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r muitos os portugueses que acreditam que é 'normal' viver com dor", refere o especialista no tratamento da dor, a proposto do Dia Nacional da Luta Conta a Dor

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Page 1: Press Review page - ClipQuick...Quantos graus de intensidade da dor existem? Existem quatro escalas, utilizadas internacionalmente, para a medi-ção da intensidade da dor, que se

r muitos os portugueses que acreditam que é 'normal' viver com dor", refere o especialista no tratamento da dor, a proposto do Dia Nacional da Luta Conta a Dor

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ARMANDO BARBOSA1 !'

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"Tratar a dor é umdireito dos doentes"

I(*>Quantas pessoas são afectadas

pela dor crónica em Portugal?

Em primeiro lugar, é importantefazer a distinção entre dor aguda e

crónica A dor aguda é uma dor

forte mas de rápida dissipação

após uma lesão. Por exemplo,

quando batemos oom a cabeça ou

pegamos num recipiente quente.

Por oposição, a dor crónica é a quese prolonga no tempo. Quando se

prolonga por mais de seis meses,

considera-se crónica, tornando-se,

por si só, uma doença De acordo

com o estudo realizado pela Facul-

dadede Medicinada Universidade

do Fbrto, em Portugal, três em cada

dez adultos sofrem de dor crónica

É um cenário preocupante, uma

vez que álamos em cerca de 30 porcento da população adulta nacio-

nal, e, em quase metade dos casos

registados, a dor tem uma intensi-

dade moderada ou forte, com um

elevado impacto negativo na quali-

dade de vida das pessoas. Mas, o

que, de facto, é preocupante é queinfelizmente muitas pessoas

sofrem de dor crónica, pensando

que é uma fatalidade e desconhe-

cendo os tratamentos disponíveis

para os ajudar. É necessário que

procurem ajuda especializada de

profissionais que efectivamente

identifiquem e diagnostiquem a

origem da dor e procurem os

melhores tratamentos para a sua

eliminação ou, quando não é pos-

sível, a sua atenuação.

Afecta de igual forma ambos os

sexos?

Existem estudos que concluem

que a dor crónica afecta particu-larmente o sexo feminina De fac-

to, uma investigação nacional rea-

lizada por várias entidades liga-das à área da saúde conduiu que a

prevalência da dorcrónicaera sig-

nificativamente mais elevada nas

mulheres que nos homens inqui-ridos. Existem também estudos

internacionais que comprovam

que homens e mulheres sentem a

dordeformadiferente.

Quais os tipos de dor mais fre-

quentes na população?

As principais queixas de dor que

levam os portugueses às consul-

tas de dor prendem-se, essencial-

mente, com as lombalgias (dor na

zona lombar) dor na zonacervical

e coluna vertebral, cefàleias (vul-

gas dores de cabeça) e a dor asso-

ciada a problemas nas articula-

ções como, por exemplo as osteo-

artroses. No caso das lombalgias,

este é, seguramente, o tipo de dor

mais frequente, afectando sete em

cada dez portugueses (72,4 porcento da população, mais de sete

milhões, de acordo com dados da

Sociedade Portuguesa de Patologi-

as da Coluna Vertebral); em algu-

ma altura da sua vida

Quantos graus de intensidade da

dor existem?

Existem quatro escalas, utilizadas

internacionalmente, para a medi-

ção da intensidade da dor, que se

aplicam a doentes conscientes e

colaboradores, com idade superi-or a três anos. A escala de dor

identifica dez graus de intensidade

da dor, sendo que zero representa

ausência de dor e dez a dor máxi-

ma, que pode levar, inclusivamen-

te, à inconsciência dos doentes.

É difícil diagnosticar a dor? De

que forma se processa o diag-nóstico?

Ainda é um pouco complicadofazer o diagnóstico da dor crónica

eoprindpalmotivoeornais preo-

cupante é a falta de conscienciali-

zação da população para o fado de

não ser normal viver com dor e

que a dor pode e deve ser tratada

Quando um doente compreendeistoe procura ajuda médica, o pas-so seguinte passa por compreen-der o que está na origem da dor.

Não basta aliviar a dor, é preciso

compreender a sua causa para po-der, verdadeiramente, tratar e,

desta forma, poder erradicá-la ou,

quando issoéimpossfvel, prescre-

ver o melhor tratamento disponí-vel paraasua causa

Que consequências podem acar-

retar para a vida social e familiar?

Uma pessoa que está com dor não

está bem Quando falamos de dor

crónica, falamos muitas vezes de

uma dor com intensidade mode-

rada a forte, que vai influenciar o

humor das pessoas, a sua rotina

diária, a sua predisposição paraexercer a sua actividade profissio-

nal, actividades lúdicas ou tarefas

rotineiras será menor. Logo, a dor

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tem um impacto directo negativo

na vida social, familiar e profissio-

nal dos doente.

E a nível profissional? É frequen-

te a dor crónica levar ao absen-

tismo laborai?

É muito frequente ador levar a ab-

sentismo laborai, pois afecta não

só física como psicologicamente

os indivíduos.

Pode levar à perda do emprego?

Qual a percentagem de portu-

gueses que se vêem obrigados a

pedir reforma antecipada devido

àdor?

Segundo o estudo da Faculdade de

Medicina da Universidade do

Porto, a dor crónica faz com quemais de 17 por cento dos doentes

desenvolva também depressão,

que vai teruma implicação directa

negativa em todas as actividades

que anteriormente desenvolvia.

Todos estes factores fazem com

que quatro por cento dos doentes

tenha perdido o seu emprego de-

vido à dor e 13 por cento tenha pe-

dido a reforma antecipada, pornão conseguir conciliar a sua acti-

vidade profissional com o proble-

ma de saúde.

A dor crónica não tratada pode

acarretar outras consequências

ao nível da saúde, nomeadamen-

te a nível psicológico?

Claro que sim Uma percentagemelevada (quase um quinto dos do-

entes) refere ter desenvolvido de-

pressão devido à dor crónica quesente. Estes dados são muito preo-

cupantes, pois tratar a dor é umdireito dos doentes, como parte de

uma vida com maior qualidade.

Pode levar ao internamento?

Em casos mais extremos de dor

ou em casos de tratamentos mais

complexos, pode ser necessário

recorrer a internamento dos

doentes.

Que tratamentos existem, hoje

em dia, para atenuar a dor?

É necessário realçar que o primei-ro passo para resolver a dor é

compreender a causa da mesma,

pois o tipo de tratamento vai vari-

ar de acordo com a causa da dor.

Existem várias opções de trata-

mento, de acordo com a sua ori-

gem. O tratamento pode ser feito

através de medidas não farmaco-

lógicas, medidas farmacológicas e

não invasivas, tratamentos inva-

sivos ou até cirúrgicos, dependen-do de cada caso. A classe médica

defende que a prevenção é o me-lhor tratamento. Os indivíduosdevem adoptar medidas de pre-venção primária, ou seja, antes de

ocorrer dor, que passam pela prá-tica de exerdcio físico, hábitos de

vida saudável, postura correcta,

etc, como forma de reforçarem o

sistema músculo-esquelético.

Contudo, após ocorrer dor, estes

hábitos devem ser adoptadostambém, mas como forma de pre-venção secundária, isto é, paraevitar que a dor surja novamente

eque se torne crónica Quando es-

tas medidas não são suficientes,

podemos adoptar a aplicação de

calor local ou por massagens de

relaxamento. Quando o problemanão é resolvido com medidas não

farmacológicas, os médicos adop-tam um tratamento com medica-

mentos analgésicos etratamentos

não invasivos. Qs analgésicos são

sefcrionados de acordo com a in-

tensidade da dor, tipo de dor e ou-

tros problemas de saúde que o do-

ente possa ter. Podem ainda ser

complementados com medica-

mentos relaxantes musculares ou

fisioterapia. Contudo, existem

alguns tipos de dor que necessi-

tam de tratamentos invasivos.

Estes são tratamentos direcciona-

dos, especificamente, para proble-mas existentes na zona da dor,

como por exemplo, injecções, in-

filtrações ou lesões de nervos com

radiofrequência. Quando estes

tratamentos não são suficientes,

pode ser necessária uma inter-

venção cirúrgica para resolver ador existente.

Oessencial no tratamento da doré

que, além do alívio imediato da

dor, os especialistas identifiquem e

diagnostiquem a causa da dor

para poder, de forma eficaz, erra-

dica-la ou trata-la de forma cor-

recta.

Qual a eficácia desses tratamen-

tos?

Existem actualmente várias técni-

cas avançadas e com boas taxas de

eficácia para o tratamento da dor.

Em termos de fármacos, existe

um vasto leque de medicamentos.

Nocaso dos tratamentos minima-mente invasivos, existem tam-bém várias técnicas muito efica-

zes que permitem solucionar o

problema e, simultaneamente,

proporcionam também uma rá-

pida recuperação, sem grandes

períodos de pós-operatório.

A população está suficientemen-

te informada acerca das possibi-lidades de tratamento?

Ainda não. São ainda muitos os

portugueses que acreditam que é

"normal" viver com dor. Este é

um pressuposto errado que a

classe médica tem vindo a tentar

combater. A dor existe, mas hátambém tratamento para a dor e

para o sofrimento que ela causa

Existem várias opções terapêuti-cas no campo do controlo e trata-

mento da dor, que são eficazes e

relativamente simples. Mas, para

isso, é essencial que os doentes

procurem os profissionais de

saúde.

As Unidades de Dor existentes

nos hospitais têm capacidade

para dar resposta a toda a gente?

Ainda não. Apesar de tratarem

uma parte dos doentes de dor cró-

nica, as Unidades de Dor não dis-

ponibilizam todos os tipos de tra-

tamentos paraoalívioetratamen-to da dor crónica Existem trata-

mentos que só são efectuados na

prática privada e, nesse sentido, os

doentes têm de recorrer aos servi-

ços privados para poderem teracessoaesses tratamentos.

Os custos indiretos com a dor cró-

nica são elevados. De que forma

se pode reduzir essa despesa?Creio que deveremos actuar emvárias frentes para dar resposta a

este problema, mas em traçosmuito gerais, devemos focar-nos,

sem dúvida, nos doentes, pois são

eles os principais implicados. É

crucial aleitar a população para a

dimensão e impacto da dor cróni-

ca e conseguir que as pessoas quevivem diariamente com o proble-ma procurem apoio médico e não

caiam no erro do autodiagnóstico

e, mais perigoso, na automedica-

ção. Éimportantepassaramensa-

gem que a dor crónica tem trata-

mento e que as pessoas não neces-

sitam viver diariamente em sofri-

mento.

- \ DOR CRÓNICA, 1 FM TRATAMENTO: I' AS PESSOAS NÃO

NFCESSITAM VIVER'Al SOFRIMENTO

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