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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
PROJETO DE PESQUISA PARA
ELABORAÇÃO DA MONOGRAFIA
DA CONCLUSÃO DO CURSO DE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”.
ORIENTADOR: Profº Mestre Robson Materko
ALUNA: Riane Glória Gama
RIO DE JANEIRO
FEVEREIRO/2002
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
Riane Glória Gama
Trabalho monográfico apresentado como
Requisito parcial para obtenção do Grau
de Especialista em: Reengenharia e Gestão
de Recursos Humanos.
RIO DE JANEIRO
FEVEREIRO/2002
“A gente quer valer o nosso amor A gente quer valer nosso suor A gente quer valer nosso humor A gente quer valer do bom e do melhor A gente quer carinho e atenção A gente quer calor no coração A gente quer suar, mas de prazer A gente quer é ter muita saúde A gente quer viver a liberdade A gente quer viver felicidade”
Gonzaguinha
SUMÁRIO RESUMO...............................................................................................................05 INTRODUÇÃO ......................................................................................................06 AS MUDANÇAS NA GESTÃO DO TRABALHO ...................................................07 VIVA MELHOR ......................................................................................................11 PROGRAMA DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ...................................15 CONCLUSÃO .......................................................................................................22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................................................24
RESUMO Nas últimas décadas ocorreram profundas transformações sociais,
econômicas, políticas e culturais.
A globalização obrigou os países a adotar padrões mais elevados de
qualidade para seus produtos, lançar mão de avanços tecnológicos e reduzir
custos, em busca de competitividade.
Para acompanhar todas as mudanças, surgiu a necessidade de se
repensar a estrutura organizacional das empresas.
A antiga relação patrão/empregado está mudando. As empresas estão
começando a perceber que só iram alcançar os seus objetivos – produtividade,
qualidade e competitividade – com a participação dos seus integrantes: o ser
humano.
INTRODUÇÃO
O trabalho ocupa um espaço muito importante na vida de todos nós, pois
passamos grande parte do nosso tempo dentro das organizações. O mundo do
trabalho moderno parece tomar uma configuração sentida pelo homem como
mentalmente e espiritualmente pouco saudável, e muitas pessoas adoecem por
causa do trabalho.
Torna-se necessário criar condições adequadas para que as pessoas
posam desenvolver a sua criatividade e evitar aquelas que possa gerar uma má
qualidade de vida e stress no trabalho.
O fim do emprego e a valorização do trabalho têm exigido níveis cada vez
maiores de especialização por parte das empresas e dos funcionários. No cerne
de todas essas mudanças, cresce a necessidade de uma profunda reformulação
na maneira de ver a pessoa humana, que constitui o principal agente na
estratégia para garantir a sobrevivência da organização em meio aos desafios da
nossa época.
É de fundamental importância para uma empresa ter, em seu quadro de
funcionários, pessoas que realmente sejam sinérgicas. Mas o caminho para que
se possa usufruir o melhor do potencial humano de cada um é uma tarefa que
requer sensibilidade, ferramentas adequadas para reter os verdadeiros talentos e
muito treinamento.
Capítulo I
As Mudanças na Gestão do Trabalho
Até algumas décadas atrás, a estrutura organizacional das empresas se
assemelhava a de uma pirâmide, as decisões eram tomadas separadamente de
quem executava. Segundo Chiavenato (1999), no topo da empresa existia uma
centralização de decisões, os diversos níveis hierárquicos de comando nos
escalões intermediários e, na base, a execução das tarefas pelas pessoas e
máquinas.
Contudo, os tempos mudaram, o mundo se tornou um imenso sistema
aberto e enormemente complexo. A informação passou a cruzar o planeta em
milésimos de segundos.
Em uma época em que todos dispõem da informação em tempo real, são
mais bem sucedidas as organizações capazes de tomar a informação e
transforma-la em uma oportunidade de novo produto ou serviço antes que outros
a façam.
A busca por um maior competitividade, em um cenário econômico marcado
pela globalização, tem levado as empresas a repensarem suas organizações.
Nesse sentido, apregoa-se a necessidade de redução dos níveis hierárquicos, de
descentralização e de auto gerenciamento de departamento, a transparência nas
decisões, a circulação de informação, a delegação de tarefas e o
compartilhamento de responsabilidades. Essas recomendações configurariam o
estilo de gestão participativa, fundamentando-se, principalmente, na eliminação
de barreiras entre subordinados e chefia e na tomada de decisão por consenso,
traduzindo uma concordância geral, o que garantiria o comprometimento do grupo
como um todo.
Diante das transformações ocorridas, nas últimas décadas, observa-se
uma movimentação intensa na busca de novas formas de gerir as empresas,
principalmente os recursos humanos, visando à produtividade, qualidade e
rentabilidade. De acordo com Fernandes (1996), esta tendência que pode ser
observada em todos os países do mundo, inclusive no Brasil, é decorrência da
necessidade de atender-se a um mercado cada vez mais acirrado pela
concorrência que extrapola as fronteiras nacionais e impulsiona a crescente
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intensificação, em escala mundial, das relações econômicas, sociais, políticas e
culturais entre diversos países.
Tais transformações abrem espaços para reflexões sobre novas formas de
organizações do trabalho e de implantação de tecnologias direcionadas para a
qualidade total, exigindo maior comprometimento e participação por parte dos
empregados para atingir metas organizacionais, refletindo-se no gerenciamento
dos recursos humanos.
De acordo com essa linha de pensamento, construir e manter uma efetiva
organização humana vem a ser uma das mais importantes funções de uma
empresa. O impulso alavancador da modernidade está nas pessoas, nas suas
habilidades e conhecimentos, na sua inteligência e na sua competência.
Imaginem o que ocorre nas empresas conservadoras em termo de desperdício de
talentos e de idéias promissoras? Não se percebe que, ao queimar valores e
talentos, está sendo reduzida à própria capacidade de desenvolvimento da
empresa.
Para melhorar a vida, renovar o mundo e obter a felicidade é essencial que
as organizações sejam saudáveis. Pois só pessoas felizes conseguem realizar
um empreendimento sólido, de sucesso. Só pessoas felizes são realmente
produtivas. Só pessoas felizes desenvolvem algo de grandioso e belo.
Isto significa que, para satisfazer o cliente externo, as organizações
precisam antes satisfazer os seus funcionários responsáveis pelo produto ou
serviço oferecido. A organização que investe diretamente no funcionário está, na
realidade, investindo indiretamente no cliente.
As “pessoas” constituem o principal patrimônio das organizações. O capital
humano das empresas – composto de pessoas, que vão desde o mais simples
operário ao seu principal executivo – passou a ser uma questão vital para o
sucesso. O capital humano é o principal diferencial competitivo das organizações
bem sucedidas. Para ser bem sucedidas, as organizações precisam de pessoas
espertas, empreendedoras e dispostas a assumir riscos. São as pessoas que
fazem as coisas acontecerem, que conduzem os negócios, produzem os produtos
e prestam os serviços. O capital financeiro deixou de ser o recurso mais
importante, cedendo lugar ao conhecimento. É a vez do conhecimento, do capital
humano e do capital intelectual.
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Como diz o velho ditado, “e dando que se recebe”, para que o empregado
seja dedicado, leal, motivado, entre outros. A empresa tem que se preocupar com
a qualidade de vida do empregado. É uma relação de reciprocidade que precisa
ser desenvolvida e mantida. Um intercâmbio dinâmico e produtivo em que cada
parte colabora com a outra em uma simbiose vital e vantajosa para ambas às
partes. A valorização humana no trabalho é um fenômeno moderno, em crescente
processo de amadurecimento cultural.
No que se refere às relações empregadores-empregados, a ênfase é
colocada nas atitudes de negociação, cooperação e solidariedade, uma vez que
os trabalhadores são considerados os agentes da transformação da empresa.
Torna-se, pois, necessário ganhar-lhes a confiança.
Segundo Antunes (1997), no que se refere aos sistemas da administração
de recursos humanos que sustentam a estratégia de envolvimento e qualidade,
na maioria da empresas, as principais políticas referem-se ao plano de formação
e treinamento, programa de satisfação dos empregados e ao programa de
benefícios extra-salariais.
Em relação ao plano de formação e treinamento, em razão das mudanças
empreendidas no universo da produção e do processo de trabalho, as empresas
passaram a necessitar de um corpo gerencial e operacional com níveis de
educação e qualificação maiores, para a formação de um tipo de trabalhador
capaz de solucionar problemas e tomar decisões. As empresas, em geral,
investiram nas atividades de treinamento, alteraram os critérios de avaliação de
desempenho, e elevaram os requisitos para a seleção de pessoal.
As organizações mais bem sucedidas investem pesadamente em
treinamentos, pois acreditam que seja um meio de desenvolver competência nas
pessoas para que elas se tornem mais produtivas, criativas e inovadoras, a fim de
contribuir melhor para os objetivos organizacionais. Para elas, treinamento não é
uma simples despesa, mas um precioso investimento. É uma fonte de
lucratividade ao permitir que as pessoas contribuam efetivamente para os
resultados do negócio. Neste termo, o treinamento é uma maneira eficaz de
agregar valor às pessoas, à organização e aos clientes.
Segundo Francisco e Cardoso (1993), atualmente, as novas estratégias
gerenciais tendem para a aplicação da força de trabalho às metas de
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produtividade e qualidade e, com isso, a concessão de benefícios passa a ser
atravessada pela expectativa individual, propiciando um maior controle sobre a
força de trabalho. O sistema de relações na empresa configura um jogo de
compromissos, em que a mobilidade e a promoção internas são praticadas e
obedecem a regras de qualidade e produtividade.
Esse controle sobre a força de trabalho é exercido através de estímulos
para a produtividade, sendo este o critério básico para a obtenção de benefícios
(bônus, premiação), cuja ideologia é introjetada nos trabalhadores em cursos de
treinamento ou programas voltados para a qualidade, não implicando, portanto,
na democratização da gestão empresarial. Além disso, o objetivo subjacente a
estes cursos é diminuir os conflitos, servindo como um mecanismo de cooptação
dos trabalhadores.
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Capitulo II
Viva Melhor
A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é uma discussão muito recente.
No exterior, já vem se realizando estudos há algumas décadas. Contudo, no
Brasil, somente nos anos de 1990, as atenções empresariais têm se voltado para
este fim. Segundo Fernandes (1996), tudo leva a crer que o interesse por
qualidade de vida no trabalho, no Brasil, foi despertado com o advento do
Programa de Qualidade Total, exatamente em função da globalização do
mercado e da exigência de produtos de melhor qualidade para competir no
mercado estrangeiros.
No desenvolvimento das teorias administrativas, pouco a pouco,
identificou-se que o ser humano passou da posição de mero fator de trabalho
para ponto chave e principal do processo. Hoje, devido a necessidade de se
aumentar a produtividade e a qualidade das organizações, o ser humano e seu
comportamento têm sido melhor estudado pela ciência administrativa. Um dos
muitos estudos neste campo é a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT).
Através de alguns conceitos de Qualidade de Vida no Trabalho,
exemplificados abaixo, podemos perceber que cada autor define conforme os
elementos que julga mais importante para que haja efetivamente QVT.
Segundo Osvaldo Ouelhas e Claudia Morgado (1993), a QVT pode ser
entendida como um bem-estar relacionado ao emprego do indivíduo e a extensão
em que sua experiência de trabalho é compensadora, satisfatória, despojada de
stress e outras conseqüências negativas.
Eda Fernandes e Luiz Gutierrez (1988), consideram que o desempenho
eficaz depende acima de tudo do “querer fazer” e não tanto do “saber fazer”. E a
tecnologia de QVT pode ser utilizada exatamente para que as pessoas queiram
fazer mais, como decorrência de um envolvimento maior com o trabalho que
realizam, por compartilharem mais das coisas que lhes dizem respeito e pela
existência de um ambiente de trabalho favorável, onde os indivíduos sintam-se
estimulados e motivados para produzirem, satisfazendo seus anseios e
necessidades e ao mesmo tempo indo ao encontro dos objetivos organizacionais.
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Segundo Eda Fernandes (1996), sem um ambiente físico e saudável que
ofereça garantia de emprego, e outros fatores essenciais, não se pode falar em
Qualidade de Vida no Trabalho. Ela cita também que o nível de satisfação dos
trabalhos reflete diretamente na produtividade da empresa, e isso precisa ser
medido, pois o que não se consegue medir não é possível melhorar. Entretanto
poucas empresas se preocupam em avaliar de forma sistemática a satisfação dos
seus empregados.
Sobre a importância da QVT, Irê Lima (1996) afirma: o próprio fato de ouvir
o trabalhador, de dar-lhe chance de expressar-se e manifestar suas opiniões,
anseios e necessidades não só quanto a questões materiais como salários,
benefícios e segurança, mas incluindo o ambiente sócio-emocional, as relações
interpessoais, o apoio do superior e a retroinfomação, já constitui por si só um
passo importante para aumentar a satisfação do trabalhador, e os esforços que a
empresa fizer neste reverterão, sem dúvida, em benefício mútuo para
empregados e empregadores.
De acordo com Eda Fernandes (1996), os movimentos pela qualidade de
vida no trabalho surgiram na tentativa de eliminar a separação entre execução e
planejamento através de uma maior participação dos funcionários nos processos
de trabalho; redução dos níveis hierárquicos, descentralização das decisões,
supervisão democrática, ambiente físico seguro e confortável, além de condições
de trabalho capazes de gerar satisfação, oportunidade de crescimento e
desenvolvimento pessoal. Estas práticas representam, teoricamente e,
aparentemente, a melhoria das condições e relações de trabalho.
Segundo Eda Fernandes (1996), a colocação do problema envolvendo
QVT, pode parecer inadequada e impertinente, face à “época de crise”
generalizada, cujas conseqüências, ao nível das organizações, se traduzem por
escassez de recursos, acirrados conflitos entre grupos de interesses, concordatas
e insolvências. Face a isso, impõe-se a reflexão sobre o significado que as
pessoas assumem, numa perspectiva organizacional especialmente quando se
considera que elas representam recursos cujo potencial é geralmente subtilizado.
Algumas empresas cristalizaram a idéia de que bons salários e bom tratamento
vão automaticamente motivar os empregados a trabalhar com mais afinco,
conceito que, segundo Ire Lima (1996), é uma supersimplificação do
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comportamento humano. Encarar a Qualidade de Vida no Trabalho apenas como
custos para a empresa é um erro que muitos empresários cometem, por não
procurarem melhor entender o conceito.
Sobre isto, Eda Fernandes (1996) diz que, de um modo geral, ao abordar-
se o tema Qualidade de Vida no Trabalho, observa-se que, apesar da literatura vir
trabalhando já há algum tempo sua definição, não são poucos que associam este
conceito, simplesmente, a condições físicas, salários, melhoria de instalações,
redução de jornada, plano de benefícios, etc. Elementos que, sem dúvida, são
componentes de uma melhor qualidade de vida no trabalho, mas que não são os
únicos a deteriorarem a relação do individuo com seu posto de trabalho. Por outro
lado, são fatores cuja eliminação representam custo para a empresa e, por tal
razão, da mesma forma, obstáculos à implantação de Programas de QVT. A visão
parcial do conceito é prejudicial ao entendimento do debate sobre o tema. Deve-
se destacar a existência de outros elementos sócio-psicológicos embutidos no
estilo gerencial, no clima e na cultura da empresa, e nas formas de organizar o
trabalho, que podem afetar, igualmente, o nível de qualidade de vida dos
trabalhadores de uma empresa, cuja melhoria não implica custos operacionais
financeiros.
Os programas de Qualidade de Vida no Trabalho, têm causado um grande
impacto. É inegável que, principalmente do ponto de vista individual, existe uma
consciência mais clara deste tema. Hoje, vemos com freqüência nos veículos de
comunicação – jornais, revistas, publicações específicas – temas relativos a
alimentação adequada, sedentarismo, equilíbrio pessoal, gerenciamento de
tempo, estresse, saúde cardiovascular, meio ambiente, relacionamento saudável,
etc. As pessoas estão mais atentas ao próprio estilo de viver e questionam mais a
qualidade de vida.
Sabemos que a boa saúde é fortemente influenciada pelo estilo de vida, e
este afeta diretamente nossa qualidade de vida.
Para Chiavenato (1999), a qualidade de vida no trabalho envolve vários
fatores como: a satisfação com o trabalho executado, as possibilidades de futuro
na organização, o reconhecimento pelos resultados alcançados, o salário
recebido, os benefícios auferidos, o relacionamento humano dentro do grupo e da
organização, o ambiente psicológico e físico de trabalho, a liberdade e
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responsabilidade de decidir e as possibilidades de participar. Ou seja, para se
obter um ambiente de trabalho satisfatório, a empresa precisa assegurar a saúde
física e mental das pessoas. Do ponto de vista físico, o ambiente deve atuar de
forma positiva sobre todos os órgãos dos sentidos humanos – visão, audição,
tato, olfato e paladar. Do ponto de vista mental, o ambiente de trabalho deve
envolver condições psicológicas e sociológicas saudáveis e que atuem
positivamente sobre o comportamento das pessoas, evitando impactos
emocionais como o estresse.
O ambiente de trabalho em si pode provocar doenças. Segundo
Chiavenato (1999), uma definição ampla de saúde é um estado físico, mental e
social de bem-estar. Essa definição enfatiza as relações entre corpo, mente e
padrões sociais. A saúde de um empregado pode ser prejudicada por doenças,
acidentes ou estresse. As empresas devem assumir também a responsabilidade
de cuidar do estado geral de saúde do funcionário, incluindo seu bem-estar
psicológico. Pois, um funcionário deprimido e estressado, pode ser tão
improdutivo quanto um funcionário hospitalizado.
Um ambiente de trabalho agradável pode melhorar o relacionamento
interpessoal e a produtividade, assim como reduzir acidentes, doenças e
rotatividade do pessoal. Fazer do ambiente um local agradável para se trabalhar
torno-se uma verdadeira obsessão para as empresas bem sucedidas.
Os programas inadequados de saúde possuem conseqüências
mensuráveis como: aumento de pagamento por indenizações, aumento dos
afastamentos por doença, aumento dos custos de seguros, rotatividade do
pessoal, produtividade baixa e baixa qualidade, entre outras.
Assim, em termos de discursos teóricos, o programa de qualidade de vida
no trabalho tem se orientado no resgate dos valores ambientais/físicos e humanos
negligenciados pelas sociedades industriais, e vem ao encontro de dois pontos:
produtividade e melhores condições de trabalho.
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Capítulo III
Programas de Qualidade de Vida no Trabalho
Os programas internos de qualidade de vida desenvolvidos pelas empresas
são muito importantes e possibilitam que a companhia obtenha excelentes
resultados diretos e, ao mesmo tempo, que os profissionais sintam-se realizados.
Investir na qualidade em qualquer que seja a área, é hoje a receita do sucesso,
tanto para as empresas quanto para os profissionais.
Energizando Talentos – Ações para a Melhoria da Qualidade de Vida - Furnas
Apresentação
Analisando o ambiente profissional das empresas de sucesso, observamos
que a valorização do elemento humano, vem sendo o diferencial estratégico para
o aumento da produtividade, hoje obtido mediante o estabelecimento do diálogo
franco, que motiva à participação e o comprometimento.
O Programa Energizando Talentos, retrata o trabalho da equipe de
profissionais da Assessoria de Programas Assistenciais, subordinada à
Superintendência de Recursos Humanos, de Furnas Centrais Elétricas S.A.
As ações desenvolvidas pela Assessoria estimulam além da inteligência
intelectual, a emocional e a espiritual, via exercícios pleno da criatividade,
desenvolvendo o trabalho em equipe e contribuindo de maneira determinante no
processo de valorização do indivíduo, no aumento de sua auto-estima e
conseqüentemente, em sua produtividade.
Dentre as atividades realizadas, a empresa privilegia o Coral “Furnas
Gerando Vozes”, atividade eleita como censora para aferição de resultados,
porque alia à precisão técnica necessária ao domínio dos múltiplos segredos das
escalas musicais, aos aspectos subjetivos ligados à arte: melhor caminho para
deixar transparecer a essência, o interior, a alma do ser humano. A música
propicia-se momentos de leveza e paz, desarmando espíritos, distribuindo-se
felicidade, sem a qual não há possibilidade de ser instalado ambiente propício à
melhoria, à qualidade.
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A Empresa
FURNAS – Centrais Elétricas S.A., é uma empresa de economia mista que
tem como principal acionista a Eletrobrás. Sua missão é ofertar energia elétrica
em condições de preço e qualidade altamente competitivos e assegurar o
funcionamento da malha de transmissão da região em que atua, usando
tecnologias adequadas e respeitando o meio ambiente.
A Empresa foi criada em 1957, para solucionar a grande crise energética
que se anunciava no final da década, transformando-se numa das maiores
empresas nacionais. Furnas é responsável pelo suprimento à áreas mais
desenvolvida e povoada do Brasil, abrangendo a Região Sudeste e parte do
Centro-Oeste.
O fio condutor de sua política desenhou, nos últimos dez anos, o perfil de
uma empresa voltada para a inserção social e a integração regional. A
conservação do meio ambiente sempre esteve presente em todas as suas
atividades e, apostando no futuro, passou a produzir energia para a vida.
Hoje, a empresa que produz energia elétrica também constrói cidadania, e
é por tudo isso que Furnas precisa de talentos humanos energizando.
Cenário Organizacional
A década de 90 tem sido particularmente difícil para as empresas estatais.
Junto às dificuldades econômicas enfrentadas pelo país, deu-se início, a uma
enorme campanha de descrédito em relação às empresas públicas, que, assim,
perderam praticamente toda a autonomia que desfrutaram no passado.
Apesar da sólida estrutura empresarial e da excelência dos quadros de
pessoal, essas empresas não estão conseguindo escapar do processo de
desgaste, que vem afetando principalmente, o que têm de mais valioso: o seu
quadro funcional.
Naturalmente, os empregados de Furnas não sairiam ilesos do processo
geral de desgaste, principalmente porque não estavam preparados para enfrentar
o embate político.Foi-se o tempo em que os empregados de Furnas se
orgulhavam de seu trabalho e da empresa.
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O trabalho já não constitui fonte de satisfação para a maioria, o que conduz
ao sentimento de perda, resistência e descrença nas mudanças, acomodações,
falta de visão de mundo, medo e negação da realidade.
Nesse momento, a Assessoria de Programas Assistenciais identificou
como fruto de sua nova atuação que, se para as pessoas o ambiente externo
parecia negativo, interiormente mantinham-se energias positivas, que
necessitavam de redirecionamento; deixar de focar a mudança apenas com um
risco e foca-la como oportunidade.
O serviço social, os programadores culturais e visuais e professores de
educação física vem desenvolvendo projetos e atividades voltadas para todos os
empregados de Furnas, no âmbito do escritório central e nas diversas localidades
da empresa. A principal característica dos projetos elaborados pela Assessoria é
a busca do desenvolvimento das potencialidades de todo o corpo técnico-
administrativo e seu equilíbrio biopsicossocial, conciliando objetivos pessoais e
organizacionais.
É importante esclarecer que em algumas áreas regionais (usinas e
subestações) distantes dos grandes centros, os profissionais da Assessoria,
desenvolvem atividades que envolvem a comunidade local. O direcionamento das
atividades se dá visando o acompanhamento das mudanças no cenário político,
econômico e social, onde todas as ações são diretamente voltadas ao
empregado, como ser integral, na busca essencial e permanente da Qualidade de
Vida no trabalho e Produtividade.
O Programa: Energizando Talentos
Considerando que cada ser humano é um ser social e que a qualidade do
social é o resultado do equilíbrio das dimensões desse ser: dimensão física,
emocional, intelectual e espiritual; a Assessoria de Programas Assistenciais crio o
Programa Energizando Talentos Humanos, objetivando gerar condições para que
a empresa tenha seus talentos humanos envolvidos, participando em processos
da Qualidade de Vida no Trabalho, da admissão à recolocação, favorecendo a
manutenção de ambiente de alto desempenho.
O programa é viabilizado pelos projetos: Empresa Cidadã e ser.
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Projeto: Empresa Cidadã
Objetivos
Viabilizar o acesso da comunidade externa á educação, trabalho e ao exercício da
cidadania.
Ações
Levando-se em consideração os procedimentos éticos externos e internos da
empresa, os profissionais da Assessoria, utilizam-se de pesquisa, diagnóstico,
estudo e análise de documentação, para definição de parcerias, participando
ativamente nos Comitês de Ação da Cidadania, campanhas de assistência social
desenvolvidas nos municípios, onde Furnas está inserida. Desenvolve diversas
parcerias com lideranças e instituições locais, presta assessoria a instituições
filantrópicas e, mantém convênios com órgãos do governo municipal e estadual, a
saber:
Secretaria de Desenvolvimento Social e Fundação de Apoio à Escola
Técnica (FAETEC): Trabalho com adolescentes-treinados, objetivando propiciar
aos adolescentes na faixa etária de 16 a 18 anos, a formação de novos valores,
posturas e condutas que favoreçam a compreensão de seu papel na sociedade,
fornecendo-lhes melhores condições de inserção no mercado de trabalho.
Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES): Trabalho de iniciação
profissional para deficientes auditivos: visando propiciar aos estudantes
portadores de deficiência auditiva, integração ocupacional e social, fornecendo-
lhes, também, melhores condições de inserção no mercado de trabalho.
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ): Assessora nos programas
para formação de agentes de saúde e atendimento médico, nas comunidades
circunvizinhas a Subestação de São José, localizada na Baixada Fluminense.
ONG Aldeia da Criança: Parceria no trabalho desenvolvido na manutenção da
Creche do Centro Comunitário da Vila de Santa Tereza/Baixada Fluminense.
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Projeto: Ser
Objetivos
Atender, pró-ativamente, as demandas organizacionais e dos empregados,
promovendo a qualidade de vida no trabalho e impactando positivamente nos
resultados de produtividade, qualidade e lucratividade;
Preparar os seres humanos para mudanças a partir do reconhecimento de
suas potencialidades, resgate da auto-estima e auto-confiança, trabalhando as
múltiplas inteligências e habilidades requeridas para as pessoas na atualidade e
no futuro;
Dinamizar as relações empresa-empregado-família.
Ações
Condicionamento físico: prevenção e correção em função do bem-estar no
ambiente de trabalho:
Ginástica Operacional: desenvolver e/ou manter a capacidade física dos
empregados, que atuam em postos de trabalho com grande exigência muscular;
Ginástica Laboral: prevenir lesões ocupacionais, ao longo da permanência do
empregado na Empresa;
Manutenção e Condicionamento Físico: manutenção de aptidão física dos
empregados, com atividades de interesse geral, voltadas para a integração e
socialização dos diversos segmentos da empresa;
Caminhadas Ecológicas e Desafio Aeróbico: proporcionar a melhoria da função
respiratória;
Colônia de Férias e Competições Internas: proporcionar a integração e a
socialização dos empregados e dependentes, conscientizando-os da importância
da prática regular de atividades físicas.
Projeto de Vida: Voltado para a reflexão, exercícios de auto descoberta,
reconhecimento de reações emocionais, identificação de habilidades, atitudes e
comportamentos que subsidiam a formulação do projeto de vida e que poderão
ser usados de modo construtivo no trabalho.
O programa é desenvolvido com sessões vivenciais, ao longo da permanência do
empregado na Empresa.
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Expressão de talentos/múltiplas inteligências: telecurso – 1º Grau e Suplência
2º Grau – formação escolar a nível de primeiro grau, que vem sendo desenvolvida
através de convênio com a Fundação Roberto Marinho, possibilitando a
conclusão do primeiro grau aqueles empregados que não tiveram oportunidade
de cursar o curriculum tradicional;
Curso de Pintura: incentivar o desenvolvimento e valorizar o potencial artístico
dos empregados, contratados, aposentados, estagiários, nas áreas de desenho,
fotografia, pintura e escultura. O custo desta atividade é dividido entre a Empresa
e os seus participantes;
Coral e Teatro: caracteriza-se pelo estímulo a participação de grupos de
empregados interessados em atividades canoras e teatrais. Os ensaios são
realizados de acordo com os interesses e necessidades de cada localidade. Os
grupos poderão realizar apresentações nas diversas áreas da Empresa, bem
como, atender a convites externos;
Arte do Meio Dia: caracteriza-se pelo estímulo a formação de grupos de
empregados interessados na participação de atividades artísticas, tais como:
música, teatro e dança. Tem como objetivo principal a valorização do potencial
artístico dos mesmos;
Sobremesa Cultural: objetiva reviver as características musicais próprias da
música popular e de outros estilos, assim com incentivar o surgimento de valores
artísticos;
Cinema: manutenção da programação mensal dos cinemas das vilas residenciais
das Usinas de Furnas e Estreito. Esse projeto é uma parceria realizada entre a
APA.G e a Cooperativa dos Funcionários de Furnas (Cecremef), que vem
atendendo também, aos municípios vizinhos que não tem acesso a este tipo de
lazer;
Grupo de Dança: são cursos periódicos de dança de salão ministrados aos
empregados do escritório central, objetivando uma maior integração de seus
participantes, além de aulas de balé clássico e moderno com adolescentes e
crianças da Usina de Estreito envolvendo a comunidade, não só na realização,
como também na produção de espetáculos. O custo desta atividade é dividido
entre a Empresa e seus participantes;
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Biblioteca Volante: projeto itinerante que visa estimular o hábito de leitura. São
cinco acervos de livros, distribuídos entre cinco localidades diferentes;
Campanhas Educativas: propicia aos empregados e dependentes a
oportunidade de discutirem e aprimorarem informações acerca de temáticas
sociais variadas, tais como: Prevenção de Trabalho (SIPAT), Semana da Mulher,
Qualidade de Vida e outros temas de interesse das comunidades;
Homenagem aos empregados: homenagear os empregados que completam 10,
20, e 30 anos de serviços prestados a Empresa;
Grupo de Reflexão: consiste na realização de trabalho social específico com
grupos de empregados e dependentes para discussão e reflexão de temáticas
voltadas para as áreas de relacionamentos sociais, preparação para a
aposentadoria, dependência química, adolescente e mulher.
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CONCLUSÃO
Neste milênio, nestes novos tempos, nessa nova era estamos vivendo
hoje, já não bastam aquelas velhas maneiras de gerir o capital humano das
empresas. Hoje é consenso, o que faz a “diferença” em qualquer organização é o
ser humano, ou seja, o funcionário, ou seja a qualidade com que este funcionário
executa suas funções.
Estamos vivendo tempos onde a velocidade é a marca registrada desta
era, velocidade de informação, comunicação e etc. e também velocidade com que
o bom funcionário muda de emprego. Se você não encontrar novas maneiras de
que esse funcionário se apaixone pela sua empresa, goste de trabalhar lá, você
corre o risco de treinar talentos por anos a fio, gastar tempo e dinheiro , quer dizer
investimento e na hora de dar retorno a concorrência rouba de você. Para seduzir
o seu funcionário, todas as organizações deveriam investir em programas que
façam do local de trabalho um ambiente agradável.
Apesar de se constatar a importância do gerenciamento inteligente do
talento humano, na prática percebemos que isto ainda é uma utopia. Existe um
pequeno e restrito círculo de empresas dando atenção devida as pessoas.
São raras as empresas que consideram o capital humano como parceiros
de negócio. São mais raras ainda as que consideram nos seus negócios. A
grande maioria das empresas ainda trata as pessoas como meros recursos
produtivos e operacionais, dentro de mesma categoria das máquinas,
equipamentos, instalações e materiais. Os salários e suas decorrências são
considerados custos e não investimentos.
Contudo, face ao exposto, fica claro que as empresas precisam investir no
bem-estar e na satisfação dos seus funcionários, beneficiando amplamente o
delicado campo dos relacionamentos e, por conseqüência, a produtividade. Seja
através de vivências alternativas – como aulas de ioga, de ginástica, de
musicoterapia ou sobre o uso de essências florais – de atividade de
autoconhecimento ou que promovam maior integração, tais empresas estão
conscientes do seu papel enquanto entidades não separadas dos indivíduos que
a compõem. Desenvolvem e aperfeiçoam uma visão mais ampla do funcionário,
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considerando que ninguém poderá dar o melhor de si se não apresentar um
mínimo de harmonia com seus pensamentos e sentimentos.
Conclui-se, portanto que as organizações não podem mais ignorar a força
representada pelas pessoas que a integram. Para se alcançar sucesso, as
organizações precisam criar ambientes de trabalho onde as pessoas se sintam
seguras, motivadas, de bom humor e confortáveis para enfrentar os desafios
requeridos por suas realizações.
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Referências Bibliográficas ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a Centralidade do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez, 1997. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campos, 1999. FERNANDES, Eda. Qualidade de Vida no trabalho. Como medir para melhorar. Salvador: Casa da Qualidade, 1996. FERNANDES, Eda; GUTIERREZ, Luiz. Qualidade de vida no trabalho (QVT): uma ex-periência brasileira. Revista da Administração, São Paulo, 1988. FONSECA, Carla da Nóbrega. Projeto: Energizando Talentos. Ações para a Melhoria da Qualidade de Vida. Furnas, 2000. FRANCISCO, E. M. e CRDOSO, I. C. Políticas sociais empresariais e as novas tecnologias de gerenciamento de recursos humanos. In: Revista Social e Sociedade. São Paulo: Cortez, nº 41, abril 1993. LIMA, Irê. Qualidade de vida no trabalho na construção de edificações: a percepção dos operários de empresas de pequeno porte. Florianópolis, 1996. Tese de doutorado em engenharia. Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina. MATOS, Francisco Gomes. Empresa Feliz. Rio de Janeiro: Makron Books, 1997. OUELHAS, Osvaldo; MORGADO, Claudia. A importância da qualidade de vida no trabalho para a competitividade. Tendências do Trabalho, São Paulo, nov.1993. Entrevista.
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