redação científica - fct.unesp.br · humildade/modéstia; • formal –observância das regras...
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Redação: ditos populares*
• só escreve quem (aquele que) lê => vocabulário;
• só escreve bem quem (aquele que) muito lê => vocabulário e estilo próprio;
• só se aprende a escrever, escrevendo => prática;
– domínio do idioma; das regras gramaticais vigentes (ortografia, pontuação, concordância);
• * isto não é ciência! Mas onde há fumaça, há fogo.
Objetivo da aula
• Informações de conteúdo para auxiliar a
redação de textos científicos, como as
monografias propostas na disciplina OTC.
• Transição da parte I para a II da OTC.
Ler, escrever e pensar
• Dominar a arte da escrita é um trabalho que exige
prática e dedicação.
• A leitura de bons autores, o exercício contínuo e
a reflexão são indispensáveis para a criação de
bons textos.
Ler para escrever
• Saber escrever pressupõe saber ler e pensar.
• O pensamento é expresso por palavras, que são registradas na escrita, que por sua vez é interpretada pela leitura.
• Conclui-se que quem não pensa (ou pensa mal), não escreve (ou escreve mal); quem não lê (ou lê mal) não escreve (ou escreve mal).
• Ler, portanto, é fundamental para escrever.
Ler e entender
• Mas é preciso entender o que se lê.
• Entender significa ir além do simples significado das palavras que aparecem no texto.
• É preciso compreender o sentido das frases para se compreender a ideia e também os recursos utilizados pelo autor na elaboração do texto.
Escrever é comunicar
• Escrever é uma maneira, um método, de comunicação (*).
• Comunicação é o ato de estabelecer uma conexão inteligível (compreensível) entre um ser que emite e outro ser que recebe informações, geralmente, em um processo de troca.
• (*) ( homens, animais e máquinas )
E M C V R
• A comunicação só é possível se existe:
• 1- emissor (E): que emite a mensagem;
• 2- mensagem (M): conteúdo da informação (o objeto da comunicação);
• 3- código (C): linguagem (compreendida por ambos, emissor e receptor);
• 4- veículo (V) ou canal: meio de transmissão, método de conexão entre E e R;
• 5- receptor (R): que recebe a mensagem (enviada pelo emissor).
Ideia, mensagem, informação
• Informação é a mensagem com significado reconhecido.
• Mensagem é o conteúdo de uma ideia.
• Informação é o conteúdo de uma ideia com significado reconhecido.
• Reconhecido porque emissor e receptor devem compreender mutuamente o objeto da informação, a mensagem.
Alguns modos de comunicação
• Oral, gráfica, escrita, visual (imagética,
pictórica), sonora, ...
• Sons, luzes, gestos, expressões faciais, etc.
• Presencial, à distância (remoto).
• Palavra
– escrita (gráfica): OTC - redação científica
– oral (sonora): OTC – apresentação oral
A redação é um método de
comunicação escrita • Nas ciências cartográficas os documentos
científicos são compostos por textos, tabelas e ilustrações (gráficos, figuras, fotos, mapas etc.).
• “Uma imagem vale por mil palavras” (quais são as mil palavras?)
• Código: letra, sílaba, palavra, frase/sentença, parágrafo, seção, capítulo, texto. (Padrão ocidental)
Características da redação
científica • Clareza
• Objetividade
• “Diretividade”
• Impessoalidade
• Precisão
• Correção
• Coerência
• Concisão
• Confiabilidade
• Ênfase
• Formalismo/formalidade
• Humildade/modéstia
• Cordialidade
• Elegância
• Simplicidade
• Unidade
• Uniformidade
• Unicidade
• Utilidade
Características: Clareza,
Objetividade, “Diretividade”
• Clara
– não pode ser obscuro, não suscitar dúvida ou
ambiguidade, o leitor não pode supor ou adivinhar.
• Objetiva
– tratar o objeto científico e os seus atributos sem
volteios: o máximo de conteúdo com o mínimo de
palavras.
• Direta
– direta ao ponto; sem rodeios, subterfúgios, delongas.
Características: Impessoalidade,
Precisão, Correção
• Impessoal
– o fato científico é mais importante do que o
autor.
• Precisa
– uso adequado das palavras; semântica.
• Correta
– domínio do idioma e da linguagem técnica.
Características: Coerência, Concisão
• Coerente
– ausência de contradição;
– articulação lógica da(s) ideia(s);
– uma linha de raciocínio do começo ao final do texto;
– uma ordem para que as ideias se completem e formem o corpo do texto.
– uma ordem cronológica é uma maneira de acertar, apesar de não ser criativa.
• Concisa
– apenas o necessário.
Características: Confiabilidade, Ênfase
• Confiável
– Dados corretos
– Materiais e métodos adequados
– Qualidade inspira confiança (cuidado aqui: a mentira também se faz com qualidade).
• Enfática
– realce, relevo, destaque (do problema científico, da hipótese, dos resultados, das conclusões): contribuição.
Características: Formalismo/formalidade;
Humildade/modéstia;
• Formal
– observância das regras e normas da comunicação científica.
• Humilde/modesta
– reconhecer e valorizar as dificuldades, os contratempos, as limitações e os obstáculos;
– autor não se coloca acima dos fatos científicos e evita arroubos personalistas.
Características: Cordialidade, Elegância
• Cortês
– evitar o desprezo por ideias antagônicas.
• Elegante
– saber considerar os contrários, os opositores.
Características: Unidade,
Uniformidade, Unicidade
• Unidade
– O texto deve ser coeso, íntegro, articulado, não importa a sua extensão; as partes formam um todo;
– Atenção no que se escreve para não se perder e fugir do assunto.
• Uniformidade (harmonia)
– ritmo, proporção, equilíbrio, extensão (horizontal), profundidade (vertical).
• Unicidade
– Um tema, um assunto (mono+grafia, no sentido geral).
Características: Simplicidade,
Utilidade • Simples
– uma coisa de cada vez, um assunto por vez;
– palavras conhecidas e adequadas;
– frases curtas;
– nada de elocubrações mirabolantes.
• Útil
– buscar uma consequência positiva para a sociedade, acréscimo de valor, contribuição.
Pensamento e Escrita
• Lógica
– raciocínio, modo de pensar.
• Semântica
– significado dos objetos, fatos, fenômenos: palavras.
• Sintaxe
– gramática: sujeito, verbo, predicado - ordem direta e não invertida.
Estilo da linguagem...
• Postura crítica
• Criatividade
• Semântica
• Extensão das frases
• Voz passiva
• Voz ativa
• Estrutura do texto
Estilo da linguagem...
• Postura crítica
– opinião própria, a favor ou contra;
– saber argumentar para sustentar a opinião.
Estilo da linguagem...
• Criatividade
– algo novo • os valores mudam no tempo, daí a forma de CC e o estilo do
autor se adaptam aos novos métodos de comunicação
– Dado
– Material
– Método
Estilo da linguagem...
• Palavras com significados precisos: semântica.
Na CC, às vezes, a semântica submete-se ou adequa-se à
cultura científica da área.
Estilo da linguagem...
• Extensão das frases
– sentenças curtas (20 ~ 30 palavras);
– afirmativas, negativas, interrogativas.
Estilo da linguagem...
• Voz passiva torna as frases mais longas
• Mas facilita a “impessoalidade”;
• Objeto se torna sujeito.
Estilo da linguagem...
• Estrutura
– Parágrafos (uma ideia),
– Seções (um tópico),
– Capítulos (um assunto),
– Monografia (um tema).
Qual é a forma mais adequada?
Eu escrevi o projeto com o editor de textos EDITO, v. Z.
Nós escrevemos o relatório com o editor de textos EDITO.
O autor escreveu a monografia com o editor de textos...
A dissertação foi escrita com o editor...
Escreveu-se a tese com o editor...
Impessoal. Terceira pessoa. Singular.
O que não fazer
• Imagens literárias;
• Metáforas poéticas;
• Dar margem a interpretações que não pertençam ao escopo do trabalho;
• Usar expressões teleológicas
– A equação diz que... (equação não fala.);
– Humanização das coisas.
• Palavras ambíguas, inadequadas e circunlóquios;
• Linguagem figurada ou figurativa;
• Modismos;
• Enrolação, prolixidade;
• Estrangeirismos e jargões desnecessários.
Depois de pronto, ler, reler e alterar,
se necessário
É fundamental pensar, planejar, escrever e reler o texto;
Mesmo com todos os cuidados, pode ser que o autor não se expressa de forma clara e concisa;
Verificar se os períodos não ficaram longos, obscuros, se houve repetição de palavras e ideias;
Reler o texto para localizar tais falhas e também os erros de ortografia e acentuação;
Não se apegar ao escrito e refazer, se for preciso;
Pensar no leitor e escrever para ele.
Boa prática: anotar
• Boa documentação do trabalho científico ajuda a
boa redação.
• Um caderno para anotar todos os colóquios com
o orientador, as conversas com os colegas, as
leituras de artigos, çaites (), participações em
reuniões científicas, etc.
Rascunhão
• Uma técnica útil é escrever (anotar ou registrar)
tudo de uma vez para não perder nenhuma ideia
ou informação.
• Burila-se o texto posteriormente.
• Atualmente, o “celular” multiplica as formas de
registro.
Dados concretos, verificáveis
• A linguagem deve se basear em dados objetivos,
concretos, verificáveis, a partir dos quais se
– analisa
– sintetiza
– argumenta
– e conclui
Academia de letras tem cientista?
• Mas há academia de ciências, onde a presença de
escritores não cientistas é improvável ou rara,
mas não impossível.
• Escritor de ficção científica.
Estrutura de um texto científico
• Pré-texto – Título
– Autoria
– Resumo e Abstract (inglês)
• Texto – Introdução
– Desenvolvimento: capítulos intermediários
– Conclusão
• Pós-texto – Referências
– Anexos e apêndices
– Glossário
Estrutura de um texto científico
(pré-texto) Título
• curto
• Verificação de modelos hidráulicos
• longo (resumo do resumo)
• A inferência bayesiana e a detecção e localização automáticas de erros grosseiros em fototriangulação por feixe de raios
• curto ou longo ?
Estrutura de um texto científico
(pré-texto) Autoria
– um autor: teses e dissertações
– mais de um autor, ordem de autoria?
• 1° autor (intelectual)
• 2° autor (executor)
• 3° autor (colaborador)
Estrutura de um texto científico
(pré-texto) Resumo
– início, meio e fim
– deve conter, em poucas palavras, todo o escopo e conteúdo do trabalho
– expansão do título ou resumo da introdução?
• Abstract (inglês)
Estrutura de um texto científico
Introdução
• Em geral, 10% a 15% do texto, em número de páginas – assunto
– histórico/antecedentes
– evolução
– estado da arte
– problema
– hipótese
– delimitação
– objetivos
– m&m
– resultados
– conclusão (principal)
Estrutura de um texto científico
Desenvolvimento
• Capítulos intermediários – revisão da literatura referente ao problema
– teoria fundamental
– material ou materiais
• equipamentos, instrumental, aparelhagem...
– métodos ou metodologia
– experimentos
– resultados
– discussão
Estrutura de um texto científico Desenvolvimento (70 a 80%)
• Capítulos intermediários – da teoria aos resultados (*)
– 2 Revisão da literatura desde o início até o presente, inclusive com apontamentos sobre o futuro do tema
– 3 Metodologia – apresentação e considerações sobre o material e os métodos usados na pesquisa, com base na revisão da literatura e articulado com os capítulos subsequentes
– 4 Experimentos e resultados - apresentação e considerações sobre os experimentos planejados e executados e os seus resultados, com base na hipótese e metodologia
– 5 Análise e discussão – apresentação dos resultados e suas considerações com base na literatura, metodologia e resultados.
(*) os capítulos podem ou não receber esses títulos.
Estrutura de um texto científico
Conclusão (~10%)
• Coerente com a teoria, o problema, os dados, a metodologia e os resultados
• Síntese crítica articulada com o objetivo e a hipótese
• Conclusão ou considerações finais ?
Estrutura de um texto científico Conclusão
• 6.1 Conclusão propriamente dita,
considerando objetivo e hipótese
• 6.2 Recomendações com base nas
conclusão
• 6.3 Sugestões com base nos resultados e
questões levantadas ao longo da pesquisa
• 6.4 Considerações finais
Estrutura de um texto científico
(pós-texto) Referências
• Bibliográficas (impressas) e outras fontes de informação – Outrora as referências eram apenas bibliográficas (impressas)
– Atualmente são todas as fontes de dados e informações
• Referências bibliográficas versus bibliografia
– Notas de referência (no corpo do texto, identificação da página)
– Referências bibliográficas (explicitadas no texto)
– Bibliografia (toda a produção impressa: referenciais)
Estrutura de um texto científico
Referências (obr) x Bibliografia (opc)
• Relação de um conjunto padronizado de elementos descritivos retirados de um documento, que permite sua identificação no todo ou em parte, elaborado conforme NBR 6023.
• Referem- se às publicações citadas no texto ou em notas de rodapé.
• Bibliografia é um levantamento bibliográfico (sentido amplo)
sobre o tema ou com ele relacionado, não citado na publicação,
incluindo documentos não consultados. Tem por objetivo
possibilitar ao leitor condição para um aprofundamento no
assunto.
Estrutura de um texto científico (pós-texto - opcional)
• Anexos
– material produzido por outrem que não o(s) autor(es)
– serve de fundamentação, comprovação e ilustração
• Apêndices
– material produzido pelo(s) autor(es), não inseridos no texto, e considerados complementares para a sua argumentação e comunicação da mensagem
Estrutura de um texto científico
(pós-texto) Glossário (opc)
• relação alfabética de termos (palavras ou expressões técnicas) utilizadas no texto, de pouco uso, ou de sentido obscuro ou duvidoso, acompanhadas das respectivas definições, que esclarecem o seu uso no texto.
• Comum quando se usa um termo em sua língua original ou a sua tradução para uma segunda língua.
Documentos científicos
• Planos e Projetos
• Relatórios
• Monografias
• Dissertações
• Teses
• Artigos científicos
• Divulgação científica
• Memória científica
Mérito x Valor
• Valor (abstrato): Filosofia ::: Mérito : Ciência.
• Um texto científico é avaliado e aprovado pelos pares por seu mérito.
• Mérito (avaliado pela crítica) versus valor (intrínseco ao objeto).
• “o projeto foi aprovado (mérito), porém, considerada a alta demanda e o orçamento limitado, não alcançou a pontuação necessária (valor concreto) para receber o apoio”.
Conclusão (deste tópico da OTC)
• Redigir para o leitor
• E M C V R
• Os textos científicos (documentos) que escrevemos são/serão julgados por pares
• Depois de aprovados, serão lidos por potenciais interessados nos trabalhos (relatórios, monografias, artigos etc.)
Referências
• Bazzo; Pereira. Introdução à engenharia. 2. ed.
Florianópolis: Ed. UFSC. 1990.
• Rey, L. Como redigir trabalhos científicos. São Paulo:
Edgard Blücher, Ed. USP. 1972.
• Volpato, G. Ciência e comunicação. Disponível em:
<http://www.gilsonvolpato.com.br/new/. Acesso em: 04
abr 2016.