Psicologia Médicaaula introdutória

Marco Antonio Alves BrasilChefe do Serviço de Psiquiatria e Psicologia

Médica - HUCFFProf. Adjunto da FM-UFRJ

O objetivo geral desta aula expositiva é oferecer uma visão introdutória e panorâmica sobre a importância da Psicologia Médica.

História da Pessoa

O que é Psicologia Médica?Para que serve?

O que acham ou esperam que possam aprender sobre psicologia médica?

Se eu decoro, esqueçoSe eu decoro, esqueçoSe vejo, lembro-meSe vejo, lembro-meSe faço, aprendoSe faço, aprendo

Provérbio chinês

“Que a proa e a popa de nossa didática sejam: buscar e encontrar um método para que

os docentes ensinem menos e os discentes aprendam mais; que nas escolas haja menos conversa, menos enfado e trabalhos inúteis,

mais tempo livre, mais alegria e mais proveito; que no mundo haja menos trevas, menos

confusão, menos dissensões, mais luz, mais ordem, mais paz e tranqüilidade.”

Comenius (1592 – 1670)

A psicologia médica é essencialmente o A psicologia médica é essencialmente o estudo da relação médico-paciente.estudo da relação médico-paciente. Entender esse encontro, a sua importância Entender esse encontro, a sua importância

para o vínculo terapêutico, fundamental para o vínculo terapêutico, fundamental para o sucesso de um tratamento.para o sucesso de um tratamento.

Psicologia Médica

Ela nem sempre é valorizada Ela nem sempre é valorizada Há um pequeno espaço tratando da história da Há um pequeno espaço tratando da história da

pessoa na maioria dos livros atuais de pessoa na maioria dos livros atuais de Semiologia Médica – muitas vezes uma ou duas Semiologia Médica – muitas vezes uma ou duas páginas dentro do capítulo do exame páginas dentro do capítulo do exame psiquiátrico.psiquiátrico.

A ênfase à Medicina do corpo (centrada na A ênfase à Medicina do corpo (centrada na doença) e não da Pessoadoença) e não da Pessoa A valorização do biológico em detrimento do A valorização do biológico em detrimento do

psicológico e do social.psicológico e do social.

Uma Medicina voltada mais para o Uma Medicina voltada mais para o tratamento do que para a prevenção das tratamento do que para a prevenção das doenças.doenças.

A interferência de terceiros (indústrias A interferência de terceiros (indústrias farmacêuticas e de equipamentos, planos farmacêuticas e de equipamentos, planos de saúde, companhias seguradoras etc.) de saúde, companhias seguradoras etc.) na relação médico-paciente.na relação médico-paciente.

Fundamentos da boa prática clínicaFundamentos da boa prática clínica:: Boa relação médico-pacienteBoa relação médico-paciente Diagnóstico corretoDiagnóstico correto Uso racional e criterioso de recursos Uso racional e criterioso de recursos terapêuticos terapêuticos

Relação médico-paciente

Boas regras de educaçãoBoas regras de educaçãoHumildade Humildade Interesse autêntico pelo pacienteInteresse autêntico pelo pacienteDisponibilidadeDisponibilidade

Psicologia Médica

A importância do modelo identificatórioA importância do modelo identificatório

““A criança é o pai do A criança é o pai do homem”homem”

S. FreudS. Freud

Aspira-se, como produto da escola Aspira-se, como produto da escola médica, um profissional com formação médica, um profissional com formação geral, humanista, crítico e capaz de refletir geral, humanista, crítico e capaz de refletir sobre sua ação; capaz de atuar de forma sobre sua ação; capaz de atuar de forma ética em todos os atos que pratique como ética em todos os atos que pratique como médico. médico.

O perfil do profissional definido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina ( MEC,2001)

O Médico é formado para lidar com o processo O Médico é formado para lidar com o processo saúde-doença, sim, mas a ele também é saúde-doença, sim, mas a ele também é imputada a responsabilidade de, aliado a outros imputada a responsabilidade de, aliado a outros profissionais de saúde, favorecer a saúde profissionais de saúde, favorecer a saúde integral dos seres humanos, não apenas do integral dos seres humanos, não apenas do doente, e exercitar a promoção da saúde no nível doente, e exercitar a promoção da saúde no nível individual e coletivo. individual e coletivo.

O perfil do profissional definido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina ( MEC,2001)

Além de estar capacitado para exercer, Além de estar capacitado para exercer, eventualmente, papel de liderança, agir com eventualmente, papel de liderança, agir com empatia, ter habilidade para tomada de empatia, ter habilidade para tomada de decisões, comunicar-se adequadamente e decisões, comunicar-se adequadamente e gerenciar de forma efetiva e eficaz.gerenciar de forma efetiva e eficaz.

O perfil do profissional definido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina ( MEC,2001)

Mais ainda: ser capaz de atuar em Mais ainda: ser capaz de atuar em qualquer nível de atenção, com ações de qualquer nível de atenção, com ações de promoção, prevenção, recuperação e promoção, prevenção, recuperação e reabilitação. reabilitação.

O perfil do profissional definido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina ( MEC,2001)

Por fim, cobra-se deste médico ser Por fim, cobra-se deste médico ser formado com responsabilidade social, formado com responsabilidade social, compromisso com a cidadania e que seja compromisso com a cidadania e que seja um exímio promotor da saúde integral do um exímio promotor da saúde integral do ser humano.ser humano.

O perfil do profissional definido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina ( MEC,2001)

RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE formas básicas (segundo Hollender)

Médico Paciente Situação Protótipo

1. Atividade Passividade Urgência mãe-bebê

2. Orientação Cooperação Doenças agudas pai-criança

3. Participação mútua e

recíproca

Participação mútua e

recíproca

Doenças crônicas; readaptações pós-operatórias ou pós-

traumáticas

adulto-adulto

MODELO DE RELAÇÃO MÉDICO – PACIENTE

(TATOSSIAN)

RELAÇÃO INTERPESSOAL

MODELO TÉCNICO DE SERVIÇO

M C

O

M = MÉDICO

P = PACIENTE

M = MÉDICO

C = CLIENTE

O = OBJETO A REPARAR

M P

Relações humanas no hospitalRelações humanas no hospital A Relação Médico-PacienteA Relação Médico-Paciente A importância da comunicação na A importância da comunicação na

relação médico-pacienterelação médico-paciente A agressividadeA agressividade A sexualidade A sexualidade A morte A morte

A relação entre os membros de uma A relação entre os membros de uma equipe médicaequipe médica

A importância da comunicação na A importância da comunicação na relação médico-pacienterelação médico-paciente

Relação da equipe = entre seus Relação da equipe = entre seus membros e com o paciente/famíliamembros e com o paciente/família

A Familia do pacienteA Familia do paciente

Paciente agudoPaciente agudo Paciente crônicoPaciente crônico Paciente cirúrgicoPaciente cirúrgico Paciente sedutorPaciente sedutor Paciente delirantePaciente delirante

Paciente somatizadorPaciente somatizador Paciente ansiosoPaciente ansioso Paciente deprimidoPaciente deprimido Paciente terminalPaciente terminal Paciente no CTIPaciente no CTI

A aflição e a preocupação de um familiar geralmente são vistos com inadequadas, o responder as suas perguntas como uma perda de tempo. É como se, a partir do momento em que uma pessoa adoecesse, ela devesse perder sua identidade e seus vínculos familiares e passasse a pertencer à Medicina.

Elisabeth Kübler-Ross

A Medicina a serviço do tempo!

A verdade divididaA verdade dividida

A porta da verdade estava abertaA porta da verdade estava abertamas só deixava passarmas só deixava passarmeia pessoa de cada vez.meia pessoa de cada vez.

A verdade divididaA verdade divididaAssim não era possível atingir toda a Assim não era possível atingir toda a verdade,verdade,porque a meia pessoa que entravaporque a meia pessoa que entravasó conseguia o perfil de meia verdade.só conseguia o perfil de meia verdade.E sua segunda metadeE sua segunda metadevoltava igualmente com meio perfil.voltava igualmente com meio perfil.E os meios perfis não coincidiam.E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta.Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.Derrubaram a porta.

Chegaram ao lugar luminoso Chegaram ao lugar luminoso onde a verdade esplendia os seus fogos.onde a verdade esplendia os seus fogos.

Era dividida em duas metadesEra dividida em duas metadesdiferentes uma da outra.diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.mais bela.

Nenhuma das duas era perfeitamente Nenhuma das duas era perfeitamente bela.bela.

E era preciso optar. Cada um optouE era preciso optar. Cada um optouconforme conforme seu capricho, sua ilusão, sua seu capricho, sua ilusão, sua

miopia.miopia.

““Os médicos se valem Os médicos se valem de medicamentos que de medicamentos que pouco conhecem para pouco conhecem para

curar doenças que curar doenças que conhecem menos ainda conhecem menos ainda em seres humanos dos em seres humanos dos

quais nada sabem.”quais nada sabem.”

Voltaire

Doutores em humilhaçãoDoutores em humilhação

Debora Diniz* - O Estado de S.PauloDebora Diniz* - O Estado de S.Paulo

* Antropóloga, professora da Universidade de Antropóloga, professora da Universidade de Brasília e pesquisadoraBrasília e pesquisadora

da Anis: Instituto de Bioética, Direitos da Anis: Instituto de Bioética, Direitos Humanos e GêneroHumanos e Gênero

Três rapazes agridem um senhor em uma Três rapazes agridem um senhor em uma bicicleta com um tapete de carro. A força bicicleta com um tapete de carro. A força do impacto leva o homem a se do impacto leva o homem a se desequilibrar e cair da bicicleta. desequilibrar e cair da bicicleta. Excitados pelo impulso sádico, os Excitados pelo impulso sádico, os rapazes teriam gritado "ô, nego". rapazes teriam gritado "ô, nego".

Um grupo de testemunhas denuncia os Um grupo de testemunhas denuncia os rapazes à polícia. Eles são presos, o rapazes à polícia. Eles são presos, o que poderia ser considerado um que poderia ser considerado um desfecho justo ao ritual de humilhação desfecho justo ao ritual de humilhação racial e de classe.racial e de classe.

Mas o Centro Universitário Barão de Mas o Centro Universitário Barão de Mauá, no interior de São Paulo, decidiu Mauá, no interior de São Paulo, decidiu também expulsá-los do curso. Eles também expulsá-los do curso. Eles estudavam Medicina.estudavam Medicina.

O que há de tão grave nessa história, além O que há de tão grave nessa história, além da injúria racial e da agressão física a um da injúria racial e da agressão física a um homem inocente a caminho do trabalho?homem inocente a caminho do trabalho?

O fato de os três rapazes estudarem O fato de os três rapazes estudarem Medicina. Esses são desvios inaceitáveis Medicina. Esses são desvios inaceitáveis para qualquer cidadão, mas para qualquer cidadão, mas particularmente inquietantes quando particularmente inquietantes quando seus autores são futuros médicos.seus autores são futuros médicos.

Há um espaço simbólico reservado ao Há um espaço simbólico reservado ao médico em nossa vida social: a ele cabe o médico em nossa vida social: a ele cabe o conforto, a escuta e o cuidado. Há uma conforto, a escuta e o cuidado. Há uma expectativa de acolhimento universal que expectativa de acolhimento universal que não distingue cor, idade, sexo ou religião. não distingue cor, idade, sexo ou religião.

Um pacto silencioso de confiança é o Um pacto silencioso de confiança é o que nos move ao entrar em um que nos move ao entrar em um consultório médico: aquela pessoa consultório médico: aquela pessoa de branco diante de nós está ali para de branco diante de nós está ali para cuidar de nosso medo da morte.cuidar de nosso medo da morte.

Dos médicos se espera mais do que o Dos médicos se espera mais do que o simples cumprimento das regras simples cumprimento das regras fundamentais da cidadania: é preciso fundamentais da cidadania: é preciso uma consciência ética sobre o lugar uma consciência ética sobre o lugar sagrado que socialmente lhes é sagrado que socialmente lhes é reservadoreservado

Por isso, não pode haver médicos Por isso, não pode haver médicos racistas, sexistas ou violentos. As racistas, sexistas ou violentos. As crenças privadas de um médico são crenças privadas de um médico são simplesmente seus valores sobre o simplesmente seus valores sobre o bem viver, o que não lhes confere bem viver, o que não lhes confere nenhuma autoridade para julgar ou nenhuma autoridade para julgar ou reprimir moralmente seus pacientes. reprimir moralmente seus pacientes.

O homem da bicicleta foi humilhado O homem da bicicleta foi humilhado pelos três rapazes que acreditavampelos três rapazes que acreditavamser divertido ao agredir ou assustar ser divertido ao agredir ou assustar pessoas a caminho do trabalho. O pessoas a caminho do trabalho. O exercício da humilhação é um exercício da humilhação é um instrumento de poder dos fortes e os instrumento de poder dos fortes e os médicos são indivíduos com poder sobre médicos são indivíduos com poder sobre o corpo vulnerável de um pacienteo corpo vulnerável de um paciente

Mesmo que não estivessem ainda no Mesmo que não estivessem ainda no exercício da medicina, os rapazes exercício da medicina, os rapazes testavam os limites das vantagens testavam os limites das vantagens conferidas pela desigualdade de classe e conferidas pela desigualdade de classe e de raça que contornam nossa vida socialde raça que contornam nossa vida social

Se um dia vierem a ser médicos e ainda Se um dia vierem a ser médicos e ainda distantes da consciência ética sobre a distantes da consciência ética sobre a dor do outro, eles terão outros homens dor do outro, eles terão outros homens da bicicleta como pacientes e diante da bicicleta como pacientes e diante deles expressarão semelhante desprezo. deles expressarão semelhante desprezo. Certamente, não mais os agrediriam Certamente, não mais os agrediriam com um tapete nas costas, mas com a com um tapete nas costas, mas com a indiferença pelo sofrimento.indiferença pelo sofrimento.

Um bom médico não é apenas aquele Um bom médico não é apenas aquele que se atualiza nas técnicas e que se atualiza nas técnicas e conhecimentos sobre sua especialidade, conhecimentos sobre sua especialidade, mas é principalmente aquele que se mas é principalmente aquele que se aproxima de seu paciente e é capaz de aproxima de seu paciente e é capaz de entender as sutilezas do seu sofrimento.entender as sutilezas do seu sofrimento.

O reconhecimento do papel simbólico O reconhecimento do papel simbólico do médico está diretamente relacionado do médico está diretamente relacionado ao exercício desses atributos. Por isso, ao exercício desses atributos. Por isso, no sentido mais clássico da expressão, no sentido mais clássico da expressão, um bom médico exercita a nobreza de um bom médico exercita a nobreza de caráter.caráter.

A expulsão do curso de medicina não A expulsão do curso de medicina não deve ser entendida como um ato de deve ser entendida como um ato de vingança ou de duplo castigo. Os vingança ou de duplo castigo. Os rapazes foram submetidos a duas rapazes foram submetidos a duas ordens de julgamento.ordens de julgamento.

A primeira foi penal e resultou na prisão A primeira foi penal e resultou na prisão temporária e no pagamento da fiança temporária e no pagamento da fiança pela agressão. pela agressão.

A segunda foi ética e anuncia um sinal A segunda foi ética e anuncia um sinal importante dado por aqueles que se importante dado por aqueles que se preocupam com a formação dos futuros preocupam com a formação dos futuros médicos - há valores fundamentais à médicos - há valores fundamentais à consciência ética de um médico e um consciência ética de um médico e um deles é o respeito ao humanismo. deles é o respeito ao humanismo.

A decisão da faculdade em expulsá-los A decisão da faculdade em expulsá-los indica que, apesar da intensa indica que, apesar da intensa mercantilização da medicina, a ética mercantilização da medicina, a ética importa para a formação médica.importa para a formação médica.

Há vários desafios éticos na formação Há vários desafios éticos na formação das novas gerações de médicos. O das novas gerações de médicos. O modelo brasileiro de saúde pública se modelo brasileiro de saúde pública se vê continuamente ameaçado pela vê continuamente ameaçado pela sedução mercantil da medicina dos sedução mercantil da medicina dos desejos, como é o caso das cirurgias desejos, como é o caso das cirurgias estéticas. estéticas.

A medicina deve ser uma prática que A medicina deve ser uma prática que reconhece a universalidade da condição reconhece a universalidade da condição humana e não simplesmente o poder de humana e não simplesmente o poder de consumo de seus pacientes. consumo de seus pacientes.

O medo da morte e as fragilidades que O medo da morte e as fragilidades que nos acompanham são parte de nossa nos acompanham são parte de nossa condição humana compartilhada e condição humana compartilhada e desconhecem qualquer diferença que desconhecem qualquer diferença que nos situem como trabalhadores negros nos situem como trabalhadores negros ou estudantes brancos de uma ou estudantes brancos de uma faculdade privada.faculdade privada.

*25/09/09 - 18h - Presidente Lula define prêmio para jogadores *25/09/09 - 18h - Presidente Lula define prêmio para jogadores que venceram a Copa do Mundo; valor pode chegar a 465 mil que venceram a Copa do Mundo; valor pode chegar a 465 mil reais*reais* *O presidente Lula e a Associa*O presidente Lula e a Associaçção dos Campeões ão dos Campeões Mundiais do Brasil negociam aposentadoria e Mundiais do Brasil negociam aposentadoria e indenizaindenizaçção para os atletas da seleão para os atletas da seleçção que ganharam ão que ganharam Copas do Mundo. O benefCopas do Mundo. O benefíício valercio valeráá inicialmente aos inicialmente aos ex-jogadores de 1958 e se estenderex-jogadores de 1958 e se estenderáá, posteriormente, a , posteriormente, a quem atuou nos Mundiais de 1962, 1970, 1994 e 2002. quem atuou nos Mundiais de 1962, 1970, 1994 e 2002. Reunião na Casa Civil discutiu as cifras a serem pagas Reunião na Casa Civil discutiu as cifras a serem pagas aos campeões.aos campeões.

*25/09/09 - 18h - Presidente Lula define prêmio para jogadores *25/09/09 - 18h - Presidente Lula define prêmio para jogadores que venceram a Copa do Mundo; valor pode chegar a 465 mil que venceram a Copa do Mundo; valor pode chegar a 465 mil reais*reais*

Inicialmente, o valor negociado para cada um gira em Inicialmente, o valor negociado para cada um gira em torno de mil saltorno de mil saláários mrios míínimos, no caso da indenizanimos, no caso da indenizaçção ão (465 mil reais), e de dez sal(465 mil reais), e de dez saláários mrios míínimos (4.650 reais), nimos (4.650 reais), o teto da Previdência, para a aposentadoria. A o teto da Previdência, para a aposentadoria. A expectativa expectativa éé que o an que o anúúncio da nova medida seja feito ncio da nova medida seja feito pelo governo na prpelo governo na próóxima semana.xima semana.

O texto abaixo foi escrito por TOSTÃO, ex-O texto abaixo foi escrito por TOSTÃO, ex-jogador de futebol, comentarista esportivo, jogador de futebol, comentarista esportivo, escritor e escritor e médicomédico, e foi publicado em , e foi publicado em vários jornais do Brasil:vários jornais do Brasil:

*Na semana passada, ao chegar de férias, Na semana passada, ao chegar de férias, soube, sem ainda saber detalhes, que o soube, sem ainda saber detalhes, que o governo federal vai premiar, com um governo federal vai premiar, com um pouco mais de R$ 400 mil, cada um dos pouco mais de R$ 400 mil, cada um dos campeões do mundo, pelo Brasil, em campeões do mundo, pelo Brasil, em todas as Copas. todas as Copas.

Não hNão háá razão para isso. Podem tirar meu razão para isso. Podem tirar meu nome da lista, mesmo sabendo que preciso nome da lista, mesmo sabendo que preciso trabalhar durante anos para ganhar essa trabalhar durante anos para ganhar essa quantia.quantia.

O governo não pode distribuir dinheiro pO governo não pode distribuir dinheiro púúblico. Se blico. Se fosse assim, os campeões de outros esportes teriam fosse assim, os campeões de outros esportes teriam o mesmo direito. o mesmo direito. E os atletas que não foram campeões do mundo, E os atletas que não foram campeões do mundo, mas que lutaram da mesma forma? mas que lutaram da mesma forma? Além disso, todos os campeões foram premiados Além disso, todos os campeões foram premiados pelos tpelos tíítulos. Após a Copa de 1970, recebemos um tulos. Após a Copa de 1970, recebemos um bom dinheiro, de acordo com os valores de bom dinheiro, de acordo com os valores de referência da época.referência da época.

ÉÉ necessário ainda preparar os atletas em necessário ainda preparar os atletas em atividade para o futuro, para terem atividade para o futuro, para terem condições tcondições téécnicas e emocionais de cnicas e emocionais de exercer outras atividades.exercer outras atividades.

A vida é curta, e a dos atletas, mais ainda.A vida é curta, e a dos atletas, mais ainda.

O que precisa ser feito pelo governo, CBF e O que precisa ser feito pelo governo, CBF e clubes por onde atuaram esses atletas é clubes por onde atuaram esses atletas é ajudar os que passam por grandes ajudar os que passam por grandes dificuldades, além de criar e aprimorar leis dificuldades, além de criar e aprimorar leis de proteção aos jogadores e suas famde proteção aos jogadores e suas famíílias, lias, como pensões e aposentadorias.como pensões e aposentadorias.

Alguns vão lembrar e criticar que recebi, Alguns vão lembrar e criticar que recebi, junto com os campeões de 1970, um carro junto com os campeões de 1970, um carro Fusca da prefeitura de São Paulo. Na época, Fusca da prefeitura de São Paulo. Na época, o prefeito era Paulo Maluf. Se tivesse a o prefeito era Paulo Maluf. Se tivesse a consciência que tenho hoje, não aceitaria.consciência que tenho hoje, não aceitaria.

Tinha 23 anos, estava eufTinha 23 anos, estava eufóórico e achava que rico e achava que era uma grande homenagemera uma grande homenagem.

Ainda bem que a justiça obrigou o prefeito a Ainda bem que a justiça obrigou o prefeito a devolver aos cofres públicos, com o próprio devolver aos cofres públicos, com o próprio dinheiro, o valor para a compra dos carros.dinheiro, o valor para a compra dos carros.

Não foi o único erro que cometi na vida. Sou Não foi o único erro que cometi na vida. Sou apenas um cidadão que tenta ser justo e apenas um cidadão que tenta ser justo e correto. correto. ÉÉ minha obrigação.* minha obrigação.*

Dr. Eduardo Gonçalves de Andrade Tostão Tostão