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CAPACITAÇÃO ABDOME AGUDO Aluna: Bianca Cordeiro Nojosa de Freitas Liga de Gastroenterologia e Emergência

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CAPACITAÇÃO ABDOME AGUDO

Aluna: Bianca Cordeiro Nojosa de Freitas

Liga de Gastroenterologia e Emergência

Introdução – Abdome Agudo • Definição: dor na região

abdominal, não traumática, de aparecimento súbito e de intensidade variável associada ou não a outros sintomas.

• Geralmente com duração de horas até quatro dias, não ultrapassando sete dias.

• Em geral, necessita de intervenção médica imediata, cirúrgica ou não.

• Alta incidência nas unidades de pronto atendimento.

Etiologia Classificações

• Anatômica

• Causas abdominais e extra-abdominais

• Processo desencadeante: geralmente utilizada pela cirurgia de urgência.

1. Inflamatório: apendicite, colecistite aguda, pancreatite aguda, diverticulite,

doença inflamatória pélvica, abscessos intra-abdominais, peritonites primárias e

secundárias, dentre outros.

2. Perfurativo: úlcera péptica, neoplasia gastro-intestinal perfurada, amebíase, febre

tifóide, divertículos do cólon, dentre outros.

3. Obstrutivo: aderências intestinais, hérnia estrangulada, fecaloma, obstrução

pilórica, volvo, intussuscepção, cálculo biliar, corpo estranho, bolo de áscaris,

dentre outros.

4. Vascular: isquemia intestinal, trombose mesentérica, torção do omento, torção

de pedículo de cisto ovariano, infarto esplênico, dentre outros.

5. Hemorrágico: gravidez ectópica rota, ruptura do baço, ruptura de aneurisma de

aorta abdominal, cisto ovariano hemorrágico, necrose tumoral, endometriose,

dentre outros.

Diagnóstico Pocesso semiótico

Exames laboratoriais:

• Hematológico completo, exame qualitativo de urina (urina rotina), amilase e teste de gravidez (mulheres em idade fértil).

Avaliação radiológica – se não foi possível a confirmação diagnóstica:

• Radiografia abdominal em decúbito dorsal e ortostático, ultrassonografia de abdômen, tomografia computadorizada (TC), e em alguns casos arteriografia e ressonância magnética.

Diagnóstico • A videolaparoscopia e a laparotomia: casos onde toda

a seqüência de exames anteriores não foi suficiente, ou como meio terapêutico. Necessidade de equipes treinadas e cirurgiões experimentados, habituados com esta técnica.

• Se não houver: Laparotomia exploradora como técnica mais segura, tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento.

• Freqüentemente, o tratamento específico se refere a uma intervenção cirúrgica. Contudo, em algumas situações de abdômen agudo, o tratamento especifico é eminentemente clínico como na pancreatite

DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPECÍFICOS

• Doença péptica

• Evolução com o surgimento dos inibidores da bomba de

prótons, seguido da identificação e tratamento do

Helicobacter pylori e suas conseqüências. A incidência de

complicações das úlceras gastroduodenais apresentou uma

significativa redução. As principais complicações são:

• Hemorragia gastrointestinal, obstrução pilórica e perfuração.

• Subestenose: tratada endoscopicamente associada ao tratamento da doença péptica.

• Intervenção cirúrgica (antrectomia ou piloroplastia).

• Perfuração de uma úlcera péptica: epigastralgia de longa data com piora recente, ou estar usando antiinflamatório não esteroidal com início súbito da dor. Dor no andar superior do abdome, rapidamente generalizando-se para todo o abdômen. Náuseas e vômitos, distensão abdominal, ruídos hidroaéreos reduzidos ou abolidos. Poderá apresentar-se em sepse, com hipotensão, taquicardia, sudorese e baixa epíplon. Tratamento: ressecções gástricas (antrectomia) e vagotomia.

DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPECÍFICOS

Colecistite aguda

• Dor no andar superior direito do abdômen há mais de 6

horas, com sinais ultrassônicos de colecistite, ou dor no

hipocôndrio direito com litíase vesicular ao ultrassom,

podendo estar associada à febre, leucocitose e/ou

proteína C reativa >10mg/L. Em 90% - litíase, e 75% -

antecedentes de cólica biliar e diagnóstico de

colecistite crônica calculosa. Pode ainda ocorrer

infecção secundária evoluindo para empiema, necrose

e até a perfuração da vesícula biliar.

DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPECÍFICOS

Exames laboratoriais: leucocitose, elevação da fosfatase alcalina e transaminases. Geralmente não há elevação das bilirrubinas, exceto na Síndrome de Mirizzi (cálculos grandes impactam no infundíbulo e/ou ducto cístico erodindo a parede e acometendo o interior do ducto hepático comum).

O exame diagnóstico de eleição: ultra-som abdominal, com sensibilidade e especificidade de 95%. Duvidosos: usar TC ou a cintilografia. A colecistite aguda alitiásica, ocorre em 5 a 10% das colecistites aguda. Acomete, principalmente, pacientes debilitados e imunodeprimidos, em uso de nutrição parenteral prolongada.

DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPECÍFICOS

• Tratamento definitivo: colecistectomia (na primeiras

24 a 48 horas de internação) A antibioticoterapia

deve ser direcionada para germes gram negativos,

e germes anaeróbios nos idosos e na colecistite

alitiásica. A laparoscopia é o padrão ouro.

DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPECÍFICOS

Colangite

• Inflamação dos canais biliares. Obstrução do ducto

biliar principal, seguida de infecção secundária,

que acomete o fígado e dissemina-se por todo o

organismo - quadros graves e potencialmente

letais.

• Causas principais: 1. Coledocolitíase, 2. Estenoses,

3. Neoplasia.

DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPECÍFICOS

• Sintomas: dor no hipocôndrio direito, febre e icterícia (Tríade de Charcot), e quando não tratada pode evoluir para confusão mental e sepse (Pentade de Reynalds).

• Os exames bioquímicos: hiperbilirrubinemia (*bilirrubina direta), elevação das transaminases e fosfatase alcalina, leucocitose.

• O diagnóstico é clínico, confirmado pela colangiografia endoscópica retrógrada, que poderá ser terapêutica (95% dos casos) - desobstrução da via biliar.

• Nos 5% dos casos restantes - tratamento cirúrgico.

• Antibioticoterapia de largo espectro está inidicada.

DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPECÍFICOS

• Apendicite

• Principal causa de cirurgias abdominais na urgência. Obstrução da sua luz do apêndice, seguida da inflamação, infecção secundária e necrose.

• Dor abdominal peri-umbilical, irradiada para fossa ilíaca direita, geralmente associada a náuseas e vômitos, inapetência e febre baixa, e evoluir em poucas horas ou até um dia. Neste momento, podemos encontrar ausência de leucocitose e no exame físico alguns sinais como Blumberg (dor a descompressão brusca no ponto de McBurney), Rovsing (dor referida na fossa ilíaca direita após compressão do hemi-abdômen esquerdo, levando a distensão do ceco).

• Exame físico + história clínica = acurácia de 95% no diagnóstico. Formas atípicas: alterações anatômicas do apêndice (retro-cecais, pélvicos, retro-vesicais) e em pacientes de imunossuprimidos.

• Uso da ultra-sonografia abdominal e da TC abdominal.

DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPECÍFICOS

• Nos casos iniciais: intervenção cirúrgica e

ressecção do apêndice.

• Nos casos avançados, com necrose do apêndice,

peritonites, perfuração e abscessos: antibióticos

após a ressecção do apêndice por alguns dias.

• A videolaparoscopia - casos de dúvida

diagnóstica.

DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPECÍFICOS

• Pancreatite Aguda

• Mortalidade: 10 a 15%.

• 80%: coledocolitíase e a ingesta alcoólica abusiva.

• 10%: idiopáticas.

• 10%: demais causas - hiperlipidemia, viroses

(cachumba, HIV), traumas abdominais, cirurgias

abdominais, vasculites, tumores pancreáticos,

pâncreas divisum, parasitoses intraductais, drogas e

outras.

DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPECÍFICOS

• Quadro inicial: dor no andar superior do abdômen - pode irradiar para o dorso. Icterícia ou não. Vômitos freqüentes e precoces. Distensão abdominal. Quadros graves: hipotensão arterial, taquicardia, sudorese, febre, torpor, e coma.

• A amilase elevada nas primeiras horas de evolução, voltando a valores normais após 48 horas.

• Exames radiológicos convencionais: detectação de complicações - derrame pleural, coleções, pseudocistos e ascite pancreática ou diagnosticar litíase vesicular, barro biliar e coledocolitíase.

• TC de abdome

• Colangiopancreatografia endoscópica

DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPECÍFICOS

• Tratamento é clínico: reposição hídrica vigorosa, analgesia, repouso alimentar e medidas de suporte. Antibioticoprofilaxia de largo espectro para pancreatites graves com coleções e/ ou necrose pancreática.

• Necrose sem repercussão clínica: quinolonas associadas ao metronidazol.

• Intervenção cirúrgica: necrose infectada - necrosectomias e drenagem de todas as coleções peripancreáticas.

DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPECÍFICOS

Doença diverticular dos cólons (Diverticulite) • 1/3 da população acima de 50 anos, e 2/3 da população

acima dos 80 anos. Cerca de 25% - diverticulite aguda por inflamação e infecção do divertículo, decorrente da oclusão do seu óstio por fezes ou resíduos alimentares, pode haver perfuração.

• Sintomatologia depende da localização, pode evoluir com pneumoperitônio se perfurado para a cavidade abdominal, ou abscessos em flanco ou bloqueios abdominais. Investigar constipação crônica e os antecedentes familiares e pessoais.

• Radiologia simples de abdômen e TC. • Colonoscopia é contra indicada na suspeita de diverticulite

perfurada.

DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPECÍFICOS

• Tratamento clínico: restabelecimento

hidroeletrolítico e antibioticoterapia de largo

espectro é indicado para as situações onde a

inflamação esta contida por um tumor inflamatório.

• Cirurgia de ressecção do segmento lesado e

colostomia quando houver perfuração, falha do

tratamento clínico ou choque séptico.

DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPECÍFICOS

Oclusão Intestinal • 75% dos casos: aderências entre alças (cirurgias abdominais prévias). Demais:

hérnias, fecalomas, neoplasias, doença de Crohn, volvos, intussuscepção, íleo biliar e outras.

• O quadro clínico: dores abdominais difusas tipo cólica, náuseas e vômitos, parada de eliminação de flatos e fezes, e distensão abdominal progressiva. Os vômitos são inicialmente com conteúdo gástrico, seguido de bile, chegando até a característica fecalóide.

• Exame físico: distensão abdominal, timpanismo à percussão, e dor difusa à palpação. Os ruídos hidroaéreos são inicialmente aumentados com timbre metálico, ausentes em quadros avançados.

• Exames laboratoriais: alterações relacionadas às condições hidroeletrolítica e infecciosa.

• Radiologia simples do abdômen: edema de alças intestinal e presença de níveis hidroaéreos nas grafias em posição ortostática.

• Tratamento: reposição hídrica vigorosa e restabelecimento hidroeletrolítico, jejum e descompressão do trânsito intestinal por sonda gástrica, durante 24 a 48 horas. Espera-se a resolução espontânea do quadro.

• Cirurgia

DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPECÍFICOS

Doença isquêmica intestinal

• Diversas formas: isquemia mesentérica aguda/crônica, colite isquêmica ou colônica.

• Fatores de risco: idade avançada, cardiopatias, doenças vasculares prévias, fibrilação arterial, doenças valvares e hipercoagulação. A isquemia mesentérica aguda é a perda súbita do suprimento arterial, geralmente decorrente de um tromboembolismo, podendo acometer o tronco celíaco, artéria mesentérica superior ou a inferior ou seus ramos menores. O evento pode ser catastrófico, pois leva a infarto, seguido da necrose e morte de grandes porções ou até de todo o trato digestório.

• A isquemia colônica é decorrente do hipofluxo sanguíneo em determinadas regiões do cólon. Há dores abdominais após refeições, desnutrição, devido à recusa alimentar

DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPECÍFICOS

• A isquemia mesentérica crônica, geralmente é causada pela arteriosclerose e leva a angina abdominal.

• O quadro clínico: dor abdominal súbita e intensa na região periumbelical, que evolui para abdome agudo franco. A hemoconcentração, devido ao seqüestro intestinal, associada à hipovolemia e distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos são detectados clínica e laboratorialmente. Em alguns casos há hiperamilasemia. Exames de imagem como raios-x, ultra-som e TC: pouco específicos.

• Angiografia tem altos índices de especificidadec(80%) e sensibilidade (100%), respectivamente. A mortalidade da isquemia mesentérica antes da lesão isquêmica irreversível (necrose) chega a 90% logo, assim o tratamento específico deve ocorrer o mais breve possível. Geralmente o diagnóstico é tardio.

• Cirúrgia: ressecção do segmento lesado e anastomose primária ou derivação.

DIAGNOSTICOS E TRATAMENTOS ESPECÍFICOS

Referências Bibliográficas • BRUNETTI, A.; SCARPELINI, S.: Abdômen Agudo,

Medicina, Ribeirão Preto, 40 (3): 358-67, jul./set.

2007. Disponível em:

<http://www.fmrp.usp.br/revista>. Acesso em: 12

mai. 2014.

Obrigada!