ANO XI

n9 81 LEME ABRIL

1983

BOLETIM INFORMATIVO

?e.i,cadoKe.ò e. P<L6cade.ifLa& Rumando Paxá Movat Aguaò

SANTARÉM - PARÁ

A grande vitória dos pescadores

l»»dtíOTECA.

PERNAhlBUCO

Pescadores desconfiam do Propesca

Companheiros e Companheiras.

Um abraço para vocês 1

Vocês jâ sabem que

a Campanha da Fraternidade deste ano foi

"FRATERWIPAPE SIM - l/IOLÊNCIA NÃO"

O que ê a violência?

Violência são todas as formas de:

Violação do corpo,

da consciência,

da vida,

dos direitos humanos.

Estas violências geram a fome,

ifíílf^ 4*5^ »* HÜÍ a miséria e .. '# a morte

e causam^irarfo^menda confusão e desordem neste mundo.

Quando o povo de Israel estava sofrendo

as conseqüências da violência,

na escravidão do Egito,

2.

Deus disse a Moisés:

"Eu ouvi os clamores de meu -povo"

E Deus lançou Moisés

na luta pela libertação.

Hoje,

essa voz se dirige a NÕS.

Deus nos chama

para entrar na mesma luta,

combatendo as escravidões,as violências de hoje.

Dizer NAO a violência

não ê cruzar os braços, buscando sossego.

Dizer NÃO a violência

ê partir decidido para o combate

de libertação, de justiça.

Tem gente que diz

que não tem nada a ver

com as violências que são praticadas

é puro engano\

3.

Se hã miséria, fome e morte,

não ê so por causa dos que matam.

exploram e escravizam diretamente.

Se hã toda essa violência,

ê também por causa da nossa covardia

da nossa falta de união

da nossa falta de combate.

Que diferença hã entre ■•■ quem mata e

quem deixa matar?

Que diferença hã entre

quem explora e escraviza e

quem deixa explorar e escravizar?

Todos dois participam do mesmo crime

e estão comprometidos com a mesma opressão.

Dizer SIM a fraternidade,

não ê parar a luta,

deixando as coisas acontecerem.

D Lzer SIM à fraternidade.

ê se decidir por um combate

que enfrenta as forças do ódio,

da destruição e da morte.

A gente sabe que;

esta decisão atrairá

perseguição é ressentimentos.

A FRATERNIDADE ê uma conquista

daqueles que se decidiram

por uma luta contra as injustiças.

É Deus que nos chama í . -

para este combate.

Companheiros,

Nos sentimos : . ,

na própria pele .\ í

as violências cometidas contra nós

e contra a nossa categoria.

, Esta aí a poluição dos rios.

a devastação dos mangues,

a falta de assistência médica etc.

^-,

Esta aí também

a escravização das nossas Colônias

pelas intervenções,

pelas normas ditadas de cima para baixe

pelas fiscalizações opressoras.

Podemos ficar parados

diante de tudo isso?

É Deus que nos chama

para o combate contra as violências,

pela justiça e fraternidade.

A seguir, vamos ver

alguns exemplos de lutas

que companheiros nossos estão enfrentando,

na busca de um mundo melhor

na busca da verdadeira FRATERNIDADE.

A-. I

P R O P E S C A

RESULTAVÕ VA LUTA VOS PESCAPORES PERMAMBUCAMOS

O numero anterior de "O LEME"

trouxe esclarecimentos sobre o

PROPESCA - PfLogtLama de, Vt&dnvolvlmtLnto da ?e.&ca,

pelo qual o Governo financia

embarcações e material de pesca.

Vimos que a maior parte dos

52 bilhões, 873 milhões e 600 mil cruzeiros

passou para as mãos de gente

que não e pescador. , .. ; '.:

O pescador artesanal ficou

com uma fatia bem pequena

daquela soma tão vultosa. ,, i -^

Em Pernambuco, poucos pescadores, .['] receberam financiamentos para embarcações.

Quando estes pescadores jâ tinham feito

o contrato de construção dos barcos,

o financiamento foi suspenso.

Ai ê que deu um reboliço muito grande.

Apoiados pelos dirigentes r, ,,...

das Colônias Z-l(Recife) eZ-4(Olinda)

e pelo Sindicato dos Pescadores do Recife,

exigiram o cumprimento do Programa.

JU_

Em varias reuniões

houve discussões fortes .- , -■ ■,•'•"■ .'■, ■ ■ ; C,. ...> .' ■

. , ■ . T ■ 1 - ■. ' '' • ■, ■' ■ ! • - "

com ò CoOrdeniadbr da SUDEPE e

com o Interventor da Federação de Pernambuco.

Estes dois, parece que tinham medo

de, sozinhos, enfrentarem os pescadores.

Procuravam "Áe.gu.fLanç.a."

na Capitania dos Portos,

marcando as reuniões para lã.

Os pescadores, porem, não tiveram medo:

com toda franqueza exigiram seus direitos.

Ameaçaram ate boicotar

o fornecimento do pescado para a Semana Santa.

A coragem, a franqueza e a união

dos pescadores venceu.

No fim de abril, foi liberada a nova verba.

Desta vez, os pescadores prejudicados

foram contemplados e jâ

estão construindo os seus barcos.

R^-òta. pzxguntaA.:

- Por que o Governo, através do BNCC

(Banco Nacional de Credito Cooperativo),

liberou agora a verba?

Serã que tem medQ das denuncias

que os pescadores fazem?

Serã que tem medo da união dos pescadores?

Será que, com alguns poucos financiamentoá,

querem abafar a luta dos pescadores? :t .'

E assim continuar _ r.i ■ o desvio da verba do PROPESCA para os ricos?

A písigunta zòta no OA! I

Ve. olho nule-i, I I ,,1 '■■

.qüCi f.

_ gu,.,_,

DEVASTAÇÃO DOS MANGUES

MARCAÇÃO, PB

Nas áreas vizinhas ao distrito de Marcação,

Baía da Traição - PB,

banhadas pelo rio Mamanguape,

vêm sendo construídos viveiros

de criação de peixes.

Esses viveiros vêm causando

a destruição do manguesal, daquela área.

Isso vem provocando protestos dos pescadores

que trabalham na ãrea do manguesal.

Como o manguesal ê a principal fonte

da alimentação e renda da população local,

a sua destruição parcial ou total

ocasionara um serio problema social.

Mais de 300 famílias de li

tiram seu sustento

da cata de crustáceos e mariscos.

O restante da população, também,

ê beneficiada pela venda no local

destes produtos, a preços mais baixos.

10.

Desde outubro de 1982,

os pescadores de Marcação

vem lutando contra a devastação dos mangues.

Fizeram requerimento

a. Capitania dos Portos da Paraíba

para obter informações

sobre a propriedade de viveiros na ãrea,

exigindo a presença da Polícia Naval

para averiguações.

Encaminharam também a Capitania dos Portos

um abaixo-assinado reivindicando

a desativação dos viveiros.

Em abril deste ano, em reunião

que contou com a presença

doa pescadores de Marcação, da SUDEPE, da Secretaria do Meio Ambiente

da Capitania dos Portos, da CPP

e da Universidade Federal,

os pescadores não conseguiram

a desativação dos viveiros,

mas, foi formada uma Comissão

com a participação das entidades presentes

para tratar das conseqüências

ecológicas e sociais dos viveiros.

1

Os pescadores conseguiram também

que a Capitania dos Portos T

suspendesse todas as licenças

sobre instalação e manutenção dos viveiros ja existentes em Marcação,

até a conclusão dos trabalhos da Comissão.

Comissão fiscaliza viveiros

Uma comissão formada por representantds da Sudepe. Se- cretana Especial do Meio Am- biente e Pastoral da Pesca da Ar- quidiocese de João Pessoa, vai analisar o problema criado em Marcação, com a implantação dos viveiros, avaliando areai situação quanto aos Impactos ecológicos social e econômico na área. A in- formação é do coordenador da Sudema. João Feitosa Mayer Ven- tura.

A comissão foi constituída na reunião de ontem, que contou ain- da, com a presença do Capitão- de-Corveta Vital de Barros Filho

CümandanjL' 00 Capitania dos Portos Joào Feitosa adiantou que a Sudema tem o maior interesse em resolver o problema e aguarda no menor espaço de tempo um parecer da comissão, sobre a real situação de Marcação

Ele declarou que, IOQJ ..pós a reunião, técnicos da Sudema aproveitaram para discutir com ^ representantes da Sudene sobre a possiDilidade da liberação de recursos para projetos já em an- damento, bem como apresen- taram novas propostas para a ob- tenção de financiamento para projetos n a sua área de at uaçãp.

(Jornal "O NORTE", João Pessoa - PB, 22/04/83)

12.

A MARCHA DOS COMPANHEIROS DE SANTARÉM, PARÁ

Em varias .oportunidades,

jâ relatamos as lutas dos pescadores

da Colônia Z-20, de Santarém, ;

Ia as margens do rio Amazonas,-,.o o

Depois de uma batalha pacífica.

mas forte e decidida.

conseguiram derrotar

aquela corja de interventores ,'

que ha muitos anos vinham oprimindo

os associados da Colônia Z-20.

Após muita pressão

sobre a Confederação Nacional,

esta marcou eleições livres

para o dia 28 de novembro de 1982.

Os companheiros da oposição

venceram por esmagadora maioria.

No dia 28 de dezembro foram empossados.

Não apenas conquistaram a direção da Colônia.

Ja durante a luta por eleições livres

denunciavam as irregularidades

cometidas pelos interventores da Colônia

e da Federação das Colônias do Pará.

Isto contribuiu decisivamente,,,,, ,.,, ,lU:,-.

para que o interventor da Federação

13.

fosse sumariamente demitido

pelo Presidente da Confederação Nacional.

Mas a história ainda não para aqui.

0 novo interventor interino,

iniciou um processo na justiça

contra o ex-interventor,

por causa das irregularidades

Cdiga: roubalheiras) cometidas por este.

No fim de abril,

a diretoria da Z-20 de Santarém

fez a mesma coisa

contra os ex-interventores da Colônia.

Os companheiros de Santarém

não estão brincando,

Fazemos votos de que tenham

sucesso também na justiça.

Pois bem, companheiros'.

Se os pescadores de todas as Colônias

tomassem consciência

e se unissem numa mesma luta,

cremos que muitos interventores

de Colônias e Federações

teriam que defender sua pele na justiçai

POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO'.

14.

POLUIRÃO

PONTE VOS CARVALHOS, PE

E antiga a luta dos pescadores

de Ponte dos Carvalhos contra a poluição.

fi uma luta que testemunha a firmeza,

persistência, convicção e capacidade de

organização de uma categoria tão sofrida.

Mais uma vez ' " i'

Ponte dos Carvalhos vem a publico

dando prosseguimento a uma luta;.

que teve início em 1966, ,

quando da fundação da Sociedade Beneficente

de Pescadores de Ponte dos Carvalhos. ,

Esta Sociedade foi fundada }

para combater a poluição. , ?}.-^

Agora se unem na mesma luta pelo direito a vida:

a mesma Sociedade, a Colônia Z-8 de Gaibü,

associação de bairro, a Prefeitura do Cabo,

Organizações do Recife

e outras Colônias de Pernambuco.

No próximo LEME

cantaremos a historia desta manifestação:

Eis o convite doe pesaadores: ■..■ i ■ ,, ■ ;— — !

15

- CONVITE -

Nos, pescadores e pescadeiras,

estamos dando nosso grito de alerta.

Estamos cansados da insensibilidade

dos poluidores,

das promessas de recuperação dos nossos rios

e da falta de ação dos órgãos competentes.

Protestamos

contra a morte dos rios pernambucanos

que só nos deixa a fome,

a miséria e a marginalidade.

Contamos, portanto, com sua honrosa presença

na manifestação pública contra a poluição

a ser realizada

no dia 15 de maXo de Í9S3,

ãò 9 hoiai da manhã,

em Ponte, doò Caivalhoò {Cabo],

no Volto do BaA.co,

aò maftQznò do Rio Jaboatão.

Sociedade Beneficente dos Pescadores

de Ponte dos Carvalhos

Colônia de Pescadores Z-8 de Gaibú. .

Comissão Pastoral dos pescadores Rua do Giriqu.ti. 48 • Fone: 231-3177 • 50.00" • Recife - PE