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Leme 2017
PAULO ROBERTO DELFINO
LUTAS NO CONTEÚDO NA EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR
Leme 2017
PAULO ROBERTO DELFINO
LUTAS NO CONTEÚDO NA EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Instituição Anhanguera como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Educação Física Licenciatura.
Orientador: Maria Beatriz Terossi.
Leme 2017
PAULO ROBERTO DELFINO
Lutas no conteúdo na educação física escolar
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Instituição Anhanguera como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Educação Física Licenciatura.
Orientador: Maria Beatriz Terossi.
BANCA EXAMINADORA
Profª. Esp. Adriana Paula D’angelo
Profª. Dr. Fábio Angioluci Diniz Campos
Profª. Esp. Jadir D. da Silva
Leme, 20 de Novembro de2017.
Leme 2017
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus, pois sem ele nada seria possível, a
minha família que esteve presente em todos os momentos do desenvolvimento
deste trabalho, e a todos que auxiliaram com apoio e incentivo.
Leme 2017
Paulo Roberto Delfino. Lutas no conteúdo na educação física
escolar. 2017.Trabalho de Conclusão de Curso Educação Física Licenciatura –
Instituição Anhanguera, Leme, 2017.
RESUMO
A disciplina de lutas são muito pouco usadas e explicadas na educação
física escolar, pois sofre um tipo de restrição devido aos preconceitos relacionados a ela, como a associação das lutas com a violência escolar. O presente trabalho tem como proposta demonstrar, através de revisão bibliográfica, à gravidade deste problema na atualidade, pois é papel do educador, explicar a origem de cada luta e o porquê de sua existência, assim, cabe à Educação Física promover o conhecimento pedagógico histórico-social mudando essa visão negativa, inserindo-as no contexto escolar, apresentando os seus benefícios nos âmbitos físicos, disciplinares, conceituais. Assim resgatando parte da cultura das lutas, como a capoeira, e incentivando os jovens a se interessar por elas através da ludicidade. Palavras-chave: Lutas; Educação Física; Lutas na Escola; Cultura das lutas.
Leme 2017
DELFINO, Paulo Roberto. Fights in content in school physical
education. 2017. Graduation Work Physical Education Degree - Institution
Anhanguera, Leme, 2017.
ABSTRACT
The discipline of struggles are very little used and explained in school physical education, because it suffers a type of restriction due to the prejudices related to it, such as the association of struggles with school violence. This paper aims to demonstrate, through a bibliographical review, the gravity of this problem in the present time, because it is the role of the educator, explain the origin of each struggle and the reason for its existence, so it is up to Physical Education to promote historical pedagogical knowledge -social by changing this negative view, inserting them in the school context, presenting their benefits in the physical, disciplinary, conceptual scopes. Thus rescuing part of the culture of the struggles, like the capoeira, and encouraging the young people to be interested in them through playfulness.
Keywords: Fights; PE; School struggles; Culture of the struggles.
Leme 2017
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Luta na pré-história ................................................................................. 02
Figura 2 – Samurai e o Kung Fu .............................................................................. 03
Figura 3 – Capoeira, a luta dos escravos ................................................................ 05
Figura 4 – Capoeira, mais que uma luta .................................................................. 10
Figura 5 – Inclusão na escola .................................................................................. 14
Leme 2017
Sumário
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 1
1. CONTEXTO HISTÓRICO DAS LUTAS .......................................... 2
2. A CAPOEIRA COMO CONTEÚDO PEDAGÓGICO ............................ 6
2.1 O DESENVOLVIMENTO MOTOR ............................................................ 7
2.2 A INTERDISCIPLINARIDADE................................................................... 9
3. LUTAS NO CURRÍCULO ESCOLAR ........................................... 11
CONSIDERACOES FINAIS ................................................................... 16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ..................................................... 17
APÊNDICE ............................................................................................ 19
1
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa tem como tema principal as perspectivas, concepções e
práticas pedagógicas acerca do conteúdo lutas na Educação Física escolar, porém
são vítimas de restrição nas aulas devido aos preconceitos relacionados a ela, como
a associação das lutas com a violência escolar. Para compreendermos melhor este
assunto, torna-se relevante investigarmos as propostas e práticas pedagógicas
acerca do ensino do conteúdo “lutas” nas escolas. É papel do educador, explicar a
origem de cada luta e o porquê de sua existência, Neste sentido, entende-se como
de suma importância o conteúdo de lutas no desenvolvimento do aluno de forma que
possam compreender seus verdadeiros significado culturais.
Trata-se deste tema no presente trabalho, pois o conteúdo das lutas desde
que foi consolidada nos Parâmetros Curriculares Nacionais tem sido questionado de
qual forma os profissionais da Educação Física poderiam abordar este tema no
contexto escolar. São poucos os profissionais que se arriscam a trabalhar com lutas
como conteúdo na educação física escolar, também são poucos os que procuraram
formação específica na área, ou que procuraram adaptações do conteúdo à
realidade da escola. E por trabalhar sob diversas maneiras o mais variado conteúdo
dentro da grande área das lutas, proporcionam um leque de benefícios em todos os
aspectos como: psicoativo, social, motor e cognitivo.
Como o conteúdo de lutas na escola pode ajudar no desenvolvimento
educacional da criança, ela pode ser de extrema importância no caráter cognitivo,
afetivo e motor?
O presente trabalho tem como objetivo geral apresentar benefícios da
modalidade lutas no geral pode trazer para acrescentar nas aulas de Educação
Física escolar, incluindo também benefícios colaterais no desempenho escolar e
para o desenvolvimento motor e cognitivo, e como objetivos específicos, utilizar as
lutas no currículo da Educação Física escolar, estimular os benefícios encontrados
na prática das lutas na educação física escolar e analisar algumas formas de
abordagem de lutas no contexto da Educação Física escolar.
O seguinte trabalho se classifica como uma pesquisa de revisão bibliográfica,
definido por uma analise de artigos científicos através de palavras chave: lutas na
escola; lutas como conteúdo; educação física; lutas. Utilizando publicações a partir
do ano de 1990, e se necessário pesquisas mais antigas.
2
1. CONTEXTO HISTÓRICO DAS LUTAS
Hoje em dia vem crescendo a pratica das lutas cada vez mais, sendo
praticada pelas pessoas, a luta sempre foi instinto natural de o homem lutar por algo
ou por alguém. Desde a pré-história que o homem luta pela sua sobrevivência, as
origens mais remotas da arte marcial são da pré-história, que o homem primitivo, usava
de um pedaço de pau, pedra, ou osso, usava para golpear seu semelhante, ou mesmo
animais selvagens, em situações de combate. Essa pratica foi se aperfeiçoando
gradativamente e passando para as gerações posteriores. “Todos os sistemas de
combate primitivos que surgiram na pré-história floresceram, praticamente, em todas as
partes do mundo. Técnicas mais eficazes de confrontar o inimigo foram criados ao longo
dos anos, estudados, aperfeiçoados e ensinados durante toda a história da humanidade
sendo para caça ou para proteger sua sociedade que sobrevivia. falar sobre o
contexto histórico das lutas não é de fácil explicação, pois, de acordo com Ferreira
(2006), continua sendo uma grande questão a onde se originaram as lutas e as artes
marciais, como a luta foi praticada por tanto tempo e por povos e épocas diferentes
em diferentes regiões, não há como saber com certeza sua origem.
Figura 1: Luta na pré-história
Fonte: http://historiadamoda.com.br/wp-content/uploads/2016/03/PR%C3%89-HIST%C3%93RIA-E-O-PORQU%C3%8A-USAMOS-ROUPAS.jpg
3
E, claro, são muitos os tipos de luta. Mas os grandes responsáveis pela
introdução da modalidade no mundo esportivo foram os gregos. Nos registros
históricos a expressão “arte marcial” vem da cultura ocidental. O termo refere-se,
especificamente das habilidades de guerrear e de lutar, ensinadas ao homem por Marte,
deus greco-romano da guerra. Surge a partir daí o nome marcial. Já a palavra arte vem
do latim ars, e significa técnica, sendo compreendida também no mundo antigo como
qualquer atividade humana ligada a manifestações de estética e de comunicação.
Os gladiadores de Roma, na mesma época, utilizavam algumas técnicas de
lutas para combate a dois, e, especificamente na parte oriental do mundo (China e
Índia), ocorreram primeiros indícios de formas de combate organizadas. Conforme
Ferreira (2006), a China é considerada, por praticantes marciais, o berço desta
cultura até hoje, porém, as mais antigas artes marciais que se têm relatos na história
vêm da China e da índia.
Na Índia, há o antigo Kalaripayattu, arte marcial que tem de seis a oito mil
anos de existência. Já na China, temos o Kung Fu, que é propulsor de todas as artes
marciais conhecidas por nós na atualidade, como o Judô, Jiu-Jitsu, Caratê, Sumô,
MuayThai, PencakSilat, Kali e Kendo. O Kung Fu é uma das artes marciais mais antigas
e praticadas no mundo, tendo um pouco mais seis mil anos de existência.
Figura 2: Samurai e o Kung Fu
Fonte: https://i.pinimg.com/736x/d0/a9/b2/d0a9b20401ef1a76b03ad24300be2d1a--samurai-armor-samurai-weapons.jpg
O Kung Fu para quem não a conhece é uma arte marcial baseada na cultural
chinesa, no Taoísmo, Budismo, Confucionismo, literatura, medicina chinesa e nas artes
4
em geral, que tais métodos evoluíram e se transformaram no Budismo, sendo que as
tradições guerreiras tornaram-se meios de cultivo da mente e do espírito. Quando o
Budismo chegou à China, esse caminho se fundiu com a cultura da meditação, ética,
medicina, filosofia e educação, como o Taoísmo, Confucionismo, Medicina chinesa,
além das artes de combate chinesas conhecidas como Wushu, que foi criado na
sociedade chinesa com o objetivo de promover a autodefesa. Anos depois, foi
aperfeiçoado como exercício terapêutico, evoluindo também para a prática filosófica e de
desenvolvimento humano.
Hoje em dia nos tempos modernos, as artes marciais saíram do campo de
batalha e foram trazidas para as competições esportivas. A primeira luta a ser
disputada em uma Olimpíada foi a Luta Olímpica, conhecida como luta Greco-
Romana. Depois o Boxe, que surgiu na Grécia antiga; o Judô, que seria o resumo
das artes marciais japonesas; o Tae KwonDo, luta dos samurais voadores da
Coréia, entre outras, já que existem várias em todo o mundo, incluindo as criadas
pelos africanos, astecas, incas, russos, árabes, persas, gregos, chineses, indianos,
filipinos, tibetanos, siameses e índios brasileiro e que todos esses povos
desenvolvem, até hoje, artes de combate.
Já no Brasil umas da lutas mais conhecida tanto pela historia quanto pela sua
cultura e a capoeira onde fala sobre a batalha dos escravos pela libertação, porque
eles eram constantemente alvos de violências e castigos dos senhores de engenho.
Quando os escravos fugiam das fazendas, eram perseguidos e capturados pelos
capitães-do-mato, que os pegavam com muita violenta.
Figura 3: Capoeira, a luta dos escravos
Fonte: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/a0/8d/95/a08d95cd00cecc6ac331a2f5d40adfba.jpg
5
Segundo Santos (2009), a capoeira tornou-se uma forma de lutar pela vida,
de consolidação grupal e pessoal pelo povo africano, que eram escravizados e com
isso perceberam a necessidade de desenvolver formas para se proteger da violência
e repressão dos colonizadores brasileiros. (SANTOS, 2009, p.128). “Então, a
capoeira possui uma memória imbricada ao processo de escravização dos africanos
no Brasil. Seus sentidos e significados apresentam o germe do legado dessa
história...” (SANTOS, 2009, p.129). Entre todas as modalidades de lutas e arte
marcial falados até o presente momento, a capoeira possui uma maior identificação
com o povo brasileiro, pois, conforme o mesmo autor, a luta capoeira pode significar
uma luta pela libertação, que foi um instrumento importante da resistência cultural e
física dos escravos brasileiros no qual a separação social é evidenciada e ocorre um
embate.
Até o ano de 1930, a capoeira era proibida no Brasil, pois era vista como
uma prática violenta e subversiva. A polícia recebia orientações para prender os
capoeiristas que praticavam esta luta. Em 1930, um importante capoeirista brasileiro,
mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente Getúlio Vargas. O
presidente gostou muito dos movimentos da capoeira que a transformou em esporte
nacional brasileiro.
A partir de Bimba e Pastinha a Capoeira passa a ser ensinada nas
academias, com metodologia própria e qualquer uma pessoa passa a ter acesso a
Capoeira.
Nas décadas de 1960, 70, 80 e 90, a Capoeira se torna uma profissão, uma
realidade para muitos Mestres e Professores brasileiros que passam a ensinar hoje
em grandes grupos dentro e fora do Brasil.
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2. A CAPOEIRA COMO CONTEÚDO PEDAGÓGICO
A Capoeira tem várias maneiras de trabalhar na educação física escolar que
valoriza uma educação libertadora e consciente. Durante o seu ensino terá vários
elementos históricos dessa manifestação cultural que a caracterizam enquanto luta
pela liberdade dos escravos, e também enquanto espaço para o exercício da
cidadania, construção da identidade, autoestima e autonomia por parte de seus
praticantes. Para o ensino da capoeira deve-se respeitar a maturidade, também
fazer com que o aprendizado aconteça de um jeito que a criança brincando aprenda.
Sempre primando pela integridade física da criança e pelo lúdico que tanto faz parte
do mundo infantil e que o adulto teima em destruir erroneamente, como a
especialização precoce.
A Capoeira ensina de muitas maneiras trabalhando a interdisciplinaridade
usando brincadeiras, letras de músicas, instrumentos aulas de história, atividades
físicas, defesa pessoal, entre outras. Mas para isso o profissional tem que estar
capacitado, e acima de tudo gostar o que ele ensina e procurar informações sobre a
disciplina.
A utilização da Capoeira como conteúdo pedagógico vem sendo utilizada
nos currículos de escolas de 1º e 2º graus, como está presente em boa parte das
Faculdades de Educação Física, sem falar na sua presença enquanto disciplina
optativa. Existem em todo o país muitos projetos que tem a Capoeira como atividade
educativa para crianças e adolescentes até mesmo no exterior, por ela ser uma
atividade altamente motivadora, sensibilizadora e significativa e cultural.
O PCN de Educação Física, Brasil (1998; p.71 e 72) valoriza a participação
dos alunos em jogos, lutas e esportes, dentro do contexto escolar. Então porque não
utilizar a Capoeira que e uma herança afro-brasileira e que só ela já engloba todos
esses aspectos como, esporte, luta jogo e dança, para desenvolver competências e
habilidades cognitivas e motoras nas crianças e adolescente.
É um tema fácil de ser trabalhado na escola, pois não requer materiais de
grandes custos, não se faz necessário um espaço físico apropriado e nem
indumentária sofisticada (SOARES, JULIO, 2011).
Com o ensino da capoeira no conteúdo escolar, os professores de
educação física devem compreender o papel social que a capoeira pode usar todas
as dimensões: Conceitual, Procedimental e Atitudinal.
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Na dimensão conceitual terá que analisar o ensino da Capoeira que deverá
ser transmitido à sua cultura, história e evolução, lembrarem como era ela no
passado e como e hoje em dia.
Na dimensão procedimental é a forma do professor demonstrar ao aluno o
conhecimento de suas capacidades físicas, suas possibilidades de movimentos e
limitações, utilizando os movimentos da capoeira, como golpes e defesa,
trabalhando sua lateralidade e coordenação motora de formas que consiga realizar
tais movimentos.
Na dimensão atitudinal as aulas de Capoeira podemos trabalhar com
valores éticos e assim podemos influenciar em uma postura não preconceituosa e
mais crítica. Desenvolvendo a cooperação e a prática da cidadania social.
O conteúdo da capoeira tem um importante papel no universo escolar,
encontra-se em total consonância com os parâmetros atuais da educação e é um
instrumento capaz de interagir com várias disciplinas. (FERREIRA NETO; 2009)
Podemos dizer então com a capoeira conseguimos trabalhar a
interdisciplinaridade. O professor de educação física deverá ter em mente que ele é
responsável pela aplicação dos conteúdos pedagógicos, seus objetivos que quer
alcançar e a capoeira nó conteúdo escolar pode ser um ensino prazeroso,
diversificado, lúdico, rico em conhecimentos e experiências.
2.1 O DESENVOLVIMENTO MOTOR
Os movimentos da Capoeira envolvem todo o corpo e são executados
associados a um ritmo que favorece a integração dos envolvidos, desenvolvendo os
seguintes aspectos:
Imagem do Corpo: O aluno vai conhecer o seu corpo, em partes e como um
todo. Conhecendo sua estrutura física, os movimentos e as funções que seu corpo é
capaz de desenvolver, assim também como a posição do corpo em relação a si
mesmo, as outras pessoas e aos objetos.
Equilíbrio: Podemos trabalha tanto o equilíbrio estático, quando se desenvolve
a habilidade de manter uma posição parada, contra a ação da força da gravidade,
como a “parada de mão” quanto equilíbrio dinâmico durante a execução de
movimentos giratórios e rápido exemplo (meia lua de compasso e armada).
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Associação Visual Motora: a Capoeira desenvolve a habilidade de respostas
visuais e motoras na forma de uma ação física. Permite que a criança controle seus
movimentos e mova-se facilmente de um lugar para outro.
Coordenação motora: a Capoeira desenvolve todas as capacidades, e assim
conseguimos que os alunos usam de forma mais eficaz os músculos esqueléticos,
resultando em golpes mais eficientes. Coordenação entre olhos e mãos e entre
olhos e pés: a Capoeira trabalha a habilidade de usarmos ao mesmo tempo tanto os
olhos quanto as mãos e os pés, para executarmos movimentos de defesa e ataque,
como por exemplo, durante a roda de capoeira que sem deixar de olharmos para
nosso adversário temos que executarmos um movimento partindo da posição
primária ou posição de ginga e em seguida retornado à mesma posição.
Lateralidade: Com a Capoeira trabalhamos de maneira igualitária, membros
inferiores e superiores, isso faz com que o aluno reconheça e utilize o lado que for
mais eficiente em determinada situação de jogo. A criança aprende a controlar os
dois lados do corpo juntos ou separadamente.
Outro aspecto é que os movimentos são executados em todos os planos do
corpo humano: sagital, frontal, horizontal, e em todas as direções: para frente, para
trás, para os lados, diagonal, em círculo, em parábola, com corpo rente ao solo ou
solto no ar.
Capoeira permite que tanto meninos quanto meninas podem e devem fazer
o mesmo treino, e que não existe separação de gêneros, todos podem treinar os
mesmos golpes, inclusive em pares para que possam experimentar força,
velocidade e resistência e dificuldades em alguns movimentos e com isso podemos
trabalhar valores e a cooperação entre eles.
O MEC sugere a capoeira na disciplina no Currículo da Educação Física,
os PCNs são sugeridos temas como a Pluralidade Cultural, e nas aulas de
Educação Física escolar tem que se abordarem esportes, jogos, danças,
brincadeiras e lutas, neste caso, a Capoeira abrange todos os requisitos, sendo uma
possibilidade globalizadora. (WIELECOSSELES, 2011).
A Lei nº 10.639, no artigo 26-A, tornar-se obrigatório o ensino da história e
cultura afro-brasileira em todo o currículo escolar. Desta forma, todos os educadores
terão que incluir em algum momento de suas aulas a temática da história e cultura
dos negros e índios brasileiros. Logo a Capoeira aparece como uma possibilidade
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de se discutir uma diversidade de questões, atendendo as exigências a Lei citada.
(SOUZA, LOURENÇO; 2009)
2.2 A INTERDISCIPLINARIDADE
O conteúdo pedagógico da Capoeira pode ser desenvolvido pelo professor
de educação física de modo integrado com várias disciplinas como a de História,
Geografia, Artes, Literatura e Geometria.
Em História pode-se trabalhar a história da escravidão no Brasil, quem
aboliu a escravidão, tradições e costumes culturais dos povos africanos no contexto
brasileiro e como se reflete nos dias de hoje
Pode ser desenvolvida de modo integrado com a disciplina de Geografia,
no conteúdo de localização geográfica, a localização do continente africano e o
caminho do navio negreiro até chegar ao Brasil, economia e desenvolvimento
humano do povo africano e do Brasil no inicio da escravidão.
Figura 4: Capoeira, mais que uma luta
Fonte: http://media.istockphoto.com/photos/capoeira-picture-id518762790?k=6&m=518762790&s=612x612&w=0&h=832O0HMKE6jMToeNzg0sTdU4BKD7bAQFg
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Existem fatores e maneira de trabalhar com a capoeira como conteúdo
escolar que pode auxiliar uma boa aprendizagem, e sem dúvida, a motivação é um
deles, segundo BARROS (2012; p. 30):
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A motivação leva à superação; desse modo, ela contribui sobremaneira
para a superação dos obstáculos. Portanto, é necessário que o educador saiba
motivar seus alunos.
Quando existe vontade, curiosidade, quando o aluno quer, o aprendizado
flui de maneira prazerosa.
Seguindo a pedagogia dialógica o educador deve se aprofundar nessa
temática, descobrir o que o aluno conhece conversar, pedir para o aluno contar sua
vivencia com a capoeira para conte suas experiências pessoais, ou experiências de
pessoas conhecidas que pratiquem a capoeira, ou até mesmo conhecimento
adquirido através da mídia, e assim o professor de educação física e o aluno podem
aprendem juntos com a vivencia de mais pessoas com a capoeira. Com isso criando
um relacionamento de intimidade e liberdade com o aluno que fará com que ele sinta
mais segurança, confiança e autonomia para resolver problemas, superar
dificuldades e enfrentar desafios, porque quando o aluno mostra vontade,
curiosidade a aula flui de maneira prazerosa para todos. (BARROS, 2012).
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3. LUTAS NO CURRÍCULO ESCOLAR
As lutas estão presentes dentro da cultura corporal do movimento humano,
dentro da ação de defesa, contra uma fera ou um inimigo, como uma caça ou o
combate em uma guerra, pode-se utilizar o corpo ou armas. Está presente no
conteúdo de lutas de as modalidades conhecidas, ou instintiva, emanada da
necessidade do ser humano em proteger o seu próprio corpo (LANÇANOVA, 2006,
p. 11).
Para Breda (2010, p. 28) a necessidade do surgimento das lutas não é
possível, já que não se trata de uma ação isolada, de um homem ou grupo,mas sim
de uma construção sociocultural que a foram modificando e dando novos
significados ao longo do tempo.
Breda apud Espatero (2010) anuncia que com o tempo as lutas foram
aparecendo em outras manifestações sociais, como em rituais indígenas, presente
na preparação de exércitos para guerras no Oriente e Grécia Antiga, como jogo e
exercício físico na Europa e como defesa-dissimulação, assim como a capoeira no
Brasil. Levando em consideração essas citações, podemos afirmar que desde
quando o homem se tornou racional, busca novas formas de defesa e de ataque
mais eficientes, criando com o passar dos tempos várias técnicas de lutas, armas, e
técnicas de utilização das mesmas.
Lança nova (2006) afirma que as artes marciais sempre evidenciaram muita
discussão quanto à sua origem. Tanto quanto as discussões sobre a supremacia em
combate, de um lutador de uma modalidade sobre outra. Embora a caça, a dança e
as guerras primitivas tivessem influência direta sob o nascimento da arte marcial,
elas não são artes marciais, já que para combinar o corpo e o espírito, o exercício
físico e a técnica de luta, a arte marcial precisou de muito tempo e condições
especiais. O intenso envolvimento do homem em cenários de conflitos tribais e
guerras possivelmente foi um palco fértil para a criação de muitas técnicas de
combate com ou sem armas, e inclusive para a criação destas. (LANÇANOVA,
2006):
São de extrema importância notar o quanto e como as lutas estão presentes
em nossa sociedade, os meios e formas pelas quais chegam até nós. Não esquecer
que tanto as lutas quanto as artes marciais são parte da cultura do movimento
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humano, historicamente produzidas e enriquecidas com a cultura de seus povos de
origem.
Na atualidade somos educados por filmes e desenhos animados exagerados
em efeitos especiais e animações computadorizadas, mostrando uma versão super
poderosa dos personagens lutadores, neste contexto os aspectos filosóficos são
ignorados quase totalmente, supervalorizando o domínio dos movimentos físicos.
Um programa de esportes ao passar uma notícia ou ao fazer a cobertura de alguns
eventos transmite a idéia de esportes, para as artes marciais. O estímulo gerado no
espectador é de que as artes marciais são esportes. Um jogo de vídeo game permite
que se realizem virtualmente tudo o que é visto em filmes, desenhos animados e
esportes. Sem depender de treinamentos e muitos esforços do jogador.
As diversas formas de como as informações são transmitidas definem o
processamento da nossa percepção e podem influenciar na formação dos nossos
conceitos, na nossa compreensão sobre as lutas de uma forma geral (LANÇANOVA,
p. 7. 2006)
A falta de valorização e consolidação de conteúdos próprios da Educação
Física, como jogo, esporte, ginástica, atividade rítmica e luta, nos currículos
escolares, geram no nosso entendimento, práticas compreendidas como um simples
ato de rolar a bola, de tal modo, que intenções pedagógicas com a cultura de
movimento, ficam consideradas nos ambientes escolares. Assim, o já referido
distanciamento entre as propostas idealizadas e as rotinas escolares se concretiza ao
ficar ao cargo apenas do professor, o compromisso de restringir ou ampliar as
manifestações da cultura de movimento do aluno.
É através das aulas de Educação Física em que os alunos têm a
oportunidade de praticar exercícios de forma planejada, que para muitos é uma
grande vantagem, devido à falta de oportunidades. Os exercícios em geral devem
ser destinados a todos, sem nenhuma exceção, explorando tudo o que a Educação
Física Escolar disponibiliza. Ao utilizar atividades diferenciadas, o professor está
contribuindo para uns dos maiores benefícios que a Educação Física pode trazer
para os alunos, “o brincar por brincar”, conforme já citado, as crianças já não
brincam mais nos quintais de casa ou nas ruas, o que contribui para o aumento do
sedentarismo e a obesidade (Benedito ET AL, 2015).
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A presença das lutas nas escolas ainda é muito pequena, e, quando existe, é
ministrada por terceiros e desvinculada da disciplina de Educação Física, em
atividades extracurriculares ou por meio de grupos de treinamento. Podemos afirmar
que o conteúdo de lutas não é muito utilizado nas escolas devido a certos
argumentos que encontramos, destacam – se: a falta de vivencia pessoal em lutas
por parte dos professores, tanto no cotidiano quanto na vida acadêmicas. A
preocupação com a violência, que julgam ser intrínseco as praticas de luta, o que
incompatibiliza a possibilidade de abordagem deste conteúdo na escola
De acordo com a abordagem Saúde Renovada, Guedes e Guedes (1997), o
objetivo principal da Educação Física Escolar é de ensinar os conceitos básicos da
atividade física, aptidão física e saúde. A devida abordagem procura atender todos
os alunos, principalmente os que necessitam de cuidados especiais, como os
sedentários, obesos e os portadores de necessidades especiais, portanto o
Educador Físico não deve achar que as aulas são somente para jogar bola, e sim ter
consciência dos objetivos históricos e atuais da Educação Física. O conteúdo de
lutas pode se tornar algo inovador na disciplina durante uma aula, assim, o professor
deverá transformar sua aula em um momento prazeroso, sem discriminação, unindo
dos mais hábeis aos menos hábeis, atléticos e obesos e também, alunos com
alguma deficiência, promovendo deste modo, bem-estar e saúde a todos.
Figura 5: inclusão na escola
Fonte: http://www.revistaforum.com.br/mariafro/wp-content/uploads/2016/06/inclus%C3%A3o.png
A luta deve ser vista como um método de aprendizagem lúdico no meio
escolar, pois, a Educação Física na escola tem um papel que vai além das pistas,
quadras, piscinas ou ginásios, que é conscientizar o aluno sobre a importância da
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prática regular de atividades físicas e seus benefícios, de modo que ele pratique por
prazer e não por obrigação, consequentemente formando cidadãos críticos e
conscientes, proporcionando prazer, bem-estar, motivação e autoconfiança, assim
os preparando para utilizarem esses conhecimentos dentro e fora da escola, em
casos extremos, podendo até ser um método de descobrir novos atletas, mas
sempre evitando um caráter desenvolvimentista em seu método de ensino (DARIDO,
2004).
Outro fator quanto à exclusão das lutas por professores de Educação Física
escolar, é referente à escassez de bibliografias e trabalhos acadêmicos que visem
propor alternativas pedagógicas para a inclusão das lutas em ambiente escolar com
embasamento teórico. Sem embasamento teórico, a prática torna-se “repetição”, a
repetição pela repetição torna-se alienante, fica estagnada, não produz, não
desenvolve, não gera aprendizado, perde-se o sentido de se ter um professor frente
à aula, do contrário teria um técnico ou instrutor seguindo atividades em pranchetas
e apostilas pré-definidas.
Diversificar, pesquisar é o que o professor deve fazer, não só para abordar
uma metodologia para o conteúdo das lutas, mas para qualquer plano de ensino.
Abordando novos conceitos, e ensinando como as lutas são exatamente o que
qualquer aluno precisa para levar em seu dia a dia
É notável que a Educação Física na escola tornou-se um dos poucos lugares
para as crianças e jovem praticarem atividades físicas, já que as crianças passam a
maior parte de seu dia nos centros de ensino, tendo a oportunidade de aproveitar as
vantagens de ser uma prática gratuita, o que para muitos já é uma vantagem, e uma
atividade direcionada por um profissional apto, possuindo capacidade de tratar de
todos os temas relacionados à saúde em geral, e prazer através da pratica física.
Assim, devemos entender que a luta é uma manifestação de cultura de
movimento e que não pode ser negada, seu ensino na escola não exige que o
professor seja treinador ou professor de artes marciais, já que não se pretende
formar um atleta durante as aulas, mas sim que os alunos se apropriem e apreciem
elementos das lutas como manifestações da cultura de movimento.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há vários métodos de pesquisa que pode servir como base, tais como livros,
artigos e revistas para inserir a disciplina de lutas no conteúdo na educação física
escolar, e ainda orientam o professor para aplica-la de maneira coerente. Mas
mesmo com todas essas informações a utilização deste conteúdo é completamente
precária. Não será do dia para a noite que os conteúdos das lutas serão
definidamente utilizados no âmbito escolar, no presente trabalho, discutimos e
apresentamos ideias para o seu uso, demostrando o tanto de benefícios que as
artes marciais podem nos oferecer.
Se este estudo contribuirá para a solução do problema principal: a dificuldade
de inclusão das lutas como conteúdo na educação física escolar, dependerá,
também, da motivação do professor em aplicar este conteúdo, e, para que isso
acontecer ele deverá desafiar-se e retomar o estudo e pesquisar afundo esse tema
abordado, para adquirir o conhecimento necessário. Sem precisar ser uma faixa
preta e nem um ex-praticante em qualquer estilo nas artes marciais, mas um
pesquisador sobre o assunto.
Em frente aos inúmeros benefícios que a luta pode trazer a quem a pratica,
torna-se necessário introduzir no contexto escolar, e que sejam incorporadas de
maneira mais ampla nesse contexto. Mais um passo pode ser dado, demostrando
que as lutas são alternativas simples e viáveis que não precisa de muitos materiais
ou espaços grande para pratica-la, e que o professor dentro da realidade em que se
encontra hoje em dia nas escolas possa elaborar aulas diversificadas ajudando no
desenvolvimento de seus alunos.
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APÊNDICE
“Você nunca alcança o sucesso verdadeiro a menos que você goste do que
está fazendo” Carnegie, Dale