sermão nº 1523, a prerrogativa real, por charles haddon spurgeon

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Traduzido do original em Inglês

The Royal Prerogative — Sermon Nº 1523

The Metropolitan Tabernacle Pulpit — Volume 26

By C. H. Spurgeon

Via SpurgeonGems.org

Adaptado a partir de The C. H. Spurgeon Collection, Version 1.0, Ages Software.

Tradução por Camila Almeida

Revisão e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Dezembro de 2014

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com permissão de

Emmett O’Donnell em nome de SpurgeonGems.org, sob a licença Creative Commons Attribution-

NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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A Prerrogativa Real (Sermão Nº 1523)

Pregado na manhã do Dia do Senhor, 15 de fevereiro de 1880.

Por C.H. Spurgeon, no Tabernáculo Metropolitano, Newington.

“O nosso Deus é o Deus da salvação; e a DEUS, o Senhor, pertencem os

livramentos da morte. Mas Deus ferirá gravemente a cabeça de seus inimigos e o

crânio cabeludo do que anda em suas culpas.” (Salmos 68:20-21)

Não importa o que for dito sobre a dispensação do Antigo Testamento, e embora de forma

tênue ela possa ter revelado algumas verdades de Deus, contudo havia uma questão que

era clara como o sol, sob a economia do Antigo Testamento, a saber, o Senhor Deus de

Israel é sempre muitíssimo notável. Deus está em tudo e sobre tudo, e a partir das páginas

dos profetas, assim como dos lábios dos coros do templo, ouvimos soando alto a nota: “O

Senhor reinará eternamente; o teu Deus, ó Sião, de geração em geração. Louvai ao

Senhor” (Salmos 146:10). Pelo sacerdote e profeta, santo e vidente, o testemunho único é

confirmado: “O SENHOR reina”. Você não pode ler o livro de Jó sem tremer na majestosa

presença do Altíssimo. Também não podemos nos voltar para os Salmos sem sermos to-

mados com solene reverência, à medida que você vê Davi, Asafe, Hemã adorando o Senhor

que fez o céu, a terra e o mar.

Em todas as passagens, desde Abraão até Malaquias, o homem é tido em pouca considera-

ção e Deus é tudo em todos. Pouquíssima atenção é dada para quaisquer direitos imaginá-

rios e reivindicações do homem, e o espanto é demonstrado no fato do Criador atentar para

o homem. Não lemos nenhum discurso sobre a dignidade da natureza humana, ou sobre a

beleza do caráter humano, mas Deus, por Si só, é santo e quando Ele olha do Céu Ele não

vê ninguém que faça o bem, nenhum sequer! O homem é envolvido no pó de onde ele

surgiu e para o qual ele retornará. Todo o seu orgulho é extirpado e sua formosura mirrada

e, acima de tudo somente Deus é visto e ninguém ao lado dEle.

Será uma grande ofensa se, entrando na luz mais brilhante do Novo Testamento, formos

menos vívidos em nossas concepções sobre a glória de Deus. Se Deus for menos clara-

mente visto na Pessoa de nosso Senhor Jesus do que quando Ele estava sob os símbolos

da Lei, será culpa de nossos corações cegos. Será prejudicial para nós transformarmos o

dia em noite e, como corujas, vejamos menos por que a luz é aumentada! Que não seja

assim entre nós, mas que seja em nossas igrejas como no antigo Israel, do qual foi dito:

“Conhecido é Deus em Judá; grande é o seu nome em Israel” [Salmos 76:1]. “Havendo

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Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a

nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho” [Hebreus 1:1], e por Ele, como o Verbo

encarnado, Ele se revelou com um esplendor sétuplo, portanto, deve ser o grande deleite

de nossa alma perceber Deus em todas as coisas, nos alegrarmos em Sua presença e

engrandecê-lO em todas as coisas como Rei dos reis e Senhor dos senhores!

O Salmista, neste caso particular, atribui ao Senhor a ação universal e poder sobre nós,

pois ele atribui a Ele as misericórdias da vida e as questões da morte. Ele diz: “Bendito seja

o Senhor, que de dia em dia nos carrega de benefícios” [Salmos 68:19]. O Senhor amontoa

Seus favores até que seu número se acumula na memória e seu valor sobrecarrega os

ombros da gratidão. Ele nos concede tantas misericórdias que a mente é dominada no

esforço para calcular o seu valor! Somos sobrecarregados com um senso de Sua bondade

e a consciência de que não podemos retornar algum agradecimento adequado para tal

abundância de graça diária. Esse é o nosso Deus na vida, Ele será na morte? Ficaremos

sem Ele ali?

Não, bendito seja o Seu nome, “a DEUS, o Senhor, pertencem os livramentos da morte”

[Salmos 68:20]. Seu reino inclui a terra da sombra da morte e todos os seus termos. Nós

não morreremos sem Sua permissão, nem sem a Sua presença! Embora misericórdias

temporais encontrarão o seu fim quando a vida terminar, ainda existem misericórdias eter-

nas que ao longo da vida eterna devem manifestar a bondade do Altíssimo. E enquanto

isso, por salvamentos, recuperações e fugas, seremos preservados de descer ao túmulo

prematuramente.

Se qualquer um de vocês, queridos amigos, foram trazidos para perto das portas da morte;

se foram derrubados pela doença cansativa; se o seu coração se afundou dentro de você

em uma espécie de morte mental, você irá, ao voltar à saúde e à força, mais cordialmente

bendizer ao Senhor, que encontra para nós um caminho para retornarmos das proximi-

dades do sepulcro! Ele não somente é o Deus da vida, mas o Deus na morte. Ele nos

mantém em vida e torna a vida feliz. Ele nos impede da morte e das agências ferozes que

esperam arrastar-nos para o túmulo. Há questões fora da sombria terra limítrofe da doença,

perigo e desespero, e o Senhor nos conduz pela Sua própria mão direita, para conduzir-

nos ao livramento. Será que Ele não diz: “Eu os farei voltar de Basã, farei voltar o meu povo

das profundezas do mar”? [Salmos 68:22]. Devemos e vamos louvá-lO por isso com um

novo cântico! Eu entendo a partir de nosso texto que a morte está na mão de Deus; que os

livramentos da morte são manifestações de Seu poder Divino e que Ele é digno de ser

louvado por eles.

O esboço do discurso desta manhã, como indicado pelo texto, é apenas isso: Em primeiro

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lugar, a prerrogativa soberana de Deus: “a DEUS, o Senhor, pertencem os livramentos da

morte”. Em segundo lugar, o caráter do Soberano a quem essa prerrogativa pertence: “O

nosso Deus é o Deus da salvação”. E, em seguida, em terceiro lugar, a solene advertência

que este grande Soberano dá em referência ao exercício de Sua prerrogativa. Severas são

as palavras! Que o Espírito Santo nos conduza a sentir o Seu poder: “Deus ferirá grave-

mente a cabeça de seus inimigos e o crânio cabeludo do que anda em suas culpas”.

I. Primeiro, então, com profunda reverência, falaremos sobre A SOBERANA PRERROGA-

TIVA DE DEUS. “DEUS, o Senhor, pertencem os livramentos da morte”. Reis estiveram

acostumados a deter o poder da vida e da morte em suas próprias mãos. O grande Rei dos

reis, o Governante soberano e Senhor absoluto de todos os mundos reserva isso mesmo a

Si, Ele permitirá que os homens morram ou lhes dará livramento da morte segundo aprouver

à Sua própria boa vontade e prazer. Ele pode igualmente criar e destruir. Ele envia o Seu

Espírito e eles são criados e em Seu próprio prazer Ele diz: “Voltai, ó filhos dos homens”, e

eis que eles caem diante dEle como as folhas caídas no outono!

A prerrogativa da vida ou morte pertence a Deus em uma ampla gama de sentidos. Pri-

meiro de tudo, quanto à vida natural somos todos dependentes de Sua boa vontade. Nós

não morreremos até o tempo que Ele indica, pois o tempo de nossa morte, como todo o

nosso tempo, está em Suas mãos. Nossas orlas podem roçar nos portais do sepulcro e

ainda atravessarmos o portão de ferro ilesos se o Senhor for o nosso Protetor. Os lobos da

doença nos caçam em vão até que Deus permite-lhes vencer-nos.

Os inimigos mais desesperados podem nos atacar de surpresa, mas nenhuma bala encon-

trará o seu destino em qualquer coração sem que o Senhor o permita. Nossa vida nem

sequer depende do cuidado dos anjos, nem a nossa morte pode ser causada pela malícia

dos demônios. Somos imortais até que nosso trabalho esteja concluído! Somos imortais até

que o Rei imortal chame-nos de voltar à terra onde seremos imortais em um sentido ainda

mais elevado.

Quando estamos muito doentes e mais prontos para desfalecer na sepultura, não precisa-

mos nos desesperar por causa da recuperação, uma vez que as questões da morte estão

nas mãos do Todo-Poderoso: “O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura

e faz tornar a subir dela” [1 Samuel 2:6]. Quando o nosso estado estiver além da habilidade

do médico, não estamos além do socorro do nosso Deus, a quem pertence os livramentos

da morte. Espiritualmente também, essa prerrogativa está em Deus. Estamos, por natureza,

sob a condenação da Lei por causa dos nossos pecados, e nós somos como criminosos

julgados, condenados, sentenciados e enviados para a morte. Pertence a Deus, como o

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grande Juiz, ver a sentença executada, ou emitir um perdão gratuito, de acordo com o que

Lhe agrada! E Ele nos fará saber que é do Seu supremo prazer que este assunto depende.

Sobre a cabeça de um universo de pecadores, eu ouço esta frase retumbante: “Compadecer-

me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia” [Roma-

nos 9:15]. Presos nos laços da morte, como os homens estão devido aos seus pecados,

pertence a Deus perdoar quem Ele quer, ninguém tem qualquer pretensão de Seu favor e

este deve ser exercido mediante mera prerrogativa, porque Ele é o Senhor Deus, misericor-

dioso e clemente e Ele tem prazer em perdoar a transgressão e o pecado. Assim, também,

o Senhor liberta Seu próprio povo crente da “morte, muitas vezes”, que faz parte da

experiência deles. Embora, em Cristo Jesus, nós sejamos libertos da morte como penali-

dade, entretanto muitas vezes sentimos uma morte interior causada pela velha natureza,

que exerce uma influência mortal dentro de nós. Sentimos a sentença de morte em nós

mesmos que não podemos confiar em nós mesmos, mas em Jesus, em quem a nossa vida

está escondida.

Pode ser que por algum tempo as nossas alegrias estejam amortecidas, o nosso vigor

espiritual desvaneça, e dificilmente possamos saber se temos alguma vida espiritual

remanescente dentro de nós. Tornamo-nos como as árvores de inverno cuja substância

existe em si, mas a seiva deixa de fluir e não há nem fruta nem folha para acusar a vida

interior secreta. Nós quase não sentimos uma emoção espiritual nestes tempos tristes e

não nos atrevemos a nos incluir entre os vivos em Sião! Nesses momentos, o Senhor pode

nos devolver a plenitude da vida! Só Ele pode restaurar nossa alma da cova da corrupção

e levar-nos não somente para a vida, mas para tê-la mui abundantemente. Os livramentos

da morte estão com o Espírito vivificador e quando nossas almas apegam-se ao pó, Ele

pode nos revivificar novamente, até que exultemos com alegria indizível!

Como o clímax de tudo, quando realmente viermos a morrer e quando esses nossos corpos

descerão ao túmulo sem piedade, como provavelmente eles irão, nas mãos de nosso

Senhor Redentor estão os livramentos da morte! O arcanjo está agora mesmo esperando

o sinal, uma rajada de sua trombeta será suficiente para reunir os eleitos de todas as terras,

do leste ao oeste, do sul ao norte! Então, a morte, em si, deve desaparecer, e os justos se

levantarão:

“Dos leitos de pó e barro silencioso,

Para os reinos do dia eterno.”

“Eu sou a ressurreição e a vida” [João 11:25], diz Cristo, e Ele é ambos para todo o Seu

povo. Não é Ele a Vida, pois Ele diz: “quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá”?

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Não é Ele a Ressurreição, pois Ele diz: “quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá”?

Aquele resplandecente dia brilhante em que os santos hão de subir com o seu Senhor

mostrará como a Deus, o Senhor, pertencem os livramentos da morte!

A nossa tradução é muito feliz, porque ela traz tantas representações e inclui não apenas

o livramento da morte, a libertação da condenação, renascimento da morte espiritual e o

levantar-se da mortal depressão mental, mas o resgate de estragos diretos da morte pelo

nosso ser ressuscitado novamente do túmulo! Em todos estes aspectos, o Senhor Jesus

tem a chave da morte, Ele abre e ninguém fecha, Ele fecha e ninguém abre. Quanto a esta

prerrogativa, podemos dizer, primeiro, que a Deus pertence o direito de exercê-la. Este

direito advém, em primeiro lugar, dEle ser o nosso Criador. Ele diz: “todas as almas são

minhas” [Ezequiel 18:4]. Ele tem um direito absoluto de fazer conosco o que Lhe agrada,

vendo que Ele nos fez e não nós a si próprios. Os homens se esquecem do que eles são e

vangloriam-se de grandes coisas, mas, na verdade, eles são apenas como o barro na roda

do oleiro e Ele pode formá-los ou pode quebrá-los como Lhe aprouver. Eles não pensam

assim, mas Ele sabe que seus pensamentos são vãos.

Oh! a dignidade do homem! Que tema para um discurso sarcástico! Como o sapo da fábula

se inchou até que explodiu, o mesmo acontece com o homem, em seu orgulho e despeito

contra o seu Criador, que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são

para ele como gafanhotos [Isaías 40:22], e as nações são consideradas por Ele como a

gota de um balde, e como o pó miúdo das balanças [v. 15]. A prerrogativa do Senhor sobre

a criação é manifestamente ampliada moralmente pela nossa perda de qualquer

consideração que possa ter surgido por obediência e retidão se os tivéssemos possuído.

Nossa culpa envolveu a perda de reivindicações na qualidade de criatura, qualquer que

elas pudessem ter sido. Somos todos culpados de alta traição, e cada um de nós é culpado

de rebelião pessoal; portanto, não temos os direitos dos cidadãos, mas jazemos sob sen-

tença de condenação.

O que diz a voz infalível de Deus? “Maldito todo aquele que não permanecer em todas as

coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gálatas 3:10). Estamos debaixo

dessa maldição; a justiça nos sentenciou como culpados, e, por natureza, nós permanece-

mos condenados. Se, então, o Senhor terá o prazer de nos livrar da morte, isto permanece

com Ele para fazê-lo; mas não temos direito a tal libertação, nem podemos usar qualquer

argumento que seria proveitoso nos tribunais de justiça para a reversão da pena ou sus-

pensão da execução. Antes, no tribunal de justiça no que diz respeito ao nosso caso será

difícil fazer qualquer alegação de direito. Seremos expulsos com o desdém do Juiz

imparcial, se nós apelarmos o nosso processo sobre essa base. Nosso procedimento mais

sábio é apelar para a Sua misericórdia e Sua graça soberana, pois somente isto é a nossa

esperança.

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Compreenda-me claramente: Se o Senhor fizer com que todos nós pereçamos, nós ape-

nas receberemos o que merecemos, e nós não temos, nenhum de nós, sequer uma sombra

de reivindicação de Sua misericórdia; nós estamos, portanto, absolutamente nas mãos de

Deus, e a Ele pertencem as questões da morte. Este direito de Deus para salvar é ainda

manifestado pela redenção de Seu povo. Poderia ter sido dito que Deus não tinha direito

de salvar, se ao salvar, Ele diminuísse a Sua justiça. Mas agora que Ele colocou o socorro

sobre Alguém que é poderoso e Seu Filho unigênito tornou-se uma vítima em nosso lugar,

para magnificar a Lei e torná-la gloriosa, o Senhor Deus tem um direito inquestionável de

libertar da morte os Seus próprios redimidos por quem o Substituto morreu! Nosso Deus

salva o Seu povo, em coerência com a justiça, ninguém pode questionar Seu agir correta-

mente, mesmo quando Ele justifica o ímpio. Seu direito e poder sobre os livramentos de

morte são, no caso de Seus próprios entes comprados por sangue, claros como o sol ao

meio-dia e quem discutirá com Ele?

Nosso texto, no entanto, coloca a prerrogativa sobre o único fundamento de senhorio e nós

preferimos voltar a isso. “A DEUS, o Senhor, pertencem os livramentos da morte”. Esta é

uma doutrina que é muito desagradável nestes dias, mas, no entanto, deve ser sustentada

e ensinada: que Deus é um soberano absoluto e age como quer. As palavras de Paulo não

podem ser silenciadas: “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a

coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?” [Romanos 9:20]. O Senhor

não pode agir errado. Sua natureza perfeita é a lei em si! No caso dele Rex é Lex — o Rei

é a Lei! Ele é o manancial e fonte de todos os direitos, verdade, regra e ordem. Sendo abso-

lutamente perfeito em Si mesmo e compreendendo todas as coisas, não é possível para

Ele fazer o contrário do que é correto. Ele é a bondade, verdade e justiça em Si e, portanto,

as prerrogativas do Seu trono não são limitadas e ao Senhor do Céu e da terra pertencem

os livramentos da morte!

Falamos o suficiente sobre essa questão de direito. Eu prossigo para observar que o

Senhor tem o poder dessa prerrogativa. Com Ele está a capacidade de libertar os homens

da morte natural. Jeová Rafá é um Médico que nunca fica perplexo. Medicamentos podem

falhar, mas não o grande Criador de todas as plantas, ervas e medicamentos úteis! Estudos

e experiências podem não ser inovadores, mas Aquele que formou o corpo humano

conhece suas partes mais complexas e em breve pode corrigir seus distúrbios! Deus pode

restaurar nossa saúde mesmo quando uma centena de doenças nos acometem ao mesmo

tempo. Coragem, vocês desfalecidos, e olhem para cima! Certamente, quanto à alma, não

há nenhum caso de homem tão distante que Deus não possa encontrar um livramento de

sua morte. Ele pode expulsar sete demônios e uma legião de pecados diabólicos! Pois a

Deus, o Senhor, pertence os livramentos da morte, embora o pecado seja sujo e desespera-

dora seja a condição causada pela transgressão. Aquele que ressuscitou Lázaro dentre os

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mortos depois de quatro dias pode levantar o mais corrupto da sepultura de suas iniquida-

des. Oh! que pecadores despertados cressem nisso!

Lembro de ter lido sobre um antigo ministro que tinha, há alguns anos, caído em desânimo

profundo. Ele desistiu de seu púlpito e manteve-se por muito tempo isolado, sempre escre-

vendo coisas amargas contra si mesmo. Por fim, quando ele estava em seu leito de enfer-

midade, um servo de Deus foi enviado a ele, que lidou sabiamente com ele. Este bom

homem disse ao desesperançado: “Irmão, você crê nesta passagem: ‘Portanto, pode

também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus’?”, “Eu creio nisso”, ele

disse, “com todo o meu coração, estou convencido”, aqui o outro o deteve: “Eu não

perguntei quais são as suas convicções, nem o que seus sentimentos podem ser, mas eu

vim para te dizer que o homem que confia nessa promessa vive”. Esta declaração simples

do Evangelho foi feita, pelo Consolador Divino, o meio de suprema consolação para o

desesperançado!

Que ela possa ser igualmente útil a todos aqueles que a ouvem. Aquele que pode pendu-

rar a esperança de sua alma sobre a capacidade infinita de Cristo para salvar, é um ho-

mem salvo! Aquele que crê nEle tem a vida eterna! Que bênção é essa! O Diabo pode me

dizer que eu nunca escaparei da morte merecida e que eu estou preso para sempre por

causa dos justos resultados das minhas transgressões. Minha própria consciência, conhe-

cendo minha indignidade também pode me condenar milhares de vezes! Mas a Deus, o

Senhor, pertencem os livramentos da morte e Ele pode e me arrebatará do meio das garras

da morte, pois acredito nEle! Ele é capaz de trazer aqueles que Ele ordena, para poupar

até mesmo da extrema profundeza do desespero!

O direito absoluto de Deus é apoiado pela onipotência e, portanto, Sua prerrogativa torna-

se um fato. E isso não é tudo, o Senhor tem efetivamente exercido essa prerrogativa em

abundantes casos. Quanto a esses livramentos de morte, que são vistos na restauração da

doença, não preciso lembrar que estes são abundantes o suficiente. Às vezes, estes têm

vindo de forma milagrosa, como quando Ezequias teve sua vida prolongada em resposta à

oração, e quando muitos outros foram curados pelo Salvador e Seus Apóstolos. A vida tem

sido preservada na cova dos leões e na barriga de um peixe; em uma fornalha ardente e

no coração do mar. A morte não tem flecha na sua aljava que possa ferir o homem a quem

Deus ordena viver! Fora do perigo iminente, o Senhor ainda liberta em meio ao curso normal

da providência e há pessoas presentes, nesta manhã, que são provas de Seu poder de

interposição. Ele levantou alguns de nós a partir de prostração do corpo e da depressão de

espírito. Ele salvou outros de naufrágio e incêndio de forma muito singular e aqui estamos

nós, vivendo para louvar a Deus, como fazemos neste dia!

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Deus tem exercido essa prerrogativa espiritualmente. Em que miríade de casos Ele libertou

almas da morte! Pergunte acolá, aos anfitriões vestidos de branco no céu: “Deus não de-

monstrou a vocês o Seu poder soberano para salvar?”. Pergunte a muitos aqui abaixo que

provaram que Ele é misericordioso e eles te dirão: “Ele me salvou”. De acordo com a Sua

misericórdia, concedeu um perdão gratuito, assinado por Sua mão real, dizendo: “Livre-o

de descer à cova, pois eu encontrei um resgate”. Por que Sua soberania foi interposta para

nos resgatar da morte não sabemos explicar. Nós muitas vezes perguntamos: “Por que eu

fui levado a ouvir Sua voz? Como eu fui escolhido para viver?”. Contudo, permanecemos

em silêncio, com grata admiração, e não inventamos nenhuma resposta! A vontade Divina,

apoiada pelo poder Divino, operou o propósito soberano de amor e aqui estamos, salvos

de uma morte tão grande por meio do amor invencível. Sim, de fato, a Deus, o Senhor,

pertencem os livramentos da morte!

Venham, então, irmãos e irmãs, que Ele tenha toda a glória por isso! Se vocês estão vivos

depois de uma longa doença, bendizei o Senhor, que perdoa todas as nossas iniquidades,

quem sara todas as nossas enfermidades! Se vocês estão salvos da condenação nesta

manhã e o sabem, bendizei o Senhor que nos aceita no Amado! Se vocês sentem, neste

momento, que a morte do pecado não tem domínio sobre vós, pois a vida da graça reina

interiormente, então bendigam ao Senhor, que vos vivificou e nos fez andar em novidade

de vida! Glorifiquem o Seu nome neste dia, a Quem, em amor por suas almas, libertou-os

do abismo da corrupção e lançou todos os seus pecados para atrás de Suas costas! Outros-

sim, se vocês têm uma gloriosa esperança de uma ressurreição abençoada e sentem que

vocês podem sorrir na morte porque Deus sorri para vocês, então bendigam ao Senhor,

que vos ressuscitará no último dia! Seu Redentor vive e vocês viverão, porque Ele vive!

Portanto batam palmas com santa alegria! Bendigam ao Nome todo-glorioso dAquele a

Quem pertencem os livramentos ou libertações da morte.

II. Assim, eu expus a prerrogativa. E agora, em segundo lugar, sigam-me com os seus pen-

samentos enquanto eu mostro O CARÁTER DO SOBERANO em quem essa prerrogativa

é investida. Não podemos, em cima desta terra, exibir muito amor a príncipes humanos que

afirmam domínio absoluto. O imperialismo não é a nossa posição. Entre as piores maldições

que já caíram sobre a humanidade estão os monarcas absolutistas, hoje em dia os homens

os repelem como Paulo sacudiu a víbora no fogo. Que o Senhor conceda que vejamos o

fim da última das dinastias despóticas e que as nações sejam livres. Não podemos suportar

um tirano e ainda se pudéssemos ter déspotas absolutamente perfeitos, humanamente

falando, essa não poderia ser a melhor forma de governo.

Certamente, o grande e eterno Deus, que é o Rei dos reis e Senhor dos senhores, é abso-

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lutamente perfeito e podemos estar muito contentes em deixar todas as prerrogativas e

investir todos os poderes em Suas mãos. Ele nunca pisou os direitos do mais vil, nem

esqueceu o mais fraco. Seu pé não esmaga um verme desnecessariamente, nem Ele

matou uma mosca com injustiça. Ele nunca fez uma maldade, nem operou uma injustiça.

Nós oprimimos os outros, mas o Juiz de todos não oprime a ninguém! O Senhor é santo

em todos os Seus caminhos e Sua misericórdia dura para sempre e as prerrogativas mais

amplas são apresentados de forma segura em tais mãos.

Nosso texto nos diz ainda mais, isto é, nas mãos de quem os livramentos da vida e da morte

são deixados: “O nosso Deus é o Deus da salvação”. Pecador, a sua salvação pertence a

Deus, mas, por isso, não fique desencorajado, pois este Deus, em quem o assunto repousa

é o Deus da salvação, ou de “salvações”, pois assim está no Hebraico. O que queremos

dizer com isso? A Escritura quer dizer, em primeiro lugar, que a salvação é o mais glorioso

de todos os desígnios de Deus. Desde que o mundo foi feito, o trabalho de salvação foi

executado por meio de Sua história como um fio de prata. O Senhor fez o mundo e iluminou

a lua e as estrelas e estabeleceu o céu, a terra e o mar em ordem, com os Seus olhos sobre

a salvação em todo o arranjo. Ele regulou todas as coisas pelo Seu supremo governo, com

o mesmo fim.

As grandes rodas de Sua providência estiveram girando esses 6.000 anos diante dos olhos

dos homens e entre eles. E em suas costas uma mão sempre esteve se movendo para

realizar cada movimento quanto à questão final, que é a salvação dos que estão na Aliança!

Este é o objeto mais querido para o coração de Jeová. Ele ama salvar! Deus estava conten-

te com a criação, mas não como Ele está com a redenção. Quando Ele fez os céus e a

terra, foi uma obra comum para Ele. Ele apenas falou e disse: “É bom”. Mas quando Ele

deu Seu Filho para morrer, de modo a redimir o Seu povo, e quando os Seus eleitos iam

sendo salvos, Ele não falou com de maneira breve como na criação: Ele cantou! Não está

escrito: “calar-se-á por seu amor, regozijar-se-á em ti com cânticos”? (Sofonias 3:17,

tradução literal).

A redenção é uma questão sobre a qual o Senhor canta! Você é capaz de imaginar o que

deve acontecer para Deus cantar? Para o Pai, Filho e Espírito Santo irromperem em um

hino de júbilo sobre a obra da salvação? Isso ocorre porque a salvação é muitíssimo querida

ao coração de Deus, e na qual toda a Sua natureza está mais intensamente envolvida. O

juízo é a Sua obra estranha, mas Ele Se deleita na misericórdia! Ele tem demonstrado

muitos atributos na realização de outras obras, mas nesta, Ele revelou todo o seu Ser. Ele

é visto nesta como mui poderoso para salvar. Nisto, Ele desnudou Seu braço. Para isso,

Ele tomou o Seu Filho do Seu seio. Para isso, Ele fez com que Seu Unigênito fosse ferido

e levado a sofrer. A salvação é o propósito eterno do mais íntimo do coração de Deus e por

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meio dela Sua maior glória é revelada! Esse, então, é o Deus a quem pertencem os livra-

mentos da morte, o Deus cujo desígnio grandioso é a salvação! Cantai ao Seu nome e

exultai que o Senhor reina, o Senhor é a minha força e o meu cântico, e também se tornou

a minha salvação.

Se você perguntar, mais uma vez, o que isso significa: “O nosso Deus é o Deus da salva-

ção”, lembramos que as obras mais encantadoras que o Senhor tem realizado foram as

obras de salvação. Salvar os nossos primeiros pais no portão do Éden e dar-lhes uma

promessa de vitória sobre a serpente foi a alegria de Deus. Abrigar Noé na arca também

foi Seu prazer. O afogamento de um mundo culpado era necessário, mas a salvação de

Noé foi agradável ao Senhor, nosso Deus. Ele destruiu a terra com a mão esquerda, mas

com a mão direita Ele guardou os únicos justos que encontrou. Salvar o Seu povo é sempre

a Sua alegria, Ele prossegue nisso avidamente! Montou um querubim e voou, sim, voou

sobre as asas do vento, quando Ele veio libertar Seus escolhidos! Que proclamação Ele

faz sobre a Sua obra salvadora no Mar Vermelho! Toda a Escritura está cheia de alusões

à grande salvação da escravidão no Egito e até no Céu eles cantam o cântico de Moisés,

servo de Deus, e o cântico do Cordeiro.

O Antigo Testamento parece tocar esta nota: “Cantai ao Senhor, porque gloriosamente tri-

unfou; e lançou no mar o cavalo com o seu cavaleiro” [Êxodo 15:21]. O Senhor se alegrou

muito ao fazer um caminho através do deserto e um caminho através das profundezas para

o Seu próprio povo, para que pudesse operar a salvação para eles no meio da terra. Depois,

no Antigo Testamento, como eles mantêm os registros de salvações! Há o registro dos reis

que oprimiam o povo, mas quão dedicadamente eles gastam tempo descrevendo a maneira

em que Deus redimiu Israel de seus adversários. Que nota de alegria há sobre Golias que

foi morto e o filho de Jessé trazendo sua cabeça ensanguentada, e Israel liberto da jactância

da Filístia! Eles bem disseram: “O nosso Deus é o Deus da salvação”. Ele tem prazer nos

atos da graça, estes são os Seus deleites. Estas são Suas recreações. Ele sai em Suas

vestes reais e coloca a Sua coroa com joias quando Ele se levanta para salvar o Seu povo

e, portanto, Seus servos, clamam bem alto: “Bendizei, povos, ao nosso Deus, e fazei ouvir

a voz do seu louvor, ao que sustenta com vida a nossa alma, e não consente que sejam

abalados os nossos pés” [Salmos 66:8-9].

Este, então, é o Deus em quem está investida toda a soberania sobre os livramentos da

morte. Ele tem prazer, não na destruição, mas na salvação dos filhos dos homens! Onde a

prerrogativa estaria melhor colocada? “O nosso Deus é o Deus da salvação”, também

significa que no tempo presente o Deus que é pregado para nós é o Deus da salvação.

Vivemos, neste momento, sob a dispensação da misericórdia. A espada é embainhada, a

balança da justiça é afastada. Essa balança não está destruída e aquela espada não está

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quebrada, nem mesmo está anulada, mas, por um tempo, ela repousa em sua bainha. Hoje,

sobre todas as nossas cabeças se estende o cetro de prata do amor eterno. Um coro ange-

lical ouvido pela primeira vez pelos pastores em Belém, persiste, ainda, nas regiões

celestes, se você tem ouvidos para ouvi-lo: “Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa

vontade para com os homens” [Lucas 2:14].

O reinado mediatório de Cristo é aquele de múltiplas salvações. “Vinde a mim, todos os que

estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” [Mateus 11:28] é o anúncio salvífico do

Deus que reina! O Deus da era Cristã é o Deus da salvação. Ele é apresentado diante de

nós como vindo buscar e salvar o perdido! Ele habita entre nós pelo Seu Espírito permanen-

temente, não como um Juiz punindo criminosos, mas como um Pai recebendo Seus filhos

errantes em Seu seio e alegrando-se com eles, uma vez mortos, mas agora vivos! Deus,

em Cristo Jesus, nosso Deus e Salvador Jesus Cristo, é Aquele que vivifica a quem Ele

quer e é ordenado a dar a vida eterna a todos quantos o Pai Lhe deu. Onde mais todo o

poder poderia ser colocado com mais segurança? Mais uma vez: “O nosso Deus é o Deus

da salvação”, ou seja, para àqueles que pertencem à Sua Aliança, aqueles que podem

chamá-lo de “nosso Deus”, Ele é especial e enfaticamente o Deus da salvação. Não há

destruição para aqueles que O chamam de “nosso Deus”, pois, “agora nenhuma conde-

nação há para os que estão em Cristo Jesus” [Romanos 8:1]. Jesus não veio para condenar

o mundo, mas para que o mundo, por meio dEle, fosse salvo. “Porque este Deus é o nosso

Deus para sempre; ele será...”, nosso destruidor? Não, “Ele será nosso guia até à morte”

[Salmos 48:14]. Este Deus é o nosso sol e escudo e Ele dará graça e glória. Agora,

observem bem este fato: nós, que com fé invocamos ao Senhor, “nosso Deus”, nesta

manhã vos diremos que fomos salvos inteiramente pela graça soberana de Deus e não

através de qualquer melhoria natural provinda de nós mesmos, nem através de qualquer

coisa que nós tenhamos feito para merecer o Seu favor.

Foi porque Ele olhou para nós com consideração piedosa e bondosa, quando estávamos

mortos em pecado que, portanto, vivemos! Quando estávamos deitados em nosso sangue

e em nossa imundícia, Ele passou no tempo de amor e nos disse: “Vive”. Se Ele tivesse

passado e nos deixado para morrer, Ele teria sido infinitamente justo ao fazê-lo, mas Seu

coração O inclinou a fazer de outra maneira. Ele olhou para nós e disse: “Vive”, e nós vive-

mos e nós bendizemos ao Seu nome, de forma que ainda estamos vivendo e louvando a

Sua eterna e infinita misericórdia! Aquele que diz: “eu mato, e eu faço viver” [Deuteronômio

32:39] é Aquele que nos vivificou, embora nós estivéssemos mortos em nossos delitos e

pecados! Certamente, Aquele que exerceu Sua prerrogativa, tão gentilmente para conosco,

pode ser confiável para exercê-la para com todos os que vêm a Ele de acordo com o Seu

convite gracioso!

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Se houver qualquer homem que diz: “Alegro-me com a eleição de Deus, porque, embora

Ele tenha me salvado, deixou os outros a morrer”, eu não desejo ter nenhuma simpatia com

o seu espírito. Minha alegria é de um tipo muito diferente, pois eu argumento que Aquele

que salvou um tal indigno como eu sou, não lançará fora ninguém que vem a Ele pela fé!

Sua eleição não é estreita, pois abrange um número que ninguém pode contar, sim, todos

os que hão de crer em Jesus! Ele espera para ser misericordioso e aquele que vem a Ele,

Ele de maneira nenhuma o lançará fora. A festa de casamento precisa de inúmeros convi-

dados e todos os assentos devem ser preenchidos. Desejamos que toda a raça humana

pudesse vir e aceitar as disposições do amor infinito e estamos ansiosos para ir para as

ruas e valados e compeli-los a entrar! Nós nos alegramos em saber que, se qualquer

homem está excluído de Cristo e da esperança, ele trancou a si mesmo do lado de fora,

embora, ao mesmo tempo, sentimos que, se alguém está sendo trazido para o lado de

dentro, este alguém não levou a si mesmo para dentro, antes a graça imerecida operou a

sua salvação. A justiça governa na condenação, mas a graça reina na salvação!

Na salvação devemos atribuir tudo à graça, de forma absoluta e sem reservas. Não deve

haver nenhuma gagueira sobre esta verdade de Deus! Alguns começam a dizer “graça”,

mas eles não terminam com a palavra, eles a gaguejam terminando em “livre-arbítrio”. Isso

nunca funcionará! Isso não está de acordo com o ensinamento da Sagrada Escritura, não

está de acordo com os fatos. Se há aqui alguém que pensa que foi salvo como o resultado

de sua própria vontade, à parte da poderosa graça de Deus, deixe-o jogar o chapéu para

cima e engrandecer a si mesmo para sempre: “Glória à minha boa disposição!”. Mas, quanto

a mim, cairei aos pés do trono de Deus e direi: “A graça reina pela justiça para a vida eterna,

por Jesus Cristo. Tivesse Tu, ó Deus, me deixado em minha própria vontade, eu ainda con-

tinuaria a desprezar o Teu amor e a rejeitar a Tua misericórdia”.

Certamente, todo o povo de Deus concorda que este é o fato em seu próprio caso, no en-

tanto, embora isso seja diferente, teoricamente, da declaração geral. Sim, a prerrogativa de

vida e morte está em boas mãos, está nas mãos dAquele que é o Deus da nossa salvação

e rogo a todos aqui presentes que não são salvos, a serem encorajados a se curvarem

diante do trono do grande Rei e clamarem pela misericórdia dAquele que está sempre

pronto para salvar! Vá para casa e tente merecer a salvação e você perderá os seus esfor-

ços! Prossiga em adequar a si mesmo para receber a misericórdia e forjar algum bem que

possa atrair a atenção de Deus e você enganará a si mesmo e insultará a majestade do

Céu!

Mas, venha como você está, totalmente culpado, vazio, sem mérito e caído diante do gran-

de Rei que você tão frequentemente provocou e rogue a Ele, que em Sua infinita miseri-

córdia, apague as suas transgressões, mude a sua natureza e faça de você uma proprie-

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dade Sua e veja se Ele te rejeitará! Não está escrito: “Mas contigo está o perdão, para que

sejas temido” [Salmos 130:4]? E mais uma vez: “o que vem a mim de maneira nenhuma o

lançarei fora” [João 6:37]. Seu trono é um trono da graça! A misericórdia está para sempre

posta diante dEle! Ele é o Senhor, Deus misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e

grande em benignidade! Alguma vez, foi rejeitado algum penitente que pediu perdão aos

Seus pés soberanos? Nunca! Nem tal caso ocorrerá enquanto a terra permanecer.

Se você tentar comprar o Seu favor, você será recusado. Se você reivindicá-lo como um

direito, você será rejeitado. Mas se você vier e aceitar a salvação da caridade Divina e a

receber por meio da expiação de Cristo Jesus, o Senhor, você encontrará um livramento

da morte! Ouça o testemunho de Jeremias e seja encorajado a prostrar-se diante do Se-

nhor: “Invoquei o teu nome, Senhor, desde a mais profunda masmorra. Ouviste a minha

voz; não escondas o teu ouvido ao meu suspiro, ao meu clamor. Tu te aproximaste no dia

em que te invoquei; disseste: Não temas. Pleiteaste, Senhor, as causas da minha alma,

remiste a minha vida” [Lamentações 3:55-58].

III. Nosso último dever é ouvir A SOLENE ADVERTÊNCIA DE NOSSO SOBERANO

SENHOR. Um novo deus tem sido ultimamente criado entre os homens, o deus do “cristia-

nismo” moderno, o deus do pensamento moderno, um deus feito de mel ou açúcar. Ele é

todo clemência, bondade, mansidão e indiferente quanto à questão do pecado. Justiça não

há nele e quanto à punição pelo pecado, ele não a conhece. O Antigo Testamento, como

você está, sem dúvida, ciente por meio dos sábios deste mundo, tem uma visão muito

severa de Deus e, portanto, a sabedoria moderna coloca-O de lado. Na verdade, metade

da Palavra de Deus está desatualizada e tornou-se um desperdício de papel!

Embora o nosso Senhor Jesus não veio “destruir a Lei ou os Profetas”, mas cumpri-los,

contudo os avançados pensadores destes tempos iluminados nos dizem que a ideia de

Deus no Antigo Testamento é falsa. Temos que acreditar em um novo deus que não se im-

porta se o que fazemos é certo ou errado! “Por sua disposição todos virão para o mesmo

fim. Pode haver alguma distorção por algum tempo por alguns que são bastante incorrigí-

veis, mas, finalmente tudo se endireitará. Viva como você gosta! Vá e blasfeme e beba. Vá

e oprima os povos e faça guerras sangrentas e aja como quiser. Por meio do patriotismo,

você estará bem quando tudo acabar!”. Este é aproximadamente o credo moderno que

envenena toda a nossa literatura.

Mas deixe-me dizer por Jeová: isso não será como os homens sonham! Jeová, o Juiz de

toda a terra, tem que cumprir o direito. O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó é o Deus

de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, Ele será chamado o Deus de toda a terra. Ele

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não mudou nem uma partícula na severa integridade de Sua natureza e Ele, de modo

algum, poupará o culpado! Leia, a seguir, o último versículo do nosso texto e creia que é

tão verdadeiro hoje como quando foi escrito pela primeira vez e que, se o próprio Jesus

estivesse aqui, o Ser manso e humilde, Ele poderia dizer isso em tom de terna solenidade,

mas Ele proferiria dizer o mesmo, a saber: “Deus ferirá gravemente a cabeça de seus

inimigos e o crânio cabeludo do que anda em suas culpas”. É evidente a partir destas

palavras que Deus não é indiferente ao caráter humano. Nosso Deus conhece os Seus

inimigos. Ele não os confunde com os amigos, nem os trata como tais. Ele considera a ini-

quidade como uma transgressão e, portanto, Ele não quebrou os limites da Lei, nem as

fronteiras do direito, ainda há ofensas e Deus as percebe e as observa, e os tais que

continuam em seus pecados estão provocando a Sua longanimidade e provocando a Sua

justiça! Deus não dorme, nem dormita diante do pecado humano, mas convoca a todos os

homens em todos os lugares que se arrependam! E é claro, também, que Deus tem o poder

para ferir aqueles que se rebelam contra Ele.

Não sonhem confiando que leis naturais resguardarão os ímpios: “Deus ferirá gravemente

a cabeça de seus inimigos”. Eles podem erguer aquelas cabeças tão alto quanto quiserem,

mas não podem estar fora do alcance das Suas mãos! Ele não apenas ferirá seus calca-

nhares, ou ferirá as costas com golpes que podem ser curados, mas em suas cabeças Ele

fará golpes fatais e abatera até o pó. Ele pode fazê-lo e Ele o fará! Eles podem ser muito

fortes e seu couro cabeludo coberto de pelos pode indicar força inabalável, mas eles não

podem resistir à onipotência! Pode não haver nenhum sinal até agora da calvície, que

advém da fraqueza ou da escassez de cabelo que é um sinal de velhice, mas vãos são

aqueles que se vangloriam do vigor, mesmo em seu apogeu Ele pode fazê-los murchar

como a erva do campo!

O orgulho pode gloriar-se de sua beleza — seu crânio cabeludo, como o de Absalão, pode

ser sua glória —, mas como o Senhor fez o cabelo de Absalão ser o instrumento de sua

desgraça, assim Ele pode fazer a vanglória do homem ser a sua ruína. O orgulho vem antes

da destruição e um espírito altivo, antes da queda. Ninguém está fora do alcance de Deus,

e nenhuma nação também! Os grandes estão altivos sobre os seus lugares elevados e eles

falam sobre a “multidão vulgar”, e desprezam os piedosos da terra. Quanto às raças estran-

geiras, quão pouco eles O estimam, embora o Deus único fez a todos eles! Populações e

nações, o que são? Mera comida para o pó quando uma nação orgulhosa é estabelecida

sobre o seu próprio engrandecimento. Derrubam seus reinos, abatem seus defensores

patrióticos, avermelham a terra com sangue, queimam suas casas, fazem passar fome as

suas mulheres e crianças. Deus não os conhece e não há ali julgamentos do Altíssimo?

Nós somos um grande povo, e temos homens, navios e dinheiro. Quem nos convocaria a

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prestar contas? No entanto, deixem, ainda, a pequena fala ser ouvida! Assim diz o Senhor

para uma grande nação do passado: “Porque confiaste na tua maldade e disseste: Ninguém

me pode ver; a tua sabedoria e o teu conhecimento, isso te fez desviar, e disseste no teu

coração: Eu sou, e fora de mim não há outra. Portanto sobre ti virá o mal, sem que saibas

a sua origem, e tal destruição cairá sobre ti, sem que a possas evitar; e virá sobre ti de

repente desolação que não poderás conhecer” [Isaías 47:10-11]. De tais castigos, bom

Senhor, livrai-nos! Quando o Senhor coloca as mãos à obra de vingança, Sua matança será

terrível, mesmo até uma derrota total, pois fará cair um uma matança sobre a cabeça!

Se Ele não ferir os Seus inimigos até a hora da morte, que golpe eles receberão! Eles se

gabam de sua justiça própria, ou de sua grandeza, mas, o terror os acometerá, no último

momento; enquanto eles sonham com o céu, eles serão lançados para dentro da insondável

profundidade, ali receberão a recompensa eterna de sua rebelião audaz contra o seu Rei!

Guerreiros da antiguidade, quando iam para a batalha, muitas vezes raspavam todo o cabe-

lo, exceto aqueles cachos que estão na parte de trás do couro cabeludo. No entanto, quan-

do se viravam para fugir frequentemente acontecia que eles eram agarrados por seus

perseguidores pela sua cabeleira! Deus não costuma pegar os ímpios pelo tope-te, pois Ele

tem muita paciência e tolerância com eles. Em casos especiais, como quando os homens

jovens por meio de hábitos dissipados apressam a sua condenação, ele os toma pela frente,

mas como regra, Ele espera para ter misericórdia. E mesmo assim Ele os suporta enquanto

eles permanecem impunes, pois por fim, Ele agarra o seu crânio cabeludo. Se por oitenta

anos a infinita paciência permitiu que um homem continue em sua rebelião, contudo se ele

continua em suas culpas, ao fim, Deus deve enfiar a mão em seu crânio cabeludo e o agar-

rará para a sua própria destruição!

Convertei-vos, sim, vocês que não conhecem a Deus! Convertam-se diante de Sua repre-

ensão, nesta manhã, pois a repreensão significa amor! E se eu usei palavras duras, é por-

que o meu coração está honestamente desejoso de que vocês se arrependam e escapem

para Aquele que tem em Seu poder os livramentos da morte! Eu não sou como os bajula-

dores acolá que lhe dizem que há um pequeno inferno e um pequeno deus, de onde vocês

naturalmente inferem que podem viver como quiserem. Ambos, você e eles perecerão

eternamente, se acreditarem neles! Há um inferno terrível, pois há um Deus justo!

Convertei-vos a Ele, suplico-vos, enquanto ainda, em Cristo Jesus, Deus coloca a miseri-

córdia diante de vocês! Ele é o Deus da salvação e suplica-lhes para que venham e acei-

tem a Sua grande graça em Cristo Jesus. Que o Senhor abençoe esta palavra de acordo

com Sua própria mente e a Ele seja o louvor, para sempre e sempre. Amém.

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10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Baixe estes e outros e-books gratuitamente no site oEstandarteDeCristo.com.

— Sola Fide • Sola Scriptura • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —

Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.