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As espécies aquáticasapresentam um rela-cionamento particu- lar com o ambiente

de cultivo quando comparadas aanimais terrestres. O menor con-trole das variáveis ambientais ea proliferação independente depotenciais agentes patogênicosno meio externo (água e solo) fazcom que peixes e camarões fi-quem constantemente expostosa situações de risco. É o que ex-plica Otavio Serino Castro, ge-rente técnico de Aquicultura daBiomin do Brasil Nutrição Ani-mal. “Recentes estudos demons-tram que a comunidade microbi-ana do meio aquático pode inter-ferir na composição da microbi-ota intestinal dos peixes, porém,a capacidade dos microrganis-mos nocivos causarem efeitosnegativos na saúde dos animaisdependerá de uma complexa in-teração de fatores, tais como oestado nutricional e sanitáriodos animais, capacidade imuno-lógica, condição ambiental, pre-sença de agentes estressores,

jetivo é a ação das bactérias pro-bióticas visando a melhoria doambiente intestinal, sendo osprincipais mecanismos de ação,redução da comunidade micro-biana patogênica via competiçãoexclusiva, competição por sítiosde fixação e nutrientes, produ-ção de substâncias antimicrobia-nas (bacteriocininas e ácidos), al-

teração do ambiente luminal emfavor das bactérias benéficas,produção de enzimas digestivas,e imunoestimulação, interferên-cia na comunicação bacteriana(inibição do quorumsensing)”.

Para Castro, garantindo umamicrobiota estável e equilibra-da ao longo do cultivo, se permi-te que os peixes mantenham seu

Otavio SerinoCastro: “A

habilidade dosanimais deresistirem a

infecções dependede um sistema

imunológico forte ede um intestino

saudável”

entre outros (Figura 1)”, diz.A utilização de probióticos na

aquicultura, de acordo com Cas-tro, se difundiu nos últimos anosmajoritariamente pelo conceitode biorremediação, visando a me-lhoria da qualidade de água e solode viveiros (ambiente externo).Nesta aplicação, bactérias probi-óticas, principalmente do gêneroBacillus, são adicionadas à águacom o objetivo de reduzir da car-ga de matéria orgânica. Como re-sultado, pode-se obter um ambi-ente de cultivo mais estável commenor formação de compostos tó-xicos como amônia e nitrito, re-dução dos riscos de bloomexces-sivo de microalgas e redução dapresença de organismos patogê-nicos no meio aquático.

Para ele, “a aplicação de pro-bióticos em tanques e viveiros éuma ferramenta eficaz que auxi-lia e reduz os riscos associados aoambiente externo, entretanto,pode não ser tão eficiente frentea desafios sanitários específicos,além de sua aplicação poder setornar inviável em sistemas decultivo como o de tanques-redesem grandes reservatórios”. Atu-almente, amplia o gerente, no-vos conceitos de aplicação deprobióticos estão sendo de-senvolvidos com foco na me-lhoria da saúde intestinal dospeixes via nutrição, utilizan-do novas espécies de bactéri-

as selecionadas para ação noorganismo animal.

“Na nutrição de peixes, po-demos definir os aditivos pro-

bióticos como um suple-mento de microrganis-

mos vivos, capazesde sobrevivere colonizar ointestino, pro-movendo be-nefícios aohospedeiro”,cita. “Nestaaplicação, oprincipal ob-

Div

ulg

ação

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As referências estão disponíveis a partir dos autores, a pedido.

Otavio Serino [email protected]

Gerente técnico de Aquicultura; Biomin do Brasil Nutrição Animal.(Zootecnista formado pela Universidade Federal do Paraná, com Mestrado em Nutrição de

Organismos Aquáticos pela Universidade Federal do Ceará e Especialização em Marketingpela Fundação Getúlio Vargas).

intestino íntegro, saudável e comuma boa capacidade de respostaimunológica frente a agentes pato-gênicos e estressores. “Desta for-ma, os animais terão maior eficiên-cia alimentar, maior resistênciafrente a situações de estresse e con-sequentemente melhor desempe-nho zootécnico”.

De acordo com Castro, em estu-do conduzido na Universidade dePlymouth, na Inglaterra, avaliou-se o impacto da suplementação de3g/kg de probiótico multicepascomposto por Bacillussp, Pedio-coccus sp., Enterococ-cus sp. eLactobaci-llussp na alimentação datilápia por seis semanas.“Os resultados demons-traram uma melhora sig-nificativa em índiceszootécnicos, como con-versão alimentar, cres-cimento específico, efi-ciência de retenção pro-teica e ganho de peso(Figura2). Em situaçõespráticas, estes índicessomados representari-am uma produtividade12% superior frente ao grupo con-trole, comprovando também rela-ção custo-benefício favorável nautilização deste aditivo”.

Neste mesmo estudo, amplia oprofissional, foram também avali-ados os efeitos da suplementaçãodas bactérias probióticas sobre aformação e estrutura das vilosida-des do intestino e parâmetros liga-dos à resposta imunológica locali-zada. Na Figura 3 pode-se observarnitidamente o grande impacto be-néfico dos probióticos sobre o ta-manho das vilosidades e densidadedos microvilos, resultando em umíndice de área absortiva quase duasvezes superior. Além da modula-

ção damicrobi-ota e da es-trutura intesti-nal, o fornecimento deprobióticos também alterou signi-ficativamente a expressão imuno-lógica local e sistêmica.

Para Castro, a aplicação estraté-gica de probióticos via nutrição podeser uma ferramenta bastante eficazna colonização inicial do trato deanimais jovens, complementação deprotocolos preventivos de manejo,aplicação pós antibioticoterapia

para recuperação damicroflora, reduzindoassim riscos no cultivoe ainda promovendomelhor desempenhozootécnico e econômi-co. “Para que se obte-nha sucesso na aplica-ção dos probióticos naração, devemos levarem conta fatores como:utilizar produto desen-volvido com bactériasespecíficas para ação in-testinal; assegurar acorreta armazenagem

dos produtos; realizar a aplicação demaneira homogênea e em dosagemcorreta; incluir o produto no banhode óleo, melaço ou água, não expon-do as bactérias a temperaturas ex-cessivas e umidade, além de garantirque o tempo de fornecimento sejaadequado para que todos os peixesrecebam a suplementação”.

“A habilidade dos animais deresistir a infecções depende de umsistema imunológico forte e de umintestino saudável. Equilibrando amicrobiota intestinal favorecemosuma melhor digestão e absorção denutrientes, além de proteger o ani-mal frente a agentes patogênicos pre-sentes no ambiente”, avalia.

“A habilidadedos animais de

resistir ainfecções

depende de umsistema

imunológicoforte e de um

intestinosaudável"