portugal post março 2013

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Portugal Post - Burgholzstr 43 - 44145 Do PVST Deutsche Post AG - Entgelt bezahlt K25853 ANO XX • Nº 224 Março 2013 Publicação mensal 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 44145 Dortmund Tel.: 0231-83 90 289 Telefax 0231- 8390351 • E Mail: [email protected] www. portugalpost.de K 25853 •ISSN 0340-3718 PORTUGAL POST 1993 : 20 ANOS : 2013 Entrevista a Manuela Aguiar // Págs 18 e 19 Pintura de Neusa Sobrinho Amtsfeld, Mannheim Filme Comboio Nocturno para Lisboa Exclusivo Actor Jeremy Irons fala ao PP O filme “Comboio Nocturno para Lis- boa” de Bille August estreou mundial- mente na 63ª edição da Berlinale. Estiveram presentes o realizador e os actores Jeremy Irons, Bruno Ganz, Jack Huston, Charlotte Rampling e Martina Gedeck. O filme foi quase todo rodado em Lisboa e é uma adaptação do best-seller, “O Comboio Nocturno para Lisboa” de Pascal Mercier. A estreia está marcada para o dia 7 de Março nos cinemas de Berlim. //Págs. 14 e 15 Na Foto: A jornalista Cristina Dangerfiel-Vogt posa na companhia de Jeremy Irons num encontro no Hotel de Rome, em Belim, durante o qual o actor concede uma entrevista em exclusivo ao PORTUGAL POST . Foto PP 8 de Março Dia Internacional da Mulher Exclusivo Texto da escritora Ana Cristina Silva sobre a violência doméstica // Pág. 28 www.portugalpost.de Emigrantes na Alemanha mandam mais dinheiro para Portugal // Pág. 3 Professores de Língua e Cultura Portuguesas da área consular de Estugarda exigem a demissão de José Cesário // Pág. 10 Remessas NESTA EDIÇÃO Carta aberta ao ministro Paulo Portas Berlim – Portugal na Fruit Logística 2013 //Pág. 27 Reformas e outros rendimentos: O que fica livre do fisco // Págs. 20 e 21 Serviço

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Portugal Post Março 2013

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Page 1: Portugal Post Março 2013

Portugal Post - Burgholzstr 43 - 44145 DoPVST Deutsche Post AG - Entgelt bezahlt K25853

ANO XX • Nº 224 • Março 2013 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351 • E Mail: [email protected] • www. portugalpost.de • K 25853 •ISSN 0340-3718

PORTUGAL POST1993 : 20 ANOS : 2013

Entrevista a Manuela Aguiar// Págs 18 e 19

Pintura de Neusa Sobrinho Amtsfeld,Mannheim

Filme Comboio Nocturno para Lisboa

ExclusivoActor Jeremy Ironsfala ao PPO filme “Comboio Nocturno para Lis-boa” de Bille August estreou mundial-mente na 63ª edição da Berlinale.Estiveram presentes o realizador e osactores Jeremy Irons, Bruno Ganz, JackHuston, Charlotte Rampling e MartinaGedeck.O filme foi quase todo rodado em Lisboae é uma adaptação do best-seller, “OComboio Nocturno para Lisboa” dePascal Mercier. A estreia está marcadapara o dia 7 de Março nos cinemas deBerlim.//Págs. 14 e 15

Na Foto: A jornalista Cristina Dangerfiel-Vogt posa nacompanhia de Jeremy Irons num encontro noHotel de Rome, em Belim, durante o qual o actorconcede uma entrevista em exclusivo ao PORTUGAL POST . Foto PP

8 de MarçoDia Internacional da Mulher

ExclusivoTexto da escritora Ana Cristina Silva sobre a violência doméstica// Pág. 28

www.portugalpost.de

Emigrantes na Alemanha mandam mais dinheiro para Portugal // Pág. 3

Professores de Língua e Cultura Portuguesas daárea consular de Estugardaexigem a demissão de José Cesário// Pág. 10

Remessas

NESTA EDIÇÃO

Carta aberta ao ministro Paulo Portas

Berlim – Portugal na Fruit Logística 2013

//Pág. 27

Reformas e outros rendimentos: O que ficalivre do fisco // Págs. 20 e 21

Serviço

Page 2: Portugal Post Março 2013

PORTUGAL POST Nº 224 • Março 20132

Director: Mário dos Santos

Redação e ColaboradoresCristina Dangerfield-Vogt: BerlimCristina Krippahl: BonaJoaquim Peito: Hanôver

CorrespondentesAntónio Horta: GelsenkirchenElisabete Araújo: EuskirchenJoão Ferreira: SingenJorge Martins Rita: EstugardaManuel Abrantes: Weilheim-Teck

Maria do Rosário Loures: NurembergaVitor Lima: Weinheim

ColunistasAna Cristina Silva: LisboaAntónio Justo: KasselCarlos Gonçalves: LisboaGlória de Sousa: BonaHelena Ferro de Gouveia: BonaJoaquim Nunes: OffenbachJosé Eduardo: Frankfurt / MLuísa Coelho: BerlimLuísa Costa Hölzl: MuniqueMarco Bertoloso:  ColóniaPaulo Pisco: LisboaSalvador M. Riccardo: Teresa Soares: Nuremberga

Multimédia: Silva- Com.de

Tradução: Barbara Böer Alves

Assuntos Sociais: José Gomes Rodrigues

Consultório Jurídico:Catarina Tavares, AdvogadaMichaela Azevedo dos Santos, AdvogadaMiguel Krag, Advogado

Fotógrafos: Fernando Soares

Impressão:Portugal Post Verlag

Redacção, Assinaturas PublicidadeBurgholzstr. 43 • 44145 DortmundTel.: (0231) 83 90 289 • Fax: (0231) 83 90 351www.portugalpost.deEMail: [email protected]/portugalpostverlag

Registo Legal: Portugal Post VerlagISSN 0340-3718 PVS K 25853Propriedade: Portugal Post VerlagRegisto Comercial: HRA 13654

Os textos publicados na rubrica Opinião são da ex-clusiva responsabilidade de quem os assina e nãoveiculam qualquer posição do jornal PORTUGAL

PORTUGAL POST EditorialMário dos Santos

Agraciado com a Medalha da Liberdade e Democracia da Assembleia da República

Fundado em 1993

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m 2014 a comunidade evo-cará a passagem dos 50 anosda chegada dos primeirosportugueses à Alemanha.

Será, certamente, um momento quedeve merecer uma ou outra iniciativapara lembrar um período que marcae marcou a presença da comunidadelusa neste país.

É, pois, neste contexto que algunsportugueses estão a tentar a organizaratravés das redes sociais um grupo quepretende promover uma iniciativa quetem como objectivo levar a cabo algumasrealizações para celebrar a data.

Parte assim da chamada sociedadecivil uma iniciativa que deve, em pricí-pio, merecer o apoio de todos aqueles quenão desejam deixar passar em branco estadata.

Para já o grupo, cuja visibilidadepassa apenas por um fórum restrito no Fa-cebook, está a convocar uma reunião deonde, assim deseja o principal iniciador,deve sair o chamado “núcleo duro” quedesejará levar a bom termo a iniciativa.

De modo a poder contribuir de formaconstrutiva, pensamos que a iniciativa de-veria sair para lá das fronteiras do Face-book deixando de ser um grupo fechadonas redes sociais. Deve promover a ade-são da “verdadeira” sociedade civil, ouseja, ter no seu grupo as organizações as-sociativas, sociais, culturais, politicas , di-plomáticas e religiosas numa mesaredonda que discuta e dê formas a umaúnica estrutura que abranja toda a Ale-manha.

Parece-nos que isto não é o que estáacontecer. Numa linguagem assim maispopular, aquele/s que estão a convocar al-gumas pessoas para uma reunião a acon-tecer no próximo dia 9 em Neuss estão apôr “o carro à frente dos bois” e a darcomo certas algumas iniciativas concretas

sem a discussão necessária. Uma dasideias refere-se à colocação de uma placaou estátua (?) na estacão de Colónia paraevocar a chegada do milionésimo “Gast-arbeiter” – o português Armando Rodri-gues.

A ideia de uma tal iniciativa deveriaser colocada à discussão pública e não co-zinhada apenas por duas ou três pessoasnum fórum que está vedada à discussãopública.

A realização de qualquer evento para“celebrar” os 50 anos de presença portu-guesa na Alemanha diz respeito a toda acomunidade e, por tal, deveria partir deuma organização legitimada, coesa e in-

teligente.Nesta “organização” que parte do Fa-

cebook, o que nos ressalta à vista é a au-sência das estruturas existentes dacomunidade: alguns membros do CCPestão completamente fora da discussão,bem como o movimento associativo, ascomissões de pais; os professores, as es-colas, etc..

Mesmo assim, achamos que a inicia-tiva, apesar de tudo, tem pés para andarpodendo constituir o ponto de partidapara a criação de uma estrutura aberta atodos os que nela desejam participar semprotagonismos ou discriminações dequalquer ordem.

E50 anos - Festejar sem discriminar

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PORTUGAL POST Nº 224 • Março 2013 3

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De acordo com os dados di-vulgados pelo Banco de Portugal,as remessas de emigrantes cresce-ram 13 por cento no ano passado,para 2,75 mil milhões de euros,máximo desde 2002, enquanto asremessas de imigrantes em Portu-gal voltaram a cair, na ordem de10 por cento no ano passado, para525,5 milhões de euros.

Em 2012, os Países Africanosde Língua Oficial Portuguesa(PALOP) foram o grupo que re-gistou um maior aumento, de155,3 milhões de euros para 278,7milhões de euros.

Esta variação é quase total-mente explicada pelo crescimentode 83 por cento nas remessas deAngola, que atingiram os 270,7milhões de euros no ano passado,face a 147,3 milhões em 2011.

O valor das remessas angola-nas é quase o triplo do registadoem 2009, quando estava umpouco acima de 103 milhões de

euros.Neste grupo, Moçambique foi

a segunda maior origem de remes-sas, mas com apenas cinco mil-hões de euros, e Cabo Verde oterceiro, tendo registado uma que-bra no ano passado.

Mais de metade deste valorcontinua a chegar de emigrantesem países da União Europeia,cerca de 1,51 mil milhões deeuros, e deste valor mais de me-tade chega por sua vez de França,

um quarto do total mensal, com846,1 milhões de euros, que vol-tou a registar uma quebra, emcontracorrente.

As remessas da Alemanha,terceira maior origem entre os paí-ses europeus, escalaram de 113,4milhões de euros para 172,9 mil-hões, enquanto de Espanha, outrodestino da emigração recente por-tuguesa, foram enviados para opaís de origem 129,9 milhões deeuros, muito acima dos 88,4 mil-

hões do ano anterior.Outros destinos tradicionais

de emigração, como os EstadosUnidos e a Suíça, segunda maiororigem de remessas, com 697,3milhões de euros, registaram li-geiros aumentos.

Mais acentuados foram os au-mentos em destinos não-tradicio-nais, como a Itália, que quaseduplicou de 13,3 milhões para 20milhões de euros, ou a Holanda,que registou um aumento de 27,1

milhões de euros para 45,5 mil-hões.

Quanto às remessas de imig-rantes em Portugal, destacam-seas quebras para o Brasil, de 277,6milhões de euros para 225,6 mil-hões de euros.

A seguir ao Brasil, o segundomaior destino das remessas conti-nuam a ser os países da União Eu-ropeia, com mais de 91 milhõesde euros, registando uma quebraligeira em relação ao ano anterior.

Os PALOP registaram um au-mento, de 36,9 milhões de eurospara 41,9 milhões de euros, recu-perando depois de duas quebrassucessivas em 2010 e 2011.

Quase todos os países de ori-gem dos imigrantes em Portugalregistaram aumentos de remessas,com destaque para Angola, de12,9 milhões de euros para 15,4milhões de euros, tornando-se omaior emissor ao superar CaboVerde (14 milhões de euros).

Também Moçambique regis-tou um expressivo aumento, de5,66 milhões de euros para 8,75milhões de euros, tal como SãoTomé e Príncipe, de 770 mil eurospara 1,25 milhões de euros.

A excepção foi a Guiné-Bis-sau, que registou uma quebra paraquase metade em relação a 2011 -2,45 milhões de euros.

Remessas de emigrantes disparam para 2,75 milmilhões de euros em 2012ÓAs remessas da Alemanha, terceira maior origem entre os países europeus, escalaram de 113,4 milhões de euros para 172,9 milhões,

Angola, Espanha, Alemanha,Itália e Holanda registaramos maiores aumentos nasremessas de emigrantesportugueses, que em 2012atingiram o valor mais altoda última década.

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Dados de Outubro 2011 a Outubro 2012

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PORTUGAL POST Nº 224 • Março 2013Notícias4

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Os deputados da maioria na Comissãode Negócios Estrangeiros e Comuni-dades Portuguesas querem criar umgrupo de trabalho sobre o ensino deportuguês no estrangeiro para moni-torizar a implementação da política doGoverno nesta área.

A proposta de criação do grupo detrabalho apresentada, entre outros,pelos deputados Carlos Gonçalves eMónica Ferro, do PSD, e HélderAmaral, do CDS-PP.

„A Assembleia da República é umbom lugar para tratar das questões dalíngua, particularmente no que re-speita ao Ensino de Português noEstrangeiro (EPE) que mereceu daparte do actual Governo uma re-forma”., disse Carlos Gonçalves, de-putado do PSD eleito pelo círculo daEuropa.

Para o parlamentar, a reforma,que se traduz na aprovação do Re-gime Jurídico do EPE, é “uma tenta-tiva clara de valorizar e melhorarqualitativamente a aposta” neste tipode ensino. O deputado lembrou a im-portância da língua para a política ex-terna portuguesa e o potencialeconómico de um idioma falado porcerca de 254 milhões de pessoas e queé língua de trabalho de várias organi-zações internacionais.

Nesse contexto, Carlos Gonçalvesconsiderou „fundamental que o parla-mento acompanhe e possa dar o seucontributo para uma boa execuçãodos diplomas aprovados“.

Questionado sobre a contestaçãodos emigrantes à reforma do ensinopromovida pelo Governo PSD/CDS-PP e que prevê a introdução de umapropina a pagar pelos pais dos alunos,Carlos Gonçalves desvalorizou as crí-

ticas, considerando „que não tradu-zem a opinião das comunidades por-tuguesas“.

„Existe claramente uma preocu-pação em alguns sítios pela propina,mas como ainda não foi implemen-tada no seu todo ainda não foi motivode discussão, mas não me parece quepor aí haja problema“, disse, conside-rado que o valor a pagar será „maisum contributo do que uma propina“.

O deputado sublinhou que o valora pagar pelos pais „será sempre infe-rior a 120 euros“ e incluirá o manualescolar, a emissão dos diplomas e aformação de professores. Confron-tado com os receios de professores esindicatos de que o pagamento da pro-pina possa desincentivar a inscriçãodos filhos dos emigrantes nos cursosde português, Carlos Gonçalves dissenão acreditar nessa possibilidade.

„Há hoje, sobretudo em paísescom forte integração, um regresso àvontade de os pais poderem propor-cionar aos filhos o ensino da línguaportuguesa, há também comunidadesnovas a chegar e não me parece que ovalor que está em causa venha a im-pedir“ as inscrições, disse.

A propina introduzida pelo Go-verno, cujo valor ainda não está defi-nido formalmente, mas inicialmenteanunciado como de 120 euros anuais,é apresentada pelo executivo comouma forma de cobrir despesas commanuais escolares e com a certifica-ção das aprendizagens, uma novidadedo novo regime.

Prevista desde Março do ano pas-sado e contestada por pais, professo-res e sindicatos, a propina só vai serintroduzida no ano lectivo de2013/2014 porque o executivo nãoaprovou em tempo útil a legislaçãonecessária para poder cobrá-la antes.

A rede do EPE inclui cursos deportuguês integrados nos sistemas deensino locais e cursos associativos eparalelos, assegurados pelo Estadoportuguês, em países como a Ale-manha, Espanha, Andorra, Bélgica,Holanda, Luxemburgo, França, ReinoUnido, Suíça, África do Sul, Namíbia,Suazilândia e Zimbabué.

Este ano lecivo, frequentam oscursos de Ensino de Português noEstrangeiro 57.212 alunos (56.191 em2011/2012), distribuídos por 3.603cursos (3.621 no ano anterior).

Maioria propõe criação de grupo de trabalhopara o ensino de português no estrangeiro

„É muito difícil quantificar os nú-meros da emigração, mas os ecos querecebemos é que muitas comunidadesduplicaram o número. Uma das coisasque nos permite ver isso é o númerode crianças na catequese. De Janeiroa Novembro de 2012, numa das co-munidades da Suíça triplicou o nú-mero de frequentadores na eucaristia,o que significa um grande aumento“,disse à agência Lusa o director daObra Católica das Migrações (OCM),frei Francisco Sales.

O responsável aponta ainda ocaso do Luxemburgo onde o aumentodo número de novos alunos portugue-

ses permite estimar uma media decinco a seis mil famílias emigradas sóno ano passado.

Apesar destes números, FranciscoSales adianta que os alertas da Igrejapara os casos de emigrantes a viveremsituações de miséria na Suíça depoisde terem partido sem trabalho certolevaram a uma redução destas situa-ções, que, segundo disse, surgemagora apenas pontualmente.

„Parece que os portugueses acor-daram e não se lançaram na aventuracomo tinha sido até agora“, disse.

Foi neste contexto que cerca de60 representantes das missões católi-cas portuguesas no estrangeiro e espe-cialistas em fluxos migratórios sereuniram, no Santuário de Fátima,para debater as formas de acompan-hamento e as estratégias de respostada Igreja Católica a esta realidade.

„A ideia foi fazermos um pouco acomparação desta situação de novaemigração, deste grande fluxo, com a

emigração dos anos 1960 e 1970, aemigração de ‘ir a salto’. Hoje chama-mos-lhe uma nova versão do ‘ir asalto’ porque é uma emigração nãoprogramada, em que as pessoas deci-dem emigrar muito rapidamente de-vido à necessidade em que seencontram“, disse Francisco Sales.

Inspirado na frase de Bento XVI„antes do direito a emigrar há que rea-firmar o direito a não emigrar, isto é,a ter condições para permanecer naprópria terra“, o encontro decorreusobre o tema „Entre o direito a e a nãoemigrar“, remetendo para o debatepolítico e mediático em torno de ale-gados apelos à emigração por partedas autoridades portuguesas.

„Os portugueses e, se calhar, omundo actual, não tem muito garan-tido o direito a não emigrar. Para aspessoas terem direito a não emigrar ea construir a vida na terra onde nasce-ram, é preciso que o Estado e as auto-ridades lhe dêem as condições

necessárias para construir a vida como mínimo de dignidade e, neste mo-mento, devido à conjuntura, esta rea-lidade não está garantida“, disse.

Francisco Sales admite que a emi-gração pode ser um „caminho fácil“para resolver problemas imediatos,mas não tem dúvidas de que a longoprazo compromete a reconstrução dopaís.

„As pessoas mais responsáveispelos destinos políticos do nosso paísvêem-se a braços com um situaçãoherdada do passado e que não é fácilde enfrentar e, muitas vezes, escol-hem o caminho mais fácil. Se as pes-soas forem procurar trabalho e fazer avida noutro sítio facilita e resolvemuitos problemas”, disse.

“O problema está no futuro e naforma de reconstruir toda a situaçãosocial, política e económica para ga-rantir um estilo de vida que seja dignada nossa história como Nação“, con-cluiu.

Comunidades de emigrantes em vários paísesmais do que duplicaram em 2012 Algumas comunidades portugue-sas em países como a Suíça ou oLuxemburgo duplicaram no úl-timo ano, segundo a Obra Católicadas Migrações, que no fim de se-mana promove, em Fátima, umareflexão sobre „a nova versão daemigração a salto“.

O secretário de Estadodas Comunidades Portu-guesas, José Cesário,pediu a dirigentes asso-ciativos da diáspora por-tuguesa oriundos de 13países que ajudem Portu-gal no esforço de interna-cionalização que está aser feito.

“Ainda que tenhamoutra nacionalidade, nãodeixam de ser portugue-ses e podem representar-nos melhor do queninguém. São os embai-xadores de Portugal”,considerou José Cesário,ao intervir numa sessãona Câmara de Viseu, noâmbito do “Cursomundial de dirigentes as-sociativos da diáspora”,organizado pela Confra-ria dos Saberes e Saboresda Beira – Grão Vasco.

Ao aludir à presençade portugueses nomundo, José Cesário referiu que, empaíses como o Brasil, Venezuela, Es-tados Unidos e França, “o número dedescendentes é incalculável”, o que setraduz num “potencial extraordinário”para Portugal, devido ao trabalho quedesenvolvem nas comunidades ondeestão inseridos.

O curso, que com acções emViseu e Lisboa, reuniu dirigentes as-sociativos da diáspora portuguesapara partilhar as experiências das as-sociações a que pertencem e tambémpara conhecerem a realidade em quetrabalham as associações portuguesas.

Bruno Marques lamentou que na

cidade onde reside, em Zermatt, naSuíça, a associação de que faz parte –e que gere a escola portuguesa - tenhadificuldades em conseguir apoios.

Contou que a cidade tem cerca deseis mil habitantes, dos quais 2.500são portugueses, mas as dificuldadesde integração “ainda são enormes” e“há muita necessidade a ser colma-tada”.

Paulo Silva, que vive na Ale-manha, disse que a segunda geraçãode portugueses está mais integrada,porque domina melhor a língua, e de-fendeu que os portugueses devemadaptar-se às tradições alemãs mastambém mostrar a cultura portuguesa.

Dirigentes associativos da diásporasão “embaixadores de Portugal”

José Cesário:

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PORTUGAL POST Nº 224 • Março 2013 Nacional & Comunidades 5

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„Um político que se permite ques-tionar a qualidade dos professores queainda este ano foram colocados apósum processo de concurso, que (…)agride moral e profissionalmente osprofessores…. Pensamos que o mel-hor caminho que o secretário de Es-tado tem é a saída”, disse Carlos Pato,secretário-geral do Sindicato dos Pro-fessores no Estrangeiro (SPE), afectoà Federação Nacional de Professores(Fenprof).

“É uma agressão gratuita e humil-hante para os professores“, sublinhou.

O sindicalista remetia para decla-rações do secretário de Estado dasComunidades numa entrevista ao jor-nal português „Gazeta Lusófona“, pu-blicado na Suíça, em que José Cesárioafirmava que „há professores queainda não sabem trabalhar com os ní-veis linguísticos do Quadro Europeude Línguas. Têm de aprender, são pro-fessores que estão fora do país hámuitos anos e estão desenquadrados,desligados da actual realidade do en-sino“.

Carlos Pato contesta as declara-ções de José Cesário, considerandoque o governante veio, com estas de-clarações, „espezinhar“ e „amesquin-har todo um trabalho feito com basena qualidade e no profissionalismo“.

O secretário-geral do SPE expli-

cou que para os professores de portu-guês no estrangeiro o QuadroEuropeu de Língua é apenas uma re-ferência e que os docentes trabalhamcom um quadro de referência para oensino da língua portuguesa, que é oQuaREPE.

Carlos Pato considera que, comestas declarações, José Cesário „ma-nifesta um certo desconhecimento“em questões como as mudanças ou acertificação, questionando-se sobrequem é que „efectivamente está des-fasado do sistema e desconhece atransformação em curso“.

O secretário-geral do SPE consi-derou ainda importante que o secretá-rio de Estado diga „quais são osdesenquadramentos que detecta e (…) qual é a realidade de ensino (que osprofessores desconhecem), a de Por-tugal ou a do estrangeiro?“.

Mas, para Carlos Pato, o mais

grave foi o secretário de Estado terdito: “não podemos ter professores aensinar sem saber o que é ensino“.

„Isto é grave. Então o institutoCamões coloca professores (…) quenão sabem o que é ensino?“, questio-nou. Contactado pela agência Lusa, osecretário de Estado das Comunidadenão quis comentar a tomada de posi-ção do SPE.

Governo e sindicatos de professo-res no estrangeiro negociaram recen-temente o novo Regime Jurídico doEPE, tendo como pano de fundo acontestação à decisão do executivo decobrar uma propina aos filhos dosemigrantes.

A propina, cujo valor ainda nãoestá definido formalmente, mas inici-almente anunciado como de 120euros anuais, é apresentada pelo Go-verno como uma forma de cobrir de-spesas com manuais escolares e com

a certificação das aprendizagens, umanovidade do novo regime.

Prevista desde Março do ano pas-sado e contestada por pais, professo-res e sindicatos, a propina só vai serintroduzida no ano lectivo de2013/2014 porque o executivo nãoaprovou em tempo útil a legislaçãonecessária para poder cobrá-la antes.

A rede do EPE inclui cursos deportuguês integrados nos sistemas deensino locais e cursos associativos eparalelos, assegurados pelo Estadoportuguês, em países como a Ale-manha, Espanha, Andorra, Bélgica,Holanda, Luxemburgo, França, ReinoUnido, Suíça, África do Sul, Namíbia,Suazilândia e Zimbabué.

Este ano lectivo, frequentam oscursos de Ensino de Português noEstrangeiro 57.212 alunos (56.191 em2011/2012), distribuídos por 3.603cursos (3.621 no ano anterior).

Sindicato de Professores no Estrangeiro pededemissão de José Cesário O Sindicato de Professoresno Estrangeiro pediu a de-missão do secretário de Es-tado das Comunidades,considerando que José Ce-sário „insultou“ e „humi-lhou“ os professores, aoafirmar que há docentesque desconhecem a actualrealidade do ensino.

José Cesário, secretário de Estado das Comunidades Portugueses

Um grupo de voluntários criou o pri-meiro Centro de Acolhimento doBurro (CAB) da região transmontana,que tem com objectivo garantir obem-estar de animais de raça asininae muar.

Esta espécie de lar para a terceiraidade destinado a burros, mulas, ma-chos e cavalos encontra-se na aldeiade Pena Branca, no concelho de Mi-randa do Douro, e está aberto aos vi-sitantes durante todo o ano.

Segundo Miguel Nóvoa, um dospromotores do CAB, a ideia passa pormelhorar as condições de vida de bur-ros e mulas que se encontrem doentesou velhos, que estejam sujeitos amaus-tratos ou em situação de aban-dono, ou cujos proprietários tenhamficado impossibilitados de continuara cuidar os animais por motivos finan-ceiros ou de saúde.

„Com o objectivo de revalorizaros animais resgatados que ainda apre-

sentem boa saúde física e mental, pu-semos em execução um programa decustódia, que reintegra esses animaisem novos lares assegurando, simulta-neamente, todos os cuidados veteriná-rios necessários“, acrescentou.

Por outro lado, os voluntários, de-pois de recuperem os animais neces-sitados, desenvolvem um conjunto deactividades assistidas por asininos,como asinomediação ou asinoterapia,destinada a crianças com necessida-des especiais. Promovem igualmentevisitas terapêuticas para pessoas ido-sas das comunidades locais.

„Há vezes em que os animais sãoabandonados e vagueiam pelas estra-das e outros caminhos, tornando-osnum perigo para quem neles circula,ou, algumas vezes, são presos a árvo-res em locais ermos, onde acabam pormorreu e criam situações que prejudi-quem a saúde pública“, frisou.

No sentido de evitar „mais con-

strangedoras“, os proprietários que jánão tenham condições para cuidar dosburros, macho ou mulas, poderãoalertar os responsáveis pelo CAB, quefazem a recolha e procedem ao trata-mento dos animais.

„É preciso ter em consciência queum burro pode viver cerca de 35 anos.Durante este período de tempo, osanimais precisam de ser cuidados, va-lorizando-se assim o bem-estar ani-mal“, disse o também veterinário.

O CAB é subsidiado pela organi-zação britânica sem fins lucrativosThe Donkey Sanctuary, que trabalhahá mais de 40 anos para a proteção do

gado asinino e muar por todo omundo.

The Donkey Sanctuary tem sedesem Inglaterra, Itália e Chipre, bemcomo centros operativos em outrospaíses europeus como Roménia, Gré-cia, França e Portugal - Centro deAcolhimento do Burro.

Além do apoio concedido pela or-ganização The Donkey Sanctuary, otrabalho é também supervisado pelaAssociação para o Estudo e Proteçãodo Gado Asinino e financiado pordoações do público, que pode ter umpapel ativo e diversificado na manu-tenção do centro.

Voluntários transmontanos criam centrode acolhimento para burros

O vice-presidente do ParlamentoEuropeu, Alexander Álvaro, dedescendência portuguesa da, ficouseriamente ferido depois de ter so-frido um acidente de carro a A1(Autoestrada 1) no oeste da Ale-manha na noite de 23 de Fevereiroúltimo. A notícia foi divulgadapelas agências , citando um porta-voz do partido liberal FDP.

Nascido em 26 de Maio de1975, Bonn-Bad Godesberg, Ale-xander Álvaro, de 37 anos, émembro do Partido Liberal De-mocrata (FDP), da Alemanha."Foi um acidente horrível. Emnome do Parlamento Europeu, eudesejo a Álvaro uma rápida e totalrecuperação", afirmou em nota opresidente do ParlamentoEuropeu, Martin Schulz.

Dirigente do FDP, Alexander Álvaro, gravemente ferido após acidente na A1

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6 PORTUGAL POST Nº 224 • Março 2013

OpiniãoCarlos Gonçalves*

Opinião

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rede diplomática e con-sular portuguesa mereceuna última década diver-sas alterações levadas acabo por vários Gover-

nos numa perspectiva de adaptar aoferta da representação externa por-tuguesa à realidade das nossas Co-munidades e aos interesses da nossapolítica externa.

As alterações que foram intro-duzidas na rede tiveram tambémimpacto na Alemanha com o encer-ramento, nos últimos anos, de vá-rias estruturas, o que mereceualgumas considerações negativasdas nossas comunidades que recea-vam um enfraquecimento da sua li-gação com Portugal face à ausênciade um apoio administrativo e con-sular.

Quando em 2006 se avançoucom uma reforma consular, que en-cerrou 28 estruturas no Mundo, oGoverno da altura, apresentou comogrande alternativa o projecto doConsulado Virtual que acabou porse traduzir, para além dos custospara o erário público, num enormefracasso. Isso mesmo é ainda hojevisível através dos equipamentos

que estão espalhados por váriosconsulados e associações que nãotiveram qualquer utilidade paraalém do factor decorativo, istocomo é evidente, sem contar comaqueles que nunca saíram dos cai-xotes.

Face ao insucesso do ConsuladoVirtual foi com enorme cepticismoque as comunidades portuguesas

acolheram o programa de Perma-nências Consulares que o actualGoverno apresentou como umanova forma de levar os serviçosconsulares junto dos cidadãos e,dessa forma, fortalecer a resposta àssuas necessidades e consolidar a sualigação com o nosso país.

Passados que foram cerca de 12

meses desde a sua apresentação noSeminário Diplomático de janeirode 2012, é possível verificar oenorme sucesso desta iniciativa e asgrandes expectativas que está a criarnas comunidades que se encontrammais afastadas dos nossos Consula-dos.

Com efeito, segundo númerosapresentados pelo Governo, na pas-

sada semana na Assembleia da Re-pública, já estão a funcionar 129permanências consulares, sendomuitos os núcleos de comunidadesportuguesas no Mundo que solici-tam a extensão dessa rede às suasáreas.

O Consulado, os seus funcioná-rios e através deles os serviços ad-

ministrativos portugueses vão, atra-vés das Permanências Consulares, amuitos locais onde nunca tinhamchegado. Apesar desta rede poderainda evoluir, ela já traduz naEuropa e muito particularmente naAlemanha, uma dimensão que per-mite cobrir de forma clara os even-tuais prejuízos dos encerramentosque tiveram de ser efectuados.

De facto, na Alemanha estão jáa funcionar permanências consula-res em Meschede, Bremerhaven,Minde, Münster, Kaiserslautern,Mainz, Munique, Nuremberga, Of-fenbach, Frankfurt, Singen, Osna-brück, Nordhorn e Cuxhaven.

Como é possível verificar, poresta já extensa lista de locais ondedecorrem permanências, a ofertahoje em termos geográficos estámuito mais adaptada à realidade dacomunidade portuguesa e traduzuma nova forma de relação entre osconsulados e os seus utentes que,como referi há dias na Comissão deNegócios Estrangeiros, é hoje re-conhecida como um caso de su-cesso por vários parceiros da UniãoEuropeia que, como nós, têm assuas Diásporas espalhadas por ou-

tros países.O programa das Permanências

Consulares é, para mim, a maioriniciativa já levada a efeito por umGoverno no sentido de dar respostaaos problemas dos cidadãos portu-gueses residentes no estrangeiro. Sea política e o seu objecto é resolveros problemas das pessoas, entãoesta forma de levar o consuladojunto dos utentes, é a melhor viapara alcançar esse desígnio na áreada política para as comunidades.

Para mim esta é a melhor formade restituir confiança às Comunida-des Portuguesas no seu país. Elas,uma vez mais, através do aumentode remessas e do investimento emPortugal, demonstraram a sua soli-dariedade histórica. Como tal, é ne-cessário ter políticas que lhes façamsentir que Portugal continua a con-tar com eles.

As Permanências não resolvemtudo, são apenas um instrumentopara ligar a Diáspora a Portugal,mas são um sinal claro de um Paísque se deve entender como repar-tido pelo Mundo e que deve ver nassuas Comunidades o seu prolonga-mento natural.

Permanências Consulares: Portugal mais próximo das suas Comunidades!

A

De facto, na Alemanha estão já a funcionar permanên-cias consulares em Meschede, Bremerhaven, Minden,Münster, Kaiserslautern, Mainz, Munique, Nuremberga,Offenbach, Frankfurt, Singen, Osnabrück, Nordhorn eCuxhaven.

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PORTUGAL POST Nº 224 • Março 2013 Comunidades 7

À criação e implementação damesma assistem também a vontadepolítica do SECP, Dr. José Cesário,em grangear apoiantes no círculo deemigração fora da Europa, mais exa-tamente nos Estados Unidos e Ca-nadá, e a cada vez mais clara falta dedireção vocacional de parte do CICLem manter os cursos de Portuguêspara os luso-descendentes no estran-geiro.

Em todo este processo, que de-corre desde há cerca de um ano,quando a “propina” foi pela primeiravez anunciada, tendo sido alvo defortes críticas por parte de sindicatos,comissões de pais, grupos parlamen-tares, etc, têm-se vindo a registar con-tradições cada vez mais gritantes,tornadas ainda mais evidentes pelafalta de argumentação lógica das en-tidades responsáveis.

Assim, e segundo essas mesmasentidades, é justo aplicar a “propina”nos países da Europa porque nos Es-tados Unidos os pais dos alunospagam as aulas de Português dos fil-hos, existindo assim uma desigual-dade, que, supostamente, vai seragora corrigida.

A verdade é que a desigualdadevai continuar, dado que serão apenasos alunos do ensino paralelo a pagara “propina”,os que frequentam o en-sino integrado ficarão isentos.

Isto significa que no Luxemburgo50 % dos alunos terão de pagar, sequiserem continuar a frequentar oscursos de Língua e Cultura Portugue-sas.A outra metade continuará a auf-erir de ensino gratuito.

Em Espanha, práticamente a“propina” não terá efeito, pois cercade 90 % dos cursos estão integradosno horário escolar normal.

Na Suiça, o pagamento será a100% porque os poucos cursos inte-grados no horário, existentes em Zu-rique, vão ser extintos pelas entidadesescolares locais, devido “ à falta de in-teresse e cooperação da entidade por-tuguesa”, segundo as mesmas

alegaram.Na Alemanha, a proporção é se-

melhante à da Suiça, visto existiremcursos integrados apenas em Ham-burgo.

A França apresenta a situaçãomais problemática, com cursos inte-grados no horário, cursos integradosno currículo e cerca de 60 % dos cur-sos em ensino paralelo, a funcionarprincipalmente nas áreas fora deParis, que serão os mais atingidos.

Portanto, a questão da “igual-dade” não se põe. A propina, a seraplicada, causará ainda uma maior de-sigualdade entre alunos e países.

E retomando a questão dos cursosde Português nos EUA, é totalmentedesconhecido a que entidades os paispagam, em que regime funcionam oscursos, e qual o montante dos paga-mentos. Portanto o argumento de quenos EUA o ensino do Português épago pelos pais, devendo o mesmoacontecer na Europa, é extremamentefraco e necessita de fundamento, vistoque atualmente a única certeza sobreo assunto é que nos EUA não pagamao CICL, como os alunos da Europavão pagar.

Totalmente injusto e incompreen-sível é o facto de serem apenas os alu-

nos do ensino paralelo a serematingidos pelo pagamento da “pro-pina”, pois é exatamente nesses cur-sos que se verificam as piores e maisprecárias condições de ensino, com osalunos aglomerados em grupos muitoheterogéneos,com 4 e mais níveis di-ferentes lecionados conjuntamente,em que muitas vezes o professor éobrigado a ter dentro da sala alunosdo 1° e do 7° ou 8° anos de escolari-dade. Isto acontece porque, segundoas diretrizes do CICL, um grupo de 20alunos, que pode ir do ensino básicoao secundário, tem direito a apenas 3horas letivas semanais.

E são exatamente estes alunos quepara assistir às aulas têm de se deslo-car a uma escola, muitas vezes dis-tante, na parte da tarde do dia dasemana em que têm aula de Portu-guês, depois do horário escolar nor-

mal, para ter, no melhor dos casos, 90minutos de aula,conjuntamente comcolegas dos mais diferentes níveis es-colares e etários. Muito contraditoria-mente,serão esses alunos, de tododisprivilegiados, cujos pais vão ter depagar a “propina” para que os filhospossam continuar a assistir às aulas deLíngua e Cultura Portuguesas.

Portanto, aqueles com más condi-ções de ensino,nos cursos paralelos,têm de pagar. Aqueles que assistem àsaulas de Portguês dentro do horárioescolar normal e em classes homogé-neas, nos cursos integrados,têm di-reito a ensino gratuito.

Onde está aqui a tão apregoada“igualdade”?

Mas então por que razão não éimposta “propina” aos alunos do en-sino integrado?Seria justo, dado queaté funciona em melhores condições.O sr. SECP , que ora alega que os pro-fessores que lecionam nesses cursosnão são pagos por Portugal, o que nãoé verdade, todos os professores sãoremunerados pelo CICL, ora alegaque o ensino integrado é frequentadotambém por alunos de que não têm anacionalidade portuguesa,não po-

dendo por isso o Governo Portuguêsrequerer pagamento dos mesmos,ignora deliberadamente que o ensinoparalelo é também frequentado poralunos de outras nacionalidades quenão a portuguesa. Farão exceção paraesses? Seria também injusto, poisnesse caso a conclusão seria que osalunos estrangeiros vão ter direito aaulas de Português gratuitas enquantoos portugueses terão de as pagar.

O problema de fundo é realmenteoutro. Dado que todos os cursos, semexceção, funcionam em salas deescolas estatais, cedidas gratuita-mente,temem os instauradores da“propina” atritos com as entidades es-colares locais, caso estas venham asaber que o ensino é pago. Como nocaso do ensino paralelo o contactocom diretores de escola, etc, é muitomenor, esperam que o facto passe des-

percebido e não hesitam em sacrificaresses alunos. .

Quanto à certificação e ao tam-bém tão falado QuaREPE, unica-mente aplicáveis aos alunos do ensinoparalelo, não passam de pretextos. OQuaREPE, Quadro de Referênciapara o Ensino Português no Estran-geiro, nada mais é de que um novomeio de avaliação e certificação dosalunos, que nenhuma vantagem traráà deficiente qualidade pedagógica queos cursos têm atualmente. Não é porum aluno passar a estar no nível A1ou B1 em vez de ter notas de 1 a 5 queas condições de ensino-aprendizagemmelhorarão. Possivelmente irão aindaficar piores, pois com menos alunos,após a “propina” os cursos terão for-çosamente um caráter misto maisacentuado

No respeitante à certificação, aoque parece incluída no montante da“propina”, não será reconhecida pelasescolas que os alunos frequentamdada ser feita em níveis que não exis-tem em nenhum sistema escolareuropeu. E, além disso, não é neces-sária anualmente, visto que o Qua-REPE determina serem necessários 2ou até 3 anos para que um aluno possapassar de nível, mas a “propina” serápaga em plano anual . Portanto, é lí-cito perguntar quais serão as vanta-gens, para os alunos, da referidacertificação, além da transformaçãodos cursos “sobreviventes” em mini-centros de línguas, uma política deensino que muito agrada ao CICL epara a qual este instituto se encontramais vocacionado que para cursos di-rigidos a crianças e jovens.

E para finalizar, quais serão entãoas consequências da “propina”?Tendo em vista toda a constelação defactos exposta, serão as usuais para oEPE: redução do atual número de cur-sos, aumento de professores desemp-regados e número fortementecrescente de alunos sem aulas.

Resta fazer notar que, numa al-tura em que a emigração portuguesapara o estrangeiro cresce diariamente,com níveis só comparáveis aos dosanos 60, seria de refletir não sobre adiminuição e restrição de cursos deLíngua e Cultura Portuguesas, massim sobre um investimento positivonesse campo, possibilitanto, em re-gime de igualdade total, o acesso gra-tuito aos mesmos a todas as criançase jovens portugueses no estrangeiro.

* Secretária- Geral Sindicato dos Professores nas Comunidades Lusíadas

OpiniãoMaria Teresa Duarte Soarres*

O SPCL esclarece

A “propina” do Ensino do Portuguêsno EstrangeiroA já muito discutida e discutí-vel “propina”, a ser imposta,segundo o Secretário de Es-tado das Comunidades e oCICL (antigo Insituto Ca-mões), aos alunos que frequen-tam os cursos de Língua eCultura Portuguesas em re-gime paralelo não tem apenasfundamento em necessidadeseconómicas.

A Agência Federal do Emprego(AFE) da Alemanha revelou que,em 2012, havia concretamente56.958 emigrantes a trabalhar nomercado germânico, o que repre-senta um crescimento de 7,7% emrelação a 2011.

Os patrões alemães têm dadopreferência a emigrantes prove-nientes do sul da Europa: Portu-gal, Espanha, Itália e Grécia. Etêm procurado nos últimos anosprofissionais qualificados paratrabalharem, sobretudo, no pode-roso mercado industrial.

Segundo a agência, tem-semultiplicado o número de engen-heiros formados nestes países me-ridionais, empregados nasindústrias e empresas alemãs. Noentanto, são também recorrentesos casos de emigrantes que aca-bam a trabalhar nos cerca de setemilhões de empregos considera-dos mal remunerados.

Além dos 56 mil portugueses,há ainda 253 mil italianos, 123mil gregos e 49 mil espanhóis re-gistados por este instituto estatal atrabalhar em 2012 na maior po-tência europeia. Oriundos da Pe-nínsula Ibérica, são pelo menos100 mil.

Mais de 50 mil portugueses traba-lham na Alemanha

A saúde pública na Alemanha pre-cisa de pelo menos 3.000 enfer-meiros para cobrir as suasnecessidades de pessoal nos hos-pitais e clínicas, segundo dados doInstituto Alemão de Centros Hos-pitalares, avançou a agência Lusa.

Cada hospital ou clínica naAlemanha tem, em média, umafalta de 5,6 postos de trabalho, se-gundo dados deste organismo.?Oscentros hospitalares com mais de600 camas são os que apresentammaiores dificuldades, com maisde metade (53,1%) a enfrentarproblemas sérios para cobrir assuas necessidades.

?Nas clínicas e hospitais com50 a 200 camas, cerca de 40%(37,9%) têm um grave défice deenfermeiros, enquanto nos centroscom 300 até 599 camas, 29,2%estão afectados por este problema.

?Cerca de 40% dos hospitaisrevelam problemas em cobrir asescalas de trabalho com pessoal,uma percentagem que, em 2009,era de 16,2%, assinala o estudo,segundo o qual 280 mil pessoastêm emprego neste sector.

Alemanha precisade 3.000 enfermei-ros para hospitais eclínicas

Page 8: Portugal Post Março 2013

PORTUGAL POST Nº 224 • Março 2013Serviço8

A Associação Luso-Hanseática, ouseja Portugiesisch-HanseatischeGesellschaft, com sede em Ham-burgo, a “cidade mais portuguesada Alemanha”, conta com mais de300 sócios.

Desde a sua fundação, em agostode 1996, tem-se empenhado, comêxito, no intercâmbio cultural entre asnossas duas nações. Nova provadisso, as semanas culturais em janeiroe fevereiro com duas exposições, doisconcertos, várias conferências e se-rões literários e uma prova de vinhos.Todos os eventos registaram umagrande afluência por parte do público,entre eles, muitos residentes portu-gueses. Por mais informações, cliquena página na internet www.phg-hh.de.

De permeio, houve a AssembleiaGeral da praxe, que, desta vez, se viuna obrigação de eleger uma nova ge-rência.

Como sucessor de MaraldeMeyer-Minnemann, conceituada tra-dutora de literatura (António LoboAntunes, Paulo Coelho, entre outros)e atual nomeada pelo Prémio da Feirado Livro em Leipzig, foi eleito, comonovo diretor, Dr. Peter Koj. É umacara bastante conhecida em círculoslusófonos, porque, depois do seu re-gresso de Lisboa, onde tinha lecio-nado na Escola Alemã de Lisboa

(1976 – 1983), se tem empenhado, emvárias áreas, na divulgação da línguae cultura portuguesas, na cidade han-seática.

Os seus méritos viram-se recon-hecidos pela Fundação Casa da Cul-tura de Língua Portuguesa daUniversidade do Porto, que o galhar-deou com o seu Prémio em 1996.

O cargo como vice-presidente daAssociação Luso-Hanseática quePeter Koj tem mantido desde a funda-ção da ALH /PHG, será preenchido,desde então, por Antje Griem, que jáfoi presidente entre 2009 e 2012.Sente-se responsável sobretudo porjovens portugueses que aparecem emcada vez mais maiores números em

Hamburgo para tentarem a sua sorte.Esta secção da ALH/PHG chama-sedoravante “Cardume lusitano”, nomemuito condizente com a situação da-quele grupo de jovens que, sem fazerparte da própria tripulação da embar-cação luso-hanseática, pelo menosacompanham-na nas águas do rioElba.

Nova Presidência da Associação Luso-Hanseática

Associação Luso-Hanseática vai de vento em poupa

( da esq.) Dr. Peter Koj, Antje Griem e Thomas Kemmann (tesoureiro). Foto: AHL

Fundada a 1 de Dezembro de1972, foi seu primeiro sacerdote oPadre João Soares que esteve ao seuserviço até 1999, ano em que abando-nou a Missao por motivo da sua av-ançada idade e falta de saúde,tendo-se reformado para ir residr parao Convento Franciscano da Luz, emLisboa, onde veio a falecer.

Passaram ainda, pela nossaMissão como sacerdotes o PadreLoris Favero, ,e que também era en-carregado da Missão de Munique. OPadre Marquiano Petez e o PadreLeonir Nunes, que é neste momentosacerdote na Missão Portuguesa deEstugarda. O Padre Ivo Lisaki é oactual responsável pela Missão emem Ulm. Estes dois últimos perten-cem à Ordem dos Saletinos,do Brasile trouxeram à nossa Missão um maiordesenvolvimento e muitas activida-des, como um Boletim informativo,que é publicado, pelo menos, seisvezes por ano.

A nossa Missão tem,ainda, umConselho Pastoral, criado no ano2000, pelo Padre Loris Favero,e re-presenta as sete comunidades quefazem parte da Missão de Ulm,asaber: Ulm, Bad Urach,Weilheim - Teck, Kirscheim-Teck,Reutlingen,Wangen e Ravensburg.

O PROGRAMA

Missa Solene na Igreja de SantaMaria de Söflingen, pelas 9,30, presi-dida pelo Domkapitular Karrer, daDiocese de Rottemburg-Stuttgart, De-cano de Ulm-Ehingen Hambücher,evarios sacerdotes.

Estaráo presentes o Cônsul-Geralde Portugal em Estugarda e outras in-dividualidades.

No final. almoço de convívio etarde recreativa.Maria do Céu Campos

Celebrações dos 40 anos da MissãoCatólica de Ulm

Vai ter lugar no próximo dia 3 de Março a celebração dos 40 anosda fundação da Missão Católica Portuguesa de Ulm.

A presençada comuni-dade portu-guesa naA l e m a n h avai em 2014

completar 50anos. Tudo aconteceu em 1964quando os governos português e ale-mão assinaram um acordo de recru-tamento de mão-de-obra.A ideia era trazer trabalhadores dospaíses do sul numa altura em que aAlemanha “explodia” economica-mente. Depois, quando não precisos,deveriam voltar a casa.Mais tarde isso verificou-se não fun-cionar. As pessoas lançaram raízesneste país.Quando as autoridades deste paísconstataram que as pessoas não po-diam voltar como vieram disseram:Mandamos vir trabalhadores e, afi-nal, vieram pessoas. Na altura, era preciso muita forçade braços. Depois de utilizados egastos deveriam voltar à procedên-cia. A partir desta edição e até Maio de2014, o PORTUGAL POST vaipassar a publicar pequenos textosde opinião de leitores que têm comoobjectivo evocar os 50 anos de pre-sença lusa neste país.Se o leitor quer opinar sobre estaefeméride, escreva-nos para [email protected] seu depoimento é importante! Nota: os depoimentos não deverãoultrapassar as 100 palavras

Depoimento na página 9

Na sequência dos trabalhos necessá-rios à mudança de instalações do cen-tro de dados da rede consular emLisboa, não será possível aos Consu-lados aceder às diversas aplicações in-formáticas, nomeadamente, do Cartãode Cidadão, do Passaporte Electró-nico Português, do Registo Civil(SIRIC), bem como do Recensea-mento Eleitoral, nas seguintes datasdo corrente ano:

08 de Março (sexta-feira),11 de Março (segunda-feira) e12 de Março (terça-feira).

Face ao exposto, apela-se à boacompreensão de todos os utentes e so-licita-se que evitem deslocar-se ao

Consulado nas referidas datas paratratar de assuntos relacionados compedidos e entregas de cartão de cida-dão, requerimento de passaporteselectrónicos, emissão de certidões, re-gistos de nascimento, processos decasamento, registo de óbito e recen-seamento eleitoral.

Nas referidas datas verifica-seuma paragem total da rede informá-tica consular, que impossibilita a uti-lização das respectivas aplicaçõesinformáticas nos postos consulares.

Para esclarecimentos adicionaissobre o assunto, é favor contactareste posto através do e-mail ou dotelefone a seguir indicados:[email protected],0711 / 22739-6.

Consulado-Geral de Portugal em Estugarda informa

Atendimento limitado em Fevereiro e Março de 2013

Foi nas redes sociais que nasceu uma iniciativa que pretende organizaras “celebrações” da chegada dos primeiros portugueses à Alemanha nosanos 60.

O grupo, que se denomina “2014- 50 anos de Comunidade Portu-guesa”, tem já marcada uma reunião para o dia 9 de Março, na cidadede Neuss, em que participarão, segundo uma nota difundida através doFacebook, cerca “quarenta personalidades” de diversas áreas da comu-nidade.

Tanto quanto o PP pôde apurar, a embaixada estará representada noencontro através de Manuel da Silva, ex-vice-cônsul em Osnabrück.

Portugueses na Alemanha – 50 anosReunião em Neuss

Informação Consular

Í

Passaporte Electrónico

Passaporte Comum – Passaporte Electrónico Português

O passaporte é um documento deviagem individual, o qual permiteao seu titular a entrada e saída doterritório nacional, bem como doterritório de outros Estados que oreconheçam para esse efeito.Nas nossas páginas apresentamosuma síntese dos pontos mais signi-ficativos para os portugueses resi-dentes na República Federal daAlemanha.Se pretender requerer um Passa-porte Comum, o qual reveste aforma de Passaporte ElectrónicoPortuguês deverá comparecer noVice-Consulado munido dos se-guintes documentos:

► Bilhete de Identidade ou Cartãode Cidadão válido;► Passaporte anterior, se possuir(caducado ou válido)

Se pretender saber mais acerca doPassaporte Electrónico Portuguêsaceda a: www.pep.pt

Page 9: Portugal Post Março 2013

PORTUGAL POST Nº 224 • Março 2013 Comunidades 9

GENTELiza da Costa, uma cantora ecompositora luso-descendentenascida na Alemanha em 1968,continua com a sua carreira enão pára de dar de espectáculosem toda a Alemanha para promo-ver os seus trabalhos discográfi-cos.Iniciando a sua carreira de can-tora em 1996, Liza Costa nãomais parará de progredir até setornar numa das vozes mais con-hecidas da música alemã. Possui-dora de vários prémios e autorade catorze trabalhos discográfi-cos, esta artista luso-descen-dente iniciou recentemente umanova fase da sua carreira ao se-guir caminhos musicais com in-fluências do Jazz e do sambasempre acompanhada pela suabanda de nome Bossa NovaHotel.

Motivos para festejar: sim ou não?

“Estou um pouco confuso se esta serárealmente uma data para comemorarou festejar, tendo em conta que (talveza maioria desconheça) na altura sóeram admitidos neste país trabalhado-res 100% saudáveis.

Antes de rumarem a terras germâ-nicas, os candidatos tinham que se submeter a um exame peranteuma junta médica - cárie dentária ou a falta de dois ou três dentesera motivo suficiente para chumbarem o desejo de emigrar.

Os poucos que regressaram a Portugal e os que por cá ficaramforam na maioria pessoas marcadas pelo duro trabalho, muitasdas vezes prejudicial à saúde.

No entanto, à custa dessemuito trabalho e violando asaúde conseguiram na maiorparte construir um pequenoreino, do qual a segunda e a ter-ceira geração está a usufruir.

Será esta uma data comemo-rável? Pode ser. Mas nós, os fil-hos e os netos, temos hoje umnível de vida melhor do queaqueles que há 50 anos para cávieram.”

50 anos - Portugueses na Alemanha

Antonio Horta

A cerimonia teve lugar na sededa Associação e contou com a pre-sença para além de José Cesário, doCônsul de Estugarda, José CarlosArsénio e Abílio Ferreira, ex-Vice-Cônsul de Frankfurt . A Mini-Bi-blioteca faz parte do projecto deleitura recentemente anunciado peloprimeiro ministro Pedro Passos Co-elho em Paris e é o resultado deuma parceria entre a Secretaria deEstado das Comunidades Portu-guesa e no Instituto Camões que, aologo deste ano entregarão um totalde 719 idênticas a diversas Associa-ções de várias Comunidades portu-guesas em todo o mundo. Emmeados de Janeiro, 5 delas já foramentregues no Canadá e Estados Uni-dos.

As autoridades foram recepcio-nadas por Maria do Céu, AndreiaCoelho, Alcina Barros, Leta Braz,Adoa Coelho, Idalete e Carlos Sa-raiva do Clube 8 de Dezembro dacidade de Wiesbaden, Patrícia Fer-reira, Bruno Miguel Ferreira, Car-los Ramalho e Natan Rocha e em

nome da sua pequena comitiva,José Cesário agradeceu a cordial re-cepção e manifestou o desejo queaqueles livros fossem de grandevalia para todos os associados nosentido de que através da leituraampliassem os seus conhecimentosda Língua Portuguesa e desfrutas-sem de bons momentos de conví-vio. “ O esforço conjunto doInstituto Camões e da minha Secre-taria foi a pensar exactamente nisso.Com esses livros fazemos a divul-

gação de novos autores e esperamoscom isso manter sempre aberto ocanal de comunicação. O momentoque Portugal atravessa não é fácilmas peço que me mantenham infor-mado sobre as necessidades e pla-nos da Associação”, disse.

E foi em nome da Associaçãoque Andreia Coelho, agradeceu einformou os presentes dos planosfuturos da UDP-Mainz no sentidode promover mensalmente num diade domingo sessões de leitura com

a presença de um professor de lite-ratura, conseguir uma parceria comCâmaras, Juntas de Freguesia e Ina-tel para proporcionar aos “ senio-res” viagens a Portugal a preçosacessíveis em época baixa e o decriarem um infantário para que ascrianças fiquem amparadas en-quanto os pais trabalham e ali pos-sam aprender a falar portuguêsalém de prosseguirem com os seusgrupos de dança e teatro que jáfazem parte das suas actividades.

Ao Cônsul de Estugarda AUDP-Mainz expôs a vontade de ini-ciativas conjuntas para as cidadesde Mainz e Wiesbaden comemora-rem , em 2014, os 50 anos da Emi-gração Portuguesa na Alemanhasendo uma delas a colocação deuma lápide comemorativa numa dascidades referidas e que o Dia dasComunidades neste ano seja come-morado com dignidade em algumadas cidades da área consular de Es-tugarda. O diplomata depois deouvi-las atentamente manifestou in-teresse em contactar com artistas eintelectuais dessa região para defi-nirem o que poderá ser feito. AsPermanências Consulares que jáacontecem há um ano, foram in-crementadas e serão quinzenais atéo próximo mês de Março devidoaos muitos pedidos nesse sentido.

Concluindo as horas de boa dis-posição, o evento prosseguiu comum jantar oferecido depois do qualJosé Cesário reiterou o apreço quetem por aquela Associação queconta com “ mulheres dinâmicas,dispostas a aprender e sem papas nalíngua” e que neste momento quePortugal atravessa a “ palavra deordem, é tentar” .

No próximo mês de Maio, numaGala em Londres, a União Despor-tiva Portuguesa receberá um prémioatribuído pelo jornal “ As Notícias”do Reino Unido pelo trabalho quetem desenvolvido junto à sua Co-munidade.

União Desportiva Portuguesa de Mainz

Secretário de Estado entrega a primeira Mini-Biblioteca na EuropaO secretário de Estado das Comu-nidades Portuguesas José Cesáriocumpriu no passado dia 14 de Fe-vereiro uma promessa feita noano de 2012 à União DesportivaPortuguesa da cidade de Mainz(UDP-Mainz, Marias Corações dePortugal) e entregou, pessoal-mente, uma Mini-Biblioteca com-posta por 98 volumes para aquelaAssociação que assim tornou-se aprimeira da Europa a recebê-la.

Aspecto do momento da entrega da biblioteca. José Cesário à direita, seguida da Maria Kosemund e do Cônsul-Geral de Portugal em Estugarda. Foto: UDP

Page 10: Portugal Post Março 2013

PORTUGAL POST Nº 224 • Março 2013Carta Aberta10

Ex.mo Sr. Ministro dos Ne-goócios Estrangeiros

Dr. Paulo PortasOs professores de Língua e

Cultura Portuguesas da áreaconsular de Estugarda, reunidosa 22 de fevereiro de 2013 emEstugarda, Alemanha, vêm poreste meio protestar junto de V.Exa relativamente às declara-ções feitas recentemente na im-prensa pelo Ex.mo Sr. Secretáriodas Comunidades Portugesas,Dr. José Cesário, sobre o EPE eos seus professores, declaraçõesessas que consideramos extre-mamente ofensivas à nossa di-gnidade pessoal e profissional.

Além de apresentar como“inovações” no sistema de En-sino Português no Estrangeiro(EPE) elementos como progra-mas, certificação de aprendiza-gens e formação de professores,todos eles existentes durante os35 anos de existência do sis-tema, anteriormente à tutela doCamões, I.P, circunstância quecoloca a introdução da taxa defrequência como a única inova-ção real no EPE, permite-seainda o Ex.mo Sr. SECP ofenderos professores, apresentando-oscomo “desenquadrados, desli-gados da realidade actual do en-sino”e “a ensinar sem saber oque é o ensino”.

Ex.mo Sr. Ministro, não é lí-cito que uma personagem com operfil político do Sr. SECP façasemelhante tipo de declaraçõescoram publico, utilizando comobase para defender os seus pro-pósitos políticos afirmações decaráter falseado , sob pena depôr em perigo a credibilidade doprocesso empreendido desde hácerca de um ano pelo Camões, I.P. e pela SECP ,que tem comoobjetivo a introdução de umataxa de frequência a ser pagapelos encarregados de educaçãodos alunos do EPE que frequen-tam os cursos de Língua e Cul-tura Portuguesas no sistemaparalelo.

No respeitante à supracitadataxa temos desde já a constataras consequências negativas damesma para os nossos cursos,ainda antes da sua introdução,

pois o tomar conhecimento dessaintenção foi lamentavelmentecausa do abandono dos cursos porparte de um número significativode alunos.

Este procedimento não temcomo origem a falta de interessedos pais ou dos alunos nos cursosde LCP, mas sim a degradaçãoprogressiva da qualidade de en-sino nestes desde o início da tutelado Camões, I. P., tutela esta cara-terizada por rígidos princípioseconomicistas, que mais parecemter por alvo a extinção deste en-sino que a propagação do mesmo.

Alunos sem aulas durantemais de seis meses consecutivos,devido a não ter lugar substituiçãode professores, alunos lecionadosem grupos demasiadamente hete-rogéneos, com 4 e 5 níveis etáriose de escolaridade aglomerados,com insuficientes 60 ou 90 minu-tos de aula um único dia por se-

mana, são, infelizmente, realida-des que em nada contribuem paratornar atraente a frequência doscursos.

Estas de todo insatisfatóriascondições, desmotivantes paraalunos e professores, não serão demodo algum melhoradas ou col-matadas por uma certificaçãoespúria , desenquadrada dos siste-mas escolares dos países de acol-himento e apenas com utilidadepara os alunos em vias de ter-minar a escolaridade, como tentafazer crer o Sr. SECP, que conti-nuamente apresenta a referida cer-tificação como um meio infalívelpara melhorar a qualidade do en-sino e justificar a taxa de frequên-cia.

Para terminar, desejamosainda exprimir a nossa indignaçãopelo facto de a já referida taxa serapenas destinada aos alunos do

sistema paralelo, exatamenteaqueles que têm pior qualidadede ensino, pois, além de terem dese deslocar à escola onde funcio-nam os cursos, muitas vezes dis-tante, são sempre lecionados emgrupos heterogéneos.

Os alunos do ensino integrado,cujas aulas de LCP têm lugar naescola que frequentam, dentro dohorário escolar normal, em gruposhomogéneos e com um númerosuperior de horas letivas sema-nais, ficarão isentos do paga-mento.

Trata-se de uma injustiça pa-tente , mais ainda se for levado emconta que todos os professores,em ambas as modalidades,são re-munerados pelo Estado Portu-guês.

Ex.mo Sr. Ministro, a taxa defrequência, apresentada pelo Sr.SECP como uma “ pequena con-

tribuição” de parte das comuni-dades, é inaceitável, não só poro EPE se encontrar enquadradojuridicamente no sistema portu-guês de escola pública,portantogratuita,mas também devido aser visto pelos cidadãos portu-gueses nas comunidades comouma pequena retribuição, ou ex-pressão de reconhecimento doEstado Português, visto estescontinuarem a investir e a enviaraltas somas para o país queainda consideram como a suaPátria.

Os afetos não são transacio-náveis, e a língua que veiculaesses afetos muito menos.

Estugarda, Alemanha, 22 de fevereiro de 2013Com os nossos mais respeitososcumprimentosOs professores de Língua e Cul-tura Portuguesas

Professores de Língua e Cultura Portuguesas da área consular de Estugarda exigem a demissão de José Cesário

Carta Aberta ao Ministro Paulo Portas“Permite-se o Ex.mo Sr. SECP ofender os professores, apresentando-os como “desenquadrados, desligados da realidadeactual do ensino”e “a ensinar sem saber o que é o ensino”

Ministro Paulo Portas

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PORTUGAL POST Nº 224 • Março 2013 11

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Crónica Por Joaquim Nunes

Através das páginas no facebookdo Dr. José Cesário (Secretário de Es-tado para as Comunidades Portugue-sas) e do deputado Carlos Gonçalves(ambos PSD) fiquei a saber que o go-verno português está a distribuir às as-sociações da “diáspora” portuguesa“bibliotecas”, ou, melhor, uma selec-ção de livros, numa iniciativa inte-

grada no programa “incentivo à lei-tura”.

Aplauso! Tudo o que vier incen-tivar a leitura é bom. Na emigração,lê-se tão pouco ! Saídos de Portugal,“só para trabalhar e não para maisnada”, os emigrantes nunca tiveramtempo para ler… Depois, a televisãoportuguesa que, nos últimos anos, in-vadiu via satélite cada sala de estar oucada cozinha, absorve as poucashoras que restam e que, apesar docansaço, podiam ser dedicadas à lei-tura.

Lê-se pouco na emigração. Masarrisco dizer que, no geral, não é porfalta de livros. Na maior parte das co-munidades e associações existe jáuma biblioteca de língua portuguesa,mais ou menos bem apetrechada decolecções de livros, que ali estão a ap-anhar pó, porque ninguém os requer,ninguém os pede emprestados, aquase ninguém interessam. É verdadeque essas bibliotecas estarão de-sactualizadas: está lá o Camões, masfalta lá o José Rodrigues dos Santos;está lá o Eça de Queiroz e o Camilo,mas faltam os livros do José Sara-mago ou do Lobo Antunes. E é ver-

dade que o Camões e o Eça de Quei-roz aos mais novos fazem lembrar aescola e a leitura “forçada” e sem pra-zer, e dizem pouco aos mais velhos…

Livros são sempre bem-vindos !E se este programa de apoio à leiturapor parte do governo levar os respon-sáveis das associações e dos clubesportugueses a fantasiar um poucosobre formas de motivar os maisnovos e os mais velhos a levar livrosemprestados para ler em casa… entãoa iniciativa do governo já estará a daros seus frutos.

Porque não criar (nas comunida-des e associações) círculos de litera-tura portuguesa, porque não unsserões literários, em que se possa lerem conjunto pedaços de boa escrita,algumas páginas de bons livros na es-perança de que eles criem o apetitepara a leitura?! Só a leitura dá sentidoao livro.

Mesmo que fosse só por razõeseleitorais, uma medida como esta me-rece o nosso apoio. “Oferecer” livrosportugueses às comunidades: a línguaportuguesa agradece. Com anos eanos no estrangeiro, a língua portu-guesa (mesmo para nós que ainda a

temos como língua materna) vai-setornando num “português de trazerpor casa”, muito reduzido quantitati-vamente no seu vocabulário, e, quan-tas vezes, exposto aos assaltoslinguísticos da língua estrangeira,numa mistura de palavras que a todocusto devíamos evitar. “A minha pá-tria é a língua portuguesa” (FernandoPessoa). Ler, escrever, cultivar a lín-gua, cuidar de uma certa qualidadelinguística é preservar a nossa própriaidentidade !

E, já agora, uma sugestão! Emtempos, o Governo Português pagavao porte do correio de assinaturas parao estrangeiro das revistas e jornaisportugueses. Medidas de poupança,muito anteriores às da actual crise, le-varam o governo a acabar com o“porte pago”. Que pena ! O semanárioou a revista, por serem em si de leituramais fácil que um livro, e pela suaactualidade, despertariam em muitoso hábito de ler, mantinham-nos emcontacto vivo com a língua portu-guesa, enriqueciam o nosso vocabu-lário quotidiano, protegiam-noscontra a erosão de anos e anos de vidano estrangeiro. Porque não voltar ao

porte pago, ao menos para as assina-turas de jornais e revistas que as asso-ciações fizessem?

Os livros estão a ser oferecidos àsassociações e clubes. Não sei que tipode livros estão incluídos nessa “bi-blioteca-brinde”. Não teria sido mel-hor que o governo se informasse antesjunto de todas as associações e comu-nidades sobre o estado das suas bi-bliotecas, do uso que elas têm oupodem vir a ter e da actualização queelas eventualmente possam precisar?

É que pode bem acontecer quemuitas associações e clubes de portu-gueses já só o são de nome. Na sedede muitas delas, funciona apenas umbar ou um restaurante, em regime deconcessão a um “particular”. Muitasdelas já não têm uma direcção eleitanem actividades associativas. Muitassão associações sem sócios, mas esteé outro tema, quem sabe para uma fu-tura crónica. O bar está aberto, vai-selá beber um copo ou a um baile. E oslivros estão por lá, cumprindo umamissão a que de modo nenhum esta-vam destinados, mas que é a que lhesresta: apanhar o pó que ninguémlimpa...

Incentivo à leitura?Livros novos para a emigração:

Lê-se pouco na emi-gração. Mas arrisco

dizer que, no geral, nãoé por falta de livros.

Na maior parte das co-munidades e associa-

ções existe já umabiblioteca de línguaportuguesa, mais oumenos bem apetre-

chada de colecções delivros, que ali estão a

apanhar pó.

Livros ++Livros ++Livros ++Livros ++Livros ++Livros ++Livros ++Livros ++Livros ++Livros ++Livros ++Livros ++

Cupão e condições de encomenda na pág. 22

José e Pilar

A Viagem do Elefante, o livroem que Saramago narra asaventuras e desventuras deum paquiderme transportadodesde a corte de D.João III àdo austríaco Arquiduque Ma-ximiliano, é o ponto de par-tida para José e Pilar, filmede Miguel Gonçalves Mendesque retrata a relação entreJosé Saramago e Pilar delRio.Mostra o Dia-a-dia do casalem Lanzarote e Lisboa, nasua casa e em viagens de tra-balho por todo o mundo, Josée Pilar é um retrato surpreen-dente de um autor durante o

seu processo de criação e da relação de um casal empenhado em mudar omundo – ou, pelo menos, em torná-lo melhor.José e Pilar revela um Saramago desconhecido, desfaz ideias feitas e provaque génio e simplicidade são compatíveis. José e Pilar é um olhar sobre a vidade um dos grandes criadores do século XX e a demonstração de que, como dizSaramago, “tudo pode ser contado doutra maneira”.

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Os dias de José Saramago e Pilar del Rio

Aprenda a Viver Sem StressFormato: 15,5 X 23 cm.Páginas: 100Preço: 18,99Quanto mais tempo da sua vida éque está disposto a desperdiçar?Quanto mais tempo da sua vida estádisposto a continuar a sofrer?Quanto da sua vida está disposto afinalmente reivindicar hoje? Quantomais tempo vai deixar que os outrosmandem nas suas escolhas? E, se rei-vindicar a sua vida, acha que fica a dever alguma coisa aos ou-tros?Quando você cede ao stress, você não está ser você mesmo.Quando você cede ao stress, você passa ao lado da vida, da suavida. Você vive em permanente sobrevivência. E quem sobrevive,sofre. E quem sofre, vive em stress.. "Aprenda a Viver Sem Stress" é um livro que o ajuda a reencon-trar-se.

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Os Contos da Infância e do Lar, deJacob e Wilhelm Grimm, são a obrade língua alemã mais traduzida e edi-tada no mundo. Publicada pela pri-meira vez em Berlim em 1812 e em1815, foi crescendo em popularidadeao longo do século XIX, consagrando-se como um dos tesouros da culturapopular alemã e europeia.Os três volumes da presente ediçãocompreendem duzentos contos, dezlendas religiosas infantis, um apên-dice com outros vinte e oito contos nãoincluídos na última edição em vidados autores (1856-57), um conjuntode seis fragmentos de contos e um

longo capítulo que inclui bibliografia relevante citada pelos autores nas suasnotas e considerações gerais sobre diversas tradições nacionais, assim comouma reflexão final sobre a relação dos contos populares com a mitologia.Esta é a primeira edição integral em língua portuguesa com tradução, intro-dução e notas de Teresa Aica Bairos e coordenação científica de Francisco Vazda Silva.

Cupão de assinatura do PORTUGAL POST na página 6

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PORTUGAL POST Nº 224 • Março 201312 Sociedade

em 2013 a industrializa-ção, o progresso tecnoló-gico e a corrida cega às

matérias-primas estão a empurraro nosso planeta para o precipícioda autodestruição. O indivíduo jánão parece ser capaz de encontrara felicidade e o desempregoameaça as novas gerações. À pri-meira vista, a entrada no séculoXXI sob a égide do individua-lismo e de um sistema financeiroirresponsável e imoral não pareceestar a produzir bons resultados.

O sucesso de objectos tecno-lógicos cujos nomes começampor “I” (Eu): iPod, iPhone, iPad ea publicação dos detalhes mais ín-timos das suas vidas nas redes so-ciais como o Facebook, mostramque todos estão preocupados ape-

nas com a sua própria pessoa, asua realização, a sua felicidadepessoal e que afinal todos estãoapaixonados por si próprios –bem-vindos ao século do narci-sismo!

Reconheço que pode ser ten-tador adquirir um iPhone que acu-mula as funções de um telefone,de um computador, de uma tele-visão, de uma lanterna, de umamáquina fotográfica, de uma con-sola de jogos, de um jornal, de umaparelho de navegação GPS.Quando todos os objectos tiveremsido absorvidos por um ecrã, seráa vez de serem absorvidos pelonosso corpo.

Vamos entrar no domínio dabiónica, com a inclusão nos nos-sos corpos de implantes, prótesese máquinas que substituem mem-bros, e prometem novas funciona-

lidades. No futuro os designersserão em simultâneo personaltrainers de ginásio, nutricionistase coach, porque os produtos a de-senvolver no futuro serão os nos-sos corpos e as nossas mentes.

As nossas fábricas estão pro-gramadas para produzir matéria eparecem não saber produzir outracoisa.

Quando o petróleo acabardaqui a 30 anos, o resultado vaiser catastrófico para o bem-estarda população mundial, que pareceestar concentrada apenas na cor-rida aos bens materiais. Provavel-mente ainda vamos a tempo decorrigir a trajectória, onde todoscontribuam para um mundo mel-hor, sem que isso implique oabandono das cidades e que todosse dediquem ao trabalho nocampo.

Tal como um tóxico depen-dente que consumiu drogas emexcesso, também todos os que nofuturo consumirem em demasiaprodutos tecnológicos vão serobrigados a curas de desintoxica-ção.

O regresso a um consumoético-responsável e a uma atitudeque respeita mais a natureza pare-cem inevitáveis. Na Alemanhauma parte da sociedade já procuraseguir este novo rumo de “Life-styles of Health and Sustainabi-lity”(estilos de vida saudáveis esustentáveis) a quem os publicitá-rios atribuíram a designação de“LOHAS” e que dão preferênciaa férias ao ar livre na natureza, aoconsumo de produtos Bio e de co-mida “slow food” por oposição ao“fast food”.

A relação dos alemães com a

natureza é muito profunda. A flo-resta é alvo de um culto muitoparticular:

-“O kühler Wald, wo rauchstdu, in dem mein Liebchen geht?”do poeta Clemens Brentano que ocompositor Brahms levou para omundo musical.

Os alemães encontram na na-tureza uma espécie de felicidade,uma relação simples, que lhespermite escapar ao lado sério davida e a uma hipercivilização queregula em demasia as suas vidas.De forma a recuperar a naturezapara o interior das suas casas, anatureza dentro de casa é a grandetendência de decoração de inte-riores este ano – plantas, peles emadeira estão em alta. A paixãopela natureza vai estar reflectidatanto na decoração como nosacessórios.

Queremos salvar o planeta?

Salvador M. Ricardo

E

O progresso tecnológico e a corrida cega às matérias-primas estão a empurrar o nosso planeta para o precipício da autodestruição

Na Alemanha, as boas maneirastêm um nome: barão Adolph Knigge.Ele escreveu, nos fins do séculoXVIII, a obra “Über den Umgang mitMenschen” (Sobre a forma de trataras pessoas), ou, coloquialmente „oKnigge“. É um equivoco afirmar-seque se tratar de um manual de regrasde etiqueta, porque na realidade, olivro é, antes de mais, um tratado so-ciológico.

Seja como for, até hoje o“Knigge” é considerado „a“ referên-cia no que diz respeito a formas detratamento na língua alemã. Hans-Mi-chael Klein, presidente da SociedadeKnigge da Alemanha, dá palestras arespeito de normas de conduta nopaís, das quais fazem parte os ensi-namentos sobre o uso correcto do for-mal “Sie” (o senhor / a senhora) e dotratamento íntimo “Du” (tu).

O especialista diferencia estesdois sectores distintos da vida.Afirma: „Para cada uma destas fór-mulas de tratamento, há regras abso-lutamente diferenciadas; na vidaprivada, o mais velho é quem propõeo uso do “Du” ao mais jovem. Nãoimporta se se trata de homens ou mul-

heres.““Na vida profissional, continua

Klein, “não é importante a idade, massim a posição de cada um na hierar-quia da empresa. É sempre o chefe ou“chefa” quem oferece ao funcionário– independentemente de ser maisvelho ou mais novo – o “Du.“Quando duas pessoas de mesmo grauhierárquico se encontram – porexemplo, dois chefes de departamento– aquele com mais tempo de empresaé quem dá o passo em direcção a umtratamento informal”, explica Klein.

Alguns casos especiais

Essas são as regras tradicionais,mas há exceções e casos especiais.

Entre os jovens, por exemplo, ouso de” Du” está amplamente disse-minado, não importa se o interlocutoré ou não uma pessoa conhecida. Háainda os casos especiais.

Por exemplo, o chamado “Ham-burger Du”, ou seja, o „tu hambur-guês“. A denominação em si jáconfunde, pois trata de combinar otratamento formal (Sie) com o nomeda pessoa. O resultado é algo como:„Markus, o senhor poderia, porfavor...“.

Tradicionalmente, essa formacombinada de tratamento é usada emcasos de „relações sociais assimétri-cas“, ou seja, quando o superiorchama seu funcionário. „Assimétri-cas“ porque o chefe está acima na

hierarquia profissional e porque otratamento pelo prenome só funciona

numa direcção, pois não é boa ideia

o funcionário fazer o mesmo ao se di-rigir ao superior.

Os bávaros, famosos por suas pe-culiaridades, também fazem um uso

singular da forma de tratamento“Du”: em Munique, a capital da Ba-viera, costuma-se utilizar o oposto do„tu hamburguês“, o que significa, nocaso, chamar a pessoa de “Du,” masusar a forma em combinação com onome de família do interlocutor:„Schmidt, tu podes dar um pulinhoaqui?“.

Em analogia a esse „MünchenerDu“, há também o „tu de caixa de su-permercado“, empregado em situa-ções muito específicas. Como quandoa funcionária quer saber o preço deuma mercadoria e berra para a colegado outro lado da loja: „SenhoraMeier, sabes o preço da pêra?“.

Outro uso especial é o „GenossenDu“, usado entre correligionários doPartido Social Democrata, para mar-

car que se trata de „camaradas“,todos iguais entre si e unidos pelasmesmas convicções políticas.

Nestas modalidades de trata-mento, existe por vezes algumas ar-madilhas

Por exemplo, o tratamento infor-mal em momento de descontraçãopode não prosseguir no dia seguinte.Porém, as verdadeiras armadilhasnão estão propriamente no uso corretodo “Sie” (o senhor /a senhora) e do“Du” (tu, você), mas nos momentosem que se deixa de usar um e se passaa usar o outro. O especialista em eti-queta, Klein cita três dos piores equí-vocos possíveis.

O primeiro: durante uma festadescontraída da empresa, o chefepassa a usar o “Du” com o funcioná-rio. Mas, o que fazer no dia seguinteno trabalho? O superior ainda vai selembrar da fórmula de tratamento dodia anterior?

Klein recomenda: „O melhor éevitar uma forma de tratamento di-reta, optando por frases indirectas,por exemplo: “Não queríamos falardo tema tal hoje?’“. Desta forma, osfuncionários têm que esperar até queo superior reaja, aconselha Klein, se-gundo o qual é um „interdito“ lembrarao chefe que na noite anterior elehavia introduzido o tratamento maisinformal.

Outra coisa a ser evitada: „Umfuncionário mais velho nunca devecomeçar a tratar o chefe, mais novo,por “tu’“, alerta Klein. A iniciativatem sempre que partir do superior, in-dependentemente da idade.

A terceira regra, neste contexto,é jamais recusar de maneira ríspida aforma de tratamento mais íntima.Caso isso seja feito, é necessário agirde forma que o interlocutor mantenhasua dignidade.

Klein recomenda: „Diga, nestecaso: ‘Fico muito feliz com a ofertade poder de tratá-lo por “tu “e com oapreço a mim destinado, mas gostariade conhecê-lo melhor antes antes depassarmos para essa forma de trata-mento mais intimo“.

Klein aconselha de forma geralaos participantes de seus semináriosum princípio válido para todas as si-tuações: reagir sempre da maneiramais adequada, sem chamar a aten-ção pela inconveniência. Uma regrauniversal, fácil de ser apreendida eque pode ser aplicada não só à ques-tão „Du ou Sie?“.Birgit GörtzCortesia DW, Revisão PP

Aprender 

quando usar o tratamento formal ou íntimo na Alemanha?

Antigamente, a regra eraclara: não se usava a formade tratamento informal„Du“ para falar com estra-nhos. Hoje em dia, essanorma é menos rígida, oque não torna a situaçãomais fácil.

Sie ou Du :

Page 13: Portugal Post Março 2013

PORTUGAL POST Nº 224 • Março 2013 13

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er a obra de Pepetela (1941) éempreender uma viagem pelasorigens do povo angolano. As

tramas que reinventa a partir de per-sonalidades e acontecimentos busca-dos na História pré-colonial, coloniale pós-colonial ajudam a construir umaidentidade angolana através da refle-xão que a narração e as observaçõesfacultam. A capacidade narrativa e odomínio preciso e erudito com quePepetela manipula a língua portu-guesa coloca-o na primeira fila dosgrandes escritores contemporâneos.

A sul. O sombreiro, a obra de quevos falo, é um romance histórico, etambém de aventuras, estruturado em27 capítulos. Nele podemos observaruma alternância de narradores. Surge,por vezes, na primeira pessoa eviden-ciando a opinião da personagem. Ou-tras vezes, em terceira pessoa dandoa conhecer a opinião de um narradoromnisciente. E ainda, algumas vezes,existem pequenas intervenções doautor fora do texto, colocando-nos naépoca em que lemos, alargando as in-formações recebidas e tornando-noscúmplices da narrativa.

É uma obra constituída por trêsnúcleos narrativos autónomos que ha-bitam a mesma época, de fins do séc.

XVI a princípios do século XVII, ecaminham pelo mesmo espaço, deLuanda a Benguela com a metrópoleem pano de fundo. No fim, coinci-dem, debaixo do Sombreiro, o morroque aconchega a baía de Benguela,criando apenas uma trama e fazendoo discurso convergir para a unidade.

O primeiro narrador Simão deOliveira, vigário de Benguela, intro-duz-nos Manuel Cerveira Pereira, porele detestado e cuja expressão deabertura dá o tom à narrativa. ManuelCerveira Pereira, o conquistador deBenguela, é um filho da puta.(p.7).Ora é ele o narrador seguinte. Gover-nador de Luanda primeiro, e explora-dor das terras de Benguela, depois. Oterceiro narrador é o mestiço CarlosRocha, provável descendente deDiogo Cão, como na origem mítica,todos os mestiços angolanos. Os dois

últimos narradores personagens for-mam a dupla que seguindo o mesmocaminho, por vias diferentes, nos em-barcam nas peripécias de um tempohistórico de aventuras mil.

Cada uma destas três figuras nar-radoras representa um poder dentrodo espaço colonial e metropolitano: oda igreja católica, o da aristocracia,Portugal vivia sob a ocupação espan-hola e o dos mestiços, resultado docruzamento entre os brancos explora-dores ou degredados e as negras afri-canas.

Os naturais da terra não têm voz,se são escravos comprados e vendidoscomo “peças”, dentro e fora do terri-tório pelos seus pares e pelos euro-peus. Mas atuam se pertencem aosgrupos de poder, chefes de tribos ereinos. Neste último grupo destacam-se os jagas, os bárbaros. Um grupo de

guerreiros, mais ou menos nómadas,de várias etnias, educados para aguerra. Não cultivavam as terras e vi-viam do assalto, da morte com finsantropofágicos, e do rapto de mulhe-res e crianças de outras tribos. Numaestória com as suas regras próprias, deocupantes e ocupados, os jagas se-meavam o caos.

O romance está recheado de in-formações sobre os costumes das vá-rias etnias que ocupavam o território.Reconta-nos como viviam, se alimen-tavam, se deslocavam, as relações pa-rentais que existiam, os jogos e asrelações de poder entre os diversosreinos. Relata-nos como o podereuropeu era executado na colónia,exercendo uma autoridade que permi-tia, aos poderes da igreja e aos aristo-cratas, a acumulação de uma imensariqueza.

O fundo histórico evidência per-sonalidades reais que na trama seapreciam como personagens tipo: An-drew Batwell, marinheiro inglês presopelos portugueses no Brasil, dester-rado em Angola foge da prisão e vive16 meses refém dos jagas; ManuelCerveira Pereira, governador e capi-tão-general de Luanda, de 1603/06 ede 1615/17; o rei jaga Imbele Kalan-dula; a Rainha Ginga; o tendala Mos-sungo e outras figuras históricasreinventadas na ficção.

De início, o leitor depara-se comum texto recheado de personagenspouco diferenciadas, de nomes estran-hos, que tem dificuldade em indivi-dualizar e exige um esforçosuplementar de atenção. Passado essedesconforto, a aventura dos dois pro-tagonistas, o governador e o mestiço,a quantidade de informações interes-santes sobre a tradição e a vivênciadaquela época, o olhar isento do autorsobre o passado faz-nos navegar nahistória e perceber que o pretexto pelabusca do lugar onde se encontra o tú-mulo de Diogo Cão é uma viagem porum passado desconhecido que ajuda-mos a reinventar.

A Sul. O Sombreiro. Pepetela - Editora D. Quixote, 2011 (364 páginas )

Viajar a Sul com PepetelaLuísa Coelho, Berlim

L

Pepetela. Foto: Carol Reis

Page 14: Portugal Post Março 2013

PORTUGAL POST Nº 224 • Março 201314 Sociedade & Cultura

RECENSÃO - O FILME

Night Train to Lisbon geroumuitas expectativas. Não apenaspor ser uma adaptação de um ro-mance filosófico difícil mas, e so-bretudo, pelo nome do realizadorque lhe aceitou o desafio e tam-bém pelo elenco de actores euro-peus escolhido. Sem dúvida que éuma boa adaptação ao cinema euma interpretação bem conse-guida das ideias filosóficas queconstroem o livro. Porém, haveráquem possa sentir alguma irrita-ção face à interpretação pouco or-todoxa e livre de Bille August.Embora o realizador não siga oenredo do livro passo a passo, eleconsegue transmitir bem ao pú-blico as complexas ideias filosó-ficas presentes na obra deMercier. O realizador usou deuma arrojada liberdade artística:

fez uma interpretação muito pes-soal da obra e acelerou o ritmo dajornada, conseguindo, destaforma, criar um filme mais aces-sível ao público. Mas a irritaçãoinicial passará ao fazer-se uma lei-tura aprofundada do livro “Nacht-zug nach Lissabon”. Bille Augustconseguiu transmitir magistral-mente para a tela o ambiente demistério e as questões filosóficasque Raimund e Amadeu contem-plam nas suas vidas: as suas refle-xões sobre Deus, a vida, a jornadae a partida existencial de ambos,em diferentes tempos históricos.O realizador arrisca o balançoentre a obra literária e o filmequando ousadamente acrescentaepisódios inexistentes no livro: aportuguesa que reaparece comoneta do Carniceiro de Lisboa,Mendes, ou relacionamentos quepassam a ser mais definidos e vi-

sualmente mais fortes (Rai-mund/Mariana e Amadeu/Estefâ-nia) enquanto suprime um outro,fundindo-o neste último (MariaJoão/Amadeu). O recurso aovoice-over para as tiradas filosó-ficas de Amadeu, separa o tempopresente de Raimundo do tempopassado de Amadeu: da ditadura,de Salazar, da PIDE, do Tarrafal,da tortura. No livro Amadeumorre em 73, no filme o seu fune-ral é no dia da revolução de Abril– o que provocará mais associa-ções e lembranças à audiência. Olivro de Amadeu é o leitmotiv, ofio condutor, deste filme. Rai-mund descobre o livro, Um Ouri-

ves das Palavras, em sítios dife-rentes, no livro e no filme. Este foio meio escolhido pelo realizadorpara reduzir e arredondar o inícioda história, isto é, lançar os dadosda intriga, para a seguir nos ir des-vendando o puzzle desta história,por camadas, enriquecendo-o vi-sualmente e conferindo-lhe umpasso mais rápido. No filme, ofim é formalmente diferente daobra do filósofo, mas prevalece nasua essência o carácter indefinidodo futuro do protagonista e narra-dor Raimund (Gregorius).

Night Train to Lisbon é tam-bém um passar de bilhetes postaisda Lisboa antiga, estilo Viewmas-

ter interactiva. Uma Lisboa emsépia numa perspectiva do pas-sado e uma Lisboa colorida pelosolhos de um turista; Lisboa vistapor um estrangeiro, numa per-spectiva camusiana, o que poderácriar estranheza aos lisboetas por-que se poderão sentir estranhos nasua própria cidade. Mas é tambémuma Lisboa que apaixona e a quea voz de Maria de Carvalho e osom do Trio Fado em pano defundo, em algumas cenas, traz aopúblico a melodia da língua por-tuguesa tão presente na obra deMercier – no que foi, sem qual-quer dúvida, um pormenor bempensando por Bille August.

Estreia Mundial do filme “O Comboio Nocturno para Lisboa” em Berlim

PORTUGAL POST na Berlinale

O filme Night Train to Lisbon de Bille August estreou mundial-mente na 63ª edição da Berlinale. Estiveram presentes o Presi-dente da Câmara de Lisboa, António Costa, o Embaixador dePortugal em Berlim, Luís de Almeida Sampaio, o realizador e al-guns dos actores. Jeremy Irons, Bruno Ganz, Jack Huston, Char-lotte Rampling, Martina Gedeck, entre outros, são o elencoeuropeu de luxo deste filme, não esquecendo a participação dosactores portugueses Nicolau Breyner e Beatriz Batarda. O filmefoi quase todo rodado em Lisboa e é uma adaptação do best-sel-ler, “O Comboio Nocturno para Lisboa” de Pascal Mercier. O filmeestreia nos cinemas de Berlim no dia 7 de Março.

Bille August não é um estranho nomundo da adaptação de obras li-terárias ao cinema. Foi o realiza-dor de “The House of Spirits” e“Fräulein Smillas Gespürr fürSchnee” entre muitos outros fil-mes que realizou. A musicalidadeda língua portuguesa está muitopresente no livro. Contudo nestefilme ela quase desaparece porque“por razões de financiamento daprodução escolheu-se o inglês” –disse-nos o realizador. “Para com-pensar decidi que os actores fala-riam com sotaque português”. “Édifícil transpor para filme a mis-tura de questões filosóficas e aprofunda narrativa da história.”Por isso Bille teve que decidirsobre “o tipo de filme, qual é a

jornada e o que é a história, e ex-cluir o supérfluo. O filme é sobrealgo que falta na vida de Rai-mund. É sobre pessoas que vivempaixões e fazem citações filosófi-cas que reflectem as suas vidas.”“ A literatura é muito mais intelec-tual do que o cinema, que é ummeio de expressão mais emocio-nal, e o que fizemos foi procurarcitações do livro que reflectissema vida de Raimund em determina-das cenas. O voice-over foi omeio que encontrámos de reflectira vida interior das personagens ede fazer avançar a história, senãoteríamos que parar e dividir ofilme em duas partes.” Sobre a es-colha dos actores disse sentir que“havia uma certa química entreJeremy e Martina e a audiênciaqueria o Jim”. Jack Huston “é umactor de cenas históricas que con-segue convencer que um rapaz da-quela idade podia escreverdaquela forma”. “Devido à crisehá muitos edifícios abandonados.Filmámos a escola num edifíciocolonial abandonado”. No livro ahistória de amor entre Raimund e

Mariana é apenas sugerida mas“no filme ela serve para mostrarcomo ele se abre emocionalmentee Mariana é quem pode mostrarque ele ainda está vivo”.

Bille adora a língua portu-guesa mas “o problema foi quenão podíamos financiar o filmeem português. Vi vários filmesportugueses sobre a revolução,que eram bons filmes, mas quenunca foram vistos fora de Portu-gal. Por isso, pensei que se fizés-semos o filme em inglês issoabriria o mundo a Portugal, epenso que Portugal merece issomesmo!”

“Não uso gravata” disse Jeremy

O no Hotel de Rome em Berlim

À conversa com os principais protagonistasdo filme “Comboio Nocturno para Lisboa”

BILLE AUGUST

JEREMY IRONS

Cristina Dangerfiel-Vogt, Berlim

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PORTUGAL POST Nº 224 • Março 2013 15Sociedade & Cultura

aparecendo no seu kaftan maoísta.Gostou de voltar a trabalhar comBille August, de quem é amigo.Diz que ele é um realizador quesabe o que quer, calmo e concen-trado, muito sensível e amigável eque não gosta de trabalhar em am-biente tenso. Quanto a Raimund“ele não é particularmenteatraente. É um homem que seacha maçador, esvaziado por umcasamento infeliz. A sua mulherdisse-lhe que ele é maçador,enfim, ele parece mesmo maça-dor! Em Raimund tudo é pe-queno. É uma pessoa normal, semcarisma e foi isso que tentei criar.É difícil - quando se é alto e aindase tem cabelo! Eu nunca me esco-lheria como Raimund. Teria pro-curado alguém que esteja a perdero cabelo e seja barrigudo!”

É difícil dissociar Jeremy daspersonagens de outros filmes,como em the Lieutenant’sWoman, The House of Spirits,Damage. Raimund é muito maisfraco no livro do que Jeremy nofilme. “As ideias filosóficas dolivro são interessantes, mas não se

pode fazer um filme apenas sobreideias filosóficas. O ambiente dolivro está bem transposto para ofilme. Mas livros e filmes são ani-mais diferentes”. Jeremy sublin-hou ainda que muitas vezes “oslivros falam aos nossos pensa-mentos do subconsciente que nãoverbalizámos”. Raimund joga xa-drez consigo próprio num cúmulode solidão - uma imagem pode-rosa logo no início do filme.

O actor nunca se ligou a umlivro como Raimund. “Mas euparto no comboio nocturno sem-pre que faço um filme. Comeceino teatro porque queria viver forada lei, das regras. Queria ser ci-gano, trabalhar no circo ou no tea-tro. O meu primeiro trabalho noteatro foi uma aventura, nuncatinha feito teatro, mas gostei e fi-quei. Mas nunca fiz como Rai-mund, criar uma novapersonagem. Quem faz isso navida real? Mas muitos o quere-rão!” “Raimund é definitivamentesuíço, não poderia ser mais distan-ciado do Portugal revolucionário.Aborrecido e seguro, um país em

que nunca houve uma revolução enão participou nas duas grandesguerras.”

Jeremy Irons esteve em Lis-boa para as filmagens do filmeThe House of Spirits e naquela al-tura apenas dera um salto a umadiscoteca no centro da cidade.Desta vez viveu no Palácio daBela Guarda no Castelo. “Fui con-frontado por uma Lisboa dife-rente: a das colinas, dos eléctricos,das fachadas deterioradas, das pe-quenas pessoas idosas a viver emcasas degradadas e dos mercadose dos pequenos restaurantes. Foimaravilhoso, muito mais român-tico e apaixonei-me pela cidade,seriamente.”

Jeremy é também um activistapelo meio ambiente. Participourecentemente no filme Trash. ““Lixo é um problema que nosafecta a todos. Há mais plásticono mar do que plâncton e por issotemos que mudar os nossos hábi-tos. As pessoas vão ver Trash por-que eu estou no filme. Sinto que éum dever contribuir para a mu-dança de atitudes no mundo, mais

JACK HUSTON

Na Foto:A jornalista Cristina Dan-gerfiel-Vogt posa na com-panhia de Jeremy Ironsnum encontro no Hotel deRome, em Belim, durante oqual o actor concede umaentrevista em exclusivo aoPORTUGAL POST . Foto PP

do que contar histórias que podemser agradáveis para as pessoas in-dividualmente mas que não vãomudar nada no mundo!”

Jack Huston foi Amadeu e porisso nunca contracena com Je-remy Irons – “andámos sempredesencontrados em épocas dife-rentes do mesmo filme”.

Jack é um actor jovem, comum palmarés considerável, e quecomeçou no teatro como é de tra-dição em Inglaterra. Contou-noscomo foi falar com o sotaque de

uma cultura que desconhecia to-talmente. “Quando se pensa nosotaque não se consegue trabalhar,tem que se ganhar confiança nafala da personagem que se vai in-terpretar e só depois começar arodar”.

Para ele foi um desafio fazerAmadeu, entrar-lhe na pele. “Gos-tei muito da obra, especialmenteda personagem Amadeu porqueele é um filósofo e um pensador.E nós próprios começamos a re-flectir sobre as mesmas questões.Ele é um revolucionário do espí-rito. A sua revolução era a deDeus e da vida.”

Amadeu é diferente de Jackmas ele admira-lhe o carácter, asua sensibilidade e humanidade.“Ele pensa e filosofa sobre gran-des temas da vida”. Mas Jack dizque não teria salvo a vida de Men-des, o agente da PIDE no filme.“Amadeu foi coerente com o seudever de médico de salvar vidas.Isso é algo de incrível e difícil efoi interessante entrar nessa pele.”Diz ter sido um projecto maravil-hoso. “Por vezes foi difícil porqueas pessoas tinham ideias fixassobre a personagem.”

Huston vem de uma família deactores e realizadores. “Tenho or-gulho na minha família, mas con-segui fazer um nome por mimpróprio”. Diz ser um nómada eque é um pouco de todo o mundo.“Gosto muito de ler. O meu avô(Walter Huston) dizia que cadafilme que fazia era uma adaptaçãode um livro e dizia-me para eu ler,ler muito.”

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PORTUGAL POST Nº 224 • Março 201316

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Sociedade

Para Arlindo Jerónimo, sócio-ge-rente e filho do fundador Serafim daSilva, “o sino é um instrumento mu-sical e, como tal, tem de ter uma notadevidamente afinada”.

É por isso que continua a supervi-sionar a fundição dos maiores “instru-mentos”, a poucos metros dastemperaturas de 1.040 graus, necessá-rias para fundir o bronze.

A empresa, criada em 1932 e queactualmente emprega 40 trabalhado-res, fabrica “entre 220 e 230 sinos porano”, trabalhando sobretudo para omercado interno, mas exportandotambém “alguma coisa para Espanha,França, América Latina e para os paí-ses de expressão portuguesa”, disseArlindo Jerónimo, depois de acomp-anhar a fundição de um sino de carril-hão.

“Fazemos sobretudo sinos paraigrejas, mas também para edifícios

públicos, como câmaras municipaisou escolas”, explicou, lamentandoque em Portugal não haja “muitossinos conhecidos”.

Arlindo Jerónimo recordou , deentre os milhares de sinos que já pro-duziu, o fabrico dos do convento deMafra, para além do restauro dossinos do Palácio da Ajuda e da Basí-lica da Estrela, ambos em Lisboa.

“Usamos a argila para fabricar a

parte interior do sino. Depois, con-struímos o que chamamos de falsosino, onde é colocado todo o alto-re-levo em cera. Vem, depois, a terceiraforma, que será a parte exterior dosino”, explicou.

“Quando as duas primeiras for-mas estão prontas, retiramos a ter-ceira, partimos a do meio que é ofalso sino, voltamos a colocar a ter-ceira na primeira e preenchemos o

espaço que sobra com o bronze, queé uma liga de 78 por cento de cobre e22 por cento de estanho”, sublinhou ofabricante, para concluir que “este é oprocesso normal de uma fundição desinos.”

Segundo o herdeiro de A Serafimda Silva Jerónimo & Filhos, Lta., aempresa produz para “todas as fregue-sias do país”, prestando assistênciaaos “milhares de relógios e sinos” que

existem em todo o território nacional.“O sino funciona como um coro

de cinco vozes: se está afinado, é umcoro perfeito, se não, é um coro desa-finado”, afirmou Arlindo Jerónimo,referindo que até já cedeu algunssinos para a orquestra da Gulbenkian.

Depois de mais de oitenta anosenquanto único fabricante destes in-strumentos em Portugal, a empresaacabou por saturar o próprio mercado,pela que reagiu à quebra do negóciocom o fabrico de relógios computado-rizados, órgãos de igreja ou restaurodos milhares de sinos que badalampor todo o país.

O processo de fabrico é já mile-nar, revela Arlindo Jerónimo.

“Já antes de Cristo se faziamsinos com este processo, que sofreuapenas alguns melhoramentos. Nãodá para fazer muito mais, na medidaem que é uma peça artesanal que temque ser feita com muito cuidado eatenção”.

“E depois tem todo aquele rendil-hado ou imagens dos santos padroei-ros das freguesias para que são feitos.Cada sino representa a história da pa-róquia para que é feito. De facto, tam-bém é uma peça que fica para oregisto daquela freguesia”, disse. Lusa, tetxto e foto

Única fábrica de sinos em Portugal regista a história de “todas as freguesias do país” Na rua da Cidade do Porto, emBraga, trabalha-se há mais de80 anos no fabrico de sinos,numa empresa familiar que é aúnica do ramo em Portugal eque já produziu para todas asparóquias do país.

Arlindo Jerónimo, sócio-gerente da A Serafimda Silva Jerónimo & Filhos, Lta.

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PORTUGAL POSTNº 224 • Março 2013 17

À Imigração precária segue-se aProcura da Imigração qualificada

A Alemanha que nos anos 60 pre-cisava de trabalhadores desqualifica-dos para dar resposta ao milagreeconómico alemão necessita hoje demão-de-obra qualificada para asnovas apostas no futuro. Outrora, coma imigração carente provocou a con-corrência a nível de classe operárianacional e estrangeira, conseguindoiniciar assim um nivelamento do ope-rariado pela base. Foi a fase da con-corrência entre as camadas baixas dasociedade. Disciplinou a classeobreira para o combate económicoiniciado com a globalização. Actual-mente procura-se disciplinar e domi-nar a camada social média. A lutapassou a dar-se entre a camada médiaalemã com os seus técnicos e a classemédia estrangeira, imigrantes espe-cialistas internacionais. Assim a Ale-manha consegue manter-se como olugar privilegiado da tecnologia e dodesenvolvimento, assegurando assimpara a Europa a vanguarda do pro-gresso tecnológico e económico.

A crise do Sul da EU beneficia ospovos mais ricos que, por sua vez, de-sestabiliza os estados da periferia.Exercita neles possíveis cenários deconflitos laborais e sociais de gera-ções vindouras dos actuais países for-tes. Portugal é o país que exportamão-de-obra mais qualificada dei-xando assim um buraco de menorprodução no país. Estes emigrantessão altamente motivados e contri-buem, pelo seu perfil biológico e cur-rículo para o incremento do nívelsocial alemão (países fortes) e conse-quentemente para o empobrecimentodo nível social português/ da periferia.Geralmente emigram os melhores,com maior espírito criativo e de mo-bilidade.

A Alemanha absorve 400.000 imigrantes por ano

A Alemanha precisa dum contin-gente de 400.000 imigrantes por anopara equilibrar a o défice demográ-fico. O problema da diminuição dapopulação alemã com os consequen-tes problemas para o pagamento dereformas futuras, segurança socialequilibrada e pagamento das dívidas,

anteriormente prognosticado por cien-tistas, já não mete medo devido àcrescente imigração para a RFA.

A crise do Sul beneficia os povosmais ricos para onde emigram. Se-gundo relata a revista “manager ma-gazine” 1/2013 alemã conta-se, pelomenos, com um aumento de 2,2 mil-hões de habitantes na Alemanha até2017, e, perante a “tristeza de depres-são do sul da Europa”, a afluênciapodia até aumentar. Este ano a imigra-ção para a Alemanha já atingiu os400.000; isto corresponde a duas ci-dades médias por ano.

Erro crasso dos Governos do SulEm 2011 emigraram 44 mil por-

tugueses. Portugal e os países da pe-riferia ficam com as dívidas, com asangria da sua juventude qualificada,com as pessoas idosas a manter e comum operariado não confrontado coma concorrência operária (entre firmas)mas sim com o receio entre empregoe desemprego. No século passado es-tados nacionais compensavam a san-gria, provocada pela emigração, comuma maior natalidade e com as re-messas dos emigrados. Nessa alturaas potências europeias viam no in-cremento da imigração uma espéciede apoio ao desenvolvimento econó-mico dos países pobres considerandoas remessas como crédito para estespaíses poderem pagar as suas enco-mendas. Hoje esta seria uma conta er-rada tanto para os estados credorescomo para os devedores. A situaçãodos países devedores é tal que parapoderem alimentar o povo e evitar re-voltas sociais terão de exigir umanova ordem económica na Zona Euro.Dado os países fortes serem os bene-ficiados desta zona teria de ser criadoum instrumente equilibrador das dife-rentes regiões económicas. Os paíseseconomicamente fortes teriam deefectuar uma transferência solidáriade dinheiros para as regiões mais fra-cas. Além disso na Alemanha unidahá o “imposto de solidariedade” quecada empregado paga para que a zonada antiga Alemanha socialista (DDR)consiga atingir o mesmo nível de vidada antiga parte ocidental da Alemanha(BRD). Esta contribuição de solida-riedade corresponde a 5% dos impos-tos que se pagam.

Pelo que se observa os nossos po-

líticos deixam-se enganar hoje com asremessas dos emigrantes como ontemcom os apoios da EU. A mão-de-obraespecializada é a melhor ‘matéria-prima’ dum país moderno.

Portugal, conjuntamente com ospaíses da periferia, repete hoje omesmo erro que cometeu com a polí-tica de fomento da União Europeia li-mitando-se a dar resposta àsimposições do grande capital interna-cional. Os governos tornaram-se nosservidores do capital internacionalaplicando apenas as suas directrizesestruturais. Há porém uma grande di-ferença entre as pequenas economiase as economias dos estados potências.Estes têm as políticas aferidas às suaselites financeiras enquanto os estadospequenos não têm elites financeirascapazes de estratégia política paraconcorrer a nível internacional. A EUimplementou a construção das infrae-struturas da periferia com avultadosapoios financeiros, créditos e investi-mentos a fundos perdidos. As grandesmultinacionais europeias em parceriascom os seus estados através da polí-tica da EU, conseguiram assim apro-veitar-se dos fundos europeus fazendoinvestimentos nos respectivos países.Passados poucos anos as firmas aban-donaram os países levando com elasos lucros para os investirem na com-petição das firmas a nível global(China, etc.). Provocaram a ruína dasfirmas autóctones rudimentares e dei-xaram as economias nacionais de-struídas e consumidores exigentes. Acolaboração dos Estados fortes comas suas empresas no investimento dodesenvolvimento tecnológico faz des-tes estados os lugares privilegiados narenovação tecnológica, a única estra-tégia capaz de manter a supremaciasobre os países emergentes. A Ale-manha é a nação da EU mais prepa-rada e vocacionada para dar respostaao desafio do futuro. A criação doeuro não passa duma tentativa estra-tégica e capitalista para disciplinar apolítica, os estados e o operariado.

Remessas de 2.254,580 milhõesde Euros para Portugal em 2012

O maior aumento de remessas dosemigrantes em relação a 2011 foi o daAlemanha que passou de 92,1 mil-hões para 142,7 milhões €; na Françadiminuiu de 749,8 milhões € para

712,9 milhões €.Segundo as estatísticas do Banco

de Portugal as remessas dos emigran-tes portugueses para Portugal atingi-ram, nos primeiros dez meses de2012, os 2.254,580 milhões de Euros.Isto são os números oficiais porque hámuito outro dinheiro que se leva di-rectamente para Portugal. Os paísesde maior envio foram: França718,934 milhões €, Suíça 540,870milhões € (230mil portugueses), An-gola 219,072 milhões € (100.000port.), Alemanha 142,732 milhões €(92 mil port.), EUA 113,922 milhões€, Reino Unido 107,708 milhões (84mil portugueses). Espanha 105,595milhões € (146 mil port.), Luxem-burgo 62,464 milhões €; Bélgica42,057 milhões €, Canadá 39,370 mil-hões €.

Numa era em que os estados na-cionais se dissolvem, a europeizaçãose alarga e a instabilidade económicaaumenta e os emigrados não se senti-rão a aumentar remessas para zonasinstáveis. Já hoje, muita dos emigran-tes da velha geração, que se encontrareformada, não se sente motivada aregressar e chega mesmo a lamentaro não ter investido atempadamente nanação de residência em vez de o terfeito na nação mãe. Isto nota-se prin-cipalmente nas mulheres. A nova ge-ração de emigrantes fará umaaplicação mais racional que emocio-nal das suas poupanças. Prevendo-seisto urge uma nova política nacionale europeia.

A actual política da EU revelar-se-á catastrófica para o sul. Enquantoo sul sofre a Alemanha (e países cen-trais) esfrega as mãos de contente. Osimigrantes provenientes da periferiaeuropeia são bem-vindos porque sãotrabalhadores qualificados e não cau-sam os problemas de guetos que osimigrantes muçulmanos criam. Paraagora chegam os imigrantes da peri-feria e têm a vantagem de serem maisqualificados; por isso se reserva paramais tarde o fomento da angariação osemigrantes da África do Norte, Ásia,etc. Assim não se precisa de prover auma política de família responsável.Em 2012 a Alemanha deu trabalho a25.000 especialistas imigrados pro-vindos de Espanha, Portugal e Grécia.As firmas recrutam o pessoal deforma objectivada procurando engen-heiros nos ramos de engenharia de

construção e engenharia elétrica. Re-crutam os melhores absolventes dasfaculdades estrangeiras, tal comosempre fizeram os americanos. Prin-cipalmente o sudoeste alemão apontapara o futuro apostando na imigraçãoqualificada. Há agências especializa-das no recrutamento de engenheiros eprofissões qualificadas.

A união do mercado europeu fa-vorece os seus epicentros da econo-mia. Assim podem com os imigradosmanter as indústrias no país não pre-cisando de fundar sucursais nas peri-ferias. Muitos médicos e engenheirosemigram também devido à atracçãoda estabilidade social alemã. Umaspecto interessante de algumas fir-mas pequenas alemãs é o facto de sepreocuparem também com o bem-estar familiar do empregado, apoi-ando-o, por vezes, no sentido deencontrar lugar de trabalho tambémpara a namorada. Para a nova geraçãode emigrantes é muito importante aestabilidade.

EU actualmente ao serviço dogrande capital

A União Europeia (EU), desde oinício, desenvolveu uma estratégia defortalecimento das suas elites finan-ceiras através do fomento da EU e dacriação do Euro para elas poderemfazer frente às elites financeiras ame-ricanas e mundiais. As nações fortesda Europa elaboram as suas políticascom base em prognoses e programaseconómicos científicas a longo prazo.Assim asseguram o bem-estar dosseus cidadãos dando resposta ade-quada aos problemas do seu futuroeconómico. As nações mais débeis,porque não têm grandes elites econó-micas, limitam-se a reagir às macro-políticas sem pensar nos verdadeirosobjectivos a elas subjacentes.

Nos anos oitenta e noventa a Ale-manha seguiu uma política de fortale-cer as grandes empresas nacionaispara estarem preparadas para o com-bate económico da globalização; essapolítica revelou-se nacionalmente in-teligente por dar resposta ao grandeproblema da concorrência com os paí-ses emergentes e a fortaleza da sua in-dústria atrair imigrantes técnicos quecompensam a falta de mão-de-obradevida à baixa natalidade (o grandeproblema do futuro).

Emigrantes desesperados à procura do futuro

A União Europeia exporta apobreza para a periferia e furta-lhe a mão-de-obraA Alemanha precisa dum contingente de 400.000 imigrantes por ano paraequilibrar a o défice demográfico. O problema da diminuição da populaçãoalemã com os consequentes problemas para o pagamento de reformas fu-turas, segurança social equilibrada e pagamento das dívidas, anteriormenteprognosticado por cientistas, já não mete medo devido à crescente imigra-ção para a RFA.

António Justo, Kassel

Sociedade

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PORTUGAL POST Nº 224 • Março 201318

ue objectivos persegue a As-sociação Mulher Migranteno Mundo?

Costumo dizer que esta associa-ção, criada em 1993, tem uma históriamaior do que a que começou com asua própria vida, porque quase todosos fundadores estiveram ligados, em1985, á realização do 1º EncontroMundial de Mulheres Portuguesas noAssociativismo e no Jornalismo - umainiciativa que, por sinal, tornou Por-tugal um país pioneiro na audição dasmulheres emigrantes com o objectivode promover a sua participação maisactiva na vida cívica e politica.

Uma das recomendações do 1ºEncontro Mundial foi a criação deuma instituição que pudesse congre-gar as mulheres na luta pela igual-dade, através das fronteiras. Comoesse passo não fora ainda dado deci-

dimos nós, 8 anos depois, constituir aMulher Migrante, Associação de Es-tudo, Cooperação e Solidariedade“(AEMM). A designação da Associa-ção é um pouco longa, mas chama aatenção para as 3 vertentes em quetrabalhamos, tanto em favor dasestrangeiras em Portugal como dasportuguesas emigradas. Uma grandeparte da nossa actividade está, assim,centrada no País.

A AEMM tem sido, internamentereconhecida com a eleição, por largamargem de votos, para Comissão Mu-nicipal de Interculturalidade e Cida-dania (Lisboa) e para o ConselhoConsultivo da Comissão para a Igual-dade É associada do Alto comissa-riado para para a Imigração (ACIDI),colabora com outras associações, comUniversidades, Escolas e CâmarasMunicipais.

Dez anos depois do 1ª Encontro,em 1995, realizámos um novo Encon-tro Mundial, com mais de 300 parti-cipantes, muitos vindos dos cincocontinentes e, a partir daí, estabelece-mos uma rede de núcleos e represen-tações, que está em crescimento. Etemos „ associações irmãs“ na Argen-tina, já com um longo e excelentepercurso, sobretudo no domínio so-cial, e na Venezuela, esta constituídahá poucos meses, em Novembro de2012. O ano passado foi um períodode grande expansão, na América doSul e na Europa. O movimento está-se a iniciar na Inglaterra - as „Lusófo-nas de Londres“-

Acredito nas virtualidades do cha-mado „congressismo“ - debates, coló-quios, grandes encontrosinternacionais, sobretudo quando ser-vem para apresentação de estudos eteses científicas, para partilha de ex-periências, quando dão uma visãocomparatista dos problemas e das so-luções, e quando são seguidos de in-stitucionalização, base de futurasacções com a imprescindível conti-nuidade. Nem sempre se consegue.Nós levamos a „mensagem“, masquando a obra surge o mérito vai paraquem trabalha em concreto nessa co-munidade, nesse projecto, de formatotalmente autónoma ou em colabora-ção connosco.

Como profunda conhecedora dasituação da mulher na emigra-ção, pelos seus aturados e pro-fundos estudos, secundados pelointeresse sempre manifestados,que diferenças e semelhançasencontra entre a Mulher emi-grante na Europa e na América?

emigração têm feito parte daminha vida ao longo dos últimos 25anos. É um domínio que me interessapessoalmente, humanamente, muitopara além de cargos políticos queexerci no passado, cada vez mais dis-tante.

Não pretendo ser uma autoridadena matéria, mas reconheço que tenhoobservado, acompanhado e procuradoagir em favor da melhoria do estatutode direitos e da abertura efectiva àparticipação igualitária dos emigran-tes, sem esquecer as mulheres.

Vejo a emigração, ao contrário doque se previa e dizia, como uma viade emancipação das mulheres, por-

que, em geral, lhes dá acesso aomundo do trabalho, e, com isso, auto-nomia e uma boa integração na novasociedade, que acaba por influenciarpoderosamente a integração de toda afamília. Na Europa essa é, de facto, aregra. Nos EUA e no Canadá, tam-bém. Por isso, nesta parte do mapadas nossas migrações há mais semel-hanças do que diferenças, no que re-speita à situação das portuguesas.

Nos outros continentes há maismulheres que se mantêm nas funçõestradicionais. Quanto mais elevado é orendimento ou estatuto do marido,mais isso tende aacontecer, mas pra-ticamente só na 1ªgeração. As jovensenveredam, quasetodas, por carreirasprofissionais, paraorgulho de suasmães. No que re-speita ao percursofeminino no nossoassociativo, os obs-táculos têm sidoenormes, emborahaja progressos,aqui e ali, mas nãoainda generica-mente. Este é umdos dados de factoque explica a sub-sistência do associa-tivismo feminino eque justifica a ne-cessidade do seucrescimento. Pessoalmente, pensoque o equilíbrio de género no diri-gismo associativismo é o ideal, a metafinal.

Nós, na AEMM, temos comomembros de pleno direito mulheres ehomens, que, lado a lado, lutam pelasmesmas causas. As questões de gé-nero respeitam a todos e todos devemcontribuir para sociedades mais jus-tas, mais inclusivas e, por isso, tam-bém mais eficazes e até mais felizes...

Sabemos que o papel da mulherseja na família, no trabalho e nasociedade em geral, tem sofridoenormes alterações na história.Pode dizer-nos algo sobre a te-mática? como pode a mulher en-contrar um equilíbrio salutar? Dr. Manuela Aguiar: A ideia da

igualdade de género faz hoje um per-curso triunfante em sociedades demo-cráticas, mas não podemos esquecerque é coisa muito recente - décadas,menos de um século - e que, em gran-des regiões do mapa-mundi, persis-tem situações de verdadeiraescravatura das mulheres. A revolu-ção democrática passa pelo interior dafamília, que agora assume o seu go-verno em dialogo de marido e mulher,iguais em direitos e em poder de de-cisão.

Famílias mais dialogantes tam-bém em relação aos filhos. Com os

homens a assumirem crescentementea parentalidade, as obrigações no lare as mulheres a intervirem, como ci-dadãs e profissionais, fora de casa,onde estavam tradicionalmente „em-paredadas“.

Eu adiro ao adjectivo que usou:equilíbrio salutar! O equilíbrio é sem-pre salutar. Permite a cada um escol-her o seu caminho, sem a barreira dospreconceitos, que predeterminavamas funções de cada sexo. É no plura-lismo de opiniões, de sensibilidades ede culturas, no qual se engloba a com-ponente de género e geração, que a

democracia caminhae se aprofunda. Porisso, para acelerar oritmo das transforma-ções, no campo dapolítica, sempre de-fendi o sistema dequotas para chegar àparidade, com base napresunção realista daigualdade de capaci-dades entre os sexos.

Como costumodizer, „à sueca“! Osresultados estão àvista, tanto na Suéciae outros países nórdi-cos, como no sul daEuropa, com aEspanha à frente. Arecente introdução dequotas para mulherese homens na adminis-tração de empresas

privadas, em países pioneiros, comoa Noruega ou o Canadá, traduziu-seem ganhos enormes de produtividadee de lucros. Mostram-no os números,objectivamente. E não creio quesejam frutos de uma superioridade fe-minina, mas sim da conjugação cria-tiva de modos diversos de ver e deactuar de homens e mulheres.

É o efeito do equilíbrio salutar,que a AEMM tanto se empenha empromover em clubes e associações.

A sua visita relâmpago à associa-ção “Marias de Portugal” deMainz/Wiesbaden surtiram osefeitos desejados? Quais foramos critérios escolhidos para essavisita concreta?Ao longo dos anos, fizemos vá-

rias visitas semelhantes, quase semprepreparadas com antecedência, masconcentradas no tempo de estadia,que é sempre breve. A forma comodecorrem, o número e qualidade dasintervenções podem ser um bom pres-ságio, mas o mais importante é o diaseguinte. É a sequência! Temos essaexperiência vivida desde os „Encon-tros para a cidadania“, que levamos acabo em vários continentes e países,entre 2005 e 2009, com o apoio muitodirecto do Secretário de Estado Antó-nio Braga. Uma forma de parceria queprosseguimos com o Dr José Cesário.Devemos-lhe o estímulo

Manuela Aguiar, ex-secretária de Estado das Comunidades

Manuela Aguiar é uma personalidade conhecida das comunidades devido à sua acção enquanto go-vernante à frente da Secretária de Estado da Emigração e das Comunidades Portuguesas por di-versos anos e, por mais duma década, deputada eleita pelo circulo da Europa nas listas do PSD. Após deixar a política partidária, Manuela Aguiar entregou-se a causas como Feminismo e DireitosHumanos e Migrações sem nunca esquecer as questões das comunidades portuguesas no mundoque ela conhece tão bem, sendo também uma das fundadoras da Associação Mulher Migrante noMundo?Aproveitando a sua estadia na Alemanha, nos dias 14 e 15 de Dezembro passado, onde esteve emMainz e Wiesbaden, acompanhada por Rita Gomes e Graça Guedes, vindas também de Portugal,tendo como anfitriões a Associação “Marias, Corações de Portugal”, sediada na UDP de Mainz, oPP não quis perder a oportunidade para falar com Manuela Aguiar

Entrevista conduzida por José Gomes Rodrigues(Com Maria do Céu Campos)

Q

Há no associativismolugar para uma maiorintervenção feminina,

em outros moldes, em outros patamares. Estar na cozinha, asse-gurando uma das prin-cipais fontes de receita

das colectividades,manter „a casa em

ordem“, como acon-tece na sua própria

casa, é certamente im-portante. Mas porquenão poderão também

pertencer às direcções?

“A emigração têm feito parte da minha vida ao longo dos últimos 25 anos”

Page 19: Portugal Post Março 2013

PORTUGAL POST Nº 224 • Março 2013 19

e o apoio para a realização do Encon-tro Mundial de Mulheres da Diásporaem Novembro de 2011.

A partir daí, a convite de partici-pantes desse Encontro, relançamosiniciativas de mobilização das mulhe-res das comunidades, para maior in-tervenção, com desenvolvimento deprojectos, como o das universidadesseniores (ou academias e tertúlias deconvívio para os mais idosos), ou arecolha de narrativas de vida, que sãomeio insubstituíveis de fazer a própriahistória da emigração no nossotempo.

Ultimamente, temos posto oacento também no domínio cultural,na defesa da língua, nas artes plásti-cas, na escrita - aquele em que as mul-heres são já iguais aos homens. Háque realçar esse facto, para que sirvade estímulo a outras mulheres. Foi oque procuramos fazer em 2012 em di-versas comunidades, em algumas jácom resultados visíveis. Noutras,caso da Alemanha, que foi a última doano, é cedo para fazer o balanço.

Foi através da Maria do CéuCampos, uma das mais activas parti-cipantes no Encontro Mundial de2011 e a nossa principal interlocutorana Alemanha, que obtivemos o con-tacto de Maria Kosemund e das outrasorganizadoras das reuniões de Mainze Wiesbaden. Acredito que tentarãoconcretizar as principais propostas aíapresentadas. E queremos continuar otrabalho noutras regiões, com outrascomunidades.

Como vê o papel concreto damulher no associativismo naAlemanha? Será que haveráainda um espaço especifico paraa sua atuação? se sim como?A meu ver, na Alemanha, como

um pouco por todo o lado, há no as-sociativismo lugar para uma maior in-tervenção feminina, em outrosmoldes, em outros patamares. Estarna cozinha, assegurando uma dasprincipais fontes de receita das co-lectividades, manter „a casa emordem“, como acontece na sua pró-pria casa, é certamente importante.Mas porque não poderão também per-tencer às direcções? Aí poderão ino-var, tornar as sedes mais atraentespara os jovens, que tendem a afastar-se, para os mais velhos (que lá pode-riam, como em algumas já acontece,ter o seu „centro de dia“, a sua „uni-versidade sênior“, a sua margem deintervenção), para as próprias mulhe-res, para acolher os emigrantes queestão a chegar... Hoje, em muitas re-giões do mundo, fala-se de decadên-cia do associativismo, da dificuldadede encontrarem dirigentes.

Dar lugar às mulheres duplica ocampo de recrutamento e pode trazerinteressantes propostas, num novo re-lacionamento de género e geração.Acredito que isso aumentará a conví-vios e os dinamismos sociais, quepode igualmente ser favorecido poresquemas mais informais de organi-

zação, como grupos de reflexão e deintervenção social, círculos culturais,literários, musicais, simples tertúliasde amigos, vindos dessas „minorias“mais marginalizadas, se souberematraí-las à sede das associações. Nanossa mais recente publicação, umarevista que tem por título“Entre Por-

tuguesas num mundo sem fronteiras“,entrevistámos o Dr. José Cesário e fi-zemos manchete com esta sua decla-ração „sem Mulheres, não há reformano associativismo“. É verdade e ébom que os governantes o reconhe-çam.

A Alemanha é um pais que, noconcerto europeu, está a daruma grande importância e afazer um esforço à integração dapopulação estrangeira na socie-dade, como definiria, neste con-texto, a ligação das mulheres aPortugal?A história da emigração portu-

guesa mostra que os laços de ligaçãoao País não se perdem com o enraiza-mento noutras sociedades. Pelomenos no que respeita às primeirasgerações. E, às vezes, também até nasgerações seguintes, muito por méritoe influência das Mães e das Avós, queensinam aos jovens a sua língua e aafeição à sua cultura.

Os governos não conseguem alte-rar isto! Sabemos bem que não só aAlemanha, mas quase todos os paíseseuropeus de imigração desenvolvem,mais ou menos abertamente, políticasde pura assimilação dos estrangeiros,ao contrário do que acontece nasAméricas, em países construídos porgente de todas as origens e, por isso,conscientes de uma identidade nacio-nal feita de diversidade étnica e cul-tural. Ao longo da minha vida napolítica lutei sempre pela dupla nacio-nalidade, dentro e fora do país, na As-sembléia Parlamentar do Conselho daEuropa, na qual fui representante dePortugal durante 13 anos.

Considero que dupla nacionali-dade corresponde à dupla ligação ge-nuína, sentida a duas Pátrias, unidas

no percurso migratório individual.Como nós amamos Mãe e Pai a100%, também podemos amar duasculturas e dois países a 100%. Acre-dito que as Portuguesas da Alemanhaserão sempre portuguesas e esperoque se sintam, também, alemãs, cor-respondendo à vontade da Alemanha

de as tratar como tal. E ainda bem -ainda bem que superou a tese dosimigrantes como „trabalhadores con-vidados“.

Que projectos concretos para aMulher Migrante gostaria deimplantar na Alemanha e como?Financiamentos, espaços dis-poníveis e com que cooperado-res/as?Gostaríamos de contribuir para

um melhor conhecimento do papeldas portuguesas na sociedade alemã,para um movimento de cooperaçãoentre elas e de poder dar testemunhodessa realidade nas nossas publica-ções, divulgando-a junto das nossasassociadas em outros países. De serum elo de ligação entre as Portugue-sas da Alemanha e as Portuguesascom quem já cooperamos noutras la-titudes.

Referirei alguns dos projectos quelançamos para cumprir as recomenda-ções do Encontro Mundial de 2011: asAcademias Seniores de Artes e Sabe-res (ASAS), a recolha de histórias devida, de que já falei, o levantamentoda situação das mulheres no dirigismoassociativo, o acompanhamento danova emigração, com estudos, estatís-ticas, abordagem dos seus problemas,enfoque nas suas realizações, debatesobre as duplas pertenças e a capaci-dade muito feminina de preservar opatrimónio cultural (as mulheres gu-ardiãs da cultura e promotoras de in-tegração, como disse), e ligado a esteaspecto, a preservação da memória, ahomenagem a mulheres excepcionais,que foram forçadas ao exílio, comoMaria Lamas e Maria Archer, jorna-listas, escritoras, que dedicaram avida à luta pelos direitos da mulher, epela liberdade e democracia para Por-

tugal e que nós lembramos, recente-mente, numa sucessão de colóquios,no Teatro da Trindade, em Lisboa, noGuarani, no Porto, em bibliotecas, emescolas, com publicações, cujo lança-mento é ocasião para novos debates.Isso tem acontecido no país, de nortea sul, e é nosso propósito estender a

iniciativa às comunidades, destacandoexemplos da emigração do passadopara pensar a do futuro.

Há muito mais a fazer, na linhadas propostas feitas pelas Emigrantesno congresso de 2011! Pergunta-mecomo resolvemos a questão de encon-

trar locais para as nossas reuniões.Em regra, contamos com outras insti-tuições que nos abrem as portas, emsalas de associações, anfiteatros demunicípios ou universidades, biblio-tecas públicas e Embaixadas e consu-lados que nos têm apoiado de formaextraordinária, sempre que pedimos asua mediação.

Nós como imprensa presente naAlemanha, como podemos serúteis para realizar este seusonho?Um jornal prestigiado, um jornal

que vive no centro das comunidadesportuguesas e lhes dá voz, é, eviden-temente, um interlocutor esplêndido!Queremos contribuir para as transfor-mações de mentalidades, atitudes e aimprensa é instrumento fundamentalpara atingir esses fins, para promovera mudança de opiniões, o combate aospreconceitos.

Estou a lembrar-me de uma sériede debates que realizámos, há algunsanos, nos EUA e no Canadá sobre„acção e representação das mulheresnos media“ - e em que foi bem desta-cado o papel dos jornalistas e dos jor-nais nos avanços registrados na formade ver e reconhecer as emigrantes.Em nome da AEMM agradeço estaoferta de cooperação e, desde já, ma-nifesto o nosso desejo de correspon-der. À Maria do Céu Campos e aoJosé Rodrigues já os consideramosaliados para muitas futuras ações.

Manuela Aguiar, ex-secretária de Estado das Comunidades

cresceu numa família de várias cores po-líticas, desde monárquicos a socialistas.

Apesar das profundas divergências políticas no seio da sua família, o respeito e a ami-zade sempre imperavam. Foi o político Mota Pinto, ao formar um governo de iniciativa presidencial, nos anos78/79, que a convidou para o seu projeto governativo. Foi e é admiradora e seguidora dos ideais políticos e congruentes de Sá Carneiro comquem nutriu uma sincera amizade. Foi Secretária de Estado do Trabalho. A SocialDemocracia Sueca sempre a orientou nas suas decisões. O que conta não é, em pri-meira linha, a subjugação partidária de projetos, mas sim o serviço e o benefício hu-

mano dos mesmos. Entrou no PSD simplesmente por coerência política. O seu trato afável e frontalgranjeou-lhe muitos amigos, mesmo junto dos seus oponentes políticos. As suas propostas mereceram o apoioe o consenso majoritário incluindo o dos seus opositores partidários, no parlamento. Era a seriedade e a im-portância com que as apresentava. Mais tarde foi Secretária de Estado da Emigração e das Comunidades Portuguesas por diversos anos e, pormais duma década, deputada eleita pelo circulo da Europa. Educada num colégio das irmãs Doroteias sabedar o devido valor a quem se dedica às causas humanitárias na Migração, sejam Missões Católicas, Caritas,Associações criativas e de solidariedade sócio-cultural. Consegue apreciar o bom trabalho isenta do coloridopartidário, ao ponto de se expressar, deste modo, numa intervenção do FB:“a política não pode ser politi-quice”.

A Dra. Maria Manuela Aguiar

“Sem Mulheres, não há reforma no associativismo“

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Page 20: Portugal Post Março 2013

PORTUGAL POST Nº 224 • Março 201320

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3José Gomes Rodrigues

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Miguel Krag, Advogado

Caríssimos amigos e companhei-ros do Portugal PostOs meus mais respeitosos cumpri-mentos. Já há alguns anos quenos encontramos reformados.Sempre paguei para as finanças!Será que também terei de descon-tar para ao fisco como reformado,apesar das nossas reformas e dospoucos Euros a juros que possuí-mos no banco? Indique-nos comodevemos fazer e se mesmo somosobrigados a tal. Desde já os nos-sos agradecimentos e aproveitopara vos desejar muita vida poissoube que haveis festejado os 20anos de existência e sempre a in-formar os compatriotas. Obri-gado!leitor devidamente identificado

Nós também agradecemos as suastão simpáticas palavras. Semprefoi o nosso lema, servir o melhorpossível os nossos leitores. A in-formação social e jurídica consti-tuiu sempre uma preocupaçãonossa. A. Conselhos úteis sobre o temaem forma de perguntas

Mais de um milhão de cidadãos

na Alemanha entram anualmentepara a merecida pensão. Iniciaentão uma nova vida, vida dife-rente. São muitas as perguntas quesurgem e a necessitar de diversifi-cadas respostas, umas mais urgen-tes que outras. Estas incidem, nasua maioria, na segurança finan-ceira e procuram-se respostas ade-quadas para evitar conflitos comas finanças. Vamos tentar levantaro véu e responder às perguntasque mais poderão surgir e preocu-par os compatriotas neste Outonoda vida.

2. Afinal, a pensão não estáisenta de contribuições fiscais?

Infelizmente não, apesar de correrno meio de muita boa gente a in-formação contrária. Claro quemuitos pensionistas não necessi-tam de pagar qualquer soma paraas finanças. É que à reformapodem ser deduzidas várias quan-tias o que pode diminuir, emmuito casos, a fatia para o paga-mento ao fisco. Gradualmente vão aumentandoem número os reformados que ob-rigatoriamente estão sujeitos ao

seu pagamento. A Lei de finançaspara os pensionistas entrou emvigor em Janeiro de 2005. Nesteano só 50% das pensões estavamsujeitos ao pagamento do fisco.Anualmente e gradualmente vaiaumentando essa quantia a tersempre em conta para a sua liqui-dação. Com calma, apesar de pa-recer difícil, verá que é fácilcompreender este tema.

3. Afinal, o que é que sealterou a partir de Ja-neiro de 2005?

A partir desta data, todosas reformas estão anual-mente sujeitas a contri-buições fiscais, massomente parcialmente.Cada ano de pensão au-menta a quantia sujeita ao fiscoconforme a seguinte tabela :e, deste modo, se diminui anual-mente em 2% as até se atingir100%, se acaso não houver futu-ramente nova alteração a esta leido fisco sobre pensões.

4. Não haverá uma maneira dese escapar a este dever?

De forma alguma. As finançaspodem, sem grandes problemas, ea cada altura, averiguaram as suasfontes de rendimentos. Desde2006 as finanças têm acesso àcaixa de reformas, a outras caixassociais, aos seguros privados e ou-tros. Estas instancias tem o deverde informar as finanças locaissobre todas as alterações e movi-

mentos. Isto significa que estasestão à espera que o pensionistafaça e apresente a declaração es-crita dos seus rendimentos. Se istonão acontecer ela tomará então ainiciativa de exigir que o façadando os prazos legais para ofazer. Claro que, além de ser obri-gado a devolver os valores em di-vidas, pode ser-lhe aplicado uma

multa adequada.

5. Afinal são todos os reforma-dos obrigados a declarar os ren-dimentos?

Tal e qual! Só quem demonstrarque os seus rendimentos não ul-trapassem a quantia base isenta deimpostos, que é o Rendimento

Mínimo Grantido (Existenzmini-mum). Então sim ficará livre depagar impostos. Esta quantia éatualmente e a partir de 2013 de8130 € para pessoas singulares osou de 16.260 € para o casal porano.6. Acha mesmo que as finanças têm conhecimento

Pensões, outros rendimentos paralelos e o fisco

Sempre que o trabalhador adoecer por um período superior a três dias, terá de apresentar um atestadomédico ao seu empregador. Deverá entrega-lo o mais tardar até ao quarto dia de baixa. É o que estáprevisto na lei sobre a continuação do pagamento de ordenados.

Porém, e se o empregador exigir o atestado logo no primeiro dia em que se adoece? Em princípio,e nos termos do § 5, frase 3 da lei mencionada, o mesmo poderá exigir tal atestado mais cedo. Atéagora, punha-se a questão de saber até que ponto esta decisão do empregador dependeria de deter-minados pressupostos. Não estava claro, em especial, se essa exigência se devia a comportamentosanteriores do trabalhador.

Foi sobre esta questão que o Tribunal Federal de Trabalho pronunciou uma sentença a 14-11-2012(processo número 5 AZR 886/11). A acção foi movida por uma trabalhadora, cujo empregador exigiaque, de futuro, a mesma apresentasse um atestado médico logo no primeiro dia de baixa.

O tribunal decidiu a favor do empregador, podendo este exigir o atestado logo no primeiro dia,sem ter de apresentar qualquer razão especial. Portanto, essa exigência não tem subjacente qualquersuspeita em relação ao comportamento do trabalhador. Assim, todos os trabalhadores poderão ser, emprincípio, obrigados a entregar ao seu empregador um atestado médico logo no primeiro dia em queadoecem.

Atestado médico já no primeiro dia de baixa?

Ano de inicio da reforma 2005 pensão isenta de contribuições fiscais: 50% “ 2006 “ 52%“ 2007 „ 54%„ 2008 „ 56%„ 2009 „ 58%„ 2010 „ 60%„ 2011 „ 62%„ 2012 „ 64%„ 2013 „ 66%„ 2014 „ 68%

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PORTUGAL POST Nº 224 • Março 2013 21

da quantia da nossa pensão?

Para todos os cidadãos cuja pen-são ultrapasse a quantia base re-conhecida, como assinalámosanteriormente. Mesmo para osque ainda trabalharam algumtempo no ano em que receberama pensão ou que o seu cônjugecontinue a trabalhar ou se, com areforma normal, recebe ainda umapensão da empresa. Procurementão declarar e quanto antes, poisa empresa, como referimos, é ob-rigada desde este ano de 2013 adeclarar os rendimentos do traba-lho, via Internet a uma central dedados à qual as finanças temacesso.

7. Existe uma formula a partirde quando devo pagar imposto!

Sim, claro que existe. Após achara percentagem da reforma queestá sujeita a impostos, retira aesta soma 2000 € que estão, na ge-neralidade, isentos e que corres-pondem aos descontos para acaixa de doenças, despesas geraise gastos excepcionais. Se o resul-tado achado for mais de 8.005 €então estará sujeito a pagar impos-tos.

8. Será que esta regra se podeaplicar a todos os pensionistas?

A formula acima indicada só re-sulta quando só se usufrui de umreforma legal e por idade. Se serecebe, além da reforma normal,uma pensão da empresa ou que sepossua outra fonte de rendimen-tos, então a quantia base aumentaconsideravelmente e com este au-mento a carga de impostos au-mentam também. Não percatempo então, vá às finanças entre-gar o seu impresso de cabeça le-vantada!

9. Mas, afinal, uma parte dapensão fica isenta de impostos?

Claro que sim, mas conforme a ta-bela que publicámos neste artigo,

a isenção recai anualmente alte-rando cada ano a sua percenta-gem. Este ano a isenção é de 66%sobre a sua pensão por idade. Senum determinado ano estavaisento de impostos, num dos anosseguintes poder a ser obrigado apagar.

10. São prevenidos os interessa-dos para a declaração de rendi-mentos?

De forma alguma, só se estiver emfalta. Cada pensionista deve, porele mesmo, procurar cumprir comos seus deveres junto das finanças.

11. Quais os rendimentos sujei-tos a impostos, alem da pensão?

11.1 São os seguintes os ren-dimentos que estão sujeitos aimpostos, tendo em conta anatureza das pensões que alei contempla (por idade, porinvalidez ou por viuvez); re-forma da empresa, dividen-dos de um seguro de vida, dofundo de pensões, pensão deRiester ou Rürüp, indemniza-ções, pensões de incapaci-dade profissional ou deacidentes, receitas de um tra-balho complementar (mais de€450 ), rendimentos dum tra-balho por conta própria, Ho-norários, juros, rendimentosimobiliários, entre outros

11.2 Rendimentos não sujei-tos a impostos: Além de pou-cos, estes não atingem muitoscompatriotas, a saber: re-forma de acidentes de traba-lho, pagas geralmente pelascooperativas profissionais(BG), pensões de guerra,grandes pensões de invalidez,pensões de desagravo (Wi-dergutmachungsrenten) alémdo ordenado dum possíveltrabalho complementar (mi-nijobs) que é de 450 € desdeJaneiro de 2013.

12. Quais os gastos que podem

atenuar o pagamento de impos-tos?

Geralmente para esta redução deimpostos são tidos em conta asmesmas cláusulas que regulam osordenados de quem trabalha. Osmais importantes gastos sujeitos aisenção de impostos são: Quotiza-ção para os seguros de doenças ecuidados intensivos, quotizaçãopara o seguro de acidentes ou con-tra terceiros, ajudas financeiraspara ONGs, desde que devida-mente reconhecidas. Os seguros de propriedades nãocontam. Os custos de ordem ex-cepcional como sejam pagamentode lar, custos adicionais com asaúde como pagamento comple-mentar do hospital ou com casasde saúde, só são consideradas seultrapassam os 2% das receitas fi-nanceiras. Os custos de ajuda a fa-miliares carentes e a cargo, desdeque sejam obrigatórios por lei,seja aqui seja do pais de origem,são também levados em conta.Tanto os impostos para a igrejacomo para instituições de cari-dade e de solidariedade socialamenizam também o soma de pa-gamento de impostos.

B) Exemplos que podem escla-recedores

1. Exemplo simplificado

O Sr. Marcolino entrou para a re-forma em Janeiro de 2011 comuma pensão mensal de 1.400 €.Em 2012 a reforma foi-lhe au-mentada em 2,18%. Vamos achara quantia sobre a qual cairá o pa-gamento ao fisco para os doisanos. Vamos primeiramente achar essaquantia para 2011 e depois para2012:(12 meses x 1.400 € = 16.800 €. Aquantia não sujeita ao fisco é de6.384 €, (para esse ano é de 62%da pensão mensal)). A quantia su-jeita ao fisco = 10.416 €, ou seja,a diferença entre as duas. Se lheretirarmos os gastos reconhecidos

pelas finanças como também isen-tos, de cerca de 2.000 €, a quantiasujeita ao fisco será de 8.416.Desta forma a sua reforma iráestar sujeita a pagar imposto, jáque o Rendimento Mínimo Ga-rantido (Existenzminimum) seviver só, é de 8.004 €. Se vivessecom o cônjuge e este não tivesseoutros rendimentos de algumaordem, então ficaria isento total-mente do fisco, já que o “Exis-tenzminimum” era para o casal de16.008 €.Para 2012 a quantia então livre deimpostos seria de 6.384, 12 €.(64% da reforma) A reforma foi,incluindo o aumento desse ano, de16.983, 12 €. que subtraído à isen-ção daria a inda quantia de10.869, 12 € sobre a qual recai osimpostos. Se retirarmos a essaquantia os 2.000 € que as finançasaceitam isentes de impostos,como no caso anterior, terá o sr.Marcolino de pagar ao fisco o cor-respondente ao rendimento de8.599 €. Como no ano anterior oRMG é de 8.004 e se a a esposanão tivesse rendimento, estaria to-talmente isente.

Poderíamos multiplicar os exem-plos, mas cada caso tem de teruma solução diferente.

C) Notícia da última hora a terem conta urgentemente

Há poucos dias, alguns jornaisdiários de maior tiragem, alerta-ram os reformados para que de-clarassem, os seus rendimentos equanto antes, junto das finanças.Tudo dá a entender que estas es-tariam na eminência de contactartodos os presumíveis infractores.Não só serão obrigados a devolveros débitos atrasados desde 2005,como ser-lhes-ia aplicado, a estassomas, juros de mora. A facilidadecom que têm, desde Janeiro dopresente ano, de aceder às infor-mações sobre os rendimentos,através duma rede central dedados, veio a acelerar este pro-cesso.

1. Que fazer no caso de seremcontactados?

a. Apresentar então a decla-ração de rendimentos, sempreocupações. Para tal,podem pedir a ajuda dos téc-nicos de impostos. Esta obri-gatoriedade existe tambémpara os que, de qualquerforma, teriam requerido, aseu tempo, a isenção da apre-sentação de declaração deimpostos, porque naquela al-tura, em 2005, teriam preen-chido as condiçõesnecessárias que os isentavamdo pagamento de impostos,mas hije já não se sabe e é ne-cessário ser revista (Nichtve-ranlagungsbescheinigung).

b. Ao mesmo tempo é aconse-lhável apresentarem, por es-crito, o pedido de isenção dejuros para anos atrasados, in-dicando como razão a con-fiança geral que foidepositada mutuamente (Ver-trauensschutz).

c. No futuro, após entraremna reforma, é aconselhávelinformarem-se junto das fi-nanças se os seus rendimen-tos estão sujeitos ou não aofisco. Havendo outros rendi-mentos suplementares éaconselhável então, requereranualmente a declaração deimpostos.

Haverá dúvidas sobre o tema?Havendo-as, queiram enviá-laspara o nosso colaborador dapágina social, Sr. José Rodri-gues, através do seguinte

endereço eletrónico: [email protected]

indicando-lhe o vosso con-tacto telefónico, preferivel-mente fixo. Deste modo ainformação poderá ser mais rá-pida e mais de acordo com oseu caso especifico e concreto.

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O Amor nos Tempos de CóleraGabriel Garcia MarquezPreis: € 15,95

Ao longo de quatro-centas páginas verti-ginosas, compostasnuma espécie depauta estilística emusical, onde sefundem o fulgorimagístico, o difíciltriunfo do amor, asaventuras e desven-turas da própria feli-cidade humana, OAmor nos Tempos deCólera é um ro- Nascida em Cabo Verde de família branca e abastada, Carol nunca se

resignou à miséria das ilhas. E, movida pelo sonho de construir umasociedade mais justa, ingressou ainda jovem no Partido Comunista.Não se importando de usar a beleza como arma ideológica, abraçou aluta revolucionária, apaixonou-se por um camarada e ficou grávidapouco antes de ser presa. Foi a sua mãe quem tratou de Helena nosprimeiros tempos, mas, depois de libertada, Carol levou-a para Mos-covo.. Aí, o contacto com as purgas estalinistas não chegou para abalaras suas convicções, mas o clima de denúncia e traição catapultou-a parao cenário da Guerra Civil espanhola, obrigando-a a deixar Helena paratrás; e, apesar de ter escapado aos fuzilamentos franquistas, a eclosãoda Segunda Guerra Mundial impediu Carol de voltar à União Soviéticapara ir buscar a criança. Será apenas vinte anos mais tarde que mãe efilha se reencontrarão em Berlim, mas a frieza e o ressentimento deHelena farão com que, na viagem de regresso a Lisboa, Carol decidaescrever um romance autobiográfico com o qual a filha possa, se nãoperdoar-lhe, pelo menos compreender as circunstâncias do abandono,a clandestinidade, a prisão, a guerra, a espionagem e o inconcebívelcasamento com um inspector da polícia política. Inspirado na vida deCarolina Loff da Fonseca, este romance extremamente empolgante vaimuito além dos factos, confirmando Ana Cristina Silva como uma dasmais dotadas autoras de romance psicológico em Portugal.

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A história de uma militante comunista quese apaixona por um inspector da PIDEPreço: € 25,99

Aprenda a Viver Sem StressPáginas: 100Preço: 18,99

Quanto mais tempo da sua vida é que estádisposto a desperdiçar? Quanto mais tempoda sua vida está disposto a continuar a so-frer? Quanto da sua vida está disposto a fi-nalmente reivindicar hoje? Quanto maistempo vai deixar que os outros mandem nassuas escolhas? E, se reivindicar a sua vida,acha que fica a dever alguma coisa aos ou-tros?Quando você cede ao stress, você não está servocê mesmo. Quando você cede ao stress,você passa ao lado da vida, da sua vida. Vocêvive em permanente sobrevivência. E quemsobrevive, sofre. E quem sofre, vive em stress.. "Aprenda a Viver Sem Stress" é um livro que o ajuda a reencontrar-se.

A Mão de Diabo é o décimo romance de José Rod-rigues dos Santos, autor da Gradiva que já ven-deu mais de um milhão de exemplares e estápublicado em dezoito línguas.Este novo livro aborda a crise, um tema relativa-mente ao qual a sociedade está particularmentesensível. Seguramente despertará a curiosidadedos leitores.

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Travessia de Verão – Truman Capote, €13.50

Page 23: Portugal Post Março 2013

PORTUGAL POST Nº 224 • Março 2013 23

Embaixada de PortugalZimmerstr.56 10117 Berlin

Tel: 030 - 590063500Telefone de emergência (fora do horário normal

de expediente): 0171 - 9952844

Consulado -Geralde Portugal em Hamburgo

Buschstr 7 20354 - Hamburgo

Tel: 040/3553484

Consulado-Geralde Portugal em Düsseldorf

Friedrichstr, 20 40217 -Dusseldorf

Tel: 0211/13878-12;13

Consulado-Geralde Portugal em Estugarda

Königstr.20 70173 Stuttgart

Tel. 0711/2273974

Conselho das ComunidadesPortuguesas:

Alfredo Cardoso,Telelefone: 0172- 53 520 47

[email protected]

Alfredo StoffelTelefone: 0170 24 60 [email protected]

José Eduardo,Telefone: 06196 - 82049

[email protected]

Maria da Piedade FriasTelefone: 0711/[email protected]

Fernando GenroTelefone: 0151- 15775156

[email protected]

AICEP PortugalZimmerstr.56 - 10117 Berlim

Tel.: 030 254106-0

Federação de EmpresáriosPortugueses (VPU)Postfach 10 27 11

50467 KölnTel.: +49. 221 789 52 412

E-Mail: [email protected]

Federação das Associações Portuguesas na Alemanha

(FAPA)www.fapa-online.de

Postfach 10 01 05D-42801 Remscheid

Endereços Úteis

Pub

ÁREA CONSULAR DE ESTUGARDANuremberga:Datas: . • 5.03. • 2.04. • 7.05. • 4.06 • 23.07 • 6.08.• 2.09 • 11.0.5 • 3.12Local: Missão Católica Portuguesa, HersbruckerStr. 41, 90480 Nürnberg

OffenbachDatas: 1 + 19. 03 • 5 + 16. 04 • 3 + 21.05 • 7 +18..06 • 5 + 16.07 • 2 + 20.08 • 6 + 17.09 • 4 +15.10 • 8 + 19.11 • 6 + 17. 12Local: Missão Católica Portuguesa, Marienstr. 38,63069 Offenbach

SingenDatas: • 12.03 • 9.04 • 14.05 • 11.06 • 9.07 • 13. 08• 10.09 • 8.10 • 12.11 • 10.12 Local: Rathaus / Câmara Municipal, Hohgarten 2,78224 Singen

Mainz:Datas: 8 + 26.03 • 12 + 23. 04 • 10 + 28.05 • 14 +25.06 • 12 + 23.07 • 9 + 27.08 • 13 + 24.09 • 11 +22.10 • 15 + 26.11 • 13 + 23.12 Local: União Desportiva Portuguesa e.V., Momba-cher Str. 38, 55122 Mainz

KaiserslauternDatas: 15.03 • 19.04 • 17.05 • 21.06 • 19.07 •

16.08 • 20.09 • 18.10 • 22.11 • 20.12 Local: Associação Portuguesa de Desportos, Pari-ser Str. 117, 67655 Kaiserslautern

MuniqueDatas: 22.03 • 26.04 • 24.05 • 28. 06 • 26.07 •

23.08 • 27.09 • 25.10 • 29.11 • 30.12 Local: Missão Católica Portuguesa, LandsbergerStr. 39, 80339 MünchenHorário de cada permanência: entre as 10h00 e as15h00

ÁREA CONSULAR DE DUSSELDORFMinden:Datas: 14.03.• 02.05. • 11.07. • 12.09. • 14.11.Local: Centro Português de Minden, Memelstr. 6,32423 Minden

Meschede:Datas: 21.03. • 16.05. • 18.07. • 19.09. • 21.11.Local: Associação Portuguesa de Meschede, Hen-nestr. 12, 59872 Meschede

MünsterDatas: 26.03. • 23.04. • 28.05. • 25.06. • 23.07. •27.08. • 24.09. • 22.10. • 26.11. • 17.12.Local: Missão Católica Portuguesa, Beelertstiege 3,48143 MünsterHorário de todas as permanências: 10h00 – 13h00 e13h30 às 15h30Marcacão obrigatória: Telefone: 0211 – 138 78 25

ÁREA CONSULAR DE HAMBURGO: Bremerhaven: Datas: 04.03.• 22.04.• 27.05.Local: Moliceiro Grill (Markttreff), Neumarktstr. 12,

CuxhavenDatas: 23.03.• 04.05.• 15.06.Local: Centro Cultural Português, Präsident-Her-wigstr. 33-34,

NordhornDatas: 06.04.•18.05.Local: Centro Português de Nordhorn, Heideweg 13,Nordhorn

OsnabrückDatas: 15.02.• 01.03.• 22.03.• 05.04.13 19.04.•03.05.• 24.05.• 07.06.• 21.06.Local: Centro Português de Osnabrück, Bünderstr. 6, 49084 Osnabrück Horário de todas as permanências: 10h00 às 15h00

Por se revelar de interesse público, damos aquia conhecer o plano das permanências consula-res (serviços consulares itinerantes) das áreasconsulares de Estugarda, Dusseldorf e Ham-burgo.Recorda-se os leitores que os utentes

deste serviço podem tratar de assuntos, taiscomo: Cartão do Cidadão, Passaporte, etc.. Antesde se deslocarem, os utentes terão de fazer a mar-cação com antecedência junto do consulado dasua área de residência.

Plano das Permanências ConsularesServiço

Page 24: Portugal Post Março 2013

PORTUGAL POST Nº 224 • Março 201324

poesias de amore de outros sentires

Passar o Tempo

Receitas CulináriasSaúde e Bem estarAmizades e Afins

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Agência funeráriaW. Fernandes

Serviço 24hTel. 0231 - 2253926

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Depressão nervosa Bacalhau à ze do Pipo

Quer jogar “Kegeln”?Venha passar uns bons momentos em família ou com os seus amigosBruckhausHansemannstr. 33 - 50823 ColóniaHor. De abertura: 18h00 – 02h00Sextas e Sábados até às 03h00Marcações: 02234 – 480051 ou 0177 59 034 25Gerência: Agostinho Silva

Bundeskegelbahnen(Atendimento em português)

A depressão é um estado no qual a pessoa tem a sensação de que tudo éhorrível e sem esperança.OS SINTOMAS da depressão nervosa são: esgotamento, perda de vitalidade,insónia, perda de apetite, perda de esperança.CAUSAS: a depressão apresenta?se de duas maneiras:a) Depressão reactiva: quando é produzida como uma reacção da pessoadiante a perda de um ente querido ou perda de um negócio.b) Depressão orgânica ou endógena: é produzida por uma mudança químicainterna no corpo e no cérebro, tais como as mudanças hormonais, sobretudonas mulheres durante a menstruação ou menopausa. Isso bem pode aconte-cer pela falta do mineral lítio no cérebro ou pelo aproveitamento inadequadoda serotonina (substância química encarregada da transmissão do impulsonervoso entre os neurónios). TRATAMENTO: A atitude positiva que a pessoa toma para enfrentar os in-sucessos de sua vida é muito importante, já que se esta pessoa se deixa levarpor seus pensamentos negativos, de impotência, de fracasso, de tristeza ede apatia, ela mesma faz o bloqueio e cria condições negativas que a impe-dirão de ver uma saída adequada para o seu problema. Por esta razão sedeve manter sempre atitudes e pensamentos positivos, já que fazendo assimse criará internamente condições adequadas que permitam sair do estadodepressivo.Uma pessoa com depressão deverá esforçar-se para ver as circunstânciaspositivas que se apresentam para sair do seu problema, por isso ela devepermanecer sempre alegre a alerta. A alegria é principalmente uma atitudemental que depende secundariamente de factores externos.Devemos fazer esforços para nos manter sempre alegres independente dascircunstâncias adversas do momento. É importante aceitar o que não temremédio e sobre essas bases começar a construir um novo futuro, dando-nosconta que a única coisa que realmente possuímos é o presente, por isso qual-quer esforço pessoal diário que realizarmos nos trará um futuro melhor.Para aliviar qualquer dos tipos de depressão, muitos nutrientes são impor-tantes, já que fortalecem o cérebro e ajudam a produção dos neurotrans-missores químicos mencionados: lítio e serotonina (porque influem bastantena formação do equilíbrio emocional da pessoas). O aminoácido Triptofanoque se encontra no Aloé Vera em 30 ppm é o responsável pela produção daserotonina no cérebro e cuja falta no organismo produz a depressão orgânicaou endógena. Outro aminoácido necessário para manter o equilíbrio mentaldurante os estados de stress é a Tirosina, contida também no Aloé Vera em14 ppm.

Além das recomendações anteriores, ingerir:VITAMINAS: Complexo B (B1, B3, B5, B6, B12), C, Colina e NiacinaMINERAIS: Cálcio, Magnésio, Cromo e Lítio1‐ Sumo de Aloé Vera (120 ml por dia).2‐ Geleia Real (3 comprimidos de 250 mg).3‐ Pólen de abelha (4 comprimidos) (contém lítio)4‐ Ginseng (4 comprimidos) ‐ contra o stress.5‐ Mistura proteica (batido) com fibra6‐ Busque ajuda psicológica de um profissionalAs doses recomendadas são para pessoas de 70 quilos. Se a pessoa pesarmenos reduza as doses proporcionalmente. Comece tomando os produtoslentamente e aumente a quantidade paulatinamente até chegar à dose re-comendada de 3 a 8 dias.Consulte o seu médico.Fonte: Saúde e Bem Estar

1 colher (chá) de mostarda 600 g de bacalhau demolhado l kg de batatas pimenta em grão leite meio gordo, q.b. 3 cebolas brancas ➢2 colheres de manteiga azeite finofarinha de trigo para envolver o bacalhau ½ chávena de maionese sal q.b.

Coza o bacalhau em leite durante 3 minutos. Coe o leite por um pas-sador fino e reserve. Limpe o bacalhau das peles e espinhas maisfáceis de retirar e divida-o em pedaços. Com as batatas cozidas epassadas a puré, dê-lhe espessura juntando a manteiga e o leite quereservou. Tempere com sal.Corte as cebolas às rodelas e refogue ligeiramente em bastanteazeite. Retire a cebola com uma escumadeira e, na gordura, frite obacalhau passado por farinha. Num pirex untado, espalhe metade dopuré. Cubra com o bacalhau e regue com a maionese.Disponha as rodelas de cebola e, à volta, enfeite a seu gosto com ro-setas do puré que sobrou. Leve ao forno para aquecer e tostar.

Açorda à Alentejana1 molho de coentros (ou metade coentros, metade poejos); 3 dentes de alho; 1 colher de sopa de sal grosso; 1 decilitro de azeite; 1,5L de água a ferver; 300g de pão de 2ª duro; 4 ovos; azeitonas pretas.

Esmague os coentros num almofariz com os dentes de alho e o salgrosso, até obter uma pasta, e deite-a numa terrina, regando como azeite e escaldando com a água a ferver. Mexa, junte o pão cor-tado em fatias e os ovos previamente escalfados. Sirva com azei-tonas.

Dívida pública portuguesa total até ao fim de outubro de 2012:

€ 193.507.196.473

Mas há a vida

Mas há a vidaque é para serintensamente vivida,há o amor.Que tem que ser vividoaté a última gota.Sem nenhum medo.Não mata.

Clarice Lispector

CAVALHEIROReformado, viúvo, activo e sem ví-cios. 71 / 165m, a residir na Ale-manha. Procura senhora agradávelentre os 64 e 70 anos de idade paraconstruir uma leal e harmoniosa re-lação de amizade duradoura. Ale-gra-me o seu contacto em respostaa este jornal Ref. - Nº 010313

Um sujeito vai a passar a ponte 25de Abril quando é mandado pararpela GNR.O guarda diz-lhe, na presença de re-pórteres:- Muitos parabéns! O senhor acabade se tornar o milésimo condutor aatravessar a ponte! E acaba de gan-har um prémio de 1,000 euros! Temalguma ideia do que vai fazer com odinheiro?- Bem, quer dizer... Talvez tirar acarta de condução...- O quê? O senhor não tem carta?Diz a mulher, no banco do passa-geiro:- Não ligue, senhor guarda! Ele estábêbedo e não sabe o que diz!Diz o guarda:- Bêbedo?Diz a sogra no banco de trás:- Eu bem disse que isto de andar decarro roubado nos ia trazer chati-ces...

Page 25: Portugal Post Março 2013

PORTUGAL POST Nº 224 • Março 2013 25

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Palavras cruzadasr

Caros amigos do PORTUGALPOST,

Leio com toda a atenção e in-teresse todas as histórias que algu-mas pessoas contam quando paraaí escrevem. Algumas são maiscomoventes do que outras. Hátambém histórias que me parecemassim um pouco fora da realidade.Mas a gente não sabe o que acon-tece por esse mundo fora, não éverdade?

O que quero contar é um de-talhe da minha aventura quandodecidi vir para a Alemanha e quepartilhar aqui por ser uma expe-riência que pode valer de avisopara outros. Peço apenas que, sefor necessário, corrijam o quedeve ser corrigido se acharem

bem publicar este meu escrito.Vim para a Alemanha há cerca

de dois anos. Deixei a minha fa-mília em Portugal e vim para aquitentar modo de vida, já que emPortugal eu estava no desempregoapós ter trabalhado cerca de vinteanos numa empresa que encerroupara se deslocar para Marrocos.

Em Portugal a crise não dei-xava nem deixa ainda hoje lugarpara a esperança dos desempre-gados.

Quando cá cheguei pensavaque ia encontrar “um mar derosas”. Em Portugal falava-se daAlemanha como uma terra commuito trabalho e bons ordenados,desde que nos sujeitasse-mos aqualquer coisa.

Seriam umas onze horasquando cheguei a uma estação deuma cidade onde morava (pen-sava eu) um meu conhecido queme tinha prometido ajudar nosprimeiros tempos de estadia aqui.Cheguei, como disse, à estacão e,conforme o combinado, o meuconhecido não estava à minha es-pera. Achei normal o atraso e, sin-ceramente, não fiquei deveraspreocupado, só que o tempo iapassando e ... amigo, nada! Din-heiro não tinha muito. Alemão ououtra língua não falava e comeceia ficar muito preocupado.

Após duas horas e tal de estarali a secar à porta da estação, co-mecei a maldizer tudo: a minhavida, a minha situação o meu con-

hecido, o meu país, os governan-tes em Portugal e sei lá o quemais!

Reparei que tinha cometidoum erro: tinha vindo sem ter o nú-mero de telefone e a morada dessemeu conhecido, confiando que eleme esperaria à porta da estação.

Passadas algumas horas de-pois de estar ali, comecei a perdertoda a esperança. Pensei então te-lefonar para casa em Portugal epedir que eles tentassem saber doparadeiro ou do contacto do meuconhecido. Telefonei, pedi parame telefonarem de volta para o te-lemóvel e, depois de contar a si-tuação, lá se conseguiram amorada do meu conhecido. Nistojá seriam aí umas quatro horas damanhã. Pedi, então, a um táxi queme levasse à morada que me tin-ham dado. Chegado à rua, procu-rámos o número (que seria o 16).Só que havia um problema: o nú-mero 16 existia na verdade masera uma coisa que se parecia comuma oficina de reparação de auto-móveis naquele altura completa-mente às escuras.

Sem saber o que fazer – atéporque o sitio era num descam-pado – voltei para a estação e alifiquei cansado e com fome a pas-sar pelas brasas. Entretanto, a es-tação ia tomando o ritmo diáriocom a chegada e a partidas doscomboios que movimentavammilhares de pessoas. A minha si-tuação era de uma tristeza abso-luta, por um lado, e, por outro, deuma grande impotência perante asituação. Não sabia mesmo quefazer nem sabia para onde ir.

Nem sequer tinha bilhete devolta.

Fui de novo à tal morada e láninguém conhecia esse meu com-patriota. Desesperei.

Passei a ficar e a dormir na es-tação durante a alguns dias. De-ambulava por ali na desesperadatentativa de ouvir falar a minhalíngua e encontrar, quem sabe,algum português que me pudessevaler naquela situação. O dinheirotinha acabado e comecei a vege-tar. Dirigia-me a todos os cantosda estacão também para encontrarde comer nos cestos do lixo. Pas-sava horas no quiosque dos jor-nais e foi aí que encontrei o vossoJornal.

Estive ali uma semana. Foientão que pensei telefonar a umaempresa que fazia anúncio noPortugal Post. Contei a minha si-

tuação ao dono desse empresaque se prestou a ajudar-me. De-pois de consultar no mapa vi queele distava a mais de trezentosquilómetros. Tentei um outro queme disse para ir ao consulado emFrankfurt que seriam aí uns centoe tal quilómetros...

Não tinha sorte. Deambuleipela cidade. A minha figura jádevia meter dó, tal era o modocomo as pessoas já me olhavam.

Um dia pus-me à porta doquiosque de jornais a ver se al-guém comprava o Portugal Post.Dito e feito. Vi uma senhora aídos cinquenta que, para além dojornal, comprou a revista Maria.Não perdi tempo. Dirigi-me à se-nhora com muito trato e urbani-dade e contei-lhe a minhasituação. Logo aí, ela convidou-me para uma espécie de pastelariae disse-me para comprar sandespara comer. Foi o que fiz, agrade-cendo-lhe muito.

A senhora – que nunca mais aesquecerei – levou-me para suacasa. Ela vivia só num aparta-mento pequeno e simples. Fez-meuma refeição quente e, enquantoisso, disse que podia utilizar oduche. Ofereceu-me o sofá paraeu passar as noites até encontrarmodo de vida. Ela foi de uma ge-nerosidade a toda a prova. Demanhã, quando ela ia trabalhar,deixava-me a sua casa ao meucuidado e, por respeito, eu saiaquase todo o dia. Soube por elaque não muito longe existia umaassociação de portugueses queabria ao fim-de-semana. Vi que alipoderia estar a solução da minhaprecária situação. Logo no fim-de-semana a seguir fomos no seucarro à associação e aí contacteimuitos compatriotas, sendo queum deles disse-me que a empresade limpezas onde trabalhava pre-cisa de empregados.

Foi assim que saí daquela ter-rível situação.

Hoje estou bem, ou seja,muito melhor. Consegui o ele-mentar para arrancar com a minhavida aqui e, talvez, arranjar umasituação mais estável. Para isso,visito todas as noites um curso dealemão gratuito onde ganharei asbases para construir aqui um fu-turo.

De resto só tenho de agradecera existência do Portugal Post queme ajudou a encontrar a senhoraque me ajudou e por quem tenhouma estima muito grande.

Emigrar no desespero e encontrar a solidariedade

HORIZONTAIS: 1 - A face interna e côncava da mão. Dar pios. 2 - Entrar em folias. Pequeno mamífero roedor. 3 - In-terjeição designativa de afirmação. Completo. Alumínio (s.q.). 4 - Murmúrio de vozes. Limalha. 5 - Suspiro. Anuência.Atmosfera. 6 - Joseph (...), o Papa que surpreendeu o mundo ao anunciar a sua renúncia. 7 - Partícula apassivante. Satélitenatural da Terra. Preposição que indica lugar. 8 - Lisa. Porção de líquido bebido de uma só vez. 9 - A tua pessoa. Dar somou tom forte. Um certo. 10 - Queima. Primeira redacção de um documento ou de qualquer escrito. 11 - Produzir som. Es-sência odorífera.VERTICAIS: 1 - Na parte exterior. Capazes (fem.). 2 - Sujar e contaminar o ambiente com produtos resultantes da ac-tividade humana. Português. 3 - A outra vida. Pega. Sociedade Anónima (abrev.). 4 – Cinquenta e um em numeração ro-mana. Exibir com aparato. 5 - Igreja principal de uma localidade. Contracção de „a“ com „o“. 6 - Argola. Dez vezes cem.Mulher que cria uma criança alheia. 7 - Contracção da prep. “de” com o pron. dem. “a”. Alimentar. 8 - Difundir. Con-tracção de „em“ com „o“. 9 – Avançava. Centésima parte do hectare. Nome de peixe. 10 - Cingir. Corrida de embarcações.11 - Ir rodando. Peça metálica, espiralada, helicoidal, dotada de elasticidade.

SOLUÇÃO:HORIZONTAIS: 1 - Palma. Piar. 2 - Foliar. Rato. 3 - Olé. Todo. Al. 4 - Rumor. Apara. 5 - Ai. Sim. Ar. 6 - Ratzinger. 7- Se. Lua. Em. 8 - Plana. Trago. 9 - Tu. Toar. Tal. 10 - Assa. Minuta. 11 - Soar. Aroma.VERTICAIS: 1 - Fora. Aptas. 2 - Poluir. Luso. 3 - Além. Asa. SA. 4 - LI. Ostentar. 5 - Matriz. Ao. 6 - Aro. Mil. Ama. 7- Da. Nutrir. 8 - Propagar. No. 9 - Ia. Are. Atum. 10 - Atar. Regata. 11 - Rolar. Mola.

Page 26: Portugal Post Março 2013

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Page 27: Portugal Post Março 2013

PORTUGAL POST Nº 224 • Março 2013 27Economia & Negócios

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A Portugal Fresh voltou a estarpresente na Fruit Logística2013, o maior certame do sec-tor hortofrutícola a nível mun-dial. No stand colectivo daPortugal Fresh estiveram deza-nove empresas portuguesascujo objectivo consistiu em re-forçar a imagem de Portugalcomo produtor, consolidar osacordos de parceria já existen-tes e procurar novas oportuni-dades em mercados queremunerem vantajosamente osnossos produtos. Estiveramtambém presentes outras em-presas portuguesas com standsindividuais.

O novo Secretário de Es-tado da Alimentação e da In-vestigação Agro-alimentar,Nuno Vieira e Brito, visitou afeira, acompanhado do Embai-

xador de Portugal em Berlim,Luís de Almeida Sampaio, etrocou impressões com os ex-positores presentes no certamesobre os produtos específicosapresentados. Mais tarde reu-niu com o Presidente da Asso-ciação Alemã de Comércio deFrutas para discutir assuntosrelevantes à exportação portu-guesa.

Nuno Vieira e Brito disseao Portugal Post que Portugalaposta na diferenciação dosprodutos em contra-ciclo, e naqualidade, segurança e higienedos mesmos, o que é garantidoatravés de controlos rigorosos.“Apostamos também na espe-cificidade dos produtos, comopor exemplo a pera rocha, oagrião de água, a batata-doce,entre outros”. Afirmou que

temos de repensar as estruturasalimentares com parceria deoutras entidades, nomeada-mente das próprias empresas.Sublinhou ainda que devemoscontinuar a apostar na export-ação, ultrapassar as eventuaisbarreiras existentes e procurarfacilitar o processo. “Estamoslonge da auto-suficiência. Épreciso fomentar as export-ações e reduzir as importaçõesno sector”.

O PP falou com um dosexpositores que apresentava aPera Rocha do Oeste, um tipode pêra portuguesa com deno-minação de origem protegida“DOP”, produzida principal-mente na orla marítima desdeSintra até Leiria. “É um pro-duto específico de Portugal,sem concorrente internacional,

e com uma excelente capaci-dade de conservação. Os prin-cipais mercados de destino sãoa Inglaterra e o Brasil” - afir-mou.A Alemanha é o maiorimportador europeu de frutas ehortícolas. Porém Portugal éapenas um pequeno fornecedorda Alemanha no sector, ocu-pando o 42º lugar no rankingcom uma quota de 0,18% em2010. Porém foi o 3º maiorfornecedor de framboesa, o 7ºde batata, o 8º de cenoura e o9º de pêra/maçã em 2011, se-gundo dados fornecidos pelaaicep Portugal Global.

Portugal tem procuradoexpandir as suas exportaçõespara fora da Europa, export-ando para alguns países africa-nos, para o Brasil e Índia(embora haja que ultrapassarfenómenos proteccionistas) emesmo para a Arábia Saudita,este último interessado nas

nossas laranjas algarvias.A multiplicação dos acor-

dos de livre comércio entre aUE e vários países terceiros,nomeadamente com países doMediterrâneo, está a gerar po-lémica e receios de concorrên-cia mais barata ou mesmoincumprimento das medidasprotectoras do comércioeuropeu em vigor. Mas emcontrapartida, os países euro-peus exportam para esses paí-ses. Por exemplo, o comércioentre Marrocos e Portugal estáa crescer. O leite, os lacticíniosem geral, ovos e mel são ex-portados para aquele país,assim como a nossa pêrarocha. Por sua vez Portugalimporta peixe, crustáceos emoluscos daquele país do Ma-grebe. Vejamos como funcio-nam estas cadeias dealimentos: uma empresa portu-guesa vende laranjas à fábrica

de sumos BIM (turca) em Mar-rocos. Os sumos são depoisvendidos em todo o MédioOriente; ou vende ao Tesco(britânico) ou ao Lidl ou aoAldi (alemães) que têm os seuspróprios embaladores. E,assim, as frutas e os legumesfrescos portugueses passeiampelo mundo.

Portugal, como país pe-queno que é, não pode compe-tir em quantidade e, por isso,aposta na qualidade, na segu-rança, na higiene, na especifi-cidade dos seus produtos eprocura nichos de mercado e,sobretudo, pensa global. A par-ticipação do nosso país em fei-ras internacionais do sector éimportante para criar novoscontactos e parcerias comer-ciais e aumentar a notoriedadeda fruta e hortícolas portugue-ses. Cristina Dangerfield-Vogt, Berlim

Berlim – Portugal na Fruit Logística 2013

Fruit Logistica 2013 em Berlim, Secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroali-mentar, Nuno Vieira e Brito. Foto: Gonçalo Silva

O deputado do PSDeleito pelo círculo daEuropa, Carlos AlbertoGonçalves, considerouque a Agência para o In-vestimento e ComércioExterno de Portugal(AICEP) “tem que estarmais atenta ao mundoempresarial das comuni-dades”.

“A AICEP tem queestar mais atenta ao mundoempresarial das comunida-des. Temos uma rede im-

portante de empresários,numa comunidade bastantesignificativa em termos nu-méricos. Se fôssemos verqual o contributo das comu-nidades para as export-ações, éramos capazes dechegar a números muito in-teressantes, nomeadamenteno que respeita a bens ali-mentares”, afirmou o depu-tado.

Para o social-demo-crata, “as comunidades sãoo parceiro ideal para divul-

gar Portugal e o que de mel-hor o país tem”. O potencialdestes milhões de pessoasque estão fora do país,disse, “é enorme” e, defen-deu, “tem que ser aprovei-tado”.

Carlos Alberto Gonçal-ves lembrou ainda que“existem portugueses noexterior a trabalhar nasáreas da inovação e em lu-gares de destaque”, consi-derando que “isso tambémtem que ser aproveitado”.

Deputado Carlos Gonçalves:“AICEP tem que estar mais atenta ao mundo empresarialdas comunidades”

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Última • Nº 224 • Março 201328

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Ana Cristina Silva,Lisboa

s mulheres espancadastêm o medo colado aospensamentos e o vazio

preso ao olhar. São mulheres quevivem em prisão domiciliária, en-carceradas no terror, sem que nin-guém organize manifestações porelas. Num mês e meio foram apre-sentadas 800 queixas de violênciadoméstica só nos distritos de Lisboae Porto e 35 mulheres foram mortaspor violência doméstica no anotransacto. Estes números deveriamlevar-nos a reflectir sobre as razõesporque muitas destas mulheres per-manecem paralisadas ao lado doagressor, sem sequer apresentaremqueixa.

As relações íntimas implicam

expectativas implícitas de que de aspessoas se irão mutuamente apoiar.O amor comporta, por inerência,sentimentos de segurança. Por isso,quando acontecem os primeiros epi-sódios de violência, estes são habi-tualmente interpretados comoincidentes. Esta versão dos aconte-cimentos é reforçada pelos pedidosde perdão e pelas repetidas declara-ções de amor do agressor. Para mui-tas mulheres, o comportamento domarido é tão dissonante com a suaanterior história relacional que elasnegam a sua relevância. De episó-dica, a violência passa a sistemáticae o marido começa a associar osseus comportamentos agressivos àsatitudes dela. O agressor justifica-se pela necessidade de a calar, de apunir por não saber cozinhar, pornão mostrar respeito, por não elanão estar sexualmente disponível,etc. A violência é desencadeada pormotivos cada vez mais triviais,sendo exercida por meio de ata-ques físicos, mas também por mo-dalidades de agressão psicológicas.Essas formas da agressão incluem adesvalorização da mulher, o con-trole sobre o que ela faz, a proibi-

ção de se relacionar com outras pes-soas, inclusive da família, acusa-ções de infidelidade, intimidações einsultos. Na sua necessidade de de-monstrar poder e superioridade, oagressor olha para a mulher comoum objecto, negando a sua subjecti-vidade.

Cada episódio de agressão de-sencadeia nas mulheres agredidassentimentos de choque e confusão.A violência prolongada conduz asvítimas a uma desesperança apren-dida que diminui gradualmente asua capacidade para pensarem cla-

ramente, conceberem formas alter-nativas de vida e controlarem o quelhes acontece. Como resultado, mui-tas delas entram em depressão econvencem-se de que a tentativa deabandonar o agressor só desenca-deará vinganças ainda piores. A suaimpotência é reforçada pelo medodas represálias do marido, pelo sen-timento de vergonha e de solidãocom que lidam com estas situações.O desespero e a incapacidade parareagir são uma consequência inevi-tável como acontece sempre comaqueles seres cuja dignidade vai

sendo continuamente destroçada.Compreender a extrema vulnerabi-lidade psicológica destas mulheres,que vivem diariamente um nível destress não muito diferente do das ví-timas de tortura, é fundamental paralhes proporcionar ajuda. Só assimserá possível interromper o ciclo deviolência e de submissão a que estãosujeitas.

Desde há alguns anos que a vio-lência doméstica é crime público emPortugal, como aliás acontece naAlemanha. A diminuição de casosdesta natureza passa também porpôr em causa uma certa mentalidadecolectiva que se reflecte em ditadospopulares como por exemplo “ entremarido e mulher não metas a col-her” ou “quando mais me bates maisgosto de ti”.

A história de cada mulher espan-cada comporta uma luta esgotantepara sobreviver. O seu olhar vai-seapagando para tudo que não seja oseu medo. O desespero é tão intensoque não vê maneira de alcançar asalvação. Cabe a cada um de nósque conheça um caso desta naturezadar o seu contributo para que a his-tória mude de rumo.

Violência doméstica

Será que “quando mais me bates mais gosto de ti”?A violência é desencadeada pormotivos cada vez mais triviais,sendo exercida por meio de ata-ques físicos, mas também por mo-dalidades psicológicas.

A