discurso e representação da identidade indígena na ... discurso e representação da identidade...
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Discurso e Representação da Identidade Indígena na Aparelhagem Tuxaua1
Jairo da Silva e Silva
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Neusa Gonzaga de Santana Pressler3
RESUMO
Este artigo é um recorte de minha dissertação do mestrado em Comunicação, Linguagens e
Cultura, intitulada É o Guerreiro da Galera: Discurso e Representação da Identidade Indígena
na Aparelhagem Tuxaua, na Universidade da Amazônia, da linha de pesquisa Análise
Discursiva de Processos Culturais. Tem como objetivo analisar os discursos sobre o índio na
Aparelhagem Tuxaua, pois apesar de muitos estudos sobre o universo das aparelhagens e suas
significações, poucos tratam especificamente da representação indígena. Sob a perspectiva da
Análise do Discurso de linha francesa, pautado em princípios teóricos e metodológicos
postulados pelos filósofos Michel Pêcheux e Michel Foucault, analiso as materialidades
discursivas da/na Aparelhagem Tuxaua, em diálogo com os Estudos Culturais, sobretudo
reflexões teóricas sobre identidade cultural, contextualizando as aparelhagens e suas
particularidades. A partir destas análises, este trabalho sugere que mesmo silenciando e
estereotipando a voz indígena, quanto à recepção de seus freqüentadores, é motivo de orgulho
assumir uma identidade indígena.
Palavras-chave: Aparelhagem Tuxaua; Análise do Discurso; Identidade Cultural;
Representação da Identidade Indígena.
Considerações Iniciais: Do estranhamento à pesquisa
Na metade do mês de fevereiro de 2008, eu vim pela primeira vez à cidade de
Abaetetuba, (região tocantina do estado do Pará), estava terminando minha graduação em
Letras Língua Portuguesa/Espanhola e suas Literaturas na Universidade Estadual do Maranhão,
vim fazer a prova do concurso para professor de língua espanhola na Secretaria Estadual de
Educação. Fui aprovado e em agosto daquele mesmo ano, mais especificamente no dia 28,
tomei posse e comecei a ensinar a língua de nuestros hermanos na rede pública estadual.
Ao chegar às escolas – naquela época trabalhava em três (Escola Estadual Esmerina
Bou-Habib, Escola Estadual Leônidas Monte e Escola Estadual Terezinha de Jesus Ferreira
1 Trabalho apresentado na Divisão Temática “Culturas urbanas: teorias, reconfigurações e discursos”, durante o
Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas 2012, realizado no Espaço Benedito Nunes, na Saraiva
MegaStore, de 20 a 23 de novembro de 2012. 2 Mestrando em Comunicação, Linguagens e Cultura. Universidade da Amazônia - UNAMA. E-mail.:
[email protected] 3 Orientadora do trabalho. Doutora em Ciência Socioambiental pela UFPA. Professora da Universidade da
Amazônia. - UNAMA. E-mail: [email protected]
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Lima) –, a maioria dos alunos levavam consigo seus telefones celulares ou mp3 – prática ainda
bastante usual – ouvindo e “curtindo” os tecnomelodys mais escutados no momento. Na escola
onde eu tinha a maior carga horária, Escola Estadual Leônidas Monte, há uma rádio escolar
que durante o intervalo toca tecnobrega/tecnomelody a pedido dos alunos.
Tudo isso era de certa forma “novidade” e marcava um momento de estranhamento,
pois eu nunca havia tido contato com este universo: aparelhagens, tecnobregas, tecnomelodys,
equipes, etc.
Apesar de ter nascido no interior do Maranhão, desde meus seis anos de idade morava
na capital do estado, São Luís, conhecida nacionalmente pelo título de Jamaica Brasileira,
referência a sua paixão ao gênero musical reggae jamaicano. A cidade é famosa nacional e
internacionalmente pela manifestação do bumba-meu-boi. Embora estas manifestações
populares de São Luís façam parte de minha história, até chegar ao estado do Pará, nunca havia
me interessado em estudar práticas culturais e discursivas que se organizam a partir de um
gênero musical popular.
Na minha experiência no Pará, após um ano escutando tecnobregas e tecnomelodys no
ônibus, na escola, na praça, na praia, em bares, etc. praticamente todos os dias, de forma
inconsciente (ou consciente mesmo?) passei a me familiarizar com o gênero, pois de vez em
quando me surpreendia cantando ou até sacudindo o corpo ao ouvir estas músicas. Até que em
maio de 2009, eu fui pela primeira vez a uma festa de aparelhagem, meu Deus do céu! Parecia
coisa de outro mundo! Confesso que nunca tinha visto nada igual. Para falar a verdade, fui
temendo que acontecesse alguma coisa, pois alguns comentavam que não freqüentavam esse
tipo de festa pelo fato de que geralmente seus freqüentadores brigavam, no início, durante ou
no final da festa. Estava muito curioso, queria ver todos os lances, entender todos os
significados, foi em uma casa de festa chamada Clube Tietê, era a aparelhagem Mega Príncipe
Negro – hoje com o nome de Mega Príncipe 360º Graus, comandada pelos DJs e irmãos
Edílson e Edíelson –. Fiquei ali até o final da festa, maravilhado com tudo que via e ouvia.
Em fevereiro de 2011 fui admitido no Mestrado em Comunicação, Linguagens e
Cultura da Universidade da Amazônia, sob a perspectiva da Linha de Pesquisa Análise
Discursiva de Processos Culturais. A princípio, o meu pré-projeto de pesquisa trataria da
análise do discurso midiático sobre a Amazônia a partir de reportagens da Rede Globo de
Televisão. Aos finais de semana, sempre que podia freqüentava as festas da Aparelhagem
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fenômeno em Abaetetuba, Tuxaua, e comecei a perceber algo intrigante e questionador:
enquanto a Rede Globo construía um imaginário coletivo amazônico baseado em estereotipias
e preconceitos, outros segmentos culturais reafirmavam a identidade indígena, pois mesmo não
sendo indígena, a Aparelhagem Tuxaua exalta esta identidade e desperta em seus adeptos o
orgulho em sê-lo.
Após alguns encontros e desencontros em meu pré-projeto de pesquisa sobre a análise
discursiva midiática sobre a Amazônia, solicitei à Reitoria de Pós-Graduação da UNAMA, e à
Coordenação do Mestrado, que apreciassem minha intenção em estudar os processos
discursivos na Aparelhagem Tuxaua e sua afirmação da identidade indígena.
Prontamente fui atendido e sob a ótica da Análise do Discurso de linha francesa,
pautado em princípios teóricos e metodológicos postulados pelo filósofo francês Michel
Foucault em sua Arqueologia do Saber, livro publicado em 1969, analiso as materialidades
discursivas da/na Aparelhagem Tuxaua e quais são as produções de sentidos que se constroem
a partir destas materialidades.
Em seu método arqueológico, ao teorizar sobre o discurso, Foucault, postula que o
discurso é o espaço em que saber e poder se articulam, ou seja, quem fala, fala de algum lugar,
a partir de um direito reconhecido institucionalmente (GREGOLIN, 2003, p. 12). Assim, tenho
freqüentado a Aparelhagem Tuxaua não mais como um simples expectador, mas como
pesquisador, subsidiado por ferramentas categóricas da Análise do Discurso a fim de buscar
respostas às indagações como: O que se diz e o que não se diz sobre o índio na aparelhagem?
De que lugares se enunciam estas representações? Até que ponto a aparelhagem materializa a
identidade indígena? Quais são as produções de sentido das materialidades visuais e das letras
dos tecnobregas/tecnomelodys com a temática indígena?
APARELHAGENS: “Tuxaua, o guerreiro da galera!”
Buscando um conceito para Aparelhagem, nos apropriamos à descrição de um dos
grandes estudiosos do assunto, o professor da Faculdade de História da Universidade Federal
do Pará, Antônio Maurício da Costa, que em sua tese de doutorado em Antropologia, intitulada
Festa na Cidade: o circuito bregueiro de Belém do Pará, afirma:
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A definição mais simples de aparelhagem é a que considera a sua função:
um equipamento de som autônomo que faz a sonorização de diversas festas. A unidade de controle é o ponto central da aparelhagem, hoje
produzida no feitio de uma “nave espacial”, um “disco voador” que simula
decolagem no ponto alto das festas. Em geral, o equipamento é composto por uma mesa de som, equalizadores, televisões, computadores (para a
programação das músicas), letreiros eletrônicos e/ou letreiros fixos,
iluminação de discoteca para a área próxima à unidade e iluminação interna de diversos pontos do equipamento em várias cores. Num sentido
amplo, as aparelhagens são empresas familiares que envolvem diversos
funcionários específicos e equipamentos subsidiários. (COSTA, 2006, p.
95)
Segundo Andrey Faro de Lima, em sua dissertação de Mestrado em Antropologia
Social, intitulada É a Festa das Aparelhagens! - Performances Culturais e Discursos Sociais,
sobre a quantidade de aparelhagens: “Há em todo estado do Pará aproximadamente duas mil
aparelhagens que se diferenciam pelo ‘estilo’ de festas a que se propõem, pelo público que
atraem e por suas dimensões e feições diversas.” (LIMA, 2008, p.20)
Deste universo, várias aparelhagens, tanto de grande porte – as denominadas
superaparelhagens – quanto às de médio e/ou pequeno porte, possuem o nome relacionado à
representação indígena, exemplificamos com as aparelhagens Hiper Tupinambá, Guerreiro
Tuxaua, Tribo Som, Guerreiro Guarani, Guerreiro Guajará,, Guerreirão de Icoaraci, etc.
Entre as aparelhagens que possuem o nome indígena, apesar da Hiper Tupinambá, ser
a mais antiga, mais conhecida, mais expressiva, mais famosa, ser a maior, preferi não analisá-
la, pelo fato de que a maioria, se não, quase todos os trabalhos acadêmicos sobre o universo das
aparelhagens, geralmente abordam somente o espaço capital do estado – Belém – , e as
conhecidas superaparelhagens, a saber: Super Pop, Mega Princípe, Rubi, inclusive Hiper
Tupinambá. Olvidando de outras aparelhagens do interior do estado, que mantém vários
adeptos. É o caso da aparelhagem Guerreiro Tuxaua, da cidade de Barcarena, que a cada dia se
consagra como uma das maiores do interior do estado, e consegue manter um público fiel na
região nordeste do Pará.
A fim de conceituarmos o termo Tuxaua, recorremos à internet, encontramos no site
do Ministério da Cultura uma definição para o termo indígena Tuxaua:
Tuxáua é um termo que varia de uma tribo a outra, na história, na cultura, na sociabilidade, nas relações que se constituíram e que se constroem. Tendo nos
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últimos anos o termo caindo em desuso em algumas aldeias, e o significado
mais freqüente que lhe foi dado (em algumas aldeias) é o de capataz e está sempre associado à idéia de um preposto do patrão, quando da relação da
exploração de seringueiras e dos trabalhos dos demais indígenas. Porém
Tuxáua, também é sinônimo de Cacique, é autoridade máxima da tribo, é quem resolve conflitos, convoca reuniões, marca festas e rituais, orienta as
atividades agrícolas, manda construir casas, hospeda visitantes. E tal liderança
do Tuxáua caracteriza-se pela forma consensual como é exercida. O chefe, cacique, pajé ou tuxáua, é uma das lideranças que contribui para a ordenação
e a harmonização da vida cotidiana na aldeia, especialmente no que concerne
às questões ligadas à subsistência. (CARTA TUXÁUA, 2010)
A edição eletrônica do Amazônia Jornal do dia 02/01/2006, traz em seu site:
O guerreiro Tuxaua. A grande sensação do momento, em Barcarena é a
Aparelhagem Guerreiro Tuxaua, que vem detonando todas as balas nos fins de
semana animados daquele município. Amparada por diversas inovações tecnológicas, o 'Som Que Faz a Tribo Dançar', como também é conhecida, já
arrebata multidões por onde se apresenta, uma opção a mais para diversão
sadia da galera daquela região. (Amazônia Jornal, 02/01/2006)
Assim, como muitas aparelhagens, Tuxaua é um empreendimento familiar (outras
também o são, é o caso das conhecidas superaparelhagens: Super Pop, Rubi, Mega Princípe,
Hiper Tupinambá), pertence a um político de Barcarena, o vereador João Maciel Batista, mais
conhecido como Abaeté, e a sua esposa Odilair Pantoja. A aparelhagem surgiu em janeiro de
2006, comandada pelos DJs Silvinho e Darlan, e hoje é uma empresa reconhecida em cartório,
com CNPJ e todos os trâmites legais, gerando assim vínculo empregatício diretamente a 28
pessoas que trabalham na aparelhagem. Hoje, se apresenta pelo menos umas 12 vezes ao mês, é
comandada por três DJs, os auxiliares Joãozinho e Mauri e o principal, DJ Daniel. Daniel
comanda o Tuxaua desde fevereiro de 2010, e tem contrato assinado até dezembro de 2015.
Andrey Lima define as festas de aparelhagens como:
um complexo de práticas e relações sócio-significativas, construídas,
desenvolvidas e reproduzidas cotidianamente por mecanismos e recursos estético-performáticos que se direcionam e se condensam numa ordem
festiva específica, a partir da relação que se estabelece entre público e
aparelhagens. Como motor e conseqüência desta relação e experiência verdadeiramente estética, têm-se a dimensão pública que lhe é inerente.
(LIMA, 2006, p.78)
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Assim, as festas de aparelhagem assumem várias categorias semânticas, como o
espaço, a performance e a relação social. Em relação ao espaço, a Aparelhagem Tuxaua, se
apresenta tanto nos grandes ou pequenos clubes, em balneários, na região das ilhas, em
festivais, entre outros.
A performance e as relações sociais são dada pela mediação do DJ Daniel, o que
ocasiona a identificação indígena, o DJ faz diversas práticas gestuais coreográficas e usa
adornos e adereços indígenas, inclusive, ressalta-se que o design da aparelhagem é no formato
de duas flechas, remetendo ao uso dos instrumentos de caça dos índios. Os fãs, por sua vez,
fazem as mesmas coreografias, assumindo assim, a identidade indígena, além do mais, é
comum no início da festa a distribuição de vários elementos que remetem a identidade do
índio, como cocares, miniaturas de arco e flecha, adereços indígenas.
ANÁLISE DO DISCURSO , SUBJETIVIDADE E IDENTIDADE: Concepções Teóricas e
Métodos Analíticos
Conforme já mencionado, o embasamento teórico desta pesquisa está fundamentado
nos pressupostos da Análise do Discurso de linha francesa (doravante AD), baseada nos
estudos sobre discurso, história e sociedade dos filósofos Michel Foucault e Michel Pechêux.
Pautamo-nos em textos da pesquisadora Maria do Rosário Gregolin que estabelece uma
aproximação entre os escritos de Foucault e Pechêux, reconhecendo que mesmo havendo
diferenças, estes estudos dialogam e se aproximam em suas categorias teóricas, filosóficas e
metodológicas, garantindo dessa forma, o sustentáculo teórico da AD. Assim, ainda que
brevemente, é fundamental que se discorra os principais conceitos utilizados na AD.
Segundo Maldidier (1997), a história da AD francesa surge no final dos anos 60,
através de uma “dupla fundação” por parte do lingüista e lexicógrafo Jean Dubois e do filósofo
Michel Pêcheux. Ambos eram ligados ao marxismo e à política.
Conforme Pêcheux e Fuchs (1990), o quadro epistemológico da AD surge na
articulação de três regiões do conhecimento científico:
1. O materialismo histórico, como teoria das formações sociais e de suas
transformações, compreendida aí a teoria das ideologias; 2. A lingüística, como teoria dos mecanismos sintáticos e dos processos de enunciação ao
mesmo tempo; 3. A teoria do discurso, como teoria da determinação histórica
dos processos semânticos. (PÊCHEUX e FUCHS, 1990, p. 163-64)
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Segundo Gregolin (2003) os nomes fundamentalmente para o alicerce da AD derivada
de Pêcheux e que vão influenciar suas propostas:
Althusser com sua releitura das teses marxistas; Foucault com a noção de
formação discursiva, da qual derivam vários outros conceitos (interdiscurso; memória discursiva; práticas discursivas); Lacan e sua leitura das teses de
Freud sobre o inconsciente, com a formulação de que ele é estruturado por
uma linguagem; Bakhtin e o fundamento dialógico da linguagem, que leva a AD a tratar da heterogeneidade constitutiva do discurso. (GREGOLIN, 2003,
p. 25, grifo da autora)
Assim, ao recorrer a estas regiões de conhecimento científico, a AD apresenta a
linguagem como não-transparente, pois a relação língua-discurso-ideologia garante sua
materialidade. Vale ressaltar que o foco de atenção da AD é o texto, constituído de
materialidade significante na história, por isso é necessário pensar a questão da produção de
sentidos, o que não está pronto, mas é construído a partir da relação entre o texto e sua
exterioridade. Desta forma, cabe a AD verificar de que modo ocorre a produção do discurso,
como ele se dá no seu fazer histórico e social em que se insere e produz sentidos.
O sujeito da AD é um sujeito discursivo, essencialmente histórico e ideológico, que
tem a ilusão de ser a fonte do sentido, mas que representa na sua fala um tempo e um espaço
social em que está inserido. Sua fala é um recorte das representações históricas de um tempo
histórico, e o seu discurso se situa em relação a outros discursos historicamente constituídos e
proferidos anteriormente. Portanto, é possível dizer que o sujeito da AD não é senhor e nem
origem do seu dizer, mas é um sujeito clivado, dividido e interpelado pela ideologia.
(GREGOLIN, 2006).
Outro conceito fundamental para os métodos analíticos da AD é condições de
produção. A AD não considera o sentido como um elemento imanente ao texto, isto é, o
sentido é relacionado ao exterior. Para Pêcheux (1997a, p. 77): “um discurso é sempre
pronunciado a partir de condições de produção dadas.” O que significa afirmar que o discurso
por si só não significa.
Segundo Eni Orlandi:
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os dizeres não são como dissemos, apenas mensagens a serem decodificadas.
São efeitos de sentidos que são produzidos em condições determinadas e que estão de alguma forma presentes no modo como se diz, deixando vestígios
que o analista de discurso tem de apreender. São pistas que ele aprende a
seguir para compreender os sentidos aí produzidos, pondo em relação o dizer com sua exterioridade, suas condições de produção. Esses sentidos têm a ver
com o que dito ali, mas também em outros lugares, assim como com o que
não é dito, e com o que poderia ser dito e não foi. (ORLANDI 2000, p. 30)
Desta forma, afirma-se que o objetivo da AD não é apenas com o que foi dito, mas,
especificamente com o como foi dito e por que foi dito, isto é, suas condições de produção.
Pêcheux postula o conceito de condições de produção para explicar como se dá o processo de
produção do discurso:
[...] É impossível analisar um discurso como um texto, isto é, como uma
seqüência lingüística fechada sobre si mesma, mas que é necessário referi-lo
ao conjunto de discursos possíveis a partir de um estado definido das condições de produção. (PÊCHEUX, [1969] 1990a, p. 79).
Assim, a AD compreende como condições de produção, os interlocutores, a situação,
o contexto histórico-social e o ideológico. Isto é, analisar um discurso significa analisar este
contexto, pois é a partir dele que se obtém a produção dos sentidos.
Outro conceito fundamental para a compreensão do funcionamento do discurso, da
sua relação com o sujeito e com a ideologia, é o interdiscurso. Pois é por meio do interdiscurso
que se estabelece uma relação do discurso com outros múltiplos discursos, pois ainda que de
forma inconsciente, ou esquecida, o sujeito utiliza já-ditos, os quais recebem novos
significados e vão possibilitar o dizer.
Ao discutir a relação entre o discurso e o “já-dito”, Pêcheux postula que os processos
discursivos se constituem a partir de algo dito anteriormente, em outro lugar, proveniente de
outros enunciadores. (GREGOLIN, 2001)
Segundo Gregolin: “O interdiscurso designa o espaço discursivo e ideológico no qual
se desenvolvem as formações discursivas em função de relações de dominação, subordinação,
contradição” (GREGOLIN, 2001, p. 18). O que significa dizer, que o interdiscurso
disponibiliza dizeres que afetam a produção de sentido e seus efeitos em determinada situação
discursiva.
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O conceito de interdiscurso está fundamentalmente relacionado ao conceito de
memória discursiva. Para Gregolin a memória da AD “não é pensada em seus aspectos
psíquicos ou neurobiológicos; trata-se de entender o estatuto social da memória como condição
de seu funcionamento discursivo na produção textual dos acontecimentos”. (GREGOLIN,
2006, p. 168).
Outro conceito a ser utilizado nesta pesquisa é formação discursiva (doravante FD).
Segundo Gregolin (2006) o FD é um lugar teórico que torna visível a relação entre Michel
Pêcheux e Michel Foucault na construção da teoria e análise do discurso. Pois é central para o
desenvolvimento do edifício teórico da AD, por que sinaliza a constante refacção a que a teoria
do discurso foi submetida na obra de Pêcheux, já que, por meio das reconfigurações desse
conceito, ele trabalha a linha tênue entre a regularidade e a instabilidade dos sentidos no
discurso.
O conceito de formação discursiva foi formulado por Foucault, em Arqueologia do
Saber (1969). Desenvolveu essa concepção como um dispositivo metodológico para a análise
arqueológica dos discursos, que o definia como:
No caso em que se puder descrever, entre um certo número de enunciados, semelhante sistema de dispersão e, no caso em que entre os objetos, os tipos
de enunciação, os conceitos, as escolhas temáticas se puder definir uma
regularidade (uma ordem, correlações, posições e funcionamentos, transformações) diremos, por convenção, que se trata de uma formação
discursiva ... (FOUCAULT, 1969, p.43).
Para a AD a formação discursiva não deve ser entendida como a “visão de mundo” de
um determinado grupo social, mas como um domínio inconsistente, aberto e instável, dado a
partir da dispersão, na heterogeneidade dos lugares que enunciados pelo sujeito, ressaltando-se
a sua posição enquanto enunciador.
Sobre FD, Pêcheux afirma:
A noção de formação discursiva, tomada de empréstimo de Foucault, começa
a fazer explodir a noção de máquina estrutural fechada na medida em que o
dispositivo da FD está em relação paradoxal com seu “exterior”: uma FD não
é um espaço estrutural fechado, pois é constitutivamente “invadida” por elementos que vêm de outro lugar (isto é, de outras FD) que se repetem nela,
fornecendo-lhe suas evidências discursivas fundamentais (por exemplo, sob a
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forma de “pré-construídos” e de “discursos transversos”). (PÊCHEUX, [1983]
1990b, p. 314).
Assim, a FD ao ser concebida como uma dispersão, Pêcheux (1990) propõe que a AD
tome como objeto “as invasões, os atravessamentos constitutivos” da “pluralidade
contraditórias, desigual e interiormente subordinada de formações discursivas”.
Continuando sua releitura de Foucault (1969), Courtine (1981) ao estabelecer o
diálogo entre Pêcheux e Foucault, propõe pensar a FD como “fronteiras que se deslocam”
mediada pela memória discursiva. Para Gregolin:
Trata-se, portanto, de inserir no coração da noção de FD a problemática da
memória cujo trabalho produz a lembrança ou o esquecimento, a reiteração ou o silenciamento de enunciados. Articulado a essa tese fundamental do papel
da memória, todo um conjunto de noções foucaultianas é integrado ao
conceito de FD (acontecimento, práticas discursivas, arquivo etc.)
fortalecendo a idéia de uma articulação dialética entre singularidade e repetição, regularidade e dispersão. (GREGOLIN, 2006)
Desta forma, para a AD, a FD é o que determina, em dada enunciação, o que pode e
deve ser dito e também o que não pode e não deve ser dito pelo sujeito que enuncia. Isto é, a
FD propicia a produção de sentido do discurso. Portanto, é tarefa do analista, ao investigar o
funcionamento do discurso, relacioná-lo a outras formações discursivas, procurando entender
porque em determinado discurso obteve-se um sentido e não outro, e como é possível este
sentido.
Neste trabalho o diálogo entre a AD e os Estudos Culturais (doravante EC) é
compreendido pela aproximação da concepção de identidade, que é entendida como uma
construção discursiva situada em dado momento histórico. Ao teorizar sobre identidade, Stuart
Hall afirma que é necessário “compreendê-las como produzidas em locais históricos e
institucionais específicos, no interior de formações e práticas discursivas específicas, por
estratégias e iniciativas específicas”. Da mesma forma que a AD, os EC abordam o sujeito
social sendo disperso, fragmentado, múltiplo, assim como as identidades. (HALL, 2001, p. 34-
38).
Para Stuart Hall:
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a identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma
fantasia. Ao invés disso, à medida que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma
multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada
uma das quais poderíamos nos identificar — ao menos temporariamente. (HALL, 2001, p. 13)
O que significa afirmar que a identidade é um processo cultural, construída nos
discursos sociais que circulam na sociedade. Além do mais, vale ressaltar que as identidades só
produzem sentido a partir do Outro, isto é, alteridade, pois é pela diferença que se constrói a
identidade, ou seja, o que nos identifica não é somente o que pensamos que somos, mas o que
pensamos que são os outros e como essa alteridade se representa simbolicamente.
“É o guerreiro da galera!”: Materialidades e Práticas Discursivas da/na Aparelhagem
Tuxaua
A representação do índio na Aparelhagem Tuxaua é somente mais um exemplo de o
quanto a imagem do índio é ilustrada em diferentes segmentos culturais e de diversas formas,
tais como livros didáticos, literatura, televisão, filmes, telenovelas, revistas, propagandas,
músicas, etc., e que os discursos que circulam nesses segmentos inventam conceitos,
(re)significam identidades, ou as forjam, e que não são intencionais. Pois tais conceitos surgem
a partir de práticas discursivas estabelecidas socialmente, assim, a partir de relações de poder.
O conceito de poder aqui apresentado é conforme o pensamento de Foucault (1979), o poder
não centrado em um único ponto, unilateral ou maléfico, mas diversificado, circulante e
produtivo. Assim, a partir dessas relações de poder, é possibilitado a quem tem mais força
atribuir aos “outros” seus significados.
Considerando os aportes teórico-metodológicos já mencionados e “observando as
condições de produção e verificando o funcionamento da memória, ele [o analista do discurso]
deve remeter o dizer a uma formação discursiva (e não outra) para compreender o sentido do que
está dito”. (ORLANDI, 2003, p. 45). Desta forma, este estudo propõe uma análise de práticas
discursivas da/na Aparelhagem Tuxaua que, por sua vez, forma representações imaginárias e,
de certo modo, constituem identidades.
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Assim, neste trabalho analisam-se três slogans (as imagens analisadas estão em anexo)
e uma vinheta exibida em apresentação da aparelhagem, enunciados pelos sujeitos que compõe
a parte publicitário-midiática.
Nas figuras 01, 02 e 03 (slogans da Aparelhagem Tuxaua), têm-se respectivamente as
formações lingüísticas discursivas: Guerreiro Tuxaua o Guerreiro da Galera, Guerreiro
Tuxaua e seu comando tribal, Guerreiro Tuxaua o som que faz a tribo dançar. Nas três figuras,
tem-se a mesma regularidade (Foucault, 1986), a representação fixa de um índio com arco e
flecha em posição de uso. Essa representação tende a universalizar alguns atributos do tipo:
índios usam arco e flecha, os índios são caçadores, guerreiros, aventureiros, exóticos, etc.
enfim, os índios são diferentes de “nós”.
Na FD Guerreiro Tuxaua o Guerreiro da Galera, o enunciador (a aparelhagem) busca
uma identificação direta com seu enunciatário (o público), ocupando a posição-sujeito da
juventude, pois utiliza a linguagem verbal que busca reproduzir a fala de seu público, ao usar
“galera”, pois social e ideologicamente o público das festas de aparelhagens é composto por
adolescentes e jovens que juntos formam suas equipes, seus fãs-clubes, suas galeras.
Segundo Costa (2009):
De certo modo, os integrantes dos fãs-clubes se tornaram nos últimos anos, os principais freqüentadores das festas de brega, especialmente daquelas voltadas
para o público jovem, tais como as festas de tecnobrega... Em geral, os fãs-
clubes são grupos compostos majoritariamente por adolescentes cujas
atividades giram em torno da dança. (COSTA, 2009, p. 150, 152).
Nas FDs Guerreiro Tuxaua e seu comando tribal / Guerreiro Tuxaua o som que faz a
tribo dançar há uma relação destes discursos com outros já-ditos em outras posições, ou seja,
mediado pela memória discursiva, a Aparelhagem Tuxaua apropria-se do significado de tribo,
concebido pelo discurso acadêmico em diálogo com a perspectiva colonialista. Exemplifica-se
a partir da definição cunhada pelo Dicionário de Aurélio B. de H. Ferreira (versões 1999 e 2000,
inclusive distribuídos gratuitamente nas escolas públicas de todo Brasil) tribo: Qualquer povo,
geralmente não-letrado, unido quanto ao território, língua, cultura e instituições sociais [...] Sem
autoridade central nem organização política forte [...]. Segundo Neves, o discurso colonialista
enuncia um índio inventado, uma “falsificação forjada pelas relações de poder do sistema
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colonial, que instituiu um índio genérico, antropófago, sem roupa, sem conhecimento e de
mentalidade primitiva”. (NEVES, 2009, p. 28).
Uma exibição da Aparelhagem Tuxaua, dependendo do dia, pode ser de 04 a 06 horas
de duração, iniciando com os DJs auxiliares, que lançam vinhetas e frases que exaltam
atributos da representação da identidade indígena, anunciando que em breve entrará em ação o
DJ principal, Daniel. Dj Daniel inicia sua performance interagindo com o público, provocando-
os a imitação, mediando a relação que se estabelece com a aparelhagem.
No campo perfomático se utilizam as vinhetas pré-gravadas que ressaltam a qualidade
da aparelhagem: “É o Guerreiro da galera!”, “Onde ele toca eu tou lá, que faz a minha tribo
dançar, no seu comando tribal, dj Daniel é moral!”, unindo assim também, o carisma e a
competência do DJ; há efeitos sonoros; chamadas ao microfone, que é o conhecido alô, neste
momento o DJ interage com seu público, através, de elogios, mensagem afetivas às equipes,
são tocadas as músicas das equipes, conhecidos como grito de guerra, coreografias, alaridos
com os lábios. O público se identifica assim com o outro, com o diferente, ou seja, o índio. “As
identidades são construídas por meio das diferenças e não fora delas” (HALL, 2009, p. 110).
A vinheta de abertura da última exibição da Aparelhagem Tuxaua em Abaetetuba, no
dia 20 de outubro de 2012, exemplifica a intenção da constituição da identidade indígena:
Tuuuuuuuuuuuuuuuuuuxaua / o guerreiro da Amazônia e o top DJ Daniel /
Tuuuuuuuuuuuuuuuuuxaua / o guerreiro de lutas e batalhas / Tuxaua / O recordista de público / Consagrado aqui / E em todo o Pará / O guerreiro da
Amazônia e o top DJ Daniel / A maior tribo indígena se prepara para o show
da música paraense / E o guerreiro tuxaua, pronto pra mais um show da galera
/ O cacique da tribo chegou / Para comandar as melhores músicas / Com as batidas eletrizantes do Pará / Tuxaua e DJ Daniel / É hora de agito, DJ Daniel
/ É hora de agito / a galera de Abaeté que gosta / é do guerreiro, guerreiro...
(Faixa 01 do cd gravado ao vivo em 20/10/2012)
A partir dos conceitos teórico-metodológicos já mencionados, ressalta-se que esta FD
está inserida na ordem do discurso midiático, que por sua vez, visa forjar a construção de
identidades (Gregolin 2007). Neste caso, a partir de estereótipos e silenciamentos, múltiplas
identidades são produzidas na representação do índio, a fim de produzir esta dita identidade no
público-alvo.
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O DJ assume diferentes posições-sujeito, primeiro, top DJ, depois o cacique da tribo.
Como top DJ, aquele que é completo, insubstituível. Revisitando a memória discursiva, se
pretende produzir o sentido de que este DJ que está entre os melhores DJs de aparelhagem,
tanto de Abaetetuba, quanto do Pará ou até mais, da região Amazônica: “/ Consagrado aqui / E
em todo o Pará / O guerreiro da Amazônia”.
Ao assumir a posição-sujeito cacique da tribo, a posição líder, aquele que comanda,
chefia, o mais qualificado para esta atividade.
A partir deste discurso midiático, a aparelhagem tende a construir identidade indígena,
por meio de estereótipos. Para Bhabha (2005, p. 117), “O estereótipo não é uma simplificação
por que é uma falsa representação de uma dada realidade. É uma simplificação porque é uma
forma presa, fixa de representação.”
CONSIDERAÇÕES FINAIS: E a identidade do pesquisador?
Desde o início de minha escrita, ao apresentar meu interesse em realizar esta
pesquisa, (que passou do processo de estranhamento à familiaridade) tenho pontuado que até
então, ainda não havia me interessado para o estudo acadêmico de algum gênero musical, tão
pouco havia transitado pelo complexo campo interdisciplinar da Análise do Discurso. Mas ao
perceber, na região onde moro (nordeste do Pará), o quanto é evidente a memória discursiva
indígena, materializada em diversos segmentos e/ou práticas discursivas. Apropriei-me apenas
de um destes segmentos, a Aparelhagem Tuxaua (ressalta-se, que nesta mesma região há outras
aparelhagens que revisitam a memória discursiva indígena, a saber: Guerreiro Guaraní, Tribo
Som, Guerreirão do Pará, etc.).
Durante minha experiência de vida, nunca havia me identificado com a etnia indígena,
mesmo sabendo que meus bisavós paternos pertenceram à sociedade indígena Guajajaras, de
Grajaú - MA, mas ao freqüentar a Aparelhagem Tuxaua, acredito que minha identidade por
algum instante tem sido atravessada pela identidade indígena, fazendo com que eu me sinta
índio em determinado momento histórico-social.
Comungo com as teorias de Stuart Hall, que afirma que a identidade “É definida
historicamente, e não biologicamente.” a identidade é uma "celebração móvel": formada e
transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou
interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam (Hall, 1997a), isto é, as identidades são
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posicionamentos que assumimos, pois são históricas, materializadas em circunstâncias e
experiências vividas.
Hall pontua que a identidade é construída e cambiante à medida que o sujeito é
interpelado pelo seu fazer histórico-social “através de diferentes discursos, práticas e posições
interligadas ou antagônicas” (HALL, 2007, p. 13). O significa afirmar que não são minhas
(in)formações genéticas que me faz ser ou sentir-me indígena, mas minha condição histórica de
um passado não conhecido (mas revisitado a partir de uma memória discursiva) e um pouco
remoto dos antepassados de meus bisavós paternos, mas, do momento em que me encontro e
da posição em que afirmo esta identidade.
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