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3Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Sumário∗ Editorial .........................................................................∗ Lançamentos editoriais .................................................

As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista e são de inteira responsabilidade dos autores.

A sua reprodução ou aproveitamento, mesmo que parcial, só será permitida mediante a citação da fonte e dos autores.

45

∗ SCS 365 Cota: Primeira cultivar de batata catarinensepara produção orgânica ...................................................∗ BRS Ana, cultivar de batata para ser frita à modafrancesa............................................................................∗ Nova cultivar de mandioca para o Estado deSanta Catarina ..................................................................∗ Novas cultivares de maracujás ornamentais .................∗ Estudo atesta riqueza nutricional do feijão...................∗ Vitamina C: coma e beba, mas com moderação.............∗ Leite: um gosto que não se discute ..............................∗Arroz com feijão formam um par perfeito ......................∗ Óleo essencial de orégano inibe salmonelose em saladascom maionese..................................................................∗ Pesquisadora obtém banana-passa a partir de secagempor microondas................................................................∗ Atitudes no setor agrícola contra o aquecimentoglobal ...............................................................................∗ Adensamento duplica produtividade da melancia ........*Morcegos são úteis no reflorestamento.............................

∗ Resposta da laranjeira ‘Açúcar’ à adubação orgânica emineral em Latossolo na Região Oeste de SantaCatarina .............................................................................∗ Incidência de machos adultos de traça-do-tomateiro nossistemas de produção convencional e integrada de tomatesem Caçador, SC.........................................................................∗ Regeneração de plântulas de Eucalyptus grandis a partirde organogênese direta in vitro ..............................

∗ Eficiência de diferentes cultivares de macieira comopolinizadoras da ‘Castel Gala’ e da ‘Condessa’ .................∗ Comportamento de duas cultivares de feijão em função dadensidade de plantas e espaçamento entre fileiras ..........

∗ Ocorrência de variabilidade genética interlesão emPyricularia grisea......................................................................∗ Isolamento e seleção em condições estéreis de estirpesde rizóbio para ervilha .......................................................

∗ Produção de leite, exclusão e desenvolvimento ..........* Suinocultura e ordenamento territorial............................

∗ Integração lavoura-pecuária: em buscado elo perdido ..................................................................∗ Produtor de orgânicos aposta na diversificação comfoco na saúde do consumidor .........................................∗ Tranças da Terra: arte que nasce da palhade trigo.............................................................................

Registro

Opinião

Conjuntura

Reportagem

Artigo Científico

Nota Científica

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∗ Etanol para Santa Catarina................................................

Energia

∗ A produção de vinhos finos: flash do desafiobrasileiro ..........................................................................

1416

∗ Ora-pro-nóbis - nutracêutico protetor e construtor...... 35

Plantas bioativas

47

50

5356

∗ Podridões da base do colmo na cultura do milho:sintomas e medidas de controle ......................................∗ Padrão de precipitação e as estiagens em Chapecó,SC, no período de 2002 a 2006 .......................................∗ Caracterização, danos e manejo de pragas daoliveira ..............................................................................∗ Controle integrado da antracnose no feijoeiro .............

Informativo Técnico

17

Vol. 21, mar. 2008 - R$ 10,00n. 1, ISSN 0103-0779

catarinense

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Integração lavoura-pecuáriaEm busca do elo perdidoEm busca do elo perdido

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Tranças da terra: a arte com palha de trigo

Ora-pro-nóbis – nutracêutico protetor

Manejo de pragas da oliveira

Produção de vinhos finos: um desafio

Tranças da terra: a arte com palha de trigo

Ora-pro-nóbis – nutracêutico protetor

Manejo de pragas da oliveira

Produção de vinhos finos: um desafio

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Nestes tempos em que adevastação da FlorestaAmazônica para im-

plantação de pastagens ou dacultura da soja é notícia nomundo inteiro, um sistema deprodução já existente, que as-socia a exploração da lavourae da pecuária, pode ser umaalternativa para resolver esteproblema naquela e em outrasflorestas. Além de reduzir a ne-cessidade de ampliação de áre-as para utilização naagropecuária, a integração la-voura-pecuária é uma alterna-tiva para recuperar terras de-gradadas, impedir o avanço so-bre áreas florestadas e aumen-tar a produção de carne, leite,grãos e renda na propriedade.

No Sul do Brasil, o sistemade integração lavoura-pecuáriadiferencia-se daquele utilizadono centro do País pelo uso tem-

poral da mesma área, com ocultivo de pastagens no inver-no e produção de grãos no ve-rão. Ambos os produtores,pecuaristas e agricultores, po-dem tirar proveito deste siste-ma de produção que utiliza asáreas da propriedade duranteo ano todo. No inverno,gramíneas e leguminosas sãocultivadas para produção deleite nas pequenas proprieda-des e de carne nas grandes pro-priedades. No verão, os culti-vos do milho e da soja predo-minam. As principais vanta-gens para os produtores queadotam este sistema integradosão a diversificação da produ-ção e da renda, o melhor uso damão-de-obra da propriedade emelhoria das propriedades fí-sicas, químicas e biológicas dosolo. Contudo, para obter su-cesso com esse sistema, certaspráticas devem ser seguidas.Entre as principais destacam-se: o plantio direto e a rotaçãode culturas bem planejadas e o

manejo correto das pastagens.Além das orientações dadaspelos técnicos da Epagri, nes-ta edição o leitor vai conhecerexemplos bem sucedidos detrês produtores catarinensesna integração lavoura-pecuá-ria. Eis aí uma ótima oportuni-dade para os pecuaristas e pro-dutores de grãos do Estadousufruírem os benefícios queeste sistema oferece.

A revista AgropecuáriaCatarinense apresenta tam-bém várias matérias de inte-resse técnico: uma reportagemsobre o sucesso do uso da pa-lha de trigo no Meio Oeste-Catarinense, uma opinião so-bre a produção de leite no Oes-te Catarinense e a possibilida-de de exclusão de produtoresdo setor, uma análise sobre odesafio da produção de vinhosfinos no Sul do Brasil, além devários artigos que compõem aseção técnico-científica.

Tenham todos uma ótimaleitura e um ano de muitasrealizações.

A Epagri é uma empresa da Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural de Santa Catarina

FICHA CATALOGRÁFICA

Agropecuária Catarinense – v.1 (1988) – Florianó-polis: Empresa Catarinense de PesquisaAgropecuária 1988 - 1991)

Editada pela Epagri (1991 – )TrimestralA partir de março/2000 a periodicidade passou

a ser quadrimestral1. Agropecuária – Brasil – SC – Periódicos. I.

Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária,Florianópolis, SC. II. Empresa de PesquisaAgropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina,Florianópolis, SC. CDD 630.5

Impressão: NewsPrint Gráfica e Editora Ltda.

ISSN 0103-0779

INDEXAÇÃO: Agrobase e CAB International.Conceito B em Ciências Agrárias – QUALIS

AGROPECUÁRIA CATARINENSE é uma publica-ção da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Exten-são Rural de Santa Catarina S.A. – Epagri –, RodoviaAdmar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, Caixa Postal 502,88034-901 Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, fone:(48) 3239-5500, fax: (48) 3239-5597, internet:www.epagri.sc.gov.br, e-mail: [email protected]

DIRETORIA EXECUTIVA DA EPAGRI: Presidente:Murilo Xavier Flores, Diretores: Athos de AlmeidaLopes, Ditmar Alfonso Zimath, Edson Silva, ElisabeteSilva de Oliveira, Renato Broetto

EDITORAÇÃO:Editor-chefe: Dorvalino Furtado FilhoEditor: Roger Delmar FleschEditores-assistentes: Ivani Salete Piccinin Villarroel,Paulo Henrique Simon

JORNALISTA: Márcia Corrêa Sampaio (MTb 14.695/SP)

ARTE: Vilton Jorge de Souza e Laertes Rebelo

DIAGRAMAÇÃO E ARTE-FINAL: Mariza T. Martins

PADRONIZAÇÃO : Rita de Cassia Philippi

REVISÃO DE PORTUGUÊS: Vânia Maria Carpes eLaertes Rebelo

REVISÃO DE INGLÊS : Airton Spies e Roger DelmarFlesch

CAPA: Foto de Nilson Otavio Teixeira

PRODUÇÃO EDITORIAL : Daniel Pereira, MariaTeresinha Andrade da Silva, Neusa Maria dos San-tos, Sidaura Lessa Graciosa, Zelia Alves Silvestrini,Zilma Maria Vasco

DOCUMENTAÇÃO: Ivete Teresinha Veit

ASSINATURA/EXPEDIÇÃO: Ivete Ana de Oliveirae Zulma Maria Vasco Amorim – GMC/Epagri, C.P.502, fones: (48) 3239-5595 e 3239-5535, fax: (48)3239-5597 ou 3239-5628, e-mail:[email protected], 88034-901 Florianópolis, SCAssinatura anual (3 edições): R$ 22,00 à vista

PUBLICIDADE: GMC/Epagri – fone: (48) 3239-5682, fax: (48) 3239-5597

Errata: Na edição anterior (v.20, n.3, p.83), onde se lê:9,7 a 26,5 x 3,5 a 9m, leia-se 9,7 a 26,5 x 3,5 a 9µm.

REVISTA QUADRIMESTRAL

15 DE MARÇO DE 2008

4 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

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5Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Manual de reprodução de pei-xes de água doce com cultivo co-mercial na Região Sul do Brasil.2007. 53p. BT 136, R$ 10,00

Este Boletim é o resultado deum longo período de pesquisa de-senvolvida pela Epagri na área depiscicultura; aborda aspectos rela-cionados à reprodução natural eartificial de peixes como a carpa, obagre e a tilápia do Nilo, e ao con-trole de pragas e predadores dealevinos. O documento constitui-senuma excelente fonte de consultapara estudantes e interessados noassunto.

Contato: [email protected]

A mariposa-oriental nos pomarescatarinense: ocorrência, monitora-mento e manejo integrado. 2007. 32p.BT 139, R$ 10,00

Esta publicação traz informações so-bre este inseto também conhecido porbroca-dos-ponteiros, que causa perdasexpressivas, quer na implantação dospomares, quer na produção, ao impedir odesenvolvimento normal das plantas. Éapresentada a descrição e a biologia doinseto, seus hospedeiros, o reconheci-mento dos danos, o monitoramento eoutras informações igualmente impor-tantes, como controle químico e biológi-co e período de carência dos produtosfitossanitários.

Contato: [email protected]

Sistema de avaliação econômico-financeira em floricultura: manualdo usuário. 2007. 28p. BD 74, R$ 10,00

Esta publicação é uma ferramentaeletrônica criada para possibilitar o cál-culo da lucratividade e o levantamentode coeficientes técnicos da atividade domercado de flores e plantas ornamentaisem Santa Catarina; é prática e de fácilmanuseio para os técnicos e empresáriosrurais ligados à atividade. Acompanhaeste manual um CD-ROM, a partir doqual o sistema poderá ser copiado para ocomputador, onde estará, então, prontopara ser utilizado.

Contato: [email protected]

Receitas à Base de Butiá-da-Serra (Butia eriospatha). 2007.46p. BD 77, R$ 10,00

O presente Boletim Didático é oresultado do esforço conjugado deagricultores e extensionistas ruraisda Epagri. Algumas receitas foramcriadas por agricultoras residentesna Microbacia do Rio Taquaruçu,Monte Carlo, SC, e adaptadas parafacilitar a elaboração dos pratos edar melhor aproveitamento à fruta.Outras receitas foram elaboradaspor extensionistas sociais da Epagri/Gerência Regional de Campos No-vos. Todas as receitas são artesanaise de uso exclusivamente doméstico.

Contato: [email protected]

Estudo da cadeia do leite emSanta Catarina: prospecção e de-mandas. 2007. 90p. DOC 230, R$10,00

A publicação procura mostrar osaspectos restritivos da cadeia leiteiracatarinense, principalmente sistema-tizar os debates, identificarpotencialidades e propor encaminha-mentos futuros, diante das aspira-ções levantadas em vários seminá-rios regionais. Espera-se que estetrabalho ajude a subsidiar ações futu-ras e formulação de políticas quevenham a contribuir para a promo-ção do desenvolvimento da cadeialeiteira catarinense.

Contato: [email protected]

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6 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

A Epagri/Estação Experimetal de Urussanga deverá lançar na segunda quinzena de no-

vembro deste ano a primeira culti-var de batata para produção orgâni-ca. Este genótipo, selecionado noLitoral Catarinense, está na fasefinal de avaliação em diversos expe-rimentos nas Regiões do LitoralSul (Urussanga) e do PlanaltoCatarinense (São Joaquim e Lages).

As principais vantagens sobre acultivar Ágata, atualmente a maiscultivada no Brasil, são a maiorresistência às doenças foliares e omaior teor de matéria seca nostubérculos (22% a 24%), principalrequisito para industrialização.

A alta resistência à requeima(doença foliar mais limitante para a

produção de batata) éessencial para aviabilização do cultivoorgânico. Mesmo emcondições muito favorá-veis para doença (umidade e baixastemperaturas) foram obtidas pro-dutividades de 20t/ha de tubérculosno Litoral e de até 35t/ha no Planal-to Catarinense. A maior resistên-cia às doenças foliares (requeima epinta-preta) pode reduzir em até75% o custo de produção com trata-mentos fitossanitários, em compa-ração ao cultivo convencional.

A nova cultivar de batata SCS365 Cota tem boa qualidade para aindustrialização de “chips”, batatapalha e pré-fritas, fator que aumen-

SCS 365 Cota: primeiraSCS 365 Cota: primeiraSCS 365 Cota: primeiraSCS 365 Cota: primeiraSCS 365 Cota: primeiracultivar de batata catarinensecultivar de batata catarinensecultivar de batata catarinensecultivar de batata catarinensecultivar de batata catarinense

para produção orgânicapara produção orgânicapara produção orgânicapara produção orgânicapara produção orgânica

ta o valor agregado do produto.A nova cultivar tem superado acultivar Ágata (cultivada em 70%da área no País) em até 10% a maisde matéria seca nos tubérculos, ouseja, o consumidor, ao adquirir 10kgda nova cultivar, leva para casamenos água e mais 1kg de batataspelo mesmo preço.

Mais informações, contatar o engenheiroagrônomo Antonio Carlos Ferreira daSilva, na E.E. Urussanga, fone: (48) 3465-1933, e-mail: [email protected].

recomendada para fazer as tradi-cionais batatas fritas à francesa (pa-litos). As batatas fritas com a culti-var BRS Ana ficam gostosas,crocantes e retêm menos óleo ougordura do que outras cultivares,se forem adequadamente prepara-das. A nova cultivar mostra boaspossibilidades de utilização noprocessamento industrial, na for-ma de palitos pré-fritos congelados.Também pode ser usada cozida, para

a elaboração desaladas e purês.

A BRS Ana éoriginária do cru-zamento entre oclone experi-mental C-1750-15-95 (mãe) e acultivar Asterix(pai). Sua seleçãoocorreu com basena aparência erendimento dostubérculos, teor

O programa de Melhoramen- to Genético da Batata, coordenado pela Embrapa

Clima Temperado, em parceria coma Embrapa Hortaliças e a Unidadede Transferência de Tecnologia deCanoinhas, SC, lançou em outubropassado, em Holambra, no interiorde São Paulo, sua mais nova culti-var, a BRS Ana. A cultivar temcomo uma de suas característicasprincipais a especialidade de ser

BRS Ana: cultivar de batata para ser frita à moda francesaBRS Ana: cultivar de batata para ser frita à moda francesaBRS Ana: cultivar de batata para ser frita à moda francesaBRS Ana: cultivar de batata para ser frita à moda francesaBRS Ana: cultivar de batata para ser frita à moda francesade matéria seca e qualidade de fritasà francesa.

As características de resistênciaa doenças, tolerância à seca, exi-gência nutricional e qualidade dostubérculos tornam ‘Ana’ adequadaà utilização em sistema de produ-ção orgânica. No Brasil, a batata éuma hortaliça econômica e social-mente muito importante, com umacadeia cujo PIB supera US$ 1,3bilhão, gerando 40 mil empregosdiretos, 120 mil indiretos e 80 milna distribuição e vendas. A produ-ção anual brasileira supera 3 mi-lhões de toneladas.

Informações sobre batata-semente dacultivar BRS Ana podem ser obtidas naEmbrapa Transferência de Tecnologiade Canoinhas, SC, no endereço: BR 280,km 219, Bairro Água Verde, C.P. 317,89460-000 Canoinhas, SC, fone/fax:(47) 3624-0127, 3624-0195 e 3627-2077ou pelo e-mail: [email protected].

SCS 365 Cota: nova cultivar de batataaltamente resistente às doenças foliares ecom aptidão para indústria

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7Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

A cultivar SCS 253 Sangão foi desenvolvida pelo projeto de melhoramento genético

de mandioca da Epagri. Em 5 anosde competição de cultivares, emsolo arenoso, a nova cultivar apre-sentou uma produtividade médiade 24,1t/ha de raízes, com um teormédio de amido de 32,51%. Poroutro lado, a cultivar testemunhaMandim Branca, a mais cultivadano Sul de Santa Catarina, apresen-tou uma produtividade de 24,3t/hae teor de amido de 29,87%.

Em testes realizados por 2 anos,em propriedades rurais de setemunicípios, através de pesquisaparticipativa, a cultivar Sangãoapresentou valores médios de pro-dutividade e teor de matéria secanas raízes superiores às cultivaresdos agricultores. Atualmente estásendo cultivada comercialmente emdiversos municípios do Sul de San-ta Catarina (Araranguá, Jaguaruna,Sombrio e São João do Sul, entreoutros).

A principal característica comer-cial da nova cultivar é o alto teor de

matéria seca nas raízes, o que pro-porciona maior rendimento de fé-cula ou farinha por tonelada pro-cessada. Outras características são:raiz de coloração marrom claro,caule ereto sem ramificações, re-sistência à bacteriose(Xanthomonas campestris) eantracnose, facilidade de arranquiodo solo e de destaque das raízes dacepa.

A cultivar SCS 253 Sangão foiincluída, em julho de 2007, no Re-gistro Nacional de Cultivares doMinistério da Agricultura, Pecuá-ria e Abastecimento – Mapa –, e emjulho de 2008 ocorrerá o seu lança-mento oficial, tendo por local aEpagri/Estação Experimental deUrussanga. Na oportunidade serãodistribuídas ramas para que maisagricultores possam avaliá-la emsuas condições de solo e clima.

Mais informações com o engenheiroagrônomo Augusto Carlos Pola,Epagri/Estação Experimental deUrussanga, fone (48) 3465-1209,e-mail: [email protected]

Nova cultivar de mandioca para oNova cultivar de mandioca para oNova cultivar de mandioca para oNova cultivar de mandioca para oNova cultivar de mandioca para oEstado de Santa CatarinaEstado de Santa CatarinaEstado de Santa CatarinaEstado de Santa CatarinaEstado de Santa Catarina

Cultivar SCS 253 Sangão, emcultivo de dois ciclos, emJaguaruna, SC

A flor do maracujá, também conhecida como flor da pai- xão, tem agora mais motivos

para inspirar poetas e paisagistasna ornamentação de poemas e crô-nicas e, claro, de jardins, pérgulase borboletários.

O cruzamento de duas espéciesda planta, conseguido por pesquisa-dores da Empresa Brasileira de Pes-quisa Agropecuária – Embrapa –,resultou em três híbridos com flo-res de formação e coloração dife-renciadas, que chegam ao mercadono segundo semestre de 2008. Oshíbridos BRS Estrela do Cerrado,BRS Rubiflora e BRS Roseflora sãoas primeiras cultivares de maracu-jazeiro ornamental apresentadas noBrasil. Foram desenvolvidos pelaEmbrapa Cerrados (Planaltina, DF)e Embrapa Transferência deTecnologia (Brasília, DF) e são umaalternativa inovadora para o mer-cado de plantas ornamentais.

Os três híbridos são indicadospara o paisagismo em função daexuberância, beleza e cores vibran-tes de suas flores, aliadas à rustici-dade observada em condições decultivo. Florescem continuamentecom picos de junho a novembro nascondições do Distrito Federal, comgrande quantidade de flores. Têmcomo característica a resistência àsprincipais doenças do maracujazei-ro, especialmente as de raízes. Apolinização manual aumenta a pro-dução dos frutos, que são pequenose ácidos, podendo também ser utili-zados para sucos. As três novascultivares têm potencial para utili-

zação como porta-enxerto para omaracujazeiro comercial.

O híbrido BRS Estrela do Cerra-do foi obtido a partir do cruzamentoentre as espécies silvestresPassiflora coccinea Aubl., de floresvermelhas, e Passiflora setacea DC.,de flores brancas. Já as plantas doBRS Roseflora e BRS Rubiflora fo-ram obtidas a partir do retrocruzamentoentre BRS Estrela do Cerrado ePassiflora setacea e Passiflora coccinea,respectivamente.

Fonte: Embrapa Cerrados e EmbrapaTransferência de Tecnologias, fone:(61) 3388-9953.

Novas cultivares de maracujás ornamentaisNovas cultivares de maracujás ornamentaisNovas cultivares de maracujás ornamentaisNovas cultivares de maracujás ornamentaisNovas cultivares de maracujás ornamentais

Colheita da cultivar SCS 253Sangão, em cultivo de um ciclo,em Araranguá, SC

BRS Rubiflora BRS Estrela do cerrado BRS Roseflora

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8 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

O Brasil colhe anualmente 2,5 milhões de toneladas de fei- jão (Phaseolus vulgaris L.),

sendo o segundo maior produtormundial, o que evidencia a impor-tância dessa leguminosa na dietabrasileira. O produto constitui, de-pois da carne, a maior fonte deproteínas e calorias.

Resgatar a importância do valornutritivo desta leguminosa foi oobjetivo da professora Norka BeatrizBarrueto Gonzalez, do Curso deNutrição do Instituto de Biociênciasda Unesp de Botucatu, SP, que con-cluiu seus estudos de doutoradoque apontam a riqueza nutricionaldas variedades de feijão maisconsumidas no País. Os resultadosadquirem grande importância dian-te da constatação de que as mudan-ças que vêm ocorrendo nos hábitosalimentares do brasileiro têm leva-do ao aumento das taxas decolesterol, do peso, dos casos dehipertensão e do diabetes.

Além de estudar a composiçãonutricional de sete cultivares defeijão pertencentes aos grupos co-merciais mais consumidos pelo bra-sileiro, o trabalho verificou nas se-mentes cozidas a biodisponibilidadede alguns minerais essenciais àsaúde, como cálcio, magnésio, co-bre e zinco. A pesquisadora avaliouas cultivares Jalo Precoce (jalo),Radiante (rajado), Vereda (rosinha),Pérola (carioca), Timbó (roxinho),Valente (preto) e Ouro Branco(branco).

A primeira etapa do estudo con-centrou-se na análise da composi-ção centesimal das sete cultivaresde feijão, que revelou altos teoresde proteínas, carboidratos e mine-rais (cálcio, magnésio, cobre, zincoe ferro), importantes do ponto devista nutricional. Esta fase revelouque os tipos comerciais carioca, pre-to, branco e rosa são os mais nutri-tivos por apresentar um perfil maiscompleto quanto ao teor de proteí-nas e de sais minerais, superandoem 25% o teor protéico e em 300%o teor de cálcio de feijões similaresreferendados nas tabelas de compo-sição dos alimentos.

Segundo a professora NorkaBeatriz, todas as leguminosas apre-sentam deficiência de um ou maisaminoácidos, componentes essenciaisdas proteínas. Entretanto, a defi-ciência pode ser superada com ainclusão de cereais – arroz, milhoou macarrão – na dieta, promoven-do um balanço adequado de proteí-na e não exigindo o consumo cons-tante de carnes.

A segunda etapa do trabalhoateve-se ao estudo da biodis-ponibilidade de cálcio, magnésio,cobre e zinco, ou seja, quanto oorganismo efetivamente absorve daquantidade disponível desses mine-rais presentes nos grupos carioca,branco e preto, que se revelarammais nutritivos nos teores de cálcio.

Para efeito comparativo, o estu-do foi feito também com uma culti-var de soja, porque na literatura éinformado que o consumo de soja eseus derivados contribui para a re-tenção de cálcio nos ossos em popu-lações que não consomem leite, comreflexos na diminuição dos casos deosteoporose. Nesta fase foram utili-zados grupos de ratos Wistars re-cém-desmamados que receberam

dietas contendo exclusivamente ostrês grupos de feijões selecionados,cozidos e liofilizados. Outro gruporecebeu soja, na forma torrada e oquinto grupo, de controle, recebeudieta balanceada.

Os resultados experimentais le-varam a pesquisadora a concluirque os minerais presentes nos fei-jões e na soja são absorvidos peloorganismo, principalmente cálcio emagnésio e, em menor quantidade,cobre e zinco. Ela considera aconstatação muito importante por-que, no Brasil, a dieta é em geralpobre em cálcio: “O feijão pode com-pensar essa perda e evitar que adeficiência de cálcio na estruturaóssea leve a uma osteoporose pre-coce”, afirma.

Norka Beatriz diz ainda que osfeijões constituem uma boa fontede proteínas, têm perfil aminocídicoadequado para uma leguminosa,que sabidamente apresenta defi-ciência em certos aminoácidosessenciais.

Fonte: Jornal da Unicamp, edição 380,nov. 2007.

Estudo atesta riqueza nutricional do feijãoEstudo atesta riqueza nutricional do feijãoEstudo atesta riqueza nutricional do feijãoEstudo atesta riqueza nutricional do feijãoEstudo atesta riqueza nutricional do feijão

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9Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

O ácido ascórbico – a vitamina C – foi isolado por volta de 1930. Em 1970, o químico

Linus Pauling, que recebeu o prê-mio Nobel, recomendou às pessoas1.000mg diárias de vitamina a fimde prevenir resfriados. Desde en-tão, os efeitos da vitamina em rela-ção aos resfriados geram polêmica.

Um estudo recente, feito porcientistas da Austrália e da Finlân-dia, concluiu que doses de pelomenos 200mg por dia não tiveramgrande eficácia em reduzir a dura-ção ou gravidade de resfriados. To-davia, pessoas expostas a períodosde grande estresse, como corredo-res de maratona, podem reduzir oseu risco de pegar resfriados em50% se tomarem vitamina C diaria-mente.

Apesar da discussão, os especia-listas concordam que a vitamina Cfavorece a formação de dentes eossos, ajuda o sistema imunológicoe a respiração celular, estimula as

Vitamina CVitamina CVitamina CVitamina CVitamina C: coma e beba, mas com moderação: coma e beba, mas com moderação: coma e beba, mas com moderação: coma e beba, mas com moderação: coma e beba, mas com moderação

glândulas supra-renais, protege osvasos sanguíneos e ajuda a resistira doenças. Além de suplemento ali-mentar no caso de câncer, a vitami-na C também é importante para ofuncionamento adequado das célu-las brancas e é considerada eficazcontra doenças infecciosas. No en-tanto, esses benefícios só ocorremquando a vitamina é consumida emdoses moderadas. A dose diária re-comendada é de apenas 60mg. Con-tudo, alguns nutricionistas afirmamque a dose ideal é de 200mg por dia.Acima disso, a vitamina C não éabsorvida, sendo eliminada peloorganismo.

Outra característica da vitami-na C que muitos consumidores nãopercebem é que ela é extremamen-te instável e reage quando comcontato com o oxigênio, a luz e atémesmo com a água. Assim que éexposta, reações químicas come-çam a destruir suas propriedades.Em média, basta 1 hora para que o

conteúdo vitamínico de uma frutaou hortaliça desapareça. Para ga-rantir o teor de vitaminas, reco-menda-se consumir frutas e sucosfrescos e de preferência feitos nahora.

Os alimentos considerados comofontes de vitamina C são inúmeros.Na Tabela 1, relacionam-se algunsexemplos.

De modo geral, os vegetais sãoboas fontes de vitamina C. A la-ranja, considerada popularmentecomo principal fonte, possui quan-tidades modestas quando compa-rada com algumas frutas e horta-liças. Neste quesito, a acerola é afruta campeã. Além dos vegetais,a vitamina C pode ser encontradana carne e no leite, porém emquantidades menores.

Estas pesquisas comprovamque, assim como qualquer outroalimento, a vitamina C não foge àregra: consumir em excesso nãotraz nenhum benefício.

Fonte: Núcleo de Estudo e Pesquisas em Alimentação _ Unicamp, 2006.

Fruta Quantidade Verdura Quantidade

Acerola 941,0 Pimentão amarelo 201,4

Caqui chocolate 138,7 Pimentão vermelho 158,2

Caju 119,7 Pimentão verde 100,2

Laranja Bahia 94,5 Couve 76,9

Mamão papaia 82,2 Brócolis 42,0

Laranja pêra 73,3 Coentro 40,8

Quivi 70,8 Mostarda 38,6

Limão 51,0 Batata inglesa 31,1

(mg) (mg)

Tabela 1. Fontes alimentares e quantidades de vitamina C em 100g

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10 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

O sabor do leite brasileiro está longe dos padrões de paísescomo o Canadá, Estados

Unidos e da Europa. É isso queGeorgiana Sávia Brito Aires diz emsua tese de doutorado, defendida naFaculdade de Engenharia de Ali-mentos da Unicamp. Segundo apesquisadora, o leite brasileiro pos-sui inúmeros defeitos de sabor –esse é o termo usado tecnicamente.O leite de caixinha, o esterilizadoUHT, possui sabor de cozido (muitoaquecido), defeito considerado gra-ve nos países desenvolvidos. Já oleite pasteurizado, embalado emsaco plástico, tem gosto desagradá-vel devido à oxidação que ocorrepela exposição do produto à luz.

“Pela nossa tradição, freqüente-mente bebemos o leite com algumtipo de complemento, como café,achocolatado, aveia, etc., o que pode

mascarar o sabor original e escon-der defeitos do sabor”, explica apesquisadora. Um dos objetivos desua tese era obter um produto ade-quado em itens como sabor, quali-dade, embalagem e tempo de vali-dade. Depois de ser submetido atratamento em três diferentes tem-peraturas (74o, 96o e 138oC), o leitefoi embalado em sacos e garrafasplásticas, levando em conta as con-dições de higiene em que foi feito oenvase. Um grupo de julgadores foitreinado para reconhecer mais de20 defeitos por meio de análise sen-sorial. O melhor resultado foi doleite submetido a um tratamentotérmico de 96 oC por 13 segundos eembalado em garrafas plásticas, queteve validade de 37 dias sob refrige-ração. O leite ficou com o sabormais próximo ao pasteurizado, mascom validade muito maior.

O leite envasado em garrafa plás-tica e submetido a 138oC por 2 segun-dos, embora com maior tempo devalidade (47 dias), ficou com o saboraquecido muito evidente. Para aferira validade, Georgiana tomou comobase a contagem microbiana e o limi-te sensorial das avaliações dosjulgadores. Segundo ela, a indústrialáctea poderia seguir o exemplo dasvinícolas e das cervejarias e formarequipes de julgadores para melhorara qualidade do leite.

Fonte: Jornal da Unicamp, edição 368,ago. 2007.

Leite: um gosto que não se discuteLeite: um gosto que não se discuteLeite: um gosto que não se discuteLeite: um gosto que não se discuteLeite: um gosto que não se discute

O prato de arroz com feijão constitui a base da dieta ali- mentar da população brasi-

leira há muito tempo e é acessívela todas as classes sociais. Esses doisalimentos são produzidos em todoBrasil, nos mais variados sistemasde produção. A mistura destes doisprodutos é muito importante

nutricionalmente, pois fornececarboidratos complexos. Além disso,os alimentos complementam-se nasdeficiências individuais deaminoácidos, tornando-se umaexcelente fonte protéica, e nãocontêm glúten, constituindo-se, porisso, em uma ótima mistura para oscelíacos.

A combinação destes dois ali-mentos fornece vitaminas do com-plexo B, fibras alimentares e mine-rais como o ferro, cálcio, fósforo,potássio, manganês e zinco, baixoteor de sódio e de gorduras e nãocontém colesterol. Resultados depesquisas apontam para reduçãodas doenças relacionadas ao estilode vida moderno, tais como obesi-dade, cardiovasculares e colesterolalto, quando se segue uma dietabaseada nesta combinação. O Mi-nistério da Saúde recomenda no

seu Guia Alimentar que a popula-ção coma diariamente feijão comarroz na proporção de uma parte defeijão para duas de arroz, por ofere-cer uma combinação adequada deproteínas.

A queda no consumo destes grãosna última década é atribuída princi-palmente ao consumo de outrosalimentos industrializados, taiscomo macarrão e biscoitos, além doconsumo exagerado de açúcar.

Objetivando estimular o consu-mo desta mistura serão enviadosprojetos de lei à Câmara dos Depu-tados visando maior participaçãodo arroz com feijão na alimentaçãoescolar, bem como divulgadas cam-panhas de abrangência nacionalpara promover os benefícios de umaalimentação saudável e que se cons-titui numa combinação tradicional-mente brasileira.

Arroz com feijão formam um par perfeitoArroz com feijão formam um par perfeitoArroz com feijão formam um par perfeitoArroz com feijão formam um par perfeitoArroz com feijão formam um par perfeito

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11Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

A adição de óleo essencial de orégano na maionese usada em saladas reduz a multipli-

cação da bactéria Salmonellaenteritidis, responsável por grandeparte dos surtos de salmonelose.Este foi o resultado de umestudo cujo objetivo era encontrarum antimicrobiano natural parainibir a multiplicação desta bacté-ria, aponta a microbiologista JaninePassos Lima da Silva, em sua tesede doutorado apresentada na Fa-culdade de Ciências Farmacêuticasda USP. A Salmonella enteritidis éuma das principais responsáveispela doença e provoca diarréia, fe-bre, dores abdominais e vômitos.

Na primeira etapa dos testes,com cinco concentrações diferen-tes de óleo, foi observado que oefeito inibitório é proporcional à

Óleo essencial de orégano inibe salmonelose emÓleo essencial de orégano inibe salmonelose emÓleo essencial de orégano inibe salmonelose emÓleo essencial de orégano inibe salmonelose emÓleo essencial de orégano inibe salmonelose emsaladas com maionesesaladas com maionesesaladas com maionesesaladas com maionesesaladas com maionese

quantidade adicionada, ou seja,quanto maior a concentração, maiora redução de células viáveis deSalmonella. Isto porque a maioriados óleos essenciais de oréganopossui compostos fenólicos – timole carbacol – que danificam a mem-brana externa da bactéria.

Em seguida foram feitos testescom óleo essencial na salada demaionese contaminada com a bac-téria. Em apenas 4 horas foi ob-servada redução significativa nonível de contaminação, tanto nasamostras mantidas sob refrigera-ção quanto nas que ficaram emtemperatura ambiente. Novas ex-periências foram então realizadaspara definir uma concentração deóleo essencial de orégano que fos-se aceita nos testes de análisesensorial e chegaram a um nível

de 0,2% de óleo, que manteve aatividade antimicrobiana sem de-sagradar o paladar.

A microbiologista sugere a adi-ção do óleo essencial de orégano nacomposição da maionese. Acrescen-ta que a maionese comercial é se-gura e que não necessita de refrige-ração antes de aberta, mas, a conta-minação ocorre após a preparaçãoda salada de legumes, devido a con-dições inadequadas de manipulaçãoe armazenamento. “Os sintomas dasalmonelose aparecem de 8 a 12horas após a ingestão do alimentocontaminado e provoca diarréia pro-longada, que pode causar desidra-tação”, aponta Janine.

Mais informações com Janine PassosLima da Silva, fones: (21) 9374-1254e 2159-4589. Fonte: Agência USP deNotícias, 14/11/2007.

Como forma de agregar valorà banana – que tem o Brasilcomo um dos maiores produ-

tores mundiais –, a engenheira dealimentos Nádia Rosa Pereira apli-cou o processo de secagem por mi-croondas para a obtenção do produ-to banana-passa. O sistema, utili-zado em geral para o aquecimentode outros produtos, foi exploradona banana com bons resultados.

“O processamento com aplica-ção de microondas é mais rápido e,se bem controlado, o produto secopode atingir qualidade comparávelou até superior à obtida pelos méto-dos convencionais”, declara Nádia,que obteve o título de doutora naFaculdade de Engenharia de Ali-mentos da Unicamp. Ela explicaque a secagem do produto no Brasilé feita por convecção com ar quentede forma artesanal e que, por isso,

além do tempo dispensado para atarefa, existe a perda de qualidadepor conta da longa duração do aque-cimento.

Na secagem, ocorre a diminui-ção da água para se chegar a umnível ideal para conservação do pro-duto e, com isso, há alterações nascaracterísticas estruturais enutricionais do alimento. Estudosanteriores do mesmo grupo de pes-quisas mostraram que a bananaseca com essa tecnologia apresen-tou melhor aceitação sensorial emcomparação aos produtos comerciais.

A técnica de aquecimento pormicroondas, segundo a engenheira,é relativamente nova e precisa sermais explorada. O estudo, no en-tanto, serviu como ponto de partidapara atestar a viabilidade do siste-ma. O principal enfoque foi buscarmelhor controle do processo de

secagem, conjugando a aceleraçãodo processo ao fornecimento deenergia de microondas de acordocom a exigência do produto, tendoem vista a preservação de suas qua-lidades estruturais.

A produção artesanal tambémfaz da banana-passa um produtobastante desigual e pouco consumi-do. A idéia de se utilizar um sistemamais rápido poderia aumentar aprodução e melhorar a qualidade,gerando, conseqüentemente, o au-mento do consumo. Ela é encontra-da não só como produto integral,mas principalmente na forma agre-gada a cereais matinais, barras defrutas e cereais e iogurtes compolpa de frutas.

Fonte: Jornal da Unicamp, edição 383,dez. 2007.

PPPPPesquisadora obtém banana-passaesquisadora obtém banana-passaesquisadora obtém banana-passaesquisadora obtém banana-passaesquisadora obtém banana-passaa partir de secagem por microondasa partir de secagem por microondasa partir de secagem por microondasa partir de secagem por microondasa partir de secagem por microondas

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12 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Atitudes no setor agrícola contra o aquecimento globalAtitudes no setor agrícola contra o aquecimento globalAtitudes no setor agrícola contra o aquecimento globalAtitudes no setor agrícola contra o aquecimento globalAtitudes no setor agrícola contra o aquecimento global

O aquecimento global, devido à liberação na atmosfera de gases de efeito estufa – CO 2,

metano e óxido nitroso, já está afe-tando o meio ambiente terrestre eé um desafio a todos neste momen-to em que o planeta pede socorro. Oalto uso de energia, com liberaçãode poluentes, e o desperdício daágua em todo o planeta devem serreduzidos. Cada um pode e devefazer a sua parte, individualmenteou de forma coletiva, agindo parasalvar o meio ambiente e o futuroda humanidade. No setor agrícola,algumas atitudes podem ser toma-das:

• Aumentar a capacidade dearmazenamento de água da chuvaem cisternas, açudes ou tanquesrevestidos com plástico para evitarperdas.

•Utilizar sistemas de irrigaçãode baixo custo e sem desperdício de

•Racionalizar o uso de adubosnitrogenados – evitando o uso ex-cessivo sem ganhos em produtivi-dade – para reduzir a emissão degases poluentes, os custos de pro-dução, a poluição do solo e danos àsaúde.

•Utilizar dejetos animais e lixoorgânico via compostagem na adu-bação de plantas.

•Incentivar a utilização debiodigestores para aproveitamentodos dejetos animais para produçãode gás metano e produção de ener-gia.

•Incentivar a agricultura orgâ-nica e agroecológica.

•Melhorar as técnicas de cria-ção de gado para diminuir a emis-são do gás metano, 21 vezes maispoluente que o CO2 no efeito estufa.

•Preservar vertentes e matasciliares.

água, dando preferência ao sistemade gotejamento.

•Resgatar o uso de cata-ventos emicrousinas hidráulicas nas pro-priedades.

•Dar preferência ao uso de álcoole biocombustíveis em máquinas eequipamentos agrícolas.

•Reduzir o desmatamento e evi-tar as queimadas.

•Aumentar o reflorestamento,utilizando espécies melhoradas (exó-ticas e nativas) e manejo adequadopara maior produtividade debiomassa e seqüestro de carbono.

•Implantar projetos agroflores-tais, entremeando árvores e plan-tas de lavoura, que protegem o solocontra a erosão, utilizam mais amão-de-obra local e permitem ar-mazenar carbono na biomassa.

•Expandir a utilização do siste-ma de plantio direto para 100% dasáreas agricultáveis para reduzir ouso de combustíveis.

Açudagem

ReflorestamentoProdução de biogás

Mata ciliar

Plantio direto

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13Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

O aumento da quantidade de plantas cultivadas sob irri- gação em uma determinada

área pode mais que duplicar a pro-dutividade da melancia. Oadensamento do cultivo é um re-curso técnico importante para onegócio da melancia, pois influen-cia a elevação da produtividade peloaumento da colheita do número defrutos por área. Esta é a conclusãode pesquisadores da Embrapa Semi-Árido que colheram entre 42 e45t/ha de frutos comerciais emseus experimentos, quando amédia no Brasil é de apenas19. Eles conseguiram este re-sultado com o cultivo de 4.166a 4.762 plantas/ha, enquantoque no País, em geral, essenúmero fica entre 1.330 e 2.500.

O agricultor também poderecorrer a esse recurso paraproduzir frutos de acordo comas preferências de consumido-res: se grandes (acima de 8kg),

como é comercializado no mercadointerno, ou menores (abaixo de 6kg),os mais vendidos no exterior. Nomercado interno, os frutos maioressão os mais comercializados. Atual-mente, aqueles com peso inferior a6kg são considerados refugos entreos varejistas e atacadistas. Contu-do, as tendências mais recentes ob-servadas no negócio da melanciaapontam para a crescente prefe-rência por frutos pequenos entre os

consumidores brasileiros e de paí-ses que importam essa fruta.

A combinação de diversosespaçamentos permitiu definirquais os melhores resultados parao agricultor, tanto para quem quercolher melancias grandes para ven-der no mercado interno (3 x 0,60mou 3 x 0,80m), ou para quem quercomercializar com países importa-dores (3 x 0,40m). Os resultadosrevelados na pesquisa evidenciam

que o espaçamento adequadoé um fator crítico na tecnologiae produção da melancia. Omanejo, com maior ou menordensidade de plantas, dá aoagricultor maior retorno eco-nômico, potencializa a produ-ção e também a qualidade dofruto.

Contatos: Embrapa Semi-Árido,C.P. 23, 56302-970 Petrolina,PE, fone: (87) 3862-1711,www.cpatsa.embrapa.br.

Adensamento duplica produtividade da melanciaAdensamento duplica produtividade da melanciaAdensamento duplica produtividade da melanciaAdensamento duplica produtividade da melanciaAdensamento duplica produtividade da melancia

P esquisadores da Unesp e da Embrapa estão utilizando morcegos para auxiliar na

recomposição de florestas degrada-das. Os animais usados nessa inici-ativa alimentam-se de frutos e, aodefecar durante o vôo, espalhamsementes de várias espécies vege-tais, o que ajuda a manter as carac-terísticas da vegetação original daregião que percorrem. O uso des-ses mamíferos foi planejado pelosbiólogos Gledson Bianconi, douto-rando em Zoologia no Instituto deBiociências, Rio Claro, SP, e SandraMikich, pesquisadora da EmbrapaFlorestas, e os locais escolhidosforam as regiões sul da Mata Atlânti-ca e central da Floresta Amazônica.

No método por eles desenvolvi-do, aromas de frutas são espalha-dos em áreas onde há necessidadede recomposição florestal. Em ge-ral, são lugares ocupados por ativi-dades agrícolas e pastagens queprecisam ser convertidas em flo-

restas novamente para atender àlegislação ambiental – pouco res-peitada por inúmeros produtoresrurais. O cheiro atrai os morcegos,que trazem no intestino sementescolhidas em regiões não devasta-das. O resultado é um replantiomais completo, que inclui espéciesvegetais que ficariam de fora doreflorestamento tradicional.

“Além de garantir a diversidade,os morcegos transportam sementes

das chamadas plantas pio-neiras, que são as que de-vem vir primeiro no pro-cesso de reflorestamento”,explica Bianconi. “Isso sig-nifica que esses animaisajudam a manter as carac-terísticas do ambiente aser reconstituído, o que émais difícil no Brasil, devi-do à grande diversidadeecológica.”

“O que essa técnica pro-põe é acelerar e direcionaro processo em áreas ondea recuperação se faz ne-

cessária”, relata a bióloga. Ela rei-tera que são muitos os locais ondeé preciso recuperar a flora original.“No bioma da Mata Atlântica, pelomenos 20% da área de uma proprie-dade rural deve ser recoberta porflorestas, sem contar as Áreas dePreservação Permanente, comoas florestas ciliares e aquelas noentorno de nascentes.”

Fonte: Jornal da Unesp, n. 229, dez. 2007.

Morcegos são úteis no reflorestamentoMorcegos são úteis no reflorestamentoMorcegos são úteis no reflorestamentoMorcegos são úteis no reflorestamentoMorcegos são úteis no reflorestamento

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Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 200814

1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Centro de Pesquisa para a Agricultura Familiar – Cepaf – , C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone: (49) 3361-0600, e-mail: [email protected].

PPPPProdução de leite, erodução de leite, erodução de leite, erodução de leite, erodução de leite, exxxxxclusão eclusão eclusão eclusão eclusão edesenvolvimentodesenvolvimentodesenvolvimentodesenvolvimentodesenvolvimento

Vilson Marcos Testa1

Nos últimos 17 anos, o Brasiltem vivido fortes mudançasna produção de leite, moti-

vadas fundamentalmente por alte-rações institucionais e por inovaçãotecnológica no setor industrial, de-corrente do leite UHT ou leite emcaixinha.

No campo institucional, a aber-tura econômica, com liberação decotas de importação e exportação,redução das taxas de importação ecom o fim dos preços tabelados pelogoverno, a partir de 1990, propiciouum profundo reposicionamento dosagentes econômicos que participamda cadeia. Sobrou alegria para a in-dústria e o comércio e tristeza aosentão produtores de leite.

A introdução de forma consoli-dada do leite UHT, a partir de 1992,também propiciou forte mudança nocampo comercial e industrial. Nocampo comercial, pode-se afirmarque, antes da introdução do leiteUHT, a maior parte do leite eracomercializada por pequenos esta-belecimentos comerciais (padarias,mercearias, armazéns, entre ou-tros), restando uma parcela peque-na aos grandes supermercados. Porrazões de comodidade para os con-sumidores e de redução de custospara os supermercados, a introdu-ção do leite UHT inverte esse qua-dro, com ampla preferência dos con-sumidores por este tipo de leite ecom domínio dos grandes supermer-cados na sua comercialização. Osatacadistas, até então praticamen-te limitados ao leite em pó, tambémpassam a ter expressão nacomercialização do leite UHT.

Não seria exagero afirmar queesse quadro revolucionou a produ-ção de leite no Brasil, onde o gran-de poder de negociação dos grandessupermercados e atacadistas colo-cou os industriais na defensiva, im-pondo preços e condições de nego-ciação. Não bastasse isso, os indus-triais ainda tiveram de enfrentar umpoder ainda maior, o do monopóliomundial da empresa Tetra Pak, pro-dutora das embalagens UHT.

Com isso, a indústria tem tidoforte redução na sua capacidade deimpor condições no mercado de leitefluido a sua jusante, restando-lhe acapacidade de se impor a montan-te, sobre os agricultores produtoresda matéria-prima. Desta forma, pre-midos pela redução de suas mar-gens, os industriais buscam maté-ria-prima mais barata. É nesse con-texto que a produção de leite à basede pasto, com mão-de-obra familiarganha espaço. E esse tipo de pro-dução está, em sua maioria, longedos grandes centros consumidorese longe das regiões tradicionais deprodução de leite e da agricultura

empresarial ou patronal. Daí se ini-cia a “diáspora” que redefine a geo-grafia da produção brasileira de lei-te, com forte entrada da agricultu-ra familiar do Sul do Brasil e den-tro dos Estados dessa região, umaforte migração para o Oeste de San-ta Catarina, Norte do Rio Grandedo Sul e Sudoeste e Oeste doParaná, onde se encontra o maiormaciço contíguo de agricultura fa-miliar da América do Sul.

Neste ambiente, a agriculturafamiliar de Santa Catarina impri-miu forte expansão da produção es-tadual de leite, com taxas de cres-cimento muito acima da médianacional, tendo crescido 420%, de1990 a 2006, especialmente no Oes-te, que produz cerca de dois terçosda produção estadual de leite.

Além de gerar boa renda, a pro-dução de leite permite boa apro-priação e distribuição da renda en-tre os agricultores, irrigando o meiorural e a economia dos pequenos emédios municípios como nenhumaoutra atividade, rivalizando com aaposentadoria rural. A título deexemplo, para cada milhão de reaisgerados com suínos em parceria, só30 a 40 mil ficam no meio rural(suinocultores), enquanto o leitepode injetar de 500 a 700 mil reais,dependendo da tecnologia e dosseus preços.

Todavia, dependendo da regu-lação, das políticas públicas e dosagentes de mercado para a condu-ção da produção, esses espetacula-res resultados e as ótimas perspec-tivas de expansão podem naufragar,à semelhança da amarga experiên-cia da suinocultura. Resumindo,pode-se afirmar que, se a sociedadereserva a esta atividade apenas opapel de fornecer o produto, pelasregras de mercado, haverá forteexclusão de agricultores e grandeparte do papel do poder público podeser dispensável (pesquisa, assistên-cia técnica, crédito e outros instru-mentos). Afinal, o mercado vai ajus-tar oferta, demanda e preços sozi-nho. Mas se, a exemplo da Europa,Estados Unidos, Canadá e muitosoutros países desenvolvidos, o

Produção de leiteà base de pasto

com mão-de-obrafamiliar ganha

espaço.

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Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008 15

Na tabela são apresentados oscenários de 16 bilhões de litros porano, a produção atualmentecomercializada, e uma projeção de26 bilhões de litros para a próximadécada, em dois níveis tecnológicos(10 e 25L/vaca/dia), com o que seobteve o número de vacas e o nú-mero de produtores, para escalascrescentes de 10 a 300 vacas porprodutor. Como resultados, numcenário de intensa concentração,com 300 vacas por produtor, 25L/vaca/dia, restariam somente 5.845produtores para a produção atual e9.498 para a próxima década. Noextremo oposto, também com ex-clusão mas muitíssimo menor, comescala de dez vacas e produtividadede 10L/vaca/dia, restariam 438.356e/ou 712.329 produtores, respecti-vamente, para a demanda atual eda próxima década. Observa-se queem ambos os casos haverá exclusãoda atividade, mas a diferença pode-rá ser monstruosa e os resultadosdesastrosos, dependendo da escolha.

Uma referência para reflexão po-deria ser o Plano Safra 2007/2008.Nele, o redutor de 50% na renda

Brasil (e o Sul em especial) dese-jar promover desenvolvimento, éessencial ter a consolidação daagricultura familiar como uma dasestratégias centrais, e nela a ativi-dade leiteira como uma das princi-pais, senão a principal atividade ge-radora e distribuidora de renda.

Santa Catarina já conheceu a es-tratégia imposta pelo mercado nasuinocultura, com muitos custos aosetor público, resultados econômi-cos pífios e resultados sociais eambientais danosos. Por sua vez, aestratégia desenvolvimentista pas-sa por uma orientação clara e sele-tiva de todos os instrumentos depolíticas setoriais (pesquisa, assis-tência técnica e extensão rural, cré-dito, apoio em ações de fomento,etc.). Isso basta ou é necessário re-gular os espaços e o acesso ao mer-cado de leite e derivados? O mundodesenvolvido não conseguiu trilharnenhum caminho fora do estabele-cimento de cotas de produção, porregião e por agricultor. Lamentavel-mente, o Brasil nem conhece comprecisão o número de produtores deleite, estimado entre 1,2 e 1,4 mi-lhão de agricultores. Nesse ambi-ente, os impactos de uma possívelescolha entre essas estratégias (queestá na agenda do setor) podem ser

bruta do leite, para fins deenquadramento, propicia que pro-dutores com até 1.000L/dia possamse beneficiar de juros altamentepreferenciais. Para o mercado atu-al, de 16 bilhões de litros/ano, ha-veria espaço para apenas 44 mil pro-dutores de leite no Brasil com essaescala de produção.

É sempre importante lembrarque todos no Brasil estão na corri-da e que Santa Catarina tem cercade 100 mil produtores e o Sul doBrasil, cerca de 400 mil. Também ébom lembrar que a atividade leitei-ra possivelmente seja a última“commodity” agrícola em torno daqual pode ser consolidado um gran-de número de agricultores familia-res. A palavra e o desafio ficam coma sociedade brasileira e catarinense,suas lideranças, técnicos, seus go-vernos, a opinião pública em geralpara discutir e decidir sobre as es-colhas, suas conseqüências, bemcomo a resolução e o encaminha-mento dos problemas decorrentesdas escolhas2. De outra forma, quala ocupação e a renda substituta queSanta Catarina oferecerá aos agricul-tores familiares em troca dos cercade 2 bilhões de reais propiciados pe-las produções de fumo e de leite?

2Não bastasse isso, SC tem cerca de 65 mil famílias de fumicultores, que obtêm uma renda superior a 1 bilhão de reais, mas está emiminente exclusão motivada especialmente pela assinatura da Convenção Quadro pelo Brasil.

vistos no número de produtores querestariam na atividade e, em con-seqüência, no número de excluídos,conforme a Tabela 1.

Tabela 1. Produtores de leite para dois níveis de produtividade e em diferentes escalas de produção por agricultor,para o mercado atual (16 bilhões de litros) e para um cenário otimista para 2017 (26 bilhões de litros)

16 bilhões de litros/ano 26 bilhões de litros/ano 10L/vaca/dia 25L/vaca/dia 10L/vaca/dia 25L/vaca/dia

Vaca/produtor 4.383.562 vacas 1.753.245 vacas 7.123.288 vacas 2.849.315 vacas

Nº agricultores Nº agricultores Nº agricultores Nº agricultores

10 438.356 175.342 712.329 284.932

20 219.178 87.671 356.164 142.466

30 146.119 58.447 237.443 94.977

50 87.671 35.068 142.466 56.986

100 43.836 17.534 71.233 28.493

200 21.918 8.767 35.616 14.247

300 14.612 5.845 23.744 9.498

Fonte: Os dados de produção atual foram obtidos do IBGE. As demais informações foram geradas pelo autor.

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Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 200816

A suinocultura, do ponto de vista social e econômico, é uma atividade de suma im-

portância como geradora de empre-gos e fixadora do homem no cam-po. No entanto, ela é consideradapelos órgãos ambientais como umaatividade altamente poluidora, poisnão é dado um destino adequado aosefluentes por ela gerados. Com basena Lei de Crimes Ambientais nº9.605/98, o produtor pode ser respon-sabilizado criminalmente por eventu-ais danos causados ao meio ambiente,à saúde dos homens e aos animais.

Grande parte dessa poluição ori-ginou-se da forma como a criação

Suinocultura e ordenamento territorialSuinocultura e ordenamento territorialSuinocultura e ordenamento territorialSuinocultura e ordenamento territorialSuinocultura e ordenamento territorialValci Francisco Vieira1

de suínos se desenvolveu, ou seja,sem planejamento tanto por partegovernamental como dos produto-res. Até a década de 70, a atividadetinha sua base econômica voltadapara a produção de banha e para sub-sistência da família dos agricultores,sendo que a criação era realizada àsolta, sem preocupação com a nu-trição e o manejo adequado do re-banho, tampouco com o meio ambi-ente. Atualmente, porém, essa ativi-

dade passa a ter grande destaque naalimentação da população e nas expor-tações catarinenses, passando de pro-duto de subsistência para um produtogerenciado pelas agroindústrias.

As agroindústrias e os produto-res adotaram o confinamento comomodelo para a produção de animaisem larga escala com o objetivo deatender aos mercados nacional einternacional. Neste modelo, o es-paço físico reduzido, o tempo exíguoe o emprego de técnicas modernasde criação são as principais carac-terísticas. Dessa forma, o suíno pas-sa a maior parte de seu tempo sealimentando, excretando e gerando

1Geógrafo, M.Sc., Epagri/Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia – Ciram –, C.P. 502, 88034-901Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-8151, e-mail: [email protected].

Sistema de tratamento inadequado, com revestimento de lonacompletamente deteriorada pela ação do tempo e risco detransbordamento de dejeto

grande quantidade de dejetos queprovocam problemas de ordemambiental (água, ar, solo) e causamdoenças devido ao alto poderpoluente dos resíduos e seu mane-jo inadequado.

Um dos problemas oriundos des-se crescimento desordenado foi ainstalação de granjas de suínos emáreas inadequadas, sem a observân-cia da legislação ambiental ou conhe-cimento do risco e vulnerabilidade do

meio ambiente. Como exemplo, ci-tam-se a não-observância da distân-cia mínima exigida nas construçõesem relação aos cursos d’água, omanejo inadequado dos dejetos de-vido à falta de uma avaliação ade-quada dos impactos e potenciais ris-cos de poluição, a não-verificação dosolo quanto à aptidão e à declividadepara a instalação de granjas,esterqueiras e destino dos dejetos,etc. Cabe salientar que astecnologias disponíveis para trata-mento de dejetos muitas vezes nãoestão ao alcance financeiro dos pro-dutores e que, isoladas, não resol-vem o problema.

Diante dessa problemática, tor-na-se necessária a realização de umdiagnóstico fornecendo informaçõescomo quantidades de efluentes ge-rados, áreas adequadas para rece-bimento de dejetos, consumo deágua, etc. e outros dados reunidosem um documento para dar subsí-dios à construção de um processode ordenamento territorial dasuinocultura em Santa Catarinaque contemple os preceitos funda-mentais da sustentabilidade. Deve-rão ser consideradas as particulari-dades dos diferentes sistemas deprodução praticados pelos produto-res, respeitando as limitaçõesambientais e as potencialidades eco-nômicas. Além disso, é preciso as-segurar uma ampla participação dasociedade em todas as fases do pro-cesso. Tudo isso poderá contribuirpara, em médio prazo, reduzir ouaté mesmo impedir a pressãoambiental existente em determina-das regiões do território catarinensee definir áreas aptas para expandirou descentralizar a produção.

Neste aspecto, embora o objetode estudo seja a suinocultura, nãose deve esquecer que existem ou-tras atividades econômicas que cau-sam impactos ambientais e que tam-bém devem ser contempladas numadiscussão dessa natureza.

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Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008 17

José Fernando da Silva Protas1

A produção de vinhos finos:A produção de vinhos finos:A produção de vinhos finos:A produção de vinhos finos:A produção de vinhos finos:um flash do desafio brasileiroum flash do desafio brasileiroum flash do desafio brasileiroum flash do desafio brasileiroum flash do desafio brasileiro

1Economista, Dr., Embrapa Uva e Vinho, assessor da Presidência da Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-5531, e-mail: [email protected].

Aspectos da produção

No Brasil, a viticultura ocupauma área de aproximadamente 71mil hectares, com vinhedos estabe-lecidos desde o extremo sul do País,em latitude de 31o Sul, até regiõessituadas muito próximas ao equa-dor, em latitude de 5o Sul. Em fun-ção da diversidade ambiental, exis-tem no País pólos vitícolas típicosde regiões temperadas, caracteriza-das por um período de repousohibernal; pólos em áreassubtropicais, onde a videira é culti-vada com dois ciclos anuais, defini-dos em função de um período detemperaturas mais baixas, nosquais há risco de geadas; e pólos deviticultura tropical, onde é possívela realização de podas sucessivas,com a realização de dois e meio atrês ciclos vegetativos por ano. Nosúltimos anos, as estatísticas ofici-ais registram uma produção de uvasque varia em torno de 1,2 milhãode toneladas por ano. Deste volu-me, cerca de 45% é destinado aoprocessamento para a elaboração devinhos, sucos e outros derivados, e55% comercializado para o consu-mo in natura no mercado interno eexportação.

Relativamente ao segmentoagroindustrial, a vitivinicultura bra-sileira tem a sua história intima-mente ligada à Região Sul do País,que detém praticamente a exclusi-vidade da produção e abastecimen-to do mercado interno brasileiro devinhos, suco e outros derivados dauva e do vinho. No entanto, a par-tir da metade da década de 90, a Re-gião Sul vem perdendo espaços sig-nificativos do mercado interno devinhos finos.

Um marco referencial da políticado setor empresarial, no sentido depromover melhorias na estrutura

produtiva da vitivinicultura brasilei-ra, é registrado a partir de meadosda década de 80, quando começarama ocorrer, com maior intensidade,investimentos, tanto na implanta-ção e/ou modernização das viníco-las localizadas nas regiões tradicio-nais quanto nos novos pólos produ-tores. Como elemento motivacionalbásico deste movimento estava apercepção empresarial do potencialde crescimento do mercado internotanto para o consumo dos produtostradicionais (vinhos de mesa e sucode uva), quanto de produtos compadrão internacional (vinhos finos),capazes de serem comercializadoscom maior valor agregado. Comoconse-qüência deste cenário, verifi-ca-se nos últimos anos, nos pólosemergentes e parcialmente nos tra-dicionais, o surgimento de uma novaviticultura, com forte basetecnológica e focada na produção deuvas de variedades de Vitis vinifera

para a elaboração de vinhos finosde qualidade, de que são exemplosas regiões da metade sul do RioGrande do Sul, as de altitude deSanta Catarina e o Vale do Sub-Médio São Francisco, nos Estadosde Pernambuco e Bahia.

A seqüência da nossa reflexãonos permite registrar que, relati-vamente à estrutura produtiva emercadológica, o setor vitivinícolabrasileiro, concentrado nos Estadosdo Rio Grande do Sul e de SantaCatarina, apresenta uma caracte-rística atípica relativamente aospaíses tradicionais produtores. En-quanto naqueles são admitidos ape-nas vinhos produzidos com varie-dades de uvas finas (Vitis vinifera),no Brasil, além destes, são produ-zidos vinhos a partir de variedadesamericanas (Vitis labrusca e Vitisbourquina) e híbridas, que repre-sentam mais de 80% do volumetotal, evidenciando a dualidade

Exemplo de uma unidade produtiva dos vinhos de altitude deSanta Catarina

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18 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

2Para mais detalhes ver o artigo: O Mercado Brasileiro de Espumantes: Um Sinal de Alerta – Revista Vinho Magazine, Edição n. 71,janeiro de 2007.

estrutural desta cadeia produtiva.Por uma questão de oportunidadede explorar um tema novo que temsuscitado muita curiosidade equestionamentos, focaremos nossaabordagem na perspectiva da novavitivinicultura catarinense voltadaà produção de vinhos finos de alti-tude. Antes, porém, registramos onosso entendimento quanto à neces-sidade urgente da implementaçãode um programa de modernizaçãoda vitivinicultura nas regiões tradi-cionais, capaz de resgatar acompetitividade da agricultura fami-liar como produtora de uvas para oimportante segmento dos vinhos demesa e suco de uva.

O contexto do mercadointerno de vinhos finos

Com o processo de abertura daeconomia brasileira, o segmento devinhos finos (vinhos tranqüilos eespumantes) tem enfrentado umaforte concorrência externa, regis-trando-se taxas significativas decrescimento das importações. Noperíodo de 2001 a 2007, o crescimen-to das importações de produtosvitivinícolas (vinhos tranqüilos, vi-nhos espumantes, vinhos licorosos,etc.) pelo mercado brasileiro foi deaproximadamente 103%, ou seja, ovolume de importações neste perío-do evoluiu de 30.015.928L, para60.875.073L. Desagregando-se estesvalores e tomando apenas aquelesrelativos aos vinhos tranqüilos, querepresenta o principal mercado nosegmento dos vinhos finos, verifi-caremos que em 2001 o produto na-cional detinha 48,1% do mercadointerno, com um volume comer-cializado de 25.910.072L, contra27.957.230L do produto importado,que correspondia a 51,9%. Já em2007, os volumes comercializados doproduto nacional recuaram para24.760.713L, enquanto que os volu-mes dos importados evoluíram para57.405.833L, o que corresponde, res-pectivamente, a 30,13% e 69,87% domercado brasileiro. Com base nasestatísticas disponíveis, evidencia-se o caráter inexorável do compor-tamento desta conjuntura, já que,no comparativo dos volumescomercializados, enquanto os vinhosimportados aumentaram a sua fa-tia do mercado interno, os nacionais

d i m i n u í r a m .Numa visão pano-râmica de comoestá estruturada aoferta do mercadobrasileiro de vi-nhos finos (vinhostranqüilos, vinhosespumantes, vi-nhos licorosos,etc.), verifica-seque o mesmo é dis-putado por quatroblocos produtores/ofertantes: Chile,Argentina, demaispaíses (Europa,Oceania, África) eproduto nacional,destacando-se os dois primeiros queem 2007 detiveram, respectivamen-te, 20% e 17% do mercado brasileiro.

O porquê do desafio

Muito se tem discutido relativa-mente às causas da poucacompetitividade dos vinhos finosbrasileiros. Questões relacionadascom a elevada carga tributária inci-dente sobre os produtos vitivinícolas,a falta de política creditícia especí-fica e adequada, a isenção de impos-to de importação para insumos,máquinas e equipamentos (de modo

semelhante aos países concorren-tes) e a equiparação do ICM para osprodutos vitivinícolas entre os Es-tados têm sido temas recorrentesnos pleitos feitos junto às autorida-des federais e estaduais através daCâmara Setorial de Viticultura, Vi-nhos e Derivados e outros fóruns.Por outro lado, há evidências quenem todos os produtos da cadeiaprodutiva apresentam a mesmaperformance. Por exemplo, os es-pumantes brasileiros, mesmo so-frendo uma forte pressão, têm apre-sentado um bom desempenho fren-

te à concorrência. Depois de umaforte ameaça verificada em 2006,provocada pelos espumantes argen-tinos2, em 2007 o produto nacionalapresentou um crescimento de ven-das de 8,4%, enquanto os importa-dos diminuíram 29%. Portanto,depreende-se que, além dos aspec-tos relacionados com a políticasetorial (ou com a falta dela), ou-tras questões relacionadas com aprópria organização setorial, tantona dimensão dos processos produti-vos (da uva e dos produtos deriva-dos), quanto, e em especial, na di-mensão do mercado, com toda a suacomplexidade e diversidade de ato-res, tenham grande importância nadefinição e eventual reversão docenário até aqui esboçado. O sim-ples fato de jamais ter havido umacampanha de promoção institu-cional do vinho brasileiro que escla-recesse questões básicas, como, porexemplo, a diferença entre vinhofino e vinho de mesa, parece sufici-ente para ratificar a nossa reflexão.E, neste caso, não se trata de de-cretar o que é melhor ou pior, jáque estamos tratando de produtosdiferentes, tanto no aspecto senso-rial quanto mercadológico (envol-vendo aí os níveis de preço e os ni-chos preferenciais de mercado), massim de educação e orientação aoconsumidor que acaba por ser bom-bardeado, por “formadores deopinião”, que, com freqüência, deforma preconceituosa, não fazem asdistinções devidas prejudicando

Parreiral típico da regiãoprodutora de vinho de altitudede Santa Catarina

Enquanto osvinhos importadosaumentaram a suafatia do mercado

interno, os nacionaisdiminuíram.

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19Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

principalmente a imagem dos vi-nhos finos nacionais. Diante dasreflexões e estatísticas até aqui apre-sentadas, pode-se deduzir, prelimi-narmente, que investir na produçãode vinhos finos no Brasil é realmen-te uma aventura. Entretanto, pormais paradoxal que a esta alturapossa parecer, afirmamos que nãonecessariamente. Para sustentaresta nossa afirmação, vejamos al-guns fatos relacionados com a con-juntura da vitivinicultura mundiale seus desdobramentos. Segundo oRelatório 2006 da Organização In-ternacional da Vinha e do Vinho –OIV –, a produção mundial de vi-nho naquele ano foi de 28,40 bilhõesde litros e o consumo de 24,12 bi-lhões de litros, gerando um exce-dente de 4,28 bilhões de litros. Na-quele mesmo ano a União Européiaacionou um dos seus mecanismosde regulação do mercado, chamadoDestilação de Crise, financiando, aocusto de 500 milhões de euros, adestilação de 1,4 bilhão de litros devinho, transformado-os em álcoolpara ser usado como combustívelpelas indústrias e veículos. Embo-ra não se disponha do quantitativo,sabe-se que, no ano de 2007, o mes-mo mecanismo voltou a ser utiliza-do. Sabe-se, por outro lado, que aprincipal causa dos elevados exce-dentes da produção de vinhos euro-peus é a forte concorrência prove-niente da Austrália, dos EstadosUnidos, do Chile, da Argentina e daÁfrica do Sul, ou seja, à afluênciade vinhos mais baratos, assentesnuma produção mais industrial efortemente apoiados num competi-tivo marketing. Diante deste cená-rio e dos elevados custos das cha-madas Destilações de Crise, aUnião Européia optou por redefinira sua estratégia política para o se-tor vitivinícola, devendo implantar,a partir do mês de agosto de 2008,um programa de erradicação e/oureconversão de vinhedos. As esti-mativas são de que o programaabranja cerca de 200 mil hectaresem toda a Europa em 5 anos. Res-salvando-se as proporções e consi-derando que a fundamentação doprograma europeu, quanto ao obje-tivo principal, é adaptar sua ofertade vinhos à concorrência, rejeitan-do a produção de vinhos de qualida-de medíocre, entendemos que aque-le cenário, bem como suas causas eefeitos, tem algumas semelhançasao nosso. Senão vejamos. Temos omesmo fato gerador da crise: perda

de competitividade no mercado. Re-corremos a mecanismos semelhan-tes para regular a oferta: Destila-ção de Crise (Europa) e Programade Escoamento da Produção – PEP– Conab/Mapa (Brasil), onde, ape-nas em 2006, foram vendidos a gra-nel, para ser misturado ao vinho demesa pelos engarrafadores do cen-tro do País, cerca de 5.580.000L devinho fino tinto, sendo que para2008 a demanda do setor junto àsautoridades do Conab/Mapa é paraque este volume seja aumentadopara cerca de 12 milhões de litros.Agora o pleito é para que o vinhoseja destilado e utilizado, em subs-

tituição ao açúcar de cana, na cor-reção alcoólica do vinho da novasafra. Subjacente a esta questão, háuma causa estrutural, pois, além dovinho de qualidade, ainda são pro-duzidos volumes significativos devinhos medíocres que, por questõesde políticas setoriais e/ou outrasdesvantagens comparativas, che-gam aos mercados (no nosso casoprincipalmente no mercado inter-no), com preços pouco competitivocomparativamente aos também me-díocres de tercei-ros países. Quan-to às probabilida-des de eficácia ea conveniênciade recorrermos àreceita européiapara a melhoriada competiti-vidade dos nossosvinhos finos seriapretensioso e pre-cipitado fazerqualquer juízo,até porque, alémda dimensão e dao r g a n i z a ç ã osetorial, na ques-tão de políticaspúblicas voltadasao setor vitivinícola, as condiçõessão totalmente diferentes. Comosíntese dos fatos e das reflexõesdesenvolvidas neste texto, fica

Na vitivinicultura nãohá mais lugar paraamadorismo e para

produtos de qualidademedíocre.

evidente a grande pressãoconcorrencial a que estão submeti-dos todos os países produtores domundo, independentemente de tra-dição e dimensão, derivando daíuma lição que alguns já aprenderam,tomaram providências e saíram nafrente; outros começam a aprendere se adequar para sobreviver e há,ainda, outros, os retardatários. Navitivinicultura, em qualquer partedo mundo, resguardando-se as carac-terísticas e tipicidade dos produtos,não há mais lugar para amadorismoe para produtos de qualidade medí-ocre. Neste setor, o sucesso e a sus-tenta-bilidade dos empreendimentosdependem da sua real capacidadecompetitiva, a qual é obtida, no mí-nimo, com: a) organização e forta-lecimento das entidades represen-tativas, como forma de viabilizar po-líticas públicas adequadas; b) foco naqualidade e credibilidade dos produ-tos como principal bandeira de pro-moção e projeção de uma imagempositiva e de confiança do produtoe, c) boa relação do setor produtivocom as instituições públicas e pri-vadas de ensino, pesquisa, extensão,fomento, promoção, etc. Aliás, estassão as bases que têm orientado oPrograma Catarinense de VinhosFinos de Altitude, liderado pelaAssociação Catarinense dos Pro-dutores de Vinhos Finos de Alti-tude – Acavitis – que a partir des-te ano será reforçado, com a im-plantação operacional do Institu-to Catarinense de TecnologiaVitivinícola – ICTV.

Uvas de qualidade que geramvinhos diferenciados

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20 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Reportagem de Celívio Holz1

Fotos de Nilson Otávio Teixeira

1Eng. agr., M.Sc., Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-5647, e-mail: [email protected].

Integração lavoura-pecuária:Integração lavoura-pecuária:Integração lavoura-pecuária:Integração lavoura-pecuária:Integração lavoura-pecuária:em busca do elo perdidoem busca do elo perdidoem busca do elo perdidoem busca do elo perdidoem busca do elo perdidoIntegração lavoura-pecuária:Integração lavoura-pecuária:Integração lavoura-pecuária:Integração lavoura-pecuária:Integração lavoura-pecuária:em busca do elo perdidoem busca do elo perdidoem busca do elo perdidoem busca do elo perdidoem busca do elo perdido

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21Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008 21

C onheça a história do “decidido”, do “econômico” e do “vivido”, personagens que vivem no meio rural catarinense e que estão resgatando uma prática de aproveitamento total da área de suas

propriedades, diversificando a produção e garantindo a sobrevivênciano campo com base na integração entre a lavoura e a pecuária.

Integração lavoura-pecuária:Integração lavoura-pecuária:Integração lavoura-pecuária:Integração lavoura-pecuária:Integração lavoura-pecuária:Integração lavoura-pecuária:Integração lavoura-pecuária:Integração lavoura-pecuária:Integração lavoura-pecuária:Integração lavoura-pecuária:

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22 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

O econômico

Amélio Gudas, 60 anos, casadocom dona Júlia, com quem criouMilton, Gilson, Jucimara e Elisa.Numa pequena propriedade de 7alqueires, cerca de 17ha, consegueviver com todos seus filhos traba-lhando e tendo uma boa renda comgado de leite e produção de grãos.Ele foi apelidado de “econômico”porque faz milagre na pequena pro-priedade e ainda arrenda área forapara ocupar as máquinas que temem casa. Está pensando até em com-prar mais um trator novo, veja só!!!

O decidido

Athos de Almeida Lopes Filho,33 anos, engenheiro agrônomo, cui-da da propriedade de 46ha commuita dedicação, levando em contaque precisa aplicar a melhortecnologia disponível no mercado,isto pela sua formação. Diversificaa produção e, desde que se conhececomo gente, aplica este sistema deintegração lavoura-pecuária, tendoconseguido bons resultados, mas asua meta é melhorar ainda mais.Está decidido a cumprir com os ob-jetivos para alcançar a meta. É oque vamos ver.

O vivido

Este é o seu Osny Coninck, ho-mem experiente e respeitado nomovimento tradicionalista em San-ta Catarina. Nos seus 76 anos bemvividos, é conhecido pela franqueza,não manda recado, diz na “lata”.Também é um bom negociador, pelasua vivência, não deixa passar nadanos negócios. O nosso “vivido” utili-za o sistema de aproveitamento das“restevas”, como ele diz, há muitosanos e gosta da dupla lavoura-gado,“um bom consórcio”, completa.

Estes três personagens, entreconceitos e esclarecimentos do sis-tema integrado lavoura-pecuária,vão contar como aplicam esta téc-nica nas suas propriedades de ca-racterísticas um pouco diferentes.É a vivência proporcionando as in-formações para decidir melhor eeconomizar mais, resultando emmais renda na propriedade. Um bominício, sem dúvida! Então, vamos lá.

O uso das propriedadesno inverno

Historicamente, grande partedas propriedades agrícolas, na Re-gião Sul do Brasil, aquelas que têmna pecuária a principal atividade,criavam seus bovinos na base depastagens nativas. Pra engordar umboi no campo nativo, no Sul do Bra-sil, eram necessários de 4 a 5 anos.Dados acompanhados por OsnyConinck, criador de bovinos de Cam-pos Novos, SC, com uma experiên-cia de mais de 40 anos na atividade,comprovam que um animal criadosomente em pastagens nativas, per-de de 25% a 30% do peso no inver-no e só vai recuperar o peso anteri-or do final do verão, quando o mêsde novembro chegar, isso nas mes-mas condições de alimentação. Paraevitar este engorda/emagrece, quesó trazia prejuízos, novas alternati-vas foram estudadas pelos centrosde pesquisa e pelos próprios criado-res. Entre as maiores preocupaçõesestava o uso de alternativas de ali-mentação para os animais no inver-no, evitando assim a perda de peso.O uso de pastagens de inverno, comoaveia e azevém, foi e continua sen-do o caminho mais promissor parao ganho de peso dos animais. Se-gundo Milton da Veiga, pesquisadorda Epagri Campos Novos, o sistema

de integração lavoura-pecuária tam-bém surgiu para dar mais alterna-tivas de produção de pasto no inver-no, aproveitando o espaço das lavou-ras de verão. Usado inicialmentecom gado de corte nas regiões demaior altitude, passou a ser inten-sificado devido ao crescimento ace-lerado da atividade leiteira nas pro-priedades. Como o trigo é uma dasúnicas alternativas de culturascomerciais de inverno, e mesmo as-sim não pode ser cultivada todos osanos na mesma área em função doataque de pragas e doenças, geral-mente fica um vazio nesta estação,que pode ser preenchido pelo culti-vo de pastagens adaptadas para aestação fria. No sistema lavoura-pecuária, a rentabilidade da cultu-ra de verão e também a renda daprodução de carne ou leite no in-verno favorecem muito o fluxo decaixa na propriedade. Vamos vercomo funciona isso.

O sistema de integraçãolavoura-pecuária

Alvadi Balbinot, pesquisador daEpagri Canoinhas, defendeu, no fi-nal de 2007, a tese de doutorado“Uso do solo no inverno: proprieda-des do solo, incidência de plantasdaninhas e desempenho da cultura

Os dados da pesquisa de Balbinot foram avaliados na propriedade do seu Gudas

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23Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

de milho”. Este tema foi escolhido,segundo Balbinot, porque no Sul doPaís são poucas as alternativas viá-veis existentes. Entre as alternati-vas de uso do solo, destacam-se aspastagens anuais de inverno paraprodução de carne e leite, no siste-ma de integração lavoura-pecuária– sendo lavoura no verão e pecuá-ria no inverno. Além disso, Alvaditestou alternativas de produção como uso de culturas de cobertura dosolo para melhoria de suas carac-terísticas físicas e químicas. E é oentusiasmado pesquisador que vainos ajudar na definição e avaliaçãotécnica deste sistema, juntamentecom outro pesquisador da EpagriCampos Novos, Milton da Veiga, queparticipou da banca de avaliação datese de Balbinot.

A conceituação

O sistema de integração lavou-ra-pecuária é a utilização da mes-ma área para o cultivo de pasta-gens, geralmente no inverno, e ocultivo de outras culturas de in-teresse econômico no verão, so-bretudo grãos. Assim como o plan-tio direto, o sistema de integraçãolavoura-pecuária pode ser usadocom bastante sucesso econômicoe ambiental tanto em pequenasquanto em grandes propriedades,respeitando algumas especificidadesde manejo. Em propriedades peque-nas, a bovinocultura de leite se tor-na uma atividade mais interessan-te e recomendada. Em contraparti-da, em uma propriedade grande, abovinocultura de corte pode ser umaalternativa interessante.

A outra questão básica, impor-tante para entender o sistema inte-grado, é que trabalhamos na lógicade um consórcio de pastagens deinverno. Este consórcio se adaptamuito bem quando misturamos es-pécies gramíneas com espéciesleguminosas. Como espéciesgramíneas, podemos utilizar aveiapreta, aveia branca, centeio e oazevém, as mais adaptadas nas re-giões altas de Santa Catarina. Jun-to com estas gramíneas, podemosmisturar as leguminosas, especial-mente a ervilhaca (comum ou pelu-da) que tem sido a melhor opção

para o consórcio de pastagens noinverno. Mas no caso de gado decorte , segundo o pesquisadorMilton da Veiga, os agricultoresmuitas vezes utilizam apenas aaveia solteira ou consorciada comervilhaca porque semeiam trigo namesma área, em rotação de cultu-ras, e o azevém tem ressemeaduranatural, cujo crescimento não é de-sejável junto com a cultura do trigo.

O cronograma deaplicação durante o ano

O sistema de integração lavou-ra-pecuária tem por objetivo ocuparas áreas da propriedade durante oano todo. Vamos ver como funcionacada uma das atividades:

- Instalação da pastagem de in-verno – março e abril.

- Pastejo dos animais – a partirde maio, até os meses de setembroa outubro.

- Culturas de verão – milho, soja,feijão, entre outubro e março

- Pastagem perene de verão emdeterminadas glebas – outubro atéabril, maio do ano seguinte, quan-do novamente passa a utilizar a pas-tagem de inverno implantada emsobressemeadura.

Normalmente, o agricultor reti-ra os animais da pastagem de in-verno um tempo antes da semea-dura da cultura de verão para per-

mitir a rebrota desta pastagem como objetivo de produzir palha sufici-ente para a cobertura do solo. En-tão, ele faz a dessecação deste resi-dual de palha que ainda existe parainstalar a cultura de verão, que podeser milho, soja ou até mesmo feijão.

Os principais requisitospara o bom funcionamento

O sistema de integração lavou-ra-pecuária é extremamente vanta-joso sob vários aspectos. Represen-ta diversificação de atividades napropriedade, melhora o uso da mão-de-obra, ajuda a melhorar as carac-terísticas do solo ao longo do tem-po, reduz os problemas com pragase doenças, melhora a utilização deequipamentos na propriedade, issotudo refletindo em maior renda.Mas, para alcançar resultados prá-ticos, o sistema deve ser manejadoapropriadamente. Então, é precisoseguir alguns princípios básicos quenorteiam este sistema de integraçãolavoura-pecuária.

O primeiro deles é o plantiodireto bem planejado. Para o cul-tivo das pastagens e das culturasde interesse econômico, devemser usados os princípios do plan-tio direto com o menorrevolvimento possível do solo, pre-servando a sua estrutura e faunae reduzindo a oxidação (queima) de

Aspecto de uma pastagem bem manejada no inverno: consórcio de aveiapreta e ervilhaca (vica) comum

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carbono orgânico, que são fatoresindispensáveis para a fertilidade dosolo. E Milton da Veiga reitera queo fundamento principal do plantiodireto é a existência de palha, poisela protege o solo da chuva, mastambém serve para evitar o aqueci-mento excessivo do solo e evapora-ção da água. Segundo Milton, aquantidade mínima de palha reco-mendada é 2 a 3t/ha. Bem distri-buída na lavoura, a palha vai me-lhorar os aspectos físicos do solo e,principalmente, evitar acompactação e aumentar a capaci-dade de retenção de água, que sãoconseguidas com o plantio direto.

O segundo princípio é a rotaçãode culturas bem planejada. A rota-ção se refere tanto às culturas eco-nômicas quanto às pastagens. Se apastagem for consorciada, pode serusada continuamente, porque a di-versificação já está no consórcio. Noverão é indispensável que se faça arotação entre soja, milho, feijão ouqualquer outra cultura de interesseeconômico.

O terceiro requisito para o suces-so da integração lavoura-pecuária, ecertamente o mais importante, é omanejo correto da pastagem.Talvez este seja o principal ponto. E,

quando falamos no manejo corretoda pastagem, queremos dizer que apastagem seja cultivada como umacultura de interesse econômico. As-sim como o agricultor cuida do seumilho, da soja, do feijão, do fumo,também deve cuidar da sua pasta-gem. Estes cuidados são referentesao uso de semente de boa qualidade,quantidade correta de semente, épo-ca adequada do plantio, adubação dapastagem, e, principalmente, o ma-nejo correto da altura de pastejo.Cada espécie forrageira, seja aveiaou azevém, tem uma altura ideal depastejo para que consiga rebrotarcom vigor. Alguns agricultores, naânsia de aproveitar melhor a forra-gem para transformar em carne eleite, deixam a pastagem com umaaltura de 3 a 4cm e a planta fica semreservas para rebrote. A altura mí-nima ideal da pastagem que deve serdeixada é de 12cm e, para que istoseja alcançado na prática, o agricul-tor deve ter um planejamentoforrageiro, porque os animais nãopodem parar de comer. É precisodimensionar a quantidade de animaispor área de forma adequada e teruma reserva de pastagem, seja emforma de silagem ou feno.

Forrageiras perenesmais utilizadas

Balbinot relata que as espéciesmelhoradas de forrageiras perenesde verão (hemártria cultivarFlórida, estrela africana; missio-neira gigante, e uma espécie quetem aumentado muito seu uso, ocapim-elefante pioneiro, muitoapreciado pelos animais) têm umteor de proteína bruta ao redor de20%, sendo utilizadas principalmen-te para produção de leite em siste-ma de pastejo rotacionado.

Em outro estudo realizado naEstação Experimental da EpagriCampos Novos, citado por Milton daVeiga, as pastagens perenes de ve-rão que se destacaram em termosde produtividade foram o tifton, ahemártria e a missioneira gigante.Justamente estas três pastagens,em intensidades diferentes, são usa-das na região, e o incentivo da Epagriaos produtores é que eles, em par-te da área da propriedade, cultivemestas pastagens perenes em funçãoda produtividade que apresentam edo menor custo de condução apósimplantadas.

As vantagens potenciais

O sistema de integração lavou-ra-pecuária exige um conhecimen-to mais apurado, mas, apesar dis-so, pode trazer enormes vantagenspara as propriedades de todo tama-nho.

A primeira vantagem é a questãoda diversificação da produção e,conseqüentemente, de renda. Setivermos no Sul do Brasil a produ-ção apenas de grãos, estaremos con-centrando a renda do produtor en-tre os meses de fevereiro a abril,que é a época de colheita. Por ou-tro lado, uma produção de grãosintegrada à pecuária, seja de corteou de leite, é uma possibilidade derenda mais distribuída ao longo dotempo, além da redução de riscos.

Outra vantagem da integraçãolavoura-pecuária, associada à diver-sificação, é o melhor uso da mão-de-obra do agricultor e da sua fa-mília. A lavoura, associada à pecuá-ria de corte ou de leite, ocupa a mão-de-obra ao longo do ano inteiro.Uma resteva com boa palhada ajuda na produção seguinte

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Com a pecuária e a lavoura in-tegradas, ocorre melhor utilizaçãodo maquinário, seja para plantar opasto, fazer feno ou silagem. Con-seqüentemente, pode haver a gera-ção de mais renda.

Uma outra vantagem potencialdo sistema de integração lavoura-pecuária, se bem conduzido, é amelhoria das propriedades físi-cas, químicas e biológicas do solo.Podemos, com toda certeza, falarque a pastagem é formada por plan-tas que têm a capacidade deestruturar o solo, o que é comple-tado pelas culturas de interesse eco-nômico com adubação, desde quenão seja efetuado preparo do solo.Isso, ao longo dos anos, vai dandoao solo melhor qualidade, principal-mente em áreas que anteriormen-te eram manejadas no sistema con-vencional de preparo, com acen-tuada degradação. Para que issoaconteça, deve-se manejar bem apastagem. Quando colocamos pas-tagem dentro do sistema de produ-ção, estamos quebrando o ciclo bio-lógico de várias doenças e pragasque ocorrem nas culturas de inte-resse econômico. Isto ocorre porquemuitas das pastagens usadas nãosão hospedeiras destas doenças.Então, temos também uma vanta-gem fitossanitária. E isso tudo vairefletir, obviamente, na redução doscustos e aumento da renda das pro-

priedades. No Estado de SantaCatarina existe a predominância daspequenas propriedades, sendo 90%delas com tamanhos menores que50ha. Para estas propriedades so-breviverem, é necessário ter umaalta densidade de renda por área. Aintegração lavoura-pecuária junta aprodução de milho, soja, fumo e fei-jão com a pecuária de leite, o quemelhora o aproveitamento destasáreas e gera mais renda nestas pro-priedades.

Melhorias para o futuro

Milton da Veiga chama a aten-ção para que o uso da pastagem deinverno não prejudique a produçãode grãos no verão. Segundo ele, al-guns cuidados devem ser tomadospara isso, sendo um deles não terexcesso de gado na área. Deve-seter sempre uma sobra de pasto paraque o gado não raspe totalmenteeste pasto e, através do pisoteio,promova a compactação do solo.Além disso, o produtor precisa ti-rar o gado 30 a 40 dias antes da se-meadura da cultura de verão, parapermitir o rebrote da pastagem paracobertura do solo e a recuperaçãonatural desta compactação superfi-cial do solo.

Balbinot lembra que os nossosagricultores ainda não encaram a

pastagem como uma cultura, pen-samento que precisa ser mudado.No sistema de integração lavoura-pecuária com pastagem no invernoe lavoura no verão, podemos fazerum fracionamento da adubação, pri-vilegiando também a pastagem. Aoinvés de colocar sete a oito sacos deadubo na cultura de milho, o agri-cultor pode adubar a pastagem deinverno, cultivada antes do milho,com três ou quatro sacos de adubo.Com isso, a pastagem de inverno vaiproduzir alta quantidade de forra-gem e, conseqüentemente, maiscarne e leite. No milho que vem emsucessão, ao invés de sete a oitosacos de adubo, ele pode colocarquatro sacos de adubo. Assim, nãovai ter perda de adubo porque a pas-tagem bem conduzida vai proporcio-nar a ciclagem de nutrientes, peloretorno de 75% a 90% destes nutri-entes através dos dejetos dos ani-mais e da palha remanescente. “Énecessário que o agricultor faça afertilização da pastagem de inver-no porque o gado, no pastejo, estáretirando nutrientes da área”, re-força Milton da Veiga.

Athos de Almeida LopesFilho, o “decidido”

Athos Filho, assim como o pai, éengenheiro agrônomo e produtorrural em Campos Novos, SC. Numapropriedade de 46ha tem como prin-cipal atividade a bovinocultura deleite e a suinocultura como apoioao sistema de integração lavoura-pecuária. A produção chega a 400

Gado de corte sobre pastagem anual de verão (milheto), o que aumenta ocusto de produção e a compactação do solo

Athos cuida da cobertura do solo

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mil litros de leite/ano com 51 vacasdas raças Holandesa e Jersey emlactação. Na suinocultura, são 1.160animais em terminação, numa par-ceria com a Coopercampos. Osdejetos são usados para adubaçãodas pastagens.

Na área de lavoura, no inverno,faz o consórcio de aveia preta eazevém para pastagem e, no verão,semeia milho para silagem e pro-dução de grãos. “A silagem é impor-tante porque tem duas épocas doano em que falta alimento para osanimais, mesmo usando o sistemade integração: março a maio. Nes-tes meses diminui bastante o volu-me de pastagem. Em agosto e se-tembro também ocorre a falta depastagem”, afirma Athos.

São 24ha com pastagem perenede verão, como tifton e capim-ele-fante pioneiro. “Decidimos pelotifton porque é uma gramínea quetem um potencial produtivo maiorno período de verão, quando subme-tida à adubação. A nossa meta é ade produzir no verão cerca de 12 a13 mil litros de leite/ha/ano, e acha-mos que o tifton é uma boa alterna-tiva pra alcançar isso”, comple-menta o decidido produtor.

Sobre a área de tifton semeiam-se aveia e azevém, sendo tambémutilizada no período de inverno. “Osobressemeio na pastagem de verãoé uma forma inteligente de se me-lhorar o aproveitamento da área depastagem perene de verão. Pode ser

tifton, hemártria, missioneira gi-gante e estrela africana, espécies deverão que no inverno praticamentenão produzem. Para melhorar oaproveitamento destas áreas, asobressemeadura no inverno, sejacom azevém, ervilhaca, trevos oumesmo aveia, são alternativas im-portantes que podem ser realizadaspara ter produção de forrageirastambém no inverno”, observaBalbinot.

Ao todo, são 49 piquetes nesses24ha e, na área de lavoura de in-verno, mais 16 piquetes. Na lavou-ra de inverno, os animais ficam 1dia por piquete e 14 dias por mêsna área de tifton sobressemeadacom pastagem de inverno. Como sãoáreas de lavoura, preconiza-se nãofazer o revolvimento do solo. Assim,todas as operações de semeio sãofeitas através do plantio direto erotação de pastagens. Com este ro-dízio de piquetes, cada área fica des-cansando em torno de 30 a 32 dias,para recuperação do vigor das pas-tagens e restruturação de solo, evi-tando a compactação. Numa área de1,2ha, pastejam 90 animais por dia.“Por isso que eu reafirmo que hánecessidade de rotação de pasta-gem, do contrário seriam colocados90 animais numa área de 23ha du-rante 16 dias e isso provocaria umacompactação muito grande do solo”,finaliza Athos Filho.

Toda a estratégia deve evitar acompactação, segundo Milton da

Veiga, porque depois que o solo estácompactado é muito difícil eliminareste processo de compactação semlavrar o solo, o que não é desejávelno sistema de plantio direto.

“Quando o agricultor usa o plan-tio direto, ele pode até visitar a la-voura antes de ir pra missa quenem vai precisar trocar o sapato. Éclaro que isto vai ser possível, des-de que tenha palhada suficiente nalavoura”, brinca o pesquisador Mil-ton.

Amélio Gudas,o “econômico”

Amélio Gudas é agricultor da co-munidade de Sereia, município deCanoinhas. Tem 7 alqueires de ter-ra, usa 3 alqueires para produzirmilho. Trabalham na propriedade 3homens e 3 mulheres: Amélio, Mil-ton, Gilson, Júlia, Jucimara e Elisa,que também estuda. No inverno,seu Amélio planta aveia e azevém,com um pouco de ervilhaca. O ter-reno é dividido em 12 piquetes de1ha cada um, onde 40 vacas ficam 2horas por dia durante 5 dias, quan-do são trocadas de piquete. Logoapós a saída dos animais do pique-te, é feita uma adubação nitro-genada. Cada piquete descansa de10 a 12 dias. Nesta terra, onde ti-nha a pastagem de inverno, ésemeada a soja ou o milho, via plan-tio direto. Hoje, são 32 vacas da raçaJersey em lactação, a maioria comregistro, produzindo por ano emmédia 70 a 80 mil litros de leite. Aalimentação para os animais é abase de forrageiras, silagem e ra-ção feita na propriedade. O milhousado na ração, 800 sacos por ano,é produzido na propriedade. SeuAmélio produz também silagem demilho e aveia, sendo 70t de aveia e50t de milho. A silagem é usada nosmomentos de necessidade de maiscomida para os animais, e tambémno caso de seca. Ele usa também ocapim-elefante pioneiro há 2 anos,com bons resultados. Cultiva 2ha epretende aumentar a área mais 2 a3ha. Seu Amélio calcula uma pro-dução de 17L de leite/vaca/dia. Oagricultor diz que o sistema deintegração lavoura-pecuária é bom

Athos e Milton da Veiga avaliam o sistema

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porque tem serviço para o ano in-teiro, e daí tem lucro na lavoura eem casa, “equilibra”, diz ele. Pro-duz o leite e tem ainda lavouras demilho e soja, que rendem cerca demil sacas de soja e 3 mil sacas demilho, isto em 20 alqueires de ter-ras arrendadas. Para dar conta detudo, usa 3 tratores, 1 colheitadeirae os implementos, inclusive para oplantio direto. Com o leite a famí-lia do seu Amélio tem uma rendabruta mensal de R$ 5 mil. Se tives-se somente lavouras de verão, nãoseria possível o Milton e o Gilsontrabalharem junto com a família. “Aintegração lavoura-pecuária, alémde aumentar a renda por área, aju-da a segurar a família em casa”,conclui seu Amélio. E isso ajuda naeconomia.

Osny Coninck, o “vivido”

Seu Osny Coninck é pecuaristaem Campos Novos, SC, há 40 anos.Numa propriedade de 400 alqueires(cerca de 1.000ha), mais da metadeé ocupada com lavoura própria eparte arrendada a terceiros. O re-banho médio de 1.200 a 1.300 cabe-ças de gado inclui reprodutores dasraças Charolês, Red Angus e NeloreMocho. Cria ainda 50 a 60 cavalos e

300 ovelhas. Seu Osny acha que la-voura e boi “dá muito certo, é umconsórcio muito válido”. Planta250ha de soja e milho e, no inver-no, usa esta área para plantarazevém e aveia. No verão os ani-mais ficam na pastagem comgramíneas, melhorada com trevo.

Segundo a experiência do seuOsni, a introdução da leguminosanas pastagens com gramíneas pro-porciona ganho de peso de 1,2kg/dia, tendo casos de bezerros quealcançam ganho de até 1,8kg/dia.

“No campo melhorado é jogadoo calcário de tempos em tempos esemeadas uma gramínea e umaleguminosa no meio, o que ajuda aproduzir cinco vezes mais do queproduz o campo nativo em ganho depeso nos animais”, reforça Coninck.Planta grama argentina, tifton 85 eestrela africana, esta última em ter-renos de morro.

“Largamos o gado na pastagemde inverno quando o azevém e aaveia alcançam a altura de 25 a 30cm.Mas enquanto esta altura não che-ga, suplementamos o gado nopotreiro com silagem e feno (trevo eazevém). Se você colocar o gado sema pastagem estar pronta, fica sem boie sem pasto”, chama a atenção. Napastagem de inverno, seu Osny não

usa adubação, somente na pastagemperene, na base de 300kg de adubofórmula (NPK) por hectare. Fazsilagem de 15 a 20ha de milho parater a entrada do inverno garantida.Um dia dá feno e outro dá silagem.Usa sal proteinado no cocho, a basede 50g/animal, “para ajudar nadigestibilidade” diz ele. Com a pas-tagem de inverno, em 120 dias eletem conseguido de 150 a 160kg deganho de peso por animal. Oterneiro crioulo da fazenda é termi-nado com 18 a 20 meses de idade e480 a 500kg de peso vivo. Osterneiros cruzados, com 12 meses,alcançaram 410kg/animal, isso comsuplementação alimentar.

O que precisa ser melhorado?Ele considera que é preciso de umincentivo para o produtor que pro-duzir animais precoces, através daredução do ICMS, por exemplo.Mas, apesar de tudo, ele está satis-feito porque está conseguindo criaros filhos, inclusive dar estudo, gra-ças ao empenho de todos, unindo atécnica com a vivência.

Diante do comentado e observa-do nas propriedades visitadas, po-demos concluir que o sistema deintegração lavoura-pecuária podeproporcionar vantagens econômicase ambientais, melhorando a quali-dade de vida dos agricultores e con-tribuindo para a produção de ali-mentos saudáveis.

Vacas do seu Amélio no capim-elefante pioneiro

Osny Coninck, o “vivido”

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28 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari1

Fotos de Nilson Otávio Teixeira

Produtor de orgânicos apostana diversificação com foco nasaúde do consumidor

1Eng. agr., M.Sc., Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-5533, e-mail: [email protected].

A proteção ambiental aliada a um bomgerenciamento e uso de técnicas inovadoras e

sustentáveis é destaque em propriedade rural dePalhoça, SC. Dedicado à produção orgânica, com o

foco na saúde das pessoas, o estabelecimento, além de

dispor de uma unidade industrial de beneficiamentode produto, conta com um laboratório químico que

permite controlar a qualidade do alimento.

P ioneirismo e audácia são alguns dos adjetivos que podem caracterizar a produ-

ção orgânica da Família Vieira, cujapropriedade está localizada no mu-nicípio de Palhoça, SC, na EstradaGeral da comunidade de Sertão doCampo, a cerca de 45km deFlorianópolis.

Com o nome comercial de Vege-tal Brasil Ind. Com. de Nutricêuticose Nutracêuticos, a empresa familiardestaca-se pela produção de palmi-to orgânico em conserva, cuja ma-téria-prima provém da plantação depalmeira-real-da-austrália da pró-pria propriedade, na base de 30 milvidros por mês e 200 mil unidades

mensais de outras conservas, comomini-milho, beterraba, cenoura epepino. Além de distribuir suas con-servas para todo o Brasil, atravésda marca Fazenda & Casa (com sedeem Gaspar, SC), a empresa exportao palmito orgânico atualmente paraColômbia, Turquia e Estados Uni-dos. E para 2008 pretende entrar na

Produtor de orgânicos apostana diversificação com foco nasaúde do consumidor

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29Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

área das ervas medicinais e óleosessenciais. A empresa também em-bala arroz orgânico parboilizado eintegral, produzido no Rio Grandedo Sul e Santa Catarina.

Mas o que chama atenção nesteempreendimento, afora a diversifi-cação da produção, é a preocupaçãocom a questão ambiental e a saúdehumana, mostrando que é perfeita-mente possível atingir bons índicesde produtividade e qualidade semutilizar produtos químicos que con-taminam a água, o solo e o próprioalimento. Aliado a isso, a proprie-dade dos Vieira faz uso de práticasde reciclagem de materiais e utili-zação de recursos naturais próprios,reduzindo custos e, acima de tudo,preservando o meio ambiente e asaúde de seres humanos e animais.

Biofertilizante ajuda naprodução

A Vegetal Brasil é comandadapelo senhor João Ludovino Vieira eseus dois filhos, o Ademir JoãoVieira (Tito), que é químico indus-trial e que faz o serviço de laborató-rio e a parte burocrática da fazendae o Luiz João Vieira, que ajuda acoordenar o serviço de campo e den-tro da indústria junto ao seu pai eoutros empregados. Conforme rela-ta o senhor João, a propriedade ini-ciou a produção de alimentos den-tro de princípios orgânicos em 1999,

parcial e empiri-camente. Mas só re-centemente, após al-gumas experiênciasbem sucedidas, a em-presa de fato encon-trou o caminho certoe tomou seu rumo,investindo concreta-mente na produçãoorgânica. A proprieda-de possui 370ha, sen-do 130ha arrendadospara arroz irrigado,40ha de piscicultura eos 200ha restantes es-tão sendo utilizadoscom pastagens, plantio de palmeira-real-da-austrália e hortaliças, adu-bos verdes e ervas medicinais. Emtorno de 80ha de pastagens compor-tam 250 ovelhas e 100 cabeças degado. Princípios ecológicos sãoempregados em todas as etapas dacriação animal e vegetal. Por exem-plo, no tratamento de verminose dosanimais, o senhor João utiliza alhoe sal no cocho de alimentação. Plan-tas nativas servem para repelir in-setos nas hortas. Uma das principaispráticas adotadas pelos Vieira é aadubação verde, principalmente naárea de produção das hortaliças. Oengenheiro agrônomo e extensio-nista da Epagri no município, JoséErnani Müller, que presta assistên-cia técnica à Vegetal Brasil, relataque a ervilhaca e a aveia preta sãoos adubos verdes utilizados atual-mente e que, além de forneceremuma massa verde e matéria orgâ-nica para proteção do solo naentressafra, também são fonte im-portante de fertilização.

Falando em adubação, o desta-que nesta propriedade de produçãoorgânica é a nova fertilização im-plantada: o uso de biofertilizante.Aproveitando o esterco das ovelhas,um insumo bastante disponível, osenhor João Vieira, assistido peloagrônomo Müller, criou um siste-ma de canais na propriedade queleva este esterco diluído em água(biofertilizante) até a área de plan-tação das palmeiras onde é distri-buído através de bombas por asper-são. O sistema funciona da seguin-te maneira: do aprisco, onde asovelhas se recolhem uma vez pordia, o esterco destes animais é re-colhido para dois tanques maiorese um menor, nos quais é misturado

à água, passando pelo processo defermentação e outros. Após estesprocessos, por gravidade e porbombeamento, direciona-se aos ca-nais. A este líquido orgânico sãomisturados restos de capim dispo-níveis na propriedade, entre osquais a brachiária do brejo, tidacomo erva daninha, mas agora ten-do uma grande utilidade, qual seja:a de formar o biofertilizante. Obiofertilizante nada mais é que amistura do esterco animal, água ecapim, que, em processo de fermen-tação aeróbico, transforma-se emrico adubo orgânico, contendo nitro-gênio, fósforo, potássio, macronu-trientes e também micronutrientes.Trata-se, portanto, de um fertilizan-te mais completo que os adubosquímicos convencionais. Enquantoeste processo não estiver totalmen-te implantado, a propriedade faz usoda compostagem, fertilizante orgâ-nico de ótima qualidade, que reúnerestos das palmeiras, capins, ester-co de ovelhas e gado, algum ester-co de aviário, cinza vegetal, barro esolo de turfa, insumo este encon-trado com certa abundância na re-gião. Este composto é feito em gran-des pilhas no galpão das máquinase implementos agrícolas. Ele temajudado até o momento, mas o seupreparo e obtenção é custoso, de-manda muito trabalho, ao passo queneste novo sistema de fertilização(biofertilização) o processo será maisautomatizado. Além de prático ecom menos custos, a biofertilizaçãopode ser obtida num tempo bemmenor do que o composto.

José Müller e Luiz Vieiramostram lavoura de mini-milhona Vegetal Brasil

Tanques recebem o esterco dasovelhas para posterior distribuiçãocomo biofertilizante nos palmitais

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Palmito é destaque

A grande área vegetal da proprie-dade é de palmito, a maioria de pal-meira-real exótica, de origem aus-traliana, mas que em SantaCatarina, na região ao longo de todoo litoral (em torno de 500km de cos-ta) está sendo explorada para subs-tituir o palmito jussara, o nativo.Além de ser mais precoce (produzem 4 anos), a palmeira-real possuium palmito cujo sabor, textura ecor se assemelham ao nativo, evi-

tando o desmatamentoda planta brasileira,muito procurada, e queainda propicia a explo-ração ilegal das matas.O senhor João Vieira in-forma que a área atualdo palmital é de 50ha,mas que pretende am-pliar nos próximos anospara 100ha, pois a de-manda pelo produto émuito grande, tanto nomercado interno, comoexterno. No meio do

palmital australiano, o senhor Joãotambém introduz o nativo, pois comsua experiência de vários anos naregião já conseguiu adaptar algunsexemplares de palmito nativo àsáreas abertas. Ele faz um tipo demelhoramento genético ou adapta-ção, coletando sementes de árvorespromissoras e depois replantando.Também faz visitas a outros produ-tores e busca conhecer técnicas deplantio mais adequadas, além deprocurar conhecer as novidades dapesquisa, como é o caso dos estu-dos e experimentos com palmeira-real-da-austrália da Epagri/EstaçãoExperimental de Itajaí, que é refe-rência no assunto.

Em relação ao manejo dopalmital, José Müller esclarece queo plantio iniciou há 5 anos na áreaatual, que é uma terra plana, deareias quartzosas, onde existia an-teriormente criação de gadobubalino. Existe água à vontade,oriunda de rio e fontes de água demorro. A adubação é feita com es-terco ou compostagem colocada aopé da planta e entre as filas pelomenos duas vezes ao ano. Agora,com a introdução do biofertilizante,as palmeiras recebem, além do pró-prio adubo, também uma irrigaçãoindireta, já que o biofertilizante élíquido. Quanto ao manejo em si,não tem muitos mistérios, só umcuidado inicial com a muda em re-lação às formigas, controladas comajuda de preparados vegetais e is-cas naturais. Ao longo do crescimen-to, não há necessidade de podas ouaplicação de produtos para contro-lar insetos ou doenças, pois a pal-meira é rústica e, por enquanto,não se conhece praga que prejudi-que a planta. O espaçamento ado-

tado de momento, em geral, é de1,5m entre filas por 1m entre plan-tas, o que dá uma densidade porhectare de 6.600 plantas.

Em relação às hortaliças, um dosdestaques é o mini-milho, ou seja,quando a espiga ainda é pequena,não foi ainda fecundada e os grãos,ainda leitosos, mal e mal formamas fileiras. O produtor colhe apequenina espiga ainda bem tenra.Após a retirada da palhada, ele pas-sa pelo processo de lavagem e con-serva (explicado mais adiante) e daídireto para o vidro e consumo final.É possível colher na mesma área,durante 1 ano, quatro safrinhas demini-milho. A área das hortaliças,além de utilizar a adubação verdede ervilhaca e aveia preta, é mane-jada em rotação e pousio, recebe aadubação de composto duas vezesno ciclo, na base de 2kg/m2. As plan-tas espontâneas ou ervas daninhassão controladas manualmente comenxada ou roçadeira. Praticamentenão são feitas muitas aplicações decaldas para combater pragas e do-enças, pois a produção que adota omanejo orgânico está em equilíbriocom o solo. No verão, o rendimen-to diminui um pouco devido ao ca-lor intenso e a irrigação é feita duasvezes por dia, uma pela manhã eoutra à tarde. O pepino é produzidoem cultivo protegido.

Canal com biofertilizante epalmital ao fundo

João Vieira, da Vegetal Brasil:ervas medicinais para diversificara produção

Pepino orgânico sob cultivoprotegido tem bom rendimento

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31Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Laboratório garantequalidade e saúde

A última novidade na proprieda-de dos Vieira é a produção de ervasmedicinais e óleos essenciais,extraídos a partir do manjericão eda melaleuca. O conhecido manje-ricão, também chamado de alfava-ca, além de matéria-prima para pro-dução de óleo, é uma erva condimen-tar indispensável à boa cozinha. Hávárias espécies de manjericão: o defolhas largas, folhas miúdas e o defolhas roxas. O manjericão tem altovalor energético: contém cálcio, vi-tamina A e B2. Pode-se abusar domanjericão no seu uso como os ita-lianos fazem, usando-o em pizzas,pães, saladas e molhos. O produtopossui variadas propriedades medi-cinais: favorece a digestão, evita ga-zes, azia, dores de cabeça em con-seqüência de alimentação pesada ouinadequada. Facilita o funciona-mento dos intestinos, é diurético,bom para tosses, vômitos, mau há-lito. Ajuda, junto com a malva e asálvia, nas infecções de boca, e éótimo para cistite. Quanto ao ma-nejo, é exigente em água e tratosculturais, necessitando fertilizaçõesfreqüentes quando se deseja cortessucessivos da planta. Já amelaleuca, pequeno arbusto queparece um cipreste, apresentaexcelentes propriedades anti-sépti-cas, bactericidas, antiinflamatóriase intensa ação fungicida. “É uma daservas medicinais do momento”, con-ta o senhor João Vieira, confirman-do que pretende investir forte nasplantas bioativas. E complementa,“fizemos e estamos fazendo investi-mentos nesta propriedade, mas pre-tendemos recuperar o capital em-pregado, com a satisfação de quenosso produto será bem visto peloconsumidor, pois não contém pro-duto químico em seu interior”.

O conhecimento da química é uminstrumento poderoso para que os ali-mentos orgânicos atinjam bons índi-ces de produtividade e qualidade.

“Na Vegetal Brasil não vemos aprodução orgânica somente comoalimento e renda, pois nossa metaé ajudar também a recuperação domeio ambiente e a saúde das pesso-as”, declara Ademir João Vieira.

Como químico industrial,Ademir dispõe na agroindústria deum moderno laboratório no qual faz

o controle do pH (3,8 a 4,5), o con-trole microbiológico e de peso (líqui-do, drenado e a vácuo) e obtém to-dos os outros parâmetros para umaboa conserva, conforme as normase especificações técnicas da Anvisa.

Ademir explica o processo de fa-bricação das conservas, mostrandoinicialmente a captação da águafresca e natural que vem da regiãoalta da propriedade, sendo armaze-nada primeiro em uma cisterna, pas-sando depois por equipamentos queexecutam duplafiltragem e clarifica-ção. Na unidade debeneficiamento epreparo das conser-vas, as hortaliçaspassam primeiropela limpeza bruta,onde funcionáriosretiram as palhas,sujeiras, cascas,etc., e um primeiroenxágüe com a águajá purificada. Entãoé feita nova limpe-za com água pararetirar possíveisrestos e sujeiras fi-nas, quando o pro-duto vai para oenvase, onde é fei-ta a complemen-tação com salmourae condimentos. Osvidros são fechadose parte-se para acocção ou pasteuri-zação para o contro-le de patógenos eresfriamento, numprocedimento feitoa vácuo, para pro-

Higiene e controle de qualidade noenvase dos palmitos

Laboratório químico permite avaliar parâmetroscomo pH, microbiologia, peso e outros

Daí as conservas vão para um de-pósito onde ficam em quarentena,ou seja, permanecem em observa-ção para ver se os vidros estão per-feitamente vedados e não ocorreua contaminação do produto. Nesteperíodo também são feitas amostrasde análises laboratoriais para con-firmar a qualidade das conservas or-gânicas da Vegetal Brasil. Confirma-da a qualidade do alimento, a con-serva vai para a rotulagem final,com rastreabilidade, certificação or-gânica e expedição. Outro detalheque atesta a qualidade do processoé que a Vegetal Brasil já está pro-duzindo os seus próprios condimen-tos orgânicos. “Com isso evitamoster que comprar fora um produtoainda difícil de ser encontrado e compreços elevados”, comenta Ademir.

Esta unidade de benefi-ciamento e laboratório, pela qua-lidade do projeto, materiais e pro-cedimentos adotados, chamou aatenção da Vigilância SanitáriaEstadual, tanto que atualmente oórgão faz treinamento de seusfiscais sanitários neste local.

piciar uma boavedação do vidro.

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Reportagem de Eonir Teresinha Malgaresi1

Fotos de Nilson Otávio Teixeira

1Jornalista, Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-5649, fax (48) 3239-5647, e-mail: [email protected].

Quando a primavera começaa dar sinais de despedida eo verão se anuncia, com dias

quentes e ensolarados, as lavourasde trigo no Meio Oeste Catarinensetransformam-se em lindos camposdourados. Os cachos amareladosque balançam ao sopro do ventorevelam que é hora da colheita. Aregião concentra o maior volume deprodução no Estado, com uma sa-fra anual que ultrapassa 150 miltoneladas. Atualmente, a atividadeestá nas mãos de grandes produto-res, uma realidade bem diferente dequando o trigo começou a ser culti-vado, por volta da década de 50. Oclima, de baixas temperaturas, fa-vorecia a produção do cereal, e as

plantações passaram a fazer parteda maioria das pequenas proprieda-des rurais de imigrantes italianos ealemães que colonizaram a região.

Além de produzir a farinha paraconsumo próprio em pequenos en-genhos que faziam parte do cenáriorural naquela época, as famílias deagricultores tinham o hábito deaproveitar a palha do trigo para aconfeccção de chapéus, usados nodia-a-dia no campo, e também“sportas” – palavra de origem italia-na que significa sacolas. As “sportas”eram usadas nas idas até a cidadepara compras, e serviam para trans-portar o lanche para trabalhadoresnas plantações. A agricultoraIolanda Tortelli, da comunidade

Boa Esperança, município de ÁguaDoce, explica que o artesanato eraum trabalho feito principalmente emdias de chuva. “A gente não podia irpara a roça, então ficávamos em casa,trançando a palha. As mães ensina-vam aos filhos e, entre conversas ebrincadeiras, íamos fazendo os cha-péus e as cestas”, lembra aagricultora. A partir do final dosanos 60, a cultura do trigo foi pra-ticamente desativada na regiãodevido à baixa produtividade daslavouras, altos custos de produçãoe, principalmente, pela proibição damoagem do cereal em pequenosengenhos. O artesanato feito coma palha sobreviveu em poucas co-munidades de agricultores.

Tranças da Terra: arte quenasce da palha de trigoTranças da Terra: arte quenasce da palha de trigo

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Resgate de uma tradição

Hoje, a produção de peçasartesanais a partir da palha de trigovem ganhando força em vários mu-nicípios da região. O resgate da tra-dição surgiu com o Projeto Trançasda Terra, criado em 2005 pelo Ser-viço de Apoio às Pequenas e MicroEmpresas – Sebrae/SC –, em parce-ria com a Universidade do Oeste deSanta Catarina – Unoesc –, Prefei-turas de Joaçaba, Catanduvas, Ouro,Luzerna, Água Doce e Capinzal,Secretaria de Desenvolvimento Re-gional de Joaçaba, Epagri, Specht,RBS/TV Centro Oeste, Contábil Far-do e Casa Omega. De acordo com agestora local do projeto pelo Sebrae,Sueli Bernardi, a idéia nasceu de umtrabalho de iniciação científica naUnoesc e, a partir do envolvimentodo Sebrae e as demais instituições,o projeto passou a ser estruturado,utilizando-se para isso a metodologiade Gestão Estratégica Orientadapara Resultados – Geor –, do Sebrae.“Realizamos um planejamento mi-nucioso, com detalhamento de cadaetapa e as ações estão acontecendodentro do tempo previsto”, afirmaSueli. Segundo ela, o artesanato fei-to de palha de trigo é uma marcaregional e o que se busca é o forta-lecimento da identidade, além daocupação de mão-de-obra e geraçãode renda para as comunidades rurais. O Projeto Tranças da Terra reú-ne 54 artesãos e 16 produtores detrigo, envolvendo mais de cem fa-mílias. Para apoiar e fortalecer a ati-vidade, o Sebrae desenvolve açõesde gestão, empreendedorismo eassociativismo entre participantes.

A técnica artesanal de produção daspeças foi repassada pelas pessoasmais antigas aos novos artesãos dosmunicípios que participam do pro-jeto. Inicialmente, o foco foi acapacitação dos produtores eartesãos para a garantia de um pro-duto final de qualidade e agora asações concentram-se em estratégi-as de mercado que ampliem as pos-sibilidades de vendas.

Além dos populares chapéus edas tradicionais sacolas, hoje osartesãos envolvidos fazem muitasoutras peças a partir da palha detrigo. Para profissionalizar a ativi-dade, o Sebrae contratou consulto-res de design que criaram novosprodutos, divididos em quatro cole-ções: Cores da Terra, Flores da Ter-ra, Curvas da Terra e Tranças daTerra Interiores. São mais de 30peças decorativas e utilitárias, in-cluindo jogos americanos, porta-ve-las, caminhos de mesa, bolsas, ces-tas para pães, luminárias, entreoutras. Quem visita a Loja Trançasda Terra, instalada no Shopping XVde Novembro, no centro deJoaçaba, se surpreende com a diver-sidade e qualidade dos produtos,todos feitos pelos grupos deartesãos. Joceana dos Santos, arte-sã e secretária-executiva do proje-to, diz que a palha de trigo é umexcelente material para ser traba-lhado, possui flexibilidade e resis-tência. E o mais importante: é ma-téria-prima típica da região e porisso pode ser facilmente encontra-da. “A palha de trigo possui um bri-lho natural que realça a beleza daspeças, agradando muito aos clien-tes”, destaca.

Para a venda das peçasartesanais, a Associação Tranças daTerra, que reúne seis núcleos pro-dutivos, firmou parcerias com vá-rias lojas de Santa Catarina e doParaná. Atualmente, além de trêslojas em Joaçaba, empresas locali-zadas em Curitiba, Florianópolis,Piratuba e Treze Tílias comer-cializam os produtos. Novos merca-dos estão sendo negociados paraampliar ainda mais as vendas e for-talecer a atividade.

Cultivo como nos velhostempos

Agricultores que cresceram tra-balhando na roça, que plantaram ecolheram trigo junto com seus pais,agora voltam a produzir o cereal nosmesmos moldes dos tempos passa-dos. É que para aproveitar a palhaa produção não pode ser mecaniza-da. A colheita tem que ser na forçado braço, feita com uma pequenafoice. E foi numa tarde ensolaradaque o agricultor Luiz Peliciolli e ocasal Nelvo e Iolanda Tortelli, domunicípio de Água Doce, colheramuma área especialmente cultivadapara a produção da palha. Os mon-tes de trigo são empilhados na la-voura e depois transportados paraum local coberto, onde mais tardeé realizado o trabalho de separaçãodo grão e da palha. Enquanto colhe,seu Luiz explica que aquele trigo édiferente do que é cultivado paraprodução de farinha. “Este trigo édestinado somente para artesana-to, a palha é mais comprida e maismacia, o que facilita a produção doartesanato.”

Do plantio à colheita: um trabalho manual que garante a qualidade da palha de trigo

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34 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 200834 Agropec. Catarin., v.21 n.1, MAR. 2008

O agricultor está satisfeito porfazer parte de um projeto que vaimanter viva uma herança culturalda região. Ele diz que desde criançaajudava seus pais na plantação detrigo e que voltar a produzir o cerealsignifica reviver momentos felizesde sua infância e que lhe trazemboas lembranças, como o chapéuque está usando. “Este chapéu tem7 anos, foi minha mãe que fez e hojeé uma recordação que tenho dela”,diz, já terminando a colheita. SeuNelvo, que também é integrante doProjeto Tranças da Terra, reúne osfeixes de trigo para transportá-losaté o paiol, onde a esposa, donaIolanda, fará a limpeza da palha,matéria-prima que se transforma-rá em belas peças nas mãos dashabilidosas artesãs.

Trançando uma vidamelhor

“Aqui, a gente nem sente o tem-po passar, enquanto trabalhamos,falamos de nossas vidas, trocamosidéias e parece que os problemastornam-se mais leves.” Para ZéliaSpagnol, a vida mudou muito depoisque ela começou a fazer parte dogrupo de artesãs do Distrito de San-ta Lucia, município de Ouro. Ela dizque antes tinha problemas de saú-de, sofria com a depressão, mas de-pois que começou a trabalhar comoutras mulheres da comunidade, osdias tornaram-se bem melhores.

“Pra mim, fazer artesanato é umaterapia e não troco nada pelo prazerde estar aqui com minhas colegas.”

Reunidas em uma pequena sala,no centro da comunidade, já há 2anos o grupo trabalha na produçãodo artesanato com palha de trigo.Algumas se dedicam à confecção dastranças, outras montam as peças etem aquelas que gostam mais decosturar, trança por trança, até darforma ao produto desejado. Nos diasde oficina, elas contam com a ori-entação e supervisão das consulto-ras de design, do Sebrae. “Evoluí-mos muito na técnica de produçãoe hoje nosso arte-sanato é de quali-dade”, afirma aartesã Nadir Mar-garida Nardi, pre-sidente da Associ-ação Tranças daTerra. Para ela, éum orgulho parti-cipar do projeto,já que está con-tribuindo no res-gate de uma artequase em extinçãoe também porqueestá divulgando onome de seu mu-nicípio e de suaregião em gran-des eventos nacio-nais. “Hoje so-mos valorizadase nosso trabalho

é reconhecido, basta ver o númerode troféus que estão expostos emnossa loja, no centro de Joaçaba.”

Os resultados de tanta dedicaçãoe empenho estão sendo colhidos.Depois de ganhar o Prêmio Housee Gift, considerado o “Oscar” dodesign brasileiro, com o “Cesto Flo-res”, o Projeto Tranças da Terraconquistou também o PrêmioSebrae TOP 100 de Artesanato.Além disso, a Associação Tranças daTerra ficou em segundo lugar noPrêmio Finep de InovaçãoTecnológica, na categoria InovaçãoSocial. Motivos para comemorarnão faltam e 2008 deverá ser umano de mais conquistas, já que oprojeto foi indicado para outroseventos que valorizam e reconhe-cem a qualidade do artesanato bra-sileiro. O próximo passo agora é aexportação. “O artesanato que pro-duzimos é totalmente natural, nãousamos produtos químicos em ne-nhuma etapa. Por isso, acredito quefará sucesso também lá fora”, reve-la Nadir. Se depender das caracte-rísticas do projeto que leva em con-ta a sustentabilidade social, econô-mica, ambiental e os princípios docomércio justo, Nadir não está er-rada. Tudo indica que os produtos quelevam a marca Tranças da Terra aindavão decorar muitos ambientes e fazerparte da vida de muita gente que valo-riza o produto artesanal. Aqui e alémdas fronteiras.

As artesãs Maria de Lurdes (esquerda), Nadir(centro) e Zélia (direita) trançam a palha e produzemartesanato de qualidade

O casal Nelvo e Iolanda Tortelli faz a limpeza da palha de trigo

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35Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008Agropec. Catarin., v.21, n.1 mar. 2008 35

1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, fone: (47) 3341-5244, fax: (47) 3341-5255,e-mail: [email protected].

O ra-pro-nóbis (Peireskia aculeata Mill. - Cactaceae), também conhecido como

carne-de-pobre, espinho-preto,surucucu, cipó-santo, lobolobô, es-pinho-de-santo-antônio, groselha-da-américa, jumbeba, cereja-de-barbados, lobodó e rosa-madeira, éuma planta originária da Américatropical com propriedadesnutracêuticas já consagradas emmuitos países, principalmente devi-do à sua riqueza em proteínas (25%)e arabinogalactanos. É um valormuito alto, mesmo se comparadocom vegetais mais famosos, como oespinafre, que tem um teor de 2,2%

de proteínas. Ora-pro-nóbis é umnome latino cuja versão em portu-guês é “roga por nós”. Dizem queseu nome foi criado por pessoas quecolhiam a planta no quintal de umpadre, enquanto ele rezava o seu“rogai por nós”. Na língua guarania planta é conhecida como “Mori”.

Embora seja explorado pratica-mente em nível doméstico, o culti-vo sistemático e o processamentoindustrial do ora-pro-nóbis poderiamrepresentar uma revolução nos re-cursos alimentícios da humanidade,podendo integrar planos de gover-no na recuperação de áreas degra-dadas e no combate à fome.

Botânica

É uma planta arbustiva, perene,escandente, com ramos longos (3 a10m, mas podendo chegar até 20m),suculentos quando novos e dotadosde espinhos e acúleos. As folhas sãolanceoladas, quase sésseis, glabras,planas, carnosas e normalmenteverde-escuras, podendo apresentartons de amarelo e vermelho.

Suas inflorescências numerosas,com flores hermafroditas, melisso-tróficas, muito aromáticas, de corbrancacenta ou creme-amarelada,com 4,5 a 6cm de diâmetro e dis-postas em pequenas panículas

Antônio Amaury Silva Júnior1

Ora-pro-nóbis – nutracêutico protetore construtorOra-pro-nóbis – nutracêutico protetore construtor

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terminais, mais ou menosracemosas. As flores abrem-se pelamanhã e fecham-se à tarde, duran-do apenas um dia. O florescimentoestende-se de janeiro a abril.

O fruto é uma baga pequena (1 a2cm de diâmetro e pesando 1,8 a 2g),amarela, com formato redondo, ovalou piriforme, revestida com cercade 15 tufos de espinhos, que medematé 1cm de comprimento. Opericarpo do fruto é fosco, macio,com menos de 0,1cm de espessura,enquanto que o mesocarpo é suma-rento, mucilaginoso, translúcido,um pouco ácido, pouco adocicado,com 0,4 a 0,5cm de espessura, cominclusões triangulares amareladascorrespondentes à base interna dostufos de espinhos. O endocarpo, deformato globular e consistênciamais sucosa que o endocarpo, medecerca de 0,8mm de diâmetro. O fru-to contém duas sementes negraslenticular-renifomes, com o centroescuro, medindo 4mm de compri-mento por 3mm de largura. Os fru-tos são formados entre os meses dejunho e julho.

Variedades botânicas

• Pereskia aculeata var.rubescens (Houghton) Krainz.

• Pereskia aculeata Mill. var.godseffiana (Hort.) Backeberg &F.M.Knuth ex Krainz.: apresentafolhas amarelo-cobre.

• Pereskia aculeata Mill. var.rotundifolia Pfeiff.

• Pereskia aculeata Mill. f.rubescens (Pfeiff.) Krainz: apresen-ta folhas verdes variegadas comvermelho.

• Pereskia aculeata Mill. var.lanceolata Pfeiff.

• Pereskia aculeata var. latifoliaSalm-Dyck.

• Pereskia aculeata var.longispina (Haw.) DC.

Habitat e condiçõesedafoclimáticas

Espécie originária da Américatropical, Caribe e Norte da Amé-rica Latina. No Brasil é encontra-da desde a Bahia até o Rio Gran-de do Sul; é encontrada principal-mente em áreas de restingas e atémesmo junto aos costões pedre-gosos marítimos; prefere solos le-ves, areno-siltosos e ricos emmatéria orgânica; não se adaptaa solos muito úmidos e ácidos;ocorre também em regiões de cli-ma subtropical, desenvolvendo-sebem até no Rio Grande do Sul; éheliófita e suporta períodos de lon-ga estiagem; tolera meia sombrae temperaturas de até -3oC; supor-ta secas prolongadas, chuvas con-tínuas e geadas brandas. Tempe-ratura mínima para cultivo: 10oC.

Quando cultivada sob luz ple-na, a planta torna-se ereta e com-pacta, com folhas espessadas.Com a redução da luz, as folhastornam-se finas, maiores e commenor densidade numérica porramo. Nesta condição, os ramostornam-se longos (estiolados) epouco compactos.

Aspecto geral da variedade Pereskia aculeata var. godseffiana (folhasamareladas)

Flor mucilaginosa de ora-pro-nóbis

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Agrotecnologia

• Ambiente de cultivo: devido àvegetação muito luxuriante e cer-rada e aos numerosos espinhos, éaconselhável instalar o cultivo aolongo de cercas, embora possam serconstruídas espaldeiras commoirões e arames de condução.Neste caso, conduzir as espaldeirascom três fios de arame galvaniza-do, dispostos horizontalmente eeqüidistantes 40cm.

• Espaçamento: 1,5m entre filase 2m entre plantas.

• Propagação: estacas de ramose sementes. Evitar fazer estacas deponteiras muito herbáceas, poisdesidratam rápido e morrem. Esta-cas medindo de 15 a 20cm de com-primento podem ser enraizadas emareia, casca de arroz ouvermiculita. Estacas postas a enrai-zar em casca de arroz tostada, sobtelado com 70% de sombra e sobirrigação diária por nebulização,três vezes ao dia e em turnos de 3minutos, enraízam em cerca de 30a 34 dias, ao final do inverno, e oíndice de enraizamento das estacasé de 50%, em Itajaí, SC.Opcionalmente, podem ainda serutilizadas como substrato para oenraizamento a areia e avermiculita. Depois de enraizadas,as estacas são repicadas para reci-

pientes ou saquinhos plásticos con-tendo substrato organo-mineral. Assementes devem ser postas a ger-minar em substrato organo-mine-ral. A emergência das sementes ocor-re em cerca de 10 dias, em tempera-tura de 25oC, em bandejas de isoporcontendo substrato organo-mineral,com três turnos de irrigação diáriade 3 minutos, por nebulização, emtúnel plástico e telado com 70% desombra. Um grama de sementes con-tém 54 sementes, em média.

• Plantio: primavera e verão. Otransplante para o campo é feitoquando a muda apresenta uma al-tura de 15 a 20cm. O plantio podeser feito em covas ou em sulcos. Emsolos muito úmidos é aconselhávelo plantio em camalhões.

• Adubação: 2kg/planta de com-posto orgânico ou 1kg/planta decama de aviário + 100g/planta defosfato natural.

• Pragas: são raras as ocorrên-cias de pragas. Eventualmente al-gum coleóptero pode se alimentardas pétalas da flor.

• Colheita: inicia a partir do se-gundo ano após o plantio. Colhem-se as folhas a cada 3 meses, permi-tindo a recuperação da planta e ob-tenção de folhas mais tenras e su-culentas. Pequenas colheitas de fo-lhas podem ser feitas durante todosos meses do ano. Os frutos são co-lhidos quando adquirirem a colora-ção amarela brilhante, principal-mente no final do inverno. Utilizarluvas emborrachadas ou de siliconeao se proceder à colheita, para evi-tar ferimentos.

Fitoquímica

As folhas contêm biopolímerosdo tipo arabinogalactanos e proteí-nas (17% a 25%, base seca, das quais85% são assimiláveis). Algumas va-riedades selecionadas podem ter até

Frutos de ora-pro-nóbis com espinhos

Aspecto das folhas de Pereskia aculeata var. latifolia (à esquerda) e var.godseffiana (à direita)

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Propriedadesterapêuticas

As folhas são emolientes,dermoprotetoras e antianêmicas eos frutos são expectorantes e anti-sifilíticos. As folhas abrandam infla-mações, tumores, aliviam queima-duras de pele e recuperam a pele.As flores apresentam ação laxante.

Atividade farmacológica

Atribui-se às mucilagens existen-tes na planta a capacidade de atuarcomo substâncias de reserva e comoprincipais substâncias de arma-zenamento de água. Além das fun-ções citadas, as mucilagens apre-sentam propriedades antiinfla-matórias, laxativas, antidiarréicase antidiabéticas, entre outras.

O extrato metanólico das folhasapresenta atividade citotóxica con-tra linhas celulares do carcinomade peito humano (T-47D), com EC50de 2µg/ml. O mecanismo de açãodo extrato é por meio de apoptose

celular, com desintegração docromossoma.

O extrato acetato etílico da fo-lha (250µg/ml) apresenta açãoantiparasitária sobre Tripanossomacruzi e ação antitumoral sobresarcoma murino, mieloma murinoe carcinoma de Ehrlich, sem cau-sar citotoxicidade aos eritrócitos.

Estes resultados corroboram infor-mações etnofarmacológicas sobre ouso popular das folhas no tratamen-to de câncer.

Os frutos apresentam forte ati-vidade antioxidante, uma vez que1g de fruto apresenta 14 vezes maisatividade antioxidante do que umasolucão a 0,08% de BHT.

30% de proteínas. As folhas contêmainda apreciáveis quantidades devitaminas A, B e C, além de cálcio,ferro, lisina, magnésio e fósforo.

As mucilagens, que possuem ati-vidade medicinal, são polissa-carídeos complexos constituídos porunidades de açúcares e ácidourônico. Essas substâncias são pro-dutos do metabolismo primário egeralmente se formam a partir damembrana celular ou se depositamsobre esta, formando camadas su-cessivas.

Cem gramas de frutos atendemcerca de 13% das fibras totais reco-mendadas diariamente. Os frutoscontém 3.215 UI de vitamina A (965UI equivalem ao retinol). Em 100gde proteína das folhas tem-se apro-ximadamente: 5,15g de arginina,2,52% de histidina, 4,1% deisoleucina, 7,5% de leucina, 5,4% delisina, 1,9% de metionina, 5,07% defenil-alanina, 3,31% de treonina e5,33% de valina.

Os níveis de proteína, lisina, cál-cio, fósforo e magnésio são mais ele-vados do que no repolho, alface eespinafre.

Composição nutricional de ora-pro-nóbis por 100g de produto seco

Composição Frutos FolhasÁgua 91,4 a 96,8g -

Proteínas 1,0g 17 a 25g

Lipídeos 0,7g 6,8 a 11,7g

Carboidratos 6,3g -

Fibras 0,7 a 9,4g 9,1 a 9,6g

Cinza 0,6g 20,1 a 21,7g

Cálcio 174 a 206mg 2,8 a 3,4mg

Fósforo 26mg 1,8 a 2,0mg

Ferro 0 a 250ppm -

Vitamina A 3.215 UI -

Tiamina 0,03mg -

Riboflavina 0,03mg -

Niacina 0,9mg -

Ácido ascórbico 2 a 125mg 23mg

Magnésio - 1,2 a 1,5mg

Detalhe do fruto comestível de ora-pro-nóbis

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Gastronomia

Por serem de fácil digestão e ri-cas em proteínas, as folhas podemser comidas sob diversas formas,em saladas, refogados, sopas, tor-tas, omeletes, cozidos, angu e atémesmo no arroz-com-feijão. Umaboa alternativa é triturá-las comágua no liquidificador e juntar àmassa do pão ou macarrão, confe-rindo ao produto final melhor com-posição nutricional e atraente corverde.

O pó das folhas pode ser utiliza-do como suplemento nutracêuticopara enriquecer pães, bolos, biscoi-tos, tortas e massas em geral e tam-bém no preparo da farinha múlti-pla _ complemento nutricional nocombate à fome.

Os frutos podem ser consumidoscrus, em geléias, xaropes, sucos ouem compota; podem ser fermenta-dos e conservados com açúcar paraa elaboração de bebidas.

Outras propriedades

• Os biopolímeros existentes naplanta (arabinogalactanos) podemformar complexos orgânicos comoligometais (Co2+, Cu2+ , Mn2+ e Ni2+ ),podendo ser utilizados na indústriaalimentícia, farmacêutica e de fer-tilizantes.

• Arabinogalactanos podem serempregados como aditivos na indús-tria alimentícia para modificar a vis-cosidade do produto final. Como nãosão absorvidos pelo organismo hu-mano, sua adição a alimentosdietéticos é muito promissora.

• Na indústria alimentícia, o fru-to é utilizado na confecção de geléi-as e doces diversos, e na indústriafarmacêutica, para correção do sa-bor de fármacos, estabilidade deemulsão e pomadas.

• Os excedentes da produção defolhas podem ser utilizados comoforragem para animais herbívorosem geral, tornando-os mais produ-tivos e saudáveis.

• As flores são melissotróficas epodem produzir até 30 a 35mg denéctar cada uma.

• As estacas da planta são utili-zadas como porta-enxerto para ou-tras espécies de cactos.

• A planta pode ser utilizadacomo cerca-viva, quase que inex-pugnável, além de ser ornamentalem muros, paredes e armações dejardins.

Espécies relacionadas

Pereskia bleo (Kunth) DC., P.grandifolia, P. sacharosa, P. horrida, P.bahiense Gürke, P. cubensis, P.portulacifolia, P. aureiflora, P. colombi-ana, P. diaz-romeroana, P. godseffiana,P. humboldtii, P. lychnidiflora, P.marcanoi, P. nemorosa, P. philippi, P.quisqueyana, P. stenantha, P. subulata,P. vargasii, P. weberiana, P. zehntneri,P. zinniiflora, P. ziniaefolia; P. corrugataCutak e P. tampicana F.A.C. Weber; P.guamacho F.A.C. Weber.

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40 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Energia

Diretrizes paraviabilizar a produção

O etanol ou álcool etílico comoopção para produção de agroenergia,no Brasil, conta com um desenvol-vimento tecnológico bastante evo-luído. A sua produção a partir dacana-de-açúcar como matéria-primaé um processo eficiente, do pontode vista energético. No seu proces-so de obtenção, desde o campo atéo produto acabado, gasta-se umacaloria de origem fóssil para cada8,3 calorias produzidas. O balanço,tanto do ponto de vista energéticoquanto econômico, se apresentapositivo. Evidentemente que estasituação favorável não foi a mesmanos idos de 1975, quando surgiu noBrasil o Programa Nacional do Ál-cool – Próalcool –, naquela época emdecorrência da necessidade de pou-par divisas com a importação depetróleo. Havia ainda subsídios di-retos e indiretos no programa quede certa forma mascaravam umaanálise econômica mais acurada.Mais tarde, por ocasião do governoCollor, todos os subsídios desapa-receram, muitas indústriasineficientes faliram e um processode busca pela produtividade e efici-ência permeou toda a atividade, e oresultado que o País obteve foi che-gar ao menor custo de produção,tanto da cana-de-açúcar quanto doaçúcar e do álcool no mundo. A evo-lução aconteceu como conseqüênciade diversos fatores, como cultivarescom potencial melhorado, técnicasde manejo da cultura aprimoradas,ganhos de produtividade na extra-

Etanol para Santa CatarinaEtanol para Santa CatarinaEtanol para Santa CatarinaEtanol para Santa CatarinaEtanol para Santa CatarinaHerberto Hentschel 1

1Eng. agr., Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-5560, e-mail: [email protected]

ção dos açúcares, no processofermentativo por seleção de leve-duras, aumento da eficiência nadestilação e, sobretudo, ganhoenergético na geração de energiapela queima do bagaço.

Santa Catarina tem uma áreaplantada de aproximadamente16.714ha de cana-de-açúcar com601.869t colhidas (IBGE, 2005) ecom uma produtividade média de34,65t/ha. Essa cultura aparece emmais de 45 mil propriedades ruraise é predominantemente utilizadacomo recurso forrageiro no inver-no. Isto explica a baixa produtivida-de, pois não recebe manejo como sefosse uma cultura principal na pro-priedade. Em trabalhos de pesqui-sa, a Epagri (2007) tem obtido re-sultados de até 180t de colmos/ha.Utilizar dados de produtividadeobtidos a partir de parcelas experi-mentais como referência em cálcu-los para efeito de projeto não é reco-mendável porque, na prática, estes

números são difíceis de alcançar,portanto, neste caso, deve-se con-tar com 65 a 70t/ha na região lito-rânea e 75 a 80t/ha de produtivida-de média no Meio-Oeste.

A escolha da cana-de-açúcarcomo matéria-prima para obtençãodo álcool é justificada em função desua alta eficiência fotossintética eelevado ponto de saturação lumino-sa, característicos nas plantas dotipo C4. Este grupo de plantas é as-sim chamado porque possui uma viametabólica adicional para a fixaçãodo gás carbônico (CO2), formandoinicialmente um composto com qua-tro carbonos denominado de malato.A alternativa da cana-de-açúcar,quando comparada à produção deetanol via amiláceos como milho,batata e mandioca, deixa uma van-tagem econômica competitiva emfavor da cana-de-açúcar. A Tabela 1apresenta um comparativo conside-rando as condições do Estado deSanta Catarina.

Tabela 1. Comparação da produtividade em álcool por diferentes

culturas

Matéria-prima Álcool/ha/ano

(L)

Batata 1.680

Mandioca 3.000

Milho 1.560

Sorgo sacarino 2.100

Cana-de-açúcar 4.420

Fonte: Bu’Lock & Kristiansen (1991); Teixeira et al. (2007).

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41Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Evidentemente, a exploração dacultura da cana-de-açúcar deve fi-car circunscrita ao zoneamentoagroclimático para que a compara-ção seja válida. A Figura 1 indicaas regiões de cultivo preferenciale as áreas de cultivo tolerado parao Estado.

Admitindo-se a possibilidade deelevação da temperatura ambientecomo conseqüência do aquecimen-to global, a cultura da cana-de-açú-car em princípio seria beneficiadanas condições do Estado pois, comuma temperatura base entre 19 e20oC para a maioria das cultivares,haveria maior soma térmica que setraduziria em maior crescimento,considerando que o balanço hídriconão fosse substancialmente alterado.

A cana-de-açúcar, como culturade origem tropical, uma vez atendi-das todas as outras necessidades,tem seu potencial de produção debiomassa dependente da energiasolar disponível numa dada região.À medida que ela é explorada nadireção de latitudes mais elevadas,a soma térmica disponível passa aser limitante da produtividade. Nãobastasse isto, freqüentemente o fe-nômeno da geada é também umproblema adicional. Em vista de suaposição geográfica, Santa Catarinatem sua produtividade média limi-tada a aproximadamente 70% da-

quela observada em regiões tradi-cionais produtoras de açúcar e ál-cool. Estes fatos ficam evidenciadosna Figura 2, que traça um compa-rativo do potencial de produtivida-de da cana-de-açúcar de Araras, SP,com algumas localidades de SantaCatarina, através da soma de quan-tidades de calor disponível numaregião, segundo metodologia pro-posta por Barbieri & Villa Nova(1981), utilizando-se dados forneci-dos pela Epagri/Ciram. Com basenesta informação, pode-se dizer queos projetos para grandes escalas de

produção de etanol carburante emSanta Catarina não apresentamcompetitividade em relação àquelasregiões. Na prática, o passado re-cente já comprovou isto.

Um grande investidor, com cer-teza, optaria por investir seu capi-tal num projeto em regiões onde aprodução de etanol por unidade deárea fosse naturalmente maior doque aqui.

A proposta de produção de etanolcarburante no Estado passa pelapequena escala, ou seja,microdestilarias com capacidadepara produzir de 1.000 a 1.500L/diacom 30 a 50ha de canavial plantadoe a produção destinada aoautoconsumo por parte dos produ-tores associados, pois a venda viaAgência Nacional do Petróleo –ANP – também inviabilizaria eco-nomicamente empreendimentosdestas dimensões.

O mercado oferece diversos mo-delos de microdestilarias para álcoolem que as colunas podem ser as tra-dicionais, com bandejas de pratos ecalotas, como também as de enchi-mento por diversos tipos de mate-riais (geralmente anéis). Existemtambém modelos de colunas peque-nas que se adaptam a um alambi-que comum, como ilustrado na Fi-gura 3, e que servem para transfor-mar o produto de cabeça e caudaoriginado no alambique em álcoolcarburante.

Figura 1. Zoneamento agroclimático para a cana-de-açúcar

Fonte: Epagri (2006).

0

200

400

600

800

1.000

1.200

Out.

Nov .

Dez.

Jan.

Fev.

Mar.

Abr.

Maio

Jun.

Jul.

Ago.

Araras, SP

Fpolis, SC

Itapiranga, SC

Ciclo cana de ano

Potencial térmico acumulado

Gra

u-d

ia a

cu

mu

lad

o

Alto Krauel,Witmarsum, SC

Figura 2. Potencial térmico em grau-dia disponível considerando aprodução de cana-de-açúcar

Fonte: Barbierei & Villa Nova (1981).

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42 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Figura 3. Microdestilaria com coluna para destilação de álcoolconstruída em cobre

Justificativa para aprodução do etanolem pequena escala

Embora o custo de produção noEstado seja maior que nas regiõestradicionais produtoras, deve-seconsiderar que os custos na cadeialogística dos transportes afetampositivamente a viabilidade econô-mica do etanol aqui produzido. Paratransportar álcool baseado no modalrodoviário atual, segundo Magano(2006), o custo unitário do frete che-ga a R$ 0,12/t/km. Se considerar-mos mais o aspecto do balançoenergético da logística de transpor-te com veículo de uso específico(consumo de calorias/km rodado),esta operação fica quase inviável. Ofator independência energética dascomunidades mais distantes, comoquestão de segurança, também deveser considerado neste caso.

A instalação de uma microdes-tilaria com capacidade para produ-zir 1.000L/dia de álcool implicarianum investimento aproximado deR$ 300 mil, e para atender a deman-da de matéria-prima seria necessá-rio o plantio de uma área com 30hade canavial.

Para a constituição de uma coo-perativa, são necessários no míni-mo 20 produtores, caberia então acada um o plantio de uma área de1,5ha de canavial com produçãoequivalente de 6.600L de álcool paracada cooperado. O investimento ra-teado ficaria em R$ 15 mil por asso-ciado, sendo que, na atualidade, oPrograma Nacional de Fortaleci-mento da Agricultura Familiar –Pronaf – tem linha de financiamen-to para atender a este objetivo.

Estas unidades poderão geraroutras opções econômicas que nãoafetam negativamente a harmoniada diversidade no uso das terras.

Além do mais, fornecem co-produ-tos que deverão ser racionalmenteaproveitados no local, como a pró-pria cana-de-açúcar, sob a forma deforragem para o gado, as pontas, obagaço, as cinzas de caldeira, ovinhoto para fertirrigação, criaçãode peixes de água doce, entre ou-tros. Assim, o plantio da cana-de-açúcar, em vez de deslocar ou sufo-car opções no sistema de produção,auxiliará na produção de carne, lei-te e grãos. Lavoura de cana-de-açú-car inserida numa condição de pe-quena propriedade familiar e comboa produtividade, utilizando apenasadubos orgânicos no plantio, é pos-sível de ser viabilizada. A Figura 4,da propriedade de LourivaldoBloemer, em Rio Fortuna, no sul doEstado, mostra isto.

A implantação de microdes-tilarias de álcool, destinadas ao auto-abastecimento sob a forma de orga-nizações associativas, pode ser eco-nomicamente viável, socialmentedesejável e ambientalmente corre-ta. Uma proposta desta natureza,para contemplar os municípios si-tuados dentro do zoneamentoagroecológico da cultura da cana-de-açúcar, permitiria desenvolvertecnologicamente processos em pe-quena escala, para com isto aumen-tar a eficiência no âmbito da produ-ção agrícola e industrial.

A implantação de destilarias nes-tes moldes proporcionará uma dis-tribuição geográfica da produção,sem impactar sobre a diversidadede culturas da agricultura familiare, conseqüentemente, sobre a segu-rança alimentar.

Com implantação da produçãocoletiva de cana em pequena esca-la, justificam-se ações para viabilizara apropriação de créditos de carbono.

Propostas de ações depesquisa e/oudesenvolvimentorelacionadas ao etanolem Santa Catarina

• Organização dos produtoresinteressados dentro das áreas con-templadas pelo zoneamento agríco-la da cana-de-açúcar.

• Formar parcerias com órgãosde pesquisa e desenvolvimento dosetor sucroalcooleiro no País como

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forma de disponibilizar ao Estado asnovas cultivares produzidas.

• Selecionar cultivares de cana-de-açúcar dentre aquelas lançadasanualmente no Brasil, visando ob-ter materiais mais adaptados às con-dições locais de clima, solo e mane-jo.

• Disponibilizar constantemen-te novos materiais genéticos sele-cionados pela pesquisa como formade manter a produtividade agroin-dustrial em níveis competitivos.

• Manter um viveiro de mudas,em parceria com a iniciativa priva-da, em local com baixa incidênciade geadas, para disponibilizar deforma permanente material das cul-tivares recomendadas pela pesqui-sa aos produtores interessados.

• Desenvolver estudos de siste-mas de produção integradosobjetivando a otimização do balan-ço energético da produção de etanolem microdestilarias.

• Desenvolver sistema semi-mecanizado para colheita da cana-de-açúcar na pequena propriedade.

• Pesquisar e desenvolver o pro-cesso de hidrólise da celulose dobagaço da cana a custos competiti-vos para a pequena escala.

• Realizar ações para otimizar ouso do bagaço de cana na produçãointegrada de energia e alimentospara a pecuária de corte e leite.

• Realizar ações para o aprovei-tamento e otimização do uso davinhaça tanto na pecuária quantona piscicultura de água doce.

• Instituir cursos para geren-ciadores de microdestilarias comoforma de garantir sua eficiência eeficácia.

• Instituir parcerias com univer-sidades e iniciativa privada, no sen-tido de desenvolver pesquisas paramelhorar a extração de açúcares dacana-de-açúcar nas unidades indus-triais de pequena escala (preparo/moagem/difusão).

Literatura citada

1. BARBIERI, V.; VILLA NOVA, N.A.Climatologia e a cana-de-açúcar: Cur-so Intensivo em Cana-de-açúcar.Piracicaba, SP: IAA/Planalsucar, 1981.99p.

2. BU´LOCK, J.; KRISTIANSEN, B.Biotecnologia básica. Zaragoza,Espanha: Acribia, 1991. p.309-336.

3. CENSO AGROPECUÁRIO 1995-1996:Santa Catarina. Rio de Janeiro: IBGE,n. 21, 1987.

Figura 4. Lavoura de cana-de-açúcar com diversas cultivares apresentando boa produtividade

4. EPAGRI. Avaliação de cultivares parao Estado de Santa Catarina 2006/2007.Florianópolis, 2006. 156p. (Epagri. Bo-letim Técnico, 137).

5. EPAGRI. Levantamento Agropecuáriode Santa Catarina 2002-2003. Dispo-nível em: <htp://cepa.epagri.sc.gov.br/Dados_do_Lac/lac_índice.htm>. Acessoem: 30 nov. 2007.

6. IBGE. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Agrico-la_Municipal_%5Banual%5D/2005/>.Acesso em: 14 dez. 2007.

7. MAGANO, C.E.B. A viabilização dosprojetos de investimento emetanodutos, armazenamento e termi-nais: A visão do produtor. In: ENCON-TRO DE NEGÓCIOS DE ENERGIA,7., 2006, São Paulo, SP. São Paulo:Ciesp, 2006.

8. TEIXEIRA, C.G.; JARDINE, J.G.;BEISMAN, D.A. Utilização do sorgosacarino como matéria-prima comple-mentar à cana-de-açúcar para obtençãode etanol em microdestilarias. Ciência eTecnologia de Alimentos, Campinas, v.17,n.3 set./dez. 1997. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S101-20611997000300011&script=sci_arttext> .Acesso em: 5 out. 2007.

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44 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

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45Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Seção Técnico-científica

∗ Podridões da base do colmo na cultura do milho: sintomas e medidas de controle..................João Américo Wordell Filho

Marciel João Stadnik Estanislao Diaz Davalos

***** Padrão de precipitação e as estiagens em Chapecó, SC, no período de 2002 a 2006 ................

Maria Laura Guimarães RodriguesFábio Ziemann Lopes

∗ Caracterização, danos e manejo de pragas da oliveira .....................................................Luis Antonio Chiaradia

Dorli Mário da Croce

∗ Controle integrado da antracnose no feijoeiro ................................................................João Américo Wordell Filho

Marciel João Stadnik

∗ Resposta da laranjeira ‘Açúcar’ à adubação orgânica e mineral em Latosolo na Região Oeste deSanta catarina .......................................................................................................

Elói Erhard SchererLuiz Augusto Ferreira Verona

Cristiano Nunes Nesi

∗ Incidência de machos adultos de traça-do-tomateiro nos sistemas de produção convencional eintegrada de tomates em Caçador, SC ..........................................................................

Janaína Pereira dos SantosWalter Ferreira Becker

Anderson Fernando WamserSiegfried MuellerFabrizio Romano

∗ Regeneração de plântulas de Eucalyptus grandis a partir de organogênese direta in vitro ..............Rafael Augusto Arenhart

Gilmar Roberto Zaffari

∗ Eficiência de diferentes cultivares de macieira como polinizadoras da ‘Castel Gala’e da ‘Condessa’ ................................................................................................................................................................................................................................................................................. Frederico Denardi..................................................................................................................................................................................... Henri Stuker

∗ Comportamento de duas cultivares de feijão em função da densidade de plantas e espaçamentoentre fileiras .........................................................................................................

Alvadi Antonio Balbinot JuniorRogério Luiz Backes

Informativo Técnico

Artigo Científico

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* Ocorrência de variabilidade genética interlesão em Pyricularia grisea ...............................................Maycon Eduardo NicolettiLeonardo Bitencourt Scoz

Ana Paula BoniFernando Adami Tcacenco

* Isolamento e seleção em condições estéreis de estirpes de rizóbio para ervilha .....................Edemar Brose

Aleksander Westphal Muniz

Nota Científica

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catarinense

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46 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

ISSN 0103-0779

Indexada à Agrobase e à CAB International

catarinense

Comitê de Publicações/Publication Committee

Alvadi Antonio Balbinot Júnior, Dr. – EpagriCristiano Nunes Nesi, M.Sc. – EpagriHenri Stuker, Dr. – EpagriJanaina Pereira dos Santos, M.Sc. – EpagriJefferson Araújo Flaresso, M.Sc. – EpagriJosé Ângelo Rebelo, Dr. – EpagriLuiz Augusto Martins Peruch, Dr. – EpagriPaulo Henrique Simon, M.Sc. – Epagri (Secretário)Roger Delmar Flesch, Ph.D – Epagri (Presidente)Tássio Dresch Rech, Dr. – EpagriValdir Bonin, M.Sc. – Epagri

Conselho Editorial/Editorial Board

Ademir Calegari, M.Sc. – Iapar – Londrina, PRAnísio Pedro Camilo, Ph.D. – Embrapa – Florianópolis, SCBonifácio Hideyuki Nakasu, Ph.D. – Embrapa – Pelotas, RSCésar José Fanton, Dr. – Incaper – Vitória, ESEduardo Humeres Flores, Dr. – Universidade da Califórnia – Riverside, USAFernando Mendes Pereira, Dr. – Unesp – Jaboticabal, SPFlávio Zanetti, Dr. – UFPR – Curitiba, PRHamilton Justino Vieira, Dr. – Epagri – Florianópolis, SCLuís Sangoi, Ph.D. – Udesc/CAV – Lages, SCManoel Guedes Correa Gondim Júnior, Dr. – UFRPE – Recife, PEMário Ângelo Vidor, Dr. – Epagri – Florianópolis, SCMichael Thung, Ph.D. – Embrapa – CNPAF – Goiânia, GOMiguel Pedro Guerra, Dr. – UFSC – Florianópolis, SCMoacir Pasqual, Dr. – UFL – Lavras, MGPaulo Henrique Simon, M.Sc. – Epagri – Florianópolis, SCPaulo Roberto Ernani, Ph.D. – Udesc/CAV – Lages, SCRicardo Silveiro Balardin, Ph.D. – UFSM – Santa Maria, RSRoberto Hauagge, Ph.D. – Iapar – Londrina, PRRoger Delmar Flesch, Ph.D. – Epagri – Florianópolis, SCSami Jorge Michereff, Dr. – UFRPE – Recife, PESérgio Leite G. Pinheiro, Ph.D. – Epagri – Florianópolis, SC

COLABORARAM COMO REVISORES TÉCNICO-CIENTÍFICOS NESTA EDIÇÃO: Adilson José Pereira, Anísio Pedro Camilo,Atsuo Suzuki, Clori Basso, Cristiano Nunes Nesi, Emílio Della Bruna, Eliane Rute de Andrade, Faustino Andreola, Fernando AdamiTcacenco, Flavio René Brea Victoria, Gilcimar Adriano Vogt, Gilson José Marcinichen Gallotti, Henri Stuker, José Maria Milanez, LuizAntonio Chiaradia, Márcio Sônego, Marco Antonio Dal Bó, Mario Angelo Vidor, Paulo Antonio de S. Gonçalves, Renato Luis Vieira,Robert Harri Hinz, Silmar Hemp, Yoshinori Katsurayama.

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47Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

O cultivo do milho (Zea maysL.) desempenha um im-portante papel econômico

e social no Brasil, ocupando umaárea cultivada no ano agrícola2005/06 em torno de 12,8 milhõesde hectares. Em Santa Catarina,são cultivados cerca de 784.800hade milho. O rendimento médio noBrasil é de 3.200kg/ha e no Estadode Santa Catarina, de 4.260kg/ha(Brugnato Neto, 2007).

O milho, especialmente emSanta Catarina, é destinadoprincipalmente ao arraçoamentoanimal na criação de aves e suínos.Existem previsões de que ademanda mundial de carnescontinue crescendo e estimativasapontam um consumo superior a110 milhões de toneladas de carnesuína e quase 70 milhões detoneladas de carne de frango até oano de 2015 (Duarte et al., 2007).Para suportar este incremento, aárea plantada com milho vemaumentando consideravelmente,sem, no entanto, haver umaatenção maior relacionada à adoçãode medidas adequadas de manejode doenças. O período de cultivo domilho em Santa Catarina coincidecom a ocorrência de altastemperaturas e alta umidade. Esteclima favorece a infecção pordiferentes fungos, entre elesaqueles envolvidos nas podridõesda base do colmo (PBC). Alguns

Aceito para publicação em 6/7/07.1Eng. agr., Dr., Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar – Cepaf –, C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone: (49) 3361-0600, e-mail: [email protected]. agr., Ph.D., UFSC/Centro de Ciências Agrárias – CCA –, C.P. 476, 88040-900 Florianópolis, SC, e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Cepaf, e-mail: [email protected].

Podridões da base do colmo na cultura do milho:sintomas e medidas de controle

João Américo Wordell Filho1, Marciel João Stadnik2 e Estanislao Diaz Davalos3

destes fungos, Fusariummoniliforme , Fusariumgraminearum, Diplodia maydis,Diplodia macrospora eColletotrichum graminicola,causam também podridões deespiga (White, 1999). As PBC sãoconsideradas atualmente asdoenças mais importantes dacultura do milho em razão dosdanos que causam (Reis & Casa,1996), limitando tanto a produçãocomo a qualidade de grãos colhidos.

As principais podridões do colmona cultura do milho podem ocorrerantes da fase do enchimento dosgrãos em plantas jovens e vigorosasou após a maturação fisiológicadestes. No primeiro caso, as perdasse devem à morte prematura dasplantas com efeitos negativos notamanho e no peso dos grãos; nosegundo, as perdas na produção sedevem ao tombamento das plantas,dificultando a colheita e expondo asespigas à ação de roedores e aoapodrecimento, pelo contato diretocom o solo.

A seguir serão abordados osfatores predisponentes e osprincipais agentes causais esintomas envolvidos nas PBC.

Fatores predisponentes

Vários fatores, na fase deenchimento de grãos, estãorelacionados com a predisposiçãodas plantas de milho às podridõesde colmo, destacando-se entre eles:

• danos nas folhas e nos colmoscausados por insetos ou capinas;

•excesso ou deficiência de águano solo;

•baixo teor de potássio (K) emrelação ao nitrogênio;

•períodos prolongados denebulosidade;

•altas densidades de semeadura(Fontoura et al., 2006). Respeitaras densidades recomendadas pelasempresas produtoras dos híbridosou cultivares;

•ocorrência de chuvas comintensidades acima do normal(média variável de região pararegião) 2 a 3 semanas após oflorescimento (Pereira, 1997).

Principais patógenosque causam as PBC

Podridão por Diplodia

É causada pelos fungosStenocarpella maydis e S.macrospora (sin.: Diplodia maydise Diplodia macrospora), os mesmosagentes causais da podridão brancadas espigas. Somente a S.macrospora causa lesões foliares(Figura 1).

As plantas infectadas apre-sentam externamente, próximo aosentrenós inferiores, lesõesmarrom-claras quase negras nasquais é possível observar a

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48 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

presença de corpos de frutificação(picnídios) do fungo (Figura 2).Internamente, o tecido da medulaadquire coloração marrom,podendo-se desintegrar, permane-cendo intactos somente os vasoslenhosos sobre os quais é possívelobservar a presença de picnídios.

A podridão causada por Diplodiaé favorecida por temperaturaselevadas (entre 28 e 30oC) e,principalmente, pela ocorrência dechuvas que contribuem decisiva-mente para dispersar os conídios dofungo dentro da lavoura. Ambas asespécies de Stenocarpella sobre-vivem em restos culturais de milhoe nas sementes e têm como únicohospedeiro o milho.

Figura 2. Sintoma da podridão dabase do colmo causada por Diplodia

Podridão por Fusarium

É uma doença causada porinúmeras espécies de Fusarium,entre elas Fusarium moniliforme ,Fusarium subglutinans, Fusariumgraminearum e Fusariumverticillioides, que também causama podridão rosada das espigas(Figura 3) (White, 1999; Ribeiro etal., 2005)

As plantas infectadas exibem otecido dos entrenós inferioresgeralmente com coloraçãoavermelhada, que progride, deforma uniforme e contínua, da baseem direção à parte superior daplanta (Figura 4). Embora ainfecção possa ocorrer precoce-mente, os sintomas só se tornamvisíveis após a polinização e

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Figura 3. Podridão rosada naespiga de milho causada porFusarium moniliforme

aumentam à medida que as plantascompletam seu ciclo. O fungosobrevive na forma de micélio eapresenta várias espécies vegetaishospedeiras, o que torna a rotaçãode cultura pouco eficiente comomedida de controle.

Podridão por Colletotrichum

A podridão por Colletotrichum étambém denominada de antracnosedo colmo. É causada pelo fungoColletotrichum graminicola. Essefungo pode infectar todas as partesda planta de milho, resultandodiferentes sintomas nas folhas, nocolmo, na espiga, nas raízes e nopendão (White, 1999).

Essa doença é caracterizada pelaformação, no colmo, de lesõesencharcadas, estreitas, elípticas ouovais na vertical (Figura 5).Posteriormente, tornam-se marrom-avermelhadas e, finalmente,marrom-escuras a negras. Aslesões podem coalescer, formandoextensas áreas necrosadas decoloração escuro-brilhante. Otecido do colmo (interno) possuicoloração marrom-escura e pode sedesintegrar, levando a planta à

morte prematura e ao acamamento(Figura 6) (White, 1999).

O fungo sobrevive em restos decultura ou sementes, na forma demicélio e conídios. A infecção podeocorrer pelo ponto de junção dasfolhas com o colmo ou através dasraízes. A doença é favorecida portemperaturas altas e alta umidade,principalmente na fase de plântulae após o florescimento.

Manejo das podridões(PBC)

Embora uma doença específicapossa, em certos casos, sercontrolada por uma única medidade controle, normalmente acomplexidade de fatores requer ouso de várias medidas para alcançaro controle adequado da mesma. Daía necessidade de concentraresforços visando combinar váriosprincípios e medidas de controle,para que se obtenha otimização naredução da intensidade dasdoenças. A seguir serãoapresentadas algumas medidaspara o manejo das PBC, que emsua maioria são apenas para evitaras PBC (profiláticas).

•Escolher os híbridos oucultivares junto às empresasprodutoras de sementes quepossuam resistência às PBC.

•Utilizar sementes de boaqualidade e livres de patógenos(Reis et al., 1995; Sartori et al.,2004).

Figura 1. Mancha foliar causadapor Diplodia macrospora em milho

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49Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

•Realizar a rotação de culturas(2 a 3 anos), principalmente emáreas onde se utiliza o sistema desemeadura direta para o controledas PBC. Tal método tem poucaeficiência para o controle dapodridão de Fusarium (Denti &Reis, 2001; Trento et al., 2002).

•Evitar alta densidade desemeadura, respeitando aquelarecomendada para cada híbrido ouvariedade.

•Realizar adubações de acordocom as recomendações técnicaspara a cultura do milho, a fim deevitar desequilíbrios nutricionaisnas plantas.

•Controlar as diferentes pragasincidentes na cultura, evitandoassim o ferimento dos tecidos queservem como porta de entrada paraos patógenos.

•Manejar adequadamente airrigação, evitando excesso ouinsuficiência da água durante o cicloda planta.

•Manter a lavoura e osarredores livres de plantasdaninhas que possam servir dehospedeiros alternativos.

•Não realizar tratos culturaisenquanto as plantas estiveremmolhadas.

•Evitar, ao máximo, ferimentosnas plantas durante as capinas ouqualquer choque que possacomprometer a integridade docolmo.

•Evitar o excesso de nitrogênio,principalmente em anos chuvosos.

•Não existe controle químico(viável) para as PBC.

das podridões da base do colmo e naprodutividade de grãos de milho.Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.26, n. 3, p. 635-639, set. 2001.

3. DUARTE, J. de O.; CRUZ, J.C.;GARCIA, J.C. et al. Economia daprodução. In: CRUZ, J.C. (Ed.).Cultura do milho. 3. ed. Sete Lagoas,MG: Embrapa Milho e Sorgo, 2007.(Embrapa Milho e Sorgo. Sistemas deProdução, 2). Disponível em: <http://www.cnpms.embrapa.br/publicacoes/milho/economia/htm>. Acesso em: 13fev. 2007.

4. FONTOURA, D. da; STANGARLIN, J.R.; TRAUTMANN, R.R. et al.Influência da população de plantas naincidência de doenças de colmo emhíbridos de milho na safrinha. ActaScientiarum Agronomy, v. 28, n. 4, p.545-551, out./dez. 2006.

5. PEREIRA, O.A.P. Doenças do milho.In: KIMATI, H. AMORIM, H.;BERGAMIM FILHO, A. et al. (Ed).Manual de fitopatologia: doenças deplantas cultivadas. 3. ed. São Paulo:Agronômica Ceres, 1997. v. 2, p. 538-555.

6. REIS, A.C.; REIS, E.M.; CASA, R.T. etal. Erradicação de fungos patogênicosassociados a sementes de milho eproteção contra Pythium spp.presente no solo pelo tratamento comfungicidas. Fitopatologia Brasileira,Brasília, v. 20, p. 585-590, 1995.

7. REIS, E.M.; CASA, R.T. Manual deidentificação e controle de doenças emmilho. Passo Fundo: Aldeia Norte,1996. p. 58.

8. RIBEIRO, N.A.; CASA, R.T.; BOGO,A. et al. Incidência de podridões docolmo, grãos ardidos e produtividadede grãos de genótipos de milho emdiferentes sistemas de manejo. CiênciaRural, Santa Maria, v. 35, p. 1003-1009, 2005.

9. SARTORI, A.F.; REIS, E.M.; CASA, R.T. Quantificação da transmissão deFusarium moniliforme de sementespara plântulas de milho. FitopatologiaBrasileira, Brasília, v. 29, n. 4, p. 456-458, jul./ago. 2004.

10. TRENTO, S.M.; IRGANG, H.H.; REIS,E.M. Efeito da rotação de culturas, damonocultura e da densidade deplantas na incidência de grãos ardidosem milho. Fitopatologia Brasileira,Brasília, v. 27, n. 6, p. 609-613, nov./dez. 2002.

11. WHITE, D.G. Compedium of corndiseases. 3. ed. St. Paul: The AmericanPhytopathological Society, 1999. 78p.

Figura 4. Sintomas do fungoFusarium moniliforme ementrenós de milho

Figura 5. Lesões encharcadas,estreitas, elípticas ou ovais navertical causadas porColletotrichum graminicola

Literatura citada

1. BRUGNATO NETO, S. Milho. SínteseAnual da Agricultura de SantaCatarina 2005-2006, Florianópolis, p.87-93. Disponível em: <http://cepa.epagri.sc.gov.br/Publicações/s i n t e s e _ 2 0 0 6 / m i l h o _ 2 0 0 6 . p d f > .Acesso em: 13 fev. 2007.

2. DENTI, E.A.; REIS, E.M. Efeito darotação de culturas, da monoculturae da densidade de plantas na incidência

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Figura 6. Coloração marrom-escura do tecido interno do colmocausada por Colletotrichum

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50 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Aceito para publicação em 6/9/07.1Meteorologista, M.Sc., Epagri/Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia _ Ciram _, C.P. 502, 88034-901Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-8064, e-mail: [email protected], M.Sc., Epagri/Ciram, e-mail: [email protected].

causam sérios prejuízos às culturasde verão, sendo o milho e a soja asmais afetadas. Primaveras secas,no entanto, podem ser favoráveisàs culturas de inverno. No caso dotrigo, por exemplo, tendem adiminuir as doenças da espiga emelhorar as características daqualidade do grão (Cunha, 2004).

Este trabalho tem por objetivoinvestigar o padrão de chuvas emChapecó, SC, entre 2002 e 2006,caracterizando especialmente osperíodos com significativos déficits deprecipitação e a relação destes como fenômeno Enos. Um melhorentendimento sobre os episódios deestiagem pode auxiliar na realizaçãode futuras previsões climáticas, asquais têm sido importanteferramenta para a previsão de safrasagrícolas (Cunha, 2004).

Metodologia

Foram utilizados dados diáriosde precipitação da estação meteo-rológica convencional localizada nomunicípio de Chapecó, SC (latitude27o05’26'’ Sul, longitude 52 o38’02'’Oeste, altitude 679m), OesteCatarinense, pertencente à rede doInstituto Nacional de Meteorologia– INMet/Epagri. Em cada mês, entrejaneiro de 2002 e dezembro de 2006,foram determinadas as anomalias epercentuais de chuva em relação àmédia climatológica, definida entre1974 e 2006 (33 anos), paraidentificação dos períodos commeses consecutivos de chuva abaixoda média. Entre 2002 e 2006, foramtambém determinados os períodoscom mais de 14 dias consecutivossem registro de chuva e verificadas

as fases atuantes do Enos (influênciade El Niño ou La Niña).

Janeiro, fevereiro e março foramdefinidos como meses de verão;abril, maio e junho, de outono; julho,agosto e setembro, de inverno;outubro, novembro e dezembro, deprimavera.

Resultados e discussão

Na média das anomalias mensaisde precipitação entre 2002 e 2006,pode-se observar que, à exceção dosmeses de junho e de outubro adezembro, com anomalias positivas,os demais foram caracterizados porchuva abaixo da média (Figura 1).Fevereiro foi o mais seco, comanomalia negativa em torno de100mm, seguido de maio, julho eagosto (anomalias negativas de 30 a40mm).

Na análise dos percentuaismensais de chuva, entre 2002 e2006 (Figura 2), verificaram-se seteperíodos de dois ou mais mesesconsecutivos com percentuaisnegativos, caracterizados como deestiagem no Oeste Catarinense(Cruz et al., 2006): (1) janeiro a abrilde 2002, (2) abril a outubro de 2003,(3) janeiro a março de 2004, (4) maioe junho de 2004, (5) fevereiro emarço de 2005, (6) novembro edezembro de 2005 e (7) abril aoutubro de 2006. Em cada período,observaram-se pelo menos doismeses consecutivos com déficit dechuva de mais de 40%: jan.-fev./2002, ago.-set./2003, fev.-mar./2004,nov.-dez./2005, abr.-maio/2006,exceto em jun./2004 e fev./2005,quando o déficit superou os 75% emum único mês.

S anta Catarina, assim como os demais Estados do Sul do Brasil , apresenta uma

precipitação bem distribuída emtodos os meses do ano,especialmente no Oeste, cujo totalanual fica em aproximadamente2.200mm (Nimer, 1979). Os maioresvolumes mensais, em média de200mm, ocorrem entre setembro efevereiro (primavera e verão),chegando a 250mm em outubro. Nooutono e inverno, o total mensal deprecipitação diminui, ficando emtorno de 150mm, sendo março eagosto os meses de menor volume(130mm). Este padrão de distri-buição da precipitação nem sempreé verificado em todos os anos, quepodem ser mais ou menos chuvososconforme o padrão climáticopredominante. O fenômeno El NiñoOscilação Sul – Enos – é um dos queinfluencia a precipitação em SantaCatarina, especialmente em mesesde primavera (outubro e novembro),que tendem a ser mais chuvosos doque o normal em anos de El Niño ecom menor volume de chuva emanos de La Niña (Grimm et al.,1998; Lopes & Monteiro, 2006).

O período de 2002 a 2006 foicaracterizado por eventos deestiagem no Oeste de SantaCatarina, com forte impacto nosetor agropecuário (Rodrigues &Monteiro, 2005). Em 2005, osprejuízos na agricultura do Estadochegaram a R$ 884.777.053,00, emais de 150 municípios ficaramem estado de emergência comproblemas de racionamento de água(Cruz et al., 2006).

As estiagens, quando ocorremnos primeiros meses do ano,

Maria Laura Guimarães Rodrigues1 e Fábio Ziemann Lopes2

PPPPPadrão de precipitação e as estiagens emadrão de precipitação e as estiagens emadrão de precipitação e as estiagens emadrão de precipitação e as estiagens emadrão de precipitação e as estiagens emChapecó, SC, no período de 2002 a 2006Chapecó, SC, no período de 2002 a 2006Chapecó, SC, no período de 2002 a 2006Chapecó, SC, no período de 2002 a 2006Chapecó, SC, no período de 2002 a 2006

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51Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Ainda na Figura 2, observa-seque três episódios de estiagemocorreram no verão, entre janeiroe março (2002, 2004 e 2005). Os de2003 e 2006, com início no outono(abril), prolongaram-se durante oinverno, permanecendo até o inícioda primavera (outubro). Nestes, ostotais anuais de precipitação emChapecó, de 1.936,9mm e de1.601,3mm, respectivamente,ficaram abaixo da médiaclimatológica (2.055mm). Somentea estiagem de nov.-dez./2005 ocorreunos últimos meses do ano.

Entre 2002 e 2006, foramidentificados oito casos com mais de14 dias consecutivos sem registro dechuva (Tabela 1), seis destes dentrodos períodos de estiagem verificados

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Média das anomalias mensaisde precipitação (2002 a 2006)

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jan. mar.fev. abr. jun. jul. ago. set. out. nov. dez.maio

Figura 1. Média das anomalias mensais deprecipitação no período de 2002 a 2006, emChapecó, SC

c) 2004 d) 2005

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Percentual mensal de precipitação em 2002

Percentual mensal de precipitação em 2004

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Percentual mensal de precipitação em 2005

Percentual mensal de precipitação em 2006

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Figura 2. Percentual mensal de precipitação em relação à média climatológica (1974 a 2006), no períodoentre 2002 e 2006, em Chapecó, SC

na Figura 2.Observa-se quetodos ocorreramem meses deverão, outono einverno, espe-cialmente demaio a agosto.Mas nenhum casofoi observadoentre setembroe dezembro,mesmo na pri-mavera de 2005,caracterizada pors i g n i f i c a t i v o sdéficits de preci-pitação. E emtodos os anos,

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52 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

mesmo que a previsão seja deprecipitação abaixo da médiaclimatológica. Nesta época do ano,somente no caso de uma previsão deLa Niña é que pode ser esperadauma condição favorável à estiagemna região.

• O verão não deve ser progra-mado em função de uma previsão dofenômeno Enos, pois estiagens ouchuva acima da média na região,nesta época do ano, ocorrem semrelação com El Niño ou La Niña.

• No outono e inverno, episódiosde estiagem podem ser esperadosmesmo sem uma previsão de LaNiña, e, nestes meses, o agricultorpode esperar períodos prolongados demais de 15 dias consecutivos semregistro de chuva em Chapecó, aindaque sem ocorrência de estiagem.

• Como os períodos secos têmsido intercalados com períodoschuvosos, o investimento emprocessos de captação de água podeser uma alternativa para o setoragropecuário.

Literatura citada

1. CRUZ, G.; RODRIGUES, M.L.G.;CANÔNICA, E. et al. Análise sinóticado verão 2004/2005 no Oeste e Meio-Oeste Catarinense. In: CONGRESSOBRASILEIRO DE METEOROLOGIA,14., 2006, Florianópolis, SC. Anais...Florianópolis, SC: SBMET, 2006. CD-ROM.

2. CUNHA, G.R. Previsões climáticas e aagricultura do sul do Brasil. In: CUNHA,G.R. (Ed). Lidando com riscosclimáticos: clima, sociedade eagricultura. Passo Fundo: EmbrapaTrigo, 2004. p. 111-146.

3. GRIMM, A.M.; FERRAZ, S.E.T.;GOMES, J. Precipitation anomalies inSouthern Brazil associated with El Niñoand La Niña events. Journal of Climate,Boston, v. 11, p. 2863-2880, 1998.

4. LOPES, F.Z.; MONTEIRO, M. Relaçãoentre a precipitação de Santa Catarinae a TSM das regiões dos Niños. InCONGRESSO BRASILEIRO DEMETEOROLOGIA, 14., 2006, Floria-nópolis, SC. Anais... Florianópolis, SC:SBMET, 2006. CD-ROM.

5. NIMER, E. Clima. In: IBGE. Geografiado Brasil: Região Sul. Rio de Janeiro:IBGE, 1979. p. 151-187. (Série RecursosNaturais e Meio Ambiente n. 4).

6. NOAA/NCEP/CPC. Disponível em:< http://www.cpc.ncep.noaa.gov/products/ana lys i s_moni to r ing / ensos tu f f /ensoyears.shtml> Acesso em: 7 fev.de 2007.

7. RODRIGUES, M.L.G.; MONTEIRO, M.Agricultura: sem saudades do último verão.Agropecuária Catarinense, Florianópolis,v. 18, n. 2, p. 37-40, jul. 2005.

como pode ser visto na Figura 2,foram observados percentuaispositivos de precipitação em algumdos meses entre setembro edezembro. Assim, a primaveraapresenta-se como a época demelhor distribuição de chuvas naregião de estudo.

Conforme as fases do Enosregistradas entre os anos de 2002 e2006 (Tabela 2), a maior parte dosperíodos de meses consecutivos comdéficit de chuva da Figura 2 ocorreuem fases de neutralidade dofenômeno (ausência de El Niño ouLa Niña), em meses de verão, outonoou inverno. Verifica-se, assim, queestiagens registradas em Chapecó,entre o verão e o inverno, nãoestão necessariamente associadasà La Niña.

Em meses de primavera, noentanto, confirmou-se o verificadonos estudos de Grimm et al. (1998) eLopes & Monteiro (2006), de que, emSanta Catarina, La Niña/El Niño têminfluência significativa nesta épocado ano. No período analisado (2002 a2006) ocorreu um único episódio deLa Niña em meses de primavera, nocaso em nov.-dez./2005, e neste foiverificada estiagem. Nos demais

meses de primavera, não houveinfluência de La Niña e também nãoocorreu estiagem. Entretanto, nosepisódios de El Niño da Tabela 2,registrados nas primaveras de 2002,2004 e 2006, as chuvas ficaram acimada média na região.

Durante a La Niña do verão/2006não foram observados mesesconsecutivos com chuva abaixo damédia, enquanto o El Niño esteveatuante no período de estiagem doverão/2005, indicando que ofenômeno Enos praticamente nãoinfluencia o regime de chuvas naregião em meses de verão.

Considerações finais

Em Chapecó, o agricultor precisaestar preparado para períodos deestiagem em qualquer época do ano,que não são raros na região. Ésempre aconselhável que acompanhea previsão climática para os próximosmeses, divulgada por centros demeteorologia, mas pode fazê-loconsiderando alguns aspectosabordados neste trabalho:

• Entre setembro e dezembro, oagricultor pode esperar uma boadistribuição de chuvas em Chapecó,

Tabela 1. Períodos com mais de 14 dias consecutivos sem chuva

em Chapecó, SC, entre 2002 e 2006

Data No de dias consecutivos Estação do ano

6/5 a 22/5/2003 17 Outono(1)

23/6 a 8/7/2003 16 Outono/inverno (1)

18/7 a 5/8/2003 19 Inverno(1)

16/3 a 2/4/2004 18 Verão(1)

26/1 a 10/2/2005 16 Verão(1)

26/5 a 11/6/2005 17 Outono

24/7 a 7/8/2005 15 Inverno

23/4 a 18/5/2006 26 Outono(1)

(1)Períodos caracterizados como de estiagem (Cruz et al., 2006).

Tabela 2. Eventos de El Niño e La Niña no período de 2002 a 2006

Ano El Niño La Niña

2002 Inverno/primavera

2003 Verão

2004 Primavera

2005 Verão Primavera

2006 Primavera Verão

Fonte: NOAA/NCEP/CPC (2007).

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53Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Aceito para publicação em 19/9/07.1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar _ Cepaf _ , C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone: (49)3361-0638, e-mail: [email protected]. florestal, M.Sc., Epagri/Cepaf, fone: (49) 3361-0617, e-mail: [email protected].

Caracterização, danos e manejo de pragasCaracterização, danos e manejo de pragasCaracterização, danos e manejo de pragasCaracterização, danos e manejo de pragasCaracterização, danos e manejo de pragasda oliveirada oliveirada oliveirada oliveirada oliveira

Luis Antonio Chiaradia 1 e Dorli Mário Da Croce2

O Brasil importa, anualmente,cerca de 60 mil toneladas deazeitonas em conserva e 20

mil toneladas de óleo de oliva(Datamark..., 2007), emboraexistam regiões com condiçõesedafoclimáticas favoráveis para ocultivo da oliveira (Olea europaeaL.) (Sistema..., 2007). Por isso, emdiversos Estados brasileiros,incluindo Santa Catarina, estãosendo conduzidos estudos paraviabilizar a exploração econômicadesta cultura.

Nas coleções de cultivares deoliveiras mantidas pela Epagri, emdiversos municípios do Estado deSanta Catarina, com freqüência,estão ocorrendo infestações datraça-da-oliveira Palpita persimilis(Monroe) (Lepidoptera: Pyralidae)(Figura 1), da cochonilha-pretaSaissetia oleae (Bernard) (Figura 2)e da cochonilha-parda Saissetiacoffeae (Walker) (Figura 3) (ambasHemiptera: Coccidae), quepermitem enquadrá-las como sendopragas potenciais desta cultura.

Este informativo tem porobjetivo reunir informações sobrea caracterização, bioecologia emanejo destas pragas, visandoauxiliar na identificação e naredução dos seus danos.

Traça-da-oliveira

A lagarta da traça-da-oliveira, P.persimilis, alimenta-se de brotos ede folhas, prejudicando odesenvolvimento das plantas ereduzindo a produção de azeitonas

do ano seguinte, pois as oliveirasfrutificam nos ramos formados noano anterior. Em elevados níveispopulacionais, esta praga podecausar danos também em gemas,botões florais e azeitonas (Prado etal., 2003).

A mariposa da traça-da-oliveiramede 23 a 30mm de envergadura,tem coloração predominantementebranca e possui asas semi-transparentes, com franjas namargem externa. No primeiro parde asas apresenta algumaspequenas manchas escuras e umafaixa de cor marrom-clara namargem anterior. As fêmeas põemcerca de 220 ovos, sendodepositados, individualmente, nasbrotações das plantas. Os ovos sãode cor esbranquiçada, tornando-seamarelados antes da eclosão daslarvas (Gallo et al., 2002; Prado etal., 2003).

As lagartas, inicialmente, são decoloração amarelo-esverdeada elocalizam-se, preferencialmente, naface inferior das folhas dasbrotações, protegendo-se emabrigos construídos com fios de seda.Nos estágios larvais mais avança-dos, as lagartas têm coloraçãoesverdeada, apresentam manchasescuras no dorso (Figura 4) ealimentam-se, inclusive, de folhasmais velhas, consumindo oparênquima foliar, mas semdestruir a epiderme da face superiordas folhas (Figura 5). São bastantemóveis e, quando molestadas,deixam-se cair facilmente. No finalda fase larval, as lagartas medem

20 a 25mm de comprimento.O ciclo biológico da traça P.

persimilis varia de 38 a 54 dias,sendo mais rápido nos períodos comtemperaturas elevadas e maiorincidência de chuvas, podendoocorrer até seis gerações anuais(Prado et al., 2003). A população datraça-da-oliveira, normalmente, émaior em plantas com brotaçõesvigorosas. Assim, os seus danos sãomais expressivos em mudas e emplantas novas, nos períodos quentese chuvosos, bem como nos anos demenor produção de azeitonas, poisas plantas têm maior crescimentovegetativo (Prado et al., 2003;Barranco et al., 2004).

O controle biológico da traça-da-oliveira ocorre, principalmente,pela ação de bichos-lixeiros(Neuroptera: Chrysopidae), vespasparasitóides (Prado et al., 2003) enematódeos (Figura 6). Apesar daação de inimigos naturais, nos

Figura 1. Adulto da traça-da-oliveira (Palpita persimilis)

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plantios de oliveira no Estado deSanta Catarina, até o momento, ocontrole biológico tem sidoinsuficiente para impedir aocorrência de surtos populacionaisdesta praga.

No Brasil, não existemagrotóxicos registrados para ocontrole das pragas da oliveira(Agrofit, 2007), impedindo arecomendação de inseticidas para omanejo de P. persimilis. Ensaiospreliminares em unidades depesquisa, utilizando produtosformulados com Bacillusthuringiensis, controlaram satisfa-toriamente as lagartas da traça-da-oliveira. Estes inseticidas sãoeficientes no controle de lagartasem geral e apresentam seletividadeà entomofauna benéfica.

Cochonilha-preta

A cochonilha-preta, S. oleae, éum inseto de hábito polífago deampla distribuição geográfica,infestando oliveiras e outras 150espécies vegetais (Prado et al.,2003). Esta praga suga a seiva eexcreta substâncias adocicadasconhecidas por “honeydew”,enfraquecendo as plantas efavorecendo o desenvolvimento dafumagina, doença que reduz afloração, frutificação e qualidadedas azeitonas (Tapia et al., 2003;Barranco et al., 2004).

A cochonilha-preta possui o corpocom formato oval, tem coloraçãovariando da marrom-clara àmarrom-escura e, na carapaça quecobre o seu corpo, apresenta

rugosidades que formam a letra H,característica morfológica quefacilita a sua identificação. Asfêmeas medem 2,5 a 4mm decomprimento e 1,5 a 3mm delargura. Os machos são menores epodem ser alados na fase adulta,embora a sua reprodução ocorra,principalmente, por partenogênese(Prado et al., 2003).

A cochonilha-preta é uma espécieprolífera, sendo que cada fêmea põe2.000 a 2.500 ovos. As ninfas surgemno final da primavera e no início doverão e em outonos quentes echuvosos, sendo oriundas de umasegunda geração anual do inseto(Prado et al., 2003). Nos primeirosestágios ninfais infestam a faceinferior das folhas e depois migrampara os ramos, onde se fixam,tornando-se sésseis (Prado et al.,2003; Tapia et al., 2003).

Cochonilha-parda

A cochonilha-parda, S. coffeae, éuma praga de hábito polífago queocorre em diversos países da

América do Sul (Gallo et al., 2002;Prado et al., 2003). Este inseto causao enfraquecimento das plantasdevido à contínua sucção de seiva efavorece o aparecimento dafumagina, reduzindo a produção e aqualidade das azeitonas (Tapia etal., 2003).

A fêmea da cochonilha-pardapossui o corpo globoso, com asmargens achatadas; mede cerca de3mm de comprimento, 2,5mm delargura e 2mm de altura; possui odorso liso e brilhante e sua coloraçãovaria da pardo-clara à pardo-escura.A reprodução deste inseto ocorre porpartenogênese, sendo que cada fêmeapõe aproximadamente 600 ovos (Galloet al., 2002; Parra et al., 2003).

Os ovos da cochonilha S. coffeaesão brilhantes, têm cor rosada eoriginam ninfas migratórias decorpo achatado e coloraçãoamarelada, surgindo no final doverão. As ninfas fixam-se, prefe-rencialmente, nas folhas novas, nospedúnculos e nos ramos finos. Estacochonilha, geralmente, incide emreboleiras, sendo a sua dispersãoentre plantas relativamente lenta(Prado et al., 2003; Tapia et al., 2003).

O controle biológico natural dacochonilha-preta e da cochonilha-parda ocorre, principalmente, pelaação de vespas-parasitóides einsetos predadores, caso dos bichos-lixeiros, larvas de sirfídeos(Diptera: Syrphidae) e joaninhas(Coleoptera: Coccinellidae), que sealimentam, preferencialmente, deninfas móveis (Prado et al., 2003).Apesar da ação de inimigos

Figura 2. Ramo de oliveira infestado pelacochonilha-preta (Saissetia oleae) e uma cochonilhamorta pela ação de parasitóide

Figura 3. Ramo de oliveira infestado pela cochonilha-parda (Saissetia coffeae)

Figura 4. Lagarta da traça-da-oliveira (Palpita persimilis)

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naturais, até o momento, em SantaCatarina, o controle biológico temsido insuficiente para impedir aocorrência de surtos populacionaisdestes insetos. Formigas “doceiras”,que ocorrem associadas com ascochonilhas alimentando-se dassuas excreções, protegem-nas dosinimigos naturais, prejudicando ocontrole biológico (Parra et al., 2003).

A poda das oliveiras ajuda areduzir a incidência de cochonilhas,pois plantas de copa densafavorecem o desenvolvimentodestes insetos. Por isso, adubaçõesnitrogenadas excessivas devem serevitadas porque provocam maiorcrescimento da folhagem. Por outrolado, plantas fracas, doentes e comdeficiência hídrica são maisprejudicadas pelo ataque decochonilhas (Tapia et al., 2003;Barranco et al., 2004).

A dispersão das cochonilhasocorre principalmente por mudasinfestadas. Em função disso,recomenda-se controlar estaspragas antes de plantar as mudasno local definitivo (Barranco et al.,2004). Aconselha-se também evitaro plantio de oliveiras em áreaspróximas de outras plantashospedeiras destes insetos, caso doscitros e da erva-mate (Parra et al.,2003; Chiaradia & Milanez, 2007).

Para o controle químico decochonilhas pode-se recorrer àaplicação de caldas formuladas com1% a 2% de óleo mineral ou 0,3% a0,5% de óleos vegetais, sendo asmenores doses recomendadas paraos períodos de maior insolação paraevitar fitotoxicidade. Estes inse-ticidas matam as cochonilhas porasfixia, causando poucos efeitos àentomofauna benéfica, sendo mais

aumento. O controle dascochonilhas deve ser direcionadoaos focos de infestação, evitandoque se dispersem para as outrasplantas (Tapia et al., 2003).

Uma alternativa, que é reco-mendada por Prado et al. (2003)para reduzir a população destascochonilhas nas oliveiras, consistena pulverização, até o gotejamento,de caldas formuladas com 0,5% dedetergentes líquidos, daquelesutilizados para lavar louças. Estacalda tem efeito tóxico para asninfas, devendo ser aplicada,mensalmente, no período deoutubro a fevereiro. Além de causara morte dos insetos, o detergenteajuda a remover a fumagina,melhorando a fotossíntese e arespiração das plantas.

O ataque de pragas às oliveirastende a aumentar com o incrementode áreas cultivadas. Pelo fato de aoliveira ser exótica, espécies daentomofauna nativa poderãoadaptar-se utilizando esta plantacomo um novo hospedeiro. Alémdisso, pragas acidentalmente

introduzidas poderão serbeneficiadas pela insuficiente açãode inimigos naturais e provocardanos superiores àqueles causadosem seus locais de origem.

Literatura citada

1. AGROFIT: sistema de agrotóxicosfitossanitários. Disponível em: <http:// e x t r a n e t . a g r i c u l t u r a . g o v . b r /agrofit_cons/principal_agrofit_cons>.Acesso em: 15 jul. 2007.

2. BARRANCO, D.; FERNANDEZ-ESCOBAR, R.; RALLO, L. El cultivodel olivo. 5. ed. Madrid: Mundi-PrensaLibros, 2004. 799p.

3. CHIARADIA, L.A.; MILANEZ, J.M.Pragas da erva-mate no Estado de SantaCatarina. Florianópolis: Epagri, 2007.38p. (Epagri. Boletim Técnico, 134).

4. DATAMARK: market intelligencebrazil. Disponível em: <http://w w w . d a t a m a r k . c o m . b r /a d m i n i s t r a t o r / s e c e x / p e s q u i s a /pesquisa_categoria.asp> Acesso em:20 jun. 2007.

5. GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRANETO, S. et al. Entomologia agrícola.Piracicaba, SP: Fealq, 2002. 920p.

6. PARRA, J.R.P.; OLIVEIRA, H.N.;PINTO, A.S. de. Guia ilustrado depragas e insetos benéficos dos citros.Piracicaba: A.S. Pinto, 2003. 140p.

7. PRADO, E.; LARRIN, P.; VARGAS, H.et al. Plagas del olivo, sus enemigosnaturales y manejo. Santiago: Inia,2003. 55p.

8. SISTEMA BRASILEIRO DE RES-POSTAS TÉCNICAS. Disponível em:<http://sbrt.ibict.br/upload/sbrt476.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2007.

9. TAPIA, F.C.; ASTORGA, P.M.;IBACACHE, A.G. et al. Manual delcultivo del olivo. La Serena: Inia, 2003.128p. (Boletin Inia, 101).

eficientes quando aplicados nocontrole de ninfas em estágiosiniciais de desenvolvimento (Galloet al., 2002). Deve ser evitada apulverização de óleos minerais noperíodo de fevereiro até a colheitadas azeitonas porque pode mancharas frutas (Prado et al., 2003).

Prado et al. (2003) recomendamo controle de cochonilhas quandoocorrer, em média, quatro ou maisespécimes por ramo de 40cm ouquando existir 10% de raminhosinfestados ou, ainda, na presençade pelo menos três ninfas móveispor folha, que podem ser facilmentevisualizadas com o uso de lentes de

Figura 5. Dano da traça-da-oliveira (Palpitapersimilis) em folhas de oliveira

Figura 6. Lagarta da traça-da-oliveira morta por umnematódeo

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Aceito para publicação em 18/9/07.1Eng. agr., Dr., Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar _ Cepaf –, C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, e-mail:[email protected]. agr., Ph.D., UFSC/Centro de Ciências Agrárias – CCA –, C.P. 476, 88040-900 Florianópolis, SC, e-mail: [email protected].

Sintomatologia

Os sintomas da antracnose sãovisualizados em toda a parte aéreada planta (Figura 1), porém as fo-lhas velhas são mais resistentes àinfecção que as novas (Drobny et al.,1984). Se forem utilizadas semen-tes contaminadas pelo patógeno,lesões marrom-escuras ou negraspodem aparecer nos cotilédones logoapós a emergência das plântulas.No caule e no pecíolo, observam-selesões de formato elíptico, deprimi-das e escuras. Nas folhas, os sinto-mas mais característicos são obser-vados na face inferior, comescurecimento ao longo dasnervuras, podendo também ocorrernecrose nas áreas adjacentes (Figu-ra 2). Nas vagens, onde os sintomassão mais típicos e fáceis de ser re-conhecidos, ocorrem lesões arre-dondadas, de coloração escura, de-primidas e de tamanho variável (Fi-gura 3). Sob condições de alta umi-dade relativa do ar, forma-se no cen-tro das lesões uma massa de colo-ração rósea que corresponde aosesporos (conídios) do fungo que seaglomeram nas estruturas defrutificação (acérvulos). Em casos deinfecção severa, algumas vagenspodem murchar e secar. Vagensinfectadas originam geralmente se-mentes infectadas que, por sua vez,podem se apresentar assintomáticasou exibir lesões escuras deprimidase de tamanhos variáveis.

Epidemiologia

O feijoeiro (Phaseolus vulgarisL.) é uma planta herbácea,que tem ciclo vegetativo de

61 a 110 dias. O Brasil é líder naprodução do feijoeiro comum (FAO,2007), e o Paraná é o principal pro-dutor (IBGE, 2007a). O Estado deSanta Catarina, embora seja umdos principais produtores do País,possui uma produtividade inferiora 1.300kg/ha, não condizente com opotencial de produção da cultura,que é superior a 3.000kg/ha (Silva,2007).

O feijoeiro pode ser afetado pe-las condições climáticas, as quaispodem favorecer o surgimento depragas e doenças, que em maior oumenor grau de importância podemafetar a produtividade (Vieira,1988). Dentro desse contexto, aantracnose vem se destacando, umavez que as condições climáticas, taiscomo temperatura e umidade, ge-ralmente são favoráveis à sua ocor-rência, podendo ocasionar perdas deaté 100%. A antracnose tambémocorre em outras espécies deleguminosas, porém as perdas sig-nificativas concentram-se somentena espécie Phaseolus vulgaris L.(Kimati, 1980; Sartorato, 2002).

A antracnose é causada pelo fun-go Colletotrichum lindemuthianum(Sacc. & Magn.) Scrib., o qual de-monstra ampla variabilidade gené-tica e dispersão em várias regiõesda Europa e América Latina. NoBrasil, já foram identificadas apro-ximadamente 25 diferentes raças dopatógeno (Rava et al., 1994).

Controle integrado da antracnose no feijoeiroJoão Américo Wordell Filho 1 e Marciel João Stadnik2

Figura 1. Lavoura de feijão(cultivar Carioca Precoce)apresentando ataque porantracnose

Figura 2. Sintomas do ataque deColletotrichum lindemuthianumnas nervuras da cultivar de feijãoCarioca Precoce

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As condições favoráveis ao de-senvolvimento da antracnose sãotemperaturas moderadas, entre 15e 22oC, associadas à alta umidaderelativa do ar, por um período de 6a 9 horas. O patógeno sobrevive em

restos de cultura e no interior dassementes, o que possibilita a suatransmissão de um cultivo paraoutro. A semente é o principal veí-culo de disseminação de C.lindemuthianum à longa distância.O fungo pode também ser dissemi-nado pelo vento e, principalmente,por respingos de água de chuva eirrigação por aspersão. O impactode gotas sobre os acérvulos é o fa-tor imprescindível para a dissemi-nação dos conídios, permanecendofortemente aderidos uns aos outrosnos acérvulos. A água dissolve asubstância responsável para man-ter a adesão dos conídios na massa.

Controle da antracnose

O poder destrutivo daantracnose torna imprescindível aadoção de medidas de controle efi-cazes para que o potencial produti-vo da cultura seja mantido. Medi-das culturais têm demonstrado efei-to limitado sobre o patógeno, en-

quanto que medidas de controlequímico são onerosas, podendoapresentar impacto negativo ao

ambiente, e dependentes de um con-junto de tecnologias que nem sem-pre estão disponíveis a um grandenúmero de produtores. Deste modo,a utilização de cultivares resisten-

tes pode representar a melhor al-ternativa de controle da antracnosepara o produtor de feijão, tanto doponto de vista econômico como doponto de vista ecológico. Entretan-

to, a alta variabilidade de C .lindemuthianum, bem como suaampla distribuição nas diversas re-giões produtoras, em particular noEstado de Santa Catarina, represen-

tam enormes obstáculos à durabili-dade da resistência das cultivarescomerciais (Alzate-Marin &Sartorato, 2004; Sartorato, 2006).As técnicas baseadas na utilização

de genes maiores e incorporadosisoladamente tornam a obtenção decultivares com resistência duradou-ra uma tarefa difícil. Apesar de nãose ter detectado resistência comple-

ta, alguns genótipos crioulos culti-vados em Santa Catarina apresen-tam maior nível de resistência àantracnose (Wordell Filho et al.,2005).

Embora uma doença específicapossa, em certos casos, ser contro-lada por uma única medida de con-trole, a complexidade de fatoresenvolvidos requer o uso de vários

métodos para alcançar controle ade-quado da mesma.

A seguir serão listadas algumasmedidas para o controle daantracnose.

• Cultivares resistentes têmsido o método mais apropriado paracontrolar a antracnose, particular-mente em países onde métodosalternativos são difíceis de ser

implementados (Medeiros, 2004).Ver a recomendação de cultivaresde feijão quanto à reação a C.lindemuthianum (Tabela 1).

• Utilizar a rotação varietalcomo forma de compensar as dife-renças nos níveis de resistênciaentre cultivares recomendadas; ésignificativa para evitar a perpetu-ação de algum patógeno importan-te ou mesmo evitar o surgimentode novas raças. Se possível, usardiferentes cultivares no mesmo cul-tivo que possuam diferentes genesde resistência à antracnose.

• Utilizar sementes de boa qua-lidade e livres de patógenos, poisimpedem tanto o estabelecimentode níveis elevados de inóculo inici-al quanto a introdução de novospatógenos e/ou raças fisiológicas.

• Tratar as sementes comfungicidas recomendados (Tabela 2).As sementes de feijão constituem-se em eficiente veículo de dissemi-nação dos patógenos causadores demanchas necróticas na parte aérea,destacando-se C. lindemuthianum(antracnose). A eficácia dosfungicidas registrados para o trata-mento de sementes de feijão depen-de da uniformidade de distribuiçãodos produtos sobre a semente, sen-do recomendável que o equipamen-to utilizado para semeadura sejaregulado com a semente já tratada.O tratamento de sementes dá maisuma garantia caso haja algum es-cape (presença de sementesinfectadas) no lote usado para a se-meadura.

• Realizar a rotação de culturas(2 a 3 anos) principalmente em áre-as onde se utiliza o sistema de se-meadura direta e com histórico dadoença. Quando os restos defeijoeiro não mais existirem, assu-me-se que o patógeno também nãomais estará presente na área, poisele não sobrevive no solo.

• Evitar altas densidades de se-meadura, respeitando a recomenda-ção para cada cultivar. Densidadesentre 200 mil e 250 mil plantas porhectare são recomendadas para amaioria das cultivares no Estado deSanta Catarina.

Figura 3. Vagens de feijãoapresentando cancros decorrentesdo ataque de Colletotrichumlindemuthianum

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• Realizar adubações de acordocom as recomendações técnicas paraa cultura do feijoeiro, a fim de evi-tar desequilíbrios nutricionais nasplantas.

• Respeitar a época ideal de se-meadura para cada região, evitan-do, quando possível, períodos mui-to chuvosos (Epagri, 2007).

• Manejar adequadamente asirrigações, evitando excesso ou in-suficiência de água durante o ciclodas plantas.

• Aplicação de fungicidas reco-mendados para a cultura. A utiliza-ção de fungicidas para o controle daantracnose exige planificação porparte da assistência técnica e/ouprodutor. Os produtos deverão serutilizados juntamente com as prá-ticas culturais já citadas,priorizando as doenças cujo poten-cial epidêmico for o mais relevantena região em que a lavoura estáestabelecida. Na escolha do produ-to é importante considerar o modode ação, grau de eficiência, persis-tência, aspectos toxicológicos, inter-valo de segurança, etc. Dados sobreprincípios ativos registrados paraa cultura poderão ser encon-trados no endereço: http://e x t r a n e t . a g r i c u l t u r a . g o v. b r /agrofit_cons/principal_agrofit_cons.

Literatura citada

1. ALZATE-MARIN, A.L.; SARTORATO,A. Analisis of the pathogenic variabilityof Colletotrichum lindemuthianum inBrazil. Annual Report of the BeanImprovement, Fort Collins, v. 47, p. 241-242, 2004.

2. DROBNY, H.G.; HOFFMANN, G.M.;AMBERGER, A. Influence of mineralnutrition on the predisposition ofPhaseolus vulgaris againstColletotrichum lindemuthianum(Sacc. Et Magn.) Br.et Cav. I. Effects ofdifferent mineral nutrients and leaf-age on the disease severity. Zeitschriftfur Pflanzenernahrung undBodenkunde, v. 147, p. 242-254, 1984.

3. EPAGRI. Avaliação de cultivares parao Estado de Santa Catarina 2007/2008.

Florianópolis, 2007. 156p. (Epagri. Bo-letim Técnico, 137).

Tabela 2. Princípios ativos registrados para o controle da antracnosedo feijoeiro através do tratamento de sementes

Nome técnico Dose de i.a./100kg Ação

de sementes (1)

------- g --------

Captan 100 Protetora

Carboxin + Thiram 80 a 205 Sistêmica/protetora

Difenoconazole 5 Sistêmica

Tolyfluanid 75 Protetora

Nota: i.a. = ingrediente ativo.(1)O produto comercial e a dose exata a ser utilizada devem seguir as recomendaçõesconforme registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa.Fonte: Rava (2007).

Tabela 1. Recomendação de cultivares para o Estado de Santa Catarinaquanto à reação a C. lindemuthianum

Cultivar Reação à antracnose

SCS 202 Guará MR

Rio Tibagi MS

FTS Ouro Negro MR

FTS Soberano MR

FTS Magnífico MR

FTS Nativo MR

BR Epagri 1 Macanudo MR

BRS Campeiro MR

BRS Grafite R

BRS Horizonte MR

BRS Pontal R

BRS Radiante R

BRS Requinte MR

BRS Supremo MR

BRS Timbó MR

BRS Vereda MR

Jalo Precoce S

BRS Valente R

Pérola R(1) S(2)

Diamente Negro MR

Notas: (R = resistente; MR = moderadamente resistente; S = suscetível; MS =moderadamente suscetível e SI = sem informação).(1)Resistente à raça Alfa Brasil Tus.(2)Suscetível às raças Alfa Brasil, Capa e Zeta.Fonte: (IBGE, 2007b).

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4. FAO. Faostat data-base gateway. Dis-poníve l em: <em: <http : / /a p p s . f a o . o r g / l i m 5 0 0nphsdgwrap.pl?Production.Crops.Primary & Domain=SU>. Acesso em:14 maio 2007.

5. IBGE. Sistema IBGE de recuperaçãoautomática. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/agric/default.asp?t=2&z=t&0=10&u1=1&u3=1&u4=1&u5=1&u6+1&u2=32>.Acesso em:13 abril 2007a.

6. IBGE. Zoneamento Agrícola de RiscoClimático: Cultivares de feijão – Safra2006/2007. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br.htm >. Acessoem: 12 abril 2007b.

7. KIMATI, H. Doenças do Feijoeiro(Phaseolus vulgaris L.) In:.GALLI, F.(Ed.). Manual de Fitopatologia. 2. ed.São Paulo: Agronômica Ceres, 1980.p. 297-302.

8. MEDEIROS, L.A. M. Resistência ge-nética do feijão (Phaseolus vulgaris L.)ao Colletotrichum lindemuthianum.2004. 84f. Tese (Doutorado em Agro-

nomia) – Universidade Federal de San-ta Maria, Santa Maria, RS, 2004.

9. RAVA, C.A. Embrapa: Fungicidas re-comendados para o feijoeiro: Tratamen-to de sementes de feijoeiro comum comfungicidas. Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/A g e n c i a 4 / A G 0 1 / a r v o r e /AG01_30_1311200215102.html>. Aces-so em: 12 abril 2007.

10.RAVA, C.A.; PURCHIO, A.F.;SARTORATO, A. Caracterização depatótipos de Colletotrichumlindemuthianum que ocorre em algu-mas regiões produtoras de feijoeirocomum. Fitopatologia Brasileira,Brasília, v. 19, p. 167-172, 1994.

11. SARTORATO, A. Determinação da va-riabilidade patogênica do fungoColletotrichum lindemuthianum(Sacc.) Scrib. In: CONGRESSO NACI-ONAL DE PESQUISA DE FEIJÃO 7.,2002, Viçosa, MG. Anais... Viçosa: UFV,2002. p. 114-116.

12. SARTORATO, A. Desafios no controlede doenças na cultura do feijoeiro naregião Centro-Oeste. Disponível em:<http://www.infobibos.com/artigos/2006-3/D3/index.htm>. Acesso em: 9dez. 2006.

13. SILVA, C.A.F. Feijão. Síntese Anual daAgricultura de Santa Catarina 2005/0 6 . D i s p o n í v e l e m < h t t p : / /cepa.epagri.sc.gov.br/publicações/sintese_2006/feijão_2006.pdf> Acessoem: 13 abril 2007.

14. VIEIRA, C. Doenças e pragas dofeijoeiro. Viçosa: Imprensa Universi-tária, 1988, 231 p.

15. WORDELL FILHO, J.A.; AQUILES, L.A. M. M.; MARTINS, D.A. et al. Com-portamento de genótipos crioulos defeijão à antracnose. In: Congresso Bra-sileiro de Agroecologia, 3., 2005,Florianópolis, SC. Anais. . .Florianópolis: Epagri, 2005. CD ROM.

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60 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

RRRRResposta da laranjeira esposta da laranjeira esposta da laranjeira esposta da laranjeira esposta da laranjeira ‘AçúcarAçúcarAçúcarAçúcarAçúcar’ à adubação orgânica à adubação orgânica à adubação orgânica à adubação orgânica à adubação orgânicae mineral em Latossolo na Re mineral em Latossolo na Re mineral em Latossolo na Re mineral em Latossolo na Re mineral em Latossolo na Região Oesteegião Oesteegião Oesteegião Oesteegião Oeste

de Santa Catarinade Santa Catarinade Santa Catarinade Santa Catarinade Santa Catarina

Aceito para publicação em 19/7/07.1Eng. agr., Dr., Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar – Cepaf –, C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone: (49) 3361-0600,e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Cepaf, e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Cepaf, e-mail: [email protected].

Elói Erhard Scherer1 , Luiz Augusto Ferreira Verona2 e Cristiano Nunes Nesi 3

Resumo – Esta pesquisa objetivou avaliar a influência da adubação orgânica e mineral na produção de laran-jas. O estudo foi conduzido no município de Maravilha em um pomar de laranja cultivar Açúcar, com plantas desegundo ano enxertadas sobre limão-cravo. O delineamento foi em blocos casualizados com parcelas subdivididas.Nas parcelas foram avaliados os estercos de aves e de suínos e nas subparcelas, adubação mineral (zero, doseintegral de N, dose integral de NPK e meia dose de NPK). Avaliou-se a produção e o número de frutos por plantade 2003 a 2006. Em 2006 foram realizadas análises foliares e de solo (zero a10cm). Houve respostas significativasem produção à aplicação de esterco e adubo mineral. Este efeito positivo deve ser creditado ao suprimento de N.A calagem e a adubação com P e K na implantação do pomar propiciaram boas produtividades nas quatro safrasiniciais. Os teores de nutrientes nas folhas estavam altos em todos os tratamentos. Repetidas aplicações deesterco e de adubo mineral na superfície do solo propiciaram o acúmulo de nutrientes na camada de zero a 10cme aumento do pH e MO com o uso de esterco de aves.Termos para indexação: Citrus sinensis , nutrição vegetal, adubação mineral, estercos.

Response of ‘Açúcar’ orange trees to mineral and organic fertilizationin Western Santa Catarina, Brazil

Abstract – The aim of this study was to investigate the influence of organic and mineral fertilization on orangeyield (Citrus sinensis Osbeck cultivar Açúcar) grafted on Rangpuor lime (Citrus limonia Osbeck). The experimentwas carried out in a 2 years old ‘Açúcar’ orange orchard. A complete randomized block design was used, with asplit-plot distribution of the treatments and three replications. The treatments were pig slurry and broiler litterhouse in the plots, and doses of NPK mineral fertilization in the subplots. Fruit yield was evaluated from 2003 to2006, while leaves and soil (zero to 10cm) were analysed in 2006. Significant yield responses to manure andmineral fertilizer were observed. The positive response to organic and full mineral fertilizer dose can be attributedmainly to N. Liming, P and K application before planting were sufficient to provide adequate foliar nutrientconcentration and fruit yield. Nutrient levels in the leaves were high in all treatments. Annual surface applicationof manure and mineral fertilizer increased nutrient availability in the top soil layer (zero to 10cm) and poultrymanure increased also soil pH and organic matter.Index terms: Citrus sinensis, plant nutrition, mineral fertilization, manure.

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Introdução

O cultivo de laranja sofreu sen-sível expansão de área na RegiãoOeste de Santa Catarina na últimadécada, constituindo-se em umaimportante alternativa econômicapara muitas das pequenas proprie-dades rurais com pouca áreaagricultável e que empregam essen-cialmente mão-de-obra familiar.

Entre os fatores de produção, osuprimento equilibrado de nutrien-tes via adubação é, na maioria doscasos, o meio mais rápido de aumen-tar a produtividade dos citros(Malavolta & Violante Netto, 1988).A falta ou o excesso de determina-dos nutrientes pode prejudicar aprodução e a qualidade dos frutos(Malavolta & Violante Netto, 1988;Quaggio, 1992; Quaggio et al., 2005).

Embora muitos trabalhos já te-nham demonstrado os efeitos posi-tivos da adubação em citros, os re-sultados de pesquisas nas principaisregiões citrícolas do País são bas-tante divergentes, principalmenteno que se refere aos efeitos de do-ses, fontes, formas e freqüência deaplicação de adubos (Goepfert et al.,1987; Fidalsky et al., 1999; Sobralet al., 2000; Quaggio et al., 2005).

No Rio Grande do Sul, Goepfertet al. (1987) verificaram, em umestudo de 8 anos com laranja‘Valência’, aumento do número defrutos e do peso total da produção,indicando a necessidade de aplicar-se N, P e K. Panzenhagen et al.(1999), em um estudo com a tange-rina ‘Montenegrina’, observaramefeito positivo da adubação minerale orgânica sobre a produção de fru-tos em seis safras.

No Estado de São Paulo,Quaggio (1992) observou respostapositiva da laranjeira à adubaçãocom NPK em dois solos da regiãocitrícola. A máxima produtividadede frutos foi alcançada com a apli-cação de 220kg de N/ha, enquantoque para P e K a resposta foi linear

até a aplicação de 140kg/ha de cadanutriente. Ainda em São Paulo,Almeida & Baumgartner (2002), emum experimento de 3 anos com la-ranja ‘Valência’, evidenciaram res-posta positiva à adubação com NKapenas em uma das safras em queocorreram fatores climáticos adver-sos. Donadio et al. (1987), em umexperimento com calagem, aduba-ção mineral e orgânica, não obser-varam efeito da adubação sobre aprodução de frutos nas primeirastrês safras. Também Duenhas et al.(2005) não constataram efeitos dafertirrigação e da adubação conven-cional sobre a produção de frutos delaranja cultivar Valência.

Grande parte dessas pesquisasfoi desenvolvida em solos com tex-tura franco-arenosa, que são os pre-dominantes nestas regiõescitrícolas (SP e RS), o que contras-ta com os solos da Região Oeste deSanta Catarina, de origem basálticae argilosos. Esta pesquisa teve porobjetivo estudar a influência da adu-bação orgânica e mineral na produ-ção de laranjas ‘Açúcar’ enxertadassobre limão-cravo.

Material e métodos

O experimento foi implantadoem 1999, em um pomar de laranja‘Açúcar’ de segundo ano enxertadasobre limão-cravo, no município deMaravilha, SC. O solo é classificadocomo Latossolo VermelhoDistroférrico típico, que por ocasiãodo plantio das mudas havia recebi-do calagem e adubação corretivanas quantidades recomendadas paraa região (Sociedade..., 1995). O po-mar foi instalado no espaçamento 5x 6m. A unidade experimental eracomposta de 15 plantas, com utili-zação das três centrais (plantasúteis) para avaliação da produção.

O delineamento experimentalfoi em blocos casualizados, com tra-tamentos em parcelas subdivididase três repetições. Nas parcelas prin-

cipais foram avaliadas duas fontesde esterco (suínos e aves) e umatestemunha (sem adubo), e nassubparcelas, quatro variantes comadubo mineral: sem adubo, somen-te N na dose recomendada, NPK nadose recomendada e metade da doseNPK recomendada (Sociedade...,1995). O tratamento com a dose re-comendada constou da aplicaçãoanual de 240g de N, 180g de P2O5 e220g de K2O por planta. Os ester-cos foram aplicados na dose de 10kg/planta (cama de aviário) e 120L/planta (esterco líquido de suínos).Os adubos minerais e o esterco deaves foram aplicados na projeção dacopa, enquanto que o esterco desuínos foi aplicado em faixa lateraljunto à linha de plantas. O estercode aves, o P e o K minerais foramaplicados em dose única no mês desetembro. O N e o esterco de suí-nos foram parcelados, aplicando-semetade em setembro e o restanteem dezembro. Para aplicação doesterco de suínos foi utilizado dis-tribuidor tanque, e os demais adu-bos foram aplicados manualmente.Algumas características dos ester-cos utilizados são apresentadas naTabela 1.

A colheita de frutos foi realizadaem junho/julho nas safras de 2003a 2006, determinando-se o peso e onúmero total de frutos das plantasúteis. Em fevereiro de 2006, foramrealizadas análises foliares, coletan-do-se a terceira folha do ramo a par-tir do fruto, num total de 24 folhaspor parcela (duas folhas porquadrante de cada planta útil). Emjulho de 2006, foram coletadasamostras de solo na profundidadede zero a 10cm. As análises foramrealizadas utilizando-se metodologiade Tedesco et al. (1995). Os dadosde rendimento de frutos (número epeso) e os teores dos nutrientes nosolo e nas folhas foram submetidosà análise de variância conjunta en-tre as safras para rendimento defrutos. As médias foram compara-das pelo teste de Tukey a 5%.

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Tabela 2. Produção e número de frutos por planta de laranjeira cultivarAçúcar, com adubação orgânica e mineral (média de quatro safras)

Adubação mineral(1)

Adubação orgânica

Sem N ½ NPK (2) 1 NPK(2)

-----------------------kg/planta---------------------

Sem 55 Bb 73 Aa 66 Aab 70 Aa

Esterco de aves 80 Aa 75 Aa 79 Aa 78 Aa

Esterco de suínos 73 Aa 81 Aa 77 Aa 82 Aa

--------------------Frutos/planta-----------------

Sem 379 Bb 506 Aa 447 Aab 484 Aab

Esterco de aves 518 Aa 482 Aa 522 Aa 521 Aa

Esterco de suínos 486 ABa 533 Aa 522 Aa 539 Aa

(1)Médias seguidas de letras diferentes maiúsculas na coluna e minúsculas nalinha têm mais de 95% de probabilidade de serem diferentes pelo teste de Tukey.(2)Meia dose e dose integral de adubo NPK recomendada pela Sociedade....(1995).

Tabela 1. Teores médios de nutrientes e de matéria seca (MS) das fontesde esterco utilizadas

Fonte N P2O5 K2O MS (%)

Esterco líquido de suínos (kg/m3) 3,52 2,56 1,54 3,6

Esterco de aves (kg/t) 32,4 23,4 34,2 79,5

Resultados e discussão

São apresentados na Tabela 2 osdados médios de produção de frutosdas quatro safras (2003 a 2006).Observa-se que tanto a adubaçãomineral como a orgânica propicia-ram aumentos de produção em re-lação à testemunha. O número defrutos por planta foi influenciadosignificativamente pela adubaçãomineral e pelo esterco de aves. Naausência de adubação orgânica, to-dos os tratamentos com adubaçãomineral, exceto aquele com meiadose de NPK, diferiram significati-vamente da testemunha, mas nãodiferiram entre si para peso de frutos.

Os dados mostram que, quandoda utilização de esterco, a adubaçãomineral não influenciou significati-vamente a produtividade de frutose que a recíproca é verdadeira, ouseja, quando da utilização de adubomineral não houve resposta à adu-bação orgânica. Isso mostra queexiste efeito de substituição entreestas fontes de adubo, não havendovantagem em produção de frutospara utilização combinada destasfontes (orgânica e mineral) nas do-ses avaliadas.

Como o tratamento com utiliza-ção única de N não diferiu signifi-cativamente daquele com aplicaçãoda dose integral de NPK, fica evi-

dente que a maior parte da respos-ta da cultura à adubação deve seratribuída ao suprimento de N, adi-cionado tanto pela fonte mineralcomo pelos estercos. Resultados deMagalhães e Cunha, (1983),Panzenhagen et al. (1999) e Obreza(2007) mostram que pomares quereceberam adequada adubaçãofosfatada e potássica por ocasião desua implantação só responderam àaplicação de N nos primeiros anos.As adubações fosfatada e potássica,no geral, apresentam um bom efei-to residual no solo, suprindo as ne-cessidades das plantas nos primei-ros anos de cultivo. Por outro lado,quando os teores de P e K no soloestão baixos e não foi realizada ne-nhuma adubação corretiva, aplica-ções anuais desses nutrientes sãonecessárias (Goepfert et al., 1987;Quaggio, 1992; Sobral et al., 2000).

A análise de solo (Tabela 3), rea-lizada após 8 anos de aplicação dostratamentos, mostrou que o ester-co de aves aumentou os valores deP e K disponíveis, pH, matéria or-gânica, Ca trocável e Zn, mas redu-ziu a disponibilidade de Cu. Estesresultados estão de acordo com osobtidos por outros autores(Nuernberg & Stammel, 1989;Rauber et al., 2007), principalmen-te quando da utilização intensiva deesterco. Rauber et al. (2007) tam-bém constataram redução da dispo-nibilidade de Cu no solo com a utili-zação de esterco de aves. Eles atri-buíram o fato à menor solubilidadedo elemento em pH mais elevado.A adubação mineral apresentou efei-to positivo apenas sobre os teoresde K, cujos tratamentos com essenutriente diferiram significativa-mente dos demais (dados não apre-sentados). A interação entre aduba-ção orgânica e mineral não foi sig-nificativa para nenhuma das variá-veis analisadas.

O efeito positivo do esterco deaves sobre um maior número decaracterísticas do solo em compa-

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ração ao esterco de suínos, que in-fluenciou apenas os teores de Cu eZn, pode estar relacionado à quali-dade do esterco (Tabela 1) e, princi-palmente, à forma de aplicação dosadubos. Enquanto o esterco de avesfoi aplicado de forma mais concen-trada somente na projeção da copadas plantas, o esterco de suínos foiaplicado em faixa, abrangendo umamaior área, diluindo seu efeito.

Os tratamentos com adubaçãoorgânica e mineral influenciaramsignificativamente apenas os teoresK e Ca na folha (Tabela 4). Os mai-ores teores de K na folha foram ob-servados com a utilização de adu-bação mineral integral (NPK), in-dependentemente da aplicação deesterco. Os menores teores de Cana folha (35,2g/kg) foram observa-dos quando da utilização combina-

da de esterco de suínos com doseintegral de NPK.

Todos os nutrientes apresenta-ram concentração foliar superior àfaixa de suficiência (Sociedade...,2004), à exceção do Zn, com teoresinferiores a 35mg/kg, consideradosdeficientes. Isso mostra que a ferti-lidade natural do solo, a calagem ea adubação corretiva, realizadas porocasião da implantação do pomar,propiciaram teores suficientes des-ses nutrientes para suprir a neces-sidade das plantas nesses 8 primei-ros anos. Resultados semelhantesforam constatados por Fidalski etal. (1999) com a cultivar Pêra emum Latossolo Vermelho Escuro doNoroeste do Paraná e por Duenhaset al. (2005), com a cultivar Valência,no Estado de São Paulo, que justifi-cam os altos teores na folha e pou-

ca resposta à adubação pelo fato dea maioria dos solos de pomares adul-tos de citros apresentarem teoresde nutrientes acumulados de ferti-lizações anteriores. Mesmo combaixos teores de P disponíveis nosolo, Obreza (2007) constatou altosteores de P na folha em laranjeira‘Hamlin’.

Os teores de N na folha, mesmona testemunha que não recebeuadubação nesses 8 anos, encontra-vam-se no limite superior da faixade suficiência (Sociedade..., 2004).Por sua vez, os teores de P, que va-riaram de 1,2 a 1,3g/kg, independen-temente do tratamento, estavampróximos do limite inferior da faixade suficiência e permitem supor quea adubação fosfatada anual, aplica-da na superfície do solo sem incor-poração, não foi adequadamente

Tabela 3. Valores de pH e teores de nutrientes no solo do pomar de laranjeira ‘Açúcar’ após 8 anos comadubação orgânica e mineral

Adubação Teores no solo(1)

Orgânica Mineral pH P K MO Ca Mg Zn Cu

--mg/L-- --%-- --cmolc/L-- ---mg/L---

Sem Sem 5,3 10 128 3,5 4,0 1,5 3,8 28,7

N 4,9 11 129 3,4 3,8 1,6 2,9 19,6

½ NPK(2) 4,8 22 233 3,5 2,3 0,7 5,7 18,4

1 NPK(2) 4,8 32 296 3,4 2,4 0,7 9,4 19,7

Média 5,0B 19B 197B 3,5AB 3,1B 1,1A 5,5C 21,6A

Esterco Sem 6,2 191 370 3,6 9,1 2,9 30,1 12, 9

de aves N 6,3 214 436 3,7 9,8 2,4 25,1 9,2

½ NPK 6,5 165 468 3,7 10,5 3,0 23,6 10,2

1 NPK 6,3 202 494 3,8 9,3 2,0 25,2 12,1

Média 6,3A 193A 442A 3,7A 9,7A 2,6A 26,0A 11,1B

Esterco Sem 5,2 27 153 3,3 4,2 1,7 17,6 30,7

de suínos N 4,7 19 138 3,3 2,0 0,7 11,2 24,4

½ NPK 4,8 43 264 3,4 2,6 0,9 14,7 23,7

1 NPK 5,0 69 369 3,2 3,7 1,6 17,7 22,9

Média 4,9B 40B 231B 3,3B 3,1B 1,2A 15,3B 25,4A

(1)Médias seguidas de letras diferentes na coluna têm mais de 95% de probabilidade de serem diferentes pelo teste de Tukey.(2)Meia dose e dose integral de adubo NPK recomendada pela Sociedade... (1995).

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3. DUENHAS, L.H.; VILLAS BOAS, R.L.;SOUZA, C.M.P. et al. Produção,qualidade dos frutos e estadonutricional da laranja valência sobfertirrigação e adubação convencional.Engenharia Agrícola, v. 25, p. 154-160, 2005.

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aproveitada pelas plantas. O P, porser um elemento que apresentapouca mobilidade no solo, acumu-la-se na superfície (Guertal et al.,1991; Franchini et al., 2000), fican-do pouco acessível às raízes da plan-ta. Cabe destacar que as novas re-comendações de adubação para acultura (Sociedade..., 2004) indicama utilização de maiores quantidadesde P na implantação do pomar, re-duzindo as doses de manutenção.

Conclusões

Em pomares que receberam adu-bação corretiva com P e K, a laranjei-ra nos primeiros anos mostrou respos-ta somente à aplicação de N, tanto naforma mineral como orgânica.

Nas doses avaliadas, a adubaçãoorgânica e mineral apresentam efei-to de substituição, não havendo ne-nhum efeito complementar.

A calagem e a adubação correti-va, realizadas na implantação dopomar, contribuíram para que todosos nutrientes, com exceção do Zn,apresentassem concentração foliarsuperior à faixa de suficiênciaestabelecida pela Comissão de Fer-tilidade do Solo, sem haver efeitoda adubação de manutenção.

Em relação à testemunha semadubação, a aplicação superficial dosadubos minerais e orgânicos resul-ta em acúmulo de nutrientes nacamada superficial do solo (zero a10cm) e, no caso do esterco de aves,também em aumento de pH e dosteores de matéria orgânica.

Agradecimentos

Os autores agradecem aos téc-nicos da Cooperativa Central OesteCatarinense, da Coper A1 e daAccacitros, pela colaboração na exe-cução desse trabalho.

Tabela 4. Teores foliares de nutrientes em laranjeira ‘Açúcar’ após 8 anos com adubação orgânica e mineral

Teores foliares(1)

AdubaçãoOrgânica Mineral K Ca N P Mg B Mn Zn

--------------------------g/kg---------------------------- -------mg/kg-------

Sem Sem 11,4 Abc 43,2 Aa 28,0 1,2 4,8 69,7 32,0 24,3

N 8,8 Bc 47,4 Aa 28,4 1,2 4,7 75,7 47,3 20,7

½ NPK(2) 13,3 Aab 39,6 Aa 28,6 1,3 4,6 63,7 46,3 23,3

1 NPK(2) 15,2 Aa 42,4 Aa 30,2 1,2 4,6 53,3 50,7 24,7

Esterco Sem 11,0 Ab 44,7 Aa 28,9 1,3 5,1 76,7 43,3 25,0

de aves N 13,3 Aab 43,3 Aa 30,5 1,3 4,7 61,7 47,3 21,3

½ NPK 14,3 Aab 40,7 Aa 30,7 1,3 4,4 64,7 38,7 23,3

1 NPK 16,3 Aa 41,3 Aa 30,5 1,3 4,7 62,0 46,7 21,0

Esterco Sem 10,3 Ab 48,2 Aa 26,8 1,2 5,5 76,7 46,7 26,7

de suínos N 13,5 Aab 45,7 Aa 30,5 1,3 5,5 57,7 56,0 24,3

½ NPK 12,3 Aab 42,7 Aab 28,6 1,2 5,0 68,3 51,7 25,0

1 NPK 14,4 Aa 35,2 Ab 31,1 1,3 4,4 63,0 56,3 23,7

(1)Médias seguidas de letras diferentes maiúsculas (comparação entre adubação orgânica dentro de cada adubação mineral) eminúsculas (comparação entre adubações minerais dentro de cada adubação orgânica) têm mais de 95% de probabilidade de seremdiferentes pelo teste de Tukey.(2)Meia dose e dose integral de adubo NPK recomendada pela Sociedade... (1995).

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66 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Incidência de machos adultos de traça-Incidência de machos adultos de traça-Incidência de machos adultos de traça-Incidência de machos adultos de traça-Incidência de machos adultos de traça-dododododo-tomateiro-tomateiro-tomateiro-tomateiro-tomateironos sistemas de produção convencional enos sistemas de produção convencional enos sistemas de produção convencional enos sistemas de produção convencional enos sistemas de produção convencional e

integrada de tomates em Caçadorintegrada de tomates em Caçadorintegrada de tomates em Caçadorintegrada de tomates em Caçadorintegrada de tomates em Caçador, SC, SC, SC, SC, SC

Aceito para publicação em 11/10/07.1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Caçador, C.P. 591, 89500-000 Caçador, SC, fone: (49) 3561-2035, e-mail:[email protected]. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Caçador, e-mail: [email protected]. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Caçador, e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Caçador, e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Bio Controle – Métodos de Controle de Pragas Ltda, Rua João Anes, 117, Lapa, 05060-020 São Paulo, SP, e-mail:[email protected].

Janaína Pereira dos Santos1, Walter Ferreira Becker2,Anderson Fernando Wamser3, Siegfried Mueller4 e Fabrizio Romano5

Resumo – Este estudo teve como objetivo verificar a ocorrência de machos adultos da traça-do-tomateiro (Tutaabsoluta) nos sistemas de produção convencional (PCT) e integrada de tomates (PIT), capturados em armadilhascom feromônio sexual. O estudo foi desenvolvido na Epagri/Estação Experimental de Caçador, SC, nos anosagrícolas 2005/06 e 2006/07, em duas áreas de tomateiro da cultivar Alambra, uma conduzida no sistema de PCTe outra no sistema de PIT. Nas duas áreas, foram coletados frutos para avaliar danos da traça. No ano agrícola2005/06, nas duas áreas, a maior captura de adultos ocorreu no final de março, sendo que durante todo o período,na área de PCT, ocorreu maior captura de adultos/armadilha em relação à área conduzida no sistema de PIT. Noano agrícola 2006/07, observou-se o mesmo comportamento; no entanto, no final do ciclo ocorreu maior capturade adultos/armadilha na área de PIT em relação a PCT. Houve aumento da população da praga nas duas áreas nofinal do ciclo dos dois anos agrícolas devido às condições climáticas favoráveis ao inseto e à diminuição dasaplicações de inseticidas.Termos para indexação: Tuta absoluta, Lycopersicum esculentum, monitoramento de pragas.

Incidence of adult males of tomato moth in conventional and integratedtomato production systems in Caçador, SC

Abstract - This study aimed to verify the occurrence of adult males of tomato moth leafminer (Tuta absoluta)in conventional and integrated tomato production systems, caught in sexual pheromone traps. During thecropping seasons of 2005/06 and 2006/07, a field study was carried out at Epagri Experimental Station, in Caçador,SC. Two systems of tomato production were tested: conventional and integrated, using the cultivar Alambra. Inboth areas fruits were collected to evaluate damages caused by tomato moth leafminer. During the season 2005/06, in both areas, the greater capture of adults occurred at the end of March. There was a greater capture ofadults/trap in the conventional area than in the integrated area. In 2006/07, the same behavior was observed.However, at the end of the cropping season there were more adults/trap in the integrated area than in theconventional area. There was an increase in the population of the pest in the two areas at the end of the cycleof the two harvests, due to the favorable climatic conditions to the insect and the reduction of insecticideapplication.Index terms: Tuta absoluta, Lycopersicum esculentum, tomato moth leafminer, pest monitoring.

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67Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Introdução

A descrição da variação tempo-ral no número de indivíduos é umfator importante para identificar eentender os fatores que influenciama flutuação de uma população(Begon & Mortimer, 1986). O conhe-cimento destes processos permiterealizar previsões das variaçõespopulacionais, o que pode ser utili-zado no manejo de populações, como objetivo de conservar ou contro-lar populações eruptivas (Begon &Mortimer, 1986; Begon et al., 1990).

A traça-do-tomateiro, Tuta abso-luta (Meyrick) (Lepidoptera:Gelechiidae), é uma “praga-chave”do tomateiro no Brasil e em váriospaíses da América do Sul devido aosdanos causados e à dificuldade decontrole (Imenes et al., 1990). Aslagartas minam as folhas e as has-tes e broqueiam os frutos, tornan-do-os inviáveis para acomercialização (Haji et al., 1982).As folhas minadas tornam-senecrosadas e as plantas danificadasapresentam porte reduzido esuperbrotamento (Gravena &Benvenga, 2003).

O Alto Vale do Rio do Peixe éuma importante região produtorade tomate do Estado de SantaCatarina, onde existem produtoresque realizam até 60 pulverizaçõesdurante a safra para controlar pra-gas e doenças. No controle da tra-ça, muitos produtores realizam pul-verizações preventivas de insetici-das, às vezes em excesso,desconsiderando o nível deinfestação da praga ou as condiçõesclimáticas favoráveis ao inseto. Deacordo com Gravena & Benvenga(2003), o uso intensivo de insetici-das para o controle da traça-do-to-mateiro induz o aparecimento depopulações resistentes, além dedeixar resíduos tóxicos nos frutos.

As condições climáticas influen-ciam a dinâmica populacional deinsetos (Risch, 1987). Haji et al.

(1988) e Castelo Branco (1992) veri-ficaram que a precipitaçãopluviométrica é a variávelmeteorológica que apresenta mai-or influência na flutuaçãopopulacional da traça-do-tomateiro,pois o desenvolvimento da praga éfavorecido na ausência ou escassezde chuvas.

Picanço et al. (1995) estudaramo efeito do tutoramento vertical econvencional de plantas de tomatei-ro sobre os danos de T. absoluta everificaram que a partir dos 75 diasapós o transplantio não houve dife-rença entre os sistemas de condu-ção na porcentagem de frutos bro-cados. Picanço et al. (1996) verifica-ram que o tutoramento vertical deplantas de tomateiro diminuiu obroqueamento de ápices caulinarespela traça em cerca em 5%. Estesautores comentam que a aplicaçãode defensivos é mais eficiente nosistema vertical, que possibilitamelhor espelhamento na parte in-terna das plantas, favorecendo ocontrole da praga.

Gravena & Benvenga (2003) re-comendam que as aplicações de in-seticida iniciem quando forem de-tectados 25% de ponteiros com ovosou lagartas ou 25% de folhas compresença de lagartas ou 5% depencas com frutos de até 2cm dediâmetro, com presença de ovos.Gomide et al. (2001) definiram onível de controle para a traça-do-tomateiro de uma mina para cadatrês folhas examinadas por planta,em 2m de fileiras da cultura.

Apesar das dificuldades encontra-das no controle das principais pra-gas do tomateiro, exigindo geral-mente a adoção de controle quími-co, é possível associar medidas cul-turais, biológicas e físicas (Pratissoli& Parra, 2001).

Na agricultura, os feromôniospodem ser utilizados para omonitoramento ou controle de pra-gas. No monitoramento são utiliza-dos em armadilhas, na forma de

cápsulas difusoras de feromônio se-xual sintético específico, que sãosubstâncias utilizadas por machose fêmeas durante o acasalamento(Santos, 2007). O aumento dainfestação da traça-do-tomateiro afe-rido pela captura de mariposas emarmadilhas de feromônio paramonitoramento pode ser observadonas plantas através do aumento nonúmero de minas e lagartas(Gomide et al., 2001). Desta manei-ra, a quantidade de insetos captu-rados nas armadilhas pode indicarum provável prognóstico do ataqueda praga (Matta & Ripa, 1981), tor-nando possível uma definição maiscriteriosa das estratégias de contro-le (Benvenga et al., 2007). Nestecontexto, Santos (2007) comenta queo monitoramento das pragas é fun-damental para embasar o controle,pois permite acompanhar a incidên-cia e os danos das pragas, facilitan-do a tomada de decisão de controleno momento adequado.

O manejo integrado de pragaspode ser importante no sistema deprodução da cultura do tomate, vis-to que o seu controle se fundamen-ta em amostragens para determi-nar a intensidade do ataque da pra-ga (Gomide et al., 2001; Benvengaet al., 2007), bem como na sua di-nâmica populacional (Bavaresco etal., 2005). Pela escassez de informa-ções relacionadas com a dinâmicapopulacional de T. absoluta nosplantios de tomate na região deCaçador, SC, este trabalho tevecomo objetivo verificar a ocorrên-cia de machos adultos da traça-do-tomateiro (Tuta absoluta ) nos sis-temas de produção convencional(PCT) e integrada de tomates (PIT),através da captura em armadilhascom feromônio sexual.

Material e métodos

O estudo foi desenvolvido naEpagri/Estação Experimental deCaçador, SC (26 o49’07’’Sul e

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68 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

50o59’06’’Oeste), durante os anosagrícolas 2005/06 e 2006/07, emduas áreas cultivadas com tomatei-

ro, sendo uma conduzida no siste-ma de produção convencional (PCT)e outra no sistema de produção in-tegrada (PIT), ambas localizadas a960m de altitude.

A PCT foi baseada nas práticasde manejo tradicionalmente empre-gadas pelos tomaticultores da re-gião, como preparo convencional dosolo, aplicação sistemática de defen-

sivos e tutoramento cruzado deplantas. A PIT foi baseada em nor-mas preestabelecidas pelos pesquisa-dores, tomaticultores e técnicos daregião, incluindo o plantio direto, a

aplicação de defensivos conforme sis-temas de previsão de doenças,monitoramento de insetos-praga etutoramento vertical de plantas.

A ocorrência de adultos da tra-

ça-do-tomateiro foi monitorada noperíodo de dezembro de 2005 a mar-ço de 2006 e de novembro de 2006 amarço de 2007.

Para monitorar a população de

adultos da traça foram instaladas,nos vértices opostos de cada área,duas armadilhas modelo Delta con-tendo feromônio sexual sintéticoespecífico (E,Z,Z)-3,8,11-acetato de

tetradecatrienila, que foi impregna-do em septos de borracha utilizadoscomo evaporador de feromônio (BioControle – Métodos de Controle dePragas Ltda, São Paulo, SP). Nas

armadilhas de captura de traça fo-ram atraídos apenas os machos dapraga, tendo em vista que a subs-tância liberada pelo septo de bor-racha era o feromônio sexual sin-

tético das fêmeas.As armadilhas foram fixadas em

haste de bambu na altura das plan-tas, sendo elevadas gradativamenteà medida que as plantas cresciam,

até a altura de 1,2m acima do níveldo solo. Os septos foram substituí-dos a cada 20 dias, enquanto que opiso adesivo foi trocado quando ha-

via acúmulo de sujeira capaz de pre-judicar a captura dos insetos. Asinspeções foram realizadas sema-nalmente. Os adultos capturados nasarmadilhas foram contados e retira-

dos com auxílio de uma espátula.No ano agrícola 2005/06, a área

de PCT foi de 168,3m² e o métodode condução adotado foi o tutoradocruzado com bambu (“V invertido”).

A área de PIT totalizou 190,8m² e osistema de condução foi o tutoradovertical com bambu. Para avaliar osdanos da traça, foram coletados decada área todos os frutos de quatro

fileiras de 30m de comprimento, sen-do as bordaduras desconsideradas.

No ano agrícola 2006/07, as áre-as de PCT e PIT representaram,respectivamente, 405 e 403m². O

método de condução utilizado naárea de PCT foi o tutorado cruzadocom bambu (“V invertido”) e na áreade PIT foi o tutorado vertical comfitilho. Para avaliar os danos da tra-

ça, foram coletados na área de PCTos frutos de oito fileiras de 27m ena área de PIT os frutos de 12 filei-ras de 19m. Nos dois anos agrícolasa cultivar utilizada foi a Alambra,

com plantas arranjadas noespaçamento de 1,5 x 0,6m, irrigadaspor gotejamento.

Na área de PCT realizou-se ocontrole de insetos-praga conforme

calendário preestabelecido, aplican-do inseticidas em cobertura a cada7 dias, normalmente das classestoxicológicas I e II. A área destina-da à PIT foi conduzida com base no

número de insetos capturados nasarmadilhas. Quando o nível de con-trole atingiu 20 machos adultos/ar-madilha, utilizaram-se inseticidaspreferencialmente das classes

toxicológicas III e IV (Tabelas 1, 2 e 3).Os inseticidas utilizados para o

controle da traça foram Bacillusthurigiensis, Diflubenzuron, Tebufe-nozide e Teflubenzuron. Cabe res-

saltar que esses inseticidas tambémforam utilizados para o controle de

outros insetos. Além disso, outrosprincípios ativos de inseticidas fo-ram utilizados no decorrer das sa-

fras para o controle das demais pra-gas da cultura (Tabelas 2 e 3).

No ano agrícola 2005/06, as mu-das foram transplantadas para ocampo no dia 14/10/2005, sendo que

no dia 8/12/2005 foram instaladas asarmadilhas para o monitoramentoda incidência de adultos de T. abso-luta. Durante o ano agrícola 2005/06foram realizadas 24 e 18 aplicações

de inseticidas na área de PCT e naPIT, respectivamente (Tabela 2).Para controlar especificamente atraça, foram feitas nas áreas de PITe PCT, duas e sete aplicações, res-

pectivamente.Já no ano agrícola 2006/07, as

mudas foram transplantadaspara o campo no dia 10/11/2006,e as armadilhas foram instala-

das no dia 22/11/2006. Durante asafra realizaram-se 25 aplicações deinseticidas na área de PCT e 22 naPIT (Tabela 3). Para controlar es-pecificamente a traça, foi feita uma

aplicação na PIT e oito na PCT.Para relacionar a ocorrência da

traça com variáveis meteorológicas,os valores de precipitação pluvio-métrica e de temperatura foram ob-

tidos na Estação Meteo-rológica daEpagri em Caçador.

Os frutos foram avaliados verifi-cando-se os danos da traça-do-toma-teiro nas formas de lesões feitas pe-

las lagartas na epiderme (Figura 1A)e/ou perfurações feitas principalmen-te na região do cálice (Figura 1B).Os resultados foram submetidos aoteste T a 1% de probabilidade de erro.

Resultados e discussão

No ano agrícola 2005/06 foramrealizadas 16 amostragens sema-

nais, sendo que o primeiro adultoda traça-do-tomateiro foi capturadona área de PCT em 26/1/2006. Emambas as áreas ocorreu um pico

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69Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Tabela 1. Marca comercial, nome técnico, classe toxicológica e dose dos inseticidas registrados e utilizadosem áreas de tomateiro conduzidas nos sistemas de produção convencional e integrada. Caçador, SC, anosagrícolas 2005/06 e 2006/07

Marca comercial Nome técnico Classe toxicológica Dose

g ou ml/100L de água

Abamectin Nortox Abamectin III 100

Acefato Acephate III 100

Actara 250 WG Tiametoxam III 16

Agree(1) Bacillus thurigiensis IV 100

Cefanol Acephate III 150

Confidor 700 GRDA Imidacloprid IV 100

Decis 25 EC(1) Deltamethrin III 30

Dipel PM(1) Bacillus thurigiensis IV 80

Dimilin(1) Diflubenzuron IV 100

Lannate BR Metomil I 100

Malathion 1000 CE Malathion II 100

Mimic 240 SC(1) Tebufenozide IV 200

Nomolt 150 (1) Teflubenzuron IV 25

Sevin 480 SC Carbaryl II 225

Sumithion 500 CE Fenitrothion II 200

Suprathion 400 EC Metidationa II 100

Perfekthion Dimethoate I 100

Trebon 100 SC Etofenprox IV 60

(1) Inseticidas utilizados para o controle da traça-do-tomateiro. Os demais inseticidas foram utilizados para o controle de outrosinsetos-praga.

Figura 1. Danos em frutos de tomateiro: (A) lesão feita pela lagarta da traça-do-tomateiro naepiderme do fruto e (B) perfurações feitas na região do cálice

A BF

oto:

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imar

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70 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Tabela 2. Nome técnico dos inseticidas, número e épocas de aplicação em áreas de tomateiro conduzidas nossistemas de produção convencional e integrada. Caçador, SC

Ano agrícola 2005/06

Nome técnico

Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março

PIT PCT PIT PCT PIT PCT PIT PCT PIT PCT

--------------------------------------------------Nº aplicação------------------------------------------------------

Acephate 2 1 1 3 - - - - - -

Bacillus thurigiensis - - - - 2 1 2 3 1 -

Deltamethrin - - - - - - 2 1 - 1

Diflubenzuron - - - - - - - 1 - -

Etofenprox - - - - 1 - - - - -

Fenitrothion - - - - 2 - - - - 1

Imidacloprid 1 1 - 1 - - - 2 - -

Metomil - - - - - 2 - 1 - -

Tiametoxam - - 2 2 1 1 - - - -

Tebufenozide - - - - - - - - 1 2

Notas: PIT = produção integrada de tomate; PCT = produção convencional de tomate.

Tabela 3. Nome técnico dos inseticidas, número e épocas de aplicação em áreas de tomateiro conduzidas nossistemas de produção convencional e integrada. Caçador, SC

Ano agrícola 2006/07

Nome técnico

Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março

PIT PCT PIT PCT PIT PCT PIT PCT PIT PCT

--------------------------------------------------Nº aplicação------------------------------------------------------

Abamectin - - - - 1 1 - 1 - -

Acephate 4 3 2 4 - - - - - -

Bacillus thurigiensis - - 1 - 3 2 2 2 1 -

Carbaryl - - - 1 - - - - - -

Deltamethrin - - 1 - 1 - 1 1 - -

Diflubenzuron - - - - - 1 - 1 - -

Dimethoate - - - 1 - 1 - - - -

Etofenprox - - 1 - 1 - - - - -

Fenitrothion - 1 1 - - 1 - - - -

Imidacloprid - 1 - - - - - - - -

Malathion - - - - - - 1 - 1 -

Metidationa - - - - - 1 - - - -

Teflubenzuron - - - - - - - - - 2

Notas: PIT = produção integrada de tomate; PCT = produção convencional de tomate.

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71Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

populacional em fevereiro, e nasamostragens subseqüentes o númerode insetos capturados diminuiu. Apopulação da traça aumentou a par-tir da amostragem de 9 de março(Figura 2), coincidindo com a ausên-cia de chuvas (Figura 3). Este re-sultado corrobora os obtidos porCastelo Branco (1992), que obser-vou aumento da população de T.absoluta em períodos secos, sendoque alguns dias sem chuva foramsuficientes para a praga alcançarníveis superiores àqueles observa-dos em épocas chuvosas. Resulta-dos semelhantes foram obtidos porHaji et al. (1988), que verificaramque o fator precipitação pluviométricarepresentou 83,11% na variaçãopopulacional de T. absoluta, enquan-to que os fatores umidade relativado ar e temperatura representaram8,32% e 1,31%, respectivamente.

Na área de PCT houve maiorcaptura de machos adultos por ar-madilha em relação à conduzida nosistema de PIT. Isto pode ter ocor-rido devido à adoção dos diferentessistemas de condução, pois no sis-tema de tutoramento cruzado o fe-chamento das plantas é maior, di-minuindo a eficiência da aplicaçãode inseticidas e, conseqüentemen-te, do controle da praga, fato tam-bém observado por Picanço et al.(1995) e Picanço et al. (1996).Benvenga et al. (2007) verificaramque as folhas infestadas pela traçaestão localizadas mais internamen-te na planta devido à menor açãodos inseticidas.

Nas duas áreas, a incidência da

praga aumentou no mês de marçode 2005 devido à diminuição de pul-

verizações com inseticidas durante

o período de colheita. A última apli-cação de inseticida nas áreas de PCT

e PIT ocorreu nos dias 10 e 16/3, res-

pectivamente. De acordo com Hajiet al. (1988) e Gravena (1991), as

infes-tações da traça são mais inten-

sas no período de frutificação do to-

mateiro, pois as lagartas permane-cem no interior dos frutos e ficamprotegidas das ações de controle.

Durante o ano agrícola 2005/06foram realizadas 12 colheitas. Nasáreas de PCT e PIT foram colhidos12.166 e 14.163 frutos, respectiva-mente, os quais apresentaram danos

de T. absoluta de 0,008% e 0,02%. Ve-rificou-se que a porcentagem de frutosbrocados não diferiu nos dois sistemasde produção (Tabela 4). Barbosa et al.(1985) verificaram em área cultivadacom tomateiros tratados e sem trata-mento 5,6% e 15,6% de frutos broca-dos pela traça, respectivamente.

No ano agrícola 2006/07, nas

0

10

20

30

40

50

60

8-d

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-05

15

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5

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5

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-06

12

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6

19

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6

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-06

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06

9-m

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06

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6

23

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6

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6

Data das amostragens

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)

0

5

10

15

20

25

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tura

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Precipitação T máxima T mínima

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05

29

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19

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22/d

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29/d

ez./05

5/jan./06

12/jan./06

19/jan./06

26/jan./06

2/fev.

/06

9/fev.

/06

16/fev.

/06

23/fev.

/06

2/m

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6

9/m

ar.

/06

16/m

ar./0

6

23/m

ar.

/06

30/m

ar .

/06

Figura 2. Número de machos adultos de Tuta absoluta capturadossemanalmente em armadilhas em áreas de produção convencional eintegrada de tomates. Caçador, SC, 15 de dezembro de 2005 a 30 de marçode 2006

Figura 3. Valores de precipitação pluviométrica e temperaturas máxima emínima registrados de 8 de dezembro de 2005 a 30 de março de 2006

Data da amostragem

Data da amostragem

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72 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

duas áreas, a primeira captura deadultos ocorreu em janeiro, sendo

a primeira captura registrada naárea de PCT no dia 2/1/2007. Nestaárea, o aumento populacional doinseto iniciou no final de fevereiro,

e nas amostragens subseqüentes onúmero de insetos capturados con-tinuou aumentando. Na área de PIT

a primeira captura de adultos datraça ocorreu no dia 16/1/2006. Ape-sar da coleta de adultos nas

amostragens subseqüentes, a popu-lação da traça se manteve estávelaté o início de março, quando co-meçou a aumentar (Figura 4). Nas

duas áreas, o número de adultoscapturados aumentou no final demarço devido à suspensão na apli-

cação de inseticidas. A última apli-cação de inseticida nas áreas de PCTe PIT ocorreu nos dias 12 e 13/3,

respectivamente.Durante o ano agrícola foram

realizadas 11 colheitas na área de

PCT e 13 na PIT, totalizando 16.118e 19.253 frutos, que tiveram danos

em 0,05% e 0,92%, respectivamen-te (Tabela 4). Na área da PIT hou-

ve maior captura de adultos da tra-

ça no final do ciclo em relação à áreade PCT. Provavelmente, esta mai-

or captura no final do ciclo contri-buiu para a maior porcentagem de

frutos danificados na PIT. Segun-

do Benvenga et al. (2007), há corre-lação positiva entre o número de

insetos-dia acumulados nas arma-dilhas e a produtividade, sendo pos-

sível estimar a redução de frutos

comercializados em função do nú-mero de insetos capturados.

No presente estudo, nos doisanos agrícolas, a maior captura de

adultos da traça-do-tomateiro ocor-

reu no final de março devido à di-minuição das aplicações de inseti-

cidas, possivelmente aliada às con-dições climáticas favoráveis ao in-

seto. Neste estudo, a precipitaçãoparece ter influenciado de maneira

Tabela 4. Porcentagem média de frutos danificados por Tuta absolutaem áreas de tomateiro conduzidas no sistema de produção convencio-nal e integrada. Caçador, SC, anos agrícolas 2005/06 e 2006/07

Tratamento Frutos atacados por traça

2005/06 2006/07

---------------------%--------------------

Produção convencional 0,008 0,05

Produção integrada 0,02 0,92

Teste T ns * *

**A diferença entre médias dos tratamentos é significativa pelo Teste T a 1% deprobabilidade de erro.ns Não-significativo pelo Teste T a 1% de probabilidade de erro.

Figura 4. Número de machos adultos de Tuta absoluta capturadossemanalmente em armadilhas em áreas de produção convencionale integrada de tomates, Caçador, SC, 28 de novembro de 2006 a 27de março de 2007

Figura 5. Valores de precipitação pluviométrica e temperaturasmáxima e mínima registrados de 22 de novembro de 2006 a 28 demarço de 2007

M M

27/fev.

/07

6/m

ar ./0

7

13/m

ar ./0

7

20/m

ar.

/07

27/m

ar.

/07

28/n

ov.

/06

5/d

ez./06

12/d

ez./06

19/d

ez./06

26/d

ez./07

2/jan./07

9/jan./07

16/jan./07

23/jan./07

30/jan./07

6/fev.

/07

13/fev.

/07

20/fev.

/07

Data da amostragem

28

/fe

v./0

7

7/m

ar./0

7

14

/ma

r./0

7

21

/ma

r./0

7

28

/ma

r./0

7

22/n

ov.

/06

29/n

ov.

/06

6/d

ez./

06

13

/de

z./

06

20

/de

z./

06

27

/de

z./

07

3/ja

n./

07

10

/ja

n./

07

17

/ja

n./

07

24

/ja

n./

07

31

/ja

n./

07

7/f

ev.

/07

14

/fe

v./0

7

21

/fe

v./0

7

Data da amostragem

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73Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

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mais significativa que a temperatu-ra na ocorrência do inseto (Figuras3 e 5). Estes resultados também fo-

ram observados por Haji et al. (1988)e Castelo Branco (1992). Entretan-to, a adoção de diferentes práticas

nos dois sistemas de produção foifundamental para o número de in-setos capturados durante o ciclo da

cultura, principalmente no sistemade PIT, que se fundamentou nomonitoramento para iniciar o con-trole da praga. Devido à adoção do

monitoramento, na área de PIT fez-se um menor número de aplicaçõesde inseticidas para o controle da tra-

ça em relação à área de PCT. Noano agrícola 2005/06 houve reduçãode 71,4% nas aplicações de insetici-

das para a traça, e na safra seguin-te a redução foi de 87,5%. Omonitoramento permitiu acompa-nhar o aumento e a diminuição da

população da traça, verificar as épo-cas de ocorrência e os picospopulacionais e facilitar a orienta-

ção da tomada de decisão sobre omomento mais adequado para arealização do controle.

Conclusões

A adoção do monitoramento nosistema de produção integrada para

a tomada de decisão de controlepermite a redução no número depulverizações para o controle datraça-do-tomateiro em relação ao

sistema de produção convencional.No final do ciclo da cultura ocor-

re maior captura de adultos nas ar-

madilhas devido às condições climá-ticas favoráveis ao inseto e à dimi-nuição das aplicações de inseticidas.

Agradecimentos

Os autores agradecem à empre-sa Bio Controle Métodos de Contro-le de Pragas pelo suporte financei-

ro para realização deste estudo.

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RRRRRegeneração de plântulas de egeneração de plântulas de egeneração de plântulas de egeneração de plântulas de egeneração de plântulas de Eucalyptus grandisEucalyptus grandisEucalyptus grandisEucalyptus grandisEucalyptus grandis

a partir de organogênese direta a partir de organogênese direta a partir de organogênese direta a partir de organogênese direta a partir de organogênese direta in vitroin vitroin vitroin vitroin vitro

Aceito para publicação em 2/8/07.1Biólogo, Univali/CTTMar, C.P. 360, 88302-202 Itajaí, SC, e-mail: [email protected]. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, fone: (47) 3341-5244, e-mail:[email protected].

Rafael Augusto Arenhart1 e Gilmar Roberto Zaffari2

Resumo – O Eucalyptus grandis é a espécie florestal que está entre as mais cultivadas no Brasil devido a seu rápidocrescimento e por apresentar alta qualidade da madeira. Com o objetivo de clonar o E. grandis para a produçãode mudas, este trabalho propôs melhorar o protocolo de micropropagação por organogênese direta. Segmentosnodais das plântulas germinadas in vitro foram inoculados em meio de cultura com diferentes níveis dereguladores de crescimento na fase de proliferação e enraizamento. Na fase de proliferação, a adição dereguladores de crescimento não promoveu aumento significativo quanto ao número e à altura de brotos emcomparação ao meio de cultura ausente de reguladores. O efeito da adição de ANA e AIB ao meio de culturapromoveu elevada taxa de enraizamento e crescimento das raízes, porém o aumento da concentração de 0,5 para1mg/L destes reguladores reduziu o crescimento das raízes. Os resultados deste trabalho evidenciam apossibilidade de micropropagação de Eucalyptus grandis a partir de organogênese direta.Termos para indexação: micropropagação, reguladores de crescimento, clonagem.

Seedling regeneration of Eucalyptus grandis by in vitrodirect organogenesis

Abstract – Eucalyptus grandis is one of the most cultivated forestry species in Brazil due to its fast growth andgood timber quality. With the objective of cloning E. grandis for seedling production, this study aimed to improvethe micropropagation protocol by direct organogenesis. Micro cuttings from in vitro germinated seedlings wereinoculated in culture medium with different levels of growth regulators during the multiplication and rootingstages. During the multiplication stage, the addition of growth regulators did not promote significant increase inbud number and height when compared to the control. Addition of ANA and IBA to the medium promoted higherrate of rooting and growth of roots, but an increase in concentration from 0,5 to 1mg/L of these growth regulatorsreduced the root growth. The results of this study evidenced the possibility of micropropagation of Eucalyptusgrandis by in vitro direct organogenesis.Index terms: micropropagation, growth regulators, cloning.

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75Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Introdução

O Brasil possui atualmente 5milhões de hectares de florestasplantadas, sendo o gêneroEucalyptus responsável por 64% dototal. As espécies do gêneroEucalyptus estão presentes comer-cialmente em 500 municípios bra-sileiros, situando o Brasil entre osdez maiores produtores florestais domundo. O País apresenta tecnologiaavançada na exploração e transfor-mação da madeira, possuindo amaior produção mundial (Roxo,2003).

As espécies de eucaliptos possuemgrande capacidade de regeneraçãoapós o desfolhamento ou corte daparte aérea. Essa habilidade se deveà presença de gemas adventícias ede lignotúberes na base da árvoreem muitas das espécies (Reis &Reis, 1997). Os brotos formados narebrota podem ser usados naclonagem in vitro por serem mate-riais juvenis, com maior possibili-dade de resposta na micropro-pagação.

A maior vantagem de se usar aorganogênese como ferramentapara a produção de massa clonal éo seu potencial de desenvolver enor-mes taxas de multiplicação, produ-zindo grandes quantidades de plan-tas uniformes com qualidadesselecionadas (Thorpe et al., 1991).

Devido à grande dificuldade demicropropagar plantas lenhosas eà diversidade de respostas obtidasconforme cada genótipo, o presen-te trabalho propôs estudar o efeitodos reguladores de crescimento nasfases de proliferação e enraizamentode explantes na organogênese dire-ta de Eucalyptus grandis, visandoaprimorar o protocolo de micropro-pagação.

Material e métodos

Os ensaios de micropropagaçãode Eucalyptus grandis utilizaramsegmentos nodais de ±2cm de altu-ra e 0,3cm de diâmetro, provenien-tes de plântulas germinadas invitro, a partir de sementes do vi-veiro da Epagri/Estação Experimen-tal de Itajaí, no período de março adezembro de 2005.

No ensaio de proliferação osexplantes foram inoculados emmeio de cultura sólido de

Murashige & Skoog (1962) (MS),modificado segundo Cheng (1977),(MSM), na presença ou ausência dosreguladores de crescimentotidiazuron (TDZ), 6-benzilami-nopurina (BAP) e ácido 3-indolacético (AIA), isolados e/oucombinados em 13 tratamentos: P01= MSM, P02 = MSM + 0,5mg/L deBAP, P03 = MSM + 1mg/L de BAP,P04 = MSM + 2mg/L de BAP, P05 =MSM + 0,5mg/L de BAP e 0,25mg/L de AIA, P06 = MSM + 1mg/L deBAP e 0,5mg/L de AIA, P07 = MSM+ 2,0mg/L de BAP e 1mg/L de AIA,P08 = MSM + 0,5mg/L de TDZ, P09= MSM + 1mg/L de TDZ, P10 =MSM + 2mg/L de TDZ, P11 = MSM+ 0,5mg/L de TDZ e 0,25mg/L deAIA, P12 = MSM + 1mg/L de TDZ e0,5mg/L de AIA e P13 = MSM +2mg/L de TDZ e 1mg/L de AIA.

As plântulas obtidas no ensaio deproliferação foram utilizadas noensaio de enraizamento e submeti-das a dez tratamentos em meioMSM na presença e na ausência dasauxinas ácido naftalenoacético(ANA) e ácido indolbutírico (AIB)isoladas. Os tratamentos aplicadosforam: E01 = MSM, E02 = MSM +0,5mg/L de ANA, E03 = MSM +1mg/L de ANA, E04 = MSM + 0,5mg/L de AIB, E05 = MSM + 1mg/L deAIB, E06 = MSM 50%, E07 = MSM50% + 0,5mg/L de ANA, E08 = MSM50% + 1mg/L de ANA, E09 = MSM50% + 0,5mg/L de AIB e E10 = MSM50% + 1mg/L de AIB.

Além dos sais minerais, vitami-nas MS e dos reguladores de cresci-mento, os meios de cultura foramsuplementados com sacarose comofonte de carbono, em concentraçãode 30g/L. O pH foi ajustado a 5,7, eos meios foram solidificados comágar-ágar (7g/L). As culturas forammantidas em sala de crescimentosob fotoperíodo de 16 horas, comintensidade de luz de 40 a 50µmol/m2/s e temperatura de 28 ± 2oC.

O delineamento experimentalutilizado foi inteiramentecasualizado em 13 tratamentos nafase de proliferação e 10 tratamen-tos na fase de enraizamento, comcinco repetições por tratamento,sendo cada repetição constituída deum frasco de cultura contendo umsegmento nodal. As avaliações fo-ram realizadas aos 60 e 30 dias paraas fases de proliferação eenraizamento, respectivamente,

contando-se o número de brotos, onúmero e tamanho das raízes e aformação de calo. Os dados foramtransformados em x + 0,5 e sub-metidos à análise de variância, e asmédias foram comparadas pelo tes-te Tukey a 5% de significância.

Resultados e discussão

A utilização do meio MSM pro-moveu em média o desenvolvimen-to de três brotos por explante comaltura média de 0,81cm (Tabela 1).Com a adição de BAP ou TDZ isola-damente ao meio MSM, osexplantes não apresentaram dife-renças significativas quanto ao nú-mero e à altura média dos brotos,comparando as concentrações entresi, e mesmo em relação ao meioP01. Este resultado pode ter ocor-rido devido à excisão do ápicecaulinar dos explantes submetidosaos tratamentos, o que pode ter in-duzido a quebra da dominânciaapical, não havendo a necessidadeda aplicação exógena de citocininas(Taiz & Zeiger, 2004).

O nível endógeno de citocininaé um fator a se considerar nesteresultado. Um alto nível endógenofaz com que a aplicação exógena nãotenha efeito. Porém, concentraçõesmenores dos reguladores de cresci-mento podem apresentar efeitomaior na formação de gemas segun-do Franclet & Boulay (1982), quereduziram a concentração de BAPde 1 para 0,1mg/L para proceder àfase de multiplicação de Eucalyptus.

A adição de 2mg/L de BAP mais1mg/L de AIA (P07) resultou no de-créscimo significativo do númeromédio dos brotos em relação ao con-trole (P01) e ao tratamento MSMadicionado de 1mg/L de BAP (P03).A presença de reguladores de cres-cimento no meio de cultura dos tra-tamentos P12 e P13 promoveu efei-to inibitório na altura média dosbrotos. O aumento das concentra-ções de BAP, TDZ e AIA isoladas e/ou combinadas resultou na diminui-ção do número e da altura médiados brotos em todos os tratamen-tos. Embora nem sempre necessá-rias na fase de multiplicação, asauxinas são usadas para o cresci-mento de partes aéreas. As auxinaspodem anular o efeito inibitório queas citocininas exercem sobre oelongamento das culturas conforme

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Lundergan & Janick (1979). O usode citocinina estimula maior produ-ção de partes aéreas, mas seu ex-cesso é tóxico e caracteriza-se pelafalta de alongamento das culturase redução no tamanho das folhas(Grattapaglia & Machado, 1998).Este efeito tóxico pode ter ocorridono tratamento P04, onde houvemenor crescimento em altura daplântula.

A presença de TDZ isolado e/oucombinado com AIA ao meio de cul-tura MSM promoveu a formação decalo em 100% dos explantes, inde-pendentemente da concentração. Ostratamentos que não continhamTDZ também induziram a formaçãode calo, porém em menor intensi-dade (Figura 1). A forte indução decalo nos tratamentos adicionados deTDZ pode estar relacionada ao fatode este apresentar uma forma deação diferente de outras citocininasdurante os processos de desdi-ferenciação e rediferenciação celu-lar, como citam Kaneda et al. (1997),

Tabela 1. Valores médios do número e altura dos brotos em explantes do tipo segmento nodal de E. grandisem meio de cultura Murashigue & Skoog (1962), modificado segundo Cheng (1977) (MSM), adicionado ounão de reguladores de crescimento na fase de proliferação, após 60 dias de cultivo in vitro. Itajaí, 2006

Tratamentos Broto(1)

MSM TDZ BAP AIA Número Altura

----------------mg/L------------------- cm

P01 - - - 3,00 a 0,81 a

P02 - 0,5 - 2,80 ab 0,47 ab

P03 - 1,0 - 3,00 a 0,37 ab

P04 - 2,0 - 1,20 abc 0,16 ab

P05 - 0,5 0,25 2,40 abc 0,28 ab

P06 - 1,0 0,5 2,80 ab 0,16 ab

P07 - 2,0 1,0 0,40 bc 0,04 b

P08 0,5 - - 2,20 abc 0,38 ab

P09 1,0 - - 1,00 abc 0,18 ab

P10 2,0 - - 1,60 abc 0,14 ab

P11 0,5 - 0,25 0,40 bc 0,42 ab

P12 1,0 - 0,5 0,40 bc 0,02 b

P13 2,0 - 1,0 0,00 c 0,00 b

CV (%) 22,86 43,22(1)Médias acompanhadas de letras iguais nas colunas não diferem significativamente no nível de 5% pelo teste Tukey.Nota: TDZ = tidiazuron, BAP = 6-benzilaminopurina, AIA = ácido 3-indolacético, CV = coeficiente de variação.

e também ao acúmulo de auxinas ecitocininas endógenas nos tecidospela ação do TDZ (Murthy et al.,1995). A elevada taxa de formaçãode calo pelo TDZ também é mos-trada em Alves et al. (2004) comsegmentos do híbrido de Eucalyptusgrandis x E. urophylla.

No ensaio de enraizamento, autilização do meio MSM com 100%(E01) e com 50% (E06) da concen-tração dos sais, adicionados de ANAou AIB (E02 a E10), não promoveudiferenças significativas no núme-ro médio de raízes (Tabela 2). Aindução de raízes nos meios MSN eMSN 50% isentos de reguladores decrescimento foi no máximo de 20%,confirmando o papel da auxina narizogênese. Os tratamentos que con-tinham ANA, independentementeda concentração salina do meio decultura, e aqueles com AIB em MSMinduziram o enraizamento em maisde 80% dos explantes (dados nãomostrados).

O efeito da redução da concen-

tração de sais para 50% do meioMSM, associado à presença de ANAna concentração de 0,5mg/L (E07),promoveu maior desenvolvimentodas raízes em relação ao tratamen-to MSM 50% (E02). Todos os demaistratamentos, independentementeda concentração dos sais e da pre-sença ou ausência de regulador decrescimento, não diferiram entre siquanto ao comprimento das raízes.

Várias espécies enraízam na pre-sença de níveis muito baixos oumesmo na ausência de auxinas nomeio de cultura, como citaAnderson (1984). Porém, no presen-te trabalho, não houve resposta po-sitiva na indução de raízes median-te a adição dos reguladores ANA eAIB (Figura 2).

Os resultados obtidos tanto emmeio MSM quanto em meio MSMcom 50% dos sais, adicionados deANA e AIB, apresentaram o mes-mo padrão de resposta tanto emrelação ao número quanto em rela-ção ao tamanho das raízes.

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P01 P07

Figura 1. (A) Número de brotos e (B) formação de calo em segmentos nodais deE. grandis na fase de proliferação, após 60 dias de cultivo in vitro, em meio decultura Murashige & Skoog (1962), modificado segundo Cheng (1977) (MSM).P01 = MSM, P07 = MSM + 2mg/L de TDZ. Itajaí, 2006

Tabela 2. Valores médios do número e comprimento das raízes em plântulas de E. grandis cultivadas emmeio de cultura Murashige & Skoog (1962), modificado segundo Cheng (1977) (MSM), com e sem reduçãode sais, adicionado ou não de auxina, após 30 dias de cultivo in vitro. Itajaí, 2006

Raiz(1)

Tratamento ANA AIBNúmero Comprimento

--------mg/L-------- cm

E01 MSM - - 0,20 ns 0,70 ab

E02 MSM 0,5 - 1,60 ns 1,22 ab

E03 MSM 1,0 - 5,00 ns 1,10 ab

E04 MSM - 0,5 4,00 ns 2,18 ab

E05 MSM - 1,0 4,00 ns 0,83 ab

E06 MSM 50% - - 0,00 ns 0,00 b

E07 MSM 50% 0,5 - 1,80 ns 2,76 a

E08 MSM 50% 1,0 - 3,40 ns 2,09 ab

E09 MSM 50% - 0,5 0,80 ns 0,66 ab

E10 MSM 50% - 1,0 5,00 ns 0,65 ab

CV (%) 34,82 30,90

(1)Médias acompanhadas de letras iguais nas colunas não diferem significativamente no nível de 5% pelo teste Tukey.Nota: ANA = ácido naftalenoacético, AIB = ácido indolbutírico, CV = coeficiente de variação, ns = não-significativo.

A B

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78 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

O aumento das concentrações deANA e AIB nos tratamentos não pro-moveu maior indução de primórdiosradiculares em explantes de E.grandis, diferindo das afirmações deGratapaglia & Machado (1998) so-bre a rizogênese. Estes autores re-lacionam o genótipo, o nívelendógeno de hormônios e o núme-ro de sinalizadores na célula comoos fatores que afetam a resposta doexplante aos reguladores de cresci-mento. Para segmentos de E.grandis, ANA e AIB foram eficien-tes na rizogênese. Rahim et al.(2003), porém, só conseguiram oenraizamento de segmentos deEucalyptus calmadulensis em meiode cultura MS adicionado de0,5mg/L de AIB, enquanto as mes-mas concentrações de ANA e AIAnão resultaram na indução deprimórdios radiculares.

Conclusões

A proliferação de brotos pororganogênese direta em segmentosnodais é possível e independe daadição de citocininas ao meio decultura.

O enraizamento das plântulas deeucalipto in vitro é possível, inde-pendentemente da concentraçãosalina 50% ou 100% de MS e da pre-sença das auxinas ANA e AIB nomeio de cultura.

Literatura citada

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Figura 2. Aspecto geral da fase de enraizamento de plântulas de E. grandis após 30 diasde inoculação em meio de cultura Murashige & Skoog (1962), modificado segundo Cheng(1977) (MSM), adicionado de 1mg/L ANA (E04). Itajaí, 2006

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Eficiência de diferentes cultivares de macieira comoEficiência de diferentes cultivares de macieira comoEficiência de diferentes cultivares de macieira comoEficiência de diferentes cultivares de macieira comoEficiência de diferentes cultivares de macieira comopolinizadoras da polinizadoras da polinizadoras da polinizadoras da polinizadoras da ‘Castel GalaCastel GalaCastel GalaCastel GalaCastel Gala’ e da e da e da e da e da ‘CondessaCondessaCondessaCondessaCondessa’

Aceito para publicação em 21/9/07.1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Caçador, C.P. 591, 89500-000 Caçador, SC, fone: (49) 3561-2000, e-mail: [email protected]. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, fone: (47) 3346-5244, e-mail: [email protected].

Frederico Denardi1 e Henry Stuker2

Resumo – A macieira, por ser uma espécie alógama, necessita de polinização cruzada para assegurar boasproduções comerciais. Isto requer a associação de cultivares polinizadoras compatíveis e com época de floraçãocoincidente com a produtora. Este estudo teve por objetivo identificar cultivares de macieira como polinizadoraseficientes para a ‘Castel Gala’ e a ‘Condessa’. Foram realizados dois ensaios. No primeiro foram testadas ascultivares Eva, Condessa e Princesa, todas de baixa necessidade de frio, e a seleção Iapar 680-28 como polinizadorasda ‘Castel Gala’. No segundo, foram usadas a ‘Castel Gala’ e a ‘Princesa’ como polinizadoras da ‘Condessa’. Paraa ‘Castel Gala’, obteve-se melhor frutificação efetiva e maior número de sementes por fruto quando polinizadacom a ‘Eva’ e a ‘Condessa’. As melhores coincidências de floração foram observadas entre a ‘Castel Gala’ e aspolinizadoras ‘Condessa’, ‘Princesa’ e ‘Iapar 680-28’. Para polinizar a ‘Condessa’, a ‘Castel Gala’ foi mais eficienteque a ‘Princesa’, tanto em frutificação efetiva quanto em número de sementes por fruto.Termos para indexação: Malus domestica, frutificação efetiva, polinização cruzada.

Efficiency of different cultivars as pollinizers for ‘Castel Gala’ and ‘Condessa’ apples

Abstract – Apple is an allogamous species that requires cross-pollination in order to get normal commercialfruit production. This means that orchards have to be composed of an association of different pollinizer cultivarscompatible with the target cultivar and with coincidence of blooming. This study had the objective to identifyefficient apple cultivars as pollinizers for Castel Gala and Condessa. Two tests of crosses were made. For thefirst, the cultivars Eva, Condessa and Princesa and the selection Iapar 680-28, were tested as pollinizers of‘Castel Gala’. For the second test of crosses, ‘Condessa’ as female cultivar and ‘Castel Gala’ and ‘Princesa’ aspollen source were used. For the first test, ‘Eva’ and ‘Condessa’ as pollinizers were the most efficient for fruit setand seed number per fruit of ‘Castel Gala’. The pollinizers with better blooming coincidence for ‘Castel Gala’were ‘Princesa’ and ‘Iapar 680-28’. For the second test, ‘Castel Gala’ was more efficient than ‘Princesa’ aspollinizer of ‘Condessa’, on both fruit set and seed number per fruit.Index terms: Malus domestica , fruit set, cross pollination.

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80 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Introdução

A cultivar Castel Gala é umamutação espontânea da ‘Gala’, cujofator mutante está relacionado aosgenes responsáveis pelo controle danecessidade de frio hibernal. Trata-se, portanto, de uma nova cultivarcom menos necessidade de friohibernal que a ‘Gala’.

Em virtude da menor necessida-de de frio hibernal, a ‘Castel Gala’completa o processo de dormênciamais cedo, iniciando a brotação e afloração muito antes que a ‘Gala’,coincidindo com a floração das cul-tivares Condessa e Princesa e ape-nas parcialmente com a floração da‘Eva’ que, normalmente, florescemais cedo.

Estudos anteriores sobre afenologia da brotação, da floração esobre a qualidade dos frutos (Secconet al., 2004) indicam que o fatormutante não alterou as caracterís-ticas de tamanho, formato, cor daepiderme dos frutos e sabor da pol-pa desta nova cultivar em relação à‘Gala’. No entanto, alterou acen-tuadamente o requerimento de friohibernal e, conseqüentemente, asépocas de brotação, de floração e dematuração dos frutos. Por outrolado, estudos de pós-colheita (Vieiraet al., 2004) mostraram que a capa-cidade de conservação não foi afe-tada pelo fator mutante. Isto indicaque a ‘Castel Gala’ representa umaimportante alternativa de produçãode maçãs de alto conceito no mer-cado, em condições climáticas mar-ginais para a ‘Gala’, ou seja, em cli-mas de pouca disponibilidade de friohibernal. Entretanto, sendo a ma-cieira uma espécie alógama, cujomecanismo de auto-incompatibilida-de gametofítica da espécie impedea autofertilização (Brown, 1975), a‘Castel Gala’ também necessita depolinização cruzada. Por outro lado,sendo a floração mais precoce quea da ‘Gala’ comum, requer estudosde definição de cultivarespolinizadoras, com floração precocee coincidente, para viabilizar o plan-tio comercial desta nova cultivar.

Fatores como coincidência defloração entre a cultivar produtorae a polinizadora, quantidade de pó-

len e viabilidade de germinação des-te são essenciais para assegurarboa eficiência de uma cultivar comopolinizadora (Soltész, 2003). As con-dições de temperatura e umidade doar também podem afetar afrutificação efetiva da espécie(Galletta, 1983). Temperaturas abai-xo de 15 oC dificultam o desenvolvi-mento do tubo polínico e, conse-qüentemente, a fertilização. Abai-xo de 7oC, estes processos pratica-mente ficam paralisados (Layne,1983). Por outro lado, temperatu-ras acima de 30oC dissecam rapida-mente os estigmas, impedindo odesenvolvimento do tubo polínico(Hesse, 1975). A baixa umidade pro-move desidratação da superfícieestigmática, com a resultante per-da da receptividade dos estigmas e/ou o colapso dos estiletes que sus-tentam os estigmas logo após aemasculação das flores. Isto impe-de a evolução do tubo polínico emdireção ao ovário, resultando nanão-formação de sementes (Layne& Quamme, 1975).

Um dos parâmetros que se podeutilizar para avaliar o grau de com-patibilidade entre o pólen e o estig-ma é o número de sementes por fru-to (Galletta, 1983). Em termos co-merciais, o número de sementes éconseqüência da frutificação efeti-va e tem efeito no tamanho, no for-mato, no teor de açúcares dos fru-tos, na firmeza e na suculência dapolpa (Mantinger, 1998). Frutos compoucas sementes podem ter o for-mato assimétrico, o tamanho me-nor e o teor de açúcares reduzido;podem também estimular a forma-ção de “russeting” em cultivaressuscetíveis como a Golden Deliciouse acelerar a perda de peso dos fru-tos em frigoconservação (Galletta,1983). Para se obter simetria e de-senvolvimento normal dos frutos, énecessário pelo menos uma semen-te para cada um dos cinco carpelos.

Além destes fatores deter-minantes de uma boa polinizaçãoem macieira, é importante tambémque as cultivares usadas comopolinizadoras produzam frutos debom valor comercial para consumoin natura . Exemplos disto são ascultivares Eva e Condessa, que jáestão se consolidando como cultiva-

res comerciais de baixa necessida-de de frio na Região Sul do Brasil. Apolinizadora-padrão utilizada atual-mente para estas duas cultivares éa ‘Princesa’.

Este estudo teve como objetivodefinir cultivares de macieirapolinizadoras para cultivo comercialdas produtoras ‘Castel Gala’ e ‘Con-dessa’ no Sul do Brasil.

Material e métodos

Os ensaios foram conduzidos naEpagri/Estação Experimental deCaçador, situada a 960m de altitu-de, latitude de 26o 49’ 07" Sul e lon-gitude de 50o 59’ 06" Oeste.

A coleta do pólen foi feita noperíodo de 25/08 a 5/9/2005. No pe-ríodo de 5 a 17/9/2005, quando fo-ram feitos os cruzamentos, a tem-peratura média foi de 13oC. No mêsde outubro, período em que se con-solida a frutificação efetiva, a tem-peratura média foi de 18,4oC. Na Re-gião do Meio-Oeste Catarinense, astemperaturas médias históricas dosúltimos 46 anos foram de 14,7 e16,9oC para setembro e outubro,respectivamente.

Foram realizados dois ensaios depolinização. Em um definiram-sepolinizadoras para a cultivar CastelGala sobre a combinação de porta-enxertos Maruba/M-9, onde foramtestadas as cultivares Eva, Prince-sa, Condessa e a seleção Iapar 680-28. Em outro ensaio, a cultivar pro-dutora objeto do estudo foi a Con-dessa sobre o porta-enxerto M-9 eas cultivares Castel Gala e Prince-sa como polinizadoras. Foi utiliza-da a mesma metodologia de cruza-mentos para ambos os ensaios. Uti-lizou-se como testemunha a culti-var Princesa e como tratamentos-controles flores apenas emasculadas.

Para evitar possível contamina-ção por pólen estranho, as floresforam coletadas no estágio de balãorosado, pouco antes da deiscência.Após retirar as pétalas, as anterasda flor foram removidas com auxí-lio de peneira. Em seguida, foramcolocadas para secar em estufa a25oC por 48 horas e então armaze-nadas em vidros levemente tampa-dos com algodão. Até o momento da

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utilização nos cruzamentos, o pólenfoi mantido em geladeira na tem-peratura aproximada de 5oC.

A emasculação foi feita no está-gio de balão rosado, retirando-se aspétalas, as sépalas e os estames dasflores sempre no final da tarde,quando já não havia mais visitas deabelhas, para evitar possível conta-minação das flores recém-emasculadas por pólen de outrasorigens. Em cada cacho floral forammantidas, no máximo, três flores.Logo após a emasculação, as floresforam manualmente polinizadas eprotegidas imediatamente com sa-quinhos de papel marrom. Antes datroca de pólen para a polinizaçãoseguinte, fez-se a assepsia do apa-rato com álcool puro. Os saquinhosforam retirados 72 horas após apolinização, conforme Williams(1968), e sempre no final da tarde,evitando com isto possível contami-nação por visitas de abelhas nas pri-meiras horas após a retirada.

O delineamento experimental foiem blocos ao acaso, com quatro re-petições (plantas) de 30 flores porplanta, totalizando 120 flores por cru-zamento, mais as plantas-controlescom flores emasculadas, totalizando960 flores nos dois ensaios.

Após a conclusão dos trabalhosde polinização, foi feito teste de ger-minação do pólen das quatro culti-vares e da seleção usadas comopolinizadoras. Foi utilizada paragerminação do pólen uma soluçãocontendo 10% de açúcar, 1% de ágare 10mg/L de boro (Galletta, 1983).Na avaliação da fenologia, foramconsideradas três fases: início:quando em torno de 5% das floresjá estavam abertas; plena: com cer-ca de 70% das flores abertas; e fi-nal: quando a maioria das floresapresentava pétalas caídas.

Foram avaliados: a) a frutificaçãoefetiva, expressa em porcentagemde frutos fixados com a polinização,feita aos 45 dias após a polinizaçãodas últimas flores, considerando-seo número de frutos efetivamentefixados e em desenvolvimento nor-mal, e b) o número de sementes porfruto, que expressa ao mesmo tem-po a viabilidade de germinação e acompatibilidade gametofítica do pó-

len com o estigma (Soltész, 2003).A avaliação do número de semen-tes foi feita quando os frutos apre-sentavam diâmetro entre 45 e50mm, cortando-se transversal-mente cada fruto e procedendo-se àcontagem das sementes normaisem cada um.

Os dados da porcentagem de fru-tos efetivamente fixados e do núme-ro médio de sementes por fruto fo-ram submetidos à análise devariância, e as médias dos trata-mentos foram comparadas entre sipelo teste de Duncan a 5%.

Resultados e discussão

Os percentuais de germinaçãodo pólen em laboratório, logo depoisde efetuados os cruzamentos, foramos seguintes: 64,8% para ‘Eva’,73,2% para ‘Princesa’, 72% para‘Condessa’, 70,4% para ‘Iapar 680-28’ e 67,5% para ‘Castel Gala’. Es-tes percentuais situam-se em faixaconsiderada adequada para fins depolinização manual (Griggs, 1953;Galletta, 1983).

A coincidência de floração daspolinizadoras estudadas com a‘Castel Gala’ foi muito boa, com ex-ceção da ‘Eva’, que iniciou a floraçãoquase 2 semanas antes (Tabela 1).Considerando-se a extensão dafloração, a ‘Princesa’ destacou-se,com 24 dias do início ao final dafloração. Por outro lado, aspolinizadoras de menor período defloração foram a ‘Condessa’ e a‘Iapar 680-28’, com apenas 15 dias.A ‘Eva’ foi a polinizadora mais efici-

ente (Tabela 2), porém, apresentoucomo limitações a antecipação dafloração e o curto período de coinci-dência de floração com a ‘CastelGala’. No ciclo em que foi feito esteestudo, houve apenas uma semanade coincidência de floração entre a‘Eva’ e a ‘Castel Gala’.

No ensaio com polinizadoras dacultivar Castel Gala, muito emboraa frutificação efetiva nas flores ape-nas emasculadas tenha sido relati-vamente alta, todas as combinaçõesentre estigma e pólen apresentaramfrutificação efetiva significativa-mente melhor que o controle – flo-res emasculadas. O percentual defrutificação efetiva nas floresemasculadas não extrapola os limi-tes esperados, segundo dados de li-teratura. Crane & Lawrence (1952)estudaram o percentual deautofertilização de 50 cultivares demacieira e constataram valores va-riando de zero a 9,6%. Houve tam-bém diferenças significativas entretodas as combinações de cultivares(Tabela 2), sendo o cruzamento‘Castel Gala’ x ‘Eva’ a combinaçãoque apresentou a melhorfrutificação efetiva, com 76,5%, se-guida da combinação ‘Castel Gala’x ‘Condessa’, com 63,2% de floresfixadas. O pior resultado foi obtidocom a combinação ‘Castel Gala’ x‘Princesa’, com 40,1% de flores fi-xadas. No entanto, para efeito depolinização, mesmo esta porcenta-gem também pode ser consideradasuficiente. Segundo Kozma et al.(2003), em pomares de macieira

Tabela 1. Dados fenológicos da brotação e da floração das polinizadoras‘Condessa’, ‘Eva’, ‘Princesa’ e ‘Iapar 680-28’ e da cultivar produtoraCastel Gala. Epagri/Estação Experimental de Caçador, ano agrícola2005/2006

Cultivar/ Início da Período de floraçãoseleção brotação Início Plena Final

Castel Gala 16/8 27/8 6/9 15/9

Condessa 16/8 26/8 4/9 10/9

Princesa 16/8 24/8 7/9 17/9

Iapar 680-28 14/8 25/8 4/9 10/9

Eva 10/8 15/8 28/8 3/9

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cultivados em alta densidade, paraobter-se boa produção, a frutificaçãoefetiva mínima deve ficar entre 15%e 20% de frutos fixados, dependen-do da intensidade da floração.

No ensaio com polinizadoras dacultivar Condessa, os baixos valo-res de frutificação efetiva e semen-tes por fruto obtidos nas floresemasculadas mostram que o efeitoda autopolinização foi insignifican-te. Com base nas duas variáveisestudadas, a ‘Castel Gala’ foi maiseficiente que a ‘Princesa’ parapolinizar a ‘Condessa’ (Tabela 3).

Entretanto, mesmo para a ‘Prince-sa’ como polinizadora, houve boafixação de frutos e número sufici-ente de sementes por fruto na ‘Con-dessa’ para assegurar desenvolvi-mento normal dos frutos, indican-do que ambas podem ser emprega-das como polinizadoras desta últi-ma. Considerando a melhor quali-dade dos frutos da ‘Castel Gala’ emrelação aos frutos da ‘Princesa’, re-comenda-se a utilização de maiorquantidade de plantas polinizadorasda primeira na formação dos poma-res de ‘Condessa’. Isto possibilita,

Tabela 2. Número de flores polinizadas da cultivar Castel Gala, frutificação efetiva expressa em porcentagensde frutos fixados e número médio de sementes por fruto nas diferentes combinações entre estigma e pólen.Caçador, SC(1)

Estigma Pólen Flores Frutos fixados Sementes/fruto polinizadas

--------------------Cultivar--------------------- No % No

Castel Gala Eva 120 76,5 a 6,13 ab

Castel Gala Condessa 120 63,2 b 6,08 b

Castel Gala Iapar 680-28 120 51,2 c 6,58 a

Castel Gala Princesa 120 40,2 d 5,08 c

Flores emasculadas 120 9,1 e 2,20 d

CV 4,84 5,88

(1)Valores seguidos pela mesma letra em cada coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan (p < 0,05).Nota: CV = coeficiente de variação.

ao mesmo tempo, polinização efici-ente e maior colheita de frutos co-merciais.

Em ambos os ensaios, conside-rando o número mínimo de cincosementes por fruto (o ideal é umapor carpelo) para assegurar desen-volvimento pleno e simétrico dosfrutos, apenas as flores emas-culadas não apresentaram este nú-mero mínimo (Tabelas 2 e 3).

No ensaio com polinizadoras da‘Castel Gala’, as combinações‘Castel Gala’ x ‘Eva’ e ‘Castel Gala’ x‘Iapar 680-28’ apresentaram número

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Tabela 3. Número de flores polinizadas da cultivar Castel Gala, frutificação efetiva expressa em porcentagensde frutos fixados e número médio de sementes por fruto nas diferentes combinações entre estigma e pólen.Caçador, SC(1)

Estigma Pólen Flores Frutos fixados Sementes/fruto polinizadas

--------------------Cultivar--------------------- No % No

Condessa Castel Gala 120 71,40 a 5,71 a

Condessa Princesa 120 54,10 b 5,02 b

Flores emasculadas 120 0,07 c 0,10 c

CV 4,39 10,34

(1)Valores seguidos pela mesma letra em cada coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan (p < 0,05).Nota: CV = coeficiente de variação.

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No ensaio com polinizadoras da‘Condessa’, o número de sementespor fruto nesta cultivar foi maiorquando polinizada pela ‘Castel Gala’em relação à ‘Princesa’. Porém,tanto uma quanto a outra,polinizando a ‘Castel Gala’, apresen-taram número suficiente de semen-tes para assegurar desenvolvimen-to normal dos frutos desta.

Conclusões

• As cultivares Condessa e Prin-cesa e a seleção Iapar 680-28 têmboa coincidência de floração e boaeficiência como polinizadoras da‘Castel Gala’.

• As cultivares Castel Gala eCondessa são boas polinizadorasuma da outra.

• A cultivar Eva tem boa efici-ência como polinizadora da cultivarCastel Gala, porém apresenta bai-xa coincidência de floração.

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Comportamento de duas cultivares de feijão em funçãoComportamento de duas cultivares de feijão em funçãoComportamento de duas cultivares de feijão em funçãoComportamento de duas cultivares de feijão em funçãoComportamento de duas cultivares de feijão em funçãoda densidade de plantas e espaçamento entre fileirasda densidade de plantas e espaçamento entre fileirasda densidade de plantas e espaçamento entre fileirasda densidade de plantas e espaçamento entre fileirasda densidade de plantas e espaçamento entre fileiras

Aceito para publicação em 24/9/07.1Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Canoinhas, C.P. 216, 89460-000 Canoinhas, SC, fone: (47) 3624-1144, e-mail:[email protected]. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Canoinhas, e-mail: [email protected].

Alvadi Antonio Balbinot Junior1 e Rogério Luiz Backes 2

Resumo – A densidade de plantas e o espaçamento entre fileiras de feijão determinam o arranjo espacial deplantas, o qual pode afetar a produtividade de grãos da cultura. O objetivo desse trabalho foi avaliar, nas condiçõesambientais do Planalto Norte de Santa Catarina, o efeito de densidades de plantas e espaçamentos entre fileirassobre a produtividade de grãos em duas cultivares de feijão com hábitos de crescimento distintos (IPR Uirapurue Costa Rica). Conduziram-se dois experimentos, um no ano agrícola 2004/05 e outro no ano agrícola 2005/06. Asemeadura foi realizada em dois espaçamentos entre fileiras (0,3 e 0,5m) e em quatro densidades de plantas (150,250, 350 e 450 mil plantas/ha). Nos dois anos agrícolas a redução do espaçamento de 0,5 para 0,3m proporcionouaumento de produtividade de grãos para as duas cultivares. A densidade de plantas, na amplitude testada, nãoafetou a produtividade.Termos para indexação: Phaseolus vulgaris, arranjo espacial, componentes de rendimento, hábitos de crescimento.

Performance of two common bean genotypes in function of theplant density and row width

Abstract – The spatial arrangement of common bean plants is a function of the plant density and row width, andcan affect the grain yield. The objective of this study was to evaluate the effect of plant density and row width onthe grain yield in two common bean genotypes with distinct growth habits (IPR Uirapuru and Costa Rica), inenvironmental conditions of the North Plateau of Santa Catarina State, Brazil. Two experiments were carried outin the seasons 2004/05 and 2005/06. Two row width (0,3 and 0,5m) and four plant densities (150, 250, 350 and 450thousand plants/ha) were used as treatments. In both seasons, the reduction of row width from 0,5 to 0,3mpromoted significant yield improvement. The grain yield was not affected by plant densities.Index terms: Phaseolus vulgaris, spatial arrangement, yield components, growth habits.

Introdução

A cultura do feijão se constituiem uma importante fonte de rendapara agricultores na Região do Pla-nalto Norte Catarinense, na qualforam cultivados 18.920ha com fei-jão no ano agrícola 2005/06, geran-do uma produção de 28.236t degrãos (Síntese..., 2006).

Dentre as práticas de manejoutilizadas na cultura do feijão, oespaçamento entre fileiras e a den-sidade de plantas determinam o ar-ranjo espacial de plantas que, porsua vez, altera a competição intra-específica pelos recursos do meio,como água, luz e nutrientes(Balbinot et al., 2005), além de alte-rar o microclima dentro do dossel.

O arranjo espacial adequado dasplantas pode proporcionar maioreficiência na interceptação de luz euso mais efetivo de água e de nutri-entes do solo (Valério et al., 1999),o que pode refletir diretamente naarquitetura das plantas e na produ-tividade de grãos.

Em feijão, são recomendadosespaçamentos de 0,4 a 0,6m entre

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fileiras, com dez a 12 plantas/m (Sil-va, 1996). No entanto, as indicaçõesde espaçamento entre fileiras e den-sidade de plantas de feijão quemaximizam a produtividade degrãos apresentam variações am-plas. Esse fato decorre, em parte,da formulação de conclusões basea-das em apenas uma cultivar, um anoe um local (Lollato, 2000).

De acordo com o tipo de orienta-ção das ramificações das plantas defeijão, Vilhordo et al. (1980) as clas-sificaram em quatro hábitos decrescimento: tipo I = determinadoarbustivo, com ramificação ereta efechada; tipo II = indeterminado,com ramificação ereta e fechada;tipo III = indeterminado, com rami-ficação aberta; tipo IV =indeterminado, prostrado outrepador. É provável que o tipo deramificação das plantas de feijãoafete a resposta da cultura à densi-dade de plantas e ao espaçamentoentre fileiras.

O objetivo desse trabalho foi ava-liar o efeito de densidades de plan-tas e espaçamentos entre fileirassobre a produtividade e componen-tes do rendimento de grãos em duascultivares de feijão preto que apre-sentam hábitos de crescimento dis-tintos.

Material e métodos

Durante os anos agrícolas 2004/05e 2005/06, foram conduzidos doisexperimentos na Epagri/Campo Ex-perimental Salto do Canoinhas,Papanduva, Região do Planalto Nor-te Catarinense. Em ambos, utili-zou-se o delineamento experimen-tal em blocos casualizados, comquatro repetições, em esquemafatorial 2 x 2 x 4.

Foram avaliadas duas cultivaresde feijão preto, IPR Uirapuru e Cos-ta Rica, que apresentam hábitos decrescimento do tipo II e III, respec-tivamente. Estes dois tipos são osmais cultivados no Planalto NorteCatarinense para produção de grãos.O segundo fator do experimento foiconstituído por dois espaçamentosentre fileiras (0,3 e 0,5m), e o ter-ceiro fator, por quatro densidadesde plantas (150, 250, 350 e 450 mil

plantas/ha). Para o espaçamento de0,5m entre fileiras, a área total daparcela foi de 8m2 (2m x 4m) e áreaútil de 3m 2 (1m x 3m), e para oespaçamento de 0,3m, a área totalda parcela foi de 7,2m2 (1,8m x 4m)e área útil de 3,6m2 (1,2m x 3m). Asdensidades estudadas foram obtidaspor meio da retirada do excesso deplantas (raleio).

No ano agrícola 2004/05 a semea-dura foi realizada no dia 19/11/04, eno ano agrícola 2005/06, no dia 28/11/05. Os experimentos foram con-duzidos em sistema de plantio dire-to sobre palha de aveia-preta e denabo forrageiro (6t/ha de coberturamorta). As adubações de base e decobertura foram realizadas de acor-do com as recomendações técnicaspara a cultura do feijão (Socieda-de..., 1995). Nos dois anos agríco-las, o controle de plantas daninhasfoi realizado com a mistura dosherbicidas Fluazifop-p e Fomesafen(120g e 150g de i.a./ha, respectiva-mente). Durante a condução dosexperimentos, o inseticida Ciper-metrina foi aplicado quando a cul-tura apresentava de três a quatrofolhas trifolioladas, para o controlede vaquinha (Diabrotica speciosa )e bicudo-da-soja (Sternechussubsignatus ).

No primeiro ano agrícola, ascultivares IPR Uirapuru e CostaRica foram colhidas nos dias 2/3/05e 18/3/05, enquanto que no ano agrí-cola 2005/06, as mesmas foram

colhidas nos dias 14/3/06 e 27/3/06,respectivamente. Em dez plantasamostradas aleatoriamente na áreaútil, foram avaliados os componen-tes de rendimento de grãos: núme-ro de vagens por planta, número degrãos por vagem e massa do grão.No ano agrícola 2004/05 tambémavaliou-se o diâmetro médio do coloe a altura de inserção da primeiravagem. Nos dois experimentos, asplantas da área útil das parcelas fo-ram colhidas e trilhadas, e a massatotal de grãos, pesada. Os dados deprodutividade foram corrigidospara 13% de umidade e expressosem kg/ha.

Os dados coletados foram subme-tidos à análise de variância pelo tes-te F. Para o fator densidades deplantas, utilizou-se análise de re-gressão polinomial. Selecionou-se omodelo que apresentava o melhorajuste aos dados e ao fenômeno es-tudado.

Resultados e discussão

O diâmetro do colo das plantas defeijão foi afetado pela cultivar e peladensidade de plantas. A cultivar IPRUirapuru apresentou menor diâme-tro do colo em relação à variedadeCosta Rica (Tabela 1). Com o aumen-to da densidade de plantas houveredução do diâmetro do colo (Figura1). Isto pode ter ocorrido devido à

Tabela 1. Diâmetro do colo de plantas de feijão, massa do grão eprodutividade em duas cultivares (médias de dois espaçamentos entrefileiras e quatro densidades de plantas). Epagri/E.E. Canoinhas, anoagrícola 2004/05 (1)

Cultivar Diâmetro Massa de Produtividade do colo 100 grãos de grãos

mm g kg/ha

Costa Rica 5,73 a 20,47 b 2.343 b

Uirapuru 5,14 b 24,81 a 3.555 a

Médias 5,44 22,64 2.949

CV (%) 13,8 7,9 12,1

(1)Médias seguidas das mesmas letras, nas colunas, não diferem entre si pelo testeF a 5% de probabilidade de erro.Nota: CV = coeficiente de variação.

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redução da disponibilidade de água,luz e nutrientes para cada planta,em decorrência do aumento da den-sidade, reduzindo seu crescimento,ou maior alongamento do caule parainterceptar luz, recurso disputado emalta intensidade sob altas densidadesde plantas.

Em relação à altura de inserçãoda primeira vagem, houve efeitosignificativo do espaçamento entrefileiras e da densidade de plantas.Na média das duas cultivares e dequatro densidades de plantas, a re-dução do espaçamento entre filei-ras provocou diminuição de 0,42cmna altura de inserção da primeira

vagem (Tabela 2). Horn et al. (2000)também verificaram que há redu-ção da altura de inserção da primeiravagem de feijão com a diminuiçãodo espaçamento entre fileiras, sem,contudo, prejudicar a colheita me-cânica de grãos. O aumento da altu-ra de inserção da primeira vagemdevido à elevação de densidade deplantas (Figura 2) ocorreu devido aomaior alongamento do caule sob al-tas densidades (Shimada et al., 2000).

No ano agrícola 2004/05, houveinteração significativa entre os fa-tores densidades de plantas e culti-vares sobre o número de vagens porplanta. Para as duas cultivares, o

aumento da densidade de plantasprovocou redução no número devagens por planta, com maior inten-sidade na cultivar IPR Uirapuru(Figura 3). No ano agrícola 2005/06,houve efeito significativo dos fato-res densidade de plantas e cultiva-res, sem significativa interação en-tre estes dois fatores. O aumentoda densidade de plantas novamen-te provocou redução do número devagens por planta (Figura 4), sendoque a cultivar IPR Uirapuru produ-ziu maior quantidade de vagens porplanta (Tabela 3). A redução do nú-mero de vagens por planta em de-corrência do aumento da densidadeé esperada devido ao aumento dacompetição intra-específica(Shimada et al., 2000; Jauer et al.,2003a), sendo observada em algunstrabalhos (Valério et al., 1999; Jaueret al., 2003a; Jauer et al., 2003b).

Nos dois anos agrícolas, o núme-ro de grãos por vagem não foi afe-tado por nenhum fator do experi-mento. Shimada et al. (2000) tam-bém verificaram que esse compo-nente de rendimento do feijão nãovaria de acordo com o arranjo deplantas. Isso demonstra que o nú-mero de grãos por vagem é poucoafetado pela densidade de plantas eespaçamento entre fileiras, devidoà sua menor plasticidade.

Tabela 2. Altura de inserção da primeira vagem e produtividade degrãos de feijão em função de espaçamentos entre fileiras (médias deduas cultivares e quatro densidades de plantas). Epagri/E.E.Canoinhas, ano agrícola 2004/05(1)

Espaçamento Altura de inserção da Produtividadeentre fileiras primeira vagem de grãos

m cm kg/ha

0,5 7,40 a 2.692 b

0,3 6,98 b 3.206 a

Médias 7,19 2.949

CV (%) 8,8 12,1

(1)Médias seguidas das mesmas letras, nas colunas, não diferem entre si pelo testeF a 5% de probabilidade de erro.Nota: CV = coeficiente de variação.

Figura 1. Diâmetro do colo em função da densidade deplantas (média de dois espaçamentos entre fileiras eduas cultivares). Epagri/E.E. Canoinhas, ano agrícola2004/05

Figura 2. Altura de inserção da primeira vagem emfunção da densidade de plantas (média de doisespaçamentos entre fileiras e duas cultivares).Epagri/E.E. Canoinhas, ano agrícola 2004/05

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No experimento conduzido noano agrícola 2004/05, a massa dogrão foi afetada pelo fator cultivar,sendo que IPR Uirapuru produziuem média grãos com maior massa,comparativamente à Costa Rica (Ta-bela 1). No ano agrícola 2005/06 estavariável não foi modificada por ne-nhum fator.

Nos dois anos agrícolas, a pro-dutividade de grãos foi influenciadapela cultivar (Tabelas 1 e 3) e peloespaçamento entre fileiras (Tabelas2 e 4). Em média, a cultivar IPRUirapuru produziu 51% e 38% amais do que a cultivar Costa Ricanos anos agrícolas 2004/05 e 2005/06,respectivamente.

Na média das duas cultivares edas quatro densidades de plantas,em espaçamento de 0,3m, observa-ram-se produtividades 19% e 7%superiores às obtidas em espa-çamento de 0,5m nos anos agríco-las 2004/05 e 2005/06, respectiva-mente. É provável que isso tenhaocorrido porque em espaçamento de0,3m as plantas de feijão foram ar-ranjadas na área com maior grau deeqüidistância entre plantas (menordistância entre fileiras e maior dis-tância entre plantas na fileira), o quepode ter propiciado menor competi-ção intra-específica e melhor apro-veitamento de água, luz e nutrien-tes. Segundo Stone & Pereira (1994),

Tabela 3. Número de vagens por planta de feijão e produtividadeem duas cultivares (médias de dois espaçamentos entre fileiras equatro densidades de plantas). Epagri/E.E. Canoinhas, ano

agrícola 2005/06(1)

ProdutividadeCultivar Vagens/planta de grãos

No kg/ha

Costa Rica 12,44 b 2.876 b

Uirapuru 14,41 a 3.986 a

Médias 13,43 3.432

CV (%) 23,0 11,5

(1)Médias seguidas das mesmas letras, nas colunas, não diferem entre si pelo testeF a 5% de probabilidade de erro.Nota: CV = coeficiente de variação.

Tabela 4. Produtividade de grãos de feijão em função de espaçamentosentre fileiras (médias de duas cultivares e quatro densidades de

plantas). Epagri/E.E. Canoinhas, ano agrícola 2005/06(1)

Espaçamento Produtividadeentre fileiras de grãos

m kg/ha

0,5 3.317 b

0,3 3.545 a

Médias 3.432

CV (%) 11,5

(1)Médias seguidas das mesmas letras, nas colunas, não diferem entre si pelo testeF a 5% de probabilidade de erro.Nota: CV = coeficiente de variação.

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Figura 3. Número de vagens por planta em duascultivares de feijão em função da densidade de plantas(média de dois espaçamentos entre fileiras).Epagri/E.E. Canoinhas, ano agrícola 2004/05

Figura 4. Número de vagens por planta de feijão emfunção da densidade de plantas (média de doisespaçamentos entre fileiras e duas cultivares).Epagri/E.E. Canoinhas, ano agrícola 2005/06

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88 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Literatura citada

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3. HORN, F.L.; SCHUCH, L.O.B.; SILVEIRA,E.P. et al. Avaliação de espaçamentos epopulações de plantas de feijão visando àcolheita mecanizada direta. PesquisaAgropecuária Brasileira, Brasília, v. 35, n.1, p. 41-46, 2000.

4. JAUER, A.; DUTRA, L.M.C.; LUCCAFILHO, O.A. et al. Comportamento dacultivar BR-IPAGRO 44-Guapobrilhante de feijoeiro em quatro

populações de plantas na safrinha emSanta Maria-RS. Ciência Rural, SantaMaria, v. 33, n. 2, p. 201-206, 2003a.

5. JAUER, A.; DUTRA, L.M.C.; LUCCAFILHO, O.A. et al. Rendimento degrãos, seus componentes ecaracterísticas morfológicas dofeijoeiro comum cultivado em quatrodensidades de semeadura na safrinha.

Ciência Rural , Santa Maria, v. 33, n. 1,p. 21-26, 2003b.

6. JAUER, A.; DUTRA, L.M.C.; ZABOT,L. et al. Efeitos da população de plantase de tratamento fitossanitário no

rendimento de grãos do feijoeirocomum, cultivar “TPS Nobre”. CiênciaRural, Santa Maria, v. 36, n. 5, p. 1374-1379, 2006.

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8. SHIMADA, M.M.; ARF, O.; SÁ, M.E.de. Componentes do rendimento edesenvolvimento do feijoeiro de porteereto sob diferentes densidadespopulacionais. Bragantia, Campinas,v. 59, n. 2, p. 181-187, 2000.

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10. SÍNTESE ANUAL DA AGRI-CULTURA DE SANTA CATARINA2005-2006. Florianópolis: Epagri/Cepa,2006. 294p.

11. SOCIEDADE BRASILEIRA DECIÊNCIA DO SOLO. Recomendaçãode adubação e de calagem para osestados do Rio Grande do Sul e deSanta Catarina. 3.ed. Passo Fundo,RS: SBCS/Núcleo Regional Sul;Comissão de Fertilidade do Solo – RS/SC, 1995. 223p.

12. STONE, L.F.; PEREIRA, A.L. Sucessãoarroz-feijão irrigados por aspersão:efeitos de espaçamento entre linhas,adubação e cultivar no crescimento,desenvolvimento radicular e consumod’água do feijoeiro. PesquisaAgropecuária Brasileira, Brasília, v.29, n. 4, p. 521-533, 1994.

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14. VILHORDO, B.W.; MÜLLER, L.;EWALD, L.F. et al. Hábito decrescimento em feijão (Phaseolusvulgaris L.). Agronomia Sulrio-grandense , Porto Alegre, v. 16, n. 1, p.79-98, 1980.

15. XU, C.; PIERCE, F.J. Dry bean and soilresponse to tillage and row spacing.Agronomy Journal, Madison, v. 90, n.3, p. 393-399, 1998.

a redução do espaçamento entre fi-leiras de 0,5 para 0,3m proporcio-nou maior duração da área foliardas plantas de feijão. A redução doespaçamento entre fileiras tambémproporcionou aumento da produti-vidade de grãos em trabalhos desen-volvidos por Xu & Pierce (1998) eShimada et al. (2000).

No ano agrícola 2005/06 oespaçamento não afetou significati-vamente nenhum componente derendimento. No entanto, quando seavaliou a produtividade de grãos,que é a combinação de todos os com-ponentes, detectou-se efeito signi-ficativo deste fator (Tabela 4). Naprática, é possível utilizar oespaçamento entre fileiras de 0,3mpor meio da regulagem da distân-cia entre linhas da semeadora. Con-tudo, é importante considerar quealgumas máquinas não permitemtal redução. Além disso, a reduçãodo espaçamento não implica emmaior consumo de sementes quan-do a densidade de plantas (quanti-dade de plantas na área) permane-cer inalterada.

Nas duas safras, nas duas culti-vares e nos dois espaçamentos, adensidade de plantas não afetou aprodutividade de grãos. Esse resul-tado corrobora os obtidos por Darivaet al. (1975), Valério et al. (1999),Horn et al. (2000), Jauer et al.(2003b) e Jauer et al. (2006). A faltade resposta da cultura do feijão àsvariações de densidade de plantasocorre devido à elevada plasticidadefenotípica que as plantas dessa es-pécie possuem (Silva, 1996; Horn etal., 2000). Ou seja, mesmo em baixasdensidades de plantas, estas possuemmecanismos morfofisiológicos eficien-tes para ocupar os espaços e os recur-sos disponíveis, compensando a redu-zida densidade de plantas pelo maiornúmero de vagens por planta. Essa in-formação é importante, pois se a den-sidade de plantas estiver abaixo da pre-tendida, devido a algum fator bióticoou abiótico, mas ainda houver popula-ção mínima de 150 mil plantas/ha, éindicado manter a lavoura, não sendonecessária a ressemeadura.

Conclusões

Variações de densidade de plan-tas compreendidas no intervalo de150 a 450 mil plantas/ha não afe-tam a produtividade de grãos de fei-jão nas condições ambientais do Pla-nalto Norte Catarinense.

Redução do espaçamento entrefileiras de 0,5 para 0,3m aumenta aprodutividade de grãos de feijão nascondições ambientais do PlanaltoNorte Catarinense.

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Nota Científica

89Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Nota CientíficaNota Científica

Ocorrência de variabilidade genética interlesão emOcorrência de variabilidade genética interlesão emOcorrência de variabilidade genética interlesão emOcorrência de variabilidade genética interlesão emOcorrência de variabilidade genética interlesão emPyricularia griseaPyricularia griseaPyricularia griseaPyricularia griseaPyricularia grisea

Aceito para publicação em 24/4/07.1Biólogo, Epagri/Estação Experimental de Itajaí, Laboratório de Biotecnologia Vegetal, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, fone: (47) 3341-5244, e-mail: [email protected] de Ciências Biológicas, Universidade do Vale do Itajaí – Univali, e-mail: [email protected] de Ciências Biológicas, Universidade Regional de Blumenau – Furb –, e-mail: [email protected]. agr., Ph.D., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, e-mail: [email protected].

Maycon Eduardo Nicoletti1 , Leonardo Bitencourt Scoz2 ,Ana Paula Boni3 e Fernando Adami Tcacenco4

Resumo – A principal doença da cultura do arroz é a brusone, causada pelo fungo Pyricularia grisea (Cooke)Sacc., que pode apresentar variabilidade genética tanto entre cepas isoladas de diferentes locais ou lesões quantoentre cepas oriundas de uma mesma lesão, indicando o potencial mutativo desse fungo. Por meio de Rep-PCR,baseada no elemento repetitivo Pot-2, foi levantada a variabilidade genética de 64 isolados de P. grisea originadosde lesões de seis panículas de arroz ‘Epagri 108’. Não houve diferenças genéticas intralesão, porém houve varia-bilidade genética interlesão para isolados de uma das panículas, que apresentaram três padrões molecularesdistintos, indicando a coexistência, em um mesmo genótipo de arroz, de várias cepas do fungo. Isto pode terimplicações em levantamentos de ocorrência de raças, bem como em trabalhos de melhoramento genético dacultura do arroz para resistência à brusone.Termos para indexação: Magnaporthe grisea, brusone, Rep-PCR, Pot-2.

Ocorrence of interlesion genetic variability in Pyricularia grisea

Abstract – Rice blast, caused by Pyricularia grisea (Cooke) Sacc., is the most severe disease of rice. This fungusmay present high genetic variability among strains from different locations or lesions, as well as, within lesions,indicating its mutational potential. The variability of 64 isolates of P. grisea from ‘Epagri 108’ rice panicles wassurveyed using Rep-PCR, based on the repetitive element Pot-2. No intralesion genetic differences were found.However, interlesion genetic differences were found for strains from one of the panicles, which presented threedifferent molecular patterns, indicating the coexistence of more than one strain of the fungus in the same ricegenotype. This may have implications in surveys as well as in genetic improvement of rice for blast resistance.Index terms: Magnaporthe grisea, blast disease, Rep-PCR, Pot-2.

Dentre as doenças que ocorremno arroz cultivado, a brusone, cau-sada pelo fungo Pyricularia grisea(Cooke) Sacc. [telomorfo:Magnaporthe grisea (Hebert) Barr.],é a mais severa. P. grisea apresen-ta alta variabilidade genética, e osmecanismos da formação de novasraças são alvo de intensos estudos,

envolvendo trocas genéticas entrecepas, inserções de elementos detransposição, mutações e deleções(Kistler & Miao, 1992). A alta varia-bilidade genética do fungo é a prin-cipal causa da perda de resistênciagenética das cultivares de arroz àbrusone. O estudo da variabilidadede P. grisea pode ser realizado pela

inoculação de isolados em um con-junto de cultivares diferenciadorasque apresentam diferentes genes deresistência. Complementando e àsvezes substituindo essa estratégia,muitos trabalhos vêm sendo reali-zados com o DNA do fungo, sendoque o seqüenciamento de seugenoma identificou transposons,

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90 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

denominados Pot-2, que se repetemem torno de cem vezes (Kachroo etal., 1994). A técnica de Rep-PCR(George et al., 1998) consiste naamplificação das seqüências queflanqueiam ambos os lados do Pot-2,gerando fragmentos de tamanhosvariados, o que o torna um promis-sor marcador molecular no estudo devariabilidade genética de P. grisea.

Uma série de trabalhos tem de-monstrado a ocorrência de variabi-lidade em isolados monospóricos invitro (Bedendo & Prabhu, 2005). Nocampo, isolados obtidos de uma úni-ca lesão têm o potencial para origi-nar várias raças fisiológicas diferen-tes (Bedendo et al., 1979), o que podecomprometer os estudos popu-lacionais e a durabilidade da resis-tência genética das cultivares àbrusone.

Objetivou-se, neste trabalho, le-vantar diferenças genéticas entreisolados de P. grisea de diferenteslesões ocorrendo em uma mesmapanícula. O trabalho foi realizadonos Laboratórios de Fitopatologia ede Biotecnologia Vegetal da Epagri/Estação Experimental de Itajaí –EEI. Foram coletadas seis panículasde plantas diferentes de arroz dacultivar Epagri 108 com sintomasde brusone, provenientes de umcampo artificial de infecção da EEI(‘boi-de-mamão’) onde existiamgenótipos diferentes de arroz e vá-rias cepas do fungo. De cadapanícula, foram selecionadas trêslesões, das quais foram realizadosisolamentos monospóricos, obtendo-se 64 isolados de P. grisea. O culti-vo foi efetuado em placas de Petricom 20ml de meio BDA contendoquatro segmentos de papel filtrocom 1cm2 , segundo Scoz et al.(2006), metodologia esta doravantedenominada Método da Sobrepo-sição do Papel (MSP). Após incuba-ção por 10 dias, os segmentos depapel-filtro com sobreposição demicélio foram retirados e submeti-dos à extração do DNA segundo pro-tocolo descrito por Scott et al.(1993), baseado em SDS, acetato depotássio e isopropanol, com poste-rior tratamento com RNase A. Aquantificação e a qualificação deDNA foi feita através de fluorômetro(Bio-Rad VersaFluorTM coranteHoescht 33258) e corridaeletroforética em gel de agarose.

Com o DNA extraído aplicou-se

a técnica de Rep-PCR, baseada noelemento repetitivo Pot-2. A ampli-ficação enzimática foi realizada emduplicata e em momentos distintos,nas condições descritas por Georgeet al. (1998), em reações de 25µl comaproximadamente 50ng de DNAgenômico, 3mM de MgCl2, 600µM dedNTPs, 2U de enzima Taqpolimerase Platinum, 0,5µM de cadainiciador (Pot2-1 5´CGGAAGCC-CTAAAGCTGTTT3´ e Pot2-25´CCCTCATTCGTCACACGTTC3´),sendo o restante do volume comple-tado com tampão de PCR (20mMTris-HCl, pH 8,4, 50mM KCl). Aciclagem se deu em umtermociclador PTC-100 (M.J.Research, Inc.), nas seguintes con-dições: desnaturação inicial de2min30seg a 95 oC; 4 ciclos de 1mina 94 oC (desnaturação), 1min a 62oC(anelamento) e 10min a 65oC (ex-tensão); 26 ciclos de 30seg a 94 oC,1min a 62oC e 10min a 65oC; e ex-tensão final de 15min a 65oC.

Os fragmentos foram submeti-dos à corrida eletroforética por 150minutos em géis de agarose 0,9%e, posteriormente, corados combrometo de etídio. Para estimativado tamanho dos fragmentos, foi uti-lizado o marcador de peso molecularde 1Kb Plus (Invitrogen®). Os dadosforam convertidos em presença/au-sência de bandas em uma matriz desimilaridade submetida à análise deconglomerados, gerando umcladograma baseado no coeficientede Jaccard através do sistemaUPGMA-NTSYS (Rohlf, 2000).

Foram amplificadas 11 bandas,variando de aproximadamente 1.200pares de bases (pb) a 18.000pb (Fi-gura 1), porém apenas as bandas de1.300pb e 1.350pb forampolimórficas, sendo estas utilizadasna análise. Foram encontrados trêspadrões: (i) ausência das bandaspolimórficas, (ii) presença da bandade 1.350pb e (iii) presença das ban-das de 1.300pb e 1.350pb. A análisede conglomerados resultou na for-mação de três grupos (Figura 2),representando os três padrões ge-néticos distintos.

Das seis panículas analisadas,cinco não apresentaram diferençasgenéticas entre os isolados de dife-rentes lesões. No entanto, os dife-rentes isolados de uma daspanículas apresentaram padrõesdistintos entre si. A baixa variabili-

dade genética dos isolados é condi-zente com a procedência destes,sendo da mesma cultivar e área,embora as coletas tenham sido fei-tas em um infectário artificial ondeexistiam vários genótipos diferen-tes de arroz, e várias cepas do fun-go. Essa baixa variabilidade pode serexplicada pelo sistema gene-a-gene(Flor, 1971), em que os genes deavirulência (Avr) do patógeno apre-sentam uma correspondência comgenes de resistência (R) do hospe-deiro (Silué et al., 1992). Portanto,a cultivar torna-se seletiva à raçado patógeno que possui o gene Avr,e assim o número de raças do fun-go que possam vir a infectar o hos-pedeiro torna-se limitada.

Por outro lado, a existência dediferentes padrões genéticos nosnove isolados de uma das panículasanalisadas (Figura 2) corrobora apremissa inicial deste trabalho, quepostulava a coexistência de diferen-tes cepas genéticas do fungo emuma mesma panícula ou lesão. Essapremissa foi baseada em resultadosanteriores, que demonstraram ha-ver várias raças fisiológicas diferen-tes em uma única lesão a campo(Bedendo et al., 1979).

Futuros trabalhos deverão veri-ficar a correspondência entre aconstituição genética dessas cepase sua virulência em cultivaresdiferenciadoras. Na eventualidadede haver diferenças na virulênciaentre essas cepas, ficará patente anecessidade de se incorporaremmúltiplos genes de resistência emuma mesma cultivar, conferindoassim resistência horizontal àbrusone.

Com base nos resultados obtidospode-se concluir que:

• A existência de apenas três pa-drões de bandas indica a baixa varia-bilidade genética dos isolados anali-sados.

•Há diferenças genéticasinterlesão, porém não há diferençasgenéticas intralesão para os isoladosda cultivar Epagri 108 analisados.

• Lesões de diferentes panículaspodem apresentar o mesmo padrãogenético.

Agradecimento

Ao CNPq pelas bolsas concedidasaos dois primeiros autores – Edital014/2004, Projeto 507096/2004-5.

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Literatura citada

1. BEDENDO I.P.; PRABHU A.S.Doenças do arroz – Oryza sativa. In:KIMATI, H.; AMORIM, L.; REZENDE,J.A.M, et al. (Ed) . Manual defitopatologia. São Paulo: AgronômicaCeres, 2005. p. 79-90.

2. BEDENDO, I.P.; RIBEIRO, A.S.;CARDOSO, C.N. Variabilidade do fungoPyricularia oryzae, agente causal dabrusone no arroz. SummaPhytopathologica, v. 5, p. 106-109, 1979.

3. FLOR, H.H. Current status of the gene-for-gene concept. Annual Review ofPhytopathology, Palo Alto, v. 9, p. 275-296, 1971.

4. GEORGE, M.L.C.; NELSON, R.J.;ZEIGLER, R.S. et al. Rapid populationanalysis of Magnaporthe grisea by usingrep-PCR and endogenous repetitiveDNA sequences. Phytopathology, St.Paul, v. 88, n. 3, p. 223-229, 1998.

5. KACHROO, P.; LEONG, S.A.;CHATTOO, B.B. Pot-2, an invertedrepeat transposon from the rice blastfungus Magnaporthe grisea. MolecularGeneral Genetics, Berlin, v. 245, p. 339-348, 1994.

6. KISTLER, H.C.; MIAO, V.P. Newmodes of genetic change in filamentousfungi. Annual Review ofPhytopathology, Palo Alto, v. 30, p.131-152, 1992.

7. ROHLF, F.J. NTSYS-pc, version 2.10m:Numerical taxonomy and multivariateanalysis system. Setauket, New York:Exeter Software, 2000. 1 CD-ROM.

8. SCOTT, R.P.; ZEIGLER, R.S.;NELSON, R.J. A procedure forminiscale preparation of Pyriculariagrisea DNA. Intl. Rice Res. Notes, v. 18,n. 1, p. 47-48, 1993.

9. SCOZ, L.B.; NICOLETTI, M.E.;MIURA, L. et al. Nova metodologiapara obtenção de material genético paraestudos de biodiversidade dePyricularia grisea (Cooke) Sacc. In:REUNIÃO ANUAL DA SBPC, 58.,2006, Florianópolis. SC. Anaiseletrônicos... São Paulo: SBPC/UFSC,2006. Disponível em: <http://www.sbpcnet .org .br / l ivro /58ra>.Acesso em: 27 mar. 2007.

10. SILUÉ, D.; NOTTEGHEM, J.L.;THARREAU, D. Evidence for a gene-for-gene relationship in the Oryza sativa-Magnaporthe grisea pathosystem.Phytopathology, St. Paul, v. 82, p. 577-580, 1992.

Figura 1. Padrões de bandas encontrados em isolados do fungoPyricularia grisea originados de diferentes panículas da cultivar dearroz Epagri 108 com sintomas de brusone. Epagri/E.E. Itajaí, 2006

Figura 2. Cladograma baseado nos padrões genéticos de 64 isoladosde Pyricularia grisea originados de 18 lesões de seis diferentespanículas (três lesões por panícula) de arroz da cultivar Epagri 108.Epagri/E.E. Itajaí, 2006

1.350pb

1.300pb

M

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Nota Científica

Isolamento e seleção em condições estéreis deIsolamento e seleção em condições estéreis deIsolamento e seleção em condições estéreis deIsolamento e seleção em condições estéreis deIsolamento e seleção em condições estéreis deestirpes de rizóbio para ervilhaestirpes de rizóbio para ervilhaestirpes de rizóbio para ervilhaestirpes de rizóbio para ervilhaestirpes de rizóbio para ervilha

Aceito para publicação em 20/8/07.1Eng. agr., Ph.D., Rua Papagaio, 185/316, 88215-000 Bombinhas, SC, fone: (55) 9935-3977, e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Lages, C.P. 181, 88502-970 Lages, SC, fone/fax: (49) 3224-4400, e-mail:[email protected].

Edemar Brose1 e Aleksander Westphal Muniz2

Resumo – A ervilha é uma espécie de alto valor nutritivo na alimentação humana e animal e de valor ecológicoe econômico pela capacidade de fixação biológica do nitrogênio. Devido à constatação de falhas na nodulação emervilha, foram iniciados trabalhos de isolamento e seleção de novas estirpes bacterianas para futuras recomendaçõesem produção de inoculante. Foram testados 175 novos isolamentos em três experimentos em casa de vegetação,com areia + vermiculita (2:1) estéril e solução nutritiva. Foi observado que duas estirpes oficialmenterecomendadas, SEMIA 3007 e SEMIA 3012, estavam ineficientes, mas foi possível recuperar a eficiência de SEMIA3007. Foi observada também a existência de estirpes com alta capacidade de formar nódulos, porém não tãoeficientes em fixar nitrogênio como a EEL 5501. Até este estágio de seleção, as estirpes recomendadas paracontinuar com testes em solo e a campo são: EEL 2301, 2901, 3001, 5501, 3301, 3302, 6502, 6802, 7802 e 13402.Termos para indexação: Rhizobium leguminosarum bv. viceae, seleção de estirpes, nodulação, fixação de nitrogênio.

Isolation and selection in sterile conditions of rhizobia for peas

Abstract – Peas are nutritionally important for humans and animals. Ecologically and economically its valueraises from the ability to fix nitrogen symbiotically. Due to failures in nodulation under field conditions, a programof isolation and selection of rhizobia for peas was carried out to establish future recommendations for inoculantproduction. Three experiments were carried out and a total of 175 new isolations were tested under controlledconditions, using sand + vermiculite (2:1) and nutrient solution. In two officially recommended strains (SEMIA3007 and SEMIA 3012) inefficiencies were detected, but it was possible to recover the efficiency of the strain SEMIA3007. This study showed the existence of potentially infective strains but not efficient in nitrogen fixation suchas EEL 5501. According to the selection stage achieved in this study, the strains recommended to continue in theselection program in soil and field conditions are: EEL 2301, 2901, 3001, 5501, 3301, 3302, 6502, 6802, 7802 and 13402.Index terms: Rhizobium leguminosarum bv. viceae, strain selection, nodulation, N fixation.

Ervilha é uma leguminosa comqualidades nutricionais excelentes,tanto para o homem como para ani-mais. Quanto às vantagensnutricionais, uma das mais relevan-tes é o alto teor de proteína, e quan-to às vantagens ecológicas e econô-micas, destaca-se a capacidade de

fixar o nitrogênio do ar biologica-mente, o que é realizado por bacté-rias do gênero Rhizobium (rizóbio)que infectam suas raízes.

A produção nacional destaleguminosa não é suficiente paraatender ao consumo nacional. Asimportações apenas de grãos secos

de cinco países como Argentina,Estados Unidos, Canadá, ReinoUnido e França somaram em tornode 24 mil toneladas em 2001 e 21mil toneladas em 2003, segundoIBGE (2004). Comparadas comuma produção de 8 mil toneladasno Brasil, há perspectiva de gran-

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93Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

de demanda dentro do territórionacional.

Nos anos recentes tem havidoincentivo, por parte de empresasalimentícias, para a produção nacional,especialmente no Rio Grande doSul. Em vista disto, foramreiniciados cultivos de ervilha e len-tilha em algumas propriedades e foiobservado que, mesmo com o usode inoculantes comerciais paraviabilizar a fixação biológica de ni-trogênio, houve baixa nodulação oufalha total em alguns casos. Porcausa dos resultados negativos epelo fato de as recomendações deestirpes de rizóbio para esta espé-cie estarem sendo feitas com baseem trabalhos realizados há muitosanos (ou décadas), ou com base emrecomendações de outros países,foram iniciados trabalhos de seleçãode novas estirpes para esta cultura.

Este trabalho teve como objeti-vo isolar e selecionar novas estir-pes de rizóbio com eficiência igualou maior do que as já existentes erecomendadas.

Os nódulos destinados para o iso-lamento foram coletados nas raízesde plantas estabelecidas em lavou-ras nos municípios de Ibiraiaras,São José, Lagoa Vermelha e Vaca-ria, RS. Os isolamentos foram obti-dos a partir de nódulos que forampreviamente lavados em água cor-rente, desinfetados em álcool 70%por 1 minuto e, após, em hipocloritode sódio (água sanitária a 50%) du-rante 4 a 5 minutos. Os nódulos fo-ram depois lavados em água estérile macerados. Uma gota domacerado de nódulo foi distribuída,por riscagem, em placa de Petri con-tendo meio ágar-manitol e extratode levedura (AML) corado com ver-melho congo, segundo método des-crito por Vincent (1975). Foi feitoum total de 175 isolamentos e fo-ram conduzidos três experimentoscom delineamento completamenteao acaso, com quatro ou seis repe-tições, em casa de vegetação. Paraa comparação entre os tratamentosfoi usado o programa de estatísticaASSISTAT versão 7.4 beta, e para acomparação entre as médias foi ado-tado o teste de Scott-Knott devidoao grande número de tratamentos.Foram utilizadas como meio sólido

areia e vermiculita (2:1 v/v) estérile solução nutritiva. A composição dasolução nutritiva foi a seguinte emg/L: K 2HPO4 0,07, KH 2PO4 0,08,MgCl2 0,12, CaCl2 0,1 e Na2HPO4

0,15. Para cada litro desta soluçãoforam acrescentados 10ml deFeEDTA (3,74g de FeSO4 e 2,87g deNaEDTA dissolvidos em 1L de águaquente) e 1ml de soluçãomicronutriente da seguinte soluçãoestoque em g/L: H3BO3 2,86,MnSO4.H2O 2,08, ZnSO4.7H2O 0,22,CuSO4 .5H2O 0,08 e Na2MoO4 0,11.Foram usados copos plásticos de700ml e foi colocado um volume de600ml da mistura de areia estéril.No início de cada experimento, cadavaso foi regado com 200ml destasolução nutritiva, e em torno de 4semanas mais tarde foi dado maisum reforço de 100ml por vaso destamesma solução. Foram utilizadastrês plantas por vaso a partir desementes desinfetadas comhipoclorito de sódio (água sanitáriaa 50%) durante 4 a 5 minutos e pré-germinadas. As estirpes com asinonímia EEL seguida de númeroforam os isolamentos feitos no La-boratório de Biotecnologia daEpagri/Estação Experimental deLages, e as de sinonímia SEMIAseguida de número foram estirpesrecebidas do Laboratório de FixaçãoBiológica de Nitrogênio – Mircen –da Fundação Estadual de pesquisaAgropecuária – Fepagro –, RS.

Experimento 1. Foram testa-das 60 estirpes bacterianas em er-vilha da cultivar Marjoret, sendoque duas recomendadas oficialmen-te para produção de inoculantes,SEMIA 3007 e SEMIA 3012, foramusadas como testemunhas. As vari-áveis avaliadas foram: produção demassa seca da parte aérea, númeroe peso de nódulos. Os resultados es-tão apresentados na Tabela 1. Combase na produção de massa seca daparte aérea, as estirpes quase nãovariaram entre si, classificando-seem dois grupos apenas. Quanto ànodulação, houve maior variaçãoentre as estirpes. A estirpe EEL5501 apresentou o maior número epeso de nódulos (Tabela 1). Outraobservação a ser ressaltada são asestirpes EEL 4701 e EEL 5201, que

também apresentaram alta capaci-dade infectiva, com base no núme-ro de nódulos produzidos, porémforam completamente ineficientes,igualando-se à testemunha seminoculação quanto à produção demassa seca da parte aérea. Estasduas estirpes não possuem valor sobo ponto de vista de recomendaçãopara produção de inoculante, maspoderão ser estirpes de alto interes-se científico para estudos dos genes“Nod”, responsáveis pela nodulação,e genes “Fix”, responsáveis pela fi-xação do nitrogênio. Outraconstatação foi com relação às es-tirpes recomendadas para produçãode inoculantes, as quais estavamtotalmente ineficientes (Tabela 1).A SEMIA 3007 não produziunodulação, indicando que os repi-ques originados desta matriz perde-ram a capacidade infectiva na ervi-lha ou foram dominados por conta-minação com outras bactérias.

Experimento 2. Foram testa-das mais 66 estirpes originadas denovos isolamentos e três estirpescomo testemunha: a SEMIA 3007(recomendada para produção deinoculante) e mais duas estirpes doExperimento 1 (EEL 2301 e 2901).Neste experimento foi usada comohospedeira a ervilha cultivarSpence. Como foi observado inefi-ciência das estirpes SEMIA 3007 e3012 (recomendadas para produçãode inoculantes), foram adquiridosnovos repiques do laboratório de ori-gem (Mircen/Fepagro) e realizadoteste de eficiência destas duas es-tirpes nas mesmas condições emcasa de vegetação, sendo que ape-nas da SEMIA 3007 foi possível arecuperação da eficiência. Emboraa estirpe SEMIA 3012 não estivessemais eficiente, foi incluída nova-mente neste experimento para con-firmação deste resultado. Nesta tri-agem, a comparação entre as estir-pes foi feita apenas com base naprodução da massa seca da parteaérea como indicativo da eficiênciana fixação de nitrogênio. Os resul-tados estão na Tabela 2. As 70 es-tirpes testadas se classificaram emquatro grupos de acordo com o tes-te Scott-Knott, sendo que 10 se en-quadraram no grupo superior (EEL

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Tabela 1. Massa seca (MS) da parte aérea, número e peso de nódulos de ervilha (cultivar Marjoret) inoculadacom estirpes de rizóbio em condições de areia e solução nutritiva estéreis. Média de quatro repetições(1)

MS MS MS MSEstirpe da parte Nódulo de Estirpe da parte Nódulo de

aérea nódulo aérea nódulo

g/vaso No mg/vaso g/vaso No mg/vaso

EEL 2301 1,77a 53,7c 60,5b EEL 1701 1,36a 58,2c 55,2b

EEL 2901 1,70a 51,7c 54,0b EEL 3901 1,36a 65,0c 53,2b

EEL 3001 1,65a 51,2c 53,5b EEL 0101 1,35a 41,7c 60,2b

EEL 4901 1,50a 62,0c 48,7b EEL 3101 1,35a 85,2b 54,2b

EEL 5001 1,58a 46,0c 80,0b EEL 0301 1,34a 71,0b 49,7b

EEL 5101 1,56a 81,2b 66,0b EEL 2401 1,32a 52,7c 54,2b

EEL 4601 1,56a 75,7b 64,0b EEL 0601 1,31a 46,2c 55,7b

EEL 1601 1,55a 54,2c 59,5b EEL 2001 1,31a 58,7c 49,7b

EEL 2101 1,53a 73,2b 60,7b EEL 2801 1,31a 50,2c 48,2b

EEL 2701 1,53a 59,7c 54,2b EEL 4001 1,31a 47,0c 45,0b

EEL 3401 1,53a 40,0c 52,5b EEL 0701 1,30a 58,7c 44,2b

EEL 1401 1,52a 49,7c 57,0b EEL 5501 1,29a 97,7a 166,0a

EEL 5601 1,51a 57,5c 59,0b EEL 0801 1,28a 45,2c 58,0b

EEL 0201 1,49a 73,5b 56,5b EEL 3201 1,28a 75,2b 56,5b

EEL 0401 1,49a 72,7b 54,2b EEL 4201 1,28a 55,2c 48,5b

EEL 2601 1,49a 46,7c 49,7b EEL 1101 1,27a 65,2c 53,7b

EEL 3501 1,49a 52,5c 40,7b EEL 5401 1,24a 66,2c 50,7b

EEL 1001 1,47a 55,7c 62,0b EEL 1901 1,23a 58,0c 45,5b

EEL 4501 1,47a 66,2c 55,0b SEMIA 60/81 1,22a 73,5b 51,0b

SEMIA 59/81 1,47a 69,2c 54,5b EEL 1501 1,17b 51,0c 44,5b

EEL 3801 1,45a 53,7c 73,5b SEMIA 3012 0,62b 16,0d 15,2c

EEL 1801 1,44a 70,5b 55,0b SEMIA 57/81 0,57b 0,0e 0,0d

EEL 5301 1,43a 62,0c 64,2b EEL 4701 0,54b 126,2a 53,5b

EEL 2501 1,42a 66,2c 60,5b SEMIA 3/81 0,54b 7,5d 4,7d

EEL 3701 1,42a 48,0c 47,2b SEMIA 3007 0,51b 0,0e 0,0d

EEL 0501 1,41a 71,0b 58,0b Test. s/ inoc. 0,49b 0,0e 0,0d

EEL 0901 1,41a 54,2c 53,2b EEL 4301 0,48b 0,0e 0,0d

EEL 4401 1,39a 71,0b 61,5b EEL 5201 0,46b 95,7a 36,7b

EEL 1201 1,38a 57,0c 60,5b SEMIA 58/81B 0,43b 0,0e 0,0d

EEL 3601 1,38a 58,2c 58,7b EEL 4801 0,42b 83,5c 28,5b

EEL 4101 1,37a 60,7c 75,5b CV (%) 21,94 14,14(2) 12,51(2)

(1)As médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem significativamente pelo teste de Scott-Knott no nível de 5%.(2)Para o cálculo da variância os dados foram transformados em x + 1.Nota: CV = coeficiente de variação.

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Tabela 2. Massa seca (MS) da parte aérea de ervilha (cultivar Spence)inoculada com estirpes de rizóbio em condições de areia e soluçãonutritiva estéreis. Média de seis repetições(1)

Estirpe MS da Estirpe MS da parte aérea parte aérea

g/vaso g/vaso

Test. com N 13,21a EEL 202 6,14d

EEL 3302 10,09b EEL 1602 6,12d

EEL 2901 9,86b EEL 4602 6,12d

EEL 6502 9,81b EEL 802 5,93d

EEL 902 9,31b EEL 2702 5,93d

EEL 5802 9,30b EEL 5202 5,93d

EEL 102 9,26b EEL 402 5,90d

EEL 4702 9,21b EEL 3402 5,81d

EEL 1302 9,18b EEL 5602 5,81d

EEL 1002 9,15b EEL 4902 5,80d

EEL 4502 8,89b EEL 3202 5,64d

EEL 5902 8,45c EEL 302 5,61d

EEL 2302 7,86c EEL 3702 5,56d

SEMIA 3007 7,85c EEL 1202 5,35d

EEL 6302 7,79c EEL 3902 5,34d

EEL 2102 7,74c EEL 502 5,20e

EEL 4302 7,54c EEL 2802 5,19e

EEL 2301 7,45c EEL 5302 5,16e

EEL 5402 7,43c EEL 5002 5,09e

EEL 4802 7,42c EEL 4102 4,98e

EEL 2202 7,40c EEL 4202 4,98e

EEL 4402 7,29c EEL 3102 4,87e

EEL 1102 7,28c EEL 4002 4,66e

EEL 6002 7,22c EEL 1502 4,56e

EEL 6102 7,18c EEL 5102 4,56e

EEL 3502 7,14c EEL 2502 4,50e

EEL 5702 6,88c EEL 2902 4,48e

EEL 2402 6,84c EEL 1902 4,46e

EEL 6402 6,84c EEL 3002 4,45e

EEL 6602 6,82c SEMIA 3012 4,43e

EEL 3802 6,53d EEL 702 4,43e

EEL 6202 6,51d EEL 1702 4,40e

EEL 1402 6,47d EEL 1802 3,99e

EEL 3602 6,47d EEL 602 3,75e

EEL 5502 6,43d EEL 2602 3,29e

EEL 2002 6,15d Test. sem N 2,64e

(1)As médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem significativamente peloteste de Scott-Knott no nível de 5%.Notas: Test. = testemunhas; N = nitrogênio.

3302, 2901, 6502, 902, 5802, 102,4702, 1302, 1002 e 4502), porém nãose igualando à testemunha comnitrogênio, 40 estirpes foram in-termediárias e 20, ineficientes.A estirpe EEL 2901, do Experimen-to 1, foi a segunda estirpe commaior produção de massa seca daparte aérea, confirmando ser uma es-tirpe com potencial de fixação do nitro-gênio. A SEMIA 3012 mais uma vez con-firmou que está ineficiente, sugerindoa sua eliminação da recomendaçãocomo eficiente, a menos que seja com-provada novamente a sua eficiênciapelo seu Centro detentor.

Experimento 3. Foram testa-das mais 53 estirpes na ervilhacultivar Spence. Neste experimen-to foram incluídas a estirpe padrãoSEMIA 3007, 3 estirpes do Experi-mento 1 (EEL 2301, 2901 e 3001) e1 das melhores do Experimento 2(EEL 3302). As 48 estirpes restan-tes foram novos isolamentos. As va-riáveis avaliadas foram: massa secada parte aérea, número e peso denódulos. Os resultados encontram-se na Tabela 3. É conveniente ob-servar que as quatro melhores es-tirpes dos experimentos anterioresnão foram as melhores neste expe-rimento. Assim como no Experi-mento 1, houve estirpe com altanodulação porém baixa eficiência,como a estirpe EEL 11202 (Tabela 3).

Os resultados demonstraramque, nas condições em que foramfeitos os experimentos, a nodulação(número e peso) não foi o melhorindicador da eficiência na fixação donitrogênio. Entretanto, é uma in-formação útil quando se trata deavaliar estirpes em mistura, na qualuma menos eficiente poderá domi-nar a outra em formação de nódu-los e com isso refletir em menorrendimento da cultura.

Os resultados deste trabalho mos-traram que poderiam estar sendoproduzidos inoculantes ineficientespara os produtores. Os resultadostambém dão subsídios para recomen-dar a continuidade dos trabalhos paraselecionar mais e melhores estirpespara ervilha. As estirpes que deve-rão continuar no processo de avalia-ções em condições de solo em casade vegetação e a campo são: EEL2301, 2901, 3001, 5501, 3301, 3302,6502, 7802, 6802 e 13402.

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96 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Literatura citada

1. IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.com.br>. Acesso em: out.2004.

2. VINCENT, J.M. Manual practico derhizobiologia. Buenos Aires,Argentina: Hemisferio Sur, 1975.200p.

Tabela 3. Massa seca (MS) da parte aérea, número e peso de nódulos de ervilha (cultivar Spence) inoculadacom estirpes de rizóbio em condições de areia e solução nutritiva estéreis. Média de 6 repetições (1)

MS da MS MS da MSEstirpe parte Nódulo de Estirpe parte Nódulo de

aérea nódulo aérea nódulo

g/vaso No mg/vaso g/vaso No mg/vaso

EEL 7802 11,30a 41,0b 26,5c EEL 13502 9,46a 37,5b 29,2c

Test. + N 10,74a 0,0d 0,0f EEL 12902 9,40a 56,5a 20,5d

EEL 6802 10,69a 54,8a 31,5c EEL 7301 9,31a 51,0a 21,0d

EEL 13402 10,61a 47,5b 35,7b EEL 2901 9,26a 50,3a 45,2b

EEL 3301 10,48a 50,7a 32,0c EEL 12002 9,22a 37,8b 34,2b

SEMIA 3007 10,34a 67,3a 73,7a EEL 7302 9,12b 69,0b 35,7b

EEL 7201 10,13a 66,8b 40,0b EEL 12702 9,11b 58,0a 39,0b

EEL 13102 10,09a 41,2a 35,3b EEL 2301 9,10b 56,7ª 30,2b

EEL 12502 10,07a 52,5a 29,5c EEL 7001 9,10b 42,5a 42,5c

EEL 13202 9,99a 45,0b 38,5b EEL 7102 8,99b 44,0b 48,3b

EEL 7402 9,97a 53,7a 43,2b EEL 7502 8,98b 40,7a 35,0c

EEL 12602 9,89a 52,2a 22,7d EEL 2201 8,98b 56,7b 30,8b

EEL 13302 9,84a 47,7a 38,0b EEL 12202 8,97b 41,0b 27,3c

EEL 11102 9,79a 37,8b 36,7b EEL 11302 8,96b 45,8b 40,5b

EEL 6702 9,76a 64,2a 34,7b EEL 7101 8,81b 40,7b 31,7c

EEL 7002 9,76a 36,7b 31,3c EEL 11902 8,76b 37,8b 22,0d

EEL 11702 9,76a 38,3b 27,5c EEL 6801 8,74b 35,0b 32,3c

EEL 11002 9,74a 49,7a 27,7c EEL 11802 8,72b 34,5b 36,7b

EEL 12302 9,72a 43,7b 30,2c EEL 12802 8,68b 39,5b 21,5d

EEL 7602 9,65a 45,2b 30,3c EEL 6902 8,59b 49,0a 31,5c

EEL 3302 9,64a 43,3b 42,2b EEL 6901 8,52b 33,3b 27,5c

EEL 11602 9,62a 36,5b 31,5c EEL 12402 8,41b 44,0b 23,2d

EEL 11402 9,56a 40,8b 33,7b EEL 12102 8,26b 44,7b 37,5b

EEL 6701 9,54a 39,3b 28,8c EEL 7202 7,43b 41,0b 41,7b

EEL 7902 9,53a 50,7a 34,3b EEL 11202 7,01b 60,0a 47,2b

EEL 7702 9,51a 55,3a 36,0b EEL 13002 4,08c 8,2c 7,2e

EEL 11502 9,48a 39,7b 37,3b Test. 3,79c 11,2c 4,2e

EEL 3001 9,47a 54,2a 39,2b CV (%) 15,75 12,35(2) 11,34(2)

(1)As médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem significativamente pelo teste de Scott-Knott no nível de 5%. (2)Para o cálculo da variância os dados foram transformados em x + 1.Notas: Test. = testemunha; N = nitrogênio; CV = coeficiente de variação.

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