revista port.com outubro 2015

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2015 . Nº 12 . OUTUBRO . REVISTA MENSAL . PREÇO: 2,50€ Visite o site www.revistaport.com e fique mais perto de Portugal + 105 anos da Implantação da República 5 DE OUTUBRO DE 1910 Rainha de Sidney a Joanesburgo ÁGATA ENTREVISTA LEGISLATIVAS A preservação da língua portuguesa, a vida profissional, a relação com o desporto e a cultura. Saiba como é que os portugueses vivem no país mais rico da União Europeia SER PORTUGUES no luxemburgo O que muda no panorama político nacional www.revistaport.com

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A Revista PORT.COM esteve no Luxemburgo para mostrar aos portugueses por todo o mundo como é a vida dos seus compatriotas no país mais rico da União Europeia.

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Page 1: Revista PORT.COM outubro 2015

2015 . Nº 12 . OUTUBRO . REVISTA MENSAL . PREÇO: 2,50€

Vis i te o s i te www. rev i s tapor t .com e f ique ma i s pe r to de Por tuga l+

105 anos da Implantação da República

5 DE OUTUBRODE 1910

Rainha de Sidney a Joanesburgo

ÁGATAENTREVISTA

LEGISLATIVAS

A preservação da língua portuguesa, a vida profissional, a relação com o desporto e a cultura. Saiba como é que os portugueses vivem no país mais rico da União Europeia

SER PORTUGUESno

luxemburgo

O que muda no panorama político nacional

www. rev i s tapo r t .co m

Page 3: Revista PORT.COM outubro 2015

www.revistaport.com

SUMÁRIO4 EDITORIAL

6 PORTUGAL Passos Coelho vence eleições sem maioria

8 HISTÓRIAO mês em que Portugal se transformou num país novo

12 DESTAQUEPORT.COM NO LUXEMBURGO14. Língua portuguesa: de punida a ensinada

18. Portugueses ativos nos eventos culturais 20. Exploração na construção civil (afinal) é rara

23. O turismo não fala português24. Desporto pobre num país rico

26 NEGÓCIOSClínica Delille - “A saúde oral

dos portugueses melhora de dia para dia”

32 TURISMOOs “Óscares do turismo” europeu ganhos por Portugal

34 CULTURAEntrevista a Ágata: 40 anos de carreira

GASTRONOMIA38. Portugal, país produtor de Gin

43. Receita de Coelho à Caçador44. Cervejaria portuguesa em Nova Iorque conquista crítica

46 DESPORTO“Três grandes da Madeira” juntos 24 anos depois

50 DISCURSO DIRETO“Luxemburgo, a melhor resposta para a desmotivação”

ÁGATAem exclusivo

GIN

36

38

42 Receita

de Coelho à Caçador

30Sugestões on line de produtos made

in Portugal para começar o outono bem agasalhado

A Revista

PORT.COM em reportagem no Grão Ducado: saiba como

vivem os portugueses no país mais rico da

União Europeia

Page 4: Revista PORT.COM outubro 2015

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES4

Após uma edição exclusivamente dedicada às eleições legislativas, a Revista PORT.COM regressa ao seu formato tradicional, com a informação que interessa

a todos os portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro novamente alinhada em secções como Negócios, Turismo, Gastronomia, História, Cultura e Desporto.

Contudo, esta nova edição volta a focar um tema em especial, intitulado: “Ser português no Luxemburgo”. A Revista PORT.COM viajou até ao Grão-Ducado para tomar o pulso à numerosa e abnegada comunidade portuguesa, e assim explicar o seu modo de vida aos compatriotas por todo o mundo.

Também explicamos as novidades impostas pelas eleições legislativas. Pedro Passos Coelho continuará, nos próximos quatro anos, a usar um pin verde e vermelho nos seus fatos, cores que derivam de um momento histórico que cumpre agora 105 anos e é recordado nas próximas páginas, a Implantação da República.

Uma entrevista em exclusivo a uma das cantoras portuguesas mais apreciadas nas comunidades, a carismática Ágata (aclamada pelos portugueses em Paris, Toronto, Joanesburgo ou Sidney) também faz parte desta edição, assim como a história da rivalidade entre os clubes madeirenses que disputam o primeiro escalão do futebol português, perante o olhar atento da comunidade insular na Venezuela.

Seja lida no Luxemburgo, em França, no Brasil, na Venezuela, nos Estados Unidos ou em tantos outros países, são vários os artigos que tornam a edição de outubro da Revista PORT.COM numa edição para guardar.

EDITORIAL

LUÍS CARLOS SOARESCoordenador Editorial

A AJBB Network não é responsável pelo conteúdo dos anúncios nem pela exatidão

das características e propriedades dos produtos e/ou bens anunciados. A respetiva veracidade e conformidade com a realidade são da integral e exclusiva responsabilidade

dos anunciantes e agências ou empresas publicitárias. Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações, - sob quaisquer meios e para quaisquer fins,

inclusive comerciais.

FICHA TÉCNICA

REVISTA DE PORTUGAL E DAS COMUNIDADES

Edição Mensal - Outubro 2015www.revistaport.com

Nº de registo na ERC: 126526

Rua João de Ruão, nº 12 – 8º3000-299 Coimbra (Portugal)

Tel: (+351) 239 820 688

[email protected]

EDITOR E PROPRIETÁRIO

[email protected]

NIF: 510 475 353

DIREÇÃO Abílio Bebiano

[email protected]

COORDENAÇÃO EDITORIALLuís Carlos Soares (CP-9959)[email protected]

REDAÇÃO Luís Carlos Soares, Márcia de Oliveira,

Filipa Marques Colaboradores: Marta Ribeiro

PLATAFORMA ONLINE Márcia de Oliveira - Edição de conteúdos

[email protected]

DESIGN E PAGINAÇÃO BDMP, LDA

www.bdmp.pt

ASSINATURAS [email protected]

PUBLICIDADE AJBB Network

Rua João de Ruão, 12 – 1º 3000-229 Coimbra (Portugal)

(+351) 967 583 [email protected]

EDIÇÃO PAPEL: Julho 2015

Tiragem: 20.000 Exemplares Impressão: StudioPrint

Depósito Legal: 376930/14Distrib. nacional e internacional: CTT

Page 5: Revista PORT.COM outubro 2015

Reveja os vídeos das várias ações no site da revista:www.revistaport.com

Saiba mais

A Revista PORT.COM voltou a receber milhares de famílias de portugueses a residir no

estrangeiro que vieram passar as férias de verão a Portugal. Para além de Vilar Formoso, este ano a revista foi distribuída gratuitamente no Aeropor-to Francisco Sá Carneiro, no Santuário de Fátima, no Dancef loor Leiria e na Feira de São Mateus.

O êxito das ações realizadas em anos anteriores motivou a Revista PORT.COM a multiplicar o número de ações de boas-vindas. Para além de Vilar Formo-so (a 1 e 2 de agosto), equipas de jovens portugueses distribuíram a edição de agosto, que contou com uma tiragem de 100 000 exemplares, no Aeroporto do Porto (entre os dias 30 de julho e 2 de agosto), no festival de música Dance-floor Leiria (na noite de 7 de agosto), no Santuário de Fátima (a 12 e 13 de agosto) e na Feira de São Mateus, em Viseu (a 14, 15 e 16 de agosto).

Recorde-se que a edição de agosto (que continua disponível em formato digital no site www.revistaport.com) contou com conteúdos sobre o que havia mudado no país desde o verão passado, para além de sugestões de praias, de festas de verão, de petiscos, de cerve-jas, entre outros locais e produtos que tornam o regresso a Portugal sempre tão celebrado. O sucesso desta iniciativa fez com que ações semelhantes já estejam a ser preparadas.

O MULTIPLICAR DAS AÇÕES DE BOAS-VINDAS

Fronteira de Vilar Formoso Aeroporto do Porto

Fátima

Leiria Dance Floor

A abrir

Feira de S. Mateus (Viseu)

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES6

PORTUGAL

Quando no final da noite de 4 de outubro ficaram fecha-dos os resultados nas 3 092 freguesias portuguesas, ficando apenas por apurar

os resultados dos círculos Europa e fora da Europa (que elegem dois deputados cada), os partidos da coligação já sabiam que tinham ganho as eleições legislati-vas, mas também que foram os únicos a baixar face às de 2011.

Apesar de ter falhado a vitória tão desejada, o PS reforçou a bancada parlamentar, assim como os partidos à esquerda dos socialistas. O Bloco de Esquerda mais do que duplicou o núme-ro de deputados, com a CDU também a reforçar a sua votação.

Coligação elege 104 deputados com 2 milhões de votos

A coligação Portugal à Frente, cons-tituída pelo PSD e CDS, obteve 36,83% dos votos nas eleições legislativas. Um resultado que lhe permite eleger 99 deputados para a Assembleia da Repú-

blica. Somando os resultados do PSD na Madeira e Açores (1,51% e 5 deputados), a coligação garante um total de 104 de-putados e uma votação de 38,34%. Fica assim distante da maioria absoluta (116 deputados).

Em 2011 o PSD e o CDS (que con-correram separados) conseguiram 50,37% dos votos e 129 deputados. Ou 132 deputados considerando os 3 eleitos nos círculos Europa e Fora da Europa (o outro foi para o PS).

PS fica a 19 deputados da coligação

O PS foi o grande derrotado das legislativas, apesar de ter aumentado a votação face a 2011. O partido de António Costa obteve uma votação de 32,38%, o que garantiu a eleição de 85 deputados. Uma subida de 12 man-datos face aos resultados de 2011 (73 mandatos), mas que ficou ainda assim muito longe dos números da coligação, com menos 19 deputados que o PSD e o CDS juntos.

A coligação Portugal à Frente ganhou as legislativas, com Passos Coelho eleito novamente primeiro ministro. Antes de serem conhecidos os resultados nos círculos eleitorais Europa

e Fora da Europa, a união entre PSD e CDS somou 104 deputados, mais do que os 85 do PS. O Bloco de Esquerda ficou com 19 deputados, mais dois que a CDU. O PAN foi o único dos

“pequenos” a garantir presença no Parlamento.

PASSOS COELHO VENCE ELEIÇÕES

SEM MAIORIA

10485

19 17

1

Resultados Legislativas 2015

Mapa político

Distribuição dasmaiores forças políticas, por distrito/região

PàF Portugal à Frente

PàF Portugal à Frente

PS Partido Socialista

PS Partido Socialista

BE Bloco de Esquerda

CDU Coligação Democrática Unitária

PAN Partido Animais e Natureza

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www.revistaport.com 7

Bloco de Esquerda mais do que duplica presença no Parlamento

O partido de Catarina Martins foi um dos grandes vencedores da noite, conseguindo o melhor resultado de sempre. Conseguiu 10,22% dos votos, o que corresponde a 19 mandatos. Em 2011 tinha obtido 5,19% dos votos, o que lhe garantiu na altura oito deputados. Nas eleições de 2009 o Bloco de Esquerda, então liderado por Louçã, conseguiu eleger 16 deputados.

CDU ganha mais um deputado mas passa para quarto

A CDU teve um resultado misto. Até ganhou em termos de votos e de mandatos, mas foi superado pelo Bloco de Esquerda. A coligação liderada por Jerónimo de Sousa obteve 8,27% dos votos, garantindo a eleição de 17 deputa-dos. Um resultado superior ao obtido em 2011 (7,94%, 16 deputados).

PAN foi o único dos “pequenos” a eleger

Havia a expectativa de vários pe-quenos partidos conseguirem nestas eleições a eleição de deputados para a Assembleia da República, mas só o Pessoas Animais e Natureza (PAN) o conseguiu. Com um resultado nacional de 1,39%, foi no distrito de Lisboa que o PAN conseguiu eleger um deputado.

Apenas 56,93% dos eleitores inscritos foram votar, pelo que a abstenção registada foi de 43,07%. A emigração de perto de 500 mil portugueses desde 2011 é um dos fatores que mais contribuíram para este recorde indesejado.

A abstenção atingiu o nível mais alto de sempre em eleições legislativas: 43,07%. Para além da tradicional questão dos eleitores fantasma e da necessidade de limpar os cadernos eleitorais, nestas eleições houve outro dado a ter em conta: a emigração.

As estatísticas apontam que mais de 485 mil pessoas abandonaram de forma permanente o país nos últimos quatro anos, números vieram engros-sar os níveis da abstenção, devido à falta de atualização das moradas e às dificuldades de voto que se conti-nuam a verificar no estrangeiro.

Esta foi a terceira vez em que a abs-tenção supera a barreira dos 40% em eleições legislativas: 40,3% em 2009, 41,9% em 2011 e agora 43,07%, na-quele que é mais um episódio de uma trajetória crescente e indesejada.

Abstenção atingiu o nível mais alto de sempre em legislativas

Assentos Parlamentares

4 226Deputados por eleger

Deputados eleitos

Abstenção43.07%

Apurados: 9.439.711Não votaram: 4.065.368VOTOS NULOS: 86.571 (1.61%)VOTOS BRANCOS:112.293 (2.09%)

Freguesias: 3.092 100% apurado

Consulados: 24Por apurar

CDU Coligação Democrática Unitária

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES8

HISTÓRIA

Pela terceira vez consecutiva o 5 de outubro não é feriado nacional em Portugal, depois de mais um século em que tal se verificou. Pela primeira vez em

muitos anos, o presidente da República não só faltou às comemorações desta data, como não fez qualquer intervenção oficial alusiva à mesma. Mas faça ou não parte do atual calendário dos feriados, o dia de 1910 em que foi implantada a República continua a ser um dos mais decisivos para a forma como hoje em dia Portugal é governado, para o bem ou para o mal.

A bandeira, o hino e a Constituição são outros dos filhos da Implantação da República. Foram os acontecimentos dessa data que anteciparam que o verde e o vermelho substituíssem o azul e branco enquanto cores de Portugal, que os por-

tugueses passassem a saber de cor versos como “Heróis do mar, nobre povo / Nação valente, imortal”.

Os acontecimentos que tiveram lugar a 5 de outubro de 1910 foram proporciona-dos pela degradação da imagem da monar-quia nacional, com a oposição republicana a começar a reunir mais seguidores duas décadas antes. Em 1890, não faltou gente a ver como uma humilhação a pronta cedên-cia portuguesa às exigências britânicas para retirar as tropas dos territórios entre Angola e Moçambique.

Ficava assim desfeito o “mapa cor de rosa”, apenas quatro anos após ter sido ambiciosamente desenhado para que Portugal pudesse exercer soberania sobre territórios nos quais atualmente se situam a Zâmbia, o Zimbabwe e o Malawi.

Outro fator que contribuiu para enfra-quecer a monarquia foi a severa crise financeira entre 1890 e 1891, sobretudo devido à queda em 80% das remessas dos emigrantes no Brasil, após a pro-clamação da República no Brasil. Esse exemplo brasileiro, somado a outros que chegavam de países europeus, contri-buíram para o aumento dos defensores da República.

O prenúncio do 31 de janeiro

O descontentamento face à monar-quia foi manifestado de diferentes for-mas, umas mais radicais do que outras. O escritor Guerra Junqueiro lançou o Finis Patriae, obra que ridiculariza a figura do rei. O explorador Silva Porto imolou-se envolto numa bandeira por-tuguesa, em Angola. Tudo em 1890.

Há 105 anos que o Rei deu lugar ao Presidente enquanto chefe de estado nacional, após uma sequência de tumultos que se alastrou durante duas décadas.

A implantação da República, a 5 de outubro, promoveu várias mudanças no país, a maior parte das quais ainda hoje em vigor.

O MÊS EM QUE PORTUGAL

SE TRANSFORMOU NUM PAÍS NOVO

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www.revistaport.com 9

No início do ano seguinte, a 31 de janei-ro, um conjunto de revoltosos, constituído principalmente por militares, tomou os paços do concelho da cidade do Porto, com o político republicano Augusto Manuel Alves da Veiga a proclamar a implantação da República em Portugal, enquanto has-teava uma bandeira vermelha e verde.

Muitos dos participantes deste movi-mento foram capturados após confron-tos com agentes da autoridade que se mantiveram fiéis ao rei. O resultado foi mais de uma dezena de mortos e mais de duas centenas de condenados a anos de degredo em África.

Mas mesmo tendo fracassado, a revolta de 31 de janeiro de 1891 foi a primeira grande ameaça sentida pelo regime monárquico e um prenúncio do que viria a suceder quase duas décadas mais tarde.

Regicídio aumenta discórdia

O maior e mais radical dos sinais de descontentamento face à monarquia acabaria por acontecer alguns anos depois, no primeiro dia de fevereiro de 1908. O rei D. Carlos e o príncipe herdeiro Luís Filipe regressavam a Lis-boa provenientes de Vila Viçosa, onde

A QUEDA EM 80% DAS REMESSAS DOS EMIGRANTES NO BRASIL, APÓS A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA NO BRASIL, CONTRIBUIU PARA ENFRAQUECER A MONARQUIA PORTUGUESA

Ilustração com os principais momentos, como os confrontos, a fuga do rei e finalmente a proclamação

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES10

HISTÓRIA

haviam passado a temporada de caça, quando foram assassinados em plena Praça do Comércio.

O país e a Europa ficaram chocados com este atentado, numa época em que eram raros os ataques deste género contra chefes de estado europeus. O regicídio colocou no trono o jovem D. Manuel II, com os partidos monárqui-cos uns contra os outros, num ambiente de discórdia constante. Estava assim abreviado o fim da monarquia.

Confrontos até à proclamação

Outubro de 1910 trouxe, depois de duas décadas de tumultos, a mudança definitiva. Cerca de 200 republicanos juntaram-se, no dia 3, na rotunda no to-po da Avenida da Liberdade, em Lisboa, que na altura ainda não era conhecida como Praça do Marquês de Pombal.

Uma das vozes mais escutadas nesta concentração revoltosa foi a do almiran-te Cândido do Reis, a quem é atribuída a seguida frase histórica: “A Revolução não será adiada: sigam-me, se quiserem. Havendo um só que cumpra o seu dever, esse único serei eu”. Estava iniciada a revolta.

Os confrontos puseram militares e civis em cada um dos diferentes lados da barricada, ou seja, pelos monárquicos e pelos republicanos. Os informadores do rei comunicavam as incidências entre a rotunda e a Praça do Comércio, que es-tava vigiada pela tripulação favorável à causa republicana a bordo de dois navios de guerra, o Adamastor e o São Rafael.

Perante tudo isto, D. Manuel II decidiu partir de Lisboa para Mafra, no dia 4, à espera de notícias mais fa-

voráveis. Mas quando o dia 5 amanhe-ceu, o panorama não havia melhorado para o rei, e a República seria pro-clamada por José Relvas, na varanda do edifício da Câmara Municipal de Lisboa.

Ainda nessa manhã, D. Manuel II embarcou num iate real na Ericeira, com o objetivo de rumar à cidade do Porto, com esperança que a rebelião fosse exclusiva a Lisboa. Porém, o comandante do navio persuadiu-o a tomar o caminho de Gibraltar, exílio do qual já não haveria regresso.

O telégrafo já havia difundido a implantação da República um pouco por todo o país, sem grandes provas de des-contentamento por parte da população. Os símbolos da coroa real e os retratos do rei não tardariam a ser suprimidos dos edifícios públicos.

Mais direitos civis, menos religião

O governo provisório foi constituído logo no dia 6, com a presidência a caber a Teófilo Braga, que durante vários anos havia defendido o republicanismo como a vanguarda identificada com o progres-

Republicanos festejam triunfo em Lisboa

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www.revistaport.com 11

so, a ciência e o bem-estar, em oposição à monarquia e à religião, que apontava como um empecilho ao progresso e responsável pelo atraso científico de Portugal.

Desta forma, não estranha que entre as primeiras medidas tomadas tenham constado a expulsão das ordens do clero regular e da Companhia de Jesus, o en-cerramento dos conventos, a proibição do ensino religioso nas escolas e a laicização do Estado, pela separação entre a Igreja e o Estado.

Entre as várias novidades também constaram a legalização dos casamentos civis e a institucionalização do divórcio, a igualdade de direitos entre marido e mulher no casamento, a extinção dos títulos nobiliárquicos, o reconhecimento do direito à greve e a criação da Guarda Nacional Republicana (GNR).

Na política fora de portas destaque para a autonomia concedida às colónias,

enquanto províncias ultramarinas, de forma a promover o desenvolvimento destes territórios.

Novo hino, nova bandeira, nova moeda

O Governo Provisório esteve em funções até à eleição do primeiro Presi-dente da República, Manuel de Arriaga, a 24 de agosto de 1911. Três dias antes havia entrado em vigor a Constituição Política da República Portuguesa, a quarta constitui-ção portuguesa a ser redigida e logicamente a primeira republicana.

Iniciava, assim, oficialmente a Primeira República, com o país ter uma nova

bandeira (com o verde da esperan-ça da nação e o vermelho do sangue daqueles que morre-

ram a defendê-la), um novo hino (“A Portuguesa”, adotada

oficialmente a 19 de julho de 1911) e uma nova unidade monetária (o

escudo, equivalente a mil réis).

Para o bem ou para o mal, o país nunca mais seria o mesmo desde que a República foi implantada a 5 de outubro de 1910.

Medidas tomadas pelo Governo Provisório que

continuam atuais:

Laicização do Estado;

Legalização dos casamentos civis;

Institucionalização do divórcio;

Igualdade de direitos entre marido e mulher no

casamento;

Reconhecimento do direito à greve;

Criação da Guarda Nacional Republicana (GNR).

Os “filhos” do 5 de outubro

Proclamação da República na varanda da Câmara Municipal de Lisboa

Teófilo Braga após uma homenagem aos mortos

da revolução republicana

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NO LUXEMBURGO

Page 13: Revista PORT.COM outubro 2015

13 www.revistaport.com

ESPECIAL

O Luxemburgo é o país mais rico da União Europeia. É também o mais pequeno, com uma área que é, por exemplo, metade da do

distrito de Portalegre. Mas o Grão-Du-cado tem cinco vezes mais população do que este território alentejano, e um número semelhante de portugueses. Com mais de 110 000 representantes, a comunidade portuguesa constitui 18% do total da população do país, sendo a maior comunidade estrangeira.

Situado entre a França, a Alemanha e a Bélgica, recebe todos os dias mais de 100 000 trabalhadores oriundos destes três países, sobretudo para as empresas do setor financeiro. Desta forma, não é de estranhar que um território tão pequeno tenha três línguas oficiais, o francês, o alemão e o próprio luxemburguês.

Apesar de não gozar de um estatu-to oficial, a língua portuguesa não é menos falada nem ouvida do que estas.

Fora do horário laboral, a comunida-de lusitana também faz notar a sua presença no quotidiano luxemburguês, sobretudo no desporto, mas também cada vez mais na cultura.

Na maior parte dos supermercados luxemburgueses são vários os produtos alimentares lusitanos, desde os habi-tuais vinhos, azeites, conservas, sumos e pastéis de nata, até ao arroz, farinha, marmelada e até tremoços, quase todos a um preço semelhante ao praticado em Portugal.

Nas caixas destes supermercados costuma haver quem fale português, assim como em muitos bancos, esta-belecimentos de restauração e até no sistema de saúde.

Adaptação agora mais fácil

Na viagem ao Luxemburgo, a representante sindical Liliana Bento contou-nos que “hoje em dia só não se adapta quem não quiser, agora é muito

mais fácil do que há uns anos, porque a comunidade é muito maior e há muito mais estruturas de apoio”.

Joaquim Prazeres, do Instituto Ca-mões, concorda, mas deixa uma ressal-va: “A integração é mais difícil do que a adaptação, há que saber encontrar o equilíbrio entre a cultura e os costumes portugueses e luxemburgueses”, ou seja, saber utilizar as raízes para que o sucesso faça parte da nova realidade.

Até porque apesar de o Luxemburgo ser um território onde o dinheiro é mais abundante do que em Portugal, segundo dados recentes divulgados pelo ministério do Trabalho luxem-burguês, os portugueses representam cerca de 33% do total dos desemprega-dos, a maior parte dos quais com falta de qualificação.

Não é nenhum sonho nem nenhum pesadelo. Nas próximas páginas mos-tramos-lhes como é ser português no Luxemburgo.

A Revista PORT.COM viajou até ao Grão-Ducado para dar a conhecer aos portugueses de todo o mundo como é que os seus compatriotas vivem no país mais rico da União Europeia.

Das questões linguísticas à vida profissional, das atividades desportivas às culturais, conheça o novo mundo encontrado entre a França, a Alemanha e a Bélgica.

SER PORTUGUÊS NO LUXEMBURGO

TEXTOS E IMAGENS: LUÍS CARLOS SOARES, NO LUXEMBURGO

Page 14: Revista PORT.COM outubro 2015

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES14

A língua portuguesa vai ser ensinada no Luxemburgo nas escolas do primeiro ciclo, ou seja, no pré-es-colar e na “primária”, a

partir de 2017. A garantia foi dada pelo ministro da Educação luxemburguês, Claude Meisch, no início do novo ano letivo, que no Grão-Ducado aconteceu a 15 de setembro. A novidade encerra definitivamente uma questão que fez correr muita tinta no final do ano pas-sado, a de que o governo local estaria contra a presença do português nas instituições de ensino.

A polémica começou quando, em novembro, a ministra da Família e da Integração do Luxemburgo, Corin-ne Cahen, defendeu, no Facebook, a promoção da aprendizagem de várias línguas “desde o ensino precoce” [equivalente luxemburguês à esco-la primária]. Se este ponto de vista parece ir de encontro às funções da governante, o que se seguiria seria mais controverso.

Uma mãe respondeu com o seguin-te comentário: “Na turma do 7.º ano da minha filha, 14 dos 20 alunos são portugueses, e o diretor de turma

decidiu que não podem falar portu-guês nas aulas, mas que o luxembur-guês é obrigatório”. Ainda no mesmo post Facebook, a resposta da ministra foi: “Decisão acertada do diretor de turma”.

Durante vários dias, a punição de crianças por falarem a língua portu-guesa no Luxemburgo foi comentada por diversos interlocutores. Pais, alunos e até funcionários escolares expuseram casos semelhantes, um dos quais com uma criança que foi obrigada a escrever 200 vezes em lu-

xemburguês a frase “eu não falo mais português”.

A polémica amainou quando o Mi-nistério dos Negócios Estrangeiros de Portugal publicou uma nota oficial a informar que “as autoridades luxem-burguesas têm reiterado a política de diversidade linguística em vigor no sistema educativo público daquele país, incluindo o ensino da língua por-tuguesa. O recurso à língua materna dos alunos continua, deste modo, a ser incentivado como elemento de inte-gração e facilitador de aprendizagem”.

LÍNGUA PORTUGUESA: DE PUNIDA A ENSINADA

O ensino do português nas escolas para os mais novos constitui uma evolução.Apesar de ser uma língua enraizada no Luxemburgo há mais de 30 anos, recentemente jovens alunos foram castigados por falarem como Camões. Mais gente interessada na

escrita e na leitura é uma meta que ainda está por alcançar.

Joaquim Prazeres é o coordenador

do ensino da língua de Camões

no Luxemburgo

DESTAQUE \\ PORT.COM NO LUXEMBURGO

Page 15: Revista PORT.COM outubro 2015

www.revistaport.com 15

A 2.ª língua materna mais falada

Um projeto-piloto do ensino do português no primeiro ciclo está a ser levado a cabo já este ano letivo, em cerca de vinte escolas do Luxembur-go. Para o ministro Claude Meisch, já era tempo de “harmonizar” o sistema luxemburguês com o ensino do portu-guês, que no Grão-Ducado é feito por outras vias há mais de 30 anos.

“Queremos apoiar desde cedo a apren-dizagem de diferentes línguas, como o luxemburguês, o francês e também a lín-gua materna das crianças. Não podemos ter um sistema escolar em que alunos tão diferentes estejam sujeitos aos mesmos esforços para terem os mesmos resultados. Isso é impossível, portanto é preciso mais diversidade na nossa oferta escolar, diferentes modelos para acolher a grande diversidade de alunos no Lu-xemburgo”, justificou o governante.

“Acolher a grande diversidade” é um tema por vezes fraturante tanto no quotidiano social como no parlamento luxemburguês. “Os luxemburgueses não aceitam que os portugueses não falem luxemburguês, mesmo que fale-mos francês ou alemão”, conta Belina Bóia, portuguesa que há 12 anos trocou a Figueira da Foz pelo Luxemburgo.

Segundo dados do Ministério da Edu-cação do Luxemburgo, o português é a segunda língua materna mais falada nas escolas do país, com 28,9% de fa-lantes, a seguir ao luxemburguês, com 39,8%. O mais impressionante é estar à frente, nesta contabilização, dos outros dois idiomas oficiais do Grão-Ducado, o francês (11,9% de falantes) e o alemão (2%).

Número de alunos fica aquém

Basta um breve passeio pelo Lu-xemburgo para se notar a presença da língua portuguesa, ouvida um pouco por todo o território luxemburguês, nas ruas, nos estabelecimentos co-merciais, nos espaços de lazer ou nos

transportes públicos. Mas se com a preservação da oralidade não parece haver constrangimentos, o panorama muda no que toca à escrita e à leitura.

No quiosque em que a Revista PORT.COM falou com Belina Bóia, no centro da cidade do Luxemburgo, esta portu-guesa pôde atender todos os clientes que recebeu na sua língua-materna, dado que eram compatriotas ou luso-descendentes. Porém, à volta não havia um único jornal escrito em português, mas sim nos restantes três idiomas.

O ensino da língua portuguesa con-templa obviamente escrita e leitura, mas o número de alunos inscritos nos cursos de Ensino do Português no Estrangeiro (EPE) não tem aumenta-do em solo luxemburguês. “O núme-ro de alunos inscritos tem vindo a diminuir nos últimos anos, embora

“OS LUXEMBURGUESES NÃO ACEITAM QUE OS PORTUGUESES NÃO FALEM LUXEMBURGUÊS, MESMO QUE FALEMOS FRANCÊS OU ALEMÃO”

BELINA BÓIA

O domínio do português é essencial nalgumas profissões, como as do setor bancário

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em comparação ao ano passado tenha estabilizado”, aponta Joaquim Prazeres, coordenador do Ensino de Português no Luxemburgo, por parte do Instituto Camões.

No presente ano letivo existem cerca de 3 200 alunos inscritos em cursos de língua portuguesa, cerca de 2 000 no ensino integrado e perto de 1 200 em regime paralelo. Entre uma comunidade de portugueses tão extensa, estes nú-meros ficam aquém dos desejados pelos responsáveis pelo ensino do português.

Entre as razões para a baixa afluência, “para além do pagamento da propina de 100€”, Joaquim Prazeres lamenta que “infelizmente os pais dos alunos que não frequentam os cursos não se apercebam da importância das com-ponentes da leitura e da escrita, sem as quais a língua portuguesa não constitui verdadeiramente uma mais-valia, que

até pode ser importante para o futuro profissional dos seus filhos”.

Desde que entrou em vigor um novo programa de ensino de língua e cultura portuguesa para o estrangeiro, chamado QuarEPE, os alunos de português por todo o mundo passaram a poder ser avaliados. No último ano letivo foram 164 os alunos que se propuseram a avaliação, e conse-quentemente foram chamados a participar numa entrega de certificados nos diferen-tes níveis de proficiência, do A1 ao C1.

Quando o luxemburguês foi reco-nhecido como idioma oficial do país, em 1984, já há um par de décadas que milhares de portugueses tinham levado o seu idioma para o Grão-Ducado. Com as punições postas de parte, o sistema de ensino do Luxemburgo está a dar passos importantes para uma melhor integração da sexta língua mais falada no mundo, a língua portuguesa.

O português é falado por toda a parte: nas ruas, nos estabelecimentos comerciais e nos espaços de lazer, como na feira anual Schueberfouer

Mesmo o vernáculo de Bordalo Pinheiro pode ser encontrado, como no mercado agroalimentar realizado em frente à autarquia da cidade do Luxemburgo

“INFELIZMENTE OS PAIS DOS ALUNOS QUE NÃO FREQUENTAM OS CURSOS NÃO SE APERCEBEM DA IMPORTÂNCIA DAS COMPONENTES DA LEITURA E DA ESCRITA, SEM AS QUAIS A LÍNGUA PORTUGUESA NÃO CONSTITUI VERDADEIRAMENTE UMA MAIS-VALIA”JOAQUIM PRAZERES

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Os museus predominam entre os espaços de cultura da cidade do Luxemburgo, mas a música, o teatro e o cinema também têm estruturas

próprias com excelentes condições. Num país em que metade da população é estrangeira, as manifestações artísticas com diferentes ascendências surgem com naturalidade, com os portugueses a não constituírem exceção.

“Existem portugueses e lusodescen-dentes que desenvolvem atividades ar-tísticas, como na pintura e na música, em instrumentos como o piano e até a harpa”, descreve Joaquim Prazeres, elemento ligado ao Instituto Camões no Luxem-burgo. No mês passado, o artista plástico lusodescendente Steve Veloso expôs os seus quadros na Galeria Nosbaum Reding, espaço localizado ao lado do Museu Na-cional de História e Arte do Luxemburgo.

Uma outra iniciativa cultural que evidencia as ligações entre Portugal e o Luxemburgo teve recentemente lugar na praça Guillaume II, onde durante várias semanas houve uma exposição pública de fotografias de Guimarães, em frente à autarquia da cidade do Luxemburgo. A iniciativa da associação Amitié Portugal –

Luxembourg inspirou-se na aproximação entre duas capitais europeias da cultura, rótulo que a cidade portuguesa recebeu em 2012.

Entre os principais eventos culturais realizados anualmente no Luxemburgo, que contam com representação portugue-sa, Joaquim Prazeres destaca o Festival das Migrações (encontro de partilha da cultura dos estrangeiros no Luxembur-go, que se realiza há mais de 30 anos),

A União Europeia promove há 30 anos a iniciativa Capital Europeia da Cultura. Desde então, já foram nomeadas mais de meia centena de localidades do Velho Continente com

este título anual, mas apenas uma por duas vezes: a cidade do Luxemburgo, em 1995 e 2007. A comunidade portuguesa participa cada vez nas atividades culturais da capital do Grão-Ducado.

PORTUGUESES ATIVOS NOS EVENTOS CULTURAIS

Uma associação portuguesa promoveu uma exposição de fotografias de Guimarães na cidade do Luxemburgo. Ambas as localidades já foram Capital Europeia da Cultura

TODOS ESTES EVENTOS SÃO OPORTUNIDADES PARA MOSTRAR AO LUXEMBURGO UM PORTUGAL JOVEM E COM VITALIDADE, UMA IMAGEM DIFERENTE DA DEIXADA PELA VAGA DE EMIGRAÇÃO DA DÉCADA DE 70” JOAQUIM PRAZERES

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a Primavera dos Poetas (celebração da poesia que reúne autores provenientes de toda a Europa) e a Quinzena do Cinema Português (durante a qual são exibidos filmes portugueses).

O representante do Instituto Camões considera que “todos estes eventos são oportunidades para mostrar ao Luxem-burgo um Portugal jovem e com vitalidade, uma imagem diferente da deixada pela vaga de emigração da década de 70, com o folclore e o saudosismo ainda muito presentes”.

Até ao final do ano estão previstos vários espetáculos com artistas portugueses no Luxemburgo, principalmente oriundos do mundo da música. A Revista PORT.COM apresenta-lhe alguns destes eventos.

Mariza esgota em menos de uma semana

Mariza vai atuar na cidade do Luxem-burgo no início da noite de 14 de novembro, na Philharmonie. A conceituada sala de concertos celebra este ano o 10.º aniversá-rio da sua inauguração, tempo suficiente para que esta seja a 4.ª vez que convida a fadista portuguesa. Os bilhetes para os 1 500 lugares da sala foram postos à venda a 17 de agosto, mas demoraram menos de uma semana a ficar esgotados.

Outubro começa com concerto de Miguel Araújo

Antes de Mariza, foi a vez do cantor e compositor portuense atuar na Philhar-monie, no final da tarde de 1 de outubro. O Luxemburgo é o 3.º território internacio-nal a conhecer ao vivo canções cantadas em português como “Os maridos das outras” e “Quem és tu miúda”, depois de Espanha e de Macau.

David Fonseca estreia-se no Luxemburgo

O músico leiriense vai atuar pela primeira vez em solo luxemburguês, concretamente no Casino 2000, na cidade do Luxemburgo. A entrada em palco do antigo vocalista dos Silence 4, que a solo se notabilizou com canções como “Someo-ne that cannot love” e “Kiss me, oh kiss me”, está marcada para a noite de 21 de novembro.

Xutos & Pontapés regressam à Rockhal

A maior banda portuguesa de rock vai voltar a atuar na sala de concertos localizada em Esch-Belval, na noite de

7 de novembro. Trata-se não só de um regresso ao Luxemburgo como à Rockhal, que tem capacidade para mais de 6 500 pessoas e onde teve lugar a 4.ª e última presença dos Xutos em palcos luxembur-gueses. O primeiro concerto de Tim, Zé Pedro e companhia no Grão-Ducado foi em Ettelbruck, no já distante ano de 1988. Quatro anos depois, em 1993, atuaram em Limpertsberg.

Xutos & Pontapés

Mariza David Fonseca

Miguel Araújo

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O ano 2015 tem assistido a várias notícias sobre casos de exploração, algumas vezes até apon-tados como “escravatu-

ra”, de trabalhadores portugueses da construção civil no Luxemburgo. Os casos foram assinalados por sindica-tos, tanto portugueses como sediados no Grão-Ducado, que também são os mesmos a indicar que “mesmo assim são casos pontuais, em número muito reduzido face à totalidade dos traba-lhadores”.

Liliana Bento, responsável pelo setor da construção no LCGB, o sindicato de todos os trabalhadores no Luxemburgo, é a autora destas pa-lavras, às quais acrescenta que “agora até há menos do que sempre existiu”. Porém, deixa uma ressalva: “Nem que fosse só um caso, valeria sempre a pena torná-lo público, para defesa dos trabalhadores, que é para isso que os sindicatos existem”.

A portuguesa aconselha os traba-lhadores compatriotas a contarem ao sindicato quando se sentem explora-das, lamentando “que apenas o façam em último caso, isolando-se ou apenas contando a um amigo ou vizinho, por não dominarem a língua do país, não conhecerem os sistemas ou não esta-rem minimamente integrados”.

Março e junho foram os dois meses em que estes casos foram mais fala-dos. No primeiro foi mesmo o LCGB a denunciar casos de portugueses a trabalhar sete dias por semana e com salários muito abaixo do mínimo luxemburguês, que ronda os 1 922 euros para trabalhadores não quali-ficados. Ao coincidir com uma visita

Apesar de se ter tornado numa temática bastante abordada, os casos de trabalhadores explorados no Luxemburgo não só não têm aumentado, como até têm diminuído.

O setor da construção civil continua a apreciar e até a valorizar a mão de obra portuguesa.A qualificação profissional é o melhor caminho para o sucesso.

EXPLORAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

(AFINAL) É RARA

Poucas são as ruas nas quais não se encontra uma obra

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ao Luxemburgo de representantes do Sindicato da Construção Civil portu-guês, a divulgação destes dados gerou muitas notícias em Portugal.

Em junho foi a emissão de uma re-portagem feita por um canal televisivo luxemburguês a trazer novamente o tema à baila. A peça mostrava vários trabalhadores a viverem em condições indignas, nos casos mais extremos a dormirem em carrinhas.

Chegam mais trabalhadores do que partem

Apesar desta mediatização negativa, Liliana Bento assegura que o número de portugueses que chegam ao Luxem-burgo para trabalhar na construção civil “é maior do que o daqueles que partem”. Por outras palavras, pode-se dizer que a crise em Portugal, tanto neste setor de atividade como noutros, vence a recessão que nos últimos anos também tem afetado o Luxemburgo.

No primeiro semestre deste ano, o LCGB contou “57 falências de empre-sas do setor da construção, meia dúzia delas de média dimensão, as outras todas muito pequenas”. Mas por todo

o Luxemburgo não faltam obras, tanto públicas como privadas.

“Quando recebemos o presidente e o vice-presidente do Sindicato da Construção Civil português, ficaram muito admirados com a quantidade de gruas que eram visíveis. Para mim já é normal ver duas ou três obras em cada rua que passe”, descreve Liliana Bento, que deixou Portugal há apenas três anos: “Há muita construção, mas os meus colegas até me contam que nos últimos anos há menos obras públicas”.

No final de 2014, o Luxemburgo contabilizava 3 522 empresas da cons-

trução civil, o que perfazia 11,6% das empresas locais. É o 3.º setor de ativi-dade com mais empresas, apenas atrás da reparação e comércio automóvel e das empresas que operam nos domí-nios científicos e técnicos. Supera, por exemplo, as atividades que mais distinguem (e enriquecem) o Luxem-burgo, as do setor financeiro.

Reconhecimento da mão de obra portuguesa

A maior parte dos trabalhadores portugueses saídos das empresas que abriram falência na primeira metade deste ano já arranjou trabalho. “Para quem tem qualificação própria é re-

“CÁ NO LUXEMBURGO OS TRABALHADORES PORTUGUESES SÃO VISTOS COMO MUITO HONESTOS, MUITO DEDICADOS E MUITO BONS NAQUILO QUE FAZEM” LILIANA BENTO

Várias gruas na zona histórica do Luxemburgo simbolizam a

constante renovação e preservação do património edificado

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lativamente fácil arranjar emprego. Os trabalhadores de pesados, por exemplo, foram para outras empresas passado dois ou três dias”, conta a dirigente sindical.

Qualidade é um adjetivo associado à mão de obra portuguesa. “Cá no Lu-xemburgo os trabalhadores portugue-ses são vistos como muito honestos, muito dedicados e muito bons naquilo que fazem. Há cada vez mais trabalha-dores de leste a virem para cá, a ofere-cerem-se por preços mais reduzidos, mas as empresas continuam a preferir os portugueses”.

No que toca aos empresários e gestores, o cenário é semelhante, com “muitas empresas do setor com por-tugueses que se conseguem distinguir na sua estrutura”. Como não há regra sem exceção, “também há portugue-ses que acabam por falhar, tanto entre os recém-chegados como nos que já estão cá há alguns anos e que decidem ir em aventuras para as quais não estão preparados”.

Planear antes de emigrar

As má-aventuranças a que Liliana Bento se refere “têm a ver sobretudo com falta de preparação”. A dirigente sindical indica que “é mais do que de-sejável o número de portugueses com um défice de qualificação para gestão de empresas, e sei que isso também se passa noutros setores”.

Particulariza com casos com que tem sido confrontada: “Não é por um indivíduo ter sido pedreiro durante uma década que fica habilitado a abrir uma empresa e arrastar consigo 20 ou 30 empregados. Depois acabam por ir

à falência. Tivemos um caso gritante, com uma empresa que durou apenas quatro meses”.

E não é só para abrir uma empre-sa que é necessária qualificação: “Chegam cá muitas pessoas à procura de trabalhos na construção, apesar de nunca o terem feito, sem qualquer planeamento, informação ou contac-tos prévios, o que eu desaconselho completamente”.

Os motivos para este conselho têm a ver não só com a adaptação ao traba-lho, como à vida fora deste. A começar pela procura de alojamento, “que é muito difícil no Luxemburgo, porque o parque habitacional ainda não está assim tão desenvolvido, apesar de haver muita construção”.

Liliana Bento recomenda aos seus compatriotas, que estejam a pensar emigrar para o Grão-Ducado, que “se informem junto dos organismos próprios, como a embaixada e o consulado, e procurem contactar os sindicatos e algumas associações, até porque hoje em dia não custa nada mandar um e-mail ou fazer um telefonema”.

A crise no setor da construção civil em Portugal, aliada à procura de contratos chorudos, perspetiva a emigração para o Luxemburgo como a solução para os problemas de muitos portugueses. Mas esta é uma história que também tem alguns finais menos felizes. Informação e qualificação ajudam a aumentar as hipóteses de sucesso.

A portuguesa Liliana Bento, responsável pelo setor da construção no sindicato LCGB, ajuda os compatriotas a encontrar soluções para a vida profissional

“QUANDO RECEBEMOS O PRESIDENTE E O VICE-PRESIDENTE DO SINDICATO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PORTUGUÊS, FICARAM MUITO ADMIRADOS COM A QUANTIDADE DE GRUAS QUE ERAM VISÍVEIS. PARA MIM JÁ É NORMAL VER DUAS OU TRÊS OBRAS EM CADA RUA QUE PASSE”

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O Luxemburgo não surge no pensamento imediato da maior parte dos portu-gueses em Portugal ou espalhados pelo mundo,

na hora de marcarem uma viagem de lazer. O sol não abunda, não tem mar nem montanhas com estâncias de ski. Mas o património histórico vale bem a deslocação.

Nas imediações das fortificações inscritas na lista de Património Mundial da Humanidade da UNESCO, uma placa colocada pela reputada entidade internacional justifica a decisão reve-lada em dezembro de 1994: “A cidade do Luxemburgo, fundada em 963, tem desempenhado um papel importante na história da Europa ao longo dos séculos. Preservou os restos das suas impressio-nantes fortificações e os seus bairros an-tigos num excecional ambiente natural”.

Durante todo o ano são vários os grupos de turistas na zona histórica da cidade a tirar fotografias a locais como o Palácio dos Grandes Duques ou a Catedral de Notre-Dame. Neste segundo espaço está sepultada Maria Ana de Bragança, uma pretendente ao estatuto de infanta de Portugal que se tornou grã-duquesa do Luxemburgo, atualmente celebrada como a protago-nista da conversão do Grão-Ducado ao catolicismo.

Apesar da vasta ligação entre Por-tugal e o Luxemburgo, tanto histórica como atual, os autocarros turísticos da cidade disponibilizam guias em cerca de uma dezena idiomas, mas nenhum

deles é a língua portuguesa. Esta des-preocupação é partilhada pela generali-dade dos agentes turísticos locais.

Os bairros antigos e as fortificações da cidade do Luxemburgo estão inscritos na lista de Património Mundial da Humanidade da UNESCO. Uma lusodescendente é protagonista num dos atrativos turísticos mais visitados. Mesmo assim, os turistas portugueses são escassos.

O turismo não fala português

A zona histórica da capital luxemburguesa,

fundada em 963, é a mais procurada pelos turistas

Nos transportes turísticos raramente se fala

português

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O Luxemburgo é um país com pouca tradição no desporto. Apesar de contar com várias infraes-truturas bem equipadas para a

prática desportiva, apenas por duas vezes atletas locais conseguiram ganhar duas medalhas olímpicas (no halterofilismo e no atletismo), a última das quais no já longínquo ano de 1952. A comunidade portuguesa ajuda a compor as equipas locais, principalmente de futebol, embora também sem resultados extraordi-nários.

O desporto-rei é a modalidade desportiva onde há mais praticantes portugueses e lusodescendentes. Até existe uma equipa chamada Hamm Benfica, que também equipa de en-carnado e tem uma águia no símbolo, sobre a inscrição “E pluribus unum”. Na última temporada conseguiram uma ansiada promoção ao primeiro escalão do futebol luxemburguês.

Um dos patrocinadores do Hamm Benfica é uma das duas maiores cervejei-ras de Portugal, mas curiosamente não é a que apoia o Sport Lisboa e Benfica. A equipa presidida por Luís Filipe Vieira é a que move mais paixões entre a comuni-dade portuguesa no Luxemburgo, “talvez até mais do que a seleção nacional”, conta Jorge Fernandes à Revista PORT.COM.

A comunidade portuguesa mantém o entusiasmo em terra em que o desporto não é rei. O futebol é a modalidade que move mais emoções, seja dentro das quatro linhas, nas bancadas ou em frente ao televisor. Até há equipas que equipam à Benfica e são patrocinadas por marcas portuguesas.

DESPORTO POBRE NUM PAÍS RICO

No recinto desportivo do Hamm Benfica, que atua na primeira divisão luxemburguesa, cabem bem menos pessoas do que no Estádio da Luz

Não é só o nome que tem inspiração portuguesa. Os jogadores também vestem de encarnado e apresentam uma águia ao peito

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O café-bar de que é coproprietário há três anos enche sempre que os jogos dos principais emblemas do futebol português são transmitidos na televisão, mesmo perante a con-corrência das centenas de parabó-licas que dão acesso aos canais de desporto lusitanos: “Os portugueses gostam de ver o futebol no café, a comentar com os amigos”, conta o lusodescendente de 30 anos, com raízes em Braga.

O presidente português e o internacional luso-luxemburguês

Outro clube com forte ligação à maior comunidade estrangeira no Luxemburgo é o Union 05 Kayl /Tétange, que para além de também costumar contar com jogadores e patrocinadores com raízes lusita-nas, na última década foi presidido pelo português José Gonçalves. Este responsável anunciou que irá deixar o cargo em janeiro de 2016, decisão tomada depois de ter sido insultado por adeptos do clube, que exigiam que trocasse o treinador português por um luxemburguês.

A seleção de futebol do Luxemburgo continua a ser presença habitual no fundo das tabelas classificativas das

fases de qualificação para campeo-natos da Europa e do mundo. Perdeu 42 dos últimos 47 jogos disputados, mas a 5 de setembro causou surpresa ao derrotar a Macedónia, por 1-0. O luso-luxemburguês Daniel da Mota participou neste raro triunfo, ele que há vários anos é apontado como uma das principais referências locais.

Os vários jovens lusodescendentes que evoluem nos clubes do Grão-Du-cado podem ser a esperança para um futuro com mais vitórias da sele-ção luxemburguesas, com golos de jogadores que cresceram a admirar estrelas portuguesas como Cristiano Ronaldo, Nani e Bernardo Silva.

O lusodescendente Jorge Fernandes é dono de um café-bar que enche durante transmissões televisivas dos principais jogos do futebol português

“OS PORTUGUESES GOSTAM DE VER O FUTEBOL NO CAFÉ, A COMENTAR COM OS AMIGOS”

Mica Pinto abre as portas à seleção luxemburguesa

Bruno de Carvalho visita Differdange

Apesar de ter representado as sele-ções jovens de Portugal, o futebolista luso-luxemburguês mostrou-se rece-tivo a tornar-se internacional AA pelo Luxemburgo, numa entrevista ao jornal Contacto. O jovem lateral de 22 anos nasceu em Diekirch, onde viveu até há uma década. Atualmente representa os espanhóis do Recreativo de Huelva, por empréstimo do Sporting, onde cumpriu os escalões de formação.

O presidente do Sporting vai partici-par na inauguração oficial da sede do Núcleo do Sporting Clube de Portugal de Differdange, entre os dias 9 e 10 de outubro. Para a primeira noite está marcado um jantar convívio com os adeptos sportinguistas no Luxembur-go, no restaurante português O Forno, em Esch-sur-Alzette.

Breves

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NEGÓCIOS

Uma boa saúde oral favorece a mastigação, a digestão, a fala, a aparência e contribui para a ausência de dor e desconfor-to, melhorando a saúde geral.

Além disso, hoje, com as novas técnicas, é possível conquistar o sonho de ter den-tes bonitos e sobretudo funcionais.

Francisco Delille é médico dentista há 22 anos e já transformou muitos sorrisos em sorrisos de sonho. Com uma média diária de 14 horas “à cadeira”, o profis-sional de Medicina Dentária falou com a Revista PORT.COM sobre as novas técnicas que está a desenvolver, a saúde oral dos portugueses, e as vantagens no tratamento dentário para os pacientes que estão em Portugal apenas por perío-dos curtos.

A medicina dentária tradicional está a desaparecer e a dar lugar a novos tempos que privilegiam novos méto-dos de tratamento com tecnologia de ponta e transformam o dentista num autêntico artista. A Clínica Delille

identifica-se com esta nova aborda-gem da Medicina Dentária?

Eu acho que os bons dentistas antiga-mente eram também um pouco artistas. O trabalho de Medicina Dentária sempre foi um trabalho manual, artesanal, que exigia treino e habilidade manual por par-te do profissional. O que acontece atual-mente é que o dentista tem de lidar com muito mais tecnologia, tem muito maior necessidade de atualização permanente dos conhecimentos e tem um paciente com um nível de exigência maior.

O que é que diferencia a Delille de outras clínicas dentárias?

Aquilo que nos distingue da maior parte das clínicas dentárias é o nível de desenvolvimento do trabalho de equipa multidisciplinar, já que temos dez gabi-netes dentários a trabalhar nas diferentes especialidades da Medicina Dentária. Temos, por exemplo, uma sala cirúrgi-ca exclusivamente dedicada a todos os tratamentos de cirurgia oral, desde a

extração de dentes inclusos até às grandes cirurgias de enxertos ósseos e implantes com sedação assistida por anestesista. Temos um total de 16 médicos dentistas que trabalham, cada um, exclusivamente na sua área da medicina dentária e duas higienistas orais permanentes.

“Os preços das consultas estão mais acessíveis”

Quais são os tratamentos mais pro-curados pelos portugueses?

Penso que continuam a ser os de primeira necessidade, relacionados com cáries, dores de dentes ou perda de dentes que causam graves problemas estéticos. No entanto, a procura de tratamentos mais evoluídos, como por exemplo os periodontais avançados, tratamentos or-todônticos especializados, reabilitações orais com implantes e tratamentos esté-ticos, tem crescido muito, o que obriga a nossa equipa a evoluir tanto no nível de exigência do trabalho como na articula-ção entre os diferentes profissionais.

A ciência já comprovou que “a saúde começa pela boca”. A Clínica Delille, liderada por Francisco Delille, apresenta-se como uma das maiores referências nacionais nas novas técnicas da Medicina Dentária e dedica-se, também,

a ajudar os portugueses espalhados pelo mundo a sorrir.

“A SAÚDE ORAL DOS PORTUGUESES MELHORA

DE DIA PARA DIA”

ENTREVISTA: MÁRCIA DE OLIVEIRA

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Como está a boca dos portugueses?

A saúde oral dos portugueses melhora de dia para dia. No entanto ainda há muito a fazer, tanto na educação para a higiene oral como na assiduidade dos pacientes às consultas de controlo e prevenção. Claro que há também problemas de ordem financeira a ultrapassar, já que nem todos os pacientes têm possibilidade de aceder a tratamentos dentários de qualidade, apesar de, no geral, os preços das con-sultas se terem tornado mais acessíveis, graças ao aumento da concorrência entre clínicas dentárias. Temos que esperar por melhores tempos, em que o Estado possa ajudar esses cidadãos a aceder aos nossos serviços.

Sabe-se que os cidadãos portugue-ses são os europeus que mais usam pla-cas dentárias removíveis, as célebres dentaduras. A implantologia ainda é cara para a classe média portuguesa?

A implantologia ainda é cara e pratica-mente não comparticipada. É evidente que os portugueses, com os seus salários, estão em desvantagem quando com-parados com os países mais a norte na Europa. Apesar disso, a implantologia é uma área em grande crescimento, mesmo em Portugal, pela qualidade de vida que proporciona aos pacientes ao permitir a colocação de dentes totalmente fixos com excelentes resultados estéticos.

Há alguma técnica que tenha estado a desenvolver e que queira destacar?

A técnica que estou a desenvolver atual-mente é a da reabilitação de pacientes desdentados totais com maxilar superior atrófico, utilizando enxertos ósseos no seio maxilar com seis ou oito implantes e uma ponte total cerâmica Zirconzahn®.

Parte-se de uma situação desespe-rada e termina-se com um resultado espetacular.

O facto de estar em Coimbra, cidade reconhecida como uma das principais referências na área da saúde, influen-cia a vontade de querer fazer mais e melhor?

No caso da Medicina Dentária passa-se um pouco o contrário: Lisboa e Porto é que são as cidades de referência e onde se encontram as maiores clínicas dentá-

“O FACTO DE TERMOS UMA EQUIPA MULTIDISCIPLINAR COM LABORATÓRIO DE PRÓTESE PRÓPRIO PERMITE-NOS DAR UMA RESPOSTA RÁPIDA A PACIENTES QUE ESTÃO EM PORTUGAL APENAS POR PERÍODOS CURTOS. ESSA É A NOSSA MAIS-VALIA”

PerfilFrancisco Delille

é médico dentista (Cédula Profissional

da Ordem dos Médicos Dentistas n.º 887) e diretor clínico

na Clínica Delille. Licenciado em 1993

pelo Departamento de Medicina Dentária da

Faculdade de Medicina da Universidade de

Coimbra, exerce prática clínica exclusiva em

implantologia e cirurgia oral.

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NEGÓCIOS

rias. O curso de Medicina Dentária em Coimbra começou mais tarde e Coimbra é uma cidade mais pequena, pelo que a maior parte dos consultórios dentários durante muito tempo ainda eram pe-quenos espaços com prática clínica mais generalista. O desafio para mim é o de criar em Coimbra uma unidade capaz de ombrear a nível nacional com as melhores clínicas, prestando um serviço multidisci-plinar de excelência.

“Oferecemos serviços equivalentes aos praticados noutros países, com melhor preço”

Como avalia o seu percurso profis-sional até ao momento?

Estou obviamente satisfeito. Foi conse-guido com muito esforço e com uma mé-dia diária de 14 horas “à cadeira” durante os últimos 22 anos, mas com a recompen-sa de estar a fazer aquilo que gosto e de ver a minha obra sempre a crescer mesmo nos momentos mais adversos. Muito engraçado para mim também é, olhando para trás, ver como a minha prática clínica mudou ao longo deste tempo, já que comecei a fazer um pouco de tudo, desde desvitalizar dentes até tratar crianças e atualmente dedico todo o meu tempo à cirurgia oral, nomeadamente à cirurgia de colocação de implantes dentários e de enxertos ósseos.

E a sua equipa de profissionais, como define?

O mais difícil ao longo deste percurso foi criar uma equipa consistente e com-petente e mostrar aos pacientes que uma Medicina Dentária de qualidade não pode ser praticada por um médico dentista so-litário. Neste momento tenho uma equipa

de profissionais que trabalham nas suas áreas de especialidade melhor do que o que eu o faria como generalista e isso enche-me de orgulho. Defino a equipa de colegas que trabalham comigo como a minha segunda família.

Qual é a recetividade que tem tido a nível nacional? E a nível internacional?

Já somos conhecidos por alguns por-tugueses lá fora, já que temos feito bas-tantes reabilitações orais a portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro, nomeadamente na Alemanha, França e até Estados Unidos. Estes portugueses vêm regularmente a Portugal, têm cá

casa e família e gostam de ser tratados cá. Além disso, nós oferecemos servi-ços equivalentes aos praticados nesses países, mas com melhor preço. O facto de termos uma equipa multidisciplinar com laboratório de prótese próprio permite-nos dar uma resposta rápida a pacientes que estão em Portugal apenas por períodos curtos. Essa é a nossa mais-valia.

Futuramente Portugal será, tam-bém, um destino de turismo dentário?

Não acredito muito no turismo den-tário. Penso que a Medicina Dentária se vai globalizar cada vez mais havendo em todos os países serviços e preços bastan-te semelhantes. Um bom atendimento em Medicina Dentária implica que, após realizado o tratamento, o paciente seja sempre acompanhado em consultas de manutenção e higiene oral regulares na mesma clínica que lhe executou o trabalho.

Que planos existem para o futuro da Delille? Mais clínicas, mais serviços?

Mais clínicas não, mas mais serviços sim. Neste momento estou empenhado em utilizar o espaço que tenho para oferecer aos pacientes o máximo de serviços e técnicas possíveis em torno da Medicina Dentária para melhorar a qualidade de atendimento. Acrescen-támos recentemente uma consulta de tratamento de disfunções crânio-man-dibulares e reabilitação vestibular feita por uma Fisioterapeuta e Osteopata, a Dr.ª Lillian Castelão. Também temos já um serviço de análises clínicas em parceria com os Laboratórios Beatriz Godinho. Outras ideias ainda estão a ga-nhar forma, pelo que há muito trabalho a fazer no futuro.

“TEMOS FEITO BASTANTES REABILITAÇÕES ORAIS A PORTUGUESES QUE VIVEM E TRABALHAM NO ESTRANGEIRO”

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Sonae abre loja de desporto em França

Homem mais rico da Ásia compra portuguesa Iberwind

Pera rocha bate recordes de exportação

Portugal vendeu mais

14 milhões de euros de vinhos

A multinacional portuguesa abriu, no final de setembro, a primeira loja da cadeia de artigos de desporto Sport Zone no país gaulês. A loja situa-se no Centro Comercial Carrefour, na cidade nortenha de Amiens, e é gerida por um operador local em regime de franchi-sing. A Sport Zone conta atualmente com mais de uma centena de lojas na Europa e na Ásia.

As tendências da próxima edição da maior feira de têxteis-lar do mundo, a Heimtextil, foram apresentadas, a 29 de setembro, aos empresários portugueses no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães. A Heimtextil está marcada para janeiro, em Frankfurt (Alemanha), sob a temática cen-tral “Well-being 4.0”, que assenta em produtos que transmitem um sentimento de calma e relaxamento. Prevê-se que os portugueses voltem a ser uma das nacionalidades mais representadas no evento.

Das 201 mil toneladas colhidas em agosto de 2014 e escoadas até agosto de 2015, 102 mil foram vendidas no mercado externo, ultrapassando as 100 mil toneladas exportadas na campanha de 2013/2014, valor que constituía o anterior recorde. O Brasil é o país estrangeiro que consome mais este fruto português.

Empresários conhecem novas tendências dos têxteis-lar

O segundo maior operador eólico em Portugal foi vendido a duas empresas que pertencem ao grupo Cheung Kong, liderado pelo chinês Li Ka Shing. O homem mais rico da Ásia, segundo o mais recente ranking da Forbes, pagou mil milhões de euros por uma participa-ção de 65% na Iberwind.

As exportações portuguesas de vinho atingiram, no primeiro semestre do ano, 328 milhões de euros, um acréscimo de 14

milhões face a igual período do ano passado, correspondente a mais 4,6%. O crescimento

em valor foi mais do dobro do aumento em quantidade. As

empresas portuguesas expor-taram 134 milhões de litros de vinho entre janeiro e junho, um

aumento homólogo de 2,1%. A manter-se a atual trajetória,

Portugal deverá bater novo máximo histórico de vendas de vinhos para o estrangeiro, pelo

sexto ano consecutivo.

Breves

Li Ka Shing

Page 30: Revista PORT.COM outubro 2015

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES30

ON LINE

Sugestões

Essenciais para o

outono/invernoA moda made in Portugal está a crescer. Seja calçado, carteiras,

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que peças portuguesas deve investir para o valorizar.

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Page 31: Revista PORT.COM outubro 2015

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES32

TURISMO

Já se trata de uma tradição. Quando é organizada a entrega dos prémios europeus World Travel Awards, o setor do turis-mo português prepara-se para

receber uma mão cheia de troféus. Na cerimónia que este ano teve lugar em Santa Margherita di Pula, na ilha italia-na da Sardenha, foram 14 os “Óscares do turismo” europeu, como também são conhecidos estes galardões, atri-buídos a concorrentes portugueses.

Ao setor da hotelaria coube a maior fatia deste bolo, com nove hotéis por-tugueses a serem distinguidos como os melhores em diversas categorias. O Algarve foi a região nacional com mais estabelecimentos hoteleiros vencedo-res, com quatro, mais do que os três lisboetas e os dois madeirenses.

A região mais a sul do território con-tinental português também celebrou a distinção enquanto melhor destino europeu de praia, feito que já havia alcançado em 2012 e 2013. Superou Cannes, em França, Corfu, na Grécia, Oludeniz, na Turquia, Maiorca e Mar-belha, ambos em Espanha, e a própria Sardenha, que “jogava em casa”.

O Algarve foi, de resto, a região portuguesa que chegou à entrega dos prémios com mais expetativas, dado que reunia 45 do total de 78 nomeações portuguesas.

Os World Travel Awards distin-guem os melhores exemplos de boas práticas no setor das viagens e turismo à escala global desde 1993. Em 2014, Portugal arrecadou 16 “Ós-cares” e em 2013 já tinha ganho nove. Toda uma tradição vencedora por parte do turismo português.

OS “ÓSCARES DO TURISMO” EUROPEU GANHOS POR PORTUGALPortugal voltou a destacar-se na edição europeia dos World Travel Awards, com os seus representantes a vencerem em 14 categorias, mais do que países como a Espanha e a Itália. A Revista PORT.COM apresenta um conjunto de imagens que ajudam a perceber alguns dos motivos para tantos prémios.

O Algarve foi eleito o melhor destino de praia da Europa. O trabalho de divulgação desta e das restantes regiões portuguesas valeu o título de melhor entidade turística ao Turismo de Portugal

MELHOR DESTINO DE PRAIA

Algarve

Page 33: Revista PORT.COM outubro 2015

www.revistaport.com 33

A hotelaria nacional dividiu galardões por nove estabelecimentos, dois dos quais na Madeira. O The Vine Hotel (na foto) foi eleito o melhor design hotel e o Choupana Hills Resort & Spa o melhor boutique resort

O Algarve também esteve em destaque pela qualidade dos seus hotéis. O Hotel Quinta do Lago foi congratulado como melhor resort de praia, o Conrad Algarve como melhor resort de luxo com spa, o Vila Joya como melhor boutique hotel e o Monte Santo Resort (na foto) como melhor resort romântico

Três prémios viajaram para Lisboa. O Myriad by SANA Hotels foi distinguido melhor hotel para negócios, o Corinthia Hotel Lisbon melhor hotel ecológico e o Bairro Alto Hotel (na foto) melhor hotel icónico

Fora do setor da hotelaria foi a TAP quem mais deu nas vistas, ao receber três prémios: melhor companhia aérea a voar para África, melhor companhia aérea a voar para a América do Sul e melhor revista a bordo, em alusão à Up Magazine

MELHOR DESIGN HOTEL

MELHOR RESORT ROMÂNTICO

MELHOR COMPANHIA AÉREA A VOAR PARA ÁFRICA,

MELHOR COMPANHIA AÉREA A VOAR PARA A AMÉRICA DO SUL

MELHOR REVISTA A BORDO

MELHOR HOTEL ICÓNICO

The Vine Hotel

Monte Santo Resort

TAP

Bairro Alto Hotel

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES34

CULTURA

Esteve quase para pôr ponto final a uma carreira com mais de 40 anos, mas o público não deixou. Ágata é uma das cantoras portuguesas mais apreciadas nas

comunidades, capaz de ser recebida por populosas plateias em Paris, Toronto ou Sidney, até a coroá-la rainha em Joanesburgo. Acredita no papel da música para

manter viva a língua portuguesa entre os lusodescendentes.

Canções como “Perfume de mulher”, “Maldito amor” e “Comunhão de bens” dispensam apre-sentações em qualquer ponto do mundo em que haja portugueses.

Quando Ágata as canta, nunca o faz sozinha. Numa entrevista em exclusivo à Revista PORT.COM, a artista conta como é o bendito amor que mantém com um público que tanto admira, o das comunidades.

Quais são os países estrangeiros onde se sente mais acarinhada pelas comunidades portuguesas?

Sempre que me desloco ao estrangei-ro a expetativa é enorme, sou sempre muito bem recebida na Europa, Estados Unidos, Canadá, África do Sul, Austrá-

lia, onde guardo boas recordações. É muito difícil designar um local especial porque o calor do público é sempre notório por onde passo. Existe empatia, diálogo, histórias nas minhas canções que partilho enquanto canto.

Tem significado especial cantar pa-ra os portugueses nas comunidades?

Estar com portugueses que emigram é levar o sol do nosso país, é poder espalhar uma energia que contagia um povo que vibra quando se entrega a uma música que nos identifica como por-tugueses. É sempre um grande prazer poder partilhar esses momentos com quem me espera, me acarinha e recebe de braços abertos. Tenho muito respeito por este público.

Na sua opinião, existem particula-

ridades que distingam esses públicos dos portugueses que continuam em Portugal?

As festas nas comunidades têm mais qualidade. Para além de lhes levarmos um pouco do nosso sol, como disse, tam-bém levamos sucessos que os nossos portugueses gostam de relembrar, uma vez que estão longe de nós e da nossa música. São saudosos, têm muito respei-to e amor pela minha pessoa enquanto cantora e mulher.

Imagino que haja concertos no estrangeiro que se tenham tornado inesquecíveis…

São muitos os momentos que me sensibilizaram. Em Sidney, fui acompa-nhada por um grupo de músicos sensa-cionais, o público pediu que cantasse um

“AS FESTAS NAS COMUNIDADES TÊM MAIS QUALIDADE”

ÁGATAENTREVISTA: LUÍS CARLOS SOARES

Page 35: Revista PORT.COM outubro 2015

www.revistaport.com 35

tema que normalmente não apresento. A banda tocou, eu cantei, aplaudiram-me de pé, fizeram-me chorar. O tema era muito intenso. Fazia parte de mim, da minha história, nunca esqueci. Já em Joanesburgo, coroaram-me Rainha, demonstrando todo o respeito e admi-ração de uma carreira que tenho levado a pulso. Em Paris fui surpreendida por grupos que trauteavam os meus temas em uníssono enquanto exibiam cartazes com lindas palavras de afeto. Lembro-me de um último, em Toronto, o silêncio fez-se quando entrei para cantar. Estremeci, não se ouvia uma mosca, a atenção do público era de grande exigên-cia. Amei quando os aplausos entoaram e nas suas caras um largo sorriso que deixava transparecer muita emoção. Por certo que existem muitas mais histórias, muitos outros acontecimentos, mas o que posso dizer é que amo as pessoas que saem para me ouvir e para me ver.

Trás-os-Montes, onde reside, é uma região onde muitos emigrantes voltam no verão. O que lhe dizem quando se cruzam consigo na rua?

É uma verdade (risos). De facto, acon-tece muitas vezes. Primeiro não acre-ditam, depois confirmam e de seguida abraçam-me e recordam-me momentos que cruzámos, palcos que pisei, locais por onde viajei, momentos que vivi. Claro um abraço e um beijo vem com o impacto e tirar uma selfie é sempre bom.

Música para exercitar português

Acredita que a indústria da música portuguesa seria a mesma se não existissem os emigrantes? Seria possível haver o mesmo número de artistas e de concertos?

Sem público não há espetáculo. Os portugueses no estrangeiro trabalham muito e quando saem para ir a um concerto, vão de coração, consomem esse momento com muita intensidade e querem revivê-lo depois de tudo acaba-do, comprando os CD’s dos artistas que apreciam. Esta dedicação faz com que consumam mais música, para alimen-tarem o seu espírito. Ao fazê-lo acabam por promover o trabalho destes músi-cos, como acontece comigo. Quando há datas comemorativas existem inúmeros cantores portugueses a viajar pelo mun-do, espalhando o seu melhor. O público

“OS PORTUGUESES NO ESTRANGEIRO TRABALHAM MUITO E QUANDO SAEM PARA IR A UM CONCERTO, VÃO DE CORAÇÃO, CONSOMEM ESSE MOMENTO COM MUITA INTENSIDADE”

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES36

CULTURA

é o grande júri, é quem classifica o valor de tanta gente que existe neste mercado da música portuguesa.

A música é um elemento importan-te para a preservação da língua por-tuguesa entre os lusodescendentes?

Claro que sim. Faz-me muita confu-são que as crianças não falem o portu-guês em casa com os pais. Muitas delas entendem, mas não falam. A nossa língua é muito rica e, na minha opinião, deveria ser exercitada para que não fosse esquecida. A música pode eventualmen-te ajudar, mas se não houver insistência pela parte dos pais, as crianças deixam de ter interesse. Temo que daqui a uns anos tudo se vá perder.

Com mais de 40 anos de carreira, já assistiu a vários momentos no panorama musical português. Este é um bom momento para se ser músico em Portugal?

Bom momento para se ser músico em Portugal? Seria, se o playback deixasse de ser permitido. Não entendo como nos tempos de hoje ainda contratam cantores, inclusive eu, para cantar sem acompanhamento ao vivo. Tenho lutado muito para deixar de o fazer, mas as pessoas aproveitavam-se da palavra crise para não pagarem um espetáculo digno e acessível. Em agosto recusei um concerto nos Estados Unidos por não poder levar os meus músicos. O palco era imenso, ao ar livre, nada intimista, era apenas para milhares de pessoas. Recusei, não me imaginei em cima de um palco imenso sem os meus músicos. Para estas ocasiões, tenho um formato de quatro dos oito músicos, e mais duas coralistas, que me acompanham habi-tualmente. É desta forma que eu adora-

ria estar sempre com o meu público. Mas tenho fé, e com a quantidade de pessoas que hoje se encontram a cantar, tenho esperança que muita coisa mude e acabe.

Trabalha em novo álbum, disponível para concertos

Quais são os projetos musicais portu-gueses mais recentes que mais aprecia?

Aprecio tudo o que faço e não falo de ninguém, porque também ninguém fala de mim. Em Portugal muitos dos meus colegas são muito pouco participativos, não se dão uns com os outros e inventam histórias quando se recusam a aceitar convites para trabalhos em grupo ou duetos. Muitos deles são umas verdadei-ras vedetas, elitistas e senhores do seu nariz. Eu não sou do género e nem faço género. Sou como sou e quem não gostar de mim por ser quem sou, é porque não me conhece na realidade. E aí lamento, mas não posso fazer milagres (risos).

No verão do ano passado chegou a anunciar o final da carreira. O que a fez voltar atrás nesse anúncio?

O meu desagrado por tudo quanto se vê presentemente a todos os níveis na música, fez com que eu perdesse a vontade de continuar a fazer concer-tos ao vivo, mas graças a Deus que o público fez com que eu não desistisse. Foram muitas as provas de carinho e afeto que recebi daqueles que me têm seguido ao longo da minha carrei-ra. Se estou aqui, agradeço ao meu público.

Quais são os projetos em mãos para os próximos tempos?

Neste momento estou muito em-penhada na produção do meu novo álbum.

Quem quiser contratá-la para um espetáculo nas comunidades, o que deve fazer?

Podem-me procurar na minha página Facebook, Ágata Oficial. Para todos os portugueses que estão lá fora e tiveram acesso a esta revista, beijos e um abraço, daqueles que cortam a respiração, da sempre vossa, Ágata.

Concerto em Paris perante uma multidão de portugueses, em 2012

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www.revistaport.com 37

Artista macaense em exposição inspirada no Douro

Porto volta a receber o melhor do cinema de turismo

Outubro é mês de música portuguesa na Suíça

Festival do Fado viaja para Sevilha

Cindy Ng, artista plástica macaense que em 2013 esteve numa residência artística nas quintas durienses da Covela e da Boavista, é a autora de 22 pinturas inspiradas no Douro que estão em exposição no Museu do Oriente, em Lisboa, até 23 de outubro. Nestas obras, a artista experimentou combinar vinhos do Douro e do Porto com tintas convencionais.

O ART&TUR volta a colocar a concur-so alguns dos melhores trabalhos do mundo do audiovisual relacionados com o setor do turismo, sejam documentá-rios, filmes promocionais ou até spots publicitários. A 8.ª edição deste evento decorre entre 20 e 24 de outubro. No total, são 256 filmes os filmes a concur-so, com origem em 54 países diferentes.

A banda rock bracarense peixe:avião atua no dia 7 de outubro em Genebra, na sala Animatou Genève. Num mês com muita música portuguesa na Suíça, os músicos Ricky, Paulo Jorge, Romana, Melão, Jorge Guerreiro e Nikita vão atuar na festa do emigrante que a Radio 37 está a organizar em Bulle, a 24 de outubro.

Concertos, projeção de filmes, um ciclo de conferências e uma expo-sição, tudo sobre o mais português dos géneros musicais, fazem parte do programa do Festival do Fado, que decorre no Teatro Lope de Veja, em Sevilha, entre 6 de ou-tubro e 2 de dezem-bro. Carminho, Cuca Roseta (na foto) e Ra-quel Tavares são algumas das fadistas convidadas.

Breves

Festival de cinema em Boston com organização portuguesa

O Consulado de Portugal em Boston e o Instituto Camões organizam o XX Boston Iberoamerican Film Festival, que decorre até 23 de outubro. Durante este período, a Universidade de Boston recebe a exibição de nove filmes, um de cada um dos nove países da América Latina e da Península Ibérica que participam neste evento há 20 anos. O festival abriu a 1 de outubro com “José e Pilar”, documentário do realizador Miguel Gonçalves Mendes sobre José Saramago e a esposa Pilar del Rio.

Miguel Gonçalves Mendes

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES38

GASTRONOMIA

PORTUGAL, PAÍS PRODUTOR DE

Já há dezenas de marcas portuguesas a produzir a bebida destilada cujo consumo mais tem crescido nos bares nacionais. Tal como nos vinhos, já há gins provenientes

de regiões como o Douro e o Alentejo. Utilizam diversos ingredientes existentes na natureza do país para cativarem consumidores dentro e fora de portas.

Pode ter causado estranheza ao português a viver nas co-munidades que veio passar férias a Portugal, prove-niente de países como Fran-

ça, Suíça ou Luxemburgo, mas pelo terceiro verão consecutivo, foram vários os compatriotas portugueses que se passearam por esplanadas, bares e discotecas com copos amplos com uma bebida transparente, com pequenos grãos ou cascas de frutos a boiar.

A bebida servida nesses copos é gin, normalmente acompanhada por água tónica. Há pouco mais de meia década havia apenas três ou quatro marcas de gin no mercado nacional. Muitos dos bares nem se davam ao trabalho de encomendar alguma dessas refe-

rências, dado que quase ninguém se lembrava de as pedir. Predominavam os uísques e as vodkas nas garrafeiras de bebidas destiladas. Agora isso é só uma recordação do passado.

Por estes dias o panorama é bem diferente, não só em Portugal como em Espanha. De resto, não se pode dizer que os portugueses estejam a cumprir à risca a indicação dada por um dos seus provérbios populares mais conhecidos: “De Espanha nem bom vento, nem bom casamento”. É que os vizinhos espanhóis até se anteciparam nesta espécie de “moda ibérica”.

Agora são raros os bares que se atrevem a ignorar esta bebida, que chega ao mercado português através

TEXTO: LUÍS CARLOS SOARES

Gin

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www.revistaport.com 39

de mais de uma centena de marcas. Agora não faltam produtores de gin em Portugal, responsáveis pela existência de mais de uma dezena de referências nacionais, que utilizam ingredientes exclusivos a Portugal, como são os casos da maçã bravos de Esmolfe e da pera rocha do oeste, frutos que integram diferentes gamas da marca alentejana Sharish.

Para além do Alentejo, há marcas em várias cidades do país a produzir gin, como Braga (Gina), Porto (NAO), Porto de Mós (Big Boss) ou Évora (Templus). O famoso líquido é conse-guido a partir de cereais como milho, trigo e cevada e, posteriormente aromatizado com elementos chama-do botânicos, dos quais o zimbro é obrigatório.

Para que se tenha uma noção da proporção atingida por aumento ex-

ponencial do consumo de gin quando este se começou a verificar, Portugal chegou a ser o 3.º principal mercado de uma das maiores marcas do mun-do, a Bulldog. Na altura, apenas Es-panha e os Estados Unidos (de onde a marca é originária) consumiam mais.

Atualmente Portugal está no 5.º lugar desta tabela, não que o consumo tenha começado a decair, porque até continua em crescimento. A diferen-ça é que há mercados de países mais populosos em que o consumo de gin está a crescer, como são os casos da Alemanha e da Colômbia.

Até o Douro já tem um gin

Uma das marcas portuguesas mais recentes é a Cobalto – 17, lançada no final de junho pelo enólogo Edgar Ro-

para fazer um gin tónico

7passos

1 - Encher de geloum copo grande

2 - Gelar o copo, rodando o gelo

3 - Retirar a água em excesso

4 - Aromatizar com botânicos

5 - Deitar uma dose de gin (5cl)

6 - Deitar uma água tónica (20cl)

7 - Decorar com botânico

“A NOSSA EMPRESA TEM COMO POLÍTICA DAR PREFERÊNCIA PARA EXPORTAÇÃO A EMPRESAS QUE SEJAM DE PORTUGUESES OU TENHAM PORTUGUESES A TRABALHAR NOUTROS PAÍSES”EDGAR ROCHA, COBALTO - 17

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES40

GASTRONOMIA

cha e pelo engenheiro químico Miguel Guedes, ambos antigos trabalhadores de uma destilaria industrial. Trata-se do primeiro gin totalmente produzi-do no Douro, destilado em Tabuaço.

A própria escolha do nome da marca está relacionada com o rio conhecido pela produção de vinhos: “Um amigo nosso disse que gostava do nome Co-balto, que coincide com a descrição da cor do rio Douro aos olhos de Miguel Torga”, explica Edgar Rocha. Co-balto é um elemento químico, com o símbolo Co (tal como a marca de gin), cujos compostos transmitem uma cor azulada.

A presença do Douro neste gin é marcada pela presença de três botâ-nicos da região, a uva tinta amarela, a lúcia-lima e a hortelã-pimenta, que contribuem para “um gin muito aro-mático e frutado”, descreve o enólogo.

A fórmula tem tido boa aceitação, tanto a nível nacional como interna-cional, com a exportação para países como o Luxemburgo, a Angola, os Estados Unidos e a China, com a pre-sença das comunidades portuguesas a ser vista como uma ajuda na abertura de portas em mercados internacionais: “A nossa empresa tem como política dar preferência para exportação a empresas que sejam de portugueses ou tenham portugueses a trabalhar noutros países”.

Edgar Rocha desafia os portugueses no exterior “a provarem o nosso gin e a darem-nos o seu feedback”, aos quais aponta sugestões de consumo: “A equi-pa de barmen com quem trabalhamos indica que seja servido com gengibre e maçã verde, ou com hortelã-pimenta,

ou com uma raspa de lima ou laranja. Aqueles que o pretenderem mais doce devem incluir morangos ou amoras vermelhas”.

Mas também há quem o beba só com gelo e água tónica, “ou até mesmo Cobalto simples, como nos contam alguns consumidores do norte da Europa”. Não faltam formas para experimentar o gin do Douro.

Livros e até um dia nacional

A “moda do gin” é tal, que já foi ins-titucionalizado um dia nacional do gin tónico (21 de junho), há livros sobre a bebida escritos por autores portu-gueses, e até há quem se disponha a comprar para casa equipamentos tão profissionais como um resfriador de copos (que, tal como o nome indica, serve para gelar copos de gin), a troco de quantias superiores a 250 euros.

Mas a maior parte dos consumidores continua a ser composta por aqueles

que simplesmente querem desfrutar de uma bebida que complementa mui-to bem com momentos de lazer entre amigos ou em família.

Beber um gin com portugalidade é cada vez mais fácil, tal a variedade das marcas nacionais existentes e que chegam a cada vez mais merca-dos internacionais. A moda do gin é ibérica, mas o seu consumo não tem fronteiras.

de ouro3regras

1 - O copo deve estar bem frio antes de se colocar o Gin

2 - A medida de gin mais consensual é de 5 cl.

3 - A água tónica deve ser servida com muito cuidado para não

perder o gás

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www.revistaport.com 41

Curiosidades sobre marcas portuguesas

Existem gins originários de norte a sul do país e para todos os gostos, fruto de diversos métodos

de produção, desde os que envelhecem as barricas de vinho do Porto aos que são feitos com

“álcool que não provoca ressaca”.

Big Boss

Sucessor do primeiro gin português, o Commodore, que recebeu a medalha de prata no concurso Monde Selection de Bruxelas, em

1985. A Neto Costa, empresa de Porto de Mós responsável

pela produção de ambos, costuma promovê-lo como o resultado de uma fórmula

secreta de botânicos (ingredientes) oriundos da Índia, descobertos pelos

navegadores portugueses.

Wild Snow Dog

O nome e imagem deste gin, produzido pela

Licores Serrano, deve-se à utilização de zimbro

selvagem e de água pura da Serra da Estrela, cadeia

montanhosa cujos cães e neve são por demais

conhecidos.

NAO

Produzido pela Portucale Premium Spirits, empresa

da Maia, estagia em barricas de vinho do Porto, onde é envelhecido durante

um período mínimo de quatro meses, o que lhe

atribui suaves tonalidades douradas.

Templus

A Oficina de Espíritos, em Évora, apresenta-se como a única destilaria biológica

do mundo. Sob a marca Templus disponibiliza dois gins, o vermelho e o verde,

ambos com botânicos alentejanos como o poejo

e hortelã da ribeira. Os produtores garantem que o álcool biológico não causa

ressaca.

Gina

O projeto que resultou neste gin saiu da mente de três jovens de Braga, que

na altura ainda não haviam cumprido 30 anos.

SUL

Nasceu em terras algarvias, pela mão de Stephan Garbe, um alemão que há muitos anos visitava regularmente a vila de Odeceixe e considerou que os

elementos naturais circundantes, como o limão e esteva apanhada manualmente

das falésias, poderiam resultar num bom produto. É destilado em Hamburgo, mas

inequivocamente um gin português.

Sharish

Criada por um professor que vivia o drama de não ter sido colocado, esta

marca de Reguengos de Monsaraz utiliza frutos de Denominação de

Origem Protegida na confeção dos seus gins. Começou com a maçã bravos de

esmolfe, recentemente lançou uma gama limitada feita a partir de pera

rocha do oeste.

Amo.te

Também produzido pela Licores Serrano, o responsável pelo seu

lançamento é o empresário e antigo apresentador televisivo Pedro Miguel

Ramos.

Page 42: Revista PORT.COM outubro 2015

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES42

GASTRONOMIA

Existem regiões de Portugal onde a população de coelhos bravos e de lebres, as espécies mais procuradas pelos caçadores portugueses, desapareceram

quase na totalidade. O principal motivo prende-se com a “doença do coelho”, no-me atribuído a uma doença hemorrágica viral, que nos últimos anos se disseminou por todo o país.

Os incêndios são outra grande preo-cupação. Há muito que as associações de caçadores portugueses procuram convencer o Governo a promover uma alteração à lei para que não seja permitido caçar em zonas totalmente devastadas por incêndios florestais, de forma a pro-teger estas espécies.

Para além de menos coelhos, também há menos caçadores. O aumento dos pre-ços das licenças de caça e de outras taxas também têm afastado muitos portugue-ses. Estima-se que o número de caçado-res passou para metade nos últimos dez anos, sendo agora cerca de 150 mil.

Apesar de Portugal ainda ser conside-rado com um dos países com melhores condições naturais para a prática de tu-rismo cinegético, a verdade é que o núme-ro de estrangeiros que esta atividade atrai

ao país é extremamente reduzido quando comparado com o da vizinha Espanha.

Também há cada vez menos emigran-tes portugueses que escolhem a abertura da época de caça nas regiões de onde são oriundos para visitarem o país.

Tudo isto é encarado como entraves à preservação de alguns pratos de caça que fazem parte do património gastronómi-co português, como é o caso do famoso Coelho à Caçador.

Portugal tem cada vez menos coelhos bravoss e lebres, fruto de doenças que têm dizimado estas espécies e dos incêndios que têm fustigado o país nos últimos verões. O número de caçadores de caça menor continua a diminuir de ano para ano, tornando cada vez mais raros alguns dos

pratos típicos da gastronomia nacional.

NÚMERO DE COELHOS BRAVOSS CONTINUA A DIMINUIR

Page 43: Revista PORT.COM outubro 2015

www.revistaport.com 43

Esta receita deve a sua designação ao coelho bravos que vive no mato. A facilidade de reprodução e o elevado número que as populações podem atingir, desde cedo se tornaram razão para os homens os caçarem, prote-gendo as colheitas, aproveitando a pele para vender e incorporando a carne nos seus hábitos alimentares.

O Coelho à Caçador tem grande tradi-ção em Carregal do Sal, concelho do distrito de Viseu. Continua a ser prato eleito na época da caça, apesar de esta espécie já não ser tão abundante por estas paragens. A diminuição das áreas agrícolas é uma das explicações apontadas pelos caçadores locais, uma vez que esta espécie bravia muitas vezes encontra parte do seu alimento nas culturas hortícolas.

RECEITA

COELHO À CAÇADOR

Há uns anos era tradição os caçado-res juntarem-se no fim de um dia de caça para cozinhar os coelhos e assim confraternizar. Era o chamado “caçar para o tacho” ou Coelho à Caçador. Para saborear este prato é fundamen-tal que o coelho seja mesmo bravio. O seu caraterístico sabor a mato é o principal tempero.

Ingredientes:

• 1 coelho bravos• Alho• Pimenta• Louro• Vinho tinto de qualidade• Cebola• Toucinho• Tomates • Azeite• Alecrim

Preparação:

Na confeção deste prato, o coelho é previamente colocado numa taça e temperado de alho, pimenta, louro e colocado em vinho tinto de qualidade (preferencialmente do Dão, produto com DOP) e deixado a marinar para o dia seguinte.

Num tacho de ferro ou de barro faz-se um refogado com o azeite, a cebola em rodelas finas, o toucinho e os to-mates, ao qual se acrescenta a carne marinada. Ferve em lume brando, regando se necessário somente com vinho (nunca água).

No final acrescenta-se o alecrim. Pode servir-se com batata cozida, grelos salteados e pão torrado.

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES44

GASTRONOMIA

Breves

O novo restaurante do chef lusodes-cendente George Mendes, chamado Lúpulo, está a conquistar a crítica norte-americana. Para além dos pregos, os bolinhos de bacalhau e as sardinhas estão entre as iguarias apreciadas.

A revista New Yorker, a agência de notícias Bloomberg, os jornais The New York Times e New York Post, e sites espe-cializados, como o GrubStreet e o Eater, têm rendido vários elogios ao Lúpulo, espaço inaugurado na primeira metade deste ano, que recria uma cervejaria tipicamente portuguesa e na qual nem faltam azulejos brancos e azuis na pare-de e galos de Barcelos nas prateleiras.

Para além dos pregos e de vários tipos de cervejas, obrigatórios em qualquer cervejaria, na ementa rotativa constam

várias referências da gastronomia tra-dicional portuguesa, como sardinhas, bolinhos de bacalhau, amêijoas à Bulhão Pato, bacalhau à Brás e por vezes até caracóis.

Lúpulo é o segundo restaurante de George Mendes em Nova Iorque, que em 2009 abriu o Aldea, detentor de uma estrela do guia Michelin. O chef nascido em Danbury, no estado do Connecticut, filho de emigrantes beirões de Ferreirós do Dão, é também autor do livro «My Portugal: Recipes and Stories”, lançado no ano passado.

Este mês vai dar um seminário sobre gastronomia e cervejas portuguesas durante o New York Wine & Food Festival, que decorre em Manhattan, entre os dias 15 e 18.

Tasca da Esquina eleito o melhor restaurante português no Brasil

O restaurante do chef Vítor Sobral foi novamente descrito como “o melhor restaurante português no Brasil”, desta vez pela revista Gula. Desde que abriu no ano passado, em São Paulo, a Tasca da Esquina já recebeu elogios semelhantes por parte de publicações como o jornal Folha de São Paulo e a revista Veja, devido a uma ementa que une pratos portugueses tradicionais e contemporâneos com produtos naturais do Brasil.

A Associação da Hotelaria, Res-tauração e Similares de Portugal (AHRESP) criou a “Rede de Restau-rantes Portugueses no Mundo”, com o objetivo de enaltecer o trabalho dos restaurantes portugueses pelo mundo, que sejam fiéis à gastro-nomia e aos produtos nacionais. A iniciativa conta com o apoio do Ministério dos Negócios Estrangei-ros português e do Instituto para a Promoção e Desenvolvimento da América Latina (IPDAL).

Associação portuguesa promove restaurantes da diáspora

Cervejaria portuguesa em Nova Iorque conquista crítica

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Vinhos da Adega Mayor distinguidos a ouro no Mundus Vini

Garrafa e lata da Gallo inspiradas por obra de

Joana Vasconcelos

A produtora vitivinícola sediada em Campo Maior voltou a ser premiada no Mundus Vini, um dos concursos de vinho de maior prestígio a nível internacional, que decorreu recen-temente na Alemanha. O vinho Pai Chão 2011 e o Reserva do Comen-dador Tinto 2011 foram os vinhos galardoados com medalhas de ouro.

A marca portuguesa lançou uma edição exclusiva da garrafa e da lata de azeite Clássico Extra Virgem com uma imagem inspirada na escultura Pop Galo, criada pela conceituada

artista plástica. A edição limita-da “POP GALLO” assinala ainda a

comemoração dos 450 anos da fun-dação da cidade brasileira do Rio de Janeiro, um mercado onde o azeite

Gallo é líder na sua categoria.

Os restaurantes Aidé (de Paços de Ferreira), Brasão (Felgueiras), Largo do Paço (Amarante) e Pizzaria Ralenti (Viana do Castelo) foram distinguidos com o prémio de ouro do VIII Concurso Vinhos Verdes & Gastronomia, inicia-tiva com o objetivo de assinalar os 107 anos da região demarcada dos Vinhos Verdes. O concurso premiou a harmo-nização de vinhos verdes com comida ao longo de uma refeição completa - entrada, prato principal e sobremesa.

A AMPMV (Associação Mais Proximi-dade Melhor Vida) está a realizar uma série com nove episódios, chama-da “Lisboa à Mesa”, na qual idosas lisboetas revelam receitas e histórias do mundo da gastronomia ao chef Fábio Paixão da Silva, do Restaurante Povo. Os episódios são partilhados no blogue www.lisboamesa.mpmv.pt e no canal YouTube AMPMV.

Restaurantes premiados por utilização de verdes

Série revela segredos culinários de idosas lisboetas

Denis Verneau foi eleito o melhor sommellier de vinho do Porto em toda a França. O escanção do restaurante La Mère Brazier, em Lyon, venceu a final do concurso Master of Port, que decorreu no Cercle National des Armés (em Paris). Perante um júri internacional e uma plateia cheia, quatro finalistas demostraram o seu conhecimento sobre vinho do Porto e a Região Demarcada do Douro. O Master of Port é realizado em edições bienais desde 1988, sempre em França.

Novo mestre do vinho do Porto eleito em França

Das premiadas instalações da Adega Mayor saem vinhos de ouro

Joana Vasconcelos

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES46

DESPORTO

O Clube Sport Marítimo, o Clube Desporti-vo Nacional e o Clube de Futebol União disputam o epíteto de melhor clube madeirense

no principal escalão do futebol portu-guês, o que não acontecia desde o final da temporada 1990/1991. A reunião dos “Três grandes da Madeira” tem gerado muita expetativa entre os adeptos dos clubes, estejam a viver no arquipélago ou nas comunidades.

Há 24 anos, o fim da coexistência a três foi ditado pela descida de divisão do Nacional, que terminou em último num campeonato disputado por 20 equipas. O renascer da rivalidade é agora possível graças ao reaparecimento do União, que na última temporada garantiu a subida à Primeira Liga, de onde estava arredado há precisamente duas décadas.

O regresso começou da melhor forma possível. Na 1.ª jornada, o União recebeu o rival Marítimo. Em jogos anteriores a contar para campeonatos nacionais,

os maritimistas haviam vencido por 11 vezes, tendo havido sete empates. Mas pela primeira vez, a vitória no dérbi sor-riu ao União, que venceu por 3-2.

Com o União junto ao Marítimo e Nacional no principal campeonato português, a Madeira é o território insular europeu com mais “futebol de primeira”. A equipa favorita

da mãe de Cristiano Ronaldo não se tem feito rogada e até derrotou o Marítimo na primeira jornada. A rivalidade chega à conquista de apoio entre a comunidade luso-venezuelana.

“TRÊS GRANDES DA MADEIRA”

JUNTOS 24 ANOS DEPOIS

A Dona Dolores é adepta confessa do União, cuja subida à Primeira Liga festejou efusivamente

TEXTO: LUÍS CARLOS SOARES

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www.revistaport.com 47

Na 2.ª jornada, novo encontro entre em-blemas madeirenses, com novo vencedor. O Nacional recebeu e derrotou o União, também pela margem mínima, por 1-0. Dois resultados que aumentaram a tem-peratura na disputa pelo epíteto de melhor clube madeirense do futebol português.

A madrinha Dolores

Entre os adeptos que seguem aten-tamente os resultados do União está Dolores Aveiro, mãe de Cristiano Ronal-do, que na apresentação do plantel aos sócios foi indicada como madrinha do clube. Quando o União celebrou a subida à Primeira Liga, a Dona Dolores não se escondeu das camaras que a fotografa-ram a celebrar o feito.

Apesar de não ter marcado presença no Museu CR7, espaço onde decorreu a apresentação e que patrocina as camisolas do clube, tornou pública uma mensagem de apoio: “Estou muito feliz por amadrinhar a minha equipa. Esta-rei em breve com vocês. Força, União da Madeira!”, escreveu a mãe de Cristiano Ronaldo, jogador que curiosamente nunca representou o clube, mas sim os rivais do Nacional.

Apoio da comunidade luso-venezuelana

Mais dividido do que o apoio da Dona Dolores é o prestado pela populosa comunidade na Venezuela, para onde milhares de madeirenses rumaram

OS TRÊS CLUBES FAZEM COM QUE A MADEIRA TENHA MAIS EQUIPAS NOS PRINCIPAIS ESCALÕES DO FUTEBOL EUROPEU DO QUE ILHAS COMO CÓRSEGA, SICÍLIA E O ARQUIPÉLAGO DAS BALEARES

Carlos Manuel nasceu em Caracas e deixou a Venezuela com 13 anos, onde ainda tem tios, primos e os padrinhos

Camacho (esquerda) é um dos jogadores que fazem do Nacional a equipa com mais futebolistas madeirenses

O Marítimo é o único clube com um treinador madeirense, Ivo Vieira

Page 48: Revista PORT.COM outubro 2015

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DESPORTO

durante várias décadas do século passado. Duas das maiores figuras madeirenses ligadas ao futebol nasceram mesmo em cidades do país sul-americano: Leonardo Jardim, atual treinador do Mónaco, nasceu em Barcelona; Danny, futebolista da seleção portuguesa e do Zenit São Petersburgo, é natural de Caracas.

Também na disputa da atenção da comunidade luso-venezuelana há rivalidade entre os clubes madei-renses: “Quero desaf iar a comuni-dade luso-venezuelana residente na Madeira a apoiar o União da Madei-ra porque somos a única equipa que está a lançar a ponte entre a região e esta comunidade. Temos quatro jogadores venezuelanos no plantel”, destacou o presidente Filipe Silva, também na apresentação do clube aos sócios.

Os jogadores referidos são Édder Farías, Cádiz e Breitner, todos contratados esta época, que assim se juntaram ao luso-venezuelano Carlos Manuel. A equipa com maior número de madeirenses é a do Nacional, com quatro (Camacho, Edgar Abreu, Jota e Nuno Campos), mais do que os três do União (Élio Martins, Miguel Fidalgo e o histó-rico capitão Ruben A ndrade) e os dois do plantel principal do Marí-timo (Ruben Ferreira e o veterano Briguel).

O Marítimo é o único clube com um treinador madeirense, Ivo Vieira, que até começou a carreira como técnico no rival Nacional, onde jogou durante mais de uma

década. Estes dois clubes vão-se defrontar no próximo dérbi madei-rense, marcado para 29 de novem-bro, no estádio dos Barreiros, casa da equipa maritimista. A ntes disso, o União da Madeira aguarda pela visita do Benf ica

Entre os seis principais campeo-natos europeus de futebol (Portu-gal, Espanha, Inglaterra, A lemanha, Itália e França), o português é aque-le com mais equipas insulares. As três equipas madeirenses superam as duas da Córsega (Bastia e Ajac-cio) e a única siciliana (Palermo). Não falta agitação no arquipélago mais futebolístico da Europa.

Calendário dos dérbis

madeirenses

Nacional - Marítimo (11ª jornada - 29 de novembro)

Marítimo - União(18ª jornada - 17 de janeiro)

União - Nacional (19ª jornada - 24 de janeiro)

Marítimo - Nacional (28ª jornada - 3 de abril)

Apesar dos esforços do madeirense Ruben Ferreira (à direita), o dérbi da 1.ª jornada não sorriu ao Marítimo

Page 49: Revista PORT.COM outubro 2015

www.revistaport.com 49

Seleção sub-20 sagra-se bicampeã mundial de hóquei em patins

Miguel Oliveira volta a ganhar

João Sousa finalista em São Petersburgo

Portugal renovou o título mundial de juniores em hóquei em patins, ao vencer o Mundial de sub-20. Na final, os jovens portugueses derrotaram a equipa anfitriã, a Espanha, na con-versão de grandes penalidades (4-3). Repetiu-se assim a conquista de 2013, na Colômbia.

O português terminou o mês de se-tembro a vencer mais uma corrida do Moto3, o 3.º campeonato mundial de motociclismo. Depois das vitórias em Itália e na Holanda, o piloto da KTM conquistou o Grande Prémio de Ara-gão, em Espanha.

À terceira não foi de vez. O melhor tenista português de sempre chegou à final do Open de São Petersburgo, na Rússia, mas acabou derrotado pelo canadiano Milos Raonic, pelos parciais 6-3, 3-6 e 6-3. Esta foi a 3.ª final dispu-tada e perdida pelo vimaranense em 2015, depois de também ter disputado os títulos nos torneios de Genebra (Suíça) e de Umag (Croácia).

Breves

O futebolista lusodescendente, nasci-do na Alemanha e internacional pela seleção portuguesa, tem os melhores índices de rendimento entre todos os laterais do campeonato inglês, segun-do dados divulgados pelo CIES - Ob-servatório do Futebol. A entidade suíça analisou o desempenho dos futebolis-tas, divididos por posições no terreno, de cinco campeonatos europeus. O an-tigo jogador do Sporting, atualmente ao serviço do Southampton, superou outros futebolista de seleção, como o espanhol Monreal (Arsenal) e o sérvio Kolarov (Manchester City).

Cédric eleito o lateral mais produtivo em Inglaterra

Sporting conquista SupertaçaHóquei em patins imitou o futebol, com o conjunto leonino a derrotar o campeão nacional Benfica, na Super-taça António Livramento. Num jogo disputado em Aljustrel, o Sporting venceu por 4-2, depois de ter estado a perder por 0-2.

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES50

DISCURSO DIRETO

Em setembro de 2011, estava eu a tentar concluir os estudos em Design de Equipamento, em Lisboa, completamente desmotivada e a necessitar de

dar um novo rumo à minha vida, pois continuar dependente dos meus pais não era de todo uma opção. E eis que surgiu uma oportunidade.

Um grande amigo, já residente no Lu-xemburgo, conseguiu-me uma entrevista de trabalho para uma empresa de design de mobiliário, instalada neste país. Nem pensei duas vezes, falei com os meus pais, como seria de esperar não iria perder essa oportunidade. Et voilà, no espaço de uma semana lá vim eu de malas e bagagens para o Grão-Ducado do Luxemburgo.

Infelizmente a entrevista não passou disso mesmo. Surgiu de imediato o primeiro obstáculo, a língua. O Luxem-burgo tem três línguas oficiais, o francês, o luxemburguês e o alemão. Eu só tinha conhecimentos de francês, o que na realidade era muito pouco. Mas desistir não estava nos meus planos. Acabei por encontrar trabalho num dos muitos cafés portugueses que por aqui existem.

Dou por mim rodeada de portugue-ses, até me esqueço que estou num país diferente. Sem dúvida que isso facilitou bastante a minha adaptação. Acredito que tenha sido mais difícil para a minha família lidar com a distância do que para mim, que o que mais me fazia falta era o mar e a praia. Oh, isso sim eu tenho saudades, do cheiro do mar, de uma boa tarde de sol na praia com os amigos, enfim...

Mas aqui também se consegue ser feliz. O Luxemburgo é um país lindo, na minha opinião, com um nível de orga-nização bastante superior a Portugal. A qualidade de vida é boa, pelo que não vejo razão para deixar este país nos próximos anos. Para além de que vai ser ótimo para a minha filha (sim, no meio de tanta mudança até já sou mãe) fazer aqui a escolaridade. Ela ainda nem fala e já está em contacto com três idiomas diferentes. Fantástico!

Portugal? Portugal será sempre o meu país, possivelmente irei regressar um dia, é uma incerteza. Sempre que posso viajo até lá, apesar de sentir que a minha vida é no Luxemburgo.

Marta Ribeiro tem 30 anos e vive em Bascharage, a poucos quilómetros das fronteiras com a França e a Bélgica. Quatro anos após ter partido de Alcobaça, mostra-se encantada

com a organização e a beleza do Grão-Ducado, onde já nasceu a sua primeira filha.

LUXEMBURGO, A MELHOR RESPOSTA

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“DOU POR MIM RODEADA DE PORTUGUESES, ATÉ ME ESQUEÇO QUE ESTOU NUM PAÍS DIFERENTE. SEM DÚVIDA QUE ISSO FACILITOU BASTANTE A MINHA ADAPTAÇÃO”

Page 51: Revista PORT.COM outubro 2015

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