pedrogano
DESCRIPTION
Incorporar na educação infanto-juvenil o tema da droga dependência é a função desde livro, PEdrogaNO que tem como característica fundamental; usar a sensibilidade e a emoção como instrumento reflexivo, marcando um ponto de atenção sobre as experiência que transcorre. Ela nos conta a estória de um menino muito imaginativo e sensível que ampara seus problemas respirando o mágico perfume da flor do PEdrogaNO. Seu autor Jorge Parada criador do “Anjinho que tinha uma asa só” sustenta que a capacidade formadora que possue as experiências emotivas, são as ferramentas mais eficientes que possue na educação. Porque incorpora no leitor uma virtuosa forma de conscientizar temas profundos.TRANSCRIPT
83
Jorge Parada
PEdrogaNO
Incorporar na educação infanto-juvenil o tema
da droga dependência é a função desde livro,
PEdrogaNO que tem como característica
fundamental; usar a sensibilidade e a emoção
como instrumento reflexivo, marcando um
ponto de atenção sobre as experiência que
transcorre. Ela nos conta a estória de um me-
nino muito imaginativo e sensível que ampara
seus problemas respirando o mágico perfume
da flor do PEdrogaNO.
Seu autor Jorge Parada criador do “Anjinho
que tinha uma asa só” sustenta que a capaci-
dade formadora que possue as experiências
emotivas, são as ferramentas mais eficientes
que possue na educação. Porque incorpora no
leitor uma virtuosa forma de conscientizar te-
mas profundos.
9 788494 1792669 788494 179266
Autor
Jorge Parada
Ilustração da capa
Jorge Parada
ISBN: 978-84-941792-6-6
2ª Edição – Ano 2013
1ª Edição – Ano 1994
© Jorge Parada
© de esta ediçao Inlibris Editorial — Ano 2013
Todos os direitos reservados
Inlibris EditorialPintor Sorolla 2246002 – Valencia – Spaininlibris.es
Pedrógano
Jorge Parada
Este livro que você
tem em suas mãos
não é realmente um
livro, mas é um
presente do destino.
Este
no es un libro,
es un regalo
del destino
Este
no es un libro,
es un regalo
del destino
5
SUMARIO
Prólogo 7
Agradecimiento 9
Introdução 10
Conhecendo a Vida 15
O Vilão 23
Engano com Dor 30
Quando a Obscuridade não Deixa ver 36
Só existe a Noite quando se vê 49
Outra Oportunidade 52
Trabalho 64
Carta ao Educador 65
Proposta de trabalho 69
Sugestões Pedagógicas 73
Propostas de trabalho comunitárias 75
6
Sugestões Finais 77
Curriculum Vitae 79
7
PRÓLOGO
—Preciso desalojar esse mal que me faz
sofrer. Quero a felicidade eterna!
—Eu posso atender teu pedido.
Será muito fácil!
A Flor do PeDROGAno
8
9
AGRADECIMIENTO
A todos as pessoas, que lutam dia a dia,
Pelo bem-estar de nossos filhos.
10
INTRODUÇÃO
“Onde foram parar aquelas flores?
Você pode encontrar esta, as outras estão
mortas“
Pedro buscava a felicidade (quase a
imortalidade) e a encontrou pela mão da morte.
Seu jardim se converteu em um matagal
de flores negras, de aspecto feio e malcheirosas.
Por quê?
Um dia qualquer, quando a dor bateu à sua
porta, descobriu na experiência vivida o amor, a
força necessária para continuar seu processo de
crescimento.
O cenário era um bosque com delicadas
11
flores de perfume agradável que tornava seus
dias mais prazerosos.
Sentiu-se protegido, coberto como uma
criança seu olhar se iluminou e empenhou-se
em ser ele mesmo.
Mas, quando a desgraça derrubou esses
frágeis muros, pôs-se a buscar desesperadamente
uma flor que o salvasse (quase como a felicidade
de outrora).
E a encontrou.
Vinha da mão de um intruso a quem só
interessava a especulação, o qual impediu que
esse poder interior (firmeza ante o inimigo),
sincera eternamente construído, pudesse fazer-
lhe frente.
E caiu.
E voltou a cair. E caiu. E voltou a cair. Em
um círculo sem saída descobriu a realidade dessa
12
suposta felicidade que jamais iria encontrar.
Porque era humano. Porque era mortal.
E se perdeu. E se escondeu, agrediu e
se agrediu. E não se escutou. E não escutava
ninguém. Salvo a sombra que trocava seu medo
por um mundo sem problemas.
Encontrou, sem sabê-lo, o sem-sentido de
sua dor, o sem-sentido do mundo. E o aceitou.
E jogou de acordo com suas regras. E
perdeu.
Dormiu. E dormiu. E dormiu.
A resposta desse sonho que sempre se
vincula com a sombra do amor o arrebatou e
lhe devolveu uma vida diferente. A daquele que
elege livremente. Não conhecia as conseqüências
e as suportou sabendo, inconscientemente, que
fazia parte das mesmas regras do jogo.
E como termina a história de Pedro?
13
Descobriu a finitude, os limites, outras
possibilidades que desconhecia possuir e
libertou-se (quase paradoxalmente) da dor
temporal já que, de alguma forma, alcançou a
felicidade.
Em última instância, na vida, não se ganha
nem se perde. Vive-se.
Como leitores, guardamos amorosamente
em nosso coração a alma de um escritor que
projeta universalmente, através de sua obra
literária, a evolução interior do ser humano na
paz e na harmonia globalizadas na verdade,
acima dos interesses mesquinhos e pessoais.
Lic. Liliana Inés Pettinati
“Para ser grande, seja íntegro. Nada seu
exagere ou exclua”
Fernando Pessoa
14
15
Capítulo l
CONHECENDO A VIDA
Em um povoado, contíguo um frondoso
bosque de verdes árvores que abrigam em
sua ramada pássaros de variadas cores e onde
pequenas cachoeiras espalham um som musical.
Foi o lugar que os pais de Pedro escolheram
para viver com ele e outros seis filhos. Pedro
era o terceiro dos meninos, o mais inquieto e
rebelde. Estava sempre brigando com alguém e
fazia disso uma rotina diária. Nos jogos de bola
acabava sempre golpeando rudemente algum de
seus adversários. Devido ao seu temperamento
revoltado, tinha poucos amigos, e seus irmãos
raramente participavam de suas brincadeiras.
O pai, homem muito trabalhador e
16
sofrido, era empregado na estação ferroviária,
onde passava muitas horas desempenhando
um serviço árduo para garantir o sustento da
família. Quando não estava no trabalho, ocupava
o tempo que lhe restava nos reparos necessários
em sua modesta casa. Tantos afazeres deixavam-
no esgotado fisicamente e lhe reduziam o tempo
de convívio com sua linda família.
A mãe, sempre escondida atrás do fogão
ou entregue a outros afazeres domésticos,
via seus dias passarem sem que os filhos se
apercebessem do quanto trabalhava.
Essa família não tinha nada de particular,
tal vez até fosse parecida com a nossa. Mas a
história que lhes contarei mostrará a diferença.
Pedro, como a maioria dos meninos
na fase da adolescência, sentia-se um pouco
afastado de sua família. Crescer tão rápido,
17
abrir mão dos privilégios da infância e assumir
novas responsabilidades causavam-lhe vários
conflitos. O esforço que era abrigado a fazer
para colaborar nos afazeres domésticos,
acrescido das reprovações paternas, era o
suficiente para deixá-lo zangado. Sentia-se
humilhado com as recriminações do pai, que,
muitas vezes, lhe pareciam contraditórias,
porque era tratado como um menino quando
tinha responsabilidades de adulto. Essa situação
o levava a pensar que seus pais não o amavam
porque não encontrava dentro de sua cabeça
sonhadora uma explicação que justificasse as
atitudes deles e então, apoiado nessas reflexões
errôneas, reprimia seu afeto pelos seus familiares
e freqüentemente saía de casa.
Muitas vezes fugia também da escola para
dirigir-se ás ruas agitadas da periferia ou para
18
esconder-se no bosque. Nas ruas abarrotadas do
centro urbano, perdia-se na multidão, andando
sem rumo até onde lhe levassem suas pernas
inquietas. Observava o rosto das pessoas que
passavam para descobrir algum indício de
alegria, mas todas elas, aos seus olhos, pareciam
tristes e deprimidas.
No bosque, procurava um lugar escondido
e passava a tarde inteira esquecido de si mesmo,
ás vezes sentado à beira do rio, atirando
pedras em algum objeto que passava boiando
na correnteza, como se com esse gesto jogasse
para fora de seu íntimo algo que o estivesse
oprimindo. Em diversas ocasiões, a solidão era
sua companheira, tal vez porque fosse a única a
compreender seus conflitos.
Numa tarde de Primavera, Pedro vagava
pelo bosque quando, de repente, se deteve
19
sentindo as fragrâncias que emanavam das
flores nascidas entre as plantas agrestes. Com
especial assombro, descobriu uma flor que
exalava um perfume inebriante e o envolvia
numa maravilhosa sensação de proteção. Sob
o amparo desse aroma que o seduzia, meditou
longamente sobre suas atitudes com os pais
e irmãos e, reconhecendo que estava agindo
errado, decidiu modificar seu comportamento.
Assim, tomaria possível a convivência com sua
família, tanto quanto a música perfumada de
sua respiração se integrava a sua alma, levando
até ela ares revigorantes da Primavera. Como
num sonho, passou essa tarde abraçando os
arbustos floridos enquanto, de joelhos sobre a
relva, ele lembrava um peregrino venerando
uma imagem religiosa que lhe dava muita paz.
Alegre, voltou para sua casa e contou a seus
20
pais que descobriu uma flor muito perfumada e
que sentiu um imenso conforto quando aspirou
seu perfume. Descreveu a forma e as cores da
bela flor.
A mãe, que escutava com atenção, lhe
disse:
— Pedro, que alegria sinto em saber
que você descobriu minha flor predileta! É
um jasmim silvestre que cresce somente em
nosso bosque. Sempre que me sinto confusa,
deprimida, aspiro seu doce perfume que me
deixa muito feliz. Lembro-me, particularmente,
de que um dia antes do seu nascimento enchi a
casa toda de ramalhetes de jasmim.
O pai participou do diálogo, afirmando:
— Quando sinto sua fragrância, me vejo de
novo acariciando o ventre redondo e palpitante
de sua mãe. Porque você já era inquieto naquele
tempo.
21
Esses comentários fizeram o menino
recordar todos os cuidados recebidos de seus
pais e todo o amor que eles lhe dedicaram
durante sua vida. As recordações e sensações
que vivemos muitas vezes ficam perdidas no
emaranhado de problemas que nos envolvem,
por isso não as valorizamos devidamente.
Pedro, ao se lembrar, diante da perfumada
flor, de todas aquelas sensações adormecidas,
recuperou a integridade que lhe fortalecia o
espírito.
Com o tempo aprendeu a ser tolerante,
mais companheiro de seus irmãos, e tornou-se
um rapaz exemplar.
Os meses passaram serenamente, até uma
noite de Inverno.
O pai, que voltava do trabalho, ao descer
do ônibus em um cruzamento de esquinas,
22
foi atingido por um veículo dirigido por um
homem embriagado e imprudente.
Em conseqüência desse acidente, teve que
deixar o seu emprego e depois de um longo ano
de angústias e sofrimentos, morreu deixando a
família sem sua proteção, amor e cuidados.
23
Capítulo II
O VILÃO
A mãe precisou trabalhar fora para garantir
a sobrevivência da família, e seus filhos também
tiveram que colaborar para ganhar o sustento.
Pedro sofreu, tanto quanto sua família, a
dura mudança de sua vida, porém, por ser o
mais sentimental de todos, não encontrava o
consolo necessário para esse infortúnio.
Depois de muitos dias de amargura, em
uma tarde calma de sol, voltou ao bosque para
um reencontro com a flor silvestre que uma vez,
com seu aroma, lhe trouxera tanta paz.
Deitado sobre a relva macia e verde,
aspirou seu doce aroma, mas, desta vez, não
sentiu a calma e a alegria que antes havia
24
experimentado, nem o alívio que buscava
para o seu pesar. O jovem, como uma abelha,
percorreu todo o bosque olhando cada flor que
ali se encontrava, mas nenhuma acalmava sua
angustia.
Não compreendia que as lágrimas, o tempo
e as lembranças dos bons momentos poderiam
arrancar-lhe do peito aquela dor.
Insistindo em sua solidão, outra tarde
luminosa, recostado sobre a relva, tentou
respirar o perfume de uma flor nova aos seus
olhos, porém a sombra de uma negra figura o
assustou.
— Que faz aí, garoto?
Pedro, um pouco amedrontado, ficou
calado alguns instantes, depois respondeu:
— Nada, senhor, só aspiro o perfume das
flores. Elas me dão algum consolo.
25
— Ah! ah! ... riu o Vilão, seguro de suas
más intenções.
— A única flor que dá tranqüilidade e
alegria é a do PeDROGAno.
Pedro, meio desconcertado, disse:
— Não conheço essa flor.
— É a mais bela de todas, Seu perfume
leva ao paraíso e ao aspirá-lo você se sente um
rei!
Pedro, cheio de alegria, exclamou:
— Se posso ser um rei, posso ajudar minha
mãe!
— É claro! Respondeu o Vilão.
— Que devo fazer para que o senhor me
mostre o lugar onde cresce essa flor?
— Nada! Para que servem os amigos?
Acompanhe-me.
Caminharam por um trecho entre arbustos
até que chegaram a uma grande e velha árvore.
26
— Espere aqui ...
O homem foi atrás da árvore e tirou do
bolso um pequeno pacote que continha uma
substância. Espalhou-a em suas mãos e disse ao
jovem:
— Venha! Aproxime-se! Mas cubra seus
olhos. Eu decidirei o momento em que poderá
vê-la.
Pedro caminhou vacilante com os olhos
cobertos pelas suas mãos até que esbarrou
contra o corpo do repelente homem.
— Não abra seus olhos por enquanto.
Apenas respire com força estas pétalas delicadas.
Vilão, segurando a substancia, armou
suas mãos como se fossem uma mão aberta sob
as narinas de Pedro, aspirou com força. O pó
entrou no seu nariz, na boca e nos seus pulmões.
Depois de vários estremecimentos e gestos de
desagrado, abriu seus olhos.
27
— Não é muito agradável seu perfume!
Mas... por que não posso vê-la?
— Por ora não. Você tem que merecer essa
possibilidade.
Em seguida, Pedro passou a sentir uma dor
forte no abdome, sua vista ficou nublada e tudo
escureceu um pouco. Passados alguns instantes,
sentiu uma imensa alegria e forca e até lhe
pareceu que já não tinha a aflição causada pelos
infortúnios e pesares que o estavam abatendo.
— Viu como não menti?
— Que estranho estou me sentindo! Eu lhe
agradeço, senhor, por me dar essa ajuda. SÓ que
... Quando poderei ver essa flor?
— Ainda não está preparado. Primeiro terá
que me devolver o favor. Você deve saber que
favor, com favor se paga. Mas não se preocupe,
outro dia conversaremos sobre isso. Gaste suas
energias ajudando sua família e amanhã volte
28
para receber mais, o efeito não dura muito.
Ah! outra coisa, não comente nada com a
sua família, eles não saberão entender. Você tem
que guardar bem nosso segredo, ou não poderei
mais ajudá-lo.
— Claro, senhor, não contarei a ninguém.
— Muito bem, volte amanhã a esta hora
que estarei esperando você.
Pedro correu para sua casa levando dentro
de si aquela felicidade nova, mas não pôde
compartilhá-la com ninguém porque era um
sentimento irreal, não era fruto de um ato bom
realizado em favor de alguém. Cada um dos
integrantes da sua família continuou com suas
tarefas e quando a mãe chegou do trabalho, Pedro
já estava em seu quarto dormindo, sonhando,
talvez, que a manhã chegaria rapidamente e
que, com a vinda do sol, a luz lhe mostraria a
flor responsável por tanto bem-estar.
29
30
Capítulo III
ENGANO COM DOR
Na tarde seguinte, Pedro voltou ao lugar
do encontro onde Vilão já estava à sua espera.
— Boa tarde, Pedro!
— Olá! senhor.
— Que achou da ação mágica da minha
flor?
-Sinto-me reconfortado. Minhas
preocupações acabaram e estou muito feliz.
Apenas tenho a impressão de estar enxergando
um pouco menos.
— Isso acontece no princípio, mas você
verá que logo passa.
— Hoje me mostrará a flor?
— Veremos, primeiro você terá que
devolver o favor que estou lhe fazendo.
31
— Sim, com prazer! — disse Pedro, meio
confuso.
— A primeira tarefa será juntar um
ramalhete das mais lindas flores do bosque.
— Claro!
Pedro percorreu o bosque com alegria
por achar fácil a tarefa e juntou um formoso
ramalhete de flores. Ele se perguntava: “Eu terei
colhido flores do PeDROGAno?” Entretanto
desconhecia qual seria o destino deste colorido
ramalhete.
Quando voltou ao local do encontro, Vilão
o esperava vestido com roupas muito elegantes
e caras.
— Que belo ramalhete! Parabéns!
— Bem, agora iremos ao cemitério e
colocaremos as flores na tumba de seu pai.
Pedro não podia acreditar! Como era
bondoso aquele homem a quem já considerava
32
um amigo!
Visitaram a tumba de seu pai que
descansava na paz eterna, e os olhos de Pedro
se encheram de lágrimas. Recordou suas mãos
quando o cariciavam e lhe apalpavam os ombros
ao felicitá-lo. Recordou também, que sempre o
pai voltava do trabalho carregado de provisões
para o lar e nunca se esquecia dos doces, que
repartia com todos quando chegava. Vilão
também derramava umas falsas lágrimas sobre
o pequeno lenço.
— Eu também perdi o meu pai, e essas
cenas me comovem profundamente.
O jovem se sentiu muito unido a este
homem porque ambos compartilhavam os
mesmos sentimentos.
Passado algum tempo, dirigiram-se ao
bosque onde se encontrava a velha árvore.
Pedro estava impaciente para conhecer a
33
flor. Imaginava que devia ser muito bela para
lhe dar aquela sensação de felicidade.
— Tenho certeza de que ela tem a cor
violeta! — afirmou o jovem.
— Veremos, porém não será hoje que a
verá ... assim que cobrir os olhos, você sentirá
um pouco mais de seu belo perfume.
Pedro continuava intrigado, mas
conhecendo a bondade de seu novo amigo,
sabia que a qualquer momento ele o deixaria
descobrir os olhos para ver as delicadas pétalas.
Logo que aspirou profundamente o
perfume da suposta flor que Vilão habilmente
imitava com as mãos, Pedro teve a mesma
sensação indesejável. Com tonturas, recordou o
dia em que fumou o cigarro de seu avô.
Sentiu uma dor no abdome.
Tudo à sua volta começou a rodar
enquanto sua vista ia-se tornando cada vez mais
34
embaçada.
— Parece que tudo está ficando escuro —
refletiu.
Porém a enorme euforia causada pela
suposta flor fez com que ele se desinteressasse
pelo que estava acontecendo.
— Bem, vá para sua casa, ajude sua mãe
com os afazeres do lar e retome aqui amanhã.
Pedro voltou para casa muito eufórico
e notou no rosto de seus familiares as marcas
do sofrimento. Não eram tão felizes quanto ele.
Procurou integrar-se às atividades da casa.
Por ordem de sua mãe subiu no teto
para consertar o lugar onde teria uma goteira.
Uma enorme tormenta se aproximava. Quando
se achava no alto do telhado, as nuvens que
se acercavam chamaram-lhe a atenção e ele
ficou ali, distraído, com os olhos perdidos no
firmamento.
35
Depois de um largo espaço de tempo,
as gotas de chuva começaram a golpear-lhe
fortemente o rosto e ele despertou do devaneio.
Só então se deu conta de que já devia ter feito o
reparo, porém era tarde. Estava todo molhado e
precisava descer depressa.
— Pedro, por que demorou tanto tempo?
— perguntou-lhe a mãe.
Pedro não sabia o que responder. Em
instantes a água começou a inundar a casa, e
a mãe, entre gritos e reprovações, deixou seus
afazeres e correu para pôr uma panela no lugar
da goteira, mas sua cama já estava molhada.
— Pedro, que conserto você fez? Agora
terei que dormir com seus irmãos e amanhã
lavar e secar toda essa roupa molhada.
— Pedro se fechou no seu quarto um
pouco triste, pois o efeito de sua maravilhosa
flor começava se desfazer.
36
Capítulo IV
QUANDO A
OBSCURIDADE NÃO
DEIXA VER
De novo uma tarde de sol, com sua infinita
calidez, acompanha os passos de Pedro, com
tudo essa luz não iluminava o caminho do
bosque.
-Olá, Pedro, meu amigo! Conte-me, como
tem passado? – perguntou Vilão com falsa
jovialidade
-Um pouco triste. Não consigo estabelecer
um bom relacionamento com minha família,
tudo sai errado e não sei o que fazer.
— Não se preocupe! Agora, com o perfume
37
de minha flor, você sentirá um grande conforto.
Pedro não tinha com quem conversar sobre
o que lhe estava acontecendo. A alucinação
causada pela flor, mais a falta de diálogo no
lar e a necessidade de amigos verdadeiros que
pudessem ajudá-lo a vencer essas dificuldades
deixavam-lhe apenas um caminho: o do Vilão,
oportunista que ganhou sua confiança.
Os dias foram passando com o Vilão
sempre por perto e Pedro tendo sua vida cada
vez mais escura.
Numa tarde, o rapaz chegou ao lugar
de encontro muito impaciente e com uma
necessidade muito grande de se sentir bem.
Precisava aspirar o aroma da flor misteriosa!
-Pedro, você chegou tarde! O que está
acontecendo? Não posso esperá-lo eternamente!
Vilão já estava mostrando sua outra cara.
38
— Desculpe-me, é que estou ficando cada
vez mais lento.
Vilão tomou distância e com voz agressiva
e autoritária começou a gesticular em direção ao
desprotegido jovem, numa atitude inesperada e
dramática.
— Pedro, estou muito aborrecido com
você.
Nunca me pergunta se preciso de
alguma coisa, como me sinto ou qualquer
particularidade que se refira a mim, E eu sou
sempre tão generoso com você!
Pedro, com a consciência pesada, sentiu-
se egoísta e uma enorme angústia oprimiu-lhe
o estômago.
Vilão sentou-se na relva e, fingindo
tristeza, disse:
— Quero que você saiba que estou
39
atravessando uma situação econômica difícil,
tenho muitíssimos gastos, por isso preciso que
me consiga algum dinheiro.
Pedro perguntou surpreso:
— E onde conseguirei dinheiro se não
trabalho, e minha mãe ganha apenas o necessário
para sustento dela e de meus irmãos?
— Não me importa! — respondeu o Vilão
irritado.
— Hoje não deixarei você respirar de
minha flor, muito menos vê-la. Primeiro terá
que conseguir dinheiro.
Pedro afastou-se cabisbaixo e voltou para
sua casa sentindo-se muito infeliz.
A situação parecia-lhe difícil. Uma vez em
casa começou a ficar exaltado e um vazio imenso
tornou conta de todo o seu corpo.
Seu irmão tentou conversar com ele, mas
40
a conversa transformou-se em discussão, e os
dois acabaram numa briga de socos. A mãe,
preocupada com aquela situação, interveio
para esclarecer o incidente, porém Pedro não
entendeu a interferência materna e acabou
saindo de casa.
Sentiu uma necessidade enorme de
estar novamente tranqüilo e feliz, mas nada o
contentava. Apenas uma idéia agitava a sua
cabeça: respirar a flor desconhecida.
Desesperado para conseguir dinheiro,
pensou em vender alguns de seus objetos de
valor, entre os quais uma medalha da virgem
de Guadalupe que seu padrinho lhe dera de
presente. Mas o verdadeiro problema seria como
negociar porque era menor de idade. Dirigiu-se,
então, ao mercado popular para averiguar entre
as pessoas quem poderia ser comprador desses
41
objetos.
Depois de percorrer um trecho e falar com
alguns comerciantes, percebeu o quanto seria
difícil vendê-los. Ninguém queria comprar os
objetos por julgá-los sem valor ou roubados.
Uns comerciantes comentaram, depois
que Pedro saiu:
— Pobre jovem, em que problemas estará
envolvido?
— Você viu como estava nervoso?
— Sim. Está claro que anda metido em
alguma coisa errada.
Mas um moleque de aparência estranha
que observava Pedro atentamente, aproximou-
se dele perguntando:
— Tu tem uma da boa aí, sangue bom?
— Uns objetos e essa medalha.
— De quem tu descolou?
42
— Não pense mal de mim, esses objetos são
meus. Só decidi me desfazer deles. O moleque,
acostumado a essas situações e a tirar proveito
delas, observou os objetos dizendo:
-Quanto tu quê no bagulho?
— Não é bagulho. São coisas que não uso.
— Só interessa a medalha, que é ouro.
— É de ouro maciço!
— Tu num manja nada. E aí, quanto tu quê
no bagulho?
— Umas cinqüenta moedas.
— Ah! ah! Não vale! Te dou dez.
— Não, é muito pouco — responde Pedro
tentando se mostrar esperto.
— Se me pagar quinze, vendo outros
objetos.
O moleque, que fazia um ótimo negócio,
viu que poderia ganhar mais algum dinheiro.
43
— Tá, aceito. Toma lá seus quinze — e com
más intenções, fingindo bondade, disse a Pedro:
— Se aparecer mais alguma coisa, me dá
um toque.
Acompanhou Pedro até sua casa e se
despediu. Pedro entrou no lar humilde, trocou
de roupas rapidamente e correu para bosque ao
encontro do Vilão, que o recebeu dizendo:
— Como está, Pedro, meu amigo?
Conseguiu o dinheiro que lhe pedi?
— Sim, quinze moedas.
Um grave silêncio e Vilão perguntou:
— Nada mais? É muito pouco, não dá para
resolver meus problemas.
Pedro respondeu, atormentado:
— Não pude juntar mais, porém prometo-
lhe que vou conseguir.
— Está bem, desculpe ... mas você não
44
sabe quantos problemas urgentes que tenho que
resolver.
Vilão recuperou a cara de bom amigo.
— Venha, menino, deixarei que respire da
minha flor maravilhosa.
— Hoje poderei vê-la?
— Não, talvez outro dia, se conseguir mais
dinheiro.
Pedro aspirou novamente, de olhos
fechados, a flor de mentira e, da desagradável
sensação, passou ao maravilhoso vôo ao paraíso.
— Tenho outras coisas a fazer —
argumentou o Vilão saindo apressado.
Pedro, que via cada vez menos, voltou para
casa cambaleando, desfrutando a fascinante
sensação de prazer que a flor lhe proporcionava.
Quando entrou em casa, deparou com
45
sua mãe desesperada, em prantos, porque
toda a família sofria as conseqüências de um
acontecimento terrível.
— Mãe, que está acontecendo?
— Ah! meu filho, ainda bem que você não
estava em casa. Roubaram, levaram minhas
economias que eu guardava para alguma
necessidade urgente.
— Como foi isso?
— Arrebentaram a janela, disseram que
buscavam umas medalhas de ouro ou alguma
outra jóia, mas você sabe que eu só tinha as
alianças de casamento que eu tanto amava,
a recordação mais querida de seu pai. Agora
nunca mais vou recuperá-las.
O pranto de sua mãe produzia uma
enorme aflição em seus irmãos. Desconsolada
colocava um lenço umedecido sobre sua testa
46
dolorida enquanto os filhos menores choravam
e tremiam, assustados com o acontecido.
Pedro imaginava quem havia invadido
sua casa, mas a felicidade momentânea que
sentia minimizou o ocorrido, então foi para
seu quarto e atirou-se na cama para desfrutar a
única sensação que fazia feliz.
Quando amanheceu, tomou consciência
do triste acontecimento do dia anterior, mas
nem reagiu, prostrado pela ausência dos efeitos
da suposta flor mágica.
A mãe, muito aflita, não compreendia a
atitude do filho, que se mostrava indiferente
como se não tivesse carinho por sua família.
Pedro vivia novo momento de angústia,
cada minuto demorava para passar, o tempo
se arrastava pesado e sua vista cada vez mais
anuviada.
47
Durante todo o dia esteve pensando nos
seus problemas, porém o que mais o atormentava
era como conseguir dinheiro.
Depois de várias horas, seu corpo começou
a doer e diante de seu s olhos passavam,
nubladas, as imagens de sua infelicidade.
Num ato de desespero, correu à feira onde
os comerciantes ganham o seu sustento.
Andou por ali, fingindo-se distraído e, de
repente, aproveitando-se do descuido de um
deles e sem pensar nas conseqüências, roubou-
lhe o dinheiro e fugiu sem ser alcançado pelos
comerciantes que não o esqueceriam jamais.
O dinheiro roubado lhe garantiu várias
semanas de felicidade à custa da flor.
Vilão, satisfeito com o dinheiro que Pedro
vinha conseguindo, já pensava na possibilidade
de arrumar outro amigo para formar uma
48
equipe.
E como sempre os maus atos acabam mal,
essa não foi uma exceção.
49
Capítulo V
SÓ EXISTE A NOITE
QUANDO SE VÊ
Novamente, uma tarde de um belo sol
de Verão, que era cinza aos olhos de Pedro,
seria espectadora do horror dessa situação que
chegava ao fim.
Pedro aspirou a flor outra vez.
— Como se sente? — perguntou Vilão.
E Pedro, delirando deitado sobre a relva,
respondeu com voz muito baixa:
— Eu me sinto muito feliz, mas não sei o
que está acontecendo com meus olhos.
Vilão se aproximou, passou a mão diante
dos olhos de Pedro e comprovou que ele não via
50
mais nada.
— Pedro, vejo que você realmente é
um bom jovem. Agora lhe mostrarei a flor. –
improvisou alguns movimentos.
— E então, que acha?
Pedro se esforçou para ver, esfregou os
olhos, mas não conseguiu enxergar nada, muito
menos a flor.
Vilão se afastou de Pedro e, sem se
importar com sua terrível situação, disse-lhe:
— Ah! ah! Se você não pode ver nem
mesmo uma flor, não serve para nada. Vou
procurar outros jovens.
Pedro continuava deitado, alucinado
enquanto os efeitos amargos do PeDROGAno
iam passando.
Logo uma sensação de frio invadiu-lhe
o carpo e percorreu todos os ossos e, quando
51
quis levantar-se, suas pernas não agüentaram.
Começou a arrastar-se pela relva, apalpando
cada centímetro de espaços porque já estava
cego.
— Senhor, ajude-me! — implorava
Mas o malvado Vilão já tinha partido.
Então Pedro se deu conta de que estava só
e perdido na escuridão do frondoso bosque.
52
Capítulo VI
OUTRA OPORTUNIDADE
O sol se foi, mas Pedro não ficou sozinho
porque a noite veio fazer-lhe companhia.
Enquanto se arrastava, suas roupas se
enganchavam nos arbustos e ramos. Era como
se as unhas de horrendos zumbis saídos de
suas tumbas quisessem rasgar seu corpo. Cada
ruído lhe parecia um estrondo. O cantar dos
grilos se assemelhavam a horríveis gritos de
espanto que se misturavam aos seus gritos. E
quando um esquilo ou outro pequeno animal
lhe roçava, sentia como se ratazanas ferozes lhe
mastigassem o rosto, junto com insetos que lhe
entravam, aos milhares, pelas narinas.
Cada sensação era para ele um veículo
53
mortal, conduzindo-o para o fim.
Sua travessia era um inferno e não
conseguia reconhecer o caminho de casa. Seu
coração batia tão rápido que lhe golpeava a
garganta, deixando-o sem ar.
Mas um sutil e delicado perfume exalou
de uma flor bem próxima e lhe lembrou sua
mãe. Era o jasmim do bosque! Pedro acariciou
a flor com as mãos e chorou. Depois de um
demorado pranto, soube onde se achava e qual
seria o caminho a seguir.
— Quero ir para minha casa — soluçava,
com seu corpo empapado de suor e de lágrimas.
Por horas percorreu o difícil caminho até
sua casa e quando sentiu que tinha chegado a
porta, gritou, e sua família correu para socorrê-
lo.
— Filho de minha vida, que lhe aconteceu?
54
Ele apenas chorava, abraçado a sua mãe.
— Mãe, perdoe-me! Venho respirando
uma substância estranha que um desconhecido
me deu, pensando que fosse um perfume que
resolveria minha vida, mas, ao contrário, só
me causou mal, por minha culpa invadiram e
roubaram nossa casa. Eu, também, até roubei!
Pedro continuou expressando sua dor.
— Ai! mãe, estou tão dolorido! Meu corpo
está ferido e não posso ver.
Ela, que havia passado a noite acordada
esperando por seu filho que não chegava, sentiu
alívio porque imaginara o pior.
Os irmãos o abraçaram e com beijos e
expansões de carinho levaram-no até o quarto
para esperar o médico.
A mãe segurava um lencinho branco
que enrolava nervosamente entre os dedos,
55
enquanto dizia ao filho:
— Meu querido, não se preocupe. Logo
estará bem.
Depois de examinar Pedro, o médico
disse á família que, com paciência e sacrifício, o
rapaz melhoraria. Então, instruiu a mãe sobre o
tratamento:
— Os próximos meses serão difíceis,
principalmente porque a recuperação não
é rápida. O corpo perdeu muitas de suas
capacidades físicas, o dano causado pela droga
no sistema nervoso é grande e é possível que
deixe seqüelas.
Depois de Pedro receber cânulas e sondas
com soro e medicamentos específicos que lhe
causavam náuseas desagradáveis, começou a
lenta recuperação.
Uma tarde, enquanto esperavam pela hora
56
de visita, o irmãozinho de Pedro perguntou:
— Mãe, quanto tempo ainda falta?
— Não seja impaciente, faltam apenas
cinco minutos.
Nisso, um jovem da idade de Pedro se
aproximou.
— Olá! é aqui que Pedro está internado?
— Sim. Quem é você?
— Sou Toninho, um companheiro de classe,
e queria vê-lo, confortá-lo, pelo sofrimento que
está passando.
Entraram no hospital. Pedro, que esperava
aflito, cumprimentou a família. A mãe falou-lhe
da visita surpresa.
— Olá! Toninho, você veio me ver?
— Sim, queria saber como você estava.
Trouxe um livro para que você leia e o ajude
com suas reflexões.
57
Pedro se lembrou de que não podia ver e
chorou.
Toninho se desculpou, pois não sabia que
o amigo estava cego.
Depois de um breve intervalo, conseguiram
acalmá-lo e todos continuaram conversando
por longo tempo. Logo a família se retirou,
despedindo-se com calorosos beijos e abraços.
Toninho, um rapaz comedido, sensato e
muito humano em seus sentimentos, continuou
em companhia de Pedro.
— Sabe, Toninho, nunca pensei que você
poderia vir me ver. Sempre falei mal de você.
Pensava que por ser calado, conciliador, você
era um fraco e medroso. Mas me equivoquei,
como em quase todas as coisas.
— Não se sinta mal, por isso Pedro. Pense
no futuro. Os verdadeiros amigos são aqueles
58
que estão presentes nos momentos difíceis. E eu
sempre o admirei, você é tão ágil, tão habilidoso
com as mãos e desenha muito bem.
— Como você sabe?
— Jandira me mostrou uns desenhos que
você jogou no cesto de lixo há algum tempo
quando estavam no acampamento. Ela os
recolheu e guardou com seus pertences.
Novamente Pedro descobria outra que o
queria bem. Quantas mais seriam?
Às vezes nossas próprias dúvidas nos
impedem de ver a realidade que sempre tem um
aspecto positivo.
Com o tempo Pedro foi-se recuperando
parcialmente e passou do hospital para o centro
de reabilitação.
Alguns rapazes que padeciam da mesma
enfermidade vieram ao seu encontro.
59
-Olá, Pedro, viemos dar-lhe as boas-
vindas.
Depois de si conhecerem e identificar cada
um pelos seus nomes, os jovens se reuniram
numa sala e contaram suas experiências para
que pudessem, juntos, analisá-las e refletir sobre
elas.
Quando chegou a vez de Pedro, ele sentiu
muita vergonha, mas não escondeu a verdade
sobre sua flor e tudo o que aconteceu com ele.
O psicólogo que coordenava o debate
recordou-lhes, exortando-os à reflexão, que,
sempre, as armadilhas para introduzirem os
jovens nas drogas são suas próprias necessidades.
De acordo com esse raciocínio, completou:
— Jovens, não se julguem ingênuos pelo
que lhes aconteceu. Lembrem-se de que para
satisfazer seus anseios, conseguir o que desejam
60
e resolver os problemas, que sempre são muitos
e difíceis, é preciso tempo e esforço. A passagem
da infância a idade adulta é tão rápida e tão fugaz
que pensam que assim também é o caminho que
devem percorrer para atingir suas metas.
— As drogas nos dão enfermidades
e nos tiram o amor, a felicidade, a energia.
Transtornam as nossas vidas e a vida das
pessoas que amamos.
Quando nos encontramos diante de um
grave problema, de uma grande aflição, devemos
procurar uma pessoa da família, um amigo, um
orientador religioso, um professor. Jamais um
estranho com quem não temos nenhum vínculo!
— Mas e se não nos damos bem com nossos
pais e com as outra pessoas? — Perguntou um
dos jovens.
— Não nos entendermos com nossos pais
61
não significa que não possamos contar a eles
os nossos problemas. É preciso fazer das tripas
coração e falar sempre com coragem e com
franqueza.
— Vocês são fortes e boas pessoas. Deve
haver alguém em quem confiar e contar o que
lhes acontece.
— E se nossa aflição é pela morte de um
ser querido? — perguntou Pedro, timidamente.
— Se amamos muito alguém que partiu, é
porque essa pessoa possuía valores, qualidades
que admiramos e, se tivemos a sorte de ter uma
pessoa assim ao nosso lado, é porque fomos
privilegiados. Então temos que apoiar nossa
resignação nos exemplos bonitos que ela nos
deixou.
Sejamos os primeiros a amar. Se todos
ficamos esperando que os outros nos amem
62
primeiro, para depois retribuirmos, quem amará
a quem?
Se damos nosso afeto sem restrição, em
troca recebemos a mágica ação do amor.
Pedro, enquanto estava internado para
sua recuperação, conheceu muitos outros jovens
com problemas iguais ao seu e, dividindo
com eles as diversidade dos acontecimentos
passados, aprendeu muito sobre seus próprios
limites.
Foi um menino de sorte porque sua família
e seus amigos o acompanharam com todo seu
amor e carinho e ele teve uma enorme forca de
vontade para seguir adiante.
O tempo passou e graças a sua família,
aos médicos e a instituição que o acompanhou,
Pedro conseguiu se libertar do terrível mal
que transtornou sua vida. E ainda que tenha
63
recuperado parcialmente sua vista e enxergue
um pouco menos, pode-se dizer que Pedro
ganhou!
64
TRABALHO
Este trabalho pedagógico foi realizado
pelo gabinete interdisciplinar, dirigido pela
PhD. Liliana Inés Pettinati, que coordena o autor
do livro.
65
CARTA AO EDUCADOR
É de interesse fundamental o tema sobre os
males que afligem as crianças e os adolescentes.
Começou-se a trabalhar, com alunos de
várias escolas, o tópico “A droga e seus efeitos”.
Este material é usado para reforçar a tarefa de
conscientização.
Não se deve esquecer de que a-dictium em
latim significa “no direito”, por essa razão se vê
ao adolescente drogado alguém que não pode
expressar o que sente ou pensa, por bloqueios
emocionais, familiares ou sociais.
Para realizar um trabalho organizado e
metódico, estabeleceram-se alguns itens que
devem ser considerado:
66
• A droga como um mal na sociedade. Para
erradicá-la, devem-se utilizar as ferramentas
apropriadas de conformidade com aqueles de
quem se está tratando.
• Deve-se pensar no drogado ou
naquele que pode chegar a consumir tóxicos
como alguém integrado na sociedade sem
possibilidades de crescer, criar ou viver na
realidade por causa de uma enfermidade. Trata-
se de inculcar em seus semelhantes o conceito
de “Não marginalizados“ a fim de não produzir
um dano maior e, talvez irreparável
• Na vida escolar aparece refletida a
sociedade em todos os seus matizes, indicadores
específicos e códigos de conduta.
• Não se pode esquecer de que no mundo
há um movimento (Un trabalho) em prol da paz
e em defesa da integridade e dos direitos da
67
criança, o qual se converte em um compromisso
de responsabilidade para os adultos e as
instituições. Além disso, os alunos dependentes
de drogas devem ser encaminhados a fundações
e estabelecimentos que se dediquem a ajudá-los.
É imprescindível o trabalho com organismos de
segurança competentes que nos ajudem a conter
a dependência.
• É uma atividade que compete a todos e
desafia cada pessoa a construir um mundo mais
sadio e mais justo, para o bem comum.
• O melhor caminho para começar a
conscientizar os adolescentes e os pais surge
de propostas diversas. O livro e sua leitura, os
comentários sobre o que foi lido, abrem a mente
e permitem um espaço de reflexão importante.
• Parte de uma história que alegoricamente
induz o leitor a adentrar num mundo de
“claro escuro” a fim de classificar em conjunto
68
adolescentes, educadores e pais.
• A opinião dos alunos sobre o livro
permite que os professores possam responder
de forma simples e prática a uma demanda
grave da sociedade atual.
69
PROPOSTA DE
TRABALHO
Questões alegóricas de cada capítulo de
“PeDORGAno”
▫ Explicar o conceito de alegoria e por que se
emprega nesse caso.
▫ Orientar os alunos para que elaborem uma
síntese do que leram.
▫ Explicar a diferença entre resumo e síntese.
1) O que significa o bosque?
2) Que representa a flor?
▫ Qual é seu referente na realidade? Explique o
termo “referente”.
70
▫ 3) Por que Pedro não pede ajuda?
▫ 4) Quando se tentou mudar a situação de
Pedro? E quem o fez?
▫ 5) Qual a moral da obra?
Questões para incorporar referentes intelectuais preventivos
▫ 1) Que entendemos por droga em relação a
medicamentos?
A. Qual é o papel do médico na sociedade?
B. Por que se estabelece que os
medicamentos só podem ser prescritos
por um médico?
▫ 2) Existe uma flor ou alguma coisa mágica que
nos resolva os problemas?
71
A. Por que você pensa que Pedro escolheu
esta realidade?
B. Você conhece alguém como Pedro?
▫ 3) Existem pessoas como o Vilão deste livro?
(Justifique a resposta)
A. O que você deveria fazer se conhecesse
alguém como Pedro?
B. O que você deveria fazer se seu amigo
lhe dissesse que conhece alguém assim?
▫ 4) O que é dependência?
A. E fácil tornar-se dependente? Por que?
B. E difícil sair de uma dependência?
▫ 5) O, uso de drogas afeta a saúde?
A. Quais são as doenças resultantes do uso
de drogas que você conhece?
B. Você conhece alguém que sofre desse
mal?
72
▫ 6) O que você deveria fazer se isso estivesse
lhe acontecendo?
A. Que deveria fazer se estivesse
acontecendo a um amigo?
B. Com quem você falaria sobre seu
amigo?
C. As drogas dão-lhe momentos de
felicidade, alegria, euforia e fortaleza.
Em troca de que? Escreva uma redação
expressando a resposta.
▫ 7) Você gostou do livro? Por quê?
73
SUGESTÕES
PEDAGÓGICAS
Metodologia do Trabalho - Técnicas a
Implementar
O assunto do livro se relaciona com
disciplinas que abordam os temas da ética,
da moral e do cidadão, delineando as
transversalidade que abrangem a instituição em
sua totalidade.
Para atingir es se objetivo, parte-se
da “teoria da construção” integrando dessa
maneira todos os setores escolares.
É sabido que os programas extensos se
“cumprem” por exigências Ministeriais. Não
obstante, o professor pode eleger eticamente o
74
seguinte: Institucionalizar um tempo específico
com regularidade, para trabalhar o livro durante
o ano todo.
75
PROPOSTAS
DE TRABALHO
COMUNITÁRIAS
Estabelecer o caráter participativo na
família, instituições, etc. Para trabalhar acerca
desse tema de maneira concreta e sistemática.
Esse ato abrangente garante didaticamente que
o projeto seja eficaz.
Propostas de trabalho para os alunos:
▫ Dramatização para traçar e resolver conflitos
humanos.
▫ Teatro com marionetes. Os alunos maiores
podem confeccioná-los para os menores.
76
▫ Conversações imaginárias com o personagem
protagonista e/ou os demais personagens do
livro.
▫ Elaboração de cartazes para prevenir as drogas
e favorecer a saúde.
▫ Tarefas interdisciplinares: teatro, música,
literatura, etc.
77
SUGESTÕES FINAIS
O livro é uma ferramenta útil para erradicar
a droga, uma vez que permite conscientizar o
aluno, mediante processos emocionais, acerca
de um mal que o assedia constantemente.
Educar as emoções através de sentimentos
sadios tanto do ponto de vista pessoal como
social.
Recordar que se entra na droga por prazer,
mas que este é efêmero e depois traz dor, e
marginalidade. Insistir neste aspecto.
Formular perguntas alegóricas sobre cada
capítulo para que os alunos respondam. Dessa
maneira privilegia-se o tema da droga para
universalizá-lo. Esta situação proporciona ao
78
aluno não apenas esclarecimento mental como
também psíquico. Dessa forma, pensamento e
sentimento vão ocupando o lugar das neuroses
que provocam os males dos tempos atuais.
79
CURRICULUM VITAE
Liliana Inés Pettinati. PHD, Ar (1951) é
pedagoga de Língua-Ética na faculdade Del
Salvador (Ar)
Trabalha com adolescentes envolvidos
com drogas em equipe interdisciplinar.
Também com alunos de instituições do governo
dependentes de menoridade e a família.
Colaborou como diretora de conflitos humanos
em projetos Ministeriais.
Jorge Parada, Ar.Es (1959) Médico
Fisioterapeuta, formado em psicologia e
pedagogia. Escritor e Artista Plástico. Autor
de livros de Literatura, aplicada aos Processos
80
Emocionais para a formação da personalidade
utilizados na educação. Seu livro “ O anjinho
que tinha uma asa só” deu-lhe o reconhecimento
internacional.
www.jorgeparada.org
E-mail: [email protected]
81
82
84
Jorge Parada
PEdrogaNO
Incorporar na educação infanto-juvenil o tema
da droga dependência é a função desde livro,
PEdrogaNO que tem como característica
fundamental; usar a sensibilidade e a emoção
como instrumento reflexivo, marcando um
ponto de atenção sobre as experiência que
transcorre. Ela nos conta a estória de um me-
nino muito imaginativo e sensível que ampara
seus problemas respirando o mágico perfume
da flor do PEdrogaNO.
Seu autor Jorge Parada criador do “Anjinho
que tinha uma asa só” sustenta que a capaci-
dade formadora que possue as experiências
emotivas, são as ferramentas mais eficientes
que possue na educação. Porque incorpora no
leitor uma virtuosa forma de conscientizar te-
mas profundos.
9 788494 1792669 788494 179266