sindestranscol - oito anos de lutas web

76

Upload: wilfran-canaris

Post on 22-Jul-2016

246 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

é uma publicação do Sindicato dos Empregados nas empresas permissionárias no Transporte Coletivo Urbano de Blumenau e Gaspar (Sindetranscol). EDITORAÇÃO ELETRÔNICA MFPG - 11.826.202/0001-03 ENDEREÇO: Rua Érico Hoffmann, 70. Bairro Garcia. Blumenau/SC Fone/Fax: (47) 3041-3121 [email protected] www.sindetranscol.com.br TIRAGEM: 2.000 exemplares

TRANSCRIPT

Page 1: Sindestranscol - Oito anos de lutas web
Page 2: Sindestranscol - Oito anos de lutas web
Page 3: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 3

[INDÍCE]Apresentação04

Pré-fundação06

200618200724200836200940201044201148201254201358201461

Campeonato64Olimpíadas66

Feijoada68Dia da Mulher70

Fim de ano71Formação72

Causo de amor e luta74

[Expediente]DIRETORIA DO SINDETRANSCOL

Sindicato dos Empregados nas Empresas Permissionárias do Transporte Coletivo Urbano de

Blumenau e Gaspar – SC

Presidente: Ari Germer Vice-Presidente: Pradelino Moreira da Silva

Secretária: Marlene Satiro Tesoureiro: Marciano Régis Arcanjo

Tesoureiro Adjunto: Cleberson ThiesenDiretor de Organização de Patrimônio:

Osnir SchmittDiretor de Educação Sindical

e Assuntos Jurídicos: Ulir Dalpra Zanella

SUPLENTES DA DIRETORIASérgio Antonio Rosa

Angela Cristina de MirandaÉrico Nicoletti

Carlos Nei Gonçalves Padilha Rubi Alexandre Hobus

Fábio Luiz Ferreira Jose Silvio Pereira Costa

CONSELHO FISCALJuvino Antonio Rezini

Acir RosaJuarez Machado

SUPLENTE DE CONSELHO FISCALJoel Staroski

Maria dos Anjos Alves de Lima Stefan Marcos

Delegado da Representante na FederaçãoDionísio Theiss

Suplente de delegado Representante na Federação:

Adelino Antonio Pegoraro

Page 4: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol4

Lá numa cidade chamada Blumenau, lugar bonito à beira de um grande Rio, um pessoal resolveu se juntar para conversar sobre a vida. Ah! Como é bom conversar sobre a vida!

Quando crianças, tivemos a felicidade de ter alguém que nos contava es-tórias para ninar, ou mesmo por diversão em outros momentos. Como são boas as estórias infantis! Até mesmo aquelas que nos deixam com medo e nos causavam pesadelos! Quando acordávamos, abraçávamos forte alguém para perceber que tudo fazia parte da imaginação e fantasia. Coisa boa, a ser dividida com nos-sos(as) filhos(as) e netos(as), essas lembranças são uma forma de “rastro” que deixamos na vida. Essência daquilo de que somos feitos.

É com este sentimento que o SINDETRANSCOL quer contar um pouco de “histórias”. Assim mesmo, no plural. Porque a história não é uma coisa única, uma linha reta com algumas datas e nomes que devemos decorar para passar na escola, como se fosse obra do acaso. Qualquer fato que analisamos, até pode ter uma data, uma liderança de destaque, mas só chegou naquele ponto em função de todo um processo, de um movimento coletivo muito mais complexo e profundo do que parece. Longe de ser estática no tempo, a nossa compreensão histórica depende de uma contextualização, de perceber que tudo está em movimento o tempo todo. O resultado das relações sociais não é imposição divina e, muito menos, é obra do acaso. Os fatos têm relação no tempo, um com os outros.

Trazem muitas consequências, e às vezes até contradições. Por exemplo: se a galera que estava descontente não tivesse DECIDIDO ficar e se organizar, se tivesse decidido ir embora procurar outras formas de melhorar a vida? Qual te-ria sido a história da categoria até hoje? Talvez ainda estivéssemos trabalhando mais de 10 horas por dia sem ganhar horas extras, com salários bem menores, sem plano de saúde, enfim, sem essa história para contar. Quem sabe?

O fato é que algumas pessoas resolveram se organizar para mudar o que

estava descontentando, além delas, centenas de outras pessoas. Nas próximas

Era uma vez...

Page 5: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 5

páginas faremos uma pequena viagem, por alguns momentos importantes dos últimos oito anos de nossa existência como trabalhadores(as), enquanto pessoas que cumprem uma função de extrema importância para a comunidade.

Se as estórias nos encantam e nos levam a uma viagem no mundo da fanta-

sia, as histórias nos farão viajar naquilo que entendemos ser a realidade. É claro que não se trata de um livro com a história da fundação e solidificação do Sindi-cato. Nesta pioneira investida com uma revista de cultura e política, o tema dessa edição é a trajetória da organização das pessoas, não a da instituição. Encontros, lutas, festas, reuniões, assembleias, encontros esportivos, comemorações, enfim, vamos relembrar um pouco de nossas vidas, a partir da existência do “sindicato novo”. Ainda não se falava no SINDETRANSCOL, uma sigla recém criada, que em princípio não tinha a confiança da categoria, acostumada há anos e anos com o imobilismo e traição do chamado “sindicato antigo”.

Era preciso se diferenciar do “sindicato velho”, que era odiado pela categoria. Superar décadas de completo abandono não é fácil e nem rápido, mas às vezes a vida nos reserva momentos que não planejamos. A história que estamos contando mostra que acabou sendo muito mais fácil e rápido do que se imaginava. Isso, talvez porque a situação cotidiana era muito ruim e as pessoas foram sendo to-cadas pelo bom desempenho da maioria daquela primeira Diretoria, inexperiente é verdade, mas que soube ganhar apoios entre a categoria, inicialmente baseada em relações de amizade, em conversas cotidianas de olho no olho, cumprindo com os compromissos assumidos. É dessa maravilhosa história de relacionamen-tos humanos que estamos falando.

A partir das publicações, de alguns documentos e da biblioteca de imagens do Sindicato, passando por acervos pessoais e relatos de algumas pessoas, da cotidiana conversa e acompanhamento do trabalho das duas Diretorias nestes anos, reunimos aqui os principais momentos dessa viagem. Folheie sem medo. Viaje junto. É disso do que somos feitos(as).

Era uma vez...

Page 6: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol6

Para

com

eçar

a pe

rcor

rer e

stes

cam

inho

s, a

brim

os e

spaç

o pa

ra u

ma

fi gu

ra

mui

to im

port

ante

niss

o tu

do, u

m c

ara

simpl

es, o

com

panh

eiro

Léo

Bite

ncou

rt.

Entr

a em

cen

a a

com

panh

eira

da d

a “l

ida”

no

tran

spor

te, o

s(as

) prim

eiro

s(as

) a

disc

utir “

a bo

a no

va”.

O q

ue m

oveu

ess

a m

oçad

a? E

les n

os c

onta

m a

qui:

[PO

NTO

S D

E PA

RTID

A]

Léo Bittencourt é peça fundamental no processo de formação do sindicato dos trabalhadores

do transportes de Blumenau - o SINDETRASNCOL, que teve

seu início em maio de 2006. Ele foi convidado pelo então pres-

idente do SINTROBLU, Vilmar Zimmer-man à participar de uma reunião com os trabalhadores da empresa Nossa Senhora da Glória que reivindicavam me-l-hores condições de trabalho e reajuste salarial. A reunião, muito tumultuada, aconteceu no auditório da empresa justa-mente antes de uma assembleia que seria realizada na sede do antigo sindicato (SINTROBLU) e que decidiria os rumos do processo de negociação que iniciava naquele momento. A avaliação de Bitencourt era de que havia entre os trabalhadores um grande interesse de pertencerem a um sindicato que atuasse especificamente com as questões dos trabalhadores do transporte urbano, opinião compartilhada pelo então Presidente do SINTROBLU. Ambos entendiam que era o momento de colaborar com esses trabalhadores que buscavam se organizar mesmo que isso representasse perda de parte da base sindical. Vilmar pediu então que Léo Bittencourt articulasse as medidas necessárias para a criação do novo sindicato lembrando-o de que havia alguns compan-heiros, principalmente da empresa Nossa Senhora da Glória, se organizando justamente com esse objetivo: fundar um novo sindicato. Com a lista de nomes dos interessados em fundar o novo sindicato, fornecida por Vilmar, Léo iniciou uma série de contatos e encontros, um deles foi com Ari Germer, literal-mente um grande entusiasta do movimento para fundação da nova entidade. O primeiro encontro entre eles ocorreu no escritório do advogado e, apesar da desconfiança inicial por parte do trabalhador, a conversa fluiu tomando os rumos da real necessidade de se ter uma organização sindical atuante que defendesse de fato, o interesse dos trabalhadores.

Page 7: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 7

“Ele (Ari) não me conhecia, mas confiou na minha pessoa e confiou na possibilidade de termos uma organização sindical que realmente lutasse pelos trabalhadores. Tenho que frisar a importân-cia do Ari nessa formação, porque ele confiou numa pessoa que nunca tinha visto. Porém, sabia que eu era um advogado trabalhista e que sempre estive na luta dos trabalhadores. Ele tinha conhecimento da minha pessoa, porém eu não o conhecia”. Dessa primeira conversa resulta, fruto da clareza de quem partilha um objetivo em comum, se estabelece a primeira aliança concreta que tinha como meta fundar a nova entidade e, para ambos, a melhor maneira de os trabalhadores se organizarem seria chamando outros interessados para participa-rem. Na semana seguinte, em uma nova reunião, buscou-se o entendimento de como agir para con-cretizar o que era apenas uma ideia para se ter um novo Sindicato. Ari levou consigo dois compan-heiros: Gemir e Lorenço e os quatro conversaram longamente sobre a formação desse novo sindicato e novamente lembraram-se que ainda eram poucos, seria necessário um número maior de trabalhadores para fortalecer grupo. “No sábado seguinte, as reuniões eram sem-pre aos sábados, apareceram diversos companheiros e a partir de então (passamos a discutir todos os sábados à tarde) para formarmos um estatuto e dar os encaminhamentos de ordem prática para à formação de-ste novo sindicato.”

Ari Germer conta com prazer a história da fundação do SINDETRANSCOL, para ele todos podem perceber nela, o que é a força do trabalhador. Foi após uma cansativa jornada, com mais de 12 horas de tra-balho, que chegando em casa recebeu da esposa o seguinte recado: “_O seu Léo ligou convidando para uma reunião... assunto do seu interesse”. O nome não era totalmente desconhecido, já ouvira falar de Léo Bittencourt na época do (SETERB). Um encontro foi marcado para a tarde da próxima sexta-feira, já que a sua jornada de trabalho era entre doze e treze horas e encerrava lá pelas duas e meia da tarde. Ari iria direto do terminal para o escritório do Advogado. Na sexta-feira pela manhã, em conversas com alguns colegas de base, surgiram vários co-mentários sobre a reunião que os trabalhadores da empresa Nossa Senhora da Glória tinham realizado no auditório da empresa: Falou-se, e muito, sobre condições de trabalho, jornada excessiva, perda de direitos e conquistas de alguns trabalhadores, como por exemplo, as folgas mensais que eram seis e empresa optou por conceder uma por semana, cortando duas. Tudo isso, sem contar a retirada das horas extras fixas da folha de pagamento. A situação era insustentável para os trabalhadores que nutriam a esperança de que alguma coisa tinha que ser feita para mudar aquela realidade e não podia demorar muito.

Apesar de ter uma consciência tranquila sem-pre lhe vinha aquela desconfiança

natural. Ari, de origem alemã na-scido em Blumenau se dirigiu ao escritório cheio de interrogações, pensando no que um advogado queria com um mero trabalhador do transporte coletivo? Para tratar de que assunto? Teria ele cometido

alguma falta grave em sua jornada para que um advogado o chamasse

em seu escritório? Mesmo ciente de que trabalhava firme, fazendo o melhor,

dando o melhor de si, o mal-estar não passava, ao

Page 8: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol8

chegar no local foi conduzido para um ambiente res-ervado. A primeira pergunta que o advogado lhe fez foi sobre o seu tempo de serviço na empresa. Ari tinha oito anos de Nossa Senhora da Glória e an-tes fora caminhoneiro, passara dez anos na estrada tendo que enfrentar maus momentos que não foram poucos: Duas vezes assaltado ele queria era ficar perto da família mesmo trabalhando doze ou treze horas por dia, afinal, sempre voltaria para casa ao fim da sua jornada. Assim ingressou no transporte cole-tivo e gostaria de ficar nesse segmento. Virou e mexeu e a conversa acabou no tema sindicato e na opinião de Ari estava muito sumido, muito distante dos trabalhadores que, em sua grande maioria, ansiava por um sindicato mais presente. Ari tinha sido contratado em fevereiro de 1998 e já no mês de março o sindicato havia convo-cado uma assembleia, pois a data-base da categoria era em maio. Os dirigentes do velho sindicato diziam que os trabalhadores tinham que buscar melhores condições de trabalho. Um bom número de trabal-hadores compareceu na Assembleia. E mesmo as-sim aconteciam coisas muito estranhas: Quando recebiam o salário, não era o valor que a categoria esperava. Não havia avanço algum para os trabal-hadores. A conversa entre os dois evoluiu para um único caminho: A criação de um novo sindicato e Ari, apesar de se considerar “...Como peão de trecho, o meu negócio era volante” não deixou de perceber que a vida lhe oferecia uma oportunidade para ver se esse era o caminho que ele também buscava. “Eu sempre acredito nisso: Aparece uma oportunidade, ou a gente agarra ou deixa passar”. E o que aquele advogado lhe dizia era isso: Existia sim a possiblidade de criar um novo sindicato na região de Blumenau, que representaria os trabalhadores das três empre-sas de ônibus da região, já que elas estavam muito longe de proporcionar uma vida melhor para seus trabalhadores. Ari também tinha uma relação de nomes, eram dez, os mesmo nomes que Vilmar Zimmer-

mann apresentou para Léo, dizendo para que ele procurasse aquelas pessoas. Que elas seriam o nú-cleo do novo sindicato. Muitos ainda hoje ainda per-manecem na categoria. Depois do primeiro encontro as conversas se intensificaram e para o próxima reunião programada, Ari levaria mais alguns companheiros e colegas de serviço para discutir a ideia que de acordo com Léo: “...Tinha muitas chances de progredir... de crescer na cidade”. A primeira pessoa que Ari procurou foi o Lourenço José Klein com quem já discutira o tema havia muito tempo. Também chamou o amigo e colega Gemir W. da Silva para que fosse participar da próxima reunião

Gemir W. da Silva relembra com grande prazer toda a luta que culminou com a fundação do SINDESTRASCOL. Na primeira conversa com Ari Germer ele ficou um tanto apreensivo: “Será que ele quer fazer uma compra e vai pedir para que eu seja seu avalista?”. Afinal, Ari não revelava do que se trat-ava, ficava só repetindo: “Vamos comigo!”. Para Germir foi realmente uma surpresa che-gar no local e encontrar o Dr. Léo Bittecourt falando da possiblidade de ser ter um sindicato de luta que combatesse as injustiças que aconteciam nas escalas de trabalho, com turnos de 12 horas. Que lutaria para ter aumento de salário. A categoria dos transportes urbanos de

Page 9: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 9

Blumenau contava com quase mil trabalhadores concentrados nas três maiores empresas, todavia quando o “Sindicato velho” fazia uma assembleia o número de trabalhadores não chegava a 60. “Por mais que a gente brigasse não se chegaria nunca a ter uma vitória sequer, porque não acreditava mais no sindicato, não tinha força para lutar”. Gemir deixa claro outra grande satisfação que tem: “... É ver que hoje no Estado, quando se fala o nome SINDETRANSCOL, se fala em um sindicato de luta, um sindicato de pessoas do bem, pessoas que não fingem lutar, pessoas que só pensam no trabal-hador, não só no trabalhador mas também na família do trabalhador. É um orgulho muito grande fazer parte do SINDETRANSCOL”.

Marciano Régis Arcanjo lembra bem quando iniciou no ramo do transporte, foi em 17 de fevereiro de 1992, e lá se vão 23 anos de trabalho. Ele é do tempo em que trabalhar em uma empresa de ônibus na cidade de Blumenau era algo muito bem conceituado, pois era difícil ser contratado, era um sonho ter um parente numa das empresas da ci-dade para poder ajudar a conseguir uma vaga. Após várias tentativas decidiu conversar com um parente de um vizinho e finalmente conseguiu uma colocação. “No início dos anos noventa o sis-tema de transportes era totalmente diferente, o cob-rador sentava lá atrás, cuidava da porta do embarque e não da porta do desembarque. Hoje os ônibus ar-ticulados têm três portas para desembarque e os normais têm duas portas. Antes havia apenas uma porta para embarcar e uma para desembarcar”. Foram anos difíceis, um tempo que os trabal-hadores reivindicavam melhorias nas condições de trabalho. Quando começou na empresa sua jornada era uma semana pela manhã e outra à tarde, mas em alguns meses acabou mudando, quem trabalhava pela manhã permaneceu neste turno e quem trabal-hava à tarde ficou à tarde. Muitas solicitações eram feitas junto ao sindicato para mobilizações nos locais trabalho mas raramente eram atendidas e, dificil-mente conseguiam avanços nas reivindicações.

Em meados de 2000 as coisas começaram a mudar um pouquinho na cultura da cidade. Pessoas de diversos lugares com ideias diferentes começaram a se estabelecer em Blumenau. Dentre elas chegou um paulista que havia trabalhado como motorista na cidade de São Paulo e assim como ele, muitas outras pessoas começaram a ser contratadas, as empresas já não contratavam apenas pessoas de Blumenau. Essas pessoas viram a exploração que acontecia nas empresas e como traziam suas experiências, começaram a compartilha-las com os trabalhadores locais e assim começou a mudar a cultura do trabal-hador local. Foi o “Paulista” quem a princípio começou um movimento para tentar trocar a direção do Sindicato que havia na época, quando as empresas souberam e o próprio sindicato descobriu, acabaram “dego-lando” o rapaz, ele foi demitido. Porém, a chama que ele iniciou continuou acesa e despertou em muitos trabalhadores um interesse pelo sindicato, dentre eles estava Marciano. “Toda vida eu fiz uma oposição à empresa, fui aquele cordeirinho preto, que questionava, sempre fazendo uma pergunta aqui, outra ali”. Em troca os patrões lhe concediam as piores escalas, as piores li-nhas eram sempre dele. Entre 2003 e 2004, se aproximou do grupo que é a atual direção do SINDETRANSCOL e acabou se tornando uma das referências de luta. Foi então

Page 10: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol10

que o pessoal do “Sindicato velho” começou a con-vidá-lo para compor as comissões de negociações, o que a princípio lhe pareceu bem bacana, mas depois descobriu que tudo não passava de um teatrão. As verdadeiras negociações eram realizadas a portas fechadas e a turma que era chamada para participar simplesmente avalizava um acordo que já tinha sido previamente discutido e aprovado. Em 2005, quando é promovido a motorista, ele já conhecia Ari Germer e muitas outras pessoas que tinham um pensamento em comum: “Poxa, tá na hora dessa exploração acabar!”. Com a nova função sua escala começava às 05h30 e acabava às 19h30, haviam intervalos, mas eram absurdos! Em resumo, os trabalhadores viviam suas vidas para a empresa. Em 2006, no Terminal da Fonte começou um “zum zum zum” de que estariam trabalhando para montar uma chapa e fundariam um novo Sindicato dos Trabalhadores do Transporte, pois na época ha-via apenas o Sindicato dos Trabalhadores do Trans-porte Coletivo de Passageiros, Transporte Rodoviário e Transporte de Cargas. Era uma base ampla e que carecia de atenção. Antenado que era, mesmo com pouco tempo de função, Marciano não se intimidou e logo soube que Ari Germer era um dos principais ar-ticuladores do projeto, foi até ele. Havia uma relação de amizade além do campo profissional. O projeto tinha sido encaminhado no maior sigilo e durante a conversa soube que a chapa estava completa, porém havia um nome que não confirmara sua participação. Os dias se passaram e num novo contato, ficou sabendo que a situação era a mesma. Marciano reconhece que talvez o grupo que en-caminhara o projeto talvez tivesse algumas reservas para com ele, não sabiam quais eram suas intenções em participar desse novo sindicato. Ele era quem menos participara das reuniões que já ocorriam há tempos, mas nas que esteve presente, sempre bus-cou ser propositivo estimulando o debate de ideias. Foram dias tensos e cheios de expectativa para Marciano, até que ao fim de uma jornada de três períodos, foi abordado por Ari que lhe comunicou ter havido uma desistência E assim uma vaga estava dis-

ponível na chapa. A oportunidade foi abraçada sem vacilar, pois há tempos tentava entrar para o grupo e sabia que juntos encontrariam respostas e força para combater as sacanagens patronais. As reuniões prosseguiram até que em 29 de julho de 2006, no Sindicato da Construção Civil foi realizada a histórica Assembleia para a fundação do SINDETRANSCOL. No primeiro mandato Marciano ficou como Suplente, assumiu a pasta de Esportes e também realiza várias atividades de lazer para movimentar a categoria. Afinal, a vida não se resume só ao trabalho e pensando no lazer dos trabalhadores, foi lançada a Copa Sindetranscol de Futsal que é realizada anualmente. No segundo mandato desempenha a função de Tesoureiro do Sindicato.

Marlene Satiro trabalhava na Rodovel e como ela mesma se define: “Era uma trabalhadora cabrestada”. Naquela época a empresa resolveu tro-car as contas salários de banco e os trabalhadores teriam que pagar uma taxa para abertura da nova conta. Não apenas ela, mas muitos outros compan-heiros da empresa ficaram revoltados, diziam: “Como é que vamos pagar taxa para receber salário?!”. Os insatisfeitos com atitude, porque tem gente que não se agrada, mas não faz nada para mudar, procuraram saber à luz da legislação vigente se a tarifa poderia ser co-brada ou não. Descobriram que legalmente não se pode cobrar taxa para recebimento de salário.

Page 11: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 11

Ela lembra que muitos companheiros começaram a reclamar e num dia, quando chegou na empresa havia um membro do “sindicato velho” e ela perguntou: “Poxa cara, vocês não vão fazer nada a respeito disso? Isso não pode, é contra a lei!”. “Ah, não tem o que fazer...”, foi a resposta. Marlene comunicou que ela e muitos out-ros companheiros não iriam pagar taxa nenhuma e já tinham pensado no que fazer: “Ora, vamos fechar a conta no banco!”. Mas ninguém tinha coragem de tomar essa atitude. O quadro não era dos melhores e mesmo as-sim ela resolveu que fecharia sua conta apesar de sa-ber que certamente seria demitida. Na época ela era a segunda mulher a trabalhar no transporte e pelo jeito que a situação se desenrolava, logo sua colega seria a única. No calor dos eventos aconteceu uma reunião com uma sala repleta de companheiros e no auge de sua indignação ela declarou que seus companheiros “Eram tudo uns calças frouxas”. Disse ainda que to-dos deveriam ir ao banco e fechar as contas imediata-mente. Passados alguns dias quando iniciava sua jornada no ônibus ela foi abordada por um com-panheiro chamado Dirceu, que lhe perguntou se não queria entrar para o sindicato. Quando obteve uma resposta negativa, ele afirmou que a história era outra. Dirceu explicou o que acontecia, falou das reu-niões anteriores, da participação do Dr. Léo e que as coisas seriam bem diferentes nesse “novo sindicato”. Diante dos argumento apresentados Marlene declarou: “Então eu estou dentro. Se são os trabal-hadores que vão tocar esse Sindicato, ‘tô dentro’!”. Então ela teve que esperar um mês “pianinho”, se contasse que estavam formando um sindicato e os patrões ficassem sabendo, seria demissão sumária. O mês seguinte transcorreu na maior gozação com companheiros dizendo: “Ué, não vai fechar a conta? A senhora não ia fazer e acontecer?”. Pois bem, após a fundação do Sindicato novo, essa foi a primeira ação da entidade dos trabalhadores no transporte: questionar a troca de banco e o paga-

mento de tarifa para recebimento de salário. Foi a primeira ação do SINDETRANSCOL em que os trabal-hadores tiveram êxito. Marlene Satiro participou da terceira reunião organizada por Léo, a mesma que acabou por definir o núcleo que comporia a primeira Diretoria da en-tidade e, por ser mulher, ela teve seu nome indicado para secretária. “Eles eram uma tropa de machistas na época. Hoje não são tanto, mas na época, pelo amor de Deus! Então eu tive que ser a secretária!”

Cleberson Thiesen fazia parte da Dire-toria do “velho sindicato” e recorda que mesmo as-sim, dificilmente era chamado a participar de alguma reunião e não tinha nenhum contato direto com o presidente, o que acontecia somente em épocas de negociação. “Às vezes ele chamava a gente para par-ticipar de uma comissão de negociação como é feito hoje”. É o que a gente fazia na época, sendo diretor do SINTROBLU. “Um dia encostei o ônibus na plataforma e o Ari me abordou perguntando se eu fazia parte do sindicato. Eu disse que sim. Ele explicou que não sabia se podia falar comigo sobre um assunto, mas que queria me convidar para participar de uma re-união. Era para montar um outro sindicato, disse o Ari. Ele queria que eu participasse dessa reunião. Eu fiquei meio apreensivo mas abraçei o projeto”.

Page 12: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol12

Leoberto Scalvin ainda menor con-seguiu trabalho no transporte coletivo, em 1984 era cobrador de ônibus e permanece até hoje na mesma empresa. Ele tinha um sonho desde menino e quando brincava com os primos e irmãos sempre tinha carrinho e bola, mas principalmente os carrin-hos, as brincadeiras envolviam muito o ato de dirigir. Seu objetivo na época quando começou como cobrador, era se profissionalizar e exercer a profissão de motorista e lá se vão 25 anos no volante. É uma longa caminhada, trabalhando e exercendo a função na qual pretende se aposentar. O interesse pelo Sindicato começou justa-mente quando assumiu como motorista. Ele lembra que entre 1984 até mais ou menos o primeiros anos de 2000 a representação sindical era com o Sindicato Rodoviário (também chamado de “Sindicato Velho” em outros relatos). Loberto sempre participou das reuniões do sindicato e tinha colegas que hoje não estão mais na empresa que também participavam mas apesar dos debates sobre as questões que real-mente interessam, nada acontecia. A situação dos trabalhadores estava no estágio “se correr o bicho pega se ficar o bicho come!”. Parecia não haver o que se fazer e então começou o assunto de uma nova formação, um sindicato novo para a catego-ria, um sindicato independente já que o “Sindicato ve-lho” era envolvido com cargas e transporte e não tinham muitas condições de cuidar do transporte coletivo.

Por já ter participado ativamente nas tentati-vas de reivindicação e acreditar que categoria unifi-cada, pedindo, reivindicando podia alcançar vitórias, ele acabou sendo convidado para participar dessa nova formação. Era a grande oportunidade para po-der colaborar com a mudança que viria para atender os anseios da categoria, ninguém mais aguentava aquela situação de um sindicato que não fazia nada pelos trabalhadores. O convite foi feito por Ari Germer. Na visão de Loberto o SINDETRANSCOL hoje, é a categoria no Sindicato: “É motorista, é cobrador que está dentro da área sindical envolvida direta-mente com os trabalhadores. Não lembro se foi em 2007 a formação... Mas de lá pra cá a gente viu que “o negócio andou”, a gente vestiu a camisa! A cate-goria estava unida, e eu creio que permanece unida, começou a trabalhar junto com o próprio Sindicato, que é a categoria. Hoje o presidente do Sindicato é motorista. Os dirigentes sindicais, são cobradores e motoristas. É a categoria direto com a categoria, na conversa, no diálogo, nas questões sociais, no que concordam e não concordam, sempre debatendo as-suntos de interesse da categoria.” As primeiras ações do SINDETRANSCOL tiv-eram resistência por parte patronal, da imprensa, de amigos e colegas de trabalho que tinham medo de sofrer retaliação por parte das empresas. Quem se envolvesse poderia ser demitido. O Sindicato surgiu em uma época em que a turma enfrentava vários conflitos sociais e familiares. A primeira batalha teve uma resistência muito grande, os trabalhadores não tinham vale-al-imentação como têm hoje. Foi uma conquista da categoria e do Sindicato! A categoria representada pelo Sindicato. A partir de então os reajustes dos salários passaram a ser mais dignos, mais próximos da realidade mas não só no aspecto salarial, outros benefícios foram conquistados: planos de saúde, plano odontológico, dentistas com um custo bem in-ferior aos custos do mercado oficial. Além disso, o Sindicato envolveu-se com as questões da comunidade em que está inserido.

Page 13: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 13

Quando as pessoas tem problemas de doenças, prob-lemas de enchentes que sempre ocorrem em Blu-menau, o Sindicato está presente. Leoberto salienta ainda a importância da unidade dos trabalhadores em sintonia com Sindicato. Somente com a partici-pação da categoria é que as coisas mudam: a força do sindicato é a categoria mobilizada!

Maria Cristina Alvez - Trabalha na Rodovel há seis anos, é cobradora e foi assim que se envolveu com o Sindicato no qual permanece filiada até o dia de hoje. Tendo que trabalhar desde cedo, tornou-se professora de inglês e espanhol e a vida cheia de sur-presas circunstanciais lhe trouxe um desafio: Desem-penhar a função de cobradora num universo total-mente masculino, superar preconceitos e conquistar o respeito de maneira igualitária, foi realmente uma superação e uma grande experiência de vida. “Hoje eu vejo que nós mulheres temos con-dições de enfrentar também essa luta, esse trabalho. Que nós também podemos exercer o mesmo tra-balho que eles fazem. Então considero isso como uma vitória e o Sindicato nos deu essa força.” Ela também constata que até surgir o “novo” Sindicato as condições de trabalho eram péssimas comparadas com as de hoje. Foram muitas conquis-tas e Angela avalia que as coisas estão bem melhores mas considera que havendo uma maior mobilização por parte dos trabalhadores o leque de conquistas

pode ser tornar mais amplo ainda. Uma experiência marcante para ela foi ter participado de uma mesa de negociação, per-cebendo ali a grande importância que é dada a pauta de reivindicação dos trabalhadores e que existem empresas que além de negarem o que é justamente reivindicado, ainda querem tirar direitos adquiridos. A Cobradora estimula aos colegas que se tiverem dis-posição e desejo devem aproveitar e se oferecerem para participar das negociações. “Todo ano em as-sembleia são escolhidos observadores para acom-panhar o processo”. Para ela a participação nas ro-dadas de negociação revela como é difícil avançar na busca de novas conquistas por menores que sejam.

Ulir Zanella estava no trabalho, era um do-mingo, ele recorda, quando foi convidado para par-ticipar de uma reunião que discutia a formação de um novo sindicato, já que aquele que representava os trabalhadores naquele período, não dava conta de atendê-los com satisfação. A reunião seria no es-critório do Advogado Léo Bittencourt e Zanella par-ticipou ativamente nas discussões que levariam a formatação do estatuto da nova entidade: “Era fun-damental que tivéssemos um estatuto com o princi-pal objetivo de defender o trabalhador e assegurar o devido funcionamento da entidade e, principal-mente, torna-la transparente e participativa”. Desde então Zanella compõe a direção do Sindicato.

Page 14: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol14

Osnir Schmitt ou “Schmitão”, como é conhecido pela Categoria se envolveu com a fundação do novo sindicato por conta de um contato com Ari Germer. Os dois trabalhavam no Troncal 10 – um a tarde e outro pela manhã – de vez enquanto se encontravam entre as trocas de turno. Numa des-sas ocasiões Ari confidenciou que estavam dando as tratativas para a criação de um novo Sindicato. “Eu não fique surpreso pois não era a primeira vez que se tentava isso... e nenhuma vez deu resultado algum. Mas o Ari insistiu que desta vez haviam pes-soas inteligentes envolvidas e citou o nome do Ad-vogado Léo Bittencourt, que eu conhecia de nome”. Schimtão passou a participar das reuniões e compôs a nominata da primeira diretoria da nova entidade, que segundo ele não tinha, nem tem hoje, como ser comparada com o “velho sindicato” que sempre deixava os trabalhadores na mão. Para ele sem a nova organização não se te-ria conquistado o tíquete alimentação, salários mais dignos, uma carga horária mais humana “antes a gente trabalhava até 15 horas por dia, hoje são oito, com uma hora de intervalo... Sem contar com a criação do piso salarial e também o fim das dif-erenças salariais que havia!”.

Urda Klueger é escritora e historiadora e acom-panhou de perto o surgimento do novo Sindicato. Para ela a rotina dos trabalhadores em transportes em Blumenau era desumana: Iniciava às 04:00 transportando passageiros que começariam suas jornadas às 05:00 e apanhavam as pessoas que saíam do terceiro turno, que terminava justa-mente naquele horário e as levavam de volta para seus bair-ros. Perto das 06:00 o serviço estava quase concluído e aí tinham que esperar entre seis ou oito horas em lugares dis-tantes, sem café, sem local para comer e muitas vezes sem banheiros. Eram muitas horas parados e somente quando as fábricas e o comércio movimentassem seus empregados novamente, é que jornada recomeçava. Motoristas e cob-radores retornavam para casa por volta das 23 horas e às 03:00 tinham que levantar para começar tudo novamente.

Pradelino M. da Silva se envolveu com a turma que articulava a formação da nova en-tidade a convite de Marlene Satiro: “Ela me procurou e me chamou para participar, só que eu não sabia direito o que era um sindicato de lutas e ela me expli-cou que este seria um sindicato que defenderia o tra-balhador e lutaria para melhorar suas condições de trabalho e por melhores salários... topei a parada!”. Mas nem tudo foi tão simples, um ano após o recon-hecimento oficial do SINDESTRASNCOL a empresa em que trabalhava o demitiu, ignorando a estabil-idade garantida em lei para dirigentes sindicais. A de-missão gerou uma paralisação que durou uma hora, todas as empresas foram atingidas e a solidariedade dos trabalhadores garantiu a sua reintegração.

Page 15: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 15

Surgiu então a ideia desses trabalhadores fun-darem um sindicato. Havia uma necessidade mútua entre eles, de se fazer alguma coisa por um futuro melhor. Foi uma questão de dignidade. Porque o motorista e cobradores es-peravam quatro horas pela manhã, quatro horas à tarde em lugares distantes somando mais oito horas na jornada, to-talizando dezesseis horas na rua, mais o tempo de chegar em casa. Eles nunca viam os filhos, mal viam a mulher, não tinham repouso semanal garantido, eventualmente eles tinham o domingo. A fundação do SINDESTRANSCOL causou uma al-teração em toda a situação dos motoristas de ônibus de Blumenau. “Em um primeiro momento houve a movimen-tação que resulta na greve que paralisa Blumenau durante seis dias, algo que talvez não tinha acontecido até então no

Brasil: Motoristas e cobradores de ônibus pararem uma ci-dade por seis dias. As cidades dependem dos ônibus e os ônibus de seus condutores...”. Por uma questão de formação Urda acompanhou de perto o desenrolar da greve dos seis dias e viu como a polícia agia para desmobilizar movimentos assim. “No ter-minal da Fonte os ônibus estavam todos trancados, fecha-dos e os motoristas todos do lado de fora em um piquete, assando uma carninha. Chegaram muitas viaturas de polícia e pararam ao redor aonde se assava a carne, saltaram vários policiais, homens e mulheres já em coletes à prova de balas e começaram a fazer um terrorismo verbal, por assim dizer, falando: “Quem é que vai estar vivo aqui amanhã?” e coisas do tipo. Semearam o pânico e o terror foi aumentando e

logo o piquete se desmobilizou, ninguém queria morrer e do nada vieram carros, muitos carros e entraram no ter-minal. Eram motoristas pelegos ou contratados de alguma forma que pegaram os ônibus e os tiraram do Terminal”. Desmobilizados por conta dos terrorismo psi-cológico imposto pelos militares e não havendo mais sen-tido em ficar ali, os trabalhadores foram para o Terminal do Aterro onde já estava presente o comandante do 10º Bat-alhão Militar e seus homens. Para eles pouco importava se o que os trabalhadores solicitavam era justo, se pediam dignidade para serem motoristas, eram trabalhadores, pessoas honestas. Urda recorda que o 10º Batalhão e seu comandante, todos fortemente armados e muitos sem identificação, portavam “spray” de pimenta, só esperando uma mínima justificativa para atacarem os trabalhadores. O movimento persistiu e no domingo, o quinto dia de greve, nenhum ônibus trabalhou. Os motoristas e cobradores confraternizaram, como não faziam há muito tempo, inclusive com suas família com as quais conviviam muito pouco. Aconteceu na Fortaleza, no galpão da igreja, um almoço dos trabalhadores e suas famílias: “Passaram um domingo muito bom. Acho que isso criou uma nova coragem, porque tinha muita gente que tinha muito medo do que aconteceria, tinha muita gente que tinha medo de perder o emprego”. No final deste dia todos foram acompanhar a negociação no Hotel Rex, centenas de motoristas e cobra-dores, com suas famílias se postaram em frente ao hotel. “O movimento deixava de ser só da categoria e passava a ser das pessoas que a categoria abrangia. Os patrões che-garam com um grande aparato policial, como se lidassem com assaltantes, terroristas ou alguma coisa assim ...”. Ela lembra que Ari Germer, Ricardo Freitas, Mar-lene Satiro e Léo Bittencourt escutaram os patrões anun-ciando: “Não temos nada a oferecer!” justamente quando eles iam subir para a rodada de negociação. Um minuto depois voltaram, e comunicaram: “Ó, eles não tem nada para oferecer! Então a greve continua!” Todos que esta-vam ali aplaudiram e a greve foi para o sexto dia. Na madrugada seguinte é que aconteceu a ne-gociação e às quatro horas da manhã os ônibus voltaram a trabalhar. Urda destaca que o mais impressionante é que os trabalhadores não estavam pedindo aumento de salário que eram bons. Queriam respeito, dignidade! “En-

Page 16: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol16

tão, a partir daí se estabeleceram negociações para que passassem a ter esse respeito, trabalhando 8 horas e com o final de semana para a família e essas coisas todas”. E a luta deles continua até hoje, os patrões sempre tentam puxar para trás e a cada tentativa começa uma nova movimentação. Ao longo deste oito anos, o aprendizado tem sido constante. “Os motoristas não tem medo de perder o em-prego, eles aprenderam que a união faz a força, é um chavão, mas que eles viram que funciona. Então hoje a movimentação dos motoristas em Blumenau é uma coisa muito boa! É respeitada! Foi um respeito adquirido com a luta. E aí se formam lideranças, novas pessoas que vão es-tar à frente em cada empresa para garantir direitos e tudo mais”.

Nelson Santiago é Professor na uni-versidade regional de Blumenau - FURB, graduado em Ciências Sociais e Mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina, acompanhou a formação do novo sindicato, o SINDETRANSCOL, que logo se inseriu no Fórum dos Movimentos Sociais e também no Fórum dos Tra-balhadores de Blumenau, tendo participação de destaque em relação aos demais sindicatos, exata-mente pela capacidade de mobilização que a sua di-retoria passa a exercitar junto a sua categoria. Entre 2005 e 2008, Blumenau viveu uma situ-a-ção bastante interessante: foram criados jornais, programas de televisão e uma rádio comunitária.

Três meios de comunicação onde os trabalhadores participavam efetivamente. O SINDETRANSOL con-tribuía não só com questões financeiras, também colaborava tanto na rádio comunitária como no pro-grama de televisão “Cidadania em Debate”, veicu-lado pela FURBTV. O professor destaca ainda que a atuação positiva do SINDETRANSCOL rendeu em dois jornais: “O Expresso” e a “Folha Popular” - “...Então con-seguimos efetivamente desenvolver uma atividade junto com os trabalhadores, exatamente porque nós tínhamos três aparelhos, três mecanismos de comu-nicação bastante fortes”. Pelo ineditismo do que se vivia naquele mo-mento da luta dos trabalhadores em Blumenau, o pessoal do SINDETRANSCOL foi convidado, na fig-ura do Ari Germer, para participar do programa “Ci-dadania em Debate” e apresentaria um dos temas fundamentais para a categoria dos transportes: a diminuição da jornada de trabalho (o que de alguma forma provocaria a discussão nas demais categorias) pois era uma reivindicação da maioria dos trabal-hadores de diversos segmentos. Porém a direção da FURB TV na época, con-tatou o Fórum responsável pela produção do pro-grama e comunicou: “...vocês só apresentam o lado dos trabalhadores e não apresentaram o lado dos empresários, dos patrões, então o programa não será exibido!”. Foi uma dura represália ao direito de expressão dos trabalhadores. O programa “Cidada-nia em Debate” ficou fora do ar por quase dois anos num claro ataque a organização dos trabalhadores e porque os movimentos sindicais e sociais estavam efetivamente ocupando muitos espaços de comuni-cação. Levantar a discussão de diminuição da jor-nada de trabalho repercutiria de alguma forma nas outras categorias e como outros sindicatos estavam mobilizados isso representava uma séria ameaça aos interesses de todos empresários de Blumenau. “Naquele momento era importante para a direção da FURB, através da direção do núcleo de rádio e televisão da FURB que se cortasse o programa, cen-

Page 17: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 17

surasse exatamente para não trazer a tona na cidade essa discussão sobre a redução da jornada de tra-balho”. Nunca os trabalhadores de Blumenau haviam tido uma rádio comunitária com um amplo espaço para fazer programas com depoimentos e entrevis-tas. Tudo voltado para os interesses dos movimentos sociais e questões trabalhistas. Afinados com o pro-grama de TV os jornais “Folha Popular” e o “Expresso” (distribuído de graça nos terminais) se difundia entre os trabalhadores não só do SINDETRANSCOL, mas também de outras categorias. Foi um momento de muita efervescência política que agitou a cidade. O protagonismo do SINDETRANSCOL em todos esses processos, na visão de Santiago, foi consequência natural do empenho de sua diretoria que primou em três aspectos: A for-mação sindical que envolveu um setor da cidade que discutia: mobilidade urbana, jornada e condições de trabalho, inserindo o trabalhador do transporte co-letivo no contexto dos debates da que envolviam a cidade. Politizando a categoria, a fez refletir sobre a realidade vivida, sobre o quanto estava sendo explo-rada, o quanto estava sendo massacrada por um sis-tema que só visa o lucro a qualquer custo. O segundo ponto de destaque é que a dire-toria se empenhou em uma inter-relação com os ou-tros sindicatos e sua postura diante dos movimentos sociais foi muito amadurecida, para uma entidade tão nova: apoiou o MST, os Movimentos Negros da cidade, os Movimentos de Mulheres, afirmando uma conduta de solidariedade entre trabalhadores. A capacidade de organização, mobilização e luta dessa categoria é exatamente o ponto mais im-portante desta recente história de lutas, que con-quistou acordos que antes não se tinha condições de alcançar por falta de unidade dos trabalhadores. O SINDETRANSCOL interviu no âmbito de ci-dade e no âmbito da categoria em sua politização e nas conquistas de melhores salários e condições de trabalho. Constrói uma história muito rica e que el-eva o nível do sindicalismo em Blumenau e Região.

Méri Terezinha CardosoNascida em Blumenau, ela foi a primeira motorista da base do SINDETRANSCOL e é do tipo de mulher que não se deixa intimidar pelas circunstâncias da vida. Desde o início de sua vida profissional optou por desafios, inicialmente foi “mo-to-girl” e pilotou as duas rodas por um bom período, até que começou a perceber que o trânsito na cidade estava ficando cada vez mais violento, principalmente para motociclistas, re-solveu mudar de trabalho. Todavia Méri não queria ir para as fábricas, o que seria o caminho natural. Para ela seria muito chato ficar “fechada” por tanto tempo no mesmo lugar, re-solveu investir em sua formação como Motorista e elevou o nível de sua habilitação. Ela confessa que dirigir ônibus era um sonho antigo: “Sempre que entrava em um coletivo fit-ava atentamente o motorista e todos os movimentos que ela fazia, principalmente a troca das marchas...”. Com a nova ha-bilitação preparou seu currículo e foi correr atrás de seu sonho num segmento predominantemente masculino e ma-chista ao extremo. Depois de tanta negativa chegou pensar em rever sua escolha, todavia descobriu uma empresa em Gaspar que ela não havia procurado ainda, a Verde Vale e para sua maior surpresa, acabou sendo contratada. Hoje, com dez anos de profissão ela enfrentou uma barra não só entre os colegas de trabalho mas com alguns usuários também, “foi bem difícil superar o preconceito de ser mulher executado aquilo que até então era serviço de homem...”. Méri constata que hoje as coisas estão melhores também porque o SINDICATO tem lutando junto com os tra-balhadores e buscado acabar com o preconceito promovendo formação de gênero e defendendo os direitos da mulheres.

Page 18: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol18

O ano que nunca vai terminar

[2006]

No dia 29 de julho acon-tece a assembleia de fundação do SINDE-TRANSCOL, de eleição e posse de sua primeira Diretoria. Como vimos, a história não começa aí, no Auditório do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil [SIGLA??], mas essa data é a de nosso aniversário, iniciando a vida formal do sindicato. Estavam presentes na assem-bleia cerca de 300 trabalhadores(as) e, em poucos dias, o sindicato já tinha 200 sócios(as). Um pequeno panfleto “mosqui- tinho” chamava a categoria a se filiar com os dizeres: “Faça valer seus direi-tos como trabalhador e ser humano. Dignidade sempre.”

Além de estruturar a entidade, a Diretoria foi começando o trabalho de base e buscando referências sobre a ad-ministração e a ação política sindical. Buscou em Joinville, onde encontrou um

sindicato inoperante. Outra viagem de exploração foi feita rumo ao sul, até Flo-rianópolis, de onde se ouviam notícias muito diferentes: “Parece que lá tem uns malucos que trancam os ônibus e fazem uma baderna que tá loco! Só que o pes-soal de lá tá muito melhor que nós, então vamos lá ver o que acontece. Não custa quase nada mesmo...”. Era mais ou menos essa, a conversa por aqui. O companheiro Ricardo Freitas conta um pouquinho dessa parte: “Estávamos em meados de ou-tubro. No meio de uma manhã de seg-unda-feira, dia de reunião da Diretoria do SINTRATURB, chegou uma turma de Blu-menau. Em princípio ninguém se conhe-cia. Foram entrando na sala: um cara de cabeça grande [adivinhem quem é?], um outro já meio grisalho com um bigodinho bem aparado, uma companheira baixinha e franzina com cara de braba, um cara

Page 19: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 19

de óculos mais metido a galã, e por fim, um cara alto, também grisalho, com um sorriso tímido no rosto. Este último eu conhecia de longa data, mas fazia mui-tos anos que não o via. Foi quando reen-contrei o companheiro Léo Bitencourt. Nos conhecemos quando atuávamos como dirigentes no movimento sindical bancário, muitos anos antes.”

Deonísio Linder, dirigente do SIN-TRATURB, de Florianópolis, relembra:

“Bem, nós explicamos como funcio-nava o nosso sindicato, desde as finanças e administração até o posicionamento político; sobre nossa direção colegiada sem Presidência ou Coordenação, sem te-soureiro e outros cargos tradicionais. Fala-mos um pouco de nossas estratégias nas paralisações e como são as negociações, mas se interessaram, mesmo, quando começamos a falar sobre os salários, con-dições de trabalho e benefícios que já tín-hamos conquistado. E já fomos ficando amigos; nossa categoria tem uma iden-tidade. A gente já tinha uma estrutura boa

e uns aninhos de experiência. Vimos que eles tinham vontade e eram honestos. Então, assumimos compromisso de aju-dar no trabalho deles e também ficamos contentes, porque em todo restante do Estado a gente só tinha sindicato pelego. A convite deles, fomos à negociação que ocorreu na semana seguinte. Foi muito engraçado.

“Os patrões se assusta-ram e não aceitaram a nossa presença na sala. Só olhavam para a camisa de um compan-

heiro nosso que tinha a “foice e o martelo” no peito.”

A Comissão de Negociação era enorme. Fomos conhecendo a rapaz-iada e conversando ao longo da nego-ciação. Assim, consolidou-se uma relação política, de solidariedade nas lutas, muito legal. Também construímos amizades en-tre vários(as) de nós.” Esta negociação aconteceu nas de-pendências do Hotel Glória. Dias depois, nova reunião aconteceu na Subdelega-cia Regional do Trabalho, em Blumenau. Mesmo contra a vontade dos patrões, dessa vez os companheiros do SIN-TRATURB permaneceram e participaram ativamente da negociação. Primeira lição: jamais aceitar que o outro lado imponha quem são nossos interlocutores. Sem grandes avanços nas propos-tas, fomos para o primeiro grande teste da direção: a primeira assembleia geral para debater uma proposta patronal e o que fazer. Nem a nova Direção, nem a categoria tinham essa experiência, porque o chamado “sindicato antigo” acertava tudo com os patrões e, às vezes, nem co-municava a categoria do fechamento do

Page 20: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol20

acordo coletivo. Quando alguém pergun-tava, ouvia a desculpa de que “ninguém participava mesmo”, e a defesa de que “a situação das empresas estava ruim e que os patrões não podiam dar mais”. Porém, esse tempo passou! Essa direção do Sindi-cato não faz corpo mole. Bem, agora adiantamos um pouco a história. Já estamos em novembro e precisamos voltar um bocadinho!

A “máquina sindical” já está estruturada e funcionando.

Alguns dirigentes estão liberados para atuar no Sindicato.

Eram o Ari, o Zanella e a Marlene. Em setembro saiu o primeiro número do jornal EXPRESSO: “Vamos conduzir nosso destino”, dizia uma das manchetes. O pe-queno jornal trazia informações sobre a as-sembleia de fundação do Sindicato, onde estiveram presentes aproximadamente 300 pessoas, sobre os membros da Direto-ria eleita e os cargos ocupados. Informava sobre o funcionamento do atendimento jurídico, tinha a convocação de assem-bleia, no dia 27 de setembro, que definiria

a PRIMEIRA PAUTA DE REIVINDICAÇÕES que a categoria entregou ao patronato, após a fundação do Sindicato. Por fim, es-tava publicada a primeira denúncia sobre a superexploração, alertando a categoria sobre os prejuízos de receber horas trabal-hadas “por fora da folha de pagamento”.

Mas, voltemos a novembro, naquele ponto das negociações. No in-í-cio do mês, sai o PRIMEIRO BOLETIM EX-PRESSO, uma edição extra, mais direta e rápida do jornal do Sindicato, usada para divulgar e debater as negociações. Nesse primeiro Boletim, a manchete foi “A CI-DADE VAI PARAR”. Foi o maior alvoroço na categoria e na cidade! Imagine: “fai ter um crréve nos ônipus!”

A imprensa, que nunca tomou conhecimento das condições de tra-balho da categoria, sempre subserviente aos interesses dos poderosos, agora se dedicava a criticar o radicalismo das greves e alertava a população para a presença de “forasteiros de Florianópo-lis, gente de fora de Blumenau que veio propagar a baderna entre nossos pacatos trabalhadores”.

Page 21: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 21

Muitos companheiros trabalhavam até 14 horas num só dia. A frase mais ouvida era mais ou menos a mesma: “A gente nem vê a família”. Não tinha tíquete alimentação e os salários estavam entre os mais baixos de Santa Catarina. As empresas Glória e Rodovel pagavam salários ainda piores que os da Verde Vale. Os patrões não acreditavam na mobi-lização. Aliás, ninguém acreditava. Há muito tempo Blumenau não tinha um sindicato que fosse referência de luta e de atitudes claras em defesa dos(as) trabalhadores(as). A proposta patronal era a criação de “comissões” para solucionar cada problema que lhes era apresentado. Propuseram o valor de R$ 3,00 de tíquete alimentação para o pessoal da Verde Vale e de R$ 5,50 para as outras duas, mas descontavam o valor do dia em que o(a) empregado(a) faltasse. Além disso, o pagamento só iniciaria em fevereiro de 2007, ou seja, quatro meses depois da data-base. A proposta salarial para motoristas era de R$ 1.120,64 na Verde Vale e R$ 1.044,16 nas demais. Para os cobradores(as) era de R$ 656,11 na Verde Vale e R$ 478,40 na Rodovel e na Glória. Este histórico boletim, além de estampar na capa o anúncio da possível paralisação, fazia o debate do que é, e os objetivos de uma paralisação/greve. E ia além, trazendo toda a orientação sobre COMO PARALISAR O TRABALHO, tanto nas garagens, como nos termi-nais, mostrando as diferenças, vantagens e desvantagens de cada uma das possibilidades de paralisação. Isso era uma nova ESTRATÉGIA POLÍTICA para o sindicalismo blumenauense. A Diretoria prepara com a base o debate da assembleia. Com isso, mesmo quem não fosse na assembleia, discutiria o assunto. E os que fossem, não seriam pegos de surpresa, podendo amadurecer seu posicionamento. Cria-se um clima de envolvimento na categoria, que pos-sibilita à direção avaliar o que realmente querem os(as) trabalhadores(as).

Trabalhar no transporte era um verdadeiro sacrifício

Page 22: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol22

O famoso colégio estadual abrigou a assembleia geral que debateu a proposta patronal e a possibilidade de greve. Tudo era novidade. Assembleias não exist-iam e os trabalhadores do transporte nunca tinham paralisado suas atividades em Blumenau. O velho auditório da es-cola ficou pequeno. A galera veio em peso ver a novidade que estava acontecendo. Com ajuda do pessoal de Florianópolis, a grande assembleia foi bem conduzida, discutiu e rejeitou a proposta patronal, decidindo pelo ESTADO DE GREVE. Foram emocionantes os momentos de orientação e explicação do que é uma paralisação, porque paralisar, como paralisar, as pos-síveis consequências. O silêncio era abso-luto por parte da plenária. As palavras de cada orador, naquele dia, eram absorvidas e se enraizaram em cada um(a) dos pre-sentes. Quem lá esteve relata que saiu dali emocionado(a) e certo do que tinha de ser feito. Foi decidida a paralisação. A diretoria do Sindicato é que anunciou o dia.

Pedro II entra para a história da categoria O dia escolhido foi 17 de novem-bro, uma sexta-feira. Azar do patrão! Conforme combinado, ao sinal, motoris-tas e cobradores(as) saíram dos veículos levando as chaves e caixa de cobrança e dirigiram-se até onde se concentravam os dirigente sindicais com o sistema de som, em cada local de trabalho. No dia 21, o Boletim Expresso no 3 tinha por man-chete: “VITÓRIA!”, em letras destacadas. Descrevia e avaliava detalhadamente o “dia que a cidade parou” e rebatia as acusações dos patrões que chamavam aquilo tudo de baderna. Combatendo a campanha da imprensa, contava com um agradecimento especial e uma explicação sobre o papel da campanheirada de Flo-rianópolis, que ao nosso lado, participou desse enfrentamento aos patrões. Realizada a primeira paralisação da história do transporte em Blumenau, com total adesão da categoria e excelente organização, os patrões pressionados, marcaram nova negociação, na qual apre-

Page 23: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

sentaram uma proposta bem diferente. A direção do Sindicato convocou assembleia para o dia 24/11, em dois períodos, no auditório da sede do Sindicato dos Têx-teis, SINTRAFITE. Num clima de alto astral a categoria aprovou seu primeiro Acordo Coletivo de Trabalho, fruto da participação ativa da categoria, dirigida por um sindi-cato “diferente”, que acabara de ser cri-ado. Em dezembro, a segunda edição do jornal EXPRESSO já trazia na capa um aviso de possível nova paralisação. Cláu-sulas do recente acordo vinham sendo descumpridas. Os patrões relutavam em aceitar que a vida tinha mudado com a

construção do SINDETRANSCOL. Nesta colorida edição do jornal, publicaram-se os principais pontos do Acordo Cole-tivo que foi fechado, e ainda imagens da paralisação do dia 17/11, além dos primeiros balancetes mensais e numa página inteira divulgava o sucesso do 1º CAMPEONATO DE FUTEBOL SUIÇO, promovido pelo Sindicato. Nascia uma das atividades permanentes e de grande participação da categoria, que até hoje é anualmente realizada concomitante-mente com a campanha salarial. Vale aqui, uma saudação à equipe LUNÁTI-COS: primeira campeã da história do torneio do Sindicato, vencendo na final a equipe Patota da Picanha.

Page 24: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol24

[2007]

“Se o elefante soubesse a força que tem, seria o dono do circo e não ficaria só dançando no tamborete”, diz alguém em nosso meio. Essa brincadeira, repetida em assem-bleias e rodinhas de conversa nos terminais, ga-nhou corpo. As pessoas passaram a ser su-jeitos de sua própria história e percebem que não adianta ter a força do elefante sem ter consciência dela, não saber usá-la. Os(as) trabalhadores(as) perceberam que sua “força de elefante” é lutar COLETIVAMENTE. Esta descoberta faz de 2007 o ano de MUDANÇAS ESTRUTURAIS na vida dos(as) tra-balhadores(as) do transporte de Blumenau. Foram várias lutas, paralisações, denúncias e inúmeras reuniões com patrões, Poder Público, Ministério do Trabalho, Ministério Público do Trabalho, Judiciário e outras tantas. Foi um ano de inserção do SINDETRANSCOL no movimento sindical e social de Santa Catarina, em especial no Fórum dos Trabalhadores e dos Movimentos Sociais de Blumenau, à época, forte e atuante

na vida da comunidade. Neste mesmo ano, foi também anunciada a Licitação do Transporte Público da cidade; uma farsa, que revelamos. Lançado em janeiro, o EXPRESSO nº 03 faz uma retrospectiva de 2006. Em 8 páginas, o jornal debate o cotidiano de trabalho; denuncia a precariedade de vias públicas para trânsito dos ônibus; traz informações jurídicas; fala da im-portante desvinculação entre o preço da tarifa e nossos salários e denuncia a conivência do SETERB com as empresas. A extensa jornada de trabalho, de até 14 horas em certos dias, começa a ser o cen-tro dos materiais publicados pelo Sindicato, nos meses de fevereiro, março e abril. Segue sendo denunciada a falta de pagamento, ou paga-mento “por fora”, de inúmeras horas extras. As publicações tratam de inúmeros assuntos do cotidiano da categoria; direitos surrupiados. É publicado um EXPRESSO ESPECÍFICO para a galera da Verde Vale, onde ficaram mal en-tendidas questões relativas às primeiras nego-

A grande virada

Page 25: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 25

No dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, a categoria paralisou por uma hora as suas atividades. Além de chamar atenção para toda a discriminação sofrida pelas mulheres, foi um momento para denunciar o excesso de jor-nada e vários descumprimentos dos acordos, motivos que justificaram a segunda paralisação da história da categoria. A população mais uma vez se surpreende com essa novidade. Esta-mos numa região “culturalmente avessa” a mobilizações, característica que precisa ser su-perada. Uma assembleia geral, no dia 14, av-aliou todo esse movimento e encaminhou a continuidade da luta, apontando para o en-frentamento à intransigência dos patrões, que se recusavam a reconhecer a necessidade da redução da jornada. Após essa paralisação, intensificam-se os chamados da Justiça e do Ministério Público para conciliar os conflitos entre nosso novo sindicato e as empresas/SETERB. A novidade leva a imprensa a dispor de amplo espaço de cobertura. Mesmo tendenciosa, deturpando o sentido da ação dos(as) trabalhadores(as), aca-bavam levando a toda sociedade uma situação que merecia atenção. O tiro do grupo patrão/SETERB/mídia saiu pela culatra. A intenção de nos desmoralizar junto a opinião pública, acabou por nos ajudar, alertando a população para o fato de motoristas e cobradores(as) terem jor-nadas diárias absurdas, ilegais, desrespeitosas e que estavam adoecendo as pessoas. Afinal, as longas jornadas aumentam a possibilidade de envolvimento em acidentes e colocam em risco a própria população, que entendendo o sen-

tido da luta, apoia incondicionalmente o movi-mento dos trabalhadores e seu novo sindicato. No dia 13 de abril, uma sexta-feira, os patrões tiveram seu dia de azar. Em reunião no Ministério Público do Trabalho, se viram total-mente encurralados e admitiram que agiam fora da lei, porém alegam a impossibilidade de aplicar alterações rápidas por problemas de logística que o transporte exige. Balela! Ainda em abril, a direção sindical passa por um teste de fogo, ao auxiliar pela primeira vez, o Movi-mento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) numa ocupação de terras improdutivas. Acuados pelo exército, que detinha a posse da área, a direção do Sindicato recebe, ainda, grande cobrança da categoria sobre a partic-ipação na atividade. O fato gera um grande e frutífero debate sobre a relação entre nossas lutas urbanas e as lutas no campo, dos trabal-hadores(as) rurais. O que temos em comum? Como o êxodo rural influiu em nossa vida na cidade? A elite de Blumenau passa a identificar, claramente, o SINDETRANSCOL, como um in-imigo perigoso, que se mostra muito diferente do acomodado sindicalismo tradicionalmente praticado na cidade nas duas últimas décadas.

Os patrões e a imprensa tentam

jogar a categoria contra a Diretoria, e também envenenar a população con-tra nosso movimento, qualificando-o

como ação sindical radical e fora da lei.

No dia 23 de abril acontece nova assem-bleia, que fortalece a organização da categoria na luta contra a extensa jornada de trabalho.

8 de março: segunda paralisação

Page 26: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol26

Pela primeira vez a categoria discutiria o dia 1 DE MAIO de uma forma diferente. Nesse ano, o Sindicato divulga um material sobre a história dessa data, ressaltando não ser um simples feriado, mas um dia de luto, de luta e de comemoração; o dia em que se reverenciam outros trabalhadores(as), mártires da luta; dia de se comemorar vitórias do pas-sado, assim como de lutar por conquistas futuras. Neste dia primeiro, os companheiros foram chamados a trabal-har o dia todo COM FARÓIS DOS ÔNIBUS ACESOS. A grande maioria dos veículos que circularam naquele dia estavam com o faróis ligados, em reverência aos(as) que morreram lutando por redução de jornada. Ainda, em comemoração à data, o Sindicato realiza uma confra-ternização com a categoria e seus familiares no dia 06 de Maio, no Cen-tro Comunitário da Fortaleza. Foi um belo encontro, com um momento de reflexão histórica, um grande almoço coletivo, música e atividades para as crianças. Assim nasce a ideia da feijoada da categoria como uma forma de confraternização. No dia 12, uma quinta-feira, a direção do Sindicato convida o pessoal que trabalha nas áreas administrativas, de manutenção e limpeza para uma conversa sobre suas condições específicas de trabalho. A reunião acontece no final da tarde, no Clube Guarani, próx-imo da Itoupava Norte. Hora de quebrar o gelo e mostrar que o patrão tenta dividir motorista e cobrador do restante da categoria, especial-mente do pessoal da oficina. Precisávamos mudar isso, e mudamos.

O 1º de Maio Dia do(a) Trabalhador(a)

No dia 23 de Maio, uma quarta-feira, as centrais sindicais brasileiras estavam mobili-zando milhões de trabalhadores(as) em todo o país. A pauta de luta era longa, com destaque para a REDUÇÃO DA JORNADA e o FIM DO FA-TOR PREVIDENCIÁRIO nas aposentadorias. Em Blumenau, o movimento sindi-cal e popular consegue reunir muita gente na Praça da Figueira, em frente a sede do Executivo Municipal. Os(as) trabal-hadores(as) do serviço público municipal estavam em campanha salarial e bem mo-bilizados(as). No transporte, a categoria não suportava mais uma jornada tão extensa. Para às onze horas daquela manhã ensolarada, porém fria, estava marcada a paralisação de duas horas dos(as) trabal-hadores(as) do transporte. A quantidade de pessoas era grande. Em grupos, os(as) man-ifestantes se dirigiram aos seis terminais da cidade para prestar solidariedade aos(às) rodoviários(as). Às onze e meia, famílias das comunidades da Vila União, Vila Vitória e Jensen, juntamente com militantes do MST e do serviço público, entraram no prédio da

Os seis dias que abalaram Blumenau

Page 27: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 27

Os seis dias que abalaram Blumenauprefeitura municipal e OCUPARAM O SALÃO NOBRE. Exigiam soluções para problemas que essas comunidades demandavam o Po-der Público havia muito tempo.

Às treze horas, o movimento comu-nitário se incorpora à manifestação do Ter-minal do Aterro e os militantes do MST che-gam ao terminal da Fonte. Os(as) trabalhadores(as) da Prefei-tura, em assembleia pela manhã, decidem paralisar suas atividades por 24 horas no dia seguinte, 24 de Maio. Esta informação, a solidariedade de movimentos populares e toda a indignação da categoria, levam a companheirada do transporte a decidir NÃO RETORNAR ao trabalho às 13 horas, como estava previsto inicialmente. O protesto de 2 horas da categoria se transforma numa par-alisação de 24 horas, em conjunto com os trabalhadores do serviço público. Mais uma vez Blumenau é cenário de paralisações de trabalhadores(as) de categorias diferentes, um estágio superior de luta. “Um perigo!”, diria o pessoal lá do Tabajara Tênis Club.

Com o anúncio da greve de 24 horas, os patrões convocam a direção do SINDETRANSCOL para uma reunião de negociação, que ac-onteceu no Hotel Rex, das 16 até às 21 horas, mediada pelo Procurador do Trabalho, Dr. Acir Hack. As tropas da Polícia Militar (PM/SC) se aglomeravam nas ga-ragens e em cada terminal urbano. O trânsito no final de tarde e início da noite ficou totalmente caótico e engarrafado. A cidade não discutia outra coisa. “Posentão! Aconteceu o crrréve tos ônipus tenofo!”. “Mas fiu! Os cara trapaia até catorsse hora por dia... é pacabá”! A categoria, orientada pela sua direção sindical e contando com a ajuda da direção sindical de Florianópolis, de algumas lideranças de outras categorias, do movimento popular e do MST, rapidamente vai se organizando na frente dos locais de trabalho.

Quando a Comissão de Negociação sai da reunião e percorre os locais de trabalho, para levar informações e debater os encaminha-mentos seguintes, encontra barracas e churrasqueiras improvisadas nas portas de todas as garagens e em todos os terminais. Uma infraestru-tura básica vai sendo montada sob a coordenação dos mais experientes. O frio é muito intenso na madrugada. As fogueiras e o calor hu-mano aquecem os corpos e a esperança de uma categoria sofrida. A frase mais ouvida era “agora vamos até o fim”, ou, ainda, “essa temos que ganhá”.

Greve por tempoindeterminado

Page 28: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol28

Dia 24, Quinta-feira segundo dia da greve

Ao longo da noite/madrugada e na manhã do dia seguinte, pequenos confrontos acontecem entre trabal-hadores e policiais militares que atendem chamados dos patrões para escoltar veículos de volta às garagens. Às 14 horas, a coisa fica feia no Terminal do Aterro. Há grande número de ônibus parados. São centenas de manifestantes ali reunidos. A PM arma um cenário de grande confronto para a retirada desses veículos. A direção do movimento ar-gumenta que não há necessidade de confrontos, que esse não é o objetivo da luta. Acalma, assim, os ânimos da cate-goria, que permite o recolhimento dos veículos às garagens. Evita-se o pior, pelo menos por ora. Ao meio dia, há uma grande concentração na Praça da Figueira, já equipada com pequenas churrasqueiras. O povo se organiza com facilidade, não precisa luxo e, por alguns dias e uma boa causa, abre mão até do mínimo de conforto. Após o repasse de informações da direção é liber-ado o almoço. Naquele alvoroço, um misto de alegria pela dignidade defendida e a certeza de estar fazendo o certo, o justo, com a tensão do momento: alguns poucos ônibus ainda circulavam, a mídia afinada como uma orquestra atacando o movimento dos “arruaceiros” dirigidos por “forasteiros”... É importante lembrar daqueles momentos tão ricos de nossas vidas! Então, de repente, chega aquele senhor, com as marcas de uma vida difícil no semblante, mas sobrepuja-das pelo sorriso aberto. “Seu Joaquim”, homem de idade avançada, cobrador da empresa Glória há muitos anos, vest-indo fatiota e gravata, se dirige até o carro de som, com a Dona Maria enganchada no braço, não menos solenemente vestida e com umas flores na mão. Ela está radiante, os brancos cabelos alinhadíssimos como nunca, reluzem ao sol. Eles pedem que a direção anuncie que eles estão ali, alegres e vestidos daquela maneira, porque resolveram se CASAR E COMEMORAR, na praça, juntos e irmanados naquela luta. Os olhos ávidos da D. Maria mostravam que aquele mo-mento era um basta, após décadas de muito labor, a pren-der a própria voz e aceitar a vida como ela é. Era um grito de liberdade. Liberdade para uma vida melhor. Liberdade para o amor, que perdurava após décadas vivendo juntos. Nesse dia, resolveram se casar, em meio a uma greve.

Às 18 horas daquela histórica quinta-feira, realiza-se uma grande passeata composta pelos(as) trabalhadores(as) do serviço público municipal e do transporte. A cidade, com trânsito paralisado, APLAUDE a passagem da grande mani-festação.

Alguns poucos ônibus circulam durante o dia. São chefetes, alguns fura-greve e pessoal de outras funções que dirigem esses veículos, numa clara tentativa de desmo- ralizar a greve e pressionar o pessoal a retornar ao tra-balho. Ocorrem apedrejamentos desses veículos e, pron-tamente, patrões e SETERB, com ajuda da mídia, divulgam que se trata de “vandalismo praticado pelo sindicato”. Há uma grande tensão no ar, normal, afinal, uma cidade do porte de Blumenau já há três dias sem transporte coletivo teve toda sua dinâmica alterada, com muita gente sem poder trabalhar.

Até hoje, apesar de não existir uma única prova con-tra o Sindicato, ou qualquer de seus membros, a imprensa vendida, comercial lucrativa, NUNCA SE DESCULPOU de tão mentirosa e terrível acusação de vandalismo que propa-gou contra o Sindicato. A disputa de informações é vital. Superamos o desleal comportamento da imprensa pela a importância de nossa pauta, já que é INDEFENSÁVEL a ma-nutenção dessa situação de desrespeito e ilegalidade na jor-nada de trabalho dos(as) trabalhadores(as) do transporte. Por isso, a grande maioria da população apoia o movimento.

Page 29: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 29

O aprendizado dos(as) trabalhadores(as) numa greve é muito superior ao de alguns anos de qualquer curso acadêmico. Rapidamente se aprende qual é o papel da im-prensa, do Estado (Judiciário, Ministério Público, PM etc), da maioria dos(as) políticos(as), para que servem as leis. Também se evidencia a diferença entre quem pratica um sindicalismo sério e de compromisso com a classe trabal-hadora e quem só enrola. Na fria madrugada e início da manhã são reforçadas as Comissões de Esclarecimento em todas as garagens. Muitos(as) companheiros(as) que começavam a cansar e se desestimular foram, novamente, convencidos a per-manecer na greve. A partir das 10 horas, foi iniciada uma grande pan-fletagem pelas principais ruas e avenidas da cidade. Nos panfletos a categoria explicava os motivos da greve, as reivindicações e solicitava apoio da população. Novamente se ouviram MUITOS APLAUSOS. Papel picado era jogado do alto dos edifícios por onde os grupos de grevistas passavam. Após às 13 horas se inicia uma enorme diminuição do funcionamento do sistema de transporte. Os patrões não tinham fura-greve em quantidade mínima suficiente para operar o sistema. A direção do movimento estrategi-camente orienta a manutenção de pequenos grupos nos acampamentos, enquanto a grande maioria vai para casa, rever a família e descansar. O rodízio funcionou perfeita-mente até às 11 horas do dia seguinte.

A madrugada foi novamente muito fria, mas a es-trutura das barracas, de utensílios e agasalhos já havia mel-horado muito. O rango não falta, nem baralhos, dominós e outras formas de passar o tempo. A principal atividade são as rodinhas de discussão, de previsões sobre a greve; quando chegavam as principais lideranças, o “buchicho fi-cava grande”.

Dia 25 – Sexta-feira terceiro dia da greve

Às 18 horas ocorre nova passeata pelo centro da cidade. Dessa vez, apenas trabalhadores(as) do transporte e apoiadores(as) de outros movimentos. Após a atividade, cada grupo retorna a seu acampamento, na frente dos ter-minais e garagens das empresas.

Às 10 horas da manhã, os companheiros Ari Germer, presidente do Sindicato, e os assessores Dr. Léo Bit-tencourt e Ricardo Freitas, são recebidos pelo Vice-Prefeito, Edson Brunsfeld. E às 15 horas foram recebidos, na Câmara, por uma Comissão de Vereadores criada para acompanhar a crise no transporte.

Dia 26 – Sábadoquarto dia da greve

Page 30: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol30

A partir das 11 horas a categoria e seus familiares começam a se reunir no pátio e salão de festas da Igreja São Francisco de Assis, no bairro Fortaleza. O dia está lindamente enso-larado e o frio foi “passear na Patagônia”, feliz-mente. Ali acontece uma grande e estimulante assembleia, com almoço comunitário e culto ecumênico, da qual participam religiosos de várias igrejas. Mais de 1.500 pessoas se fazem presentes. O clima é o mais descontraído desde o início da greve. Um pouco antes de iniciar-se a assem-bleia, a direção do movimento é convocada para uma negociação, marcada para às 17 ho-ras, no Hotel Rex, com mediação do Ministério Público. Da assembleia a categoria sai em car-reata até a Rua 7 de Setembro, onde fica o Hotel, no Centro de Blumenau. A avenida e a pequena praça, ali em frente, foram trans-formadas em “praça de guerra”. Dezenas de policiais armados e com cachorros, seguranças privados e muitas vias fechadas ao trânsito. O clima muda totalmente. A tensão é alta. Ao iniciar a reunião, os patrões se dizem surpreendidos com a quantidade de pessoas na frente do Hotel, alegando que “o barulho da rua atrapalha a reunião e que se sentem inseguros”. Caras de pau! Lá em baixo, a PM proíbe o uso dos car-

Dia 27 – Domingoquinto dia da greve

ros de som. E vai cercando e confinando as pes-soas em um espaço cada vez menor. As provo-cações são constantes. O clima fica ainda pior e quem começa a correr risco não são os pa-trões dentro do Hotel, mas sim nossas famílias, amigos(as) e apoiadores(as), que estão na rua sendo acossados(as) pela polícia e seguranças contratados. Aliás, contratados por quem?! As mulheres... Ah, as mulheres! Cada vez mais se tornam protagonistas da história. Assumem a frente do povo e encaram nariz-a-nariz a tropa de choque. Nada detém a verdade e a justeza da luta! Quando, finalmente, se constitui a mesa de negociação, nos chega a informação de que a PM havia prendido um dirigente sindical dos metalúrgicos que estava desde o primeiro dia nos apoiando. Colocamos a libertação do companheiro Hartmut Kraft como condição para negociarmos. Os representantes do SETERB e do Ministério Público alegavam não poder assegurar isso. Exigimos que interv-iessem para a libertação de nosso apoiador. Os patrões se aproveitaram do episódio e fugiram de fininho do local. Frustrada a negociação, reunimos a categoria em assembleia, ali mesmo, na via pública. A decisão unânime é pela continuidade da greve. Já eram dez horas da noite.

Page 31: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Desde o início da madrugada os acampamentos vão recebendo grevistas e apoiadores(as). O ânimo e a disposição de lu-tar estão renovados com os acontecimentos do final de semana, em especial a atividade de confraternização e o grande confronto do início da noite de domingo. Às 10 horas voltamos ao Hotel Rex, para nova tentativa do MPT de intermediar a negociação. Colo-camos como con-dição que os patrões garantissem NEN-HUM DESCONTO das horas paradas e 120 dias de ESTABILIDADE a toda categoria. O segmento patronal não aceitou e nos re-tiramos da reunião. Já estava marcada Audiência de Con-ciliação para às 14 horas no TRT/SC, em Florianópolis. Então, os companheiros Ari Germer, Ricardo Freitas e Dr Léo Bittencourt se dirigiram para a Capital, para participar da audiência. Às 18 horas, sem que os patrões aceitassem a diminuição da jornada, ameaçamos nos retirar da desgastante Au-diência. Foi quando apareceu a primeira proposta que abriu diálogo. A partir dela, por volta das 20 horas, a Presidente do TRT/SC fez uma proposta de acordo judicial sobre jornada de 7 horas trabalhadas e intra jornada (até uma hora e meia), atendendo nossos pleitos de não punição. Às onze horas da noite, ocorre uma re-união de todo o Comando de Greve, inclusive com lideranças de outras categorias e movi-mentos populares. É discutida a proposta me-

Dia 28 – Segunda-feira sexto dia da greve

diadora do judiciário e avaliada a situação da greve. O Co-mando entende que foram atendidas as reivindicações e decide propor à categoria a aceitação do acordo judicial e o retorno ao trabalho. A proposta é levada a avaliação da assembleia geral, realizada no terminal da Fonte. Com alguns ônibus, a coordenação do movimento vai recolhendo a galera nas barracas, em todos os acampa-mentos.

Às quatro horas da madru-gada, mais de seiscentos com-panheiros(as) encontram-se re-unidos para uma emocionante assembleia. O Comando de Greve apresenta a proposta que prevê: JORNADA DIÁRIA MÁXIMA DE 7 HORAS, com intervalo intra jorn-ada de, no máximo, uma hora e meia; 90 dias de ESTABILIDADE e NENHUM DESCONTO dos dias parados; e NENHUMA PUNIÇÃO a quem tenha participado do movimento. Quarenta e cinco minutos de-pois de iniciada, a assembleia

geral decide pela aceitação da proposta e encerramento da greve. A categoria conquista grande vitória de redução pela metade da jornada de trabalho diário; redução do intervalo intra jornada pela metade na Verde Vale (que praticava intervalo de 3 horas), e em 30 minutos nas em-presas Glória e Rodovel (que tinham intervalos de 2 ho-ras); além de evitar qualquer tipo de punição a todos(as) os(as) lutadores(as). Após 138 horas de paralisação, o transporte público de Blumenau começa, paulatinamente, a voltar à normalidade, mas nunca mais seria o mesmo. No início de junho é publicada uma edição espe-cial do jornal EXPRESSO, fazendo uma retrospectiva dos seis dias de greve, uma avaliação de todos os aconteci-mentos e, também, dos termos do acordo judicial. É pre-ciso avaliar cada passo, para evitar a repetição dos erros e aprimorar as condutas acertadas.

Page 32: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol32

No dia 13 de julho, uma sexta-feira, a partir das 8 horas, ocorre a Audiência Pública, teoricamente, para discutir com a comunidade o Edital de licitação do transporte público da cidade. O farsesco evento acontece no luxuoso Viena Park Hotel, numa sala onde não cabem mais do que 20 pessoas; tudo feito para impe-dir a participação da população, objetivo do di-tame legal. Nos fizemos presentes e, claro, foi inevitável o “bate-boca” com a representação do SETERB/Prefeitura. Apesar de todos os alertas do SINDE-TRANSCOL, as comunidades se envolveram pouco no processo; a imprensa sempre boi-cotou os posicionamentos do Sindicato e amplificou o discurso mentiroso do prefeito e do segmento patronal, que apesar de alegarem enormes prejuízos, pagavam 10 milhões de reais ao Poder Público, como OUTORGA para permanecer operando o serviço público de transporte.

E o ano ainda não chegou nem à metade Mesmo com nossas denúncias sobre a Audiência Pública descumprir preceitos le-gais; mesmo com a cobrança para garantir a participação da população e manifestações contrárias de alguns poucos vereadores; o prefeito João Paulo Kleinubing consegue im-por seu projeto que privilegia seus amigos e atuais empresas, financiadoras de campa-nhas eleitorais. No fim de julho é publicada mais uma edição do EXPRESSO que convoca assembleia para o dia 25, abrindo a campanha salarial de 2007. O informativo traz os desdobramentos do processo licitatório e explica as alterações no processo de trabalho devido a implantação das CATRACAS ELETRÔNICAS. Um ano após a fundação do Sindi-cato, já com muita história para contar, comemora-se o DIA DA CATEGORIA. [NÃO É MELHOR: “DIA DO TRABALHADOR DO TRANSPORTE”?]

Page 33: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 33

O Sindicato inaugura uma conduta de respeito aos demais trabalhadores, que uti-lizam o transporte coletivo, construindo uma relação positiva entre as pautas da categoria e da população. Toma para si a tarefa, que as em-presas e o SETERB não cumprem, de informar a usuários do transporte e debater as grandes questões do transporte. Articulamos vários sindicatos e movimentos populares, de diver-sos segmentos, no melhor momento do Fórum dos Movimentos Sociais. Criamos o jornal Folha Popular, que abordou profundamente todo o golpe da Licitação do Transporte Público de Blumenau e denunciou a farsa da Audiência Pública. A capa expôs os rostos dos vereadores que votaram (muitos sem nem conhecer o pro-jeto da licitação) e aprovaram o modelo que nenhuma melhora trouxe à vida população. O material tinha, também, um espaço para divul-gação de outros temas de interesse da comu-nidade. Lamentavelmente foi o primeiro e único número da Folha Popular, apesar de todo o empenho do SINDETRANSCOL para mantê-lo. O personalismo de duas ou três pseudolideranças sindicais, e o oportunismo de outros(as) tantos(as), acabou com essa ex-celente experiência vivida em nossa cidade. O importante é que o SINDETRANSCOL manteve seu compromisso com o patrimônio e serviço público, com um sindicalismo autônomo em

Respeitando a populaçãorelação a patrões e partidos políticos, porém al-tamente politizado e classista. A Folha Popular se transformou no EXPRESSO DO POVO, ma-terial mais restrito às questões do transporte, mas que mantém canal de diálogo direto com a população. O EXPRESSO tinha uma coluna sobre regras básicas de português, auxiliando a leitura. Em agosto, o EXPRESSO convocou as-sembleia para definição da Pauta de Reivindi-cações, organizou a participação da categoria no Grito dos Excluídos, e trouxe os resultados da COPA SINDETRANSCOL DE FUTSAL. No dia 08, foi realizada uma importante assembleia geral, que recompôs a vacância de cargos da Diretoria do Sindicato, devido à saída de alguns de seus membros. Seis novos companheiros, forjados na luta da grande greve de Maio, são incorporados à direção sindical. São eles: os irmãos Eugênio e Gilberto Giacomoni, motor-istas da Rodovel; Lindomar e Odair, respecti-vamente cobrador e motorista da Verde Vale; Marcelo e Policarpo, motoristas da Glória. As edições de setembro e outubro de-batem as principais reivindicações, apresentam balancetes de prestação de contas, cobram o início das negociações e a implantação das es-calas com a nova jornada de trabalho e tempo de intervalo, já que o acordo judicial estabelecia o prazo final de 1o de novembro, data-base da categoria.

Page 34: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol34

Em meados de outubro as negociações se intensificaram. Mesmo consternados com a tragédia da perda de nosso companheiro de lutas, iniciamos o mês de novembro dando um ultimato aos patrões. Eles se comprometem em apresentar nova proposta na primeira sem-ana de novembro. Apresentaram o que passamos a caracterizar como acordo Caracú, onde os patrões entravam com a Cara e a categoria com o... prezuízo! Diante de rumores de nova greve, acabaram retirando a ridícula proposta e, finalmente, apresentando condições de uma composição, que foi aprovada em polêmica assembleia, realizada no dia 27.

A proposta continha avanços consideráveis, mas não igualava o salário pago pelas três empresas. O patrões apresentaram um cro-nograma onde somente os(as) trabalhadores(as) das empresas Glória e Rodovel teriam aumentos salariais, escalonados ao longo da vigência do Acordo, incorporando percentuais até se igualar ao salário pago na empresa Verde Vale. Foi mais um aprendizado para todos(as), base e direção. Divergir no debate, mantendo o respeito ao outro, ainda mais com a falta de ex-periência e sobre temas tão polêmicos, é um difícil exercício. Ao final da assembleia, por grande maioria, a proposta patronal foi aprovada e ficou decidido o fechamento do ACT com as três empresas.

Ao final da tarde do dia 28 de outubro, todos(as) os(as) lutado-res(as) de Santa Catarina choraram a perda do companheiro Adenilson Teles, jornalista abnegado, militante social incansável e corajoso fundador da rádio comunitária da Fortaleza, que hoje leva seu nome. Um compan-heiro para qualquer “empreitada”, uma figura humana simples, que era firme em suas posições, sem perder a ternura jamais, como ensinou Che Guevara. Teles foi assassinado em uma curva da rodovia BR 470, por uma irresponsável manobra de uma motorista que ultrapassava outro veículo em local proibido. Além da perda de grande figura humana, perdemos, também, um profissional da mais alta competência, em plena reta final da campanha salarial de um ano absolutamente atípico e inusitado. Teles jamais sairá de nossas memórias. Ele tem parte em todas as nossas vitórias. Marcou profundamente nossas vidas e nossas lutas. Como forma de homenagem, seu nome batizará a sede de nosso sindi-cato, assim que o imóvel for registrado em nome do SINDETRANSCOL.

A perda do companheiro Adenilson Teles

Patrões propõem acordo caracú

Page 35: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 35

O ano mais dinâmico e surpreendente de toda nossa história termina como começou: com polêmica. Dessa vez, a maioria da categoria e a direção sindical debatendo com a parcela de trabalhadores que ficaram descontentes com a decisão da assembleia. Valorosa gente, não queria encerrar a campanha salarial. Queremos sempre avançar nas

conquistas, porém, é preciso avaliar as possibilidades, as condições concretas para atendermos nossos sonhos, para além de nossa vontade. Quanto conquistamos com a redução da jornada e do intervalo? Na média, reduzimos 4 horas por dia de trabalho e tivemos aumento real na remuneração em novembro. Fortalecemos politicamente a categoria, o que possibilita a exigên-cia de mais contratações. Foi um ano de intensa formação política para a direção e toda a categoria. Desde a condução de reuniões até temas bem mais complexos, passamos a decifrar coletivamente a estrutura sindical, a legislação trabalhista e de movimentos co-letivos. Durante as paralisações, compreendemos a legislação de greve, o comportamento de órgãos e termos que alguns desconheciam (MP, MPT, MTE, Lei de Greve, serviço essencial, contrato suspenso, etc.). Avançamos muito na coesão de uma categoria historicamente dividida pelos patrões. São mais duas definições sociológicas, jurídicas e políticas a se compreender. Primeiro, provamos que a cor do uniforme não faz ninguém diferente. Somos todos trabalhadores(as) iguais, da mesma classe social e da mesma categoria profissional. Em segundo lugar, bus-camos unificar os diferentes setores de trabalho dentro de uma mesma empresa. E essa árdua e vital tarefa continua. Foi o ano em que o Sindicato mais produziu e publicou jornais, boletins, cartilhas e outros materiais, direcionados à categoria e, também, para além dela. Toda a formação política da base e da direção, assim como a necessidade de um canal de comunicação com a comunidade, demandou do Sindicato um enorme esforço e investimento. Foi um rico aprendizado.

Ufa! Enfim, dezembro...

Page 36: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol36

[2008]

Em todas as viradas de ano são dese-jadas muitas conquistas e felicidade para o período seguinte. Em 2008

não foi diferente. Um mês de janeiro de projeções e planejamentos. A falta do com-panheiro Teles, em nosso meio, é cotidiana-mente sentida, sendo ainda mais forte cada vez que se elabora um comunicado ou jornal do Sindicato. Em fevereiro, exatamente durante o carnaval, a empresa Rodovel demitiu, sem o menor motivo, dois companheiros que compõe a Direção do SINDETRANSCOL. Os companheiros Pradelino Silva e Leoberto Scalvin – Tatu – membros do conselho Fis-cal, a quem tem sido negado, nos tribunais, estabilidade no emprego. Os patrões tenta-ram. Se colasse, as duas outras empresas fariam o mesmo. Passamos o final

de semana e o feriado do carnaval tentando dialogar, mas a empresa estava irredutível. Então, na quarta-feira de cinzas, a categoria tocou fogo na cadeira do patrão.

Uma paralisação, já no início da manhã, tirou, em poucos minu-

tos os patrões de suas cadeiras e fez com que voltassem atrás nas

demissões.

Este ano, tivemos a primeira tempo-rada com uniforme de verão. Era só risada nos terminais, porque tinha cada “perna branca, feia e cabeluda” de fora, que dava até medo. Sem contar os “dedões pra fora das sandálias”. Aos poucos, foi-se padroni-zando o uniforme e a coisa ficou “mais bon-itinha”.

A força da água, da lama e das perdas

Page 37: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 37

Em março, tivemos a segunda as-sembleia de prestação de contas do Sindi-cato no Himmelblau Hotel. Esta é outra marca registrada desse novo sindicato: os balancetes são publicados e os pareceres do Conselho Fiscal sobre as contas são submeti-dos à assembleia geral dos sócios. As manifestações nos terminais no 8 de Março, Dia Internacional da Mulher e o programa de rádio do Sindicato foram grandes novidades dessa gestão. O pro-grama entrava no ar nas manhãs de terça-feira, na Rádio Comunitária ADENILSON TELES, cobrindo a região da Fortaleza. No programa de formação, conhecemos a realidade vivida pelos(as) tra-balhadores(as) em Cuba; seus ótimos siste-mas educacionais e de saúde. O EXPRESSO de maio traz, na capa, a história do 1º de Maio, com a famosa frase de August Spies aos seus juízes/algozes, na qual diz que o enforcamento dos líderes não vai destruir a organização operária: “Aqui terão apagado uma faísca, mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em todas as partes, as chamas crescerão”. Em julho, ocorrem atividades e re-flexões no Dia da Categoria, 25/07. Poucos

dias depois, temos o dia 29, aniversário do Sindicato, lembram? Nesses dois anos: quanta coisa mudou! Ainda bem que foi para melhor! A novidade, dessa vez, foi uma ativi-dade de confraternização para registrar a im-portante data. A Diretoria oferece à catego-ria um grande bolo de aniversário, em cada local de trabalho. Com o tempo, a iniciativa tornou-se tradicional na vida da categoria. No dia 20 de agosto, no auditório “chique” do Himmelblau Hotel, tivemos as-sembleia de abertura da campanha salarial, que definiu a estratégia de luta e a Pauta de Reivindicações a ser entregue aos patrões. Nesse momento, já tinha começado a 2ª COPA SINDETRANSCOL DE FUTSAL, com show das torcidas em todos os finais de se-mana. A preparação do Grito dos Excluídos, no Dia 7 de Setembro, possibilitou o debate com a população sobre as mazelas do sis-tema de transporte público. A precariedade do Terminal da Velha era uma das principais reclamações naquele momento. No ano de 2008 vivemos essas e outras novidades na ação sindical do SINDE-TRANSCOL. Além da atividade do BOLO e da COPA DE FUTSAL, o Sindicato lança o

Page 38: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol38

primeiro número do EXPRESSO DO POVO, aquele mesmo, que substituiu a Folha Popular como já mencionamos, no final de agosto. Nesta primeira edição, com a LATA DE SARDINHA como símbolo da indignação popular, a superlotação dos ônibus foi de-nunciada. Questões centrais como a crise de mobilidade e as soluções que a prefeitura se recusava a implementar, apesar se serem financeiramente acessíveis, tiveram seu es-paço garantido no material. Associações de moradores, entidades populares e sindicais são chamadas para uma ação conjunta em defesa do transporte público com mais qual-idade e menos tarifa. A defesa da classe trabalhadora aparece em denúncia contra a Rede Globo, que utiliza a sua novela da época para ATA-CAR O MST, em função da ocupação das dependências da Aracruz Celulose. Nesse ato político foram destruídas pelos trabal-hadores perigosas sementes de plantas cu-jos experimentos traziam risco ao meio am-biente.

Suas patentes constituem dependên-cia absoluta dos agricultores, que produzem, ao grande proprietário monopolista, de quem os consumidores também se tornam reféns, já que o controle dos preços e da qualidade

tem por fim os lucros astronômicos. Setembro e outubro passam rápido. As negociações com o segmento patronal estão indo mal e estamos longe da possi-bilidade de acordo. Como sempre, nessa época, SETERB e patrões conseguem am-plos espaços na imprensa ataques ao mov-imento, ao Sindicato e às reivindicações. Trabalham a revolta do povo dizendo que precisarão AUMENTAR O PREÇO DA TARIFA para atender nossas reivindicações. No início de novembro é publicada a segunda edição do EXPRESSO DO POVO que acena a possibilidade de greve da categoria. A partir da segunda sem-ana de novembro começamos com peque-nas e pontuais paralisações, já anunciando claramente a possibilidade de GREVE. En-tre as motivações estão: a intransigência patronal nas negociações e a defesa contra as desrespeitosas mentiras publicadas em notas pagas através da imprensa. Mais uma edição do EXPRESSO DO POVO, de número 03, é distribuída gratu-itamente à população, desmentindo o seg-mento patronal, denunciando a conivên-cia do SETERB com muitas irregularidades das empresas e explicando os motivos das paralisações.

Page 39: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 39

Em dezembro, época de preparação das festas de fim de ano, os(as) trabal-hadores(as) do transporte estão com agenda cheia, mas é de luta! Continuam constru-indo o movimento de greve, uma vez que as negociações estão emperradas. Nesse momento, perto do fim do mês, se abatem sobre o vale do Itajaí, intensas e intermi-tentes chuvas durante vários dias. A água sobe rápido e as enchentes vem acompanhadas de um fenômeno devas-tador: os deslizamentos de terra, atingindo muito mais pessoas que em anos anteriores. Diante da catástrofe e do sofrimento de toda população, a direção sindical convoca as-sembleia, que delibera suspensão das ativ-idades que estavam anunciadas, inclusive a greve.

É hora de enxugar as lágrimas, limpar nossos caminhos e casas,

ajudar a quem muito precisa. Mi-lhares de pessoas perderam

tudo, inclusive centenas de companheiros(as) da categoria.

O termo TUDO é o mais adequado: a água e a lama não destruíram somente móveis, utensílios e al-gumas residências. Muitos(as) VIRAM DESA-PARECER O TERRENO onde estava sua casa. No local de residência e/ou trabalho, surgiu um novo curso de um riacho, uma cratera ou um barranco íngreme, prestes a continuar deslizando pelo resto da encosta. Aproximadamente 20 companheiros(as) ficaram absolutamente sem ter para onde ir com suas famílias. De seus endereços, sobraram apenas o registro no correio e o carnê de IPTU. As imagens e o cenário de Blumenau estavam exatamente iguais ao de uma cidade devastada por um bombardeio durante uma guerra. O número de mortos foi

alto. Os 15 mil exemplares da quarta edição do EXPRESSO DO POVO são dis-tribuídos em 2 horas para a população, nos terminais. A edição inteira é dedicada à solidariedade aos afetados e à denúncia de políticos oportunistas, que não tomaram as medidas necessárias, e ainda assim, apare-ciam depois da tragédia com suas “máscaras de sofrimento” e fazendo promessas que não cumprirão. As marcas e consequên-cias da tragédia poderiam ser infinitamente menores. O exemplo mais emblemático foi o que aconteceu no Morro do Baú e a ex-plosão do gasoduto, que depois de mais de cinco anos, permanece uma incógnita. Fica a pergunta: a explosão causou ou foi conse-quência dos deslizamentos? Passamos as nossas folgas de final de ano e as férias coletivas do setor indus-trial reconstruindo material, emocional e afetivamente nossas vidas. Dentro do pos-sível, desejamos boas festas e um feliz ano

Page 40: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol40

[2009]

Page 41: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 41

É essa a manchete do jornal EX-PRESSO na retomada dos trabal-hos do Sindicato, após o recesso

do final de ano, quando foi reconstruída parte da sede, que encheu um metro e meio de água. O trabalho de arrecadação e entrega de donativos aos desabrigados é intenso. Continuamos denunciando o oportunismo de políticos e os desvios de donativos nas centrais “oficiais” do Poder Público. O prefeito João Paulo Kleinu-bing tenta implantar regime de “campo de concentração” nos abrigos improvisa-dos para os(as) milhares de desabriga-dos(as). Diz o ditado popular que “miséria pouca é bobagem”. Dois fatos de reper-cussão mundial chegam até nós e deman-dam um posicionamento. O primeiro é o anúncio das primeiras falências e crises de inadimplência no sistema imobiliário dos EUA acompanhada pela quebra de bancos e financeiras. No efeito dominó, a que-bradeira vai se espalhando e envolvendo, na crescente crise, o mundo todo. O seg-undo é o massacre do povo palestino, na faixa de Gaza, imposto pelo Estado ter-rorista de Israel. Esses dramas humanos se entrelaçam, e os patrões, especial-mente os do transporte de Blumenau, se aproveitam do clima de fragilidade para descumprir cláusulas do acordo atual e negar direitos alegando dificuldades das empresas por conta da catástrofe. Afrontando a população, o prefeito JPK

autoriza um absurdo aumento de 12% nas tarifas do transporte. O EXPRESSO DO POVO, de número 5, denuncia mais este ataque. Do ponto de vista das con-sequências da catástrofe, o pior já pas-sou. Muitas coisas foram reconstruídas, a grande maioria das pessoas já normaliza suas atividades. Para os patrões, também, tudo se normaliza e eles voltam a sua atividade de explorar o povo trabalhador. Retomamos nossa campanha sala-rial. Os patrões alegam a impossibilidade de avançar nas negociações de benefícios e direitos. A necessidade da greve se man-tém, exatamente como estava ao final de novembro. Durante os meses de fevereiro e início de março intensificam-se as ne-gociações: patrões choram miséria e ten-tam judicializar o conflito. A categoria foi reaquecendo o espírito de luta, até que DEFLAGROU-SE A GREVE. Somente em março de 2009 terminamos a campanha salarial do ano anterior, com saldo alta-mente positivo. Diferentemente de 2007, a avaliação unânime da categoria foi de que fechamos um ÓTIMO Acordo Cole-tivo de Trabalho. No aspecto econômico, a reivindicação inicial era o índice do INPC mais 3% de aumento real, mas a luta da categoria derrotou o oportunismo dos pa-trões e arrancou aumento real de 9% para motoristas e 14,5% para cobradores(as). Fomos muito além do que exigimos ini-cialmente! Agradecemos todo o apoio da

Quem faz é a gente

Page 42: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol42

população na publicação do 6º EXPRESSO DO POVO. Mais uma vez os problemas de mobilidade, superlotação nos ônibus, falta de infraestrutura nos terminais e tar-ifas abusivamente altas são denunciados. Por falar em serviços públicos, o jornal aborda a FALTA DE ÁGUA na cidade, as OBRAS de reconstrução paralisadas, a piora da EDUCAÇÃO e do atendimento no sistema de SAÚDE, a desumana situ-ação dos(as) que ainda estão DESABRI-GADOS(AS), a precariedade do serviço de COLETA DE LIXO e a tentativa de PRIVAT-IZAÇÃO DO ESGOTAMENTO SANITÁRIO. As campanhas salariais e as lutas dos(as) trabalhadores(as) do serviço público mu-nicipal, metalúrgicos(as), do vidro/cristais e da FURB recebem apoio nessa edição. Maio inicia com as atividades alusivas ao DIA DO TRABALHADOR, logo no dia 1º Além do material impresso, realizou-se a 3ª FEIJOADA de confrater-nização pelo 1o de Maio e Dia das Mães.

Começa o trabalho de fiscalizar o cumpri-mento do novo ACT. Em junho, o 7º EXPRESSO DO POVO, denuncia a privatização do sistema de esgoto da cidade. Outra notícia mar-cante a comprovação por laudo técnico de que a frondosa e famosa Figueira, que sombreia boa parte da Praça da Prefei-tura, está muito doente e pode morrer brevemente. Bem, agora o(a) leitor(a) já sabe que em julho temos duas festas: O DIA DA CATEGORIA, no dia 25, e o ANIVERSÁRIO do Sindicato, dia 29, com o já tradicional café coletivo com BOLO. Neste ano, porém, a confraternização do aniversário não acon-tece nos locais de trabalho, mas no salão paroquial da igreja católica Matriz, no Centro de Blumenau, momento em que ocorre, também, uma assembleia geral. O conluio entre SETERB e patrões, anun-cia que vai retirar da categoria o histórico benefício do passe livre para esposas(os).

Page 43: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 43

O Passe Livre a esses familiares foi his-toricamente utilizado pelos patrões como salário indireto, compensando, em parte, a superexploração, portanto, enquanto direito adquirido, vamos lutar por ele!

Uma grande novidade é que o SINDETRANSCOL, agora, passa a

representar também a categoria do município vizinho, Gaspar, e naquele momento, se preparava para uma greve, descontente com a falta de negociação e propostas do patrão.

No dia 14 de agosto, com partici-pação de vários(as) apoiadores(as) de out-ras categorias e movimentos populares, a categoria paralisa as atividades por duas horas em Gaspar. Foi dado o primeiro aviso. Em Blumenau, no dia 09 de setem-bro, aconteceu a assembleia de abertura da campanha salarial, com a definição da pauta reivindicatória e da estratégia anual de luta. No dia seguinte, também em as-sembleia, a categoria, em Gaspar, decide pela GREVE, que começa na madrugada do dia 11. Ninguém imaginava, naquele momento, o que aconteceria nas próxi-

mas três semanas. Foram inúmeras e exaus-tivas as negociações, no âmbito do MPT, da prefeitura de Gaspar e do TRT/12a Região. Finalmente o patrão cedeu, em especial, no pagamento do tíquete alimentação. Recolo-car o tamanho da greve, 14 dias sem tarifa etc, etc ... Em Blumenau, a Pauta de Reivindi-cações é oficialmente entregue ao segmento patronal. A campanha salarial foi bastante atípica. Mesmo se desenrolando por longos dois meses, com idas e vindas, a mesa de negociação superou os impasses. Assim, a Assembleia Geral aprovou a proposta apre-sentada e, pela primeira vez, o ACT foi assi-nado sem paralisações ou greve. Além disso, vencemos a disputa judicial, defendendo e garantindo o direito do Passe Livre para Familiares, que estava ameaçado. O jornal EXPRESSO de dezembro traz uma profunda avaliação das cláusulas do acordo e, com base no texto “A ARTE DA GUERRA”, avalia que chegar ao objetivo sem necessidade de lançar mão da arma mais poderosa É UMA GRANDE VITÓRIA.

Page 44: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol44

Está terminando a primeira década do século 21. Iniciamos o ano com uma vitória emblemática: a empresa

Glória, que havia demitido o motorista Célio Freitas, desprezando seu estado de saúde, foi obrigada a recontratá-lo, pois o Sindicato GARANTIU O RETORNO do companheiro ao trabalho, por força de ação judicial. O jornal EXPRESSO de janeiro explica o que é o desconto assistencial e apela para que a categoria não se oponha ao desconto. Independentemente de ser sócio(a), ou não, TODO MUNDO ganha com nossas lutas. O mínimo que cada um pode fazer para con-struir a luta é contribuir para o fundo de greve do Sindicato. No início de fevereiro, o EXPRESSO DO POVO comemora uma grande vitória da população. Através de ação judicial, o movi-mento popular consegue uma decisão CON-TRA O AUMENTO ABUSIVO DAS TARIFAS. A falta de cobradores(as) em vários horários

e o desconforto da maioria dos terminais também são denunciados. Em março, a pub-licação denuncia uma tentativa, comentada nos corredores do SETERB, de retirada de postos de trabalho de cobradores(as) no sis-tema. A direção do Sindicato trabalha na con-vocação de duas assembleias. Uma é geral da categoria, para discutir a prestação de con-tas. A ou-tra acontece em Gaspar, abrindo a campanha salarial dos trabalhadores daquele município.

O 8 de Março, DIA INTERNACIONAL DA MULHER, é saudado nas páginas do infor-mativo, assim como a categoria é chamada a conhecer a nova sede do Sindicato, uma ampla e confortável casa, ainda nas proxi-midades do Terminal da Fonte. O EXPRESSO de abril convida a categoria para a feijoada do DIA DO TRABALHADOR, que nesse ano acontece no Bairro da Velha e, além disso, abre uma campanha de arrecadação de aga-salhos de inverno, para distribuição em co-

[2010]

Vamos, é sua vez!

Page 45: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 45

munidades carentes. Em Maio, retornam os rumores sobre os cortes de postos de cobrador-es(as) e a categoria deixa claro que jamais aceitaria esse ataque, mais prejudicial ainda para a população. O Sindicato anuncia o in-í-cio de mais uma COPA SINDETRANSCOL DE FUTSAL: em clima de início do campeonato brasileiro de futebol e da Copa do Mundo da África do Sul, vai começar a maior “copa de barrigudos do mundo”. A equipe do MMC é a campeão do futebol da categoria nesse ano. No EXPRESSO DO POVO, o Sindi-cato alerta sobre as ameaças aos postos de trabalho de cobradores(as), elencando as nefastas consequências para a qualidade e segurança do sistema de transporte, no caso de permanecerem apenas os motoristas. Em julho, temos o DIA DA CATEGORIA e o ANIVERSÁRIO DO SINDICATO. Como medida administrativa, o Sindicato adquire um novo veículo de trabalho e um terreno para a construção da futura sede, no qual são efet-uados serviços de terraplanagem. O trabalho de fiscalização e de con-

tato com a base é tarefa permanente da di-reção sindical. Em 18 de agosto, a categoria se reúne em assembleia para a abertura da campanha salarial, aprovando a Pauta de Reivindicações. Lembram da alegria da vitória contra o aumento das tarifas? Pois é, o EXPRESSO DO POVO de setembro traz má notícia para a população: após a prefeitura ter contratado, sem licitação, um estudo sobre transporte para recalcular a tarifa, o judiciário DEVOLVE o aumento para as empresas. Dois fatos chamam atenção e são emblemáticos nessa questão. Primeiro, o Poder Público, que deveria defender os interesses da popu-lação, contrata e paga técnicos para justificar o AUMENTO TARIFÁRIO contra o povo. Em segundo lugar, o instituto contratado é dir-igido e de propriedade, de um ex-secretário de Estado no governo de Vilson Kleinunbing, pai do prefeito da época. Muito sugestivo, não? Enfim, essa edição abordou, também, problemas com o troco e a paralisação das obras dos corredores exclusivos dos ônibus. No início de outubro é fechado e as-sinado o ACT da companheirada de Gaspar,

Page 46: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol46

onde também acontece algo de grande im-portância:

A empresa DO VALE é obrigada, judicialmente, a reintegrar ao

trabalho o motorista Erico Nico-letti, um sexagenário trabalhador que foi demitido por perseguição, por falar em nome do Sindicato e estimular a sindicalização de seus

companheiros de trabalho.

Ainda em outubro, comemoramos a grande vitória da chapa de oposição nas eleições do Sindicato dos Trabalhadores de Frigoríficos de Chapecó. Estivemos por mui-tos meses apoiando esta oposição de luta, contra um grupo pelego que dominava o Sindicato há mais de 20 anos. Esse aconte-cimento traz algumas alterações no quadro

sindical de SC, por se tratar de uma base numerosa de trabalhadores, na região dos maiores frigoríficos de aves do país.

O EXPRESSO DO POVO do início de novembro alerta a população para a possibilidade de greve dos(as) trabal-hadores(as) do transporte, que estão em campanha salarial e com as negociações truncadas. A denúncia sobre a contratação do instituto dirigido pelo amigo do pai do prefeito ganha força. O Sindicato con-segue desmascarar a os cálculos tarifários manipulados ao povo. Com impasse nas negociações, a categoria entra em greve na madrugada do dia da reintegração, per-manecendo parada por dois dias.

Os patrões se rendem e, na maior cara de pau, oferecem exatamente aquilo que era reivindicado antes da greve, e que negavam, sob a alegação de que atender

Page 47: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 47

essa pauta quebraria as empresas. Entre outras conquistas, é necessário destacar que a partir de agora não existe mais diferenças salariais entre os trabalhadores das três em-presas; as mesmas funções têm tratamento isonômico do ponto de vista de direitos, benefícios e remuneração. Em mais uma edição do EXPRESSO DO POVO, o Sindicato faz uma ampla ex-plicação de como funciona a bilhetagem eletrônica e os cálculos tarifários, assim como a sua relação com nossos salários. A lei de greve também é abordada detalhad-amente. A abordagem desses temas des-mascara as mentiras repetidas pela grande imprensa da região, que historicamente se coloca ao lado dos patrões e ataca feroz-mente qualquer tipo de mobilização de tra-balhadores(as). O último grande compromisso do

ano aconteceu no dia 16/12, quando ocor-

reu a assembleia de aprovação do Plano

Anual de ação sindical, na qual, foi apre-

sentada e aprovada a proposta de compra

de um imóvel oferecido ao Sindicato para

ser a sonhada sede própria. Esta assem-

bleia “orçamentária” consolidou-se como

confraternização de final de ano da catego-

ria, quando a Diretoria entrega a cada sócio

um chester inserido numa bolsa térmica. É

o complemento da ceia de nossas famílias e

um utensílio muito necessário para “conser-

var as geladas”.

Com mais um ano vitorioso, do

ponto de vista dos avanços de direitos,

fechamos a primeira década do século 21

em condições muito diferentes das que tín-

hamos lá no seu início. Que venha a próxima

década com muitas conquistas também!

Page 48: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol48

Ano novo, casa nova...

[2011]

Esse início de ano traz a consequên-cia concreta de um aprofundamento de di-vergências internas da diretoria do Sindicato. A eleição para a Diretoria do SINTRAFITE – Sindicato dos Trabalhadores Têxteis de Blu-menau – que ocorrerá em abril – mobiliza toda a região, dado o tamanho e importân-cia de ser o maior sindicato dessa categoria na América Latina. Havendo duas chapas, a Diretoria do SINDETRANSCOL não está unida em relação a que grupo apoiar. Esse debate está francamente aberto na categoria, que passou os primeiros anos da existência de nosso sindicato vendo uma ação comum e

unitária dos sindicatos que compunham o Fórum dos Trabalhadores de Blumenau. No entanto, ocorre o abandono de uma linha sindical mais combativa, pela Di-retoria do SINTRAFITE, substituída por um claro alinhamento com a UGT, central sindi-cal que opta pela conciliação passiva com o patronato brasileiro. Também ocorrem práticas questionáveis com relação a sindi-catos importantes como os dos bancários e dos vigilantes, cujas diretorias se alinham com a maioria da direção do SINTRAFITE. Es-ses elementos causam uma grande divisão e embate político no movimento sindical da

Esta foi a manchete da capa do EXPRESSO de janeiro, acompanhada de uma foto do edifício no qual hoje funciona a sede do Sindicato. Desde o acanhado conjunto de salas alugadas da Rua Amazonas, sempre sonhamos com a casa própria. Com tanta felicidade quanto cada sócio(a) e seus familiares, a Diretoria anunciou que se concretizaram os planos construídos naquela assembleia e o sonho virou realidade.

...E muitas divergências

Page 49: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 49

cidade. Esta disputa expõe mais claramente as diferenças e antecipa a composição de dois grupos, também, na direção de nosso sindicato. Coisas da luta política... Feitas as adequações necessárias, ocupamos o edifício adquirido no início do ano. O EXPRESSO de março informa o novo endereço e convida a toda categoria para conhecê-lo: “Apareça, conheça e use; a casa é sua!”, dizia o convite. No dia 16, ocorreu a assembleia geral para aprovação das contas do ano anterior e, no dia 19, tivemos a as-sembleia com a companheirada de Gaspar, iniciando a campanha salarial, que lá, tem data-base em maio. O aviso na capa do EXPRESSO era: “Hei, Patrãozinho! Se liga, depois não vão mentir dizendo que não sabem porque es-tamos PARALISADOS”. Apenas três meses após a assinatura do ACT, já descumpriam cláusulas assinadas. O material trazia vários alertas a categoria: “Faróis acessos e muito

cuidado nos corredores exclusivos para ôni-bus, recentemente inaugurados em várias regiões da cidade; muito cuidado com a velocidade nos corredores e nos terminais; atenção com a nova sistemática de regis-tro de ponto eletrônico; e, continua a cam-panha de cuidados com a saúde, nesse mês tratando do problema do tabagismo.” Outra questão abordada é a eleição para reno-var a Diretoria do Sindicato, marcada para o dia 19 de maio. Desmentindo acusações feitas contra a maioria da Diretoria, sobre práticas antidemocráticas na condução da eleição, esse jornal, antecipa, além da data, o cronograma e os encaminhamentos legais necessários, dando a devida transparên-cia a todo o processo eleitoral. O principal destaque foi o DIA INTERNACIONAL DA MULHER, com página completa sobre a história do assassinato das trabalhadoras têxteis nos EUA e reverência à luta de en-frentamento aos preconceitos e à violência praticada contra as mulheres.

Page 50: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol50

Na última semana do mês de março, sai mais uma edição do EXPRESSO. Nela estão colocadas várias orientações sobre novas condições de nosso ACT, mas a principal manchete se refere às eleições do Sindicato, disputada por DUAS CHA-PAS, que, como todos sabiam, eram re-flexo da separação do grupo dirigente. Ao longo do mandato as divergências foram aparecendo e se aprofundando. As difer-entes concepções internas do grupo não atrapalhou o trabalho conjunto em torno dos interesses de todos(as) nós, mas não havia condições de manter mais cinco anos de mandato juntos. As diferenças ex-trapolam a condução do Sindicato, apare-cem amplamente no debate que existe em todo o movimento sindical da região. A Chapa 01 – NOSSA FORÇA É NOSSA HISTÓRIA, é liderada pelo companheiro Ari Germer, Presidente atual; e a Chapa 02 – INDEPENDÊNCIA, UNIDADE E LUTA, é liderada pelo companheiro Lourenço

Klein, candidato a Presidente. Em Chapecó, a partir da eleição de combativos companheiros para a Di-retoria do SINTRACARNES, iniciamos um trabalho conjunto. O SINTRACOL passa a ser o quarto sindicato de rodoviários a in-tegrar o trabalho conjunto realizado pelos sindicatos de Blumenau, Florianópolis e Araranguá. Nos últimos dias do mês de abril e primeiros do mês de maio, o EXPRESSO é publicado contendo uma grande entre-vista com o Coordenador da Comissão Eleitoral, o companheiro Cleiton Muniz, eleito em assembleia geral para esse fim. Ele explica detalhadamente como ocor-rerá o processo eleitoral, como será a cédula e outros detalhes. O debate nos terminais é intenso. O cotidiano da galera se mistura com a acirrada disputa entre as duas chapas. Coisas da democracia... Esse ano é adiada a feijoada do(a) trabal-hador(a), para o período pós eleitoral.

Apesar de grandes embates e acirrada disputa de

posições, as eleições ocorrem no dia 19 de maio, como o pre-

visto, com tranquilidade. A coleta de votos inicia-se na madru-

gada e dura o dia todo. No início da noite as urnas são recolhi-

das ao Sindicato e inicia-se a apuração dos votos. No início da

madrugada seguinte se inicia a festa da Chapa 01, NOSSA FORÇA

É NOSSA HISTÓRIA, que saiu vitoriosa das eleições com 638 vo-

tos, contra 207 votos concedidos a Chapa 02 – INDEPENDÊNCIA,

UNIDADE E LUTA. Houveram, ainda, 04 votos em branco e 11

votos nulos. A posse da nova gestão ocorre em 1º de agosto.

Duas chapas disputam o Sindicato

Eleições ocorrem emclima de tranquilidade

Page 51: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 51

E segue a vidaNo dia 19 de junho ocorre a quinta fei-

joada do trabalhador(a) e o grande sucesso da festa é mostrado no EX-

PRESSO do início do mês de julho, que tem matéria principal sobre a greve da nossa cat-egoria ocorrida em Chapecó. A luta da com-panheirada do Oeste é fruto de nossa ação conjunta, que reúne quatro sindicatos de ro-doviários num grupo chamado de COLETIVO. Lá a greve não foi fácil. A categoria não lutou unificadamente. O patrão se aproveitou disso e de suas ligações com o Poder Público e a PM/SC. Mesmo com todas as dificuldades, re-pressão e ameaças, a intransigência patronal foi quebrada e chegou-se a um acordo, inclusive com garantias futuras contra perseguições. Como já vem acontecendo nos últi-mos anos, o mês de julho se encerra em clima de confraternização da categoria, com o DIA DA CATEGORIA e o ANIVERSÁRIO DO SINDICATO. O já tradicional “Parabéns para Você”, em torno de um belo e gostoso BOLO não pode faltar!

Agosto inicia nesse clima festivo, com a posse da nova Diretoria, momento de reafirmação do compromisso com a manutenção da linha de ação sindical e política adotada, assim como renovação do compromisso com a classe tra-balhadora. Na luta de rua, no enfrentamento di-reto com a patronal, e seus governos, estaremos com quem na luta estiver, mesmo lamentando que a maior parte dos integrantes do campo político no qual estávamos inseridos, em espe-cial os do Fórum dos(as) Trabalhadores(as), a cada dia se degeneravam, trocando a defesa da classe trabalhadora, pelas alianças com pelegos e oportunistas do sindicalismo brasileiro. Nas semanas seguintes tivemos: fechamento do ACT da categoria em Gaspar; e, homenagem, com a entrega de MENÇÃO HONROSA, feita pela Câmara de Verea-dores(as) de Blumenau, ao SINDETRANSCOL, reconhecendo a importância do Sindicato e os relevantes serviços prestados ao transporte da

Eleições ocorrem emclima de tranquilidade

Page 52: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol52

cidade. Companheiras da direção do Sindicato participam de atividade de formação da UBM – União Brasileira de Mulheres. Enquanto isso, integrantes da Diretoria estiveram em Curitiba, onde conheceram, melhor, o funcionamento do sistema de transporte da cidade e tiveram reuniões com dirigentes sindicais de nossa categoria naquela região. No dia 24 realizou-se a Assembleia Geral de abertura da campanha salarial em Blu-menau, quando definiu-se a Pauta de Reivindi-cações, posteriormente, entregue aos patrões, assim como, as linhas gerais de ação sindical para esse período. Em setembro, o Sindicato cumpre mais uma etapa do trabalho de “educação em saúde”, discutindo os benefícios de atividades

físicas e combate ao sedentarismo, grave prob-lema em nossa categoria. Também foi denun-ciada, publicamente, a precariedade de muitos dos ônibus que atendem a população em Blu-menau e em Gaspar, que colocam em risco a segurança e a saúde das pessoas. É o mês de mais uma COPA SINDE-TRANSCOL DE FUTSAL, mas nem tudo anda bem. Entre os dias 8 e 12 de setembro, a pop-ulação do Vale do Itajaí sofre, mais uma vez, com enchentes em função das fortes e con-stantes chuvas. A nova sede do Sindicato fica tomada por mais de um metro e meio de água. Mais uma vez demonstramos nosso poder de rápida recuperação e nos fortalecemos como um povo de luta. Superados os efeitos das in-tempéries, foram retomados os jogos de futsal da categoria e impulsionada a campanha sala-rial, durante todo o mês de outubro. Todo ano é a mesma coisa: negociações que demoram a iniciarem e são arrastadas pelo segmento pa-tronal. Em nova edição, o EXPRESSO DO POVO dialoga com a cidade sobre o transporte e as reivindicações da categoria. Não nos can-samos de explicar a relação entre nossas reivin-dicações e os custos a serem repassados para as tarifas, pois essa é uma questão central. Os patrões e a administração do SETERB não se cansam de enganar a população e divulgar

Page 53: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 53

contrainformações e mentiras no intuito de nos indispor com usuários(as) do transporte. Por isso, com quadros de dados e gráficos de-talhados, de fácil compreensão, mostramos que as tarifas têm aumentado, na média, em aproximadamente 3,5 vezes a mais do que o custo real dos Acordos Coletivos. A população acaba por demonstrar confiança nas nossas in-formações, cansada das manipulações a que é submetida. A forma de condução dos trabalhos de atendimento as novas vítimas das recentes enchentes contribuiu muito nessa disputa. Fica bem caracterizado o oportunismo político, principalmente para justificar a paralisação das obras dos corredores de transporte e a falta de manutenção dos abrigos nos pontos de em-barque/desembarque, espalhados pela cidade. O interesse da elite local em destruir o SINDETRANSCOL não tem limites. No fi-nal de novembro, o então vereador Marcelo Schrubbe entra com projeto de lei para alterar a lei municipal que garante a necessidade de dois(duas) trabalhadores(as) por ônibus, apresentando um estudo onde seria possível diminuir o preço das tarifas, em R$ 0,30, se ex-terminasse a função de cobrador(a). Em pou-cos dias a posição do vereador irresponsável é literalmente massacrada, até mesmo por inte-grantes de seu partido político. É nítida a mera intenção de criar mais factoides para atrapalhar o trabalho do Sindicato e a luta da categoria em campanha salarial.

O debate sobre custos das empresas é abordado em mais uma

edição do EXPRESSO DO POVO, ficando cada vez mais clara a

manipulação de dados e informações do SETERB, cuja função é ser “mais uma sala das empresas”.

A edição do jornal coloca os impasses da negociação, mostrando o quanto é mentirosa a campanha patronal, via imprensa, que caracteriza a categoria como “intransigente e que busca meramente o desgaste político do

prefeito, e de vereadores, com vistas às eleições municipais do próximo ano.” Esses ataques se intensificam em função de algumas pequenas e parciais paralisações que a categoria realiza, para pressionar os patrões a negociarem com mais seriedade. É intenso o debate público e na mesa de negociações. O irresponsável vereador Marcelo Schrubbe anuncia que está proces-sando o SINDETRANSCOL por ter sido chamado, publicamente, de “playboy”. Seria cômico, se trágico não fosse, um vereador de uma cidade com tantos problemas como Blumenau estar se prestando a usar seu mandato público com o ridículo intuito de ajudar os barões do trans-porte. O acerto na estratégia, e a pressão exercida por nosso movimento, acabam por le-var o patronato a ceder em pontos importantes da negociação. Com isso a categoria, reunida em assembleia, decide por aceitar a proposta patronal e fechar o acordo coletivo do próximo ano. A manchete de capa da última edição do ano do EXPRESSO DO POVO questiona: “O que dirão a imprensa e os patrões?”, refer-indo-se ao fato de termos chegado a acordo SEM A GREVE, que insinuavam que era o único objetivo do Sindicato. Mais uma vez, o ano é fechado com a assembleia de aprovação do Plano Orçamentário e de Ação sindical para o próximo período, com a tradicional confraterni-zação de final de ano: todo mundo na fila para receber seu brinde de final de ano.

Page 54: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol54

[2012]

O primeiro número do EXPRESSO no ano, além de trazer temas do cotidiano de trabalho nas empre-

sas, destacou, mais uma vez, a relação en-tre nosso Acordo Coletivo e o aumento de tarifas do transporte, que ocorre, anual-mente, em janeiro. Matéria de grande de-staque, também, foi sobre a importância das CIPAS. Em fevereiro, vários segmentos dos movimentos sociais tomaram as ruas de Blumenau para protestar contra o au-mento do valor das tarifas do transporte. Novamente, o SINDETRANSCOL apoia a luta da juventude e do povo por um trans-porte melhor e demonstra que o preço da tarifa tem subido muito mais que as con-quistas da categoria. O EXPRESSO garante o apoio do Sindicato à luta do povo, e de-staca a importância do Acordo Coletivo recentemente fechado com o segmento patronal, além de publicar os balancetes

financeiros da entidade e convocar a cat-egoria, em Gaspar, para o início da cam-panha salarial. Em março, Acorda, Raimundo! foi o filme utilizado na atividade política do Sindicato no Dia Internacional da Mul-her, primeiro grande ato realizado contra misoginia e em defesa de políticas públi-cas voltadas para a mulher. O EXPRESSO dedicou uma página inteira a cobertura desse evento, assim como em relação à importância das CIPAS em nosso cotidi-ano. Também foi noticiada a atividade de formação sindical com a Diretoria. Em abril, o EXPRESSO convida to-dos para a atividade do 1º de Maio e a tradicional Feijoada, na matéria de capa, destacando a história das datas. Como sempre, traz várias matérias sobre os problemas da categoria e a prestação de contas do Sindicato. Já em maio, o jornal

Ano de eleição municipal ... E de uma prova de fogo

Page 55: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 55

tem na capa imagens de dois históricos momentos: a atividade de 1º de Maio, realizada pelo Sindicato, e a GREVE de nossa categoria em Florianópolis. Destaca ainda, que a categoria se levanta em luta também em outras regiões do país, listando as principais conquistas. A grande novidade, porém, é a APROVAÇÃO DA LEI 12.619/12, a conhecida LEI DOS MO-TORISTAS. Depois de décadas nas gavetas, o Congresso aprova, e a Presidenta Dilma Roussef sanciona, essa lei pode mudar muito nossas vidas, especialmente do segmento rodoviário. Em junho, a companheirada de Gaspar estava “pintada pra guerra”, o que facilita a conquista de um bom acordo co-letivo. As obras no Terminal do Aterro são outro destaque do mês nas tarefas da Di-retoria. Inclusive ocorreu um “trancaço” do estacionamento, num justo protesto da categoria. Com a campanha de Gaspar resolvida, a Diretoria pode se voltar para a organização das atividades alusivas ao dia da categoria, 25/07, e ao aniversário de fundação do Sindicato e nosso tradi-

cional “Parabéns”, com bolos distribuídos nos locais de trabalho. A capa do EXPRESSO de agosto es-tampa a assembleia da categoria abrindo a campanha salarial, mas o grande de-staque são as greves na empresa Santo Anjo, em Florianópolis, e, também, da nossa categoria em Chapecó, a seg-unda em dois anos. A comemoração do ANIVERSÁRIO DO SINDICATO, em 29 de julho, e as primeiras avaliações sobre as eleições municipais, também são destaca-dos pelo informativo. O EXPRESSO de setembro está recheado de novidades e traz uma co-brança direta à categoria, que andava um tanto ausente das atividades da cam-panha salarial em Blumenau. Outro de-staque foi o vitorioso resultado da greve de Chapecó, que serviu para conscientizar a categoria da necessidade da unidade e lutas conjuntas em todo o Estado e no País. É nesse clima que a Pauta de Reivin-dicações é entregue aos patrões e ao Po-der Público, em Blumenau.

Page 56: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol56

Uma das conquistas da campanha da categoria em Gaspar é a inau-guração de uma SALA DE CON-

VIVÊNCIA, toda equipada, no ter-minal central daquele município,

o que contrasta com nossa denún-cia sobre as péssimas condições

do mesmo espaço no terminal do Garcia, em Blumenau.

A empresa Glória havia atrasado o

pagamento de salários e tíquetes alimen-tação em meses anteriores. Com ação do Sindicato, a empresa depositou os valores das multas previstas pelos referidos atrasos, os quais o Sindicato repassou para os trabal-hadores. Ainda em setembro, o Sindicato publica dois Boletins Informativos Extras: um sobre a falta de negociações, já que che-gávamos ao final do mês e os patrões faziam de conta que nada tinham recebido; o outro se referia às eleições municipais, mais uma vez alertando para a importância de um voto consciente, em candidaturas ligadas as nossas lutas. No mês de outubro, finalmente ini-ciam-se as negociações. Foram realizadas três reuniões seguidas, mas os patrões só choramingavam miséria e se negavam a negociar com seriedade. Por isso, o “bicho pegou”. Houveram pequenas e rápidas par-alisações da categoria, o que levou os pa-trões a recorrerem ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Justiça do Trabalho. E não é só de luta que vivemos: tivemos mais uma Copa SINDETRANSCOL de FUTSAL, que foi um sucesso. O mês de novembro nos coloca, literalmente, uma prova de fogo. Quando discutíamos a reta final da campanha salar-ial, a partir do pedido da Presidência do Tri-bunal do Trabalho, para a categoria tivesse “paciência”, nos vimos envolvidos em uma onda de violência, com ônibus sendo alvos

de incêndios em várias regiões do Estado. Nossa Comissão de Negociação pede um tempo ao Tribunal, o que foi imediatamente concedido. O Sindicato publica um jornal EX-PRESSO DO POVO, assumindo compromisso de não encaminhar nenhuma mobilização enquanto a sociedade vivesse aqueles mo-mentos de tensão. Por outro lado, esclarece os impasses da negociação e as mentiras patronais sobre a relação salários e tarifa do transporte. No início de dezembro, com a vida voltando ao normal em todo o Estado, au-mentamos a pressão sobre os patrões e par-alisamos a empresa Glória, que estava sendo a “pedra no sapato” das negociações. Foi o suficiente para “amolecer os corações de pedra” do segmento patronal e chegarmos a ótimo acordo coletivo, encerrando a cam-panha salarial e realizando uma assembleia de planejamento de 2013, com o momento da entrega do “brinde de final de ano”.

SINDICATO E A POLÍTICA

Não podemos fechar a avaliação de-ste ano sem mencionar um intenso debate ocorrido em nosso meio. As

orientações da direção sindical, durante o processo eleitoral municipal, geraram algu-

Page 57: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 57

mas críticas e cobranças por parte da cate-goria. Foi muito bom o acontecido, porque tirando a “meia dúzia” de “ventríloquos de patrão”, o restante das críticas era somente motivada por falta de esclarecimento.

A política é “um dos MAIORES TABUS” criados para enfraquecer os sindica-tos de trabalhadores(as) no Brasil, impedin-do-os de participação mais direta. É assunto no qual os(as) poderosos(as) não brincam em serviço e a “dona Lei” cuida direit-inho, para que o sistema de poder não seja ameaçado.

No senso comum, falar de política é falar só de partidos e eleições, essas coisas, que o Sindicato não tem que se meter. Essa compreensão propositadamente simplista e limitada esconde a verdadeira essência do termo. De origem grega, “politiká” é uma derivação de “polis”, que designa aquilo que é público. Portanto, o significado de política está relacionado com tudo aquilo que diz re-speito ao espaço público. Por isso, todas as pessoas e toda organização coletiva podem e devem participar da política. É preciso enfrentar a lei que discrimina e pretende proibir os sindicatos de trabalhadores(as) de participarem da vida política do país. É fácil compreender porque a classe domi-nante tenta impedir que sindicatos fortes

e representativos orientem os(as) trabal-hadores(as) no momento das eleições: isso diminui muito as chances de corruptos e de patrões se elegerem. A posição do SINDETRANSCOL é clara: sindicatos não podem ser partidariza-dos, dinheiro e patrimônio do Sindicato não podem ser utilizados em campanhas elei-torais. Porém, orientar a categoria, alertar sobre a conduta e história dos(as) candida-tos(as), é OBRIGAÇÃO de qualquer sindicato sério, assim como orientar o voto em candi-daturas da luta popular. E isso foi feito com tranquilidade.

Page 58: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol58

[2013]

Apesar das superstições, o ano foi favorável

É considerado fato que no Brasil o ano só começa depois do carnaval, mas isso é uma meia verdade, pois para

quem trabalha com transporte urbano de passageiros o ano parece nunca acabar, afi-nal as cidades não param, em algumas o movimento diminui em outras aumenta. Claro que há umas pausas no calendário e que em algumas delas, quase todos conseguem dar uma “paradinha”, mas ônibus, seus mo-toristas e cobradores, mais o pessoal do suporte nas garagens, principalmente nas grandes cidades, são obrigados a cumprir es-calas, sempre: sábados, domingos, feriados, copas dos mundo, olimpíadas, comoções nacionais e internacionais. Sempre haverá um ônibus, seu motorista e cobrador.

E é assim também com o Sindicato. Nesses meses de “temporada” as lutas

seguem, afinal as demandas são anuais e além de avaliar e organizar o calendário de lutas, tem a assembleia de Prestação Contas que avalia a execução financeira da entidade no exercício anterior. Contas aprovadas, tão logo o ano inicia (para aqueles que esperam o carnaval passar), o SINDETRANSCOL en-trega a pauta de reivindicações da base de Gaspar e para marcar oficialmente o início a campanha salarial da categoria entrega também a pauta de reivindicações para a empresa Do Vale. No ano de 2013 o fato que mais chamou a atenção nas edições do jornal Expresso foi a venda da empresa Glória e a forma como a empresa veio tratando os problemas criados por conta desta nego-ciação. Em Abril a empresa Glória em meio a uma onda de boatos afirma que honrará

Page 59: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 59

seus compromissos e desmente que esteja a venda. Ao passar dos meses novas situações afetavam a vida dos trabalhadores: atrasos dos salários, planos de saúde suspensos por falta de pagamentos, até mesmo o sindicato deixou de receber os valores que deveriam ter sido repassados, pois foram descontados na folha dos trabalhadores, atitude juridica-mente caracterizada como apropriação in-devida, podendo ser considerada crime. O FGTS também foi afetado, sendo também descontado, porém sem depósito algum. A empresa deixou de pagar horas extras que ocorriam em cursos e reuniões. O descaso afetou também os aposentados. Há dois anos o SINDETRANSCOL vinha questionando o poder público sobre a

real condição da empresa Glória e como po-deria estar em negociações com um grupo que vinha sendo acionado judicialmente por vários “outros negócios” mal resolvidos no ramo de transporte público, em outros es-tados do Brasil? Era uma negociação onde o poder público demonstrou “estar por fora” do que realmente acontecia, foi preciso a paralisação dos trabalhadores do setor para o SETERB se manifestar. O SINDETRANSCOL trabalhou in-cansavelmente na defesa dos direitos dos trabalhadores daquela empresa, realizando inúmeras reuniões, assembleias e diante da intransigência patronal não restou senão o

último recurso, a paralisação dos trabalhos. Tudo para estabelecer uma relação respei-tosa por parte da empresa Glória para com seus trabalhadores. O ano terminou com um jornal criado pela empresa achincalhando os trabalhadores, seu direito à greve, o re-speito que lhes é devido, desrespeitando até mesmo suas religiões, impondo a sua forma grosseira e ilegal, distribuindo bíblias. Na Verde Vale um absurdo também ocorria: a falta de pagamento das férias dos trabalhadores completava um ano de atraso. O SINDETRANSCOL sempre atento, forçou uma reunião com os patrões. Na pauta, além atraso do pagamento das férias, outras questões foram levantadas já que a empresa estava impedindo trabalhadores de gozar seus 30 dias de descanso anuais. O

resultado foi bem positivo com os patrões se comprometendo em tomar uma ati-tude sobre o problema até dia 25 de abril. O Sindicato sugeriu uma solução: contratar novos funcionários ou promover trabal-hadores em funções de garagem e cobra-dores para a função de motorista. A empresa também comprometeu -se em resolver a questão dos uniformes de verão passando a cumprir o determin-ado em acordo coletivo de trabalho, já na próxima temporada. Também por pressão do SINDETRANSCOL, declarou que solucio-naria os problemas de transporte de fun-cionários abrindo mais um horário no fim

Page 60: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol60

da jornada, evitando assim, que os trabal-hadores tivessem que acelerar para chegar na garagem a tempo de poderem retornar às suas moradias.

Os trabalhadores da Volk-

mann passam as ser representados pelo

SINDETRANSCOL por conta de sua combat-

ividade e, pra começo de conversa, chama

uma assembleia que acontece no dia 16

de julho e rejeita a proposta patronal, con-

cedendo-lhes um prazo para reverem sua

posição.

As campanhas salariais tiveram

inicio cedo, em agosto todos já estavam a

postos, mas para variar as empresas dei-x-

aram tudo para ultima hora negociando

novamente em outubro sabendo que a

data base é em novembro, sempre colo-

cando ainda mais pressão na negociação.

Por fim a luta valeu a pena.

Direitos foram garantidos em Gas-

par com aumentos reis de salário e plano

de saúde pago 50% pela empresa. Em

Pomerode pela primeira vez representa-

dos pelo SINDETRANSCOL se obteve uma

grande vitória salarial e com a implan-

tação do anuênio. Em Blumenau a luta

foi grande, mas trouxe excelentes resul-

tados, aumento salarial real, aumento do

anuênio, do tíquete alimentação, redução

de 15 minutos de intervalo, revisão de es-

calas, mesa de negociação permanente e a

Page 61: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 61

[2014]

FevereiroGlória continua descumprindo do ACT o que não será mais tolerado pelo SINDETRANCOL. Mesmo com muitos pro-ble-mas a empresa ainda consegue faltar com respeito para com a religiosidade de cada um de seus trabalhadores. Também investe na disputa da informação com os jornais do Sindicato lançando o “Glorinha” que carrega nas tintas do pelêguismo e puxasaquismo. A empresa cobra ética e moral no trabalho, mas atrasa salários e pagamento do tíquete-alimentação, além de forncecer um cartão que não é aceito na maioria dos estabelecimentos. Também abusa nas dobras e plantões excessivos e depois “doura” a pílula com festas e eventos sem contar com a diminuição do intervalo intrajornada que não é cumprido.

Na Glória continua a enrolação dos novos do-nos da empresa com muito papo furado sem solução alguma e surgem complicações com o cartão do vale-alimentação. Eleições na CIPA: o sindicato chama atenção para eleger gente nossa, que lutam a favor do trabalhador. Ação judicial cobra diferenças na correção dos valores do FGTS. Conquista da redução do intervalo intrajornada. Convênio com o Clube Caça e Tiro de Blumenau. Fim das horas-extras na empresa Volkmann. Sindicato pleiteia local para estacionamento de ônibus. 15 de Janeiro, dia do cobrador de ônibus.

Janeiro

Page 62: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol62

Março e Abril Paralisação de três horas na Glória (10/3) força soluções para problemas já crônicos da empresa. Na segunda rodada de negociação com empresas e Consórcio SIGA foram de-batidos diminuição do intervalo, Fundo de Garantia, Troca de Serviço, Plano de Saúde, Fracionamento das Férias, Atestado Médico e Declaração de Comparecimento, Segu-rança nos Terminais, Vacina contra a Gripe A, Defesa das Multas, Escalas de Finais de Semana. Assembleia Geral dia 26/3. Rodovel leva multa por atraso do vale/adiantamento salarial.Em abril começa a Campanha Salarial em Gaspar e Pomerode e uma Terceira mesa de debates foi programada com patrões para 16 de Maio. Chamada para a 8ª Feijoada do SINDETRANSCOL. Material especial sobre o 1º de Maio no Expresso. Balanço Financeiro do SINDETRANSCOL aprovado.

MaioSindicato protocola ofício solicitando nova rodada com a empresa Do Vale. Volkmann ainda não se manifestou sobre reivindi-cações. Passe livre para todos os trabal-hadores do Consórcio SIGA. Expresso dá as boas vindas aos novos companheiros de tra-balho e de luta. Sindicato acompanha nego-ciações em Florianópolis. Lançamento da 8ª Edição da Copa SINDETRANSCOL de Futsal.

EXPRESSO DO POVOMatéria sobre administração do Prefeito Na-poleão: mentiras ou desinformação? Sindicato pede apoio da população à Greve dos Servidores Públicos. Repúdio aos sindicalistas traidores da classe trabalhadora. Apoio ao Sintraseb e à co-ordenadora Sueli Adriano.

Page 63: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 63

AgostoSINDETRANSCOL completa oito anos de luta (29/7/2014). Em Pomerode, empresa Volk-mann apresenta proposta, que diz ser a úl-tima e Sindicato chama trabalhadores para a luta organizada. SINDETRANSCOL discute nova proposta de encaminhamento. Começa a or-ganização e articulação para a Campanha Sal-arial em Blumenau. Em Gaspar pouco avanço nas negociações com a Do Vale. Assembleia dia 16/8. Ultimato para Glória pagar os 15 minutos do intervalo. Assembleia Geral dia 27/8. Ro-dovel paga multa por descuprir ACT.

NovembroCampanha Salarial de Blumenau: mesa única e proposta única. Categoria conquista melhores salários e melhores condições de trabalho. Trabalhadores aprovam proposta salarial, do tíquete-alimentação, intervalo intrajornada, plano de saúde, férias. Acordo ainda não foi fechado na Volkmann, em Pomerode. SINDETRANSCOL fecha Acordo em Gaspar. Assem-bleia Geral Ordinária (17/12). Final da 8ª Copa SINDE-TRANSCOL de Futsal. Brinde de Natal dia 17/12 na sede do Sindicato. Luta contra atraso no pagamento do FGTS com vitória para a categoria. 2ª Olimpíada dos Associados do SINDETRANSCOL, dias 7 e 14/12.

Foram muitas vitórias para a categoria em todas as bases do COLETIVO de LUTA do qual o SINDESTRANSCOL atua junto com SINTRATURB em Florianópolis que garantiu 700 postos de trabalho (de cobrador). Também em Araranguá, com o SINTTRAVALE a categoria fechou a Convenção Coletiva, que há 3 anos não acontecia. A grande vitória do ano foi apoiar os companheiros do SINTRACRIL de Criciúma, re-tirando os pelegos que há décadas mandavam no sindicato. Agora somos quatro Sindicatos lutando juntos em Santa Catarina, em nossa base avançamos muito, veja: Pomerode, na “Volkmann” chegamos a um bom acordo para a categoria, que recebeu MAIS 2% DE AUMENTO SALARIAL, LINEAR. TODOS(AS) trabalhadores(as) da empresa, inclusive o pessoal da garagem/manutenção. Gaspar, a “Do Vale” contou com mais participação da companheirada e tivemos um Acordo cole-tivo melhor, com aumento consideravelmente do tíquete alimentação, aumento real nos salários e melho-ria no Plano de Saúde e a garantia das demais cláusulas. Blumenau, tivemos o melhor acordo dos últimos anos, o segundo ano sem necessidade de greve, demonstrando que fortalecemos o sindicato e nossa organização política e sindical. O aumento salarial MAIOR do que reivindicamos inicialmente No Tíquete alimentação foi quase TRES VEZES mais que a in-flação. O INTERVALO passou para uma hora e conquistamos o direito de QUATRO FOLGAS CONSECUTIVAS.

Balanço geral fecha a favor dos trabalhadores

Page 64: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol64

Nas próximas páginas, nossa síntese histórica entra por outros cam-inhos da vida da entidade sindical e da galera do transporte. A visão sobre os sindicatos, e de seu papel, é muito contraditória. É muito comum a pala-vra sindicato soar negativamente, em virtude da deliberada confusão e detur-pação de seu papel, propositalmente disseminadas ao longo do tempo. Podem-se encontrar definiçõespara todos os gostos. O SINDE-TRANSCOL nasce a partir de uma com-preensão classista, democrática e popu

-lar de uma entidade que deve ser um instrumento da categoria e de toda classe trabalhadora. Essa compreensão é a mais ampla possível, dando conta dos mais variados aspectos da vida dos(as) trabalhadores(as). As atividades sociais, artísticas, esportivas, de lazer, congraçamento, comemoração, re-flexão,enfim,dasmaisvariadasnature-zas, foram e são impulsionadas e valori-zadas, fazendo do Sindicato um PONTO DE ENCONTRO, não só da categoria, mas das famílias e amigos. Como diz o ditado popular: “nem só de pão vive o homem”. E nós dissemos: “nem só de assembleia vive nossa convivência”. Faremos uma rápida retrospec-tiva das várias atividades, algumas mais antigas e outras mais recentes, que foram desenvolvidas ao longo desses oito anos, as quais motivaram muitas alegrias,emoções, lágrimasesorrisos.Escreveremos pouco, porque imagens falam mais do que mil palavras.

Sem perseguir um caráter competitivo, mas de atrair e unir a categoria e familiares, de divulgar valores coletivos, de convivência e de hábitos de vida mais saudáveis, o esporte é uma atividade muito legal e envolvente que também proporcionou a integração entre os Sincatos parceiros do SINDESTRANCOL. Confira!

E aí?Vamos refletir, comemorar, celebrar, correr e sorrir?

Page 65: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 65

Em nosso país, esporte é sinônimo de futebol. E foi o campeonato dessa modalidade, a primeira atividade esportiva desenvolvida pelo Sindicato, para não falar jogos de cartas de baralho, que é atividade diária nas rodas de conversa. Em 2006, com poucos meses de existência, organizamos um campeonato de futebol Suíço, que coroou os primeiros campeões, a equipe LUNÁTICOS. Nossa galeria dos campeões registra: 2007 - 1a Copa SIndetranscol de Futsal - Asas de Águia2008 - Torneio de Futebol Suiço - Marcílio Dias 2a Copa SIndetranscol de Futsal - Patota Amigos2009 - I Torneio de Furtebol Soccer - MMC 3a Copa SIndetranscol de Futsal - Garcia.com 2010 - II Torneio de Furtebol Soccer - MMC 4a Copa SIndetranscol de Futsal - MMC 2011 - 5a Copa SIndetranscol de Futsal - MMC* 2012 - 6a Copa SIndetranscol de Futsal - Expresso2013 - 7a Copa SIndetranscol de Futsal - Expresso2014 - 8a Copa Sindetranscol de Futsal - Patota do Busão E não pensem, machistas de plantão, que a mulherada ficou fora dessa. Claro que não! E estão batendo um bolão.

FUTEBOL: Aqui ele nasceu SUIÇO e virou FUTSAL

Page 66: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol66

Chegamos a um sonho, quase teimosia, do companheiro Mar-ciano. Com certo descrédito no começo, realizamos a 1a Olimpíada da categoria, que aconteceu entre 13 e 14 de Julho de 2013, no Clube Blumenauense Caça e Tiro com muita “competição”, risadas e resultado muito positivo. Foi uma forma importante de incluir as mu-lheres nas atividades esportivas. A participação de familiares também foi um ponto alto da iniciativa e, em 2014 o sucesso se repetiu no mesmo local.

OLIMPÍADAS:Haja fôlego... para rir!

66

Equipe CampeãTerminal PROEB2013

Page 67: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 6767

Equipe CampeãTerminal PROEB

2014 Equipe Campeã Terminal GARCIA

Page 68: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol68

O mês em que agradecemos cheios de emoção às nossas mães, inicia com uma data especialíssima: 1o

de Maio, mundialmente celebrado como O DIA DO TRABALHADOR. Muito mais do que um simples feriado, no Brasil decretado para tentar esvaziar seu sentido original de resistência, este é um dia de luta, de luto e de comemorações. É dia de luta porque foi assim que nasceu, na cidade de Chicago, em 1886, quando operários em greve pela redução da extensa jornada de trabalho e outros direitos sonegados, foram brutalmente reprimidos pela policia de Estado e milícias patronais. Trabalhadores que lideravam o movimento foram assassinados pelo Es-

É dia de feijoada!tado após julgamentos de exceção, que deveriam envergonhar o judiciário esta-dunidense até os dias de hoje. As sábias pa-lavras de August Spies, uma das principais lideranças, durante seu julgamento e diri-gidas aos juízes/algozes, se tornaram uma profecia, principalmente a partir da decisão de congressos operários internacionais de 1889, que consagraram a data, e das jorna-das de luta que se espalharam pelo mundo nesse dia. Foi imposta à elite patronal o reconhecimento das atrocidades comet-idas e conquistado um dia oficial para refle-tir sobre o papel social do trabalho. Nos primeiros anos a repressão continuava brutal e a luta foi se impondo. Ainda hoje, em todo mundo, há repressão

[Primeiro de Maio]

Page 69: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 69

É dia de feijoada! do Estado sobre manifestações de trabal-hadores(as) nessa data, mas está consol-idada como uma data mundial de con-sagração ao tema. No Brasil, a partir de violência e mortes, o Presidente Artur Ber-nardes acabou sendo obrigado a decretar o dia como feriado, inclusive para tentar esvaziar as manifestações e lutas que ocor-riam. Os patrões, por sua vez, trataram de organizar missas, festas, campeonatos de futebol, churrascos, sorteios e toda sorte de iniciativas que buscam desviar a atenção do trabalhador para o sentido da data e o superar o protagonismo dos sindicatos, e crescentemente, foram ganhando a adesão de direções sindicais pelegas. Infelizmente, mesmo organizações sindicais que nasce-ram classistas e de luta, hoje se apelegaram. Promovem shows e sorteios, geralmente fi-nanciados pelos patrões, para reunir trabal-hadores(as) nesse dia, muitas vezes sequer lembrando as razões da data. É dia de luto,

porque temos que reverenciar milhares de companheiros e companheiras que foram brutalmente espancados(as), presos(as), torturados(as) e mortos(as) ao longo da história, por lutarem por uma vida melhor, por um aumento do estágio civilizatório. É dia de comemoração, porque já avançamos muito e temos conquistas históricas a cel-ebrar e para servir de exemplo para novas lutas. A marca dessa celebração em nossa categoria é a tradicional Feijoada, que reúne as famílias e convidados que participam ativamente em nossas lutas. Nesses encontros, a música, o teatro, a di-versão são parte da vida dos trabalhadores, mas não mascaram o sentido desse dia, onde jamais deixamos de relembrar a história e homenagear nossos heróis e heroínas. É assim, anualmente desde 2007, que o SINDETRANSCOL se fortalece e educa seus representados, marcando um dia que

Page 70: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol70

Muito do que foi dito sobre o Dia do

Trabalhador, serve para o Dia 8 de Março,

dedicado ao DIA INTERNACIONAL DA MUL-

HER. Sem cair na “esparrela de floricultura”,

o SINDETRANSCOL sempre dedicou um

espaço ao debate da questão da mulher.

Especificamente em março, por uma inicia-

tiva de nossa guerreira Marlene Satiro, nos

últimos três anos a Diretoria vem encamin-

hando atividades lúdicas e de reflexão sobre

a questão do feminino em nossa sociedade.

Desde 2012, anualmente em março,

temos reunido as companheiras da catego-

ria e de nossas famílias, para uma atividade

especificamente delas. Naquele ano foi

exibido o curta metragem Acorda, Raimundo

(1990), que relata a agonia de um homem,

machista, que dorme e sonha que vivia numa

sociedade onde as mulheres exercem o pa-

pel masculino, de opressor, e os homens ex-

ercem o papel feminino. Pense no “cagaço”

dos homens diante da realidade de passar o

dia cozinhando, cuidando de filhos, limpando

a casa, lavando roupa e, no início da noite,

ter que aturar a mulher em casa, chegando

do trabalho depois de “tomar umas” com as

É dia de nossas heroínasamigas no bar. Foi muito legal!

Em 2013, foi a vez do teatro dinami-

zar o debate, onde a dramaturga, atriz e

contadora de histórias, Heleninha, através

“dos fios da vida e de seu tear imaginário”,

teceu concretamente a história da ex-

ploração feminina no mundo do trabalho. O

evento aconteceu no dia 09/03. Trouxemos

de volta o cinema como meio de promover

a necessária reflexão sobre o tema. O filme

exibido como abertura do debate e da ativi-

dade gastronômica foi Terra Fria, que retrata

o machismo e o assédio moral e sexual no

ambiente de trabalho. Em seguida houve

um rico debate com a presença da com-

panheira Meri, trabalhadora na empresa

Verde Vale, que se tornou a PRIMEIRA MUL-

HER MOTORISTA no sistema de transporte

de Blumenau.

Para nossa reflexão, fica a frase

de abertura da fala da companheira: “Nos

primeiros dias, até mulheres que chegavam

na porta do meu ônibus, quando viam que

era uma mulher no volante, voltavam a sen-

tar, para esperar o próximo”.

[Oito de Março]

Page 71: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 71

[Julho]

O dia 25 de julho é tradicionalmente considerado o dia dos motoristas. Em nosso sindicato temos tratado como sendo o DIA DA CATEGORIA. O evento mais marcante acontece no dia 29, dia da FUNDAÇÃO DO SINDICATO, como se fosse um presente da vida, ao dia da categoria. Desde 2007, quando completou o seu primeiro ano, as datas são conjuntam-ente celebradas, em cada local de trabalho.

Em torno de um grande bolo, regado pelo café trazido de casa por cada um(a), a categoria se reúne comemorando seu dia e o aniversário do seu INSTRUMENTO DE MUDANÇA. Não esqueçamos que em Blu-menau há mais um motivo para celebrações e reflexões sobre nosso cotidiano. Instituído por lei municipal, votada na Câmara de Ver-eadores, o dia 15 de janeiro foi consagrado como o dia DO(A) COBRADOR(A).

Tem bolo e comemoração

Para fechar cada ano, é realizada no mês de dezembro a assembleia em que se discute o Plano de Ação do Sindi-cato para o ano seguinte. É momento de lembrar do que ocorreu, construir ex-pectativas de um futuro melhor e, tradi-cionalmente, receber aquela lembrança do Sindicato, como reconhecimento da participação de todos nas lutas e nas ativ-i-dades ao longo do ano.

Nos finais de ano tem assembleia e algo mais...

Page 72: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol72

Outro registro essencial de todo o trabalho realizado até aqui, é o grande investi-mento na FORMAÇÃO CULTURAL/POLÍTICA da Direção e da base da categoria. Esse Sindi-cato se transformou numa grande referência de luta e de conquistas em toda a sociedade, portanto, exerce influência para além dos limites da categoria, e se diferencia, especial-mente em meio ao universo de peleguismo e descompromisso com a classe trabalhadora, que a esmagadora maioria dos sindicatos da região demonstram. O trabalho de formação política da base é algo extremamente complexo de ser feito. Desde a relação cotidiana dos(as) dirigentes com a categoria, até chegar nas reuniões e assembleias, o trajeto é longo, e passa por cultivar o interesse pelas atividades sócio-cul-turais-comemorativas, pelos materiais, jornais, boletins, etc. Cada instante dessa relação tem esse sentido de construção de “um novo olhar sobre a realidade”. No conjunto da categoria destacam-se dois grupos, nos quais esse investimento foi mais concentrado e tem métodos mais claros e experimentados de formação: o coletivo de dirigentes do Sindicato; e o coletivo de lideranças intermediárias da categoria; entre os quais estão os(as) Cipeiros(as), os(as) integrantes das Comissões de Negociação e formadores de opinião nos locais de trabalho, entre outros. Palestras, filmes, documentários, debates, aulas expositivas e interativas, viagens de estudo e pesquisa, esquetes teatrais, apostilas, cursos a distância, os convênios com o SEST/SENAT para os cursos de qualificação profissional e obrigatórios para nossa atividade, foram os principais veículos utilizados na formação de toda essa companheirada, em muitos momentos, conjuntamente com companheiros de Araranguá, Chapecó e Florianópolis. Porque “prá representá bonito” a categoria, é preciso estudar e conhecer.

[Formação]Qualificação pra “fazer bonito”

Page 73: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol 73

Apesar de trabalharmos em empre-sas privadas, estamos envolvidos na ope-ração de um SERVIÇO PÚBLICO e, conse-quentemente, no ATENDIMENTO DO POVO. Enquanto trabalhadores(as), fazemos parte de UMA CLASSE SOCIAL. Apesar de claras especificidades em cada categoria profis-sional, temos também muitos interesses, direitos e problemas comuns, independen-temente de se trabalhar numa sala de aula, numa indústria, num ônibus, num comércio ou num banco. É por isso que estivemos juntos(as) em inúmeras lutas sindicais e populares, na região e no Estado todo. Estivemos jun-tos(as) nos momentos mais tristes e trágicos dos fenômenos climáticos que afligem nosso povo no Vale do Itajaí. O Sindicato liderou várias iniciativas, desde a abertura de conta bancária para contribuições financeiras em solidariedade aos atingidos (trabalhadores de nossa categoria ou de outras), até a cen-tralização da arrecadação e distribuição de donativos.

Compromisso público e solidariedade de classe

Page 74: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Sindetranscol74

Um “causo” inesquecível foi o casamento do Seu Joaquim José dos Santos com a Dona Maria, celebrado na Praça, durante atividade da vitoriosa greve de seis dias, de 2007, em meio à luta pela redução da jornada de trabalho. “Seu Joaquim” é cobrador da empresa Glória há XX anos. Sua companheira de vida, Dona Maria, é a sorridente e falante senhora que vendia café e salgadinhos nas imediações do Terminal do Aterro. Populares entre a categoria, viviam juntos há décadas e resolveram se casar formalmente. Só que a data mar-cada acabou ficando em meio à greve decidida pela categoria. Nas palavras de Seu Joaquim: “Que momento melhor poderia ter para fazer a cerimônia reunido com os(as) amigos(as)?”

[Causo de amor e luta]

Page 75: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

Conquistamos o anuênio

Conquistamos o auxilio creche

Conquistamos o vale alimentação

Maior ganho real da categoria em SC

Salários iguais para as três empresas

Redução da jornada

Conquistamos oUniforme verão

Conquistamos o plano de saúde

Page 76: Sindestranscol - Oito anos de lutas web

76

A s s o c i a d o S I N D E T R A N S C O L s a b e q u e n ã o e s t á s ó z i n h o p a r a l u t a r p o r s e u s d i r e i t o s e d e f e n d e r s e u s e n t e s q u e r i d o s .

F i l i e - s e e s e j a p a r t e d a n o s s a f a m í l i a !

s i n d e t r a n s c o l . c o m . b rf a c e b o o k . c o m . / s i n d e t r a n s c o l