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RELATO ENVOLVENDO EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO ENSINO DE BIOLOGIA Report Involving Food and Nutritional Education in the Teaching of Biology CESAR HENRIQUE PINTO MOREIRA, BRUNO FERNANDES ALVES Resumo Nosso objetivo foi relatar a experiência de uma proposta didática construída para relacionar o consumo de alimentos processados/ultraprocessados e suas implicações à saúde desenvolvida com estudantes do 2º ano do Ensino Médio. Sendo aqui relatado o episódio de análise das propagandas alimentares produzidas por eles numa atividade em grupo, e da discussão decorrente dessa atividade sobre os perigos que o marketing alimentar esconde, sobretudo, no conteúdo das embalagens de alimentos. Durante a oficina de desenho, percebemos semelhanças como os elementos presentes nas propagandas veiculadas nos meios de comunicação com quase nenhum aspecto relacionado à saúde relevante, embora elas estivessem à disposição dos estudantes no momento da atividade. Na prática da leitura funcional da tabela nutricional, as dúvidas que emanaram revelavam dificuldades em conteúdos de Bioquímica, ensinadas na etapa anterior e, possivelmente, não relacionadas durante o estudo de Fisiologia naquele período escolar. Assim sendo, destacamos a necessidade da prática docente buscar a unicidade das áreas que compõem as Ciências Biológicas durante a formação escolar. Palavras-chave: Educação Alimentar e Nutricional; Sequência Didática; Relato de Experiência. Abstract Our objective was to report an experience of a didactic proposal built to relate the consumption of processed / ultraprocessed foods and their implications for the health developed in the students of the 2nd year of High School. Here we report the episode of analysis of the food advertisements produced by them in a group activity, and the discussion arising from this activity on the dangers that food marketing hides, above all, the content of food packaging. During the design workshop, we perceived similarities as the elements present in advertisements propagated in the media with almost no aspect related to relevant health, although they were available to the students at the time of the activity. In the practice of functional reading of the nutritional table, the doubts that emanated revealed difficulties in Biochemistry contents, taught in the previous stage and possibly unrelated during the study of Physiology in that school period. Therefore, we highlight the need for the teaching practice to seek the uniqueness of the areas that make up the Biological Sciences during the school education. Keywords: Food and Nutrition Education. Following teaching. Experience Report. Introdução Em virtude do reconhecimento do ser humano como ser inacabado e que se insere numa busca constante de se humanizar num ato solidário e de amor com outros, Freire (2011) valoriza a necessidade do homem como dotado de uma consciência crítica de sua realidade, a qual se encontra em constante movimento. Tal posição também é defendida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM) (BRASIL, 2000), fazendo-nos pensar na

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RELATO ENVOLVENDO EDUCAÇÃO ALIMENTAR E

NUTRICIONAL NO ENSINO DE BIOLOGIA Report Involving Food and Nutritional Education in the Teaching of

Biology

CESAR HENRIQUE PINTO MOREIRA, BRUNO FERNANDES ALVES

Resumo Nosso objetivo foi relatar a experiência de uma proposta didática construída para relacionar o consumo de alimentos processados/ultraprocessados e suas implicações à saúde desenvolvida com estudantes do 2º ano do Ensino Médio. Sendo aqui relatado o episódio de análise das propagandas alimentares produzidas por eles numa atividade em grupo, e da discussão decorrente dessa atividade sobre os perigos que o marketing alimentar esconde, sobretudo, no conteúdo das embalagens de alimentos. Durante a oficina de desenho, percebemos semelhanças como os elementos presentes nas propagandas veiculadas nos meios de comunicação com quase nenhum aspecto relacionado à saúde relevante, embora elas estivessem à disposição dos estudantes no momento da atividade. Na prática da leitura funcional da tabela nutricional, as dúvidas que emanaram revelavam dificuldades em conteúdos de Bioquímica, ensinadas na etapa anterior e, possivelmente, não relacionadas durante o estudo de Fisiologia naquele período escolar. Assim sendo, destacamos a necessidade da prática docente buscar a unicidade das áreas que compõem as Ciências Biológicas durante a formação escolar. Palavras-chave: Educação Alimentar e Nutricional; Sequência Didática; Relato de Experiência. Abstract Our objective was to report an experience of a didactic proposal built to relate the consumption of processed / ultraprocessed foods and their implications for the health developed in the students of the 2nd year of High School. Here we report the episode of analysis of the food advertisements produced by them in a group activity, and the discussion arising from this activity on the dangers that food marketing hides, above all, the content of food packaging. During the design workshop, we perceived similarities as the elements present in advertisements propagated in the media with almost no aspect related to relevant health, although they were available to the students at the time of the activity. In the practice of functional reading of the nutritional table, the doubts that emanated revealed difficulties in Biochemistry contents, taught in the previous stage and possibly unrelated during the study of Physiology in that school period. Therefore, we highlight the need for the teaching practice to seek the uniqueness of the areas that make up the Biological Sciences during the school education. Keywords: Food and Nutrition Education. Following teaching. Experience Report. Introdução Em virtude do reconhecimento do ser humano como ser inacabado e que se insere numa busca constante de se humanizar num ato solidário e de amor com outros, Freire (2011) valoriza a necessidade do homem como dotado de uma consciência crítica de sua realidade, a qual se encontra em constante movimento. Tal posição também é defendida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM) (BRASIL, 2000), fazendo-nos pensar na

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necessidade de elaborar estratégias didáticas voltadas para a reflexão dos estudantes perante uma situação problemática em busca de soluções, conforme apresenta Anastasiou e Alves (2003) quando mencionam sobre o desenvolvimento do pensamento reflexivo, em que acreditamos ser importante para se promover mudanças de postura em relação à temática alimentação.

Este tema chama nossa atenção porque o número de pessoas com problemas de saúde associados aos maus hábitos alimentares tem se tornado um grave problema de saúde pública que tem sua origem, muitas vezes, no consumo exagerado de alimentos processados/ultraprocessados (BRASIL, 2014; NUNES; FIGUEIROA; ALVES, 2007). Esse consumo é estimulado por causa dos apelos emocionais (BLEIL, 1998) como também pelo uso do discurso científico como estratégia de convencimento (COSTA, 2009), agindo favorávelmente para o aumento do consumo de alimentos processados/ultraprocessados e menos para os in natura ou minimamente processados (AQUINO; PHILIPPI, 2002). Em meio a essas e outras questões relacionadas ao uso de alimentos processados/ultraprocessados, faz-se necessário, conforme Bernardon e colaboradores (2009), dirigir ações voltadas para a construção de hábitos de uma vida saudável, incluindo a alimentação, dentro dos espaços escolares.

No Ensino de Ciências e Biologia, assim como em qualquer área, há a necessidade de contextualizar os conteúdos bem como de realizar estratégias didáticas capazes de tornar o aprendizado significativo para o estudante (MOREIRA, 2017). Neste caso, reportamos ao que Ausebel, Novak e Hanesian (1980) afirmam que quanto mais significativo o conteúdo aprendido mais rapidamente se consolidará o processo de aprendizagem e duradoura será sua retenção na memória do estudante, como no caso da consolidação de uma consciência crítica quanto aos riscos e perigos do consumo de alimentos processados/ultraprocessados.

A partir do que foi exposto, acreditamos que uma abordagem sobre os nutrientes precisa ser mais bem compreendida pelos estudantes dentro de uma perspectiva ampla que envolva questões sociais, culturais, econômicas, políticas e ambientais. Para isso, torna-se necessário desenvolver atividades que permitam refletir sobre os hábitos alimentares por parte de estudantes tomando por base a relação entre o consumo de alimentos processados/ultraprocessados e suas implicações à saúde para auxiliar na formação de hábitos alimentares saudáveis, questão que surgiu a partir da vivência dentro do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) subárea Biologia, a qual foi objeto de um trabalho de conclusão de curso (MOREIRA, 2015).

Assim sendo, desenvolvemos uma sequência didática construída para relacionar as mudanças dos hábitos alimentares promovidos pelo marketing alimentar em favor do consumo de alimentos processados/ultraprocessados e suas implicações à saúde com estudantes do 2º Ano do Ensino Médio. Nesta comunicação, dentre as atividades desenvolvidas, objetivamos analisar o episódio em que os estudantes foram convidados a elaborarem um anúncio ou embalagem de um produto alimentar e realizar a leitura funcional da tabela nutricional.

Diante disso, esperamos que este trabalho possa servir de incentivo para a percepção da necessidade da inserção de elementos que dinamizem os conteúdos biológicos e que tornem as aulas instigantes e focadas numa problemática que possibilite aos estudantes terem acesso a informações que estão para além dos livros didáticos. De igual modo, buscamos destacar o papel que a Educação Alimentar e Nutricional (EAN), assim como a Educação Sexual e Educação Ambiental, tem para criar “pontes” entre os conteúdos e temas presentes nas problemáticas de nossa sociedade com o Ensino de Ciências de maneira geral. Neste relato destacamos a capacidade da abordagem temática relacionar os conteúdos de Bioquímica ensinados no 1º Ano do Ensino Médio com os de Fisiologia recém-estudados pelos estudantes do 2º Ano do Ensino Médio. Referencial Teórico

Vale lembrar que a célula, a menor unidade que compõe a vida, é composta de pequenas estruturas e constituintes moleculares que interagem entre si e, no caso dos seres

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multicelulares, entre células e com as demais partes do corpo formando uma grande rede de relações capazes de influenciar no desenvolvimento do organismo (ROSSETTI, 2003).

E uma das características dos seres vivos é a sua composição química, a qual é constituída por dois tipos de substâncias: em inorgânica, que engloba a água e os sais minerais, e em orgânica, ou seja, aqueles que derivam dos seres vivos, como é o caso dos carboidratos, lipídeos, proteínas, vitaminas e ácidos nucléicos (ROSSETTI, 2003). Estes elementos, por fazerem parte dos alimentos, são denominados de nutrientes (BORDOI, 2010).

Bordoi (2010) afirma que, de acordo com as principais funções, os nutrientes podem ser classificados em: reguladores (sais minerais, vitaminas, fibras vegetais e água), energéticos (carboidratos e lipídeos) e construtores (construtores). Ou, segundo Seyffarth (2009), os nutrientes podem ser classificados conforme a quantidade de calorias fornecidas em: macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídeos) e micronutrientes (vitaminas e sais minerais). Estas são informações fornecidas e estudadas desde o Ensino Fundamental e resgatadas, em geral, no componente curricular Biologia do 1º Ano do Ensino Médio ao se estudar Bioquímica, e que estão diretamente relacionadas com a composição química dos seres vivos, mas que podem ser problematizados na temática alimentação durante o estudo sobre a fisiologia da digestão no 2º Ano do Ensino Médio.

O consumo de alimentos antes das indústrias costumava ser uma atividade familiar em que se utilizavam produtos geralmente frescos e conservantes naturais como o sal e condimentos, ou seja, consumiam-se alimentos in natura ou minimamente processados. E desde 1809 com o desenvolvimento da técnica de apertização pelo chef francês Nicolas Appert (1750-1841), a partir da técnica de esterilização desenvolvida pelo cientista italiano Lazzaro Spallanzani (1729-1799) para provar que a teoria da abiogênese estava errada, o uso de alimentos 1

envolvidos numa embalagem consistiu num grande incentivo para a industrialização e comercialização dos mesmos (ARAÚJO; MENEZES; COSTA, 2012; MALAJOVICH, 2011).

Entretanto, os problemas de saúde que o consumo exacerbado dos alimentos processados/ultraprocessados quando associado a outros fatores, como a falta de exercícios físicos, por exemplo, podem levar o consumidor desenvolver doenças como diabetes e hipertensão arterial, que são exemplos de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT ) 2

(SILVA; COTTA; ROSA, 2011), além de sujeitá-los as de natureza psicológica relacionadas com a alimentação como a bulimia e a anorexia nervosa por conta dos padrões de beleza criados pelas mídias de massa (CASOTTI et al, 1998), uma vez que estes alimentos normalmente apresentam altos teores de sódio, carboidratos e gorduras.

Esse cenário, segundo Bleil (1998), teve como grande promotor o fenômeno da globalização ocorrido durante o século XX, graças às mudanças econômicas, demográficas, sociais e de hábitos na sociedade que também influenciaram o padrão de estado nutricional da população em decorrência da modernização e expansão das cidades, no qual é observado um aumento nos casos de sobrepeso e obesidade. Sendo esse momento conhecido como “transição nutricional” tal como nos apresenta Lang, Nascimento e Taddei (2009). Pois a “[...] a nova rotina adotada pelas pessoas é fruto dos processos de industrialização, urbanização, desenvolvimento econômico e crescente globalização do mercado de alimentos” (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE – OPAS, 2003, p. 7).

Somado a isto, o consumo de alimentos reconhecidos como saudáveis por parte da população é, em geral, dificultada devido aos preços e o poder aquisitivo limitado das famílias, que optam pelos alimentos industrializados com altos teores de sódio, carboidratos e gordura. Mais do que os preços, há também o fator tempo: para comprá-los cuidadosamente, cozinhá-los, e a baixa durabilidade dos mesmos. Tempo é o elemento chave utilizado pelas indústrias e marketing de alimentos para seduzir seus futuros consumidores, por vezes, como uma questão de praticidade (BLEIL, 1998; HERNÁNDEZ, 2005).

1 Também denominada por Teoria da Geração Espontânea, atribui-se sua origem ao filósofo e naturalista Aristóteles. Essa teoria defendia que a vida surgia de elementos não vivos, sendo hoje alusiva à hipótese da evolução química (origem química da vida). 2 As principais doenças crônicas ou agravos não transmissíveis, conforme OPAS (2003) escreve, que têm maior representação nas causas de morte e invalidez no mundo são as doenças cardiovasculares, obesidade, câncer e diabetes tipo 2, e que apresentam uma relação mais estreita com os hábitos alimentares, e as doenças respiratórias (especialmente aquelas consequentes do tabagismo e da poluição do ar).

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Antes de prosseguir, é importante salientar a diferença entre publicidade, propaganda e marketing, como bem apresenta Ishimoto e Nacif (2001, p.28, destaque dos autores):

Embora muitas vezes entendidos como sinônimos, os termos publicidade, propaganda e marketing não têm o mesmo significado. A expressão publicidade significa o ato de vulgarizar, de tornar público um fato ou ideia; já a propaganda é definida como a propagação de princípios e teorias; e, finalizando, o marketing é o processo de descoberta e interpretação das necessidades, desejos e expectativas do consumidor e das exigências para as especificações do produto e serviço e continuar, através de efetiva promoção, distribuição, assistência pós-venda, a convencer mais e mais clientes a usarem e continuarem usando esses produtos e serviços.

Dessa forma, o marketing precisa ser chamativo e extremamente sedutor ao cliente em potencial, e no caso de produtos alimentares, sobretudo os processados/ultraprocessados, isto também é transmitido através da embalagem. Segundo o Decreto-lei nº 986 de 1969 (BRASIL, 1969), a embalagem é entendida como “qualquer forma pela qual o alimento tenha sido acondicionado, guardado, empacotado ou envasado” - Art. 2º, parágrafo XIII. Mas isso vai muito além do simples objetivo de preservar o produto ali contido ao máximo sem alterar, ao longo do tempo, suas características; a embalagem também serve como um verdadeiro “vendedor silencioso” (LIRA; CARVALHO, 2006).

Sobre esse “vendedor silencioso”, alguns fatores presentes nele afetam a decisão do consumidor como a sua forma, o design e as cores (ISHIMOTO; NACIF, 2001; LIRA; CARVALHO, 2006). As cores são os primeiros sinais visuais com os quais nos deparamos ao entrarmos nos corredores dos supermercados, levando-nos a perceber não somente a variedade, mas, inclusive, distinguir determinados produtos de acordo com a sua marca (LIRA; CARVALHO, 2006).

Hara, Horita e Escanhuela (2003, p. 34) afirmam que “(...) somos ambíguos nas nossas motivações e é justamente isso que o marketing explora, buscando ora estimular o aspecto emocional, ora o aspecto prático e racional”. O que nos remete ao “princípio da utilidade marginal decrescente”, no qual “[...] a utilidade ou satisfação proporcionado ao consumidor de um determinado bem ou serviço decresce à medida que ele consume mais unidades do mesmo” (LAGE; MILONE, 1994, p. 14). Ou seja, como estratégia de motivação para o consumo de um dado produto não decresça, a propaganda e a publicidade são modificadas ora explorando o emocional ora a ideia de praticidade. Isso também merece destaque em sala de aula como questão de reflexão para se pensar sobre a qualidade de nossa alimentação e de como temos sido constantemente motivados a comprar as “novidades” que nos são apresentadas, principalmente quanto aos produtos alimentares e atuantes na promoção de um padrão global alimentar.

Esta transição nutricional não só está afetando as escolhas dos alimentos e os modos como se dão as práticas alimentares, mas repercute de forma muito negativa na saúde, sobretudo de nossas crianças e adolescentes bastante influenciadas pelos junk food e a globalização do padrão alimentar (BLEIL, 1998). Isto significa que a forma vigente de organização das sociedades alterou o estilo de vida de tal modo que as DCNT são as principais responsáveis pelos óbitos e incapacitação no mundo devido aos fatores de risco como a hipertensão, diabetes, excesso de peso (sobrepeso e obesidade), fumo, alcoolismo e sedentarismo que se tornam cada vez mais comuns (NEUMANN et al, 2009; OPAS, 2003), sendo estes fatores também assunto de interesse para os estudantes de Biologia, uma vez que permitem realizar pontes com outras áreas de conhecimento como Geografia, Sociologia, Química e Matemática, e assim promover uma ação educativa interdisciplinar (MOREIRA, 2015).

Daí reside à importância da Educação Alimentar e Nutricional (EAN), à semelhança da Educação Ambiental e Educação Sexual, como um agregador capaz de resgatar temas que envolvem a prática alimentar associada a problemáticas sociais pra ensinar ciências, como é o caso desta comunicação. Isto decorre porque ainda existem poucas publicações, a exemplo de Santana, Bastos e Teixeira (2015), do tipo estudo de intervenção e que descreve a metodologia utilizada ao longo do trabalho. (RAMOS; SANTOS; REIS, 2013).

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A respeito da EAN, encontramos em autores como Bizzo e Leder (2005), Canesqui e Garcia (2005), Santos (2005), Brasil (2012) e Dorigo (2014) subsídios para dialogar sobre este tema.

Segundo Dorigo (2014), a história da EAN no Brasil remota à década de 1930 dirigida aos trabalhadores e sua família, mas hoje é compreendida como preconceituosa por estabelecer padrões e alimentos fora do contexto cultural e social. Na década de 1990, conforme Brasil (2012, p. 17):

[...] a EAN foi pouco valorizada como disciplina e como estratégia de política pública. No entanto, o acúmulo de evidências que apontavam os hábitos alimentares como um dos fatores determinantes para o aumento, em todo o mundo, das doenças crônicas, a EAN passou a ser considerada como uma medida necessária para a formação e proteção de hábitos saudáveis.

Ainda segundo Dorigo (2014), nesse mesmo período houve um movimento de renovação para a promoção da saúde e da Educação em Saúde, inspirada por Paulo Freire, no qual se passou a questionar e discutir os limites de se promover práticas alimentares saudáveis sem se restringir a ideia puramente biológica, mas incorporando outros fatores como os culturais e sociais. E, segundo Brasil (2012), nos anos 2000, destaca-se o Programa Fome Zero que contribuiu para que se surgisse uma demanda a favor da inserção da temática EAN como obrigatório no currículo escolar do primeiro grau.

Embora se comente sobre EAN, existem autores como Bizzo e Leder (2005) que fizeram da Educação Nutricional uma proposta de tema transversal para o Ensino Fundamental dada sua relevância em termos de ser um conjunto de conhecimentos necessários à obtenção de uma vida saudável. Porém, estudiosos da área das Ciências Sociais defendem ser a alimentação também objeto de estudo da Antropologia, por se tratar de um fenômeno sociocultural construído ao longo da história de cada povo. Canesqui e Garcia (2005, p. 9) ressaltam que:

Não comemos apenas quantidades de nutrientes e calorias para manter o funcionamento corporal em nível adequado, pois há muito tempo os antropólogos afirmam que o comer envolve seleção, escolhas, ocasiões e rituais, imbrica-se com a sociabilidade, com ideias e significados, com as interpretações de experiências e situações. Para serem comidos, ou comestíveis, os alimentos precisam ser elegíveis, preferidos, selecionados e preparados ou processados pela culinária, e tudo isso é matéria cultural.

Em termos educacionais, o PCN Saúde (BRASIL, 1998, p. 277) afirma que: “Hábitos alimentares precisam ser criticamente debatidos em grupos como forma de avaliar a geração artificial de ‘necessidades’ pela mídia e os efeitos da publicidade no incentivo ao consumo de produtos energéticos, vitaminas e alimentos industrializados”. E ainda em Marins, Jacob e Peres (2008, p. 582, acréscimo nosso) encontramos que: “São raras as estratégias educativas e de comunicação, sobre os riscos do consumo excessivo de produtos fast foods, voltadas para o segmento mais vulnerável [crianças e adolescentes] à ação do marketing” – razão pela qual nos propusemos a elaborar uma sequência didática.

Ao se propor refletir sobre a EAN no contexto da promoção das práticas alimentares saudáveis a partir da análise de publicações oficiais e documentos do governo brasileiro, Santos (2005) destaca que os documentos indicam que o objetivo das propostas educativas em alimentação e nutrição é mais subsidiar os indivíduos com informações que sejam adequadas, corretas e consistentes sobre alimentos, alimentação e prevenção de problemas nutricionais do que os auxiliar na tomada de decisões. Isto contraria a ideia presente no campo da educação sobre a necessidade da formação de sujeitos críticos capazes de tomar decisões igualmente críticas, tal postura é também partilhada por Ramos, Santos e Reis (2013).

Desta feita, a questão da criticidade da publicidade de alimentos processados/ultraprocessados necessita ser objeto de estudo em sala de aula para se alertar dos perigos e prejuízos à saúde sem correr o risco de focar única e exclusivamente nos nutrientes. Pois, ainda que a sociedade seja capaz por meio das ciências e tecnologias desenvolver diversos alimentos e aumente sua produção, coube à cultura definir aquilo que é ou não considerado comida, assim como aquilo que é ou não adequado, moldar o gosto que

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deve ter, a forma como consumir e a maneira de como se alimentar (CANESQUI; GARCIA, 2005). Com isso em mente, defendemos que os alimentos elegidos como comestíveis nem sempre são nutritivos e acessíveis, pois a cultura e a indústria de alimentos interferem nas decisões dos consumidores desde a infância, os quais podem se constituir objetos de estudos ao serem problematizados em sala de aula como, por exemplo, um exame mais cuidadoso das informações contidas nas embalagens de alimentos.

Metodologia

A abordagem dada neste trabalho é sobremaneira qualitativa do tipo descritiva (OLIVEIRA, 2005) por tentar buscar os significados e relações das informações obtidas. Embora nossas ações vertam numa perspectiva dialética, fizemos previamente uso de um questionário de diagnóstico da prática alimentar dos estudantes; e fizemos anotações de campo devido à impossibilidade de gravar o áudio dos encontros tanto por questões determinadas pela gestão da escola como também dos próprios estudantes participantes que também não queriam, sendo estas anotações lidas para o grupo ao final de cada encontro de modo a obter concordância entre os mesmos.

O público-alvo ao qual nossa proposta se direcionou foram os estudantes do 2º ano do Ensino Médio do turno da tarde de uma escola pública pertencente à Rede de Ensino do Estado de Pernambuco do ano de 2014, que está localizada no bairro de Casa Amarela e é parceira do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) subárea Biologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

De acordo com as Orientações Teórico-Metodológicas para o Ensino Médio do Estado de Pernambuco (PERNAMBUCO, 2008), entre os conteúdos de Biologia estudada no 2º ano do Ensino Médio estão àqueles voltados para a Biologia Humana (Anatomia e a Fisiologia), inclusive o processo de digestão e nutrição, a serem abordadas na penúltima unidade dessa fase, uma vez que as bases sobre Bioquímica necessárias para se compreender o fenômeno da nutrição e as doenças associadas à alimentação já tenham sido desenvolvidas no ano anterior conforme o mesmo documento.

A partir do questionário de diagnóstico aplicado a todos os estudantes no primeiro encontro, totalizamos 21 participantes de um universo de 30 estudantes matriculados na turma em que foi realizada a atividade (uma amostra de 70%), e que revelou se tratar de um público com predominância do sexo masculino (57%) e na faixa etária entre 15-17 anos de idade (81%). Porém, após o primeiro encontro, houve uma redução da amostra para 19 estudantes tendo em vista as atividades terem ocorrido no período de encerramento do ano letivo de 2014.

Partimos do método dialético citado por Gil (2008), tendo em vista o objetivo do trabalho em proporcionar aos participantes uma percepção mais ampla do que resulta o consumo de alimentos processados/ultraprocessados para além das informações nutricionais. A sequência foi elaborada com o intuito de promover o diálogo, que segundo Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2007, p. 193) busca relacionar os “[...] conhecimentos que ambos os sujeitos da educação, estudante e professor, detêm a respeito do tema, objeto de estudo e compreensão”. Dessa forma, as atividades foram realizadas dentro do espaço da sala de aula em três encontros (um por semana) de duas horas/aula cada (total de seis horas) e sumariamente descritas na figura 1. A fase preparatória foi voltada para negociar e ajustar as atividades de acordo com a perguntas/dúvidas dos estudantes e aos resultados do questionário aplicado.

Iniciamos nossas atividades por apresentar aos estudantes as intenções a serem exploradas com a temática alimentação aos estudantes, para que assim fossem negociadas com os sujeitos possíveis mudanças de atividades (o que não chegou a ocorrer). Logo após essa apresentação, foi aplicado o questionário aos interessados em participar, e a recolha de suas dúvidas expostas oralmente pelos estudantes sobre o tema alimentação.

Figura 1 – Os procedimentos preparativos e metodológicos da sequência didática.

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No primeiro encontro iniciamos com uma atividade de caráter lúdica realizada em pequenos

grupos: uma oficina de produção de um anúncio ou embalagens na forma de desenho, de um produto alimentar ou in natura a partir de uma ficha informativa dadas aos grupos. Estas últimas foram elaboradas a partir das informações nutricionais encontradas na Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO) (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP, 2011), imagens do alimento, e curiosidades e/ou história do alimento, incluindo, caso necessário, informações sobre restrições e perigos à saúde.

No caso desta sequência, utilizamos as fichas sobre: laranja-da-terra (um produto pouco conhecido); refrigerante tipo laranja (um produto industrializado que substitui o suco natural); biscoito recheado de chocolate (um dos alimentos mais consumidos pelos estudantes da escola de modo geral); e banana comprida (um produto de consumo tradicional da localidade). O intuito dessas fichas foi de servir de auxílio para subsidiar a construção do desenho e do discurso de convencimento. Além disso, solicitamos que construíssem um nome fictício para o seu produto bem como o público-alvo.

A análise desta dinâmica partiu tanto dos desenhos construídos e argumentos utilizados pelos grupos, quanto das avaliações feitas pelos demais estudantes participantes que foram registradas no bloco de anotações e lidas ao final, de modo a haver concordância de todos.

Na segunda parte do primeiro encontro, as perguntas levantadas pelos estudantes foram utilizadas para dialogar sobre Bioquímica Básica e DCNT segundo alguns autores (BORSOI, 2010; CAMPBELL; FARRELL, 2007; CHAMPE; HARVEY; FERRIER, 2009; SEYFFARTH, 2009), no qual abordamos os seguintes tópicos: o que são, quais tipos e o papel biológico dos nutrientes como forma de revisar os conteúdos estudados no 1º ano do Ensino Médio; seguido da apresentação dos tipos de DCNT, os seus fatores de risco e problemas a elas relacionadas (LANG; NASCIMENTO; TADDEI, 2009; NEUMANN et al, 2009; OPAS, 2003) por meio de uma exposição oral dialogada.

E por fim, no segundo encontro, propomo-nos a dialogar e discutir sobre diversos temas a respeito da alimentação, tais como: o papel das embalagens de alimentos conforme Lira e Carvalho (2006); estudar a tabela nutricional segundo as dúvidas dos estudantes a partir da realização de uma atividade prática de leitura funcional da mesma segundo a ilustração de Dias (2012) apontando sua relação com algumas vias metabólicas e o desencadear das DCNT; as necessidades nutricionais e dietas a partir da apresentação da nova pirâmide alimentar segundo Baptista (2009); a relação das embalagens e marketing alimentar (ISHIMOTO; NACIF, 2001; CREPALDI, 2006; LIRA; CARVALHO, 2006) com as DCNT.

Além disso, algumas perguntas complementares foram elaboradas com base nesses temas e nos diálogos travados para serem respondidas pelo grupo-classe oralmente, que buscavam:

I- Dialogar sobre aquilo que molda nossas preferências alimentares; II- Indagar sobre o porquê de alguns alimentos serem comestíveis num país e em

outro não para destacar que alimentação tem sua influência cultural; III- Valorizar o hábito de cozinhar e, com isso, de escolher os alimentos e prepará-los

como uma forma de resgate da nossa identidade cultural, do fazer humano antes do processo da industrialização bem como exercer nossa autonomia quanto aos teores nutricionais;

IV- Questionar a organização das prateleiras dos supermercados e a lógica do consumo, que são organizadas de tal modo que possibilite ao cliente encontre os ingredientes de um mesmo prato próximos uns dos outros; e também da capacidade das embalagens de gerar memória aos primeiros sinais visuais vinda de uma prateleira.

V- O papel e a influência das propagandas televisivas como forma de questionar o princípio da utilidade marginal decrescente, aquela que ora explora o emocional ora o fator praticidade como uma forma de sempre manter a pessoa motivada a consumir o seu produto; e

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VI- Questionar alguns fatores que normalmente são levados em consideração no ato da compra (embalagem, preço, marca, conteúdo, sabor), e com isso problematizar a questão do poder aquisitivo associado aos fatores socioeconômicos e culturais como uma forma de acesso a uma alimentação saudável como um direito vital.

Deste modo, esta sequência didática buscou proporcionar momentos de diálogos e reflexões que levassem os estudantes perceber que os argumentos por eles utilizados na atividade de carácter lúdico feita no início da sequência escondem implicações para a nossa saúde quando as informações são manipuladas ou mesmo mascaradas por conta da estética da embalagem, do anúncio ou discurso de convencimento dos alimentos processados/ultraprocessados, e que faz com que nos esqueçamos de pensar em outros aspectos como os socioeconômicos, saúde e culturais.

Apesar de termos relatado toda a sequência didática, aqui neste relato iremos nos reportar aos acontecimentos das atividades atinentes à oficina de desenho do primeiro encontro e da leitura funcional da tabela nutricional no segundo encontro. Resultados 1º Encontro: Oficina de desenho de embalagens Como havíamos dito, após a fase preparatória, iniciamos as atividades propriamente ditas da sequência didática, a qual contou com uma redução da amostra para 19 estudantes, provavelmente por estas terem ocorrido ao final do ano letivo.

Os estudantes ali presentes foram organizados em quatro grupos, cada qual escolheu uma das fichas informativas de forma aleatória, a saber: suco de laranja-da-terra, refrigerante sabor laranja, banana da terra e biscoito recheado de chocolate. Os desenhos e algumas das informações construídas pelas equipes são apresentados a seguir.

A figura 2 consiste num anúncio de suco de laranja-da-terra, no qual o nome fantasia elaborado foi Laranja Mix, cujo enunciado consistia em Da naturalidade ao consumidor.

Figura 2- Imagens do desenho pronto (A), da confecção (B) e da apresentação (C) produzido pelo grupo

para suco de laranja-da-terra. O público-alvo definido pelo grupo compreendia qualquer pessoa, e no discurso de

convencimento destacavam o fato de ser um produto que mantêm as características naturais de um suco feito na hora sem adição de açúcar ou conservante, daí a justificativa da torneira e do termo “naturalidade”.

Quando levado para a opinião da turma, ninguém sugeriu nenhuma modificação ou contestou. Sendo a única solicitação apresentada a este grupo pelo pesquisador foi a de que relessem o texto da ficha informativa devido à existência de contraindicação desta fruta para

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hipertensos, diabéticos, grávidas e lactantes, por exemplo, dada sua ação adrenérgica e termogênica segundo Boorhem e Lage (2009).

Essa solicitação faz com que o grupo percebesse a necessidade de alterar o público-alvo devido às características do produto, fazendo surgir comentários de colegas sobre uma possível “fraude” publicitária. E isto nos remete à questão do apelo mencionado por Hara, Horita e Escanhuela (2003) só que no sentido discurso “isto é natural”.

O desenho da figura 3 também foi na forma de anúncio de um refrigerante sabor laranja, cujo nome fantasia foi Adocica com o seguinte enunciado: Adocica! Mais sabor na sua vida!!. O público-alvo definido pelas estudantes foi todas as pessoas que gostam de refrigerante.

Figura 3 - Imagens do desenho pronto (A), da confecção (B) e da apresentação (C) produzido pelo grupo para refrigerante sabor laranja.

O desenho apresenta uma garrafa de refrigerante de base dilatada como o desenho de uma

laranja cortada, e na parte superior encontra-se um texto baseado numa música. Percebe-se que a estratégia de convicção adotada foi através da música e da inovação da embalagem.

O discurso do grupo anunciava que se tratava de um produto de baixa quantidade de açúcar e com corante natural. A turma não contestou, antes elogiou a inovação da embalagem.

Quanto à existência de restrição ou contraindicação, o grupo alegou não haver. Em seguida, uma estudante do grupo disse que um grupo possível para não fazer uso desse produto seriam os diabéticos, fato este que fez alguns estudantes perceberem que nem todos os produtos alimentares podem ser consumidos por todos.

Na figura 4, o anúncio desenhado consiste num diálogo na parte inferior entre duas bananas, que dizia: Onde irei comprar um banana nutritiva e deliciosa (?) diz a Banana 1 (à esquerda); responde a Banana 2 (à direita) Na Banan-Nex lá você encontra uma banana nutritiva e deliciosa.

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Figura 4 - Imagens do desenho pronto (A), da confecção (B) e da apresentação (C) produzido pelo grupo

para biscoito banana-da-terra. O nome fantasia confirmado, tendo em vista duas escritas, foi Banan-Nex, já o slogan

exposto pela equipe foi: Banan-Nex a empresa que você confia, a empresa que você conhece. No canto superior e centralizado está uma mascote acompanhado de um texto, o qual alega ser a banana uma fruta nutritiva e que permite fazer várias receitas. O público-alvo era qualquer consumidor. Na apresentação destacaram se tratar de um produto natural alicerçada ao fator confiança.

No momento das críticas, a turma não se manifestou na hora, porém surgiram questionamos sobre o porquê da confiança como elemento de promoção. O grupo justificou por ser um produto natural sem nenhuma alteração e, por isso, isento produtos químicos mesmo após um dos estudantes de outro grupo ter cogitado a possibilidade de conter agrotóxico.

Vale salientar que a equipe não informou que se tratava de um tipo específico de banana, como era o caso, dando a entender que estavam apresentando sobre o produto banana de modo geral. Se este foi o caso, indica que os mesmos, bem como o grupo da laranja da terra, não tiveram cuidado em ler a ficha. Dessa situação podemos fazer um paralelo com o que acontece muitas vezes com os consumidores quando vão fazer compras nos supermercados: não leem as informações da embalagem (MARINS; JACOB; PERES, 2008).

O desenho da figura 5 tinha como nome fantasia Biscoito Pepiko cujo enunciado era: Pepiko hoje, Pepiko amanhã, Pepiko sempre. O público-alvo definido eram as crianças. No desenho há um elemento comum às redes sociais (#). O discurso justificava o público-alvo por elas serem os maiores consumidores de biscoito.

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Figura 5 - Imagens do desenho pronto (A), da confecção (B) e da apresentação (C) produzido pelo grupo

para biscoito recheado de chocolate.

No momento da averiguação perante a turma, os estudantes criticaram o público-alvo alegando que o elemento comum às redes sociais é usualmente considerado um espaço permitido apenas para maiores de idade e, por isso, seria incompatível com o seu público-alvo definido. Quanto a isso, o grupo se justificou perante o fato de menores de idades já possuírem acesso a elas. Além disso, outro ponto criticado foi o enunciado induzir à necessidade de consumir constantemente o produto, o que sinaliza ser o biscoito recheado entendido pelo grupo-classe como um alimento não saudável.

Diante dos resultados das apresentações observamos que os estudantes tendiam, exceto a equipe que trabalhou com o biscoito, a idealização de produtos que traziam uma conotação de puro ou sem modificações adicionais por agentes químicos ou aditivos revelando uma consciência preocupada com a saúde ainda que por diferentes motivos (produto natural, sofisticado/inovador, confiança).

Entretanto, chamou a nossa atenção, e isto reforça o que Marins, Jacob e Peres (2008) disseram sobre a dificuldade em ler os rótulos das embalagens, é o fato de todos os grupos não fazerem associações com as questões nutricionais (um possível indicativo da dificuldade de leitura da tabela) para justificar/reforçar o seu discurso de “produtos naturais”.

Ou seja, estavam divulgando ideias de produtos inofensivos sem dimensionar claramente o seu potencial/riscos para a saúde, de modo que os impossibilitaram de visualizar que: a laranja-da-terra era de consumo restrito; que o refrigerante para ser mais bem vendido sem apelar para questões emocionais ou práticas teve que reduzir a quantidade de açúcar já que a ficha informativa indicava um alto teor de carboidratos; e que para vender banana tiveram que se especializar no produto, ou seja, conhecer a fundo para mostrar serem dignos de confiança.

Ao final dessa primeira atividade, ocorreu à exposição oral dialogada com base nas perguntas feitas no primeiro encontro. Após certo tempo percebemos expressões faciais que evidenciavam incompreensão ou dúvida nos estudantes; isso se confirmou após serem indagados sobre alguns conceitos como monossacarídeos e ligação peptídica, levando-nos a acreditar que os conteúdos sobre Bioquímica não foram de fato apreendidos por parte dos estudantes ou mesmo não abordadas pelo professor de Biologia, ou ainda ambas as situações. Fato este compreendido por serem os conteúdos da Bioquímica entendidos como um nicho interdisciplinar entre Química e Biologia, a qual busca explicar como ocorrem muitos dos fenômenos nos sistemas vivos a partir de conceitos voltados às micro e macromoléculas e suas reações químicas com aquilo que ocorre no nosso organismo (CORREIA et al, 2004; FARKUH; PEREIRA-LEITE, 2014).

Quanto à abordagem sobre DCNT, para os estudantes isso não se mostrou uma novidade com a exceção do nome do grupo das doenças, tanto que ao serem indagados sobre que tipo de doenças as DCNT poderiam ser, afirmavam como algo não contagioso, porém sem saber definir o sentido de crônica. Ao final da apresentação, o diálogo estabelecido envolviam dúvidas como a questão da cura delas; a relação entre cirurgia bariátrica e diabetes tipo 2; diferenciar os tipos de diabetes; qual a melhor forma de diminuir a quantidade de sal e outras mais. É interessante destacar que eles mencionavam exemplos de situações de familiares ou deles próprios para tentar compreender ou perguntar estabelecendo uma relação significativa com as informações ali discutidas, sinalizando que o processo de ensino estava favorecendo a uma aprendizagem significativa (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980). 2º Encontro: Alimentos industrializados e leitura funcional da tabela nutricional De início abordamos sobre o conceito de embalagem conforme o Decreto-lei nº 986 de 1969, e a partir desse momento destacamos a função e as vantagens do uso desse instrumento para a conservação do alimento e sua promoção conforme trabalho de Lira e Carvalho (2006).

Notamos que os estudantes haviam se interessado e questionado sobre às vezes observar certa padronização entre embalagens de alguns tipos de alimentos e se teria alguma relação com alguma lei existente. A pergunta permitiu promover com os estudantes o diálogo reflexivo

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sobre esse tema no tocante ao diferencial e prestígio de algumas marcas. Ao final desse bloco, solicitamos aos estudantes que conceituassem embalagem de modo que o conceito construído fosse consensual, haja vista o interesse dos estudantes, e a assim a definiram:

Recipiente para conservar por certo tempo o alimento, cujas informações precisam se destacar das demais a fim de chamar a atenção do cliente/consumidor.

Percebe-se que o conceito construído por eles envolviam elementos não presentes na definição técnica do Decreto-lei para embalagem: a diferenciação dos concorrentes e a capacidade de atrair o consumidor. Ou seja, eles construíram um conceito que ia além do óbvio e remetia à sua função de “vendedor silencioso” conforme Lira e Carvalho (2006) qualificaram, significando uma expansão da ideia de embalagem.

O segundo bloco deste encontro foi dedicado para se dialogar sobre as informações nutricionais, com destaque para a tabela nutricional. Neste momento e já cientes de que 67% dos que responderam ao questionário havia revelado que praticamente não possuem o hábito de ler as informações contidas nas embalagens, perguntamos aos estudantes presentes qual era sua maior dificuldade em relação à tabela nutricional e eis que surgem duas inquietações: compreender os termos utilizados e a quantidade ideal de calorias.

É interessante frisar a dúvida sobre o uso de termos técnicos já apontados no trabalho de Marins, Jacob e Peres (2008), e que são matéria de estudo no Ensino Fundamental e aprofundado no Ensino Médio ao se estudar, respectivamente, os nutrientes e a composição bioquímica dos seres vivos no 1º ano do Ensino Médio. Diante dessas inquietações, optamos por dialogar, de maneira breve, resgatando as informações citadas no encontro anterior sobre os tipos de nutrientes e seus papeis biológicos e chamar a atenção dos estudantes para a presença desses mesmos termos nas tabelas nutricionais.

Em seguida, para superar esta dificuldade trabalhamos a leitura funcional da tabela nutricional a partir de determinadas condições fisiológicas, exemplificação com o caso de um hipertenso e os itens por ele a serem observados na tabela nutricional considerados fatores de risco. Depois, como atividade coletiva, solicitamos que os estudantes frisassem quais os itens a serem observados por uma pessoa com histórico de problemas cardíacos. Eles mencionaram que deveria ser observado: as gorduras totais, trans, o colesterol e o sódio porque sempre ouvem falar que se deve evitar gordura e excesso de sal; e quando perguntados por que não haviam escolhido os itens gordura monoinsaturadas e poli-insaturadas, justificaram desconhecer os termos, sendo necessário efetuar um esclarecimento sobre o significado deles.

Ao mostrarmos a tabela nutricional elaborada por Dias (2012), solicitamos que os estudantes escolhessem um caso para ser discutido, e a maioria havia escolhido um o grupo Ganhar Massa Muscular, por muitos serem praticantes de musculação e/ou atividades esportivas. Nela, a tabela nutricional destacava como itens a serem observados para o grupo escolhido carboidratos e proteínas.

Alguns estudantes indagaram sobre o porquê do carboidrato ser importante tendo em vista que o ganho da massa muscular tem relação direta com o consumo de proteína, e a partir daí foi preciso resgatar o conceito sobre alimentos energéticos e o nível de hierarquia em caso de esgotamento das reservas energéticas para lembrá-los que, em caso de esgotamento das reservas de carboidratos e gordura, as proteínas passam a exercer essa função (CHAMPE; HARVEY; FERRIER, 2009).

A partir desse esclarecimento, frisamos a importância de se consumir carboidratos, preferencialmente os integrais, independente se a pessoa deseja ganhar massa muscular ou não, e por isso a ideia de “cortar” os carboidratos precisar ser revista em razão disso. Esse mesmo exercício foi feito com os demais grupos presentes nesta tabela, levando os estudantes perceberem que as escolhas alimentares variam conforme a idade, sexo e atividade.

Em seguida, foi apresentada aos estudantes a nova pirâmide alimentar presente em Baptista (2009), na qual tem como base a prática de exercícios físicos e consumo de água. E através do uso desta tabela foi possível esclarecer sobre a outra dúvida: a quantidade de calorias. Nessa discussão, frisamos o fato de haver um valor médio, presente também na tabela nutricional, mas que irá depender do estilo de vida de cada pessoa, bem como de seu

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sexo, condições de saúde entre outros, destacando a importância de procurar um nutricionista para a elaboração de uma dieta apropriada para cada indivíduo. Necessitou-se reforçar essa questão exemplificando a mudança no padrão da dieta de uma pessoa ao longo das fases da vida praticadas anteriormente.

Através desses diálogos e das demais atividades, importa destacar que temas presentes na Educação Alimentar e Nutricional (EAN) facilmente transcendem a área das Ciências Biológicas como bem alerta Casotti et al (1998), fazendo-se necessário recorrer a outras áreas para se discutir problemas complexos como: a fome, o padrão global alimentar, a desvalorização da Gastronomia local em detrimento dos produtos alimentares de larga escala, além das DCNT e outros temas, o que de certa forma justifica o ponto de vista de Bizzo e Leder (2005) em fazer da Educação Nutricional um tema transversal (apesar de não darem ênfase à dimensão sociocultural presente na EAN). Considerações Finais

A partir da consulta e estudo da literatura sobre o tema alimento, alimentação e hábitos alimentares, observamos que EAN tem um potencial igualmente problematizador quanto à Educação Sexual e Educação Ambiental, por justamente envolver temas capazes de suscitar dúvidas dos estudantes em todos os momentos, chamando sua atenção e se aproximando do seu contexto tal como ficou evidente, especialmente quando se abordou sobre DCNT em que os exemplos pessoais e familiares dado pelos estudantes facilitavam o surgimento de outras dúvidas de modo que fosse exercido um contínuo diálogo.

Notamos que muitas das perguntas dos estudantes refletem algum tipo de dificuldade de aprendizagem ocorrida em anos escolares anteriores relacionadas à Bioquímica Básica e que implicam no estudo sobre a Fisiologia Humana. Nesse sentido, faz-se necessária uma investigação mais precisa sobre a abordagem dada em sala de aula aos conteúdos da Bioquímica Básica no ensino tanto de Ciência no Ensino Fundamental como de Biologia para o 1º ano do Ensino Médio.

Com isso, gostaríamos de enfatizar que a abordagem nutricional precisa se apoiar junto com outras abordagens como as de âmbito cultura, social, econômico e ambiental dentro do Ensino de Biologia, e mesmo de Ciências, tal como se propõe esta sequência didática, ao estimular e sensibilizar os estudantes quanto à necessidade de serem mais críticos em relação aos seus hábitos alimentares ao problematizar diferentes aspectos sobre alimentação. Referências

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