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Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental Psicologia Médica II RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE NA UTI Profª Regina Reis Prof. Daniel Pagnin

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Page 1: Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental Psicologia Médica II RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

Universidade Federal FluminenseInstituto de Saúde da ComunidadeDepartamento de Psiquiatria e Saúde MentalPsicologia Médica II

RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

NA UTI

Profª Regina Reis Prof. Daniel Pagnin

Page 2: Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental Psicologia Médica II RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

ADMISSÃO NA UT I

Principal Motivo: Condições médicas graves Exemplos:

Traumatismo cranio encefálico, Insuficiência respiratória e cardíaca grave, queimadura, acidente automobilístico, perfuração por arma de fogo, abdome agudo, etc.

Page 3: Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental Psicologia Médica II RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

Relação Médico paciente

Estão submetidos a situações de estresse importante, frequentemente são mantidos sedados e durante o período de recuperação progressiva da consciência deparam-se com o ambiente da UTI o que pode ocasionar alterações sensoriais: ilusões e alucinações (principalmente visuais)

Page 4: Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental Psicologia Médica II RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

Relação Médico paciente

Medidas facilitadoras no relacionamento>contato com a luz do dia (manutenção do

ciclo sono-vigília)>relógio visível (orientação quanto ao tempo)>presença de objeto pessoal (ambiente mais

familiar e menos hostil)>visita de pessoas próximas (diminui a

confusão)>falar com frases simples, claras e em tom

audível (facilita a comunicação)

Page 5: Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental Psicologia Médica II RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

Relação Médico paciente

Anamnese

Na fase inicial o paciente na UTI muitas vezes é incapaz de fornecer dados de sua história clínica sendo os familiares os principais informantes nesta fase.

A medida que se torna mais lúcido ele complementa as informações existentes o que ajuda a refinar o diagnóstico.

Page 6: Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental Psicologia Médica II RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

Relação Médico paciente

Exame do paciente

1- avaliar o nível de vigilância e concentração através da capacidade de obedecer comandos dados pelo médico.

2- observação das expressões faciais. 3- avaliar capacidade do paciente escrever

respostas numa folha de papel. 4- perguntas com resposta sim ou não.

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Reações Emocionais do paciente

1 - Ansiedade

> Ansiedade contribuí para a ativação do sistema de estresse, provocando mudanças na imunocompetência do organismo, aumentando a suscetibilidade a infecções e levando a complicações clínicas.

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Reações Emocionais do paciente

1 - Ansiedade

>motivos de ansiedade: intimidade com estranhos, exposição frequente a procedimentos dolorosos, restrição no leito, perda do sono, perda do controle, separação da família e das pessoas a quem ama e medo da morte.

Page 9: Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental Psicologia Médica II RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

Reações Emocionais do paciente

2 - Depressão

> Evidencias de que a depressão não tratada diminui a sobrevida em geral e aumenta a morbidade e mortalidade principalmente em doenças cardiovasculares

Page 10: Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental Psicologia Médica II RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

Reações Emocionais do paciente

2 - Depressão

Sintomas indicativos

aparência depressiva Diminuição da fala ou isolamento

social Pessimismo, autopiedade. Não sorri, não reage positivamente a

boas notícias.

Page 11: Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental Psicologia Médica II RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

Estresse da Equipe

Privação de sono Longos períodos de trabalho

ininterrupto Lidar com pacientes gravemente

doentes Cuidados por meio de alta tecnologia Realizar procedimentos complexos

ou invasivos Sentir-se responsável pelo paciente

e sua família Ansiedade sobre a má pratica Lidar com a morte

Page 12: Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental Psicologia Médica II RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

Estresse Familiar

Vulnerabilidade a que o paciente fica exposto na UTI

Grande número de profissionais prestando informação

Familiares podem apresentar quadro de ansiedade ou depressão

Manejo: um membro da equipe e um membro da família em contato permanente para troca de informações e melhoria da comunicação entre ambos

Page 13: Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental Psicologia Médica II RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

Referencias

1. Zimmermann,PR; Bertuol,CS et al. O Paciente na U T I in Botega,NJ Pratica Psiquiátrica no Hospital Geral, ArtMed, 2006, cap24,395-404.

2. Shuster,JL; Stern,TA. Unidades de Tratamento Intensivo in Rundell,JR; Wise,MG. Princípios de Psiquiatria de Consultoria e Ligação. Editora Guanabara Koogan, 2004,Cap24,324-335.

Page 14: Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental Psicologia Médica II RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

Universidade Federal FluminenseInstituto de Saúde da ComunidadeDepartamento de Psiquiatria e Saúde MentalPsicologia Médica II

REAÇÕES EMOCIONAIS FRENTE

AS DOENÇAS CRÔNICAS

Profª Regina ReisProf. Daniel Pagnin

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Exemplos de Doenças Crônicas

Asma Anemia Falciforme ArtritesCardiopatias Diabetes Hipertensão Arterial

Vitiligo, etc.

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Comunicação ao Paciente (1)

A pessoa com uma doença crônica e incapacitante tem de aceitar o fato

de que nunca se curará e de que

qualquer mudança em sua condição tende a

ser para pior.

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Comunicação ao Paciente

Ser informado de que tem uma doença crônica constituí notícia chocante e provocadora de ansiedade.

O médico deve ficar alerta para esta possibilidade e oferecer auxílio e apoio ao paciente, caso ele apresente aumento de ansiedade, desesperança, tendência suicida entre outros.

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Comunicação ao Paciente

O médico deve estar certo de seu diagnóstico para comunicar ao paciente a existência de uma doença crônica.

Durante a fase de investigação é possível o paciente advinhar o que o médico suspeita. O médico deve confirmar o palpite embora enfatizando que ainda não terminou a investigação.

Page 19: Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental Psicologia Médica II RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

Comunicação ao Paciente

Deve-se informar ao paciente toda a verdade do seu diagnóstico,

observando porém a necessidade das

informações serem dadas gradualmente e de

acordo com as perguntas feitas.

Page 20: Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental Psicologia Médica II RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

Comunicação ao Paciente

Na comunicação com o paciente deve ser considerados:

a) honestidade do médico: tudo que ele falar ao paciente deve ser verdadeiro;

b) Respeito aos mecanismos de defesa do paciente;

c) Observar as reações do paciente e através delas determinar a quantidade de informações que estão capacitados para assimilar

Page 21: Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental Psicologia Médica II RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

Comunicação ao Paciente

A maneira mais adequada de um médico demonstrar simpatia por este paciente é fazê-lo ver que entende a sua difícil situação e que está pronto a ajudá-lo.

O médico deve incentivá-lo a não permanecer na dependência dos outros e nem cultivar a autopiedade.

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Fatores Relacionados à falta de adesão ao tratamento (2)

Paciente

Tem concepções errôneas sobre a enfermidade ou o tratamento.

Compreende mal as instruções: não sabe como proceder.

Não possui capacidade ou recursos necessários para seguir o tratamento.

Page 23: Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental Psicologia Médica II RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

Fatores Relacionados à falta de adesão ao tratamento

PacienteJulga-se incapaz de seguir o tratamento.Duvida da utilidade do tratamentoAcredita que os benefícios não valem os

esforços.Tem outras preocupações para priorizar.Impaciência com a velocidade dos

progressos

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Fatores Relacionados à falta de adesão ao tratamento

Tratamento

Esquemas complexosCustosEfeitos indesejáveisResultados a longo prazoExige demais do pacienteQualidade de vida

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Fatores Relacionados à falta de adesão ao tratamento

Doença

É assintomática ou não incomoda muito

Sintomas dificultam o cuidar-se (ex: psicoses)

Page 26: Universidade Federal Fluminense Instituto de Saúde da Comunidade Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental Psicologia Médica II RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

Fatores Relacionados à falta de adesão ao tratamento

Instituição

Política de saúdeAcesso ao serviçoDistânciaTempo de esperaDuração do atendimento

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Fatores Relacionados à falta de adesão ao tratamento

Profissional

É distante, pouco cordial, desinteressado, inacessível, impessoal, formal.

Parece sempre ocupado, com pressa, atende com várias interrupções.

Não considera as dúvidas e preocupações do paciente.

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Fatores Relacionados à falta de adesão ao tratamento

Profissional

Não informa, ou o faz de maneira imprecisa.

Não oferece uma atenção contínua e personalizada, com retornos programados.

Modificado de Meichenbaum e Turk (1976)

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Sugestões para aumentar a adesão ao tratamento

Simplificar o esquema de tratamento, dividi-lo em passos

Ser pragmático: o que, como, quando, durante quanto tempo

Ser seletivo: pequena quantidade de informações a cada consulta

Dar informações claras e sem jargão médico, com instruções escritas

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Sugestões para aumentar a adesão ao tratamento

Empregar ilustrações, auxílios mnemônicos, esquemas, analogias, etc.

Certificar-se da compreensão (solicitar ao paciente para repetir o que entendeu)

Empregar ajudas para a memória: deixar o medicamento ao lado do objeto utilizado rotineiramente (escova de dente, xícara de cafezinho)

Modificado de Meichenbaum e Turk (1976)

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Recomendações

A indicação de psicoterapia deve ser “trabalhada” evitando que o paciente

se sinta rejeitado ou ameaçado pelo seu médico

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Recomendações

Pacientes crônicos podem despertar no médico sentimentos de:

Impotência, desesperança,desvalorização; por isso os médicos devem considerar a possibilidade de se submeterem a psicoterapia.

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Referencias

1 – Tahka,V. A Informação ao Paciente In: Tahka V. O Relacionamento Médico Paciente, Artes Médicas,1988, cap.7, pag.127-49.

2 – Botega,NJ. Reação a Doença e a hospitalização In:Botega,NJ. Prática psiquiátrica no hospital geral: Interconsulta e emergência, Artemed,2006,cap.3,pag.49-66.