................
29 Figura 10 –
Relação das razões molares de carbono orgânico total e nitrogênio total (C:N) e nitrogênio total e fósforo total (N:P) entre planície hipersalina e floresta de manguezal. (significativo p<0,05; teste-t com correção de Welch).............................................................................................................
29 Figura 11 –
Taxas de acumulação de carbono orgânico total (COT), nitrogênio total (NT) e fósforo total (PT) no perfil vertical da floresta de manguezal (testemunho F2B) e planície hipersalina (testemunho A2) localizados na porção leste da Baía de Sepetiba...................................................................
30 Figura 12 –
Assinatura isotópica de δ13C (‰) e δ15N (‰) ao longo dos perfis da floresta de manguezal (F2B) e planície hipersalina (A2).............................................
31
Figura 13 –
Razões molares de carbono orgânico e nitrogênio total (C:N), e nitrogênio total e fósforo total (N:P) ao longo dos perfis da floresta de manguezal (F2B) e planície hipersalina (A2).....................................................................
32
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Resultados de granulometria ao longo da profundidade dos testemunhos da floresta de manguezal (F2B - a) e planície hipersalina (A2 - b).
48
Tabela 2 – Resultados de granulometria ao longo da profundidade dos testemunhos da floresta de manguezal (F2B - a) e planície hipersalina (A2 - b).
49
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
C Carbono Corg Carbono Orgânico COT Carbono Orgânico Total CO2 Dióxido de Carbono N Nitrogênio NT Nitrogênio Total P Fósforo PT Fósforo Total TAC Taxa de Acumulação de Carbono TAS Taxa de Acumulação Sedimentar δ13C Composição isotópica de carbono 13/12 δ15N Composição isotópica de nitrogênio 15/14
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO GERAL ....................................................................... 13 1.1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E ESTOQUES DE CARBONO ................ 13 1.2 ESTUÁRIOS ........................................................................................ 14 1.2.1 Impactos nas bacias de drenagem ...................................................... 16 1.2.2 Metabolismo: mineralização, acumulação e fluxo para atmosfera ...... 16 2 INTRODUÇÃO ESPECÍFICA ............................................................. 18 2.1 OBJETIVO .......................................................................................... 21 2.2 HIPÓTESE .......................................................................................... 21 3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................... 21 3.1 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................. 21 3.2 MÉTODOS ANALÍTICOS .................................................................... 23 4 RESULTADOS .................................................................................... 26 5 DISCUSSÃO ....................................................................................... 32 6 CONCLUSÕES ................................................................................... 37 REFERÊNCIAS ................................................................................... 38 ANEXO – Tabela 1 e Tabela 2 ........................................................... 48
13
1 INTRODUÇÃO GERAL
1.1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E ESTOQUES DE CARBONO
O clima apresentou, notadamente, grandes variações ao longo da história
geológica do planeta (AHN; BROOK, 2008). Entretanto, a partir do início da primeira
revolução industrial, as concentrações de gases do efeito estufa como o dióxido de
carbono (CO2) na atmosfera foram diretamente afetadas por atividades humanas,
principalmente, pela queima de combustíveis fósseis e o desmatamento (LE QUÉRÉ
et al., 2015). Neste cenário, desenvolveu-se um interesse nos estudos sobre a
dinâmica do ciclo do carbono. Compreender e quantificar os processos que removem
este elemento da atmosfera e o estocam em reservatórios tornou-se um importante
desafio, assim como determinar a vulnerabilidade destes reservatórios de carbono
diante de impactos e alterações, tanto de origem antropogênica quanto naturais.
Como ambientes costeiros vegetados contribuem em 50% no armazenamento de
carbono em áreas costeiras (DUARTE et al., 2013), estes ambientes recebem
importante destaque neste tema, onde diversos trabalhos tem sido desenvolvidos.
Na Terra, grande parte do carbono encontra-se em estoques nas camadas
geológicas e nos oceanos sob a forma de carbonatos. Entretanto, os principais
reservatórios que compõem o ciclo biogeoquímico do carbono e que possibilitam
trocas entre si são a atmosfera, biosfera terrestre e os oceanos. O maior deles está
nos oceanos, que apresentam estoque total de 38.400 Gt de carbono. A atmosfera
armazena cerca de 800 Gt de carbono, enquanto a biosfera terrestre apresenta 560
Gt e os solos possuem aproximadamente 2.500 Gt de carbono (LAL, 2008). Os
ecossistemas costeiros, como manguezais, também apresentam importante estoque
de carbono. Apesar de apresentar área equivalente a apenas 0,1% da superfície
continental, estimativas sugerem que manguezais podem estocar até 10,4 Gt em seus
substratos (DUARTE et al., 2013; JARDINE; SIIKAMÄKI, 2014). No entanto, como visto na figura 1, estes estoques apresentam trocas
constantes, onde a influência antrópica nestes fluxos constitui um importante
componente. Segundo LE QUÉRÉ et al. (2015) as emissões antrópicas de CO2
atmosférico devido à queima de combustíveis fosseis e atividades industriais atingiu
valores próximos a 9,0 ± 0,5 Gt C/ano, entre os anos de 2005 e 2014. As emissões
14
referentes a mudanças no uso da terra apresentaram a média de 0,9 ± 0,5 Gt C/ano,
totalizando 9,9 Gt C/ano de carbono emitidos anualmente devido à atividades
humanas. Deste valor, os ecossistemas terrestres foram responsáveis pela absorção
de 3,0 Gt C/ano, sendo que 4,1 Gt C/ano permanece na atmosfera e cerca de 2,6 Gt
C por ano foram absorvidos pelos oceanos.
Figura 1: Dinâmica do armazenamento e fluxos globais de carbono, considerando o impacto de atividades humanas. Extraído de LE QUÉRÉ et al. (2015).
1.2 ESTUÁRIOS
Os estuários são importantes no ciclo biogeoquímico do carbono visto que
representam uma interface entre continente, atmosfera e oceano, sendo vulneráveis
a mudanças nestes três grandes sistemas. Em uma definição clássica1, destaca-se
que:
“Estuário é um corpo d’água costeiro semi-fechado que apresenta uma ou
mais conexões livres com o mar, se estendendo até o limite de influência da
1 Vale destacar que estuário possui uma ampla variedade de definições clássicas, propostas por autores de grande relevância como CAMERON & PRITCHARD (1963) e FAIRBRIDGE (1981).
15
maré, dentro da qual a água marinha é mensuravelmente diluída pela
drenagem continental” (DYER, 1997).
Assim, esses ambientes são sistemas extremamente dinâmicos,
caracterizados por gradientes físico-químicos, atividade biológica elevada e dinâmica
sedimentar intensa (GATTUSO; FRANKIGNOULLE.; WOLLAST, 1998).
Estima-se que apenas uma pequena parte do carbono que é transportado dos
ecossistemas terrestres para os sistemas fluviais atinge os oceanos. No entanto, em
ambientes estuarinos vegetados, a alta produtividade e a capacidade de reter
partículas suspensas no fluxo de água e armazená-las no sedimento aumentam
significativamente a acumulação de carbono (DUARTE et al., 2013). Além disso, estes
ambientes atuam como sumidouros de CO2, devido à sua capacidade de produção
primária geralmente exceder a respiração produzindo excesso de carbono orgânico
(DUARTE; MIDDELBURG; CARACO, 2005), como ilustrado na figura 2. Como
resultado, as taxas de acumulação de carbono orgânico nos ecossistemas de
manguezal, marismas e ervas marinhas são relativamente altas, excedendo as dos
solos das florestas terrestres (MCLEOD et al., 2011).
Figura 2: Principais processos na ciclagem e consequente acumulação de carbono nos solos em ecossistemas estuarinos pantanosos. Modificado de <http://www.habitat.noaa.gov/coastalcarbonseq-uestration.html>
16
1.2.1 Impactos nas bacias de drenagem
O acentuado crescimento populacional e o processo de urbanização na zona
costeira se deram de maneira significativa globalmente, impactando os ecossistemas
presentes nestas áreas (VITOUSEK et al., 1997; EHRENFELD, 2000). Na Austrália,
aproximadamente 84% da população vive em áreas costeiras que representam
apenas 1% do território (AUSTRALIAN BUREAU OF STATISTICS, 2002). Nos
Estados Unidos, ainda que as cidades costeiras representem 13% do território
continental do país, estima-se que 51% da população viva na zona costeira
(RAPPAPORT; SACHS, 2003). No Brasil, a histórica ocupação desigual do território
entre interior e litoral ainda se reflete na atual distribuição espacial da população
brasileira (BORELLI, 2007). Este padrão de ocupação foi intensificado, por exemplo,
pelo predomínio, até o século XX, de atividades econômicas voltadas para o mercado
externo como as mais relevantes (IBGE, 2011). Atualmente, a área dos municípios da
zona costeira no Brasil corresponde a 4,1% do território, mas 24% da população habita
estes municípios (IBGE, 2011).
O excessivo aporte artificial de nutrientes em cursos d’água e baías é
usualmente relacionado à atividades humanas nas bacias hidrográficas (PUCKETT,
1995; KNOLL; VANNI; RENWICK, 2003). Estas atividades podem representar aos
ambientes estuarinos importante fonte de efluentes orgânicos ou mesmo de nutrientes
já mineralizados. A bacia de drenagem da Baía de Sepetiba no estado do Rio de
Janeiro, por exemplo, abriga diversas indústrias em seu entorno, além de uma
população de aproximadamente dois milhões habitantes (CUNHA et al., 2009;
GOMES et al., 2009), recebendo despejo significativo de efluentes domésticos e
industriais.
1.2.2 Metabolismo: mineralização, acumulação e fluxo para atmosfera
O equilíbrio entre produção e consumo de carbono orgânico define a
contribuição que qualquer ecossistema possui para o ciclo global do carbono. Assim,
entre os fatores que regulam o metabolismo de sistemas biológicos estão os
processos de produção e respiração. A produção primária líquida é considerada o
equilíbrio entre a produção primária bruta e a respiração dos componentes
autotróficos do sistema (GATTUSO; FRANKIGNOULLE.; WOLLAST, 1998). No
17
entanto, a produção líquida do ecossistema é a diferença entre produção primária
bruta e a respiração do ecossistema, que inclui os componentes autotróficos e
heterotróficos (GATTUSO; FRANKIGNOULLE.; WOLLAST, 1998). Desse modo,
compreender a dinâmica da produção líquida de um ecossistema possibilita avaliar a
contribuição de um ecossistema para processos globais.
No caso de ecossistemas de manguezal, os principais produtores primários que
fixam carbono da atmosfera são as árvores, embora macroalgas e fitoplânctons e os
vários tipos de algas que crescem na superfície também contribuam. Como outras
árvores, os mangues assimilam o CO2 atmosférico em compostos orgânicos para
fabricar novas folhas, raízes e galhos (CASTAÑEDA-MOYA; TWILLEY; RIVERA-
MONROY, 2013; ALONGI, 2014). Por colonizarem substratos salinos e anóxicos, os
mangues usam uma estratégia vantajosa de minimizar a perda de água e maximizar
a fixação de carbono, sendo altamente eficientes no uso e transpiração da água
(ALONGI, 2014).
Entre os principais fatores que controlam as transformações microbianas de
carbono em sedimentos de manguezal estão o tipo de vegetação que se encontram
em atividade radicular, tipo de sedimento, aporte orgânico, elevação de maré,
salinidade e eutrofização (KRISTENSEN, 2007). Além disso, a matéria orgânica de
mangue que não é exportada pela ação da maré entra no sedimento e é degradada
ou modificada quimicamente por microorganismos (KRISTENSEN et al., 2008a).
18
2 INTRODUÇÃO ESPECÍFICA
Manguezais são ecossistemas costeiros de transição entre os ambientes
terrestre e marinho tipicamente localizados em áreas de menor turbulência na
desembocadura de rios tropicais e subtropicais, cuja área global estimada varia entre
83.495 km2 (HAMILTON; CASEY, 2016) e 137.760 km2 (GIRI et al., 2011). O
funcionamento desses ecossistemas é determinado por fatores naturais, como o
regime de marés, a mistura de águas marinhas e doces ou a deposição gradual de
sedimentos (WOODROFFE, 1985; SCHAEFFER-NOVELLI; CINTRÓN-MOLERO;
ADAIME, 1990), os quais também têm sido sensivelmente alterados pelas atividades
humanas (LEE et al., 2006; BORGES et al., 2009). Altas temperaturas o ano inteiro,
significativa produção primária, baixa turbulência, declividade menos acentuada e
posição terminal na bacia de drenagem contribuem aos elevados aportes de
compostos inorgânicos e orgânicos de origem tanto autóctone quanto alóctone, os
quais alcançam suas águas e seus sedimentos (CLOUGH, 1992; WOODROFFE,
1992). A disponibilidade desses recursos associada às condições mais quentes e
abrigadas tornam os manguezais habitats críticos para uma extensa variedade de
espécies, sendo fundamentais à manutenção da biodiversidade marinha (POLIDORO
et al., 2010).
Nesse sentido, outro importante fator direcionador da biodiversidade dos
manguezais é sua heterogeneidade intraecossistêmica. As áreas mais próximas do
mar (zona de franja) contrastam as de substrato mais consolidado e de maior
desenvolvimento arbóreo, onde a frequência de inundação pela maré é intermediária
(zona de floresta de manguezal), e aquelas mais interiores, onde os aportes de água
doce e da maré são reduzidos (zona de planície hipersalina). Apesar da intensa
flutuação do tempo de inundação e dos níveis de salinidade que são limitantes à
maioria das plantas e afetam sua distribuição (CHEN; TWILLEY, 1998; CASTAÑEDA-
MOYA; RIVERA-MONROY; TWILLEY, 2006), os manguezais podem apresentar
florestas relativamente densas, dominadas por espécies arbóreas altamente
especializadas a essas condições extremas. A vegetação arbórea contribui para a
retenção física de sedimentos e formação do próprio ecossistema de manguezal
(WOODROFFE, 1992; FURUKAWA; WOLANSKI; MUELLER, 1997). Já as planícies
hipersalinas são formadas devido às altas taxas de evaporação de água marinha e
19
subsequente precipitação de sais (RIDD; STIEGLITZ, 2002), as quais inibem o
crescimento de vegetais superiores. Essas planícies são consideradas feições do
ecossistema manguezal (SCHAEFFER-NOVELLI, 1999) e denominadas no Brasil de
apicuns (ALBUQUERQUE et al., 2014). Apesar da ausência de espécies arbóreas, as
planícies hipersalinas podem ser colonizadas por esteiras algais e de cianobactérias
(LOVELOCK et al., 2010; ADAME et al., 2012b), atuando como relevantes estoques
de nutrientes (RIDD et al., 1997; BURFORD et al., 2016) e áreas propicias à expansão
dos manguezais em cenários de elevação do nível médio do mar (SOARES, 2009).
Sendo assim, essas condições e disponibilidade de recursos estimulam
diretamente as taxas metabólicas envolvidas na ciclagem de carbono (C), tanto de
acumulação (ALONGI et al., 2005; SANDERS et al., 2014, 2016) quanto de
mineralização de matéria orgânica no substrato das florestas de manguezal
(MACREADIE et al., 2012) e planícies hipersalinas adjacentes (BURFORD et al.,
2016). Enquanto a acumulação orgânica contribui para tornar os sedimentos de
manguezal importantes estoques de C atmosférico, os processos de mineralização
também podem torná-los fontes de substanciais quantidades de gases de C à
atmosfera (BOUILLON et al., 2008; KRISTENSEN et al., 2008a).
Desse modo, estudos recentes têm revelado um importante papel dos
manguezais sobre a ciclagem de C em ambas as escalas local e global (MAHER et
al., 2013; ALONGI, 2014; ATWOOD et al., 2017). Estima-se que somente a atual taxa
de desmatamento destes ecossistemas seja responsável por emissões anuais entre
0,02 e 0,12 Gt de C à atmosfera, magnitude considerada significativa no balanço de
C da biosfera (DONATO et al., 2011; SIIKAMAKI; SANCHIRICO; JARDINE, 2012).
Por sua vez, as taxas de acumulação de C por área dos manguezais podem alcançar
valores até 56 vezes mais elevados do que as florestas terrestres (MCLEOD et al.,
2011), podendo chegar a 15% do total acumulado de C em áreas costeiras
(JENNERJAHN; ITTEKKOT, 2002; DUARTE; MIDDELBURG; CARACO, 2005). Uma
parte relevante desta acumulação se concentra em biomassa depositada nos
sedimentos, compartimento que, mesmo sem incluir a vegetação viva nele
estabelecida, é considerado um dos mais importantes estoques de C do planeta
(CHMURA et al., 2003; DUARTE; MIDDELBURG; CARACO, 2005; SANDERS et al.,
2010b; BOUILLON, 2011; DONATO et al., 2011; MCLEOD et al., 2011; BREITHAUPT
et al., 2012; ALONGI, 2014; ATWOOD et al., 2017).
20
Na bacia de drenagem, o aporte de nutrientes que resulta na eutrofização é um
fator regulador da acumulação de C nos ecossistemas. Com o aumento no
crescimento populacional em zonas costeiras, sobretudo, tropicais e subtropicais, se
observa um elevado enriquecimento de nutrientes em áreas costeiras dominadas por
manguezais (BORGES et al., 2009; MACREADIE et al., 2012; SANDERS et al., 2014).
Os substanciais aportes antropogênicos de substratos orgânicos e de nutrientes,
como nitrogênio (N) e fósforo (P), nos ecossistemas aquáticos costeiros podem
sustentar intensos processos metabólicos, os quais são envolvidos na acumulação de
C pela produção primária (DUARTE; AGUSTÍ, 1998; DIAZ; ROSENBERG, 2008). No
entanto, há ainda importantes lacunas sobre os efeitos da eutrofização nos estoques
de C nos ecossistemas, uma vez que podem favorecer tanto a fixação de C em
biomassa pela produção primária quanto sua liberação à atmosfera pelas vias de
mineralização biológica (MORRIS; BRADLEY, 1999; MFILINGE; ATTA; TSUCHIYA,
2002; KRISTENSEN et al., 2008b).
Na costa brasileira, os manguezais estão entre os mais relevantes e extensos
ecossistemas (SCHAEFFER-NOVELLI et al., 2000). De fato, depois da Indonésia, o
Brasil é o país com a maior área de manguezais do mundo (HAMILTON; CASEY,
2016), com ocorrência significativa de planícies hipersalinas associadas. No estado
do Rio de Janeiro encontra-se a Baía de Sepetiba, que em sua porção leste apresenta
uma importante área colonizada por manguezais e a ocorrência de planície hipersalina
(PELLEGRINI, 2000; ESTRADA et al., 2013). Esta região encontra-se próxima de um
importante centro de atividades econômicas do estado, sendo caracterizada por
impactos associados a uma bacia de drenagem urbanizada, assim como a atividade
portuária, de indústrias metalúrgicas e petroquímicas (MOLISANI et al., 2004). Essas
atividades são responsáveis pelo aporte de grandes quantidades de esgotos
doméstico e industrial (COPELAND et al., 2003; CUNHA et al., 2006).
Apesar da relevância global dos substratos de manguezal como estoques de
C, pouca atenção tem sido devotada à análises comparativas integradas da
acumulação orgânica recente entre florestas de manguezais e planícies hipersalinas
adjacentes. Esse tópico é especialmente pouco compreendido em relação aos efeitos
das atividades antropogênicas que alteram a biogeoquímica do C e de nutrientes na
biosfera.
21
2.1 OBJETIVO
Avaliar a relação das taxas de acumulação recente (210Pb) de fósforo,
nitrogênio e carbono orgânico totais com a composição isotópica de δ13C e δ15N em
testemunhos de sedimento de uma floresta de manguezal e planície hipersalina
adjacente, influenciadas por rede de drenagem urbana (Manguezal de Guaratiba, Rio
de Janeiro).
2.2 HIPÓTESE
O enriquecimento de nitrogênio e fósforo estimulará a acumulação de carbono
orgânico nos sedimentos da floresta de manguezal e da planície hipersalina
adjacente.
3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 ÁREA DE ESTUDO
O manguezal de Guaratiba se situa ao longo da margem leste da Baía de
Sepetiba na costa do estado do Rio de Janeiro, entre as latitudes 22°59'54.97"S –
23°2'13.28"S Sul e as longitudes 43°38'15.62"W – 43°33'37.16"W (Figura 3). Embora
esteja localizado em uma unidade de conservação (Reserva Biológica Estadual de
Guaratiba), esse manguezal recebe grande aporte de nutrientes advindos
especialmente de uma rede de drenagem altamente urbanizada (COPELAND et al.,
2003; MOLISANI et al., 2004). Entre os principais cursos fluviais da região está o rio
Guandu, mas outros rios de menor vazão, como os rios Piraquê, Piracão e Portinho,
entrecortam o manguezal de Guaratiba e desaguam na Baía de Sepetiba
(PARAQUETTI et al., 2004; SOARES; SCHAEFFER-NOVELLI, 2005; CHAVES et al.,
22
2010). Essa baía é um ecossistema semi-confinado, que se estende por uma área de
cerca de 305 km2 e tem recebido ao longo das últimas décadas crescente aporte de
efluentes domésticos, os quais são advindos de rios que drenam a região
metropolitana do Rio de Janeiro (LEAL-NETO et al., 2006). A área total do manguezal
de Guaratiba, por sua vez, é de 28,3 km2, dos quais 20,9 km2 correspondem à floresta
onde as espécies de mangue Rhizophora mangle, Avicennia schaueriana e, de modo
mais inexpressivo, Laguncularia racemosa estão estabelecidas (ESTRADA et al.,
2013). Além disso, uma planície hipersalina se estende pela área restante de 7,4 km2,
a qual é banhada predominantemente apenas pelas preamares de sizígia (ESTRADA
et al., 2013).
Figura 3: Localização da área de estudo na porção leste da Baía de Sepetiba, onde os pontos correspondem às áreas de coleta dos testemunhos sedimentares. O ponto amarelo indica o local de coleta na floresta de manguezal e o vermelho ao da planície hipersalina.
Segundo as tábuas de marés da Diretoria de Hidrografia e Navegação para o
Porto de Itaguaí, a região apresenta um regime de micromarés com até 2 m de
amplitudes. O clima, de acordo com a classificação de Koppen, pode ser classificado
como tropical quente e úmido (Aw) com períodos mais secos nos meses de inverno.
Assim, os períodos de maior pluviosidade geralmente ocorrem em Janeiro e Março, e
os mais secos em Junho e Agosto (SOARES; SCHAEFFER-NOVELLI, 2005). As
temperaturas mínima e máxima apresentaram uma variação de 22 a 35° C no verão
23
e de 17 a 30° C no inverno, durante os anos de 2010 e 2011 (MASUDA; ENRICH-
PRAST, 2016).
3.2 MÉTODOS ANALÍTICOS
Testemunhos de sedimento de aproximadamente 50 cm foram coletados em
2012 durante a baixa-mar por meio de tubos de alumínio em duas estações de coleta,
sendo um testemunho coletado no interior da floresta de manguezal (F2B -
23°0'58.10"S, 43°36'41.28"W; Figura 4) e outro na planície hipersalina (A2 -
23°0'44.87"S, 43°36'28.58"W; Figura 4) com o auxílio de um trado russo. Os dados
obtidos do testemunho da floresta (F2B) foram fornecidos e são provenientes do artigo
aguardando publicação PÉREZ et al. (Submetido). Em virtude de possíveis diferenças
nas taxas de acumulação sedimentar, o testemunho da floresta de manguezal foi
seccionado em intervalos de 1 cm na camada de 0-10 cm e de 2 cm na parte restante,
enquanto que o da planície hipersalina foi seccionado em intervalos de 1 cm ao longo
de todo perfil. Ambos os testemunhos foram fatiados ainda no campo e amostras de
cada camada, no laboratório, foram mantidas congeladas até serem analisadas
(Figura 5).
Alíquotas de cada seção dos testemunhos foram pesadas e liofilizadas. A
densidade aparente das camadas foi estimada por meio da divisão do peso do
sedimento seco pelo volume inicial (RAVICHANDRAN et al., 1995). Posteriormente
as amostras foram secas, maceradas, descarbonatadas com ácido clorídrico (HCl) e
encapsuladas para as análises químicas (Figura 6). As análises de carbono orgânico
total (COT), nitrogênio total (NT) e das composições isotópicas de δ13C e δ15N foram
realizadas em um Analisador Elementar Flash acoplado a um espectrômetro de
massa de razão isotópica (IRMS) Thermo Fisher Delta V. A precisão analítica foi de:
C = 0.1%, N = 0.1%, δ13C = 0.1‰ e δ15N = 0.15‰. Por sua vez, o conteúdo de fósforo
total (PT) foi determinado em um espectrômetro de massa por plasma indutivamente
acoplado (ICP-MS) APHA, a partir de alíquotas secas e após a digestão ácida das
amostras com ácido HNO3/HCl 1:3. A amostra controle do laboratório para análise de
24
PT (AGAL 12) foi digerida e analisada com cada alíquota de sedimento. Os resultados
de COT, NT e PT foram utilizados no cálculo das razões molares de C:N e N:P. Os
valores mais altos de δ13C, δ15N e razão C:N indicam maiores aportes de origem
terrestre ou de árvores de manguezal, contrastando aos valores mais baixos dessas
variáveis que indicam maior influência de algas (MEYERS, 1994, 1997). Além disso,
valores mais altos de δ15N e mais baixos de ambas as razões C:N e N:P podem ser
indicativos de maiores aportes de efluentes domésticos ou fertilizantes (ALTABET;
FRANCOIS, 1994; COSTANZO et al., 2005). Finalmente, a análise granulométrica
entre as classes areia (> 50µm), silte (2 - 50µm) e argila (< 2µm) foi realizada após a
eliminação da matéria orgânica por solução de peróxido de hidrogênio 10% e
desagregação por solução de hexametafosfato de sódio 4%, usando uma unidade de
difração laser CILAS 1064.
Figura 4: A – Estação de coleta no interior da floresta de manguezal. B – Camada superficial de sedimento no interior da floresta. C – Estação de coleta na planície hipersalina. D – Camada superficial de sedimento na planície hipersalina.
As idades e as taxas de acumulação sedimentar foram determinadas utilizando
a atividade em excesso do chumbo-210 (210Pb) mensurada pelo pico 46,5 KeV. O 210Pb é um radionuclídeo da série de decaimento do Urânio-238 (238U) com meia-vida
de aproximadamente 22,3 anos e, portanto, adequado para determinar taxas de
acumulação sedimentar (TAS) na escala de tempo ao longo de décadas
25
(aproximadamente até 100 anos antes do presente). As amostras liofilizadas e
maceradas (N = 29 e 14 camadas nos testemunhos da floresta de manguezal e
planície hipersalina, respectivamente) foram armazenadas em tubos de contagem
gama, a qual foi realizada em um detector de germânio intrínseco acoplado a um
analisador de multicanal.
Figura 5: A - Procedimento de coleta de testemunho na floresta. B - Identificação e acondicionamento de amostras em sacos tipo ziploc. C - Procedimento de coleta de testemunho na planície hipersalina.
A atividade do 210Pb em excesso (210Pbex) foi calculada subtraindo o 210Pb
suportado, isto é, a atividade de 210Pb em equilíbrio com a do rádio-226 (226Ra), da
atividade total de 210Pb. A atividade do 226Ra foi, por sua vez, calculada a partir da
média dos picos dos seus isótopos-filho 214Pb e 214Bi (295.2 KeV) (351.9 KeV) (609.3
KeV) (MOORE, 1984). Os valores de 210Pbex expressos em logaritmo natural foram
utilizados no modelo de datação Concentração Inicial Constante (CIC), no qual as TAS
são determinadas por meio de regressão linear pelo método dos mínimos quadrados.
A taxa é obtida a partir da divisão da constante de decaimento do 210Pb (0,031) pela
inclinação da reta. Apesar da premissa de TAS constantes, o modelo de datação CIC
pode ser aplicado a seções do testemunho para identificar diferentes fases de
sedimentação (APPLEBY; OLDFIELD, 1983). Finalmente, as taxas de acumulação de
COT, NT e PT foram calculadas a partir do conteúdo de COT, NT e PT (g g-1)
26
associado à profundidade (cm), densidade aparente (g cm-3) e as taxas de
acumulação sedimentar (TAS, mm ano-1) ao longo de cada testemunho.
Os dados log-transformados de composição química do sedimento
apresentaram distribuição normal (Kolmogorov-Smirnov, p>0,05), embora suas
variâncias tenham sido significativamente diferentes entre os testemunhos (Bartlett,
p<0,05). Dessa forma, foram utilizados testes-t com correção de Welch (significativo
p<0,05) e médias para comparar cada variável entre a planície hipersalina e a floresta
de manguezal. A determinação das diferentes fases de sedimentação foi avaliada por
meio de regressão linear (significativo, p<0,05). Todas as análises estatísticas e os
gráficos foram realizados no programa GraphPad Prism 5.0.
Figura 6: A - Pesagem de amostra em balança de precisão. B – Utilização de equipamento liofilizador para secagem de amostras no Laboratório de Sedimentologia (IGEO). C - Cápsulas utilizadas para armazenamento das amostras antes de análise em equipamento IRMS.
4 RESULTADOS
O testemunho da planície hipersalina (A2) apresentou uma variação de
ln210Pbex relativamente constante ao longo do perfil vertical, indicando uma única taxa
27
de acumulação sedimentar (TAS) de 1,3 mm ano-1. Por outro lado, o perfil de 210Pbex
no testemunho da floresta de manguezal apresentou duas fases significativamente
diferentes (regressão linear, p<0,05; Figura 7). Um período de industrialização
incipiente no estado do Rio de Janeiro, anterior a 1960 nas camadas entre 28-50 cm,
e outro período de substancial desenvolvimento urbano-industrial, desde 1960 a 1990
nas camadas entre 10-28 cm. Essas fases de acumulação no perfil sedimentar da
floresta de manguezal se refletiram em um incremento de quase 3 vezes entre ambos
os períodos de 1905-1960 e 1960-1990, alcançando 5,2 e 16,0 mm ano-1
respectivamente. Além disso, a camada superficial (primeiros 10 cm) foi considerada
uma zona de mistura biológica, pois não apresentou um declínio significativo do 210Pbex e sua composição textural exibiu mais de 80% do conteúdo de silte e argila.
No sentido de evitar superestimativas, essa zona de mistura superficial foi excluída
dos cálculos das TAS como descrito por SMOAK; PATCHINEELAM (1999).
Entretanto, assumindo a mesma acumulação sedimentar de 1960-1990 (16,0 mm ano-
1) a TAS para o período pós-1990 foi estimada.
Figura 7: Distribuição do ln210Pbex em relação à profundidade na floresta de manguezal (F2B) e planície hipersalina (A2). A equação da reta na planície hipersalina é de: y = -0.2719 ± 0.02161x + 3.645 ± 0.1840 (R2 = 0,93). Na floresta, os triângulos cinzas correspondem à zona de mistura (0-10 cm), os quadrados laranjas à segunda fase (10-28 cm) e os círculos verdes à primeira fase (28-50 cm). A equação da reta da primeira fase é de: y = -0.06041 ± 0.01076x + 2.427 ± 0.4253 (R2 = 0,78); e na segunda fase é de: y = -0.01966 ± 0.004042x + 1.158 ± 0.07775 (R2 = 0,80).
A granulometria não exibiu variações significativas em função da profundidade
no testemunho da planície hipersalina (A2), com uma composição textural
predominante de silte (Tabela 1, em anexo). Entretanto, foi possível identificar um
28
aumento nos teores de COT, NT e PT em direção ao topo do testemunho (Tabela 2,
em anexo). Além dos teores, a acumulação COT e NT também foram mais elevadas
nas camadas mais superficiais e recentes, sobretudo após 1960. A exceção foi o PT,
que se manteve relativamente elevado e constante ao longo do perfil (Figuras 8 e 11).
As taxas de acumulação média destes elementos para todo o perfil foram,
respectivamente, 17,0, 2,3 e 2,0 g m-2 ano-1.
Figura 8: Relação entre os conteúdos (%) e taxas (g m-2 ano-1) de carbono orgânico total (COT), nitrogênio total e fósforo total (PT) entre planície hipersalina e floresta de manguezal. Barras verticais indicam a mediana com amplitude de interquartil de 25% a 75%. Letras diferentes em cada painel representam diferenças estatísticas significativas (p<0,05; teste-t com correção de Welch).
Por sua vez, o testemunho da floresta apresentou um ligeiro aumento no
conteúdo de silte, além de uma diminuição no conteúdo de argila nas camadas mais
superficiais (acima de 28 cm) (Tabela 2). Assim, a atividade do 210Pbex associada aos
teores de COT, NT e PT permitiram identificar diferenças significativas entre planície
hipersalina e floresta de manguezal (Figuras 8 e 11; significativo p<0,05; teste-t com
correção de Welch). Além disso, esses resultados possibilitaram determinar diferentes
fases de acumulação sedimentar. Na fase anterior ao ano de 1960, os conteúdos de
COT, NT e PT apresentaram valores inferiores em comparação com a segunda fase
(entre 1960 e 1990), enquanto os valores mais altos foram observados na fase
29
posterior a 1990 (Tabela 2). As taxas de acumulação média de COT, NT e PT na
floresta ao longo do perfil foram de 781, 56 e 12 g m-2 ano-1, respectivamente (Figura
11). Entretanto, estas taxas apresentaram diferenças significativas entre cada fase
sedimentar, onde a acumulação de COT, NT e PT foi significativamente maior nas
duas fases posteriores a 1960. Assim, as taxas de acumulação média de COT, NT e
PT considerando cada fase foram, respectivamente, 386, 17 e 5 g m-2 ano-1 na primeira
fase; 879, 58 e 18 g m-2 ano-1 na segunda fase; e 1088, 94 e 15 g m-2 ano-1 na terceira
fase, considerando a estimativa de acumulação sedimentar (16,0 mm ano-1).
Figura 9: Relação das composições isotópicas δ13C (‰) e δ15N (‰) entre planície hipersalina e floresta de manguezal. Barras verticais indicam a mediana com amplitude de interquartil de 25% a 75%. Letras diferentes em cada painel representam diferenças estatísticas significativas (p<0,05; teste-t com correção de Welch).
Figura 10: Relação das razões molares de carbono orgânico total e nitrogênio total (C:N) e nitrogênio total e fósforo total (N:P) entre planície hipersalina e floresta de manguezal. Barras verticais indicam a mediana com amplitude de interquartil de 25% a 75%. Letras diferentes em cada painel representam diferenças estatísticas significativas (p<0,05; teste-t com correção de Welch).
30
Figura 11: Taxas de acumulação de carbono orgânico total (COT), nitrogênio total (NT) e fósforo total (PT) no perfil vertical da floresta de manguezal (testemunho F2B) e planície hipersalina (testemunho A2) localizados na porção leste da Baía de Sepetiba.
As razões molares C:N do testemunho da planície hipersalina apresentaram
valores ligeiramente mais elevados a partir da década de 1950 (Figura 13), havendo
uma redução após 1990. Os valores oscilaram entre 7,6 e 9,7 ao longo do perfil. Por
outro lado, as razões N:P se mantiveram relativamente constantes até 1990 (entre 2,1
e 2,7), quando houve uma elevação atingindo um máximo de 4,7. No que se refere à
floresta, no período após o ano de 1960, o perfil das razões molares C:N mostrou uma
tendência decrescente em direção as camadas mais superficiais (acima de 28 cm de
profundidade), se mantendo entre 29,5 e 14,4 na segunda fase (1960 – 1990), e entre
16,6 e 12,2, com valor médio de 13,5 na terceira fase (1990 – 2010). A primeira fase
31
(1905 – 1960) exibiu os maiores valores das razões C:N que variaram entre 29,9 e
19,4 (Figura 13). No que diz respeito às razões N:P, os resultados também foram
contrastantes entre as diferentes fases. Foi possível observar os valores
consistentemente mais elevados (entre 12,7 e 14,6) na terceira fase, representando
um aumento substancial quando comparado aos valores observados na primeira (3,1
à 12,7) e segunda fase (5,0 à 11,4).
Figura 12: Assinatura isotópica de δ13C (‰) e δ15N (‰) ao longo dos perfis da floresta de manguezal (F2B) e planície hipersalina (A2).
Na planície hipersalina, enquanto que os valores de δ13C foram relativamente
constantes ao longo de todo o testemunho (mínimo de -18,4‰ e máximo de -17,7‰),
os resultados de δ15N mostraram uma tendência de aumento em direção ao topo,
oscilando entre 8,4 a 11,8‰ (Figura 12). Este aumento foi observado, em especial,
após a década de 1960. No caso da floresta, por sua vez, os valores observados de
δ13C na primeira fase sedimentar variaram entre -25,0 e -22,7‰, apresentando um
relativo decréscimo na durante a segunda (mínimo de -25,8‰ e máximo de -24,2‰)
e terceira fase, que exibiu assinatura isotópica de δ13C entre -25,6 e -23,8‰ (Figura
32
12). Em relação aos resultados de δ15N, foi possível observar um aumento substancial
quando comparadas as três fases. Na primeira fase, anterior a 1960, a composição
isotópica δ15N exibiu valores relativamente baixos, predominantemente inferiores a
0,0‰. Entre os anos de 1960 e 1986 o δ15N oscilou entre -1,8 e 1,7‰ com um aumento
acentuado observado em 1990 (8,5‰). Por fim, no período após 1990, os valores de
δ15N apresentaram consistentemente os resultados mais elevados, que variaram
entre 7,8 e 9,7‰ (Figura 12).
Figura 13: Razões molares de carbono orgânico e nitrogênio total (C:N), e nitrogênio total e fósforo total (N:P) ao longo dos perfis da floresta de manguezal (F2B) e planície hipersalina (A2).
5 DISCUSSÃO
Os resultados do presente estudo revelaram contrastantes taxas de
acumulação sedimentar entre a floresta de manguezal e a planície hipersalina
adjacente, confirmando que elevadas taxas de acumulação nos manguezais podem
33
ser atribuídas ao aporte fluvial e marinho na área com vegetação arbórea na linha do
litoral (SANDERS et al., 2010a; WOODROFFE et al., 2016). Além de maior
magnitude, a floresta apresentou taxas mais variáveis ao longo das últimas décadas.
Os menores aportes advindos da rede de drenagem e intensidade de maré (RIDD;
STIEGLITZ, 2002; ALBUQUERQUE et al., 2014) poderiam tornar a planície
hipersalina menos susceptível a mudanças mais abruptas. No entanto, mesmo a
planície hipersalina mais isolada apresentou consistente aumento das taxas de
acumulação de nutrientes e carbono orgânico (COT), também sugerindo alterações
mais gradativas. Entretanto, as TAS da floresta (5,2 mm ano-1 e 16,0 mm ano-1) foram,
ainda, substancialmente maiores do que a da planície hipersalina (1,3 mm ano-1).
Apesar da TAS da floresta de manguezal de Guaratiba durante a condição mais
pristina (pré-1960) já ser mais elevada do que a mediana global de 2,8 mm ano-1
(BREITHAUPT et al., 2012), o seu incremento nas décadas posteriores foi ainda mais
intenso. O aumento nas TAS em mais de 3 vezes entre 1960-1990 em comparação
ao período anterior, alcançando valores mais de 5 vezes maiores do que essa média
global (BREITHAUPT et al., 2012), confirmou o potencial papel de transposições
fluviais que aumentaram sensivelmente a deposição de sedimentos na Baía de
Sepetiba a partir dos anos de 1950 (MOLISANI et al., 2006; GOMES et al., 2009). A
construção da barragem Santa Cecília em 1955, que desviou parte das águas do rio
Paraíba do Sul para o rio Guandu elevou a vazão do rio para 160 m3 s-1 (MOLISANI
et al., 2006). Este aporte adicional de água advinda de rede de drenagem urbana
poderia ter contribuído não somente para o aumento na entrada de nutrientes e
matéria orgânica (BARCELLOS; LACERDA; CERADINI, 1997; MOLISANI et al.,
2006), mas também para o gradativo incremento da atividade biológica e subsequente
apreensão de C em biomassa (KRISTENSEN et al., 2008a; REEF; FELLER;
LOVELOCK, 2010; DUARTE et al., 2013). Além disso, a elevação das TAS observada
ao longo dos últimos aproximadamente 100 anos na floresta de manguezal de
Guaratiba é consistente com um aumento previamente descrito para a porção
nordeste da Baía de Sepetiba, cerca de 20 km de distância, onde a sedimentação se
elevou de 3,5 mm ano-1 no período anterior a década de 1960 para 7,6 mm ano-1 após
1960 (GOMES et al., 2009). Os resultados da floresta de manguezal também são
consistentes com a amplitude nas taxas para os últimos 100 anos entre diferentes
áreas de coleta na Baía de Sepetiba, que variaram entre 4 e 24,0 mm ano-1 (BORGES;
NITTROUER, 2016).
34
O grande aumento observado na acumulação de sedimentos no manguezal de
Guaratiba confirmou resultados prévios que sustentam o papel da urbanização para
intensificar os aportes de matéria orgânica e inorgânica em uma baía próxima. A Baía
de Guanabara, que é distante apenas cerca de 50 km e seu entorno é ainda mais
urbanizado do que aquele da Baía de Sepetiba, apresentou um aumento nas taxas de
sedimentação por datação de 210Pb desde 1,2 a 20 mm ano-1, comparando um período
mais (posterior à 1950) e menos urbanizado (anterior à 1950) no último século
(GODOY et al., 1998; MONTEIRO et al., 2012). Além do rápido crescimento
populacional observado no estado do Rio de Janeiro que ocorreu durante a segunda
metade do século XX, esta área também foi afetada por uma transposição que desviou
fluxos d’água do rio Macacu para o rio Guapimirim e alterou os aportes de C e
nutrientes (MONTEIRO et al., 2012).
Nesse sentido, as taxas de acumulação de PT, NT e COT acompanharam o
substancial aumento das taxas de acumulação sedimentar entre os períodos antes e
após os anos de 1960 na floresta de manguezal. A transição das condições mais
pristinas, onde as menores taxas de acumulação na primeira fase refletem as
condições anteriores ao elevado crescimento populacional e da atividade industrial
(BARCELLOS; LACERDA; CERADINI, 1997), para eutróficas evidencia variações
temporais de COT, NT e PT. Assim, a alta acumulação de COT e NT observada na
floresta durante a segunda e terceira fase pode estar associada a uma elevação da
produtividade primária resultante dos maiores aportes de N e P com o aumento
acentuado da produção e despejo de resíduos domésticos e efluentes industriais
(BARCELLOS; LACERDA; CERADINI, 1997; MOLISANI et al., 2004; CUNHA et al.,
2009), e intensificação de eventos de dragagem na Baía no período após 1960, que
contribuíram para ressuspensão de nutrientes e matéria orgânica depositada
(GOMES et al., 2009; MONTE et al., 2015). Além disso, foi possível identificar um
aumento nas taxas de acumulação de PT na floresta entre a primeira e segunda fase
indicativo destas condições eutróficas. Entretanto, a terceira fase foi marcada por uma
redução na acumulação de PT que pode estar relacionada a uma maior incorporação
do PT à biomassa da floresta pelas raízes (FELLER et al., 2003; FELLER;
LOVELOCK; MCKEE, 2007).
A planície hipersalina também apresentou uma elevação dos teores e das taxas
de COT e NT após 1960 condizentes com a intensificação dos aportes
antropogênicos, ainda que de modo consideravelmente mais gradual. Em virtude
35
disso, sugere-se que o fato de manguezais atuarem como filtros de nutrientes (REEF;
FELLER; LOVELOCK, 2010) e sedimento em suspensão (WOODROFFE, 1992) pode
ter favorecido que a planície hipersalina fosse menos afetada pelos maiores aportes
sedimentares. Por outro lado, os teores e a acumulação de PT se caracterizou por ser
relativamente constante durante todo o perfil, sem um claro declínio recente como
ocorrido na floresta. Isto poderia ser explicado pela ausência de vegetação arbórea e
predominância da produção primária de microalgas bentônicas (ADAME et al., 2012b;
MASUDA; ENRICH-PRAST, 2016), compostas de cianobactérias capazes de
absorver P e armazenar nas células (ORCHARD et al., 2010; GOMEZ-GARCIA et al.,
2013). Este acúmulo de PT observado reforça a importância destas planícies em
também atuar como filtros de nutrientes (RIDD et al., 1997; BURFORD et al., 2016)
Os valores mais elevados de δ13C (acima de -24 ‰) observados na fase
anterior a 1960 diante de condições mais pristinas, sugerem uma predominância de
matéria orgânica algal ou alóctone no sedimento (BRATTON; COLMAN; SEAL, 2003;
MEYERS, 2003; KRISTENSEN et al., 2008a; MAHER et al., 2013). Por sua vez, a
grande variação de valores de δ13C e razão N:P na fase posterior a 1960 indicam uma
maior diversidade de fontes de matéria orgânica, com um aumento na contribuição da
matéria orgânica proveniente da vegetação de mangue (ou terrestre) para o
sedimento (HODELL; SCHELSKE, 1998; MEYERS, 2003; KRISTENSEN et al.,
2008a). Esta maior contribuição pode ter sido reforçada pelos grandes aportes de
sedimentos na Baía ocorridos após a transposição no rio Paraíba do Sul (MOLISANI
et al., 2006; GOMES et al., 2009). Na terceira fase, apesar da variação do δ13C, os
baixos valores da razão C:N são indicativos da origem algal da matéria orgânica
(BRATTON; COLMAN; SEAL, 2003). De modo contrastante, a assinatura isotópica
observada ao longo do perfil vertical na planície hipersalina exibiu valores de δ13C
substancialmente altos e constantes, assim como a razão C:N inferior a 10 que
condizem com a grande predominância ao longo do perfil da produtividade de matéria
orgânica de esteiras de algas bentônicas, que incluem cianobactérias (MEYERS,
1994; BRATTON; COLMAN; SEAL, 2003; MASUDA; ENRICH-PRAST, 2016). Além
disso, os baixos valores da relação N:P reforçam a contribuição destas cianobactérias
que incorporam fósforo em suas células (GOMEZ-GARCIA et al., 2013).
Além disso, os valores mais elevados de δ15N (acima de 5‰) na planície foram
observados nas camadas mais superficiais, após 1990, assim como na floresta. Esses
valores isotópicos podem estar ligados a processos de ciclagem de nitrogênio
36
associados a altas condições eutróficas e à deposição de algas (ALTABET;
FRANCOIS, 1994; MEYERS, 2003; SANDERS et al., 2014). Assim, a elevação dos
valores observados de δ15N refletem um fluxo de esgoto de origem antropogênica e o
estabelecimento de condições anóxicas no sedimento (TERANES; BERNASCONI,
2000; MEYERS, 2003), enquanto que valores inferiores de δ15N durante as duas
primeiras fases sedimentares e ao longo do perfil da planície hipersalina sugerem uma
incorporação relativamente alta de nitrogênio por esteiras de algas sob condições
eutróficas (MEYERS, 2003; ADAME et al., 2012a).
Apesar de a planície hipersalina (A2) ter apresentado uma média de
acumulação de COT (17,0 g m-2 ano-1), quase 10 vezes inferior à média global de
florestas de manguezal (163 g m-2 ano-1) (BREITHAUPT et al., 2012), e de NT (2,3 g
m-2 ano-1) quase 6 vezes inferior a uma estimativa recente de acumulação nas
florestas (12,5 g m-2 ano-1) (BREITHAUPT et al. 2014), a acumulação de PT pode ser
substancial. A taxa de acumulação média de PT na planície hipersalina (2,0 g m-2 ano-
1), quando comparada com uma estimativa de acumulação de PT em florestas de
manguezal (6,5 g m-2 ano-1), representa praticamente 30% desta estimativa, mesmo
sendo um ambiente de elevada salinidade e ausente de vegetação arbórea. No caso
da floresta de manguezal (F2B), a taxa média de acumulação de COT obtida (781 g
m-2 ano-1) foi mais de quatro vezes superior à média global. Considerando as
estimativas da acumulação média de NT e PT, a acumulação de NT na floresta (56 g
m-2 ano-1) foi mais de 4 vezes superior. Já a acumulação de PT (12 g m-2 ano-1)
representou quase duas vezes à estimativa para florestas de manguezal. Isto reflete
uma acumulação alta de carbono e nutrientes que só foi observada em locais
diretamente afetadas por atividades antrópicas. O elevado acúmulo de COT na
floresta de manguezal de Guaratiba foi comparável aos manguezais em áreas
impactadas por atividades relacionadas, por exemplo, a indústrias, desenvolvimento
urbano e mineração (BRUNSKILL et al., 2004; ALONGI et al., 2005; TATEDA et al.,
2005; SANDERS et al., 2010a, 2014; ALONGI, 2014). As florestas de manguezal em
áreas protegidas (ONG, 1993; SANDERS et al., 2008, 2012; SMOAK et al., 2013;
LUNSTRUM; CHEN, 2014; LI et al., 2016) ou sob menor impacto antropogênico
(SANDERS et al., 2010b; YANG et al., 2014) indicam taxas de acumulação de COT
inferiores e mais próximas de médias globais.
37
6 CONCLUSÕES
Os testemunhos estudados registraram mudanças ambientais antropogênicas
na porção leste da Baía de Sepetiba nos últimos aproximadamente 100 anos. Os
resultados de COT, NT e PT anteriores a 1960 sugeriram uma condição ambiental de
baixa ou nenhuma intervenção humana na bacia de drenagem. De 1910 a 1960, não
se observou alteração significativa na qualidade da matéria orgânica sedimentar,
sugerindo a ausência de entrada significativa de esgoto na baía. Após a década de
1960, um período em que a população do Estado do Rio de Janeiro cresceu
abruptamente e posterior à transposição do rio Paraíba do Sul para o rio Guandu,
houve uma mudança na taxa de acumulação sedimentar da floresta de manguezal de
5,2 para 16,0 mm ano-1. Além disso, um possível aumento foi observado no despejo
de esgoto urbano a partir da década de 1960 impactando o ecossistema. Durante a
segunda fase sedimentar, foi possível observar um aumento da matéria orgânica
derivada da vegetação de mangue relacionada a um aumento da acumulação de COT
em relação à primeira fase. Por fim, durante a terceira fase (a partir de 1990), um
período de maior impacto antropogênico na região expresso pela diminuição nas
relações C:N e um aumento nos valores de δ15N, um alto fluxo de nutrientes promoveu
a fertilização do ecossistema e, consequentemente, um aumento da acumulação de
matéria orgânica de algas e vegetação de mangue.
Além disso, a sedimentação observada reflete uma história de deposição
contrastante entre mudanças mais dinâmicas na floresta e alterações mais graduais
de COT e NT na planície hipersalina que apresentou uma acumulação sedimentar
mais constante (1,3 mm ano-1), mesmo após a intensificação do desenvolvimento
urbano-industrial. A planície apresentou ainda uma acumulação substancial de PT ao
longo do tempo, confirmando seu papel relevante enquanto reservatório de nutrientes.
Assim, o presente estudo sugere que a eutrofização antropogênica é um dos
principais fatores que podem influenciar a acumulação de carbono orgânico em
manguezais.
38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAME, M. F.; REEF, R.; GRINHAM, A.; HOLMES, G.; LOVELOCK, C. E. Nutrient exchange of extensive cyanobacterial mats in an arid subtropical wetland. Marine and Freshwater Research, v. 63, n. 5, p. 457–467, 2012a.
ADAME, M. F.; REEF, R.; HERRERA-SILVEIRA, J. A.; LOVELOCK, C. E. Sensitivity of dissolved organic carbon exchange and sediment bacteria to water quality in mangrove forests. Hydrobiologia, v. 691, n. 1, p. 239–253, 2012b.
AHN, J.; BROOK, E. J. Atmospheric CO2 and Climate on Millennial Time Scales During the Last Glacial Period. Science, v. 322, n. August, p. 83–85, 2008.
ALBUQUERQUE, A. G. B. M.; FERREIRA, T. O.; CABRAL, R. L.; NÓBREGA, G. N.; ROMERO, R. E.; MEIRELES, A. J. de A.; OTERO, X. L. Hypersaline tidal flats (apicum ecosystems): the weak link in the tropical wetlands chain. Environmental Reviews, v. 22, n. 2, p. 99–109, 2014. Disponível em: <http://www.nrcresearchpress.com/doi/abs/10.1139/er-2013-0026>.
ALONGI, D. M. Carbon Cycling and Storage in Mangrove Forests. Annu. Rev. Mar. Sci, v. 6, p. 195–219, 2014.
ALONGI, D. M.; PFITZNER, J.; TROTT, L. A.; TIRENDI, F.; DIXON, P.; KLUMPP, D. W. Rapid sediment accumulation and microbial mineralization in forests of the mangrove Kandelia candel in the Jiulongjiang Estuary, China. Estuarine, Coastal and Shelf Science, v. 63, n. 4, p. 605–618, 2005.
ALTABET, M. A.; FRANCOIS, R. Nitrogen Isotopic Ratio As a Recorder for Surface. Global Biogeochemical Cycles, v. 8, n. 1, p. 103–116, 1994.
APPLEBY, P. G.; OLDFIELD, F. The assessment of 210Pb data from sites with varying sediment accumulation rates. Hydrobiologia, v. 103, n. 1, p. 29–35, 1983. Disponível em: <http://link.springer.com/10.1007/BF00028424>.
ATWOOD, T. B.; CONNOLLY, R. M.; ALMAHASHEER, H.; CARNELL, P. E.; DUARTE, C. M.; EWERS LEWIS, C. J.; IRIGOIEN, X.; KELLEWAY, J. J.; LAVERY, P. S.; MACREADIE, P. I.; SERRANO, O.; SANDERS, C. J.; SANTOS, I.; STEVEN, A. D. L.; LOVELOCK, C. E. Global patterns in mangrove soil carbon stocks and losses. Nature Climate Change, v. 7, n. June, p. 523–528, 2017. Disponível em: <http://www.nature.com/doifinder/10.1038/nclimate3326>.
AUSTRALIAN BUREAU OF STATISTICS. Year Book Australia 2002. Canberra: AUSTRALIAN BUREAU OF STATISTICS, 2002.
BARCELLOS, C.; LACERDA, L. D.; CERADINI, S. Sediment origin and budget in Sepetiba Bay (Brazil) an approach based on multielemental analysis. Environmental Geology, v. 32, n. 3, p. 203–209, 1997.
BORELLI, E. Urbanização e qualidade ambiental: o processo de produção do espaço da costa brasileira. Revista Internacional Interdisciplinar Interthesis, v. 4,
39
n. 1, p. 1–27, 2007.
BORGES, A. C.; SANDERS, C. J.; SANTOS, H. L. R.; ARARIPE, D. R.; MACHADO, W.; PATCHINEELAM, S. R. Eutrophication history of Guanabara Bay (SE Brazil) recorded by phosphorus flux to sediments from a degraded mangrove area. Marine Pollution Bulletin, v. 58, n. 11, p. 1750–1754, 2009. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.marpolbul.2009.07.025>.
BORGES, H. V.; NITTROUER, C. A. Coastal Sedimentation in a Tropical Barrier-Island System During the Past Century in Sepetiba Bay, Brazil. Anuario do Instituto de Geociencias, v. 39, n. 2, p. 5–14, 2016.
BOUILLON, S. Carbon cycle: Storage beneath mangroves. Nature Geoscience, v. 4, n. 5, p. 282–283, 2011. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1038/ngeo1130>.
BOUILLON, S.; BORGES, A. V.; CASTAÑEDA-MOYA, E.; DIELE, K.; DITTMAR, T.; DUKE, N. C.; KRISTENSEN, E.; LEE, S. Y.; MARCHAND, C.; MIDDELBURG, J. J.; RIVERA-MONROY, V. H.; SMITH, T. J.; TWILLEY, R. R. Mangrove production and carbon sinks: A revision of global budget estimates. Global Biogeochemical Cycles, v. 22, n. 2, 2008.
BRATTON, J. F.; COLMAN, S. M.; SEAL, R. R. Eutrophication and carbon sources in Chesapeake Bay over the last 2700 yr: Human impacts in context. Geochimica et Cosmochimica Acta, v. 67, n. 18, p. 3385–3402, 2003.
BREITHAUPT, J. L.; SMOAK, J. M.; SMITH, T. J.; SANDERS, C. J.; HOARE, A. Organic carbon burial rates in mangrove sediments: Strengthening the global budget. Global Biogeochemical Cycles, v. 26, n. 3, p. 1–11, 2012.
BRUNSKILL, G. J.; ZAGORSKIS, I.; PFITZNER, J.; ELLISON, J. Sediment and trace element depositional history from the Ajkwa River estuarine mangroves of Irian Jaya (West Papua), Indonesia. Continental Shelf Research, v. 24, n. 19, p. 2535–2551, 2004.
BURFORD, M. A.; VALDEZ, D.; CURWEN, G.; FAGGOTTER, S. J.; WARD, D. P.; O’BRIEN, K. R. Inundation of saline supratidal mudflats provides an important source of carbon and nutrients in an aquatic system. Marine Ecology Progress Series, v. 545, n. March, p. 21–33, 2016.
CASTAÑEDA-MOYA, E.; RIVERA-MONROY, V. H.; TWILLEY, R. R. Mangrove zonation in the dry life zone of the Gulf of Fonseca, Honduras. Estuaries and Coasts, v. 29, n. 5, p. 751–764, 2006. Disponível em: <http://link.springer.com/article/10.1007/BF02786526%5Cnhttp://link.springer.com/article/10.1007/BF02786526#page-1%5Cnhttp://link.springer.com/content/pdf/10.1007/BF02786526.pdf>.
CASTAÑEDA-MOYA, E.; TWILLEY, R. R.; RIVERA-MONROY, V. H. Allocation of biomass and net primary productivity of mangrove forests along environmental gradients in the Florida Coastal Everglades, USA. Forest Ecology and Management, v. 307, p. 226–241, 2013.
CHAVES, F. de O.; GOMES, J. R.; SOARES, M. L. G.; ESTRADA, G. C. D.;
40
ALMEIDA, P. M. M. de; OLIVEIRA, V. F. de. Contribuição ao conhecimento e à conservação da planície costeira de Guaratiba – Baía de Sepetiba, Rio de Janeiro - Brasil. Revista da Gestão Costeira Integrada, v. 8, n. January, p. 1–12, 2010.
CHEN, R.; TWILLEY, R. R. A gap dynamic model of mangrove forest development along gradients of soil salinity and nutrient resources. Journal of Ecology, v. 86, n. 1, p. 37–51, 1998.
CHMURA, G. L.; ANISFELD, S. C.; CAHOON, D. R.; LYNCH, J. C. Global carbon sequestration in tidal, saline wetland soils. Global Biogeochemical Cycles, v. 17, n. 4, p. 12, 2003.
CLOUGH, B. F. Primary productivity and growth of mangrove forests. In: ROBERTSON, A. I.; ALONGI, D. M. (Ed.). Tropical Mangrove Ecosystems. Washington, EUA: American Geophysical Union, 1992. 41p. 225–249.
COPELAND, G.; MONTEIRO, T.; COUCH, S.; BORTHWICK, A. Water quality in Sepetiba Bay, Brazil. Marine Environmental Research, v. 55, n. 5, p. 385–408, 2003.
COSTANZO, S. D.; UDY, J.; LONGSTAFF, B.; JONES, A. Using nitrogen stable isotope ratios (δ15N) of macroalgae to determine the effectiveness of sewage upgrades: Changes in the extent of sewage plumes over four years in Moreton Bay, Australia. Marine Pollution Bulletin, v. 51, n. 1–4, p. 212–217, 2005.
CUNHA, B. C. A.; ROCHA, D.; GERALDES, M. C.; PEREIRA, S. D.; ALMEIDA, A. C. Pb isotopic signatures in sediments of a sub-tropical coastal lagoon: Anthropogenic sources for metal contamination in the Sepetiba Bay (SE - Brazil). Journal of Coastal Research, v. 56, n. 56, p. 797–801, 2009.
CUNHA, C. de L. da N.; ROSMAN, P. C. C.; FERREIRA, A. P.; CARLOS DO NASCIMENTO MONTEIRO, T. Hydrodynamics and water quality models applied to Sepetiba Bay. Continental Shelf Research, v. 26, n. 16, p. 1940–1953, 2006.
DIAZ, R. J.; ROSENBERG, R. Spreading dead zones and consequences for marine ecosystems. Science, v. 321, n. 5891, p. 926–929, 2008. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18703733>.
DONATO, D. C.; KAUFFMAN, J. B.; MURDIYARSO, D.; KURNIANTO, S.; STIDHAM, M.; KANNINEN, M. Mangroves among the most carbon-rich forests in the tropics. Nature Geoscience, v. 4, n. 5, p. 293–297, 2011. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1038/ngeo1123>.
DUARTE, C. M.; AGUSTÍ, S. The CO2 balance of unproductive aquatic ecosystems. Science, v. 281, n. JULY, p. 234–236, 1998.
DUARTE, C. M.; LOSADA, I. J.; HENDRIKS, I. E.; MAZARRASA, I.; MARBA, N. The role of coastal plant communities for climate change mitigation and adaptation. Nature Clim. Change, v. 3, n. 11, p. 961–968, 2013. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1038/nclimate1970>.
DUARTE, C. M.; MIDDELBURG, J. J.; CARACO, N. Major role of marine vegetation
41
on the oceanic carbon cycle. Biogeosciences, v. 2, p. 1–8, 2005.
DYER, K. R. Estuaries: a physical introduction. 2nd editio ed. Chichester: John Wiley and Sons/Wiley & Sons, 1997.
EHRENFELD, J. G. Evaluating wetlands within an urban context. Ecological Engineering, v. 15, n. 3–4, p. 253–265, 2000.
ESTRADA, G. C. D.; SOARES, M. L. G.; CHAVES, F. de O.; CAVALCANTI, V. F. Analysis of the structural variability of mangrove forests through the physiographic types approach. Aquatic Botany, v. 111, p. 135–143, 2013. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.aquabot.2013.06.003>.
FELLER, I. C.; LOVELOCK, C. E.; MCKEE, K. L. Nutrient addition differentially affects ecological processes of Avicennia germinans in nitrogen versus phosphorus limited mangrove ecosystems. Ecosystems, v. 10, n. 3, p. 347–359, 2007.
FELLER, I. C.; MCKEE, K. L.; WHIGHAM, D. F.; O’NEILL, J. P. Nitrogen vs. phosphorus limitation across an ecotonal gradient in a mangrove forest. Biogeochemistry, v. 62, n. 2, p. 145–175, 2003.
FURUKAWA, K.; WOLANSKI, E.; MUELLER, H. Currents and Sediment Transport in Mangrove Forests. Estuarine, Coastal and Shelf Science, v. 44, n. 3, p. 301–310, 1997. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0272771496901201>.
GATTUSO, J.-P.; FRANKIGNOULLE., M.; WOLLAST, R. Carbon and Carbonate Metabolism in Coastal Aquatic Ecosystems. Annual Review of Ecology and Systematics, v. 29, n. 1, p. 405–434, 1998. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/221714>.
GIRI, C.; OCHIENG, E.; TIESZEN, L. L.; ZHU, Z.; SINGH, A.; LOVELAND, T.; MASEK, J.; DUKE, N. Status and distribution of mangrove forests of the world using earth observation satellite data. Global Ecology and Biogeography, v. 20, n. 1, p. 154–159, 2011.
GODOY, J. M.; MOREIRA, I.; BRAGANÇA, M. J.; WANDERLEY, C.; MENDES, L. B. A study of Guanabara Bay sedimentation rates. Journal of Radioanalytical and Nuclear Chemistry, v. 227, n. 1–2, p. 157–160, 1998.
GOMES, F. de C.; GODOY, J. M.; GODOY, M. L. D. P.; LARA DE CARVALHO, Z.; TADEU LOPES, R.; SANCHEZ-CABEZA, J. A.; DRUDE DE LACERDA, L.; CESAR WASSERMAN, J. Metal concentrations, fluxes, inventories and chronologies in sediments from Sepetiba and Ribeira Bays: A comparative study. Marine Pollution Bulletin, v. 59, n. 4–7, p. 123–133, 2009. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.marpolbul.2009.03.015>.
GOMEZ-GARCIA, M. R.; FAZELI, F.; GROTE, A.; GROSSMAN, A. R.; BHAYA, D. Role of Polyphosphate in Thermophilic Synechococcus sp. from Microbial Mats. Journal of Bacteriology, v. 195, n. 15, p. 3309–3319, 2013.
HAMILTON, S. E.; CASEY, D. Creation of a high spatio-temporal resolution global
42
database of continuous mangrove forest cover for the 21st century (CGMFC-21). Global Ecology and Biogeography, v. 25, n. 6, p. 729–738, 2016.
HODELL, D. a; SCHELSKE, C. L. Production, sedimentation, and isotopic composition of organic matter in Lake Ontario. Limnology and Oceanography, v. 43, n. 2, p. 200–214, 1998. Disponível em: <http://www.scopus.com/inward/record.url?eid=2-s2.0-0031838285&partnerID=40&md5=499dfe2b14a0166e876463b2fbc519c1>.
IBGE. Atlas geográfico das zonas costeiras e oceânicas do Brasil. [s.l: s.n.]
JARDINE, S. L.; SIIKAMÄKI, J. V. A global predictive model of carbon in mangrove soils. Environmental Research Letters, v. 9, n. 10, p. 104013, 2014. Disponível em: <http://stacks.iop.org/1748-9326/9/i=10/a=104013>.
JENNERJAHN, T. C.; ITTEKKOT, V. Relevance of mangroves for the production and deposition of organic matter along tropical continental margins. Naturwissenschaften, v. 89, n. 1, p. 23–30, 2002.
KNOLL, L. B.; VANNI, M. J.; RENWICK, W. H. Phytoplankton primary production and photosynthetic parameters in reservoirs along a gradient of watershed land use. Limnology and Oceanography, v. 48, n. 2, p. 608–617, 2003. Disponível em: <http://doi.wiley.com/10.4319/lo.2003.48.2.0608>.
KRISTENSEN, E. Carbon balance in mangrove sediments: the driving processes and their controls. Greenhouse Gas and Carbon Balances in Mangrove Coastal Ecosystems, p. 61–78, 2007.
KRISTENSEN, E.; BOUILLON, S.; DITTMAR, T.; MARCHAND, C. Organic carbon dynamics in mangrove ecosystems: A review. Aquatic Botany, v. 89, n. 2, p. 201–219, 2008a.
KRISTENSEN, E.; FLINDT, M. R.; ULOMI, S.; BORGES, A. V.; ABRIL, G.; BOUILLON, S. Emission of CO2 and CH4 to the atmosphere by sediments and open waters in two Tanzanian mangrove forests. Marine Ecology Progress Series, v. 370, p. 53–67, 2008b.
LEAL-NETO, A. D. C.; LEGEY, L. F. L.; GONZÁLEZ-ARAYA, M. C.; JABLONSKI, S. A system dynamics model for the environmental management of the Sepetiba Bay Watershed, Brazil. Environmental Management, v. 38, n. 5, p. 879–888, 2006.
LE QUÉRÉ, C.; MORIARTY, R.; ANDREW, R. M.; CANADELL, J. G.; SITCH, S.; KORSBAKKEN, J. I.; FRIEDLINGSTEIN, P.; PETERS, G. P.; ANDRES, R. J.; BODEN, T. A.; HOUGHTON, R. A.; HOUSE, J. I.; KEELING, R. F.; TANS, P.; ARNETH, A.; BAKKER, D. C. E.; BARBERO, L.; BOPP, L.; CHANG, J.; CHEVALLIER, F.; CHINI, L. P.; CIAIS, P.; FADER, M.; FEELY, R. A.; GKRITZALIS, T.; HARRIS, I.; HAUCK, J.; ILYINA, T.; JAIN, A. K.; KATO, E.; KITIDIS, V.; KLEIN GOLDEWIJK, K.; KOVEN, C.; LANDSCHÜTZER, P.; LAUVSET, S. K.; LEFÈVRE, N.; LENTON, A.; LIMA, I. D.; METZL, N.; MILLERO, F.; MUNRO, D. R.; MURATA, A.; S. NABEL, J. E. M.; NAKAOKA, S.; NOJIRI, Y.; O’BRIEN, K.; OLSEN, A.; ONO, T.; PÉREZ, F. F.; PFEIL, B.; PIERROT, D.; POULTER, B.; REHDER, G.; RÖDENBECK, C.; SAITO, S.; SCHUSTER, U.; SCHWINGER, J.; SÉFÉRIAN, R.;
43
STEINHOFF, T.; STOCKER, B. D.; SUTTON, A. J.; TAKAHASHI, T.; TILBROOK, B.; VAN DER LAAN-LUIJKX, I. T.; VAN DER WERF, G. R.; VAN HEUVEN, S.; VANDEMARK, D.; VIOVY, N.; WILTSHIRE, A.; ZAEHLE, S.; ZENG, N. Global Carbon Budget 2015. Earth System Science Data, v. 7, n. 2, p. 349–396, 2015.
LEE, S. Y.; DUNN, R. J. K.; YOUNG, R. A.; CONNOLLY, R. M.; DALE, P. E. R.; DEHAYR, R.; LEMCKERT, C. J.; MCKINNON, S.; POWELL, B.; TEASDALE, P. R.; WELSH, D. T. Impact of urbanization on coastal wetland structure and function. Austral Ecology, v. 31, n. 2, p. 149–163, 2006.
LI, R.; CHAI, M.; GUO, M.; QIU, G. Y. Sediment accumulation and mercury (Hg) flux in Avicennia marina forest of Deep Bay, China. Estuarine, Coastal and Shelf Science, v. 177, p. 41–46, 2016. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.ecss.2016.05.005>.
LOVELOCK, C. E.; GRINHAM, A.; ADAME, M. F.; PENROSE, H. M. Elemental composition and productivity of cyanobacterial mats in an arid zone estuary in north Western Australia. Wetlands Ecology and Management, v. 18, n. 1, p. 37–47, 2010.
LUNSTRUM, A.; CHEN, L. Soil carbon stocks and accumulation in young mangrove forests. Soil Biology and Biochemistry, v. 75, p. 223–232, 2014. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.soilbio.2014.04.008>.
MACREADIE, P. I.; ALLEN, K.; KELAHER, B. P.; RALPH, P. J.; SKILBECK, C. G. Paleoreconstruction of estuarine sediments reveal human-induced weakening of coastal carbon sinks. Global Change Biology, v. 18, n. 3, p. 891–901, 2012.
MAHER, D. T.; SANTOS, I. R.; GOLSBY-SMITH, L.; GLEESON, J.; EYRE, B. D. Groundwater-derived dissolved inorganic and organic carbon exports from a mangrove tidal creek: The missing mangrove carbon sink? Limnology and Oceanography, v. 58, n. 2, p. 475–488, 2013. Disponível em: <http://www.scopus.com/inward/record.url?eid=2-s2.0-84875363148&partnerID=tZOtx3y1>.
MASUDA, L. S. M.; ENRICH-PRAST, A. Benthic microalgae community response to flooding in a tropical salt flat. Brazilian Journal of Biology, v. 76, n. 3, p. 577–582, 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&%5Cnpid=S1519-69842016000300577>.
MCLEOD, E.; CHMURA, G. L.; BOUILLON, S.; SALM, R.; BJÖRK, M.; DUARTE, C. M.; LOVELOCK, C. E.; SCHLESINGER, W. H.; SILLIMAN, B. R. A blueprint for blue carbon: Toward an improved understanding of the role of vegetated coastal habitats in sequestering CO2. Frontiers in Ecology and the Environment, v. 9, n. 10, p. 552–560, 2011.
MEYERS, P. A. Preservation of elemental and isotopic source identification of sedimentary organic matter. Chemical Geology, v. 114, p. 289–302, 1994.
MEYERS, P. A. Organic geochemical proxies of paleoceanographic, paleolimnologic, and paleoclimatic processes. Organic Geochemistry, v. 27, n. 5, p. 213–250, 1997.
44
MEYERS, P. A. Application of organic geochemistry to paleolimnological reconstruction: a summary of examples from the Laurention Great Lakes. Organic Geochemistry, v. 34, p. 261–289, 2003.
MFILINGE, P.; ATTA, N.; TSUCHIYA, M. Nutrient dynamics and leaf litter decomposition in a subtropical mangrove forest at Oura Bay, Okinawa, Japan. Trees - Structure and Function, v. 16, n. 2–3, p. 172–180, 2002.
MOLISANI, M. M.; KJERFVE, B.; SILVA, A. P.; LACERDA, L. D. Water discharge and sediment load to Sepetiba Bay from an anthropogenically-altered drainage basin , SE Brazil. Journal of Hydrology, v. 331, p. 425–433, 2006.
MOLISANI, M. M.; MARINS, R. V.; MACHADO, W.; PARAQUETTI, H. H. M.; BIDONE, E. D.; LACERDA, L. D. Environmental changes in Sepetiba Bay, SE Brazil. Regional Environmental Change, v. 4, n. 1, p. 17–27, 2004. Disponível em: <http://link.springer.com/10.1007/s10113-003-0060-9>.
MONTE, C. N.; RODRIGUES, A. P. C.; CORDEIRO, R. C.; FREIRE, A. S.; SANTELLI, R. E.; MACHADO, W. Changes in Cd and Zn bioavailability upon an experimental resuspension of highly contaminated coastal sediments from a tropical estuary. Sustainable Water Resources Management, v. 1, n. 4, p. 335–342, 2015. Disponível em: <http://link.springer.com/10.1007/s40899-015-0034-3>.
MONTEIRO, F. F.; CORDEIRO, R. C.; SANTELLI, R. E.; MACHADO, W.; EVANGELISTA, H.; VILLAR, L. S.; VIANA, L. C. A.; BIDONE, E. D. Sedimentary geochemical record of historical anthropogenic activities affecting Guanabara Bay (Brazil) environmental quality. Environmental Earth Sciences, v. 65, n. 6, p. 1661–1669, 2012.
MOORE, W. S. Radium isotope measurements using germanium detectors. Nuclear Instrument and Methods in Physics Research, v. 223, p. 407–411, 1984.
MORRIS, J.; BRADLEY, P. Effects of nutrient loading on the carbon balance of coastal wetland sediments. The American Society of Limnology and Oceanography, Inc., v. 44(3), n. 3, p. 699–702, 1999.
ONG, J. E. Mangroves - a Carbon Source and Sink. Chemosphere, v. 27, n. 6, p. 1097–1107, 1993.
ORCHARD, E. D.; BENITEZ-NELSON, C. R.; PELLECHIA, P. J.; LOMAS, M. W.; DYHRMAN, S. T. Polyphosphate in Trichodesmium from the low-phosphorus Sargasso Sea. Limnology and Oceanography, v. 55, n. 5, p. 2161–2169, 2010.
PARAQUETTI, H. H. M.; AYRES, G. A.; DE ALMEIDA, M. D.; MOLISANI, M. M.; DE LACERDA, L. D. Mercury distribution, speciation and flux in the Sepetiba Bay tributaries, SE Brazil. Water Research, v. 38, n. 6, p. 1439–1448, 2004.
PELLEGRINI, J. A. de C. Caracterização da Planície Hipersalina (Apicum) Associada a um Bosque de Mangue em Guaratiba, Baía de Sapetiba, Rio de Janeiro - RJ. 2000. 2000.
POLIDORO, B. A.; CARPENTER, K. E.; COLLINS, L.; DUKE, N. C.; ELLISON, A. M.;
45
ELLISON, J. C.; FARNSWORTH, E. J.; FERNANDO, E. S.; KATHIRESAN, K.; KOEDAM, N. E.; LIVINGSTONE, S. R.; MIYAGI, T.; MOORE, G. E.; NAM, V. N.; ONG, J. E.; PRIMAVERA, J. H.; SALMO, S. G.; SANCIANGCO, J. C.; SUKARDJO, S.; WANG, Y.; YONG, J. W. H. The loss of species: Mangrove extinction risk and geographic areas of global concern. PLoS ONE, v. 5, n. 4, 2010.
PUCKETT, L. J. Identifying the major sources of nutrient water pollution. Environmental Science & Technology, v. 29, n. 9, p. 408A--414A, 1995. Disponível em: <http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/es00009a001>.
RAPPAPORT, J.; SACHS, J. D. The United States as a Coastal Nation. Jounal of Economic Growth, v. 8, p. 5–46, 2003.
RAVICHANDRAN, M.; BASKARAN, M.; SANTSCHI, P. H.; BIANCHI, T. S. Geochronology of sediments in the Sabine-Neches Texas , U . S . A . Chemical Geology, v. 2541, n. 95, p. 291–306, 1995.
REEF, R.; FELLER, I. C.; LOVELOCK, C. E. Nutrition of mangroves. Tree Physiology, v. 30, n. 9, p. 1148–1160, 2010.
RIDD, P.; SAM, R.; HOLLINS, S.; BRUNSKILL, G. Water, salt and nutrient fluxes of tropical tidal salt flats. Mangroves and Salt Marshes, v. 1, n. 4, p. 229–238, 1997. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1023/A:1009944507334>.
RIDD, P. V.; STIEGLITZ, T. Dry Season Salinity Changes in Arid Estuaries Fringed by Mangroves and Saltflats. Estuarine, Coastal and Shelf Science, v. 54, n. 6, p. 1039–1049, 2002. Disponível em: <http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0272771401908765>.
SANDERS, C. J.; EYRE, B. D.; SANTOS, I. R.; MACHADO, W.; LUIZ-SILVA, W.; SMOAK, J. M.; BREITHAUPT, J. L.; KETTERER, M. E.; SANDERS, L.; MAROTTA, H.; SILVA-FILHO, E.; AL, S. E. T. Elevated rates of organic carbon, nitrogen, and phosphorus accumulation in a highly impacted mangrove wetland. Geophysical Research Letters, v. 41, n. Table 1, p. 2475–2480, 2014.
SANDERS, C. J.; SANTOS, I. R.; MAHER, D. T.; BREITHAUPT, J. L.; SMOAK, J. M.; KETTERER, M.; CALL, M.; SANDERS, L.; EYRE, B. D. Examining 239+240Pu, 210Pb and historical events to determine carbon, nitrogen and phosphorus burial in mangrove sediments of Moreton Bay, Australia. Journal of Environmental Radioactivity, v. 151, p. 623–629, 2016. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.jenvrad.2015.04.018>.
SANDERS, C. J.; SMOAK, J. M.; NAIDU, A. S.; PATCHINEELAM, S. R. Recent Sediment Accumulation in a Mangrove Forest and Its Relevance to Local Sea-Level Rise (Ilha Grande, Brazil). Journal of Coastal Research, v. 24, n. 242, p. 533–536, 2008.
SANDERS, C. J.; SMOAK, J. M.; NAIDU, A. S.; SANDERS, L. M.; PATCHINEELAM, S. R. Organic carbon burial in a mangrove forest, margin and intertidal mud flat. Estuarine, Coastal and Shelf Science, v. 90, n. 3, p. 168–172, 2010a. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.ecss.2010.08.013>.
46
SANDERS, C. J.; SMOAK, J. M.; SANDERS, L. M.; SATHY NAIDU, A.; PATCHINEELAM, S. R. Organic carbon accumulation in Brazilian mangal sediments. Journal of South American Earth Sciences, v. 30, n. 3–4, p. 189–192, 2010b. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.jsames.2010.10.001>.
SANDERS, C. J.; SMOAK, J. M.; WATERS, M. N.; SANDERS, L. M.; BRANDINI, N.; PATCHINEELAM, S. R. Organic matter content and particle size modifications in mangrove sediments as responses to sea level rise. Marine Environmental Research, v. 77, p. 150–155, 2012. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.marenvres.2012.02.004>.
SCHAEFFER-NOVELLI, Y. Grupo de ecossistemas: manguezal, marisma e apicum. [s.l: s.n.]
SCHAEFFER-NOVELLI, Y.; CINTRÓN-MOLERO, G.; ADAIME, R. R. Variability of Mangrove Ecosystems along the Brazilian Coast Variability of Mangrove Ecosystems Along the Brazilian Coast. Estuaries, v. 13, n. 2, p. 204–218, 1990.
SCHAEFFER-NOVELLI, Y.; CINTRÓN-MOLERO, G.; SOARES, M. L. G.; DE-ROSA, T. Brazilian mangroves. Aquatic Ecosystem Health & Management, v. 3, n. 4, p. 561–570, 2000.
SIIKAMAKI, J.; SANCHIRICO, J. N.; JARDINE, S. L. Global economic potential for reducing carbon dioxide emissions from mangrove loss. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 109, n. 36, p. 14369–14374, 2012. Disponível em: <http://www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.1200519109>.
SMOAK, J. M.; BREITHAUPT, J. L.; SMITH, T. J.; SANDERS, C. J. Sediment accretion and organic carbon burial relative to sea-level rise and storm events in two mangrove forests in Everglades National Park. Catena, v. 104, p. 58–66, 2013. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.catena.2012.10.009>.
SMOAK, J. M.; PATCHINEELAM, S. R. Sediment mixing and accumulation in a mangrove ecosystem : evidence from 210 Pb , 234 Th and 7 Be. Mangroves and Salt Marshes, v. 3, p. 17–27, 1999.
SOARES, M. L. G. A conceptual model for the responses of mangrove forests to sea level rise. Journal of Coastal Research, v. SI 56, n. 56, p. 267–271, 2009.
SOARES, M. L. G.; SCHAEFFER-NOVELLI, Y. Above-ground biomass of mangrove species. I. Analysis of models. Estuarine, Coastal and Shelf Science, v. 65, n. 1–2, p. 1–18, 2005.
TATEDA, Y.; NHAN, D. D.; WATTAYAKORN, G.; TORIUMI, H. Preliminary evaluation of organic carbon sedimentation rates in Asian mangrove coastal ecosystems estimated by 210 Pb chronology. Radioprotection, v. 40, n. September, p. 527–532, 2005.
TERANES, J. L.; BERNASCONI, S. M. The record of nitrate utilization and productivity limitation provided by d15N values in lake organic matter—. A study of sediment trap and core sediments from Baldeggersee, Switzerland. Limnology and Oceanography, v. 45, n. 4, p. 801–813, 2000.
47
VITOUSEK, P. M.; MOONEY, H. a; LUBCHENCO, J.; MELILLO, J. M. Human Domination of Earth’s Ecosystems. Science, v. 277, n. 5325, p. 494–499, 1997.
WOODROFFE, C. D. Studies of a mangrove basin, Tuff Crater, New Zealand: II. Comparison of volumetric and velocity-area methods of estimating tidal flux. Estuarine, Coastal and Shelf Science, v. 20, n. 4, p. 431–445, 1985.
WOODROFFE, C. D. Mangrove Sediments and Geomorphology. In: ROBERTSON, A. I.; ALONGI, D. M. (Ed.). Tropical Mangrove Ecosystems. Washington, EUA: American Geophysical Union, 1992. p. 7–41.
WOODROFFE, C. D.; ROGERS, K.; MCKEE, K. L.; LOVELOCK, C. E.; MENDELSSOHN, I. a.; SAINTILAN, N. Mangrove Sedimentation and Response to Relative Sea-Level Rise. Annual Review of Marine Science, v. 8, n. 1, p. annurev-marine-122414-034025, 2016. Disponível em: <http://www.annualreviews.org/doi/10.1146/annurev-marine-122414-034025>.
YANG, J.; GAO, J.; LIU, B.; ZHANG, W. Sediment deposits and organic carbon sequestration along mangrove coasts of the Leizhou Peninsula, southern China. Estuarine, Coastal and Shelf Science, v. 136, p. 3–10, 2014. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.ecss.2013.11.020>.
48
ANEXO
Tabela 1: Resultados de granulometria ao longo da profundidade dos testemunhos da floresta de manguezal (F2B - a) e planície hipersalina (A2 - b).
Profundidade (cm)
Areia % (>50µm)
Silte % (2-50µm)
Argila % (< 2µm)
(a) Testemunho da floresta de manguezal (F2B)
0-1 8,5 77,1 14,4 1-2 7,5 80,0 12,5 2-3 7,3 81,0 11,7 3-4 5,9 81,3 12,8 4-5 6,4 81,7 11,9 5-6 4,3 81,5 14,2 6-7 5,3 81,0 13,7 7-8 4,3 80,9 14,8 8-9 5,9 80,2 13,9
9-10 3,9 81,2 14,9 10-12 5,4 80,7 13,9 12-14 3,8 80,6 15,6 14-16 4,0 79,7 16,2 16-18 4,1 79,9 15,9 18-20 4,1 79,5 16,4 20-22 4,0 79,5 16,5 22-24 7,3 79,0 13,7 24-26 3,8 79,5 16,7 26-28 3,2 80,3 16,5 28-30 11,0 74,9 14,2 30-32 8,9 73,3 17,8 32-34 7,3 75,5 17,2 34-36 5,8 82,2 12,0 36-38 7,3 74,5 18,2 38-40 6,4 74,7 18,8 40-42 7,7 73,4 18,9 42-44 8,5 75,7 15,8 44-46 8,9 78,0 13,1 46-48 6,7 81,2 12,1
(b) Testemunho da planície hipersalina (A2)
0-1 1,6 83,0 15.4% 1-2 0,8 78,8 20.4% 2-3 0,4 83,6 16.0% 3-4 0,1 82,2 17.7%
49
Profundidade (cm)
Areia % (>50µm)
Silte % (2-50µm)
Argila % (< 2µm)
4-5 0,9 81,8 17.3% 5-6 0,6 84,9 14.5% 6-7 0,1 86,1 13.8% 7-8 0,3 83,2 16.5% 8-9 1,5 81,1 17.3%
9-10 0,1 85,0 14.9% 10-11 1,0 84,7 14.3% 11-12 0,1 84,3 15.6% 12-13 1,0 84,8 14.2% 13-14 1,8 84,4 13.8%
Tabela 2: Resultados de aspectos orgânicos e físicos, incluindo densidade aparente, δ13C, δ15N, carbono orgânico total (COT), nitrogênio total (NT) e fósforo total (PT) dos testemunhos da floresta de manguezal (F2B - a) e planície hipersalina (A2 - b).
Profundidade (cm)
Densidade (g/cm3)
δ13C (‰)
δ15N (‰)
COT (%)
NT (%)
PT (%)
(a) Testemunho da floresta de manguezal (F2B)
0-1 1,05 -23,8 7,8 5,57 0,51 0,09 1-2 1,08 -24,6 8,3 7,11 0,50 0,08 2-3 1,17 -24,3 8,9 5,96 0,48 0,08 3-4 1,27 -24,6 9,0 5,26 0,50 0,08 4-5 1,45 -25,6 9,7 6,24 0,49 0,08 5-6 1,44 -24,9 9,2 4,70 0,45 0,08 6-7 1,27 -24,9 8,1 5,10 0,44 0,07 7-8 1,31 -24,8 9,5 4,42 0,40 0,06 8-9 1,62 -25,0 9,5 4,23 0,38 0,06
9-10 1,46 -24,9 8,8 4,05 0,38 0,06 10-12 2,22 -24,9 8,5 3,97 0,32 0,06 12-14 2,32 -24,8 1,3 2,08 0,14 0,06 14-16 2,00 -25,2 1,7 2,56 0,16 0,06 16-18 2,17 -25,0 1,0 3,27 0,20 0,07 18-20 2,23 -24,2 -0,5 2,16 0,13 0,05 20-22 2,28 -25,1 -0,2 2,57 0,16 0,05 22-24 2,34 -25,8 -1,1 2,64 0,16 0,05 24-26 1,90 -24,6 -1,7 2,44 0,15 0,05 26-28 2,15 -25,3 -1,8 3,05 0,15 0,05 28-30 2,30 -25,5 -1,8 5,39 0,21 0,05 30-32 2,26 -25,0 -3,3 3,11 0,14 0,05 32-34 2,28 -22,8 0,0 4,00 0,17 0,04 34-36 2,14 -23,2 2,1 4,95 0,19 0,04
50
Profundidade (cm)
Densidade (g/cm3)
δ13C (‰)
δ15N (‰)
COT (%)
NT (%)
PT (%)
36-38 2,17 -22,7 3,9 4,77 0,20 0,04 38-40 2,21 -23,3 -1,8 1,90 0,10 0,04 40-42 2,47 -23,5 -0,5 2,51 0,13 0,03 42-44 2,47 -23,4 -2,1 3,05 0,14 0,02 44-46 2,47 -23,7 -2,3 1,53 0,09 0,03 46-48 2,50 -24,0 -5,5 1,20 0,07 0,05
(b) Testemunho da planície hipersalina (A2)
0-1 1,64 -17,9 10,3 1,01 0,16 0,08 1-2 2,02 -18,1 11,8 0,87 0,11 0,08 2-3 1,91 -17,7 10,8 0,78 0,09 0,08 3-4 2,42 -17,9 10,8 0,54 0,07 0,08 4-5 2,44 -18,3 10,4 0,65 0,08 0,07 5-6 2,62 -17,9 11,1 0,67 0,09 0,07 6-7 2,31 -17,9 10,5 0,57 0,07 0,07 7-8 2,35 -18,1 9,8 0,52 0,07 0,07 8-9 2,03 -18,2 9,2 0,54 0,07 0,06
9-10 1,94 -18,0 9,2 0,52 0,07 0,06 10-11 2,47 -18,2 8,9 0,49 0,06 0,06 11-12 2,38 -18,2 8,4 0,48 0,06 0,06 12-13 2,50 -18,1 9,6 0,48 0,07 0,06 13-14 2,46 -18,4 10,5 0,44 0,06 0,06