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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE 1 IDENTIFICAÇÃO 1.1 AREA: Educação Física 1.2 PROFESSOR PDE: João Junior de Sá 1.3 PROFESSOR ORIENTADOR IES: Mauro Mmyskiw 2 TEMA DE ESTUDO DA INTERVENÇÃO: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS 3 TÍTULO: TRANSFORMAÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA ATRAVÉS DOS ESPORTES 4 - RESUMO Atualmente a prática da Educação Física Escolar é ministrada na grande maioria das instituições, salvo em casos isolados, de maneira tradicional, ou seja, ela prioriza o saber-fazer do método tecnicista, voltada para o desenvolvimento de aptidões físicas, valorizando o rendimento e a habilidade dos alunos, fortemente impregnada por uma ideologia de natureza instrumental. Nesse ambiente, o conteúdo hegemônico, sem dúvidas, é o esporte, que “entrou” nas escolas em meados do século XX, logo após a segunda guerra mundial, quando começou a ganhar espaço nas aulas de Educação Física. No Brasil, conforme Darido (2005) foi incorporado nas aulas entre 1946 e 1968, através do método desportivo generalizado 1 criado na França por Augusto Listello, divulgado aqui através de diversos cursos. Tal método, explica Betti (1991), procurou agregar o conteúdo esportivo à Educação Física, dando ênfase ao aspecto lúdico, cujo objetivo principal foi iniciar os alunos nos diferentes esportes, utilizando inicialmente como estratégia metodológica o jogo, que pode ocorrer de maneira mais livre. No entanto, com a ascensão ao poder nacional pelos militares em 1964, o esporte escolar ganhou forte caráter competitivo e de rendimento, cujo propósito foi passar a idéia de um Brasil-Potência nos esportes e vender a imagem que estava tudo bem 1

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

1 IDENTIFICAÇÃO

1.1 AREA: Educação Física

1.2 PROFESSOR PDE: João Junior de Sá

1.3 PROFESSOR ORIENTADOR IES: Mauro Mmyskiw

2 TEMA DE ESTUDO DA INTERVENÇÃO: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

3 TÍTULO: TRANSFORMAÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA ATRAVÉS DOS

ESPORTES

4 - RESUMO

Atualmente a prática da Educação Física Escolar é ministrada na grande maioria das

instituições, salvo em casos isolados, de maneira tradicional, ou seja, ela prioriza o saber-fazer

do método tecnicista, voltada para o desenvolvimento de aptidões físicas, valorizando o

rendimento e a habilidade dos alunos, fortemente impregnada por uma ideologia de natureza

instrumental.

Nesse ambiente, o conteúdo hegemônico, sem dúvidas, é o esporte, que “entrou” nas

escolas em meados do século XX, logo após a segunda guerra mundial, quando começou a

ganhar espaço nas aulas de Educação Física. No Brasil, conforme Darido (2005) foi

incorporado nas aulas entre 1946 e 1968, através do método desportivo generalizado1 criado

na França por Augusto Listello, divulgado aqui através de diversos cursos.

Tal método, explica Betti (1991), procurou agregar o conteúdo esportivo à Educação

Física, dando ênfase ao aspecto lúdico, cujo objetivo principal foi iniciar os alunos nos

diferentes esportes, utilizando inicialmente como estratégia metodológica o jogo, que pode

ocorrer de maneira mais livre. No entanto, com a ascensão ao poder nacional pelos militares

em 1964, o esporte escolar ganhou forte caráter competitivo e de rendimento, cujo propósito

foi passar a idéia de um Brasil-Potência nos esportes e vender a imagem que estava tudo bem

1

no país. Para isto, toda a ideologia de Educação Física vinha das diretrizes e rigidez dos

militares, uma vez que o governo militar pretendia tornar o Brasil em uma potência do esporte

no cenário mundial e utilizou a Educação Física Escolar para atingir este propósito.

Nesse cenário, as aulas visavam unicamente o rendimento, o papel do professor era

centralizador e a prática uma repetição de movimentos para atingir a perfeição, do como

fundamento principal o conhecimento oriundo da biologia e da pesquisa positivista. Até o

final da década de 1970 o Brasil observou a ascensão do esporte à razão de Estado e a

inclusão do binômio Educação Física/Esporte na planificação estratégica do governo.

(BETTI, 1991)

No entanto, com a saída de professores universitários para cursos de pós-graduação

na Europa (em especial na Alemanha e França), se avulta uma contracorrente à idéia

hegemônica de Educação Física institucionalizada.

Durante a década de 80, a resistência à concepção biológica da Educação Física,

particularmente no Ensino Fundamental, levou a crítica em relação ao predomínio dos

conteúdos esportivos. Essa resistência foi influenciada por pesquisas no campo pedagógico e

na área científica da Educação Física, concebida como Disciplina Acadêmica. (DARIDO,

2005, p. 86)

Darido (2005) aponta várias concepções que surgiram nesta época em oposição a

vertente tecnicista, esportivista e biologista, inspirados no novo momento histórico social por

que passaram o país, a Educação e a Educação Física, como: a Desenvolvimentista, com os

trabalhos explicitados por Tani (1988) e Manoel (1994); Construtivista com fundamentação

de Jean Piaget e Vygostsky e defensor temos João Batista Freire; a Crítico-superadora que

está bastante clara no livro intitulado Metodologia do Ensino da Educação Física, publicado

por um Coletivo de Autores (1992); a Sistêmica defendida por Betti (1991); e a Crítico-

emancipatória que tem como defensor Kunz (2001) autor do livro Transformação Didático-

pedagógica do Esporte. Além dessas, concepções outras propostas foram lançadas também

para contrapor o modelo hegemônico (tradicional), como a cultural, dos jogos cooperativos,

da saúde renovada e dos parâmetros curriculares nacionais.

Contudo, apesar do movimento que surgiu na década de 80 sinalizando para uma

Educação Física mais crítica, preocupada em formar alunos mais conscientes sobre suas ações

e tomada de decisões, a ideologia instrumental da Educação Física esportivizada, ainda

permanece fortemente enraizada na intervenção pedagógica do professor de Educação Física,

na maioria dos casos como único modelo de ensino.

Muito embora exista um vasto material teórico disponível para o professor, parece

que essas concepções não conseguem atingir o dia-a-dia da realidade escolar. Todas estas

concepções teoricamente estão bem embasadas e que convence, mas não apontam um fazer

prático nas aulas do professor, pois os professores tiveram conhecimento destas concepções

através de cursos e seminários promovidos pelas Secretarias Estaduais nos anos 1990, no

entanto, pode-se notar que estas ações de capacitação são muito pouco efetivas para a

mudança da prática pedagógica e, após uma motivação inicial, o que se percebe é o retorno da

prática tradicional com os esportes hegemônicos, como o basquetebol, voleibol, handebol,

atletismo e futsal, sendo o xadrez e o tênis de mesa praticados em menor escala.

Não se trata aqui de negar o esporte como conteúdo da Educação Física Escolar, mas

de enfatizar que a abordagem metodológica tradicional (tecnicista, biologicista) não deve ser a

única (em função das suas características reducionistas e diretivas de interpretação do

processo ensino-aprendizagem na formação dos sujeitos), requerendo uma abordagem mais

significativa do esporte.

Negar o Esporte nas aulas de Educação Física, como fez muitos professores durante

a “crise” também é um erro. O Esporte é sem dúvida um conteúdo relevante para a prática

pedagógica da Educação Física. Para os alunos o Esporte é prazeroso, atraente e desafiador e,

apesar da pressão que eles sofrem nas aulas em relação à comparação de resultados, não se

negam a praticar. Está aí sua natureza ambígua, conforme lembra Kunz (2001) ao afirmar que

“na prática, o esporte pode ser, para a maioria dos jovens, altamente coercitivo; pode ser um

verdadeiro massacre corporal” e, assim mesmo ser considerado inquestionável por eles (p.

44).

O problema, portanto, não está no conteúdo, mas na concepção e abordagem

metodológica. Por isso, acredita-se que uma proposta que dê ao esporte um enfoque não

necessariamente tematizado na forma tradicional, com vistas ao rendimento, mas com vistas

ao desenvolvimento do aluno na formação de sujeitos livres e emancipados e com autonomia.

Seria a mudança de uma razão instrumental para uma razão crítica.

O Esporte pode ser trabalhado de outra forma que satisfaça os anseios pedagógicos

da educação. Sendo assim, acreditando que o Esporte é relevante nas aulas de Educação

Física e, entendendo que ele deva ser ministrado de maneira que se oponha ao saber-fazer na

simples execução de exercícios físicos, destituídos de uma reflexão corporal, emerge o

problema central deste trabalho, isto é, o desenvolvimento de uma proposta curricular para os

alunos do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Presidente Castelo Branco de Toledo,

para as aulas de Educação Física, tendo como base os pressupostos que propicie uma

abordagem metodológica crítica.

A proposta estará centrada nos seguintes esportes: Beisebol, Tênis de Campo,

Badminton, Peteca e Futebol Americano. O propósito ao escolher os referidos esportes é

estimular e instigar os alunos com algo inusitado, que está “distante” da realidade dos

mesmos, abrindo para o aluno um horizonte de possibilidades de movimentos possa ser

realizado.

Reconhece-se, no entanto, que a mera troca de esportes não gera uma transformação

pedagógica que queremos. Sobre isso, concorda-se com Kunz (2001), quando este afirma que

a transformação de fato não pode ser alcançada pela simples transformação das atividades

práticas rotineiramente realizadas, pois se não temos um programa de conteúdos numa

hierarquia de complexidade, nem objetivos claramente definidos para cada série de ensino, a

simples prática dos novos esportes se justificaria por si só, não se sustenta.

Dessa maneira procurar-se-á levar os alunos a ter contato com os referidos esportes

de maneira consciente e crítica, através de uma abordagem metodológica que reconheça os

aspectos históricos, sociais e culturais dos esportes, além dos aspectos biológicos e técnicos,

também fundamentais. Espera-se que o aluno, com essa estratégia, tenha autonomia,

consciência, que busque a reflexão e o diálogo sobre essas práticas corporais.

O papel do professor neste processo é fundamental e imprescindível, primeiro porque

ele tem que se convencer da necessidade da mudança da sua prática, segundo saber o que se

quer propor aos alunos e como atingir o seu objetivo e terceiro ter domínio de todo o processo

para que os alunos tenham condições de: entender, identificar, refletir, criar, falar, que eles

participem diretamente do processo de ensino, não sendo meros executores e nem de ter falsa

consciência. Segundo Lajonquiere (1993, p. 465), somente assim o docente poderá se

aventurar no laborioso caminho de tentar uma modalidade alternativa na medida em que

assume criticamente seu papel ou, em outras palavras, ressignificar a suposta naturalidade de

sua prática.

Diante disso, o principal objetivo do meu trabalho é verificar em que medida a

metodologia de mudança de conteúdo e a estratégia adotada para os alunos do 3º ano do

ensino médio, traz resultados positivos quando o objetivo é operar mudanças na prática

pedagógica em Educação Física.

5 - INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objeto de estudo a Metodologia de Ensino dos

Esportes na Educação Física Escolar, isto é, uma forma de operacionalização de um método

(na medida em que indica sempre uma opção epistemológica) com a finalidade de formação

de sujeitos-cidadãos. A opção epistemológica adotada estará vinculada a uma linha

culturalista-crítica, compreendendo o movimento humano como uma teia de significados

(sociais, culturais, biológicos, físicos, mecânicos, etc.).

Para tanto, a idéia do trabalho está no fato de colocar os alunos em contato com

modalidades esportivas como o beisebol, futebol americano, peteca, badminton e tênis de

campo, tendo em vista também a ampliação das possibilidades de práticas corporais na escola

(FERREIRA, 2000), quebrando a hegemonia de modalidades tradicionais como o voleibol,

basquetebol, handebol, atletismo e futsal, como sugerem Souza Júnior (2005) em relação às

Atividades rítmicas e expressivas, De Ávila (1995) em relação ao Judô, Mathias (1995) e

Nora (2000) sobre a ginástica aeróbica, Tavaler (1995) que propõe a prática do Tai-chi-chuan

e Volp (1994), a dança de salão.

Segundo Kunz (1994), o esporte como conteúdo hegemônico chega a impedir o

desenvolvimento de objetivos mais amplos para a Educação Física, tais como o sentido

expressivo, criativo e comunicativo. Mas, diante desse problema gerado pela vinculação a

fundamentos epistemológicos oriundos da biomecânica e da biologia, procura-se “revisitar” o

ensino dos esportes à luz de fundamentos que estabeleçam um contato mais amplo com as

modalidades esportivas, sem excluir todas as conquistas já existentes (no que se refere às

expressões técnicas e táticas).

Não se trata como ressalta Castellani Filho (1993, p. 13), de desconsiderar o esporte

como conteúdo da Educação Física escolar, mas reconhecer o esporte “como uma prática

social, resultado de uma construção histórica que, dada à significância com que marca a sua

presença no mundo contemporâneo, caracteriza-se como um dos seus mais relevantes

fenômenos socioculturais, mas não o único”.

Ficam claras, desse modo, que esportes como o Badminton, Beisebol, Futebol

Americano, Peteca e Tênis de Campo, venham a se juntar as estes ideais de diversificar as

aulas. E, na diversificação dos conteúdos, procura-se aprofundar os conhecimentos abordando

os diferentes aspectos que compõem as suas significações. Por exemplo, ao tratar da Peteca,

buscaremos o contexto histórico da sua origem. Nesse tipo de abordagem, alguns itens que

poderão ser explorados serão: Como os pais vinham a Peteca e a sua confecção por eles;

como os índios brincavam de peteca; como a peteca se expandiu para outros países; em que

Estado do Brasil à peteca é mais praticada; a peteca é um jogo ou esporte? Se há

campeonatos, enfim, for além da técnica e tática, ir além do saber-fazer.

Assim como a Peteca essa abordagem metodológica será utilizada com os outros

esportes que serão estudados dentro das suas particularidades, com o intuito de ir muito além

do gesto motor correto, uma vez que “cabe ao professor problematizar, interpretar, relacionar,

compreender com seus alunos as amplas manifestações da cultura corporal, de tal forma que

os alunos compreendam os sentidos e significados impregnados nas práticas corporais”

(DARIDO, 2005, p. 76).

6 FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA

6.1 O PROFESSOR COMO AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO

Se quisermos que haja mudança no processo da prática pedagógica, essa mudança

passa obrigatoriamente pelo professor. O professor é que vai ser o agente desta transformação,

mas para isto ele tem que se convencer da necessidade de alterar as suas aulas, pois irá

transformar a sua realidade quando ele próprio se transformar. Quando o professor toma

consciência dessa necessidade, começa a perceber os seus alunos e as suas necessidades, o

que eles querem o que ele sabe o que eles precisam. O professor procura colocar os alunos

para observarem a realidade, decidirem o problema de estudo, os aspectos do problema que

julga necessários estudar e todas as outras elaborações que vai realizando é uma forma intensa

de dar a palavra ao aluno, permitindo sua expressão e valorizando-a.

É senso comum e está presente em vários discursos de estudiosos (Paulo Freire,

Dermeval Saviani) da área da educação que temos que planejar estratégias que visem à

autonomia e consciência critica dos alunos. E, embora muitos professores se digam discípulos

dessas ideais, na prática continuam com ações tradicionais, até mesmo inconsciente,

comprovando que não basta declarar simplesmente a favor de uma pedagogia libertadora para

os alunos, sendo preciso um conhecimento elaborado por parte do professor para que a prática

seja condizente com o discurso.

Paulo Freire (1980) afirma que precisamos sair das percepções primeiras e ir

aprofundando os conhecimentos sobre o objeto que estamos estudando e ir gradativamente

aos aproximando de sua essência. O professor deve estar sempre vigilante entre a teoria e a

prática, pois é muito fácil aderirmos às idéias e é muito complicado sermos coerentes a elas

nas nossas ações. Para ser válida, toda ação educativa deve ser precedida de uma reflexão

crítica do professor, que age como intermediário entre o saber e os alunos, a quem querem

educar.

Uma educação, conforme Freire (1980), “procura desenvolver a tomada de

consciência e a atitude crítica graças à qual o homem escolhe e decide, liberta-o em lugar de

submetê-lo, de domesticá-lo, de adaptá-lo” (p. 35), o que leva a crer que o primeiro passo é a

tomada de consciência e o segundo momento é envolver o aluno neste projeto elaborado e

estudado pelo professor. O professor deverá oportunizar e fomentar ações de maneira tal que

os alunos possam realizar todo o estudo, elaborar hipóteses de solução, escolher o que fazer

eleger o que fazer criar, opinar e votar. Estas ações mostram que os alunos não estão

simplesmente repetindo aquelas coisas já prontas, mas estão criando, estão elaborando, e ao

elaborar e criar eles deixa de ser submissos para serem ativos, para serem sujeitos naquela

realidade e esta proposta está sendo repetida diversas vezes neste projeto, como forma de

firmar uma ideologia que acreditamos que seja possível de se colocar em prática em nosso

dia-a-dia da sala de aula.

A transformação acontece com os alunos em processo. Mesmo que seja pequena, a

transformação acontece e é irreversível. A reposta que o homem dá a um desafio não muda só

a realidade com a qual ele se confronta: a resposta muda o próprio homem cada vez mais e

sempre de modo diferente (FREIRE, 1980, p. 37). E o professor tem aí um papel

importantíssimo, pois, como afirma Freire (1980), o homem não pode participar ativamente

da história, na sociedade, na transformação da realidade se ele não é auxiliado a tomar

consciência da realidade e da sua própria capacidade de transformá-la (p. 40).

Então se o professor continuar no seu conformismo ele nunca irá auxiliar os alunos à

tomada de consciência sobre a realidade e sobre a sua capacidade de transformá-la. É preciso,

portanto fazer desta conscientização o primeiro objetivo de toda a educação. Antes de tudo

provocar uma atitude crítica de reflexão que comprometa a ação. Então se o professor não

oportunizar isto ao aluno ele nunca vai saber mesmo. O professor tem a responsabilidade de

ter uma coerente entre a sua teoria e a sua prática, entre o seu conteúdo e o método que elege.

Nessa linha de pensamento, o desafio que o professor faz para os seus alunos, é uma

oportunidade de ajudá-los a sair da alienação. O professor deverá instigar os seus alunos para

que formulem as seguintes perguntas: Por que é assim? Por que isso aconteceu? Onde?

Quando? Como? Por quem? Se essas pessoas construíram assim, é possível que outras em

outro momento, em outras condições, construam de outra maneira. Esses porquês é que vão

levar a pensar criticamente a realidade e quando os alunos se instrumentaliza com a

habilidade de pensar, eles podem pensar em outros temas, em outros momentos, em outros

lugares extrapolando dessa maneira o próprio estudo em si. A habilidade de pensar não é

substituída, mas ampliada constantemente, com o exercício. O professor consciente das suas

ações vai entender que formar é muito mais que treinar.

6.2 O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O SENSO CRÍTICO

A imagem do professor de Educação Física no meio escolar é a imagem de um

professor que está ligado somente à prática, um profissional que participa pouco no conselho

de classe, e nas reuniões da escola. As outras disciplinas vêem o professor de Educação Física

um profissional alienado que não teorizam a sua prática, eles valorizam menos a Educação

Física em relação às outras disciplinas.

Daólio (1994, p. 183) reforça esta imagem quando afirma que:

A formação profissional eminentemente esportiva ocorrida nas décadas de 70 e 80

homogeniza o grupo (professores de Educação Física) na medida em que passa a eles uma

determinada visão a respeito de Educação Física [...] A prática profissional do grupo é, de

uma maneira ou de outra, balizada pelo esporte. Alguns professores explicitamente colocaram

que o objetivo é ensinar habilidades esportivas a fim de selecionar os alunos mais aptos para

participarem das equipes da escola.

Darido (2001) enumera vários obstáculos para que esta imagem perdure no meio

escolar entre os outros professores, que infelizmente não foge muito da realidade:

Os cursos de licenciatura dão grande ênfase à formação esportiva;

As maiorias dos professores vêem a Educação Física na escola como cumprimento

mecânico e rigoroso de exercícios; a competição e o sentido individualista prevalecem sobre o

sentido da cooperação.

Os professores mostram-se desinteressados dos avanços que se fazem no campo

teórico e desconhecem novas tendências e abordagens, ficando presos à sua formação

esportivista.

Acomodação em relação com a melhoria de qualidade, através de leituras ou de

freqüência a cursos.

A dicotomia que se faz presente entre as propostas teóricas advindas dos centros

acadêmicos e o dia-a-dia do professor.

Resistência a mudanças ou mesmo uma avaliação negativa dos processos de

mudança em andamento.

Conformismo pedagógico que fazia com que os problemas fossem reduzidos a

problemas instrumentais e considerados “naturais” no processo ensino-aprendizagem.

Medina (1983) também crítica com bastante propriedade a formação do profissional

de Educação Física, elencando, sobretudo a dificuldade dos professores em entender a

importância de uma fundamentação teórica em relação à prática, sobressaindo à

supervalorização do sentido de competição das atividades com ênfase no resultado e na vitória

visão essencialmente individualista.

E, para fazer frente a essa realidade, cabe enfatizar a postura crítico-superadora

manifestada no Coletivo de Autores (1992, p. 43), onde em vista de pressupostos marxistas,

prega-se a Educação Física como maneira de “desestabilizar, estruturar, convencer, consolidar

concepções práticas e ideológicas que delimitam o contexto sócio-histórico, confrontando-as

com outras que a elas se opõem, buscando competência e objetividade para levar à frente este

projeto de forma a materializá-lo, explicitando assim a conquista de uma outra qualidade”.

6.3 O ALUNO EM BUSCA DA AUTONOMIA

A escola, os professores, reclama de alunos desinteressados, submissos,

descompromissados; é corrente no meio escolar que os jovens de hoje não querem nada com

nada. No meu dia-a-dia de professor escuto constantemente estas queixas, principalmente em

conversas informais na sala dos professores, ou em reuniões. E sempre que esta conversa vem

à tona, eu me questiono que o aluno é o menos culpado. Pois ao meu ver o aluno se adapta de

acordo com sistema da escola. Muito se falam em autonomia, criticidade e consciência, mas

na prática as ações vigentes são aquelas que reforçam esta submissão.

Bordenave & Pereira (1994) apresenta algumas características da educação

tradicional que reforçam esta submissão.

Está baseada na transmissão de conhecimentos e na experiência do professor.

Atribui uma importância suprema ao conteúdo da matéria e espera que os alunos o

absorvam e o reproduzam fielmente nas provas.

Não considera o aluno como pessoa e como membro de uma comunidade.

Produz com conseqüência: um aluno passivo, grande tomador de notas, exímio

memorizador e manejador de conceitos abstratos.

Paulo Freire já denunciou esta ocorrência ao que ele chama de educação bancaria.

“Qualquer que seja a situação em que alguns homens proíbam aos outros que sejam

sujeitos da sua busca, se instaura como situação violenta. Não importam os meios usados para

esta proibição. Fazer as pessoas objetos é aliená-las de suas decisões, que são transferidas

então para outras pessoas. O movimento de busca através da educação problematizadora

precisa estar sempre dirigido para ser mais, para a humanização do homem, porque esta é a

vocação do homem, embora isso seja contradito pela nossa história”. (Freire, 1983, p –85).

É da educação problematizadora dos professores com seus alunos, dos professores na

escola, é que vai resultar o projeto de humanização desses homens no mundo. Então o que a

escola faz é um ato violento em ir tirando pouco a pouco a alegria e a iniciativa dos alunos

durante a sua vida escolar. Culpam-se os pais, os alunos e até o meio social, mas que julga a

escola? Fico imaginando o rol de conteúdo que apresenta a Educação Física escolar e o que é

ministrado para os alunos é irrisório comparando com a sua riqueza de diversidade. Se os

alunos tivessem conhecimento pleno da sua cidadania como eles julgariam os professores,

culpados ou inocentes?

Aliás, a Disciplina de Educação Física escolar é a disciplina que mais expõe o aluno

a situações embaraçosas, pela sua peculiaridade.

“Experiências dolorosa, especialmente por crianças e jovens cujas historias são

marcadas por recusas, exclusões, discriminações, carências. Todos conhecem práticas de

Educação Física que se configuram como tempo de discriminação, de segregação, de censura,

de competição exacerbada, de qualificação de uns poucos tidos por melhores e

desqualificação de muitos vistos como piores”. (Goellner, 1999, p-25).

Mas se a Educação Física escolar expõe o aluno a situações vexatórias, por outro

lado ela pode também usar da sua particularidade, para promover a autonomia dos alunos. O

desafio da Educação Física escolar é produzir ações que mobilize práticas que afirmem

valores e sentidos que ampliem a cidadania emancipada. Dessa maneira a prática da Educação

Física escolar deve envolver o aluno no processo ensino-aprendizagem. O professor deve

deixar o centro do palco como ator principal e deixar que os alunos tomem a cena, cabendo-

lhe a ele o ato de dirigir o espetáculo. Os alunos como atores principais devem pensar a

realidade e pensar a realidade criticamente.

Em relação à busca pela autonomia, Darido afirma que: A autonomia dos alunos

também pode ser estimulada quando o professor lhes oferece possibilidades de escolherem os

times, definirem os agrupamentos distribui-los pelo espaço, participarem da construção e

adequação de materiais e modificação de regras (Darido, 2005, p-40).

A autonomia é facilitada quando se estimula o aluno a participar das discussões e

reflexões em aula e que as aulas de Educação Física escolar se tornem um espaço para que os

alunos articulem criticamente uma concepção que possa ser explorada e transformada por

eles. Criar condições para que os alunos abandonem a “profissão de alunos”, e assumam a

responsabilidade pela sua formação. (Darido, 2005, p-97). Desse modo a relação de

passividade e submissão, que eram as marcas do modelo educacional – tradicional, é

substituída gradativamente pela construção de um vinculo de aproximação com os conteúdos

e com a escola. Nossa Educação Física escolar precisa fazer sentido e ter significado para os

envolvidos no processo de escolarização, especialmente se pensarmos na busca pela

autonomia.

O aluno só aprende se estiver envolvido diretamente e apaixonado pela situação que

ora se coloca a sua frente. Há um inicio de envolvimento por parte do aluno que é o primeiro

contato com a realidade ou com o objeto de estudo, à medida que o aluno vai se apropriando

dos fatos e tomando conhecimento da realidade ele vai gerando o seu próprio pensamento e

indo alem do que se esta pedindo a ele a tal ponto até que ele chega a uma ação

correspondente aos pensamentos gerados pelo estudo. Esse envolvimento o leva a fazer a

relação entre a teoria e a prática.

“Assim, para a Educação Física na escola, promover de fato a autonomia é preciso

que as aulas se tornem diferentes, tanto do ponto de vista da escola sobre o que se deve

ensinar (conteúdos) como pelos procedimentos que os professores deverão utilizar nas suas

aulas”: (Darido, 2005 p-41).

6.4 ESPORTE E SUAS IMPLICAÇOES PEDAGOGICAS NAS AULAS DE EDUCAÇAO

FISICA

Ao realizar os meus estudos sofro a influencia de Elenor Kunz que com o seu livro

“Transformação Didática dos Esportes”, vem ao encontro das idéias que procuro colocar em

prática na maneira de ensinar o Esporte. Kunz procura uma transformação didática nos

esportes e cita como exemplo o ensino do Atletismo Escolar, dentro desta perspectiva. Assim

como Kunz eu vou procurar esta transformação utilizando o: Badminton, beisebol, futebol

americano, peteca e tênis de campo. Para Nóvoa (1997, p-27) “a formação passa pela

experimentação, pela inovação, pelo ensaio de novos modos de trabalho pedagógico, e por

uma reflexão crítica sobre a sua utilização”. (Coletivo de autores, 2005 p-77).

Kunz cita que: “Na forma prática o esporte passa por uma análise de sentido num

trabalho conjunto entre professor e alunos (Kunz, 2001 p-19). Eu também entendo que a

inclusão do aluno nu universo do esporte escolar deve merecer um tratamento didático e

pedagógico”.

O Esporte é o tema central do presente projeto como um conteúdo pedagógico que

precisa ser trabalhado pelos alunos numa dimensão histórica, social, cultural, econômica e

política. Esta maneira de trabalhar os esportes nas escolas fica fácil de implantar quando se

tem consciência do que se quer e como atingir os seus objetivos. Há nos meio acadêmicos

vários livros que nos dão suporte teórico que nos ajudam a passar do senso comum para o

senso cientifico.

Concluindo, o objetivo ao adotar esta metodologia é oferecer uma educação física

escolar comprometida com um processo de transformação social, e esta transformação é

responsabilidade toda do professor.

6.4.1 O Esporte como Fenômeno Social

O esporte é sem dúvida um fenômeno extremamente importante. Todos nós de uma

maneira ou de outra, na escola ou não, tivemos contato com alguma modalidade esportiva

com mais ou menos intensidade. Ele está presente na mídia, que reserva espaço diário

dedicado a apresentar eventos esportivos ou boletins divulgando resultados do dia ou da

semana. O esporte movimenta o lazer, o turismo, influencia com roupas e equipamentos

esportivos, é uma atividade que envolve a alta tecnologia e pesquisas cientificas. Não tem

como os nossos jovens ficarem alienados desse fenômeno. “O reconhecimento do esporte,

como um fenômeno social contemporâneo estimula reflexões sobre o seu tratamento como

um conteúdo curricular escolar”. (Darido, 2005 p-177). O esporte como é tratado na mídia e o

esporte de rendimento influencia o conteúdo esporte, desenvolvido nas aulas de educação

física escolar. Mas o esporte com a sua magnitude podem receber um tratamento didático que

o caracterize como um autentico esporte escolar.

6.4.2 Conceito do Esporte

A palavra esporte significa regozijo, ou seja, diversão, e continua, ainda hoje,

servindo de base para quase todas as definições atuais.

Darido in Betti (1991) conceitua o esporte como uma ação social institucionalizada,

composta por regras, que se desenvolve com base lúdica, em forma de competição entre dois

ou mais oponente ou contra a natureza, cujo objetivo é, por meio de comparação de

desempenhos, determinarem o vencedor ou registrar o recorde. Os resultados alcançados

pelos praticantes são resultantes das habilidades ou estratégias utilizadas por esses, e podem

ser intrínseca ou extrinsecamente gratificantes. (Darido, 2005, p-179). Darido continua dando

outra definição, agora é a de Kolyniak Filho (1997), para quem o esporte é uma atividade

realizada na forma de jogo (no sentido de que não há certeza absoluta antecipada do seu

resultado) em que duas ou mais pessoas confrontam determinadas habilidades motoras

especificas em condições e limites espaço – temporais preestabelecidos, competindo segundo

regulamentos, normas e procedimentos reconhecidos, registrados e controlados publicamente,

sendo o resultado de tal confronto passível de comparação com resultados verificados

anteriormente em outras competições similares. (Darido, 2005 p-179).

O esporte como vimos nas definições acima, tem objetivo claro, seja em busca de

resultados, seja em obter rendimentos ou vencer um oponente. Em nenhum momento da

definição preocupou-se com o lado afetivo dos competidores. Este é o esporte de rendimento.

Entretanto o esporte focalizado na escola tem por finalidade democratizar e gerar

cultura pelo movimento de expressão do individuo em ação como manifestação social e de

exercício critico da cidadania, evitando a exclusão e a competição exarcebada. Assim o

professor. Ao trabalhar o esporte-educaçao, além de propiciar aos alunos vivencias de

diferentes modalidades. Deve levá-los a refletir de forma crítica, os problemas que envolvem

o esporte na sociedade.

“Reflexão sobre a utilização de drogas ilícitas para melhoria da performance, a

corrupção e a violência, mas também sobre seus aspectos positivos, como a geração de

empregos, o desenvolvimento de pesquisas cientifica, tanto no tocante a novas tecnologias,

como na área médica” Darido in apud tubino (2001) –(Darido, 2005, p-180).

Entendo assim que o esporte escolar não deve visar o rendimento, que o esporte

escolar não poderá visar apenas às habilidades, técnicas e competências, que o esporte escolar

não deve priorizar a minoria em detrimento da maioria e que os alunos saibam o sentido e a

razão das suas ações.

6.4.3 Esporte Escolar numa Visão Crítica

Os professores que possuem uma percepção histórico-crítica utilizam várias

estratégias para que os alunos vivenciem os esportes com criticidade. As estratégias utilizadas

podem ser: mudanças de regras sugeridas pelos alunos; elaboração de aulas; alternância de

alunos na escolha de equipes; organização de campeonatos; arbitragem pelos alunos etc. No

encaminhamento metodológico irei apresentar detalhadamente estratégias utilizadas para

atingir este fim, que é legitimar o esporte escolar dentro das escolas.

Darido (2005), explica o ensino do esporte na escola em três dimensões: conceitual,

procedimental e atitudinal (65).

A Dimensão Conceitual é o que ele diz o que se deve saber: como a transformação

da sociedade em relação aos hábitos de vida (mais tecnologia, menos esforço físico),

mudanças pelas quais passaram o esporte (regras de voleibol para atender a televisão),

conhecer os modos corretos da execução de vários exercícios e práticas corporais.

A Dimensão Procedimental ele define da seguinte maneira: que os alunos além da

saber fazer devem também ter noção o que se deve saber fazer, para isto eles precisam:

Vivenciar e adquirir alguns fundamentos básicos dos esportes, danças, ginástica,

lutas e capoeira;

Vivenciar diferentes ritmos e movimentos de danças;

Vivenciar situações de brincadeiras e jogos;

Dimensão Atitudinal: é como se deve ser:

Valorizar o patrimônio de jogos e brincadeiras do seu contexto;

Respeitar os adversários, os colegas e resolver os problemas com atitudes de diálogo

e não violência;

Predispor a participar de atividades em grupos, cooperando e interagindo;

Reconhecer e valorizar atitudes não preconceituosas aos níveis de habilidade, sexo,

religião e raça. (Darido, 2005 p-66-7).

Darido explica que estas três dimensões estão interligadas e podem aparecer em

qualquer momento da aula, como por exemplo: os alunos enquanto estão executando

exercícios de aquecimento, o professor poderá ir falando os benefícios e a necessidade que

tem o aquecimento antes de praticar um jogo. (procedimental e conceitual).

Kunz (2001) também explana uma maneira de ensinar os esportes ele classifica em

três planos: o da interação, o do trabalho, e o da linguagem (69).

O Plano do trabalho se configura na utilização de um espaço físico e material

predeterminado e pelo cumprimento de um programa preestabelecido e de ensaios periódicos.

O Plano da interação se caracteriza, simplesmente porque o esporte se desenvolve,

via de regra, pela participação de certo numero de pessoas que se concentram sobre um

mesmo tema (o esporte que praticam).

O Plano da linguagem, além de constituir o elo entre os dois planos, permite que

encenações aconteçam em nível racional de entendimento e atendam a interesses da educação

e ao desenvolvimento de todos os alunos. (Kunz, 2001 p-69).

Kunz traz esta possibilidade ao apresentar estes três planos que faz parte do ele

chama de “prática pedagógica crítico-emancipatoria”.

Tanto Darido como Kunz entendem que o esporte tratado nas escolas deva ser

ensinado com finalidades educacionais, quando apontam estas três dimensões ou os três

planos. De fato é estimulante antever um esporte sendo praticado nas escolas com um

envolvimento global do aluno, ir além do ensinar a fazer, mas poder levá-los a contextualizar

o esporte.

Farei a seguir algumas considerações sobre o que eu entendo como o esporte pode

ser tratado na escola com fins educacionais. Gostaria de iniciar falando sobre as técnicas e

regras, muito se fala que não devemos ser rígidos em cobrar o gesto motor perfeito (técnica),

concordo com esta tese, o que eu não concordo é que em nome dessa liberdade que se dá ao

aluno é não fazer nada, como resultados têm alunos que saem da vida escolar sem noção

nenhuma sobre qualquer esporte, o aprendizado dos gestos motores, possibilita para os alunos

uma progressão, visando à apropriação das modalidades esportivas. Não podemos confundir

uma prática consciente, com uma prática alienada. É preciso que se entenda que a “técnica

esportiva é essencial à prática das modalidades esportivas, pois, entre outras características, é

a que lhe atribui identidade” (Darido, 2005 p-188), dessa maneira a técnica tem que ser

exigida para que o aluno atinja o seu máximo, e que não seja razão de limitação de

participação, mas um fator há mais para a inclusão do aluno ao universo do esporte escolar.

“Contudo, afirmar a necessidade do domínio das técnicas de execução dos

fundamentos das diferentes modalidades esportivas não significa polarizar nosso pensamento

em direção ao rigor técnico do esporte de rendimento. As técnicas devem ser compreendidas

como instrumento necessário de um jogo. Entretanto durante a execução o que conta para o

executante é o rendimento que essas técnicas têm para o sucesso do jogo”. (Coletivo de

autores, 1994 – p-85).

Assim como as técnicas eu acho importante que os alunos conheçam as principais

regras das modalidades, só assim ele poderá interpretá-las e modifica-las como simulação de

jogos alternativos. Como diz o coletivo de autores ao afirmar que: “esta forma de organizar o

conhecimento não desconsidera a necessidade do domínio dos elementos técnicos e táticos,

todavia não os coloca como exclusivos e únicos conteúdos da aprendizagem” (coletivo de

autores, 1994 p-41). Portanto o seu ensino não poderá se esgotar no gesto técnico.

Outro fator essencial é problematizar o esporte na escola enquanto conteúdo escolar

para estimular reflexões e posteriormente construir uma prática condizente com os valores

educativos.

Segundo Kunz (1991) a problematizaçao de ensino da educação física pretende:

Evidenciar e esclarecer o problema básico na encenação do esporte;

Destacar a importância das situações de encenação e seu significado individual e

coletivo;

Favorecer a responsabilidade individual e coletiva no processo de encenação do

esporte;

Aceitar diferentes soluções para diferentes situações de encenação;

Orientar-se nas vivencias e experiências subjetivas dos participantes, para

problematizar sempre novas situações. (Kunz 2001 p-74).

Concluindo o esporte na escola deve ensinar o esporte e as suas ações, mas propiciar

também a compreensão crítica das dualidades que os envolve identificar os interesses e os

problemas vinculados ao contexto sóciopolítico.

6.5 MUDANÇA DE CONTEÚDO UMA NOVA PROPOSTA CURRICULAR

Princípios básicos que justificam esta mudança de conteúdo para os alunos do

3º ano do ensino médio, são diversificar as modalidades esportivas para propiciar aos alunos

vivencias corporais em diferentes esportes. Com esses conhecimentos, o aluno poderá ter uma

atitude consciente dos vários porquês: o homem e a mulher no esporte, o esporte mais

praticado em determinados locais, a participação do público etc. Ao propor novos esportes

estamos oferecendo a possibilidade de ampliar as práticas corporais, com conteúdos mais

diversificados, proporcionando um trabalho corporal mais amplo, além de aprofundar os

conhecimentos abordando os diferentes aspectos que compõem as suas significações.

6.6 DEFINIÇAO DE CONTEÚDO

Darido apud Coll et all (2000) definem conteúdo como uma seleção de formas ou

saberes culturais, conceitos, explicações, raciocínios, habilidades, linguagens, valores,

crenças, sentimentos, atitudes, interesses, modelos de conduta etc. (Darido, 2005 p-65).

Darido apud Libaneo, 1994; Coll et al, 2000, assim conteúdos formam a base

objetiva da instrução-conhecimento sistematizada e são viabilizados pelos métodos de

transmissão-assimilaçao. (Darido 2005, p-65). Libaneo (1994) entende que conteúdos de

ensino é o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos, organizados

pedagógica e didaticamente, tendo em vista a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na

sua prática de vida. (Darido, 2005 p-65).

Quando falamos sobre conteúdo, logo pensamos que é um conteúdo, uma matéria a

ser dada assim como está nos livros didáticos ou um conteúdo que está referendado na

experiência do professor e não levamos em consideração outros aspectos do conteúdo como:

conceitos, idéias, fatos, processos, princípios, leis cientificas, regras, habilidades

cognoscitivas, modos de atividade, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de estudo,

de trabalho, de lazer e de convivência social, valores, convicções e atitudes. O conteúdo não é

só para aprender conhecimentos da disciplina referentes a nomes, conceitos e princípios, para

alunos passivos e submissos, que se colocam como meros depositários das informações

apresentadas pelo professor.

6.6.1 O Conteúdo e a Educação Física

Em relação à Educação Física o seu conteúdo tem se caracterizado ao longo da

historia no reducionismo do saber-fazer, “impedindo a formação de um aluno critico que tem

capacidade para opinar, decidir, pensar e exercer o seu exercício de cidadania”. (Darido, 2005

p-96), para entendermos melhor, a teorização de currículo nos ajuda a legitimar o conteúdo no

sentido mais amplo. Assim o coletivo de autores define currículo como: “o currículo escolar

representaria o percurso do homem no seu processo de apreensão do conhecimento cientifico

selecionado pela escola: seu projeto de escolarização. (coletivo de autores, 1994 p-27). Ainda

sobre o currículo eles falam:” o conhecimento cientifica ou saber escolar é o saber construído

enquanto resposta às exigências do seu meio cultural informado pelo senso comum. “Instiga o

aluno, ao longo de sua escolarização, a ultrapassar o senso comum e construir formas mais

elaboradas de pensamento”. (coletivo de autores 1994 p-35)”.

Um dado interessante é que o coletivo de autores classifica a capacidade que os

alunos têm de assimilar determinados conteúdos de acordo com a sua faixa etária que eles

chamam de ciclos, o nosso interesse é no quarto ciclo que se refere ao aluno do ensino médio.

De acordo com estes autores (35).

“O quarto ciclo se dá na 1ª, 2ª e 3ª séries do ensino médio. É o ciclo do

aprofundamento da sistematização do conhecimento. Nele o aluno adquire uma relação

especial com o objeto que lhe permite refletir sobre ele. É nesse ciclo que o aluno lida com a

regularidade cientifica, podendo a partir de ele adquirir algumas condições objetivas para ser

produtor de conhecimento cientifico quando submetido à atividade de pesquisa” (coletivo de

autores, 1994 p-35). O conceito acima só nos dá a certeza de estarmos no caminho certo ao

propor esta nova maneira de trabalhar os esportes novos com os alunos do 3º ano do ensino

médio, pois segundo eles estes alunos têm capacidade intelectual para compreender e

empreender a nova proposta.

Assim ao propor os novos conteúdos para os alunos do 3º ano do ensino médio

espera-se que os novos esportes:

Desestabilize, estruture, convença, consolide concepções práticas e ideológicas que

delimitam o contexto sócio-historico, confrontando-as com outras que a elas se opõem,

buscando competência e objetividade para levar à frente este projeto de forma a materializá-

lo, explicitando assim a conquista de uma outra qualidade (coletivo de autores 1994, p-41).

Aprofunde a realidade das modalidades novas sobre o despertar no aluno a

curiosidade e motivação o que pode incentivar uma atitude cientifica:

Trabalhe sobre diferentes óticas ao analisar as modalidades esportivas;

Constate, interprete, compreenda os esportes novos;

Envolva os alunos no processo de tomada de decisão acerca da escolha dos

conteúdos do tratamento metodológico, bem como dos critérios de avaliação, no interior de

uma unidade didática, ou mesmo do planejamento semestral ou anual;

Compreender melhor o fenômeno esportivo. Avalie e entenda as mudanças históricas

do mesmo.

Conheça melhor o mundo dos esportes usado para atender os critérios e interesses do

mercado;

Ao introduzir os esportes novos para os alunos, além de diversificar a prática, serão

aprofundados os conhecimentos destas modalidades, a sua cultura, a razão porque estes

esportes não são populares no Brasil. Nós iremos extrapolar o costumeiro jogar. Esperamos

propiciar aos alunos uma experiência rica de gestos motores, compreensão histórica dos

esportes, entendimento das questões sociais que cercam estes esportes.

O nosso compromisso como professor de Educação Física é instrumentalizar os

nossos alunos para que atinja a maioridade, e desse modo também valorizar a nossa disciplina

no meio docente.

6.7 O MOVIMENTO DOS ALUNOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Como proponho aqui outros esportes para o 3º ano do ensino médio, pressupõe que

haverá outros movimentos envolvidos nesta nova prática, sendo assim se faz necessário um

estudo teórico sobre o movimento. Na verdade não é um estudo aprofundado, mas uma

tentativa de comparação entre o que se tinha e os ganhos que os alunos poderão atingir com as

novas práticas.

Ao analisarmos o movimento devemos considerar o aluno na sua totalidade, o que

muitos professores desconhecem ao tratar de suas práticas nas aulas. O aluno é um ser que

pensa que age que se emociona que tem um passado sobre experiências corporais, todos estes

fatores deverão ser considerados para entender o movimento.

“Entender o movimento como algo que possa ser interpretado numa ação geral do

aluno corpo-mente e o seu mundo vivido é um passo importante para orientar as ações

pedagógicas de um trabalho emancipatorio nas aulas de educação física”. (Kunz, 1994, p-81).

No que tange os alunos do ensino médio, que se encontram numa idade de afirmação e busca

de identidade, eles estão sensíveis a críticas e reagem mal a determinadas situações, e as aulas

de educação física os obriga a momentos constrangedores perante aos outros alunos e ao

professor, que, durante a sua prática está sendo analisado e avaliado por todos aqueles que o

cercam. Se o professor não souber conduzir com habilidade esta realidade, estará

prejudicando a formação do aluno, deixando-lhe cicatrizes que ele carregará por toda a vida, a

que eu chamo de “signos tatuados”.

Então aos olhos inocentes de um espectador as aulas de educação física aparentam

ser prazerosas e inofensivas, mas um olhar crítico entende que há mais implicações no gesto

realizado pelos alunos. Analisando sobre esta ótica podemos entender que o estudo do

movimento extrapola a avaliação da mecanização dos gestos, que leva em conta apenas o

sentido funcional do mesmo.

6.7.1 O Movimento e as suas Subjetividades

“Na realização de movimentos, os sujeitos na sua totalidade, ou seja, nas suas

dimensões perceptivo-cognitivos, emocional-afetivas, social-motoras” (Kunz, 2005 –86).

Sendo assim o movimento pode ser compreendido em percepções cognitivas,

emocional, afetivas, sociais e motoras interdependente. Kunz nos ajuda a compreender a

dimensão do movimento e os caminhos para a mudança, “Para que haja mudança é” preciso

que possamos contar com condicionantes histórico-sociais e técnico-culturais sejam

esclarecidos e as possibilidades de mudança na estrutura, no sentido e no significado dos

movimentos a serem ensinados, de acordo com indivíduos e contexto possam ser viabilizadas

(Kunz, 2001, p-99). A nossa preocupação e dar um sentido pedagógico nos movimentos dos

esportes, sair do saber fazer, para ir ao saber-sentir e saber pensar.

Ao reduzir as nossas aulas ao ensinamento de gestos técnicos apenas para o

rendimento ou resultado satisfatório nos esportes estaremos produzindo indivíduos abstratos,

a respeito de quem o conhecimento das possibilidades do rendimento é o suficiente.

Para ter significado pedagógico o movimento deve ser colocado da seguinte maneira:

Primeiro que os professores tomem consciência da importância de interpretar os

movimentos na escola, ficando mais atentos e sendo mais sensíveis as reações dos alunos. Isto

me lembra que em uma ocasião quando eu estava dando aula, uma aluna insistia para ensinar

uma brincadeira, pediu mais de uma vez, e eu sempre neguei, será que eu causei alguns

transtornos nessa menina? O fato é que eu não lembro dela pedindo mais nada depois disso.

Que os alunos entendam o significado dos seus movimentos sendo agentes e autores

de suas ações.

Que os professores cobrem o gesto técnico dos seus alunos, mas acima disso

respeitem os seus limites.

Que os alunos interpretem os diferentes movimentos nas diferentes modalidades.

Particularmente o que eu considero o mais importante no estudo do movimento nas

aulas de educação física são os transtornos psicológicos que as aulas causam para os alunos

como já mencionei.

É preciso concentrar o nosso foco no aluno, e não sobre os movimentos deste. É

difícil fazer esta separação, porque o movimento está cercado de subjetividades, que devemos

desvendar.

“Na escola, fantasias e desejos devem dar lugar à retenção de informações nos

chamados conteúdos teóricos e repetições mecânicas nas disciplinas práticas como a educação

física. A prática de exercícios repetitivos vai retirando, assim, significados individuais nas

realizações humanas. A realização de se - movimentar com a subjetividade humana é

fundamentalmente uma relação de sensibilidade”. (Kunz, 1994, p-113). Sensibilidade, tato,

joga de cintura, percepção são palavras que devem fazer parte da formação do professor ao

tratar com alunos. Se os alunos não se sentem seguros para realizar qualquer movimento na

aula sob o risco de ser motivo de piada, ele não poderá vivenciar a pratica na sua plenitude, e

ainda mais se as suas experiências anteriores forem negativas a sua insegurança se torna

maior. Ao passo que se o processo for conduzido de uma maneira que todos os alunos

percebam que não devem ridicularizar e nem serem motivos de ridículo, o movimento será

muito mais espontâneo e participativo. Basta que o professor não de importância exagerada

nos gestos motores, e seja sensível para coibir qualquer ação preconceituosa.

Ao trabalhar movimento nas nossas aulas, devemos conduzi-la de tal maneira que o

aluno se sinta seguro para expressar as suas emoções, e apoiado nas suas dificuldades e

limitações. Que as nossas aulas seja um espaço aberto para o movimento consciente e crítico,

longe da padronização e estereotipagem.

Espera-se que a implantação dos nossos esportes de mais riqueza de movimentos e

de ritmos contextualizados respeitando a individualidade dos alunos, que a nova prática não

seja simplesmente mais uma modalidade esportiva ou apenas modismo.

6.8 CONCLUSÃO

O Encaminhamento metodológico é resultado de um projeto piloto realizado no

Colégio Estadual Presidente Castelo Branco em Toledo, no ano de 2006, ao qual foram

tiradas algumas conclusões iniciais e agora a com oportunidade da educação continuada o

projeto foi fundamentado teoricamente. A intenção de mudança curricular é: planejar os

novos conteúdos numa visão histórico-crítica.

Avaliar o aluno conforme sua capacidade e esforço;

Levar em conta as contribuições dos alunos no inicio e durante as atividades;

Auxiliar os alunos a encontrar sentido no que faz, comunicando objetivos, levando-

os a perceber o processo e o que se espera deles;

Estabelecer metas alcançáveis;

Oferecer ajuda adequado no processo de elaboração do conhecimento;

Promover o estabelecimento de relações com o novo conteúdo apresentado e exigir

dos alunos analise, síntese e avaliação do trabalho;

Estabelecer um ambiente e relações que facilitem a auto-estima e o

autoconhecimento;

Promover canais de comunicação entre professor/aluno e aluno/aluno;

Potencializar a autonomia, possibilitando que os alunos aprendam a aprender;

Possibilitar o entendimento histórico – cultural dos novos conteúdos;

Analisar a influencia da mídia sob o esporte escolar.

Espera-se que a prática esteja condizente com a fundamentação teórica até aqui

apresentada. Antes de entrarmos nas estratégias adotadas quero apresentar o colégio para que

os leitores possam se situar.

O Colégio Estadual Presidente Castelo Branco é bem conceituado, possui uma boa

estrutura tanto física como pedagógico, ele é muito procurado pelos alunos do município e

por municípios vizinhos. É um colégio que só tem o ensino médio com cerca de 1200 alunos

aproximadamente. Conta com um ginásio, duas quadras, uma pista de atletismo, dois campos

de futebol suíço, uma sala de jogos e duas salas de multimídia, oferecendo desse modo

condições ideais para qualquer trabalho proposto.

A metodologia trabalhada com os alunos está baseada no pilar central que é fazer do

aluno o regente das aulas e o professor irão auxiliar ou interferir quando for necessário. Irei

exemplificar a abordagem pegando como exemplo uma sala do 3º ano do ensino médio com

40 alunos.

6.7.2 Estratégias Passo a Passo

1º PASSO – Divisão da sala em cinco grupos, cada grupo através de um sorteio

ficará responsável por uma modalidade (badminton, beisebol, futebol americano, peteca e

tênis de campo), a escolha do grupo fica a critério dos alunos, aqui surge o primeiro conflito,

alguns grupos querem trocar a modalidade, principalmente os meninos que querem o futebol

americano ou vice-versa são as meninas que não querem o futebol americano (caberia aqui

uma intervenção por parte do professor para discutir esta preferência) existem outros motivos

para solicitar as trocas, como facilidade para arranjar o material (peteca) ou ainda por pratica

o esporte em clubes (tênis de campo). Neste momento entra a interferência do professor que

através do dialogo, procura soluções para o impasse, se houver consenso de todos os grupos e

que nenhum grupo se sinta prejudicado as trocas são permitidas, caso contrário segue o que

preestabelecido antes do sorteio.

2º PASSO – Os grupos irão pesquisar as modalidades:

Histórico – identificar o local, ano, país, cidade e estado, procurando ligações e

objetivos que motivaram a criação dessa modalidade naquela época.

Regras – identificar as primeiras regras com as regras atuais, se houve modificação e

o que gerou nessas mudanças de regras.

Campo ou Quadra – explicar o local do jogo, tamanho, medidas e altura das redes.

Equipamentos – os grupos são responsáveis em providenciar todo o material para a

prática (tacos, raquetes, peteca etc), mostrar a evolução desses equipamentos com a evolução

tecnológica.

Popularidade – identificar como e porque a modalidade estudada é mais

praticada em determinados países ou local (beisebol na Venezuela, peteca em Belo

Horizonte).

3º PASSO – Os itens acima valem para todos os grupos, mas cada modalidade tem a

sua particularidade que os grupos deverão pesquisar.

BADMINTON

Por que nos países orientais é mais praticado?

Há competições oficiais no Brasil?

Existe algum jogador no Brasil de renome internacional?

BEISEBOL

Quem são os praticantes desta modalidade no Brasil?

A que se assemelha este esporte?

Por que na Venezuela ele é muito praticado?

O beisebol na Venezuela é praticado nas escolas? Assim como o futebol é no Brasil?

O que distingue o beisebol das outras modalidades? (é o jogador que faz o ponto).

Há jogadores brasileiros de nível internacional?

FUTEBOL AMERICANO

Por que passa a idéia de violência?

Há questão de uso de esteroides pelos jogadores?

Popularidade nos Estados Unidos?

Praticantes e simpatizantes no Brasil?

TENIS DE CAMPO

Quem foi Maria Esther Bueno?

O sucesso de Gustavo Kuerten popularizou mais o tênis de campo?

A prática do tênis de campo se restringe mais a clubes porque é um esporte caro?

Se houvesse quadras de tênis de campo em praças e possibilitasse o acesso a mais

praticante, teríamos mais expoentes nesta modalidade?

PETECA

Explorar a sua origem, que veio dos índios e como se deu à apropriação por nós?

Pesquisar junto com os pais e aos antigos se a peteca fazia parte do repertório das

brincadeiras infantis deles?

Qual a diferença da peteca confeccionada por eles e a da loja?

Por que em Belo Horizonte a peteca é mais praticada?

Há campeonatos?

A peteca é um jogo ou um esporte?

Assim como a pesquisa destas particularidades de cada modalidade foi solicitado

também que os grupos trouxessem de cada modalidade para a discussão, o salário e os

prêmios de cada modalidade e a variação que eles sofriam, como por exemplo: um salário de

um jogador de futebol americano é maior ou menor do que um jogador de soccer, que é como

eles chamam o futebol por lá, e agora começa a entrar os porquês, o que leva um ganhar mais

do que outro, e nesse momento inicia os links, popularidade, televisão, publicidade,

torcedores etc. acontece também no tênis de campo sobre o ranking da ATP e dos grandes

SLAMS e sobre o que o jogador ganha com as vitórias e com a publicidade e podemos

levantar ainda, como países pequenos têm mais campeões no tênis de campo do que nós, por

que isto acontece? Em relação ainda as modalidades são levar os alunos a descobrirem se os

alunos da Venezuela praticam o beisebol nas escolas e um assunto que é um capitulo a parte

é: como Cuba pode ser uma potencia nos esportes? Sobre a mídia podemos levantar a seguinte

pergunta: se a televisão oferecesse mais espaço para estas modalidades, o número de

praticantes aumentaria no meio escolar.

Observe que quando faço estes apontamentos estou procurando envolver os alunos

nas três dimensões: atitudinal, procedimental e conceitual ou nos três planos: trabalho,

linguagem e interação. Esta estratégia oferece vários ângulos de observação, uma destas

observações seria o estudo dos movimentos, levaríamos os alunos a comparar os movimentos

dos novos esportes com os esportes praticados, e refletir o porquê da dificuldade de praticar

os novos esportes, uma outra analise é a adaptação das regras dos novos esportes para a

prática, mas sempre lembrando que eles deverão ter conhecimento das regras que vigoram as

modalidades. As adaptações seriam umas maneiras de possibilitar a participação de todos

assim como fazemos com as modalidades tradicionais, dessa maneira podemos permitir que a

bola quique duas ou mais vezes no tênis de campo e que o saque não precise cair na área de

serviço, como no beisebol o aluno só avance depois que conseguir rebater, que é o que lhe dá

prazer o desafio da rebatida, como podemos diminuir o campo para facilitar os arremessos,

todas as modalidades poderão ser modificadas para possibilitar a participação de todos os

alunos. Notem que em nenhum momento eu destaquei a perfeição dos gestos motores, pois

eles não são o nosso foco de estudo.

4º PASSO – Os grupos após realizarem a pesquisa, irão apresentar a modalidade

estudada com todos os itens solicitados, para o grande grupo (seminário) eles usarão o Data-

Show para ilustrar melhor o trabalho e passar um vídeo de um jogo da modalidade estudada, é

neste momento também que o grupo deverá apresentar para o grande grupo os equipamentos

esportivos (bolinhas e raquetes de tênis de campo, bola de futebol americano, petecas, bolas e

taco e luvas de beisebol, peteca e raquetes de badminton). Surge aqui alguma dificuldade,

primeiro porque é complicada uma avaliação em grupo, por mais que você procure ser justo

na avaliação, usando todos os meios para identificar se todos os alunos se esforçaram

realmente, sempre há o aluno descontente com a sua avaliação, geralmente o melhor aluno.

Outro problema é que o grande grupo não pergunta para não prejudicar os apresentadores. Eu

tento minimizar estes problemas, fazendo perguntas para os alunos que eu acho que estão se

escondendo na apresentação, e em relação ao grande grupo, em vez deles perguntarem, sou eu

que faço as perguntas para eles: de duas uma, ou eles não sabem por que não estavam

prestando atenção, ou a explicação não foi suficiente. Uma outra estratégia e eleger uma

comissão que irá avaliar através de critérios preestabelecidos o grupo que está à frente. Ao

final da apresentação é feito às considerações finais e o grupo se auto-avalia. Todo professor

que já realizou a auto-avaliação, sabe que neste momento os alunos se acusam e atribuem uma

nota para eles que salvo algumas exceções, condizem com o que ele apresentou.

Mas o que foi falado até agora eu diria que é o aspecto operacional. A riqueza

neste momento é levar os alunos para a reflexão crítica dos esportes estudados, tudo aquilo

que foi descoberto na pesquisa, deverá ser explanado agora, e mais uma vez entra a

interferência do professor que deverá conduzir a discussão na problematizaçao dos esportes

estudados numa dimensão histórica, social, econômica, cultural e política, é neste momento

que acontece o que chama Kunz (2001) falsa consciência para a consciência crítica, “os

agentes estão livres de falsa consciência eles foram esclarecidos e livres da coerção auto-

imposta eles foram emancipados (Kunz, 2001 p-34). Se os professores não perceberem este

momento, toda esta prática ficará a prática pela prática”.

5º PASSO – Após a pesquisa e da apresentação teórica, resta à prática dos esportes

(vivencias corporais). O grupo deverá ensinar ao grande grupo como se joga. Na verdade o

pequeno grupo irá aprender juntamente com o grande grupo, pois eles só sabem o jogo na

teoria. O professor na lateral da observação poderá verificar a dificuldade do grupo para

passar de maneira clara as regras do jogo e como estão na estaca zero muita dúvidas e

questionamentos surgirão. O que eu observei neste momento no projeto piloto é que as aulas

teóricas que tinham o objetivo de clarear e facilitar as aulas práticas não surtiram o efeito

desejado ao ver os inúmeros questionamentos, talvez fosse necessárias mais aulas para a

apropriação dos conhecimentos. Mas enfim os grupos poderão utilizar diferentes maneiras

para ensinar: dividir o grande grupo em números menores de alunos, ou escolher alunos para

a prática e ir explicando as regras no andamento do jogo. O professor ficará atento e interferir

sempre que necessário. Uma outra solicitação foi que o grupo filmasse a aula para análise

posterior com todos os alunos juntos.

Esta metodologia de introduzir os esportes novos para os alunos do 3º ano,

contempla as três dimensões (crítico – superadora – coletivo de autores) e os três planos

(crítica – emancipatória de Elenor Kunz). Nota-se que o professor o tempo todo fica atrás da

cortina, mas ele está sempre pronto para entrar em cena, sempre que julgar necessário.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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