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Revista FACID, Teresina, v. 6, n. 1, maio 2010 Revista Ciência & Vida Volume 6 Número 1 Maio - 2010 anos a revista do conhecimento humano publicada pela FACID Teresina - PI Semestral ISSN 1808-3366

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Revista

Ciência & VidaVolume 6 Número 1 Maio - 2010

anos

a revista do conhecimento humano publicada pela FACID

Teresina - PI

Semestral

ISSN 1808-3366

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a revista do conhecimento humano publicada pela FACID

Teresina-PI

As opiniões e artigos expressos aqui são de inteiraresponsabilidade dos autores.

Periodicidade Semestral

Rua Veterinário Bugyja Brito, 1354 - Horto FlorestalCEP: 64052-410 • Teresina (PI) • Brasil

Fone: (086) 3216-7900 / 3216-7901www.facid.com.br

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Ciência & VidaVolume 6 Número 1 Maio - 2010

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Revista Facidhttp://[email protected]

Editor - responsávelRômulo José Vieira

Projeto GráficoCastino Martins da Silveira

RevisãoAntonia Osima Lopes, Francisca Sandra Cardoso Barreto, MariaRosilândia Lopes de Amorim, Fausta Maria Miranda dos Reis, RaimundaCelestina Mendes da Silva

Jornalista ResponsávelMarcos Sávio Sabino de Farias - MTB 1005

ImpressãoGráfica

CapaAmanda Paiva e Silva MartinsCatulo Coelho dos SantosGeorge Mendes Ribeiro SousaJuciara Freitas Ribeiro(ex-alunos do Curso de Publicidade e Propaganda da FACID)

Revista Facid / Faculdade Integral Diferencial.V. 6, N. 1, 2010 / Teresina: FACID, 2010.

SemestralISSN 1808-3366

1. Pesquisa científica. 2. Desenvolvimento científico.

CDD 509CDU 001.891

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a revista do conhecimento humano publicada pela FACID

Teresina-PI

FACID - Faculdade Integral DiferencialIntegral - Grupo de Ensino Fundamental, Médio,

Técnico e Superior do Piauí S/C Ltda.

Paulo Raimundo Machado ValeDiretor Presidente

Maria Josecí Lima Cavalcante ValeDiretora Acadêmica

Iveline de Melo PradoVice-Diretora Acadêmica

Rômulo José VieiraCoordenador de Pesquisa e Pós-Graduação

Conselho EditorialAntonia Osima Lopes

Francisca Sandra Cardoso BarretoFausta Maria Miranda dos Reis

Maria Josecí Lima Cavalcante ValeRômulo José Vieira - Editor Responsável

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Conselho ConsultivoAlexandre Henrique de Paulo Simplício - Ana Célia Sousa Cavalcante

Benício Parentes de Sampaio - Divana Maria Martins Parente LiraHelder Ferreira de Sousa - Izânio Vasconcelos Mesquita

José Guilherme Ferrer Pompeu - Judite Oliveira Lima AlburquerqueJosé Carlos Formiga - Joseli Lima Magalhães

Luis Nódgi Nogueira Filho - Maurício Batista Paes LandimMarcelino Martins - Morgana Moreira Sales

Maria Helena Barros Araújo Luz - Neiva Sedenho de CarvalhoSérgio Ibiapina Ferreira Costa - Tony BatistaWaldília Neiva de Moura Santos Cordeiro

Conselho Consultivo NacionalAnke Bergmann (RJ)

Álvaro Antonio Machado Ferraz (PE)Alfredo Carlos Banos (SP)

Beatriz Azevedo (SP)Carlos Bezerra de Lima (DF)

Fernando Pratti (RS)Ives Gandra da Silva Martins (SP)

Ivo Korytowski (RJ)Liege Santos Rocha (DF)Luiz Airton Saavedra (SP)

Maria Elena Bernardes (SP)Ruy Gallart de Meneses (RJ)

Saul Goldenberg (SP)Samantha Buglione (SC)Valtencir Zucolotto (SP)

Conselho Consultivo InternacionalUwe Torsten (Alemanha)

Mario Rietjens (Itália)

BibliotecáriaMarijane Martins Gramosa Vilarinho - CRB/3 - 1059

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EDITORIAL

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EDITORIAL

O eminente cientista Eduardo Moacyr Krieger, ex-presidente daAcademia Brasileira de Ciências, em um dos seus discursos nesta academia, jáalertara que é preciso buscar o conhecimento pelo conhecimento, comoensinaram os gregos, usar técnicas experimentais e o método científico, comoensinaram Galileu e os homens da Renascença. Krieger destacou que estesinstrumentos se tornaram as mais poderosas ferramentas para promover odesenvolvimento. A partir delas é que a origem do Universo está mais próximade ser compreendida. Já decifrou-se a composição da matéria e o códigogenético. Concluiu Krieger seu discurso dizendo que “a prática científica é umadas aventuras mais fascinantes do espírito humano, onde os desafios sãoilimitados”.

Pelo exposto não é difícil perceber-se o quanto a ciência é fundamentalpara o desenvolvimento sustentável de uma Nação, contudo é indispensávelque se socialize a ciência, fazendo com que toda a sociedade possa participardas discussões e decisões, que promovam a saúde, o bem estar, a felicidade ea paz de um povo. É fundamental que cada cidadão possa compreender que aciência está em seu dia a dia, no ar que respira, no que come, no que produz,no controle da sua saúde, na dinamização dos seus serviços, no seu lazer e quedepende-se como nação, fundamentalmente, do desenvolvimento científico paraconseguir-se, independência, autonomia e preservar-se a paz.

É preciso lembrar que a ciência não está vinculada só ao campotecnológico. Há de se pensar também que a ciência insere-se na área sócio-econômica e neste sentido a ciência também deve ser empregada para acoletividade. Não se deve pensar em ciência se esta não promover o ser humanoem suas mais amplas necessidades. A ciência deve ser para o bem de todos.

O Brasil tem avançado no desenvolvimento científico e hoje já adquiriu,em algumas áreas, como química, física, neurociência, biotecnologia, dentreoutras, o respeito internacional. Na última década ocorreu um incremento naprodução científica brasileira, tanto na quantidade quanto na qualidade. Ospesquisadores brasileiros não só publicaram mais em revistas de maior impacto,

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como foram mais citados por outros cientistas, fazendo com que o Brasil tivessesua posição no ranking de publicações científicas modificada da 22ª posição,há dez anos, para a 19°. A participação brasileira no total de citações mundiaispassou de 0,9% para 1,4%. Entretanto, lamentavelmente, o impacto de umartigo brasileiro é 37% menor do que a média das publicações de cientistas depaíses do Primeiro Mundo.

Mesmo com o crescimento brasileiro da ciência a uma taxa maior que8% ao ano e com a formação de doutores em taxa superior a 14%, observa-se ainda uma grande dificuldade na divulgação científica no país e no Piauí estasdificuldades ainda são maiores: faltam recursos para os pesquisadores, háescassez de grupos de pesquisa interagindo com grupos mais desenvolvidosnacional e internacionalmente e conseqüentemente a socialização da pesquisaem nosso meio ainda é um grande desafio.

Neste número, com muita satisfação, a Revista Facid Ciência & Vidaapresenta mais uma contribuição dos seus pesquisadores para a socializaçãoda ciência.

Rômulo José VieiraEditor - responsável

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SUMÁRIO

ARTIGOS

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: OPINIÃO, VIVÊNCIA E EXPE-RIÊNCIA DE MULHERES DE UMA COMUNIDADEAna Karysa Alves Resende, Rosilane de Lima Brito Magalhães ...........

IMPLICAÇÕES DE MEDICAMENTOS UTILIZADOS EMPACIENTES PORTADORES DE DOENÇAS SISTÊMICASATENDIDOS NA CLÍNICA ODONTOLÓGICA DA FACUL-DADE INTEGRAL DIFERENCIAL – FACIDLuciane Abreu Seabra, Luciano da Silva Lopes ....................................

A PERCEPÇÃO DAS MÃES SOBRE A CONSULTA DEENFERMAGEM EM PUERICULTURAJaqueline Marques de Lima, Ayla Maria Calixto de Carvalho ...............

PREVALÊNCIA DA HEPATITE B EM PACIENTES ADULTOSATENDIDOS NA CLÍNICA ODONTOLÓGICA DE UMAINSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIORMaria do Rosário Conceição Moura Nunes, Anaosana Soares Bar-ros, José Arruda Linhares Neto............................................................

MÚLTIPLAS MANEIRAS DE VIOLÊNCIA AO IDOSO:FALAS DE PESSOAS NA TERCEIRA IDADESoraciaba Alves de Oliveira, Rosilane de Lima Brito Magalhães ............

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PREVENÇÃO DO CÂNCER DE PÊNIS: PERCEPÇÃODE CLIENTES ATENDIDOS POR UMA UNIDADE DESAÚDE DA FAMÍLIA EM TERESINA-PISuelma Vieira Rocha, Edna Rodrigues Bezerra .............................

CONTROLE EFETIVO DO COMPORTAMENTO DECRIANÇAS PORTADORAS DE DÉFICIT DEATENÇÃO/HIPERATIVIDADE SOB O OLHAR DAFAMÍLIATatiana dos Santos Souza, José Pereira Leal ..................................

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DE PROFESSORES DEUMA ESCOLA CORPORATIVA EM TERESINA-PICláudia da Silva Lima, Antonia Osima Lopes .............................

AS SITUAÇÕES GERADORAS DE “VULNERA-BILIDADE” EM PESQUISA E A RESOLUÇÃO 196/96Francisca Sandra Cardoso Barreto .........................................

ENSAIOS

CONSIDERAÇÕES SOBRE LINHA DE PESQUISARômulo José Vieira ..................................................................

NORMAS EDITORIAIS .......................................................

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ARTIGOS

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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: OPINIÃO, VIVÊNCIA EEXPERIÊNCIA DE MULHERES DE UMA COMUNIDADE

DOMESTIC VIOLENCE: COMMUNITY WOMEN’S OPINIONAND EXPERIENCE

Ana Karysa Alves Resende¹Rosilane de Lima Brito Magalhães²

RESUMO

Foi realizada uma pesquisa de natureza exploratória descritiva com abordagemquantitativa, que tem como objeto de estudo a opinião, vivência e experiênciade mulheres vítimas de violência doméstica em uma comunidade. Este tipo deviolência atinge mulheres no mundo inteiro e é considerado um problema desaúde pública. Objetivou-se identificar a opinião, vivências e experiências demulheres de uma comunidade sobre violência doméstica e o perfil de mulheresde uma comunidade que convivem com algum tipo de violência, bem comoanalisar como mulheres de uma comunidade se comportam diante de situaçõesde violência. Participaram do estudo 30 mulheres com faixa etária de 18 a 49anos de idade que residem em uma comunidade da zona norte da cidade deTeresina – PI. A coleta de dados foi realizada em maio de 2009, e os resultadosforam organizados em tabelas pelo programa EPI-INFO versão 3.5.1. Apesquisa mostrou que 50% das mulheres já foram machucadas por alguém doseu convívio familiar, 86,7% destas permanecem convivendo com o agressor e96,7% afirmam que o homem não tem o direito de bater na mulher. Mulheresde uma comunidade são jovens, concluíram o ensino médio e as mesmasidentificam quando são vítimas, conhecem os tipos de violência e, mantém oconvívio com os agressores. Conclui-se que a situação vai além da naturalizaçãodos fatos e da questão cultural e é difícil de ser superada e de tomar uma decisãosobre sua proteção sem uma ajuda adequada.

Palavras-chave: Violência doméstica. Mulher. Comunidade.____________________¹ Graduada em Enfermagem pela Faculdade Integral Diferencial – FACID.E-mail: [email protected]² Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Docente da Universidade Federal do Piauí. Teresina-PI. Membro do grupo de estudosobre enfermagem, violência e saúde mental.Endereço: Rua Dr. Natan Portela Nunes, 4177, Ininga-Teresina-PI.E-mail: [email protected]

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ABSTRACT

This is a descriptive exploratory research with a quantitative approach whoseobject of study is the opinion and experience of women victims of domesticviolence in a community. This kind of violence affects women worldwide and isconsidered a public health problem. It aimed to identify the opinions andexperiences of women from the community on domestic violence and the profileof a community women living with some kind of violence and examine howwomen of a community behave before situations of violence. The participantswere 30 (thirty) women aged 18 to 49 living in a community in the north of thecity of Teresina - PI. The data were collected in May 2009 and the results wereorganized in tables by the program EPI-INFO version 3.5.1. The study showedthat 50% of the women have already been hurt by someone in their family living,86.7% of them still live with the aggressor and 96.7% say that man has no rightto beat women. Community women are young people who have finished highschool. They identify themselves when they are victims, know the kinds ofviolence and maintain contact with the aggressors. It can be concluded the situationgoes beyond the fact naturalization and cultural issue and that it is difficult to beovercome and have a decision made on their protection without adequateassistance.

Keywords: Domestic violence. Woman. Community.

1 INTRODUÇÃO

A violência doméstica contra a mulher é um dado real, acontece commuita frequência em vários locais e diversas classes sociais e poderá trazerprejuízos a todos que convivem com a vítima. Neste sentido, consequênciascomo diminuição da auto-estima e educação prejudicada dos filhos podemocorrer e desenvolver problemas de maior extensão e duração. O estudo deSaguim (2003) mostra que a violência doméstica tem aumentado com o passardos anos revelando um aumento de 4% de casos de lesão corporal no ano de1999 a 2000.

Tendo em vista que a violência doméstica é um problema grave e degrande repercussão social, medidas preventivas e de controle deste fenômenoainda se constitui em algo desafiador, para profissionais e estudantes, por setratar de uma situação complexa e delicada e exigir conhecimentos e habilidades.

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Por fazer parte de todos os níveis sociais, a violência se torna uma questãoimportante para toda a sociedade. Portanto, é necessário reforçar, sempre, aidéia de que o problema da violência existe e se apresenta de forma multifacetada.E entre as mais variadas facetas temos o problema da violência cometida contraa mulher (MARINHEIRO, 2003).

Para que houvesse a integração das mulheres na sociedade acontecerammuitos conflitos para se obter equidade e justiça social. Na realidade todas asreivindicações ocorreram na tentativa de se fazer valer os direitos humanos dasmulheres; direitos esses que devem ser propostos na tentativa de erradicar adiscriminação, a violência, a opressão e a exploração de todas as mulheres(TELES, 2006).

De acordo com Marques (2005), o problema violência desempenhaum papel negativo na vida das vítimas, pois crianças que observam a violênciaentre seus pais são mais propensas a ter casamentos violentos.

A família é o meio que mais propicia a ocorrência da violência doméstica.É ela quem primeiro transmite os valores, usos e costumes que formarão aspersonalidades e a bagagem emocional de um indivíduo (BRASIL, 2002).Portanto, este estudo poderá contribuir para organização de medidas preventivasno combate à violência, despertar o interesse de profissionais e estudantes paraa problemática “violência contra a mulher”.

Este estudo almejou identificar a opinião, vivências e experiências demulheres de uma comunidade sobre violência doméstica; identificar o perfil demulheres de uma comunidade que convivem com algum tipo de violência eanalisar como mulheres de uma comunidade convivem diante de situações deviolência.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva com abordagemquantitativa. O estudo ocorreu em uma comunidade da cidade de Teresina-PIcadastrada na área da Estratégia Saúde da Família (ESF). O critério de seleçãoda zona norte, justifica-se pelo elevado número de registro de casos de acordocom dados do Serviço de Atenção às Mulheres Vitimas de Violência Sexual(SAMVVIS) (PIAUÍ, 2008). Para a seleção da área foi realizado um sorteio,para a localização dos 111 domicílios cadastrados contou-se com o auxílio doagente comunitário.

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Assim, após a definição do local do estudo, foram também definidos oscritérios de inclusão: mulheres cadastradas na ficha A e que têm em seu númerode registro do cadastro da família o número com terminação par. Em seguidaelas foram convidadas a participar deste estudo e as que aceitaram, também,assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias.Participaram da pesquisa 30 (trinta) mulheres na faixa etária de 18 a 49 anos deidade que residem na referida comunidade e que concordaram em participar doestudo.

Os dados foram organizados em tabelas pelo programa EPI-INFOversão 3.1.5; E posteriormente foram analisados de acordo com a luz doreferencial teórico.

O projeto foi enviado à Fundação Municipal de Saúde (FMS) parasolicitação de autorização do estudo na referida comunidade. A pesquisa tambémfoi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Faculdade IntegralDiferencial (FACID) com base nos critérios estabelecidos pela resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 1 apresenta as características das mulheres segundo idade,escolaridade, cor da pele e com quem mora. Constatou-se que 40% sãomulheres com faixa etária entre 25 a 35 anos 40%, 30% possuem ensino médiocompleto, 60% se identificam com a cor da pele parda e 93% moram com omarido.

Portanto, pode-se observar que na realidade as mulheres em sua maioriase encontram em uma faixa etária que já permite o discernimento dos fatos, ebuscar ajuda no combate a situação de violência. Entretanto, a maioria convivecom o parceiro. Talvez um nível de escolaridade baixa contribua para a difícildecisão de romper relacionamentos violentos e buscar apoio e proteção. Estudode Magalhães (2008) revelou que embora a violência possa atingir todos osníveis de escolaridade, um nível escolar mais elevado poderá fortalecer a mulhervitimada para a busca da superação. Mota, Vasconcelos e Assis (2007)mostraram que as mulheres vítimas de violência física e psicológica são as quepossuem até ensino médio completo e continuam unidas ao parceiro há mais decinco anos. Neste sentido percebe-se que há uma dificuldade de romper com oparceiro.

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Para o Ministério da Saúde (BRASIL, 2002), a violência contra a mulherse constitui em um ciclo que vai desde a lua-de-mel até a morte caso não sejainterrompida.

Tabela 1 - Caracterização do sujeito segundo idade, escolaridade, corda pele e com quem mora, Teresina (PI), 2009

Conforme Teles, (2006) além de todos esses constrangimentos que amulher vítima de violência sofre, existe ainda a questão do racismo e adiscriminação da população negra, ocasião que deixa as mulheres negras emuma situação mais propensa às agressões e implicam em mais dificuldades paraa efetivação dos direitos humanos.

A tabela 2 contém dados referentes ao modo de vida das mulheres.82% possuem uma religião definida, apenas 13% trabalham, 66,7% tem umapessoa na família que faz uso de bebida alcoólica, 16,7% já tiveram conflitocom uma pessoa da residência ou comunidade no ano de 2008, apenas 36,7 se

Categorias Nº % Idade (anos) 18 – 24 11 36,7 25 – 35 12 40,0 36 – 45 07 23,3 Escolaridade Nunca estudou 01 3,3 Ensino Fundamental completo 08 26,7 Ensino Fundamental incompleto 08 26,7 Ensino Médio completo 09 30,0 Ensino Médio incompleto 03 10,0 Ensino Superior incompleto 01 3,3 Cor da pele Parda 18 60,0 Preta 04 13,3 Branca 04 13,3 Amarela 04 13,3 Com quem mora Marido 28 93,3 Pai 02 6,7

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sentem à vontade na comunidade para se deslocar em qualquer horário e 83,3%contam com alguém da comunidade nas horas difíceis.

Estudos de Magalhães (2008) afirmam que mulheres vítimas de violênciasexual buscam se fortalecer na fé, pois elas acreditam que só um ser supremopode compreender tamanho sofrimento. Acrescenta que normalmente a mulhernão tinha uma religião definida antes do fenômeno violência e, a maioria, eramsomente donas de casa.

Estudos de Mota, Vasconcelos e Assis (2007) revelaram que mulheresque não trabalham estão mais sujeitas às agressões pelo fato de não contribuírempara o orçamento familiar, o que a torna dependente do marido, fazendo comque esse possível agressor sinta um poder de dominação sobre a mulherdesencadeando atos violentos.

Tabela 2 - Distribuição do sujeito segundo religião, trabalho, familiaque faz uso de bebida alcoólica, conflito e relação com a comunidade,

Teresina (PI), 2009

Quanto ao uso de bebida alcoólica por familiares, poucas mulheresassociaram a prática de atos violentos à ingestão de algum tipo de bebida;quando foram questionadas, elas confirmavam, em sua grande parte, o uso debebida alcoólica por alguém da família, mas, geralmente, faziam uma ressalvadizendo que os familiares que bebiam, faziam o uso do álcool socialmente. Essesachados não coincidem com dados da literatura em que diz que a bebida alcoólica

Sim Não Categoria Nº % Nº %

Religião 24 82,8 5 17,2

Trabalho 04 13,3 26 86,7 Familiar que faz uso de bebida alcoólica

20 66,7 10 33,3

Conflito com pessoa da residência ou comunidade no ano de 2008

05 16,7 25 83,3

Sente-se segura na comunidade para se deslocar em qualquer horário

11 36,7 19 63,3

Conta com alguém da comunidade nas horas difíceis

25 83,3 05 16,7

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é um problema que leva o usuário agressor a praticar atos violentos(D’OLIVEIRA et al., 2009). Para Melo et al, (2005) a bebida alcoólica temgrande influência na vida das pessoas e afirmam que em comunidades onde asfamílias possuem uma renda mais baixa, a ingestão dessas bebidas é tida comoúnica possibilidade de lazer.

Marinheiro (2003) comentou em seu estudo que o fenômeno da violênciaé algo advindo diretamente das relações de convivência e, dessa forma, não seconhece nenhuma comunidade em que o problema da violência não se façapresente.

Pode-se observar na tabela 3 que referente ao convívio familiar: 63%das mulheres já foram machucadas por alguém; 3,3% possuem arma em casa,60% já brigou ou discutiu com alguém; 43, 3% já foi roubada e 53,35 já recebeualgum tapa.

Tabela 3 - Distribuição do sujeito segundo agressão, possuir arma,brigar, roubo e tapa, Teresina (PI), 2009

As mulheres apontam já terem sido machucadas durante as suas vidas eisso se relaciona com o fato de elas já terem discutido ou brigado com alguéme até mesmo levado um tapa, pois na tentativa de defesa é, muitas vezes, inevitávela existência de conflitos dessa natureza.

A pesquisa de Monteiro e Souza (2007) revelou que a existência debrigas, humilhações, medo e a presença tanto de violência física como dapsicológica são algo que se fazem presente na vida de mulheres vitimadas.

Uma parcela relevante das entrevistadas já sofreu assalto, um tipo deviolência que se mostra comum dentro das comunidades e que pode causarconsequências à vítima tendo em vista que é um caso onde podem ocorrer mais

Sim Não Categoria Nº % Nº %

Na sua vida alguém já lhe machucou

19 63,3 11 36,7

Possui arma em casa 01 3,3 29 96,7 Já brigou ou discutiu com alguém 18 60,0 12 40,0 Já foi roubada 13 43,3 17 56,7 Já levou algum tapa 16 53,3 14 46,7

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de um tipo de violência. Mesmo assim é pequeno o numero de pessoas quepossuem arma em casa.

Quanto ao convívio com o companheiro, 40% consideram muito graveo marido humilhar a esposa, 75,9% considera muito grave marido bater namulher, apenas 10% acham normal ser roubada e 30% acham normal brigar ediscutir com vizinhos. Como mostra a tabela 4.

Tabela 4 - Distribuição do sujeito segundo opinião sobre maridohumilhar ou bater na esposa, ser roubada e discutir com vizinho,

Teresina (PI), 2009

As opiniões das mulheres acerca da violência ocorrida dentro dacomunidade e do ambiente doméstico apontam para certo conhecimento daviolência contra a mulher e isso mostrou ter a influência dos valores culturaisadquiridos. Assim, durante o questionamento sobre ser humilhada e apanhar domarido notou-se a segurança da maioria ao caracterizar esses fatos como gravese muito graves, no entanto, essas mulheres mostram que o assunto em questãoainda é bem limitado quando tratam do fato de ser roubada e discutir com ovizinho como algo natural; isso só reforça a idéia de invisibilidade do problema.

Para Borin (2007) briga entre vizinhos é um caso que aparececonstantemente na Delegacia e acrescenta que a situação chega a um ponto emque o diálogo não tem mais nenhum significado.

A tabela 5 se refere ao tipo de agressão sofrida e mostrou que 46,7% jásofreram agressão verbal e 37,7% sofreram violência física. Quando abordadassobre o que fazer diante de situações de violência, apenas 6,7% revelam que amulher deve viver normalmente como se nada tivesse acontecido, e 36,7%

Muito Grave

Grave Normal Categorias

Nº % Nº % Nº %

Marido humilhar a esposa 12 40,0 17 56,7 01 3,3

Marido bater na esposa 22 75,9 07 24,1 - -

Ser roubada 07 23,3 20 66,7 03 10,0

Discutir com vizinho 05 16,7 16 53,3 09 30,0

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afirmam que mulheres vitimadas têm dificuldade de se relacionar com outraspessoas, 30% revelam que a mulher também tem dificuldade de cuidar da casae dos filhos e 90% concordam que a mulher deve denunciar.

De acordo com Magalhães (2008), mesmo após dois anos da agressãosofrida, mulheres que sofreram violência têm dificuldade de realizar tarefas queanteriormente eram consideradas simples.

Os efeitos da violência são notórios e alguns estudos, como o deMarinheiro (2003), mostra como as mulheres ficam debilitadas e como a violênciainflui diretamente nas ações cotidianas das mesmas.

Nesse estudo foi possível observar que as mulheres, mesmo as que nãose declararam vítimas, apontaram que uma mulher vítima de agressões nãoconsegue tratar o fato como algo natural e que a mesma sofre influências no seumodo de ser e agir, podendo tornar-se uma pessoa triste e de difícilrelacionamento com outras pessoas, sem falar na dificuldade de cuidar e educaros filhos e de administrar as tarefas de casa; ainda assim quando questionadassobre denunciar a violência quando ocorrida foi quase unanimidade a resposta“sim”. Entretanto, estudos revelam que é prevalente a permanência de mulheresvítimas com o agressor (MARINHEIRO, 2003).

Tabela 5 - Distribuição do sujeito segundo tipo de agressão sofrida eopinião sobre o comportamento adotada por uma mulher vítima de

espancamento, Teresina (PI), 2009 Tipos de agressão Sim Não Nº % Nº % Verbal 14 46,7 16 53,3 Física 11 36,7 19 63,3 Sexual - - 30 100,0

Sim Não Categoria Nº % Nº %

A mulher deve viver normalmente como se nada tivesse acontecido

02 6,7 28 93,3

A mulher tem dificuldade de se relacionar com outras pessoas

11 36,7 19 63,3

A mulher tem dificuldade de cuidar da casa e dos filhos

09 30,0 21 70,0

A mulher deve denunciar 27 90,0 03 10,0

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A tabela 6 trata sobre o homem ter ou não direito de bater na mulher, e29% discordaram e 3,35 ainda não pensaram sobre esse assunto.

As mulheres em sua maioria se opõem, a violência contra a mulher, mas,no entanto, mesmo as que se declararam vítimas, ainda que não tenham apontadoo cônjuge como agressor convivem com os mesmos em uma relaçãoaparentemente saudável.

Tabela 6 - Distribuição do sujeito segundo opinião sobre o homem tero direito de bater, Teresina (PI), 2009

A tabela 7 trata do convívio com o agressor e revelou que 50% dasmulheres foram machucadas por uma pessoa com vínculo familiar, e que 86,7%ainda convive com essa pessoa, 13,3% afirmaram que trata-se de uma pessoamuito importante para ela.

A violência mesmo frequente, principalmente nos domicílios, apresentaprevalência mais alta do que muitas patologias e ainda sofre uma invisibilidadede origem social; e o grande problema disso é o fato da violência praticada porparceiros ser considerada como um problema de ordem privada e que só podeser resolvido pelos envolvidos (MARINHEIRO; VIEIRA; SOUZA, 2006).

Tabela 7 - Distribuição do sujeito segundo agressão sofrida porfamiliar e vínculo atual com o agressor, Teresina (PI), 2009

Categorias Nº % Pessoa do seu convívio familiar já lhe machucou Sim 15 50,0 Não 15 50,0 Com relação a essa pessoa que a machucou Você convive ainda com ela 13 86,7 Ela é muito importante para você 02 13,3

Opinião sobre o homem ter o direito de bater Nº % Discordo 29 96,7 Nunca pensei sobre o assunto 01 3,3

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Durante a aplicação dos questionários notou-se que as mulheres, natentativa de esclarecer as questões, entendiam que já tinham sido vítimas dealgum tipo de violência, porém tratavam esse fato com naturalidade ou porquejá tinham perdoado e já fazia parte do passado delas e/ou porque as mesmasnão queriam expor a situação.

Um estudo realizado entre mulheres usuárias de serviços clínicos ouginecológicos, no ano de 2002, em um centro de saúde na cidade de RibeirãoPreto – São Paulo mostrou que apenas uma parcela das mulheres reconhece aviolência, sendo invisível para muitas delas. Das entrevistadas, 45,3% relatarama ocorrência de violência pelo menos uma vez na vida e somente a metade, 22,3%, reconheceu o que lhes ocorreu na vida de fato (MARINHEIRO; VIEIRA;SOUZA, 2006).

As mulheres quando questionadas sobre os episódios de violência vividos,não gostam de relatá-los, em sua maioria. Entretanto, as que relatam mostramque a grande porcentagem de casos acontece no ambiente doméstico(SCHRAIBER et al., 2003).

Uma dificuldade ainda encontrada é que a agressão praticada porparceiros íntimos não é vista da mesma forma que a violência praticada pordesconhecido. Ou seja, a própria mulher não quer ver o pai de seus filhos comoum criminoso, ela apenas deseja que o agressor receba uma espécie de “pressão”para que tenham fim as agressões e possam dar continuidade às suas vidasnormalmente (MARINHEIRO, 2003).

A tabela 8 revela que 60% das mulheres desse estudo já sofreram algumtipo de violência e que diante da situação 66,7% procurarm alguém da família,5,6% procuraram o vizinho e 5,6% falou do assunto pela primeira vez. Quandoa agressão é revelada, pode-se observar que as vítimas geralmente procuram aajuda de um familiar na tentativa de se proteger. Percebe-se que as mulheresainda desconhecem as leis existentes sobre proteção, pois para elas a melhorajuda e que lhes garantem mais confiança é a família.

A tabela 9 mostra que 30% das mulheres ainda não foram informadassobre violência. Assim necessário se faz que as informações sobre medidaspreventivas, apoio e a garantia dos direitos humanos possam chegar até acomunidade, seja por meio da mídia, seja pelos profissionais de saúde.

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Tabela 8 - Distribuição do sujeito segundo agressão sofrida ecomportamento adotado, Teresina (PI), 2009

Tabela 9 - Distribuição do sujeito segundo acesso a informação sobreviolência contra a mulher, Teresina (PI), 2009

4 CONCLUSÃO

Foi possível identificar mulheres jovens, que convivem com situaçõesde violência; elas conhecem, mesmo de forma vaga, que a violência praticadacontra a mulher nos domicílios em qualquer outro local deve ter punição damesma forma que todas as outras violências.

Foi notório que as mulheres conhecem a violência bem como os seustipos, sabem identificar quando são vítimas; porém ainda tratam a mesma comnaturalidade, na maioria das vezes, e permanecem no convívio com os agressores.

Parece que o problema vai além da naturalização das agressões e dofator cultural, a experiência de violência sofrida se traduz em medo e insegurançaque poderá refletir em muitas pessoas. A busca pelo enfrentamento e superaçãoé um problema de saúde púublica que precisa ser discutido com mais consistênciae humanização.

Categorias Nº % Você sofreu algum tipo de agressão Sim 18 60,0 Não 12 40,0 Diante da agressão, o que fez Procurou alguém da família 12 66,7 Procurou o vizinho 01 5,6 É a primeira vez que toca no assunto 01 5,6 Outro 04 22,2

Acesso à informação Nº % Sim 21 70,0 Não 09 30,0

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IMPLICAÇÕES DE MEDICAMENTOS UTILIZADOS EMPACIENTES PORTADORES DE DOENÇAS SISTÊMICAS

ATENDIDOS NA CLÍNICA DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINOSUPERIOR

IMPLICATIONS OF DRUGS USED IN PATIENTS WITHSYSTEMIC DISEASES SEEN IN THE DENTAL CLINIC IN A

HIGHER SUPERIOR INSTITUTION

Luciane Abreu Seabra1

Luciano da Silva Lopes2

RESUMO

É comum o uso de vários medicamentos em pacientes que são atendidos porprofissionais de saúde. Vários destes medicamentos podem apresentar reaçõesadversas ou menos interações medicamentosas que podem de alguma maneirainterferir em procedimentos e/ou prescrições realizados pelo cirurgião dentista.O objetivo do presente estudo foi conhecer, por meio de levantamento emprontuários, as doenças mais frequentes e o consumo de medicamentos de usosistêmico em pacientes atendidos em uma Clínica de Odontologia de umaInstituição de Ensino Superior em Teresina(PI), no ano de 2008. Para o seudesenvolvimento foi realizado uma coleta de dados dos 383 prontuáriosutilizados. O tipo de estudo empregado foi um levantamento retrospectivo tendocomo fonte de dados, os prontuários da clínica mencionada. A sinusite foi adoença sistêmica mais frequente, e a dipirona sódica, o medicamento maisprescrito pelos cirurgiões-dentistas. Com base nos resultados concluiu-se que:as patologias mais prevalentes foram sinusite, gastrite e anemia e que foisignificativa a amostra de pacientes com doenças sistêmicas em tratamentosodontológicos; no entanto, foi reduzida a amostra dos pacientes que faziam usode medicamento sistêmico, sendo bem diversificado o tipo de medicamentoutilizado.

Palavras-chave: Medicamentos. Sistêmico. Interações. Odontólogo.Interferências._____________1Aluna graduanda do curso de Odontologia- FACIDProfessor Ms. da disciplina Farmacologia e Fisiologia do curso de graduação de Odontologia da FACID-Endereço: Rua SãoLeonardo 790 BL 11 casa 04 B Uruguai Teresina PI cep 64.000.000. Email: [email protected]

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ABSTRACT

It is common several medications to be used in patients who are treated byhealth professionals. Several of these medications may have adverse reactionsor fewer drug interactions that can somehow interfere in procedures and / orprescriptions made by the dental surgeon. This study aimed at knowing, throughmedical records, the most common diseases and the consumption of systemicuse medications in patients seen in Faculdade Integral Diferencial – FACIDdental clinic in 2008. The data were collected from the 383 medical recordsused. It is a retrospective study whose database was the medical records fromthe clinic mentioned above. The sinusitis was the most frequent systemic diseaseand dipirona sodic the most prescribed medication by the surgeon dentists. Basedon the results, it was concluded that sinusitis, gastritis, and anemia were the mostprevalent pathologies; the number of patients with systemic diseases in dentaltreatment was significant. However, there was a reduction in the sample thatmade use of systemic medications with a variety of medication used.

Keywords: Medications. Systemic. Interactions. Dentist. Interferences.

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos é notório o aumento da expectativa de vida associadoa uma diminuição nas taxas de natalidade, além do avanço acelerado da medicina,interferindo na expectativa de vida, com consequente aumento da populaçãoidosa. A consequência disso é o aumento do número de pacientes portadoresde doenças sistêmicas crônicas, como o diabetes e doenças cardiovasculares,que procuram tratamento odontológico, obrigando o cirurgião dentista a prepara-se para atender este grupo de pacientes de maneira correta e segura (OLIVEIRAet al., 2006). Dessa forma, torna-se importante o conhecimento daspropriedades farmacológicas dos principais medicamentos utilizados nas doençassistêmicas mais comumente apresentadas pelos pacientes atendidos em clínicasde odontologia para que se possa realizar uma prescrição medicamentosacriteriosa e racional.

Algumas doenças sistêmicas, ou mesmo o uso de medicamentos paratratá-las, podem ocasionar problemas junto à cavidade bucal ou interferirdiretamente no procedimento realizado pelo cirurgião dentista. O papel deste

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profissional é cada vez mais importante frente ao aumento do número demedicamentos no mercado.

No mercado, são lançados novos medicamentos anualmente favorecendoo aumento da expectativa de seus usuários quanto à cura ou a um melhor controledas doenças. Com esse crescimento do número de novos medicamentos, oprofissional de saúde deve ter a consciência do risco de prescrever fármacosem que riscos não são totalmente conhecidos (MOREIRA et al., 2007). Poucose tem analisado a inserção do medicamento na prática clínica odontológica.Isso talvez devido ao consenso geral de que o cirurgião dentista prescrevepouco e o seu arsenal de drogas é restrito (CASTILHO et al., 1999).

A partir dessas considerações procurou-se verificar na prática adificuldades dos cirurgiões dentistas em prescrever medicamentos para pacientesportadores de doenças sistêmicas e que fazem o uso de outras drogas com aidéia de verificar possíveis riscos associados ao uso de medicamentos já utilizadospelo paciente e alguma outra droga prescrita pelo cirurgião dentista. Dessa forma,o presente trabalho teve como objetivo verificar as principais classes demedicamentos utilizados pelos portadores de doenças sistêmicas assim comoobservar as possíveis interações entre estes medicamentos e outras substânciasprescritas pelo cirurgião dentista durante o atendimento, assim como avaliar asprincipais doenças sistêmicas encontradas nesses pacientes.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O cirurgião dentista deve buscar novos conhecimentos para que oatendimento de pacientes com doença sistêmica seja feito com maior segurançana prescrição de medicamentos de uso odontológico e especificamente comrelação à administração das soluções anestésicas locais, além de outros cuidadosde ordem geral (ANDRADE, 2003).

Os principais medicamentos de uso sistêmico pelo cirurgião dentistasão os anestésicos, antimicrobianos e analgésicos/antiinflamatório não-esteroídes(AINES), sendo que algumas dessas drogas podem interagir de forma perigosacom outros medicamentos utilizados pelos pacientes (CASTILHO, 1999).

Para Souza et al. (2007), os pacientes que são portadores de doençassistêmicas, são considerados pacientes especiais, ou seja, que necessitam decuidados especiais durante o tratamento odontológico.

Diabetes mellitus (DM) e hipertensão são as doenças sistêmicas maiscomuns encontradas nos consultórios odontológicos (OLIVEIRA, 2006). De

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acordo com Lauda, Silveira e Guimarães (1998), entre os fatores quedesencadeiam o diabetes, pode-se citar os fatores hereditários e os fatoresambientais como obesidade. Segundo Munroe (1983), o fator genético temuma importante contribuição, sendo comum observar que pacientes diabéticostêm maior probabilidade de ter filhos diabéticos.

O cirurgião dentista deve investigar se o paciente possuiacompanhamento médico regular, para que lhe informe sobre a forma pelo quala doença é controlada e se teve algum tipo de complicação recente eprincipalmente qual o medicamento utilizado por este paciente (ANDRADE,2002). O tratamento é conduzido, principalmente, para o manuseio dietéticoenvolvendo uma dieta hipocalórica e implementação da atividade física e, àsvezes, agentes hipoglicemiantes orais (Lauda; Silveira; Guimarães, 1998). Umnúmero significativo de pessoas com essa doença sistêmica é assintomática.Isso faz com que o diagnóstico seja tardio (ALVES, 2006).

O achado mais comum em pacientes com DM mal controlado é a doençaperiodontal. Cerca de 75% destes pacientes possuem doença periodontal comaumento de reabsorção alveolar e alterações inflamatórias gengivais. Já os quepossuem um controle adequado apresentam, também, uma grande incidência egravidade da doença periodontal. Os diabéticos podem ter xerostomia eabscessos recorrentes. A hipoplasia e hipocalcificação do esmalte podem resultarem uma grande quantidade de cáries. Estas condições clínicas são motivosimportantes de procura dos serviços de odontologia por parte dos pacientesportadores desta patologia (SONIS; FAZIO; FANG, 1996).

O DM pode ter um impacto significativo na saúde bucal. É importanteque os cirurgião dentista tenham um papel ativo no diagnóstico e no tratamentodas manifestações orais associadas com o diabetes, contribuindo para o controlee manutenção da saúde. No entanto, a conduta frente a estes pacientes devesempre levar em consideração, os medicamentos já utilizados por estes pacientes(ALVES, 2006).

Doença cardiovascular é a mais frequente condição médica citada porpacientes que fazem tratamento odontológico. Dentre elas, a hipertensão é umadas condições mais frequentes relatadas pelos pacientes que procuram um serviçode odontologia (OLIVEIRA et al, 2006).

De acordo com Andrade (2002), entre 10 a 20% dos brasileiros acimados 20 anos de idade sejam hipertensos e somente 40% têm consciência dofato. Por muitas vezes, o paciente não apresenta sintomas e isso não quer dizerque este tenha a pressão arterial dentro do padrão normal. Daí a importância

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do cirurgião dentista avaliar minuciosamente a pressão arterial e freqüênciarespiratória e cardíaca de seus pacientes independente de raça, sexo ou idade.

De acordo com Sonis, Fazio e Fang (1996), o dentista pode elaborar oplano de tratamento, uma vez conhecida a gravidade da hipertensão. O tratamentomédico é importante, pois sem o controle adequado, o plano de tratamento deatendimento dentário pode ficar comprometido.

Diante do diagnóstico da hipertensão, existem várias opções demedicamentos que podem ser prescritos, dentre eles citamos osbetabloqueadores, diuréticos, inibidores da angiotensina, bloqueadores de canaisde cálcio dentre outras. No geral, todas estas drogas podem ter seus efeitosdiminuídos pelo uso de drogas como, por exemplos, os analgésicos e AINES.Estas compreendem um dos grupos mais prescritos pelo cirurgião dentista, dessaforma, é de grande importância que este profissional conheça as drogas quesão utilizadas pelo paciente hipertenso para que a partir daí possa minimizar osriscos junto a este paciente.

Outra condição clínica comum em muitos pacientes é a ansiedade. Ocontrole desse estado é um auxiliar terapêutico importante no tratamentoodontológico do paciente hipertenso. Alguns pacientes podem ficar tensos eapresentar elevação passageira da pressão sanguínea, no consultório dentário.O cirurgião dentista deve verificar a pressão sanguínea antes de executarintervenções dentárias capazes de gerar ansiedade para conhecer melhor oestado do paciente no momento da consulta.

No mercado, estão disponíveis algumas drogas anti-hipertensivasefetivas, em especial, a nifedipina, que pode ser utilizada ainda por via sublingual.Portanto, o seu uso é amplamente difundido, sobretudo em emergênciashipertensivas, graças a sua ação muito rápida e a sua administração por viasublingual (SANTOS et al., 2009). Hiperplasia gengival é uma das complicaçõesdo uso de bloqueadores dos canais de cálcio. Os pacientes podem exibir umquadro clínico de aumento de volume das gengivas marginal e das papilas. Emrelação à nifedipina, dados preliminares sugerem uma maior incidência dehiperplasia gengival da ordem de 15 a 20% com o uso dessa droga (SONIS;FAZIO; FANG, 1996).

Segundo Rocha et al. (2003), participação acentuada de situações ondeo problema dor esteja envolvido na odontologia é maior do que em outrasespecialidades médicas. Das dores agudas dos traumas, das doenças ou cirurgiasa dores crônicas, requerem dos profissionais, conhecimento e precisão nodiagnóstico clínico e experiências nas diversas formas de tratamento.

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Entre os fármacos mais utilizados na população, estão os analgésicos eAINES. São os mais prescritos pelos médicos e dentistas para o tratamento decondições inflamatórias crônicas, como a artrite reumatóide, e o tratamento dador aguda, mas muitas vezes, é de se lamentar, que o uso destes medicamentosé feito sem prescrição de qualquer um destes profissionais. O uso destesmedicamentos, principalmente se utilizado de forma crônica, no entanto, podemprovocar alguns efeitos indesejáveis como distúrbios gastrintestinais, lesõescutâneas e lesões renais (GARCIA JR, 2005).

Os analgésicos não-opióides têm propriedades analgésica, antitérmicae antiinflamatória. Inibe o sistema enzimático da cicloxigenase (COX-1 e COX-2), que converte ácido araquidônico em prostaglandinas, prostaciclina etromboxanos. As prostaglandinas sensibilizam o nociceptor periférico às açõesde histamina, que promove a reação inflamatória local e bradicinina, que estimulaas terminações nervosas, levando à nocicepção. O ácido acetilsalicílico, dipirona,ibuprofeno e paracetamol são exemplos de analgésicos não-opióides, quemodificam mecanismos periféricos e centrais envolvidos no desenvolvimentoda dor. São indicados por tempo curto, particularmente para dores leves emoderadas. O tratamento da dor instalada (analgesia) é mais difícil, pois jáforam desencadeados mecanismos envolvidos na sensibilidade dolorosa,intensificando a dor (WANNMACHER; FERREIRA, 1999).

São medicamentos para tratamentos sintomáticos e que são indicadosem processos inflamatórios clinicamente relevantes, que dor, edema e disfunçãodecorrentes trazem desconforto ao paciente.

3 METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa retrospectiva e descritiva cujos dados foramcoletados através dos registros em prontuários as doenças sistêmicas maiscomuns dos pacientes atendidos, os medicamentos prescritos pelos cirurgiãodentista e os medicamentos utilizados pelos pacientes que foram atendidos naclínica odontológica de uma Instituição de Ensino Superior de Teresina(PI),durante o período de fevereiro a novembro de 2008 da cidade de Teresina-PI.

A pesquisa foi iniciada após prévia autorização da direção da faculdade.O Projeto passou pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade IntegralDiferencial - FACID protocolo (nº 509), respeitando todos os critériosestabelecidos em conformidade com a Resolução 196/96 do Conselho Nacionalde Saúde que regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos.

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No presente estudo foram avaliadas 1049 fichas, sendo 666 fichasexcluídas para ausência de dados. Portanto, amostra analisada foi de 383prontuários. A análise dos resultados foi feita através de gráficos e tabelasutilizando o programa Microsoft Excel 2007 através de uma análise descritivados valores encontrados.

4 RESULTADO E DISCUSSÃO

A partir dos dados avaliados, pode-se observar que, 243 (63,5%) eramde pacientes do sexo feminino e 140 (36,5%) do sexo masculino. Do total depacientes que acusaram algum tipo de alteração sistêmica, 127 (67,9%) pacienteseram do gênero feminino e 60 (32%) do masculino, um total de 187. Não foiapontada nenhuma alteração sistêmica em 190 pacientes, sendo 116 (59,1%)dos pacientes do sexo feminino e em 80 (40,8%) do sexo masculino.

Gráfico 1- Frequência de pacientes segundo ao gênero com ou semalguma alteração sistêmica atendidos na clínica da Instituição de EnsinoSuperior, 2008

Observou-se que 48,8% dos pacientes atendidos na clínica tinhamalterações sistêmicas descritas na tabela 1. Entre os pacientes portadores dedoenças sistêmicas, 18 (4,6%) eram hipertensos, 55 (29,4%) possuíam sinusite,22 (11,7%) asma, 26 (13,9%) renite, 27 (14,4%) pneumonia, 38 (20,4%)gastrite, 5 (2,6%) diabetes, 29 (15,5%) anemia, 11 (6,5%) hipotensão e 98(52,4%) outras doenças.

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Gráfico 2- Principais doenças sistêmicas encontradas de acordo com osregistros dos prontuários dos pacientes atendidos na clínica da Instituiçãode Ensino Superior, 2008

Quando foi avaliado o uso de medicamentos pelos pacientes quefrequentam o consultório odontológico, constatou-se que o total de 10medicamentos que se encontram listados na tabela 2, porém nove medicamentoseram utilizados em pacientes com doença sistêmica

No que se refere ao uso de drogas prescritas pelos dentistas foramencontrados: nimesulida, diclofenaco de sódio e ibuprofeno pertencentes aogrupo dos antiinflamatórios não-esteroides, amoxicilina e azitromicina no grupodos antimicrobianos, além de dipirona,uma droga analgésico, como mostra natabela 3. No entanto, foram prescritos 23 (82,14%) dipirona do grupo dosAINES pelo cirurgião dentista encontrados nos prontuários dos pacientes comdoença sistêmica e 9 (4,8%) com a doença informaram o medicamento queestavam tomando.

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Tabela 1 – Principais doenças, número absoluto e percentual de doençassistêmicas encontradas nos prontuários odontológicos da clínica daInstituição de Ensino Superior, 2008

Pela amostra analisada os resultados deste trabalho evidenciaram que383 (48,8%) dos pacientes que frequentam a clínica odontológica de adultossão portadores de doenças sistêmicas e 2,6% fazem uso de algum tipo demedicamento. Ao contrário dos resultados encontrados, Souza et al (2007)encontrou que a doença mais freqüente foi a hipertensão 48 (10,7%). Ahipertensão, dependendo do grau, pode impossibilitar o tratamentoodontológico. Cabe ao profissional identificar se seu paciente pertence a umgrupo de risco e se o procedimento a ser realizado também é de risco(AUBERTIN, 2004; HERMAN et al., 2004). A segunda doença sistêmica maiscitada foi a cardiopatia, representando 16 casos (3,6%) e a terceira maisfrequente foi a hepatite, somando 15 (3,4%) casos. Em nossos resultados, odiabetes apresentou baixa incidência: apenas 5 casos (2,6%).

O controle dessa patologia, no entanto, é de fundamental importânciapara a saúde bucal, tendo em vista que pacientes descompensados podemapresentar dificuldades no reparo tecidual após tratamentos cruentos e cirúrgicos.Além disso, o controle da doença periodontal é muito importante pelo fato deos portadores desse mal necessitarem aumentar a dosagem dos medicamentoscontroladores de diabetes (SONIS; FAZIO; FANG, 1996; CAMPUS et al.,2005; KUNZEL et al., 2005; ).

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Gráfico 3- Distribuição dos pacientes com doenças sistêmicas, segundoo medicamento utilizado, de acordo com o registro dos prontuários, daclínica odontológica da Facid, 2008

Tabela 2 – Número absoluto e percentagem das drogas mais utilizadasreferidas pelos pacientes da clínica odontológica da Instituição de EnsinoSuperior, 2008

O presente estudo, com base nos dados levantados, permitiu mostrarcom números que, nessa amostragem de 383 pacientes, 10 (2,6%) utilizavammedicamentos de acordo com a tabela 2. Dos 187, representando 48,8% estasendo submetido algum tipo de tratamento devido a sua desordem sistêmica.

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Logo, 09 pacientes com doença sistêmica, representando 4,8% faziam uso demedicamentos (Gráfico 3) para algum tipo de tratamento.No entanto, para o restante dos pacientes com doença sistêmica, não relataramos nomes dos medicamentos usados, referentes à sua patologia. Talvez por nãosaberem ou lembrarem o nome do medicamento, ou por alguma falha duranteanamnese. Portanto os medicamentos consumidos (Tabela 2) nãocorresponderam ao número de casos das doenças.

Tabela 3 – Tipos, número absoluto e percentual dos medicamentosprescritos pelos cirurgiões-dentistas/alunos da clínica odontológica daInstituição de Ensino Superior, 2008

Entre os medicamentos mais prescritos pelos cirurgiões dentistas,destaca-se o grupo dos analgésicos, principalmente a dipirona sódica 43(70,47%) como mostra a tabela 3. A dipirona sódica é um dos analgésicos maisprescritos e eficazes para o controle de dor pós-operatória em consultóriosodontológicos, sendo utilizada em muitos países além do Brasil. Essa drogaapresenta algumas interações medicamentosas importantes, como por exemplo,pode reduzir o efeito antiplaquetário do ácido acetilsalicílico; aumentarconcentrações plasmáticas dos aminoglicosídeos; aumentar a atividade e riscode sangramento de anticoagulantes; reduzir a excreção de lítio e metotrexato,aumentando do risco de toxicidade dessa substância, assim como aumentar orisco de hipoglicemia das sulfoniluréias (WANNMACHER; FERREIRA, 1999).

O segundo medicamento mais prescrito pelos cirurgiões dentistas foi onimesulida (em 06 pacientes) do grupo dos AINES representando 9,8%. OsAINES inibem a síntese de prostaglandinas e tromboxanos, podendo ocorrerpossíveis interações com medicamentos que dependem de níveis séricos dessesmediadores químicos. (BERGAMASCHI et al., 2007). Essas drogas podem

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diminuir a ação dos anti-hipertensivos, pois inibem a síntese de prostaglandinasrenais, além de que também podem interferir com a ação dos diuréticos, poisreduzem a eficiência na secreção de sódio, podendo provocar um aumento napressão arterial e afetar a atividade da renina plasmática, a qual controla osistema renina-angiotesina-aldosterona (HASS, 1999).

4 CONCLUSÃO

Com base na metodologia e nos dados obtidos, pode-se concluir que:a) o medicamento mais prescrito no grupo de prontuários pesquisados é a

dipirona.b) foi verificado nos registros dos prontuários um número reduzido de

medicamentos utilizados pelos pacientes com doenças sistêmicas.c) várias são as doenças sistêmicas encontradas no grupo de pacientes

estudado, sendo as patologias mais prevalentes: sinusite, gastrite e anemia.

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A PERCEPÇÃO DAS MÃES SOBRE A CONSULTA DEENFERMAGEM EM PUERICULTURA

MOTHER’S VIEW ON NURSING CONSULTATION INPUERICULTURE

Jaqueline Marques de Lima1

Ayla Maria Calixto de Carvalho2

RESUMO

A consulta de enfermagem necessita de uma gama de habilidades para a tomadade decisão, de forma a proporcionar uma assistência integral e eficaz. Esteestudo teve como objetivo analisar a percepção das mães sobre a consulta deenfermagem em puericultura, identificar as orientações recebidas pela mãe, naconsulta de enfermagem em puericultura, verificar como a consulta deenfermagem pode influenciar a mãe no processo de cuidar do seu filho, discutira atuação do enfermeiro sob a ótica das mães. A pesquisa foi realizada em umaUnidade de Saúde da Família, no município de Teresina-Pi. Foram entrevistadasnove mês que acompanhavam seus filhos a Consulta de Enfermagem na Unidadede Saúde. Os dados foram coletados através de entrevista semi-estruturada,foram agrupados em três categorias discutidos e analisados luz do referencial.Os resultados mostraram que as mês seguem as orientações passadas peloenfermeiro e consideram a Consulta de Enfermagem muito importante para ocrescimento e desenvolvimento dos seus filhos. A analise evidenciou que apercepção das mês sobre a Consulta de Enfermagem é muito positiva esatisfatória, pois a consulta auxilia na prevenção de agravos e no crescimentoda criança.

Palavras-chave: Percepção. Enfermagem. Puericultura.

____________________________1 Enfermeira, graduada na FACID, 1ºS/2009. E-mail: [email protected]: R:Monsenhor José Luiz Cortez,3780 Bairro: Santa Isabel Teresina-Piauí.2 Mestre em Enfermagem, Enfermeira da Fundação Municipal de Saúde e SESAPI.

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ABSTRACT

Nursing consultation is the nurse’s exclusive activity in which s(he) uses his/herprofessional autonomy and is responsible for the nursing care to be given to theobserved problems (CAMPEDELLI, 1990). Therefore, it requires a range ofabilities for the decision making to provide an integral and efficient assistance.This study aimed at analyzing mother’s view on the nursing consultation inpuericulture, identifying the guidelines received by mothers on such consultation,verifying the way the nursing consultation can influence mothers in their processof taking care of their babies, discussing the nurse’s action under the view of themothers who search for such service. The research was carried out at the HealthFamily Unit in Esplanada, Teresina-Pi. Nine mothers who followed their childrenin nursing consultation in the unit mentioned were interviewed. The data werecollected through a semi structured interview and grouped in three categoriestaking into account the theoretical background. The results showed that mothersfollow the nurses’ guidelines and consider nursing consultation very importantfor their children’s growth and development. Analysis evidenced a positive andfulfilled mothers’ view on this consultation, once it helps in the prevention ofgrievance and children’s growth.

Keywords: Perception. Nursing. Puericulture.

1 INTRODUÇÃO

O enfermeiro, como membro da equipe da Estratégia Saúde da Família(ESF), atua na promoção da saúde infantil, e dentre as atividades que realiza,destaca-se a consulta de enfermagem, que tem como objetivo influenciar noprocesso saúde-doença, fortalecendo as ações das famílias para superar osriscos.

Segundo Campedelli (1990), a consulta de enfermagem é uma atividadeexclusiva do enfermeiro, em que ele usa de sua autonomia profissional, ocuparesponsabilidade quanto à ação da enfermagem a ser prestada nos problemasdetectados e em nível das seguintes complexidades da intervenção: cuidadosdiretos e indiretos necessários; orientações indicadas para a situação;encaminhamento para outros profissionais (quando a competência de resoluçãodo problema fugir do seu âmbito de ação). Portanto, a consulta necessita de

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uma gama de habilidades para a tomada de decisão, de forma a proporcionaruma assistência integral e eficaz.

O Enfermeiro quando realiza a Consulta de Enfermagem poderá utilizá-la tanto no ambiente hospitalar quanto na ESF, sendo que em Teresina a Consultade Enfermagem é habitualmente praticada na ESF.

A puericultura se ocupa, sobretudo da infância normal com ênfase nocrescimento e desenvolvimento, promoção da saúde e prevenção de agravos,considerando a criança como uma individualidade biopsicossocial erelacionando-a ao meio ambiente físico (biótico e abiótico) e o psicossocial quea cerca (MARCONDES,2003).

A situação de crescimento e desenvolvimento da criança é o principalindicador de sua saúde, pois é a partir dessa avaliação que é feita através docartão da criança que se sabe diagnosticar um problema, por exemplo,nutricional, e programar ações para que a criança cresça saudável. Sendo assim,a família tem um papel primordial nesse processo de crescimento edesenvolvimento da criança, já que ela seguirá os hábitos diários da mesma.Dentro da família destaca-se o papel da mãe, que é o principal elo nodesenvolvimento da criança, pois é ela a pessoa que a criança confia e que sabeas verdadeiras necessidades de seu filho.

Para se chegar à percepção do cliente, temos que ouvir, encarando aconsulta de enfermagem como um relacionamento interpessoal. Portanto, apesquisa adotou como questão norteadora a percepção das mães sobre aconsulta de enfermagem em puericultura realizada pelo enfermeiro na ESF.

O estudou objetivou analisar a percepção das mães sobre a consulta deenfermagem em puericultura; identificar as orientações recebidas pela mãe, naconsulta de enfermagem em puericultura; verificar como a consulta de enfermagempode influenciar a mãe no processo de cuidar do seu filho e discutir a atuaçãodo enfermeiro sob a ótica das mães que buscam a consulta de enfermagem empuericultura.

O interesse pela temática surgiu com as atividades no campo de práticana graduação, período em que se conhece a consulta de enfermagem realizadapelo enfermeiro da Estratégia Saúde da Família em uma Unidade de Saúde daFamília, na qual percebe-se a importância da consulta do enfermeiro para apopulação. Fato que motivou o interesse em saber a opinião das mães emrelação à assistência prestada a seus filhos, se as consultas têm surtido efeito nasaúde de seus filhos e se elas seguem as orientações passadas pelo enfermeiro.

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Assim, esse estudo poderá contribuir com os profissionais enfermeirosque fazem parte da ESF, como forma de ajudá-los a melhorar suas formas deatendimento   e de como aperfeiçoar suas ações diante das opiniões ou críticasdessas mães.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A Consulta de Enfermagem

A enfermagem é a atividade de cuidar e também é uma ciência cujaessência e especificidade é o cuidado ao ser humano, seja individual, na famíliaou em comunidades de modo integral e holístico, desenvolvendo de formaautônoma ou em equipe, atividades de promoção, proteção da saúde, prevençãoe recuperação de doenças (HORTA, 2001).

De acordo os programas do Ministério da Saúde, o Enfermeiro deverealizar a Consulta de Enfermagem para Hipertensos e Diabéticos (Hiperdia),Consulta Ginecológica, Consulta de Acompanhamento da Gestante (Pré-Natal),Consulta de Enfermagem ao Recém-Nascido e à Criança, Consulta deacompanhamento para portadores de Tuberculose e Hanseníase (BRASIL,2007).

A Consulta de Enfermagem é uma atividade independente, realizadapelo enfermeiro, e tem como objetivo propiciar condições para melhoria daqualidade de vida através de uma abordagem contextualizada e participativa.Além da competência técnica, o profissional enfermeiro deve demonstrar interessepelo ser humano e pelo seu modo de vida, a partir da consciência reflexiva desuas relações com o indivíduo, a família e a comunidade (GALERA; LUIZ,2002).

De acordo com a resolução 159/1993 do Conselho Federal deEnfermagem (COFEN), a partir da década de 60, vem sendo incorporadagradativamente em instituições de saúde pública a Consulta de Enfermagem,como uma atividade fim, considerando o Art. 11, inciso I, alínea “i” da Lei nº7.498, de 25 de Junho de 1986, e no Decreto 94.406/87, que a regulamenta,legitima a Consulta de Enfermagem e determina como sendo uma atividadeprivativa do enfermeiro (LIMA, 2007).

A consulta de Enfermagem, enquanto ação sistematizada da assistênciainclui basicamente três etapas: a entrevista, o exame físico e o diagnóstico, desdea recepção do cliente até a avaliação geral de todo o atendimento prestado.

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Durante a consulta, o enfermeiro coleta informações, observa, examina e depoisdiscute sobre a situação da saúde do cliente antes de decidir sobre o diagnósticoe o tipo de terapia que será adotada.

Para realizar o cuidado de enfermagem é importante a utilização de algunsinstrumentos no contexto da Enfermagem, como por exemplo: a observação, acomunicação, os princípios científicos, a criatividade, a destreza manual, dentreoutros.

A Consulta de Enfermagem é uma prática que está inserida na sociedadebrasileira, pois estabelece relações sociais devido às suas característicaspreventivas e assistenciais. Além disso, proporciona ao profissional enfermeiroa oportunidade de aplicação de uma metodologia baseada nas teorias daEnfermagem, buscando a cientificidade e a autonomia deste profissional(SANTOS, et al. 2000).

2.2 A Consulta de Enfermagem na Estratégia Saúde da Família

A Estratégia Saúde da Família, criada pelo Ministério da Saúde em 1994,apresenta características estratégicas para o Sistema Único de Saúde (SUS) eaponta possibilidades de adesão e mobilização das forças sociais e políticas emtorno de suas diretrizes. Isto possibilita integração e organização das ações desaúde em território definido. A finalidade é propiciar o enfrentamento e aresolução de problemas identificados, pela articulação de saberes e práticascom diferenciados graus de complexidade tecnológica, integrando distintoscampos do conhecimento e desenvolvendo habilidades (BRASIL, 2007).

Seu principal propósito é o de reorganizar a prática da atenção à saúdeem novas bases e substituir o modelo tradicional, levando a saúde para maisperto da família e, com isso, melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. AEstratégia Saúde da Família prioriza as ações de prevenção, promoção, erecuperação da saúde das pessoas, de forma integral e contínua. O atendimentoé prestado na unidade básica de saúde ou no domicílio, pelos profissionais(médicos, enfermeiros auxiliares de enfermagem e agente comunitário de saúde)que compõem as equipes de Saúde da Família (FONTINELE JUNIOR, 2003).

A reorganização do modelo de atenção à saúde no Brasil apresentounovas perspectivas desde a proposição da estratégia saúde da família comoeixo estruturante da Atenção Básica.

A estratégia saúde da família vem sendo implantada em substituição aomodelo tradicional, proporcionando em um território definido, a atenção integral

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e contínua à saúde dos indivíduos e da comunidade, com ações de promoção,proteção e recuperação da saúde (BRASIL, 2001).

As ações desenvolvidas na Estratégia Saúde da Família estão centradasna família, percebidas a partir do seu ambiente sócio-cultural. O trabalho nesteâmbito estrutura-se a partir da Unidade de Saúde da Família, onde fica sediadaa equipe multiprofissional com responsabilidade por uma determinada populaçãoa ela vinculada. Esta organização favorece o estabelecimento de vínculos deresponsabilidade e confiança entre profissionais e famílias e permite umacompreensão ampliada do processo saúde/doença e da necessidade deintervenções a partir dos problemas e demandas identificadas (BRASIL, 2005).

O desafio da Estratégia Saúde da Família é o de ampliar suas fronteirasde atuação, visando uma maior resolubilidade da atenção, onde a saúde dafamília é compreendida como a estratégia principal para mudança deste modelo,que deverá sempre se integrar a todo o contexto de reorganização do sistemade saúde (BRASIL, 2007).

Daí sua estreita relação com o procedimento técnico para a prática daConsulta de Enfermagem, ou seja, esta atividade inerente ao enfermeiro deveser dirigida de forma, principalmente ética, diante do que propõe a EstratégiaSaúde da Família, para a realização plena de suas atividades, melhoria daassistência e mais resolutividade dos problemas da população. A Consulta deEnfermagem é componente essencial nesta estratégia, mas para isso, esta temque estar devidamente regulamentada, resguardando, assim, a prática legal dosprofissionais enfermeiros (SOUZA, 2002).

O Enfermeiro realiza atividades que proporcionem aos pacientes e acomunidade bem-estar proporcionando promoção e proteção da saúde. EmTeresina, a atuação do Enfermeiro na Estratégia Saúde da Família incluiprincipalmente: consulta de hipertensão arterial, consulta para eliminação dahanseníase, eliminação da desnutrição infantil, controle da tuberculose,acompanhamento e controle do diabetes, saúde da criança, saúde da mulher,da gestante e saúde do idoso. 2.3 Puericultura

A puericultura, área da pediatria voltada principalmente para os aspectosde prevenção e de promoção da saúde, atua no sentido de manter a criançasaudável para garantir seu pleno desenvolvimento, de modo que atinja a vida

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adulta sem influências desfavoráveis e problemas trazidos da infância (DELCIAMPO et al, 2006).

De acordo com a Agenda de Compromissos para a saúde integral dacriança (BRASIL, 2004) o ideal é que, durante o primeiro ano de vida, a criançaseja avaliada com 15 dias, no 1º, 2º, 4º, 6º, 9º e 12º mês de vida; pelo menosduas avaliações/ano entre 12 e 24 meses e a partir desta idade, uma consulta/ano. Muito mais do que um cuidado, a puericultura é um investimento que ospais podem fazer na saúde da criança, prevenindo e detectando precocementepatologias que podem ter profundas repercussões negativas.

O cuidado em puericultura exige mais que conhecimento técnico ecientífico, requer do profissional enfermeiro habilidades interpessoais e cognitivaspara poder transmitir seus conhecimentos de forma clara para os cuidadores.Assim o enfermeiro tem o compromisso de orientá-los a refletir sobre seushábitos como forma de melhorar o cuidado à criança.

A criança em seu meio social requer que o enfermeiro forneça atençãoàs características de seu ambiente, ele deve repensar sobre sua práticaobservando-se a ética e valores. Monteiro e Ferriani (2000) fazem uma reflexãosobre a prática de atenção à saúde da criança, com o objetivo de compreendera prática do enfermeiro para essa clientela.

As visitas domiciliares à família, os trabalhos ou reuniões em grupo,a saúde promocional nas creches e a consulta de enfermagem, noacompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança,são as ações mais discutidas e eleitas como viáveis no país. Todaselas são realizadas pela equipe multiprofissional, de forma articuladae sistematizada, com base no perfil epidemiológico atualizado. Aenfermeira, sendo uma profissional capacitada no trabalhopromocional, representa um elo entre os profissionais e a comunidade(MONTEIRO, FERRIANI, 2000, p. 104).

A observação do cuidado em puericultura pelo enfermeiro é uminstrumento muito importante para a orientação de condutas às famílias. Cursino(2000) verificou como se dá a relação da mãe com o cuidado infantil, avaliandoa interação social com a saúde da criança, observando como estas usam oconhecimento em saúde para melhorar o cuidado materno-infantil. O profissionalfornecerá aos cuidadores subsídios para a tomada de decisões sobre os cuidados.

A Consulta de Enfermagem é realizada em crianças menores de 10 anosde idade, inclui desde as orientações para as mães, até a solicitação de exames

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laboratoriais que estão inclusos nos programas do Ministério da Saúde e emprotocolos como o programa de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes daInfância- AIDIPI (GUARANÁ, 2004).

O desempenho profissional do enfermeiro em cuidar das crianças, passapela atenção dispensada às principais necessidades da família, no sentido deinfluenciar na condução dos cuidados adequados para a criança, até a observaçãode como o cuidado está sendo executado, a qualidade do mesmo, pois acredita-se que os conhecimentos em saúde que são ofertados á família promovem umamelhoria no desenvolvimento da criança.

Durante uma consulta de enfermagem para a avaliação do CirurgiãoDentista, o enfermeiro utiliza gráficos, observa o desenvolvimento, o ganhoponderal e o de estatura, faz levantamentos do estado de saúde da criança,além das necessidades e preocupações dos pais. Compartilha com a criança ea família as informações e os conhecimentos de enfermagem, a situação dacriança relacionada à alimentação, à imunização, ao sono e ao repouso, aolazer, ao relacionamento familiar. Com base nesses fatores, levantados eregistrados, o enfermeiro deve planejar um cuidar que favoreça todos os aspectosdo crescimento e do desenvolvimento da criança (BRASIL, 2002).

2.4 Conceitos de Percepção

Segundo Silva (1990, p.114-119), “é a percepção que nos capacita aentender nosso próprio mundo e o mundo do paciente, sendo essencial para aEnfermagem compreender o que o paciente percebe...” e para chegar a issodevemos ouvir o outro envolvido na relação, ou seja, o cliente, e encarar aconsulta de enfermagem não como um simples procedimento técnico, mas comoum rico contexto de relacionamento interpessoal.

Os processos psicológicos têm papel importante no juízo que as pessoasfazem sobre suas percepções. Partindo desse pressuposto nota-se a importânciaque os estereótipos têm na forma como vemos as pessoas. Esses estereótipospodem ser negativos ou positivos, pois estão atrelados à atribuição de certascaracterísticas a pessoas de certos grupos, aos quais se atribuem determinadosconceitos (FURTADO; BOCK; TEIXEIRA, 2002).

A percepção define-se como processo de organizar e interpretar dadossensoriais recebidos para desenvolver a consciência do ambiente que nos cercae de nós mesmos (DAVIDOFF, 2007, p.1).

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A percepção diz respeito ao processo através do qual os objetos,pessoas, situações ou acontecimentos reais se tornam conscientes. É atravésdela que o ser humano conhece holisticamente o mundo.

3 METODOLOGIA

Estudo descritivo com abordagem qualitativa.A pesquisa foi realizada em uma Unidade de Saúde da Família no

município de Teresina-PI. Esta unidade é composta de duas equipes, onde ambasrealizam a consulta de puericultura e em média são realizadas setenta e cincoconsultas de puericultura por mês.

Utilizou-se a entrevista semi-estruturada para a coleta de dados, que foirealizada pela própria autora. Com a entrevista buscou-se estabelecer um diálogocom as entrevistadas, utilizou-se de um vocabulário adequado ao nível deinstrução das mesmas.

A produção dos dados foi executada inicialmente com a escolha de umadas equipes Saúde da Família, no mês de abril de 2009. A partir da clientelaatendida pelo Enfermeiro desta equipe, para avaliação de crescimento edesenvolvimento, de forma aleatória foram escolhidos e convidados a participarda pesquisa, as mães e responsáveis legais das crianças. Dentre estes, foramdefinidos como critério de inclusão, ser residente na área de atuação da equipeSaúde da Família e estar comparecendo aos agendamentos das consultas depuericultura, aceitar participar da pesquisa e assinarem o termo de consentimentolivre e esclarecido.

A entrevista foi realizada em uma Unidade de Saúde com as mães queestavam aguardando o atendimento, em local reservado, previamente definidocom a gerência do Serviço de Saúde.

Para compreender a percepção das mães e responsáveis legais dascrianças que estão sendo acompanhadas pelos enfermeiros, foi utilizado para aprodução de dados um roteiro de entrevista. As falas dos participantes foramgravadas em mídia player através de um MP4, posteriormente foram transcritaspara análise do conteúdo sendo encerradas após a saturação e transcritas naíntegra.

Os dados foram analisados a partir da categorização das falas dosdepoentes, sob luz do referencial teórico e das seguintes etapas: leitura e releituraexaustiva dos depoimentos, com o objetivo de aproximar o que havia de comum

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na experiência dos sujeitos; busca das convergências e divergências designificado; elaboração de categorias do vivido; análise do significado a partirdo ponto de vista dos próprios sujeitos e interpretação dos dados com base naliteratura especifica acerca da temática. Para preservar o anonimato, asentrevistadas receberam o nome de personagens infantis escolhidos pela autora.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Caracterização dos Sujeitos

Quanto ao perfil das nove entrevistadas, foi identificado que cinco haviaestudado até o ensino fundamental e quatro o ensino médio, com idade variandoentre 18 a 36 anos, casadas e donas do lar. As mesmas receberam o nome depersonagens infantis, escolhidos pela autora.

Os dados obtidos foram agrupados, discutidos e analisados emcategorias significativas e discutidos à luz do referencial. A análise das entrevistaspermitiu seu agrupamento em três categorias que são as seguintes: Orientaçõesrecebidas pela mãe na consulta de enfermagem em puericultura, como a consultade enfermagem pode influenciar no processo de cuidar e atuação do enfermeirosob a ótica das mães.

4.2 Orientações Recebidas pela Mãe na Consulta de Enfermagem emPuericultura

Durante a Consulta de Enfermagem o enfermeiro possui autonomiasuficiente para tomar decisões que sejam melhores para o paciente,desempenhando atividades que favoreçam a proteção, promoção e recuperaçãoda saúde do indivíduo e da população.

Quando questionadas sobre as orientações recebidas as mães relataramo seguinte:

[...] ter higiene com meus filhos [...] (Rapunzel).

[...] levar para vacinar nos dias marcados para evitar as doenças [...](Branca de Neve).

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A higiene adequada da criança, dos alimentos, do ambiente e de todosaqueles que lidam com ela são fatores essenciais para seu bom crescimento.Isso implica na disponibilidade de água potável, de meios adequados para oesgotamento sanitário, e destinação de lixo e em conhecimentos, atitudes epráticas corretas sobre o manuseio, armazenamento, preparo e conservaçãodos alimentos, de higiene corporal e do ambiente.

Para Cursino (2000), o enfermeiro é o elo decisivo para orientar asfamílias a desempenharem os cuidados mais importantes para a criança, fazendocom que a família participe do cuidado junto com o enfermeiro.

[...] dar só o leite do peito até os seis meses [...] (Magali).

[...] sempre dar o leite do peito até os seis meses, sem dar outro tipode comida [...] (Rapunzel).

É importante amamentar o bebê nos primeiros seis meses de vida. Issosignifica que até os seis meses o bebê não vai precisar de nenhum outro alimentoágua, chá, suco, pois ele é completo, funcionando como uma vacina que protegea criança de muitas doenças. Amamentar com frequência ajuda sempre a teruma boa quantidade de leite. É importante também deixar o bebê esvaziar bemo peito na mamada, ajuda a ter o organismo resistente a infecções e a crescercom saúde.

[...] não deixar de dar as vacinas [...] (Minnie).

[...] levar para vacinar [...] (Cinderela).

A prevenção, através de imunização, constitui-se numa das principaismedidas para controle das doenças que afetam a infância, por isso éimprescindível que o cartão de vacina seja acompanhado e cumpridorigorosamente para que a criança consiga chegar à vida adulta com saúde.

Sendo assim, na consulta de enfermagem, com o objetivo de monitoraro crescimento e o desenvolvimento do grupo infantil, não podemos perder devista a promoção da saúde por meio de ações educativas, que consistem emavaliar e promover a aquisição de competências para atender também a outrasnecessidades da criança, tais como comunicação, higiene, imunização, sono,nutrição, afeto, amor, solicitude e segurança. Para isso, então, é necessário que

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as mães sejam orientadas, incentivadas e se sintam seguras nos cuidados com acriança (BRASIL, 2002).

4.3 Como a Consulta de Enfermagem pode Influenciar no Processo de

Cuidar

A Consulta de Enfermagem é também um processo de interação entre oprofissional Enfermeiro e o assistido, na busca da promoção da saúde, daprevenção de doenças e limitação do dano. Para que ocorra eficazmente ainteração, é necessário o desenvolvimento da habilidade refinada decomunicação, para o exercício da escuta e da ação dialógica (GALERA; LUIZ,2002).

De acordo com o exposto, podemos afirmar que a Enfermagem tem acomunicação como instrumento básico de grande importância para o cuidado,pois em quase todas as situações, a interação enfermeiro-paciente está presente.Como podemos observar nos seguintes relatos:

[...] porque é a hora que consigo tirar minhas dúvidas [...] é umaforma de ajudar na saúde do meu filho [...] (Magali).

[...] posso conversar tudo com o enfermeiro sem nenhuma vergonha[...] (Margarida).

Para Cianciarullo (2007), a comunicação promove o relacionamentoentre as pessoas, na busca de soluções e ainda é utilizada para desenvolver eaperfeiçoar o saber fazer profissional.

[...] sempre tiro minhas dúvidas [...] ajuda a manter a saúde do meufilho [...] (Mônica).

[...] tenho oportunidade de tirar minhas dúvidas [...] (Branca de Neve).

A comunicação é um instrumento facilitador da relação entre o enfermeiroe o paciente, de forma individual para que haja uma interação maior entre ambos,sendo uma forma de haver mais liberdade nessa relação. Com isso haverá umatroca de informações mais efetiva para a implementação e avaliação das açõesde enfermagem.

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Horta (2001) comenta que o enfermeiro, ao atender o indivíduo não-hospitalizado que esteja sadio, poderá sim aplicar o Processo de Enfermagem,e quando o faz ele estará realizando a Consulta de Enfermagem. Sendo assim amelhor e a mais importante assistência profissional prestada ao indivíduoaparentemente sadio ou em tratamento ambulatorial. Como pode ser observadonos seguintes relatos:

[...] ele consulta meu filho mesmo não estando doente [...] (Magali).

[...] mesmo ela não está doente ele consulta do mesmo jeito e com omesmo cuidado [...] (Minnie).

Isso mostra que o enfermeiro presta assistência de qualidade, garantindoum atendimento eficaz na saúde das crianças, contribuindo para promoção eprevenção de doenças, sendo capaz de reconhecer as maiores necessidadesdo paciente. E que as mães também procuram os serviços de saúde para ocontrole do crescimento e desenvolvimento e das vacinas, mesmo que seusfilhos estejam sadios.

O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento é de fundamentalimportância para a promoção à saúde da criança e prevenção de agravos, poisé uma ação simples e sendo realizada de forma correta ajuda a identificar situaçõesde risco para que se programe de forma precoce a melhor conduta a ser adotada.

[...] importante no desenvolvimento dele [...] (Rapunzel).

[...] é importante para o acompanhamento e desenvolvimento dasaúde e do crescimento dela [...] (Minnie).

[...] ajuda no crescimento do meu filho [...] ajuda a manter a saúdedele [...] (Mônica)

Assim, avalia-se o desenvolvimento durante toda a consulta. Oenfermeiro deve conhecer os aspectos mais relevantes do desenvolvimento eestar preparado para fazer intervenções, se necessário, e identificar as criançasque precisam ser referidas para tratamento especializado.

4.4 Atuação do Enfermeiro sob a Ótica das Mães

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A partir dos dados coletados pôde-se constatar nos depoimentos dasentrevistadas que a consulta de enfermagem é de suma importância para a saúdedas crianças, prevenindo contra agravos e doenças relacionadas à idade etambém que sentem confiança no enfermeiro durante a Consulta de Enfermagemrealizada por ele.

[...] ótima [...] (Magali)

[...] melhor impossível [...] (Branca de Neve).

[...] muito boa [...] (Mônica).

[...] pra mim é ótima [...] (Minnie).

Mais que um conceito em psicologia, a percepção compreende diversasmaneiras e considerações; a forma como ela será interpretada dependerá daabordagem teórica. Ela pode ser entendida como resultado do elo de várioselementos sensitivos a partir de experiências adquiridas, ainda, pode serpercebida de maneira bastante global, sendo irredutível às sensações, ou podeconfundir-se com o processo cognitivo se adquirir características amplas(FURTADO; BOCK; TEIXEIRA, 2002).

5 CONCLUSÃO

A Consulta de Enfermagem cada vez mais vem se consolidando no campode atuação da enfermagem como uma modalidade assistencial, trazendo assimum avanço muito importante da profissão. Dessa forma, coloca em prática ocuidar de maneira sistematizada.

O desempenho profissional do enfermeiro em cuidar das crianças é deestar atento às principais necessidades que estas podem ter, considerando queos conhecimentos em saúde que são ofertados a família promovem uma melhoriano desenvolvimento da criança. Nesse contexto a intervenção do enfermeiro,favorece e orienta a família para o cuidado necessário.

Os resultados deste estudo mostraram que a consulta de enfermagem évista de forma positiva pelas mães, que ressaltaram em seus depoimentos opiniões

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favoráveis sobre o enfermeiro que conduz a Consulta de Enfermagem, queseguem as orientações transmitidas por ele em relação à alimentaçãoprincipalmente o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade, aimportância de manter o esquema vacinal em dia que são importantes para ocrescimento e desenvolvimento dos seus filhos, portanto, compete ao enfermeirolutar para consolidar tal procedimento, que é exclusivo de sua competência eamparado legalmente.

Para tanto, o enfermeiro deve buscar atualizar seus conhecimentos paraaplicá-los durante a Consulta de Enfermagem proporcionando ao pacientequalidade de vida através da prevenção, promoção e recuperação da saúde.Também é importante que conheça as atividades que poderá realizar dentro daconsulta.

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___________________________1 Doutora em Microbiologia. Professora adjunta da Universidade Federal do Piauí, professora da FACID e NOVAFAPI. Endereço para Correspondência - Rua Angélica, 1479, Bairo de Fátima, CEP 64048-162 - FONE -08632323008 e-mail:[email protected] Acadêmicos de Odontologia da FACID.

PREVALÊNCIA DA HEPATITE B EM PACIENTES ADULTOSATENDIDOS NA CLÍNICA ODONTOLÓGICA DE UMA

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

PREVALENCE OF HEPATITIS B IN ADULT PATIENTS SEEN INTHE DENTAL CLINIC OF A HIGHER EDUCATION

INSTITUTION

Maria do Rosário Conceição Moura Nunes1

Anaosana Soares Barroso2

José Arruda Linhares Neto2

RESUMO

A hepatite causada pelo vírus B é um grave problema de saúde pública, devidoà elevada prevalência de indivíduos assintomáticos existentes na sociedade quenão estão cientes da sua condição de portador da hepatite B, e acabaminfectando outras pessoas. Somado a isto, ela possui um alto custo dediagnóstico, dificultando a realização de estudos soroepidemiológicos queofereçam condições para serem realizadas estratégias de prevenção e controle.O presente trabalho teve como objetivo determinar a prevalência da infecçãopelo vírus da hepatite B (HBV). A pesquisa foi realizada com 61 pacientesvoluntários com idade igual ou superior a 18 anos que já foram atendidos naclínica odontológica de uma Instituição de Ensino Superior (IES). Foi aplicadoum questionário individual, e logo depois, coletados 10 mL de sangue para apesquisa do HBsAg (marcador sorológico do HBV). Todos os resultados foramnegativos para a pesquisa do HBsAg e 14,7% dos voluntários apresentaramesquema vacinal completo. Concluiu-se que apesar dos pacientes apresentaremsorologia negativa para o HBsAg, não descarta-se a possibilidade de sorologiapositiva para outros marcadores sorológicos do HBV; nenhum dos voluntáriosfoi portador de hepatite crônica.

Palavras-chave: Hepatite B. HBsAg. Odontologia.

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ABSTRACT

Hepatitis B virus infection is a serious public health problem because of the highprevalence of asymptomatic individuals in society who are unaware of their statusas hepatitis B carriers and end up infecting other people. Besides, it has a highcost of etiology, making it difficult to carry out seroepidemiology studies thatprovide conditions for prevention and control strategies. This study aimed atdetermining the prevalence of infection with hepatitis B virus (HBV). The researchwas conducted with 61 volunteer patients aged over 18 who have been treatedin the dental clinic of a Higher Education Institution (HEI). A questionnaire wasadministered individually, and soon after, 10 mL of blood was collected for thedetermination of HBsAg (HBV marker). All results were negative for thedetermination of HBsAg and 14.7% of the volunteers had properly beenvaccinated. It was concluded that although the patients had tested negative forHBsAg, the possibility of positive serology for other serological markers of HBVcan not be ruled out; there were not any carriers of chronic hepatitis.

Keywords: Hepatitis B. HBsAg. Dentistry.

1 INTRODUÇÃO

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2005b), a hepatite B é definidacomo uma doença infecciosa viral, contagiosa, onde o homem é o únicoreservatório com importância epidemiológica, causada pelo vírus da hepatite B(HBV), conhecida anteriormente como soro-homóloga. O agente etiológico éum vírus DNA, hepatovírus da família Hepadnaviridae, podendo apresentar-se como infecção assintomática ou sintomática.

De acordo com o Ministério da Saúde (1996, 2005a, 2008a, 2009a,2009b), a hepatite B pode ser transmitida de forma horizontal: pelas viasparenteral e sexual (sêmen e secreção vaginal contaminados), e de forma vertical:da mãe para o filho durante o parto ou aleitamento. É possível ser infectadopelo vírus da hepatite B por meio do compartilhamento de objetos contaminadoscomo agulhas, seringas, lâminas de barbear ou de depilar, instrumentos parauso de drogas, materiais de manicure e escovas de dentes, através de soluçõesde continuidade. Por meio de materiais contaminados para confecção de

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tatuagens e colocação de piercings, intervenções odontológicas e cirúrgicas, ehemodiálises.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde - OMS (WHO, 2008),existem aproximadamente dois bilhões de pessoas infectadas pelo vírus daHepatite B, e cerca de 350 milhões com hepatite crônica. Cerca de 600.000pessoas morrem cada ano por conta das consequências graves da hepatite B.Dos portadores adultos, 25% deles adquiriram hepatite B na infância e morremde cirrose ou hepatocarcinoma causados pela hepatite crônica. A OMS dizainda que o VHB é aproximadamente 100 vezes mais infectante que o vírus daImunodeficiência Humana (HIV) e 10 vezes mais que o vírus da Hepatite C(VHC).

Estudos recentes anunciaram que o Brasil é considerado de baixaprevalência para a infecção da hepatite B, pois a doença atinge menos de 1%da população, e menos de 2% na sua forma crônica. Anteriormente, esse índicevariava entre 2% e 7% nas regiões consideradas de endemicidade intermediáriae de 8% na Região Amazônica. Atualmente, no geral, a Região Norte seguecomo a de maior incidência de casos, com um percentual de 0,92%, entre apopulação de 20-69 anos, seguida pela Região Centro-oeste, com 0,76%, e aRegião Sul, com 0,55% (AGÊNCIA BRASIL, 2009).

De acordo com o Instituto Hermes Pardine (2005) e com o Ministérioda Saúde (2005b, 2006), o diagnóstico da infecção pelo HBV é usualmenterealizado com a detecção das proteínas virais (HBsAg, HBcAg, HBeAg) oudos seus respectivos anticorpos (Anti-HBs, Anti-HBc, Anti-HBe) encontradosem soro ou plasma. O HBsAg é o primeiro marcador da infecção por HBV;aparece na corrente sanguínea 2 a 8 semanas após o início da infecção (nãomarca infecção recente); aparece de 2 a 5 semanas antes do início dos sintomas;na hepatite aguda, ele declina em níveis indetectáveis em até 24 semanas e apersistência por mais de seis meses indica infecção crônica.

Embora o sangue seja a principal fonte de infecção ocupacional emOdontologia (o risco de transmissão varia de 6 a 30 % em acidentes pérfuro-cortantes, pois 0,0001 mL é suficiente para a transmissão do vírus), a saliva e ofluido gengival não devem ser ignorados. O papel reconhecido do epitélio gengivalcomo uma barreira susceptível pode explicar a presença de sangue na saliva,principalmente em função da alta prevalência, mais de 90%, de gengivite napopulação (BRASIL, 2000; HUI et al., 2005).

O Manual de Condutas, elaborado pelo Ministério da Saúde (BRASIL,2000), indica que a prevalência da Hepatite B entre cirurgiões-dentistas no

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Brasil, em 1998, era de 12,7% para clínicos, e para especialidades cirúrgicas,de 30%. “Os maiores índices de infecção pelo vírus HBV em profissionais desaúde encontram-se entre os cirurgiões-dentistas; sendo a maior causa de mortese interrupções da prática de consultório pelos dentistas” (BRASIL, 1996, p.11).

Segundo o estudo de Lopes et al., (2001), ficou explícita a importânciada implementação dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que incluemjaleco, gorro, máscaras, luvas e óculos de proteção, quando se observou umrisco de 14,6 vezes maior para Hepatite B em profissionais que relataram o nãouso de barreiras protetoras.

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2008b) na Nota Técnican°58, do dia 28/08/2008, a vacina contra a hepatite B está disponível no SistemaÚnico de Saúde - SUS, e é feita com aplicação de três doses da vacina, emesquema padrão de 3 doses de 0, 1 e 6 meses. Nos recém-nascidos, a primeiraé administrada ao nascer. A vacina também é oferecida para pessoas na faixaetária de um a 19 anos, bem como para pessoas pertencentes a grupos derisco.

Quanto aos profissionais de saúde, Araújo, Paz e Griep (2006), aorealizarem estudo em Teresina, concluíram que se faz necessário a implantaçãode uma política sistemática de imunização, com determinação de um calendáriobásico no âmbito nacional, para os estudantes e profissionais de saúde, comotambém campanhas educacionais sobre as doenças imunopreveníveis, o quepor certo virá contribuir para a melhoria da cobertura vacinal desses profissionais.É importante ressaltar também, que após a aplicação de três doses, mais de90% dos adultos jovens e 95% das crianças e adolescentes ficam imunes àinfecção, sendo importante a realização do teste Anti-HBs para grupos de risco(WHO, 2008; BRASIL, 2009a).

Os meios que o cirurgião-dentista dispõe, no momento da consulta, nãosão suficientes para discernir que o paciente seja portador de alguma doença.Várias doenças infectocontagiosas têm longo período de incubação e podeocorrer que nem mesmo o paciente esteja ciente da sua condição de portador,como é o caso da hepatite B.

Diante do exposto, objetiva-se conhecer a prevalência do antígenoHBsAg (antígeno de superfície do vírus da hepatite B) nos pacientes adultosatendidos na clínica odontológica de uma IES, em Teresina –PI, onde a suapositividade indica que o paciente pode estar nas seguintes situações: vírus dahepatite B incubado, fase aguda, portador assintomático ou portador de hepatitecrônica. A investigação foi feita através de questionário e exame sorológico

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específico, com a justificativa de contribuir para o conhecimento do HBsAg emdeterminado segmento da população, dos fatores de risco associados à infecção,da cobertura vacinal dos investigados e orientação para procura de tratamentoespecífico para os soropositivos.

2 METODOLOGIA

2.1 Tipo de Estudo, População de Referência e População de Estudo

Trata-se de um estudo prospectivo observacional, exploratório,transversal, de caráter descritivo com abordagem quantitativa, enfoque qualitativoe ações educativas.

Foram utilizados como sujeitos da pesquisa 61 indivíduos escolhidos deforma randômica de maio a julho de 2009 tendo como referência uma populaçãoestimada de 553 pacientes adultos que foram atendidos na clínica odontológicade uma Instituição de Ensino Superior - IES, localizada em Teresina, no ano de2007.

2.2 Critérios de Inclusão e Exclusão

Foram utilizados os seguintes critérios de inclusão:a) ter idade igual ou superior a 18 anos;b) ter sido atendido na Clínica Odontológica da IES;c) consentir em participar do estudo, por escrito, após esclarecimento verbale escrito sobre os objetivos e a metodologia da pesquisa;

Os indivíduos que não corresponderam a esses critérios foram excluídosda pesquisa.

2.3 Coleta de Informações

Na recepção da clínica odontológica da IES, os pacientes presentesforam esclarecidos em linguagem acessível com informações sobre hepatite B:principais aspectos de transmissão, riscos associados a diferentes práticassexuais, importância do diagnóstico sorológico precoce e vacinação contrahepatite B. Àqueles que concordaram em participar, solicitou-se a leitura dotermo de consentimento, seguido de assinatura. Em seguida, o participante foi

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submetido à aplicação de questionário específico, realizada pelo própriopesquisador, no qual o participante tinha um número de identificação, paragarantir o sigilo absoluto de todas as informações coletadas, bem como dosresultados sorológicos, acordado em termo de consentimento. O questionáriocontinha seis itens, e as respostas foram aceitas sem necessidade decomprovação.

2.4. Coleta de Sangue

Para a realização da pesquisa do marcador sorológico HBsAg, foramcolhidos 10 ml de sangue periférico, no laboratório de Microbiologia da IES,utilizando seringas descartáveis 10 mL com agulha 25x7 BD, por punção venosa,em tubos de ensaio de 10 ml, por técnica habilitada, realizada pela orientadorado projeto ou pela técnica do laboratório.

Cada tubo de ensaio foi identificado com o número do registro recebidono momento da entrevista que antecedeu a coleta e com as iniciais do nome doparticipante. O sangue foi coletado imediatamente após a identificação do tubo.Após a coleta, os tubos de ensaio com sangue foram colocados em suportes emantidos em repouso. Ao término do período diário de coleta, as amostraseram centrifugadas à velocidade de 3.000 rpm, à temperatura de 30°C, por 10minutos.

Os soros obtidos das amostras após a centrifugação foram colocados,devidamente identificados com o número de registro e as iniciais do voluntárioem tubos de ensaio, e em seguida, foram levados ao freezer para armazenamentoà temperatura de 20°C negativos. O tempo de armazenamento não excedeu adois meses. Os coágulos restantes das amostras após obtenção do soro foramesterilizados em autoclave vertical da marca PHOENIX, antes de seremdesprezados no local adequado.

2.5 Análise Sorológica do HBsAg

Os testes para detecção do antígeno de superfície (HBsAg) foramrealizados no Laboratório de Microbiologia da IES. Utilizou-se o teste rápidoVIKIA HBsAg® fabricado pela Biomériux Brasil S.A., localizada emJacarepaguá – RJ, que se baseia na tecnologia imuno-cromatográfica

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Figura 1: Retirada do soro com o auxílio da pipeta de transferência,que foi colocado no poço amostra “S”

Figura 2: Avaliação da caracterização da linha de cor azul, na zona decontrole “C”, que indica que o teste foi efetuado corretamente

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Para cada participante da pesquisa,foi enviada pelo correio umadeclaração com o resultado do exame de HBsAg,, com um breve esclarecimentosobre o significado do resultado, acompanhada de uma carta de agradecimento,e informações atuais sobre o HBV, suas formas de transmissão e medidas deprevenção, incluindo quais os indivíduos que podem receber a vacina.

2.6 Codificação e Digitação dos dados

Todas as informações foram codificadas e digitadas pela pesquisadora,em banco de dados criado no software Excel® – 2007 da MicrosoftCorporation. Foram criadas tabelas e gráficos para sumarizar e visualizar osresultados e analisados em cálculos de regra de três simples e porcentagem embase 100.

2.7 Aspectos Éticos

De acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúdepara estudos com seres humanos, o projeto de pesquisa foi submetido ao Comitêde Ética da Faculdade Integral Diferencial – FACID para análise e aprovaçãoda pesquisa, que emitiu parecer favorável à realização do mesmo, protocoladocom o número 514, no dia 10/02/2009. O projeto não ofereceu riscos para ospacientes colaboradores ou para a IES, e para a execução da pesquisa; ospesquisados assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, emlinguagem acessível com aspectos referentes à pesquisa para esclarecimentosao sujeito. Os pesquisadores trataram com dignidade os pesquisados,respeitaram a sua autonomia e mantiveram a confidencialidade dos dados dosujeito, assegurando-lhes a sua privacidade

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A realização de inquéritos sorológicos em amostras representativas dapopulação geral está cada vez mais difícil devido à dificuldade das coletas deamostras de sangue, e o alto custo da realização de diagnóstico etiológico. Estasituação é preocupante para o controle da hepatite B, principalmente, porqueos portadores assintomáticos acabam disseminando o vírus no meio social emmaior quantidade que os portadores sintomáticos.

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Participaram da pesquisa 61 voluntários, (número obtido por cálculoamostral) que já foram atendidos na clínica odontológica da IES. No Gráfico 1,estão distribuídos, de acordo com o gênero, sendo 46 (75%) do sexo femininoe 15 (25%) do sexo masculino.

Gráfico 1 - Distribuição de pacientes voluntários de acordocom o gênero. Teresina, 2009

O número de mulheres foi três vezes maior que o número de homensparticipantes da pesquisa. Essa diferença mostra que as mulheres têm maispreocupação com a sua saúde oral, corroborando com os estudos de Lisbôa eAbegg (2006) demonstraram que a maioria das mulheres frequenta o dentistacom uma periodicidade de uma vez a cada seis meses, enquanto homens, emsua maioria, recorrem aos serviços apenas em situação de dor. Outro motivofoi a coleta de sangue, onde os pacientes masculinos foram menos receptivosque os femininos, mas apesar da relutância inicial, alguns concordaram emparticipar.

Nesta pesquisa, nenhum paciente voluntário teve o HBsAg positivo.Este valor está em concordância com alguns estudos sorológicos para o HBsAg,descritos a seguir, que para encontrarem valores positivos deste marcador, foramnecessárias tamanhos amostrais maiores. No entanto, estes dados sãoimportantes para uma vigilância da situação da hepatite B no Brasil.

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Miranda et al. (2000) encontraram prevalência de 0,3% de HBsAg entre632 pacientes que se submetiam a exames de sangue em unidades de Saúdelocalizadas em Ribeirão Preto (SP), e os participantes tinham idade igual ousuperior a 60 anos. Estudos como este, em áreas que se apresentam com baixaendemicidade, mostram que os indivíduos com idades mais avançadas são osque possuem maiores índices positivos para o HBsAg, onde há poucos ounenhum casos de transmissão vertical.

Os estudos de Fernandes et al. (1999) constataram a prevalência de2,9% de HBsAg positivo em trabalhadores do serviço hospitalar em Natal, oque equivale a seis pessoas da amostra de 210 indivíduos estudados, indicandouma minoria infectada.

Em estudo feito com 680 dentistas em Goiânia, nenhum apresentou oHBsAg positivo, como mostra Paiva, (2008), em concordância com osresultados desta pesquisa.

Todos esses estudos mostraram a baixa circulação viral do HBsAg,necessitando de amostras grandes que possam fornecer uma imagem maisacurada da circulação desse patógeno na comunidade. Contudo, dados emsegmentos da comunidade, como os resultados desta pesquisa, são necessáriospara a vigilância da situação do HBsAg na sociedade estudada

Tabela 1: Relação entre o gênero e transfusão de sangue e/ou derivadose antecedente de hepatite, Teresina, 2009

De acordo com a Tabela 1, entre os 15 pacientes do sexo masculino,nenhum referiu ter realizado transfusão de sangue e/ou derivados ou conhecer ofato de ter ou ter tido alguma hepatite viral. Já entre as mulheres, entre as 46participantes, duas relataram já ter realizado transfusão de sangue e duasrelataram antecedência de hepatites virais. Uma disse que já foi portadora dehepatite A e a outra, não lembrava de qual hepatite foi portadora, o que revelaa dificuldade da população em distinguir os diferentes tipos de hepatite. Emboranão representado na tabela, não houve nenhuma relação entre as pacientes que

SEXO MASCULINO FEMININO TOTAL SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO

Variáveis

n % n % n % n % n % n % Transfusão de sangue e/ou - - 15 100 2 4,3 44 95,7 2 3,3 59 96,7 derivados Antecedência de hepatite - - 15 100 2 4,3 44 95,7 2 3,3 59 96,7

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realizaram transfusão de sangue e as que relataram antecedência de algumahepatite viral. Informação sobre transfusão sanguínea é importante quando avalia-se ocorrência de hepatite B vírus, pois o sangue de indivíduos infectados é omaterial de maior poder infectante para a transmissão do vírus da hepatite B(AZEVEDO; FARHAT, 1998, p.414).

Entretanto, este dado não foi relevante para o estudo das amostras,pois a relação transfusão sanguínea e HBV apresenta baixas prevalências ounão tem significância estatística. (ARAÚJO; SILVEIRA; CARDOSO, 2006;FIGUEIREDO et al.,2008; COELHO et al., 2009).

Dados como estes e como os encontrados neste estudo (Quadro 1),sugerem que os critérios e exames para seleção de doadores de sangue sãobastante rigorosos, dificultando que pessoas contraiam o vírus da hepatite Batravés de transfusões sanguíneas.

A antecedência de hepatites virais, como fator de risco para a hepatiteB, está em concordância com nossos resultados (Quadro 1). Miranda et al.,(2000), Passos et al., (2007) e Coelho (2009) observaram uma não-associaçãodesta variável com a hepatite B, fato que pode ser explicado pela dificuldade dediferenciação clínica das hepatites com outras viroses e a diversidade de vírusagentes de hepatites.

Gráfico 2: Relação entre o número de doses aplicadas da vacina contraa hepatite B (valor não acumulativo) e o número de participantes.Teresina, 2009

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O Gráfico 2 mostra o número de doses aplicadas da vacina contra ahepatite B nos participantes da pesquisa, vale ressaltar que estes valores nãosão acumulativos, ou seja, se o participante tomou duas doses da vacina contraa hepatite B ele se enquadrou apenas na quarta barra do gráfico. Conformeeste gráfico, 27 (44,3%) voluntários não tomaram nenhuma dose da vacina, econsiderando-se a resposta “não sabe” como “nenhuma”, este valor sobe para36 participantes, o que equivalem a 59% do todo. Este estudo mostra tambémque nove (14,3%), estavam com esquema vacinal completo. Ainda que sejauma cobertura vacinal baixa, é maior que os 6,02% de cobertura vacinal contraa hepatite B na faixa etária de 20-59 anos no período de 1994-2009 estimadospelo SI-PNI (Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações).Estudo realizado em Teresina, que avaliou a cobertura vacinal dos alunos de umCurso de Especialização em Saúde da Família do Piauí, constatou que maiorcobertura foi identificada para a vacina da hepatite B com 81,3% (ARAÚJO;PAZ; GRIEP, 2006). Em discordância com este estudo, que apresentou umacobertura vacinal baixa, com 14,3% dos pesquisados com esquema vacinalcompleto. Ressaltando serem dois grupos bastante distintos; um constituídopor pacientes e outro por profissionais,contudo os números mostram que umamelhor conscientização sobre vacinação é necessária.

5 CONCLUSÃO

De acordo com os resultados apresentados, é possível concluir que:• nenhum dos pesquisados foi HBsAg positivo através do teste Vikia

HBsAg®,• nenhum dos voluntários foi portador de hepatite crônica.• a cobertura vacinal completa foi fato verificado em uma minoria da

amostra.

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_________________________¹ Graduada em Enfermagem pela Faculdade Integral Diferencial – FACID.E-mail: [email protected]² Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Docente da Universidade Federal do Piauí. Teresina-PI. Membro do grupo de estudosobre enfermagem, violência e saúde mental. Endereço: Rua Dr. Natan Portela Nunes, 4177, ininga-Teresina-PI.E-mail: [email protected].

MÚLTIPLAS MANEIRAS DE VIOLÊNCIA AO IDOSO: FALASDE PESSOAS NA TERCEIRA IDADE

THE ELDERLY VIOLENCE MULTIPLE WAYS: THE THIRD AGEPEOPLE’S SPEECH

Soraciaba Alves de Oliveira1

Rosilane de Lima Brito Magalhães2

RESUMO

Realizou-se uma pesquisa descritiva exploratória, com uma abordagemqualitativa, tendo como foco a violência contra pessoas idosas. Objetivou-seidentificar a ocorrência de violência contra o idoso e analisar por meio das falasde pessoas na terceira idade, o entendimento acerca do tema violência ao idoso.Para a coleta de dados foi utilizado um roteiro de entrevista semi-estruturado.Os sujeitos da pesquisa foram 10 idosos com faixa etária entre 61 a 77 anos,que frequentavam um Centro de Convivência da Terceira Idade, em Teresina-PI há mais de um ano. Verificou-se que os idosos com baixo nível de escolaridadee de instrução possuem um conceito restrito sobre a temática. Idosos se sentemestigmatizados e descriminados pela sociedade em algumas situações. Diantedesses resultados, contatou-se a importância e a necessidade da efetivação depolíticas públicas e intervenções eficientes que dê proteção ao idoso e inserçãoda temática em diversos fóruns de discussão.

Palavras-chave: Envelhecimento. Idoso. Violência.

ABSTRACT

This is an exploratory descriptive study with a qualitative approach that addressesthe violence against the elderly people. This study aimed at analyzing the frequencyof violence against the elderly and analyzing their understanding on the theme

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through their speech. The data were collected through a semi-structuredinterview. The research subjects were 10 elderly people aged 61 to 77 whohave attended the Centro de Convivência for the elderly in Teresina-PI forover one year. It was observed the elderly with a low school level have a restrictedconcept on the subject and they feel stigmatized and discriminated by society insome situations. From the results it was noticed the importance and necessity ofeffective public policies and interventions that give protection to the elderly andintroduce the theme in several discussion forums.

Keywords: Aging . The elderly. Violence.

1 INTRODUÇÃO

O envelhecimento faz parte da maioria das sociedades e está associadoàs mudanças de alguns indicadores de saúde, como por exemplo, a queda dafecundidade, da mortalidade, o aumento da esperança de vida, melhoria daqualidade de vida e avanços tecnológicos. Pode-se constatar de acordo com oMinistério da Saúde (BRASIL, 2006) que o mundo está envelhecendo; assim,estima-se que para o ano de 2050 existam cerca de dois bilhões de pessoascom sessenta anos ou mais no mundo. Estudos recentes apontam um crescenteaumento da população idosa, estima-se que em 2025, o Brasil ocupe o 6º lugarno mundo, em relação ao crescimento desta população, aproximando-se de 34milhões de idosos no país (KALACHE, 2005).

Segundo o Ministério da Saúde o envelhecimento pode ser compreendidocomo um processo natural, de diminuição progressiva da reserva funcional dosindivíduos (senescência), o que em condições normais, não costuma provocarqualquer problema. No entanto, em condições de sobrecarga como, por exemplo,doenças, acidentes e estresse emocional, podem ocasionar uma condiçãopatológica que requeira assistência (senilidade) (BRASIL, 2005).

Dessa forma a promoção de um envelhecimento saudável deve ser umatividade prioritária de todos, o que poderá contribuir para reduzir situações dedependência em relação as atividades da vida diária (AVD) e também danecessidade precoce de um cuidador, que deverá se envolver no

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acompanhamento das atividades do idoso, como auxílio à alimentação, higienecorporal, medicação de rotina entre outros.

Segundo Carvalho e Azevedo (2006), o cuidado faz parte da essênciahumana e não é apenas um ato pontual; É a forma como a pessoa se estrutura erealiza o cuidado no mundo com os outros. Requer paciência, envolvimento eresponsabilidade para com o próximo, porque compreende e engloba oacolhimento, compaixão, o afeto, o respeito pelo sofrimento e pela a história devida do sujeito. Neste sentido, essa relação não deve ser de domínio sobre opróximo, mas de convivência, respeito, atenção; e deve estar focada nossentimentos e não na razão.

O cuidado ao idoso pode ser realizado por um cuidador da família ounão. De qualquer forma é importante observar a presença de estresse noscuidadores de pessoas na terceira idade, isso pode ser um fator de risco paraocorrência de situações de violência contra os idosos; No caso de cuidadorsem preparo adequado ou sobrecarregado pode agravar ainda mais essasituação. A pessoa idosa torna-se mais vulnerável à violência na medida em queapresenta maior dependência física ou mental.

A violência contra os idosos ou pessoas na terceira idade, é um problemamundial, e está presente em todos os seguimentos sociais e traz conseqüênciasgraves à saúde, podendo ser praticada por diversos tipos de agressores, emlocais e horários diversificados. Estudos de Gaioli e Rodrigues (2008) realizadocom 87 relatórios jurídicos em uma delegacia do idoso na cidade de RibeirãoPreto, São Paulo, evidenciou violência doméstica com maior freqüência emhomens (58%) que foram violentados por filhos e netos e (33,6%) apresentaramhematomas superficiais. Acrescenta que a violência ao idoso é cada vez maisevidente e adquire dimensões publicas e sociais.

Este estudo é de grande relevância, pois pretende contribuir no sentidode despertar o interesse de profissionais de saúde e estudantes. O estudo poderácontribuir também para formação dos profissionais de saúde, pois terá subsídiosatualizados sobre a temática e pretende também despertar o interesse dasociedade sobre o tema em questão. Os objetivos foram identificar a ocorrênciade violência contra o idoso e analisar por meio das falas de pessoas na terceiraidade, o entendimento acerca do tema violência ao idoso.

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2 MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho teve como objeto de estudo a violência contra oidoso através de suas falas. Trata-se de uma pesquisa descritiva exploratória,com uma abordagem qualitativa.

A pesquisa foi realizada em um Centro de Convivência da Terceira Idade(CCTI) em Teresina-PI. Participaram do estudo 10 (dez) idosos, quefrequentavam esse centro há mais de um ano, e que aceitaram participar,assinaram o Termo de Consentimento Livre e esclarecido (TCLE). Como critériode inclusão utilizou-se uma faixa etária acima de 60 anos

A coleta de dados foi realizada no mês de maio de 2009. Foi aplicadoum roteiro de entrevistas semi-estruturadas com questões abertas e fechadas asquais posteriormente foram transcritas na íntegra e organizadas em categorias eanalisadas.

O estudo atendeu a todas as exigências da Resolução 196/96. Valeinformar que para garantir o anonimato, os sujeitos foram identificados comnomes fictícios.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este estudo apresenta as falas de pessoas idosas, que revelaram asdiversas maneiras de violência que enfrentam no seu cotidiano, através do relatode 10 idosos. 30% são do sexo masculino e 70% do sexo feminino. Destes,30% tem uma faixa etária entre 61 a 65 anos, 20% possuíam de 66 a 70 anose 50% desses sujeitos tinham de 71 a 75 anos. A maioria dos idosos já frequentamo centro de 2 a 5 anos, apenas 20% dos entrevistados frequentam o centro háum ano e relataram que se sentiam muito bem em frequentar o CCTI.

Quanto ao grau de escolaridade dos idosos, foi observado que 30%nunca estudaram ou possuíam apenas o ensino fundamental incompleto; 10%possuíam o ensino fundamental completo; 20% o ensino médio completo eapenas 10% desses idosos tinham o ensino superior completo

3.1 Significados de Violência para uma Pessoa Idosa

A violência é um problema de saúde pública, considerando as gravesconsequências impostas pelo ato de violência, como por exemplo, o abandono,

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e se processa de diversas maneiras como físicas, psicológicas, sociais, sofridasnão só pelo individuo violentado, mas também pela sua família e podecomprometer a qualidade de vida dessa população.

Ao realizar uma análise detalhada das falas dos idosos em relação à estatemática “violência sofrida por pessoas da terceira idade”, percebe-se que osidosos reconhecem o significado de um ato de violência como aquilo que podemachucar, seja através da violência física ou verbal, entretanto é mais perceptívelcomum a expressão sobre a violência física. O que fica bem claro ao observaras seguintes falas.

Não sei direito não, mas acho que é bater, roubar. Essas coisas ruinsminha filha que está acontecendo no mundo de hoje (Tulipa).

[...] é quando uma pessoa bate na outra, maltrata, empurra, não é(Cravo).

Pra mim é quando uma pessoa maltrata a outra, bate, rouba. Tudoisso é violência não é (Violeta).

Porém ao observar os depoimentos, verificou-se que os idosos possuemcerto grau de compreensão sobre o que é um ato de violência, pois em suasfalas apontaram não só a violência física, mas também, reconheceram dois tiposde abusos bem comuns na vida de um ancião: o abuso psicológico e o financeiro.

Apesar dos idosos demonstrarem que entendem o que pode ser um atode violência, verifica-se que o baixo grau de instrução, a pouca ou quase nenhumaescolaridade, interfere bastante no acesso dessa população a informações acercado tema tornando-o limitado o conceito sobre violência e até mesmo no que serefere a sua autonomia para tomar uma decisão de denunciar o agressor. Issofica comprovado claramente ao comparar os depoimentos dos idosos com poucoou nenhum grau de escolaridade com os depoimentos de outros com maiorgrau de escolaridade.

Foi possível comprovar que o grau de escolaridade influencia de formasignificativa no modo de interpretar um ato de violência, pois esta questão ficabem evidenciada na fala de Margarida que possui ensino superior completo

Minha querida violência pra mim é um conjunto de atos que trazemdanos a uma pessoa, existem várias formas de se cometer um ato deviolência, ou seja, existem inúmeras formas de violência como a

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violência física que eu considero a pior, não é mesmo? Tem aviolência psicológica, financeira onde os familiares ou pessoaspróximas abusam financeiramente do idoso, e até mesmo a violênciasexual, que inaceitável [...] (Margarida).

Porém, mesmo estando ciente do que seja um ato de violência e demaustratos, o idoso geralmente não toma a iniciativa de denunciar o agressor,muitas vezes por medo, por receio da consequência dessa denúncia, humilhação,constrangimento, isso tudo somado a falta de informação e a precariedade dosrecursos disponíveis. E em alguns casos, até mesmo por não perceber a situaçãocomo agressão ou violência (SILVA et. al. 2008).

Martins e Massorollo (2010), ao realizarem estudos sobre oconhecimento de idosos sobre seus direitos, afirmam que os mais citados foramgratuidade no transporte, prioridade no atendimento e existência de assentospreferenciais no meio de transporte. É importante lembrar que o estatuto doidoso aborda questões fundamentais e inerentes à qualidade de vida comoexemplo é possível citar: direito à saúde, lazer, educação, cultura, liberdade,dignidade convivência familiar e comunitária que não foram contemplados noestudo dos referidos autores.

A lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, dispõe sobre o Estatuto doIdoso e dá outras providências. O Estatuto do Idoso assegura a todas as pessoas,com idade igual ou superior a sessenta anos, oportunidades de facilidades paraa preservação da saúde (física e mental), em condições de liberdade e dignidade.Fica determinado que seja obrigação da família, comunidade e do poder públicoque garanta desses direitos (BRASIL, 2003). Para Souza e Minayo (2010)mesmo sendo o documento mais assertivo, até o momento, o tema violênciavem aparecendo de maneira lenta e gradativa nas políticas direcionadas ao idoso.

Dessa forma verifica-se que eles ainda são carentes de informações eorientações adequadas sobre seus direitos e envelhecimento saudável. A nãoidentificação de situação de violência contribui para que ele permaneça na mesmasituação e dificulta ações punitivas das instituições responsáveis.

3.2 O Enfrentamento da Violência Psicológica por Pessoas Idosas nosEspaços Públicos

As pessoas na terceira idade relataram que sofrem desrespeito epreconceito. E isso fica bem claro quando os idosos são indagados sobre o fato

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de já terem sofrido algum tipo de violência, e a resposta de grande parte dosentrevistados foi que sim, eles estão sempre sendo submetidos a situações quelhes causam humilhação e desrespeito. Portanto, percebe-se que a violênciasofrida pelos idosos não fica restrita apenas no ambiente familiar, ela se estendepor ambientes públicos e até mesmo privados.

Mais ou menos. Não agressão física, mas já fui desrespeitada na filado banco, no ônibus e até em hospitais, e a falta de respeito é umtipo de violência não é [...] (Rosa).

[...] até nos ônibus, os motoristas tem raiva da gente, só porque agente não paga se tiver só um idoso na parada eles não param [...](Violeta)

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), casos deagressão verbal, humilhação, ameaças, desrespeito, difamação, constrangimentosrepresentam o abuso psicológico, um tipo de maus tratos sofrido pelos idosos.Os entrevistados relataram que eles nem sempre são as vítimas do ato deviolência, porém, muitas vezes tiveram a oportunidade de presenciar cenas ousituações onde pessoas próximas também idosas, amigos e até mesmodesconhecidos sofreram esse tipo violência.

[...] dentro do ônibus um monte de gente tava entrando junto e ummenino de uns 15 anos deu um empurrão em minha amiga, aí ela caiulá embaixo [...] (Azaléia)

[...] quase todo dia dentro do ônibus [...] é difícil, são poucos osjovens que se levantam pra te dar a cadeira. (Jasmim)

Apesar de a família ser, na maioria vezes, o principal envolvido noscasos de maustratos a idosos, ao observar os depoimentos de alguns idosos épossível notar que as agressões nem sempre ficam restritas ao ambiente familiar.Fica evidente que o idoso vive constantemente situações que lhe trazemdesconforto ao frequentarem locais públicos. Martins e Massarollo (2010)afirmaram que mesmo os idosos usufruindo dos direitos ligado ao transporte,têm sido comum queixas desrespeitosa de condutores, cobradores e usuáriosjovens. Acrescenta ainda questões referentes a barreiras no acesso e degrausaltos e isso é desconsiderar o processo de envelhecimento.

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Para Teixeira (1998), o que é velho é socialmente identificado e rotuladocomo impotente, incapaz, frágil, imprestável, sem serventia. Sendo que dessamaneira, em muitos casos os idosos acabam aceitando esse rótulo, assumindouma atitude de autodesvalorização, desenvolvendo assim, o adoecimento psíquicoe físico. De acordo com Caldas (2003), o processo de envelhecimento trazconsigo mudanças inevitáveis, profundas e bastante significativas, tais como, asmudanças biológicas, econômicas, psicossociais, fisiológicas. Porém não deveser visto como sinônimo de invalidez, dependência ou até mesmo fragilidade,pois é possível envelhecer com vigor, saúde, disposição, independência.

Os relatos adiante comprovam o que foi citado, demonstrando que oidoso se sente desvalorizado, desprezados e excluídos pela sociedade, após oenvelhecimento.

um [...], mas é claro que existe, os mais novos tratam a gente comolixo uma pessoa sem serventia [...] (Rosa)

[...] Os jovens acham que lugar de velho é no asilo, longe das outraspessoas, isolados [...] (Girassol)

A perda do seu lugar na sociedade, do seu papel econômico e socialperante a sociedade induz o idoso ao isolamento, tornando difícil o contato e oconvívio social, e dessa forma acaba sentindo-se incapacitado ou sem recursossuficientes para atrair o interesse de outras pessoas, para desenvolver relaçãocom outros, confirmando assim a imagem desvalorizada do idoso criada pelasociedade (TEIXEIRA, 1998).

3 .3 Ser Idoso: Satisfação, Experiência e preconceitos no seu cotidiano

De acordo com Mendes et. al. (2005), o envelhecimento pode serentendido como integrante e fundamental na vida de todo e qualquer individuo,sendo que nessa parte existem experiências particulares adquiridas ao longoda vida, umas possuem maior complexidade que outras, fazendo parte daformação do idoso. Pressões psicológicas e tensões sociais impostas pelocotidiano podem apressar e favorecer as deteriorações associadas aoenvelhecimento.

A busca pela longevidade, de viver mais e usufruir do estado de bemestar, saúde é um dos principais objetivos traçados por toda a humanidade.Porém essa afirmativa se contrasta com o modo como a sociedade trata umancião, um indivíduo que deveria ser visto como um vitorioso, já que esse

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alcançou a tão sonhada longevidade. O que se observa atualmente, é exatamenteo contrário, os indivíduos mais jovens desprezam os idosos, em muitos casosos tratam como seres inúteis (MINAYO, 2005).

No entanto, os idosos possuem experiências e saberes que só podemser adquiridos com o passar dos anos, ao longo de sua existência, conhecimentosque só eles com sua formação de vida possuem.

Nessa categoria é possível verificar esta afirmativa, onde os idososafirmam o quanto são estigmatizados e desrespeitados pelo simples fato deserem pessoas que alcançaram a terceira idade.

[...] uma vez eu estava dentro do ônibus, e só tinha uma cadeiravazia, do meu lado, quando uma mulher viu que só tinha uma cadeiravazia, olhou pra mim com cara de nojo e preferiu ficar em pé [...](Rosa)

[...] com certeza existe demais, é o que mais existe hoje é o preconceito[...] os jovens pensam que nunca vão ficar velho um dia. (Jasmim)

Entretanto, em outros idosos, foi possível verificar a satisfação de estávivendo esta fase da vida e mostram que não se consideram velhos inúteis, massim pessoas experientes, vividas. Isso fica explícito ao observar os depoimentosde alguns idosos.

Velha eu? Tenho sim algumas décadas de vida, de experiência, dealegrias, de conhecimentos, de trabalho, de muito trabalho [...](Margarida).

Eu não! Me considero uma pessoa vivida. (Azaléia)

Sou uma pessoa velha porque já tenho 72 anos [...] mas não souuma doente, uma pessoa sem serventia [...] dou conta de fazer tudodentro de casa. (Violeta)

O envelhecimento ativo é desafiador tornando-se uma grande conquista.É indispensável que cada indivíduo tenha respeito pelo próximo, sobretudoquando se tratar de um idoso, independente da classe social, cor, raça e sexo.São pessoas dotados de saberes, ensinamentos e conhecimentos acerca davida, também representam o passado, trazem consigo uma história de vida, epoderão contribuir para o desenvolvimento da sua família.

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A valorização do ancião é fundamental para contribuir para o seu bemestar e para promover sua saúde. É necessário respeitar o processo deenvelhecimento tal como ele ocorre, em sua forma natural e com as limitaçõesque são impostas por este fenômeno, bem como seus processos adaptativos. Éimprescindível o estabelecimento de estratégias que auxiliem na manutenção daautonomia do idoso e assegure seus direitos (SILVA et. al., 2008).

E é nessa fase que a família exerce um papel de fundamental importânciana vida de um idoso, fortalecendo as relações intrafamiliares, proporcionandouma vida saudável, conforto e bem-estar para o idoso. Em alguns casos, afamília não entende e tampouco aceita as mudanças ocorridas na velhice,dificultando o relacionamento familiar, e com isso trazem danos para a vida doidoso, tornando essa fase da vida ainda mais difícil.

Os idosos devem ser tratados com todo respeito, pois eles conquistaramo que todos sonham a longevidade, e isso deve ser encarado como um triunfo,uma vitória, uma glória. Portanto, são dignos da admiração de toda a sociedade.

4 CONCLUSÃO

Verificou-se que os tipos de violência mais comuns contra o idoso são oabuso físico, psicológico e patrimonial e que não se restringe no ambiente familiar.São também vítimas de abusos e maustratos em ambientes públicos e privados.

A compreensão da questão violência ainda é limitada no que se refere àpunição do agressor. Neste sentido surge a necessidade de levar maisinformações a pessoa idosa para que possa viver com mais dignidade.

É também importante esclarecer e sensibilizar a sociedade, principalmenteos jovens, sobre os diretos dos idosos e processo de envelhecimento asmudanças que ocorrem com esse fenômeno, limitações e as necessidades quesurgem na velhice, bem com os cuidados que os idosos precisam nessa fase davida. É necessário também a realização de mais estudos sobre a violência aoidoso.

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_____________________1 Acadêmica do Curso de Enfermagem da FACID.Conj. Velho Monge Q.B C. 312, Sacy.CEP. 64.000-000. Teresina-PI.Email: [email protected] Professora do Curso de Enfermagem da FACID.

PREVENÇÃO DO CÂNCER DE PÊNIS: PERCEPÇÃO DECLIENTES ATENDIDOS POR UMA UNIDADE DE SAÚDE DA

FAMÍLIA EM TERESINA-PI

PREVENTION OF PENIS CANCER: THE VIEWS OF CLIENTSSEEN IN A FAMILY HEALTH UNIT IN TERESINA-PI

Suelma Vieira Rocha1

Edna Rodrigues Bezerra2

RESUMO

O câncer de pênis é uma doença caracterizada pelo crescimento anormal dascélulas. Ocorre principalmente na glande peniana, estando frequentementeassociado à deficiência na higiene pessoal, à presença de fimose, à baixa condiçãosocioeconômica e, ainda, possui uma relação com o HPV. A pesquisa de naturezadescritiva com abordagem qualitativa teve como objetivo conhecer os principaisfatores que levam ao desconhecimento dos clientes de como prevenir o câncerde pênis em uma comunidade que possui atendimento por uma Unidade deSaúde da Família em Teresina-PI, assim como identificar os principais fatoresque contribuem para o surgimento do câncer de pênis na percepção dos mesmose avaliar o grau de informação que possuem, com relação aos fatores quecontribuem para a prevenção da patologia citada. A pesquisa teve comoinstrumento metodológico entrevista semi-estruturada. As perguntas foramgravadas e depois transcritas na íntegra, obtendo-se uma amostra de 14 homensde acordo com o critério de inclusão. Após análise das entrevistas, definiram-seas seguintes categorias: Desconhecimento dos fatores de risco do câncer depênis; Educação continuada na prevenção do câncer de pênis; Tabus acerca doassunto. Mediante os depoimentos expressos, pôde-se dizer que a carência deinformação, voltada para o tema discutido entre os entrevistados, apresentouuma prevalência merecedora de uma atenção especial pelos profissionais daárea. Conclui-se que o grupo participante do estimbo apresentou fatores derisco para contrair um câncer de pênis.

Palavras-chave: Câncer de Pênis. Educação Continuada. Prevenção.

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ABSTRACT

The penis cancer is a disease characterized by abnormal growth of the cells.This happens mainly in the pinion acorn. It is often associated with poor personalhygiene, phimosis, a poor social economic condition and still a relation withHPV. It is a descriptive research with a qualitative approach which aimed atknowing the main factors that lead to the client’s ignorance on the preventionof penis cancer in a community seen at a Family Health Unit in Teresina-PI,identifying the main factors that contribute to the emergence of this pathology onthe patients’ view and evaluating their knowledge regarding the factors thatcontribute to the pathology prevention. It used a semi-structured interview, whosequestions were recorded and after transcribed in full to analyze the results. Sampleswere composed of 14 men according to the inclusion criteria. After analyzingthe interviews the following categories were defined: lack of knowledge on thepenis cancer risk factors; continuous education on the penis cancer prevention;taboos about this subject. From the interview, it can be said the lack of informationregarding the theme is significant which requires a special attention by healthprofessionals. It can be concluded the group who took part of the study showedrisk factors to penis cancer.

Keywords: Penis cancer. Continuous education. Prevention.

1 INTRODUÇÃO

O câncer é uma doença caracterizada pelo crescimento anormal dascélulas, também entendido como “neoplasia maligna”. O câncer de pênis aparecesobre a pele do pênis como uma úlcera ou crescimento verrugoso indolor. Omesmo envolve a glande, o sulco coronal sob o prepúcio, a uretra e os linfonodosregionais ou à distância (SMELTZER; BARE, 2005).

Esta patologia acomete principalmente homens mais velhos, geralmenteentre a quarta e sexta década de vida. O seu risco, segundo estudos já realizados,é algo em torno de 1 para 600 ou 1300 homens, mas esta taxa é variável deacordo com a região, pois este tipo de câncer se associa com a situaçãosocioeconômica da população, o que envolve hábitos de higiene ecomportamento sexual de risco (BOA SAÚDE,2005).

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Para realização desta pesquisa delineou-se os seguintes objetivos:Conhecer os principais fatores que levam ao desconhecimento dos clientes emuma Unidade de Saúde da Família em Teresina-PI, de como prevenir o câncerde pênis, buscando identificar junto aos participantes da pesquisa, os principaisfatores que contribuem para o surgimento do câncer de pênis nas suas percepçõese avaliar o grau de informações, com relação aos fatores contribuintes para aprevenção desta patologia. Os objetivos foram elaborados com embasamentona temática questionada, ou seja, qual a percepção de clientes assistidos poruma Equipe Saúde da Família sobre a prevenção do câncer de pênis?

O interesse por esta temática surgiu a partir de uma motivação individualda pesquisadora em conhecer e avaliar a percepção dos clientes sobre aprevenção do câncer de pênis em uma Unidade de Saúde da Família em Teresina-PI, como também pelo fato de ser um assunto pouco discutido no meiopopulacional, contribuindo, então, para uma incidência maior do câncer de pênis.

Esta pesquisa trata de um tema relevante, devido às informações queforam repassadas aos sujeitos entrevistados, sobre os principais fatores quecontribuem para o desenvolvimento desta doença, como também informá-lossobre a importância da atribuição dos hábitos preventivos. Espera-se a partirdeste estudo que os Enfermeiros, e os demais profissionais da Equipe Saúde daFamília, possam tomar conhecimento sobre a importância do desenvolvimentode ações educativas voltadas para a população masculina com a temáticaproposta.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Câncer

O câncer é um processo patológico que começa quando uma célulaanormal é transformada por uma mutação genética do DNA celular. Essa célulaanormal forma um clone e começa a se proliferar de maneira anormal, ignorandoos sinais de regulação do crescimento no ambiente que circunda a célula. Ascélulas adquirem características invasivas, e a alteração tem lugar nos tecidoscircunvizinhos. Elas infiltram esses tecidos e ganham acesso aos vasos linfáticose sanguíneos, que as transportam até outras áreas do corpo. Esse fenômeno échamado de metástase (SMELTZER; BARE, 2005).

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2.2 Câncer de Pênis

O câncer de pênis é raro e ocorre geralmente em homens com fimose eque não foram circuncidados. Acredita-se que a irritação crônica causada nopênis acarreta uma lesão cutânea pré-cancerosa, a qual acaba sofrendoalterações malignas. Quando uma lesão persiste por um determinado tempo,esta pode se tornar infectada, então é de interesse do próprio paciente procurarum médico para uma avaliação (TIMBY; SMITH, 2005).

Pompeo et al (2007) relataram que o carcinoma epidermóide do pênis(CEP) constitui neoplasia rara em países desenvolvidos, contrariamente ao queocorre em regiões de baixo padrão socioeconômico. No Brasil, as regiões Nortee Nordeste representavam, na década de 1980, 16% dos tumores malignos emhomem adultos e era a terceira neoplasia mais frequente do trato geniturinário,superada pelas neoplasias da bexiga e da próstata.

2.2.1 Epidemiologia

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer-INCA (2008), no Brasilo tumor representa 2% de todos os casos de câncer no homem, sendo maisfrequente nas regiões Norte e Nordeste do que nas regiões Sul e Sudeste.

Em geral, a doença responde por poucos casos de câncer nos homens.No entanto, torna-se muito grave porque atinge a camada da população debaixo nível econômico, que convive com a miséria e com a falta de informaçãosobre o assunto. Os estados com maior concentração de casos de câncer depênis no Brasil são Maranhão, Ceará, Pernambuco, Bahia e Pará (VINHAL,2007).

O Brasil é um dos líderes mundiais na incidência de câncer de pênis,depois da Índia e da África. Na Índia, a incidência é de 3,32 casos para 100 milhabitantes. A menor incidência é encontrada entre os judeus nascidos em Israel,próxima a zero, devido à realização da circuncisão neonatal. Esta cirurgia feitana criança reduz em quatro vezes a chance de o indivíduo contrair esta doença(GANDRA, 2008).

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2.2.2 Manifestações clínicas

A manifestação clínica mais comum do câncer de pênis é caracterizadapor uma ferida ou úlcera persistente ou ainda por uma tumoração localizada naglande, prepúcio ou corpo do pênis. A presença de uma destas manifestações,associada à presença de esmegma (secreção esbranquiçada) pode ser um sinalde câncer de pênis. Nesse caso, o paciente deve, então, procurar um especialista(INCA, 2008).

As lesões são tipicamente indolores e com frequência infectadassecundariamente. Também podem apresentar prurido ou queimação da glande,sob o prepúcio, que pode progredir para ulceração. A infecção crônica dopênis pode resultar em fadiga, perda de peso e mal-estar geral (GOVIDAN,2004).

2.2.4 Fatores de risco

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer-INCA (2008), existeminúmeros fatores de risco, tais como a prática sexual com diferentes parceirossem o uso de camisinha, a falta de higiene, lesões penianas crônicas, a infecçãopelo papilomavírus humano (HPV), a fimose, a baixa condição socioeconômica,e a ausência de educação preventiva nas comunidades.

2.2.5 Relação com fimose e circuncisão

A fimose ocorre quando a pele do prepúcio é muito estreita ou poucoelástica, o que impede a exposição da glande , dificultando assim uma limpezaadequada (ABC DA SAÚDE, 2001).

A circuncisão é uma cirurgia comum entre os Judeus, por motivo religiosoe cultural e que evita a formação de esmegma, que precisa ser removidodiariamente, pois ela é irritativo para o homem (BOA SAÚDE, 2005).

2.2.6 Relação com HPV

Estudos vêm demonstrando que o papilomavírus humano (HPV) temum papel importante no desenvolvimento de células cancerosas. O HPV é

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sexualmente transmissível e está presente em 30% dos casos de câncer depênis (ABC DA SAÚDE, 2001).

2.2.7 Fatores que ajudam a prevenir o câncer de pênis

Tomaz (2007) relatou alguns fatores que ajudam a prevenir o câncer depênis como: Limpeza diária com água e sabão e sempre após as relaçõessexuais ou masturbação; Ensinar o menino desde cedo, como deve ser feita alimpeza do pênis; Realizar o auto-exame mensalmente; Ter um acompanhamentocom um especialista pelo menos uma vez ao ano e realizar a cirurgia de fimose,se necessário.

2.2 Educação Continuada em Saúde

A educação continuada em saúde é entendida como um processointegral, dinâmico, e participativo que se desenvolve considerando asnecessidades individuais e de equipe, mas que deve estar de acordo com oscompromissos dos profissionais frente aos planos nacionais e estratégias dosistema de saúde. Esta educação é essencial para a qualidade de assistência àsaúde prestada à população (BAGNATO; COCCO; SORDI, 1999).

Para Silveira (2008), os homens precisam ser educados para deixaremde lado a questão do preconceito, machismo e timidez. Precisam saber que aausência das informações de como prevenir o câncer de pênis poderá trazerprejuízo para a própria saúde.

2.3 Qualidade da Assistência de Enfermagem

A Resolução N-272/2002 do Conselho Federal de Enfermagem(COFEN) dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE)nas instituições de saúde brasileiras, considerando uma atividade privativa doEnfermeiro, onde são utilizados métodos e estratégias para a identificação dassituações de saúde/doença, subsidiando ações de assistência que contribui parapromoção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família ecomunidade (LIMA, 2007).

Não só o enfermeiro, mas também o médico, devem estar preparadostecnicamente, cientificamente e emocionalmente para prestarem um cuidadohumanizado, principalmente quando se trata de pacientes com déficit de

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informações, como também aos que possuem um difícil acesso ao posto desaúde, ausência de saneamento básico em suas residências e de baixa condiçãosocioeconômica, tornando-se mais vulneráveis ao câncer de pênis.

3 MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva e deabordagem qualitativo. A pesquisa foi realizada em uma comunidade, localizadano Bairro Vila Irmã Dulce, na região Sul de Teresina-PI, assistida por umaEquipe Saúde da Família. Para realização da pesquisa, optou-se por escolha,aleatória, de uma das áreas e duas micro áreas pertencentes à comunidade.

Os sujeitos da pesquisa foram 14 pessoas do sexo masculino, que seencontravam em suas residências. Atendendo aos critérios de inclusão, estespossuíam idade entre 40 e 60 anos, moravam na comunidade, eram cadastradosna Unidade de Saúde da Vila Irmã Dulce para o atendimento, e aceitaramparticipar da pesquisa.

Os participantes da pesquisa foram informados sobre o estudo,entendendo que os dados obtidos iriam ser usados apenas para fins científicos.

A coleta dos dados foi realizada no período de março e abril de 2009.A produção dos dados ocorreu em duas etapas. Inicialmente, foi realizado umavisita na Unidade de Saúde onde os participantes estão cadastrados,apresentando a autorização da Fundação Municipal de Saúde e aprovação doCEP da Faculdade Integral Diferencial - FACID à diretora da instituição. Emseguida, foi realizada a escolha da área e das micro áreas, e com o auxilio deduas agentes de saúde houve a procura dos participantes por nomes, idades eendereços, para então dar início à pesquisa. O segundo momento foi o encontrocom os participantes em suas próprias residências, no período diurno, sendoque, quando o mesmo não se encontrava, era agendando com o familiar presenteno momento para o dia seguinte.

A pesquisa foi realizada através de uma entrevista semi-estruturada, comperguntas abertas e fechadas. Os discursos foram registrados em um gravadorda Sony, e, em seguida, transcritos na íntegra, para melhor obtenção dos dados.Os dados coletados foram agrupados em categorias para posterior a análise einterpretação dos depoimentos.

Este estudo respeitou os aspectos éticos da pesquisa, obedecendo,primeiramente, à resolução 196/96 do Conselho de Saúde, que regulamentapesquisas envolvendo seres humanos. A mesma foi aprovada pela Fundação

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Municipal de Saúde, sendo autorizada através de um Termo de ConsentimentoInstitucional (TCI), como também pelo CEP da FACID, através do protocolo¹ 597, onde foi concebido um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).Este foi entregue aos participantes no ato da entrevista, sendo assinado pelosmesmos, garantido-lhes o anonimato e o sigilo dos seus depoimentos.

Trata-se de uma pesquisa com riscos mínimos aos entrevistados, quetiveram a liberdade de escolher entre participar ou desistir em qualquer fase dapesquisa, tendo sido informados de que não receberiam remuneração pelasinformações concedidas.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Caracterização dos Sujeitos

Após as entrevistas realizadas com 14 homens que recebiam atendimentona Unidade de Saúde da Vila Irmã Dulce, identificados por nomes de sentimentospara garantir seu anonimato, pôde-se observar que houve a saturação dasrespostas. Durante o questionamento, alguns ficaram meio tímidos, inseguros enervosos, apresentando um pouco de dificuldade para responder as perguntas.Outros mostraram interesse pelo assunto, respondendo com segurança o quesabiam, e sem receio de confessar a ausência do conhecimento em certasinterrogações. Dentre os entrevistados, apenas dois possuíam uma condiçãosocioeconômica satisfatória, habitando em residências com serviço de saneamentobásico adequado.

4.2 Categorias Analíticas

Através das falas dos participantes, originaram-se três categorias, a saber:a. desconhecimento dos fatores de risco do câncer de pênis;b. educação continuada na prevenção do câncer de pênis;c. tabus acerca do assunto.

4.2.1 Desconhecimento dos fatores de risco

No percurso da conversa com os participantes através das entrevistas,observou-se que o desconhecimento com relação aos fatores de risco para oacometimento do câncer de pênis possui um valor que merece uma atenção

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especial dos profissionais de saúde. Ficou evidente que poucos souberaminformar estes fatores, e outros possuíam total desconhecimento.

Não , não sei, quer dizer né... é que ainda eu não procurei um médicopara falar sobre isso (Carinho).

Não, não conheço, não faço a mínima idéia (Respeito)

Quando se analisa os depoimentos acima, observa-se que ambos nãopossuem nenhum conhecimento relacionado aos fatores de risco do câncer depênis. São totalmente desinformados, dando a entender que a Equipe Saúde daFamília precisa se preocupar mais em desenvolver atividades educativasrelacionadas ao tema, voltadas para esta classe de pessoas que merecem umcuidado especial, já que se enquadram em um grupo de risco, devido a ausênciado conhecimento.

A educação em saúde é um dos fatores preventivos fundamentais paraser aplicada nas comunidades em reuniões, instituições de saúde, escolas, igrejas,centros recreativos, entre outros.

[...] É uma pessoa não se prevenir, não se assear direito e nem tomarbanho depois da relação, tem que lavar direitinho não e? (Paixão).

Acho que um dos fatores que mais causa o câncer de pênis, é afimose, né? que é devido o sedimento, que a pessoa não trata, e elevai se alterando até chegar gerar um câncer de pênis ( Amor ).

Contudo, nestas falas, observou-se que ambos possuem um pouco deinformação sobre o assunto. Paixão soube informar apenas dois fatores, enquantoAmor citou somente um deles. Ressaltando que o segundo só soube falar sobrea fimose por já ter passado por um processo cirúrgico desta patologia. Percebe-se, então, que há uma carência de conhecimento da população atendida, quandose volta para o assunto estudado.

Bom, acho que é a bebida, o fumo, e o sol quente demais não é?(Solidariedade)

[...] Não, não... Há sei, é o sol não é ? O resto não sei maisnão.(Saudade)

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As informações dos entrevistados acima, deixam explicita a falta deconhecimento sobre o assunto,os mesmos fazem citações de fatores quecontribuem para outras doenças diferentes do câncer de pênis. Isto demonstraa urgente necessidade de que sejam planejadas e implantadas nas Unidades deSaúde novas estratégias de educação, tais como palestras, atividades educativas,grupos de discussão e diálogo com o paciente no momento da consulta.

De acordo com os dados do Instituto Nacional do Câncer (2008), osfatores de risco para o câncer de pênis incluem a ausência da higienizaçãoindividual, a falta do uso de preservativos durante o ato sexual para aqueles quepossuem diversas parceiras, a infecção pelo papilomavirus humano (HPV), afimose, em casos de lesões penianas crônicas, como também uma baixa condiçãosocioeconômica.

É responsabilidade do enfermeiro como também do médico, de tomariniciativas em desenvolver ações educativas para a população assistida, poisesta, para se manter informada dos fatores de risco à saúde e dos fatorespreventivos a doenças, necessitam de um profissional da equipe que repassetodas as informações necessárias para o bom equilíbrio da saúde.

4.2.2 Educação continuada na prevenção do câncer de pênis

Nesta categoria identificou-se que a educação continuada por parte dosprofissionais da Equipe Saúde da Família foi manifestada de forma insatisfatória,pois diante das falas gravadas, a ausência de informações a esse grupo possuiuma prevalência inadmissível, sabendo que é parcialmente uma responsabilidadeda Equipe Saúde da Família em estar levando todas as informações necessáriasà população atendida.

No decorrer dos depoimentos, identificou-se que a preocupação dosprofissionais de saúde está voltada mais para a hipertensão e diabetes e entregade medicamentos das patologias citadas anteriormente, esquecendo de fatoresmuito importantes para a saúde desses clientes, que é no caso, questõeseducativas voltadas para a prevenção de certos agravos, como por exemplo, ocâncer de pênis.

A atenção de enfermagem não consiste somente em ministrar cuidadosao doente, mas também se estende às pessoas carentes de orientação e deintervenção direta na prevenção de doenças (LILIANA; FELCHER; DANIEL,1981).

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Com o questionamento aos participantes sobre a participação dosprofissionais da Equipe Saúde da Família na informação do que pode causar ocâncer de pênis, obteve-se as seguintes respostas:

Até agora não, logo o meu tempo é muito corrido, corro para cima epara baixo, eu só apareço no posto quando é para medir a pressão epegar os medicamentos, mas nunca ninguém me informou nada arespeito disso não, nunca participei de nenhuma palestra que falavasobre isso, só de outras doenças como a pressão alta e diabetes, enem quando eles vêm aqui não passam nada de informação não(Amizade).

Não,ninguém me passou esses tipos de informações, não tenhoreconhecimento nenhum ( Bondade ).

Observa-se que os entrevistados se justificam na questão do tempo,pelo fato de trabalharem o dia inteiro, mas que mesmo assim, durante as ocasiõesem que assistiram reuniões, as informações repassadas a eles eram sobrehipertensão e diabetes. Ambos nunca participaram de uma palestra educativavoltada para a prevenção do câncer de pênis, deixando entender que há umaausência de atividades educativas voltadas para a prevenção do câncer de pênis,tornando-os leigos de a um assunto de tal importância para a saúde dos mesmos.

Os problemas educacionais (não saber, não saber como, porque e paraque fazer) são considerados e solucionados de forma separada, através datransmissão das informações. Os problemas em uma comunidade devem seridentificados e analisados, para que então a equipe de saúde possa fazer umplanejamento, se organizar e desenvolver ações em busca de solucionar osproblemas encontrados na população atendida (BAGNATO; COCCO; SORDI,1999).

A informação que eu tive foi na época que fiz uma cirurgia de fimose,mas de lá pra cá, nunca mais tive nenhuma informação. Quem mefalou o que causa esta doença foi o médico que fez a minha cirurgia,e isso foi em 85, mas aqui mesmo na Vila Irmã Dulce o povo nãopassa nenhuma informação sobre este assunto, e eu acho que aquideveria ter, porque tem muita gente desinformada, sem nenhumconhecimento (Amor).

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Já neste depoimento se analisa que a informação que ele possui foiadquirida por um médico de outra instituição, e que ele só foi informado pelofato de ter se submetido a uma cirurgia de fimose, sabendo então que foi ummédico especialista, mas se queixa por não existir nenhum meio de informaçãosobre o assunto na comunidade de que faz parte. Percebe-se que a educaçãocontinuada faz falta neste meio, e por esta ausência é que existem muitos homensleigos quando se trata dessa patologia. Dentre os 14 entrevistados apenas umrecebeu informações sobre a patologia, por algum profissional de saúde, e pormotivos justificáveis.

Os depoimentos a seguir revelam que a ausência do conhecimento decomo prevenir esta doença é bem considerável. Dos 14 entrevistados, novenão souberam informar.

[...] Se eu falar que sei, eu estou mentindo, por isso eu não sei não(Vida).

Olha,eu não sei informar para você não, não tenho este conhecimentonão (Compaixão).

Estes foram apenas alguns que demonstraram a ausência doconhecimento, sendo que os outros responderam basicamente com as mesmaspalavras.

Se a equipe multiprofissional tivesse um olhar holístico, e introduzisseações que promovessem a educação à saúde e estratégias de aconselhamentoaos homens com relação ao autocuidado, certamente esta população se tornariabem informada tanto dos fatores desencadeadores, como dos fatores preventivosda patologia questionada. O que eles precisam é de uma verdadeira educaçãocontinuada, para torná-los mais protegidos dos possíveis riscos à saúde.

Já os depoimentos dos entrevistados a seguir relataram poucasinformações, mas que são de fundamental importância para a prevenção dadoença.

[...] Deve usar camisinha, evitar as doenças (União).

Rapaz, em primeiro lugar tem que fazer a cirurgia da fimose, se apessoa tiver esse problema e também tem que usar o preservativopara não adquirir algum infecção ( Amor).

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O que se observa é que esses homens ainda precisam conhecer muitomais sobre os fatores preventivos, e ainda precisam de uma boa educação paraestarem mais informados, pois um dos principais fatores não foi citado, que éuma higienização adequada. Essa é uma questão que deve ser revista pela equipede saúde, e com o apoio da Fundação Municipal de Saúde, para juntosdesenvolverem uma estratégia de educação continuada a esta população alvo,a qual apresenta tal desinformação.

Para Tomaz (2007), o caminho a seguir para prevenir o câncer de pênisé adaptar-se a hábitos fáceis de serem realizados, como: consultar-se com umespecialista anualmente, ter consciência de realizar o auto-exame mensalmente,possuir uma boa higienização, devendo lavar-se com água e sabão sempre apósas relações sexuais ou masturbação, realizar a cirurgia da fimose quandonecessário, ensinar a criança como deve ser feito a limpeza do pênis.

De acordo com o ABC da Saúde (2001), o papilomavírus humanopossui um papel importante no desenvolvimento de células cancerosas, a mesmaestá presente em muitos casos de câncer de pênis. É uma doença que é prevenidaatravés do uso de preservativos, então é outro fator importante para prevenirtanto doenças sexualmente transmissíveis, como um possível câncer de pênis apartir do HPV. Pompeu et al (2007) descreveram ainda que após constatada apresença da infecção por HPV, o desenvolvimento do câncer de pênis erelativamente rápido.

4.2.3 Tabus acerca do assunto

Durante as entrevistas, observa-se que ainda existe a preservação damasculinidade. Os homens procuram resguardar-se de determinados assuntos,por este motivo há uma restrição relevante da população masculina em buscarinformações voltadas ao tema discutido.

[...] Não, não entendo dessas coisas não (Respeito).

[...] Olha eu tô sem conhecimento para isso aí (Esperança).

O que se percebe é que em todas as falas eles pronunciam palavrascomo: “coisas”, “disso”, “isso aí”, levando a interpretar a preferência para nãocitar as palavras câncer de pênis, talvez por timidez, vergonha, tabus,

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preconceitos e até mesmo por uma questão de preservação da masculinidade,principalmente por eles serem de idade mais avançada.

Vivemos em um mundo globalizado, então temos que enquadrar essaspessoas de acordo com a nova realidade do mundo. Todos precisam estar beminformados sobre as patologias que afetam a masculinidade, é melhor saberprevenir e evitar um futuro câncer de pênis que ser acometido pelo mesmo e serpreciso passar por um processo cirúrgico e até mesmo por uma possívelamputação total do órgão peniano, que afetaria não só a masculinidade, mascomo também o psicológico do paciente.

O enfermeiro como educador juntamente com os outros membros daEquipe Saúde da Família têm que quebrar esse silêncio, preconceito e venceros tabus existentes na população.

Para Freud (1996), o significado de “tabu” diverge em dois sentidoscontrários. Por um lado, “sagrado”, “consagrado”, e, por outro lado,“misterioso”, “perigoso”, “proibido”,”impuro”. Assim, “tabu” traz em si um sentidode algo inabordável, sendo principalmente expresso em proibições e restrições.

Silveira (2008) decreve que o preconceito aliado ao machismo, a faltade informação e a timidez são apontados como responsáveis pelo crescimentode casos de câncer entre os homens no Brasil, entre eles o câncer de pênis,próstata, testículo e bexiga.

O Ministério da Saúde apresenta uma das prioridades desse governo, aPolítica Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, desenvolvida emparceria entre gestores do Sistema Único de Saúde, sociedades científicas,sociedade civil organizada, pesquisadores acadêmicos e agências de cooperaçãointernacional. Nesse sentido, a política traduz um longo anseio da sociedade aoreconhecer que os agravos do sexo masculino constituem verdadeiros problemasde saúde pública (BRASIL,2008).

Contudo, o câncer de pênis é um assunto pouco divulgado, mas queprecisa de uma atenção especial, e necessita de um melhor planejamento edesenvolvimento de ações que possam barrar esta patologia.

5 CONCLUSÃO

Considera-se que esta pesquisa foi de grande valor, possibilitandoconhecer os principais fatores que levam ao desconhecimento dos clientes decomo prevenir o câncer de pênis em uma comunidade que possui atendimento

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por uma Unidade de Saúde em Teresina-PI. Tendo os dados como chave paraum futuro planejamento das Equipes Saúde da Família, objetivando a implantaçãode estratégias de atividades educativas para os clientes atendidos.

Com base nos dados da pesquisa realizada, pôde-se concluir que osobjetivos expostos foram alcançados. Através das falas dos entrevistados,observou-se que a educação continuada por parte dos profissionais da EquipeSaúde da Família da comunidade focal, voltada para a prevenção do câncer depênis possui uma carência bem relevante, tornando a população alvo com certaausência de conhecimento dos fatores preventivos do câncer de pênis.

Como também a pesquisa mostrou que a maioria dos questionadospouco soube informar os fatores que desencadeiam um câncer de pênis, e muitomenos os fatores preventivos. Pode-se então, concluir que este grupo possuiriscos para um possível desenvolvimento do câncer de pênis.

O Enfermeiro possui o papel de educador, com tal requisito, tem aresponsabilidade de preparar os agentes de saúde e técnicos de enfermagempara desenvolverem atividades educativas voltadas para a prevenção do câncerde pênis nas comunidades carentes de informações necessárias para que oshomens possam se prevenir contra doenças que podem ser evitadas através dehábitos fáceis a serem realizados, como uma higienização do órgão genitaladequada, utilização de preservativos quando preciso, realização de circuncisãoquando necessário, consultar-se anualmente com o urologista, realizar o autoexame frequentemente.

Contudo, promover educação em saúde e mobilização comunitária nascomunidades é fundamental para a promoção da saúde e prevenção de doenças,sendo que, é necessária também a participação e contribuição individual nainserção dos hábitos adequados que foram citados acima, para se ter uma melhorqualidade de vida, pois os problemas não serão resolvidos se não houverparticipação em ambas as partes.

REFERÊNCIAS

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CONTROLE EFETIVO DO COMPORTAMENTO DE CRIANÇASPORTADORAS DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE

SOB O OLHAR DA FAMÍLIA

FAMILY’S VIEW ON THE EFFECTIVE CONTROL OF THEBEHAVIOR OF CHILDREN WHO ARE CARRIERS OFATTENTION DEFICIT DISORDER/HYPERACTIVITY

Tatiana dos Santos Souza¹José Pereira Leal²

RESUMO

O Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é uma patologiacaracterizada por desatenção, hiperatividade e impulsividade, com maiorprevalência na infância e pode implicar dificuldades no funcionamento conjugaldos pais das crianças afetadas. Objetivou-se identificar os comportamentos decrianças portadoras de TDAH e analisar as estratégias utilizadas pelas famíliasno controle do comportamento de crianças portadoras de TDAH. Optou-sepor uma pesquisa de caráter descritivo, com abordagem qualitativa. O instrumentode coleta de dados foi a entrevista semi-estruturada, após assinarem o Termode Consentimento Livre e Esclarecido. Três familiares, na faixa etária entre 25 e52 anos, responderam às indagações: Que comportamentos seu filho(a) temcom maior frequência e como você lida com as mudanças comportamentaisfrequentes de seu filho. Após análise dos dados, emergiram três categorias:Comportamentos evidenciados nos portadores de TDAH, O lidar com oportador de TDAH e o Contexto familiar frente aos comportamentos do filho.Observou-se que a falta de atenção, impulsividade e inquietação são oscomportamentos mais frequentes dos portadores de TDAH revelados pelosfamiliares. Diante disso, muitas famílias tentam lidar com esses comportamentosprocurando ajuda psicológica para os filhos, bem como sentem dificuldadesfrente à vida social, nos relacionamentos pessoais e na escola. Algumas sentempreocupação quanto à expectativa que criam no filho, procurando lidar compaciência, amor e compreensão. Percebeu-se que a maneira de lidar com o______________________________¹ Enfermeira da ESF de Pedro II – PI. Rua Avelino Lopes, 420, Centro, Piripiri - PI, CEP:64260-000, Cel. (86) 9426 5088,Email: [email protected]² Cirurgião Dentista, Enfermeiro do Hospital de Urgência Zenon Rocha, Professor de Enfermagem da FACID, Especialistaem PSF. Rua Ricardo Pearce Brito, 4882, Aptº104, Ed. Escócia, Morada do Sol, Teresina – PI, CEP: 64520-355, Cel (86)9422-5960, E mail: [email protected].

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diferente, com as dificuldades que existem, algumas famílias necessitam de umesclarecimento correto quanto à verdadeira natureza do transtorno, evitandoassim, o aumento de conflitos.

Palavras-chave: TDAH . Comportamento. Família

ABSTRACT

Attention deficit disorder/hyperactivity (ADDH) is a pathology characterizedby lack of attention, hyperactivity and impulsiveness. It is prevalent in childhoodand can bring about difficulties in the relationship of affected children’s parents.This study aimed at identifying the behavior of children who are ADDH carriersand analyzing what strategies are used by those children’s family to control theirbehavior. It is a descriptive research with a qualitative approach. The data werecollected through a semi-structured interview after the subjects had signed aterm of free and informed consent. Three members of a family, at the age group25 to 52, answered the questions: what kind of behavior does your child havefrequently and how do you deal with your child’s frequent behavioral changes?After analyzing the data, it emerged three categories: aired behavior in AADHcarriers; dealing with AADH carriers and family’s behavior before the carrier. Itwas noticed that the lack of attention, impulsiveness and anxiety are the mostfrequent behaviors observed by parents in AADH carriers. Taking that intoaccount, a lot of families try to struggle against the problem through psychologicalhelp for their children. They also have difficulties before social life, personal andschool relationships. Some families have concern on the expectation they put ontheir child, although they try to be patient, tender and understanding. It wasnoticed that to deal with the difficulties in different situations some families needa correct understanding on the disorder to avoid increased conflicts.

Keywords: ADDH. Behavior. Family.

1 INTRODUÇÃO

Segundo Rosa (2003), o Transtorno Mental gera tensão no meio familiar,identificando a desinformação que existe. Conforme Goffman (1992), há umatrajetória da família com o enfermo, que se inicia com grandes investimentos

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emocionais e econômicos os quais se alteram no decorrer do despreparo dafamília em lidar com o contexto da doença em si.

A assistência de Enfermagem em Saúde Mental tem se renovado desdea reforma psiquiátrica, em que o enfermeiro vem assumindo um novo papel,podendo assim, ser melhor compreendido, partindo de uma prática de assistênciamais humanizada a um efetivo relacionamento terapêutico com o cliente e afamília.

Os portadores de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade(TDAH) têm dificuldade em prestar atenção e aprender. Como são incapazesde absorver estímulos, são facilmente distraídos. Podem falar muito, alto demaise em momentos inoportunos. Estão sempre em movimento e fazendo algo e,são incapazes de ficar quietos. Essas crianças também tendem a ser carinhosas,precisam de tranquilização e muita atenção. Por isso é importante para os paisperceberem que elas entendem as regras, as instruções que lhes são dadas, mastêm dificuldade em obedecer a elas. Esses comportamentos são acidentais enão propositais. É de fundamental importância equipes multidisciplinares,desempenhando seu papel nos espaços em que existem esses casos, em especialo enfermeiro, pois tem como papel primordial orientar e cuidar.

Sendo assim, o estudo compreendeu as estratégias utilizadas pelas famíliasno controle do comportamento de crianças portadoras de TDAH, norteadopor algumas questões que se propuseram neste trabalho, que teve como objetivos:Identificar os comportamentos de crianças portadoras de TDAH e Analisar asestratégias utilizadas pelas famílias no controle do comportamento de criançasportadoras de TDAH.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Conceito de Transtorno de Déficit de Atenção /Hiperatividade -TDAH

Segundo Barkley (2002), o TDAH é uma patologia que envolve odesenvolvimento do autocontrole, sendo marcado por déficits referentes aosperíodos de atenção, manejo dos impulsos e nível de atividade.

Para Milicic, Condemarim, Gorostegui, (2006) é freqüente escutar paise educadores referindo-se a seus filhos e alunos com TDAH não só comoinquietos e distraídos, mas as queixas de adultos referem-se geralmente aos queestão em contínuo movimento, como um motorzinho que funciona sem parar;

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sempre falando sem parar, perdendo seu aproveitamento escolar, tolerandomal as frustrações, sendo agressivos impulsivos e enfim, não respeitando normase desafiando os limites.

Forster e Fernadez (2003) propõem uma definição que aborda váriasperspectivas teóricas, para que se entenda e descreva o transtorno, tais como:neurológico, psicológico, psicopedagógico e escolar. Definindo, assim, o TDAHcomo um transtorno de conduta crônica com um substrato biológico muitoimportante, mas não como uma única causa, com uma grande base genética, eformada por um grupo heterogêneo de crianças. Incluindo crianças comInteligência normal, que apresentam dificuldades significativas para adequar seucomportamento e/ ou aprendizagem à norma esperada para sua idade.

O TDAH é um transtorno e um problema real e, frequentemente, umobstáculo real. Ele pode ser um desgosto e uma irritação (BARKLEY, 2002).

2.2 Causas do TDAH

De acordo com Milicic, Condemarim, Gorostegui, (2006) chama atençãoa enorme quantidade etiológica que aborda a literatura, sendo que nenhumatem uma causa precisa sobre o caso, como causas genéticas, familiares, culturais,traumáticas, nutricionais, infecciosas, tóxicas e perinatais.

Apesar do grande número de estudos já realizados, não se temprecisamente as causas do TDAH. Fatores etiológicos foram propostos paraesse transtorno e cada um deles é capaz de levar à mesma apresentaçãocomportamental. Os principais fatores implicados na etiologia do TDAH sãode natureza genética, biológica e psicossocial. Assim, o diagnóstico éessencialmente clínico, baseado em critérios claros e bem definidos (FONTANA,et al., 2007).

Merecem atenção algumas substâncias ingeridas durante a gravidez,parecendo existir uma clara relação entre nicotina e álcool ingeridos durante agravidez e alterações em partes específicas do cérebro do bebê, sobretudo naregião pré-frontal. Também traumatismos durante o parto, distúrbios de saúdena infância, ingestão de chumbo, este quando ingerido de forma expressiva, suaassociação ao TDAH é muito forte (ANTUNES, 2003).

Entretanto, não há dados específicos indicando que quaisquer desseselementos em separado pudessem ser o responsável final pelo transtorno.

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2.3 Características Comportamentais

As manifestações são percebidas, com maior clareza na escola e, poresse motivo, a ajuda de psicólogos, psicopedagogos, professores e profissionaisde saúde são importantes, não intervindo, é evidente, de forma clínica, massituando o problema, acompanhando o tratamento e ajudando educacionalmentea contorná-lo (ANTUNES 2003).

De acordo com Barkley (2002), vários pesquisadores, acreditam quea inibição do comportamento é o problema central para a maioria das criançasportadoras desse transtorno, bem como outras características comportamentais,como dificuldade para manter a atenção, filtrar informação como qualquer outracriança sem o TDAH, tem problema de adiar gratificação e para controlardinheiro, são muito fáceis de correr grandes riscos.

Ainda segundo Antunes (2003), busca-se uma síntese que possa ajudarcomo um todo a identificar o portador de TDAH, sendo possível afirmar queesse distúrbio costuma se manifestar por meio de cinco característicascomportamentais: Desatenção e Distração; Hiperatividade ou AtividadeExcessiva; Reações emocionais mais intensas que a de outras crianças e enormedificuldade para controlar sua ansiedade; Impulsividade; Frustração e dificuldadepara trabalhar objetivos, alcançar metas.

2.4 Prevalência e Desenvolvimento de Sintomas

Segundo Barkley (2002), um dos aspectos mais inquietantes do TDAHpara os pais é que ele evolui com o crescimento da criança. O que funcionouaos seis anos, pode não funcionar com a idade de 16. Até 80% das crianças emidade escolar com diagnóstico de TDAH continuarão a ter a doença naadolescência e, entre 30 a 65% continuarão a apresentá-la na vida adulta,dependendo de como o transtorno é definido em cada caso particular.

Dentre as diferenças que se enquadram, influem a quantidade de sintomasincluídos na definição, as combinações possíveis, a severidade da apresentaçãodo sintoma para considerá-lo dentro do quadro, dentre outros (MILICIC,CONDEMARIM, GOROSTEGUI, 2006).

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2.5 A Família e o TDAH

Sabendo do impacto que crianças com TDAH exercem sobre suasfamílias, como suas famílias agem sobre elas e como seu comportamento éconduzido pelos pais, os mesmos poderão entender não somente seus filhos,mas a si próprios e à sua família como um todo (BARKLEY, 2002).

A família pode ser um meio de proteção, contenção e apoio, mas tambémuma porta de entrada para as dificuldades. A criança com TDAH é mais vulnerávelque as outras aos efeitos negativos que o ambiente familiar pode provocar.Nesse sentido, deve-se manter uma relação familiar tranquila e acolhedora,procurando manter sempre pontos positivos do que conflitantes, assegurando-lhe uma imagem e auto-estima sempre positiva (MILICIC, CONDEMARIM,GOROSTEGUI, 2006).

O contexto familiar da criança portadora de TDAH é de sumaimportância. O vínculo familiar é muito influenciado na maneira da criança teruma melhoria mais rápida. Pais, parentes, professores, cuidadores, portadorese amigos esclarecidos sobre o funcionamento da disfunção, podem com elalidar de maneira mais favorável, ajudando a sobressair às competências queesses indivíduos também têm - muitas vezes, especiais competências - e não assuas incompetências.

2.6 Possíveis Diagnósticos e o Lidar do TDAH

O diagnóstico de TDAH pede uma avaliação ampla. Não se pode deixarde considerar e avaliar outras causas para o problema, assim, é preciso estaratentos à presença de distúrbios concomitantes (comorbidades). O aspectomais importante do processo de diagnóstico é um cuidadoso histórico clínico edesenvolvimental. A avaliação do TDAH inclui, frequentemente, um levantamentodo funcionamento intelectual, acadêmico, social e emocional. O processo dediagnóstico deve incluir dados recolhidos com professores e outros adultosque, de alguma maneira, interagem de maneira rotineira com a pessoa avaliada(GOLDSTEIN, GOLDSTEIN, 1994).

A determinação de um perfil neuropsicológico permite que possamosconhecer não apenas os canais mais incompetentes, mas, o mais importante,quais os canais mais competentes, através dos quais deveremos enfatizar osesforços terapêuticos (SCHWARTZMAN, 2003).

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De acordo com Goldstein (2006), o TDAH é com freqüênciaapresentado, erroneamente, como um tipo específico de problema deaprendizagem. Ao contrário, sabe-se que as crianças com TDAH são capazesde aprender, mas têm dificuldades em se sair bem na escola devido ao impactoque os sintomas deste transtorno têm sobre uma boa atuação. Porém, por outrolado, 20% a 30% dessas crianças, também apresentam um problema deaprendizagem, o que complica ainda mais a identificação correta e o tratamentoadequado.

Segundo Barkley (2002), alguns pais podem, inicialmente, engajar-sena negação do rótulo, do diagnóstico ou da base neurológica. Eles mantêm,desesperadamente, seu ponto de vista original de que não está nada errado quenão possa ser corrigido através de conselhos ou métodos mais simples paracontrolar o comportamento. Outros pais aceitam a informação que recebemsobre o TDAH, abraçando sua mensagem como resposta à busca desesperadade longa data. Essas famílias dão, geralmente, boas vindas ao alívio e o pesoque carregam quanto à incerteza e a culpa. E felizmente, a aceitação leva à sedede conhecimentos, e na realidade, a única intervenção importante é a informaçãoatualizada sobre o problema.

2.7 Relação Familiar e o Tratamento para o Portador de TDAH

Segundo Milicic, Condemarim, Gorostegui, (2006) os tratamentosmultimodais têm sido os mais eficazes. O tratamento farmacológico éimprescindível, mas a maneira como educar a criança é também de grandevalia, pois é necessário desenvolver estratégias tanto para enfrentar as dificuldadesdo TDAH assim como os aspectos positivos.

Ainda segundo essa autora, educar uma criança com TDAH pode vir aser uma tarefa difícil, mesmo com a ajuda de estimulantes. Os pais devem prestarapoio incondicionalmente, ser justos, equilibrados e bastante ativos pararesolucionar problemas. Em relação a estilos de criação e à forma como os paisexercem sua função, para as crianças com TDAH não são adequados os estilosditador, caracterizados por controle excessivo, nos quais vale o castigo e seprivilegia às obediência. Tampouco são adequados os estilos muito permissivos,para os quais se deve contar com autonomia suficiente por parte da criança, jáque não há normas familiares às quais se ajustar nem controle por parte doadulto.

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Para Desidério e Miyazaki (2007), há necessidade de psicoterapiaquando existe comorbidade e/ou problemas secundários considerados gravese de difícil solução na escola, em casa ou socialmente. Embora nem toda criançanecessite de psicoterapia, todo caso de TDAH requer orientação aos pais quevise facilitar o convívio familiar, ajudar a entender o comportamento do portadorde TDAH e ensinar técnicas para manejo dos sintomas e prevenção de futurosproblemas.

3 MATERIAL E MÉTODOS

O local escolhido para a realização da pesquisa foi uma Faculdade deEnsino Superior Privado de Teresina-PI, sendo o período de coleta foi abril de2009, após a autorização do comitê de ética e pesquisa da Instituição.

O método utilizado para a elaboração da pesquisa científica foi um estudodescritivo com abordagem qualitativa.

Os sujeitos do estudo desta pesquisa foram às famílias que possuemfilhos portadores do Transtorno de Déficit de Atenção Hiperatividade, e quefrequentam a clínica de psicologia da faculdade.

O critério de inclusão foi ser familiar de portadores do Transtorno deDéficit de Atenção e Hiperatividade e aceitar em participar do estudo.

A identidade dos participantes foi preservada, atribuindo o nomes deFlores como codinomes, assim matendo-se o sigilo absoluto. Para coleta dedados foi utilizado um roteiro de entrevista semi-estruturado e as entrevistasdos participantes foram gravadas em MP3 e, em seguida, transcritas na íntegraapós serem ouvidas atentamente.

O projeto foi submetido à apreciação do CEP da Faculdade IntegralDiferencial (FACID) e do Comitê da Instituição e, após aprovação, iniciaram-se as entrevistas com as famílias. A transcrição das falas dos entrevistados foramagrupadas em unidades de significação, que são aspectos dos discursos quedizem respeito a um mesmo assunto.

A partir das entrevistas foram elaboradas as categorias onde se obteve:Comportamentos Evidenciados no Portador de TDAH, O Lidar com o Portadorde TDAH e O Contexto Familiar Frente aos Comportamentos do Filho.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A presente pesquisa teve participação de três mães, na faixa etária de25 a 54 anos, onde todas possuíam ensino médio completo, e tinham comoestado civil: solteira, divorciada e casada, onde as entrevistas foram com basenos critérios de inclusão e exclusão.

As entrevistas foram transcritas e posteriormente foram analisados osconteúdos das falas dos entrevistados de acordo com as convergências edivergências das respostas, onde foram estabelecidas três categorias, tais como:

4.1 Comportamentos Evidenciados nos Portadores de TDAH

Desatenção, impulsividade e hiperatividade, são as principaiscaracterísticas que desde muito cedo já estão presentes na vida da criança, masque se tornam mais evidentes na idade escolar. Afetando a aprendizagem, aconduta, a auto-estima, as habilidades sociais e o funcionamento familiar.Determinando uma alta vulnerabilidade psicológica no portador de TDAH.(FORSTER, FERNADEZ, 2003).

De acordo com as falas abaixo, observa-se o comportamento inquieto,impulsivo, desatento dos portadores de TDAH, onde são os mais frequentescomportamentos relatados pelas famílias nos seus filhos.

[...] Ele não para quieto, é todo tempo brincando, perguntando tudo.Ele grava tudo que você fala. Não faz diferença para ele não ter aspernas, ele brinca e pula. Faz tudo que uma pessoa normal faz. Nãotem limite de ficar sentado nem cinco minutos. É todo tempoengatilhando em casa, correndo no skate que ele tem para a casados vizinhos (Girassol).

[...] Ele não tem concentração. Primeiro ele não escuta para depoispraticar a ação. Na hora que agente fala ele já começa a querer fazera ação sem ouvir direito o que você quer que ele faça (Orquídea).

Segundo Milicic, Condemarim, Gorostegui (2006), a falta de atenção émanifestada com dificuldade para atender aos detalhes; esquecem ou cometemerros grosseiros nos deveres escolares, em outras atividades; parecem nãoescutar, ainda que se fale com eles diretamente; não se organizam e , naturalmente,

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fracassam em tarefas que exigem esforço mental prolongado. Comportamentosesses evidenciados nas falas:

[...] A falta de atenção. Se você falar com ele, dizer para pegar algumacoisa, ele parece que não entende. Às vezes você acha que ele ésurdo, mas ele realmente está escutando. (Orquídea).

[...] Ele faz uma coisa errada, agente chama a atenção e com poucosminutos ele faz novamente. Faz de conta que não ouviu. E às vezeseu acho que ele faz mais para “chamar a atenção”. (Violeta).

Os comportamentos manifestados pelas crianças, segundo informaçõesdas famílias, corresponderam às características mais encontradas pelo portadorde TDAH. Ressaltando assim, que na maioria das vezes a criança apresentamanifestações de mais de um sintoma.

4.2 O Lidar com o Portador de TDAH

De acordo com Antunes (2003), A instabilidade comportamental, aincontinência emocional, a ansiedade, o reduzido poder de concentração e avolúpia de se saltar de estímulo para estímulo faz com que as crianças comunsvejam as que possuem TDAH como uma criança impaciente e intolerante, muitasvezes chata e “mandona”. E como a sinceridade é sempre a marca maior dasrelações interpessoais de toda criança, ela muitas vezes não hesita em descartara portadora. Essa afirmação foi percebida na seguinte fala:

[...] Ele sofre muito na escola, por ser diferente. Os coleguinhaspegam muito no pé dele, devido ele mexer muito. Também não gostardas brincadeiras, não se enturmar. (Orquídea).

Muita técnica e pouco amor nada valem. Inúmeras estratégiasdesenvolvidas de forma mecanicista serão sempre insuficientes, caso faltem afetoe compreensão. É essencial que os pais tenham seus limites claramente definidos,e que os portadores de TDAH tenham seus pais como árbitros e não comojuízes, distinguindo com clareza a desobediência pura e simples, que merecerepreensão séria, da efetiva incapacidade, que requer compreensão(ANTUNES, 2003). A maneira de lidar é notada na seguinte fala:

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[...] Lido com muita preocupação, principalmente em relação à escola,pois ele tem sofrido muito. O pessoal lá na escola diz que ele tem quese adaptar aos meninos. Mas as pessoas têm que aceitar do jeitoque ele é não é querer enturmar ele sem ele conseguir (Orquídea).

De acordo com Milicic, Condemarim, Gorostegui (2006), educar umacriança com TDAH pode vir a ser uma tarefa difícil, mesmo com a ajuda deestimulantes. Os pais devem prestar apoio incondicionalmente, ser justos,equilibrados e bastante ativos para resolucionar problemas. Recompensar acriança frequentemente, especialmente nos momentos que ela teve um bomcomportamento. Preferir as recompensas aos castigos e às profecias negativas.Premiar, estimular, aprovar e assistir, mais do que corrigir e castigar, sãoestratégias positivas que diminuem a possibilidade de consequências indesejáveis.

Porém, com a variedade dos comportamentos frequentes, os pais passama dar mais ordens e tentam direcionar mais, a controlar os impulsos da criança.Geralmente, gerando nos pais sentimentos de frustração, irritação devido aosrepetidos confrontos, malcriações e todo tipo de situação conflitante queaumentam enormemente. Quando os pais veem que algumas abordagens falhamna tentativa de modificar o comportamento da criança com TDAH a ouvir eobedecer, muitas vezes evoluem para a disciplina física ou outras formas depunição (perda de privilégios ou intervalos). As falas abaixo demonstram quecomumente as famílias não sabem lidar com o comportamento alterado dacriança, gerando-se assim uma situação de conflito, o que a leva muitas vezes adeixar prevalecer a vontade do doente, para evitar maiores aborrecimentos:

[...] Às vezes tenho que ser rude mesmo. Dou palmada, castigo.Daqui a pouco ele faz tudo novamente, parece que não aconteceunada. Aí eu castigo de novo. Prometo que não vou fazer mais etorno a quebrar a promessa (Violeta).

[...] Para ele parar um pouquinho, tenho que tirar as coisas que elemais gosta (como um DVD, televisão, um desenho), mas mesmoassim em questão de segundos, acho que ele esquece tudo e começaa ser danado de novo (Girassol).

Diante disso, pode-se observar que as medidas educativas utilizadaspelos pais, quando se tenta manter um diálogo, resultam em medidas nãosatisfatórias. Eles preferiram tentar outra forma de punição, recorrendo aos

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castigos de perda. Em algumas ocasiões chegam a utilizar meios onde se retiraobjetos que a criança gosta e medidas não educativas; como palmadas e uso dechinelo, o que se justificam pelo esgotamento da paciência e estresse ocasionadonas situações consideradas cansativas para os pais.

4.3 O Contexto Familiar Frente aos Comportamentos do Filho

De acordo com Barkley (2002), alguns pais podem inicialmente, engajar-se na negação do aceitar, do rótulo, do diagnóstico ou da base neurológica.Aceitar e reconhecer que algumas coisas simplesmente não podem sermodificadas, permitindo que essas crianças com TDAH se desenvolvam aomáximo;

Entretanto, alguns não aceitam certas limitações de seus filhos, podendogerar intolerância, raiva e frustração nos pais. Sendo percebida na seguinte falaa aceitação do problema do filho:

[...] Comecei a perceber as diferenças dele quando minha outra filhanasceu. Falava com ele e percebia que ele estava totalmente ausente.Aí comecei a procurar ajuda profissional. (Orquídea).

Na tentativa de aliviar o estresse das crianças, os pais precisam, antes,cuidar do próprio estresse. Procurar ter relações positivas e ter um pouco depaciência, demonstrar o quanto o filho lhe traz alegria, juntamente com taisatitudes dos desafios do dia-a-dia, pois são maneiras de ajudar a criança aresolver os seus problemas e fazer crescer a sua auto-estima. (SILVA, 2008).

A família pode ser um meio de proteção, contenção e apoio, mas tambémuma porta de entrada para as dificuldades. A criança com TDAH é mais vulnerávelque as outras aos efeitos negativos que o ambiente familiar pode provocar.Nesse sentido, deve-se manter uma relação familiar tranquila e acolhedora,procurando manter sempre pontos positivos do que conflitantes, assegurando-lhe uma imagem e auto-estima sempre positiva (MILICIC, CONDEMAIM,GOROSTEGUI, 2006). De acordo com os autores pode ser visto nas seguintesfalas:

[...] Procuro conversar muito, ter muita paciência, porque se nãotiver, não dá de jeito nenhum. (Girassol).

[...] Ele é um menino muito bom e falo isso pra ele. (Violeta).

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As crianças com TDAH são facilmente desanimadas, tendem a ser muitoagarradas as pessoas e requerem total atenção. Mais do que as outras, elasprecisam sentir o amor incondicional e a aceitação de suas famílias, esperandoassim, serem tratadas com paciência, tolerância e compreensão. Agem muitasvezes sem pensar e por conta disso, sofrem muito as consequências de suasescolhas erradas, acabam sendo mal interpretadas, podendo parecer explosivas,irritáveis e intoleráveis. Tais atitudes são notadas na seguinte fala:

[...] Converso muito com ele, mas devido ele ter muita irritabilidade,ele afasta um pouco a afetividade. É muito carinhoso, muito apegadoe aí como a irritação e apegação são bastante, chega a causar irritaçãopara gente também (Violeta).

Para Silva e Araújo (2003), aumenta a cada dia o reconhecimento daeficiência dos tratamentos na redução dos sintomas imediatos, no entanto ospesquisadores acreditam que, somente reduzir os sintomas dos portadores deTDAH não traz resultados satisfatórios a longo prazo. Portanto, os tratamentossão aplicados para permitir alívio dos sintomas, enquanto se trabalha no sentidode auxiliar a pessoa a construir uma vida bem sucedida ao máximo. Ocomportamento da Família em relação à aceitação do uso de medicamentopela criança foi positivo, visto na seguinte fala:

[...] Ele já está começando um relacionamento, já começou a seentrosar, não está mais se isolando como antes. É devido a terapia eas medicações que eu noto que está dando um efeito muito bomsobre ele, muito mesmo [...]. (Orquídea).

O profissional da saúde tem papel fundamental no cuidado à família,bem como o enfermeiro, principalmente nas ações de promoção da saúde mentalde todo o núcleo familiar e em todos os níveis de atenção; e deve-se colocar afamília não só como aliada no processo de cuidar, mas também como umaunidade que precisa ser cuidada. No cuidado oferecido aos membros familiarese à família como um todo, o profissional precisa assumir o papel de participação,favorecendo o bem-estar de seus membros e a saúde emocional de todos, deforma mais complexa.

Assim, o impacto desse transtorno na sociedade é enorme, considerando-se o estresse das famílias, o prejuízo nas atividades acadêmicas e vocacionais,

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bem como efeitos negativos na auto-estima das crianças e adolescentes, semcontar o risco aumentado de essas crianças desenvolverem outras doençaspsiquiátricas na infância, adolescência e idade adulta.

5 CONCLUSÃO

Conforme os relatos dos participantes, ainda existem muitas dificuldadesa serem enfrentadas, devido ao fato de o filho possuir TDAH. Dessa forma,pode-se perceber o quanto uma criança com esse transtorno afeta o contextofamiliar, muitas vezes, sobrecarregando a família, assim como se evidenciou anecessidade contínua de a família interagir com os profissionais de Atenção àSaúde Mental para alcance do cuidar com qualidade do portador de TDAH.

Portanto, cabe a prática e as ações de Enfermagem que visam comoenfoque à família, orientar sobre as características do transtorno e do tratamento,promovendo um entendimento e uma melhor aceitação da patologia dentro dasaúde mental, estas práticas são bastante úteis por permitir uma melhor qualidadede vida no grupo familiar.

Dessa maneira, com o presente trabalho espera-se contribuir para osestudantes e profissionais da saúde, por considerar que esta é uma área na quala enfermagem pode e deve desenvolver pesquisas, sendo de grande valia, porexistir poucos trabalhos na área da Enfermagem, relacionados ao tema abordado,para que assim, as ações de Enfermagem possibilitem o conhecimento a respeitodo TDAH e que suas contribuições promovam a melhoria da qualidade de vidado paciente e da sua família.

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A PRÁTICA PEDAGÓGICA DE PROFESSORES DE UMAESCOLA CORPORATIVA EM TERESINA-PI

TEACHERS’ PEDAGOGICAL PRACTICE IN A CORPORATESCHOOL IN TERESINA-PI

Cláudia da Silva Lima1

Antonia Osima Lopes2

RESUMO

Esse estudo traz uma reflexão sobre a prática pedagógica do professor naescola corporativa. Teve como objetivo geral investigar a prática pedagógicade professores de uma Escola Corporativa em Teresina-PI e seus pressupostosteórico-metodológicos. O método de pesquisa utilizado foi o estudo de casodescritivo, utilizando-se o questionário para a coleta de dados junto a umaamostra de professores. Os resultados mostram que a prática pedagógica dosprofessores da escola corporativa apresenta todos os componentes necessáriosrecomendados pela Didática. Conclui-se que a prática pedagógica dosprofessores da escola corporativa proporciona um desempenho docente queassegura um bom nível de aprendizagem de seus alunos, embora osprocedimentos de avaliação precisem ser revistos pra uma melhor eficácia deseus resultados.

Palavras-chave: Escola Corporativa. Prática pedagógica. Ensino-aprendizagem.

ABSTRACT

This study reflects on the teachers’ pedagogical practice in corporate school. Itaimed at investigating the pedagogical practice of teachers of a Corporate Schoolin Teresina-PI and its theoretical and methodological presuppositions. It is adescriptive case study which made use of a questionnaire to collect the data____________________________________1 Pedagoga, Especialista em Docência do Ensino Superior pela Faculdade Integral Diferencial (FACID).Telefone (86) 9411-0024, e-mail: [email protected] Pedagoga, Mestre em Educação, Professora dos Cursos de Especialização da FACID.Telefone (86) 9986-3518, e-mail: [email protected]

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from a sample of teachers. The results show that teachers’ pedagogical practicesfrom the corporate school present all the necessary components recommendedby didactics. It can be concluded that the pedagogical practice of corporateschool teachers promotes a successful students learning, although the evaluationmethods need to be reviewed for better results.

Keywords: Corporate School. Pedagogical practice. Teaching and learning.

1 INTRODUÇÃO

Este estudo discute a prática pedagógica de professores de uma EscolaCorporativa em Teresina. O problema investigado foi: como se caracteriza aprática pedagógica de professores de uma Escola Corporativa em Teresina –PI? Buscou-se a resposta através do planejamento didático dos professores,dos procedimentos de ensino, dos instrumentos de avaliação utilizados e dainteração com os alunos.

O interesse em investigar o tema tem vinculação com a vivência de umadas pesquisadoras na Escola objeto do estudo. Esta vivência conferiu-lhesubsídios necessários para questionar a prática pedagógica implantada nessaEscola, acreditando que tal investigação se mostra relevante porque seusresultados poderão gerar subsídios para o aperfeiçoamento das atividadesdidáticas dos professores participantes do estudo.

O objetivo geral do estudo foi investigar a prática pedagógica deprofessores de uma Escola Corporativa em Teresina-PI e seus pressupostosteórico-metodológicos. Os objetivos específicos foram: identificar ascaracterísticas da prática pedagógica desses professores, com ênfase noplanejamento, procedimentos de ensino, avaliação da aprendizagem e interaçãocom os alunos; analisar os pressupostos teórico-metodológicos que orientam aprática pedagógica de professores da escola corporativa.

A educação corporativa, via escolas instaladas em empresas, surgiu háalgum tempo e está crescendo rapidamente para atender às necessidades deeducação continuada de trabalhadores e, segundo Meister (2005), para sustentara vantagem competitiva, inspirando um aprendizado permanente e umdesempenho excepcional dos recursos humanos das organizações. Tem porfinalidade o desenvolvimento e a educação de funcionários, clientes efornecedores, com o objetivo de atender às estratégias empresariais de umaorganização como meio de alavancar novas oportunidades, entrar em novos

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mercados globais, criar relacionamentos mais profundos com os clientes eimpulsionar a organização para um novo futuro.

A importância da educação corporativa está na busca da melhorotimização do capital humano na empresa. Com a globalização e todas asmudanças ocorridas no mundo nos últimos anos, existe uma necessidadeconstante de atualização dos profissionais que estão no mercado. Assim, aeducação corporativa já não é mais uma opção para adquirir novosconhecimentos e sim uma necessidade, que gera um aumento de riqueza docapital humano e, consequentemente, maior competitividade e flexibilidade daorganização.

Seu maior desafio é criar um ambiente de aprendizagem no qual todosos empregados e todo o sistema comercial da empresa compreenda aimportância da aprendizagem contínua vinculada a metas empresariais. Semdúvida, a própria criação das chamadas universidades corporativas é umaexigência para enfrentar a tempo a velocidade das mudanças e as “pressões dacompetição e dos avanços tecnológicos”, exigindo um “competente e eficazsistema educacional” (ÉBOLI, 2004, p. 204).

Para Lustoza et al. (2010), a escola corporativa deve ter uma estruturade atendimento que acompanhe a dinâmica da organização e responda comrapidez e objetividade às exigências resultantes das mudanças nas diretrizes enos processos. Por isso, o eixo pedagógico nesse processo de educação estádiretamente ligado à identidade e à missão da Escola Corporativa e é ele quedefine os agentes de aprendizagem, a organização do conteúdo, a estruturacurricular e a avaliação da ação educacional em seus diferentes níveis.

O processo de aprendizagem nas empresas está cada vez mais presenteem nossa sociedade chamada também de sociedade ou era do conhecimento.Competência é a capacidade de executar, analisar e desenvolver com sucessouma tarefa e para desenvolver habilidades torna-se importante abordar comose dão os processos de aprendizagem, ou ainda como os processos cognitivosse tornam realidade, permitindo a transformação nos indivíduos.

A gestão do processo ensino-aprendizagem, o planejamento didático, oprocedimento de ensino, a avaliação da aprendizagem, as atribuições eresponsabilidades quanto à concepção e produção dos programas educacionais,dentre outros, são aspectos que devem ser contemplados no modelo pedagógicode uma escola corporativa. Um modelo pedagógico é um projeto institucionale, portanto, não é responsabilidade de indivíduos isolados e sim, um compromissosério e consciente de todos os agentes envolvidos na sua fundamentação e

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implementação de um sistema educacional no âmbito de uma organizaçãoempresarial (LUSTOZA et al, 2010).

A prática pedagógica dos professores de uma escola corporativa temos mesmos componentes da prática de qualquer escola. Estes componentessão o planejamento do ensino, os procedimentos de ensino, a avaliação e ainteração entre professor e alunos.

Para Moretto (2007), planejar o ensino é organizar as ações docentes.Essa é uma definição simples, mas que mostra uma dimensão da importância doato de planejar, uma vez que o planejamento deve existir para facilitar o trabalhotanto do professor como do aluno. Planejar é organizar os conteúdos de ensino;é estabelecer os objetivos a serem alcançados e como serão avaliados; éselecionar os procedimentos de ensino a serem utilizados. Moretto ressalta que“Há, ainda, quem pense que sua experiência como professor seja suficientepara ministrar suas aulas com competência” (p. 100). Entretanto, planejar oensino é um processo, que começa antes do primeiro contato com os alunos,inclui o início e o trabalho docente ao longo do ano letivo e vai além do seuencerramento - quando o professor analisa o que ocorreu durante o período.Nesse sentido o planejamento é, antes de tudo, uma atitude crítica do professordiante de seu próprio trabalho.

De acordo com Libâneo (2005, p. 221)

O planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto aprevisão das atividades didáticas em termos da sua organização ecoordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisãoe adequação no decorrer do processo de ensino. O planejamento éum meio para se programar as ações docentes, mas é também ummomento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação.

Nesta perspectiva, o planejamento torna-se uma ferramenta detransformação, projeção, organização de idéias da ação docente futura. Combase nessa compreensão o planejamento de ensino pode ser definido comouma atividade consciente de precisão das ações docentes que devem sefundamentar em opções político-pedagógicas, tendo sempre como referênciaas situações didáticas concretas.

A prática pedagógica também se expressa através dos procedimentosde ensino utilizados pelo professor. Para Libâneo (2005) estes procedimentosnão se reduzem a quaisquer técnicas. Eles decorrem do conhecimento da Didática

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e da experiência do professor que vai modificando-os conforme a vivência dediferentes situações com diferentes grupos de alunos.

Nesse sentido, antes de se constituírem em instrumentos de trabalho, osprocedimentos de ensino se fundamentam nos métodos didáticos e nos conteúdosde ensino, de modo a orientar a ação docente nos momentos de planejamentoe execução das aulas.

A avaliação da aprendizagem, como outro componente da práticapedagógica, é compreendida como um processo de investigação, tanto doaluno como dos professores, da equipe envolvida e da instituição, no sentido deque “avaliar é interrogar e interrogar-se” (ESTEBAN, 2005, p. 22). Nessaconcepção de avaliação, torna-se imprescindível considerar o processo dedesenvolvimento do aluno, priorizando a avaliação formativa, a qual é realizadaao longo do processo de ensino-aprendizagem. Diante desse aspecto, a avaliaçãoé um movimento contínuo que aponta reorganizações e correções no desempenhodo aluno, orientando a intervenção, o planejamento e as estratégias do professor.

Para Libâneo (2005, p.195), “ a avaliação é uma tarefa complexa quenão se resume à realização de provas e atribuição de notas. A mensuraçãoapenas proporciona dados que devem ser submetidos a uma apreciaçãoqualitativa”.

Outro componente importante a ser considerado na prática pedagógicaé a interação professor-aluno no processo de ensino e aprendizagem. Enfatiza-se que a autonomia dos alunos baseia-se no estabelecimento de um ambientede colaboração entre o professor e a turma desde o primeiro dia de aula. Estacolaboração deve ser fundada no diálogo, que implica em comunicação positiva,resultando em um processo de ensino dialógico, favorável à superação deproblemas e à participação ativa dos alunos nas aulas.

Para discutir os pressupostos teórico-metodológicos da práticapedagógica do professor faz-se referência as idéias de Brito (2006), Carvalho(2006), Saviani (2009) e Behrens (2009).

Brito (2006) afirma que a formação do professor deve fundamentar-sena construção da atitude reflexiva, possibilitando ao docente a análise dospressupostos que orientam suas ações, num processo dinâmico de revisão daprática pedagógica e de construção de esquemas teóricos e práticos que vãodirecionar sua prática pedagógica.

No processo de formação do professor, a Didática tem papel fundamentale imprescindível, evidenciando seus diferentes enfoques. De acordo com Saviani(2009), a Didática apresenta diferentes enfoques, em conformidade com asteorias pedagógicas que influenciam a prática dos professores. Para este autor,

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dois destes enfoques estão muito presentes na prática pedagógica dosprofessores, em todos os níveis de ensino: o enfoque tradicional e o histórico-crítico.

Para Saviani (2009), o enfoque tradicional caracteriza-se por umapostura pedagógica de valorização do saber originado das grandes realizaçõesda humanidade. Nessa perspectiva, a Didática tradicional está dissociada dosocial, pois considera que a escola é o único local em que se tem acesso aosaber. O conteúdo é repassado de maneira pronta e acabada, de formafragmentada, enfocando o conhecimento como absoluto e inquestionável. Doponto de vista professor-aluno, ressalta a autoridade do professor e a passividadedo aluno.

Ao discutir o enfoque histórico-crítico, Saviani (2009) destaca que estebusca superar o intelectualismo formal do enfoque tradicional e resgatar as tarefasespecificamente pedagógicas, desprestigiadas a partir do discurso reprodutivista.Mostra-se como uma Didática comprometida, buscando compreender e analisara realidade social onde está inserida a escola.

No processo de ensino-aprendizagem a didática pode se caracterizartambém como prática pedagógica reflexiva, na qual não ocorre a dicotomiaentre a teoria e a prática. Nessa perspectiva Carvalho (2006, p.14) afirma queo professor busca compreender a realidade social para desenvolver uma práticapedagógica crítica e criativa, tendo a preocupação de inserir o aluno no processode formação desta prática.

Analisando a situação dos professores que atuam hoje nas salas de auladas universidades, verifica-se facilmente que, com exceção dos docentesprovenientes das licenciaturas, a maioria dos professores universitários nãocontou com uma formação específica, necessária à construção de uma identidadeprofissional docente. Nas universidades, de maneira geral, ainda perdura oparadigma tradicional, com o professor exercitando um ensino mais diretivo,com pouca participação ativa dos alunos.

A reflexão de Behrens (2009, p.82) torna-se pertinente nessa discussão:

A primeira impressão que se tem ao percorrer os corredores dasuniversidades, salvaguardando as exceções, é que o paradigmatradicional de ensino nunca abandonou a sala de aula. Observa-seo professor expondo o conteúdo e os alunos em silêncio, copiandoreceitas e modelos propostos. Com alguma habilidade, os alunosconseguem fazer questionamentos sobre os conteúdos, mas nemsempre encontram respostas que venham estabelecer um resultadosignificativo para sua formação.

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De acordo com Costa (2007) as organizações modernas devem estarem constante aperfeiçoamento. Os responsáveis pela aprendizagem nasempresas são pessoas que estão em constante produção de competências ehabilidades, em constante capacitação para um maior aperfeiçoamento, paraque possam transmitir, pois o mais importante é saber ensinar; ser o mestre époder contribuir com o desenvolvimento daqueles que o cercam.

2 METODOLOGIA

Para análise da prática pedagógica dos professores foi utilizado o estudode caso descritivo, assim caracterizado por buscar informações sobre o temano âmbito de uma só instituição de ensino, que foi uma escola corporativa.

A pesquisa foi desenvolvida em uma Escola corporativa em Teresina-PI, que oferece cursos de capacitação para funcionários públicos. Osparticipantes da pesquisa foram os professores contratados de forma temporáriapara ministrar cursos na Escola, visto que a instituição não dispõe de um quadrode professores efetivos.

Em um universo de 30 professores que ministraram aulas nos dois últimosanos em cursos oferecidos pela Escola, uma amostra de 10 participantes foiselecionada através de sorteio. O tamanho da amostra foi definido considerandoo critério de saturação, que deve ser evitado em amostras selecionadas a partirde uma população pequena.

Os professores selecionados foram convidados a participar do estudo,após esclarecimento dos objetivos do mesmo. Ao aceitarem, foram solicitadosa assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Para a coleta dos dados utilizou-se um questionário semiestruturadoorganizado com questões fechadas e abertas, previamente pré-testadas.

Na análise das respostas dos participantes foi utilizada a técnica de análisede conteúdo proposta por Bardin (2009). As categorias de análise foramselecionadas a partir das respostas dos participantes, utilizando-se a análisetemática como modalidade desta técnica.

O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), daFaculdade Integral Diferencial – FACID e só após parecer aprovativo foi iniciadaa coleta de dados junto aos professores.

A pesquisa cumpriu todos os princípios éticos estabelecidos pelaResolução CNS nº 196/1996 (BRASIL, 1996).

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Do total de participantes do estudo 45% informaram ter mais de 25anos de magistério; os professores com tempo de 15 a 25 anos totalizaram35%, enquanto 20% revelaram ter de 5 a 15 anos de magistério. Estes dadosrevelam que os professores são experientes, o que é um indicador de que elestêm condições de desenvolver um ensino fundamentado em pressupostosdidático-pedagógicos.

Quanto à titulação acadêmica, constatou-se que 50% dos professorestinham curso de especialização em determinada área de atuação, enquanto 30%tinham mestrado e 20% doutorado. Estes dados revelam um bom nível dequalificação dos professores.

Com base nestes dados é possível deduzir-se que o professor está cadavez mais preocupado em se qualificar e que essa escola corporativa tem apreocupação de contratar profissionais capacitados para melhor preparar osprofissionais participantes dos cursos oferecidos pela instituição.

Segundo Brito (2006, p.42)

O delineamento de uma nova racionalidade formativa, cujo foco édar origem a uma profissional que, para além de ter domínio deconhecimentos específicos da profissão, constitua-se um agentecapaz de responder às diversas exigências e à multiplicidade desituações que marcam a atividade docente. Em face da especificidadee complexidade da ação docente, evidencia-se, pois, a importânciade um profissional extremamente qualificado para exercer a docêncianesta sociedade do conhecimento, da informação e do avançotecnológico.

3.1 Práticas de Planejamento de Ensino

Questionados sobre como planejam a sua ação docente, 100% dosprofessores informaram que elaboram o plano da disciplina e discutem com osalunos no primeiro dia de aula. Todos concordaram que a elaboração desteplano é uma tarefa importante, sendo que alguns complementaram suaresposta,conforme o apresentado a seguir.

Atualizo-me durante a disciplina e insiro novidades, levando emconta as necessidades dos alunos e faço alterações (Professor A).

Acredito ser muito importante fazer o plano de aula a cada dia,sempre com o objetivo de colaborar com a aprendizagem dos alunos(Professor B).

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Ter a atenção voltada para as dificuldades dos alunos, incentivá-losa querer aprender, já que é de fundamental importância o crescenteconhecimento na atualidade, no mundo competitivo em que vivemos(Professora C).

Percebe-se no comentário destes professores o reconhecimento daimportância do planejamento na ação de ensinar. De fato o planejamento deveexistir para facilitar o trabalho tanto do professor como do aluno. Libâneo(2005, p.223) ressalta que “para que os planos sejam efetivamente instrumentospara a ação, devem ser como um guia de orientação e apresentar ordemsequencial, objetividade, coerência e flexibilidade”.

De acordo com Moretto (2007, p.100) “o planejamento é um roteirode saída, sem certeza dos pontos de chegada”. Por esta razão todo planejamentodeve ter a flexibilidade necessária para atender outras demandas dos alunos,que podem surgir a partir do primeiro dia de aula.

3.2 Procedimentos de Ensino

A metodologia de ensino é representada pelo conjunto de procedimentosutilizados pelo professor no processo de ensino e aprendizagem do aluno. Naquestão sobre quais procedimentos utilizam em suas aulas, o Gráfico 1 mostraas respostas apresentadas.

Gráfico 1 – Procedimentos de ensino utilizados

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Conforme o Gráfico 1, todos os professores sempre ministram aulasexpositivas articuladas com a discussão; 80% sempre utilizam o trabalho emgrupo; 50% sempre adotam a leitura articulada com a discussão de texto eoutros 50% dos professores responderam para a mesma pergunta que só àsvezes utilizam esses procedimentos. Para a técnica de pesquisa bibliográfica30% informaram que sempre pedem aos alunos que façam essa pesquisa; 40%responderam que só às vezes pedem esta pesquisa e 20% responderam quenunca pediram que os alunos fizessem esta pesquisa em sua disciplina.

Para a pesquisa de campo 50% informaram que trabalham com estatécnica e 50% responderam que não há necessidade de pesquisa de campo emsua disciplina. Para a pesquisa de laboratório todos os professores queparticiparam deste estudo responderam que nunca fizeram este tipo de pesquisana escola corporativa. Na prática de campo 30% responderam que sempre autilizam . Para a atividade seminário 50% informaram que sempre a utilizam emsuas aulas.

Com as respostas a esta pergunta foi possível constatar qual ametodologia que a maioria dos professores utiliza na sala de aula. Moretto (2007,p. 101) acredita que o professor ao planejar sua aula deve considerar algunscomponentes fundamentais, tais como: conhecer a sua personalidade enquantoprofessor, conhecer seus alunos (características psicossociais e cognitivas),conhecer a epistemologia e a metodologia mais adequada às características dasdisciplinas, conhecer o contexto social de seus alunos. Conhecer todos estescomponentes possibilita ao professor escolher as estratégias que melhor seadequem às características de suas turmas, aumentando as chances de obterbons resultados de aprendizagem de seus alunos.

Para complementar o uso dos procedimentos de ensino, todos osprofessores informaram que sempre usam o data show, como também o quadrode acrílico; 40% responderam que sempre usam filmes; 100% sempre usamtextos. Quanto aos recursos da internet 60% informaram que sempre usamesta tecnologia com seus alunos.

Estes dados mostram que os professores buscam articular osprocedimentos de ensino com os recursos didáticos, o que é um indicativo deque cuidam para que suas aulas sejam mais interessantes e estimuladoras paraos alunos.

Libâneo (2005, p.53) ressalta que

Técnicas, recursos ou meios de ensino são complementos dametodologia, colocados à disposição do professor para oenriquecimento do processo de ensino. Atualmente, a expressão

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‘tecnologia educacional’ adquiriu um sentido bem mais amplo,englobando técnicas de ensino diversificadas, desde os recursosda informática, dos meios de comunicação e os áudio-visuais até osde instrução programada e de estudo individual e em grupos.

3.3 Instrumentos de Avaliação

O Gráfico 2 mostra os instrumentos de avaliação utilizados pelosprofessores para verificar a aprendizagem dos alunos e a frequência dessautilização.

Gráfico 2 – Instrumentos de avaliação utilizados

Conforme as respostas, 30% dos professores indicaram avaliar semprecom provas objetivas. Foi observado que os professores que mais aplicam estetipo de prova são os que ministram disciplinas com maior carga horária.

É importante destacar que o professor precisa compreender que aavaliação objetiva é apenas um dos tipos de instrumentos que podem ser usadapara avaliar a aprendizagem do aluno.

Com relação às provas discursivas, 10% dos professores informaramque sempre fazem este tipo de avaliação, mas a grande maioria (80%) relatouque nunca usa este tipo de prova por ser de difícil correção. Sobre as provascom questões objetivas e questões abertas, 30% informaram que sempre utilizam.

Com relação à prova oral, 100% dos professores informaram não utilizareste tipo de avaliação com os seus alunos. Na pesquisa bibliográfica e pesquisa

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de campo, 30% indicaram que às vezes avaliam os alunos com estes tipos detrabalho e 70% responderam que nunca avaliaram seus alunos com trabalho depesquisa bibliográfica.

Foi possível constatar com esses dados a existência de uma diversidadede procedimentos avaliativos que contribuem para que os professores adotematitudes mais flexíveis em relação à avaliação.

Com relação à produção de texto, 80% dos professores informaramque nunca avaliaram seus alunos através de uma produção de texto. Em relaçãoao resumo de texto, 100% indicaram que nunca avaliaram seus alunos com estetipo de trabalho.

Em relação ao seminário, 40% informaram que sempre fazem avaliaçõesatravés deste instrumento; por outro lado, 20% afirmaram nunca usarem esteprocedimento para avaliar seus alunos.

Já com relação ao trabalho em grupo, 40% dos professores informaramque sempre avaliam os alunos com este tipo de trabalho, e apenas 10%informaram que não utilizam este procedimento como forma de avaliação dosalunos em suas disciplinas.

Com estes dados foi possível compreender como o professor da escolacorporativa avalia o aluno e qual a concepção de avaliação destes docentes.Foi possível ler nas respostas que os participantes compreendem a avaliaçãocomo um processo dinâmico e contínuo, que ocorre juntamente com odesenvolvimento do trabalho pedagógico. Este dado revela que a visão deconhecimento e a visão de currículo dos docentes estão em interconexão, poisum currículo que se desenvolve de forma interdisciplinar adota um modelo deavaliação mais próximo do processual, que é o modelo mais apropriado naatualidade.

Para Libâneo (2005, p.195) a avaliação deve ser utilizada como processopermanente da prática docente, sendo imprescindível o seu acompanhamentogradativo no processo de ensino e aprendizagem, pois:

Através dela, os resultados que vão sendo obtidos no decorrer dotrabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados comos objetivos propostos, a fim de constatar progressos, dificuldades,e reorientar o trabalho para as correções necessárias. A avaliação éuma reflexão sobre o nível de qualidade do trabalho escolar tanto doprofessor como dos alunos. Os dados coletados no decurso doprocesso de ensino, quantitativos ou qualitativos, são interpretadosem relação a um padrão de desempenho e expressos em juízo devalor (muito bom, bom, satisfatório etc.) acerca do aproveitamentoescolar.

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Indagados sobre a periodicidade de suas avaliações, 80% dosprofessores responderam que fazem avaliação no final da disciplina, enquantosomente 20% disseram fazer avaliação mensal. Este dado revela que osparticipantes, mesmo demonstrando uma dinâmica na metodologia, articulandotécnicas com os recursos didáticos, e hábitos saudáveis no planejamento doensino, no momento da avaliação continuam com uma postura mais conservadoraem relação à avaliação processual. Foi possível, inclusive, perceber-se umaincoerência entre o que pensam e fazem estes professores quando o assunto éavaliação, pois enquanto a maioria mencionou que vê a avaliação como contínuae processual, mostraram que na sua prática fazem a avaliação de seus alunosapena no final da disciplina.

De acordo com Libâneo (2005), a avaliação deve ser entendida comoparte integrante do processo de aprendizagem, ou seja, deve ser vista como umprocesso ao longo de todo um curso e não em momentos pontuais. O Autoradverte que “é necessário avaliar os resultados da aprendizagem no final deuma unidade didática, do bimestre ou do ano letivo. A avaliação global de umdeterminado período de trabalho também cumpre a função de realimentaçãodo processo de ensino”. (p. 197).

3.4 Interação com os Alunos

Outro componente importante a ser considerado na prática pedagógicaé a interação professor-aluno no processo de ensino e aprendizagem. O Gráfico3 apresenta os resultados das respostas dos participantes relativas a estecomponente.

Gráfico 3 – Formas de interação com os alunos

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Os professores responderam que promovem a interação com seus alunosatravés de três mecanismos: um total de 40% informou que interage conversandocom os alunos; também 40% responderam que interagem incentivando aparticipação dos alunos; e 20% informaram que interagem com a turmatrocando informações e experiências. Estes dados revelam que os professoresentendem a educação como um processo de descoberta e de construção daautonomia pessoal e entendem que ensinar é criar condições e situações quefacilitem a aprendizagem do aluno.

Tais considerações levam a constatar-se que o modo como se efetiva ainteração aluno-professor pode influenciar não apenas no aprendizado dosconteúdos que são ministrados, mas também na satisfação pessoal e profissionaldo professor. Sendo assim, a interação professor- aluno é bastante significativapara uma prática pedagógica eficaz.

4 CONCLUSÃO

Diante do exposto, conclui-se que a prática pedagógica dos professoresda escola corporativa campo deste estudo, está em consonância com as diretrizesda Didática, proporcionando aos docentes um desempenho que assegura umbom nível de aprendizagem de seus alunos, embora nas práticas avaliativasesses professores demonstraram agir de forma incoerente com o seu discurso epráticas relativas aos outros elementos da prática pedagógica.

Espera-se que este estudo possa contribuir para uma maior reflexãosobre a importância da prática pedagógica em uma escola corporativa. Tambémespera-se que possa gerar subsídios que visem o aperfeiçoamento das atividadesdidáticas dos profesores, visto que pela rotatividade dos docentes na escola,objeto deste estudo, faz-se necessária maior clareza da proposta pedagógicaimplantada a fim de que não incorra no erro de aplicação de diretrizes didático-pedagógicas incoerentes.

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AS SITUAÇÕES GERADORAS DE “VULNERABILIDADE” EMPESQUISA E A RESOLUÇÃO 196/96

THE GENERATING SITUATIONS OF “VULNERABILITY” INRESEARCH AND THE RESOLUTION 196/96

Francisca Sandra Cardoso Barreto1

RESUMO

Este artigo teve por objetivo fazer uma reflexão acerca das situações geradorasde vulnerabilidade e discutir a aplicabilidade das normas direcionadas à proteçãoutilizadas pelos pesquisadores, eticistas e bioeticistas, especificamente aquelarelacionada à Resolução 196/96. Foi aplicada a técnica de análise do discursosobre os conceitos de vulnerabilidade, suscetibilidade e vulneração, bem comosobre a Resolução 196/96 do preâmbulo aos seus capítulos. Verificou-se comoresultado que o ato de pesquisar é fator gerador de suscetibilidade evulnerabilidade no pesquisador e sujeitos da pesquisa; a aplicação da Resolução196/96 não se estende a todas as áreas de conhecimento; os pesquisadoresnem sempre têm bem clara a relação ética, pesquisa e proteção. Conclui-seque são merecedoras de maiores sensibilizações e discussões as questões queenvolvem a proteção e a vulnerabilidade, sobretudo no meio acadêmico ecientífico.

Palavras-chave: Vulnerabilidade. Proteção. Resolução 196/96.

ABSTRACT

This paper aimed at reflecting on the generating situations of vulnerability anddiscussing the applicability of the norms regarding protection used by researchers,ethicists, bioethicists, mainly the one concerning the Resolution 196/96. It wasapplied the technique of discourse analysis on the concepts of vulnerability,susceptibility and vulneration as well as the Resolution 196/96 from the preambleto its chapters. It was verified that researching is a generating factor of_________________1 Mestre em Bioética pela Universidade de Brasília-UNB, Professora Tempo Integral da Faculdade Integral Diferencial-FACID. End: Rua Senador Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves, 3618 - Morada do Sol. Teresina- PI. CEP 64-055-350. Email:[email protected].

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susceptibility and vulnerability in the researcher and research subjects; theapplicability of the resolution 196/96 does not apply to all knowledge areas; notall researchers have a clear idea of ethics, research and protection. It can beconcluded that the questions regarding protection and vulnerability require morediscussions mainly in college and scientific area.

Keywords: Vulnerability. Protection. Resolution 196/96

1 INTRODUÇÃO

A vulnerabilidade é inerente ao ser humano, pois, está na essência dacondição de ser vivo, ou seja, é condição existencial, pois o homem nascedesprovido da capacidade de se proteger. Além disso, os mais variados fatoresque a vida e a interação com o ecossistema e a sociedade produzem, podemtornar o ser humano mais vulnerável ou susceptível a sofrer danos (KOTTOW,2003a).

Para Schramm (2006), todos são vulneráveis virtualmente enquantoseres vivos mas nem sempre são vulnerados concretamente, pois este estadoestá vinculado às contingências como o pertencimento a uma determinada classesocial, etnia, a um dos gêneros, inclusive seu estado de saúde. Por isso, se faza distinção entre a mera vulnerabilidade e a efetiva vulneração, referindo aprimeira à mera potencialidade e a segunda “àqueles que não têm condiçõesobjetivas e subjetivas necessárias para ter uma qualidade de vida que possa serconsiderada satisfatória tanto para eles mesmos quanto para qualquer observadorracional e imparcial.” (SCHRAMM, 2007, p. 377).

Além das categorias “vulnerabilidade” e “vulneração”, se distingue umaterceira categoria: a de “suscetibilidade”, considerando que os suscetíveis seriam“aqueles que, embora afetados negativamente ou suscetíveis de seremconcretamente afetados, conseguem enfrentar essa condição existencial comseus próprios meios ou com os meios oferecidos pelas instituições vigentes eatuantes.” (KOTTOW, 2003b; SCHRAMM, 2008, p. 16). Tais reflexõespodem ser objeto de discussão das ações de proteção que inicialmente foramobjeto de preocupação de eticistas e posteriormente dos bioeticistas.

A Bioética surgiu como consequência da reflexão acerca do que a ciênciae os profissionais poderiam contribuir para uma humanidade mais sensível àsquestões relativas ao respeito à vida. Teve ainda como elemento norteador de

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suas reflexões as atrocidades ocorridas na segunda guerra mundial, os novosprocedimentos técnicos utilizados pela ciência, sobretudo às ciências biomédicas.Em decorrência de tal preocupação surgiram diretrizes internacionais para norteareticamente os pesquisadores acerca do respeito à dignidade humana eprincipalmente à sua proteção.

Aqui no Brasil as preocupações com a proteção e o respeito aosprincípios da dignidade humana podem ser traduzidos pela Resolução 196/96,bem como pelas reflexões bioéticas realizadas por eticistas e bioeticistas dasmais diversas áreas de atuação. A Resolução 196/96 é um documento que foielaborado de acordo com as diretrizes nacionais e internacionais que dizemrespeito à proteção das populações vulneráveis e/ou sujeitos suscetíveis e/ouvulnerados. Todavia, mesmo considerando tal diretriz nacional, é fato que muitassituações em pesquisa são geradoras de vulnerabilidade. Nesse contexto, asquestões centrais deste artigo foram: os conceitos de vulnerabilidade,suscetibilidade e vulneração são empregados em qual sentido pela literatura epela Resolução 196/96? De que maneira as normas direcionadas para aproteção pela Resolução 196/96 subsidiam ou interferem na proteção? Sendoassim, utilizando a técnica de análise do discurso, os objetivos deste trabalhoforam: fazer uma reflexão acerca do conceito de “vulnerabilidade” e sua relaçãocom as necessidades de proteção e, discutir se as normas direcionadas àproteção, especificamente aquela relacionada à Resolução 196/96 atingem seusobjetivos de proteção.

2 A VULNERABILIDADE E SEUS SENTIDOS

Antes de falar acerca das situações geradoras de vulnerabilidade empesquisa se faz necessário elucidar o conceito de vulnerabilidade de acordocom a literatura e a bioética.

Segundo Ferreira (1999), vulneral é verbo transitivo direto que significaferir, melindrar, ofender, deriva do latim vulnus, eris, ferida. Por sua vez,vulnerabilidade “[De vulnerável + -(i) dade, segundo o padrão erudito] S.f. serefere a qualidade ou estado de vulnerável” . Vulnerável, por sua vez, deriva dolatim vulnerabile – que pode ser vulnerado – , “adjetivo comum de dois gênerosque se refere ao ponto pelo qual alguém pode ser atacado ou ferido”. E vulnerado,deriva do latim vulnerare, se refere àquele que foi ferido. De acordo com aconceituação dada por Ferreira vulnerabilidade refere-se tanto a potencialidade– vulnerabilidade – de ser ferido quanto àquele que encontra-se ferido, mas não

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necessariamente sempre – suscetibilidade e, vulnerado, por sua vez, refere-seao sofrimento concreto.

De acordo com Anjos (2006, p. 181), “a vulnerabilidade pode se referira toda a humanidade, grupos sociais concretos e indivíduos.” Neste sentido,conforme o autor, a vulnerabilidade pode se relacionar à potencialidade quetodo ser humano tem de sofrer algum dano tanto individual como coletivo,podendo ter, no poder oriundo da tecnologia, um forte aliado, especificamenteno que se refere à produção, ao consumo e à crescente violência. Conforme oreferido autor, “o ethos cultural contemporâneo, entusiasmado com o poder,pretende esquecer a própria condição humana de vulnerabilidade” (Ibid).Ademais, para o referido autor, o avanço das ciências e das técnicas sugeredúvidas com relação à autonomia de seus usuários, pois, ao mesmo tempo emque o domínio científico identifica e permite o enfrentamento das vulnerabilidades,também serve para explorá-las, podendo, inclusive, responsabilizar as vítimaspor suas próprias feridas, contribuindo, assim, para a perpetuação da situaçãode vulnerabilidade.

De acordo com Kottow (2003a), a existência humana é intrinsecamenteafetada pela vulnerabilidade porque estar vivo implica, do ponto de vistabiológico, estar sujeito a perturbações, desordens e disfunções. Dessa forma, oautor classifica a vulnerabilidade em intrínseca e extrínseca. A primeira é inerentea todo ser humano, pois este, ao nascer, em sua condição de ser vivo, encontra-se em estado de fragilidade. A segunda é derivada de fatores como: a condiçãosocial, o acesso a bens, a doenças crônicas e endêmicas, as condiçõesgeográficas, dentre outras. Além da distinção entre as categorias de“vulnerabilidade” e “vulneração”, o referido autor (2003b) destacou a categoria“suscetibilidade”, considerando que os suscetíveis seriam aqueles que não sãocapazes de agir autonomamente por alguma razão circunstancial

Conforme Neves (2006, p. 163), “a noção de vulnerabilidade éintroduzida e persiste no vocabulário bioético numa função adjetivante, comouma característica particular e relativa, contingente e provisória, de utilizaçãorestrita ao plano da experimentação humana”. Em outros termos, refere-se anoção aplicada a classes de indivíduos que podem ser sujeitos, pessoas, grupos,populações ou comunidades que merecem especial atenção. A referida autoratambém assinala a alteração substancial no entendimento da categoriavulnerabilidade ao mencionar a tematização dos filósofos europeus Levinas eJonas.

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Para o primeiro, a vulnerabilidade se define na subjetivação em que o eué inseparável, do ponto de vista moral, do outro; recebe sua legitimidade deagir pelo outro, isto é, “sofrer pelo outro é ser responsável por ele, suportá-lo,estar em seu lugar, consumir-se por ele.” (LÉVINAS, 1993, p. 101). Em outrostermos, para Lévinas (Ibid.), a vulnerabilidade é abertura e, enquanto abertura,pode ser entendida em três sentidos: 1 – como abertura de todo objeto a todosos outros; 2 - como intencionalidade no sentido heideggeriano da consciência -um êxtase no ser que anima a consciência, a qual é chamada pela aberturaoriginal da essência do ser a desempenhar um papel neste drama da abertura,ou seja, “o mundo da presença libera, portanto, entes que não apenas sedistinguem dos instrumentos e das coisas mas que, de acordo com seu modo deser de presença, são e estão ‘no’ mundo em que vêm ao encontro segundo omodo de ser-no-mundo.” (HEIDEGGER, 2006, p. 174); 3 – como abertura,pois “a abertura é o desnudamento da pele exposta à ferida, à ofensa”.(LÉVINAS, 1993, p. 99). Neste sentido, o eu é pura vulnerabilidade frente aooutro. Mas, nela, o eu encontra-se na relação com o outro, vivenciando, assim,a proximidade do outro. Em suma, é pela subjetivação que o eu torna-sevulnerável à situação do outro, e, desse modo, pode se colocar no lugar dooutro, mas sabendo de antemão que nunca poderá identificar-se com aexperiência do outro.

Já para Jonas (2006), a vulnerabilidade pertence a todo ser vivo; ouseja, é a condição natural de todo ser vivente, não só do homem, mas de todoser vivo e de toda a natureza. Em particular, de acordo com esse autor, avulnerabilidade da natureza, provocada pela intervenção técnica do homem sobreela, levou à idéia de dever humano para com sua preservação, isto é, à idéia denossa responsabilidade para com a natureza e, de forma mais geral, ao deverde escolher o ser no lugar do nada. Nas palavras de Jonas, o conceito deresponsabilidade implica,

‘um dever’- em primeiro lugar, um ‘dever ser’ de algo, e, em seguida,um ‘dever fazer’ de alguém como resposta àquele dever ser. Ou seja,em primeiro lugar, encontra-se o direito intrínseco do objeto. Somenteuma reivindicação imanente ao Ser pode fundamentar objetivamenteo dever de uma causalidade do Ser transitivo (indo de um ser aooutro). A objetividade precisa realmente vir do objeto. (Ibid., p. 219).

Em outros termos, deve-se proteger a premissa básica de todo serdever ser responsável pelo outro, conservar as condições dos candidatos a um

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universo moral no mundo físico do futuro. Diante disso, conforme Neves (2006),a vulnerabilidade então passa a ser reconhecida como substantivo, pois éconstitutiva do humano, irredutível e inalienável. Dessa forma, o reforço daautonomia e a exigência do consentimento não seriam suficientes para “neutralizaros prejuízos a que cada vulnerabilidade se encontra exposta, uma vulnerabilidadeque é manifesta, afinal, em todas as dimensões de expressão do humano.”(NEVES, 2006, p. 165). É o anuncio a nova ética dos deveres firmada naresponsabilidade pelo outro e desenvolvida pelo reforço da solidariedade.

Para Schramm (2006a, p.191), “vulnerabilidade é uma categoria suigeneris que pode ser aplicada a qualquer ser vivo que, enquanto tal pode serferido (...), mas não necessariamente o será.” Para Schramm (Ibid., p. 192),“se todos são potencialmente (virtualmente) vulneráveis enquanto seres vivos,nem todos são vulnerados concretamente devido a contingências como opertencimento a uma determinada classe social, etnia, a um dos gêneros, inclusiveseu estado de saúde.” O referido autor faz a distinção entre a mera vulnerabilidadeda efetiva vulneração. A primeira refere-se à mera potencialidade e a segundarefere-se “àqueles que não têm condições objetivas e subjetivas necessáriaspara ter uma qualidade de vida que possa ser considerada satisfatória tantopara eles mesmos quanto para qualquer observador racional e imparcial (...)”(SCHRAMM, 2007, p. 377).

Para Schramm (2006a), apesar de haver a necessidade dessadiferenciação, o termo vulnerabilidade é utilizado nos principais documentosnacionais (Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde-CNS) einternacionais (como Declaração de Helsinque), para indicar não as situaçõespotenciais, mas as atuais, como no caso de pesquisas envolvendo determinadaspopulações que, além de genéricas condições de vulnerabilidade, apresentamainda características específicas de ‘vulneração’ (situação de necessidades atuaiscomo, por exemplo, a população pobre de cidades do interior do semi-áridonordestino). De acordo com o referido autor, essa falta de distinção, emboraconsagrada pela literatura internacional, pode ter consequências práticasindesejáveis, pois a mera vulnerabilidade (como riscos de adoecimento porexposição a fatores ambientais) e a efetiva vulneração (como o adoecimento defato) não podem ser confundidas, visto que se referem a realidades diferentes,que implicam intervenções também diferentes.

No entanto, o mesmo autor (2006a) argumenta também a favor do usoda categoria vulnerabilidade para todos os casos, primeiro porquesaussurianamente é o uso que faz a regra, segundo, porque o termo é

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universalmente utilizado – só restando aceitá-lo como é, apesar da crítica doponto de vista semântico e da análise conceitual. Isso justificaria o uso do termovulnerabilidade em todos os casos, visto que os principais documentos referentesà ética em pesquisa assim o fazem, devido à consagração do termo genéricopelo uso, ou melhor, pelo senso comum, e, também, devido à impossibilidadede distinguir, em muitos casos, entre riscos potenciais e atuais, gerados pelavida em sociedade globalizada, que produz, cada vez mais, riscos estruturaispara todos. Em suma, porque os riscos estruturais, de fato, tornariam a todossuscetíveis, mas não necessariamente vulnerados, o que provavelmente tornariaa todos também destinatários de alguma forma de proteção.

Lorenzo (2006) conceitua vulnerabilidade enfatizando as necessidadesem saúde pública, ou seja, como o estado de sujeitos e comunidades nos quaisa estrutura da vida cotidiana, determinada por fatores históricos ou circunstanciais,tem influência negativa sobre os condicionantes de saúde. São os grupos quepossuem maior carga de doenças tanto crônicas quanto agudas, maiores cargasde incapacidades físicas e mentais e têm menor acesso aos cuidados em saúdee quando os têm são prestados com menor qualidade. O conceito dado porLorenzo, a exemplo do conceito de suscetibilidade dado por Kottow (2003a),refere-se a fatores circunstancias.

Conforme o Lorenzo (2006), o conceito de vulnerabilidade porta umsentido de susceptibilidade, pois somos potencialmente aptos a sofrermos danose riscos em decorrência de um evento qualquer. Porém, os graus de risco nãose distribuem ao acaso, ou seja, a vulnerabilidade não é a mesma entre osmembros de uma sociedade. O referido autor assevera que a vulnerabilidadeprecisa ser compreendida a partir de razões históricas determinantes. Portanto,no caso da vulnerabilidade em pesquisa, esses determinantes também serãoconsiderados, além disso concorda com a necessidade de proteção de serconsiderada pelos contextos histórico, econômico e social de acordo com oque também assevera Schramm (2006 a).

Em países com as características do Brasil, os fatores históricos sãocruciais na determinação da vulnerabilidade. Historicamente pontuando, oprocesso de colonização, o povoamento e o modo de gerenciamento dosindicadores de desigualdade para proporcionar a aplicação do princípio dejustiça são fatores geradores de vulnerabilidade. Por outro lado, a baixaescolaridade decorrente do pouco investimento em educação se reflete tantonaqueles que fazem pesquisa, pois os colocam em situação de susceptibilidadediante dos grandes pesquisadores dos países desenvolvidos, além de tornar os

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sujeitos das pesquisas vulnerados diante da falta de opção, seja pela necessidadefísica (tratamento ou vantagens em participar (“ressarcimento”), seja pornecessidades que extrapolam as capacidades de determinação.

Dos fatores acima mencionados se considera a educação elementofundamental, visto ser o principal ingrediente do empoderamento. Se háempoderamento consequentemente há menor susceptibilidade e/ou vulnerados.A menor suscetibilidade refletirá no poder econômico, dessa forma reduzirá apobreza que, por sua vez, reduzirá as taxas de vulneráveis extrínsecos evulnerados.

A suscetibilidade não implica em vulneração, a última só se concretizase não houver discernimento e maturidade ética e moral dos indivíduos quecompõem a sociedade para protegerem-se material, física e psicologicamente.No entanto, a realidade brasileira, infelizmente, não se encaixa na utópica “ainda”maturidade ética e moral, tampouco na independência material capaz de gerarautonomia, inclusive naquilo que promova o bem-estar. Logo, há que se pensarem como minorar as situações geradoras de vulnerabilidade em pesquisa.

Sabe-se que o indivíduo voluntário de uma pesquisa encontra-sevulnerável extrinsecamente, suscetível ou em estado de vulneração, pois, decerta forma, necessita dele, pela falta de alternativa para tratamentos ou atémesmo por questões de sobrevivência financeira. Por outro lado, se imagina:quais estudos seriam exitosos se não houvesse os sujeitos ou participantes daspesquisas? Até que ponto uma pesquisa pode isentar a participação de indivíduosvivos, humanos ou não, direta ou indiretamente? Até que ponto se pode reduzira vulnerabilidade extrínseca, suscetibilidade e/ou vulneração dos sujeitos ouparticipantes das pesquisas?

Utilizando-se do princípio utilitarista é possível refletir acerca da minoria(sujeito) que participa das pesquisas e se expõe aos riscos e reações advindosde determinados experimentos sem deixar de pensar nos benefícios para amaioria. Isso justificaria a utilização de seres humanos em pesquisas?

Em resumo, a capacidade de sofrer algum dano decorrente de abusopoderá ser reduzida por dispositivos de controle já bastante utilizados e tãobem discutidos pela bioética, entretanto, sempre existirão situaçõesdesencadeadoras de questionamentos éticos acerca da proteção e, o indivíduo,apenas sempre será potencialmente vulnerável. Por outro lado os vulneradospoderão “avançar” para a situação de suscetibilidade, desde que existamconcretas condições materiais e psicológicas promovidas pela sociedade. Isto

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implica em se considerar dentro da genérica vulnerabilidade: a existência davulnerabilidade extrínseca como disse Kottow (2003a); a precisão na aplicaçãodos conceitos vulnerável, suscetível e vulneração de acordo com o grau denecessidade de proteção - como explicaram Schramm( 2006a; 2007; 2008) eKottow (2003a; 2003b) - e ainda observar que as necessidades são fatoresgeradores de medidas de proteção que devem ser observadas em diferentescontextos, pois não são os mesmos para todos como asseveraram Lorenzo(2006) e Kottow (2003a; 2003b) . O processo de substantivação definido porNeves confere a necessidade de proteção permanente, dependente da aplicaçãodo princípio de responsabilidade. O princípio de responsabilidade, por sua vez,de acordo com a abordagem de Jonas (2003) e Lévinas (1993), enfoca a“vulnerabilidade” do sujeito que insinua uma necessidade de amparo que éoferecido por um agente moral. Em vista de todas essas definições e referências,a questão é apenas saber se os pesquisadores têm bem claros os fatores definemo estado de “vulnerabilidade”.

3 A RESOLUÇÃO 196/96

De acordo com Schramm (2006b), as pesquisas que envolvem seremhumanos devem, além da fidedignidade científica justificarem-se socialmente,pois implicam responsabilidades, sobretudo dos pesquisadores. Isto quer dizerque é necessária a distinção entre padrão científico( fatos) e moral (valores).Por outro lado, em uma sociedade plural há que se considerar os princípiosmorais universais existentes na realidade atual como acordos morais. Nestecontexto, as diretrizes para as pesquisas envolvendo seres humanos contidasnos documentos internacionais e nacionais são instrumentos que buscam acordosmorais entre a ciência e a sociedade, pesquisadores e sujeitos e participantesda pesquisa.

No Brasil, tal instrumento é a Resolução 196/96 e atualmente utilizadapelos Comitês de Ética em Pesquisa-CEPs. Segundo Schramm (2006b), osCEPs surgiram em 1968 os quais têm a missão de resguardar a dignidade humanaatravés do princípio do Consentimento Livre e Esclarecido. Para entender melhoro princípio da proteção definido se faz mister enfocar a Resolução 196/96,observando que tal Resolução possui teorias morais implícitas como: teoria moralconsequêncialista, a deontológica e a dos direitos humanos. A teoria moralconsequencialista implica no cálculo das consequências prováveis prevendo osriscos e os benefícios, dessa forma respondendo se a pesquisa é relevante; a

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teoria moral deontológica implica a avalição moral do pesquisador de acordocom os deveres de sua profissão e, a teoria moral dos direitos humanos garantea observância dos direitos fundamentais garantidos pela Declaração Universaldos Direitos Humanos de 1948.

O preâmbulo da Resolução 196/96 cita os fundamentos que vão desdeas diretrizes internacionais à legislação nacional no que tange às pesquisasenvolvendo seres humanos de forma direta ou indireta. Pautada nos quatroreferenciais básicos da bioética principialista- autonomia, beneficêncie, não-maleficência e justiça-, sob a ótica dos indivíduos e da coletividade visa asseguraros direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitosda pesquisa e ao Estado (BRASIL, 1996). A Res. 196/96 objetiva assegurar,isto significa que, ela não tem caráter coercitivo, possui força normativa eprescritiva, dessa forma, depende no nível de discernimento moral principalmentedo pesquisador.

Ainda relacionado ao preâmbulo da referida Resolução, o mesmo faz aprevisão de revisões periódicas conforme as necessidades científicas. Diantedisto é pertinente questionar: qual será o momento da revisão? Percebe-se queos pesquisadores que não os das ciências biomédicas ainda parecem resistentesaos procedimentos éticos em pesquisas e que a principal justificativa dos mesmosé que a Res. 196/96 é para as pesquisas na área de saúde que exigemprocedimentos invasivos, ou que é tipicamente uma exigência das ciênciasbiomédicas. Justificativa totalmente fora do que se propõe a dita Resolução,denotando a total falta de informação desses pesquisadores. O que justificariaos pesquisadores da área de saúde ter um maior engajamento nas exigênciaséticas em pesquisas e as demais áreas não? Seria a tradição em pesquisa? Masas pesquisas na área de educação, da psicologia, dentre outras não geram nomínimo expectativas na população?

No Item III – Aspectos Éticos na Pesquisas Envolvendo os SeresHumanos, no atendimento às exigências éticas e científicas fundamentais, diz-seque o consentimento livre e esclarecido é uma garantia de dignidade. No entanto,até que ponto os indivíduos que se propõem a participar de ensaios clínicos, depesquisa experimental ou até de pesquisação gozam de sua autonomia plenapara entender suficientemente as implicações do estudo? Será que essesindivíduos gozam de plena liberdade? Ou será que a suscetibilidade (estado denecessidade circunstancial) ou a vulneração (incapacidade material e psicológica)os faz consentir?

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Os itens b, c e d do referido item, respectivamente falam sobre abeneficência, não-maleficência e justiça. Referindo-se a esses três princípios,pode-se afirmar que muitas indústrias farmacêuticas se fundamentam neles parajustificar suas pesquisas em comunidades cujos participantes são vulneradospela extrema necessidade em que se encontram. Porém, até que ponto podemse justificar experimentos cujos danos não foram devidamente explicitados nosprojetos de pesquisa e que levam o parecerista de um Comitê de Ética emPesquisa-CEP a não enxergar os riscos? O que justificaria a utilização depopulações vulneradas em pesquisas? O que justificaria um laboratóriofarmacêutico realizar um estudo experimental duplo cego e não assegurar aogrupo controle o tratamento?

Referindo-se ainda ao item III pergunta-se: como assegurar a inexistênciade conflitos de interesse se muitas pesquisas, se não forem patrocinadas, poderãonão existir? De que modo um CEP poderá detectar de forma mais eficaz aexistência de conflitos de interesse utilizando-se apenas dos dados do protocolode pesquisa? Até que ponto os CEPS e a Res. 196/96 são garantias para queas pesquisas e os pesquisadores preservem sua idoneidade ética, estejamprotegidos e ao mesmo tempo promovam a proteção dos participantes ousujeitos das pesquisas?

O Item IV- O Consentimento Livre e Esclarecido é um dispositivo queassegura o respeito à dignidade e o exercício da autonomia do indivíduo. Masaté que ponto o sujeito ou participante da pesquisa exerce plenamente suaautonomia? De qual modo consente o indivíduo analfabeto funcional ou quenão possua letramento (o vulnerado)? Na realidade a Resolução previu a plenacapacidade e exercício da maturidade moral do pesquisador ao elaborar oTermo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE e para os CEPs a plenaconfiança nela, uma vez que se pressupõe a obtenção do consentimento nostermos propostos no projeto de pesquisa cujas diretrizes éticas são analisadase discutidas na perspectiva inter, trans e multidisciplinar pelos CEPs. Todavia, aResolução considerou bem a capacidade daquele indivíduo que participar dapesquisa em questionar ou ser realmente esclarecido, porque tem carências ounecessidades materiais e psicológicas que os tornam poucos capazes de entendero que o pesquisador propõe em seus esclarecimentos? Como o pesquisadorobtém o consentimento livre e esclarecido? O pesquisador considera realmente

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os fatores limitantes da capacidade de consentir dos participantes no momentoda obtenção do consentimento?

Pode-se depreender então que, o dispositivo de proteção – Res. 196/96 – gera muitos questionamentos acerca do que propõe como medida deproteção e , que, de fato, se qualifique como um fator gerador de“vulnerabilidade”

4 CONCLUSÃO

Os referencias para aplicar os conceitos de vulnerabilidade,suscetibilidade e vulneração são definidos pelo contexto local. A “vulnerabilidade”no sentido genérico é o termo mais utilizado para definir a necessidade deproteção, mesmo merecendo discussão porque pode gerar referenciais deproteção equivocados, sobretudo em realidades como a de países como oBrasil. A maturidade moral dos pesquisadores, eticistas, bioeticistas eparticipantes da pesquisa deverá ser o ingrediente primordial para a aplicaçãodo conceito de “vulnerabilidade”.

Não existem respostas precisas para os questionamentos levantadosacerca da “vulnerabilidade” e da proposta da Res. 196/96, mas poderá obterrespostas verossímeis se forem buscadas à luz do que se considera como requisitoimprescindível à aplicação da proteção, sem desconsiderar os critérios decientificidade. Desta forma, se encontrará de forma mais acertada qual categoriade “vulnerabilidade” deve ser levada em conta ao se tratar das necessidades deaplicação das medidas de proteção. Além dos pontos mencionados podem-seexplorar outros.

Constata-se, portanto, com essa breve discussão que se tem muito a sefazer para que a Res. 196/96 atinja plenamente o objetivo para o qual sepropõe. No que se refere à vulnerabilidade consideram-se as variantes quepodem afetar com maior ou menor intensidade o participante da pesquisa ouapenas ao mero “respeito” a “autonomia”? Ela atualmente resguarda de formamínima a dignidade do sujeito da pesquisa, principalmente porque parte da“utópica”- ainda- base de que o ser humano tem maturidade moral suficientepara não burlar as lacunas deixadas por ela. Parece uma percepção pessimista,mas pode ser considerada um pressuposto para reflexões bioéticas maisapuradas e propositoras de mudanças.

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ENSAIOS

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______________________________¹ Coordenador de Pesquisa e Pós-Graduação da Faculdade Integral Diferencial – FACID.Email: [email protected]

CONSIDERAÇÕES SOBRE LINHA DE PESQUISA

CONSIDERATIONS ON RESEARCH LINES

Prof. Dr. Rômulo José Vieira1

A Faculdade Integral Diferencial - FACID objetivando redefinir suaslinhas de pesquisa, por intermédio de sua Diretora Acadêmica, Profª. MariaJosecí Lima Cavalcante Vale, recomendou a Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação-CPPG apresentar na reunião semanal dos dirigentes da instituiçãouma proposta para reestruturar suas linhas de pesquisa. Na apresentação destaproposta, na reunião do dia 15 de março de 2010, foi solicitado o empenhodos coordenadores de curso em suas reuniões de colegiados, para consolidaçãodas linhas de pesquisa de cada curso e nesta ocasião a Profa. Osima sugeriuque a CPPG divulgasse um texto sobre linha de pesquisa. Assim, apresenta-seo texto a seguir objetivando colaborar com um maior entendimento do tema.

O primeiro passo, para enriquecer o texto que se poderia produzir, foiuma consulta a internet. Nessa consulta estabeleceu-se a surpresa, tal qualocorrera com Borges-Andrade (2003) quando mencionou que em abril de 2003,em diferentes dias, buscou no site Google Brasil utilizando a expressão linha depesquisa, encontrou 42.500 resultados em páginas da Internet e a 511 títulos depáginas da Internet. Na atualidade, quando dessa consulta, encontraram-se9.800.000 resultados. Deste modo, apresentam-se a seguir apenas algumasconsiderações sobre Linha de Pesquisa.

Menandro (2003) evidenciou a importância da conceituação de linhade pesquisa tendo em vista que esta é utilizada largamente em curriculum vitae,quando se descreve a atuação de grupos de pesquisa, na especificação daabrangência de Programas de Pós-Graduação, em documentos oficiais deagências de fomento. Entretanto, destacou o referido autor que o conceito delinha de pesquisa ainda carece de uma aceitação de forma compartilhada.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –CAPES (2010) tem como princípio fundamental para aprovação de um curso

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de Pós-Graduação Stricto sensu uma forte consolidação da linha de pesquisado curso, pois fundamenta-se na Resolução CFE n. 05, de 10/03/83, que fixanormas de funcionamento e credenciamento dos cursos de pós-graduação Strictosensu e estabelece em seu Artigo 4º que:

A implantação de um curso de pós-graduação dever serprecedida da existência de condições propícias à atividadecriadora e de pesquisa, aliando- se disponibilidade de recursosmateriais e financeiros às condições adequadas dequalificação e dedicação do corpo docente nas áreas oulinhas de pesquisa envolvidas no curso.

Contudo, não se evidencia nesta regulamentação qualquer conceituaçãoou definição sobre linha de pesquisa.

Já o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico –CNPq (2010) caracteriza linha de pesquisa como temas aglutinadores de estudoscientíficos que se fundamentam em tradição investigativa, de onde se originamprojetos cujos resultados guardam atividades entre si. Faz a diferença de projeto,quando menciona que projeto tem início e final definidos, objetivos específicosvisando resultados de causa e efeito, ou colocar fatos novos em evidência.

A Faculdade de Direito da USP (2010) apresentou o seguinte textosobre linha de pesquisa:

As linhas de pesquisa são planos gerais de pesquisa paralongo prazo, organizadas dentro de uma área deconcentração. Assim, as áreas de concentração se dividemem linhas de pesquisas e estas em sublinhas ou projetosacadêmicos. Reitere-se que os projetos acadêmicos sãosublinhas das quais participam diversos docentes, não seconfundindo com o projeto individual de um docente ou como projeto de pesquisa que o candidato à pós-graduaçãodeverá apresentar. A organização das linhas de pesquisa visaa dar maior divulgação às atividades de pesquisa e ensinodo programa de Pós-Graduação da Faculdade de Direitoda USP, orientando, assim, possíveis interessados emparticipar de seus cursos. Além disso, a identificação e

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publicação das linhas de pesquisa permitem quepesquisadores de outras Universidades, que tenham interessessemelhantes, possam trabalhar em conjunto, produzindotrabalhos científicos de maior impacto e qualidade. Aoingressar no programa de Pós-Graduação, o projetoindividual do aluno deverá estar inserido no âmbito das linhasde pesquisa e dos projetos acadêmicos da área deconcentração escolhida, podendo, excepcionalmente,ocorrer o enquadramento direto em determinada linha depesquisa, independentemente da sua inserção em algum dosprojetos acadêmicos existentes. Deste modo, busca-se queo projeto de pesquisa apresentado pelo candidato contribuaefetivamente com as linhas de pesquisa da sua área deconcentração.

O Departamento de Pesquisa Acadêmica da Pontifícia UniversidadCatólica Del Peru-DAI (2010) definiu linhas de pesquisa como um meio deincentivar a confluência de diversos projetos de investigação, para canalizar ascapacidades e recursos institucionais de forma mais eficiente e melhor abordaros problemas gerais do ambiente universitário.

Segundo o referido Departamento, uma linha de investigação não éapenas uma área de assunto, mas um eixo de “organização” que ajuda aarticulação entre projetos de investigação, bem como o estudo com outrasatividades acadêmicas, os professores e a produtividade dos alunos no âmbitodos esforços de investigação cooperativa; e a continuidade das atividades deinvestigação por exibir os seus resultados através de novos projetos e iniciativas.

Nesse departamento evidenciou-se que a partir de sua iniciativa foramidentificadas 184 linhas de pesquisa em sua unidade, que correspondem as quesão chamadas “linhas setoriais de investigação” dentro da seguinte tipologia:

a) Linhas de Pesquisa Institucional (formalmente aprovado pela instituição);b) Linhas Setoriais de Pesquisa (determinado por cada unidade acadêmica

com a avaliação e aprovação do DAI);c) Linhas Mestre de Pesquisa (estabelecidos pela comunidade acadêmica,

com a aprovação do DAI e o aval da Reitoria, com base na combinação

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de diversas rubricas setoriais, em resposta às necessidades e demandasdo ambiente universitário);

d) Linhas não-institucionalizadas de investigação (determinada por cadaunidade acadêmica ou grupo de pesquisa, sem ter ainda a aprovaçãofinal do DAI);

e) Individuais Linhas de Pesquisa (livremente decididas por cada Professor).

Pode-se observar que esta tipologia utilizada pela Pontifícia UniversidadCatólica Del Peru poderá ser implementada, sem dificuldades na FACID, sendono momento prioritária a definição das Linhas de Pesquisa Institucionais quedeverão ser fundamentadas de acordo com o potencial do corpo docente ecom as necessidades e demandas da região onde estamos inseridos e dentro doprojeto de desenvolvimento da FACID. Recomenda-se que mesmo as linhasindividuais, que certamente ocorrerão com o nosso amadurecimento, devamprocurar sempre estarem vinculadas as linhas institucionais.

Percebe-se esta preocupação no artigo do DAI quando citou que ospesquisadores individuais, grupos de pesquisa e unidades acadêmicas podemcriar livremente as suas linhas, mas a fim de que seja declarado “institucional”(mestre ou setorial), devem passar por um processo contínuo de avaliação paradeterminar a sua consistência, de acordo com os seguintes critérios:

a) articulação: ligação entre projetos de pesquisa, consultoria, teses,publicações, eventos programados e outras atividades acadêmicas;

b) produtividade: volume e qualidade da produção bibliográfica (livros eartigos em revistas especializadas), técnico de produção (protótipos,registros, patentes, etc.) e produção cultural;

c) continuidade: a caminho da linha desde a sua constituição, a separaçãodos projetos concluídos e formação de novos pesquisadores, etc.

Conforme a avaliação da DAI, cada linha de pesquisa é colocada emuma das seguintes categorias: formação; processo de consolidação, consolidaçãoinstitucional (reestruturação).

Observou-se também que a Pontifícia Universidad Católica Del Peru,através da DAI, prioriza o apoio a projetos que fazem parte das linhasinstitucionais de pesquisa (assim como aqueles que aspiram a institucionalização

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final), mas isso não a exclui de apoiar outros projetos de investigação ou aslinhas de professores, grupos ou unidades, desde que demonstrem relevância eatendam a determinados requisitos.

Pelo exposto, conclui-se que a linha de pesquisa para ser desenvolvidasatisfatoriamente deve ser fundamentada de acordo com o potencial científicodos pesquisadores, atender à demanda da região onde os projetos serãodesenvolvidos e que para ordenar o seu desempenho deve ser institucionalmentedefinida.

REFERÊNCIAS

BORGES-ANDRADE, J. E. Em busca do conceito de linha de pesquisa.RAC, v. 7, n. 2, abr./jun. p.157-170, 2003.

CAPES. Resolução n.º 05, de 10/03/83. Fixa normas de funcionamento ecredenciamento dos cursos de pós-graduação stricto sensu, Disponível em:ht tp: //www.capes.gov.br/images/sto ries/download/legislacao/Resolucao_CFE_05_1983.pdf. Acesso em: 20 março 2010.

CNPQ. Diretório dos grupos de pesquisa no Brasil. Perguntas freqüentes.Disponível em: http://dgp.cnpq.br/censos/perguntas/perguntas.htm#15. Acessoem: 19 março 2010.

PONTIFICIA Universidad Católica Del Peru, Departamento de PesquisaAcadêmica. Disponível em: http://translate.googleusercontent.com/translate_c?hl=pt-BR&langpair=es%7Cpt&u=http://www.pucp.edu.pe/d o c u m e n t o / i n v e s t i g a c i o n /doc_concept.pdf&rurl=translate.google.com.br&usg=ALkJrhjzWMdYEIc9H5WUfYUviycN_GVoIQ

UNIVERSIDADE de São Paulo, Faculdade de Direito. Pós-Graduação. Pós-Graduação Stricto sensu. Áreas de concentração e linha de pesquisa.Disponível em: http://www.direito.usp.br/pos/pos_stricto_areas_01.php. Acessoem: 19 março 2010.

MENANDRO, P. R. M. Linha de Pesquisa: possibilidades de definição etipos de utilização do conceito. RAC, v. 7, n. 2, abr./jun. p. 177-182, 2003.

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NORMAS EDITORIAIS

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REVISTA FACID

A Revista FACID Ciência & Vida objetiva a divulgação da produção científicae técnica dos professores, alunos e técnicos da Faculdade Integral Diferencial,bem como de profissionais da comunidade.

A Revista tem periodicidade anual e está aberta à publicação de trabalhos naforma de ARTIGOS, ENSAIOS e RESENHAS, os quais devem abordartemas nas áreas da Saúde, Ciências Humanas, Ciências Sociais, Tecnologia,dentre outros, fomentando a análise e reflexão de idéias, experiências eresultados de pesquisas, experiências de vida e manifestações artístico-culturais,contribuindo para o desenvolvimento científico e cultural do País.

ARTIGOS – Texto que discute um tema investigado para publicação de autoriadeclarada, que apresenta título em português e em inglês, nome dos autores,resumo e abstract do texto, palavras-chave e Keywords, introdução, materiale métodos, resultados e discussão, conclusão, referências bibliográficas,apêndices e anexos (opcionais). Serão considerados “artigos de revisão” ostextos que discutam temas com base em informações já publicadas. Quando setratar de artigo de revisão esta deverá ser, preferencialmente, do tipo sistemáticae deverá apresentar: título, autor, resumo, palavras chave, abstract, keywords,introdução, discussão do tema com base na pesquisa bibliográfica, conclusão,e referências. O artigo não deve ultrapassar 15 (quinze) laudas.

Título: Deve ser conciso, claro e objetivo, evitando-se excesso de palavras ouexpressões como: “Avaliação de...,” “considerações acerca de.....” “Estudosobre ....”. Deve ter no máximo 15 palavras. Apenas a primeira letra da primeirapalavra deve ser maiúscula.

Título em inglês: Transcrição do título em português. O título em inglês deveser colocado abaixo do título em português.

Nome dos autores: Devem ser apresentados os nomes completos, semabreviatura, abaixo do título com somente a primeira letra maiúscula, um apósoutro, separados por vírgula e centralizados. Em nota de rodapé na primeirapágina deve-se apresentar de cada autor a afiliação completa (Titulação/vinculação, instituição, cidade e estado, endereço eletrônico e endereço completo

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do autor para correspondência, inclusive telefone). O número de autores nãodeverá ser maior que cinco. Os autores pertencentes a uma mesma instituiçãodevem ser mencionados em uma única nota, utilizando o sobre escritocorrespondente.

Resumo e Abstract: Devem ter no máximo 250 palavras, descrevendo oobjetivo, material e método, resultados e conclusões em um só parágrafo. OAbstract deve ser a transcrição do resumo. Cada palavra-chave e keywordsdevem iniciar com letra maiuscula e seguida de ponto.

Palavras-chave e key words: Devem ser no mínimo três e no máximo cincotermos para indexação que identifiquem o conteúdo do artigo, os quais nãodeverão constar no título. Para a escolha dos termos para indexação (descritores)na área de saúde, deve-se consultar a lista de “Descritores em Ciências daSaúde – DECS”, elaborado pela BIREME (disponível em http://decs.bus.br)ou na lista da “Mesh-Medical Subject Headings” (disponível em http://nlm.nih.gov/mesh/mbrowser.html).

Introdução: Deve ser compacta e objetiva, definindo o problema estudado,demonstrando sua importância e lacunas do conhecimento que serão abordadasno artigo. As citações presentes devem ser atualizadas e pertinentes ao tema,adequadas à apresentação do problema, sendo empregadas para fundamentarema discussão. Os objetivos e hipóteses deverão ser contextualizados nesta sessão.Não deve conter mais de 550 palavras.

Material e Métodos: Os métodos bem como os materiais devem serdetalhados de modo que possam ser confirmados, incluindo os procedimentosutilizados, universo e amostra. Indicar os testes estatísticos utilizados. As questõeséticas devem ser apresentadas nesta sessão.

Resultados e Discussão podem conter figuras e/ou tabelas, contudo os dadosnesta forma não devem ser repetidos no texto. Os resultados devem serapresentados em uma sequência lógica. As tabelas e figuras devem trazeminformações distintas ou complementares entre si. Os dados estatísticos devemser descritos nesta sessão. A discussão deve ser pertinente apenas aos dadosobtidos, evitando-se hipóteses não fundamentadas nos resultados. Deve-se

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relacionar-se aos conhecimentos existentes e aos apresentados por outrosestudos relevantes. Deve, sempre que possível, incluir novas perspectivas depesquisas.

Conclusão: Deve estar fundamentada nas evidências disponíveis e pertinentesao objeto de estudo. As conclusões devem ser claras e precisas. Deve-serelacionar os resultados obtidos com as hipóteses apresentadas. Podem serapresentadas sugestões para outras pesquisas que complementem o estudo oupara outros problemas surgidos no desenvolvimento.

Referências: O artigo deverá apresentar no máximo 25 citações, sendo amaioria, preferencialmente, em periódicos recentes dos últimos cinco anos. Nocaso de artigos de revisão, deverão ser apresentadas no máximo 35 citações.Devem incluir todos os autores referenciados no texto.

Apêndice: Informações complementares produzidas pelo autor, como oquestionário aplicado, termo de consentimento livre e esclarecido, roteiro deentrevistas.

Anexos: Informações complementares, como documentos e ilustrações,retiradas da bibliografia.

RESENHAS – resumo crítico de livros publicados ou no prelo que podemsuscitar no leitor o desejo de ler a obra integralmente. Este texto deve ter, nomáximo 5 laudas e deve ser escrito informando o título da obra, nome completodo autor, editora e ano publicado.

Instruções aos Colaboradores:1. Os trabalhos devem ser preferencialmente inéditos e redigidos em língua

portuguesa, sendo seu conteúdo de inteira responsabilidade dos autores.

2. Os textos para publicação devem ser acompanhados de umacorrespondência ao Editor solicitando que o texto seja publicado. Uma vezrecebidos, os textos serão submetidos à apreciação do Conselho Editoriale dois conselheiros, no mínimo, decidirão sobre sua aprovação parapublicação, podendo ocorrer que o texto seja devolvido ao seu autor paraalterações e/ou correções.

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3. O texto deve ser digitado em Word, na versão 97-2003, ou superior, fonteTimes New Roman tamanho 12, espaço 1,5 entre linhas, margens superiore esquerda de 3 cm, margem inferior e direita de 2 cm, papel formato A-4.No resumo e abstract o espaçamento deverá ser simples.

4. As tabelas para apresentação de dados devem ser numeradasconsecutivamente com algarismos arábicos, encabeçadas pelo título, comindicação da fonte após a linha inferior. Todas as tabelas inseridas devemser mencionadas no texto. O texto deve ser em fonte Times New Roman,estilo normal e tamanho 12.

5. Para a inserção de ilustrações (quadros, gráficos, fotografias, esquemas,algoritmos, etc), estas deve-se numerá-las consecutivamente com algarismosarábicos, com indicação do título e da fonte após o seu limite inferior eindicadas no texto onde devem ser inseridas. Gráficos, fotografias, esquemase ilustrações devem ser denominados como figuras. O texto deve ser emfonte Times New Roman, estilo normal e tamanho nove. Devem ser inseridaslogo abaixo do parágrafo onde foram citadas pela primeira vez. As figurasdevem ser citadas no texto como: Figura 1; Figura 2; Figura 3; Quandohouver mais de uma informação na mesma figura (figuras agrupadas) estasdevem ser citadas no texto como: Figura 1A; Figura 2B; Figura 3C; etc. Asfiguras devem ter no mínimo 300dpi.

6 As citações no texto devem ser organizadas de acordo com as normasvigentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT - 10520) -formato autor-data.

7 A lista de referências deve ser organizada em ordem alfabética e de acordocomas normas ABNT – 6023.

Modelos de referências bibliográficas

Livros (um autor)SOARES, L.S. Educação e vida na República. 4.ed. São Paulo: Letras Azuis,2004.

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Livros (dois autores)ROCHA,B.; PEREIRA,L.H. Cuidando do enfermo. São Paulo: Manole, 2001.

Livros com mais de três autoresPOUPART, J. et al. A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos emetodológicos. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.

Capítulos de livrosOLIVEIRA, A. A. S. de; VILLAPOUCA, K. C. Perspectivas epistemológicasda bioética brasileira a partir da teoria de Thomas Kuhn. In: GARRAFA, V.;CORDÓN, J. (Orgs.). Pesquisa em bioética: bioética no Brasil hoje. SãoPaulo: Gaia, 2006. p. 30-38.

Artigos de periódicos (com mais de três autores)PEREIRA, Q. L. C. et al. Processo de (re)construção de um grupo deplanejamento familiar: uma proposta de educação popular em saúde. Texto eContexto Enferm, Florianópolis. v. 16, n. 2, p. 320-5. Abr/jun 2007.

TesesABBOTT, M.P. Modificações oxidativas de proteínas em presença decomplexos de cobre(II). 2007. 130f. Tese de doutorado. Programa de Pós-graduação em Química, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Artigo de jornal assinadoDIMENSTEIN, G. Escola da Vida. Folha de São Paulo, São Paulo, 14. jul.2002. Folha Campinas, p.2.

Artigo de jornal não assinadoFUNGOS e chuva ameaçam livros históricos. Folha de São Paulo, São Paulo,5. jul. 2002. Cotidiano, p.2.

Artigo de periódico (formato eletrônico)VRAKEN, M. V. Prevention and treatment of sexuality transmitted diseases: anupdates. American Family Physican. v. 76, n. 12, p. 1827-1832. Dez. 2007.Disponível em: < www.aafp.org/afp>. Acesso em: 29 de março de 2010.

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Decretos, LeisBRASIL. Decreto n. 2.134, de 24 de janeiro de 1997. Regulamenta o art. 23da Lei n. 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a categoria dosdocumentos públicos sigilosos e o acesso a eles, e dá outras providências. DiárioOficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 18, p. 1435-1436, 27. jan. 1997. Seção 1.

Constituição FederalBRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

Relatório oficialFUNDAÇÃO MARIA CARVALHO SANTOS. Relatório 2001. Teresina,2001. (mimeogr.)

Gravação de VídeoVILLA-LOBOS: o índio de casaca. Rio de Janeiro: Manchete Vídeo, 1987.1 videocassete (120 min.): VHS, son, color.

Trabalho publicado em Anais de CongressoMARTINS, I.S.; SILVA FILHO, F.J.V.; ALVES NETO, F.E. AbordagemCirúrgica em Ginecomastia Gigante em Pseudo-hermafrodita Masculino. In: IJORNADA DE MEDICINA DA FACID, 2005, Teresina. Anais: I Jornadade Medicina da FACID. Teresina, Gráfica do Povo, 2006, p.212.

8. Acompanha o texto uma lauda com o título e nome completo do autor e/ouautores com a filiação profissional e a qualificação acadêmica do(s)autor(es), os endereços postal e eletrônico, inclusive o telefone.

9. O original do trabalho a ser publicado deve ser entregue em uma via impressae em CD (processador Word for Windows), pelos correios ou via e-mail:[email protected]. Ao Conselho Editorial é reservado o direito depublicar ou não o trabalho.

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10. A publicação do trabalho não implicará na remuneração de seus autores. Oautor responsável pela submissão do artigo receberá um exemplar dofascículo por artigo publicado.

11. A revista não se obriga a devolver os artigos recebidos, publicados ou não.

12. O artigo a ser publicado deve ser entregue na FACID. O autor responsávelpela submissão do artigo deverá anexar e assinar os seguintes documentos:Declaração de Responsabilidade e Transferência de Direitos Autorais.

OBS: As submissões que não atenderem as normas acima apresentadas nãoserão encaminhadas para análise dos consultores, sendo imediatamente recusadaspara publicação na Revista FACID Ciência & Vida.

Conselho Editorial da Revista FACID Ciência & VidaA/C Dr. Rômulo VieiraRua Veterinário Bugyja Brito, 1354 - Horto Florestal.Cep: 64052-410 / Teresina-PI.Email: [email protected]