pobreza e prosperidade compartilhada nas regiões ... · antigas regiões metropolitanas do brasil...
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Pobreza e Prosperidade Compartilhada nas Regiões
Metropolitanas Brasileiras:
Brasilia, June 2015
Balanço e Identificação de Prioridades
Aude-Sophie Rodella
Grupo Sectorial da Pobreza
No Brasil, a pobreza é
predominantemente urbana.
Taxa de pobreza (< R$140 per capita por mês) em 2012:
Urbana não metropolitana: 7,2%
Rural: 24,6%.
Mais do que 6 em cada 10 brasileiros em situação de pobreza
extrema (<R$ 70) viviam em ambientes urbanos
Mesmo contribuindo com mais do 70% do PIB do país, as 10 maiores
regiões metropolitanas concentram cerca de 15% dos seus pobres.
Mais de 9 milhões de residentes metropolitanos são ou pobres ou
vulneráveis à pobreza. 10 maiores áreas metropolitanas do Brasil
Definição de Pobreza e Vulnerabilidade
Objetivo do estudo
Entender os desafios enfrentados pelos pobres nas
áreas metropolitanas será crítico para que o Brasil
possa atingir as suas metas de erradicação da pobreza
e des crescimento inclusivo.
Avaliar as tendências relacionadas à pobreza e à
prosperidade compartilhada nas 10 maiores e mais
antigas regiões metropolitanas do Brasil (conhecidas
como RM’s) entre os anos de 2004 e 2012
Definição de Centro e Periferia
Regiões não metropolitanas:
Resto do estado + periferia externa
A periferia externa é composta pelos municípios que
fazem fronteira diretamente com a RM.
As taxas urbanas e rurais que aparecem neste
relatório referem-se a localidades fora das RM’s.
Região metropolitana (RM)
centro + periferia interna
O centro é a capital do estado, e dá o nome da RM.
A periferia interna é composta pelos outros
municípios dentro da RM.
Restodo
estado
Periferiaexterna
Periferiainterna
Centro (Capital)
A análise revela diferenças importantes
entre as 10 regiões
As regiões metropolitanas localizadas no Norte e Nordeste experimentam uma
melhoria da sua situação no que diz respeito à pobreza e à desigualdade (com uma
tendência de convergência);
Apesar disso, elas mantêm desvantagens socioeconômicas com respeito ao resto do
país.
Diferenças são observadas em dois níveis: entre os estados / macrorregiões e entre o
centro / periferia
As regiões
metropolitanas
experimentaram ganhos
significativos entre 2004
e 2012, em termos de
bem estar social
Muito embora os números referentes à pobreza variem
entre as áreas metropolitanas, há evidências de uma convergência em termos de bem estar social,
A pobreza metropolitana caiu para níveis sem precedentes. (Número de pobres R$140 - %)
Os níveis de pobreza apresentaram convergência entre as RM’s. (RM’s agrupadas por região)
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2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012
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(R
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Taxa nas RMs
Taxa rural
Taxa urbana
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2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012Pe
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(R
$140
)%
BrasilNorteNordesteSulSudesteCentro-Oeste
Fonte: Cálculos do Banco Mundial, usando a PNAD 2004/2012.
Tanto o crescimento quanto a redistribuição de renda empurraram a pobreza para baixo.
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5
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20
25
Redistribuição
Crescimento
Total
Fonte: Cálculos do Banco Mundial, usando a
PNAD 2004/2012.
A renda oriunda do trabalho desempenhou um papel
maior na redução da pobreza nas áreas urbanas - e
principalmente nas RM’s
Fonte: Cálculos do Banco Mundial, usando a
PNAD 2004/2012.
-120
-100
-80
-60
-40
-20
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Brasil - Tudo Brasil RM Brasil Rural Brasil Urbano
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(R
$1
40
)%
Outras fontes de renda Renda do trabalho Percentual de adultos
O crescimento da renda nas áreas metropolitanas
funcionou a favor dos pobres (2004-2012).
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(%
) 20
04/2
012
Percentile
GIC (RM) Taxa de crescimento na média (RM)
Fonte: Cálculos do Banco Mundial, usando a
PNAD 2004/2012.
A Prosperidade Compartilhada experimentou expansão em
todas as RM’s – em especial nas do Nordeste.
Crescimento anual percentual medio
da renda
entre 2004 e 2012 para:
40% mais pobres a nível nacional
vivendo em RM’s
Toda a população nas RM’s
Recife 8.4 3.6
Belo Horizonte 8.3 6.6
Salvador 8.3 6.7
Fortaleza 8.0 4.5
São Paulo 7.9 5.3
RM’s do Brasil 7.7 4.7
Distrito Federal 7.5 5.1
Curitiba 7.3 4.0
Porto Alegre 7.3 3.5
Rio de Janeiro 6.8 3.1
Belém 6.6 5.0
Fonte: Cálculos do Banco Mundial utilizando a PNAD 2004/2012.
Em 2012, a classe media experimentou expansão,
chegando a compor quase a metade dos 40 mais pobres nas RM’s brasileiras.
2012
7.6
7.4
37.1
47.8
2012
15.7
33.2
51.2
Extrema
Moderada
Vulneráveis
Classe Média
2004
Entretanto, restam
desafios para a
erradicação da pobreza
extrema e para a
geração de
prosperidade
compartilhada
Os afrodescendentes representam quase que 50% da
população das regiões metropolitanas brasileiras, mas
correspondem a 60,8% dos extremamente pobres e a mais do
que 70% dos moderadamente pobres.
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20
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70
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Chefes entre
15 e 25 anos
Chefes Afro-
desc
Chefes
mulheres
Chefes mães
solteiras
Crianças (0-15
anos)
Domicílios com
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(%)
20
12
Bra
sil
Probreza Extrema
Probreza Moderada
Vulneráveis
Classe Media
Fonte: Cálculos do Banco Mundial utilizando a PNAD 2012.
A desigualdade nas RM’s diminuiu, mas seus níveis
continuaram a variar, permanecendo em media mais
altos do que nos ambientes não metropolitanos
0.40
0.45
0.50
0.55
0.60
0.65
Co
efic
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e G
ini
Taxa RM 2004 Taxa RM 2012
Fonte: Cálculos do Banco Mundial utilizando a PNAD 2012.
O acesso a emprego de qualidade representa desafio crítico
para os vulneráveis e para os pobres no Brasil metropolitano
Os extremamente e moderadamente pobres
apresentam maus resultados no mercado de trabalho
A informalidade é alta entre os extremamente
e moderadamente pobres nas RM’s.
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20
40
60
80
100
Participação
laboral
Desemprego Informalidade
Tax
a (
%)
20
12
Probreza Extrema Probreza Moderada
Vulneráveis Classe Media
0
20
40
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80
100
Tax
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nfo
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lid
ad
e (
%)
20
12
Probreza Extrema Probreza Moderada
Vulneráveis Classe Media
Fonte: Cálculos do Banco Mundial utilizando a PNAD 2012.
Existem ainda carências no acesso a serviços básicos,
como saneamento, taxas de matrícula e acesso à
educação secundária e superior.
81.8
73.8
81.7
92.6
0
10
20
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40
50
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70
80
90
100
Pobres extremos Pobres moderados Vulneráveis Classe Média
Ac
ess
o a
sa
ne
am
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to (
%)
20
12
Fonte: Cálculos do Banco Mundial utilizando a PNAD 2012.
Além do acesso, a qualidade dos serviços
públicos continua sendo uma área prioritária.
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)
Pobres Vulneráveis Classe Média Classe Alta
Fonte: Cálculos do Banco Mundial utilizando a PNAD 2013.
A desigualdade de
acesso à
educação de
qualidade – vetor
crucial da
mobilidade social –
é particularmente
preocupante no
ambiente das RM’s
Além do acesso, a qualidade dos serviços
públicos continua sendo uma área prioritária.
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)
Pobres Vulneráveis Classe Média Classe Alta
Fonte: Cálculos do Banco Mundial utilizando a PNAD 2013.
A desigualdade de
acesso à
educação de
qualidade – vetor
crucial da
mobilidade social –
é particularmente
preocupante no
ambiente das RM’s
Existe uma variação significativa dentro das áreas
metropolitanas em termos de indicadores de bem-
estar, acesso a serviços e ao mercado de trabalho
-60
-40
-20
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40
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Fortaleza(NE) Recife(NE) Salvador(NE) Belo
Horizonte(SE)
Rio de
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São Paulo(SE)
Dife
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%)
20
10
Pobres extremos HC Pobres moderados (não extremos HCVulneráveis HC GiniAcesso a esgotamento Taxa de conclusão da ecola secundária+Taxa de informalidade Salário hora(R$2012)
)
Carências existentes no centro e na periferia são intensificadas
pelas restrições de mobilidade...
Restrições de mobilidade
causadas por infraestrutura e
transportes, e reforcada tambén
pela insegurança
Conclusão
Existe a necessidade de mais pesquisa em quatro áreas a
fim de ajudar a aperfeiçoar as políticas que visam reduzir
a pobreza e a vulnerabilidade e aumentar a prosperidade
compartilhada
1. Entender osdesafios enfrentados
pelos pobres no acesso a empregos
de qualidade
2. Entender as diferenças na redução de
desigualdades entre as RM's
3. Entender as carências na
prestação de serviçostanto no acesso
quanto na qualidade
4. Entender a dinâmica espacial
das RM's, suasespecifidades
regionais e o papeldesempenhado pelamobilidade urbanano efetivo acesso a
serviços e a oportunidades de
trabalho
Entender os desafios enfrentados pelos pobres no acesso a empregos de qualidade
Os extremamente pobres são virtualmente excluídos do mercado de trabalho e dos
benefícios do crescimento.
Nas RM’s, mais de 80% deles estão desempregados, com as taxas nas RM’s de São Paulo e do Rio de Janeiro passando dos 90%.
Esse isolamento dos pobres dos mercados de trabalho e os níveis insistentemente altos de
informalidade entre os vulneráveis são questões extremamente preocupantes em um
contexto de possível crescimento mais lento para o Brasil no futuro
Entender as diferenças na redução de desigualdades
entre as RM's - principalmente no Nordeste
Duas das RM’s do Nordeste, e, alcançaram as maiores reduções em
desigualdade no período, usando o coeficiente de GINI:
Recife: de 0,63 pontos para 0,50
Fortaleza: de 0,60 pontos para 0,51
A terceira (Salvador) está para trás nessa dimensão.
Mais pesquisas sobre essas diferenças poderiam ajudar a compreender melhor
como sustentar e aprofundar a redução da desigualdade por todo o Brasil.
Entender as carências na prestação de serviços tanto
no acesso quanto na qualidade
O acesso aos serviços básicos melhorou muito
No entanto restam desafios em setores cruciais como saneamento e educação, tanto em termos de cobertura, quanto de qualidade.
Entender esses desafios e os gargalos que os causam
É crítico para a sustentação dos ganhos conquistados e
Também para evitar uma separação permanente entre os que podem se abster de usar ou compensar os problemas de qualidade dos sistemas públicos e aqueles que não têm acesso a alternativas.
Além disso, as carências entre os extremamente e os moderadamente pobres merecem investigação mais detalhada e poderiam representar implicações importantes em termos de políticas públicas.
Entender a dinâmica espacial das RM's:
especifidades regionais + papel desempenhado pela
mobilidade urbana no efetivo acesso a serviços e a
oportunidades de trabalho
Isso é especialmente verdade considerando que a população dos municípios da
periferia interna está crescendo mais rapidamente do que nos centros das RM’s, o
que exige maior coordenação entre os municípios metropolitanos.
O centro da RM exibe consistentemente resultados melhores – com exceção dos
referentes à desigualdade – o que sugere a necessidade de uma conectividade
melhor, de forma a permitir que os diferentes municípios contribuam e compartilhem
o seu potencial de crescimento.
A restrição da mobilidade dos pobres e vulneráveis nas áreas metropolitanas limita a
sua capacidade de alavancar as oportunidades econômicas potencialmente
oferecidas por elas.
Principais mensagens
Diagnóstico – fazer um zoom sobre a pobreza urbana;
Ponto de partida para os trabalhos futuros:
Como manter e aprofundar os ganhos em termos de bem-estar (1);
Como fazê-lo em um contexto menos favorável (2) – onde um bom funcionamento das RMs é fundamental
Base para uma futura cooperação com pesquisadores e parceiros brasileiros -
particularmente sobre as questões de infraestrutura e mobilidade urbana.
Muito obrigada