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Queimaduras
Carla Pires, MD.
Profa. UFPA e UEPA.
Tutora do PET saúde UFPA-Ananindeua
Dermatologista e hansenóloga
Mestre e doutoranda em doenças Tropicais
Queimaduras
• Lesões decorrentes de agentes - térmicos, elétricos ou químicos - capazes de produzir calor excessivo dano tecidual morte celular.
• A lesão está diretamente relacionada à temperatura e o tempo de exposição.
Queimaduras
• Grupos de risco principais de queimaduras domésticas: Crianças e idosos.
• Química e elétrica Sexo masculino; ocupacional.
• Importante causa externa de morte
• Morbidade sequelas
• Correta abordagem inicial define prognóstico
Queimaduras - causas
• Chamas de fogo
• Contato com água fervente
• Contato com objetos aquecidos
• Corrente elétrica
• Manipulação do álcool
• Airbag
Fisiopatologia
• Compromete a integridade funcional da pele:
▫ Homeostase hidroeletrolítica
▫ Controle da temperatura
▫ Flexibilidade e lubrificação da superfície corporal.
• A magnitude do comprometimento funcional depende da extensão e profundidade da queimadura.
Sheridan R. Evaluation and management of the thermally injured patient. Fitzpatrick's dermatology in general medicine. 6th ed. New York: McGraw-Hill;2003. p.1220-9.
Fisiopatologia
• Injúria térmica resposta local necrose de coagulação tecidual e trombose dos vasos adjacentes (12 a 48 horas).
• A ferida da queimadura a princípio estéril;
• Tecido necrótico rapidamente se torna colonizado por bactérias endógenas e exógenas.
Grandes queimaduras
• Resposta local
• Resposta sistêmica liberação de mediadores pelo tecido
lesado.
• Extenso dano à integridade capilar, com perda acelerada de fluidos – reposição imediata!
• Sistema imune incapaz de eliminar a infecção – ATB.
Avaliação
• Profundidade
• Extensão
• Localização da queimadura.
• Idade da vítima
• Existência de doenças prévias/concomitância de condições agravantes
• Inalação de fumaça.
Profundidade
• Depende da intensidade do agente térmico e tempo de contato com o tecido.
• É fator determinante para o resultado estético e funcional da queimadura
• Avaliada em graus.
EPIDERME
DERME
PELE
1º 2º 3º
Pode destruir todas as camadas Causa lesão branca, seca Indolor Não há regressão espontânea
3º
Extensão
• Repercussão sistêmica perda das funções da pele,
quanto maior for a área afetada.
• A extensão é calculada em SC (2º e 3º).
• Método prático palma da mão da vítima (1% de sua superfície corporal).
▫ 15% da SC do adulto e 10% da SC da criança reidratação de urgência.
• Regra dos noves de Wallace (mais precisa), de fácil memorização.
Hettiaratchy S, Papini R. Initial management of a major burn: II - assessment
and resuscitation. BMJ. 2004;329:101-3.
09%
4,5%
9%
9%
9%
9%
4,5%
1 %
9%
9%
9% 9%
4,5%
ADULTOS
Regra dos
noves.
QUANTO A EXTENSÃO DAS LESÕES
18 %
18 %
14 %
18 %
18 % 14 %
CRIANÇA QUANTO A EXTENSÃO DAS LESÕES
09 na frente 09
atrás.
Localização das queimaduras
• Face, pescoço e mãos riscos estéticos e funcionais,
• Face, pescoço inalação de fumaça, edema considerável, prejudicando a permeabilidade das vias respiratórias insuficiência respiratória.
• Orifícios naturais risco de contaminação séptica.
Cicatrizações
Idade do paciente queimado
• Avaliação da gravidade das queimaduras.
• Idosos e crianças repercussão sistêmica + crítica, + complicações e mais graves.
Doenças e condições associadas
• Traumas neurológicos, ortopédicos e abdominais;
• Doenças preexistentes;
• Vítimas alcoolizadas / efeito de drogas ilícitas;
• Inalação de produtos de combustão;
• Danos provocados pela inalação de gases tóxicos;
• Monóxido de carbono irritantes e inflamação / edema da mucosa traqueobrônquica rouquidão, estridor, dispnéia, broncoespasmo e escarro cinzento.
Primeiros cuidados
• Determinante fundamental no êxito final do tratamento
• Redução da morbidade e da mortalidade.
• Educar a população em geral e treinar grupos populacionais de risco para agir corretamente diante de um caso de queimadura.
Remoção da fonte de calor
• 1 º medida a ser tomada
• Vestes em chamas rolar no solo e nunca envolver cobertores (podem ativar as chamas).
• Vestes retiradas (desde que não aderidas à pele)
• Queimaduras elétricas interrupção da corrente antes do contato com a vítima ou, se isso não for possível, tentar afastá-la com objeto isolante, como madeira seca.
Hudspith J, Rayatt S. First aid and treatment of minor burns. BMJ.
2004;328:1487-9.
Queimadura grave
• Insuficiência respiratória instalada ou potencial (pp se em face e pescoço)
• Queimaduras de segundo ou terceiro grau superiores a 10% SC (crianças) e 15% SC (adultos)
• Atendimento hospitalar!!
PRIORIDADES NO ATENDIMENTO HOSPITALAR
• Controlar função respiratória;
• Prevenir o estado de choque (Volume diário
(ml) = 2 a 4 x peso (kg) x área queimada (% SC).
• Aliviar ou reduzir a dor;
• Prevenir a infecção.
Condutas ambulatoriais e
dicas...
Resfriamento da área queimada
• Água corrente fria de torneira ou ducha;
• Não usar água muito gelada ou produtos refrescantes;
• Limpeza da ferida, remover agentes nocivos, interromper a progressão do calor limitando o aprofundamento da lesão, alivia a dor e edema;
• Precoce, durante ± 10 a 20 min;
• “Resfriar a queimadura mas aquecer o paciente".
Allison K, Porter K. Consensus on the pre-hospital approach to burns patient management. Accid Emerg Nurs. 2004;12:53-7.
NUNCA PASSAR NADA SOBRE A
QUEIMADURA.
POMADAS
PASTA DE
DENTES
ÓLEO DE
COZINHA
TOMATES
ÁLCOOL
PÓ DE CAFÉ
AZEITE AZEITE
Queimaduras de 1° grau
• Atendimento ambulatorial
• Controlar a dor e cuidados locais da área queimada.
Analgesia via oral;
Compressas de água fria ou soro fisiológico;
Queimaduras de 1° grau
Corticosteróides tópico em loção ou creme, para reduzir a inflamação – ex: hidrocortisona 1% creme, desonida 0,05% loção, fluorato de mometasona 0,1% creme; 2 x ao dia 7 a 10 dias;
Emoliente a base de ceramidas ou óleos com ácidos graxos para a fase de descamação;
Fotoproteção – para não agravar e não deixar cicatriz.
Queimaduras de 2 e 3º graus
• Examinar a vítima e se não houver risco de morte deve-se:
• Coletar história detalhada da queimadura (injúrias concomitantes, inalação de fumaça e tratamento prévio instituído).
• Breve história médica pregressa deve ser tomada, incluindo doenças, medicamentos, alergias e vacinações.
• Cuidado multiprofissional
Hettiaratchy S, Papini R. Initial management of a major burn: I - overview.
BMJ. 2004;328:1555-7.
Queimaduras de 2° grau
• Queimaduras de segundo grau não graves:
Não retirar o teto da bolha;
Caso esteja tensa e causando dor o líquido pode ser evacuado em condições estritamente assépticas;
Sulfadiazina de prata 1%; ou + Nitrato de cério 0,4% - nas
primeiras 72 horas para evitar infecção./Alginato de cálcio e sódio/Curativos oclusivos absorventes.
Hettiaratchy S, Papini R. Initial management of a major burn: I - overview. BMJ. 2004;328:1555-7.
Queimaduras de 2º grau
• Queimaduras de segundo não graves:
Tópico debridante caso tenha tecido necrótico superficial – fibrase, colagenase;
Tópicos que estimulem a epitelização - base de vitamina E,
rosa mosqueta, panthenol, madecassoside, ácido linoleico, gel de silicone, gel amorfo.
Cuidados pós epitelização – hidratação e proteção solar.
Hettiaratchy S, Papini R. Initial management of a major burn: I - overview. BMJ. 2004;328:1555-7.
Sulfadiazina, alginatos ou curativos absorventes
Repitelizantes e reparadores
Queimaduras de 2 e 3º graus • Queimaduras de segundo/terceiro grau:
Curativos úmidos com SL fisiológica embebidos em gazes trocadas de 2/2h nas primeiras 12horas (se hospital ou
observação);
Escarectomia – nível hospitalar – bloco cirúrgico;
Enxertos;
Tópicos que estimulem a epitelização;
Cuidados pós epitelização – hidratação e proteção solar.
Cinesioterapia, bandagem funcional, fisioterapia motora.
Hettiaratchy S, Papini R. Initial management of a major burn: I - overview. BMJ.
2004;328:1555-7.
Queimaduras de 2 e 3º graus
• Não esquecer a proteção antitetânica!
▫ Se seguramente imunizado (no mínimo três doses), só há necessidade do reforço se a última dose foi há mais de cinco anos.
• Imunização desconhecida ou incompleta reforço com toxóide tetânico e aplicar 250mg de gamaglobulina hiperimune para tétano.
Starling CEF, Silva EU. Antimicrobianos e síndromes infecciosas. Guia prático. Rio de Janeiro: Medsi; 2002. p. 394.
Obrigada!