qualidade de vida, sustentabilidade e educaÇÃo …

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Edição Especial de Lançamento Revista de Finanças e Contabilidade da Unimep – REFICONT – v. 1, n. 1, Jul/Dez – 2014 Página 33 QUALIDADE DE VIDA, SUSTENTABILIDADE E EDUCAÇÃO FINANCEIRA Carlos Eduardo Francischetti - [email protected] Lumila Souza Girioli Camargo - [email protected] Nilcéia Cristina dos Santos - [email protected] RESUMO A satisfação das necessidades das pessoas está diretamente ligada a sua qualidade de vida. Ainda ocorrem mudanças socioeconômicas no mundo em relação à globalização com a expansão do consumo, levando cada indivíduo a buscar um padrão de bem-estar cada vez maior. Faz-se necessário existir uma conscientização e um equilíbrio na busca da satisfação dessas necessidades. É importante estar consciente que seu estilo de vida deve ser condizente com o da sua realidade econômica. Desta maneira, realiza-se uma pesquisa bibliográfica exploratória sobre a melhoria da qualidade de vida por meio da sustentabilidade e de uma boa e eficiente educação financeira, contribuindo para a conscientização da importância da organização financeira na vida das pessoas e que por meio do planejamento e orçamento financeiro e com disciplina, mudança de hábitos e um plano de objetivos sustentável, pode-se obter além de um eficiente plano de melhoria de vida, a tão sonhada e desejada independência financeira. Palavras-chave: Qualidade de vida, sustentabilidade, educação financeira.

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Revista de Finanças e Contabilidade da Unimep – REFICONT – v. 1, n. 1, Jul/Dez – 2014 Página 33

QUALIDADE DE VIDA, SUSTENTABILIDADE E EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Carlos Eduardo Francischetti - [email protected]

Lumila Souza Girioli Camargo - [email protected]

Nilcéia Cristina dos Santos - [email protected]

RESUMO

A satisfação das necessidades das pessoas está diretamente ligada a sua qualidade

de vida. Ainda ocorrem mudanças socioeconômicas no mundo em relação à

globalização com a expansão do consumo, levando cada indivíduo a buscar um

padrão de bem-estar cada vez maior. Faz-se necessário existir uma conscientização

e um equilíbrio na busca da satisfação dessas necessidades. É importante estar

consciente que seu estilo de vida deve ser condizente com o da sua realidade

econômica. Desta maneira, realiza-se uma pesquisa bibliográfica exploratória sobre

a melhoria da qualidade de vida por meio da sustentabilidade e de uma boa e

eficiente educação financeira, contribuindo para a conscientização da importância da

organização financeira na vida das pessoas e que por meio do planejamento e

orçamento financeiro e com disciplina, mudança de hábitos e um plano de objetivos

sustentável, pode-se obter além de um eficiente plano de melhoria de vida, a tão

sonhada e desejada independência financeira.

Palavras-chave: Qualidade de vida, sustentabilidade, educação financeira.

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1 – INTRODUÇÃO

O Brasil, de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da

Organização das Nações Unidas (ONU), está aquém dos níveis ideais de qualidade

de vida, ficando em 2012, entre os 187 países do mundo, com a 85ª posição geral.

Em geral, utiliza-se o IDH para avaliar o grau de qualidade de vida das

populações, onde admite-se a expectativa de vida, os índices de mortalidade ou

morbidade, os níveis de escolaridade e alfabetização, a renda per capita, o nível de

desemprego, a desnutrição e a obesidade.

Com a globalização, ocorreram mudanças socioeconômicas consideráveis no

mundo em relação à integração dos mercados produtores e consumidores, trazendo

conseqüências na vida de cada indivíduo e levando-nos a buscar um padrão de

conforto e bem-estar cada vez maiores. Acreditamos que estamos continuamente,

buscando a satisfação de nossas necessidades básicas, mas o que se percebe é

que estamos sendo influenciados pelas necessidades criadas pelo grau de

desenvolvimento econômico e social da sociedade.

Atualmente, existe uma intensa necessidade da população pelo consumo.

Induzido pelo marketing espera-se, que quanto mais se consome, mais se tem

garantias de bem-estar e qualidade de vida. Pode-se dizer que houve uma inversão

de valores, pois se não houver uma conscientização e um equilíbrio na busca da

satisfação de nossas necessidades, estaremos nos afastando cada vez mais da

qualidade de vida.

Desta maneira, apresentamos uma pesquisa bibliográfica exploratória sobre a

melhoria da qualidade de vida por meio da sustentabilidade e de uma boa e eficiente

educação financeira, contribuindo para a conscientização da importância da

organização financeira na vida das pessoas e que por meio do planejamento e

orçamento financeiro e com disciplina, mudança de hábitos e um plano de objetivos

sustentável, pode-se obter além de um eficiente plano de melhoria de vida, a tão

sonhada e desejada independência financeira.

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2 – QUALIDADE DE VIDA

De acordo com Saba (2003), qualidade de vida é um cotidiano no qual há um

equilíbrio entre a responsabilidade e os prazeres, garantidos por boa saúde,

realização pessoal e facilidade ao lidar com as tarefas diárias. A qualidade de vida

certamente depende de vários fatores para que o indivíduo alcance o equilíbrio,

com por exemplo: poder aquisitivo, infraestrutura do habitat em que vive, da relação

que se obtém com o conjunto dessas atividades, do conforto a que se tem acesso,

do estado de saúde e, acima de tudo, da maneira de se encarar tudo isso.

A qualidade de vida está ligada a maneira de cada pessoa em conseguir

satisfazer suas necessidades pessoais em relação ao seu estado mental, emocional

e físico.

De acordo com Herculano et al. (2000, p. 04), a avaliação sobre a qualidade

de vida de uma população pode ser proposta de duas formas. A primeira é relativa

aos recursos disponíveis, a capacidade para manutenção das necessidades. A

segunda forma, por sua vez, é relativa às necessidades, numa tentativa de mensurar

o grau de satisfação e o patamar desejado, a distância entre o que se deseja e o

que se alcança.

O conceito de qualidade de vida não deve ser confundido com o de padrão de

vida, mas não podemos deixar de enfatizar que com um padrão de vida melhor ou

mais digno, pode contribuir para que a qualidade de vida seja alcançada com uma

maior facilidade. Pode-se dizer que o dinheiro não traz felicidade, mas na verdade,

ajuda a proporcionar um nível de satisfação e prazer, sendo um ponto importante,

para uma qualidade de vida cada vez melhor.

A qualidade de vida não se resume a ter um bom apartamento ou saúde na

terceira idade. Há de se abordar vários aspectos: educação, cultura, alimentação,

lazer, entre outros, compreendendo variáveis como a satisfação das necessidades

básicas, a manutenção de um ambiente favorável à segurança pessoal, e a

disponibilidade de um ambiente social ao qual o indivíduo possa se engajar (PIAIA,

2008, p. 16).

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De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma definição para

qualidade de vida pode ser entendida como "a percepção do indivíduo sobre sua

posição na vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive,

e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações".

Uma grande aliada da melhoria na qualidade de vida é a educação financeira,

oferecendo informações e procurando conscientizar as pessoas sobre os benefícios

da organização das finanças. Um exemplo de organização ou reorganização

financeira pode ser um e-mail recebido pelo planejador financeiro Jurandir Sell

Macedo Júnior (2010), após uma palestra ministrada em Curitiba, dizendo: "Jurandir,

parabéns pela palestra. Ela me fez trocar uma BMW por uma bicicleta". A explicação

é que o remetente estava pensando em comprar um carro mais luxuoso e

confortável, pois passava cerca de duas horas no trânsito para ir trabalhar. Após a

palestra, o mesmo percebeu que seria mais interessante negociar urna mudança de

horário no trabalho, evitando assim os congestionamentos e economizando um bom

dinheiro com o carro, optando por comprar uma bicicleta e passar a pedalar no seu

tempo livre, cuidando assim de sua saúde física e mental, melhorando sua qualidade

de vida (PIAIA, 2008).

3 – EDUCAÇÃO FINANCEIRA

A educação financeira pode ser entendida como um processo que estimula a

busca pelo conhecimento em como aplicar e investir o dinheiro em nosso dia a dia,

para poder transformar esse dinheiro em riqueza e segurança financeira para o

futuro, possibilitando as pessoas a lidarem com a sua renda, com a gestão do

dinheiro, a gestão de gastos e de empréstimos, aplicações na poupança e

investimentos de curto e longo prazos.

Filho (2003) diz que ser financeiramente educado é planejar de forma

inteligente sua vida financeira para realizar tudo que deseja com consciência e

prazer. É saber como eliminar a preocupação com dinheiro. É saber identificar e

aproveitar as oportunidades que lhe aparecem. Sendo assim, a educação financeira

é essencial na vida das pessoas, adquirir um bem ou serviço com o planejamento

necessário, sem ter que pensar em “como vou pagar isso?” depois da compra,

significa ter qualidade de vida e saboreá-la com mais prazer. Cerbasi (2004, p. 69)

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enfatiza, que "É rico quem tem uma vida feliz, saúde para vivê-la e também uma

renda garantida para manter essa felicidade conquistada ao longo da existência".

O estudo das finanças e em especial das finanças pessoais, envolve

conceitos e técnicas fundamentais para uma gestão de recursos pessoais e de uma

família, por exemplo, a poupança pode produzir uma segurança necessária para a

vida do indivíduo, assim como os investimentos de uma pessoa podem ser mais

precisos e planejados de acordo com as suas necessidades de curto e longo prazo,

resultando em ganhos maiores para a vida financeira das pessoas. Poupar exige o

adiamento do consumo presente, visando o consumo de algo maior no futuro. Dois

objetivos motivam as pessoas a poupar, sendo um deles a possibilidade de

consumir mais em certo tempo e o outro as adversidades causadas pelo

envelhecimento e a queda de produtividade para a geração de receitas suficientes

para arcar com as despesas.

4 – INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA

Independência financeira pode ser entendida como ter uma renda garantida

que satisfaça as nossas necessidades. Essa renda pode ser obtida de diversas

formas, seja com imóveis e salários, ou com poupança e investimentos regulares

iniciados o mais cedo possível, para que se possa não mais depender do dinheiro

para viver.

De acordo com Cerbasi (2004), o planejamento financeiro não significa

simplesmente "não ficar no vermelho", mas tem sim por objetivo conquistar um

padrão de vida e conseguir mantê-lo. Qual é o projeto de vida de cada ser humano,

senão trabalhar para acumular um capital e realizações, para um dia poder diminuir

o ritmo e aproveitar um pouco a vida? Pois bem, este dia não precisa chegar apenas

quando o individuo tiver 65 anos. Imagine se não fosse necessário trabalhar por

obrigação, que fosse possível apenas aproveitar o lado bom da vida, seja ele qual

for, pois cada pessoa tem suas preferências.

Para Macedo Junior (2010, p. 69) "quando bem administrado, o dinheiro

permite uma vida mais tranqüila e prazerosa, permitindo que se busque mais

facilmente a felicidade".

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HalfeId (2005) contribui citando alguns passos para se adquirir a

independência financeira, tais como:

a) ganhar mais;

b) poupar;

c) evitar dívidas e

d) investir corretamente.

Independência financeira não é apenas ter uma renda permanente que não

diminua o padrão de vida alcançado. O importante é definir qual será o padrão a ser

mantido, e qual será o valor financeiro suficiente para garantir este padrão, a fim de

satisfazer as necessidades.

Pode-se calcular o valor do patrimônio que deve ser alcançado para obter

uma independência financeira para toda uma vida, ou PNIF (patrimônio necessário

para independência financeira), com base no valor médio de gastos mensais e o

quanto de rendimento se pode conseguir no mercado financeiro. Vamos considerar

como exemplo, uma pessoa que possua um gasto médio mensal de R$ 3.000,00 e

que disponha apenas de aplicação na caderneta de poupança, onde em média

também consideraremos uma remuneração de 0,5 % de juros mensais. O gasto

médio mensal acumulado ao ano será de R$ 36.000,00 (R$ 3.000,00 x 12 meses) e

os juros acumulados ao ano da caderneta de poupança serão de 6% (0,5% x 12

meses). Dividindo-se o gasto médio anual pelo rendimento anual dos juros, teremos

um total de R$ 600.000,00.

00,000.60006,0

00,000.36PNIF

Desta maneira, para deixar de trabalhar e passar a viver com um gasto médio

mensal de R$ 3.000,00 é só possuir um patrimônio de pelo menos R$ 600.000,00.

Mas, atenção, pois esse patrimônio deverá crescer e continuar rendendo pelo

menos 6% de juros ao ano, ou simplesmente, 0,5% ao mês para que possa ser

possível viver com R$ 3.000,00 por mês e caso a sua remuneração seja maior ou

menor também pode-se obter valores maiores e menores proporcionais a

remuneração alcançada.

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5 – PLANEJAMENTO FINANCEIRO

O planejamento financeiro é o processo de gerenciar seu dinheiro com o

objetivo de atingir a satisfação pessoal, controlando a situação financeira atual para

atender às necessidades e alcançar objetivos ao longo da vida (MACEDO, 2010).

As organizações elaboram planejamentos para cada um de seus projetos e

também as pessoas devem ou deveriam elaborar seus planejamentos para alcançar

os seus objetivos a curto, médio ou longo prazos.

Em um bom planejamento, deve-se relacionar as receitas líquidas de cada

período com as despesas fixas (moradia, saúde, transporte, educação, lazer e

outras) e variáveis (gastos não previstos ou que ocorrem pelo menos uma vez ao

ano: IPVA, IPTU, datas festivas, etc.), para apurar o saldo do período e montar um

plano financeiro eficaz. Também, é necessário ter uma reserva para diversos

imprevistos como: multas de trânsito, batida de carro, juros por atraso, etc.

(CERBASI, 2009).

A maioria das pessoas, não considera os imprevistos em seu planejamento e

não poupam para constituir uma reserva, para eventuais necessidades. Com o

dinheiro que sobra, geralmente fazem compras para satisfazerem seus desejos

momentâneos, substituindo uma necessidade pela vontade de consumir

determinado bem ou serviço.

Planejar é estabelecer com antecedência as ações a serem executadas,

estimar os recursos empregados e definir as correspondentes atribuições de

responsabilidade em relação a um período futuro determinado, para que sejam

alcançados satisfatoriamente os objetivos porventura fixados anteriormente

(SANVICENTE e SANTOS, 1995, p.16).

É importante estar consciente que seu estilo de vida deve ser condizente com

o da sua realidade econômica. Freqüentar bares e restaurantes caros, comprar

somente roupas de marca para atender a seus desejos de status, sem considerar

sua realidade econômica, podem ser o caminho para sérias dificuldades financeiras.

No planejamento financeiro nunca deixe as despesas ultrapassarem as

receitas, na pior das hipóteses a equação deverá ser da seguinte maneira: receitas =

despesas.

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É necessário ter um controle rigoroso dos gastos. E principalmente, conhecer

as despesas mais significativas.

Welsch (1996), por sua vez, aborda três dimensões sobre o planejamento

financeiro:

a) Longo prazo: para projetos de investimento, normalmente cinco anos ou

mais;

b) Curto prazo: quando se tratar do ano corrente e

c) Planejamento operacional: onde as disponibilidades (sobras ou faltas de

dinheiro) de caixa são projetadas para o mês corrente, ou para os próximos dias.

O planejamento financeiro, ou fluxo de caixa (figura 1), é uma forma

bastante simples de planilha que permite visualizar as entradas (receitas) e saídas

(despesas) dos recursos financeiros, assim como os saldos ou disponibilidades

existentes. Essa importante ferramenta, permite verificar, de forma antecipada, se

haverá sobra ou falta de recursos antes que ela aconteça. O ideal é que esse

planejamento seja feito anualmente.

Figura 1: Modelo de Planejamento Financeiro

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio junho Julho Total

SALDO ANTERIOR

ENTRADAS

Salários

13º Salário

Férias

Retirada da Poupança

Bicos / Renda Extra

Retirada de Aplicações

Empréstimos

Outros

TOTAL DAS ENTRADAS ( A )

SAÍDAS

Aluguel + Financiamento

Condomínio

Mensalidade Escolar

Prestações Carro

Seguros

Plano de Saúde

Água, Luz, Telefone, Gás

Alimentação

Cartão de Crédito

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Consertos Domésticos

Medicamentos

Lazer (cinema, restaurante, etc.)

Vestuário

Cabeleireiro

Cosméticos

Academia

Transporte

Impostos

Matrícula Escola

Outros

TOTAL DAS SAÍDAS ( B )

RESULTADO

SALDO (A - B)

Fonte: Elaborado pelos autores.

6 – SUSTENTABILIDADE

A sustentabilidade pode ser definida como a capacidade do ser humano de

interagir com o mundo sem comprometer os recursos naturais para as gerações

futuras, buscando o uso consciente dos fatores de produção (terra, capital e

trabalho) para a obtenção dos lucros e retornos de capital e preservando ao mesmo

tempo o meio ambiente.

As oportunidades de negócios, hoje em dia, estão cada vez mais voltadas

para as atuais condições econômicas, onde a responsabilidade social começa a

justificar a necessidade do saber usar os recursos disponíveis do planeta.

A sustentabilidade tem como base seis dimensões (SACHS, 1993):

a) Sustentabilidade ecológica: ancorada no princípio da solidariedade com

o planeta e suas riquezas e com a biosfera que o envolve;

b) Sustentabilidade econômica: avaliada a partir da sustentabilidade

social propiciada pela organização da vida material;

c) Sustentabilidade social: ancorada na equidade na distribuição de renda

e de bens; no princípio da igualdade de direitos, a dignidade humana e no princípio

de solidariedade dos laços sociais;

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d) Sustentabilidade espacial ou territorial: norteada pelo alcance de uma

equanimidade nas relações inter-regionais e na distribuição populacional entre o

rural/urbano;

e) Sustentabilidade cultural: respeito à cultura de cada local, garantindo

continuidade e equilíbrio entre a tradição e a inovação;

f) Sustentabilidade política: que representa um pré-requisito para a

continuidade de qualquer curso de ação a longo prazo.

Pode-se dizer, que viver a sustentabilidade nada mais é do que aplicar de

maneira inteligente e útil, conceitos que criem situações em que exista uma

constante auto-suficiência social, econômica e principalmente financeira.

Desta maneira, ao recusar outro padrão de vida que não seja o seu,

realizando um planejamento financeiro adequado ao saldo para o pagamento das

suas despesas, reorganizar suas compras, identificando quando é realmente

necessário comprar um bem ou se é apenas motivo de desejo, repensar sobre os

desperdícios e reciclar ou procurar reutilizar tudo que estiver ao seu alcance, é a

maneira sensata de construir um mundo melhor e aproveitar as oportunidades de

fazer com que aquele saldo do seu planejamento financeiro seja cada vez maior,

para então aumentar, mesmo que de maneira gradual, o seu padrão de vida e

consequentemente melhorar ainda mais sua qualidade de vida.

7 – ECONOMIA DOMÉSTICA

A economia doméstica aplica técnicas e conhecimentos para melhorar a

qualidade de vida dos indivíduos ou comunidades. São hábitos que as pessoas

adotam para melhorar sua condição financeira.

Para obter uma boa condição financeira, com um alto padrão de vida basta ter

dinheiro. Mas, se o saldo acumulado do nosso planejamento financeiro ainda não é

o suficiente para a tão sonhada independência financeira (PNIF), haverá a

necessidade de criar estratégias e planos de ação que ofereçam condições e

recursos para a acumulação do capital necessário para esse fim.

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É fundamental saber gerenciar a sua renda. É necessário ter um controle

rigoroso dos gastos. Seja precavido das armadilhas do cotidiano que existem para

contaminar o seu planejamento financeiro. Dentre elas, temos:

a) Economia de água: Ao terminar o banho, feche o registro do

chuveiro e quando estiver se ensaboando. Na escovação dos dentes, feche a

torneira, ela só precisará estar aberta quando você for enxaguar a boca.

Verifique se há vazamento nas torneiras, bacia sanitária, chuveiro; caso

exista, conserte o mais rápido possível para evitar desperdício de água. Não

faça de sua mangueira uma vassoura hidráulica para “varrer” a calçada e

limpar as dependências da casa. Quanto mais usamos a água, mais caro

pagamos por ela;

b) Uso correto e eficiente de energia elétrica: Evite deixar luzes

acesas desnecessariamente, principalmente durante o dia. Procure utilizar

iluminação natural. Utilize lâmpadas econômicas. Use a capacidade máxima

da máquina de lavar roupas. Acumule o maior número de roupas para passá-

las de uma única vez. Na compra de um ferro novo, procure modelos a vapor,

pois são mais econômicos. Desligue a TV diretamente no aparelho, não deixe

a luz vermelha acesa. Sempre que possível mantenha o chuveiro na posição

“verão”. Evite abrir e fechar a geladeira. Se o congelador estiver formando

uma camada fina de gelo pode ser sinal de borrachas desgastadas. Instale o

refrigerador longe dos raios solares;

c) Gastos com telefone: Utilize-o racionalmente. Ligações mais

demoradas ou interurbanas ficarão mais baratas se feitas em horários de

tarifas reduzidas. Procure pacotes promocionais das operadoras, faça a

portabilidade, se for o caso. Mesmo nos celulares pré-pagos, o Brasil tem as

mais altas taxas de telefonia do mundo. Incentive a família a ter o mesma

operadora de telefonia móvel;

d) Gastos com supermercado: Antes de ir ao supermercado ou

feiras livres, elabore uma lista de compras que você precisa, para não cair na

tentação de levar produtos que já tenha ou esquecer de algum. Outro ponto

importante é pesquisar os preços;

e) Gastos supérfluos: São gastos evitáveis, não necessários. Antes

de comprar alguma coisa pense: “eu preciso disso agora?”; “para quê?”.

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Muitas vezes, achamos que vamos precisar de determinados produtos que na

realidade não serão necessários ou, outras vezes, para preenchermos uma

carência pessoal, saímos às compras. Gastos supérfluos também são

aqueles gastos com o cinema, o fast-food, a revista, o refrigerante que nunca

lembramos de considerar no planejamento financeiro do mês e que podem

comprometer o orçamento;

f) Alimentação: Na compra dos alimentos, procure consumir frutas

da época, porque são baratas. Utilize todo o potencial energético que contém

os alimentos, usando casca de abacaxi para fazer suco, casca de melancia,

maracujá e tomate, para fazer doces, etc. Procure mudar o seu hábito

alimentar;

g) Vestuário: Antes de comprar roupas, calçados ou acessórios

verifique a necessidade de tais produtos. Há situações que compramos por

impulso;

h) Pequenas compras: Evite comprar por impulso, mesmo as

pequenas coisas. Gastar pouco em diversas vezes é o mesmo que gastar

muito. Pense numa pessoa que gastou R$ 1,00 aqui, R$ 3,00 reais ali, etc.

No final, ela não sabe onde gastou o seu dinheiro;

i) Cheque especial: Não incorpore o limite do cheque especial à

sua renda. O crédito concedido pelo banco, pelo qual ele cobra taxas

altíssimas (que podem superar 400% ao ano), só deve ser usado em

situações de emergência e por períodos curtos;

j) Cartões de crédito: Use cartões de crédito para postergar o

pagamento de dívidas. Mas, quando receber as faturas, liquide o débito

integralmente. Quem rola a dívida, pagando apenas o valor mínimo, arca com

juros altíssimos;

k) Pagamento de Juros: Informe-se sobre as taxas de juros (e não

apenas sobre o valor das prestações) cobradas nos financiamentos. O valor

da prestação pode caber no seu planejamento financeiro, mas o valor

acumulado com certeza irá ultrapassar a sua capacidade de gerar receitas ao

longo do tempo. Procure pagar suas contas até o vencimento, de modo a

evitar cobrança de multas.

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8 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O dinheiro quando administrado de forma adequada torna-se um grande

aliado do bem-estar da sociedade e certamente implicará na melhora da qualidade

de vida, eliminando sintomas tais como stress emocional, depressão, hipertensão,

irritabilidade, insônia, entre outros que assolam a população e lotam os consultórios

médicos. Daí a necessidade de um planejamento financeiro pessoal. O dinheiro,

para uma pessoa educada financeiramente, nunca será sinônimo de problemas.

Se quisermos construir um futuro melhor, precisamos começar por

transformar nossa própria vida, viver numa condição financeira melhor, melhorar

nosso padrão de vida e consequentemente nossa qualidade de vida está

diretamente ligada a satisfação de nossas necessidades, e somente iremos obter

níveis maiores de maximização dessas necessidades, se aplicarmos de maneira

inteligente e sustentável toda atenção para a gestão de nossa renda.

Um bom planejamento financeiro é, sem dúvida, aquele que oferece ao longo

do tempo, condições de se conquistar um acúmulo de capital condizente com as

expectativas e realizações de vida de todos nós, para que um dia, não muito

distante, possamos diminuir o ritmo de atividades e assim aproveitar melhor os

momentos de nossas vidas. Desta maneira, entendemos que quando bem

administrado, o dinheiro pode oferecer uma vida mais tranqüila, prazerosa,

inteligente e sustentável.

A busca pela qualidade de vida envolve sacrifícios, disciplina e acima de tudo

iniciativa. Não podemos perder tempo, pois se investirmos R$ 500,00 todo mês,

pelos próximos 5 (cinco) anos a uma taxa de 0,50% ao mês, teremos no final R$

34.885,02 mas, se ao invés de 5 (cinco), investirmos em 10 (dez) anos, o valor será

de R$ 81.939,67, por isso não podemos perder tempo, pois quanto mais tempo

investirmos em nosso futuro, maior será nossa recompensa.

Finalmente, a educação financeira é uma maneira de administrar de forma

inteligente os recursos financeiros, aperfeiçoando constantemente o controle de

limites e autodisciplina, além de melhorar as condições socioambientais, pois,

consumir de forma consciente, com economia de recursos, pode, além de trazer

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benefícios financeiros imediatos pela redução de despesas, também contribui para a

preservação do meio ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, M. F. L. Sustentabilidade Corporativa, Inovação Tecnológica e Planejamento Adaptativo: dos Princípios à Ação. 2006. 259 f. Tese (Doutorado em Engenharia Industrial) – Departamento de Engenharia Industrial da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. CERBASI, Gustavo. Como Organizar sua Vida Financeira: Inteligência Financeira Pessoal na Prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. FILHO, José Segundo. Finanças Pessoais – Invista no seu Futuro. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003. GÜNTHER, Mariléia. Planejamento das Finanças Pessoais: Benefícios e influências na qualidade de vida. Rio do Sul: UNIDAVI – Universidade para o Desenvolvimento do Alto do Vale do Itajaí, 2008. Disponível em: file:///C:/Documents%20and%20Settings/usuario/Meus%20documentos/Downloads/download.pdf Acesso em: 21/03/2014. HALFELD, Mauro. Investimentos: Como Administrar Melhor seu Dinheiro. São Paulo: Fundamento, 2005. HERCULANO, Selene, PORTO, Marcelo Firpo de Souza e FREITAS, Carlos Machado de. Qualidade de Vida e Riscos Ambientais. Niterói: Editora da Universidade Federal Fluminense, 2000. MACEDO JUNIOR, Jurandir Sell. A Árvore do Dinheiro: Guia para Cultivar a sua Independência Financeira. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. PIAIA, Cassiano Felipe. Finanças Pessoais e Independência Financeira: A Educação e Organização Financeira como Instrumentos de Melhoria de Vida das Pessoas. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2008. RATTNER, Henrique. Sustentabilidade: uma Visão Humanista. Ambiente e Sociedade, jul/dec. 1999, n. 5, p. 233-240. SABA, Fábio. Mexa-se: atividade física, saúde e bem?estar. São Paulo: Takano Editora, 2003. SACHS, Ignacy. Estratégias de Transição para o Século XXI: Desenvolvimento e Meio Ambiente. São Paulo: Nobel, 1993.

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Edição Especial de Lançamento

Revista de Finanças e Contabilidade da Unimep – REFICONT – v. 1, n. 1, Jul/Dez – 2014 Página 47

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