síntese enzimática de biodiesel acelerada por irradiação...

61
Universidade de São Paulo Escola de Engenharia de Lorena Síntese Enzimática de Biodiesel Acelerada por Irradiação de Micro-Ondas Márcio Garcia Giraldelli Orientadora: Prof a Dr a Heizir Ferreira de Castro Lorena 2014

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Universidade de São Paulo

Escola de Engenharia de Lorena

Síntese Enzimática de Biodiesel Acelerada

por Irradiação de Micro-Ondas

Márcio Garcia Giraldelli

Orientadora: Profa Dra Heizir Ferreira de Castro

Lorena

2014

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO,

PARA FINS DE ESTUDO DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A

FONTE

Giraldelli, Marcio Garcia

Síntese Enzimática de Biodiesel Acelerada por

Irradiação de Micro-Ondas / Marcio Garcia Giraldelli;

orientadora Heizir Ferreira de Castro. - Lorena,

2014.

61 p.

Monografia apresentada como requisito parcial

para a conclusão de Graduação do Curso de Engenharia

Química - Escola de Engenharia de Lorena da

Universidade de São Paulo. 2014

Orientadora: Heizir Ferreira de Castro

1. Biodiesel. 2. Lipase. 3. Micro-ondas. 4. Etanol. 5. Estabilidade operacional . I. Título. II.

de Castro, Heizir Ferreira, orient.

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizado da Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

RESUMO

GIRALDELLI, M. G. Síntese Enzimática de Biodiesel Acelerada por Irradiação de Micro-Ondas. 2014. 61 p. Monografia de graduação em Engenharia Química – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2014.

As limitadas reservas de combustíveis fósseis incentivam a busca de alternativas

viáveis para sua substituição, dentre as quais o biodiesel se destaca em função

dos benefícios gerados em termos ambientais, sociais e tecnológicos. Apesar

da catálise enzimática ser uma rota de grande potencial para síntese de

biodiesel, apresenta como limitação o longo tempo reacional, que deve ser

superado para tornar competitivo o processo enzimático, em relação a rota

química tradicional. Uma das estratégias que vem sendo aplicada para reduzir o

tempo das reações enzimáticas é a aplicação de irradiação de micro-ondas,

método que proporciona aumento na seletividade enzimática perante seus

substratos, tornando possível a obtenção de rendimentos mais elevados em

menores tempos reacionais, consequentemente fornecendo maior produtividade

produto de interesse. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o

desempenho e estabilidade operacional de duas preparações enzimáticas,

lipase (EC 3.1.1.3) de Burkholderia cepacia imobilizada em suporte não

comercial (SiO2-PVA) e Lipase B de Candida antarctica imobilizada em suporte

acrílico disponível comercialmente sob a denominação Novozym®435. A rota

escolhida para a reação de transesterificação foi a etanólica, devido a

capacidade agrícola e industrial brasileira de produção de etanol, e a matéria-

prima lipídica o óleo de babaçu. Baseado em estudos anteriores do grupo de

Biocatálise da Escola de Engenharia de Lorena, verificou-se que a etanólise

enzimática conduzida em reator de micro-ondas foi de cinco a oito vezes mais

produtiva em comparação as reações realizadas sob aquecimento convencional

por condução/convecção. A possibilidade de reutilização do biocatalisador em

reator de micro-ondas pode trazer competitividade econômica ao diminuir o

custo operacional por batelada.

Palavras-Chave: Biodiesel; Lipase; Micro-ondas; Etanol; Estabilidade operacional

ABSTRACT

GIRALDELLI, M. G. Enhanced enzymatic synthesis of biodiesel by microwave irradiation. 2014. 61 p. Monograph for Chemical Engineering (Bachelor degree), Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2014.

The limits of fossil fuel reserves stimulate the search for viable substitutes,

amongst which biodiesel stands out in terms of the environmental, social, and

technological benefits generated. Although enzymatic catalysis is a route of

great potential for synthesis of biodiesel, the long reaction time

presents a limitation. To become competitive, the enzymatic reaction time must

be improved. One of the strategies that are being applied to reduce the reaction

time is the application of microwave irradiation, a method that provides an

increase in the enzyme selectivity for their substrates, making possible the

accomplishment of larger outputs in lesser reaction times, as consequence, a

higher productivity of the desired product. The objective of this work was to

evaluate the performance and operational stability of two lipase (EC 3.1.1.3)

preparations: 1) Burkholderia cepacia, lipase PS immobilized in non-commercial

support (SiO2-PVA), and 2) commercially available preparation of immobilized

lipase: Lipase B of Candida antarctica (Novozym®435) in consecutive batches

with the recycling of the biocatalyst. The route chosen for the transesterification

reaction was the ethanolysis of babassu oil, for which Brazil has a large

agricultural and industrial capacity of production. Based on previous studies

carried out by the Biocatalysis group from the Escola de Engenharia de Lorena,

it was verified that enzymatic ethanolysis assisted by microwave irradiations was

five to eight times more productive, when compared with conventional heating

using conduction/convection. The possibility of reutilization of the biocatalyst in a

microwave reactor could also improve economic competitiveness by diminishing

the batch operational cost.

Keywords: Biodiesel; Lipase; Microwave; Ethanol; Operational stability

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Produção de energia mundial em 2009 ........................................................ 9

Figura 2: Representação esquemática das etapas envolvidas na transesterificação . 12

Figura 3 : Matérias-primas utilizadas no Brasil para produção de Biodiesel............... 13

Figura 4: Produção enzimática de biodiesel em meio isento de solvente. ................. 21

Figura 5: Mecanismo cinético enzimático .................................................................. 22

Figura 6 : Ilustração da molécula da água nos instantes de rotação gerados pelas

ondas eletromagnéticas. ............................................................................................ 23

Figura 7: Superaquecimento causado pela água na camada de hidratação enzimatica

sob irradiação de micro-ondas ................................................................................... 26

Figura 8: Etanólise do óleo de babaçu em reator de micro-ondas utilizando

Novozym®435............................................................................................................ 33

Figura 9: Comparação entre os ácidos presentes no óleo de babaçu e rendimento em

ésteres obtidos nas reações sob aquecimento convencional e micro-ondas. ............. 35

Figura 10: Variação de rendimento em ésteres entre aquecimento convencional e

micro-ondas ............................................................................................................... 35

Figura 11: Bateladas consecutivas (1NH-5NH) com reciclo do biocatalisador ........... 36

Figura 12: Bateladas consecutivas (1NT-6NT) com reciclo do Biocatalisador. .......... 37

Figura 13: Atividade Residual da Novozym®435 ....................................................... 37

Figura 14: Recuperação comparativa de tratamento pós-reacional da Novozym 435®

utilizando hexano e terc-butanol ................................................................................. 38

Figura 15: Rendimento em ésteres nas bateladas consecutivas (1NT-6NT) com

reciclo do Biocatalisador ............................................................................................ 40

Figura 16: Micrografias da morfologia da Novozym®435 pré e pós- reacional. .......... 41

Figura 17: Bateladas consecutivas (1P-7P) com reciclo do Biocatalisador ................ 42

Figura 18: Atividade Residual da Lipase PS (SiO2-PVA) ........................................... 43

Figura 19: Variação de rendimento em ésteres entre aquecimento convencional e

micro-ondas ............................................................................................................... 44

Figura 20: Comparação entre os ácidos presentes no óleo de babaçu, rendimento em

ésteres na reação mediada pela lipase PS sob aquecimento convencional e micro-

ondas. ........................................................................................................................ 44

Figura 21: Rendimento por éster nas bateladas consecutivas (1P-7P) com reciclo do

Biocatalisador ............................................................................................................. 45

Figura 22: Bateladas consecutivas (1P-7P) com reciclo do Biocatalisador ................ 46

Figura 23: Micrografias da morfologia Lipase PS (SiO2-PVA) pré e pós reacional

Lipase PS. .................................................................................................................. 47

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Características físico-químicas do biodiesel de diferentes fontes e do óleo diesel convencional. ................................................................................................... 10

Quadro 2: Comparação dos principais métodos de preparação. ................................ 11

Quadro 3: Composição em ácidos graxos do óleo de babaçu. ................................... 13

Quadro 4: Comparação das vantagens e desvantagens do etanol e metanol como agente acilante na obtenção de biodiesel. .................................................................. 14

Quadro 5: Condições típicas de síntese de biodiesel utilizando catálise básica homogênea. ............................................................................................................... 15

Quadro 6: Condições típicas de síntese de biodiesel utilizando catálise ácida homogênea. ............................................................................................................... 16

Quadro 7: Catalisadores heterogêneos usados para transesterificação de óleos vegetais. ..................................................................................................................... 17

Quadro 8: Comparação entre diferentes tecnologias para produção de biodiesel. ..... 18

Quadro 9: Catalise enzimática com diferentes configurações. ................................... 20

Quadro 10: Reações enzimáticas assistidas por micro-ondas. .................................. 25

Quadro 11: Tipo de análise e equipamentos utilizados nos ensaios. .......................... 28

Quadro 12: Propriedades morfológicas do suporte SiO2-PVA quanto à área superficial, volume de poros e tamanho médio dos poros. ........................................................... 29

Quadro 13: Identificação das reações. ....................................................................... 32

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..........................................................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

2.1. BIODIESEL ............................................................ ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

2.1.1. Métodos de obtenção ................................. Error! Bookmark not defined.

2.1.2. Matérias-primas para a produção de biodiesel ..... Error! Bookmark not

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2.1.3 Vantagens da utilização de biodiesel ......... Error! Bookmark not defined.

2.2. CATALISADORES NA TRANSESTERIFICAÇÃO ............. ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

2.2.1 Catálise enzimática ...................................... Error! Bookmark not defined.

2.3 REATORES DE MICRO-ONDAS .................................. ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

2.3.1 Princípios de funcionamento ...................... Error! Bookmark not defined. 3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

3.1. MATERIAIS ............................................................ ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

3.1.1. Fonte de lipases .......................................... Error! Bookmark not defined.

3.1.2. Substratos ................................................... Error! Bookmark not defined.

3.1.3. Suportes de imobilização ........................... Error! Bookmark not defined.

3.1.4. Outros reagentes ........................................ Error! Bookmark not defined.

3.2. EQUIPAMENTOS .................................................... ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

3.3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL ............................... ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

3.3.1 Síntese do suporte híbrido .......................... Error! Bookmark not defined.

3.3.2. Imobilização da lipase PS no suporte ativado ....... Error! Bookmark not

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3.3.3. Reação de transesterificação enzimática do óleo de babaçu e etanol

sob irradiação de micro-ondas ............................ Error! Bookmark not defined.

3.3.4. Separação dos produtos formados na reação de transesterificação

dos óleos de babaçu com etanol ......................... Error! Bookmark not defined.

3.3.5 Determinação dos ésteres formados e cálculo do rendimento de

transesterificação ................................................. Error! Bookmark not defined.

3.3.6. Reações de etanólise e tratamento pós-reacional Error! Bookmark not

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4.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

4.1 ETANÓLISE DO ÓLEO DE BABAÇU REATOR DE MICRO-ONDAS UTILIZANDO NOVOZYM®

435. ............................................................................ ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

4.1.1. MUDANÇAS DO RENDIMENTO DOS ÉSTERES ETÍLICOS CONFORME O AQUECIMENTO

UTILIZADO. ................................................................... ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

4.2 ETANÓLISE DO ÓLEO DE BABAÇU REATOR DE MICRO-ONDAS LIPASE PS IMOBILIZADA EM

(SIO2-PVA) ................................................................. ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED. 4. CONCLUSÃO ...............................................................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

APÊNDICE A: ...................................................................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

8

1. INTRODUÇÃO

A utilização de aquecimento por micro-ondas em síntese orgânica e

inorgânica vem ganhando destaque durante as últimas décadas, devido ao

encurtamento de tempo de reação necessário e a menor presença de gradiente de

temperatura no meio reacional quando comparado as técnicas de aquecimento

convencional (convecção e condução) (LIDSTROM et al., 2001). No campo da

biotecnologia, a utilização de irradiação de micro-ondas se mostra um método

promissor por aumentar a atividade e seletividade de diversas enzimas (ZHAO,

BAKER et al., 2009).

Enzimas, em particular, lipases (triacilglicerol acilhidrolase; EC 3.1.1.3), são

capazes de catalisar a reação de transesterificação para produção de biodiesel de

uma forma mais limpa, gerando glicerol isento de contaminantes comumente

encontrados pela catalise ácida/ básica. Por outro lado, os longos tempos

reacionais e o alto custo do biocatalisador tornam essa via pouco competitiva

industrialmente (NOGUEIRA et al., 2010). A utilização de aquecimento por micro-

onda na síntese enzimática de biodiesel pode tornar essa rota mais competitiva

industrialmente. A produtividade de biodiesel por via etanólica em meio isento de

solvente, empregando uma preparação de lipase Pseudomonas fluorescents

imobilizada, sob irradiação de micro-ondas, mostrou-se ser seis vezes maior que a

reação controle sob aquecimento convencional (DA RÓS et al., 2012). Do ponto de

vista energético, a produção enzimática de biodiesel assistida por irradiação de

micro-ondas gera 1.6596 kW/h a mais por quilo de biodiesel (MOTASEMI; ANI,

2012).

O presente trabalho tem como objetivo estudar a estabilidade operacional

de uma preparação enzimática de lipase de Burkholderia cepacia em bateladas

consecutivas na reação de etanólise do óleo de babaçu em meio isento de solvente

sob aquecimento por micro-ondas e comparar com o desempenho alcançado com

uma preparação enzimática comercial (Novozym®435), nas mesmas condições

reacionais. A atividade residual e o tempo de meia-vida dos biocatalisadores foram

avaliados após sete bateladas consecutivas com reciclo do biocatalisador.

9

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A presente revisão aborda os temas pertinentes ao estudo proposto.

Primeiramente serão descritos aspectos do produto de interesse nesse estudo

(biodiesel), definição, matérias-primas e métodos de obtenção. Na sequência serão

abordados temas referentes a utilização de biocatalisadores, lipases em sua forma

imobilizada, na reação de transesterificação. O último tópico será direcionado aos

conceitos fundamentais de aplicação de irradiação de micro-ondas, bem como o

mecanismo das reações enzimáticas de síntese de biodiesel em meio isento de

solvente.

2.1. Biodiesel

Desde o final da revolução industrial, energia se tornou um recurso

indispensável para a manutenção e crescimento da humanidade. A maior parte

dessa energia é gerada a partir de fontes não renováveis, 88% dessa energia

consumida é oriunda de petróleo (35%), carvão (24%) e gás natural (24%) (LIN et

al., 2010).

Figura 1: Produção de energia mundial em 2009

Fonte: (LIN et al., 2010)

Com a redução das reservas de petróleo e gás natural, fontes alternativas

têm sido buscadas para garantir segurança energética, dentre essas, a pesquisa

em biocombustíveis renováveis tem ganhado destaque nos últimos anos. Biodiesel

Óleo 35%

Carvão29%

Gás natural24%

Nuclear5%

Hidroelétrico6%

Outros1%

10

se encaixa nesse contexto por poder ser produzido a partir de óleo vegetal, gordura

animal com álcoois de cadeia curta, metanol ou etanol (FEOFILOVA; SERGEEVA;

IVASHECHKIN, 2010). Bioetanol (produzido pela fermentação de açúcares por

micro-organismos), biobutanol (fermentação butílica) e biogás, também são

alternativas renováveis a combustíveis fosseis.

Biodiesel, é definido como uma mistura de ésteres alquílicos de ácidos

graxos que podem ser obtidos pela reação de transesterificação de qualquer

triglicerídeo (óleos e gorduras vegetais ou animais) com álcool de cadeia curta

(KNOTHE, 2005). As propriedades individuais dos ésteres componentes da

matéria-prima lipídica (tamanho da cadeia, grau de saturação, ramificação) e tipo

de álcool utilizado, determinam as propriedades da mistura biodiesel (KNOTHE,

2005). O Quadro 1 compara as características do biodiesel produzido por diferentes

oleaginosas com o diesel fóssil.

Quadro 1: Características físico-químicas do biodiesel de diferentes fontes e do óleo diesel convencional.

Características Origem do Biodiesel Óleo

diesel Mamona Babaçu Palma Algodão Pequi

Poder Calorífico (Kcal/kg) 9046 9440 9530 9520 9590 10824

Ponto de névoa (° C) -6 -6 6 - 8 1

Índice de Cetano - 65 - 57,5 60 45,8

Densidade a 20 °C 0,9190 0,8865 0,8597 0,8750 0,8650 0,8497

Viscosidade a 37,8 °C (cSt) 21,6 3,9 6,4 6,0 5,2 3,04

Inflamabilidade (° C) 208 - - 184 186 55

Ponto de fluidez (°C) -30 - - -3 5 -

Teor de cinzas (%) 0,01 0,03 0,01 0,01 0,01 0,014

Cor (ASTM) 1 0 0,5 1,0 1,0 2,0

Resíduo de Carbono 0,09 0,03 0,02 - 0,01 0,35

Fonte: (Da Rós, 2009)

2.1.1. Métodos de obtenção

Como os atuais motores a diesel não estão prontos para operar diretamente

com óleos vegetais (alta viscosidade e baixa volatilidade), processamento e refino

são necessários para torna-los em combustível de qualidade. Métodos físicos,

mistura direta e micro emulsão, reduzem a viscosidade do óleo vegetal mas não

resolvem os problemas de volatilidade e resíduo de carbono da combustão.

11

Métodos químicos como, transesterificação, pirólise e supercrítico, reduzem a

viscosidade, aumentam a volatilidade sem modificar o poder calorífico (LIN,

CUSHAN; SINGH, 2010).

Dentre as técnicas mostradas no Quadro 2, o método da transesterificação

é o que possui desempenho mais promissor para a redução da alta viscosidade da

matéria-prima, pela troca de ésteres ligados ao glicerol por ésteres de álcoois de

cadeia curta (Figura 2). Atualmente este é o método mais aplicado industrialmente

devido as altas taxas de conversão (LIN; CUSHAN; SINGH, 2010).

Quadro 2: Comparação dos principais métodos de preparação.

Método Vantagens Desvantagens

Diluição ou micro emulsão

Processo simples

Alta Viscosidade

Baixa Volatilidade

Baixa Estabilidade

Pirólise Processo Simples

Não poluente

Altas temperaturas

Alto custo de equipamento

Baixa Pureza

Transesterificação

Propriedades similares ao diesel

Baixo teor de ácidos graxos livres é necessário (catálise

básica)

Alta eficiência de conversão

Resíduos são gerados durante a purificação e neutralização

Baixo custo Reações paralelas no

processo

Compatível com produção em larga escala

Difícil separação dos produtos

Supercrítico

Não necessita de catalisador Altas temperaturas e pressões

Baixo tempo de reação Alto custo de equipamento

Alta eficiência de conversão Alto consumo de energia

Alta adaptabilidade

Fonte: (LIN; CUSHAN; SHING, 2010)

12

Figura 2: Representação esquemática das etapas envolvidas na transesterificação

+ ROH

Álcool

ROOC Rx

Éster

+ ROH

Álcool

ROOC R2

Éster

+ ROH

Álcool

ROOC R3

Éster

Triglicerídeos

Monoglicerídeos

Diglicerídeos

Diglicerídeos Monoglicerídeos

Glicerol

O

O

O

C

O

Rx

C R2

O

C

O

R3

O

OH

O

C R2

O

C

O

R3

O

OH

O

C R2

O

C

O

R3

OH

OH

O C

O

R3

OH

OH

O C

O

R3

OH

OH

OH

+

+

+

Fonte: (DA RÓS, 2009).

2.1.2. Matérias-primas para a produção de biodiesel

Em escala industrial, biodiesel é produzido a partir de óleos vegetais

comestíveis como soja e canola, atualmente esse tipo de matéria-prima é

responsável por 95% da produção mundial de biodiesel. No Brasil, a utilização de

óleo de soja corresponde a 66%, o equivalente a 0,8% da terra destinada a

produção agrícola (Figura 3). Em outros países como a Argentina e os Estados

Unidos a utilização de óleo de soja destinado a produção de biodiesel são 100% e

74%, equivalente a 2,6% e 1,3% da terra disponível. Na União Europeia, a principal

matéria-prima oleosa é o óleo de colza, 64% do total (BALAT, 2010).

A utilização global de óleos comestíveis cresce rapidamente, é estimado que

um terço da produção de óleos vegetais seja utilizado para fabricação de

combustíveis (BALAT, 2010). A possível competição entre a produção de grãos

para consumo humano e sua utilização para combustíveis se torna preocupante no

cenário global no qual 60% da população mundial está desnutrida. O rápido

aumento populacional e o elevado consumo de combustíveis, aumentam a

demanda para a produção de ambos, alimentos e combustíveis. Desta forma,

alternativas de fontes oleaginosas não alimentícias são buscadas para reduzir essa

competição (BALAT; BALAT, 2010).

13

As principais fontes renováveis de matéria-prima para produção de biodiesel

que não competem diretamente com a cadeia alimentícia são: Sebo bovino;

Gordura de frango; Microalgas; Óleo extraído das amêndoas de coco de babaçu;

Óleo de mamona, colza e Pinhão manso (BALAT, 2010).

Figura 3 – Matérias-primas utilizadas no Brasil para produção de Biodiesel

Fonte: (SOARES; PINTO, 2014).

O coco de babaçu possui em média 7% de amêndoas, com 62% de óleo,

considerando os 17 milhões de hectares de florestas onde predomina a palmeira

do babaçu. Com o aproveitamento integral do coco, o babaçu possui potencial para

ser uma extraordinária matéria-prima para a produção de óleo e apresenta

composição em ácidos graxos adequada para produção de biodiesel de elevada

qualidade e estabilidade oxidativa, conforme mostrado no quadro 3 (PARENTE,

2008).

Quadro 3: Composição em ácidos graxos do óleo de babaçu.

Ácido graxo Valores (m/m %)

C8:0 - Octanóico 3,50

C10:0 – Decanóico 4,50

C12:0 - Láurico 44,70

C14:0 - Mirístico 17,50

C16:0- Palmítico 9,70

C18:0- Esteárico 3,10

C18:1- Oléico 15,20

C18:2- Linoleico 1,80

Fonte: (DA RÓS, 2009)

14

Tipicamente, a reação de transesterificação faz uso de álcoois de cadeia

curta, metanol, etanol, propanol, butanol e pentanol. Dentre esses, metanol é o

mais utilizado devido sua alta polaridade e baixo custo. Entretanto, o metanol não

é oriundo de fontes renováveis e apresenta toxicidade elevada. O etanol pode ser

produzido a partir de fontes renováveis, é biodegradável, e o Brasil possui elevada

capacidade agroindustrial para a produção e etanol (SINGH; SINGH, 2010). O

Quadro 4 compara as vantagens e desvantagens da utilização de metanol e etanol.

Quadro 4: Comparação das vantagens e desvantagens do etanol e metanol como agente acilante na obtenção de biodiesel.

Etanol Metanol

Origem renovável Derivado do petróleo

Produto nacional O Brasil é importador do produto

Não tóxico Tóxico

Separação complexa da glicerina Separação imediata da glicerina

Maior investimento na unidade Menor custo

Fonte: (DA RÓS, 2009).

2.1.3 Vantagens da utilização de biodiesel

O biodiesel, assim como o etanol, é denominado de biocombustível, por

serem derivados de biomassa (Biodieselbr, 2014). Em comparação com o diesel

fóssil, o biodiesel tem expressivas vantagens ambientais. Diminuição nas principais

emissões presentes nos gases de exaustão (exceto NOx), está livre de enxofre e

de compostos aromáticos, menor índice de particulados, como HC, CO e CO2;

Elevado ponto de fulgor, manejo e estocagem mais segura; Excelente lubricidade

(KNOTHE, 2005). Outro efeito, indireto, é o incremento a economias locais e

regionais principalmente agricultores do semiárido brasileiro (PARENTE, 2008).

15

2.2. Catalisadores na transesterificação

A reação de transesterificação pode ser catalisada por bases, ácidos,

enzimas, que podem estar diluídas no meio (catalise homogênea) ou na forma

sólida (catálise heterogênea). Industrialmente, a catalise básica homogênea é a

mais utilizada, alcóxidos (CH3ONa, CH3CH2ONa) e hidróxidos (KOH e NaOH) de

metais alcalinos (Quadro 5). Essa categoria de catalisadores apresenta elevado

desempenho quando se utilizam matérias-primas de alta qualidade (óleos vegetais

refinados). Rendimentos superiores a 98% são obtidos em curtos períodos de

reação (30 min). Caso a matéria-prima contenha uma quantidade elevada de

ácidos graxos livres, reações paralelas podem ocorrer (como a saponificação dos

ácidos graxos livres), tornando a mistura resultante (biodiesel, sabão, glicerina e

água de lavagem) de difícil separação (HELWANI et al., 2009).

Quadro 5: Condições típicas de síntese de biodiesel utilizando catálise básica homogênea.

Síntese biodiesel utilizando catálise básica

Matéria-prima Triglicerídeos com baixa acidez (<0,5%).

Óleos Refinados

Razão molar álcool - óleo 6:1

Temperatura (°C) 60-65

Pressão (atm.) 1,4 - 4,1

Catalisador NaOH (mais comum)

Concentração do catalisador (%

da massa de triglicerídeo) 0,5 - 2%

Conversão >95%

Tempo (min) 60

Fonte: Adaptado (HELWANI et al., 2009)

A reação também pode ser conduzida utilizando catálise ácida homogênea

(H2SO4), o desempenho desse catalisador não é afetado pela presença de ácidos

graxos livres, pois neste caso ocorre simultaneamente a reação de esterificação

dos ácidos livres com o álcool presente no meio reacional. A presença de água,

mesmo em pequenas quantidades (0.1% em massa de óleo), afeta de maneira

marcante o rendimento da reação (Quadro 6).

16

Quadro 6: Condições típicas de síntese de biodiesel utilizando catálise ácida homogênea.

Síntese biodiesel utilizando catálise ácida

Matéria-prima Misturas de triglicerídeos com alta quantidade de ácidos graxos livres

(>4%). Óleos residuais

Razão molar álcool - óleo 50:1

Temperatura (°C) 80

Pressão (atm.) 4

Catalisador H2SO4

Concentração do catalisador (razão molar ácido: óleo)

1,3:1

Conversão > 97%

Tempo (min) 240

Fonte: Adaptado (HELWANI et al., 2009)

O elevado consumo de energia e o custo associado a separação do

catalisador homogêneo, tem motivado pesquisas visando o desenvolvimento de

catalisadores heterogêneos. Comparado a catálise homogênea, os catalisadores

sólidos podem tolerar condições mais extremas de reação (temperatura e pressão).

O quadro 7 resume os principais catalisadores sólidos, e as condições de operação

(SHARMA; SINGH; KORSTAD, 2009).

17

Quadro 7: Catalisadores heterogêneos usados para transesterificação de óleos vegetais.

Matéria-prima

Catalisador Razão molar (MeOH:Óleo)

Tempo reacional

(h)

Temperatura (°C)

Conversão (%)

Mistura de óleos

Sílica mesoporosa impregnada com MgO

8 5 220 96

Soja

WO3/ZrO2, zircônia - alumina, óxido de estanho sulfatado

40 20 200 a 300

90

Soja Li - Al Calcinado

15 1 a 6 65 72

Soja La/Zeolita beta 14,5 4 160 49

Soja MgO MgAl2O4 3 10 65 57

Soja NaOH /Alumina

6 a 48 1 50 99

Girassol MgO, ZnO, Al2O3

55 7 70, 100,

130 82

Soja Cu Co 5 3 70 95

Soja CaO/SBA-14 12 5 160 93

Pinhão manso

CaO 9 2.5 70 93

Soja CaO, SrO 12 0,5 a 3 65 95

Soja ETS-10* 6 24 120 95

Algodão Mg-Al-CO3HT 6 12 180 a 210 87

Fonte: Adaptado (SHARMA; SINGH; KORSTAD, 2009). *Titâniosilicato macroporoso - ETS-10

A catálise enzimática para a etanólise ou metanólise de óleos e gorduras é

uma alternativa potencial que tem como principal vantagem a facilidade de

separação e recuperação dos produtos, evitando os processos complexos que

envolvem os outros tipos de catalisadores anteriormente descritos. O custo elevado

de enzimas purificadas faz com que sua utilização aconteça em maior parte na

forma imobilizada, a imobilização permite que a lipase seja reutilizada, opere com

18

maior estabilidade e facilmente recuperável (HELWANI et al., 2009). O quadro 8

compara os tipos de catalisadores utilizados para produção de biodiesel.

Quadro 8: Comparação entre diferentes tecnologias para produção de biodiesel.

Variável Catálise Básica

Catálise Acida

Biocatálise Lipases

Supercrítico Catálise

Heterogênea

Temperatura (°C)

60 a 70 55 a 80 30 a 40 239 a 385 180 a 220

Ácidos graxos livres na Matéria-prima

Saponificação Ésteres Ésteres

Metílicos Ésteres

Não Interfere

Presença de água na matéria-prima

Interfere Interfere Não

Interfere Nd

Não Interfere

Rendimento Normal Normal Alto Normal Normal

Recuperação do glicerol

Difícil Difícil Fácil Nd Fácil

Purificação dos ésteres metílicos

Lavagens consecutivas

Lavagens consecutivas

Nenhuma Nd Fácil

Custo de produção do catalisador

Barato Barato Relativamente

alto Médio

Potencialmente alto

Fonte: Adaptado (HELWANI et al., 2009)

2.2.1 Catálise enzimática

Lipases (triacilglicerol éster hidrolases, EC 3.1.1.3), são enzimas capazes

de catalisar a clivagem de óleos e gorduras com consequente liberação de ácidos

graxos livres, monoglicerol, diglicerol e glicerina. Também possuem eficiência para

catalisar reações como: esterificação, transesterificação e aminólise em meio

orgânico (VILLENEUVE et al., 2000). Mesmo sendo solúveis em água as lipases

apresentam uma propriedade única de atuar em interfaces (água/óleo). Essa

qualidade se deve ao fato desta enzima possuir em sua estrutura oligopeptideos

helicoidais que cobrem a entrada do seu sítio ativo, a abertura desta tampa ocorre

em contato com materiais hidrofóbicos, como uma gotícula de óleo, permitindo

acesso ao sitio ativo (VILLENEUVE et al., 2000).

19

O custo elevado de obtenção de lipases purificadas torna necessário

modificar esse biocatalisador para torná-lo mais eficiente e competitivo em meio

aquoso ou orgânico. As modificações podem ser físicas (imobilização por

adsorção, encapsulação ou ligação covalente em uma matriz) ou químicas

(modificação dos aminos ácidos residuais, ligação da enzima em materiais

hidrofóbicos, formação de matriz reticulada pela utilização de agentes bifuncionais).

O método de imobilização em suportes permite que o biocatalisador seja

reutilizado, facilmente removido do meio reacional, permite a configuração de

sistemas contínuos de produção, aumento da atividade catalítica. Salah et al (2007)

publicaram um estudo comparando o desempenho de uma preparação de lipase

livre e imobilizada na reação de butanólise do ácido acético, a conversão foi de 3%

para a lipase livre e 25% para mesma lipase na forma imobilizada (VILLENEUVE,

et al 2000; GHALY et al, 2010; SALAH et al, 2007).

Para a produção de biodiesel, lipases são viáveis pois além de catalisar a

reação de transesterificação, também são capazes de atuar na reação de

esterificação (GHALY et al., 2010). Entretanto, somente algumas fontes de lipases

são capazes de atuar na síntese de biodiesel com eficiência em sistemas isentos

de solvente, a especificidade (região e tamanho de cadeia), é um dos fatores a ser

considerado na seleção da lipase. As lipases podem ser divididas em 3 grupos: sn-

1,3-especifica (hidrolisa ligação éster nas posições R1 e R3 dos triglicerídeos), sn-

2-especifica (hidrolisa ligação éster na posição R2 dos triglicerídeos), não

especifica (não diferencia a posição da ligação éster). (ANTCZAK et al., 2009). O

quadro 9 resume resultados de transesterificação enzimática descritos em alguns

trabalhos publicados na literatura.

20

Quadro 9: Catálise enzimática com diferentes configurações.

Álcool Fonte

lipídica Lipase Sistema

Tempo (h)

Conversão (%)

Me

tan

ol

Sebo bovino Mucor miehei

Sem solvente

5 19

Hexano 5 74

8 95

Girassol Pseudomonas fluorescens

Sem solvente

21 3

Éter de petróleo

21 79

Algodão Candida antartica

Sem solvente

7 92

terc-butanol 10 90

Palma Pseudomonas cepacia

Sem solvente

48 94

8 15

Coco 8 0

Eta

no

l

Sebo bovino Mucor miehei

Sem solvente

5 65

Hexano 5 98

Sem solvente

5 83

Girassol Pseudomonas fluorescens

24 82

Palma Pseudomonas cepacia

8 72

Coco 8 35

Iso

pro

pa

no

l Sebo bovino Candida antartica

Sem solvente

16 90

Hexano 16 52

Palma

Pseudomonas cepacia

Sem solvente

8 24

Girassol 8 16

Iso

bu

tan

ol

Sebo bovino Candida antartica

Sem solvente

5 97

Hexano 5 98

Palma Pseudomonas

cepacia Sem

solvente

8 42

Coco 8 40

Fonte: Adaptado (ANTCZAK et al., 2009).

A figura 4 compara os rendimentos obtidos e os tempos reacionais para

diferentes matérias-primas na produção enzimática de biodiesel.

21

Figura 4: Produção enzimática de biodiesel em meio isento de solvente.

Fonte: Adaptado (ANTCZAK et al., 2009).

A concentração de álcool no meio reacional é um fator importante,

principalmente em meio isento de solvente. Em razões molares 3:1 (álcool: óleo),

a conversão é aumentada, quando metanol é o agente acilante, e diminui com o

aumento da concentração de álcool. Isso se deve ao fato que altos volumes de

álcool agem como solvente no meio, excedendo os limites de solubilidade do

metanol em óleo e causando inibição na lipase pelo metanol livre. Um possível

mecanismo de reação foi descrito como Ping-Pong Bi Bi, com inibição competitiva

dos dois reagentes (AL-ZUHAIR, LING; JUN, 2007), como ilustrado na Figura 5.

0

20

40

60

80

100

120

0

10

20

30

40

50

60

Se

bo

bovin

o

Gir

assol

Alg

od

ão

Pa

lma

Se

bo

bovin

o

Se

bo

bovin

o

Pa

lma

Se

bo

bovin

o

Pa

lma

Metanol Etanol Isopropanol Isobutanol

Co

nve

rsã

o (

%)

Te

mp

o (

h)

Tempo (h) Conversão (%)

22

Fonte: (AL-ZUHAIR, LING, JUN, 2007).

Figura 5: Mecanismo cinético enzimático

23

2.3 Reatores de micro-ondas

2.3.1 Princípios de funcionamento

Aquecimento por micro-ondas é seletivo e depende do material que recebe

as ondas e algumas de suas propriedades como constante dielétrica, frequência

de relaxação do material. No magnetron, dispositivo responsável pelas micro-

ondas, a aplicação de uma diferença de potencial acelera os elétrons na presença

de um eletro imã que curva sua trajetória em forma espiral produzindo

radiofrequência (Figura 6). Essas ondas eletromagnéticas são transmitidas por

uma antena no anodo (BARBOZA et al., 2001).

O aquecimento dielétrico pode ocorrer por rotação de dipolo, relaciona-se

com o alinhamento das moléculas (dipolos) com o campo elétrico aplicado. Quando

o campo é retirado as moléculas regressam a uma situação menos alinhada, e a

energia que foi absorvida nestes dipolos é dissipada na forma de calor. O segundo

mecanismo, condução iônica, o calor é gerado por perdas por fricção, que

acontecem pela migração de íons dissolvidos sob ação de um campo magnético

(DA RÓS, 2009). Quanto maior for o dipolo, mais intenso será o alinhamento

causado pelo campo eletromagnético. O tamanho das moléculas e a viscosidade

do meio determinarão o tempo de relaxação necessário para que as moléculas

retornem ao estado desalinhado (BARBOZA et al., 2001).

Fonte: (DA RÓS, 2009).

Figura 6 : Ilustração da molécula da água nos instantes de rotação gerados pelas ondas eletromagnéticas.

Fonte: DA RÓS, 2009

24

2.3.2 Transesterificação enzimática assistida por micro-ondas

A baixa velocidade da reação enzimática para produção de biodiesel pode

ser superada pela utilização de irradiação de micro-ondas (NOGUEIRA et al,

2010). O efeito de superaquecimento (aquecimento da substância acima de seu

ponto de ebulição) é atribuído como responsável pelo efeito acelerado em reações

assistidas por micro-ondas (LIDSTROM et al., 2001).

A equação de Arrhenius (𝑘 = 𝐴𝑒−𝐸𝑎

𝑅𝑇 , em que k = constante de velocidade; A

= constante pré-exponencial; Ea = Energia de ativação; R= constante dos gases

= Temperatura), descreve a constante de velocidade para um sistema qualquer.

Desta forma, as micro-ondas poderiam atuar de três formas diferentes para

aumentar a constante de velocidade de uma reação: 1) pelo aumento da frequência

vibratória, elevando dessa forma a mobilidade molecular, que está relacionada com

o fator pré- exponencial A (dependente da frequência vibratória); 2) pela alteração

no fator exponencial o que causaria alteração da energia de ativação e 3) as causas

térmicas são as aplicáveis de maneira mais geral para o aumento da velocidade de

reações em micro-ondas.

O rápido aquecimento e a distribuição de energia que não pode ser

alcançada por aquecimento convencional pode alterar a seletividade de reagentes

(LIDSTROM et al., 2001)

A irradiação de micro-ondas causa o aumento da enantiosseletividade e da

atividade enzimática. Este aumento pode ser explicado em função do

superaquecimento da camada de água próxima a enzima. Em ambiente hidrofóbico

a enzima estará envolta por pelo menos uma camada de água, e quando o solvente

é hidrofóbico, a remoção da camada de água pode ser evitada. Esse

microambiente terá uma constante dielétrica maior que o restante do todo sistema

em função da constante dielétrica da água ser maior do que as outras espécies

presentes no meio reacional. Dessa forma, a superfície enzimática tende a ser alvo

de superaquecimento da camada de água. Isso foi observado pela maior

velocidade reacional quando a preparação enzimática não era completamente seca

em pentóxido de fósforo, mas os outros reagentes sim. Alguns exemplos de

25

reações enzimáticas aceleradas por irradiação de micro-ondas são apresentados

no quadro 10.

Quadro 10: Reações enzimáticas assistidas por micro-ondas.

Tipo de reação Substrato Enzima (Potência/

temperatura)

Hidrólise Triolina Lipase de

Aspergillus carneus 175W/

38-40°C

Transesterificação Óleo vegetal Lipase de

Aspergillus carneus 800W/ 90°C

Esterificação n-Acetil-L-

fenilalanina e etanol

α-Quimotripsina Condições não Especificadas

Transesterificação n-Acetil-L-fenilanina Etil éster e propanol

Subtilisina Carlsberg

Condições não Especificadas

(Solvente orgânico)

Síntese p-nitrofenil-β-D-galatopiranoside

e lactose

-galatosidase de Kluyveromyces lactis

12W/ 40°C

Acilação a) 1,2,3,4-

Tetrahidro-1-naftol

Lipase de pâncreas de porco (LPP)

700W/ 25-35o C

(Solvente orgânico)

b) Mentol e ácido palmítico

Interesterificação

Butanol Fusarium solani 2,45 Ghz / 50o C

Etilbutirato Cutinase

Hidrólise p-nitrofenil poliéster e

carboidratos Celulase

750W / 75o C

Transesterificação Feniletanol Novozym®435

e Pseudomonas cepacia 30-90W/

70-100o C

Fonte: (DA RÓS, 2009).

26

Quando a enzima é completamente seca, essa camada de hidratação tende

a desaparecer, eliminando o efeito de superaquecimento superficial (ZHAO et al.,

2009). A figura 7 mostra dois casos: a) Enzima imobilizada ou livre cercada por

uma camada de água enquanto o solvente hidrofóbico não possui água (elevado

efeito de superaquecimento na superfície enzimática), b) Enzima imobilizada ou

livre cercada por uma camada de água enquanto o solvente hidrofóbico possui

pequena quantidade de água dispersa (efeito de superaquecimento na superfície

da enzima é reduzido pois a constante dielétrica do meio aumentou).

Fonte: (ZHAO et al., 2009)

Figura 7: Superaquecimento causado pela água na camada de hidratação enzimatica sob irradiação de micro-ondas

27

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Materiais

3.1.1. Fonte de lipases

Os experimentos foram realizados com a preparação de lipase microbiana

de Burkholderia cepacia (Lipase PS), manufaturada pela Amano Pharmaceuticals

e adquirida comercialmente da Sigma Co. (St. Louis, MO, USA) na forma livre e

posteriormente imobilizada em suporte não comercial (SiO2-PVA). Candida

antarctica lipase imobilizada em suporte acrílico (Novozym®435) foi gentilmente

doada pela empresa Novozymes Latin America Ltda – Araucária/PR e utilizada

como parâmetro de referência.

3.1.2. Substratos

Como substratos na síntese de biodiesel foram utilizados: etanol anidro

Cromoline 99,8%, (São Paulo, Brasil), óleo de babaçu refinado doado pela BASF

(Jacareí, São Paulo, Brasil).

3.1.3. Suportes de imobilização

Composto híbrido de polissiloxano-álcool polivinílico (SiO2-PVA) preparado

pela técnica sol-gel, conforme descrito por Paula et al, 2008, empregando como

precursor tetraetilortossilicato (TEOS) adquirido da Aldrich (EUA).

3.1.4. Outros reagentes

Outros reagentes utilizados foram: solventes (acetona - Cromoline, etanol

95% - Reagen, hexano - Cromoline), hidróxido de potássio (Merck), indicador

ácido-base (fenolftaleína - Colleman), álcool polivinílico (MM 72.000, Reagen), HCl

(mínimo 36%, Isofar), epicloridrina (Sigma), polietilenoglicol (MM 1500, Synth),

goma arábica em pó pura (Synth) e óleo de oliva comercial baixo teor de acidez

(Carbonell). Padrões cromatográficos (ésteres etílicos) previamente sintetizados

por via química (URIOSTE et al., 2008).

28

3.2. Equipamentos

Os equipamentos utilizados no desenvolvimento deste trabalho estão

apresentados no quadro 11.

Quadro 11: Tipo de análise e equipamentos utilizados nos ensaios.

Tipo de análise e/ou ensaio

Equipamento Modelo/ fabricante

Medidas de pH Potenciômetro Modelo TEC2, Tecnal

Dosagem de ésteres etílicos (biodiesel)

Cromatógrafo a gás Modelo GC-3800, Varian

Pesagem de materiais Balança analítica Modelo AY220, Shimadzu

Purificação do produto Rota evaporador Modelo 801, Fisatom

Atividade hidrolítica Bureta digital (50 mL) Hirshmann Techcolor

Teor de umidade Balança analítica ID 50, Marte Karl Fischer Mettler DL18, Titrator

Reações utilizando campos magnéticos

Reator de micro-ondas Discover

Discover/University-Wave, Cem Corporation modelo PN # CE-925SB235-SPB-PLUG

3.3. Metodologia experimental

3.3.1 Síntese do suporte híbrido

O composto híbrido de polissiloxano-álcool polivinílico foi sintetizado,

conforme metodologia descrita por (PAULA et al, 2008), pela mistura de 5mL de

tetraetil ortosilicato (TEOS), 5mL de etanol e 6mL de uma solução de álcool

polivinílico (PVA) 2% (m/v). Essa mistura foi aquecida a 60 ºC, sob agitação, com

adição de duas a três gotas de HCl concentrado. Após um período de incubação

de 40 min, a preparação foi mantida a 25 ºC por 48 h até a completa solidificação

(formação da rede de interpenetrada de polissiloxano e álcool polivinílico – SiO2-

PVA). O composto foi então triturado até que passasse completamente por uma

peneira padrão série Tyler de 42 MESH e ficasse retido em peneira de 60 MESH.

O quadro 12 apresenta as propriedades morfológicas do suporte obtido.

29

Quadro 12: Propriedades morfológicas do suporte SiO2-PVA quanto à área superficial, volume de poros e tamanho médio dos poros.

Área superficial específica (m²/g)

Volume de poros (cm³/g)

Tamanho médio dos poros (Å)

461 0,275 22,9

Fonte: (DA RÓS, 2009)

Em seguida, o suporte foi embebido em solução de agente de ativação

epicloridrina 2,5% (v/v) em tampão fosfato de sódio (0,1 M e pH 7), na proporção

massa de suporte: volume de solução de 1:10, sendo esta mistura mantida sob

agitação por 1 h à temperatura ambiente. Após este período, o suporte foi lavado

exaustivamente com água destilada e solução tampão de fosfato, e em seguida

levado à estufa (60 ºC) por 24 h.

3.3.2. Imobilização da lipase PS no suporte ativado

O suporte ativado (SiO2-PVA) foi embebido em hexano numa relação sólido:

líquido de 1:10 e mantido sob agitação branda por 2 h. Após este período, para

cada grama de suporte ativado (matéria seca), foram adicionados 200 mg de lipase

PS na sua forma livre e 100 L de solução aquosa contendo 5 mg/mL de

polietilenoglicol (PEG-1500). As suspensões contendo enzima e suporte foram

mantidas sob suave agitação a 30°C por 2 h, seguido de contato estático por um

período adicional de 18h a 4 ºC. A recuperação dos derivados imobilizados foi

efetuada por filtração a vácuo, com lavagens sucessivas com hexano até a redução

da umidade dos derivados imobilizados em valores não superiores a 15%.

3.3.3. Reação de transesterificação enzimática do óleo de babaçu e etanol sob

irradiação de micro-ondas

As sínteses foram realizadas no reator de micro-ondas Discover. Um frasco

de vidro esférico (100 mL), acoplado com condensador de refluxo, contendo óleo

de babaçu e etanol numa razão molar 1:7 (óleo de babaçu: Etanol), foi inserido na

câmara de micro-ondas do reator, sendo irradiada determinada potência de micro-

ondas para manter a temperatura 40 °C do meio reacional praticamente constante

durante todo o experimento. As misturas foram incubadas com lipase PS

30

imobilizada em SiO2-PVA e Novozym®435 na proporção, respectivamente de 20%

e 10% (m/m) de meio reacional. As reações foram conduzidas por um período

máximo de 8 h, com agitação magnética no nível alto para todos os experimentos.

O progresso da síntese foi acompanhado pela retirada de alíquotas, ao longo da

reação, para quantificação da formação dos ésteres de etila por cromatografia em

fase gasosa.

3.3.4. Separação dos produtos formados na reação de transesterificação dos óleos de babaçu com etanol

Para a separação da glicerina liberada na síntese do biodiesel, o meio

reacional foi submetido a uma etapa de purificação, constituída basicamente de

uma lavagem com água destilada. O volume da amostra recolhido foi medido e em

seguida adicionado o mesmo volume de água destilada. A mistura foi transferida

para um funil de decantação, efetuando-se uma agitação e deixando a mistura em

repouso por 30 min para a separação das fases. A fase superior era composta

pelos ésteres de etila (biodiesel) e a fase inferior por glicerol e água de lavagem. A

fase inferior foi descartada e a fase superior submetida à evaporação em rota-

evaporador.

3.3.5. Determinação dos ésteres formados e cálculo do rendimento de transesterificação

Para a análise dos monoésteres de ácido graxo empregou-se um

Cromatógrafo de fase gasosa Varian – Modelo CG 3800 equipado com uma coluna

de aço inoxidável empacotada (5%DEGS CHR-WHP 80/100 6ft 2.0mmID 1/8inOD,

RESTEK 80/100) e detector de ionização em chama (FID). A temperatura do

detector foi fixada em 230 °C e a do injetor em 190°C. Nitrogênio foi usado como

gás de arraste num fluxo de 25 mL/min. Os fluxos dos gases de arraste para

alimentação do detector foram: 30 mL/min de H2 e 300 mL/min de ar sintético. A

temperatura da coluna inicialmente foi mantida a 120°C por 15 min e em seguida

aquecida numa taxa de 25°C/min, até 170 °C, permanecendo nessas condições

por 26 min.

O rendimento (R) das reações de síntese de biodiesel foi definido como o

valor que expressa a massa total obtida de ésteres de etila (Mt) em relação à massa

teórica esperada de ésteres de etila (Me). Me foi determinada a partir da massa de

31

ácidos graxos presente na massa inicial do óleo de babaçu (M0), da massa

molecular correspondente a cada ácido (MMa) e do éster correspondente (MMe).

Este cálculo é representado pela equação 1a, em que M0 corresponde ao produto

da concentração mássica de cada ácido graxo (Ca), com a massa inicial de óleo

utilizada (Mi) equação 1b. O rendimento foi calculado dividindo a massa total de

ésteres determinada pela análise de cromatografia gasosa (Mt) pela massa teórica

de ésteres de etila (Me), conforme mostrado na equação 1c.

MMa

MMeMoMe

).( (a) MiCaMo . (b) (c) 100

Me

MtR

Equação 1 – Rendimento e conversão

3.3.6. Reações de etanólise e tratamento pós-reacional

O quadro 13 lista as condições reacionais, bem como o pós-tratamento

realizado no biocatalisador. Após cada ciclo de 8 horas o conteúdo a fase liquida

presente no reator foi removido por sucção, deixando o biocatalisador dentro do

reator para evitar a perda de massa do mesmo. Os produtos foram submetidos a

separação e tratamento como descrito em 3.3.4.

O biocatalisador a ser reutilizado foi tratado com o solvente adequado de

acordo com o Quadro 13, deixando em contato por 12 horas com o solvente de

recuperação. Após esse período, uma solução de acetona: hexano (2:1) foi

utilizada para enxague e remoção da solução de tratamento. O reator com o

biocatalisador foi colocado a vácuo na presença de pentóxido de fósforo para

secagem por 3 horas, após esse período o biocatalisador foi considerado como

recuperado, sendo reutilizado nas bateladas seguintes.

32

Quadro 13: Identificação das reações

Reação Biocatalisador % m/m

catalisador/meio Massa

catalisador Tratamento pós

reacional

1NH

Novozym®435 10% 1,2g

Hexano

2NH

3NH

4NH

5NH

1NT

Terc-Butanol

2NT

3NT

4NT

5NT

6NT

1P

Lipase PS imobilizada em

( SiO2-PVA) 20% 2,4g

2P

3P

4P

5P

6P

7P

Fonte: Autor, 2014

33

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Etanólise do óleo de babaçu reator em de micro-ondas utilizando Novozym® 435.

As reações foram mantidas por um período máximo de 8 horas sob

aquecimento em micro-ondas a 40°C utilizando substrato na razão molar de 1: 7

(óleo: etanol). Na primeira batelada utilizando a lipase imobilizada Novozym®435,

o rendimento máximo (100%) foi alcançado em 6 horas de reação. Nas reações

subsequentes o tempo reacional de 8 horas foi o que obteve rendimento máximo

pra o ciclo. Os resultados para as amostras coletadas em 6 e 8 horas de reação

podem ser encontrados no apêndice A. O rendimento obtido (100%) em 6 horas de

reação, indica a superioridade do aquecimento sob micro-ondas em relação ao

aquecimento convencional que requer tempos da ordem de 8 vezes superior (48

horas) para alcançar o mesmo nível de conversão, conforme dados descritos na

literatura para sistemas reacionais similares (TIOSSO et al., 2014).

Figura 8: Etanólise do óleo de babaçu em reator de micro-ondas utilizando Novozym®435

Fonte: Autor,2014

0

60

94100 100

0

20

40

60

80

100

120

0 2 4 6 8

RE

ND

IME

NT

O (

%)

TEMPO (H)

34

No trabalho publicado por (DAHAI et al., 2010) rendimento de 94% foi obtido

em 12 horas de reação para um sistema reacional utilizando óleo de soja,

Novozym®435 e metanol. A maior velocidade de reação para o sistema similar

utilizando etanol, como no presente trabalho, foi justificada pelo comportamento

dos diferentes solventes sob micro-ondas. O etanol possui uma taxa de

aquecimento de 1.2 (∆𝑇

𝑡)/(℃ 𝑠−1) enquanto o metanol 0.9 (

∆𝑇

𝑡)/(℃ 𝑠−1) (BARBOZA

et al., 2001). No sistema isento de solvente, o álcool em excesso age como solvente

do meio reacional e sua propriedade em relação as micro-ondas pode afetar o

rendimento geral da reação.

4.1.1. Mudanças do rendimento dos ésteres etílicos conforme o aquecimento

utilizado.

A figura 9 mostra o padrão de rendimento em ésteres para Novozym®435.

Comparando com resultados obtidos em estudos anteriores realizados pelo grupo

de Biocatálise da EEL-USP na etanólise do óleo de babaçu sob aquecimento

convencional verifica-se que o padrão de rendimento em ésteres sofreu uma

mudança quando o aquecimento foi realizado sob irradiação de micro-ondas. A

figura 10, mostra que ocorreu uma redução marcante, da ordem de 20% no

rendimento alcançado nas reações sob aquecimento convencional e micro-ondas.

De acordo com a figura 10, os ésteres com 8 e 16 carbonos obtiveram um

rendimento maior que 20% quando a reação foi conduzida em reator de micro-

ondas. Por outro lado houve redução marcante do rendimento dos ésteres com 18

carbonos.

Uma possível explicação para esse comportamento é o mecanismo da

reação de transesterificação enzimática em meio isento de solvente, descrita na

literatura como um processo de duas etapas, hidrólise seguida de esterificação. A

polaridade dos ácidos graxos hidrolisados apresenta influência na síntese do éster,

sendo que quanto menor a polaridade do ácido graxo, menor sua solubilidade no

meio em que o etanol age não somente como reagente mas também como solvente

do meio. Essa menor solubilidade pode ocasionar menor difusão dos ésteres de

cadeia longa, diminuindo dessa forma a formação dos ésteres (JINGCAN et al.,

2013).

35

Figura 9: Comparação entre os ácidos presentes no óleo de babaçu e rendimento

em ésteres obtidos nas reações sob aquecimento convencional e micro-ondas.

Fonte: Autor, 2014.

Figura 10: Variação de rendimento em ésteres entre aquecimento convencional e micro-ondas

Fonte: Autor,2014

3.5% 3.2% 4.3%4.5% 3.5% 4.2%

44.7% 45.4%49.6%

17.5%12.3%

13.9%

9.7%

5.8%

8.1%3.1%

4.2%

2.1%

15.2%22.7%

14.9%

1.8% 2.8% 2.8%

Ó L E O D E B A B A Ç U N O V O Z Y M 4 3 5A Q U E C I M E N T O

C O N V E N C I O N A L

N O V O Z Y M 4 3 5A Q U E C I M E N T O M I C R O -

O N D A S

C8 C10 C12 C14 C16 C18 C18:1 C18:2

-120%

-100%

-80%

-60%

-40%

-20%

0%

20%

40%

C8 C10 C12 C14 C16 C18 C18:1 C18:2

Novozym435®

36

O aquecimento em micro-ondas é seletivo e dependente da polaridade das

espécies envolvidas, ácidos graxos de cadeia longa como oleico e linoleico

(presentes em baixa concentração no óleo de babaçu), os quais seriam menos

sensíveis ao aquecimento. Desta forma, a redução do rendimento desses ésteres

pode ser explicada pela menor polaridade e solubilidade no meio. O mesmo efeito

pode explicar o maior rendimento dos ácidos de cadeia mais polar como o ácido

caprico (C8).

4.1.2 Influência do solvente na recuperação do biocatalisador

A recuperação do biocatalisador foi efetuada utilizando dois solventes,

hexano e terc-butanol. Após cada ciclo reacional de 8 horas, o biocatalisador foi

separado por sucção do meio e submerso no solvente para recuperação.

As bateladas consecutivas utilizando hexano como solvente de tratamento

foram insatisfatórias com relação a atividade residual do biocatalisador (Figura 11),

resultando em redução de 92% do rendimento após 4 reciclos consecutivos

revelando um tempo de meia-vida do biocatalisador de 16.5 horas. Por outro lado,

quando terc-butanol foi utilizado como solvente, foi possível efetuar 6 ciclos de 8h

com redução de apenas 40% da atividade original (figura 12) sendo o tempo de

meia-vida do biocatalisador determinado da ordem de 76 horas (figura 13). Uma

melhor comparação entre a eficiência de tratamento de recuperação do

biocatalisador empregando os dois solventes é ilustrada na figura 14.

Figura 11: Bateladas consecutivas (1NH-5NH) com reciclo do biocatalisador

Fonte: Autor, 2014

0

20

40

60

80

100

1 2 3 4 5

RE

ND

IME

NT

O (

%)

BATELADAS CONSECUTIVAS

37

Figura 12: Bateladas consecutivas (1NT-6NT) com reciclo do Biocatalisador.

Fonte: Autor, 2014

Figura 13: Atividade Residual da Novozym®435

Fonte: Autor, 2014

100

7783

70 68

60

0

20

40

60

80

100

1 2 3 4 5 6

RE

ND

IME

NT

O (

%)

BATELADAS CONSECUTIVAS

y = -0.8214x + 107.14R² = 0.9888

0

20

40

60

80

100

5 15 25 35 45 55

AT

IVID

AD

E R

ES

IDU

AL (

%)

TEMPO (H)

38

Fonte: Autor, 2014

No meio isento de solvente, as seguintes espécies químicas são

encontradas após o início da síntese: triglicerídeos, diglicerídeos, monoglicerídeos,

álcool etílico, ésteres etílicos e glicerol. A produção de biodiesel em sistemas

catalisados por lipases em meio isento de solvente é descrita por (JINGCAN et al.,

2013) como sendo um processo de duas etapas; a) hidrólise do triglicerídeo, b)

esterificação dos ácidos liberados. Essas duas etapas ocorrem praticamente em

maneira simultânea com a produção de glicerina como subproduto reacional. A

glicerina, coproduto da síntese de biodiesel, é hidrofílica e insolúvel no óleo de

babaçu, características que podem levar a sua adsorção ao suporte de

imobilização, pois ambos são hidrofílicos (AZÓCAR et al., 2011). A absorção do

produto polar no suporte enzimático foi demonstrada como responsável pela

elevada perda da atividade enzimática. A adsorção de uma camada hidrofílica de

glicerol no suporte, reduz a difusão do substrato apolar do meio reacional para o

sitio ativo, ocasionando uma redução da atividade (DOSSATA; COMBES; MARTY,

1999).

35

8 8

0

7783

70 68

0

20

40

60

80

100

1 2 3 4 5

Re

nd

ime

nto

(%

)

BATELADAS CONSECUTIVAS

Recuperação com Hexano Recuperação com Terc-Butanol

Figura 14: Recuperação comparativa de tratamento pós-reacional da Novozym 435® utilizando hexano e terc-butanol

39

No trabalho publicado em 1999 por Dossata e colaboradores, foi

demonstrado que para um sistema reacional utilizando Lipozyme RM® (lipase de

Rhizomucor meihei 1,3-específica imobilizada em resina de troca iônica a base de

sílica) como biocatalisador para a síntese de biodiesel, após 14 horas de reação, o

suporte havia absorvido 73% de sua massa inicial seca, em massa de glicerina. Os

autores também investigaram o motivo pelo qual a adsorção de glicerol no suporte

reduz drasticamente a atividade enzimática. A primeira hipótese sugere que o

acúmulo de moléculas de glicerina produz uma barreira ao redor do catalisador

imobilizado, levando a limitação dos processos de difusão do substrato hidrofóbico

(óleo vegetal), quanto maior a barreira maior foi o efeito de desativação (AL-

ZUHAIR; LING; JUN, 2007). Essa mesma hipótese foi confirmada por outros

autores para o caso da formação de água durante a reação de esterificação

(DOSSATA; COMBES; MARTY, 1999).

Uma segunda hipótese sugere que o glicerol absorvido leva a redução da

atividade termodinâmica da água, tal atividade é crucial para a conformação e

relaciona-se diretamente com a atividade catalítica (KULSCHEWSKIA et al., 2013),

(DAHAI et al., 2010).

Tomando por base essas hipóteses, pode ser considerado que a utilização

de hexano, um solvente polar, nas bateladas de 1NH a 5NH, foi ineficiente para

remover o glicerol adsorvido no suporte devido a diferença de polaridade entre as

espécies, sendo o glicerol insolúvel em hexano. Partindo da suposição que o

processo de adsorção de glicerol é um processo reversível, a utilização de um

solvente mais polar (que possa dissolver o etanol e o glicerol do meio) como o terc-

butanol seria mais eficaz na recuperação da atividade enzimática (LIN et al., 2010).

Os resultados apresentados no presente estudo sugerem que o terc-butanol

restabeleceu de forma mais eficiente a atividade enzimática do biocatalisador,

aumentando o tempo de meia-vida do biocatalisador em 60 horas. Quando hexano

foi utilizado para a recuperação catalítica, o tempo de meia-vida determinado

experimentalmente foi de 16 horas, relativamente baixo, quando comparado às 76

horas obtidas com o terc-butanol.

40

Figura 15: Rendimento em ésteres nas bateladas consecutivas (1NT-6NT) com reciclo do Biocatalisador

Fonte: Autor, 2014

É possível observar pelos resultados mostrados na figura 15 que

diferentemente dos outros ésteres, que a formação do oleato de etila (C18:1) foi

reduzida significativamente após a terceira batelada consecutiva (tempo global =

24 horas). Este resultado indica que a desativação enzimática ocorreu de forma

seletiva para o ácido insaturado com maior expressão que os ácidos saturados. É

possível que durante a desativação térmica por micro-ondas ocorra uma mudança

conformacional no biocatalisador desfavorecendo a síntese de ésteres

monoinsaturados.

As micrografias mostradas na figura 16 indicam que após 56 horas de

utilização do biocatalisador em 7 bateladas consecutivas, o suporte de imobilização

apresentou visível mudança morfológica. Inicialmente Novozym®435 possuía

formato esférico e homogêneo, após 56 horas sob agitação magnética o suporte

foi parcialmente fragmentado, perdendo sua homogeneidade esférica e

possivelmente comprometendo o desempenho do biocatalisador.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0 1 2 3 4 5 6

Rendim

ento

(%

)

Bateladas consecutivas

Rendimento total Caprílico C8 Cáprico C10

Láurico C12 Mirístico C14 Palmítico C16

Esteárico C18 Oleico C18:1 Linoleico C18:2

41

Figura 16: Micrografias da morfologia da Novozym®435 pré e pós- reacional.

Morfologia Novozym®435 pré reacional Morfologia Novozym®435 pós reacional 56h

Fonte: Autor, 2014

42

4.2. Etanólise do óleo de babaçu em reator de micro-ondas utilizando Lipase

PS imobilizada em (SiO2-PVA)

A estabilidade operacional é um parâmetro de essencial importância para

possível aplicação industrial. A lipase PS imobilizada em SiO2-PVA, possui

atividade e estabilidade térmica na etanólise do óleo de babaçu como descrito por

(DA RÓS et al., 2014).Fornecendo rendimento total em 48 horas sob aquecimento

convencional e 10 horas quando irradiação de micro-ondas foi utilizada, reduzindo

desta forma, 5 vezes o tempo reacional para completar a conversão.

A figura 17 mostra o desempenho deste biocatalisador em 7 bateladas

consecutivas de 8 horas cada, sendo o derivado imobilizado tratado com terc

butanol ao final de cada ciclo de 8 horas. Terc-butanol foi o solvente utilizado para

a recuperação da atividade enzimática devido aos resultados satisfatórios obtidos

com a Novozym®435, como descrito anteriormente (4.1.2).

Figura 17: Bateladas consecutivas (1P-7P) com reciclo do Biocatalisador

Fonte: Autor, 2014

71

59

6763

54

63

51

0

20

40

60

80

100

1 2 3 4 5 6 7

RE

ND

IME

NT

O (

%)

BATELADAS CONSECUTIVAS

Bateladas consecutivas (1P-7P) com reciclo Lipase PS - Terc-Butanol

43

Verifica-se (Figura 17) que houve redução da atividade de transesterificação

do biocatalisador de 20 %, revelando um tempo de meia-vida do derivado

imobilizado da ordem de 89 horas (figura 18), valor superior ao determinado (76h)

para Novozym®435.

Figura 18: Atividade Residual da Lipase PS (SiO2-PVA)

Fonte: Autor, 2014

O efeito das micro-ondas no padrão de conversão dos ésteres, como

mostrado na figura 19, não foi tão expressivo quando comparado a Novozym®435

(figura 10). Somente o ácido caprilico apresentou conversão maior de 20% (figura

19) quando a reação foi conduzida sob micro-ondas (figura 20). Esse efeito pode

ter sido ocasionado pela maior polaridade do ácido com oito carbonos quando

comparado aos demais ácidos presentes no óleo de babaçu. Discussão sobre a

polaridade e sua influência foi previamente apresentada.

Considerando que as lipases estudadas são de origens diferentes e

imobilizadas em suportes distintos empregando diferentes técnicas,

comportamentos distintos já eram esperados para cada sistema.

A figura 21, mostra que durante as bateladas consecutivas foi possível

observar que diferentemente dos outros ésteres, que a formação do oleato de etila

(C18:1) foi reduzida significativamente após a primeira bateada de 8 horas. Este

y = -0.611x + 104.28R² = 0.9312

t 1/2 = 89h

0

20

40

60

80

100

5 15 25 35 45 55

AT

IVID

AD

E R

ES

IDU

AL (

%)

TEMPO (H)

44

resultado sugere que a desativação enzimática ocorreu de forma seletiva para o

ácido insaturado com maior expressão que os ácidos saturados, como descrito

anteriormente 4.1.2.

Fonte: Autor,2014

Figura 20: Comparação entre os ácidos presentes no óleo de babaçu, rendimento em ésteres na reação mediada pela lipase PS sob aquecimento convencional e micro-ondas.

Fonte: Autor,2014

3.5% 4.1% 5.6%4.5% 4.8% 5.5%

44.7%48.7% 45.6%

17.5%15.5% 16.3%

9.7%10.0% 10.9%

3.1%3.0% 3.6%

15.2% 12.0% 11.0%

1.8% 1.9% 1.9%

Ó L E O D E B A B A Ç U P SA Q U E C I ME N T O

C O N V E N C I O N A L

P SA Q U E C I ME N T O M I C R O -

O N D A S

C8 C10 C12 C14 C16 C18 C18:1 C18:2

-15%

-10%

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

C8 C10 C12 C14 C16 C18 C18:1 C18:2

Lipase PS

Figura 19: Variação de rendimento em ésteres entre aquecimento convencional e micro-ondas

45

Fonte: Autor,2014

A figura 21 mostra que durante as bateladas consecutivas foi possível

observar que diferentemente dos outros ésteres, que a formação do oleato de etila

(C18:1) foi reduzida significativamente após a primeira bateada de 8 horas. Este

resultado sugere que a desativação enzimática ocorreu de forma seletiva para o

ácido insaturado com maior expressão que os ácidos saturados, como descrito

anteriormente 4.1.2.

4.2.1. Efeito do tempo de incubação em bateladas consecutivas

Durante as bateladas consecutivas, duas amostras, 6 e 8 horas, foram

coletadas para verificar o progresso da reação. Foi possível observar que as

amostras coletadas após 6 horas de reação apresentaram rendimento mais

elevado do que as amostras analisadas com 8 horas de reação. Lipases são

capazes de catalisar a hidrólise e a esterificação de ácidos em meio isento de

solvente (JINGCAN et al., 2013), sendo possível que a reação de hidrólise dos

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0 1 2 3 4 5 6 7

Rendim

ento

(%

)

Bateladas consecutivas

Rendimento total Caprílico C8 Cáprico C10

Láurico C12 Mirístico C14 Palmítico C16

Esteárico C18 Oleico C18:1 Linoleico C18:2

Figura 21: Rendimento por éster nas bateladas consecutivas (1P-7P) com reciclo do Biocatalisador

46

ésteres etílicos superou a reação de esterificação, uma vez que se trata de um

sistema reversível. Na figura 22, pode se observar que algumas reações tiveram

redução de até 43% entre as amostras de 6 e 8 horas.

Figura 22: Bateladas consecutivas (1P-7P) com reciclo do Biocatalisador

Fonte: Autor,2014

As micrografias mostradas na figura 23, indicam que o derivado imobilizado

manteve suas características morfológicas após 56 horas sob agitação magnética.

O suporte de imobilização híbrido (SiO2-PVA) foi resistente a agitação magnética,

aspecto positivo quando a reutilização do suporte está em foco, favorecendo, desta

forma, a estabilidade operacional do derivado imobilizado. Essa superioridade na

manutenção da morfologia durante os ciclos consecutivos influenciou de maneira

positiva, justificando o maior tempo de meia–vida do derivado imobilizado quando

comparado ao biocatalisador Novozym®435.

71

59

6763

54

63

5161

5059

4444

54

38

-16

%

-18

%

-14

%

-43

%

-23

%

-17

%

-34

%

-50%

-45%

-40%

-35%

-30%

-25%

-20%

-15%

-10%

-5%

0%

0

20

40

60

80

100

0 1 2 3 4 5 6 7 8

RE

ND

IME

NT

O (

%)

BATELADAS CONSECUTIVAS

6h

8h

47

Figura 23: Micrografias da morfologia Lipase PS (SiO2-PVA) pré e pós reacional Lipase PS.

Morfologia Lipase PS (SiO2-PVA) pré reacional

Morfologia Lipase PS (SiO2-PVA) pós reacional 56h

Fonte: Autor,2014

48

4. CONCLUSÃO

A reutilização do catalisador é fundamental para tornar a rota bioquímica

mais competitiva financeiramente, a partir dos dados apresentados e discutidos

podemos concluir que:

A utilização de micro-ondas mostrou-se benéfica em todos os casos

apresentados, aumentando a velocidade reacional em até cinco vezes quando

comparado ao aquecimento convencional por convecção/condução.

O solvente utilizado para a recuperação do biocatalisador foi de fundamental

importância na estabilidade operacional, sendo o hexano não qualificado para

esse propósito devido sua baixa capacidade de dissolver o glicerol. Álcool

butílico terciário foi satisfatório na recuperação da atividade catalítica

eliminando o glicerol adsorvido no suporte de imobilização.

Em meio isento de solvente a polaridade e as taxas de aquecimento das

espécies envolvidas sofreram maior influência nas reações em micro-ondas.

O biocatalisador Novozym®435 sofreu maior alteração em seu padrão de

rendimento em ésteres sob irradiação de micro-ondas do que derivado

imobilizado de lipase PS.

Foi possível verificar que no sistema reacional utilizando a lipase PS, a reação

inversa (hidrólise dos ésteres etílicos) foi presente em todos os ciclos.

Sob agitação magnética, o derivado imobilizado em suporte hibrido manteve

sua morfologia enquanto o biocatalisador Novozym®435 foi parcialmente

fragmentado pela agitação magnética.

A lipase PS imobilizada em SiO2-PVA foi mais estável (maior tempo de meia-

vida) que Novozym®435, possivelmente pela maior resistência do suporte de

imobilização.

49

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ZHAO, H., BAKER, G. A., SONG, Z., OLUBAJO, O., ZANDERS, L., CAMPBELL, S. M. (2009). Effect od ionic liquid proprieties on lipase stabilization under microwave irradiadion. Journal of Molecular Catalysis B: Enzymatic, 57, 149-157.

52

Apêndice A:

ESTABILIDADE OPERACIONAL DA LIPASE Novozym®435 NO REATOR DE MICRO-ONDAS

DISCOVER Reações de 1 a 5 Lavadas com Hexano Reações de 6 a 10 Lavadas com Tert-butanol Razão Molar (óleo de babaçu:etanol): 1:7 Temperatura: 40 ºC

Enzima: Novozym®435 (10% meio 1,2g) Tempo de cada reciclo: 8h Lavagens do biocatalisador após cada reciclo com hexano

Reação 1

Concentração (%)

Ácido Graxo Babaçu 1h 2h 4h 6h 8h

Caprílico C8 3,5 0,029745 0,024610 0,034078 0,034891 0,034891

Cáprico C10 4,5 0,003137 0,024767 0,033794 0,034226 0,034226

Láurico C12 44,7 0,273304 0,257113 0,384534 0,400550 0,400550

Mirístico C14 17,5 0,072859 0,069808 0,104149 0,111793 0,111793

Palmítico C16 9,7 0,042104 0,040341 0,059572 0,065420 0,065420

Esteárico C18 3,1 0,018945 0,015373 0,017095 0,017247 0,017247

Oleico C18:1 15,2 0,019750 0,029992 0,084664 0,120455 0,120455

Linoleico C18:2 0,006118 0,006130 0,015916 0,022329 0,022329

Total 98,2 46,60% 46,81% 73,38% 86,44% 0,034891

Rendimento Total (%) 60 60 94 100 100

Reação 2

Concentração

(%)

Ácido Graxo Babaçu

8h

Caprílico C8 3,5 0,018090

Cáprico C10 4,5 0,018311

Láurico C12 44,7 0,163165

Mirístico C14 17,5 0,039084

Palmítico C16 9,7 0,017560

Esteárico C18 3,1 0,013697

Oleico C18:1 15,2 0,000529

Linoleico C18:2 0,004053

Total 98,2 27,45%

Rendimento Total (%) 35,36

53

Reação 3

Concentração (%)

Ácido Graxo Babaçu

8h

Caprílico C8 3,5 0,003484

Cáprico C10 4,5 0,003095

Láurico C12 44,7 0,027580

Mirístico C14 17,5 0,009253

Palmítico C16 9,7 0,003822

Esteárico C18 3,1 0,012227

Oleico C18:1 15,2 0,000000

Linoleico C18:2 0,002639

Total 98,2 27,45%

Rendimento Total (%) 8,0

Reação 4

Concentração (%)

Ácido Graxo Babaçu

8h

Caprílico C8 3,5 0,003379

Cáprico C10 4,5 0,003108

Láurico C12 44,7 0,025737

Mirístico C14 17,5 0,007858

Palmítico C16 9,7 0,003394

Esteárico C18 3,1 0,009381

Oleico C18:1 15,2 0,000000

Linoleico C18:2 0,002119

Total 98,2 27,45%

Rendimento Total (%) 7,0

54

Razão Molar (óleo de babaçu:etanol): 1:7 Temperatura: 40 ºC

Enzima: Novozym®435 (10% do meio 1,2g) Tempo de cada reciclo: 8h Lavagens do biocatalisador após cada reciclo com Tert-butanol

Reação 6

Concentração (%)

Ácido Graxo Babaçu

4h 6h 8h

Caprílico C8 3,5 0,034768

100% 0,034262

100% 0,028474

100%

Cáprico C10 4,5 0,035455

100% 0,033258

98% 0,027833

82%

Láurico C12 44,7 0,402850

100% 0,390860

100% 0,326146

98%

Mirístico C14 17,5 0,107999

85% 0,110126

86% 0,090452

71%

Palmítico C16 9,7 0,060941

87% 0,059771

85% 0,051404

73%

Esteárico C18 3,1 0,018177

82% 0,026192

100% 0,017985

81%

Oleico C18:1 15,2 0,087014

80% 0,084624

78% 0,091401

84%

Linoleico C18:2 0,015224

100% 0,016708

100% 0,016279

100%

Total 98,2 76% 75% 75,58%

Rendimento Total (%) 100 100 89

Reação 7

Concentração (%)

Ácido Graxo Babaçu

4h 6h 8h

Caprílico C8 3,5 0,020229

74% 0,022054

81% 0,025239

93%

Cáprico C10 4,5 0,024307

71% 0,024451

72% 0,030053

88%

Láurico C12 44,7 0,210049

63% 0,246544

74% 0,292527

88%

Mirístico C14 17,5 0,080693

63% 0,093701

73% 0,112006

88%

Palmítico C16 9,7 0,038969

56% 0,044989

64% 0,054952

79%

Esteárico C18 3,1 0,014002

63% 0,014622

66 0,014224

64%

Oleico C18:1 15,2 0,027367

25% 0,041171

38% 0,059825

55%

Linoleico C18:2 0,006223

48% 0,007780

60% 0,007131

55%

Total 98,2

42% 50% 60%

Rendimento Total (%) 58 68% 81%

55

Reação 8

Concentração (%)

Ácido Graxo Babaçu

4h 6h 8h

Caprílico C8 3,5 0,024252

89% 0,023321

86% 0,028070

100%

Cáprico C10 4,5 0,026524

78% 0,025210

74% 0,030477

90%

Láurico C12 44,7 0,255137

77% 0,260336

78% 0,326848

99%

Mirístico C14 17,5 0,083502

65% 0,085669

67% 0,108887

85%

Palmítico C16 9,7 0,043431

62% 0,044880

64% 0,057120

82%

Esteárico C18 3,1 0,012929

58% 0,010590

48% 0,014719

66%

Oleico C18:1 15,2 0,041257

38% 0,055009

51% 0,074402

69%

Linoleico C18:2 0,007588

58% 0,008615

67% 0,010510

82%

Total 98,2

49% 51% 65%

Rendimento Total (%) 67 70 89

Reação 9

Concentração (%)

Ácido Graxo Babaçu

4h 6h 8h

Caprílico C8 3,5 0,021927

81% 0,022257

82% 0,022119

81%

Cáprico C10 4,5 0,028197

83% 0,028169

83% 0,028180

83%

Láurico C12 44,7 0,22387

68% 0,236567

71% 0,250501

76%

Mirístico C14 17,5 0,099670

78% 0,108796

85% 0,114657

90%

Palmítico C16 9,7 0,059228

85% 0,051277

73% 0,053603

77%

Esteárico C18 3,1 0,016699

75% 0,015012

68% 0,015982

72%

Oleico C18:1 15,2 0,032445

30% 0,041279

38% 0,047093

43%

Linoleico C18:2 0,007838

61% 0,007177

56% 0,008308

65%

Total 98,2

49% 51% 54%

Rendimento Total (%) 67 70 74

56

Reação 10

Concentração (%)

Ácido Graxo Babaçu

6h 8h

Caprílico C8 3,5 0,023308

86% 0,017812

66%

Cáprico C10 4,5 0,028668

84% 0,021797

64%

Láurico C12 44,7 0,247684

75% 0,200973

61%

Mirístico C14 17,5 0,105737

83% 0,087077

68%

Palmítico C16 9,7 0,051596

74% 0,042888

61%

Esteárico C18 3,1 0,014266

64% 0,012496

56%

Oleico C18:1 15,2 0,038652

36% 0,034930

32%

Linoleico C18:2 0,006456

50% 0,005612

43%

Total 98,2

52% 42%

Rendimento Total (%) 70 68

Reação 11

Concentração

(%)

Ácido Graxo Babaçu

8h

Caprílico C8 3,5 0,020312

75%

Cáprico C10 4,5 0,021089

62%

Láurico C12 44,7 0,222252

67%

Mirístico C14 17,5 0,081760

64%

Palmítico C16 9,7 0,038075

54%

Esteárico C18 3,1 0,013264

60%

Oleico C18:1 15,2 0,026193

24%

Linoleico C18:2 0,007927

62%

Total 98,2

43%

Rendimento Total (%) 59

57

Reação 12

Concentração (%)

Ácido Graxo Babaçu

8h

Caprílico C8 3,5 0,030289

100%

Cáprico C10 4,5 0,031758

93%

Láurico C12 44,7 0,339160

100%

Mirístico C14 17,5 0,130404

100%

Palmítico C16 9,7 0,062778

90%

Esteárico C18 3,1 0,017259

78%

Oleico C18:1 15,2 0,054784

50%

Linoleico C18:2 0,013413

100%

Total 98,2

42%

Rendimento Total (%) 58

58

ESTABILIDADE OPERACIONAL DA LIPASE PS IMOBILIZADA NA MATRIZ DE SiO2-PVA NO REATOR DE MICRO-ONDAS DISCOVER Razão Molar (óleo de babaçu: etanol): 1:7 Temperatura: 40 ºC Enzima: PS imobilizada em (SiO2-PVA) 20% em relação ao meio 2,4g Tempo de cada reciclo: 8h Após cada reciclo o biocatalisador foi deixado submerso em terc-butanol durante uma noite na geladeira e em seguida lavado com uma mistura de acetona-hexano(1:1). A enzima imobilizada foi deixada em um dessecador sob vácuo (pentóxido de fósforo) por uma hora.

Reação 1

Concentração (%)

Ácido Graxo Babaçu

6h 8h

Caprílico C8 3,5 0,029314

100% 0,025067

92%

Cáprico C10 4,5 0,028491

84% 0,023980

71%

Láurico C12 44,7 0,238017

72% 0,206541

62%

Mirístico C14 17,5 0,084809

66% 0,075134

59%

Palmítico C16 9,7 0,057119

82% 0,048636

70%

Esteárico C18 3,1 0,019001

86% 0,017749

80%

Oleico C18:1 15,2 0,057464

53% 0,037638

35%

Linoleico C18:2 0,009968

77% 0,008757

68%

Total 98,2

52% 44%

Rendimento Total (%) 71 61

Reação 2

Concentração (%)

Ácido Graxo Babaçu

6h 8h

Caprílico C8 3,5 0,023828

88% 0,021624

80%

Cáprico C10 4,5 0,022685

67% 0,020392

60%

Láurico C12 44,7 0,197562

60% 0,179263

54%

Mirístico C14 17,5 0,075441

59% 0,059709

47%

Palmítico C16 9,7 0,053602

77% 0,039790

57%

Esteárico C18 3,1 0,017450

79% 0,016026

72%

Oleico C18:1 15,2 0,030473

28% 0,023404

22%

Linoleico C18:2 0,007966

62% 0,008343

65%

Total 98,2

43% 37%

Rendimento Total (%) 59 50

59

Reação 3

Concentração (%)

Ácido Graxo Babaçu

6h 8h

Caprílico C8 3,5 0,027142

92% 0,023867

88%

Cáprico C10 4,5 0,026672

78% 0,023378

69%

Láurico C12 44,7 0,238076

72% 0,207245

63%

Mirístico C14 17,5 0,078962

62% 0,071318

56%

Palmítico C16 9,7 0,053152

76% 0,047962

69%

Esteárico C18 3,1 0,018135

82% 0,019390

88%

Oleico C18:1 15,2 0,044180

41% 0,031689

29%

Linoleico C18:2 0,008603

67% 0,008729

68%

Total 98,2 50% 43%

Rendimento Total (%) 67 59

Reação 4

Concentração (%)

Ácido Graxo Babaçu

6h 8h

Caprílico C8 3,5 0,026342

97% 0,016597

61%

Cáprico C10 4,5 0,024946

73% 0,016241

48%

Láurico C12 44,7 0,214909

65% 0,148302

45%

Mirístico C14 17,5 0,081177

64% 0,060310

47%

Palmítico C16 9,7 0,055247

79% 0,042206

60%

Esteárico C18 3,1 0,018821

85% 0,015599

70%

Oleico C18:1 15,2 0,031321

29% 0,017350

16%

Linoleico C18:2 0,007847

61% 0,006545

51%

Total 98,2 46% 32%

Rendimento Total (%) 63 44

60

Reação 5

Concentração (%)

Ácido Graxo Babaçu

6h 8h

Caprílico C8 3,5 0,024858

92% 0,016159

59%

Cáprico C10 4,5 0,023737

70% 0,015744

46%

Láurico C12 44,7 0,214427

65% 0,153789

46%

Mirístico C14 17,5 0,045333

35% 0,060979

48%

Palmítico C16 9,7 0,050672

73% 0,044891

64%

Esteárico C18 3,1 0,014164

64% 0,015534

70%

Oleico C18:1 15,2 0,024213

22% 0,010986

10%

Linoleico C18:2 0,003980

31% 0,005417

42%

Total 98,2 40% 32%

Rendimento Total (%) 54 44

Reação 6

Concentração (%)

Ácido Graxo Babaçu

6h 8h

Caprílico C8 3,5 0,026605

98% 0,020512

76%

Cáprico C10 4,5 0,026279

77% 0,020163

59%

Láurico C12 44,7 0,230784

70% 0,187190

57%

Mirístico C14 17,5 0,082142

64% 0,077217

60%

Palmítico C16 9,7 0,053224

76% 0,053733

77%

Esteárico C18 3,1 0,014923

67% 0,017107

77%

Oleico C18:1 15,2 0,026478

24% 0,019853

18%

Linoleico C18:2 0,004781

37% 0,006043

47%

Total 98,2

46% 0,026605

Rendimento Total (%) 63 54

61

Reação 7

Concentração (%)

Ácido Graxo Babaçu

6h 8h

Caprílico C8 3,5 0,016327

60% 0,017659

65%

Cáprico C10 4,5 0,015193

45% 0,017515

52%

Láurico C12 44,7 0,135870

41% 0,173771

52%

Mirístico C14 17,5 0,051559

40% 0,072458

57%

Palmítico C16 9,7 0,035367

51% 0,052829

76%

Esteárico C18 3,1 0,011952

54% 0,014017

63%

Oleico C18:1 15,2 0,009827

9% 0,020143

19%

Linoleico C18:2 0,004043

31% 0,005018

39%

Total 98,2 28% 37%

Rendimento Total (%) 38 51

1 2 3 4 5 6 7

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Re

nd

ime

nto

(%

)

Reciclo PS Micro-ondas

Reciclo

rendimento

c8

c10

c12

c14

c16

c18

c18:1

c18:2