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Revista Domingo 25 de outubro de 2009

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2 Jornal de Fato Domingo, 25 de outubro de 2009

• EdiçãoC&S Assessoria de Comunicação

• Editor-geralWilliam Robson

• Editora/RedatoraIzaíra Thalita

• DiagramaçãoRick Waekmann

• Projeto GráficoAugusto Paiva• ImpressãoGráfica De Fato• RevisãoRafaela Gurgel e JulianaPerez• FotosFred Veras, Carlos Costa e Marcos Garcia• InfográficosNeto Silva

Redação, publicidade e correspondência

Av. Rio Branco, 2203 – Mossoró (RN)Fones: (0xx84) 3315-2307/2308Site: www.defato.com/domingoE-mail: [email protected]

DOMINGO é uma publicação semanal do Jornal de Fato. Não pode ser vendida separadamente.

AO L E I TO R

Mais um talento

Foto: Marcos Garcia

Rejane Luna, Khrystal, Marina Elali, RobertaSá. As mulheres potiguares estão ganhando ocenário musical do país. São nomes importantesem seus mais diversos estilos. Roberta Sá já mostrauma força muito presente na MPB. Marina Elaliaposta em estilos diversos, às vezes lembrandoa MPB, às vezes lembrando o regionalismoherdado por seu avô. Rejane Luna há temposmostra seu talento no Sul, caminhando na linhada MPB, e Khrystal tem uma energia fortealimentada pela cultura nordestina.

De todos esses nomes, um outro também podeser incluído na lista sem a menor dúvida. É oda cantora natalense Valéria Oliveira, que estevenesta semana lançando o seu disco no Teatro Dix-huit Rosado. Valéria tem uma carreira longa, comapresentações internacionais e experiência emvários estilos. Sim, toda essa carga a fortalecequanto à identidade musical. É difícil vocêenquadrar Valéria Oliveira em algum estilomusical específico. Difícil para o dono da lojasaber em que seção seu disco deveria estar. Comoela mesma disse em entrevista à jornalista Izaíra

Thalita: "Meu som é do mundo inteiro". Dápara imaginar como seria então?

Valéria fala de sua carreira e do momento bompara as talentosas cantoras potiguares. Ela esteveem Mossoró, acompanhada de alguns dosmelhores músicos do Estado, e fez um showmemorável. Vale a pena dizer que o povo doRN está valorizando muito as pratas da casa, aocontrário do passado, quando havia muitareclamação. Valéria também fala do seu trabalho,"No Ar", que ela mostrou aos mossoroenses.

A revista ainda traz uma reportagem sobre ainfluência do mau humor. Se você conhece alguémque vive mal-humorado, significa que um outroproblema pode aparecer. É a chamada "distemia",uma espécie de depressão leve que faz que hajaprazer em nenhum tipo de diversão. Não precisanem dizer que o melhor é sorrir, né?

Um abraço,

William RobsonEditor-chefe

3 CONTOJosØ Nicodemos

4 ENTREVISTA A cantora e compositora

ValØria Oliveira fala do novo

CD e de sua trajetória

7 RELIGIÃO Paróquia de Santa Luzia

celebra seus 167 anos

8 SAÚDE Conheça a psoríase, uma

doença de pele que pede cuida-

dos

12 COMPORTAMENTO O mau humor no trabalho pode

ser sinal de um problema maior

15 CULINÁRIA Aprecie nossas receitas

e saboreie pratos deliciosos

Jornal de Fato Domingo, 25 de outubro de 2009 3

Ex-seminarista, dr. Normandotrouxe dessa situação uma certa inge-nuidade, de modo que lhe faltava ha-bilidade no trato com a psicologia fe-minina. Casado com Eurídice, habi-tuada à vida mundana, fazia vida do-méstica à noite, mas não se opunhaàs saídas noturnas da mulher, às ve-zes para visitar uma amiga, outras pa-ra ir às compras no shopping, e assimpor diante.

Muito bonita, um corpo que nadadevia a qualquer miss, e cujas linhas ecurvas tinha o gosto de exibir pelas ves-tes provocantes, Eurídice arranjavasempre um jeito de sair à noite paradivertir-se, e, muito viva, aproveitava-se da confiança ingênua do marido, aquem convencia, fácil, entre beijosapaixonados. Dr. Normando, muitocerto do amor que lhe dedicava a mu-lher, ficava sempre em casa, em suasala de trabalho, à volta com petiçõese processos, compêndios volumosossobre a mesa empilhados.

Quase sempre, ou sempre, Eurídi-ce chegava em casa além da hora pro-metida, já pronto este ou aquele pre-texto, o que o dr. Normando, seguroda fidelidade de Eurídice, aceitava, nu-ma boa. E assim vivia o casal, na u-nião que já durava cinco anos, sem des-confiança nenhuma da parte dele dr.Normando. Eurídice tinha muitasamizades, gostava de visi-tar, era isto Ele é que, habi-tuado à vida de seminário,muito distante dos objetosmundanos, é que não tinhajeito de sair à noite.

Mas o caso é que cole-gas de escritório de advo-cacia, de hábitos noturnos,uma vez ou outra davamcom Eurídice num dessesambientes da noite, na companhia deum rapaz alto, musculatura bem pro-porcionada, de atleta, aparentemen-te bem mais jovem do que ela. Claro,tomaram-se logo de desconfiança, da-va o que suspeitar uma senhora casa-da saindo à noite com um homem

que não o marido, modos muito ín-timos. De mais habitual em namora-dos.

E ficou uma inquietação, compa-decida, ou sentimento parecido, en-tre os colegas de escritório, ainda maispor causa de não se encontrar um jei-to de preveni-lo, ao dr. Normando,temia-se pelo ferimento de sua sensi-bilidade, muito fina. De resto, sabiam-no apaixonado por Eurídice, louco

de amor, ou coisa igual com nome di-ferente, poderia ser de ira contra eles,colegas, sua reação, naturalmente con-vencida pelos motivos de Eurídice.

Com pouco, no entanto, e não erapara menos, dr. Normando sentiu,ali no escritório, um clima diferente,

os colegas o olhavam, depois de se en-treolharem, com um sentimento nosolhos, estava, decerto, se passando al-guma coisa relativamente a ele, queseria? Mas, cauteloso, das virtudes hu-manas que trouxera do seminário, pre-feria aguardar os acontecimentos. Masque corria ali alguma coisa relativa aele, não tinha a menor dúvida. Era dever.

Bem. Quando foi uma noite, Eu-rídice saiu com o celular do dr. Nor-mando, enganada. Desta vez, demor-ou-se mais; chegou em casa ali pelasduas da madrugada, o carro apresen-tara problema de motor, a sorte foi queum mecânico, que ia passando em fren-te à casa da amiga, e conhecido desta,resolvera a situação, horas. "Eu já es-tava, amor, sem saber o que fazer",disse-lhe dr. Normando, aliviado daaflição. Graças a Deus.

Pelas dez da manhã, chama o tele-fone do escritório. Era para o dr. Nor-mando.

- Dr. Normando, desculpe, aqui édo Motel Paraíso; porque o senhoresqueceu no quarto, essa noite, o seucelular...

C O N T O / J O S É N I C O D E M O S

‘Dr. Normando, muito certo do amor

que lhe dedicava a mulher, ficava

sempre em casa, em sua sala de

trabalho, à volta com petições e

processos, compêndios volumosos

sobre a mesa empilhados.

O CELULAR

DOMINGO - Conte-nos um poucodo seu começo na música. Como se ini-ciou a sua trajetória como cantora?

VALÉRIA OLIVEIRA - Eu fiz umasérie de trabalhos em bares, restaurantes.Comecei em Natal, no início dos anos 90,e com pouco tempo comecei a produzirshows em teatros. Era uma vontade queeu tinha não apenas de fazer os trabalhosnos bares, que é uma grande escola, masde poder produzir algo que tivesse um aca-bamento mais acentuado, com figurino,luz. O meu primeiro show foi um que fizindependente no Teatro Alberto Maranhão,em 2003, com toda essa produção. Em se-guida, fiz uma série de participações noProjeto Seis e Meia, fiz quase todas as par-ticipações nesse projeto e dividi o palcocom pessoas do porte de Leni Andrade,Cida Moreira, Xangai, cantei junto com Be-lô Veloso, fui convidada de Leila Pinheiropara um dos Seis e Meia, cantei junto comela, já fiz o Seis e Meia com Renato Braz,cantei com ele também e recentemente fizo Seis e Meia com Teca Calazans; canta-mos juntas. Recentemente, eu e Teca fize-mos um show que Mônica produziu tam-bém. Enfim, ao longo dessa carreira toda,tive momentos com parceiros bem bacanasno palco e, a partir de 2000, eu comecei aviajar para o exterior. Minha primeira via-gem ao exterior foi ao Japão.

COMO surgiu essa oportunidade?FOI através do contato com a potiguar

Ivete Farias, que morava lá na ocasião,mexia com cultura e levava vários even-tos brasileiros para lá, e ela me levou. E apartir desse primeiro contato no Japãoeu fiz quatro discos distribuídos lá, qua-tro produzidos por Kasuo Yoshida, quetem um trabalho forte e amplo aqui noBrasil, com cantoras como Joyce, WandaSá, Carlos Lyra, João Donato, Roberto Me-nescal, entre outros. O tempo todo ele es-tá em contato com esses artistas, princi-

palmente aos ligados à Bossa Nova, que éum ponto muito forte no Japão. Eles ado-ram o Brasil, a música brasileira, mas emespecial a Bossa Nova. Esse link com oJapão começou em 2000, e eu fiquei até2002. Produzimos quatro discos, incluin-do o meu primeiro disco autoral, que foio "Leve suas Pedras", lançado aqui em 2007,e continuo. Agora, esse link no Japão de-sembocou aqui e no CD "No Ar". No ca-so, tem um japonês que participa desseCD, que foi a partir de um contato queesse produtor fez para mim. Ele é um bai-xista muito famoso no Japão, chamadoTetsuo Sakurai. Ele toca no CD, e eu tivea oportunidade de participar do CD de-le também, o "Cartas do Brasil". Então,agora estou neste momento bem pre-cioso com uma série de parceirosque eu venho conquistando e tra-balhando de 2005 para cá.

POUCAS vezes o talen-to das cantoras potiguaresesteve tão bem comoagora, em que pode-mos citar o seu exem-plo, o de Roberta Sá,Kristal, que am-pliam a atuação nocenário musical na-cional. Como você es-tá percebendo estemomento?

ESTOU vendoisso com ótimos ol-hos e torcendo pa-ra que esse movi-mento cresça e queo Rio Grande doNorte marque pre-sença na cena brasi-leira, porque isso é al-go que a gente sonha hámuito tempo e muitos ar-tistas por seus próprios

esforços estão chegando e abrindo esseespaço. A gente tem feito o máximo quepode de maneira independente, com al-guns apoios, mas que o nosso esforçoconta mais nesse sentido: a crença de quea coisa vai dar certo. Acho que tem vários

artistas fazendo isso neste mo-mento e ao mes-

mo tempo. Éimportante ci-tar nomes, co-

mo Kris-tal, co-

ENTREVISTA/VALÉRIA OLIVEIRA

‘Minha música é do mundo’A cantora potiguar ValØria Oliveira vive uma fase promissora da sua carreira no Bra-

sil. Seu mais novo trabalho, "No Ar", Ø resultado do PrŒmio Produçªo do Projeto Pixin-

guinha da Funarte - MinistØrio da Cultura - e seu nome jÆ Ø visto no cenÆrio nacional

com interesse e respeito de um pœblico que aprecia a boa mœsica. Antes do show rea-

lizado em Mossoró, ValØria relembra a trajetória profissional, a experiŒncia no Japªo

e a volta ao Brasil com um trabalho de qualidade irretocÆvel. Mas, quando pergunta-

da sobre o estilo mercadológico, adianta: "Minha mœsica nªo Ø MPB, mas uma mœsi-

4 Jornal de Fato Domingo, 25 de outubro de 2009

mo a banda Rosa de Pedra, que está ten-do uma abertura nacional bem legal e im-portante, a Marina Elali, Cris Rosa e Re-jane Luna, que também estão no Rio deJaneiro há bastante tempo, começando aabrir espaço por lá. O nome aparece namídia nacional e esse conjunto de artis-tas está chegando em um momento legal,juntos, levando o nome do Rio Grandedo Norte além das fronteiras do Estado.

VOCÊ falou que, primeiro, fez su-cesso no Japão, antes mesmo de ver seutrabalho ampliado no Estado. Tem sidoassim para a maioria dos músicos, ou se-ja, é preciso ir para fora do país para vero seu trabalho reconhecido no Brasil?

ACREDITO que isso deva acontecer,sim, com outros artistas, especialmente sairdo Rio Grande do Norte para outras ci-dades do Brasil, mais até do que ir para oexterior. Comigo aconteceu parao exterior primeiro, para só de-pois poder ir a outras cidades doBrasil. O bom disso é que, paraonde eu estou indo, tenho uma re-ceptividade legal, espaço na mí-dia, meu trabalho está sendo re-conhecido e estou formatando no-vas parcerias. Acho que isso é a me-lhor coisa disso.

QUAL tem sido a participação deCláudio Olivotto como diretor artísti-co, e já tendo trabalhado com MariaBethânia e Edson Cordeiro, nessa divul-gação do seu trabalho em outros espa-ços?

CLÁUDIO é diretor artístico, rotei-rista, pesquisador musical, e eu o conhe-ci em 2007, quando lancei o disco ante-rior, "Leve suas pedras", em São Paulo.Ele foi ver o show e depois ele foi se che-gando, a gente começou a bater um paposobre música, ele se apresentou, fez al-guns comentários muito bacanas sobre oshow e aí, num segundo encontro em SãoPaulo, pedi que ele fizesse as críticas, di-

zendo o que achou do show, e ele deucontribuições muito importantes já na-quele momento. Plantamos, então, essa se-mente com ele: "E aí, vamos fazer um tra-balho juntos?". E ele: "Vamos". Até que che-gou o momento quando fomos selecio-nados no projeto Pixinguinha, ligamospara ele e fizemos o convite, que foi acei-to. Olivetto está conosco desde a roteiri-zação do CD até o show. Tanto que elefoi para Natal, veio para Mossoró acom-panhando esse primeiro momento de tur-nê estadual, e está sendo legal a compa-nhia dele, porque além de ele ter contri-buído já à distância, fazendo roteiro, dan-do sugestões, colocando o dedo dele em

várias partes do CD, nas finalizações, atéda apresentação do disco, além de tudoisso, ele está assistindo ao show, dirigin-do e fazendo ajustes, que é natural quan-do se faz uma turnê na medida em quevai se avaliar se está legal, se está bacanapara fazer os ajustes necessários. Cláudiofez a diferença no show em Natal e emMossoró e foi uma coisa notória para opúblico, todos notaram que o acabamen-to que ele deu foi de uma sensibilidademuito grande.

QUANTO ao projeto Pixinguinha eo processo de criação das composições,você já vinha fazendo, foi especialmen-

te para o projeto?DE 2005 para cá, comecei a compor

junto com esses parceiros, que são Kris-tal, Luiz Gadelha, Sueldo Soares, ÂngelaCastro, e venho compondo frequentemen-te com eles. Não paramos nunca; esta-mos sempre produzindo músicas. Eu játinha músicas compostas, e nos inscreve-mos no projeto Pixinguinha e felizmen-te fomos selecionados. Acabei elaboran-do o CD com essas músicas que já exis-tiam e outras que pintaram a partir do mo-mento em que eu fui selecionada. Inclu-sive, nós produzimos no estúdio dezes-seis músicas e escolhemos doze para fa-zer parte do CD. Então, além dessas mú-sicas que estão no disco devido ao proje-to, eu também fiz uma parceria bacanacom Esso Alencar, e essa música não estáno disco, mas vai ser disponibilizada noMyspace (www.myspace.com/valeriaoli-

veira) e se chama "Laços". Outraparceria, com Ângela Castro, tam-bém não está no CD, mas foramparcerias importantes para esse mo-mento do projeto. Inclusive, por-que Esso foi o outro contempla-do no Estado pelo projeto Pixin-guinha, ou seja, fomos eu e Esso.E esse foi o momento de a gentese juntar um pouco e fazer algo jun-tos. Não foi para o disco por uma

questão de roteirização, de amadurecimen-to da música em si do que por outro mo-tivo, mas foi muito importante o fato deestarmos juntos.

VOCÊ faz uso do Myspace, postan-do suas músicas para serem ouvidas naInternet. É importante utilizar essa fer-ramenta como forma de divulgação dotrabalho do artista?

ACHO que só acrescentou. Qualquerferramenta tem de saber usar e tem de ti-rar o melhor possível dela. A Internet éuma ferramenta poderosa, mudou tudoa partir dela. Tem o lado bom e o ruim,como tudo nesta vida. Muita coisa ruim

O meu primeiro show foi um

que fiz independente no Teatro

Alberto Maranhão, em 2003, com

toda essa produção. Em seguida,

fiz uma série de participações

no Projeto Seis e Meia.

‘Jornal de Fato Domingo, 25 de outubro de 2009 5

é colocada no mercado, talvez porque afacilidade aumentou. Muita gente produzmúsica em casa, todo mundo grava, can-ta, e a tecnologia está aí avançadíssimapara ser usada de diversas formas. Mas, poroutro lado, artistas que trabalham a suacarreira com seriedade têm uma ferramen-ta potente para a divulgação do trabalho.Hoje em dia, já não há mais tanto interes-se de trabalhar para gravadoras. No meucaso, considero o papel da gravadora mui-to importante ainda, embora esteja fazen-do o meu trabalho independente. Já, mui-tas bandas não têm interesse de estar vin-culadas a uma gravadora; têm a Internetpara divulgar. A distribuição da músicaon-line é muito legal, essa coisa de se ven-der música a música, faixa a faixa. Eletem a opção de começar a ouvir, se deli-ciar, se gostar pode comprar uma, outra,quando menos esperar, compra o CD in-teiro, e se ele gostar com certeza vai que-rer ter o disco físico, saber quem está en-volvido nesse trabalho e que é legal mos-trar que o CD é um conteúdo artísticogeral, tem tanta gente envolvida nisso, to-do um trabalho de concepção no CD fí-sico e os grandes apaixonados pela músi-ca não vão deixar de comprar o CD. Éclaro que tem essa quebra inicial, quandopintou o CD o vinil sumiu. Aí veio a In-ternet e deu uma baixa no mercado dediscos, e por outro lado o disco, que temum valor alto, e a Internet poderá ajudarpara que as gravadoras comecem a baixaro valor do CD e as pessoas possam voltara consumir o CD.

E O disco vinil parece estar de vol-ta. É verdade que você produziu essetrabalho em vinil também? Por quê?

OLHE, as coisas não somem totalmen-

te; parece que ficam assim, meio adorme-cidas e voltam em outro formato. A gen-te está produzindo, sim, o vinil desse dis-co porque durante a minha viagem aosEstados Unidos, onde estive recentemen-te em um festival muito grande, um dosmaiores do mundo, o SXSW, é "The Southby Southwest", em que participaram cer-ca de 1.800 artistas do mundo todo, comuma grande feira de negócios, e lá nós ti-vemos a oportunidade de ver como estáesse mundo da música, com essa quanti-dade enorme de informações que a genterecebe e que nem sempre temos acesso aquino nosso Estado. Vimos muita coisa queestá se fazendo, estratégias de promoçãoe uma das coisas que está rolando muitoé a promoção do trabalho via vinil. O vi-nil, então, está voltando, tem muitas ban-das fazendo. Nós, inspirados pelo festi-val, produzimos uma cota que está che-gando, com uma tiragem de 300 exem-plares para a promoção do trabalho. Va-mos formatar um kit promocional paranas nossas viagens poder entregar a pro-dutores, críticos musicais, pesquisadorese pessoas desse mercado.

QUAIS são as influências mais mar-cantes do seu estilo musical?

MINHA carreira musical deu uma gui-nadazinha. Fiz cinco discos como intér-prete com duas músicas como composi-tora, mas a maioria eram releituras, gra-vava coisas inéditas de compositores po-tiguares, mas sempre como intérprete e dosdois discos para cá, como compositora.Então, essa "chavezinha" mudou muitacoisa. Eu sofri uma série de influências,como Clara Nunes, Alcione, ouvi muitosamba por causa da minha mãe, muitaMPB refinada, como Vinícius de Morais,

Chico Buarque, Caetano, Edu Lobo, mui-ta coisa que vai fazendo o caldeirão nacabeça da gente de referências. Mas eu te-nho me aberto muito para a nova músi-ca. É algo muito natural, tenho me inte-ressado por outras sonoridades, por umamúsica do mundo. Eu deixo minha in-tuição fluir e trabalho os meus arranjoscom muita liberdade. Ouço muitas ban-das, cantoras brasileiras que não moramno Brasil, como Cibele, e que eu possodizer que é referência porque eu tenhoouvido muito ela, queira ou não, acabainfluenciando. Adoro ouvir Bebel Gil-berto, Bjork, gosto de bandas como LosHermanos. Acho que isso faz parte do meuuniverso musical atual, acho que estouseguindo junto com essas pessoas, e em ter-mos de sonoridade tenho experimenta-do com bastante liberdade a descobertade sons. Me permito muito às experiên-cias, timbres diferentes, levadas diferentes,algo intuitivo, mas que ao final gera umasonoridade bem peculiar, e isso é o maisprazeroso. Os músicos também entrammuito na minha viagem sem preconcei-tos, e aí é o grande lance do trabalho decriação.

SABEMOS que essas classificaçõesde determinado cantor ser de MPB sãoalgo dessa indústria musical e muitos ar-tistas não gostam dos rótulos. Você di-ria que seu trabalho se insere à MPB?

EU ME inseriria em música do mun-do (risos). É muito complicado até pe-las formas como as pessoas recebem. ÉMPB? Então, vão te cobrar se você pôruma guitarra meio esquisita ali naque-la música e vão dizer que não é MPB.Por isso, digo que a minha música é amúsica do mundo.

6 Jornal de Fato Domingo, 25 de outubro de 2009

Jornal de Fato Domingo, 25 de outubro de 2009 7

visitavisitaSantaA Paróquia de Santa Luzia

completarÆ 167 anos e celebrarÆ

com visita aos veículos de

R E L I G I Ã O

Todos os anos a Diocese de Mossorórelembra a data de aniversário da Paróquiade Santa Luzia por sua importância juntoà própria história da cidade de Mossoró.

Os registros históricos contam que em 27de outubro de 1842, através da resolução denº 87 da mesma data, era criada a Freguesia deSanta Luzia, que elevava à categoria de Matriza Capela de Santa Luzia de Mossoró e realiza-va um sonho antigo da população, obtido atra-vés de muito trabalho e empenho em especialde um mossoroense que encabeçou o movi-mento: Antônio Francisco Fraga Júnior.

De acordo com Geraldo Maia, os mo-radores de Mossoró deram-lhe o direito daprocuração e ele não decepcionou. Tornou-se defensor e advogado, escrevendo, so-frendo e batalhando como um desespera-do para que a Capela passasse à Matriz.

"O historiador Luís da Câmara Cas-cudo, que pesquisou os documentos nooriginal, afirma: 'Não há um só documen-to com abaixo-assinado' de mossoroenses.Fraga é o lidador, o 'cabaleiro Roldão',batendo-se sozinho, teimoso, com umaconvicção obstinada, como um jumentoandaluz...", ressalta Geraldo.

Um pouco dessa lembrança é válidopara lembrar que na próxima terça-feira,27, a Paróquia irá celebrar seus 167 anos.

Com mais de um século e meio de exis-tência, a Paróquia de Santa Luzia se tornoua única a atuar em área totalmente urbana,ou seja, dentro da cidade de Mossoró, oque hoje impossibilita uma ampliação desua atuação, uma vez que as demais paró-quias surgiram e cresceram ao seu redor.

Apesar disso, a setorização do trabalho ca-tequético e a tradição dos fiéis que frequen-tam a matriz colaboram para que a Paróquianão fique em dificuldades financeiras.

VisitasO aniversário da Paróquia sempre con-

tou com um momento especial - o encon-tro com os comunicadores - quando aprogramação parcial da Festa de SantaLuzia é apresentada. Neste ano, esse mo-mento será diferente. A novidade será avisita da imagem da Padroeira aos veícu-los de comunicação.

O vigário-geral da Diocese, Pe. FlávioAugusto, que assumiu a administração daParóquia, fará uma bênção e levará sua men-sagem a cada uma das empresas de comu-nicação que receberá a visita da imagem."Ao invés dos comunicadores saírem deseus trabalhos, nós é que iremos até eles.Levaremos nossa mensagem. Também éuma forma de agradecer todo o apoio eatenção que eles sempre dedicaram à Fes-ta de Santa Luzia", destaca Pe. Flávio.

Durante as visitas, serão informadas asprincipais datas e projetos da Festa deSanta Luzia 2009, que ocorrerá de 3 a 13de dezembro.

BIBLIOTECA PAROQUIALEste será um momento diferente do ani-

versário da Paróquia, o primeiro aniversá-rio sem a figura expressiva de monsenhorAmérico Simonetti, que se dedicou à tare-fa sacerdotal como pároco por 29 anos.

Ano passado, no aniversário da paróquia,o monsenhor desejava inaugurar uma Biblio-teca Paroquial na sede onde funciona o Cen-tro Catequético (CC1) localizado à praçada Independência, Centro de Mossoró.

A idéia dele era a de tirar o acervo delivros religiosos que se encontravam ina-cessíveis no primeiro andar da Catedral deSanta Luzia e colocar no prédio para a con-sulta de catequistas, professores de ensi-no religioso, seminarista e público interes-sado dia e noite.

Mas, a Biblioteca não pode ser conso-lidada.

"Foi nessa época que padre Américo

começou os tratamentos contra a doençae esse projeto teve de ser adiado. Os livrosforam todos levados para o local, mas aideia era também separar livros de sua bi-blioteca pessoa, o que não ocorreu", ex-plica o paroquiano Fernando Leite, que es-teve acompanhando de perto o interessedo monsenhor Américo nessa ideia.

Ainda de acordo com Fernando, foramreunidas poucas publicações, cerca de 300livros, para a criação da Biblioteca. Agoraaguarda-se que o novo pároco possa deci-dir se continua com a ideia da Biblioteca.

Cronograma das visitas aosveículos de comunicação:

7h - Intertv Cabugi 7h30 - Difusora 8h - TCM 9h30 - Correio da Tarde 10h30 - 105 FM11h - RPC 12h - TV Mossoró 14h30 - 95 FM 15h - Jornal De Fato 16h - O Mossoroense/93 FM/ TVPonta Negra 17h - Gazeta do Oeste 18h30 - Rádio Rural 19h30-Catedral - Missa aniversárioda Paróquia de Santa Luzia

- Oração

- Bênção ao veículo de Comunicação

- Linhas gerais da Festa de Santa Luzia 2009

Programação:

A doença não tem um nome muitoconhecido, mas está atingindo umnúmero crescente da populaçãobrasileira e gerando problemas de so-cialização dos que sofrem com ela.Tanto que a Sociedade Brasileira deDermatologia (SBD) está realizandoeste ano a quarta edição de uma cam-panha nacional para esclarecer a pop-ulação sobre ela: trata-se da psoríase.

A psoríase é uma doença inf la-matória crônica da pele que se man-ifesta, na maioria das vezes, por lesõesróseas ou avermelhadas recobertaspor escamas esbranquiçadas. Em al-guns casos, as lesões podem estar ape-nas nos cotovelos, joelhos ou courocabeludo. Já em outros, as lesões seespalham por toda a pele e fre-quentemente, há acometimento dasunhas.

De acordo com os dermatologis-tas, a doença não escolhe sexo ou i-dade, embora tenha picos de in-cidência na segunda e quinta décadasde vida. Qualquer pessoa pode de-senvolver essa doença, que não é con-tagiosa e não atinge órgãos internos.

Apesar de não provocarem dor,as lesões trazem prejuízos à qualidadede vida dos portadores, já que atingema aparência, comprometendo a in-teração social e a autoestima.

"Há muito ainda que se esclare-cer sobre a psoríase, que ainda é poucodivulgada e comentada nos meios decomunicação em massa. A SBD estápreocupada com essa população de-vido aos agravos que podem ocorrerno ambiente familiar, laboral e vidasocial dos acometidos, tendo em vistaque os mesmos procuram disfarçaras lesões para não sofrerem discrim-inação por parte da população leiga",explica o médico dermatologista Sid-ney Augusto Costa, que reside em Na-tal.

O dermatologista Sidney Augustoé o coordenador no Rio Grande doNorte da campanha Nacional dadoença (27/10) promovido pela So-ciedade de Dermatologia em lem-brança ao Dia Mundial de Consci-entização da Psoríase (29/10).

Segundo ele, a campanha na suaquarta edição ocorrerá como formade ampliar a divulgação sobre esseproblema. Neste ano, a campanha a-contece em 19 estados em mais de 45postos de orientação.

8 Jornal de Fato Domingo, 25 de outubro de 2009

PELEProblema de

S A Ú D E

A Sociedade Brasileira de Dermatologia

quer evidenciar os cuidados e reduzir o

preconceito com a doença que atinge de

1% a 3% da populaçªo brasileira, a

Jornal de Fato Domingo, 25 de outubro de 2009 9

Campanha no Rio Grande do NorteAS CAUSASA psoríase é causada por vários fa-

tores, destacando-se a existência de umcomponente genético, o que não sig-nifica que seja, necessariamente, hered-itária.

Aproximadamente, 50 a 60% dospacientes não possuem registro da p-soríase em sua família. A partir do com-ponente genético da psoríase, váriosfatores podem desencadear o surgi-mento das lesões, como a reação a al-guns medicamentos, algumas in-fecções, ferimentos na pele e, princi-palmente, o estresse. É comum o surg-imento da psoríase está associado acrises emocionais. Porém, a eliminaçãode um ou de todos esses fatores não sig-nifica que as lesões de psoríase desa-parecerão.

O diagnóstico é dado pelo simplesexame clínico do dermatologista, queé o único médico indicado pelo Con-selho Federal de Medicina para tratarda pele, cabelos e unhas.

A psoríase não causa manifestaçãonos órgãos internos, por isso, os ex-ames laboratoriais têm pouca utilidade(geralmente só são utilizados para a-companhamento durante o uso dasmedicações). Além do "olho clínico",o único recurso que pode confirmaro diagnóstico é a biópsia da pele: ex-ame simples feito no consultório ouambulatório, em que o médico tira umpedacinho da pele para análise.

COMO TRATARNão existe cura para essa doença.

No entanto, é possível controlá-la aoponto de o paciente levar uma vida nor-mal.

Com um tratamento adequado, aslesões podem desaparecer e não rea-parecer durante muitos anos e, algu-mas vezes, nunca mais voltar. Porém,para a maioria dos pacientes, a psoríaseé uma doença crônica com períodosde erupções e períodos sem manifes-tações visíveis.

Ainda conforme a SBD, a evoluçãoda psoríase é completamente impre-visível, variando muito de pacientepara paciente. Em muitas pessoas, aslesões são moderadas e se concentramem uma região da pele, entretanto, ex-istem casos em que as lesões se gener-alizam pelo corpo todo. As articulaçõeseventualmente podem estar acometi-das, inclusive levando a deformidades.

O médico Sidney Augusto, coor-denador estadual da campanha, ex-plica que a psoríase é uma doença al-tamente prevalente (atinge cerca de2% da população mundial, sendo es-sa estatística semelhante em diversaspartes do mundo).

O médico dermatologista ressal-ta que, além disso, a psoríase leva auma queda na autoestima e antisso-cialização por parte do paciente pso-riásico, chegando a níveis elevados deinstrospecção, depressão e suicídio,numa minoria dos casos.

"A psoríase é uma doença de ca-ráter preconceituoso e discriminató-rio da população leiga em torno dodoente acometido. O foco da cam-panha é combater esse caráter e es-clarecer a população, enfatizando aausência de risco de contágio, as pos-sibilidades de controle com cuida-dos e tratamentos adequados e, prin-cipalmente, a importância do der-matologista no atendimento ao doen-

te. Também queremos mostrar quecom o avanço da Medicina, temos ho-je tratamentos adequados para os ca-sos desde leves a graves, deixando oportador da doença livre para sua vi-da quotidiana sem limitações", ex-plica Sidney Augusto.

No Rio Grande do Norte, a fre-quência da doença é semelhante à es-tatística mundial, girando em tornode 1,5% a 3,5%.

Mesmo diante desse quadro, acampanha nacional - que é muito maisinformativa com palestras e apresen-tação dos sintomas e tratamentos pos-síveis - estará sendo concentrada emNatal (posto de atendimento estarána Catedral Metropolitana (Nova Ca-tedral).

"As ações tiveram de ser concen-tradas na capital, também devido àpouca disponibilidade dos dermato-logistas do interior em trabalhar nasCampanhas organizadas pela SBD",completa o médico.

Dr. Sidney Augusto Costa é o coordenador

da campanha no RN

PSORÍASE VULGAR OU EM PLACAS

10 Jornal de Fato Domingo, 25 de outubro de 2009

As medicações variam desde cremespara uso local, até medicações sistêmi-cas, dependendo da forma e extensãoda doença. O médico dermatologistaé o profissional que irá determinar qualdeverá ser indicado.

PAPEL DOS MÉDICOSAlém de informar a população so-

bre a psoríase através de diversos meiosde comunicação, a Sociedade Brasileirade Dermatologia espera um envolvi-mento dos profissionais médicos bus-cando atualizar-se sobre esse problema

crônico.Uma das iniciativas importantes

que volta-se aos profissionais, é a re-alização de um simpósio online des-tinado à atualização de dermatologis-tas (oferecido pelo site da entidade nosdias 5, 14, 19 e 26 de outubro) e umsimpósio presencial em Brasília, no dia14 de novembro, com a participaçãode médicos e autoridades.

A entidade espera promover umamplo debate sobre a doença e umamudança para melhor, na vida dos pa-cientes com psoríase no país.

A psoríase em placas ou vulgar é a mais comum. Atinge 90% dos pa-cientes. A doença pode apresentar diferenças em relação à intensidade eevolução. As áreas mais afetadas são cotovelos, joelhos, couro cabeludo,região lombo-sacra e umbigo.

ARTRITE PSORIÁTICA Uma pequena parcela da população de pacientes pode apresentar esse

tipo de manifestação da doença, que pode apresentar inflamações nascartilagens e articulações, desenvolvendo dor, dificuldades nos movi-mentos e alterações na forma das articulações.

PSORÍASE NAS UNHAS OU UNGUEAL Em mais de 50% dos casos, a psoríase pode envolver as unhas, corre-

spondendo a um grande estigma da doença, pois interfere nas relaçõessociais e atividades de trabalho. Uma das principais características dadoença é o descolamento da unha (onicólise). Para minimizar, é precisoque o paciente evite traumatismos. Por isso, é importante manter a un-ha curta, seca e limpa para diminuir as chances de ocorrerem estímulosque possam intensificar o descolamento.

Conheça os tipos de psoríase mais frequentes:

ALÉM DOS PRINCIPAIS TIPOS DE PSORÍASE, EXISTEM AINDA: psoríase em gotas, psoríase eritrodérmica, psoríase pustulosa, psoríase invertida e psoríase palmo-plantar.

Outras informações - veja no site da Sociedade Brasileira de Dermatologia (www.sbd.org.br)

Em apenas sete anos (1914-1921) o povo rus-so vivenciou três revoluções e uma guerra civil.Muitos poderiam imaginar que esses eventosocasionaram a destruição do país. Ledo enga-no: esses processos fortaleceram o bravo povo,cuja fama de bons produtores de vodka foi su-plantada pela de comunistas, pois os russos fo-ram atores do maior espetáculo revolucionáriodo século XX, a revolução bolchevique de 1917.

RÚSSIA: GIGANTE COM PÉS CONGELADOSO império Russo, monarquia comandada

pelo tsar, era o maior país do mundo no sé-culo XIX, com 22,3 milhões de km² e umapopulação de 132 milhões de súditos, em suamaioria (85%) camponesa (mujiks). A monar-quia legitimava-se por meio de burocracia ci-vil, polícia política, Igreja Ortodoxa e grandecontingente de militares, todos sustentadospelos aviltantes tributos à população rural. Es-te quadro de aparente estabilidade disfarçavaas deficiências do Império: dificuldades de co-municação, escassez de alimentos, servidãorural, baixa produtividade industrial e as su-cessivas derrotas militares na expansão impe-rialista européia "congelavam" a Rússia nu-ma incômoda situação de inferioridade. Ape-sar das tentativas de reformas capitalistas im-plementadas pelos tsares Alexandre II (1861)e Nicolau II (1906), elas foram ineficientesfrente aos desafios propostos, bem como aoarcaico sistema governamental, e tais refor-mas, apesar de ganhos localizados, acirravamainda mais o descontentamento da popula-ção aos rumos tomados pelo tsarismo.

REVOLUÇÕES E MAIS REVOLUÇÕES...09 de Janeiro de 1905. Um protesto, em

frente ao palácio real, reivindicando melho-rias nas condições de vida dos trabalhadoresfoi barbaramente dispersado pelas tropas tsa-ristas com mortes de dezenas de cidadãos, pro-vocando o estopim de mobilizações que per-duraram por todo o ano. Fato interessantefoi a organização de instâncias paralelas de po-der, os soviets (conselhos populares) de ope-rários, cujo modelo político serviu como em-brião organizacional da população russa. Otsar assinara um acordo de paz, em setembrodo mesmo ano, a fim de esvaziar o movimen-to, prometendo liberdades civis, convocação

do Parlamento (Duma) e uma série de refor-mas econômicas. Mesmo com o acordo, osânimos não se contiveram, acarretando seve-ra repressão do tsar, desarticulando a insur-reição de 1905. Os mandatos dos deputadosda Duma foram cassados celeremente; a per-

seguição aos social-democratas, socialistas eanarquistas recrudescia; o chauvinismo per-seguia não-russos e os operários não viam seusdireitos exercidos nos anos seguintes à revol-ta de janeiro. A contra-revolução venceu, pe-lo menos naquele momento.

25 de outubro de 1917 Eclode a Revolução Bolchevique

UM DIA NA HISTÓRIA

C O L U N A

Lindercy Lins - Prof. Departamento de História - Campus Central - UERN

‘Esta coluna é dedicada a Thais Helena Santos, falecida na noite do dia 21 de outubro. Seu empenho no trabalho de organização da Coleção Mossoroense, bem como o carinho aos professores cearenses, nos marcaram para sempre’.

Jornal de Fato Domingo, 25 de outubro de 2009 11

AS REVOLUÇÕES DE 1917A eclosão da Primeira Guerra Mundial

(1914-1918) colocou a Rússia no conflitoapós a invasão do Império Austro-Húngaroà Sérvia, território reivindicado pela "Mãe-Rússia". A guerra se revelou um "presente"aos revolucionários, pois tornou a situaçãodo tsar insustentável por conta das vulto-sas somas empregadas no conflito e donúmero elevado de baixas de soldados.Desabastecimento, inflação e greves sacu-diam o país, fortalecendo o coro de mani-festações a rogar a saída da guerra e o fimda inanição.

Entre os dias 23 e 27 de fevereiro de1917 (calendário juliano), uma onda de pro-testos lembrando os acontecimentos de1905, sacudiu a Rússia, ocasionando a ruí-na da dinastia Romanov, com a abdicaçãodo tsar Nicolau II. Rapidamente foi orga-nizado um governo provisório parlamen-tarista liderado pelos liberais e social-de-mocratas, estes divididos entre menchevi-ques (adeptos de uma revolução dupla: bur-guesa e depois socialista) e bolcheviques(defensores da revolução socialista) que seapressavam em garantir reformas sociais eampliação das garantias individuais.Ressalta-se a refundação de soviets em to-da parte, sobretudo nos grandes centroscomo Moscou e Petrogrado, cuja aspira-ção era fiscalizar e reivindicar as reformasalém de forçar a saída da Rússia da guerra.

O grande problema do governo provi-sório era a insistência do líder popular so-cial-democrata Kerenski, Ministro da Guer-ra, na permanência da Rússia na guerra,ocasionando a sublevação da populaçãoreunida nos soviets contra o governo pro-visório. Nesse momento, mencheviques ebolcheviques encabeçaram profundo deba-te sobre o que fazer diante da nova revolu-ção popular. O líder bolchevique Lêninfez aprovar resolução defendendo "todo opoder aos soviets", era a gota d´água. Pormeio das "Teses de Abril", Lênin rapida-mente arregimentou os soviets sob o lema

"Paz, Pão e Terra": retirada da Rússia daGuerra, socialização da produção indus-trial pelos soviets e distribuição de terrasaos mujiks, capitaneando milhares de tra-balhadores à proposta de revolução ime-diata dos bolcheviques.

Sinal dos tempos. Kerenski, como últi-ma medida, convocou Assembleia Consti-tuinte para novembro de 1917 como for-ma de segurar o trem da revolução, ao mes-mo tempo em que reprimia manifestaçõese censurava jornais bolcheviques. Tardedemais, as greves persistiam com ocupaçõesde fábricas, camponeses coletivizaram asterras e parte das tropas russas desertou ese recusou a lutar contra os rebelados. Trots-ki, presidente do soviet de Petrogrado, emação tenaz, mobiliza forças para ocupar acapital russa e derrubar o governo provi-sório na noite de 24 de outubro de 1917,um dia antes da data do II Congresso Bol-chevique de soviets, data de fundação donovo modelo de governo popular, legiti-mado naquele congresso. Assim, o Parti-do Bolchevique assegurou o poder na Rús-sia, retirando-a da 1ª Guerra, resistindo auma sangrenta guerra civil contra-revolu-cionária e a anos de dificuldades econô-micas. Valeu à pena, desde aquele dia deoutubro o mundo não era mais o mesmo,a foice e o martelo jamais teriam outrosentido que não o da esperança de um mun-do melhor, apesar dos rumos tomados naRússia no decorrer de sua história.

crônicaRabugice

O mau humor pode ser um traço depersonalidade, mas tambØm pode in-dicar uma doença chamada �distimia�

C O M P O R T A M E N T O

12 Jornal de Fato Domingo, 25 de outubro de 2009

Os dias não precisam ser iguais e nemsempre é possível manter o bom humorsempre. Ter essas oscilações do humor -que muitas vezes estão relacionadas apreocupações, estresse e acontecimentosdo dia-a-dia - é algo comum para a maio-ria das pessoas.

Mas, há também pessoas que são reco-nhecidas nos ambientes sociais e profis-sionais por alimentarem um mau humorconstante. De tão ásperas, são tidas comochatas, antissociais, entre outros estigmas.

Do ponto de vista do comportamen-

to, o mau humor constante pode sercolocado como um traço de personali-dade, mas, também pode indicar a pre-sença de uma doença, um transtorno psi-quiátrico chamado "distemia".

A distemia é um tipo de depressãoleve e crônica e no Brasil está presenteem 2% da população. Sua principal mar-ca é o transtorno persistente do humorque, por sua vez, leva a uma dificulda-de no convívio social.

O grande problema é que o distími-co não consegue ver prazer em nenhum

divertimento e demonstra insatisfaçãocom tudo.

Como em todos os tipos de depres-são, as causas desse problema são varia-das e incluem desequilíbrios químicosno cérebro e a herança genética. Normal-mente o mal começa no final da infân-cia ou na adolescência. Por isso, quan-do chegam na fase adulta, o distímicoacaba acreditando que o mau humorconstante que possui faz parte da sua per-sonalidade, uma vez que nem se lembraquando não era mal-humorado.

Os principais sintomas da dis-timia são: humor deprimido, sen-sação de desamparo, dificuldade deconcentração e para tomada de de-cisões, baixa autoestima, baixo ní-vel de energia, fadiga, problemasde sono e alterações do apetite. Aspessoas que sofrem desse distúr-bio, frequentemente, evitam even-tos sociais e apresentam desempe-nho abaixo de sua capacidade, tan-to no trabalho quanto na escola esão também facilmente desencora-jáveis e bastante pessimistas.

A insatisfação com tudo o queo cerca é um dos sinais mais evi-dentes e por isso mesmo é o prin-cipal motivo pelo qual outras pes-soas começam a questionar se o mau

humor é algo da personalidade ouse é doença.

Nestes casos, se o mau humorestiver atrapalhando as relações pes-soais e o relacionamento no am-biente de trabalho, é hora de bus-car ajuda profissional.

O difícil é realmente o distími-co reconhecer que seu mau humorestá atrapalhando a convivência.Geralmente, a dica pode surgir defamiliares e amigos que, mesmoenfrentando a negativa, cogitamcom o colega mau humorado a pos-sibilidade de se buscar uma ajudamédica.

Em muitos casos, a resistênciase dá ainda por preconceitos, dian-te da necessidade de ajuda de umCO

LEG

A M

AL-

HU

MO

RA

DO

médico psiquiatra. A decisão, ge-ralmente, surge quando a depres-são se agrava ou a família reforçaessa necessidade.

OS MAL-HUMORADOS SADIOS PODEM SESENTIR MELHOR COM ALGUMAS ATITUDES:

- Pratique exercícios nem que seja uma cam-inhada diária para liberar substâncias cerebraisligadas ao prazer;

- Relaxe para contrabalancear o estresse. En-contre um momento do seu dia para si, paraouvir música, tomar um banho relaxante e be-ber um chá quente;

- Procure rir dos próprios erros, gargalhequando alguém mexer com você. Busque en-carar a vida de forma mais leve.

Jornal de Fato Domingo, 25 de outubro de 2009 13

TEM TRATAMENTOApós a identificação do pro-

blema, o tratamento mais comumé o uso de medicamentos antide-pressivos. Na maioria dos casos,eles resolvem e os pacientes per-cebem uma melhora do estadode humor. Outra alternativa quepode ser conciliada com a medi-cação é a psicoterapia por algunsmeses.

MUITA CALMAApesar da distimia existir e ser

muito presente, é valido ressaltar quese a pessoa não demonstrar os itenssintomáticos, o mau humor podeser sim, traço de sua personalidade.Nesse sentido, é válido demonstrarque há coisas prazerosas na vida eque é possível reduzir os impactosdas oscilações de humor para quese tenha uma vida mais saudável.

PROCURE UM AUXÍLIO MÉDICO SE OS SEGUINTESSINAIS SE MANIFESTAM POR MAIS DE DOIS ANOS:

- Desinteresse por qualquer tipo de lazer ou diversão;

- Alimenta-se pouco ou não tem prazer em se ali-mentar;

- Quando vai a algum lugar encara como obrigação,sem nenhum prazer;

- Fadiga exagerada, reclamações de cansaço mesmocom pouca atividade;

- Insônia ou excesso de sono;

- Irritabilidade e agressividade;

- Preferência por ficar sozinho a maior parte do tempo;

- Tendência ao pessimismo, sempre com dificulda-de de ver o lado bom da situação.

Sintomas da doença do mau humor

Conheça alguns alimentos que possuem propriedades capazes de elevar o humor:

ALIMENTO: Chocolate

O QUE POSSUI:Aumenta a serotonina que traz sensação de bem-estar

Brócolis e Aveia Contêm triptofano, substância que ajuda no humor.

Espinafre e folhas verde-escura Seus minerais e vitaminas têm efeito antidepressivo

Pimenta Possui capsaicina responsável pelo ardor na língua que estimula a produção de endorfinas, trazendo a sensação de euforia.

Banana Possui bastante carboidrato e garante a energia para a prática de exercícios e estimula a produção de serotonina.

Laranja e Maracujá São bons combatentes do cansaço e do estresse inimigos do bom humor.

Outro ponto que também podemosobservar nessa evolução é a popularidadede jogos para computadores pessoais, ce-lulares, consoles portáteis, jogos na inter-net executados pelo navegador, além dosuporte de conexão com a rede mundialna maioria deles.

Essa evolução não aparenta estar di-minuindo seu ritmo, mais tecnologiasestão sendo englobadas aos jogos (câ-meras 3D, sensores de movimento, in-ternet, dvd-player, entre outras), mais in-teratividades estão sendo desenvolvidas(jogos que criam enredos a partir doque você vai jogando), mais inteligên-cia artificial, e por ai vai.

Com o mercado consolidado para es-se tipo de setor, mais empresas vão in-vestir em mais jogos, é nisso que eles con-seguem chamar mais público. Fazendocom que jogadores, como eu, fiquemcada vez mais esperando ansiosos pornovos jogos.

JEZMAEL BASÍLIO, cursa o 8º pe-ríodo do curso de Ciência da Computa-ção na UERN.

Quem diria que depois de 51 anos apósa criação do primeiro jogo eletrônico, oTennis for Two, o setor de jogos eletrôni-cos (mais conhecido como vídeo games)ficasse tão popular a ponto de movimen-tar US$ 50 bilhões por ano no mundo.O que antigamente era considerada umaatividade para crianças, hoje tem comomaior número de usuário para esse tipode entretenimento os jovens e adultos.

Esse setor vem crescendo mais e maisa cada ano, para que possamos ter umanoção clara, anualmente o mercado dejogos movimenta no Brasil cerca de R$120 milhões, porém em 2008 somenteR$ 30 milhões criados aqui mesmo. Ven-do isso, o Ministério da Cultura em 2008criou um programa chamado BR Games,investindo cerca de R$ 1,074 milhão pa-ra que a indústria de games brasileirapossa dar uma levantada na participaçãono mercado mundial.

Se você tiver uma idade abaixo de 50anos, ou tem filhos, ou que goste de ga-mes provavelmente já ouvi falar do Ata-ri, o primeiro console (aparelho eletrô-nico que executa o jogo) criado no mun-do, ou até mesmo comprou de presentealgum console sucessor como é o casodo: Super Nintendo, Master Sistem ou Me-ga Drive. Nestes encontravam jogos de d-uas dimensões que fizeram bastante suces-so como: Super Mario Bros, DonkeyKong, Sonic, ou até mesmo o jogo de lu-ta Michael Jackson's Moonwalker, cria-do há 20 anos em homenagem ao cantor.

Muita coisa mudou desde o começo

da popularidade de jogos. Os recursos grá-ficos tiveram uma grande influência nes-sa evolução. Consoles que tinham supor-te somente a gráficos 2D foram perden-do espaço para simulações do 3D. Jogoscom bastantes recursos multimídia (áudioe imagem) e bastante interatividade foramcriando seu espaço nessa evolução tam-

bém. Os consoles de hoje com Playsta-tion 3 (da Sony), Xbox 360 (da Micro-soft) e Wii (da Nintendo) englobam e mui-to esses recursos.

Cada um deles com características dis-tintas e bastante atraentes. O Playstation3 vem com tecnologia de ponta resultan-do em gráficos assustadoramente perfei-

tos, capazes de até ver os po-ros de um personagem. OXbox 360 vem com um joins-tick (controle) anatômico mo-derno e sem fio, além de grá-ficos mais que perfeitos. Wiivem com uma grande novi-dade que é poder jogar fazen-do movimentos com os bra-ços, imagine jogar algo parafazer fitness, pois é, isso já épossível. Esses três fizeram jo-

gos mundialmente conhecidos como: Gui-tar Hero 3, simulação de uma banda derock em ascensão, onde você pode tocarqualquer instrumento da banda. Halo 3,jogo de tiro em primeira pessoa na qualvocê é um soldado em um planeta extra-terrestre. E Okami, jogo de ação que mis-tura personagens da cultura japonesa.

14 Jornal de Fato Domingo, 25 de outubro de 2009

‘O que antigamente era considerada

uma atividade para crianças,

hoje tem como maior número

de usuário para esse tipo de

entretenimento os jovens e adultos.

A

EVOLU˙ˆO

CRÕNICA/JEZMAEL BASÍLIO

Jornal de Fato Domingo, 25 de outubro de 2009 15

INGREDIENTES

6 filØ(s) de salmªo

1 copo(s) de leite

1 tablete(s) de manteiga

quanto baste de alecrim

quanto baste de salsinha

quanto baste de orØgano

quanto baste de manjericªo

quanto baste de cebolinha verde

1 colher(es) (sopa) de farinha de trigo

quanto baste de suco de limªo

quanto baste de sal

MODO DE PREPARO

Tempere os filØs com limªo e sal. Passe-os pela farinha,

para nªo quebrarem. Frite-os com azeite ou óleo.

Reserve.

Dissolva o amido no leite.

Em uma panela, derreta a manteiga, coloque o leite com

o amido e as ervas, mexendo bem atØ engrossar.

Arrume os filØs em uma travessa refratÆria, regue com

o molho de ervas. Coloque no forno só para aquecer.

Risoto básico

INGREDIENTES

2 colher(es) (sopa) de cebola picada(s)

2 colher(es) (sopa) de azeite

30 ml de vinho branco

1 xícara(s) (chÆ) de arroz arbório

3 xícara(s) (chÆ) de Ægua fervente

2 tablete(s) de caldo de legumes

2 colher(es) (sopa) de manteiga gelada(s)

50 gr de parmesªo ralado(s) grosso(s)

quanto baste de sal

MODO DE PREPARO

Inicialmente prepare o caldo: em uma jarrinha ou leiteira, coloqueas 3 xícaras de Ægua fervente e dissolva os cubos de caldo delegumes. Reserve, mantendo aquecido. Refogue a cebola picadano azeite. Quando estiver translœcida, acrescente o arroz arbóreoe refogue, para que os grªos possam absorver toda a gordura.Acrescente o vinho branco e refogue mais um pouco. Despeje entªo,1/3 do caldo reservado, abaixe o fogo e deixe cozinhar em panelasem tampa. Quando estiver quase seco, acrescentar a metade docaldo restante. Mexa algumas vezes, para nªo pegar no fundo dapanela. Quando finalmente estiver quase seco novamente, retire apanela do fogo e do calor, acrescente a manteiga gelada e o Parmesªofresco. Mexa vigorosamente, tomando apenas o cuidado de nªo

quebrar os grªos. Sirva imediatamente.

Pudim de iogurte com calda de morango

INGREDIENTES

1 lata(s) de leite condensado

1 lata(s) de leite

2 copo(s) de iogurte natural

Calda

2 xícara(s) (chÆ) de gelØia de morango

300 ml de Ægua

3 colher(es) (sopa) de açœcar de confeiteiro

MODO DE PREPARO

Bata no liquidificador todos os ingredientes. Coloque numa forma

œmida de pudim e leve para assar em banho-maria por 40 minutos

em forno mØdio. Leve para gelar e desenforme. Sirva com calda

vermelha.

Calda

Coloque todos os ingredientes numa panela e leve ao fogo por 10

C U L I N Á R I A

FONTE: tudogostoso.com.br

Peixe ao creme de ervas