Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº 1295

Setembro/2013

Semiárido mais eficiente, sem tristeza e com mais prosperidade

“A situação poderia ser bem pior pela falta de muita coisa, mas somos felizes porque temos união para superar as dificuldades”.

O casal João Valdeci e Maria mora na pequena comunidade de Jatobá, Massapê, distante 252 km de Fortaleza, eles residem na localidade a mais de 30 anos e têm dois filhos. Seu Valdeci participa da associação, do sindicato e ainda coordena a casa de sementes da comunidade. Dona Maria não tem o mesmo tempo do seu Valdeci para estar nas atividades da comunidade, ajuda como pode, ela cuida dos afazeres da casa e seus arredores com a criação de galinhas, horta, e dedica maior parte do tempo cuidando do filho de 25 anos que tem síndrome de down.

Seu Valdeci conta que hoje vive no paraíso, mas já sofreu muito com a fome, que viu de perto, e a limitação de saúde do filho. “Foi difícil super todas essas dificuldades e aceitar o problema de saúde do nosso filho, a gente não sabia como fazer nem cuidar”.

Na mistura do desespero e esperança mudaram para Fortaleza e foram morar na casa de familiares. Contam que por muitas vezes ficaram sem esperança e paciência para agir diante da situação. Fizeram muitos exames, queriam explicação para o problema, porém os médicos confirmaram que somente o amor e a paciência superavam aquela deficiência. Demoraram para aceitar, mas o tempo trouxe o conforto e uma das primeiras atitudes foi voltar para a terra de origem para cuidar dos filhos e da vida que não poderia parar.

Seu Valdeci logo conseguiu trabalho, adquiriu moradia com o pai que morava na região, e deu início a nova vida. Se engajou nas atividades da Associação de moradores/as de Jatobá, se filiou ao

Massapê

O casal se orgulha por ter superado as dificuldades

Articulação Semiárido Brasileiro – Ceará

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Sindicato dos Trabalhadores/as Rurais de Massapê e através desses espaços ampliou o conhecimento e ficou sabendo das tecnologias e as capacitações promovidas pelo sindicato e começou a participar. Ele se orgulha em dizer que foi o primeiro a trazer para a comunidade com a ajuda do sindicato e de parcerias como a Cáritas, 15 cisternas para comunidade. Ele mesmo fez a inscrição do pessoal que no início não acreditava. “Falei para os outros moradores da importância de guardar nossa água e todos ficaram admirados. Alguns duvidaram, tiveram que ver pra crer. Hoje todos têm uma em casa”, conta seu Valdeci cheio de orgulhoso.

A cisterna de placa foi só o começo para melhorar a vida. A seca na região que subtraia a vida da vegetação, animais e dos moradores foi superada pela vida que ressurgiu com a implantação das

tecnologias que fez da região um semiárido mais eficiente, sem tristeza e com mais prosperidade.

Com a força da organização a comunidade conseguiu instalar também as cisternas de enxurrada, calçadão, barraginha e barreiro trincheira. As tecnologias só foram possíveis por conta das condições geográficas do local.

Com essas alternativas que se aliam à realidade da comunidade a água começou a jorrar em abundância e hoje garante a sobrevivência da

vegetação, dos animais e da comunidade, além de abastecer a casa de sementes que hoje agrega 30 famílias.

O começo da vida difícil do casal foi superada com amor, união e vivência em comunidade. Eles são organizados e cuidadosos com os bens adquiridos à base de muito esforço e persistência. Eles exibem com orgulho os frutos produzidos, sem uso de agrotóxico, a água limpa para consumo e celebram as conquistas com festa onde reúnem toda a comunidade e suas colheitas.

“Sem força de vontade e organização ninguém vai a lugar nenhum, a gente conseguiu”, relata seu Valdeci.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Barraginha que abastece os animais e a vegetação em tempos de seca

Seu Valdeci e plantação de cheiro verde

Seu Valdeci apresenta os frutos produzidos