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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº1542 Agricultores e agricultoras do município de Quixaba, no Sertão do Pajeú, em Pernambuco, têm colaborado para um Semiárido agroecológico. A partir do plantio de legumes, verduras, frutas e hortaliças, eles fortalecem o mercado de produtos derivados da agroecologia, comercializando a lavoura excedente, e assim gerando renda e ofertando a outras pessoas a oportunidade de consumirem alimentos saudáveis. Todo o processo de plantio, colheita e venda têm sido possível graças a democratização do acesso á água, através da implementação de reservatórios de captação e armazenamento da água da chuva, e pela união dos agricultores que se baseiam na economia popular e solidária, ofertando gêneros alimentícios diversos, produzidos sem uso de agrotóxicos e respeitando a natureza. O casal Joelma Oliveira Medeiros e Severino Ulisses de Medeiros cultiva há 21 anos em sua propriedade, na comunidade remanescente do Quilombo da Gia, em Quixaba, de forma sustentável, sem agredir o meio ambiente, garantindo renda e qualidade de vida. Orgulhosa, Joelma mostra os produtos que asseguram o plantio e a colheita saudável. “Do roçado tiramos todo o sustento para nossa família”, diz. No quintal produtivo tem berinjela, coentro, pimentão, couve, alface, cebolinha e rúcula. A quantidade e qualidade dos alimentos produzidos impressionam e proporcionam a família garantia de segurança alimentar, além de obter uma renda extra. Com a venda das hortaliças agroecológicas nas feiras dos municípios de Quixaba e de Princesa, eles criaram quatro filhos. Diariamente Joelma Oliveira levanta às cinco horas da manhã para trabalhar na lavoura, concilia os afazeres domésticos com a educação dos filhos, Agosto/2014 Produção agroecológica garante segurança alimentar e renda para as famílias agricultoras Quixaba

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Joelma Oliveira cultiva de forma sustentável garantindo renda e qualidade de vida na comunidade remanescente do Quilombo da Gia, no município de Quixaba. A partir do plantio de legumes, verduras e hortaliças a família comercializa os produtos excedentes em feiras agroecológicas nos municípios de Quixaba e Princesa, ambas no Sertão de Pernambuco.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº1542

Agricultores e agricultoras do município de Quixaba, no Sertão do Pajeú, em Pernambuco, têm colaborado para um Semiárido agroecológico. A partir do plantio de legumes, verduras, frutas e hortaliças, eles fortalecem o mercado de produtos derivados da agroecologia, comercializando a lavoura excedente, e assim gerando renda e ofertando a outras pessoas a oportunidade de consumirem alimentos saudáveis.

Todo o processo de plantio, colheita e venda têm sido possível graças a democratização do acesso á água, através da implementação de reservatórios de captação e armazenamento da água da chuva, e pela união dos agricultores que se baseiam na economia popular e solidária, ofertando gêneros alimentícios diversos, produzidos sem uso de agrotóxicos e respeitando a natureza.

O casal Joelma Oliveira Medeiros e Severino Ulisses de Medeiros cultiva há 21 anos em sua propriedade, na comunidade remanescente do Quilombo da Gia, em Quixaba, de forma sustentável, sem agredir o meio ambiente, garantindo renda e qualidade de vida. Orgulhosa, Joelma mostra os produtos que asseguram o plantio e a colheita saudável. “Do roçado tiramos todo o sustento para nossa família”, diz.

No quintal produtivo tem berinjela, coentro, pimentão, couve, alface, cebolinha e rúcula. A quantidade e qualidade dos alimentos produzidos impressionam e proporcionam a família garantia de segurança alimentar, além de obter uma renda extra. Com a venda das hortaliças agroecológicas nas feiras dos municípios de Quixaba e de Princesa, eles criaram quatro filhos.

Diariamente Joelma Oliveira levanta às cinco horas da manhã para trabalhar na lavoura, concilia os afazeres domésticos com a educação dos filhos,

Agosto/2014

Produção agroecológica garante segurança alimentar e renda para as famílias agricultoras

Quixaba

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Pernambuco

cuida dos animais e também ajuda o marido nas feiras agroecológicas. A simpatia e o bom atendimento conquistou a freguesia que sempre a procura para pedir orientações sobre os benefícios e conservação desses alimentos.

Essa nova realidade só foi possível a partir da ampliação do acesso a água e do aprendizado de novas técnicas de cultivo. Atualmente eles contam com uma cisterna calçadão, de 52 mil litros de água, e um pequeno barreiro construído pelos próprios agricultores para auxiliar o plantio, que dura o ano inteiro. A agricultora lembra dos momentos difíceis que enfrentaram e das épocas de seca prolongada. “Naquele tempo a única saída era carregar água em latões de um barreiro de madrugada, junto com meu marido, para regar a plantação. Hoje vivemos uma nova história e queremos aumentar a produção”, afirma. No quintal eles ainda criam galinhas, um porco, um boi e guinés. Tudo para o consumo familiar.

Para manter a lavoura Joelma e Severino aplicam o conhecimento obtido nos momentos de formação e assessoramento técnico, além de trocar experiências com outros agricultores. O solo argiloso da propriedade é propício para o plantio e favorece o cultivo de várias espécies. Para preparar os canteiros, é utilizado esterco. Como as temperaturas elevadas favorecem o florescimento e acelera a maturação, eles recorrem às coberturas dos canteiros com palhas de coco para amenizar o efeito do sol sobre as mudas. “Quando aparecem as pragas é um sufoco. Para espantar as formigas, por exemplo, usamos o nim. Para entreter os passarinhos, colocamos um pedaço de mamão para o sabiá ou uma vasilha com xerém, para o galo de campina. Aprendemos isso em uma reunião da associação e tem dado certo”, explica.

A agricultora destaca o valor da água, que é essencial para fortalecer a agricultura familiar e a produção agroecológica. Assim como a família de Joelma e Severino, a prática do quintal produtivo vem favorecendo a melhoria da convivência comunitária, o protagonismo feminino e ampliando a renda. “Já tivemos muitas melhorias aqui. Hoje temos como cuidar do nosso roçado e entendemos a importância dos alimentos sem agrotóxico. Aqui a gente planta, cresce, aqui a gente vive e não troco isso por nada”, conta orgulhosa.

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