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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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OS IMPACTOS DO USO EXCESSIVO DE ÁLCOOL NA ADOLESCÊNCIA

Irene Barros de Aquino¹

Kellen Regina Boldrini Tolomeotti2

RESUMO: A adolescência, uma fase da vida intensa, e no âmbito escolar se percebe os impasses e anseios dela. Orientar escolhas certas em detrimento de erradas é papel de educadores, pais e comunidade que cerca o jovem. Este artigo tratará o uso de álcool por adolescentes, escolha errônea que pode dar fim a sonhos de um futuro, pois o vício traz muitas conseqüências na vida escolar, social e na saúde. Por meio da implementação do projeto e do caderno de ação do PDE– Programa de Desenvolvimento Educacional realizado em 2013/2014, o tema foi abordado com atividades pedagógicas com objetivo de refletir e identificar os fatores que induzem o consumo de álcool, suas consequências e como evitá-las. O trabalho com os alunos foi diversificado partindo de questionamentos, debates, aprofundamento com pesquisas, trabalhos e palestra para instigar atitudes de auto-preservação e conscientização.

PALAVRAS-CHAVES: Adolescência. Consumo de álcool. Conscientização. Vida escolar.

INTRODUÇÃO

A adolescência, palavra que vem do latim “adolesco”, que significa crescer, é

uma fase da vida que traz questionamentos e instabilidade, uma busca da própria

identidade (MOURA, 2009).

Conceituar adolescência é difícil baseando-se em idade, digamos que são

mudanças fisiológicas, corporais e psicológicas e seu início varia de sujeito para

sujeito em duração e progressão. É importante ressaltar a influência do estado

nutricional, dos fatores familiares e de educação que cercam este jovem. Esta fase

da vida traz um estado de pressão fisiológica e emocional, sendo que muitas vezes

o adolescente está ocupado com planos e orientá-los é dever da família, dos

educadores, através de dedicação, confiança, amizade.

[1]Professora da Rede Pública Estadual – SEED – Paraná. Licenciada em Ciências Biológicas. Especialista em Biologia e Pedagogia da Educação: Supervisão, Orientação e Administração. Atua no Colégio Estadual Carlos Drumond de Andrade – EFMNP, Nova Tebas – PR, e-mail: [email protected].; Bióloga, Professora do Departamento de Biologia na Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná, UNICENTRO, Guarapuava, Paraná, Brasil; e-mail: [email protected].

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A adolescência é uma definição cultural, uma sociedade que exige de seus

membros uma longa preparação para entrar no mundo adulto, como a nossa, terá

sua definição de adolescência com características psicológicas que definirão esta

fase (BOCK, 2007).

Muitas vezes, o adolescente para tentar resolver as mudanças e os conflitos

que esta fase gera acaba fazendo uso do álcool nem que seja apenas para garantir

um lugar no grupo, ou que seja para esquecer a discussão com o pai, o "fora"

daquela garota, uma média baixa, um alívio passageiro tornando-se um vício, uma

dependência séria que comprometerá o futuro deste cidadão em formação.

Esta pesquisa sobre o uso de álcool por adolescentes tem relevância, devido

o mesmo, estar trazendo dificuldades no desenvolvimento, prejuízos cognitivos que

comprometem o processo de ensino-aprendizagem e acarretando diversos

problemas, não só ao nível da saúde mas também a nível social.

O projeto de intervenção escolar teve como objetivo refletir e identificar os

fatores que induzem este consumo, suas consequências e como evitá-las.

Questionou-se a busca pelos efeitos psicotrópicos do álcool, seus efeitos prejudiciais

nesta fase de maturação cognitiva e procurou-se instigar atitudes de auto-

preservação.

ADOLESCÊNCIA E O USO DO ÁLCOOL

Adolescência, período da vida que, segundo a OMS (Organização Mundial da

Saúde) e começa aos 10 anos e termina antes de se completarem os 20 anos. Já o

Ministério da Saúde do Brasil determina que a adolescência tem limites da faixa

etária dos 10 aos 24 anos. Puberdade é uma fase do amadurecimento biológico

resultado da maturação neuro-hormonal que nomeia às mudanças morfológicas e

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fisiológicas do ser humano, sendo um processo contínuo e dinâmico.

Piaget (1974), em sua teoria, aponta o desenvolvimento cognitivo na

adolescência como período das operações formais – o pensamento formal é aquele

necessário para resolver problemas sistematicamente. Então o estudante

adolescente tem um nível de pensamento que se mostra de forma lógica,

sistemática e hipotética. É o ápice do desenvolvimento intelectual.

Agora, para Vygotsky (1996), o indivíduo se constrói a partir do meio social no

qual esta inserido. Interagindo com os demais, ele participa ativamente tanto na

construção e na transformação do ambiente social, como também na de si mesmo.

Isso equivale dizer que as funções complexas do comportamento humano são

elaboradas conforme são utilizadas. Entende-se, portanto, que a natureza humana é

essencialmente social, na medida em que ela se origina e se desenvolve pela

atividade prática dos homens.

Adolescentes recebem na escola o conhecimento, a amizade, a confiança, a

responsabilidade. Mas eles são incríveis arrumando confusão, driblando regras,

acabam por vezes estressando e se estressando. Neste estado psicológico e social,

pode haver uma válvula de escape, utilizada muitas vezes em grupo, como o álcool.

E o álcool é uma droga aceita, permitida, portanto, mais fácil de ser consumida.

Os efeitos prejudiciais do álcool podem estar relacionados à quantidade, à frequência, à qualidade e à temporalidade e trazem consequências de curto e longo prazos, como acidentes de trânsito, traumatismos, atitudes agressivas, mortes acidentais, relacionamentos sexuais não planejados e/ou indesejáveis, problemas de saúde (cardiopatias, hepatopatias, psicopatias, neuropatias) e sociais (familiares, afetivos, profissionais).Além disso, não se pode esquecer de que os motivos que normalmente levam as pessoas ao alcoolismo podem também levá-las a outros tipos de vício (BOUZAS, 2007).

E ainda:

Por causa de sua estrutura molecular simples, e pelo fato de ser a única droga solúvel em gordura e água, o álcool pode permear o corpo inteiro de uma pessoa.[...]células ou se adaptam para sobreviver na presença da toxina, ou morrem. [...] à medida que este processo de adaptação ocorre, o alcoólatra se encontrará tendo de beber quantidades cada vez maiores de sua droga para obter o mesmo efeito agradável que aprendeu a desfrutar e esperar (LAZO, p.61, 1989).

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Garantir que os adolescentes saibam dos efeitos prejudiciais do uso do álcool,

pode ser feita com a orientação destes jovens de modo que eles saibam que alguém

se importa, alguém está observando, alguém está disposto a ajudar, o que é

fundamental. Ter acesso ao conhecimento correto pode evitar o erro.

O adolescente tem capacidade de abstração e produção cultural, intelectual,

cientifica e outras. Mas isto não está demonstrado nos baixos índices de IDH –

Índice de Desenvolvimento Humano - impactando no desenvolvimento do país. A

UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), divulgou o relatório:

[...] “Situação Mundial da Infância 2011 – Adolescência: Uma Fase de Oportunidades”. De acordo com os dados, cerca de 21 milhões de brasileiros têm menos de 18 anos e 38% deles vivem em situação de pobreza. Para a Unicef, o grupo corre risco de se tornar invisível em meio a políticas públicas que focam prioritariamente a infância.Segundo o relatório, os jovens têm oportunidades insuficientes para inserção social e produtiva, em consonância com o cenário global. A faixa etária é considerada a mais vulnerável em relação a riscos como desemprego e subemprego, violência, degradação ambiental e redução dos níveis de qualidade de vida. De acordo com o estudo, as oportunidades são ainda mais escassas quando levadas em consideração dimensões como renda, condição pessoal, local de moradia, gênero, raça e etnia.Uma das recomendações listadas no documento é que o apoio dado na fase inicial e intermediária da infância seja estendido aos adolescentes, com investimentos em educação, cuidados de saúde, proteção e participação desses jovens, principalmente os mais pobres e vulneráveis.Outra ação prevê a coleta de dados e informações capazes de identificar os grupos mais vulneráveis de adolescentes em todas as regiões e os problemas que os afetam, garantindo mais investimentos, oportunidades e direitos." (BRASIL,2011).

Portanto, é necessário um trabalho direto com adolescentes para reverter

estes índices alarmantes, e o meio escolar é bastante propício, porque é o ambiente

educacional no qual eles estão para aprender.

A ESCOLA

Viver com intensidade, preparar-se para o futuro. Estou pronto? Adolescentes

precisam estudar, adquirir conhecimentos importantes que serão alicerce para suas

escolhas para o resto da vida.

A escola oferece o necessário, conhecimento sistematizado e acumulado pela

humanidade historicamente, mas está sempre em desvantagem na conquista do

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interesse do adolescente, pois reproduz o sistema socialmente estabelecido, um

ensaio de vida adulta, cobra horários, produções, trabalho, isso tudo sem muita

graça, monótomo. Adolescentes frequentam a escola, estudam, tem êxito, mas o

que podem contradizer, aproveitam.

Os processos de maturação e de aquisição da capacidade de autocontrole e de estima pessoal tendem a interromper-se, deixando o adolescente excessivamente vinculado aos fatores externos, em detrimento dos fatores internos, principalmente quando há baixa auto-estima, fazendo-o manter relacionamentos com base apenas no consumo de drogas, revelando dificuldades para a manutenção de relacionamentos verdadeiramente afetivos, como namorar, formar laços autênticos de amizade e participar de grupos e atividades sociais, atitudes que estão relacionadas a um desenvolvimento favorável da capacidade de cooperação (MAIA, p.1, 2012).

A escola, como instituição de ensino, tem o dever de estimular o pensar,

refletir, criticar, conhecer, para formular a autonomia dos alunos. Sendo neste caso,

o uso abusivo de álcool pelos adolescentes, a escola pode contribuir para a

construção de conhecimento do que é e por que evitar este consumo, os riscos e

comprometimento para a vida adulta. Se já há casos de alcoolismo a escola, pode

dar apoio e estabelecer uma relação de confiança para que o adolescente se sinta

acolhido e possa superar o vício.

Carvalho (1999) diz que em nossa vida resolvemos melhor o que

conhecemos melhor. Conhecimento é antídoto, precisamos dele tanto em nível

prático como teórico e no caso de consumo de bebidas alcoólicas só o

conhecimento teórico é que evita o prático. "Então, o lance é ficar por dentro do

assunto para compreender que o melhor é ficar por fora desse perigoso consumo

sem controle (CARVALHO, p. 25, 1999)”.

O alcoolismo é doença, não pode-se dizer que bebe porque gosta, pelas

amizades que tem. No início do vício até pode-se usar estas falas como justificativa,

mas infelizmente não é mudando de amigos, de rotina social que acaba o consumo,

é um trabalho de conscientização, de grupo e principalmente, deve partir da pessoa

querer melhorar.

Portanto, a escola no seu papel de construtora, incentivadora do saber, deve

alertar, oferecer subsídios que tragam ou aprimorem conhecimentos para se evitar

um vicio como o alcoolismo.

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FAMÍLIA

Assistir uma vida em crescimento, o desabrochar para a vida social, interferir

somente quando necessário, atendendo todas as necessidades. A família está

preparada? Muitas vezes, as famílias acontecem, não são planejadas

antecipadamente. Nossa sociedade também, não dá o suporte necessário para que

todos conquistem o melhor para suas vidas.

Como pais e mães não devemos almejar que nossos filhos realizem nossos sonhos. Seria muito sensato se nos concentrássemos naquilo que eles estão fazendo para beneficiar seu próprio futuro, em vez de nos concentrarmos naquilo que queremos que façam para nos agradar. Não devemos esperar que cumpram nossos desejos, mas que descubram maneiras de concretizar suas próprias aspirações ( NOLTE, p.1. 2005).”

Como Nolte (2005) comenta, é difícil não interferir, querer viver pelos filhos,

pois como pais, sabe-se o que pode dar errado por vivências anteriores e não se

quer isso para os filhos. A família do século XXI tem vários pontos de preocupação,

seja em estimular a escolarização mínima, ou dificuldades em oferecer

oportunidades para o futuro como a faculdade, o básico é oferecer limites, um apoio.

Percebe-se que o alcoolismo é uma doença que atinge toda a família, destruindo os sonhos e projetos tanto do alcoolista quanto de todos os que convivem com ele. É necessário construir novos caminhos na busca de uma melhor qualidade de vida, despir-se do preconceito de que alcoolismo é falta de caráter e oferecer alternativas de inclusão da família nos programas de tratamento e recuperação através do atendimento continuo e permanente (SOUZA, 2013).

A família precisa trabalhar junto com a escola e seus educadores por um

mesmo objetivo, chega de pensar que "na minha família isso não acontece, é o filho

do vizinho." Conhecer o problema do alcoolismo, saber que está em nosso meio e

simplesmente escolher não participar dele é trabalhar para que realmente ele fique

longe de nós. Assim que a iniciativa for tomada, todos vão trabalhar junto por uma

sociedade melhor, mais justa e igualitária.

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METODOLOGIA

Foi estabelecido o projeto de trabalho com um ema que afeta a escola: os

problemas do uso de álcool pelos nossos alunos adolescentes. Inicialmente foi

realizada pesquisa e logo a seguir, o caderno didático no qual as atividades a serem

realizadas com os alunos foram potuadas.

Associando-se a disciplina de biologia e alguns de seus conteúdos

específicos com o problema do uso do álcool, a abordagem deste com o

tema+conteúdo+atividades diversificadas a serem feitas com os estudantes durante

a implementação do mesmo.

Ocorreram 32 aulas de implementação junto com os estudantes do 1ª série do

ensino médio matutino em contra turno. O caderno temático estava divido em:

• Unidade 1 – Mecanismos Biológicos, com nove aulas divididas em

temas de leituras e interpretações, pesquisa, trabalho prático de arte, confecção de

cartazes e palestra.

• Unidade 2 O uso do Álcool, com cinco aulas divididas em leituras e

interpretações, pesquisa.

• Unidade 3 Estudando a dependência com oito aulas divididas em

trabalhos de pesquisas e apresentações dos estudantes aos grupos.

• Unidade 4 com 10 aulas as apresentações dos trabalhos reallizados e

teatro a comunidades escolar e aos pais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve a apresentação e Socialização do Projeto de Intervenção Pedagógica

e da Produção Didático - Pedagógica na Escola á Direção, Equipe Pedagógica,

Professores e Agentes I e II na Semana Pedagógica na escola, realizada oralmente,

onde os presentes perceberam a importância deste para o colégio, fizeram

perguntas em relação ao projeto e sua implementação, verificando a importância de

se aliar teoria e prática no processo ensino aprendizagem. Observou-se professores

que iriam auxiliar na implementação prática interdisciplinarmente.

Foi realizado trabalho de debate, teatro, produção de cartazes informativos e

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sendo finalizando com uma exposição das produções e dos materiais

confeccionados pelos alunos para os demais colegas, pais e a comunidade escolar,

para que assim, possamos avaliar a conscientização dos adolescentes. Os

adolescentes da 1ª série do ensino médio participaram de livre escolha das

atividades encaminhadas, demonstraram interesse e conscientização. Observou-se

participação ativa da grande maioria deles, participando das atividades, realizando

tarefas, trabalho e pesquisas propostas.

Para o início do trabalho com a Unidade 1: Mecanismos Biológicos e Adolescência com aos alunos da 1ª série do ensino médio do período matutino,

optou-se por não introduzir o tema diretamente. Começou-se com a adolescência,

maturação biológica, partindo do estudo dos sistemas. O tema foi fomentando

calmamente.

Esta unidade foi dividida em nove aulas e tratou-se dos precedentes do tema:

os impactos do uso excessivo de álcool na adolescência. Sendo os temas

abordados a adolescência e o desenvolvimento biológico da fase. Usou-se o texto

de introdução: Mecanismos biológicos página 44 do livro didático: Biologia / vários

autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. Para ilustrar o assunto desenvolvimento

humano, foi pesquisado na internet os sistemas do corpo humano divididos em

grupos e feitos de massa de biscuit, para tanto, foi realizado trabalho prático da

disciplina de arte.

O assunto foi complementado com a interpretação de texto “O que é ser

adolescente”, pesquisado no livro didático do 8º ano dentro das normas da ABNT (no

site dia a dia educação:

https://www.ciencias.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/comteudo.phpconteudo=216),

para produzir os cartazes sobre o tema “A Adolescência: fase de transformação e

escolhas”.

Só depois desse trabalho de pontuação fisiológica e social do que é ser

adolescente é que se deu a abertura ao tema alcoolismo e seus males com um texto

da Estadual de Narcóticos com auxílio da lousa digital, (encontrado no site:

http://www.denarc.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudophp?conteudo=3)

O estudo da Unidade 2: O Uso do Álcool marcou a introdução do tema aos

alunos. Nesta etapa foram propostas atividades pedagógicas como

relacione/complete frases, atividades de múltipla escolha, caça-palavras

interpretação e leitura para introdução sobre o uso do álcool por adolescentes.

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No debate foi feito acordo de sigilo caso alguém quisesse contar algo pessoal.

Foram vários os momentos de debate sobre as opiniões e atitudes dos alunos.

Pesquisou-se sobre o alcoolismo e seus males.

Ficou claro que nossos adolescentes estão informados sobre os prejuízos do

uso do álcool, mas a informação ainda não é conhecimento assimilado,

necessitando então de mais pesquisa, mais fundamentação teórica.

O estudo da Unidade 3: Estudando a Dependência, o encaminhamento das

atividades foi alterado deixando de ocorrer a visita prevista no A.A. do município

vizinho - Pitanga, porque depois de um encontro com entre o Sargento da patrulha

escolar e PROED com o grêmio estudantil, houve os comentários que esta visita

poderia gerar um impacto negativo sobre os alunos. Então, esta foi alongada com

pesquisas em sites, livros sobre o mesmo órgão.

As previsões da Unidade 4: Apresentações dos trabalhos tiveram

adequações, mas houve exposição de trabalhos realizados, vídeo e teatro

escolhidos, ensaio final e a apresentação do teatro sob orientação da professora de

arte. A participação dos pais e comunidade foi pequena, mas importante, pois

conseguimos alcançar nossos objetivos mostrando os impactos do uso excessivo de

álcool na adolescência.

É interessante ressaltar que adolescentes, educadores, familiares

participaram das discussões do tema de forma aberta, demonstrando tanto

curiosidade como conhecimento prévio. Com os adolescentes é claro, houve alguns

pontos de relutância como previsto, especificamente com aqueles que tiveram

contato social com o álcool. Em princípio, eles foram abertos em dizer o que

pensavam, mas também receptivos quando mostrado o porquê do não ser o correto,

os malefícios inclusos nas “escolhas” que fazem para ser aceito e fazer parte de um

grupo, e que muitas vezes este não é bom.

Este trabalho com as relações sociais também ocorreu implicitamente, trazido

nos momentos de reflexão pelos quais o grupo passou.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao se abordar um tema como este o uso de álcool por adolescentes, só se

pensa o melhor quanto a conscientizar dos males da dependência e prejuízos do

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uso do álcool para a vida do adolescente. Então um primeiro passo foi conhecer os

adolescentes que estariam envolvidos no projeto, que entendimento tinham do ser

adolescente e do uso do álcool em seu meio social.

Numa pesquisa de campo notou-se através do debate e relatos logo nas

primeiras aulas, o envolvimento comum dos jovens com o álcool, apesar de toda

uma conscientização já feita, ainda é bem presente, contada como vantagem, sem

preocupação com os resultados e consequências. Mas depois das conversas

informais, das atividades de pesquisa, notou-se que eles começaram a ver a

situação de outra forma, mais séria. Deixaram de ver o momento prazeroso,

vantajoso, e começaram a ver consequências más reais e sem volta de lares

desfeitos, acidentes e problemas de saúde.

Foram realizadas pesquisas, debates, atividades pegagógicas orientadas e a

elaboração do trabalho final de apresentação que foi orientado, porém as escolhas

dos vídeos e do teatro foram dos alunos que participaram. O atraso das

apresentações não tirou o envolvimento ou a dedicação. A participação da

comunidade escolar foi boa afinal estavam todos na escola no momento, houve uma

pequena participação dos pais, mas o trabalho a ser realizado com eles aconteceu a

contento.

Não é possível infelizmente, afirmar que aqueles adolescentes envolvidos no

projeto e que tinham ou não tinham experimentado/usado álcool em algum

momento, não estão mais usando ou não vão usar. O que fica é a sensação de que

o alerta foi feito, o recado foi dado, cabe a cada um no uso de seu livre arbítrio

escolher.

O importante é transpor a curiosidade ingênua chegando a curiosidade

epistemológica, como ocorreu. Como afirma Vecchia,(2005) ao citar o educador

Paulo Freire:

Quanto mais assumo como estou sendo mais me torno capaz de mudar, de promover-me do estado de curiosidade ingênua para o de curiosidade epistemológica, diz Freire. A curiosidade fundamenta ambos os pensamentos. A condição para a mudança é a abordagem crítica do pensamento ingênuo. Isso implica no engajamento generoso do professor que facilita o processo do aluno. E o autor não esquece que um elemento essencial na assunção do aluno para o pensamento crítico é o emocional. (VECCHIA, p.10, 2005)

Os adolescentes participantes, de início, demonstraram esta curiosidade

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ingênua, um saber de grupo, não consizente em tudo com o real sobre o uso do

álccol e os males ao organismo e a vida humana. Mas pode se perceber que quando

puderam fazer sua argumentação, expor suas considerações, sem o embasamento

teórico e fundamentado, a tréplica veio a instigar a curiosidade epistemológica que

gerou pesquisa, nova argumentação, houve o momento do nascimento do

pensamento crítico facilitado e dirigido pelo embasamento oferecido pela professora

e então veio o momento de tréplica, emocional talvez, mas este ficou evidente, uma

mudança no humor, no encarar a adolescência e o consumo de álccol. Estes jovens

terão o livre arbítrio, mas também terão um pensamento crítico de tais atitudes a

partir de então.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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