roteiro estilística

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UFCG – CH – UAL Disciplina: Teoria de Literatura III Professor: Helder - Tutor: Arinélio Junior Alunas: Aída Milena Guedes/ Lucicláudia Inacio Estilística 1.0- Contexto histórico Como revela de pronto a etimologia, a crítica pressupõe, necessariamente, o ato de julgar, isto é, conferir valor às coisas, no caso obras literárias. Entretanto, o vocábulo “crítica”, refletindo a evolução em ziguezague sofrida pela atividade que designa, experimentou consideráveis vicissitudes no decurso dos séculos. Sendo, por natureza, posterior às obras criadas, a crítica surgiu tempos depois que se elaboraram, na Grécia, os primeiros poemas e peças de teatro. Inicialmente, o termo se vinculava à Lógica, mas já no século IV a.C. a crítica estética era praticada entre os gregos, mas sem menção do nome, porquanto a palavra ”crítico” apenas se usava na acepção de “censor literário”, vizinha de “gramático”. Em sentido amplo, a crítica nasceu na Grécia, com Platão e Aristóteles. E tão lúcidas, embora parciais e truncadas, foram suas ponderações na matéria que implantaram os dois padrões básicos de crítica literária válidos ainda hoje. Platão pertence, no respeitante às idéias críticas, mais ao capítulo da Estética que da Literatura, uma vez que especulava as questões antes do ângulo filosófico que do literário. Aristóteles, discípulo e continuador de Platão, procurará desfazer a antinomia ao propor uma interpretação de base indutiva, materialista e propriamente literária. Coloca-se em posição diametralmente oposta a Platão: move- se dos objetos para as idéias, levanta teorias pela observação dos fenômenos, admitindo uma única realidade,

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UFCG CH UALDisciplina: Teoria de Literatura IIIProfessor: Helder - Tutor: Arinlio JuniorAlunas: Ada Milena Guedes/ Lucicludia InacioEstilstica1.0- Contexto histricoComo revela de pronto a etimologia, a crtica pressupe, necessariamente, o ato de julgar, isto , conferir valor s coisas, no caso obras literrias. Entretanto, o vocbulo crtica, refletindo a evoluo em ziguezague sofrida pela atividade que designa, experimentou considerveis vicissitudes no decurso dos sculos.Sendo, por natureza, posterior s obras criadas, a crtica surgiu tempos depois que se elaboraram, na Grcia, os primeiros poemas e peas de teatro. Inicialmente, o termo se vinculava Lgica, mas j no sculo IV a.C. a crtica esttica era praticada entre os gregos, mas sem meno do nome, porquanto a palavra crtico apenas se usava na acepo de censor literrio, vizinha de gramtico.Em sentido amplo, a crtica nasceu na Grcia, com Plato e Aristteles. E to lcidas, embora parciais e truncadas, foram suas ponderaes na matria que implantaram os dois padres bsicos de crtica literria vlidos ainda hoje. Plato pertence, no respeitante s idias crticas, mais ao captulo da Esttica que da Literatura, uma vez que especulava as questes antes do ngulo filosfico que do literrio.Aristteles, discpulo e continuador de Plato, procurar desfazer a antinomia ao propor uma interpretao de base indutiva, materialista e propriamente literria. Coloca-se em posio diametralmente oposta a Plato: move-se dos objetos para as idias, levanta teorias pela observao dos fenmenos, admitindo uma nica realidade, formada ao mesmo tempo pelas coisas e as idias nelas contidasEntres os gregos, ainda cumpre ressaltar o pensamento esttico de Longino, expresso no tratado do Sublime (segunda metade do sculo I a.C.). Enfocando a questo de um prisma contrrio a de Plato e Aristteles, pondo nfase no espectador ou leitor (ou seja, o sublime). O valimento das obras residiria, no no estilo, ou na perfeio das formas, mas na altitude dos sentimentos e idias. Assim, o sublime, das obras, e a excitao, no leitor, constituiriam os dois plos do critrio de valorizao esttica. Com Longino, tem-se no s a primeira tentativa de interpretao psicolgica do fato literrio, como tambm a localizao, ainda que terica, do objeto prprio da crtica: julgar a qualidade das obras, determinar o permetro do bom e do mau.No trnsito para Roma, a especulao terica encontrou uma srie de adeptos, como Horcio, Quintiliano, Tcito, Ccero, Demtrio, Dionsio, dos quais o primeiro o mais importante. semelhana de seus compatriotas, mais interessados na Retrica ou na eloquncia que na arte literria propriamente dita, Horcio escreve sua Arte Potica com a inteno de fornecer normas e conselhos queles que pretendiam elaborar obras dramticas. J a Idade Mdia, as questes estticas interessaram menos que as de natureza moral, teolgica ou filosfica, ou estiveram sob sua jurisdio.No geral a crtica literria dos sculos XVI e seguinte obedecia aos ditames dos tericos da Antiguidade, sobretudo os que se referiam mimese. A criao literria, por seu turno dependente das regras colhidas nos sbios do tempo, norteava-se de acordo com os modelos oferecidos pelos escritos Greco-latinos. margem dessas tendncias crticas e com elas por vezes mesclando-se, desenvolvem-se a partir da I Grande Guerra (1914-1918) teorias e prticas fundadas na Lingustica. Historicamente, a Esttica foi a primeira a constituir-se. O termo, introduzido por Charles Bally (1909), de incio caracterizava o estudo da linguagem como tal. Na Alemanha, Karl Vossler adotou-o e transferiu-o para a anlise esttica da linguagem. E na Espanha a Esttica foi difundida por Dmaso Alonso.Ao longo da histria da crtica, desdobraram-se vrios tipos, modalidades ou mtodos de abordagem textual, e confudiram-se noes heterogneas e atividades complementares (como teoria e a prtica). O termo estilstica foi empregado para uma pluralidade de intenes e mtodos, o que dificultou a sua consolidao como cincia autnoma.2.0- Estilstica: Seu objetivo no mais dar conselhos para quem escreve. Entretanto, no fica totalmentedesligada dos estudos sobre a expresso lingustica, que se ocupara dalinguagem para fins persuasivos e artsticos. Assim surge um novo estudo de Estilstica, fundado numa dicotomia: deum lado aparece a Estilstica da Expresso ou Estilstica Descritiva, a qualrelaciona a forma e o pensamento geral; do outro lado, a EstilsticaIndividual, tambm chamada Estilstica Gentica, voltada para a crtica daexpresso com fins literrios.2.1- Estilstica da lngua e Estilstica descritiva: Ampliando o campo de estudo do seu mestreFerdinand de Saussure,Charles Ballyvolta-se para os aspectos afetivos da lngua falada, da lngua a servio da vida humana, lngua viva, espontnea, mas gramaticalizada, lexicalizada, e possuidora de um sistema expressivo. Estudo dos processos da linguagem geral, de uma lngua concreta ou da fala de um indivduo2.2- Estilstica individual, literria ou genrica: Iniciada por Leo Spitze, parte da reflexo. De cunho psicologista, sobre os desvios da linguagem em relao ao uso comum. Seu objeto bem amplo, global, abrangendo o imaginativo, o afetivo e o conceitual.3.0-Alguns estudiosos da teoria estilstica Leo Spitzer: Principal representante da escola idealista, ao analisar qualquer obra, buscava conhecer a sua essncia e a partir da, a originalidade da forma lingustica, ou seja, no estilo. Atribui-se a Spitzer, os seguintes mtodos:1) A crtica imanente a obra, ou seja, so inseparveis 2) Toda obra constitui um todo, e no centro deste todo, encontramos o esprito do seu criador, implicando dizer, que este esprito exatamente o princpio de coeso interna da obra. 3) Penetra-se na obra mediante uma intuio. O bom leitor sempre aquele que investiga todos os aspectos de uma obra, buscando a cada momento elucidar os ns encontrados no decorrer da leitura e com isso vai desvendando a trama, atravs da sua intuio em contraste com as pistas deixadas pelo autor. 5) A estilstica deve ser uma crtica de simpatia. Conceito este que remete idia de que a estilstica tem como um dos fundamentos o respeito criao e criatura, no estando preocupada em encontrar os defeitos (com relao aos padres usuais de anlise literria), mas sim, em entender o estilo daquele autor e a sua fidelidade com a sua criao. Damsio Alonso: Assim como Spitzer, no cr que seja possvel adotar racionalmente uma nica tcnica estilstica vlida para todas as obras. Para ele a estilstica no consiste em estudar todos os elementos do poema, mas em efetuar uma seleo entre eles.Amado Alonso: Supera as limitaes da estilstica idealista, sintetiza as principais tendncias e preanuncia certos aspectos da estilstica estrutural moderna ou semitica literria. No despreza o mtodo de Spitzer, mas tem conscincia dos seus limites e da sua parcialidade.4.0- Estilstica estrutural e funcional: A partir dos estudos de Roman Jakobson, a Estilstica sofre outra guinada e muda de objetivos. O estruturalista russo comea por romper com a nomenclatura da cincia, alegando-a imprecisa. Assim, na obra de Jakobson, o equivalente de Estilstica a potica e o estilo chamado de funo potica. Para Jakobson, a potica deve distinguir as mensagens verbais artsticas das no-artsticas. Assim, o que fosse artstico seria do ramo de estudos da potica; o que fosse linguagem comum sobraria para a Lingustica. nesse contexto que Jakobson apresenta suas funes de linguagem, que mais tarde se tornaram onipresentes em qualquer gramtica ou manual. Na teoria de Jakobson, a gramtica deixa de ser um terreno estril e passa a ter papel preponderante na anlise potica. Quando se centra nas funes da linguagem, a estilstica chamada de funcional; quando se baseia nas relaes entre os elementos do texto, a estilstica estrutural.4.1- Representantes da estilstica estrutural e funcional:4.1.1- Michael Riffaterre: Para ele cada efeito de estilo somente captvel atravs de, e por, um contexto.4.1.2- Jean Cohen: No fala em estilstica, mas os seus trabalhos podem ser postos em paralelo com os estudos de estilstica estrutural.4.1.3- Pierre Guiraud: Herdeiro da estilstica estrutural e da potica de Jakobson procura a originalidade na sntese de correntes diversas e tenta reconciliar as vrias tendncias estilsticas.4.1.4- Samuel R. Levin: Prope-se explicar, a partir da lingustica estrutural e da escola de Chomsky, a especificidade essencial da poesia, no todas as caractersticas da obra, mas as estruturas peculiares que a diferenciam da linguagem corrente.